CURSO DE CAPACITAÇÃO EM ALIMENTOS ORGÂNICOS§ão... · o profano, o mágico e o obscuro • mercado é o locus em que o trabalho vivo se transubstância, se descola/e desencarna

Curso de Capacitação em Alimentos Orgânicos: agroindústrias, mercados e políticas públicas

Introdução conceitual ao tema de mercados e construção de mercados no ambiente institucional, Sergio Schneider

Introdução conceitual a tema dos mercados e a construção de mercados no ambiente

institucional

Prof. Dr. Sergio Schneider

PPGS/PGDR/UFRGS

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM ALIMENTOS ORGÂNICOS:

Agroindústrias, Mercados e Políticas Públicas POA-RS, 06/11/20



1. O Contexto Geral



A globalização e seus efeitos: a) Mudanças econômicas e tecnológicas :

descentralização industrial - flexibilização do trabalho - pluriatividade;

ciência, tecnologia e conhecimento como meios de acumulação de capital;

velocidade das comunicações - redução de distâncias;

b) Mudanças políticas e institucionais:

Estado perde da capacidade de regulação setorial e nacional;

Crescimento do papel da sociedade civil - participação social;

Institucionalização do ‘terceiro setor’ - ONGs, etc c) Mudanças sociais e culturais

interdependência de tempo e espaço - emergência da localidade;

novas relações de produção e consumo



2. Novo Framework para as

Políticas Alimentares

2. Novo Framework para as

Políticas Alimentares



Alimento

Qualidade Vida

Transporte Emprego

Educação Saúde

Ambiente Economia regional

Inclusão social

Mercado

Estado/setor público

Sociedade Civil

Consumidor torna-se cidadão – busca direitos

e sabe reclamar

Governos locais e regionais podem ter papel ativo como atores das

políticas de abastecimento e segurança alimentar

Oferta e demanda de alimentos





Referências Teóricas • As compras públicas na formatação do green state - Morgan e Sonnino:

• O enorme poder de compra do Estado – public plate;

• Novos compromissos do Estado com sustentabilidade e saúde pública;

• A construção de mercados pelo Estado;

• Novas formas de food governance;

• Alimentacão Escolar e Saúde Püblica:

• Os problemas gerados pela transicão nutricional;

• A inseguranca alimentar;

• Tim Lang – o novo referecinal da Public Health coloca o alimento no centro da nova equação alimentar:

• As políticas alimentares devem focar a saúde pública e com ela a superacão do problema pelo lado do consumo – Políticas como o PNAE devem conribuir para formatar e desenvolver uma nova forma de consumo de alimentos: mais saudáveis e estimular solução da transicão nutricional;



• Século 21 e o desafio da saúde pública ecológica ou da ecologização da saúde pública - Lang et al

(2009)

• Reconhecimento dos limites e da insustentabilidade do sistema alimentar (contaminação e indisponibilidade de água, mudanças

climáticas, perda de biodiversidade, vulnerabilidade da saúde da população )

• Para superar esses desafios, Lang et al (2009) propõem alguns objetivos, entre os quais:

• Alcançar suficiente produção ecológica

• Prevenir doenças associadas à alimentação

• Aproveitar todas as ciência para entender a produção

• Diminuir o impacto dos alimentos sobre o ambiente

• Alcançar desenvolvimento internacional e justiça social

• Democracia alimentar

Saúde pública e meio ambiente



3. A agricultura familiar

neste cenário



CENÁRIO ATUAL DA A.F.

• Reconhecimento internacional com Ano Internacional;

• Debate sobre Concentração da Produção e o Lugar dos

Pequenos;

• Discussão sobre Scalling Up das Experiências bem

Sucedidas – agroecologia, etc;

• Preocupação com a crise de Sucessão e de geração no

Rural



4. Sobre os Mercados:

um pouco de teoria



MERCADO e o senso comum – o que é o mercado ?

um local: market place

• o mercado é um local ou lugar concreto e físico onde ocorrem atividades comerciais, negociações, trocas, de

todos os tipos, formas e produtos. Não raro, o mercado é um local antigo, onde chegam as mercadorias agrícolas

e rurais chegam ao centro urbano – mercado do peixe, mercado central, etc;

um destino: relação de comercial

• mercado é para onde se destina a produção realizada, quando não se conhece o comprador ou o demandante;

uma abstração (‘pass par tout’): desconhecido e impessoal

• Mercado é um ser desconhecido, mas real e concreto, pois está presente no cotidiano das pessoas através do

mercado de capitais (bolsa), de produtos, de mão-de-obra. O mercado absorve !! Mercado como chave-mestra:

abre todas as portas !



