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CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO AMANDA MONTEIRO PEIXOTO ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO PARA IMPLANTAÇÃO DE PARQUE CANINO E CENTRO DE AMPARO A CÃES ABANDONADOS E CINOTERAPIA EM CAMPOS/RJ. CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ 2014

CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMObd.centro.iff.edu.br/bitstream/123456789/1206/4/Documento.pdf · FIGURA 6. Ampla área gramada e arborizada da área de treinamento

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CURSO DE BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

AMANDA MONTEIRO PEIXOTO

ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO PARA IMPLANTAÇÃO DE

PARQUE CANINO E CENTRO DE AMPARO A CÃES ABANDONADOS

E CINOTERAPIA EM CAMPOS/RJ.

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

2014

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AMANDA MONTEIRO PEIXOTO

ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO PARA IMPLANTAÇÃO DE PARQUE

CANINO E CENTRO DE AMPARO A CÃES ABANDONADOS E

CINOTERAPIA EM CAMPOS/RJ.

Monografia apresentada ao Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense de Campos como requisito

parcial para conclusão do curso de

Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Professora DSc. Regina Coeli

Martins Paes Aquino

Co-orientador: Professor Leonardo Ribeiro

Moço Pessanha

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

2014

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AMANDA MONTEIRO PEIXOTO

ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO PARA IMPLANTAÇÃO DE PARQUE CANINO E

CENTRO DE AMPARO A CÃES ABANDONADOS E CINOTERAPIA EM CAMPOS/RJ.

Monografia apresentada ao Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense de Campos como requisito

parcial para conclusão do curso de

Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em 01 de novembro de 2014

Banca Avaliadora:

.......................................................................................................................................................

Profª. D.Sc. Regina Coeli Martins Paes Aquino (Orientadora)

Arquiteta e Urbanista - Doutora em Engenharia e Ciência dos Materiais/UENF

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense de Campos/Campos

.......................................................................................................................................................

Prof. Leonardo Ribeiro Moço Pessanha (Co-orientador)

Arquiteto e Urbanista - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense de

Campos/Campos

.......................................................................................................................................................

Profª. Simone Da Hora Macedo

Arquiteta e Urbanista - Mestre em Tecnologia/CEFET Rio - Mestre em Educação/UERJ -

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense de Campos/Campos

.......................................................................................................................................................

Iasmin Cristina Ferreira Franco

Arquiteta e Urbanista

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por tudo que Ele me proporcionou até aqui. Por me

permitir seguir em frente e realizar este trabalho, mesmo diante de diversas dificuldades que

surgiram ao longo desta caminhada. Hoje posso dizer que tudo, até mesmo os problemas,

valeram à pena. Por mais que doam, eles nos fazem crescer. E tenho a convicção que se Ele

quis que fosse assim, foi porque também acreditou na minha força.

À minha família, por sempre estar ao meu lado, me amar incondicionalmente e me

ensinar princípios e valores nos quais acredito veemente, guardo carinhosamente e sigo

diariamente.

Aos meus lindos e eternos filhos caninos, Babi e Henri, por me mostrarem o quão

simples deve e pode ser o amor, por serem minhas principais inspirações para este trabalho e

por alegrarem minha vida de uma tal maneira que não existem palavras para descrever tão

intenso sentimento.

Agradeço à minha querida orientadora, a professora Regina Coeli, por ser uma pessoa

incrível em todos os sentidos e me acompanhar por diversos momentos durante o curso,

sempre me auxiliando quando eu mais necessitei.

Ao meu co-orientador, professor Leonardo Pessanha, que também sempre se manteve

solicito a me ajudar, procurando sanar todas as minhas dúvidas.

E a todos os outros professores do curso de Arquitetura e Urbanismo do IFF, por me

auxiliarem na minha formação acadêmica, partilhando comigo e todos os meus colegas os

seus conhecimentos.

5

Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles não conhecem a

maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao

pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem

fazer nada não era tédio, era paz.

Milan Kundera

Cães não precisam de carros luxuosos, casas grandes ou de roupas

chiques. Água e alimento já são o suficiente. Um cachorro não liga

se você é rico ou pobre. Esperto ou não. Inteligente ou não.

Entregue o seu coração e ele dará o dele. De quantas pessoas

podemos dizer o mesmo? Quantas pessoas fazem você se sentir

raro, puro e especial? Quantas pessoas nos fazem sentir

extraordinários?

John Grogan

6

RESUMO

O objetivo geral deste trabalho é apresentar um anteprojeto arquitetônico para implantação de

um parque canino e um centro de amparo a cães abandonados e cinoterapia no município de

Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro. A escolha do tema desta monografia se

deu a partir da preocupação com o crescente número de cães abandonados nas ruas do

município de Campos dos Goytacazes. Devido a esta problemática, no presente trabalho o cão

abandonado, comumente visto pela sociedade como um estorvo, é encarado diferentemente.

Após receber cuidados, o cão assistido pelo centro de amparo aqui proposto, passa a exercer

uma função social, ajudando no tratamento de pessoas portadoras de alguma deficiência física

e/ou mental. Esta técnica, chamada de cinoterapia, teve sua eficácia comprovada. Juntamente

com a proposta arquitetônica de um centro de amparo a cães abandonados e cinoterapia,

também encontra-se aqui presente a proposta de implantação de um parque canino, um espaço

voltado para cães, com equipamentos especializados. Para o desenvolvimento deste trabalho

recorreu-se às pesquisas bibliográficas para coleta de informações sobre cinoterapia e parques

caninos. Além disso, foram realizadas visitas técnicas a diversos canis para obtenção de dados

sobre dimensionamentos e especificações técnicas de instalações destinadas a abrigar cães.

Espera-se com este trabalho contribuir para o bem-estar social e psicológico de muitos

pacientes e incrementar a proteção e socialização dos cães, valorizando a relação homem x

cão.

Palavras-chave: Cinoterapia. Parque Canino. Centro de Amparo. Cães abandonados.

7

ABSTRACT

The aim of this study is to present an architectural blueprint for deploying a dog park and a

center of support to abandoned dogs and dogs assisted-therapy in Campos dos Goytacazes

city, State of Rio de Janeiro. The theme of this monograph is given from the concern about

the growing number of stray dogs on the streets of Campos dos Goytacazes city. Due to this

problem, in this study the commonly seen by society as a hindrance abandoned dog, is seen

differently. After receiving care, the dog assisted at the dog shelter center proposed here,

begins to exercise a social function, helping to treat people with a physical and / or mental

disabilities. This technique, called dogs assisted-therapy, had its proven effectiveness. Along

with the architectural proposal for a center of support to abandoned dogs and dogs assisted-

therapy, is also present here the proposed establishment of a dog park, a space facing dogs

with specialized equipment. To develop this work we resorted to literature searches to collect

information about dogs assisted-therapy and parks. In addition, several techniques kennels for

obtaining data on sizing and specifications of facilities to dogs shelters were made. It is hoped

that this work contribute to the social and psychological well-being of many patients and

increase protection and socialization of dogs, valuing the relationship man x dog.

Keywords: Dogs assisted-therapy. Dog Park. Center of Support. Abandoned dogs.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Criança com dificuldade motora e cognitiva é auxiliada por cão terapeuta ..... 23

FIGURA 2. Cães auxiliam na reabilitação de idosos ............................................................ 24

FIGURA 3. Parque canino com diversos equipamentos, localizado em Lisboa, Portugal ... 28

FIGURA 4. Ohlone Dog Park, o primeiro parque canino do mundo, localizado em Berkeley,

Califórnia .............................................................................................................................. 28

FIGURA 5. Exemplo de corte esquemático de um alojamento canino com área coberta e

solário .................................................................................................................................... 33

FIGURA 6. Ampla área gramada e arborizada da área de treinamento do Hotel Canino Ducão,

localizado em Valinhos, São Paulo ....................................................................................... 34

FIGURA 7. Área de adestramento e agility do Hotel Canino Ducão, localizado em Valinhos,

São Paulo ............................................................................................................................... 34

FIGURA 8. Abrigo de cães do CCZ de Campos dos Goytacazes. Ao fundo, alguns canis do

abrigo .................................................................................................................................... 35

FIGURA 9. Canis do abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão Pires, estado de São

Paulo ...................................................................................................................................... 37

FIGURA 10. “Canis berçários” do abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão Pires, estado de

São Paulo ............................................................................................................................... 38

FIGURA 11. “Canis berçários” do abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão Pires, estado de

São Paulo ............................................................................................................................... 38

FIGURA 12. Alojamento coletivo do abrigo Clube dos Vira-Latas ..................................... 39

FIGURA 13. Alojamento coletivo do abrigo Clube dos Vira-Latas ..................................... 39

FIGURA 14. Planta baixa do The Animal Foundation Dog Adoption Park ........................ 42

FIGURA 15. Um dos “bangalôs caninos” do The Animal Foundation Dog Adoption Park, que

abriga 12 canis ...................................................................................................................... 42

9

FIGURA 16. Associação Vista Alegre, em Juiz de Fora, MG ............................................. 43

FIGURA 17. Croqui de alguns componentes do Espaço Lúdico – Escola 304 Norte, em

Brasília, DF ........................................................................................................................... 45

FIGURA 18. Espaço Lúdico – Escola 304 Norte, em Brasília, DF....................................... 45

FIGURA 19. Espaço Lúdico – Escola 304 Norte, em Brasília, DF ...................................... 46

FIGURA 20. Volumetria geral da creche sustentável para Companhia Carris Porto-Alegrense,

em Porto Alegre, RS ............................................................................................................. 47

FIGURA 21. Volumetria geral da creche sustentável para Companhia Carris Porto-Alegrense,

em Porto Alegre, RS ............................................................................................................. 48

FIGURA 22. Área arborizada com trilhas para caminhadas do Haga Park, em Estocolmo, na

Suécia .................................................................................................................................... 49

FIGURA 23. Outra vista de uma área arborizada do Haga Park, em Estocolmo, na

Suécia .................................................................................................................................... 50

FIGURA 24. Espaço amplo e arborizado do Parque Canino em Lisboa, Portugal .............. 51

FIGURA 25. Casa B12, localizada no Condomínio Ventura Club, em Xangrilá, RS .......... 52

FIGURA 26. Tijolo tipo demolição e concreto aparente são os materiais predominantes na

Casa B12, localizada no Condomínio Ventura Club, em Xangrilá, RS ................................ 53

FIGURA 27. Fachada da Casa Urbana, em São Paulo, SP, com a presença de materiais

como o concreto aparente, a madeira e o tijolo tipo demolição ............................................ 54

FIGURA 28. Uma das fachadas da Casa Urbana, em São Paulo, SP, mostrando mais

aproximadamente os materiais predominantes utilizados na obra ........................................ 55

FIGURA 29. Praça Padre Lage ............................................................................................. 56

FIGURA 30. Brise metálico na fachada do prédio do Parque da Juventude ........................ 57

FIGURA 31. Localização do município de Campos dos Goytacazes .................................. 59

FIGURA 32. Localização do terreno escolhido para a implantação do projeto ................... 61

10

FIGURA 33. Estudo de Insolação e Ventilação do terreno escolhido para a implantação do

Centro de Amparo e Cinoterapia e Parque Canino ............................................................... 62

FIGURA 34. Localização do terreno com os dois sentidos da Avenida Alberto Lamego ... 63

FIGURA 35. Mapa de Zoneamento Urbano de Campos ...................................................... 64

