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CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS GRAZIELLI FERREIRA DA SILVA ANÁLISE DA ABORDAGEM DO ENSINO DE BIOLOGIA EVOLUTIVA NO ENSINO MÉDIO EM ESCOLAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE CANOAS, 2010

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CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GRAZIELLI FERREIRA DA SILVA

ANÁLISE DA ABORDAGEM DO ENSINO DE BIOLOGIA EVOLUTIV A NO ENSINO

MÉDIO EM ESCOLAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO A LEGRE

CANOAS, 2010

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GRAZIELLI FERREIRADA SILVA

ANÁLISE DA ABORDAGEM DO ENSINO DE BIOLOGIA EVOLUTIV A NO ENSINO

MÉDIO EM ESCOLAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO A LEGRE

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Carrilho do Rêgo Barros

CANOAS, 2010

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GRAZIELLI FERREIRADA SILVA

ANÁLISE DA ABORDAGEM DO ENSINO DE BIOLOGIA EVOLUTIV A NO ENSINO

MÉDIO EM ESCOLAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO A LEGRE

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle.

Aprovado pelo Avaliador em 29 de Junho de 2010.

AVALIADOR

____________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Carrilho do Rêgo Barros

Unilasalle

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Dedico este meu trabalho de conclusão de

curso a toda a minha família que acreditou na

minha capacidade e que investiram no meu

futuro, e aos meus amigos colegas e

professores que me ajudaram ao longo destes

anos de estudo.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS por ter me dado forças para não desistir, mesmo com tantos obstáculos

impedindo a minha conclusão deste tão desejado sonho;

A TODOS aqueles que direta ou indiretamente me incentivaram e me apoiaram

durante todo o período da minha graduação;

MINHA FAMÍLIA, especialmente aos meus pais Lourenço e Ester, a minha irmã Ana

Paula e minhas sobrinhas Pâmela e Stephanie, por todos os anos de amor e

carinho, e por toda a ajuda e confiança que me deram ao longo da minha vida;

AOS MEUS AMIGOS adquiridos ao longo da graduação que me ajudaram e me

apoiaram nestes anos tão importantes;

AOS PROFESSORES DO UNILASALLE, especialmente ao meu orientador Rodrigo

Carrilho por todo empenho, dedicação e paciência, no auxílio da realização deste

trabalho.

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"A cada dia que vivo, mais me convenço de

que o desperdício da vida está no amor que

não damos, nas forças que não usamos, na

prudência egoísta que nada arrisca, e que,

esquivando-se do sofrimento, perdemos

também a felicidade."

(Carlos Drummond de Andrade)

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RESUMO

A Evolução Biológica é considerada um tema central e unificador dentro da Biologia,

uma vez que sua compreensão se faz necessária para o entendimento de uma série

de conceitos e processos biológicos. A complexidade e a abrangência de tal tema

são apontadas na literatura como fatores que dificultam seu ensino, em especial, no

Ensino Médio. O presente trabalho teve como objetivo geral em primeiro lugar

contribuir para um melhor entendimento da relação entre ciência e religião no ensino

de biologia; e por outro também uma melhor compreensão das possíveis

contradições existentes entre o conhecimento cientifico e religioso, na disciplina de

Biologia, em turmas de Ensino Médio da Região Metropolitana de Porto Alegre. Para

tanto foram investigadas 2 escolas públicas e 2 privadas para constatação dos

dados. A pesquisa foi aplicada a professores da disciplina de biologia e alunos do

Ensino Médio, da rede pública e privada. Também foi verificada a presença e

estratégia de abordagem do tema nos livros didáticos utilizados nas escolas

pesquisadas. Como resultado, constatou-se que os professores trabalham a

temática evolução como conteúdo didático, pois os alunos afirmaram ter recebido

informações sobre o tema. Nota-se que muitas vezes os professores não tem tempo

hábil para a aplicação do conteúdo, em função de sua colocação no final do

cronograma, qualquer atraso no decorrer do semestre acaba por prejudicar o

andamento do assunto. Os alunos de escola pública revelam forte influência das

crenças religiosas, já os de escola privada acreditam, em um maior percentual, na

teoria da evolução biológica. Os livros abordam questões sobre a temática, as obras

convidam o aluno a refletir, a pesquisar e a se posicionar sobre o assunto. Embora falhas

tenham sido evidenciadas, observou-se a aplicação básica das recomendações dos

PCNEM.

Palavras chaves: ensino de evolução biológica, ensino de biologia, crença religiosa,

formação de professores.

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO.........................................................................................................09

2 OBJETIVOS........................................ ....................................................................12

3 REVISÃO DE LITERATURA............................ ......................................................13

3.1 A origem do pensamento evolutivo............... ...................................................13

3.2 Teoria sintética da evolução................... ..........................................................18

3.3 Equilíbrio pontuado............................ ................................................................20

3.4 Evolução e ensino.............................. ................................................................22

3.5 Evolução biológica no Ensino Médio............. ..................................................26

3.6 Livro Didático................................. .....................................................................29

4 METODOLOGIA...................................... ...............................................................32

4.1 Análise do livro didático...................... ..............................................................32

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................... ..................................................34

6 CONCLUSÃO........................................ .................................................................65

REFERÊNCIAS..........................................................................................................68

APÊNDICE A. - Questionário investigativo aos profes sores...............................71

APÊNDICE B. - Questionário investigativo aos alunos ........................................74

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1 INTRODUÇÃO

A biologia compreende o estudo dos fenômenos que ocorrem em organismos,

considerando-os tanto do ponto de vista individual quanto coletivo; constitui-se em

uma ciência em constante expansão. O estudo da evolução dos seres vivos

representa um ramo da biologia fascinante, além de ser uma teoria integradora,

constituindo-se em uma área suscetível à controvérsia, face às principais questões

envolvidas: ciência e crenças religiosas.

De acordo com Carneiro (2004) estudos sobre o ensino da evolução biológica

têm demonstrado que equívocos quanto à interpretação dos processos evolutivos

são freqüentes tanto entre alunos como entre professores. Desta forma a evolução

biológica é considerada um tema interdisciplinar dentro da biologia, sendo

importante para a compreensão de diferentes aspectos da mesma, como afirma o

geneticista Dobzhansky (1973), a Teoria da Evolução Biológica é uma chave para a

compreensão dos processos de diversificação dos seres vivos. Sua importância

ultrapassa os limites da escola e da comunidade científica, sendo assim é

considerado um dos eixos centrais e unificadores de todo o ensino de biologia.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio (PCNEM) ressaltam a

importância da abordagem no ensino de Biologia dos conteúdos relacionados à

origem e evolução da vida. Conceitos relativos a esse assunto são tão importantes

que devem compor não apenas um bloco de conteúdos tratados em algumas aulas,

mas constituir uma linha orientadora das discussões de todos os outros temas. [...] A

origem e evolução da vida – contempla especificamente esse assunto, mas é

importante assinalar que esse tema deve ser enfocado dentro de outros conteúdos,

como a diversidade biológica ou o estudo sobre a identidade e a classificação dos

seres vivos (BRASIL, 2006). Desta forma, a presença do tema origem e evolução da

vida ao longo de diferentes conteúdos não representa a diluição do tema evolução,

mas sim a sua articulação com outros assuntos, como elemento central e unificador

no estudo da Biologia.

A variedade de seres vivos em nosso planeta, isto é, a biodiversidade, tem

fascinado a humanidade ao longo de sua história, desafiando-nos a compreendê-la

e explicá-la. Em praticamente todas as sociedades humanas encontramos

explicações religiosas para a origem dos seres vivos e sua diversidade. Há cerca de

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dois séculos começaram a surgir explicações científicas para a questão, e desde

então, as evidencias têm mostrado que a vida em nosso planeta surgiu sem

nenhuma interferência sobrenatural, e que a diversidade biológica deriva da lenta

transformação dos primeiros seres vivos, em um processo conhecido como evolução

biológica.

Segundo Ayala (1983), até o século XIX, o conjunto das explicações dos

processos que permitiram toda esta diversidade, era chamado de Teoria da

Evolução Biológica, no sentido de que poderia existir alguma probabilidade de que

as explicações fossem incorretas. Apesar do termo Teoria da Evolução Biológica ser

usual nos meios de ensino e de pesquisa, já não se duvida que a Evolução Biológica

seja efetivamente um fato. Aceitar algo como um fato, significa admitir sua existência

a despeito do que sabemos ou compreendemos a respeito. Nenhum debate

científico recente tem posto em dúvida o fato ou a realidade objetiva da Evolução

Biológica, embora haja divergências a propósito de sua reconstituição histórica ou

sobre seus mecanismos causais. No entanto, polêmicas científicas sobre "como" ou

"por que" a Evolução Biológica ocorreu no passado e continua a ocorrer no presente,

não a suprimem como um fato. Biólogos modernos aceitam a Evolução Biológica

como um fato tão bem demonstrado como os fatos da história antiga (STEBBINS,

1970).

Segundo Futuyma (2002) a teoria da evolução é um conjunto de afirmações

interligadas sobre seleção natural e outros processos que, conforme se pensa,

causam a evolução, assim como a teoria atômica da química e a teoria mecânica de

Newton são conjuntos de afirmações que descrevem causas de fenômenos

químicos e físicos. Diferentemente, a afirmação de que organismos descenderam,

com modificações, a partir de ancestrais comuns – a realidade histórica da evolução

– não é uma teoria. É um fato, tanto quanto o fato das revoluções da Terra ao redor

do Sol. Assim como o sistema solar heliocêntrico, a evolução começou como uma

hipótese e atingiu o status de “fato” à medida que evidências a seu favor se

tornaram tão poderosas que nenhuma pessoa destituída de preconceitos e munida

de conhecimento pode negar sua realidade. Os oponentes atuais da Evolução

Biológica, quase sem exceção, sustentam suas posições não com base em

argumentação lógica, mas em emoções e crenças religiosas. Como exemplo, temos

a teoria do Design Inteligente. Segundo Behe (1997) e Dembski (1999), esta teoria

sustenta que causas inteligentes seriam responsáveis pela origem do universo e da

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vida, em toda a sua diversidade. Seus defensores argumentam que ela é uma teoria

científica, oferecendo provas empíricas da existência de Deus ou de alienígenas

super inteligentes. Acreditam que o Design Inteligente seja detectável empiricamente

na natureza e em sistemas vivos. Os argumentos a favor dessa teoria parecem ser

os argumentos criacionistas sem referências à Bíblia. Entre outros aspectos, rejeitam

a noção de seleção natural, por entender que esta nega a possibilidade do universo

ter sido projetado ou criado.

Para as Ciências Biológicas, a Evolução Biológica representa um elemento

unificador através do qual muitos e diversos fatores como as semelhanças

anatômicas e fisiológicas entre diferentes espécies, os conhecimentos sobre

embriologia animal, a diversidade de espécies e os registros fósseis entre outros,

são integrados e explicados (FUTUYMA, 1992). Por esta razão, segundo Valotta

(2000), a compreensão da Biologia moderna é incompleta sem o entendimento da

Evolução Biológica. Contudo, apesar de ser considerada um dos pilares da Biologia

por cientistas e filósofos como, por exemplo, Francis Jacob e Stephen Jay Gould, a

Evolução Biológica não tem merecido o mesmo status quando se trata de ensino de

Biologia em nossas escolas onde, quando não é suprimida, é muito pouco abordada

(PACHECO & OLIVEIRA, 1997).

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2 OBJETIVOS

Através de uma abordagem epistemológica em primeiro lugar contribuir para um

melhor entendimento da relação entre ciência e religião no ensino de biologia; e por

outro também uma melhor compreensão das possíveis contradições existentes entre

o conhecimento cientifico e religioso. Para tal foi necessário antes atingir objetivos

mais diretos, entre eles:

• Determinar se o conhecimento científico e religioso são conflitantes;

• Determinar se existem incongruências nos livros didáticos acerca do

evolucionismo e criacionismo;

• Identificar possíveis conflitos em relação ao conhecimento prévio dos alunos;

• Identificar possíveis conflitos em relação ao conhecimento dos professores.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A origem do pensamento evolutivo

Segundo Futuyma (2002) em toda a disciplina científica, as idéias

predominantes e mesmo as questões formuladas são produto do desenvolvimento

histórico. Assim, para entender a Evolução Biológica, é essencial conhecer um

pouco de sua história.

