39
CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15 - cld.ptº...Identificar as imunidades. DIREITO PENAL. PRESSUPOSTOS DA PUNIÇÃO COMISSÃO POR AÇÃO E POR OMISSÃO:

Embed Size (px)

Citation preview

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS

2014/15

2

DIREITO PENAL

Sessão n.º 3

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/15

3

OBJETIVOS GERAIS

Identificar o âmbito de aplicação do Direito Penal

DIREITO PENAL

4

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Enunciar um conceito de facto Penalmente relevante, por ação ou

omissão - art.10º CP;

Identificar o momento da prática do facto - art.º 3º CP;

Interpretar a validade da lei penal no tempo - art.º 2º CP e 29º CRP;

Identificar o lugar da prática do facto - art.º 7º CP;

Interpretar a validade da lei penal no espaço - art.º 4º, 5º e 7º;

Identificar a validade da Lei Penal em relação às pessoas:

Identificar as imunidades.

DIREITO PENAL

PRESSUPOSTOS DA PUNIÇÃO

COMISSÃO POR AÇÃO E POR OMISSÃO:

Quando um tipo legal de crime compreender um certo

resultado, o facto abrange não só a ação adequada a

produzi-lo como a omissão da ação adequada a evitá-

lo, salvo se outra for a intenção da lei (n.º 1 do art.º 10°

CP).

A comissão de um resultado por omissão só é punível

quando sobre o omitente recair um dever jurídico que

pessoalmente o obrigue a evitar esse resultado (n.º 2

do art.º 10° CP), podendo neste caso a pena ser

especialmente atenuada (n.º 3 do art.º 10° CP).

PRESSUPOSTOS DA PUNIÇÃO

PRESSUPOSTOS DA PUNIÇÃO

Facto humano: Saber se há uma ação ou omissão de

conduta dominada ou dominável pela vontade e social

e penalmente relevante.

Ação: Um crime só pode ser praticado se houver uma

ação voluntária. A comissão por ação é um

comportamento humano, voluntário e que produz um

resultado típico.

A OMISSÃO PODE SER:

Própria: quando um indivíduo pratica um crime através

de um comportamento omissivo puro. É a violação de

um determinado preceito que impõe um comportamento

positivo e que todos somos obrigados a praticar a ação.

Exemplo: Omissão de auxílio.

Imprópria: quando um agente deixou que um resultado

acontece-se. São crimes de resultado porque consiste

em não evitar um resultado quando a isso se é obrigado

(dever de garante)

Exemplo: o pai que negligentemente deixou o filho

queimar-se na cozinha.

A OMISSÃO PODE SER:

MOMENTO DA PRÁTICA DO FACTO

Código Penal

Artigo 3º

Momento da prática do facto

O facto considera-se praticado no momento em que o

agente atuou ou, no caso de omissão, deveria ter atuado,

independentemente do momento em que o resultado

típico se tenha produzido.

MOMENTO DA PRÁTICA DO FACTO

TEORIA DA AÇÃO (Art.º 3° DO CP)

Se a ação era penalmente licita, não poderá ser punida,

ainda que o evento produzido à distância no tempo venha

a ser incriminado por uma lei posterior.

Se a ação se prolongar no tempo, será aplicável a lei em

vigor no momento em que foi realizado o último ato ou

fragmento da ação;

A lei que imperava no momento em que a ação foi

praticada é decisiva. Se a ação se prolongar no tempo

será aplicável a lei em vigor no momento em que foi

realizado o último ato ou fragmento de ação.

MOMENTO DA PRÁTICA DO FACTO

O princípio geral é o da não retroatividade da lei

(n.º 1 do art.º 12.º Código Civil)

A lei rege para o futuro e deve respeitar os factos

passados, isto é, verificados antes da sua entrada em

vigor, não atingindo situações que se devam considerar

consumadas.

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

Excecionalmente a lei permite a eficácia retroativa:

Quando a lei seja aplicada retroativamente, presume-se

que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos

factos que a nova lei se destina a regular.