FIGURA 36. Fluxograma e Setorização do projeto do Centro de Amparo e Cinoterapia e

Parque Canino ....................................................................................................................... 69

FIGURA 37. O bulldog francês Henri .................................................................................. 70

FIGURA 38. A poodle Babi ................................................................................................. 71

FIGURA 39. O primeiro croqui: A face de um cão, originando a volumetria da fachada ... 71

FIGURA 40. Perspectiva da fachada principal do projeto..................................................... 72

FIGURA 41. Perspectiva da área de convívio ..................................................................... 72

FIGURA 42. Piso de blocos intertravados de concreto ....................................................... 73

FIGURA 43. Perspectiva da área de convívio, ilustrando o uso do piso intertravado........... 74

FIGURA 44. Brise soleil......................................................................................................... 74

FIGURA 45. Croqui da fachada principal com os brises representando as orelhas de um cão

................................................................................................................................................. 75

FIGURA 46. Perspectiva destacando a utilização do brise metálico vermelho na fachada.. 75

FIGURA 47. Tijolos cerâmicos aparentes ............................................................................ 76

FIGURA 48. Perspectivas mostrando alguns locais onde foi aplicado o tijolo cerâmico

aparente.................................................................................................................................. 76

FIGURA 49. Perspectivas mostrando alguns locais onde foi aplicado o tijolo cerâmico

aparente................................................................................................................................. 76

FIGURA 50. Detalhe do sistema de captação de água pluvial simples................................. 77

FIGURA 51. Cerca viva separando a área de treinamento e canis do parque

canino..................................................................................................................................... 78

11

FIGURA 52. Grama esmeralda ............................................................................................. 79

FIGURA 53. Tabebuia chrysotricha ou ipê amarelo............................................................. 79

FIGURA 54. Tabebuia impetiginosa ou ipê roxo ................................................................. 80

FIGURA 55. Roystonea oleracea ou palmeira imperial ....................................................... 80

FIGURA 56. Ficus benghalensis ou figueira-de-bengala ..................................................... 81

FIGURA 57. Perspectiva do parque canino .......................................................................... 81

FIGURA 58. Implantação e acessos do projeto do Centro de Amparo a Cães Abandonados e

Cinoterapia e Parque Canino ..................................................................................................... 83

FIGURA 59. Planta-baixa setor público................................................................................ 85

FIGURA 60. Planta-baixa setor público................................................................................ 86

FIGURA 61. Planta-baixa área de convívio.......................................................................... 88

FIGURA 62. Planta-baixa setor serviço................................................................................ 90

FIGURA 63. Planta-baixa setor serviço................................................................................ 91

FIGURA 64. Planta-baixa setor treinamento dos cães e canis............................................... 93

12

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Dimensões ideais para alojamentos individuais ................................................ 31

TABELA 2. Dimensões ideais para alojamentos coletivos .................................................. 32

TABELA 3. Quadro comparativo: CCZ X Clube dos Vira-Latas....................................... 40

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... 08

LISTA DE TABELAS......................................................................................................... 12

INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 15

1 O ABANDONO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS NOS CENTROS URBANOS.......... 19

1.1 Os Motivos Que Levam Ao Abandono de Animais.................................................... 20

2 CINOTERAPIA E SEUS BENEFÍCIOS........................................................................ 22

3 PARQUE CANINO (DOG PARK).................................................................................. 27

4 DIMENSÕES E ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS...................................................... 31

4.1 Alojamentos Caninos Individuais e Coletivos.............................................................. 31

4.2 Área de Treinamento e Adestramento.......................................................................... 33

5 VISITA TÉCNICA E ESTUDO DE CASO.................................................................... 35

5.1 CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) do município de Campos dos Goytacazes,

estado do Rio de Janeiro...................................................................................................... 35

5.2 Abrigo Clube do Vira-Latas, no município de Ribeirão Pires, estado de São

Paulo...................................................................................................................................... 36

5.3 Quadro comparativo: CCZ X CLUBE DOS VIRA-LATAS................................... 40

6 PRECEDENTES............................................................................................................... 41

6.1 Funcional......................................................................................................................... 41

6.2 Plástico............................................................................................................................ 44

6.3 Tipológico....................................................................................................................... 48

14

6.4 Tecnológico..................................................................................................................... 51

7 PROPOSTA ARQUITETÔNICA................................................................................... 58

7.1 Princípios Arquitetônicos.............................................................................................. 58

7.2 Definição da Área de Implantação............................................................................... 60

7.2.1 O Terreno...................................................................................................................... 60

7.2.2 Insolação e Ventilação.................................................................................................. 61

7.2.3 Justificativa da Escolha do Terreno.............................................................................. 62

7.2.4 Legislação Pertinente ao Terreno.................................................................................. 64

7.3 Proposta do Trabalho.................................................................................................... 65

7.3.1 O Centro de Amparo a Cães Abandonados e Cinoterapia............................................ 65

7.3.2 Quantidade de Cães que Serão Amparados Pelo Centro.............................................. 65

7.3.3 Assistência à Comunidade............................................................................................ 66

7.3.4 O Parque Canino........................................................................................................... 66

7.4 Programa de Necessidades............................................................................................ 67

7.5 Fluxograma e Setorização............................................................................................. 69

7.6 Partido Arquitetônico.................................................................................................... 70

7.6.1 Conceito........................................................................................................................ 70

7.7 Memorial Descritivo...................................................................................................... 73

7.8 Anteprojeto de Arquitetura.......................................................................................... 82

7.8.1 Implantação e Acessos.................................................................................................. 82

7.8.2 O Projeto....................................................................................................................... 84

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 94

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 96

15

INTRODUÇÃO

Nos diversos centros urbanos podemos observar a presença de cães abandonados às

ruas. O número de animais nessas condições tende a aumentar cada vez mais, caso não haja

um plano de controle de procriação eficaz, complementado com uma maior conscientização

da população para esse problema que vimos enfrentando.

Apesar da maioria das grandes cidades possuir seus respectivos centros de controle de

zoonoses, estes geralmente estão lotados, e já não comportam o número de animais que são

recolhidos nas ruas diariamente através de denúncias.

Na cidade de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, são

recebidos no abrigo do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses)

diariamente entre quatro a cinco animais; estes são vermifugados,

castrados e chipados, ao todo são recebidos mensalmente cerca de cento e

cinquenta animais. Destes animais, apenas de trinta a trinta e cinco são

adotados por mês, o que ocasiona uma superpopulação de animais dentro

dos próprios canis, que projetados para abrigar no máximo cinco animais

acabam comportando até três vezes mais, gerando um ambiente insalubre

tanto para os animais quanto para as pessoas que queiram visitar o abrigo

com intenção de fazer uma adoção.

De acordo com a legislação municipal, os animais devem ficar

obrigatoriamente por três dias no abrigo do CCZ, devendo ser

eutanasiados após este prazo. (FRANCO, 2011, p.11)

A cidade também conta com uma ONG chamada Associação de Proteção Animal

(APA), que resgata e cuida de animais abandonados. Cerca de 150 animais estão sob os

cuidados da APA, e aguardam serem adotados.

Apesar de existirem tais instituições na cidade, estas não possuem uma estrutura física

que comporte a quantidade de animais que diariamente são recolhidos e, devido à falta de

controle em relação à crescente reprodução desses cães, o número de animais nas ruas está

cada vez maior. Essa problemática poderia ser solucionada caso houvesse uma

conscientização de que ao invés de serem considerados apenas escória, estes animais

poderiam estar trazendo consideráveis benefícios à sociedade. Isso se daria através da

implementação de um centro de abrigo aos cães recolhidos das ruas, onde os mesmos

receberiam os devidos cuidados e adestramento, com fins de socializá-los para então

16

finalmente atuarem como coterapeutas na terapia facilitadora com cães ou cinoterapia,

auxiliando profissionais no tratamento de crianças, adultos e idosos portadores de diferentes

patologias, sendo assim úteis à sociedade. Aliado a este problema, observa-se também uma

carência no município de Campos dos Goytacazes de um espaço voltado para lazer dos cães

com seus donos. Praticamente todos os locais de lazer da cidade não permitem a entrada de

animais. Assim, o centro também abrigaria um parque canino, para que os cães se

exercitassem e tivessem momentos de lazer juntamente com seus donos.

A relevância social deste trabalho se dá através do oferecimento de serviços gratuitos à

sociedade, no auxílio em tratamentos de deficientes físicos e mentais através da cinoterapia,

ao mesmo tempo em que abriga e cuida de cães abandonados. Além disso, oferece às pessoas

um espaço de lazer inovador e diversificado que permite a entrada de animais, para que

famílias possam ter momentos de lazer com seus cães.

Sendo assim, este presente trabalho apresenta um anteprojeto para a implantação de

um centro de amparo aos cães abandonados, além de um parque canino no município de

Campos dos Goytacazes. O local tem como função fornecer abrigo, cuidados, alimentação e

principalmente treinamento a esses animais para que fiquem aptos a trabalhar, através da

cinoterapia, auxiliando profissionais no atendimento à população campista. Uma das

propostas é a de que o centro funcione em conjunto com o hospital veterinário da UENF. Este

trataria da saúde dos cães, que após recuperados, seriam encaminhados ao centro de amparo, e

em seguida treinados e preparados para trabalhar através da cinoterapia em serviço à

comunidade.

O objetivo deste trabalho é elaborar um anteprojeto de um parque canino e centro de

amparo a cães abandonados e cinoterapia no município de Campos dos Goytacazes, que

funcione juntamente com o hospital veterinário da UENF, promovendo qualidade de vida aos

cães e auxiliando a sociedade através do trabalho cooperativo desses cães. Assim, os cães

recolhidos das ruas teriam além de um lar digno, uma função social.

O centro de cinoterapia oferecerá serviços gratuitos à comunidade, auxiliando no

tratamento de pessoas portadoras de deficiência mental e/ou física.

O parque canino será um espaço aberto à comunidade com jardins, trilhas e

equipamentos voltados tanto para o lazer dos cães do próprio centro quanto dos visitantes. A

proposta é que seja um ambiente amplo e que incentive a convivência boa e saudável entre o

homem e o cão.

17

A metodologia utilizada no presente trabalho está descrita nas seguintes etapas:

1- Pesquisa bibliográfica para a coleta de dados gerais sobre cinoterapia, sua eficácia e

sobre parques caninos;

2- Pesquisa bibliográfica para a coleta de dados gerais sobre dimensionamentos e

especificações técnicas das instalações destinadas a abrigar cães, áreas para treinamento e

adestramento;

3- Visita técnica ao CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Campos dos

Goytacazes para se ter conhecimento da estrutura e das dimensões de uma área dedicada a

abrigar animais abandonados;

4- Visita técnica ao centro de amparo Clube dos Vira-Latas, local de referência em

relação às instalações destinadas a abrigar cães, localizado no município de Ribeirão Pires, em

São Paulo, também com o objetivo de se ter conhecimento de sua estrutura e suas dimensões;

5- Apresentação dos precedentes funcional, plástico, tipológico e tecnológico que

foram utilizados como referências para a concepção deste trabalho;

6- Desenvolvimento do anteprojeto de arquitetura.

No primeiro capítulo desta monografia será abordada a problemática em relação ao

abandono de cães nos centros urbanos e quais são os motivos que levam a essa atitude.