As idéias fundadas em uma lei natural, imutável e perfeita, atravessaram

séculos, até que a noção do princípio vital fosse questionada, concebendo-se tais

leis como submetidas à ação contínua de um poder no plano Criador, mediante a

intervenção de Deus. Surgiu, assim, uma nova concepção – o Criacionismo. Chassot

(2002), afirma que, ao contrário da Concepção Naturalista, no Criacionismo a ação

divina ou sobrenatural sobrepõe-se à explicação dada pelo “fenômeno natural”.

Em consequência disso, a idéia implícita nessa concepção torna inútil qualquer

investigação científica a respeito da origem da vida, por justamente assentar sua

base em um princípio dogmático, ou seja, a criação pelo divino. Como exemplo

dessa concepção, temos a explicação criacionista da origem da vida e a

classificação botânica de Lineu (nos seus primeiros estudos), para quem as

diferentes espécies seriam tantas quantas saíssem da criação divina e assim seriam

encontradas na natureza. Com base no Criacionismo, o contínuo surgimento de

novas espécies nunca ocorre, já que todas foram criadas de uma só vez por Deus

durante os seis dias da criação (MAYR, 1998).

De acordo com Futuyma (2002) no final do século XVIII, foi aventada a

possibilidade não somente de criações especiais sucessivas, mas a contínua origem

de novas espécies por meios mais naturais. Maupertuis, Diderot e Goethe, entre

outros, especularam que novas formas de vida poderiam se originar, ou por geração

espontânea a partir da matéria inanimada ou pelo desdobramento (o sentido literal

de “evolução”) das potencialidades imanentes das espécies existentes. Neste

sentido, “evolução” significava não a modificação das espécies, mas a manifestação

das essências que estavam latentes em espécies anteriores. Somente em 1766,

Buffon expressou a possibilidade de que diferentes espécies tivessem surgido por

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variação a partir de ancestrais comuns, mas ele, simultaneamente, apresentou

evidência contraria a essa posição.

Segundo Futuyma (2002) o primeiro defensor da evolução a não adotar

soluções de compromisso foi Jean Baptiste de Lamarck (1744-1829), que pela

primeira vez apresentou uma exposição ampliada de sua teoria em Philosophie

Zoologique (1809). Lamarck não afirmou que os seres vivos tinham descendido de

ancestrais comuns, mas sim que as formas de vida inferiores surgem continuamente

a partir da matéria inanimada por geração espontânea, e progridem inevitavelmente

em direção a uma maior complexidade e perfeição, através de “poderes conferidos

pelo supremo autor de todas as coisas” – isto é, por uma tendência inerente em

direção a complexidade. Lamarck propôs também, que o caminho particular da

progressão seria guiado pelo ambiente, e que um ambiente em mudança alteraria as

necessidades do organismo, ao que o organismo responderia mudando seu

comportamento e, consequentemente, usando alguns órgãos mais que outros. Em

outras palavras, o uso e desuso alterava a morfologia, que era transmitida para as

gerações subsequentes. Essa teoria claramente se aplicaria mais aos animais do

que às plantas.

As idéias de Lamarck foram pouco aceitas devido ao fato de que os

naturalistas não reconheciam evidências de Evolução Biológica, e não porque a

teoria de Lamarck defendia a herança de características adquiridas. Cientistas como

Georges Curvier (fundador da anatomia comparada e um dos biólogos e

paleontólogos mais respeitados do século XIX) e Charles Lyell, em seu Principles of

Geology, criticaram duramente Lamarck e tentaram demonstrar evidências contra a

Evolução Biológica (FUTUYMA, 2009).

No século XVIII, o mundo estava em evidente progresso em diversas áreas da

sociedade e do pensamento humano, e foi nesse contexto que o pensamento

evolutivo começou a tomar corpo com a teoria proposta por Lamarck. Não é difícil

imaginar que o pensamento evolutivo também tenha sido influenciado pela idéia de

progresso vigente na época, que era em direção a um contínuo melhoramento do

homem (GOULD, 1997).

A discussão sobre a teoria da Evolução Biológica somente começou a ganhar

novo e maior destaque, quando Charles Robert Darwin (1809-1882) e Alfred Russel

Wallace (1823-1913) publicaram e apresentaram, juntos, seus trabalhos sobre a

teoria da Evolução Biológica em uma reunião na Linnaean Society de Londres em 1º

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de julho de 1859. Em razão da apresentação e da publicação dos artigos não terem

tido a repercussão esperada, Darwin publica em 24 de novembro de 1859, um

resumo de seu livro, sob o título “A Origem das Espécies por meio da Seleção

Natural, ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida”. Essa

publicação foi merecedora de enorme repercussão e ainda hoje alimenta a

controvérsia a que deu origem – a causa da diversidade biológica (ROSE, 2000).

De acordo com Futuyma (2002) Wallace é merecedor de créditos como co

propositor do principal mecanismo da Evolução Biológica – seleção natural – pois

sua teoria foi tão cuidadosamente formulada quanto à de Darwin. Porém, Wallace,

apesar de ter continuado seus estudos sobre tópicos evolutivos por boa parte de sua

vida, nunca fez nenhuma publicação tão expressiva como fez Darwin em “A Origem

das Espécies”. O Origem das Espécies possui uma importância fundamental para o

desenvolvimento da teoria evolutiva, basicamente por dois motivos: (1) conter duas

teses separadas, a de que todos os organismos descendem com modificação a

partir de ancestrais comuns; e a de que o principal agente de modificação é a ação

da seleção natural sobre a variação individual; e (2) por ter sido Darwin o primeiro a

ordenar em grande escala as evidências da primeira tese, recorrendo para isto, aos

registros fossilíferos, à distribuição geográfica das espécies, à anatomia e à

embriologia comparadas e à modificação observada em organismos domésticos.

Segundo Futuyma (2009), a primeira visão predominante era de um mundo

estático, idêntico em todas as essências à criação perfeita do Criador. Acreditava-se

que as espécies vivas foram criadas individualmente em suas formas atuais e por

muito tempo foi defendida a idéia de que nenhuma espécie jamais se extinguiu, uma

crença que se desmoronou no século anterior a Darwin, à medida que fósseis de

dinossauros e mamutes foram descobertos. Geólogos começaram entender que a

Terra tinha tido uma longa história de mudança dinâmica, mas foi Darwin que

estendeu aos seres vivos, e à espécie humana, a conclusão de que a mudança, e

não a estase seria a ordem natural. A contribuição mais importante e imensurável de

Darwin a ciência foi mostrar como as causas mecanicistas podiam também explicar

todos os fenômenos biológicos.

Se ao invés de uma criação especial, a estrutura da evolução for adotada, as

características dos seres vivos podem ser completamente entendidas à luz de sua

história. Devido às características dos organismos terem sido modificadas a partir de

características anteriores, o estágio inicial prevê que somente alguns dos muitos

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estágios posteriores poderiam ser desenvolvidos. Assim, existe um elemento

importante de Contingência Histórica na evolução: as condições de um sistema vivo,

ou de seu ambiente, em um determinado tempo, podem determinar qual das várias

formas de mudanças o sistema seguirá. A explicação histórica das propriedades dos

sistemas vivos é uma das mais importantes contribuições da ciência evolutiva para a

biologia (FUTUYMA, 2009).

Ao posicionar um processo evolutivo por seleção natural entre variações

hereditárias, Darwin identificou a variação como um fato de importância central dos

sistemas biológicos. Fazendo isso ele quebrou uma tradição de 2000 anos que

dominava o pensamento ocidental (FUTUYMA, 2009). Darwin foi arrojado o

suficiente para afirmar que as espécies não têm essências. Todas as características

de uma espécie podem variar, e se a seleção natural ou algum outro processo de

distribuição alterar as frequências de variantes, todas as características de uma

espécie podem ser alteradas radicalmente, dado o tempo necessário.

Além dos postulados de Darwin sobre seleção natural, outra revolução dentro

da área biológica, incorporada mais tarde à teoria da Evolução Biológica, foi a

redescoberta dos trabalhos de Johann Mendel (1822-1885), em 1900. A mais

importante contribuição individual da genética, extraída dos trabalhos de Mendel,

substituiu o conceito antigo de herança através da mistura de sangue pelo conceito

de herança através de partículas (os genes). O desenvolvimento da genética, a partir

desses estudos, permitiu reinterpretar a teoria da Evolução Biológica de Darwin à luz

das novas descobertas sobre a hereditariedade, sintetizando diversos

conhecimentos isolados.

Desde aproximadamente 1930, muitos dos destaques da teoria evolutiva não

podiam mais ser compreendidos, exceto a luz do descrédito no qual havia caído o

darwinismo. A teoria evolutiva moderna, que entre os anos de 1936 a 1947, moldou

as contribuições da genética, sistemática e paleontologia em uma nova teoria

sintética da evolução, que reconciliou a teoria de Darwin com os fatos da genética

(MAYR & PROVINE, 1980).

Entre as informações que contribuíram para este desenvolvimento estavam às

demonstrações decisivas, feitas por geneticistas, de que as características

adquiridas não são herdáveis, e que a variação contínua tem precisamente a mesma

base mendeliana que a variação descontínua, assegurando a segregação de

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numerosos genes particulados, cada um com um pequeno efeito fenotípico

(FUTUYMA, 2002).

A publicação, em 1937, do livro "Genetics and the origin of species" de

Theodosius Dobzhansky, marcou de forma revolucionária uma nova visão sobre o

Darwinismo. Este autor combinou alguns trabalhos, entre eles o de Wright, Fisher e

Haldane às evidências para mostrar, assim como foi proposto por Darwin, que a

seleção natural era, na maioria dos casos, o único agente eficaz das modificações

evolutivas e que o Darwinismo era compatível com as descobertas da genética.

Novas espécies usualmente se originam pelo acúmulo de genes diferentes em

populações da mesma espécie parental, isoladas reprodutivamente

(FUTUYMA,1992).

Desde a Síntese Moderna, o estudo dos mecanismos evolutivos se expandiu

para incorporar novas informações, novas questões e novas controvérsias. A

elucidação da base molecular da hereditariedade, a partir de 1953, quando Watson

e Crick propuseram a estrutura do DNA, forneceu uma compreensão mais profunda

da natureza da mutação e da variação genética, e revelou cada vez mais novos

fenômenos que enriqueceram e, algumas vezes, desafiaram a teoria sintética da

evolução (FUTUYMA, 2002).

Boa parte da teoria sintética da evolução é altamente abstrata, incluindo sua

formalização nos modelos matemáticos de genética de populações; as frequências

de alelos e os coeficientes de seleção que aparecem nos modelos se aplicam a

tratos em geral, não a características particulares da morfologia, fisiologia ou

comportamento. As características reais dos organismos foram, cada vez mais,

levadas a teoria evolutiva através do desenvolvimento de modelos específicos de

aspectos da historia natural e do comportamento, modos de reprodução e similares.

Áreas inteiras do conhecimento, tais como comportamento e ecologia, foram

incorporados a biologia evolutiva. Enquanto isso ocorria, tornou-se cada vez mais

claro que as características reais e presentes dos organismos, não podem ser

compreendidas somente em termos da variação genética existente e das pressões

de seleção. Ao contrário, as características presentes são determinadas, em parte,

pelos processos de desenvolvimento que traduzem genótipo em fenótipo e estes,

por sua vez são os produtos da história evolutiva (FUTUYMA, 2002).

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3.2 Teoria sintética da evolução

A moderna teoria da evolução biológica tem, assim como o Darwinismo, a

seleção natural como o seu ponto central. Entretanto, o evolucionismo moderno leva

em conta os conhecimentos atuais no campo da genética, que permitem explicar por

que os indivíduos de uma população variam do ponto de vista gênico e como essas

variações são transmitidas à descendência. A falta de conhecimentos sobre esses

assuntos impediu que Darwin, na sua época, respondesse convenientemente as

criticas as suas teorias (CARNEIRO, 2004).