Mas, afinal, o que são MERCADOS?

Adam Smith: alegoria da ‘mão invisível’

• mercado é um dispositivo coletivo através do qual a sociedade aloca a riqueza segundo o princípio do mérito e

da competência individual;

Marx: o profano, o mágico e o obscuro

• mercado é o locus em que o trabalho vivo se transubstância, se descola/e desencarna da vida para adquirir uma

forma fantasmagórica, despersonalizada. O mercado é o palco da alienação em que desfilam mercadorias sem

identidade – é o cenário do fetichismo da mercadoria;

Neoclássicos: espaço de encontro, equilíbrio entre oferta X demanda

• Mercado é o onde oferta e demanda se encontram e onde os atores estabelecem PREÇOS que regulam os

níveis ótimos de apropriação relativa



Mercados perfeitos:

- Racionalismo ilimitado, atomismo e equilíbrio -

As ‘falhas’ de mercado: Akerloff e assimetrias de informação

- Racionalidade limitada - Estado atua como mecanismo de correção das falhas do mercados

Mercado(s) como construção social

Estruturas sociais – Bourdieu e o campo econômico;

Instituições – Polanyi (reciprocidade e embeddedness)

Redes de Interação Social – “Actor-Network-Theory” + Economia das Convenções + Nova Sociologia

Econômica (construção social das qualidades, justificações de mundo e princípios de equivalência,

redes sociais, confiança) – Granovetter, Boltanski, Latour, Allaire, Favereau, Eymard-Duverney

Mas, afinal, o que são MERCADOS?



5. Os Mercados da Agricultura

Familiar



Mercados e as formas de ACESSO dos Agricultores – inputs e

outputs

+ Camponeses

Agricultores + empresariais

Mercado de Demanda

direta

Mercado de Oferta

Externa: Crédito; tecnologia; Informação;

Forma de Regulação

Endógeno: • Insumos; • Sementes; • Força trabalho;

atravessador

agroindústria

institucional

fair trade

Pessoalidade

Secularidade

Confiança/Reputação Baixos Custos de

Transação

Normas e Contratos

Risco e Incerteza

Alto Custo Transação

Inputs



1. Mercados convencionais – cadeias longas À Montante: Produção em larga escala; A Revolução no transporte a na Logística; Urbanização: Concentração dos consumidores; Supermercados como fonte de abastecimento; Padrão McDonalds de consumo e alimentação À Jusante

Sementes e Insumos:

Concentração em poucas empresas fornecedoras;

aumento dos custos de produção



2. Mercados Diferenciados - Cadeias Curtas/Nested Markets emergência de uma ‘economia da qualidade’ – sanidade e qualidade;

proximidade – ‘local food’- redução de footprint e food miles;

novo tipo de consumidor – reflexividade;

enraizamento (embeddedness) local e territorial;

estratégicas de DIVERSIFICAÇÃO .



3. Mercados PÚBLICOS – COMPRAS PÚBLICAS Falhas de Mercados X Prato Público ???

Visão convencional ou Perspectiva desenvolvimento

demanda não privada - Construção da demanda:

abastecimento público;

Segurança Alimentar - SAN

pode ser para Formacão de Estoque ou

estimular/fomentar mercados para corrigir ‘falhas’



4. Outros Mercados (terra) e Mercados Não-Agrícolas – Serviços

Interação da agricultura com outros setores;

Economias de escopo;

Externalidades econômicas;

Pluriatividade e Multifuncionalidade.