Também serão comentados dados quantitativos relacionados ao abandono de cães às ruas do

município de Campos dos Goytacazes e quais são os órgãos responsáveis por este setor na

região;

No segundo capítulo, a cinoterapia e seus benefícios serão abordados através de uma

análise geral sobre o assunto, contendo seu conceito, sua função, seu precursor, seu

desenvolvimento ao longo dos anos e, principalmente, sua eficácia. Será explicado como a

cinoterapia é benéfica à população e como permitiria que cães abandonados desempenhassem

uma função social, auxiliando seres humanos.

O terceiro capítulo apresentará um conteúdo geral sobre parque canino (Dog Park),

uma tipologia de parque surgida recentemente e bastante encontrada em países da América do

Norte e Europa, porém pouco conhecida no Brasil. Neste capítulo também será mencionada a

falta de um espaço amplo, aberto e arborizado no município de Campos dos Goytacazes que

permita o acesso da população com seus respectivos cães.

18

No quarto capítulo serão abordados estudos sobre dimensionamentos e especificações

técnicas relacionados aos espaços voltados a abrigar animais, de acordo com a sua respectiva

legislação.

No quinto capítulo serão comentadas a visita técnica ao Centro de Controle de

Zoonoses de Campos dos Goytacazes e o estudo de caso no abrigo Clube dos Vira-Latas,

localizado no município de Ribeirão Pires, no estado de São Paulo. Ambas as visitas foram de

extrema importância para que fosse adquirido um conhecimento maior e melhor sobre estas

mesmas dimensões, especificações técnicas e também como funciona um abrigo de cães

abandonados;

No sexto capítulo serão apresentados os precedentes funcional, plástico, tipológico e

tecnológico que foram utilizados como referências para a concepção dos projetos do parque

canino e do centro de amparo a cães abandonados e cinoterapia do presente trabalho.

A partir do sétimo capítulo, é apresentada a proposta arquitetônica a partir do conceito

que originou o partido arquitetônico, a localização do terreno e as legislações pertinentes ao

mesmo, a implantação do projeto, os fluxos, o estudo de insolação e ventilação e o programa

de necessidades.

É apresentado, ao final do trabalho, as considerações finais e as referências que

serviram de base para a elaboração deste documento.

19

1 O ABANDONO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS NOS CENTROS URBANOS

De acordo com o artigo 6º da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, “O

abandono de um animal é um ato cruel e degradante”.

É cada vez mais crescente o número de cães e gatos abandonados nos grandes centros

urbanos. Diversos animais são vistos circulando pelas ruas em condições precárias e

deprimentes. O ato de abandonar um animal constitui infração aos direitos dos animais, além

de trazer problemas de segurança (acidentes de trânsito e mordeduras) e saúde à população

(poluição do ambiente por pulgas, carrapatos e outros parasitas e transmissão de doenças

como toxoplasmose, leptospirose e raiva).

Apesar de existirem algumas tentativas de programas de controle populacional desses

animais, estas acabam por não serem suficientes.

Projeções com base em estatísticas da OMS (Organização Mundial de

Saúde) estimam que existam no Brasil, cerca de dez milhões de gatos e

vinte milhões de cachorros abandonados.

Em 2006, visando conter o crescimento da população de animais, a

Prefeitura do Rio de Janeiro esterilizou dez mil e quinhentos cães e gatos,

porém cada casal de animal não esterilizado é capaz de gerar por ano

quarenta filhotes, e quantos desses animais são abandonados nas ruas da

cidade, é impossível estimar. (FRANCO, 2011, p. 14)

A falta de conscientização da população em relação ao abandono de animais não é

encarada com a devida relevância pelos órgãos públicos. É visível, não só no município de

Campos dos Goytacazes, mas também em diversas outras cidades, a grande lacuna em relação

à realização de campanhas que divulguem os direitos dos animais ou criações de programas

de assistência pública ao animal. Logo, justifica-se a falta de sensibilização da população que,

mesmo consciente do problema, continua promovendo o abandono.

20

1.1 Os Motivos que Levam ao Abandono de Animais

De acordo com um artigo escrito pela Associação Zoófila Portuguesa (2010), os

principais motivos que levam ao abandono de animais domésticos são:

- Período de férias da família, quando, por ver o cão como empecilho para efetuar uma

determinada estadia em um hotel, acaba optando pela desistência do animal, abandonando-o

até mesmo em estradas, durante a viagem, com o veículo em movimento. É impressionante o

descaso, visto que há bastante tempo já existem estabelecimentos destinados a fornecer

cuidados aos animais de estimação durante a ausência de seus donos, o “pet sitting”, durante a

ausência de seus donos, porém o animal acaba se tornando um motivo para mais gastos,

fazendo com que seja logo descartado;

- Gravidez da proprietária do animal, quando, por total e completa falta de informação o

animal passa a ser hostilizado, por acreditar-se que o contato com o animal não é considerado

saudável. Há um desconhecimento de que, quando um animal encontra-se bem cuidado,

estando com suas vacinas em dia e recebendo um controle parasitário correto, dificilmente

tornar-se-á um foco de problemas às mães durante ou após as gestações;

- Adoção irresponsável, quando, antes de adotar um respectivo animal, não são ponderadas

as obrigações e os custos que esta atitude acarreta e que é necessário reservar períodos diários

de tempo para cuidar do animal;

- Divórcios e mudanças de casa, quando se desfazem do animal por acreditarem que ele trará

más lembranças de uma vida que provavelmente não tenha sido agradável anteriormente ou

por não haver espaço suficiente na nova casa;

- Doença ou velhice do animal, quando problemas de saúde relacionados à idade do animal

começam a surgir, afinal trata-se de um ser vivo e que envelhecerá assim como todo tipo de

vida, e com isso são necessários cuidados especiais e dedicação maior de tempo;

- Incapacidade real do dono em manter o animal, quando por motivos aparentemente

justificáveis, o proprietário não possui condições de continuar mantendo o mesmo.

São diversos os motivos que levam a tomada de uma atitude tão cruel. Um animal

abandonado às ruas passa a viver praticamente na certeza da morte: uma morte sofrida e lenta.

21

Apesar da possibilidade de surgirem dificuldades em certos momentos na manutenção

de um animal de estimação, o índice de abandono seria menor se os governos promovessem

maior auxílio, principalmente em relação ao atendimento veterinário, tornando-o gratuito.

Esta seria uma forma de incentivo à população para que mantivessem seus animais. Porém,

pelo que constata-se hoje, é que existem outros problemas “mais importantes” a serem

solucionados do que a preocupação com o animal e seus respectivos direitos.

22

2 CINOTERAPIA E SEUS BENEFÍCIOS

A cinoterapia é uma terapia facilitada por cães (TFC), onde profissionais de diversas

áreas utilizam a relação homem x animal como instrumento reforçador, estimulador e

facilitador da reabilitação global do assistido. (ALVES, s.d.)

O primeiro indício concreto do elo afetivo entre um humano e um animal,

de acordo com Venturoli (2004), data de 12.000 anos. São os restos

fossilizados de uma mulher abraçada a um filhote de cão ou de lobo

encontrados em uma região que hoje corresponde a Israel. Teixeira

(2007) acrescenta que há suspeitas de que o homem tenha começado a

conviver com algumas espécies, em um regime de colaboração mútua,

muito antes de domesticá-las. Sabe-se que a domesticação se iniciou há

mais de 100.000 anos, quando os ancestrais do homem começaram a dar

abrigo aos filhotes de lobos que rondavam seus acampamentos. Estes

inicialmente representavam proteção do acampamento e, posteriormente,

companhia. (ALVES, s.d.)

É fato reconhecido cientificamente e bastante estudado que os animais de estimação

satisfazem várias necessidades humanas, envolvendo desde a saúde física e emocional até o

aprendizado intelectual e motor.

Ana Carolina Melo Alves (s.d.) cita em seu artigo que o uso de animais como

auxiliares em centros de saúde teve seu início em 1792, no Retiro York, quando pacientes

com doenças mentais tiveram a oportunidade de cuidar de cães da instituição, recebendo

sempre o apoio e reforço positivo da equipe que os acompanhava. A técnica então recebeu o

nome de cinoterapia e vem demonstrando ao longo dos tempos ser uma forma de abordagem

muito útil para a melhora do indivíduo em diferentes tipos de patologias.

Estudos sobre a cinoterapia foram iniciados na década de 60 e na década de 80 já

havia diversos resultados que comprovavam a eficácia da mesma que, não só auxiliava

pessoas no desenvolvimento da coordenação motora, mas também nas habilidades cognitivas

e sócio-emocionais, além de diminuir a ansiedade. O precursor desta técnica de tratamento foi

o psicólogo infantil Boris M. Levinson.

23

Era o fim dos anos 50, em Nova York. Havia um mês o psicólogo infantil

americano Boris Levinson tentava estabelecer contato com o seu mais novo

paciente, um menino de quase 10 anos com sérios problemas de

socialização. Certo dia, o pequeno paciente chegou antes da hora marcada

para a consulta e, na sala de espera, encontrou "Jingles", o cão labrador do

doutor Levinson. Ao abrir a porta de seu consultório, qual não foi a surpresa

do psicólogo: abraçado ao cachorro, o menino discorria sobre suas angústias

e aflições. A experiência motivou Levinson a usar o "doutor" Jingles no

tratamento de autismo. Ele descobriu que o animal propiciava às crianças a

oportunidade de expressar suas emoções. (BERGAMO, 2005)

Após muitos estudos, pôde-se comprovar a total eficácia desta terapia. De acordo com

Venturoli (2004), diversas pesquisas demonstram que crianças que têm um bicho de

estimação como companhia acabam desenvolvendo suas habilidades cognitivas e sócio-

emocionais mais rapidamente, pois estes animais incentivam a comunicação e a iniciação da

responsabilidade humana. As crianças ficam mais dispostas, interessadas e mais à vontade nas

atividades em que o cão está presente (Figura 1). Em 1983, Johnson discutiu sobre os

benefícios da utilização de cães em trabalhos com crianças portadoras de necessidades

especiais. Em 1989, um estudo conduzido por Redefer e Goodman mostrou que crianças

portadoras de autismo que interagiam com cães de terapia demonstraram uma melhora e um

aumento bastante considerável em seus comportamentos pró-sociais. (ALVES, s.d.).

Figura 1 - Criança com dificuldade motora e cognitiva é auxiliada por cão terapeuta.

Fonte: ESTADO (2012).

24

Ter um animal de estimação também auxilia o ser humano a relacionar-se e a fazer

novas amizades, a encarar a vida com mais otimismo e alegria, independentemente da idade.

É interessante destacar essa questão principalmente entre os idosos, pois, além de auxiliarem

na reabilitação (Figura 2), a ideia de se ter um animal de estimação em idades mais avançadas

é uma alternativa excelente para que sejam evitados problemas emocionais, tal como a

depressão, comumente diagnosticada entre a terceira idade. Isso ocorre devido ao sentimento

de inutilidade que muitas vezes surge por conta das limitações físicas e às vezes psicológicas,

que acabam aparecendo com o envelhecimento. Ao se propor a cuidar de um animal, a pessoa

sente-se útil, sendo uma forma de estímulo bastante significativa para muitos idosos. As

pessoas que mantêm animais de estimação conversam mais sobre assuntos do presente, o

“agora”, deixando para trás aborrecimentos, preocupações e até mesmo acontecimentos

traumatizantes, tendendo a focar seus pensamentos no que atualmente importa, o que vem lhe

ocupando a mente no presente momento. Se considerarmos que manter um animal de

estimação não só traz alegrias como também exige cuidados diários, é possível concluirmos

que a responsabilidade para com o cão acaba por tomar consideravelmente o tempo de seus

donos e, de certa forma, os distrai. (VENTUROLI, 2004).