A resolução desses conflitos ocorreu nos anos de 1930 e 1940, na síntese

evolutiva ou síntese moderna, moldada por contribuições de geneticistas, sistematas

e paleontolólogos. Ronald A. Fischer (1890 -1962) e John B. S. Haldane (1892-

1964) na Inglaterra e Sewall Wright (1889-1988) nos Estados Unidos, tomando como

base os dados da genética e reconciliando a teoria de Darwin, desenvolveram uma

teoria matemática da genética de população, que mostrou que é a conjunção de

mutação e a seleção natural (entre outras coisas) que causa evolução adaptativa: a

mutação não é uma alternativa para a seleção natural, mas é quase sua matéria

prima. O estudo dos genes em populações selvagens de Drosophila (mosca-da-

fruta) foi pioneiro na Rússia e realizado por Sergei Chetverikov nos anos de 1920,

sendo continuado por Theodosius Dobzhansky (1900-1975) depois que ele mudou-

se da Rússia para os Estados Unidos em 1927. Esses pesquisadores mostraram

que populações naturais não são uniformes; elas contem variantes que tinham

aparecido por mutações em linhagens de laboratório. Na teoria sintética da evolução

o principal objeto de estudo é a população, definida por ela como uma comunidade

reprodutora e caracterizada por seu polimorfismo. O êxito individual de cada membro

da população, na produção de uma descendência determinará a transmissão de

alelos. Assim sendo, cada genótipo irá possuir um valor seletivo que modificará em

última instância a frequência dos diferentes alelos. Esse achado mostrou que

estudos de genética em laboratório eram na verdade relevantes para a evolução na

natureza. Em seu livro Genetics and The Origin of Species (1937), Dobzhansky

sintetizou brilhantemente a teoria da genética de populações e os dados da variação

genética e das diferenças genéticas entre espécies. O livro de Dobzhansky conduziu

as idéias dos geneticistas de população matemáticos para outros biólogos e

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influenciou a apreciação deles em relação à base genética da evolução (FUTUYMA,

2009). Este autor combinou alguns trabalhos, entre eles o de Tshetverikoff, Wright,

Fisher e Haldane às evidências para mostrar, assim como foi proposto por Darwin,

que a seleção natural é, na maioria dos casos, o único agente eficaz das

modificações evolutivas e que o Darwinismo era compatível com as descobertas da

genética. Novas espécies usualmente se originam pelo acúmulo de genes diferentes

em populações da mesma espécie parental, isoladas reprodutivamente

(FUTUYMA,1992).

Depois dessa publicação, autores importantes, como Ernst Mayr, George

Simpson e Ledyard Stebbins, ratificaram que o novo modelo proposto do

Darwinismo seria capaz de explicar diversos fatos morfológicos, paleontológicos,

biogeográficos e ecológicos sobre a semelhança entre animais e plantas. A teoria de

Darwin adquiriu, a partir das descobertas na área da genética, maior poder

explicativo a partir das informações somadas aos seus postulados. Portanto, a

Teoria Sintética da Evolução Biológica é um novo paradigma que resultou da síntese

das descobertas de várias disciplinas científicas (FUTUYMA, 1992).

Apesar do sucesso e do alcance da Teoria Sintética da Evolução Biológica,

alguns problemas e questões sobre Evolução Biológica permaneceram sem solução.

Os avanços na área da genética, com a descoberta da estrutura do DNA por James

Watson e Francis Crick em 1953, fizeram com que aumentasse a compreensão

sobre a natureza e os mecanismos de controle da atividade gênica, a ponto de ter

surgido o paradigma da Genética Molecular. Esse novo conhecimento proporcionou,

embora não imediatamente, novas maneiras de estudar a Evolução Biológica,

principalmente no nível das moléculas que participam diretamente do processo

evolutivo biológico (FUTUYMA, 2009).

O desenvolvimento de novas técnicas moleculares de estudo permitiu novas

abordagens sobre problemas e questões importantes da Teoria Sintética. Uma delas

diz respeito à quantidade e a qualidade da diferenciação genética, que acompanha a

Evolução Biológica de novas espécies a partir de espécies ancestrais. Outra se

refere ao significado da regulação da atividade gênica, por meio de genes

reguladores especiais, na Evolução Biológica de novas espécies (FUTUYMA, 2009).

Como a seleção natural adapta os organismos às condições ambientais

modificadas, a história dessas modificações ambientais deveria refletir-se na história

evolutiva da vida. Desse modo, as contribuições das ciências geológicas permitiram

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explicar muitas características da história evolutiva, que haviam confundido

estudiosos dos registros fósseis desde o início da ciência da Evolução Biológica.

Novas descobertas e percepções surgem continuamente nos campos voltados

para os estudos evolutivos e continuamente enriquecem os conhecimentos ligados a

Evolução Biológica. A partir desses conhecimentos, é possível apresentar uma

explicação geral da história da vida.

3.3 Equilíbrio Pontuado

Os depósitos nos quais são encontrados sucessivos fósseis, de uma linhagem

em evolução, são muitas vezes separados por interrupções de pelo menos 50000-

100000 anos, de forma que as flutuações de curto período nas características de

uma espécie, raramente são evidentes. Linhagens com registro dos fosseis irregular

frequentemente mostram pouca mudança substancial por milhões de anos. Além

disso, não é raro, que seus descendentes morfologicamente distintos (com

diferentes nomes específicos) apareçam subtamente, virtualmente sem nenhuma

evidencia de forma de transição intermediarias, depois de longos períodos de

poucas mudanças. Exceto em sequencias de fosseis raramente completas, a

impressão é de aparente estase por longos períodos, “pontuadas” por períodos de

mudanças muito rápidas para uma nova morfologia estável (FUTUYMA, 2002).

Eldredge & Gould (1972) chamaram este padrão de Equilíbrio Pontuado em

oposição ao gradualismo filético: mudança anagenética constante. Para explicar o

padrão, invocaram a teoria de Mayr (1954) de especiação parapátrica e propuseram

que a maioria das mudanças evolutivas se propaga rapidamente em populações

pequenas e localizadas, em uníssono com a aquisição do isolamento reprodutivo –

uma idéia que o próprio Mayr (1954, 1963) havia prenunciado. Tendo atingido

isolamento reprodutivo, a nova forma se expande do seu lugar de origem para o

território da espécie parental que não sofreu mudança e torna-se suficientemente

abundante e amplamente distribuída para ser documentada no registro dos fósseis.

Nesta teoria, portanto, a maior parte da mudança evolutiva está associada e é

contingente com a especiação.

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Eldredge & Gould (1972) e Stanley (1975) chegaram a arguir que devido às

espécies individuais serem estáticas, tendências de longa duração na morfologia

são consequências não da mudança anagenética dentro de linhagens individuais,

mas de seleção entre espécies. Caracteres associados com baixas taxas de

extinção ou altas taxas de especiação irão se tornar predominantes dentro de um

clado e estabelecerão uma tendência de longa duração, mesmo se a direção da

mudança morfológica durante o processo de especiação varie ao acaso com

respeito à tendência.

Stanley (1975) concluiu corajosamente que “a macroevolução esta desligada

da microevolução” e Gould & Eldredge (1977) arguiram que “a anagênese é apenas

cladogênese acumulada e filtrada pela força direcionadora de seleção de espécies”

(FUTUYMa, 2002).

Eldredge & Gould (1972) listaram 11 itens como um breve resumo e

implicações do novo modelo: 1 – Novas espécies podem surgir somente quando

uma pequena população local torna-se isolada, na margem da distribuição

geográfica da espécie progenitora. Esta população denomina-se isolado periférico; 2

– Um isolado periférico transforma-se em novas espécies se o mecanismo de

isolamento desenvolver-se a ponto de obstruir o reinício do fluxo gênico quando o

descendente reencontrar-se com seu ancestral, em um tempo futuro; 3 – Como uma

consequência da teoria parapátrica, novas espécies não se originam no lugar onde

seus ancestrais viveram. Portanto, é extremamente improvável que nós sejamos

capazes de traçar a linha de uma gradual separação (splitting), meramente pela

observação de uma certa espécie ao longo de uma coluna geológica local; 4 – Uma

vez que a seleção natural sempre mantém um equilíbrio entre as populações e seu

ambiente local, as feições morfológicas que distinguem a espécie descendente da

espécie ancestral estão presentes imediatamente após se, de fato não antes, do

estabelecimento, do isolamento genético; 5 – Essas diferenças são frequentemente

acentuadas se as duas espécies tornam-se simpátricas em tempo posterior. Em

qualquer instância, a maior divergência morfológica de uma espécie descendente

ocorre muito cedo na sua diferenciação, quando a população é pequena e ainda em

estágio inicial de ajustamento às condições locais; 6 – Depois de totalmente

estabelecida uma espécie descendente, é improvável que mostre uma mudança

gradual e progressiva desde a sua espécie progenitora; 7 – Desta forma, no registro

fóssil não deve ser esperada uma gradual divergência entre as duas populações

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ancestral – descendente; 8 – O traçado de uma espécie fóssil, através de uma

coluna estratigráfica local, uma vez que drásticas mudanças não ocorram no

ambiente, não deve produzir um padrão de mudança constante, mas apenas

oscilações em torno de valores medianos; 9 – Uma vez que a especiação ocorra

rapidamente em pequenas áreas, muito distantes do centro em que o ancestral é

mais abundante, muito raramente poderemos encontrar uma evidência real do

registro fossilífero; 10 – Portanto, muitas falhas no registro fossilífero são reais:

expressam a forma pela qual a evolução ocorre e não fragmentos de um registro

imperfeito. A evolução in situ, gradual e progressiva é um fenômeno raro; 11 – A

especiação acumulada pela malha do sucesso diferencial ao nível de espécie é a

raiz da maioria das mudanças evolutivas maiores e o que chamamos de anagênese,

comumente nada mais é do que repetidas cladogêneses filtradas pela malha do

sucesso diferencial ao nível de espécie

Segundo Carrilho (2009), o modelo do Equilíbrio Pontuado foi uma grande

contribuição da Paleontologia à Biologia Evolutiva com uma explicação do processo

responsável pelo surgimento do padrão encontrado na natureza. Ou seja, o registro

fóssil reflete o tempo e o modo como a evolução opera.

3.4 Evolução e ensino

A Evolução Biológica, apesar de ser considerada um dos pilares da Biologia,

não tem merecido o mesmo status quando se trata de ensino de Biologia em nossas

escolas onde, quando não é suprimida, é muito pouco abordada (PACHECO;

OLIVEIRA, 1997).

Esperamos [..] que a evolução assuma, no ensino médio brasileiro, um papel mais central do que o tradicionalmente desempenhado. Não é apropriado tratar a evolução como somente mais um conteúdo a ser ensinado, lado a lado com quaisquer outros conteúdos abordados nas salas de aula de Biologia, na medida em que as idéias evolutivas têm um papel central, organizador do pensamento biológico (MEYER & EL-HANI, 2005, p. 10).

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O ensino desse tema nas escolas, em geral, é considerado como um

momento tenso para os professores de Ciências e Biologia, por ser um espaço

propício ao surgimento da polêmica entre criacionismo e evolucionismo. Em razão

disso, alguns professores optam por não abordar a polêmica e tratam da Evolução

Biológica como a única explicação para a origem das espécies. Enquanto isso,

outros professores apresentam o criacionismo como uma visão que nunca esteve

presente na comunidade científica, e que difere do evolucionismo por prever que as

espécies foram criadas com as mesmas características dos seres atuais (PIOLLI;

DIAS, 2010).

A Evolução Biológica, bem como muitos outros conceitos importantes da

Biologia, gera controvérsias até mesmo entre pesquisadores. Sobre esse aspecto,

Futuyma (1992) afirma que:

A Evolução Biológica afeta, por extensão, quase todos os outros campos do conhecimento e deve ser considerado um dos conceitos mais influentes do pensamento ocidental. Seus princípios têm sido freqüentemente mal-interpretados e a ciência objetiva da biologia evolutiva tem sido muitas vezes estendida para o reino subjetivo da ética e, ilegitimamente, utilizada como justificativa tanto para políticas perniciosas quanto humanitárias nos campos social e científico (FUTUYMA, 1992).