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

PRINCÍPIO DE NÃO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL

(n.º 1 do art.º 2° CP)

Uma ação que era impune no momento em que foi

praticada não pode ser considerada posteriormente

punível;

Igualmente é proibida uma agravação da pena vigente à

data da prática do facto, estendendo-se ainda a outras e

ulteriores agravações da situação jurídica do agente.

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

As penas são determinadas pela lei que vigora no

momento da perpetração do crime.

As medidas de segurança são-no pela que vigora no

momento do preenchimento dos pressupostos de que

depende a respetiva aplicação.

Corolário do princípio da legalidade, consagrada no n.º 1

do art.º 2° CP. Exceções n.ºs 2,3 e 4, mesmo artigo.

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

A CONSTITUIÇÃO estabelece que:

Devem-se aplicar retroativamente as leis penais de

conteúdo mais favorável aos arguidos(n.º 4 do art.º 29º

da CRP).

O princípio da retroatividade da lei penal de conteúdo

mais favorável ao arguido (n.º 4 art.º 2.º CP) surge

como princípio geral de direito e não como exceção ao

princípio da irretroatividade da lei penal (n.º1 e n.º 4 do

art.º 29.º CRP).

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

Ninguém pode ser sentenciado criminalmente senão

em virtude de lei anterior que declare punível a ação

ou omissão, nem sofrer medida de segurança cujos

pressupostos não estejam fixados em lei anterior. (n.º

1 do art.º 29.º da CRP)

Não podem ser aplicadas penas ou medidas de

segurança que não estejam expressamente

cominadas em lei anterior. (n.º 3 do art.º 29.º da CRP)

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

O art.º 2.º do CP estabelece que a aplicação do princípio

da retroatividade da lei penal mais favorável implica

que:

Se uma lei nova deixa de incriminar certo facto

qualificado como crime por uma lei anterior, aplica-se

retroativamente a lei nova, isto é, vai aplicar-se a lei

nova a factos anteriores à sua entrada em vigor;

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

Quando uma lei estabeleça, para o mesmo facto

qualificado como crime, uma pena menos grave que a

prevista pela lei anterior, deverá ser aplicada

retroativamente a lei nova, porque é mais favorável ao

arguido.

PRINCIPIO DA NÃO RETROATIVIDADE

DA LEI PENAL

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

O art. 4.° do CP consagra não só o princípio da territorialidade

[a lei penal é aplicável aos factos praticados no território

nacional — al. a)] como o seu corolário, o princípio do

pavilhão [a lei penal é aplicável aos factos praticados a bordo

de navio ou aeronave portuguesa — al. b)].

As regras gerais de aplicação da lei no espaço ressalvam as

situações em que existe Convenções internacionais em

sentido contrário .

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (Art.º 4º CP)

A lei penal só tem aplicação no território do Estado que a

determinou, sem atender à nacionalidade dos sujeitos activo

ou passivo, ficando excluída a aplicação da lei penal de um

país fora de seu território (leges non obligant extra territorium).

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

PRINCIPIO DO PAVILHÃO OU BANDEIRA (Art.º 4º CP)

A lei portuguesa aplica-se a bordo de navios ou aeronaves

portuguesas.

Do costume surgiu a regra de que cada Estado teria

jurisdição exclusiva sobre os navios que navegavam

arvorando a sua bandeira. Designa-se esse Estado através

da expressão “Estado de bandeira”.

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

Podemos, portanto, dizer que se aplica a um navio o

mesmo princípio da territorialidade que se aplica a

qualquer parcela do território de um Estado (Momtaz,

1991, p. 407)

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE

O princípio da universalidade proporciona a cada Estado a

jurisdição sobre uma categoria limitada de violações,

geralmente reconhecidas como sendo preocupações

universais independentemente do local em que a violação

foi cometida e das nacionalidades do ofensor e do

ofendido (Randall, 1988, p.788)

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

O princípio da universalidade assume que todos os

Estados têm interesse suficiente em exercer jurisdição

no combate a atos que todos os Estados condenam

(Scharf, 2001, p.368)

Estão em causa bens jurídicos de interesse

supranacional que carecem de proteção internacional

(al. b) n.º 1 do art.º 5.º CP)

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

De um modo geral, independentemente da

nacionalidade dos seus autores, são crimes que

reclamam uma punição universal e daí que as ordens

jurídicas se reclamem competentes para fazer aplicar

a sua lei penal a esses factos descritos (al. b) n.º 1 do

art.º 5.º CP)

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE

Da alínea c) do n.º 1 do art.º 5.º CP retira-se o princípio da

nacionalidade:

O princípio da nacionalidade passiva diz que a lei penal

portuguesa se aplica a factos cometidos no estrangeiro

contra portugueses.

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

O princípio da nacionalidade ativa diz que a lei

portuguesa se aplica a factos praticados no estrangeiro

por portugueses. É de harmonia com o princípio da

nacionalidade ativo, que a lei penal portuguesa aplica-se

a factos praticados no estrangeiro que sejam cometidos

por cidadãos nacionais.

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

LUGAR DA PRÁTICA DO FACTO

Código Penal

Artigo 7º

Lugar da prática do facto

1 - O facto considera-se praticado tanto no lugar em que, total

ou parcialmente, e sob qualquer forma de comparticipação, o

agente atuou, ou, no caso de omissão, devia ter atuado, como

naquele em que o resultado típico ou o resultado não

compreendido no tipo de crime se tiver produzido.

IMUNIDADES

Constituem privilégios por força dos quais as pessoas a

quem são atribuídos não ficam sujeitas à jurisdição do

Estado.

Classificam-se em absolutas – as que eximem de

responsabilidade por qualquer crime; e relativas – as

que resultam do exercício de determinadas funções.

IMUNIDADES

Imunidades absolutas – Chefes de Estado Estrangeiros

Imunidades relativas – deputados da Assembleia da

República, Juízes (direito publico interno); diplomatas,

agentes internacionais (direito público internacional)

DIREITO PENAL

Sessão n.º 3

Determinar o conceito de facto penalmente relevante, por

ação ou omissão;

Conhecer o Principio da não aplicação retroactiva da lei penal

e o porquê desta excepção ao regime regra;

Explicar o principio da territorialidade, do pavilhão ou bandeira

e a universalidade;

Identificar o momento e o lugar da prática do facto;

Conhecer a validade da Lei Penal em relação às pessoas.

SÍNTESE

CONFIRMAÇÃO / AVALIAÇÃO

QUESTÃO:

Quando se considera que foi praticado o facto? Justifique.

RESPOSTA:

O facto considera-se praticado no momento em que o

agente atuou ou, no caso de omissão, deveria ter actuado,

independentemente do momento em que o resultado típico

se tenha produzido (artº 3º CP).

CONFIRMAÇÃO / AVALIAÇÃO

QUESTÃO:

A bordo de um avião da TAP, que voava sobre território

Alemão, foi cometido um crime de homicídio. A vítima era

alemã e o autor do ilícito era espanhol. Quer a lei alemã,

que a espanhola apresentam um regime punitivo mais

favorável para o arguido do que a lei portuguesa.

Atendendo ao exposto, poderá a lei portuguesa ser

aplicável? Justifique?

RESPOSTA:

Sim. Considerando que o facto foi praticado a bordo de

uma aeronave Portuguesa, a lei penal portuguesa é

aplicável, salvo tratado ou convenção internacional em

contrário (artigo 4º alínea b) do CP).

CONFIRMAÇÃO / AVALIAÇÃO

NA PRÓXIMA SESSÃO:

Caracterizar os elementos do Crime

ANTEVISÃO

CURSO DE FORMAÇÃO DE GUARDAS 2014/2015