Figura 2 - Cães auxiliam na reabilitação de idosos.

Fonte: SERRA (s.d.).

25

De acordo com Venturoli (2004) e Bergamo (2005), diversos profissionais da área de

saúde afirmam que o contato com os bichos libera no corpo a serotonina e a endorfina,

substâncias que funcionam como analgésico e relaxante natural, e que também reforçam as

defesas do organismo, além de proporcionarem sensações de prazer.

“O contato com animais transmite sensações de utilidade, conforto e segurança;

cientistas apontam a necessidade biológica de manter laços com o mundo natural.”

(VENTUROLI, 2004).

Segundo Bergamo (2005), a utilização de animais como auxiliares em centros de

saúde teve seu início em 1792, no Retiro York, quando pacientes com doenças mentais

tiveram a oportunidade de cuidar de cães da instituição, recebendo sempre o apoio e reforço

positivo da equipe que os acompanhava.

No blog “Bichinhos Terapeutas” (CINOTERAPIA, 2011), desenvolvido por um grupo

de portugueses que participam de um projeto relacionado com a terapia assistida por animais,

o grupo cita que o cão é considerado um coterapeuta no tratamento físico, psíquico e

emocional de pessoas com necessidades especiais. Após observações durante tratamentos, foi

constatado que as raças Labrador e Golden Retriever são consideradas as ideais para

tratamentos terapêuticos. Porém, nada impede que cães de qualquer raça possam ser utilizados

na cinoterapia, inclusive os sem raça definida (SRD). Para ser um coterapeuta, o animal deve

possuir as seguintes características: ser saudável; ser treinado; ser bastante sociável;

interessar-se pelas pessoas; não ser agressivo nem medroso e, principalmente, não reagir à dor

causada acidentalmente ou propositalmente. Assim, podemos concluir que estes animais

devem ser caracterizados principalmente pela calma, tranquilidade, amabilidade e tolerância.

Após o reconhecimento dessas quatro principais características do cão, este então

receberá treinos especializados de obediência, passará por um diagnóstico veterinário

completo, seu temperamento será analisado e começará a ser inserido, aos poucos, em

participações de sessões de terapias assistida por outros animais ou em programas de

visitações: uma espécie de “estágio” para o animal.

Os cães geralmente são treinados para aumentarem a autonomia e funcionalidade das

pessoas com deficiência, e, quando especializados, também podem tornar-se cães de

assistência, assessorando o homem em diversos serviços, tais como trabalhar como cão-guia,

auxiliando deficientes visuais; cão de alerta, para pessoas que possuem, por exemplo,

epilepsia, alertando com antecedência da proximidade de ocorrência de um ataque; cão de

26

serviço, ajudando pessoas com dificuldades motoras; etc. Além disso, quando bem treinado, o

cão também é perfeitamente capaz de desenvolver diferentes habilidades que facilitem a vida

doméstica: sacar dinheiro de caixas eletrônicos, retirar as roupas da máquina de lavar,

aconchegar o dono com uma manta, mudar a posição de seu dono na cama, abrir e fechar

portas, trazer a cadeira de rodas próxima ao seu dono, ligar e desligar interruptores, despir

certas peças do vestuário, etc.

Nas sessões de cinoterapia, o paciente é incentivado a acariciar o cão, a escovar seus

pelos, a brincar com os mais diversos objetos coloridos e a realizar passeios. Estas podem

parecer atitudes simples e pouco consideráveis, porém é fato que é transmitida calma quando

o cão é acariciado; durante a escovação dos pelos é possível trabalhar o alongamento e a força

muscular dos braços do paciente; ao brincar com objetos coloridos, há o desenvolvimento da

percepção das diferentes cores e formas; nos passeios o paciente trabalha com movimentação

do corpo, seu andar, auxiliando em sua reabilitação. (CINOTERAPIA, 2011)

Sendo assim, concluímos que o objetivo principal da cinoterapia é auxiliar os

pacientes a realizarem atividades lúdicas que estimulem o equilíbrio, a expressão de

sentimentos, a fala, o autoconhecimento e a imaginação, utilizando o cão como ferramenta de

todo o processo.

No município de Campos dos Goytacazes não há registros de locais que forneçam esse

tipo de serviço à comunidade. Seria extremamente proveitoso caso os diversos cães

abandonados às ruas da cidade pudessem ser utilizados em prol de uma causa, pois é fato que

os mesmos têm potencial e certamente podem ajudar e muito no tratamento de diversos

problemas do ser humano.

27

3 PARQUE CANINO (DOG PARK)

Iniciamos este capítulo com o breve conceito de um parque canino: “Por definição,

parques caninos são os parques especificamente projetados para que as pessoas levem seus

cães para passear sem coleira.” (PARQUES, 2013), sempre supervisionados por seus donos.

Estes parques geralmente caracterizam-se por possuir uma estrutura bastante ampla de

lazer, com gramados e jardins; áreas arborizadas que promovam sombra durante os dias mais

quentes; trilhas para passeios; equipamentos apropriados para os cães, tais como túneis, mesas

e passarelas (Figura 3); bancos distribuídos ao longo do espaço do parque; fontes e

bebedouros com água sempre disponível para os cães; lixeiras apropriadas para depósito de

fezes dos animais e outros resíduos; boa iluminação; além de manutenção e limpeza regular

da área. Também é comum encontrarmos nos parques caninos áreas separadas e menores,

destinadas a cães de pequeno porte ou mais tímidos. Alguns desses parques oferecem lagos

para os cães nadarem e se refrescarem em dias mais quentes.

É importante destacar a consideração com o tempo, visto que residimos em um país

onde temos um clima bastante quente. Por isso, ao idealizar um parque canino para nossa

área, um dos aspectos principais a ser pensado deve ser sobre como amenizar o desconforto

térmico, tanto dos cães quanto de seus donos, nos dias mais quentes. Caso contrário, os cães

podem apresentar sérios sintomas de insolação.

28

Figura 3 - Parque canino com diversos equipamentos, localizado

em Lisboa, Portugal.

Fonte: PRIMEIRO (2013).

Nas décadas de 1950 e 1960, alguns parques estaduais e regionais dos Estados Unidos

passaram a permitir que pessoas passeassem com seus cães em algumas áreas sem o uso de

coleiras. Assim, a ideia inicial de um parque voltado para cães foi começando a surgir. O

conceito de parque canino teve sua evolução em 1979, na Califórnia, em Berkeley, onde foi

construído o primeiro parque canino do mundo, chamado Ohlone Dog Park (renomeado para

Martha Scott Benedict Memorial Park) (ALLEN, 2007, p.9) (Figura 4).

Figura 4 - Ohlone Dog Park, o primeiro parque canino do mundo,

localizado em Berkeley, Califórnia.

Fonte: CITY (2002).

29

No Brasil, não é de nosso costume construir parques dessa tipologia, e o mais próximo

que existe de uma área oficialmente designada para cães sem coleira, em um parque público e

cercado para cães, é o Parque Buenos Aires, localizado em São Paulo. A falta de um espaço

público onde fosse permitida a entrada de cães sem coleira fez com que a própria população

local criasse áreas voltadas para seus cães. Outras cidades possuem locais onde muitos

proprietários levam seus cães em determinados dias da semana e hora, porém não são

exclusivamente para passeios caninos. Em Curitiba, aos finais de semana, o gramado entre o

Museu Oscar Niemeyer e o Bosque Papa João Paulo II é ocupado por cães e seus donos. No

Rio de Janeiro, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, pessoas frequentemente são vistas

com seus mascotes: é o Parcão da Lagoa. Voltando à São Paulo, o gramado ao lado do

Bosque da Leitura, no Parque Ibirapuera, também é ponto de encontro de apaixonados por

cães e suas respectivas paixões durante os finais de semana, e foi apelidado carinhosamente

de “cachorródromo”. (PARQUES, 2013).

Em 2007, Laurel Allen, em sua tese de mestrado, citou que geralmente nos centros

urbanos os cães são mantidos em pequenos espaços dentro das residências, e quando são

levados para passeios, é sempre necessário o uso de coleira, impedindo assim que estes

corram livremente e socializem-se com outros cães e seres humanos. (ALLEN, 2007, p.6).

Estudos mostraram que as pessoas têm mais facilidade de socializarem-se quando

utilizam do assunto “cão” como foco inicial, quebrando as nossas barreiras sociais habituais.

Acaba se criando um momento e um ambiente agradáveis, onde desconhecidos podem se

conhecer e até mesmo estreitar laços de amizade, trocando diversas ideias e informações

enquanto levam seus cães para fazer o mesmo entre eles.

A socialização dos cães é extremamente importante, pois é essencial para o

desenvolvimento normal de um animal de estimação. Cães são criaturas sociais que anseiam

pela atenção das pessoas e da companhia de outros cães. Um parque canino oferece a

oportunidade da convivência saudável não só entre pessoas, com suas famílias, mas também

momentos de convivência social entre os próprios cães, relaxando-os e tornando-os sociáveis.

Quando há o interesse de se implantar um parque canino numa cidade, é de extrema

importância analisar o local selecionado, evitando áreas onde existam plantas venenosas e que

possuam uma topografia acidentada, com declives muito íngremes, pois podem apresentar

perigo aos cães e aos seus donos. Também é interessante que o parque esteja a uma boa

30

distância de vias de tráfego, evitando possíveis acidentes caso ocorra uma fuga inesperada de

algum cão. (ALLEN, 2007).

A ideia da implantação de um parque canino no município de Campos dos Goytacazes

se deu através da carência de um espaço amplo, arborizado e agradável que seja permitida a

presença de cães. A cidade possui o Jardim São Benedito, bastante conhecido por receber

muitas famílias em momentos de lazer todos os dias – em especial aos finais de semana. Este,

porém, possui uma política que proíbe a entrada de animais. Cães circulam somente em volta

do parque, nas calçadas. Não há outro parque com uma estrutura ampla e arborizada onde a

população possa ir.

Por ainda não existirem legislações e especificações técnicas sobre esta tipologia de

parque, é necessária a máxima atenção durante o projeto do mesmo, para que atenda de forma

satisfatória as exigências que abrange a lei relacionada a parques públicos, de preferência os

que possuem estruturas que se assemelham às de um parque canino.

Assim, está sendo proposta a implantação de um parque canino para o município de

Campos dos Goytacazes, por acreditar que esta seria uma alternativa inovadora e interessante

para nossa região, além de mais uma opção de lazer para a população.

31

4 DIMENSÕES E ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi necessária uma pesquisa sobre as

dimensões e especificações técnicas referentes aos alojamentos destinados aos cães e seu local

de treinamento.

4.1 Alojamentos Caninos Individuais e Coletivos

De acordo com o Decreto-Lei nº 276 de 17 de Outubro de 2001 de Portugal, que

estabelece as medidas complementares das disposições da Convenção Europeia para a

Proteção dos Animais de Companhia, as dimensões ideais referentes aos alojamentos

destinados a cães são apresentadas nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 – Dimensões ideais para alojamentos individuais.

ALOJAMENTO INDIVIDUAL

Unidade de

Detenção

Peso Vivo

(quilogramas)

Superfície de Base

(metros quadrados)

Altura

(centímetros)

Recinto Fechado

Até 16.....................

De 16 a 20..............

De 20 a 24..............

De 24 a 28..............