De acordo com Goedert (2004), a evolução é ainda concebida, muitas vezes,

de maneira equivocada ou impregnada de valores e ideologias que não constituem

seu objeto de estudo. Segundo pesquisas realizadas, os professores cometem

equívocos, adotando posicionamentos pessoais que diferem do conceito biológico

de evolução. Os alunos também possuem concepções prévias alternativas, que

diferem das idéias científicas, o que denota a importância de uma formação sólida

em relação a esta temática (CARNEIRO, 2004).

Segundo Cicillini (1991), podemos destacar a importância dos conhecimentos

evolutivos em dois pontos:

(I) A evolução é o princípio ordenador dos conhecimentos biológicos. Ela

dá sentido e articula as informações aparentemente soltas das diversas

áreas da biologia, integra os conhecimentos produzidos pelas suas

subáreas, como a citologia, fisiologia, zoologia, botânica, entre outras.

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(II) A teoria da Evolução pressupõe uma abordagem histórica dos seres

vivos, explicando assim sua diversidade, semelhanças, diferenças,

comportamento, adaptações e interações entre os diferentes grupos de

organismos. Implícita a esta abordagem está à dimensão temporal, que

permite a compreensão do tempo geológico e os principais eventos da

história da vida no planeta. Isso tudo propicia uma melhor compreensão

do fenômeno da divergência de caracteres a partir de um ancestral

comum, bem como dos padrões de distribuição geográfica das espécies

e dos processos de especiação.

Segundo Gayon (2001), a Evolução Biológica é uma teoria histórica. O autor

coloca que esta teoria não pode ser ensinada como outras, nas quais alguns

princípios permitem inúmeras e magníficas deduções. Refere em especial à teoria

química, na qual o conhecimento de alguns elementos e de suas propriedades

reativas permite explicar a estrutura e o comportamento dos corpos que são feitos

com os mesmos. Enquanto teoria histórica, a Teoria da Evolução Biológica tem uma

fraca capacidade de previsão de fatos, mas uma imensa ambição explicativa: é com

ela que a diversidade da vida pode tornar-se inteligível.

O conflito entre criacionismo o evolucionismo centra-se na visão fixista, ou

seja, na visão de que todas as espécies criadas são imutáveis. Carneiro (2004)

menciona que o fato da maioria dos livros didáticos, bem como alguns livros

paradidáticos, iniciarem a abordagem sobre a Evolução Biológica com inferências às

teorias propostas para explicar a origem da vida na Terra, pode ser um dos fatores

que contribuem para uma percepção equivocada deste tema. É como se o leitor,

incluindo alunos e professores, fosse induzido a ver a Evolução Biológica a partir do

entendimento da origem da própria vida na Terra.

Santos e Bizzo (2000), em estudo com estudantes do Ensino Médio,

concluíram, entre outros aspectos, que estes normalmente acreditam que as

modificações no organismo ocorrem sempre em resposta a alguma necessidade,

acreditando que a mudança se dá em um organismo, e não na população. Para os

estudantes, a Evolução Biológica significa crescer, desenvolver e melhorar, ou seja,

as modificações acontecem sempre no sentido de aperfeiçoamento, do progresso.

Os autores mencionam ainda que os estudantes não percebem a variabilidade

existente entre indivíduos da mesma espécie, compreendendo que a mudança se dá

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em nível de indivíduo. Para os autores, compreender a diversidade da vida como

resultado de um processo aleatório e ao acaso, parece ser um obstáculo

epistemológico para entendimento da Evolução Biológica, pois o estudante entende

o ser humano como “algo tão perfeito” e acredita que “na vida sempre estamos nos

aperfeiçoando e melhorando” e tem que ter “alguém que criou tudo isto”. Mesmo

fazendo algumas inferências importantes sobre a Ciência (como por exemplo, que

esta necessita de “provas”), para os alunos, a ciência não explica “como tudo pode

ser tão perfeito”, fazendo menção à criação por alguém especial.

Na formulação de Darwin, a Evolução Biológica diz respeito à adaptação a

ambientes que mudam, não tendo nenhuma relação com a idéia de “progresso”

universal. Um exemplo apresentado por Gould (1997), que esclarece essa idéia,

refere-se aos elefantes que evoluem para uma pelagem mais pesada à medida que

as placas de gelo se aproximam (em termos de tempo geológico), até que se tornem

mamutes peludos. Estes animais não são necessariamente superiores, são apenas

mais adaptados às condições locais de um frio cada vez mais intenso.

Entre as controvérsias envolvendo o ensino da Evolução Biológica, destaca

se o conflito gerado entre os opositores do evolucionismo e seus defensores.

Segundo Futuyma (1992) o criacionismo ressurgiu recentemente nos Estados

Unidos e em outros lugares, “não como um fenômeno científico, mas como uma

questão social, parte de uma ideologia reacionária mais ampla que constitui uma

ameaça real à integridade e qualidade do ensino público”.

Entretanto, Futuyma (2002) argumenta que a Biologia Evolutiva é uma

disciplina intelectual e tecnologicamente dinâmica, que inclui algumas das mais

empolgantes descobertas atuais das Ciências Biológicas, que contribuem de forma

direta com questões de relevância social. Nesse sentido, os avanços conceituais e

teóricos da Biologia Evolutiva Básica contribuíram para o progresso da Biologia

Evolutiva Aplicada. Importantes progressos foram feitos nas áreas das ciências da

saúde, da agricultura, dos produtos naturais, do meio ambiente e conservação, do

desenvolvimento de tecnologias e do intercâmbio educacional e intelectual com

outras disciplinas.

A ausência de uma compreensão mais profunda e clara dos conceitos e

processos que envolvem o ensino da Evolução Biológica pode resultar em idéias

distorcidas, capazes de comprometer toda a compreensão sobre esse tema.

Portanto, definir claramente os conceitos científicos, contrapondo as concepções

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cotidianas às científicas e esclarecendo termos importantes, como adaptação e

seleção natural, por exemplo, é imprescindível no ensino da Evolução Biológica

(CARNEIRO, 2004), em todos os níveis de ensino, inclusive na formação de futuros

professores de Biologia.

3.5 A Evolução biológica no Ensino Médio

A Evolução Biológica é apontada, por Soncini e Castilho Junior (1991), como

um dos conteúdos a ser trabalhado no ensino de Biologia de forma a desenvolver

nos alunos algumas habilidades, tais como: explicar as diversas teorias existentes;

interpretar a opinião dos cientistas, segundo a época em que essas teorias foram

levantadas; comparar as diversas teorias em suas semelhanças e diferenças; e

julgar, se possível, qual delas se aproxima mais do modelo hoje proposto. O ensino

da Evolução no Ensino Médio, em função do seu caráter unificador dentro da

Biologia, possibilitaria fazer uma série de relações com outros conteúdos abordados,

como por exemplo, os da Ecologia e da Genética. Porém, as dificuldades

apresentadas tanto por professores quanto por alunos, na compreensão dos

conceitos que envolvem o processo evolutivo, passaram a ser motivo de

preocupação de muitos estudiosos, bem como no próprio espaço escolar.

O Ministério da Educação brasileiro, por meio dos Parâmetros e Diretrizes

Curriculares Nacionais, reconhece a importância da Evolução Biológica e sugere sua

inserção no ensino como um eixo integrador que envolva todas as áreas da Biologia

- Zoologia, Botânica, Ecologia, Genética, entre outras. Segundo Piolli e Dias (2010),

esta proposta persiste desde a década de 50 e teve influência dos projetos

curriculares e das coleções didáticas norte-americanas. No entanto, na grande

maioria das escolas brasileiras, a Evolução Biológica não tem sido adotada como

eixo integrador, seja nas aulas de Ciências e Biologia, seja nos materiais didáticos,

vestibulares e nos processos de reformulação dos currículos universitários.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio apontam como

elementos centrais para a compreensão da teoria evolutiva:

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os conceitos de adaptação e seleção natural como mecanismos da evolução e a dimensão temporal, geológica do processo evolutivo. Para o aprendizado desses conceitos, bastante complicados, é conveniente criarem-se situações em que os alunos sejam solicitados a relacionar mecanismos de alterações no material genético, seleção natural e adaptação, nas explicações sobre o surgimento das diferentes espécies de organismos (BRASIL, 1999).

Entretanto, a realidade que se presencia nas escolas é que os professores

seguem orientações variadas. Alguns optam pela Evolução Biológica, outros pela

ecologia, pela biomedicina, biologia celular e outros, ainda, não parecem estabelecer

nenhum tipo de eixo para organização do ensino. Por que a Evolução Biológica não

é assumida como eixo integrador e unificador do ensino pela maioria dos

professores de Biologia? Essa é uma questão que inquieta os pesquisadores,

especialmente os que defendem essa idéia (PIOLLI; DIAS, 2010). Estes autores

mencionam a presença de algumas dificuldades, responsáveis pelo fato do ensino

da Evolução Biológica não acontecer na escola como esperado, tendo-se como

exemplos: falhas na formação dos professores, más condições de trabalho,

defasagens nos materiais didáticos, ausência de materiais de divulgação científica,

distorções nas informações veiculadas pela mídia, influência das resistências de

cunho religioso na prática pedagógica.

A Evolução Biológica em geral é trabalhada nas escolas como mais um tópico

no rol dos conteúdos da Biologia, sendo esta situação preocupante, em especial

porque pesquisas recentes apontam que a teoria evolutiva tem baixos índices de

compreensão e pouca credibilidade fora do meio acadêmico (Piolli; Dias, 2010). A

complexidade dos conhecimentos relacionados à Evolução Biológica é considerada

mais uma das dificuldades para a abordagem do tema pelos professores. Piolli e

Dias (2004) informam que esta é uma das conclusões presentes na pesquisa de

Rosana Tidon, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília. O

levantamento feito por Tidon em várias escolas demonstrou que os professores,

embora considerem fáceis os conhecimentos básicos da teoria evolutiva, têm

dificuldade em responder a questões relacionadas a esses conhecimentos,

confundindo, por exemplo, lamarckismo com darwinismo (TIDON; LEWONTIN,

2004). Diante da complexidade do tema, os pesquisadores também apontam as

"confusões vocabulares" como obstáculos ao aprendizado da teoria por professores

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e alunos. Palavras como evolução (ligada à idéia de progresso) e adaptação (ligada

à idéia de melhoria) já fazem parte do universo dos alunos e professores com outros

sentidos.

A Evolução Biológica, por ser um tema gerador de controvérsias e por deter um

caráter fundamental no conhecimento biológico, requer que o seu ensino seja

contemplado de maneira clara e integrada durante a formação inicial de professores

de Biologia, a fim de minimizar possíveis distorções e dificuldades no entendimento

desse tema. Esse aspecto, possivelmente contribuiria para que os professores

egressos apresentassem uma maior compreensão dos conteúdos relacionados à

Evolução Biológica, bem como se sentissem mais preparados para lidar com

situações controversas envolvendo o seu ensino.

Assim, os conteúdos de Biologia devem propiciar condições para que o

educando compreenda a vida como manifestação de sistemas organizados e

integrados, em constante interação com o ambiente físico-químico. O aluno precisa

ser capaz de estabelecer relações que lhe permitam reconhecer que tais sistemas

se perpetuam por meio da reprodução e se modificam no tempo em função do

processo evolutivo, responsável pela enorme diversidade de organismos e das

intrincadas relações estabelecidas pelos seres vivos entre si e com o ambientes. O

aluno deve ser capaz de reconhecer-se como organismo e, portanto sujeito aos

mesmos processos e fenômenos que os demais. Deve, também, reconhecer-se

como agente capaz de modificar ativamente o processo evolutivo, alterando a

biodiversidade e as relações estabelecidas entre os organismos (PCNEM, 2006).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio

(PCNEM, 2006) a escola, ao definir seu projeto pedagógico, deve propiciar

condições para que o educando possa conhecer os fundamentos básicos da

investigação científica; reconhecer a ciência como uma atividade humana em

constante transformação, fruto da conjunção de fatores históricos, sociais, políticos,

econômicos, culturais, religiosos e tecnológicos, e, portanto, não neutra;

compreender e interpretar os impactos do desenvolvimento científico e tecnológico

na sociedade e no ambiente.