6. LIMITANTES

à Inserção da Agricultura Familiar

nos Mercados



① Dependência X Vulnerabilidade nos Mercados:

Dependência em relação a:

Vulnerabilidade:

② Falhas de Mercado: Assimetrias de informação;

Incertezas e riscos;

Custos de transação altos para organizar oferta;

③ Infraestrutura material precária:

Estoque e armazenamento;

Embalagem e apresentação;

Transporte e logísitica

④ Capacidade de barganha reduzida: Pela quantidade;

Pela qualidade;

Pela informação.

- Contratos;

- Tomador de preços;

- Informação restrita

- Distância físicas - infraestruturas de acesso;

- Capacidade de organização da oferta;

- Pequenos excedentes comercializáveis pelos A.F

- Incapacidade de estoque e regular oferta



7. Qual pode ser o papel das Políticas

Públicas



• “Green State”: está comprometido com desenvolvimento sustentável e utiliza o seu poder de compra para estimular ‘práticas sustentáveis’, como reciclagem, redução energia, etc (Morgan e Sonnino, 2008).

Desenvolvi-mento

sustentável

Desenvol-vimento

econômico

Democracia Ambiente


Introdução conceitual ao tema de mercados e construção de mercados no ambiente institucional, Sergio Schneider Fonte: SESAN/MDS









8. Mercados da Alimentação Escolar





Do campo para o prato dos alunos

PRODUTORES

Garantia de venda;

Novos mercados;

Ampliação e adaptação da produção;

Influência em relação às expectativas de permanecer no meio rural.

CONSUMIDORES

Aumento da frequência e aceitabilidade de gêneros mais saudáveis;

Elo entre escolares e suas famílias com incentivo ao consumo de alimentos produzidos localmente.

Ganhos ambientais

Fonte: Triches, 2010.



Ano

Recursos financeiros

(em milhões de R$)

Alunos atendidos

(em milhões)

1995 590,1 33,2

1996 454,1 30,5

1997 672,8 35,1

1998 785,3 35,3

1999 871,7 36,9

2000 901,7 37,1

2001 920,2 37,1

2002 848,6 36,9

2003 954,2 37,3

2004 1.025 37,8

2005 1.266 36,4

2006 1.500 36,3

2007 1.520 35,7

2008 1.490 34,6

2009 2.013 47,0

2010 3.000 (previsão) 47,0

• Existe desde 1955;

• Atendimento universalizado (47 milhões de

alunos);

• 1988 - direito constitucional;

• 1994 – descentralização;

• Coordenado pelo FNDE, executado pelas EEs e

fiscalizado pelo CAE.

PNAE



PNAE

Diminuir problemas de saúde relacionados a dietas;

Promoção de formas sustentáveis de consumo;

Criação de novos mercados para produtores locais;

Promoção de benefícios ambientais.

Potencialidades

Conexão entre alimento e local de produção – procedência é importante para CONFIANÇA!

Maior controle sobre os mercados e capacidade de reação dos agricultores – local vinculado à AUTONOMIA;

Poder público retoma seu engajamento na segurança alimentar e nutricional – saúde alimentar é bem público;

Contribuição para o desenvolvimento sustentável, justo e solidário.

Benefícios



9. Conclusão:

• que podemos aprender?

• quais lições a extrair ?



Benefícios da produção de alimentos para as escolas:

a) Reconectar o alimento ao local – procedência é importante para CONFIANÇA!

b) Maior controle sobre os mercados e capacidade de reação dos agricultores–

local dá mais AUTONOMIA;

c) Poder público retoma seu engajamento na segurança alimentar e nutricional

– saúde alimentar é bem público;

d) CONSTRUCÃO DE UM ESTADO-VERDE !!!

e) Contribuição para o desenvolvimento sustentável, justo e solidário



A agricultura familiar pode ter um papel relevante porque:

• Produz alimentos sem remunerar a preço de mercado a força de trabalho, o capital e a terra – produz mais

barato;

• Por ser a guardiã de saberes, modos de produzir e fazer alimentos que estão ligados a alguns princípios da

SAN – procedência e identidade;

• Tem potencial par abastecer mercados altamente seletivos e diversificados – Frutas, Verduras e Legumes;

• Produção orgânica é intensiva em mão-de-obra e este é o fator abundante da agricultura familiar;



Realização

Apoio

Fomento

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