De 28 a 32..............

Mais de 32..............

2

2,2

3

3,6

4

Mais de 4,3

180

Recinto Fechado

Exterior

Até 24.....................

De 24 a 28..............

De 28 a 32..............

Mais de 32..............

6

7,2

8

8,6

180

Fonte: PORTUGAL (2001). (Adaptado pela autora).

32

Tabela 2 – Dimensões ideais para alojamentos coletivos.

ALOJAMENTO COLETIVO

Nº de Animais

Unidade de

Detenção

Superfície de

base para um

peso vivo até

16 kg (metros

quadrados)

Superfície de

base para um

peso vivo até

16 kg a 28 kg

(metros

quadrados)

Superfície de

base para um

peso vivo

maior que 28

kg (metros

quadrados)

2

3

4

5

6

7

Recinto

Fechado

2,5

3,5

4

4,7

5,3

5,9

3,5

4,6

5,6

6,5

6,4

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Recinto

Fechado

Exterior

7,5

10

12

14

16

17,5

19,5

21

23

10

13

15

18

20

22

24

26

28

13

17

20

24

27

29

32

35

37

Fonte: PORTUGAL (2001). (Adaptado pela autora).

O cinófilo1 e etólogo

2 Bruno Tausz explica em seu site “Saúde Animal” como deve ser

a estrutura de um alojamento canino modelo: este deve apresentar uma área coberta (abrigo) e

um solário.

É muito importante a presença de solários nos alojamentos para que seja permitida a

exposição controlada dos animais ao Sol, uma vez que a radiação solar exerce uma função de

esterilizador ambiental, auxiliando na saúde e prevenção de doenças.

Com base nesses dados, temos então na Figura 5, um corte esquemático ilustrando um

alojamento canino e suas dimensões.

Figura 5 – Exemplo de corte esquemático de um alojamento canino com área

1 Cinófilo: Do grego kýon (cão) + phílos (amigo). Amigo dos cães.

2 Etólogo: Em zoologia, a Etologia (do grego: ethos, "hábito" ou "costumeiro" -logia, "estudo") é a disciplina

que estuda o comportamento animal.

33

coberta e solário.

Fonte: TAUSZ (S.D.).

4.2 Área de Treinamento e Adestramento

Para a área de treinamento e adestramento, é necessário um espaço amplo, de

preferência gramado, com árvores que forneçam sombra nos horários mais quentes do dia e

com equipamentos de agility, esporte praticado pelo cão juntamente com seu condutor.

As Figuras 6 e 7 exemplificam uma área de treinamento e adestramento modelo:

Figura 6 – Ampla área gramada e arborizada da área de treinamento

34

do Hotel Canino Ducão, localizado em Valinhos, São Paulo.

Fonte: ESPAÇO (S.D.).

Figura 7 – Área de adestramento e agility do Hotel Canino Ducão, localizado

em Valinhos, São Paulo.

Fonte: ESPAÇO (S.D.).

35

5 VISITA TÉCNICA E ESTUDO DE CASO

5.1 CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) do município de Campos dos Goytacazes,

estado do Rio de Janeiro

Com o intuito de se ter um primeiro contato com uma área voltada a abrigar animais

abandonados às ruas, foi realizada uma visita técnica ao CCZ de Campos dos Goytacazes

(Figura 8). Durante a visita, se pôde obter um conhecimento maior em relação à distribuição e

às dimensões dos ambientes de um abrigo de cães. Foi possível observar como eram dispostos

os canis, suas respectivas dimensões e como estes funcionavam em relação às especificações

técnicas referentes aos mesmos.

Figura 8 – Abrigo de cães do CCZ de Campos dos Goytacazes. Ao fundo,

alguns canis do abrigo.

Fonte: FRANCO (2011).

Hoje, o CCZ de Campos dos Goytacazes, além de possuir uma estrutura que necessita

urgentemente de reforma, o espaço não tem capacidade de comportar a grande quantidade de

animais que são recolhidos das ruas. Diante disso, a motivação para desenvolver este trabalho

somente aumentou, pois foi perceptível a carência do município de um espaço melhor

36

projetado, a partir do estudo das especificações técnicas referentes ao tema desta

problemática. Infelizmente não foi permitida a realização de registros fotográficos do local.

5.2 Abrigo Clube dos Vira-Latas, no município de Ribeirão Pires, estado de São Paulo

Em funcionamento há 13 anos, o Clube dos Vira-Latas, localizado no município de

Ribeirão Pires, no estado de São Paulo, é considerado hoje a maior organização não

governamental e sem fins lucrativos de cuidado animal do Brasil. O abrigo, que é mantido

exclusivamente a partir de doações, é responsável por manter mais de 500 animais sob seus

cuidados diariamente, dentre eles o de assistência médica e subsistência. Suas instalações

recebem animais que foram atropelados, vitimados por maus tratos e abandonados. O objetivo

da ONG é resgatar estes animais, tratá-los e por fim, lhes conseguir um novo lar.

A escolha para a visita técnica neste abrigo se deu justamente devido ao local ser um

espaço de referência em relação à estrutura física de um abrigo de animais. Ao contrário de

muitos abrigos que evitam as visitas em suas respectivas instalações, muitas vezes devido às

situações críticas e até desumanas que podem ser presenciadas, o Clube dos Vira-Latas deixa

um convite, em seu site, às pessoas para que visitem e conheçam o trabalho lá realizado:

Convidamos a todos que queiram conhecer nosso trabalho de perto, que

visitem o abrigo. O sonho foi idealizado por Cida Lellis, fundadora do Clube

dos Vira-Latas e, graças a vocês, a cada dia se torna realidade. Tudo foi

construído com doações, muito sacrifício, amor, trabalho, vontade e

sobretudo, honestidade. (CLUBE DOS VIRA-LATAS, s.d.)

Durante a vista ao local, foi possível conhecer todos os espaços do abrigo e registrá-

los através de várias fotografias (Figuras 9, 10, 11, 12 e 13). A estrutura do Clube possui canis

cobertos e com espaço suficiente para os cães, limpos diariamente, e que possuem áreas para

circulação, lazer e banhos de sol. É interessante destacar que os canis são coloridos de forma a

dar uma vida ao local e distanciar a ideia das pessoas de um ambiente triste.

37

Figura 9 – Canis do abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão Pires, estado de

São Paulo.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Os canis do abrigo são divididos em coletivos e individuais, e também existem os

canis berçários, onde são mantidos os filhotes. De acordo com a funcionária do local, os

filhotes possuem muita energia e estão sempre muito ativos e prontos para brincadeiras e, por

conta disso, colocá-los juntamente aos cães mais velhos poderia ocasionar brigas justamente

pelos mais idosos não terem a mesma disposição dos filhotes.

38

Figura 10 – “Canis berçários” do abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão

Pires, estado de São Paulo.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Figura 11 – “Canis berçários” do abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão

Pires, estado de São Paulo.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

39

Os canis coletivos do abrigo comportam até cinco cães. De acordo com a funcionária

do local, esse é o número máximo de cães que o canil coletivo deve comportar para que seja

um ambiente confortável para os próprios animais.

Figura 12 – Alojamento coletivo do abrigo

Clube dos Vira-Latas.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Figura 13 – Alojamento coletivo do abrigo Clube dos Vira-Latas.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

40

Infelizmente, apesar de toda a boa infraestrutura que o abrigo Clube dos Vira-Latas

oferece, a instituição não possui nenhum sistema de captação de água pluvial. A demanda de

água para a limpeza é grande, pois os canis precisam ser lavados diariamente, e toda a água

utilizada provém totalmente da rede de distribuição do município de Ribeirão Pires.

5.3 Quadro Comparativo: CCZ X CLUBE DOS VIRA-LATAS

Tabela 3 – Quadro comparativo: CCZ X CLUBE DOS VIRA-LATAS.

CCZ

CLUBE DOS VIRA-

LATAS

Número de Canis

Individuais e Coletivos

adequado?

Dimensão dos canis

adequada?

Utilização da água para

limpeza adequada?

Informação desconhecida.

Espaço adequado para o

trabalho proposto no local?

Atende à necessidade da

região?

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

SIM NÃO

41

6 PRECEDENTES

O capítulo a seguir expõe alguns projetos utilizados como precedentes funcionais,

plásticos, tipológicos e tecnológicos para a concepção arquitetônica do projeto desta

monografia.

6.1 Funcionais

Precedente 01:

Obra: The Animal Foundation Dog Adoption Park.

Local: Las Vegas, Nevada, EUA.

Autor do Projeto: Tate Snyder Kimsey Architects.

Ano: 2005.

The Animal Foundation é uma organização sem fins lucrativos localizada em Nevada,

EUA, que abriga animais e também funciona como centro de adoção. (THE ANIMAL, s.d.)

Em 2005, a organização ampliou seus serviços com a criação de um espaço projetado

especialmente destinado à adoção de cães: uma espécie de parque de adoções. O projeto conta

com 22 “bangalôs caninos”, onde cada um possui 12 canis. (Figuras 14 e 15)

Este projeto foi selecionado como um dos precedentes funcionais por apresentar

características de funcionamento e estruturas semelhantes às desejadas para a concepção do

projeto arquitetônico do centro de amparo imaginado para o presente trabalho, tais como os

ambientes necessários para projetos relacionados a canis, distribuídos e dimensionados

conforme as especificações técnicas dos mesmos.

42

Figura 14 – Planta baixa do The Animal Foundation Dog Adoption Park.

Fonte: THE AMERICAN (2006).

Fonte: THE AMERICAN (2006).

Figura 15 – Um dos “bangalôs caninos” do The Animal Foundation Dog

Adoption Park, que abriga 12 canis.

43

Precedente 02:

Obra: Associação Vista Alegre.

Local: Juiz de Fora, MG.

Autor do Projeto: Não identificado.

Ano: Não identificado.

A Associação Vista Alegre (Figura 16) localizada em Juiz de Fora, Minas Gerais, é

uma sociedade civil, de caráter filantrópico e sem fins lucrativos, que tem por finalidade

atender pessoas com deficiências físicas e/ou mentais através de diversas terapias como:

equoterapia, cinoterapia e pet terapia, além de também oferecer aulas de equitação para os

interessados no esporte. (ASSOCIAÇÃO, s.d.).

O projeto da Associação Vista Alegre foi escolhido como referencial funcional deste

trabalho por possuir exatamente a mesma função (serviços de terapia assistida por animais

gratuito à comunidade) imaginada para o projeto deste presente trabalho, que trabalhará com

o abrigo de cães abandonados e treinamento dos mesmos, para que sejam utilizados na

cinoterapia como animais terapeutas.

Figura 16 - Associação Vista Alegre, em Juiz de Fora, MG.

Fonte: ASSOCIAÇÃO (s.d.).

44

6.2 Plásticos

Precedente 01:

Obra: Espaço Lúdico – Escola 304 Norte.

Local: Brasília, DF.

Autor do Projeto: Fabiano José Arcadio Sobreira.

Ano: 2006.

O projeto do Espaço Lúdico, na Escola 304 Norte, em Brasília, DF, é um pequeno

espaço de lazer, caracterizado por não possuir “brinquedos” tradicionais, mas sim apresentar a

própria arquitetura como meio de diversão, sendo um conjunto de objetos lúdicos, a ter sua

utilização conforme a imaginação das crianças, incentivando sempre a criatividade.

(SOBREIRA, s.d.).