Trata-se, portanto, de capacitar o educando para interpretar fatos e fenômenos

– naturais ou não – sob a óptica da ciência, mais especificamente da Biologia, para

que, simultaneamente, adquira uma visão crítica que lhe permita tomar decisões

usando sua instrução nessa área do conhecimento (PCNEM, 2006).

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[...] Todos devem aprender ciência como parte de sua formação cidadã, que possibilite a atuação social responsável e com discernimento diante de um mundo cada dia mais complexo (PCNEM, 2006).

3.6 Livro Didático

A seleção dos livros didáticos a serem utilizados constitui uma tarefa de

fundamental importância para uma boa aprendizagem dos alunos. Por isso, a

relevância em procurar critérios específicos para os contextos dados, que

possibilitem ao professor participar na avaliação dos livros. Geralmente os critérios

estabelecidos, são gerados em diferentes níveis de análises, das quais os

professores, como coletivos, representam a instância que deve tomar as decisões

mais apropriadas, pensando no aluno com as quais trabalham.

A preocupação com os livros didáticos em nível oficial, no Brasil, se inicia com

a Legislação do Livro Didático, criada em 1938, pelo Decreto-Lei 1006 FRANCO

(1992). Nesse período o livro já era considerado uma ferramenta da educação

política e ideológica, sendo caracterizado o Estado como censor no uso desse

material didático. Os professores faziam as escolhas dos livros a partir de uma lista

pré-determinada na base da regulamentação legal Art. 208, Inciso VII da

Constituição Federal do Brasil, em que fica definido que o Livro Didático e o

Dicionário da Língua Portuguesa são um direito constitucional do educando

brasileiro. Hoje em dia as instituições educacionais públicas são beneficiadas por

obras literárias didáticas gratuitas, mantidas pelo Fundo Nacional de

Desenvolvimento Educacional (FNDE), com recursos financeiros do Orçamento

Geral da União, sendo a maior parte da arrecadação do salário-educação. Para este

benefício se faz necessário que estas estejam cadastradas no censo escolar,

realizado anualmente, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP/MEC).

O Ministério da Educação instituiu, por meio da Resolução nº 38, de 15/10/2003 , o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM), com o objetivo de distribuir gratuitamente livros didáticos para os alunos do ensino médio de escolas públicas. (FNDE, 2008)

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O mecanismo jurídico que regulamenta legalmente a questão do livro didático

é o decreto 91 54/85 que implementou o Programa Nacional do Livro Didático, o

qual no seu artigo 2° estabelece a avaliação rotine ira dos mesmos. Recentemente a

Resolução/ CD/FNDE nº 603, de 21 de Fevereiro de 2001, passou a ser o

mecanismo que organiza e regula o Plano Nacional sobre o Livro Didático. O

Ministério da educação e Cultura (MEC) criou várias comissões para a avaliação dos

livros didáticos, na busca de uma melhor qualidade. Os livros didáticos passam por

um processo democrático de escolha, com base no guia do livro didático,

disponibilizado pelo FNDE, no qual diretores e professores analisam e escolhem as

obras que irão adquirir, para que melhor atendam os objetivos visados pelo projeto

político pedagógico da escola. A qualidade de um livro se caracteriza por apresentar

conteúdo com neutralidade em relação à religião, etnia, classe social, etc. com

proposta de trabalho em que não aliene o educando em um determinado aspecto,

sobre o conteúdo estudado, mas aquele de dispõe o “caminho” e estimule o aluno a

pesquisar outras relevâncias, em diferentes fontes, sempre situando este no espaço,

no tempo e complementando com temas transversais.

A este fato acresce-se a limitada preparação dos professores para participar

nos processos de seleção dos livros, tarefa esta bastante exigente para um coletivo

que pouco tem recebido em termos de saberes, competências, habilidades, para tal

fim, a partir de seus saberes como profissionais. É o professor quem deve ter uma

boa preparação para desenvolver essa atividade de fundamental importância.

Embora o desenvolvimento das novas tecnologias, da mídia, dos textos digitais,

numa Região como a Nordeste do Brasil, o livro didático continua sendo o mais fiel

aliado do professor e um recurso imprescindível para os alunos (SOARES, 2001).

Os professores utilizam o livro como o instrumento principal que orienta o

conteúdo a ser administrado, a sequência desses conteúdos, as atividades de

aprendizagem e avaliação para o ensino de Biologia. O uso do livro didático pelo

professor como material didático, ao lado do currículo, dos programas e outros

materiais, instituem-se historicamente como um dos instrumentos para o ensino e

aprendizagem.

Como argumenta Soares (2001): o livro didático nasce com a própria escola, e

está presente ao longo da história, em todas as sociedades, em todos os tempos.

San José et AL. (1993) mostram que os livros didáticos no ensino de Biologia têm

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um papel central e que cresce o número de estudos relativos ao aperfeiçoamento

dos livros didáticos.

Portanto o professor deve estar capacitado para avaliar as possibilidades e

limitações dos livros recomendados pelo MEC, pois o livro deve ser uma, dentre

outras ferramentas, para o ensino de Biologia. Sendo assim, cabe ao professor

desenvolver saberes e ter competências para superar as limitações próprias dos

livros, que por seu caráter genérico, por vezes, não podem contextualizar os saberes

como não podem ter exercícios específicos para atender às problemáticas locais. É

tarefa dos professores complementarem, adaptar, dar maior sentido aos bons livros

recomendados pelo MEC (SOARES, 2001).

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4 METODOLOGIA

A pesquisa partiu de um questionário qualitativo e quantitativo realizado em 4

escolas da região metropolitana de Porto Alegre, sendo 2 da rede pública e 2 da

rede privada.

Foram analisados 20 alunos do terceiro ano do ensino médio da rede pública e

20 alunos do terceiro ano do ensino médio da rede privada, totalizando 40 alunos.

Sendo dez alunos de cada escola escolhidos aleatoriamente, e com dois

professores de cada instituição, totalizando oito professores, sendo todos da

disciplina de Biologia.

Para verificar se o tema Evolução Biológica é trabalhado pelos professores, um

questionário semi-estruturado contendo 15 questões (apêndice A) foi aplicado a 08

professores de Ensino Médio, sendo 04 docentes da rede pública e 04 docentes da

rede privada, no período de 10 de maio e 31 de maio de 2010.

Para mapear o conhecimento dos alunos em relação à Evolução biológica, um

questionário semi-estruturado contendo 09 questões (apêndice B) foi aplicado a 4

turmas do Ensino Médio, sendo 2 turmas da rede pública e 2 turmas da rede

privada, no período de 10 de maio e 31 de maio de 2010. Nas escolas da rede

pública o projeto abrangeu o turno da noite, já nas escolas de rede privada o turno

do dia. Os questionários foram distribuídos explicando-se sua finalidade e também

se ressaltando que não se tratava de uma avaliação escolar. Este tipo de

abordagem, denominada análise de conteúdo constitui-se de uma metodologia de

pesquisa utilizada na descrição e interpretação do conhecimento dos alunos sobre

determinado assunto (MORAES, 1999).

Os dados foram armazenados em planilhas eletrônicas Microsoft Excel, para

elaboração de gráficos e tabelas

4.1 Análise do Livro Didático

Foram analisados livros didáticos de Biologia do Ensino Médio, usados pelos

alunos e professores, no período de maio de 2010. Tendo como critérios para

análise a relevância dada a cada área do conhecimento, exemplos utilizados em

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33

cada área, linguagem adequada, ilustrações pertinente ao conteúdo Evolução,

ofertas de atividades teóricas.

Segundo o guia de livros didáticos a secretaria de educação básica (SEB)

escolhe os especialistas para analisar as obras, levando em consideração os

seguintes critérios: correção e adequação conceituais e correção das informações

básicas; coerência e pertinência metodológicas; preceitos éticos. A não-observância

de qualquer um desses critérios, por parte de uma obra didática, resultará em uma

proposta contrária aos objetivos a que ela deveria servir, o que justificará, sua

exclusão do PNLEM (PNLEM, 2008).

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34

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Livros didáticos analisados

No total foram analisados seis livros didáticos de biologia, sendo 3 do Ensino

Médio de escola pública e 3 do Ensino Médio de escola privada, todas as obras são

recomendados pelo PNLD 2008.

Os livros de Ensino Médio da rede pública foram:

Livro 1: AMABIS, José mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia . 2ª Ed. São

Paulo: editora Moderna, 2004.

Livro 2: LAURENCE, J. Biologia: ensino médio . 1ª Ed. São Paulo: editora Nova

Geração, 2005.

Livro 3: LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia . 1ª Ed. São

Paulo: editora Ática, 2005.

Os livros de Ensino Médio da rede privada foram:

Livro 1: FAVARETTO, José Arnaldo; MERCADANTE, Clarinda. Biologia . 1ª Ed. São

Paulo: editora Moderna, 2005.

Livro 2: CHEIDA, Luiz Eduardo. Biologia integrada . 1ª Ed. São Paulo: editora FTD,

2003.

Livro 3: LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia . 1ª Ed. São

Paulo: editora Ática, 2007.

5.2 Análise dos livros didáticos de escolas públicas

5.2.1Livro 1 – Biologia

5.2.1.1 Dados de Identificação do Livro

a) Autores: José Mariano Amabis; Gilberto Rodrigues Martho

b) Editora: Moderna - São Paulo

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35

c) Ano: 2004

d) Edição: 2a edição

5. 2.1.2 Dados de Identificação dos Autores

José Mariano Amabis – Doutor em Biologia/Genética pelo Instituto de

Biociências da Universidade de São Paulo.

Gilberto Rodrigues Martho – Licenciado em Ciências Biológicas pelo

Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

5. 2.1.3 Análise do Tema

Esta obra possui 438 páginas e está dividida em 3 unidades, subdivididas em 18

capítulos.

O tema a ser analisado é abordado na unidade II, capítulo 09.

O capítulo 09, “Evolução Biológica”, é desenvolvido em 104 páginas. Este capítulo

inicia abordando o conceito de evolução biológica, ressaltando o pensamento

evolucionista; explicando o conflito entre ciência e religião. O texto destaca que o

criacionismo foi uma teoria aceita até meados do século XIX, mas que há cerca de dois

séculos, começaram a surgir as primeiras explicações científicas para a origem da vida.

Destaca Darwin como pai da evolução e explica resumidamente, a diferença entre

Neodarwinismo e Teoria Sintética. Aborda a deriva genética como bases genéticas da

evolução, mas não reconhecem como mecanismo evolutivo. Em seguida apresenta a

evolução biológica como um fato e não como uma teoria, apresenta conceito de

microevolução e macroevolução, reconhecendo os saltos na evolução e a importância

dos fósseis vivos para corroboar a estase. O livro é adequado ao tema, pois se

verificou uma linguagem adequada e atualizada do texto, apresentando termos e

conceitos de forma ilustrativa e de fácil entendimento. As ilustrações foram

consideradas de boa qualidade e pertinentes ao tema evolução. A leitura de

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36

pequenos textos propostos no livro é valorizada como meio de complementar o

conhecimento. Ao final do capítulo os autores propõem atividades, através de um

guia de estudos, que possibilita a realização de atividades que mobilizam a atenção

dos alunos para pontos importantes nos capítulos e auxiliam na fixação dos conteúdos.

5.2.2 Livro 2 – Biologia: ensino médio

5.2.2.1 Dados de Identificação do Livro

a) Autor: J. Laurence

b) Editora: Nova Geração - São Paulo

c) Ano: 2005

d) Edição: 1a edição

5. 2.2.2 Dados de identificação dos autores

J. Laurence– Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade São

Judas tadeu.

5. 2.2.3 Análise do Tema

Esta obra possui 696 páginas e está dividida em 6 unidades, subdivididas em 41

capítulos.

O tema a ser analisado é abordado na unidade VI, capítulo 40.

O capítulo 40, “Evolução: Conceito e Evidência”, é desenvolvido em 26 páginas.

Este capítulo inicia com uma breve introdução sobre o que é evolução biológica e logo

destaca as evidências da evolução, apresentando os fósseis como principal evidência.

Cita Lamarck e sua principal teoria: a transmissão dos caracteres adquiridos e Darwin

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37

com o processo de seleção natural. Não há distinção entre a Teoria Sintética da Evolução

e o Neodarwinismo, e dentro deste título são incluídas explicações acerca de mutação

gênica, recombinação gênica, migração e seleção natural. O capítulo não apresenta nada

sobre criacionismo, destacando assim, sua ênfase para o evolucionismo. O autor não

inclui informações sobre equilíbrio pontuado e nem sobre outros processos evolutivos,

como a heterocronia por exemplo. O livro apresenta o tema no último capítulo, e nota-se

no decorrer da leitura que é carente de informações. A linguagem é atualizada, porém

apresenta ilustrações que não despertam atenção sobre o tema. O livro propõem a leitura

de pequenos textos, bem como questões sobre a leitura. Ao final do capítulo o autor

propõe realização de atividades que mobilizam a atenção dos alunos para pontos

importantes que auxiliam na fixação dos conteúdos e disponibiliza questões de vestibular.

5.2.3 Livro 3 – Biologia

5.2.3.1 Dados de Identificação do Livro

a) Autores: Sérgio Linhares; Fernando Gewandsznajder

b) Editora: Ática - São Paulo

c) Ano: 2005

d) Edição: 1a edição

5. 2.3.2 Dados de Identificação dos Autores

Sérgio Linhares – Bacharel e licenciado em História Natural pela

Universidade do Brasil (atual UFRJ); Ex-professor de Biologia Geral da

Universidade do Brasil (atual UFRJ).

Fernando Gewandsznajder – Licenciado em Biologia pelo Instituto de

Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestre em Educação

pelo Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio

Vargas (RJ); Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio

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38

de Janeiro; Doutor em Educação pela faculdade de Educação da Universidade

Federal do Rio de Janeiro.

5. 2.3.3 Análise do Tema

Esta obra possui 552 páginas e está dividida em IX unidades, subdivididas em 54

capítulos.

O tema a ser analisado é abordado na unidade VIII, capítulo 44.

O capítulo 44, “Evolução”, é desenvolvido em 31 páginas. Este capítulo incia

colocando o criacionismo como teoria aceita até o século XVIII e após já introduz o

evolucionismo como teoria de fundamental importância para a unificação da biologia. Ao

citar Lamarck, o autor usa o exemplo do pescoço das girafas, entretanto, este não é

apropriado, devido ao fato de que em todo o Filosofia Zoológica, Lamarck não dedicou

mais de três linhas sobre o assunto. Apresenta de forma resumida o Darwinismo,

explicando o conceito de seleção natural, bem como os mecanismos de evolução por

seleção natural. Os autores não fazem distinção entre A Teoria Sintética da Evolução e o

Neodarwinismo, abordando a variedade genética e exemplos de seleção natural.

Resumidamente aborda a microevolução e a macroevolução, bem como o equilíbrio

pontuado

Outros dois pontos problemáticos observados no capítulo foram a superficialidade

dos exemplos utilizados e o reduzido número de figuras. Um ponto positivo foi a

linguagem de fácil compreensão para os alunos. Ao final do capítulo os autores

disponibilizam leituras complementares e atividades de fixação do conteúdo, dentre essas

atividades dispõem de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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39

5.3 Análise dos livros didáticos de escolas privada s

5.3.1 Livro 1 – Biologia

5.3.1.1 Dados de Identificação do Livro

a) Autores: José Arnaldo Favaretto; Clarinda Mercadante

b) Editora: Moderna - São Paulo

c) Ano: 2005

d) Edição: 1a edição

5. 3.1.2 Dados de Identificação dos Autores

José Arnaldo Favaretto – Graduado em Medicina pela Universidade de

São Paulo; Professos de Biologia em escolas de Ensino Médio.

Clarinda Mercadante – Graduada em Biologia pela Universidade de São

Paulo; Professora em escolas de Ensino Fundamental e Médio.

5. 3.1.3 Análise do Tema

Esta obra possui 362 páginas e está dividida em 3 unidades, subdivididas em 36

capítulos.

O tema a ser analisado é abordado na unidade II, capítulo 17.

O capítulo 17, “Evolução da vida”, é desenvolvido em 10 páginas. Este capítulo

inicia abordando as idéias evolucionistas, onde expõem o criacionismo e o evolucionismo.

O evolucionismo aparece como uma hipótese de grande polêmica nos meios científicos.

Reconhecem que os fósseis foram de fundamental importância para evidenciar a

evolução. Ao citarem Lamarck, os autores abordam a lei do uso e desuso e a lei da

transmissão hereditária. As idéias de Darwin são complementadas com exemplos do

processo de seleção natural. Logo após abordar os dois evolucionistas, o capítulo faz

uma comparação entre eles, utilizando o exemplo do pescoço das girafas. Os autores

tratam ainda de questões importantes, como por exemplo: a moderna teoria da evolução,

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40

os fundamentos da teoria sintética da evolução, as mutações gênicas e a seleção natural.

Entretanto, nada foi incluído sobre equilíbrio pontuado, heterocronia, e microevolução

versus macroevolução. Outros aspectos negativos observados são: 1) a superficialidade

do assunto; 2) as ilustrações que não despertam atenção sobre o tema; e 3) a ausência

de leituras complementares. Alguns pontos positivos identificados são: 1)linguagem

atualizada; 2) ao final do capítulo os autores propõem realização de atividades que

mobilizam a atenção dos alunos para pontos importantes qu e auxiliam na fixação dos

conteúdos; e 3) disponibilizam questões de vestibular.

5.3.2 Livro 2 – Biologia Integrada

5.3.2.1 Dados de Identificação do Livro

a) Autor: Luiz Eduardo Cheida

b) Editora: FTD - São Paulo

c) Ano: 2003

d) Edição: 1a edição

5. 3.2.2 Dados de Identificação dos Autores

Luiz Eduardo Cheida – Médico pela Universidade Estadual de Londrina

(PR); Professor de Paleontologia da Universidade Filadélfia; Professor de

Biologia no ensino médio; Foi secretário do Meio Ambiente da cidade de

Londrina; Atual secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado

do Paraná.

5. 3.2.3 Análise do Tema

Esta obra possui 563 páginas e está dividida em 11 unidades.

O tema a ser analisado é abordado na unidade 9.

A unidade 9, “Evolução”, é desenvolvida em 30 páginas. Este capítulo inicia

abordando a teoria criacionista e logo após as teorias evolucionistas. Na teoria

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evolucionista cita Lamarck com a lei da transmissão hereditária dos caracteres

adquiridos, e Darwin com a seleção natural das espécies, nos dois casos, o autor utiliza o

exemplo do pescoço das girafas. O neodarwinismo é explicado seguido da variabilidade e

recombinação gênica, mutação e seleção natural. O autor apresenta os fósseis vivos

como um dos principais argumentos que confirmam a evolução, assim como as

semelhanças embrionárias e anatômicas (em outras palavras, homologias, que refletem

ancestralidade comum) e os orgãos vestigiais. Nada foi incluído acerca do equilíbrio

pontuado, nem microevolução verus macroevolução. A linguagem utilizada é adequada

e atualizada, e de fácil entendimento. As ilustrações foram consideradas de boa

qualidade e pertinentes ao tema evolução. O capítulo não possui leituras

complementares, entretranto, no final apresenta um questionário.

5.3.3 Livro 3 Biologia

5.3.3.1 Dados de Identificação do Livro

a) Autores: Sérgio Linhares; Fernando Gewandsznajder

b) Editora: Ática - São Paulo

c) Ano: 2007

d) Edição: 1a edição

5. 3.3.2 Dados de Identificação dos Autores

Sérgio Linhares – Bacharel e licenciado em História Natural pela

Universidade do Brasil (atual UFRJ); Ex-professor de Biologia Geral da

Universidade do Brasil (atual UFRJ).

Fernando Gewandsznajder – Licenciado em Biologia pelo Instituto de

Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Mestre em Educação

pelo Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio

Vargas (RJ); Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio

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42

de Janeiro; Doutor em Educação pela faculdade de Educação da Universidade

Federal do Rio de Janeiro.

5. 3.3.3 Análise do Tema

Esta obra possui 667 páginas e está dividida em IX unidades, subdivididas em 55

capítulos.

O tema a ser analisado é abordado na unidade VIII, capítulo 45.

O capítulo 45, “Evolução”, é desenvolvido em 40 páginas. Este capítulo incia

colocando o criacionismo como teoria aceita até o século XVIII e após já introduz o

evolucionismo como teoria de fundamental importância, sendo o principal eixo integrador

de toda a biologia. Ao citar Lamarck, os autores utilizaram o exemplo do pescoço das

girafas, entretanto, como visto anteriormente, na realidade não é um exemplo apropriado.

Apresentam de forma resumida o Darwinismo, explicando o conceito de seleção natural,

bem como os mecanismos da evolução por seleção natural. A teoria sintética da

evolução é apresentada também como sinônimo de Neodarwinismo, abordando a

variedade genética e exemplos de seleção natural. Resumidamente aborda a

microevolução e a macroevolução, bem como o equilíbrio pontuado. Reconhece e resalta

a importância dos fósseis vivos. A obra apresenta linguagem adequada, pois os textos

são claros e objetivos, e ao fazer uso de termos técnicos, os mesmos são seguidos de

explicação quanto à origem e referência ao tema. As ilustrações foram consideradas de

boa qualidade e pertinentes ao tema. Ao final do capítulo dispõem de leituras

complementares e de atividades de fixação do conteúdo, dentre essas atividades

dispõem de questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

5.4 Abordagem do tema nos livros didáticos

A partir da análise dos 6 livros didáticos de Biologia do Ensino Médio verificou-se

que as lições sobre evolução são uniformes. As obras convidam o aluno a refletir, a

pesquisar e a se posicionar sobre o assunto. Nota-se que em algumas obras o assunto é

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43

trabalhado superficialmente o que não facilita a compreensão do aluno e não o motiva a

participar das discussões em sala de aula.

Nos textos didáticos, o nome de Lamarck está, invariavelmente, ligado ao conceito

de herança dos caracteres adquiridos. Entretanto, esta não era uma idéia original de

Lamarck, mas um conceito defendido por muitos nos séculos XVIII e XIX, quando a

genética ainda não havia explicado os processos de transmissão de caracteres dos seres

vivos às gerações futuras. No entanto, os autores dos textos didáticos passaram de

geração a geração, contando uma história – a do pescoço das girafas – que na realidade

era periférica na história do debate evolucionista. Na história de Lamarck, a alusão ao

pescoço das girafas está presente, de modo breve, em um parágrafo de sua obra magna

Filosofia Zoológica. Na qual Lamarck apresentou, de modo mais profundo, a idéia de

mutação das espécies, incluindo seu grande interesse: os fósseis. Dos inúmeros

exemplos animais que ele descreveu, o da girafa não tem a importância que os livros lhe

dão. O pescoço das girafas tornou-se referência das lições de evolucionismo.

Dentre os livros analisados, apenas Amabis (2004) e Matho (2004) abordam a

evolução biológica como um fato e não como uma teoria, bem como os diferentes

processos evolutivos que ocorrem na microevolução e na macroevoução.

Um aspecto negativo é que em algumas obras a Teoria Sintética da Evolução e o

Neodarwinismo, não aparecem, como teorias distintas, tanto do ponto de vista histórico,

quanto em relação às premissas básicas de cada teoria.

Acerca de uma das inúmeras contribuições da paleontologia, os autores de modo

geral, reconhecem a importância dos fósseis vivos na evolução biológica, como

explicação da estase evolutiva.

Relativo à comparação dos livros de escolas públicas versus de escolas privadas,

não foi constatado nenhuma diferença, nos conteúdos.

Ao final dos textos a maioria das obras apresenta leituras complementares, que

despertam curiosidade nos alunos e dispõem de atividades que auxiliam na fixação dos

conteúdos.