Este espaço foi escolhido como um dos precedentes plásticos por possuir

características que, de acordo com a autora deste trabalho, são inspiradoras para a concepção

de seu projeto: a apresentação de um caráter lúdico, através de formas que evidenciam

elementos geométricos e as cores primárias, sempre garantindo a atenção das crianças

(Figuras 17, 18 e 19).

45

Figura 17 – Croqui de alguns componentes do Espaço Lúdico –

Escola 304 Norte, em Brasília, DF.

Fonte: SOBREIRA (s.d.).

Figura 18 - Espaço Lúdico – Escola 304 Norte, em Brasília, DF.

Fonte: SOBREIRA (s.d.).

46

Figura 19 - Espaço Lúdico – Escola 304 Norte, em Brasília, DF.

Fonte: SOBREIRA (s.d.).

Precedente 02:

Obra: Creche Sustentável para Companhia Carris Porto-Alegrense.

Local: Porto Alegre, RS.

Autor do Projeto: Fabiano Silva Soares e Andrea Beatriz de Almeida.

Ano: 2009.

O projeto desta creche sustentável foi idealizado pela Secretaria Municipal de

Educação de Porto Alegre (SMED) com o intuito de proporcionar conforto, praticidade e

sustentabilidade, alinhados aos parâmetros ambientais. Ela visa atender a 120 crianças, sendo

que 60 vagas são voltadas aos filhos de empregados da Carris, a maior e mais antiga empresa

de transporte coletivo da cidade. (CICLO VIVO, 2011.).

Este projeto foi selecionado como um dos precedentes plásticos por apresentar em sua

volumetria o uso destacado de formas geométricas primárias, circulares e retangulares, e a

trabalhabilidade em relação à adição e subtração das mesmas, resultando numa arquitetura

contemporânea, além da utilização de cores primárias, ajudando a destacar ainda mais a

volumetria (Figuras 20 e 21). A autora do presente trabalho pretende utilizar os mesmos

47

conceitos de arquitetura contemporânea e lúdica, com cores e formas primárias, além da

subtração e adição de formas, na volumetria de seu projeto.

Figura 20 - Volumetria geral da creche sustentável para Companhia Carris Porto-Alegrense, em

Porto Alegre, RS.

Fonte: CICLO VIVO (2011).

48

Figura 21 - Volumetria geral da creche sustentável para Companhia Carris Porto-

Alegrense, em Porto Alegre, RS.

Fonte: CICLO VIVO (2011).

6.3 Tipológicos

Precedente 01:

Obra: “Hagaparken” ou “Haga Park”.

Local: Estocolmo, Suécia.

Autor do Projeto: Gustav III, rei da Suécia no período entre 1771 a 1792.

Ano: 1771/1780.

O “Hagaparken”, em sueco, ou “Haga Park”, em inglês, é um parque localizado na

capital da Suécia, Estocolmo. Tal capital é considerada uma das mais limpas do mundo e

possui diversos parques abertos à população. O Haga Park é caracterizado principalmente por

ser bastante amplo e arborizado (Figuras 22 e 23), oferecendo sombra em sua maior parte ao

longo do dia, sendo sempre uma opção agradável para seus frequentadores. Jardins e lagos

agregam ainda mais valor ao local, destacando ainda mais a sua beleza.

O Haga Park foi escolhido como um dos precedentes tipológicos principalmente por

possuir características que serão relevantes durante a concepção do projeto do parque canino

49

apresentado neste trabalho. Dentre essas características, destacam-se seu acesso gratuito ao

público, sua amplitude horizontal e sua vasta arborização, esta última oferecendo aos seus

visitantes sombra durante ao longo do dia, provendo ambientes sempre agradáveis. Destaque

também para seus jardins e lagos, além de trilhas para passeios de seus frequentadores.

Figura 22 - Área arborizada com trilhas para caminhadas do Haga Park, em Estocolmo, na Suécia.

Fonte: FRANZÉN (2006).

50

Figura 23 - Outra vista de uma área arborizada do Haga Park, em Estocolmo, na Suécia.

Fonte: ELLGAARD (2010).

Precedente 02:

Obra: Projeto de parque canino incluso na requalificação da zona norte no bairro Jardim do

Campo Grande.

Local: Lisboa, Portugal.

Autor do Projeto: Não identificado.

Ano: 2013.

O parque canino projetado no bairro Jardim do Campo Grande foi uma das obras de

todo um processo de requalificação da zona norte do bairro português, localizado em Lisboa.

Este parque canino foi selecionado como um dos precedentes tipológicos para este

trabalho por também apresentar um caráter amplo e horizontal em seu projeto, e por ser de

acesso gratuito à população, assim como o precedente tipológico 01 acima. Além disso,

também é bastante arborizado e possui amplo gramado (Figura 24), características que

resultam num ambiente onde há um maior conforto térmico e, consequentemente, é mais

agradável aos seus visitantes.

51

Figura 24 - Espaço amplo e arborizado do Parque Canino em Lisboa, Portugal.

Fonte: COSTA (2013).

6.4 Tecnológicos

Precedente 01:

Obra: Casa B12.

Local: Condomínio Ventura Club, Xangrilá, RS.

Autor do Projeto: Seferin Arquitetura.

Ano: 2007/2009.

A Casa B12, localizada no Condomínio Ventura Club, em Xangrilá, Rio Grande do

Sul, foi idealizada pelo escritório de arquitetura Seferin, de Porto Alegre. No projeto, é

possível observar que destacam-se facilmente a volumetria com formas primárias e o uso

evidente de dois tipos de materiais: o tijolo tipo demolição e o concreto aparente (Figuras 25 e

26).

Em relação aos materiais desejados para a concepção do projeto do centro de amparo

canino deste presente trabalho, foi imaginado, assim como no projeto da Casa B12, o uso de

blocos cerâmicos de encaixe que imitem os tijolos tipo demolição e também o concreto

aparente.

Foi optada a utilização dos blocos cerâmicos que imitem os tijolos tipo demolição por

estes serem considerados materiais resistentes e duráveis, além de proporcionarem conforto

52

térmico e acústico, dois importantes pontos que deverão ser levados em conta neste trabalho.

Além disso, os blocos possuem a versatilidade de permitirem sua utilização como estrutura e

acabamento, e sua atemporalidade merece destaque, pois nunca saem de moda. (LOMBARDI,

2010.) Também levou-se em conta a forte presença de olarias na região do município de

Campos dos Goytacazes, permitindo um acesso mais fácil ao material.

O concreto também foi um dos materiais escolhidos para o projeto deste trabalho por

ser um material de fácil acessibilidade e trabalhabilidade em qualquer região, além de

apresentar características favoráveis em relação ao conforto térmico dos ambientes em geral

onde o mesmo é utilizado.

Figura 25 - Casa B12, localizada no Condomínio Ventura Club, em Xangrilá, RS.

Fonte: SEFERIN (s.d.).

53

Figura 26 - Tijolo tipo demolição e concreto aparente são os materiais predominantes na

Casa B12, localizada no Condomínio Ventura Club, em Xangrilá, RS.

Fonte: SEFERIN (s.d.).

Precedente 02:

Obra: Casa Urbana.

Local: Jardim América, São Paulo, SP.

Autor do Projeto: Paula Bittar.

Ano: 2009/2012.

A Casa Urbana, localizada no bairro Jardim América, na capital de São Paulo, é um

projeto que apresenta uma arquitetura contemporânea, assim como precedente tecnológico 01,

e que também evidencia bastante seus materiais utilizados: a madeira, o tijolo tipo demolição

e o concreto aparente (Figuras 27 e 28).

O projeto desta casa foi selecionado como um dos precedentes tecnológicos

justamente por também apresentar três dos materiais que serão aplicados no projeto do centro

de amparo e parque canino deste presente trabalho.

54

Figura 27 - Fachada da Casa Urbana, em São Paulo, SP, com a presença de materiais

como o concreto aparente, a madeira e o tijolo tipo demolição.

Fonte: SCRIPILLITI (s.d.).

55

Fonte: SCRIPILLITI (s.d.).

Precedente 03:

Obra: Praça Padre Lage.

Local: Bairro Higienópolis, Belo Horizonte.

Autor do Projeto: Desconhecido.

Ano: 2007.

A praça Padre Lage, localizada no bairro Higienópolis, em Belo Horizonte, apresenta

em toda a extensão de seus passeios a utilização de pisos intertravados em cores variadas

(Figura 29), o que, em termos estéticos, destacou bastante o projeto.

Figura 28 - Uma das fachadas da Casa Urbana,

em São Paulo, SP, mostrando mais

aproximadamente os materiais predominantes

utilizados na obra.

56

Figura 29 - Praça Padre Lage.

Fonte: PREFEITURA (S.D.).

Optou-se pela utilização de bloquetes de intertravados para algumas áreas externas do

projeto com o objetivo de que sejam evitadas formações de poças d’água em temporadas de

maior quantidade de chuvas. O piso intertravado tem como uma de suas vantagens principais

a rápida absorção de água, evitando problemas relacionados a alagamentos e permitindo que

as pessoas circulem sobre ele mesmo em dias chuvosos sem que haja uma maior preocupação.

Precedente 04:

Obra: Prédio do Parque da Juventude.

Local: Bairro de Santana, São Paulo.

Autor do Projeto: Aflafo & Gasparini.

Ano: 2007.

O Parque da Juventude, localizado no Bairro de Santana, em São Paulo, é do tipo

público e possui três espaços: o esportivo, o central e o institucional. O primeiro possui

quadras, áreas de lazer, etc. O segundo possui áreas contemplativas, com passeios e

passarelas. E o terceiro possui um caráter cultural, onde estão localizadas as escolas técnicas,

conhecidas como ETECS.

57

Nesta área institucional, os prédios implantados possuem brises metálicos em suas

fachadas (Figura 30), fornecendo uma estética única às construções, além de filtrar os raios

solares, deixando os ambientes do prédio numa temperatura mais agradável.

Figura 30 – Brise metálico na fachada do prédio do Parque da Juventude.

Fonte: BRAGA (2012).

58

7 PROPOSTA ARQUITETÔNICA

O presente trabalho tem como proposta fornecer um espaço com uma estrutura

adequada referente a um abrigo de cães, que garanta qualidade de vida aos animais que são

recolhidos das ruas, muitas vezes em situação precária, e que também seja agradável e

convidativo à comunidade. O projeto também visa trabalhar em conjunto com o Hospital

Veterinário da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro”), que

será responsável pelos cuidados relacionados à saúde dos cães do abrigo.

A proposta poderá ser um modelo para a cidade, tendo a possibilidade de também ser

implantado em outras localidades, visto que o problema em relação ao abandono de animais

às ruas é algo que existe em várias cidades, não só do Brasil, mas do mundo inteiro.

Além de fornecer abrigo aos animais, o local contará com espaços lúdicos e fornecerá

à população serviços de cinoterapia, na qual o cão é o principal agente que trabalhará

auxiliando os portadores de deficiência física e/ou mental, além de incentivar o respeito e o

cuidado com os animais. O projeto também contará com um parque canino, onde será

permitida a entrada de cães, com ou sem coleira, acompanhados de seus donos, e que possuirá

extensos gramados e uma grande área arborizada propiciando um espaço confortável

termicamente durante todo o dia, principalmente nos dias mais quentes.

Sendo assim, o projeto do centro de amparo e cinoterapia, além de auxiliar cães

abandonados, lhes dando uma vida digna, também tem como objetivo mostrar que os animais

merecem respeito e podem ajudar o homem de muitas formas, com resultados positivos

bastante significativos. Quanto ao parque canino, o projeto tem como objetivo proporcionar à

população a opção de um espaço onde é possível levar cães para passearem, se exercitarem e

se divertirem com seus donos, algo que faz falta não só aqui na região, mas como em várias

cidades: um espaço voltado principalmente para o cão e seu dono.

7.1 Princípios Arquitetônicos

O projeto tem como objetivo ser implantado no município de Campos dos Goytacazes,

localizado no norte do estado do Rio de Janeiro (Figura 31).

59

Figura 31 – Localização do município de Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de

Janeiro.

Fonte: WIKIPEDIA (2014). (Adaptado pela autora).

O município de Campos dos Goytacazes é a maior cidade do interior fluminense, com

uma população estimada de 477.208 habitantes, ocupando uma área de 4.026,696 km² (IBGE,

2013).

Dados gerais da cidade de Campos dos Goytacazes - RJ:

Limites: São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, Quissamã,

Conceição de Macabu, Santa Maria Madalena, São Fidélis, Cardoso

Moreira, Italva, Bom Jesus do Itabapoana e Mimoso do Sul (ES).

Temperatura média anual: 22,7° C

Distância até a capital: 286 km (FRANCO, 2011)

A cidade cresceu e se desenvolveu bastante com o cultivo da cana-de-açúcar na região,

sendo referência na produção de açúcar e, mais tarde, de álcool combustível. Também é

destaque na extração de petróleo e gás natural em sua bacia litorânea desde que em 1970 foi

descoberto o primeiro poço de petróleo (Marlim) na Bacia de Campos, fazendo com que o

município se tornasse responsável por 80% da produção petrolífera nacional. (PAES, 2011)

60

Campos dos Goytacazes possui dois grandes centros comerciais: o primeiro e mais

antigo, surgiu juntamente com o início da cidade, e está localizado nas ruas Treze de Maio e

João Pessoa, consequentemente na parte histórica da cidade. O segundo, mais recente, mas

não menos importante, localiza-se na Avenida Pelinca, onde estão situadas diversas lojas

renomadas e dois grandes shopping centers.

Além de ser um importante pólo econômico não só local como também no âmbito

estadual, Campos dos Goytacazes também destaca-se na área da educação: o município abriga

diversas instituições de alto renome para o Norte Fluminense, dentre elas a UENF

(Universidade Estadual do Norte Fluminense “Darcy Ribeiro”), considerada uma das 15

melhores universidades do país, o IFF (Instituto Federal Fluminense, antigo CEFET), a UFF

(Universidade Federal Fluminense), a FMC (Faculdade de Medicina de Campos), entre

outras.(FRANCO, 2011)

7.2 Definição da Área de Implantação

7.2.1 O Terreno

O terreno escolhido (em destaque na Figura 32) para a implantação do projeto está

localizado na Avenida Alberto Lamego, próximo à Rua Antônio Calado, e possui uma área de

20.070 m².

61

Figura 32 – Localização do terreno escolhido para a implantação do projeto.

Fonte: GOOGLE EARTH (2014). (Adaptado pela autora).

7.2.2 Insolação e Ventilação

A Figura 33 apresenta um estudo esquemático da insolação e ventilação do terreno

escolhido, onde pode-se observar a incidência do vento Nordeste, predominante na Região

Norte Fluminense, na fachada frontal do terreno, favorecendo a implantação principalmente

dos canis do abrigo, de forma que possam receber a melhor ventilação possível.

62

Figura 33 – Estudo de Insolação e Ventilação do terreno

escolhido para a implantação do Centro de Amparo e

Cinoterapia e Parque Canino.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Sol Vento Nordeste (predominante na região)

7.2.3 Justificativa da Escolha do Terreno

Com o desejo que o projeto do Centro de Amparo e Cinoterapia trabalhe em conjunto

com o Hospital Veterinário da UENF, a procura pelo terreno ideal se deu pelos arredores do

próprio Hospital, de forma que ambos fossem próximos. Sendo assim, o terreno escolhido

localiza-se na Avenida Alberto Lamego, exatamente em frente ao Hospital Veterinário da

UENF.

63

Uma característica do terreno importante a ser destacada é a de que ele está mais

afastado da área residencial, evitando assim o incômodo fornecido pelos possíveis latidos dos

cães.

A Avenida Alberto Lamego é considerada uma via de extrema importância para

Campos e constitui um eixo de ligação entre o Centro Histórico da cidade com a BR-356, via

que dá acesso a distritos como Martins Lage e Cambaíba, e ao município de São João da

Barra, onde estão localizadas as principais praias da região, como a Praia do Açu, Grussaí,

Chapéu de Sol e Atafona. (Figura 34)

Figura 34 – Localização do terreno com os dois sentidos da Avenida Alberto Lamego.

Fonte: GOOGLE EARTH (2014). (Adaptado pela autora)

Sentido para o Centro Histórico de Campos dos Goytacazes

Sentido para os distritos e praias da região

Seu fluxo de carros é intenso durante todos os dias. Seu entorno conta com alguns

condomínios, supermercados e a UENF, Universidade Estadual do Norte Fluminense. A

Avenida Alberto Lamego está localizada num vetor de expansão da cidade, possui fácil

acesso e destaca-se pela sua importância urbanística e econômica para o município.

64

7.2.4 Legislação Pertinente ao Terreno

De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do solo de Campos dos Goytacazes, o terreno

está localizado na Zona Residencial Três (ZR-3), no Eixo de Comércio e Serviço Três (ECS-

3), conforme é mostrado na Figura 35.

Figura 35 – Mapa de Zoneamento Urbano de Campos.

Fonte: PREFEITURA (1998).

Pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Zona Residencial Três está inserida no Eixo de

Comércio e Serviço Três, e este permite atividades realcionadas à categoria de comércio

principal e atividades de grau três. Na Zona Residencial Três é destinado ao uso residencial

unifamiliar, residencial multifamiliar horizontal e vertical, além de comércio e serviços de

bairro, uso institucional local e institucional principal, indústria doméstica e uso misto.

Temos então, para a Zona Residencial Três, um terreno cujo coeficiente de

aproveitamento é 4,0 e a taxa de ocupação é de 80%.

65

7.3 Proposta do Trabalho

7.3.1 O Centro de Amparo a Cães Abandonados e Cinoterapia

O Centro de Amparo a Cães Abandonados e Cinoterapia atenderá a comunidade com

dois objetivos principais: o primeiro se dá pelo recolhimento dos cães das ruas, levando-os

quando necessário ao Hospital Veterinário da UENF, unidade que trabalhará em conjunto

com o Centro de Amparo, a fim de receberem os cuidados médicos, para logo após serem

encaminhados para as instalações do abrigo. O segundo objetivo visa treinar estes cães

abrigados para que possam ser utilizados no auxílio de tratamentos de crianças, adultos e

idosos portadores de deficiências físicas e/ou mentais, a chamada cinoterapia, proporcionando

assim uma melhor qualidade de vida e alegria às pessoas, sem contar com o incentivo à

integração do homem x animal, resultando numa aquisição maior sobre a importância dos

cuidados e do respeito que devemos para com os animais.

Além disso, o espaço do centro contará com um parque, onde os cães e as pessoas

poderão conviver, numa arquitetura agradável e acolhedora, com jardins e espaços lúdicos, de

forma a proporcionar momentos de bem-estar tanto para os frequentadores quanto para os

próprios cães.

7.3.2 Quantidade de Cães que Serão Amparados Pelo Centro

O estudo de demanda foi realizado tendo como fundamentação a visita feita ao Centro

de Controle de Zoonoses - CCZ de Campos dos Goytacazes, vinculado à Secretaria de Saúde .

Durante a visita técnica ao CCZ, pode-se observar que o canil abrigava cerca de vinte

animais. O espaço, não só dos canis, mas das salas de procedimentos cirúrgicos, dentre os

outros ambientes, são bem restritos em relação aos seus dimensionamentos. O espaço é

relativamente pequeno em relação à quantidade de animais a serem atendidos pelo canil.

A realidade é que a demanda de espaço para comportar os animais é muito grande,

pois diariamente são recebidos cerca de quatro a cinco animais.

66

Essa mesma falta de espaço acaba se tornando um dos motivos para a eutanásia destes

animais e lhes diminuindo as chances de serem adotados.

Diante dessa situação, o projeto do Centro de Amparo visa amparar 170 cães, que

serão distribuídos em vinte canis individuais e em trinta canis coletivos, dimensionados da

seguinte forma:

- Canis Individuais: 1,65m x 1,40m, com solário de 3,00m x 1,40m;

- Canis Coletivos: 1,55m x 3,00m, com solário de 3,00m x 3,00m.

7.3.3 Assistência à Comunidade

Com o intuito de fornecer um atendimento de qualidade à comunidade e ter um

controle e acompanhamento mais seguro dos pacientes atendidos, o Centro de Amparo

contará com uma Clínica de Cinoterapia, onde poderão ser feitos os cadastros dos respectivos

pacientes. Nela haverá um espaço reservado para consultórios que fornecerão atendimentos de

fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas, além de um auditório e foyer, para futuras

exposições e apresentações abertas à comunidade.

7.3.4 O Parque Canino

O projeto também conta com o Parque Canino, o primeiro de Campos dos Goytacazes.

Tal parque é voltado especialmente para os cães, onde estes podem ser levados e soltos de

suas coleiras, sob responsabilidade de seus donos. Esta tipologia de parque é algo recente e,

por isso, pouco encontrada no mundo todo. É possível observar alguns exemplares na Europa,

mais precisamente em Portugal, e também na América do Norte, na Califórnia.

Neste trabalho, o projeto para o Parque Canino tem como base os parques caninos da

Europa: muitas áreas verdes, gramados extensos, espécies arbóreas de médio a grande porte,

com copas largas, além de um espaço de lazer com brinquedos voltados para os próprios cães.

Também contará com um lago de baixa profundidade, para que os cães possam se refrescar

67

durante os dias mais quentes. Este lago será necessariamente raso, para que este não ofereça

nenhum tipo de perigo aos cães nem aos seus donos.

7.4 Programa de Necessidades

1. PARQUE CANINO

Área Verde

Área de Lazer com Equipamentos

Administração/Guarita

Banheiro (Administração/Guarita)

Guarita

Banheiro (Guarita)

Banheiro Público 1

Banheiro Público 2

2. CANIS, ÁREA DE TREINAMENTO E SERVIÇO

Área Verde

Canis - Quartos Individuais

Canis - Quartos Coletivos

Almoxarifado da Área de Treinamento

Espaço para Banho e Tosa

Área para Treinamento dos Cães

Vestiário para Funcionários

Administração

Depósito

Copa

Área de Serviço/Rouparia

3. ÁREA DE CONVÍVIO E SOCIAL

Banheiro Público Feminino

Banheiro Público Masculino

Auditório

Sala para Equipamentos de Som e Imagem

68

Foyer (Galeria de Exposição)

Camarim/Depósito

Banheiro (Camarim)

Área de Socialização

4. JARDINS

5. CLÍNICA DE CINOTERAPIA

Recepção/Área para Registro de Pacientes

Sala de Espera

Banheiro Público Masculino

Banheiro Público Feminino

Consultório Psicólogo

Consultório Fisioterapeuta

Consultório Fonoaudiólogo

Cozinha

Depósito de Material de Limpeza

Administração/Arquivo Médico

Vestiários/Banheiros para Funcionários

6. APOIO LOGÍSTICO

Garagem para Carga e Descarga

Estacionamento para Funcionários e Público 1

Estacionamento para Funcionários e Público 2

Guarita da Entrada

Abrigo de Resíduos Sólidos

Casa de Bombas

Gerador

69

7.5 Fluxograma e Setorização

Figura 36 – Fluxograma e Setorização do projeto do Centro de Amparo e Cinoterapia e Parque Canino.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

70

7.6 Partido Arquitetônico

7.6.1 Conceito

Além de possuir um grande carinho por cães, a autora do presente trabalho também

teve seus próprios cães de estimação, um bulldog francês chamado Henri (Figura 37), e sua

poodle Babi (Figura 38) já falecida, como suas duas principais inspirações para a decisão

sobre o tema e o conceito do trabalho.

Foi a partir da imagem da face de um cão que o desenvolvimento da volumetria teve

seu início. (Figura 39)

Figura 37 – O bulldog francês Henri.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

71

Figura 38 – A poodle Babi.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Figura 39 – O primeiro croqui: A face de um cão, originando a volumetria da fachada.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Durante o desenvolvimento dos croquis, a intenção de fazer com que a imagem da face

do cão ficasse evidente na fachada principal do projeto se tornou cada vez maior. (Figura 40)

No croqui da perspectiva da área de convívio, pode-se notar a presença de cores diversificadas

nos desenhos das paredes, visando transformar o local num ambiente alegre, principalmente

para as crianças. (Figura 41)

72

Figura 40 – Perspectiva da fachada principal do projeto.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Figura 41 – Perspectiva da área de convívio.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

73

7.7 Memorial Descritivo

Abaixo estão listados os principais materiais utilizados no projeto:

PISO INTERTRAVADO

O piso intertravado (Figura 42) é feito a partir de blocos de concreto pré-fabricados,

assentados sobre areia, travados através de contenção lateral e por atrito entre as peças. É

bastante utilizado para obras viárias, passeios, calçadas, praças, ciclovias, estacionamentos,

etc.

Figura 42 – Piso de blocos intertravados de

concreto.

Fonte: PREMOLDADOS (2012).

Além de ser uma ótima opção de material por ter uma vida útil longa e ser de baixa

manutenção, o piso intertravado propicia um melhor conforto térmico e versatilidade quanto

às aplicações. Também possuem a importante característica de serem permeáveis e, devido a

sua grande capacidade de drenagem, colaboram com a diminuição das superfícies

impermeabilizadas nas cidades reduzindo o escoamento superficial.

O piso intertravado será utilizado na área de socialização e nos passeios distribuídos

por todo o projeto (Figura 43).

74

Figura 43 – Perspectiva da área de convívio, mostrando o uso do piso intertravado.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

BRISE SOLEIL

Tendo como objetivo principal o controle da radiação solar, o brise soleil (Figura 44)

possibilita o acesso seletivo da luz do sol aos ambientes interiores.

Figura 44 – Brise soleil.

Fonte: CIAMON (2012).

75

A utilização do brise soleil na fachada principal do projeto do Centro de Amparo será

fundamental, não só pela filtragem da radiação, mas também porque este irá compor a

volumetria, com a função de remeter à imagem das orelhas de um cão. (Figuras 45 e 46)

Figura 45 – Croqui da fachada principal com os brises

representando as orelhas de um cão.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

Figura 46 – Perspectiva destacando a utilização do brise metálico vermelho na fachada.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

76

TIJOLO CERÂMICO APARENTE

Oferecendo aos ambientes onde é utilizado um toque mais aconchegante e rústico, sem

deixar de ser moderno e estiloso, o tijolo aparente é charmoso e está sempre em alta, tanto

para áreas interiores quanto exteriores.

No município de Campos dos Goytacazes está concentrada a maior parte da indústria

cerâmica fluminense. Pensando em valorizar esta característica do município, serão utilizados

os tijolos cerâmicos aparentes (Figura 47) com função estética em alguns casos e em outros

com função estrutural.

Figura 47 – Tijolos cerâmicos aparentes.

Fonte: LEITE (2014).

As figuras 48 e 49 ilustram a utilização desse material em alguns pontos do projeto:

Figuras 48 e 49 – Perspectivas mostrando alguns locais onde foi aplicado o tijolo cerâmico aparente.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

77

SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL SIMPLES

A questão do aproveitamento da água das chuvas será de extrema importância para o

projeto.

Devido à grande demanda de quantidade de água utilizada não só para a irrigação do

parque canino, como também para a limpeza dos canis, será utilizado um sistema de captação

de água pluvial simples (Figura 50), que contará com áreas de captação, calhas e coletores

horizontais e verticais, distribuídos nas coberturas do projeto.

Figura 50 – Detalhe do sistema de captação de água pluvial simples.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

A água coletada é direcionada ao reservatório de água do centro de amparo,

calculado para comportar cerca de 2.500 litros d’água. Considerando o centro de amparo e o

parque canino como estabelecimentos públicos, com 25 funcionários e prestando atendimento

a 25 pacientes por dia, foi calculado 50 litros de água por pessoa.

78

CERCA VIVA

Separando a área de treinamento e canis do parque canino, haverá um meio muro de

alvenaria (com altura de 1 metro) e pilares de madeira e vegetação do tipo “trepadeira”

(Figura 51). Dessa forma, as pessoas poderiam visualizar os cães do abrigo e poderia então ser

estimulada a adoção dos mesmos.

Figura 51 – Cerca viva separando a área de treinamento e canis do parque

canino.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

TIPOS DE VEGETAÇÃO

A vegetação que será utilizada em todas as áreas verdes do projeto, além da grama do

tipo esmeralda (Figura 52) como única vegetação rasteira, serão espécies arbustivas de médio

e grande porte, com o objetivo de se obter um ambiente agradável e fresco.

79

Figura 52 – Grama esmeralda.

Fonte: COMO (s.d.).

Optou-se por não utilizar vegetação de pequeno porte no projeto, somente grama

esmeralda e vegetações de médio e grande porte, para que não haja problemas em relação ao

contato dos animais com as espécies de plantas menores, já que há a possibilidade de ingestão

dessas mesmas espécies pelos animais.

As espécies arbustivas a serem utilizadas são:

- Tabebuia chrysotricha, também conhecida como ipê amarelo (Figura 53);

Figura 53 – Tabebuia chrysotricha ou ipê amarelo.

Fonte: SEMENTES (2013).

80

- Tabebuia impetiginosa, também conhecida como ipê roxo (Figura 54);

Figura 54 - Tabebuia impetiginosa

ou ipê roxo.

Fonte: INSTITUTO (2013).

- Roystonea oleracea, também conhecida como palmeira imperial (Figura 55);

Figura 55 - Roystonea oleracea ou

palmeira imperial.

Fonte: PORTAL (S.D.).

81

- Ficus benghalensis, também conhecida como fígueira-de-bengala (Figura 56);

Figura 56 – Ficus benghalensis ou figueira-de-bengala.

Fonte: CARDIM (2010).

Figura 57 – Perspectiva do parque canino.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

82

7.8 Anteprojeto Arquitetônico

Além de estar exposto neste volume monográfico de forma fragmentada, anteprojeto

arquitetônico deste trabalho encontra-se também disponível em um CD, anexado a este

trabalho, contendo a planta baixa de situação e cobertura, planta baixa de implantação, planta

baixa técnica, quadros de áreas e esquadrias, cortes, fachadas e imagens de sua volumetria.

7.8.1 Implantação e Acessos

A implantação do projeto do Centro de Amparo e Cinoterapia e Parque Canino (Figura

58) está dividido entre os setores público, de serviço, de área de convívio e socialização, de

treinamento dos cães e do parque canino. Além disso, o projeto possui dois acessos: um

voltado para o público e outro voltado para serviço.

83

Figura 58 – Implantação e acessos do projeto do Centro de Amparo a Cães Abandonados

e Cinoterapia e Parque Canino.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

84

7.8.2 O Projeto

SETOR PÚBLICO

85

Figura 59 – Planta-baixa setor público.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

86

Figura 60 – Planta-baixa setor público.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

87

ÁREA DE CONVÍVIO

88

Figura 61 – Planta-baixa área de convívio.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

89

SETOR SERVIÇO

90

Figura 62 – Planta-baixa setor serviço.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

91

Figura 63 – Planta-baixa setor serviço.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

92

SETOR TREINAMENTO DOS

CÃES E CANIS

93

Figura 64 – Planta-baixa setor treinamento dos cães e canis.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL (2014).

94

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da problemática em relação ao abandonado de cães às ruas do município de

Campos dos Goytacazes e por haver uma enorme carência de um espaço adequado que

comporte o grande número de animais recolhidos dando-lhes abrigo e cuidados necessários, o

presente trabalho visou buscar o desenvolvimento de um projeto arquitetônico que oferecesse

abrigo em condições dignas e estruturalmente apropriadas aos cães encontrados abandonados

às ruas, oferecendo-lhes cuidados, treinamentos adequados e dando-lhes uma função social,

de forma que trabalhassem como coterapeutas ao lado de profissionais da área de saúde,

através da cinoterapia, auxiliando pacientes em seus respectivos tratamentos. Este trabalho

também busca fornecer à população campista um parque canino, este sendo uma opção

diferenciada de um espaço de lazer amplo, arborizado e seguro que permita a realização de

passeios da população com seus respectivos cães.

As pesquisas de campo e bibliográficas realizadas, os estudos teóricos dos dados

gerais sobre cinoterapia e parques caninos, além de consultas às legislações relacionadas às

dimensões e especificações técnicas de instituições especializadas em abrigar cães auxiliaram

na compreensão dos motivos que levavam ao abandono de cães às ruas e foram de extrema

importância para o desenvolvimento efetivo do projeto proposto.

Para um maior e melhor embasamento sobre o tema, contribuíram também a

realização de uma visita técnica ao Centro de Controle de Zoonoses de Campos dos

Goytacazes e o estudo de caso no abrigo Clube dos Vira-Latas em Ribeirão Pires, estado de

São Paulo. Nos dois locais foi possível conhecer de perto as respectivas instalações, registrar

os pontos negativos e positivos de cada um, além de também ter a possibilidade de sanar

algumas dúvidas que surgiram ao longo do desenvolvimento deste trabalho com os

profissionais presentes em ambos os locais.

Durante o desenvolvimento deste trabalho, não foram encontrados muitos exemplos

das tipologias dos projetos aqui propostos. Parques caninos e centros de adoção de cães e

cinoterapia são tipologias relativamente recentes pelo mundo. Porém, através do estudo

realizado de todo o material obtido, foi possível absorver bastante informação e perceber

como é grande a demanda em todos os sentidos: nacional, estadual e municipal de um projeto

desta tipologia e dimensão. Um espaço estruturado corretamente, voltado para a assistência

95

não só do cão abandonado como também da população em termos de terapia alternativa. É

fato que se houvesse um local no município onde fosse trabalhada a cinoterapia, a população

poderia obter resultados até mesmo mais rápidos e significativos em seus tratamentos.

Infelizmente isto não acontece, pois não existe um espaço voltado para este tipo de atividade

na região.

Assim, a proposta maior deste trabalho é a de projetar um espaço que incentive o

convívio entre homem x cão de forma que este seja sadio para ambos, provando o quanto os

cães podem ser úteis à sociedade, auxiliando o ser humano de diversas formas, além de

mostrar à população a importância de se preservar e respeitar a vida, qualquer que seja a

espécie.

96

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