O livro didático não deve ser considerado uma obra fechada, pelo contrário deve

possibilitar a abertura de dialogo entre o professor e o aluno, estabelecendo-se

discussões, avaliação e criticas, até mesmo quando a qualidade dos textos não for ideal.

Isso realmente é possível, mas não nos possibilita concluir que assim se processe em

nossas salas de aula.

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5.5 Pesquisa realizada aos professores

No questionário investigativo aplicado aos professores observou-se que todos

os professores de escola pública possuem ensino superior completo, e todos os de

escola privada possuem Mestrado na sua área de formação voltada para a biologia.

A seguir são apresentados os resultados considerados de maior relevância com

relação aos objetivos deste trabalho.

5.5.1 Formação profissional dos professores

O gráfico 1 evidencia que nas escolas privadas todos os professores possuem

formação profissional ao nível de mestrado, enquanto nas escolas públicas os

professores possuem ensino superior completo.

Gráfico 1. Percentual de respostas dos docentes..

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45

Observa-se que todos os professores de escola pública possuem ensino superior

completo, de acordo com os dados do INEP, 89% dos professores que atuam no ensino

médio no Brasil apresentam curso superior completo; tal afirmativa foi corroborada neste

estudo, demonstrando a procura por professores com melhor qualificação. Já nas

escolas particulares todos os professores apresentam Mestrado, este fato pode estar

ligado ás exigências das escolas privadas.

5.5.2 Área de formação dos professores

O gráfico 2 evidencia que tanto nas escolas públicas, quanto nas privadas os

professores possuem formação em ciências biológicas

Gráfico 2. Percentual de respostas dos docentes.

Conforme demostra o gráfico 2 todos os professores, tanto de escolas públicas,

quanto de privadas possuem formação superior em Ciências Biológcas, este fato está

ligado à preocupação das escolas em adequar a formação dos professores, com as

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46

disciplinas, a fim de que não ocorra remanejamento de professores de outras dsciplinas

para o ensino de Ciências Biológicas.

5.5.3 Os professores estudaram na graduação as teor ias da evolução

biológica?

O gráfico 3 evidencia que todos os professores, tanto os de escolas públicas,

quanto os de escolas privadas, estudaram na sua graduação as teorias da evolução

biológica.

Gráfico 3. Percentual de respostas dos docentes.

Este resultado demonstra que todos os professores entrevistados estudaram

na graduação as teorias da evolução biológica.

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47

5.5.4 Muitos professores de Biologia ao longo do se mestre acabam não

ensinando evolução. A quais motivos os professores atribuem esse fato?

O gráfico 4 evidencia que todos os professores não trabalham o tema evolução

biológica ao longo do semestre por falta de tempo.

Gráfico 4. Percentual de respostas dos docentes.

Este resultado demonstra que em função do tempo e dos inúmeros conteúdos

a serem trabalhados no ensino médio, muitas vezes o conteúdo evolução biológica é

relegado para o final do plano de ensino, e por se tratar de um assunto bastante

amplo o professor acaba não dispondo de tempo hábil para a aplicação do

conteúdo. Outras dificuldades podem ser citadas, como por exemplo, o fato dos

alunos possuírem dificuldades de noção do tempo dentro de uma linha cronológica,

falta de domínio do assunto (tanto por parte dos professores quanto dos alunos),

falta de recursos audiovisuais e outros materiais pedagógicos, falta de interesse dos

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alunos sobre o assunto, maturidade inapropriada para compreensão do tema,

vocabulário complexo sobre o assunto:

5.5.5 Os professores trabalham evolução biológica d entro dos outros assuntos

da biologia?

O gráfico 5 evidencia que todos os professores trabalham o tema evolução

biológica dentro dos outros assuntos da biologia.

Gráfico 5. Percentual de respostas dos docentes.

Conforme demonstra o gráfico 5, os professores contextualizam de forma

interdisciplinar o conteúdo Evolução biológica.

O assunto é apresentado com maior frequência quando se fala sobre “a origem

da vida” e quando se aborda “meio ambiente e ecologia” e nos conteúdos

relacionados à genética, como biologia molecular, mutação e genética.

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5.5.6 Quais os materiais didáticos que os professor es utilizam para ensinar

evolução biológica?

O gráfico 6 evidencia que todos os professores utilizam como principal material

didático os livros e os filmes. Alguns agregam ainda artigos e revistas sobre o

assunto, e o acesso a internet.

Gráfico 6. Percentual de respostas dos docentes. Constata-se que a maioria dos professores utiliza os livros didáticos e os filmes

como principal ferramenta de apoio ao conteúdo. Observa-se nas escolas

particulares uma maior preferência também pelos artigos e internet, devido à

disponibilidade de equipamentos. Nas escolas públicas, os professores também

fazem uso da internet, porém em uma menor escala, em função da pouca

disponibilidade de equipamentos. As revistas são utilizadas pelos professores como

leitura completar ao assunto.

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Em geral sabe-se que a falta de recursos, periódicos, material de apoio e

artigos se torna uma barreira para os professores, dificultando diretamente o ensino

do tema.

5.5.7 Os professores consideram Evolução biológica um conteúdo relevante de

se ensinar no ensino médio?

O gráfico 7 evidencia que todos os professores consideram a Evolução

biológica um conteúdo relevante de ensinar ao Ensino Médio.

Gráfico 7. Percentual de respostas dos docentes.

Observa-se que os professores consideram evolução biológica um conteúdo

relevante, uma vez que muitos alunos apresentam dificuldades com o assunto,

confundindo ciência com religião.

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5.5.8 A religião do professor interfere na forma co m que ele ensina evolução

biológica?

O gráfico 8 evidencia que 100% dos professores de escolas públicas e 100%

dos professores de escolas privadas responderam que a sua religião não interfere

no ensinamento de evolução biológica

Gráfico 8. Percentual de respostas dos docentes.

Este resultado demonstra que os todos professores não permitem que as suas

crenças religiosas interfiram nos ensinamentos de biología.

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5.5.9 O que os professores entendem por evolução bi ológica?

Para analisar as concepções das questões de número 10 e 11, utilizamos as

seguintes categorias:

Sem Resposta: Respostas em branco;

Resposta Satisfatória: Respostas que demonstraram compreensão dos

elementos científicos mais importantes;

Resposta Insatisfatória: Respostas que não indicam compreensão do

professor sobre o tema.

O gráfico 9 evidencia que 100% dos professores de escolas privadas, e 75%

dos professores de escolas públicas obtiveram respostas satisfatória ao

questionamento e 25% não se manifestaram nessa pergunta.

Gráfico 9. Percentual de respostas dos docentes.

Conforme demonstra o gráfico 9, foi possível verificar que a maioria dos

professores possuem uma racionalidade científica satisfatória, um excelente

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domínio do assunto, da nomenclatura, dos conceitos pertencentes aos procesos e

fatos evolutivos. Sendo que um dos profesores das escolas públicas não manifestou

a sua opinião nessa pregunta.

5.5.10 Para os professores quais são os objetivos d o ensino de evolução

biológica?

O gráfico 10 evidencia que 100% dos professores de escolas privadas e 75%

dos professores de escolas públicas responderam satisfatoriamente ao

questionamento; enquanto 25% dos professores de escolas públicas obtiveram

resposta insatisfatória.

Gráfico 10. Percentual de respostas dos docentes.

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Constata-se no gráfico 10, que os professores, em sua maioria, citaram os

objetivos do ensino de evolução biológica de forma satisfatória, ou seja, propuseram

como objetivo: explicar os fatos e os acontecimentos ligados ao tema; situar os

alunos nesse contexto; promover a discussão por parte dos alunos sobre essa

temática; Integrar o conhecimento das diversas áreas da biología; entre outros.

Apenas um professor de escola pública teve sua resposta considerada insatisfatória,

de forma que este indicou não compreender o assunto.

5.5.11 Os professores acreditam que exista conflito entre criacionismo e

evolucionismo?

O gráfico 11 evidencia que 100% dos professores de escolas públicas e 25%

dos professores de escolas privadas acreditam que há conflito entre criacionismo e

evolucionismo; enquanto 75% dos professores de escolas privadas desconhecem

esse conflito.

Gráfico 11. Percentual de respostas dos docentes.

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Este resultado demonstra que nas escolas públicas, o confronto gerado

durante o ensino da evolução com concepções de vida dos alunos, especialmente

no que diz respeito às crenças religiosas, é algo que está presente na prática dos

professores. Muitas vezes os estudantes possuem concepções alternativas para

explicar a evolução, relacionadas ao senso comum, concepções que persistem

mesmo após anos de instrução. O ensino da evolução biológica faz parte dos

programas escolares e vem provocando, há algum tempo, controvérsias envolvendo

crenças religiosas. A maioria dos professores considera complicado trabalhar esse

tema com seus alunos, principalmente em função de diferentes pontos de vista

envolvendo evolução e crenças religiosas. A maioria dos profesores de escolas

particulares desconhecem essa interferência.

5.5.12 Em qual perfil os professores se apoiam?

Para analisar as concepções desta questão, utilizamos as seguintes

categorias:

Categoria A: Deus criou todos os seres vivos e, desde o início, não houve

mudanças evolutivas. Justifique:

Categoria B: Deus criou os seres humanos e todas as espécies animais e

vegetais ditas selvagens, que se mantiveram imutáveis até hoje; os animais

domésticos e as plantas cultivadas, com todas as suas variedades, surgiram pelo

trabalho do homem, a partir de ancestrais selvagens. Justifique:

Categoria C : Aceita o corpo teórico da teoria da evolução em sua forma

integral, a evolução ocorreu pela ação de fatores naturais – o acaso e a necessidade

– sem a intervenção direta ou indireta de alguma entidade divina. Justifique:

Categoria D: Deus criou a matéria com propriedades evolutivas e, assim, a

evolução ocorre pela ação de fatores naturais, em conseqüência daquelas

potencialidades iminentes. Justifique:

O gráfico 12 evidencia que 100% dos professores de escolas públicas e 75%

dos professores de escolas privadas se apoiam no perfil de categoria D; enquanto

25% dos professores de escolas privadas no perfil de categoria C.

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Gráfico 12. Percentual de respostas dos docentes.

Existem posições sobre a dualidade criação-evolução que permitem as

pessoas se posicionarem dentro do tema. Dos professores entrevistados nenhum se

posicionou como sendo criacionista, ou seja creditando a Deus a criação de todos os

seres vivos. Já 25% dos professores, estes de escolas privadas, aceitam a teoria da

evolução biológica em sua forma integral, onde as mudanças e transformações

apresentadas pelas espécies são decorrentes de fatores do acaso e da

necessidade, ou seja, sem intervenção divina.

A maioria dos professores escolheu o seguinte perfil: Deus criou a matéria com

propriedades evolutivas e, assim, a evolução ocorre pela ação de fatores naturais,

em consequência daquelas potencialidades.

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5.5.13 Qual a doutrina religiosa dos professores?

O gráfico 13 evidencia que 50% dos professores de escolas públicas e 100%

dos professores de escolas privadas são católicos, 25% dos professores de escolas

públicas são espíritas e 25% de outra religião.

Gráfico 13. Percentual de respostas dos docentes.

A maioria dos professores são católicos, destacando-se um pequeno

percentual de espíritas.

5.5.14 Os professores são ativos na sua religião?

O gráfico 14 evidencia que 50% dos professores de escolas públicas e 75%

dos professores de escolas privadas são ativos nas suas crenças religiosas,

enquanto 50% dos professores de escolas públicas e 25% dos professores de

escolas privadas não são ativos.

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Gráfico 14. Percentual de respostas dos docentes.

Observa-se que temos um número maior de praticantes nas escolas privadas,

enquanto nas escolas pública esse percentual é uniformemente dividido.

5.6 Pesquisa realizada aos alunos

Fica evidenciado nos resultados que os alunos do ensino médio, tanto de

escolas públicas quanto de escolas privadas, apresentam conflito entre o

conhecimento científico e religioso. A seguir são apresentados os resultados

considerados de maior relevância com relação aos objetivos deste trabalho.

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5.6.1 O que os alunos entendem por evolução biológi ca?

Para analisar as concepções dessa questão, utilizamos as seguintes

categorias:

Sem Resposta: Respostas em branco;

Resposta Satisfatória: Respostas que demonstraram compreensão dos

elementos científicos mais importantes;

Resposta Insatisfatória: Respostas que não indicam compreensão do

professor sobre o tema.

O gráfico 15 evidencia que 20% dos alunos de escolas públicas e 55% dos

alunos de escolas privadas responderam satisfatoriamente a pergunta, já 30% dos

alunos de escolas públicas não responderam à pergunta. Na categoria resposta

insatisfatória tivemos um percentual de 50% alunos de escolas públicas e 45% de

escolas privadas.

Gráfico 15. Percentual de respostas dos alunos.

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Observa-se que muitos alunos tanto de escolas públicas quanto de escolas

privadas, não possuem entendimento claro sobre o conceito de evolução. Suas

respostas são confusas com terminologías não adequadas. Nota-se claramente que

muitos alunos conciliaram a teoría da evolução com alguns preceitos religiosos. No

caso dos alunos de escolas públicas muitos não responderam a pregunta. Já nas

escolas privadas todos os alunos responderam a essa pregunta, e a maioria

respondeu de forma satisfatória.

5.6.2 Os alunos acreditam que existe conflito entre criacionismo e

evolucionismo?

O gráfico 16 evidencia que 70% dos alunos de escolas públicas e 60% dos

alunos de escolas privadas acreditam que há conflito entre criacionismo e

evolucionismo; enquanto 30% dos alunos de escolas públicas e 40% dos alunos de

escolas privadas desconhecem esse conflito.

Gráfico 16. Percentual de respostas dos alunos.

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Este resultado demonstra que os alunos de escolas públicas e privadas tendem

a acreditar no confronto gerado entre o criacionismo e o evolucionismo no ensino de

evolução. Muitos alunos possuem concepções previas e erróneas sobre o assunto,

fazendo com que o conflito seja ainda maior.

5.6.3 Em qual perfil os alunos se apoiam?

Para analisar as concepções desta questão, utilizamos as seguintes

categorias:

Categoria A: Deus criou todos os seres vivos e, desde o início, não houve

mudanças evolutivas. Justifique:

Categoria B: Deus criou todos os seres vivos e, posteriormente ocorreram

mudanças evolutivas.

Categoria C : Deus criou apenas os seres humanos, entretanto todas as

demais espécies animais e vegetais surgiram através da evolução: Justifique:

Categoria D: Todas as espécies animais e vegetais, não foram criadas por

Deus, e evoluíram ao longo do tempo. Justifique:

O gráfico 17 evidencia que dentre os alunos de escolas privadas 50% se

apoiam no perfil de categoria D, enquanto os outros se dividem em 35% categoria B

e 15% categoria C. Já os alunos de escolas públicas responderam 45% categoria A,

45% categoria B e 10% categoria C.

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Gráfico 17. Percentual de respostas dos alunos.

Conforme demonstra o gráfico 17 os alunos de escolas públicas evidenciam

uma maior tendência em conciliar a teoría da evolução com a intervenção divina. Já

nos alunos de escola privada, nota-se que metade dos entrevistados acreditam na

evolução biológica.

5.6.4 No entendimento dos alunos o ensino de evoluç ão biológica tem uma

importancia maior que os demais conteúdos?

O gráfico 18 evidencia que 70% dos alunos de escolas privadas e 40% dos

alunos de escolas públicas responderam que o ensino de evolução tem uma

importância maior que os outros conteúdos, enquanto 30% dos alunos de escolas

privadas e 60% dos alunos de escolas públicas responderam que o conteúdo não

possui maior relevância que os demais.

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Gráfico 18. Percentual de respostas dos alunos.

Observa-se que nas escolas privadas os alunos acreditam que a evolução

biológica tem uma maior importância que os demais conteúdos, uma vez que aborda

a origen e a evolução das espécies ao longo dos anos. Já os alunos de escolas

públicas não atribuem uma importância maior ao conteúdo, destacando uma maior

importânia para os conteúdos de genética e ecología.

5.6.5 O conhecimento que os alunos possuíam antes d as aulas de evolução

permanece o mesmo?

O gráfico 19 evidencia que 100% dos alunos tanto de escolas privadas, quanto

de escolas públicas responderam que o conhecimento que eles possuíam antes das

aulas de evolução não permanece o mesmo.

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Gráfico 19. Percentual de respostas dos alunos.

Constata-se que todos os alunos que aprenderem evolução tiveram seus

conhecimentos ampliados, uma vez, que alguma informação foi agregada, puderam

esclarecer suas dúvidas, bem como se posicionar com relação ao assnto.

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6 CONCLUSÃO

a) A temática evolução biológica é trabalhada no Ensino Médio, tanto na escola

pública quanto na privada, conforme exige os Parâmetros Curriculares Nacionais.

b) Há conscientização dos professores sobre a importância de discutir, aplicar e

desenvolver a temática evolução biológica.

c) Os alunos de escola privada consideraram o tema um conteúdo mais importante

que os demais, pois, segundo os mesmos, é necessário entender a origen da vida,

enquanto os de escola pública não, pois alegam que os outros conteúdos devem ser

explorados primeiro, como por exemplo, genética e ecologia.

d) Constatou-se que tanto na escola pública quanto na privada os profesores

trabalham a temática dentro de outros asuntos da biologia, como por exemplo,

genética, meio ambiente e ecologia.

e) Observou-se que na escola pública todos os professores possuem formação

superior completa, já na escola privada os professores possuem em sua formação

Mestrado.

f) Existe abordagem do tema em todos os livros didáticos do Ensino Médio

pesquisados, o que é feito de forma acessível e com linguagem adequada. Porém

destacamos positivamente os livros dos autores Amabis (2004) e Matho (2004), pois

diferentemente das outras obras analisadas, apresentam evolução como fato e não

como uma teoría a ser aceita. Além de apresentarem os textos claros e objetivos,

bem como dotados de ilustrações de boa qualidade e com adequada relação ao

tema.

g) Os alunos reconhecem os conflitos existentes entre o criacionismo versus

evolucionismo.

h) Observa-se que os alunos de escola pública possuem uma maior influência de

suas crenças religiosas para explicar a origen da vida.

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i) Constatou-se que os professores utilizam materiais didáticos, a fim de facilitar a

aprendizagem.

j) Evidenciou-se que a maioria dos professores, tanto de escola pública, quanto de

escola privada se apoiam no perfil evolucionista.

k) Constatou-se que muitos alunos possuem entendimento errado sobre evolução,

utilizando termos não adequados.

l) Acerca da possível contradição entre conhecimento científico e religioso, 100%

dos professores responderam que a sua religião não interfere no ensino de evolução

biológica.

m) Para os alunos existem contradições entre o conhecimento científico e religioso,

entretanto, para os professores tais contradições não se justificam.

n) Acerca dos livros didáticos, incongruências foram observadas nas questões

relacionadas ao evolucionismo e ao criacionismo, basicamente no sentido de

apresentar a evolução como uma provável teoria, e não como um fato, e também em

apresentar o criacionismo como uma teoria possível para origem da vida.

o) Em alguns livros didáticos Neodarwinismo e Teoria Sintética da Evolução não são

diferenciadas, entretanto, em alguns é feita a distinção.

p) Em relação aos processos evolutivos, não há distinção entre microevolução e

macroevolução.

q) Em todos os livros didáticos, continua sendo usado o exemplo do pescoço das

girafas para tratar da lei do uso e desuso de Lamarck.

r) Alguns livros utilizam os fósseis vivos como exemplos da estase evolutiva,

justificando dessa forma, o modelo do equilíbrio pontuado.

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s) Todos os livros reconhecem a importância da Paleontologia no desenvolvimento

da teoria evolutiva.

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APÊNCICE A Questionário investigativo professores

Data: ___ /___ /___ Idade: _____________ Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

Este questionário faz parte de um trabalho de conclusão de curso sobre

EVOLUÇÃO BIOLÓGICA. Por isso sua opinião e sinceridade nas respostas são

importantes. Vale lembrar que, por se tratar de uma pesquisa e com propósito

científico, seus dados pessoais serão preservados, não sendo mencionados em

nenhum momento do relato da pesquisa. OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO!!

I. Formação Profissional

1. Formação:

( ) Superior incompleto ( ) Superior completo ( ) Especialização

( ) Mestrado ( ) Doutorado

2. Qual sua área de formação?

II. Atuação profissional diante do ensino de evoluç ão

3. Você estudou na graduação as teorias da evolução biológica?

( ) Sim ( ) Não

4. Com base na sua resposta da questão número 5; responda a seguinte pergunta: a

partir dos seus estudos na graduação, você se sente preparado para trabalhar esse

tema com seus alunos de ensino médio? Justifique:

5. Muitos professores de Biologia ao longo do semestre acabam não ensinando

evolução. A quais motivos você atribui este fato?

6. Você trabalha evolução biológica dentro dos outros assuntos da biologia?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta da questão anterior for “sim”, quais?

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7. Quais são as estratégias didáticas e o material didático que você utiliza para

ensinar evolução biológica? Cite-a(s):

8. Para você este é um conteúdo relevante de se ensinar no Ensino Médio? Por

quê?

9. A sua religião interfere na forma com que você ensina evolução biológica?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta anterior for “Sim”, de que maneira isso ocorre?

III. Percepções a respeito de evolução biológica

10. O que você entende por evolução biológica?

11. Para você quais são os objetivos do ensino de evolução biológica? Cite 4

objetivos:

12. Você acredita que exista conflito entre criacionismo e evolucionismo? Justifique:

13. Em qual perfil você se apóia?

( ) Deus criou todos os seres vivos e, desde o início, não houve mudanças

evolutivas. Justifique:

( ) Deus criou os seres humanos e todas as espécies animais e vegetais ditas

selvagens, que se mantiveram imutáveis até hoje; os animais domésticos e as

plantas cultivadas, com todas as suas variedades, surgiram pelo trabalho do

homem, a partir de ancestrais selvagens. Justifique:

( ) Aceita o corpo teórico da teoria da evolução em sua forma integral, a

evolução ocorreu pela ação de fatores naturais – o acaso e a necessidade – sem a

intervenção direta ou indireta de alguma entidade divina. Justifique:

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( ) Deus criou a matéria com propriedades evolutivas e, assim, a evolução ocorre

pela ação de fatores naturais, em conseqüência daquelas potencialidades iminentes.

Justifique:

14. Qual sua doutrina religiosa?

( ) Cristianismo ( ) Espiritismo ( ) Adventista ( ) Outros.

15. Você é ativo na sua religião? Justifique:

( ) Sim ( ) Não

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APÊNDICE B Questionário investigativos alunos

Data: ___ /___ /___ Idade: _____________ Sexo: ( ) F ( ) M

Você estuda em escola? ( ) Pública ( ) Privada

Turno: ( ) Manhã ( )Tarde Série: _________

O que você entende por evolução?

2. Para você quais são os objetivos do ensino de evolução biológica? Cite 2

objetivos:

3. Você acredita que exista conflito entre criacionismo e evolucionismo? Justifique:

4. Em qual perfil você se apóia?

( ) Deus criou todos os seres vivos e, desde o início, não houve mudanças

evolutivas. Justifique

( ) Deus criou todos os seres vivos e, posteriormente ocorreram mudanças

evolutivas.

( ) Deus criou apenas os seres humanos, entretanto todas as demais espécies

animais e vegetais surgiram através da evolução. Justifique:

( ) Todas as espécies animais e vegetais, não foram criadas por Deus, e evoluíram

ao longo do tempo. Justifique:

5. Qual sua religião?

( ) Católica ( ) Espiritismo ( ) Adventista ( ) Nenhuma ( ) Outros. Qual?

6. Você é ativo na sua religião? Justifique:

( ) Sim ( ) Não

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7. No seu entendimento o ensino de evolução tem uma importância maior que os

demais conteúdos?Justifique

8. O ensino de evolução mudou a sua maneira de entender a natureza? Justifique

9.O conhecimento que você possuía antes das aulas de evolução permaneceu o

mesmo? Justifique: