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Ano XXXVII Nº 436 |Janeiro/Fevereiro 2014 | Publicação Bimestral | ISSN 0870-8789
Apoio
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
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REVALORIZAÇÃO DOS ACTIVOS FIXOS TANGÍVEISCASO PRÁTICO
Manuel Patuleia Entrevista
www.apotec.pt
“Este Orçamento tem uma meta real e adequada às necessidades do país?”
Curso de preparaçãopara exame de TOC
Inscrições a decorrer
Acções de Formação Profissional Certificadas
Novas Datas
Um estudo aprofundado, um melhor conhecimento normativo contabilístico relacionado com os Activos Fixos Tangíveis
2 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADEINSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
O Jornal de Contabilidade é o periódico técnico e científico que permite tomar conhecimento de todos os aspectos das técnicas contabilística, fiscal e jurídica.
É distribuído gratuitamente a todos os associados e é editado ininterruptamente desde Abril de 1977, constituindo um importante elo de ligação entre a APOTEC e os Associados.
Está disponível aos Associados na Área Reservada as edições desde 2006.
Os destaques desta edição encontram-se em www.apotec.pt/jornal/
www.apotec.pt
JORNAL DE CONTABILIDADE
Nº 436 | Janeiro/Fevereiro 2014
2014 3
Entrevista ao Presidente da APOTEC, Manuel Patuleia 5
Modelo de Revalorização dos Activos Fixos Tangíveis: repercussão nas Demonstrações Financeiras (conclusão) 9
A perceção sobre o sistema tributário evidenciada por estudantes de Fiscalidade: resultados de um estudo 21
Síntese Económica 29
Consultório 31
Glossário 36
Livraria 37
Com a devida vénia 38
A APOTEC em notícias 39
Fólio do Senador 43
SEPARATAS:
- Índice 2013
- FormaçãoAlbufeira | Castelo Branco | Coimbra | Évora | Leiria | Lisboa | Porto
Director: Manuel Benavente RodriguesDirectora-Adjunta: Maria Teresa NetoCoordenação: Isabel Maria CiprianoColaboração: Paulo Nogueira FilhoMensário Técnico, fundado por Martim Noel MonteiroPropriedade e Edição: Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade – APOTEC (Instituição de Utilidade Pública)NIF: 500910847Periodicidade: Bimestral
Redacção e Administração: Rua Rodrigues Sampaio, 50, 3º Esq. 1169-029 LISBOATelefone: 213 552 900 / Telefax: 213 552 909Site: www.apotec.pt / E-mail: [email protected]
Tiragem: 7000 exs.Depósito Legal: 53873/92Registo nº 105076 ICS
Assessores: Abílio Sousa; António José Neves Casaca; Isabel Amado; João Filipe Gonçalves Pinto; José de Oliveira Sales Pires.
Composição e impressão: PENTAEDRO – Tel. 218444340 1700-249 LISBOA
Normas de publicação: Os textos recepcionados têm a prévia autorização dos respectivos autores para publicação na nossa revista.
Os artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não vinculam a APOTEC.
O Jornal de Contabilidade, até decisão em sentido diferente, publicará os textos em português de acordo com a ortografia adoptada pelos respectivos autores.
Os textos da responsabilidade da redacção não são escritos segundo o Novo Acordo Ortográfico.
ÍNDICE
FICHA TÉCNICA
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 3
editorial
O novo ano começa como o anterior acabou, isto é, sob o manto do empobrecimento material; empobreci-mento ocidental, europeu, português. Mesmo procurando especular o mínimo possível, claro que teremos de o fazer, pois os conceitos maximamen-te substantivos, sempre utilizam atributos, dado que a partir do momento em que transformamos por exemplo o algarismo em valor, resta-nos apenas observar ora uma garrafa meio cheia, ora uma garrafa meio vazia.E por outro lado quando se fala em empobrecimento, fala-se num conceito relativo e portanto em relação a uma qualquer variável, seja ela geográfica, cronológica ou digamos estrutural. E depois ainda há várias velocidades para o empobre-cimento, seja a alta velocidade das radicais soluções, seja a baixa velocidade do centro do “arco da gover-nação”.Não é por acaso que não obstante a perda efectiva de rendimento por parte de sectores importantes da po-pulação portuguesa, e mesmo encorajados à tomada de opções menos passivas, elas não se verificaram ain-da, o que a continuar esta descida aos infernos, não quer dizer que não venham a concretizar-se.Porém, os apelos esparsos de um ou outro especialista, para utópicas saídas da zona Euro por iniciativa portu-guesa, são engolidos em contraponto, por outro tipo de informação, em que a autarcia e a subsistência mínima surgem como destino fatal, com desvaloriza-ções brutais da moeda, mesmo que o crescimento relativo posterior do PIB viesse a ser uma hipótese considerável. Quer dizer, entre dois males, Portugal vai esperando para ver e entretanto opta pelo mal, julgado menor e menos radical.
Manuel Benavente RodriguesDirector Jornal de Contabilidade
2014
Voltando à saída do Euro, será sempre de ponderar, pois não sabemos como tudo vai evoluir sobre a ques-tão da moeda europeia. Porém, o que não podemos esquecer ou ignorar é que a sairmos do Euro seria claro, por vontade alheia, provavelmente num cenário colectivo, pois se fosse apenas por nossa vontade, cor-responderia a um suicídio político-social, dado não haver notícias de saídas reguladas e indolores em eco-nomia de mercado, com o devido respeito por opiniões de especialistas da matéria. Contudo e já numa outra perspectiva mas tão impor-tante como a anterior, se é nossa obrigação assumir a dívida, é nossa obrigação também não deixar deteriorar o tecido social do país, sem o qual não conseguiremos pagar o que devemos. Assim, outra das grandes questões deste empobreci-mento português é a questão não apenas de quanto se empobrece, mas essencialmente como, com que regras ou falta delas. E aqui, a falta de regras, a falta de transparência, os atropelos sucedem-se. Eventualmente, podemos agarrar-nos à Constitui- ção como o náufrago se agarra aos destroços da bar-caça, mas para além do desespero não ser bom conse-lheiro, há que considerar que temos sempre de voltar a Ítaca e em Ítaca espera-nos a regra, a rotina e temos de nos adaptar com ou sem os heroísmos discretos de Penélope.
4 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
É bem certo que os conjuntos de princípios palavrosos e circunstanciais, são próprios de países herdeiros de situações políticas de força, como o nosso foi, em que tudo ansiamos deixar gravado para o futuro, porque a nada tínhamos direito no passado, acabando apenas por transmitir fragmentos tragicamente escritos na água. Porém, concordando ou não com esta nossa carta de direitos e deveres de cidadania, esta é a Constituição que temos, e é com ela que devemos funcionar. Viven-do nós uma situação de excepção, os diversos poderes que nos representam, deveriam sentir-se convocados para a assumir, tanto quanto possível em bloco. Mas para que isso acontecesse seria necessário uma outra reforma política, atendendo a que o eleitorado está cada vez menos identificado com a estrutura organizativa dos poderes que acaba por eleger, sentin-do-se cada vez menos representado por eles; embora saibamos que é fundamental, ter bem consolidadas, as grandes correntes de opinião, talvez que a introdução de círculos uninominais, tivesse uma palavra importan-te a dizer nessa reforma. Porque é um triste espectáculo, ver o Governo procurar impor medidas que possam antagonizar o Tribunal Constitucional e este procurar apenas ser um polícia da actividade executiva do Governo.
Porém, seria redutor e menos verdadeiro esquecer, que esta crise que se vive, não é só portuguesa, sopra de outros tempos e lugares e isso mais nos intranquiliza, porque outros maiores que nós, não conseguem dar conta dela, como é o caso dos Estados Unidos e da própria União Europeia.Os chamados trinta anos dourados da economia oci-dental, já acabaram há muito, mais concretamente às mãos da crise do petróleo dos anos 70. Esta décalage parece anunciar nada de agradável, pois já lá vão trin-ta, quarenta anos e outros povos – os emergentes – perfilam-se para colher os anunciados apetitosos frutos da sociedade de consumo, como nós já colhemos, e a que se julgam com todo o direito de um ponto de vista democrático.
E claro que as coisas não começaram ontem. O longo século XIX, segundo Hobsbawm só concluído em 1914, foi produtor de romantismo, alguma paz e modernismo não só nas artes, como na sociedade, na política, nas ciências. As ciências sociais anunciavam então, os gran-des movimentos sociopolíticos do século XX e que concretizando ideais, conduziram a fatais genocídios da Humanidade (fascismo, nazismo, comunismo). Quanto às ciências puras, produziram aplicações controversas, como as bombas nucleares, grandes avanços na medi-cina e na electrónica e o homem na Lua. Nada que antes não fosse assim e depois não voltasse a ser.E como nada será como foi, a História no fim do sécu-lo XX ressurgiu, sofrendo um inesperado retroces- so – ver o excelente “Regresso da História” de Marc Ferro – impensável de todo, em especial para os adep-tos da teleologia da História, ou seja, o regresso do comunismo ao liberalismo. E isto também tem ajudado a colocar no mapa, tanto o fundamentalismo islâmico em ascensão, mesmo que em contraponto com o Esta- do-Nação, como um sincretismo cristão, em especial ao nível dos deserdados da vida, a partir de comunidades crioulas da América e da Ásia.E o Modernismo, filho também do liberalismo e da Revolução Francesa e anunciador daquilo a que François Furet já apelidava nos anos noventa, de o passado de uma ilusão, não soube substituir muitos mitos e valores do Antigo Regime, deixando que o vazio assumisse os seus lugares. Virada a página modernista, respira-se hoje o Pós-Modernismo dos utilitarismos sem princí- pios, em que apenas se vive desesperadamente o pre-sente, renunciando-se à luta pelo amanhã, “preferindo- -se Narciso a Prometeu”, utilizando a imagem do Cardeal Patriarca D. Manuel Clemente. E esta prefe- rência manifesta-se transversal à própria prática política, e mesmo às ideologias, assente numa moderna con-cepção de um hedonismo mais empobrecido que o clássico.
Seremos mesmo assim, capazes na Europa de hoje, de vencer esta batalhazinha do Euro, todos juntos? Espe-remos que sim. Os seres humanos, sempre cobaias no palco do seu tempo, têm a palavra. Em nome do amanhã.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 5
Manuel Viriato Cardoso Patuleia (n. 1939) é téc-nico (oficial) de contas desde 1965, possui o Cur-so Geral do Comércio e exerceu ou exerce as seguintes funções:
Contabilista em grandes e médias empresas
Colaborador da FORD Marketing Institute para a área da Contabilidade
Director-Geral do Grupo MEIA-MEIA
Monitor de Cursos de Contabilidade
Membro do Centro de Estudos do SNEE
Acompanhou directamente a problemática da Regulamentação dos Técnicos Oficiais de Contas
Vice-Presidente da PROTOCONTAS, CRL
Presidente da Comissão Instaladora da Associação dos Técnicos Oficiais de Contas (ATOC)* – futura OTOC
Moderador e Orador em Seminários de Contabi-lidade e Fiscalidade
Representante da APOTEC no Conselho Geral da Comissão de Normalização Contabilística.
Membro do Conselho Executivo do Centro de Estudos de História da Contabilidade.
Faz parte dos Corpos Sociais da APOTEC desde 1986, sendo seu Presidente eleito desde 1992.
* Em regime de rotatividade
Entrevista ao Presidente da APOTEC, Manuel Patuleia
entrevista
JC – Como vê a evolução da APOTEC, desde o início até hoje?MP – Permita-me que enderece os cumprimentos a todos os contabilistas em geral e aos associados da APOTEC em particular.Quando um grupo de profissionais sentiu a necessidade de criar, em 1977, uma associação de inscrição livre com o firme pro-pósito de esta transmitir saber aos seus associados, deu a co-nhecer uma entidade que ao longo do tempo se tem mantido bem viva e se tem afirmado num mundo complicado e de pouca tradição como é o livre associativismo. Presto profunda homenagem a todos os fundadores desta enorme associação, destacando Martim Noel Monteiro e Humberto Abreu.Completará a 16 de Março a bonita idade de 37 anos, nos quais houve que vencer muitos escolhos, próprios de uma or-ganização com princípios democráticos, mas sempre interessa-da na transmissão do conhecimento e na valorização dos pro-fissionais da contabilidade e fiscalidade. Não foi uma caminhada isenta de dificuldades, mas louvo quantos com abnegação e espirito de sacrifício deram muitas horas à APOTEC.Foi e é uma associação que tem procurado sempre a renovação de ideias e de pessoas, e que em determinadas épocas comba-teu alguns enquistamentos para projectos futuros e deserções de personalidades que ocupavam lugares com alguma respon-sabilidade.Para trilharmos um rumo certo, temos de encarar que num futuro próximo teremos de dar lugar aos novos, sendo certo que para isso acontecer sem sobressaltos a transicção deverá ser bem planeada, pormenor que já está a acontecer.Hoje a APOTEC é uma entidade respeitada e respeitadora, confiando que o futuro seja de completa satisfação para os seus inúmeros associados, quer sejam individuais ou colectivos.
JC – O que representa para a APOTEC a Escola e a Forma-ção?MP – O meu pensamento vai para a competência e esta só se adquire com a aprendizagem contínua. A aposta na formação independentemente do grau académico que se possa apresen-tar é uma elementar exigência para aqueles que querem de-sempenhar a profissão com aptidão. Num mundo de extraor-dinária competição e em situações consideradas normais, só se destaca quem possuir elementos de elevada qualidade para o desempenho das atribuições que lhes são conferidas. Neste domínio a APOTEC tem ajudado, ou seja é uma obrigação desta associação colocar o saber ao serviço dos seus associados, os quais, pelo seu lado, têm correspondido com a adesão às múltiplas acções de formação que têm sido promovidas.Como entidade de utilidade pública a APOTEC promoveu num passado recente também formação gratuita com a colaboração do Banco de Portugal e da AT-Autoridade Tributária e Aduaneira.
6 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Na formação que promove, a associação proporciona um desconto de 50% para desempregados e 50% do valor anual da quota para reformados.Saliento os inúmeros protocolos assinados com Escolas e Universidades onde a contabilidade e fiscalidades são lecio-nadas. Recordo as inúmeras jornadas e colóquios levados a efeito sempre com o propósito de valorizar os profissionais.Foi a APOTEC pioneira no nosso país, na divulgação da His-tória da Contabilidade. Penso que poderemos fazer muito mais, assim estejamos li-vres das condicionantes monopolistas que se tem feito sentir na formação da nossa profissão. Hoje a APOTEC é uma instituição que promove formação certificada pela DGERT, Direcção Geral do Emprego e Relações de Trabalho.
JC – Sendo a APOTEC sujeito e objecto da mudança, como está a APOTEC a adaptar-se nestes princípios do século XXI ao país que se vai construindo?MP – A APOTEC tem tentado adaptar-se à época em que vivemos. Sustentada no conhecimento que foi adquirindo ao longo dos anos, a experiência adquirida proporcionou-lhe os elementos indispensáveis para que haja uma melhor adapta-ção às exigências dos tempos actuais. A APOTEC para servir bem os seus associados tem que partir sempre com a con-vicção do que apresenta é de inegável valor e mérito. Com uma gestão equilibrada e rigorosa tem conseguido não au-mentar as quotas e a formação, contribuído também deste modo para a satisfação dos seus associados.O erro para a APOTEC é sempre um elemento difícil de di-gerir. Fomos exigentes no passado, somos no presente e seremos no futuro.
JC – Como vê os associados da APOTEC de hoje e de há trinta anos atrás?MP – Os associados têm comportamentos sempre semelhan-tes. Os interesses explanados seguem no mesmo sentido, com mais ou menos preparação há um tempo em que todos são neófilos carentes de formação e de ensinamentos. O conhecimento e a experiência adquire-se com tempo, estudo e trabalho. Também no que diz respeito à adopção da ban-deira do livre associativismo, atrevo-me a dizer que tal como no passado muitos jovens hoje a procuram, porque sentem que a transmissão de ensinamentos num ambiente de liber-dade concorre para um melhor desenvolvimento de conhe-cimentos.
JC – Como vê as Instituições de inscrição obrigatória face às instituições de inscrição livre?MP – As Instituições de inscrição obrigatória têm sem dúvida um lugar importante na estrutura social do país fazendo
parte da inevitável hierarquia que alguns países constroem. Quanto às Instituições de inscrição livre, não são menos importantes pois emanam do quotidiano democrático.Poderei ser radical ao afirmar que tudo o que é obrigatório provoca sempre uma reacção negativa. O ser humano adap-ta como elemento essencial no seu variado percurso de vida uma realização que seja obtida através de impulsos voluntá-rios e que possam constituir uma verdadeira realização pes-soal. Tenho para dizer que manifestações que conduzam a processos que nos espartilhem a mente, são a meu ver pou-co aceitáveis num país que se quer moderno, livre e demo-crático.
JC – Como pode a APOTEC contribuir para o progresso do país?MP – A APOTEC é um pequeno mas qualificado grão de areia neste universo da contabilidade e fiscalidade, no entan-to pode contribuir para o progresso deste tão necessitado país, preconizando e incentivando à realização de boas e sãs contas.
JC – O que pensa da Contabilidade que se vai pensan-do e se vai fazendo em Portugal?MP – Sempre opinei que a contabilidade devia servir em primeira mão os desígnios da gestão, mas por experiên- cia adquirida, reparei que nem sempre o possível interlocu- tor entende, ou não pretende entender, o dialogo proposto. As associações empresariais deveriam incentivar a formação sobre assuntos relacionados com a gestão. A APOTEC desde já disponibiliza-se para encetar qualquer tipo de colaboração.Atende-se, hoje, à adaptação dos normativos internacionais, referindo que a última alteração efectuada enfermou por exigências pouco realistas, sobretudo no que toca à realida-de económica das empresas em Portugal. Afirmar-se que a contabilidade poderá ser uma das respon-sáveis pelos custos administrativos das empresas é um erro crasso, de qualquer maneira também admito que alguma simplificação se deverá operar no sentido de reduzir algumas obrigações na apresentação das demonstrações financeiras das PME e Micro Entidades. Hoje em dia os custos de con-texto das empresas são de natureza fiscal e parafiscal, os quais são reflexo de exigências que ao longo de um mês não dão descanso a quem se responsabiliza pelo seu tratamento e apresentação.
JC – O que pensa da reforma do IRC?MP – O legislador procurou dar alguma notoriedade ao processo apelidando-o de reforma. Chamar-lhe-ia antes, al-terações ao IRC que a meu ver pouco significativas são, para que possa ser considerada uma verdadeira reforma. A reali-
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dade tributária das empresas com o aumento das tributa- ções autónomas, o aumento da limitação à dedução anual dos prejuízos fiscais e limitada aplicação do DLRR poderá ser compensada com a descida da taxa em 2 pontos percen-tuais?Será que esta alteração poderá dar um contributo relevante para a promoção do investimento e, consequentemente para a criação de emprego no país?
JC – O que pensa da evolução da Fiscalidade em Portu-gal?MP – As sucessivas alterações legislativas, ultimamente têm sido, além de abundantes, confusas, controversas e respon-sabilizantes desta classe profissional. Assim, não sendo re-flectidas e discutidas com todas as entidades intervenientes e conhecedoras da reali-dade económica, empre-sarial e profissional, têm a agravante de não se-rem introduzidas atem-padamente, de modo a poderem alcançar por um lado, a tão desejada eficácia e eficiência tri-butárias, a justiça e a equidade fiscal, por ou-tro.Haveria que ter coragem de se fazer uma verda-deira reforma na fiscali-dade em Portugal, tor-nando-a mais simples e menos armadilhada. As preocupações inerentes à complexi-dade dos impostos proporciona gastos adicionais às empre-sas.No caso em concreto de uma reforma fiscal seria também de bom tom que se ousasse olhar para uma alteração no IRS.A justiça tributária deverá ser mais célere, procurando com rapidez responsabilizar e punir os incumpridores. JC – Orçamento do Estado para 2014: para onde va- mos?MP – Será que as metas objectivadas pelo Orçamento vão ser cumpridas? Este Orçamento tem uma meta real e ade-quada às necessidades do país? Tenho dúvidas…Caminhamos como temos caminhado para uma cada vez maior tributação em sede de IRS. Este orçamento pouco ou nada de novo traz a não ser os agravamentos fiscais. Tenho dúvidas que com a “Factura da Sorte”, em que se prevê um valor de prémios até dez milhões de euros por ano que
deverão ser distribuídos por um máximo de 60 sorteios a realizar num ano, o Governo consiga encaixar entre 600 a 800 milhões de euros…
JC – A Formação da APOTEC face aos créditos dos TOC’s: em que ponto estamos?MP – Até quando? É a pergunta que muitos profissionais colocam e que se ouviu nas acções de formação profissio- nal certificada promovidas pela APOTEC durante este último mês de Janeiro, por todo o país.Quando é que os profissionais poderão aplicar o artigo 43.º da Constituição da República Portuguesa – Liberdade de aprender e ensinar?A CONCORRÊNCIA, constitui um dos principais factores que, provocam desenvolvimento económico (melhoria na qualida-
de/preço), contribuindo como tal para o índice de satisfação dos utentes.Já lá vão mais de seis anos desde que iniciá-mos este processo, por-que entendemos que os TOCs em geral e os nos-sos associados em parti-cular têm o direito de não serem prejudicados na liberdade de escolha da formação. Ademais, para efeitos do Código do Trabalho, só é valida a formação promovida por entidades certifica-
das (e a APOTEC é certificada pela DGERT), a OTOC não é!O último desenvolvimento do processo da formação de cré-ditos a que assistimos em Janeiro deste ano, foi a condena-ção por parte do Tribunal da Relação de Lisboa, confirmando a decisão do Tribunal do Comércio, declarando NULO todo o REGULAMENTO DA FORMAÇÃO DE CRÉDITOS. Já em Fevereiro de 2013 o Tribunal de Justiça da União Europeia condenara também o regulamento da formação dos créditos dos TOCs, defendendo a inteira liberdade de escolha para os contabilistas fazerem a sua livre opção.Sabemos que nesta data a OTOC apresentou novo recurso, desta vez para o Tribunal Constitucional. ACREDITAMOS que temos razão nas nossas pretensões, aguardamos com tranquilidade mais este desfecho.A lei ainda é a lei e não temos dúvidas que ela será respeita-da, para que os profissionais possam ver restabelecido o direi-to à liberdade de escolha e de aprendizagem, fora do mono-pólio até aqui imposto pela entidade reguladora da profissão.
a Manuel Patuleia
entrevista
8 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
JC – O que preconiza para o futuro novo Estatuto das Ordens em geral e da OTOC em especial?MP – A Lei nº 2/2013 que estabelece o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das associações publi-cas profissionais já deveria estar na sua aplicação inteiramen-te em vigor.Ressalta dessa Lei o nº3 do artigo 5 que diz: “As associações públicas profissionais não podem, por qualquer meio, seja acto ou regulamento, estabelecer restrições à liberdade de acesso e exercício da profissão que não estejam previstos na lei, nem infringir as regras da concorrência na prestação de serviços profissionais, nos termos dos direitos nacionais e da União Europeia.Só isto constitui uma necessidade de reformulação profunda do Estatuto da OTOC, na medida em que esta continua a violar as regras de concorrência em matéria de formação profissional.Mas outros aspectos são ainda de ponderar, como a limitação de actividade que o actual estatuto ainda contempla – não existem outras profissões reguladas com limite de actividade imposto aos seus membros; a publicitação dos serviços dos profissionais; a incompatibilidade de funções e até mesmo outras questões estruturais e funcionais da própria entidade reguladora, como por exemplo, o acto eleitoral, a elegibili-dade dos candidatos, a fixação da remuneração dos órgãos sociais, que deveria ser feita pela Assembleia Geral, etc.Outro aspecto refere-se à profissão em si, ou seja, ou se exercem na prática e somente as funções de um contabilista (importa defini-las ou actualizá-las tendo em conta o estabe-lecido no quadro da Classificação Nacional das Profissões) e a redenominação (de TOC para Contabilista Certificado) fará sentido, ou se se quer mudar apenas o nome e manter-se estatuto, será caso para se dizer “é pior a emenda que o soneto”…
JC – Que país, que Contabilidade e que Fiscalidade?MP – A situação económica e financeira do país, que se tem vindo a agravar, não é alheia aos profissionais da contabili-dade e fiscalidade, que no dia a dia movimentam os núme-ros, as contas.
Uma sociedade onde em muitos casos o sucesso depende em grande parte de “sensibilidades e oportunismos”, onde o trabalho e a competência não formam por si só uma com-ponente de orgulho mas sim de inveja, tem que ter a coragem e a capacidade de mudar mentalidades, tornando-se mais exigente, mais rigorosa, mais ética, mais profissional e menos corporativa.É fundamental um acentuado desenvolvimento económico, uma justiça mais célere e mais justa. Temos tido a experiên-cia de que a sua morosidade conduz sempre a retracções de actividade. O mundo académico precisa aproximar-se o sufi-ciente da realidade empresarial e profissional, e transmitir exemplos de excelência e valorização de padrões de conhe-cimento efectivo sem subserviência ao corporativismo e às benesses financeiras dos mesmos. A gestão dos dinheiros públicos e das empresas tem de caminhar rapidamente para uma cultura de rigor, porque certamente a não ser assim, a sociedade portuguesa vai continuar a sofrer consequências bastantes desastrosas. E com isso, os profissionais das contas!A APOTEC continua a fazer apelos à competência, à ética dos profissionais de contabilidade e fiscalidade, não obstan-te as dificuldades cada vez maiores que se colocam ao exer-cício da profissão. Fazemos votos para o trilhar de um caminho de simplificação não só para a contabilidade como para a fiscalidade e para-fiscalidade, abortando exigências que acabam apenas por furtar rentabilidade às empresas e que já nada tem a ver com a contabilidade e a fiscalidade.Desejamos um forte combate à burocracia e que uma sau-dável concorrência seja estimulada em todos os sectores.Preferimos bons exemplos a mil palavras!
A APOTEC continua seguindo o seu percurso com muita firmeza e determinação, com um discurso de verdade, sem competir ou afrontar, mas não calando injustiças, nem rene-gando o passado associativo que satisfaz plenamente.O seu futuro é de esperança, mercê de uma cuidada gestão dos corpos sociais e do sentido de responsabilidade dos seus inúmeros associados.
Entrevista conduzida por Manuel Benavente Rodrigues
Uma sociedade tem que ter a coragem e a capacidade de mudar mentalidades, tornando-se mais exigente, mais rigorosa, mais ética, mais profissional e menos corporativa
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 9
contabilidade financeira
Maria Lúcia Marques(**)
Professora Adjunta da ESTG do Instituto Politécnico da GuardaInvestigadora da UDI – Unidade de Investigação para o Desen-volvimento do Interior (PEst-OE/EGE/UI4056/2011 – projeto fi-nanciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT)
Modelo de Revalorização dos Activos Fixos Tangíveis: repercussão nas Demonstrações Financeiras(*) (Conclusão)
7. REvAlORIzAçãO: EXEMPlIFICAçãO
7.1 – Caso Prático
A Sociedade ABC, SA, com sede na cidade da Guarda, tem como actividade principal a transformação de madeira em mdf (medium-density fiberboard – placa de fibra de madei-ra de média densidade). As chapas cruas de mdf são fabri-cadas por um equipamento integrado, adquirido a um fabri-cante especializado, o qual, através da aglutinação de fibras de madeira com resinas sintéticas e outros aditivos, cola essas fibras umas às outras com resina e fixa-as através de pressão. Este equipamento entrou em funcionamento em Janeiro de 2N01, sendo efectuada a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Janeiro/2N01 433453
AFT / Equipamento BásicoAFT em Curso
€ 2.500.000,00
€ 2.500.000,00
Esta entidade deprecia o Equipamento Básico pelo método da linha recta (§§ 62 da NCRF 7), regime por duodécimos e adopta o modelo de revalorização após o reconhecimento dos seus equipamentos. Ao equipamento integrado de produção de mdf foi-lhe estimada uma vida útil de 10 anos e com valor residual nulo.O Quadro 1 apresenta o Justo Valor (JV) deste equipamento, obtido com base no valor de mercado determinado pela avaliação efectuada pelo fabricante, no final de cada um dos exercícios económicos:
Quadro 1 – Justo Valor atribuído ao equipamento integrado de produção de mdf
Ano 2N01 2N02 2N03 2N04 2N05
Justo valor € 2.376.000,00 € 2.112.500,00 € 1.701.000,00 € 1.458.500,00 € 1.285.000,00
Ano 2N06 2N07 2N08 2N09 2N10
Justo valor € 1.027.000,00 € 771.500,00 € 505.600,00 € 252.000,00 € 0,00
Fonte: Elaboração Própria
Seguidamente, apresenta-se a contabilização das operações pelas duas formas previstas no §§ 35 da NCRF7, consideran-do o efeito dos impostos diferidos. Considera-se, para todos os exercícios económicos, que a Sociedade ABC, SA está sujeita à taxa de imposto (IRC + Derrama) de 20%.Realizada a contabilização inicial do equipamento, segue-se a mensuração dos períodos subsequentes onde se vão des-crever as operações que surgem ao longo dos 10 exercícios económicos. Pretende-se, deste modo, realizar uma análise dinâmica ao longo do período de vida útil do AFT, perceber as transformações que vão acontecendo ao longo dos anos e identificar os respectivos movimentos contabilísticos. Esta pretende ser uma mais-valia pois, como foi referido na Secção 2 da Parte II, o efeito da revalorização e dos impostos diferidos é um assunto tratado frequentemente mas é abor-dado separadamente; ou abordam-no em apenas um ou dois exercícios económicos (a excepção é Rodrigues et al. (2010) na resolução do Caso Prático 9, que apresenta a resolução para vários exercícios mas exceptua o efeito dos impostos diferidos).Na resolução do Caso Prático, que se apresenta de seguida, constata-se que coincidem algumas movimentações e a res-pectiva justificação, qualquer que seja a forma de revaloriza-ção adoptada. Ainda assim, optou-se por apresentar, na ín-tegra, a resolução da revalorização por reexpressão e da revalorização por eliminação ao longo de todo o período de vida útil. Refira-se, no entanto, que como a avaliação do equipamento integrado foi efectuada com base no valor de mercado, a Sociedade ABC, SA devia optar pelo modelo de revalorização por eliminação.
10 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
7.2 – Revalorização por Reexpressão
A) No final de 2N01 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N01:
O Valor da Depreciação de 2N01 é:
€ 2.500.000,00 / 10 Anos(17) = € 250.000,00
E a contabilização desta depreciação anual é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N01
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 250.000,00
€ 250.000,00
2. Revalorização por Acréscimo:
Em Dez/2N01, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é de € 2.376.000,00 e a quan-tia escriturada (QE) perfaz € 2.250.000,00. A diferença terá o reconhecimento da regra geral definida no §§ 39 da NCRF 7. No método da reexpressão aplica-se um índice ou um coeficiente ao custo e às respectivas depreciações acumuladas.O coeficiente de revalorização resulta do quociente entre o JV e a QE após a contabilização da depreciação do exercício 2N01:
€ 2.376.000,00€ 2.250.000,00
Coeficiente de Revalorização = -1 = 5,60%
Assim: Aumento da Quantia escriturada =
€ 2.500.000,00 * 5,6% = € 140.000,00Aumento das Depreciações Acumuladas =
€ 250.000,00 * 5,6% = € 14.000,00
As depreciações futuras deste Equipamento Básico, resultan-tes desta revalorização, não são fiscalmente dedutíveis. O passivo por impostos diferidos corresponde ao produto do excedente de revalorização pela taxa de imposto:
Passivo por Impostos Diferidos = € 126.000,00 * 20% = € 25.200,00
E a contabilização a efectuar em 2N01 é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N01
43343835891
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRC
€ 140.000,00
€ 14.000,00
€ 126.000,00
Dez/2N01
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 25.200,00
€ 25.200,00
B) No final de 2N02 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N02:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N02 é:
(€ 2.640.000,00 – € 264.000,00) / 9 Anos = € 264.000,00
E a contabilização desta depreciação anual é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N02
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 264.000,00
€ 264.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
De acordo com o disposto no §§ 41 da NCRF 7, a utilização do Excedente de Revalorização incluído no Capital Próprio é efectuada à medida que o AFT for usado pela entidade, ou seja, o reconhecimento é efectuado pela depreciação do exercício (realização parcial). A quantia do excedente a trans-ferir será a diferença entre a depreciação baseada na quantia escriturada revalorizada do activo e a depreciação baseada no custo original desse mesmo activo.Assim,
Depreciação com base na quantia revalorizada = € 264.000,00
Depreciação com base na quantia inicial = € 250.000,00
Realização do excedente (antes de IRC) = € 264.000,00 – € 250.000,00 = € 14.000,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = € 14.000,00 * 20% = € 2.800,00
Ou
Realização do excedente (antes de IRC) = € 126.000,00 / 9 anos = € 14.000,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = € 25.200,00 / 9 anos = € 2.800,00
Estas operações são contabilizadas como se apresenta segui-damente:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N02
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 14.000,00
€ 14.000,00
Dez/2N02
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 2.800,00
€ 2.800,00
Dez/2N02
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 2.800,00
€ 2.800,00
Em Dez/2N02, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 2.112.500,00 e a QE per-faz € 2.112.000,00 (a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta um saldo de € 2.640.000,00 e a conta 4383 De-preciações Acumuladas – Equip. Básico apresenta um saldo de € 528.000,00). Como o JV não difere materialmente da QE não há que apurar ajustamento de revalorização neste exercício.
C) No final de 2N03 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N03:
O Valor da Depreciação correspondente a 2N03 é:
(€ 2.640.000,00 – € 528.000,00) / 8 Anos = € 264.000,00
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 11
Maria Lúcia Marques
contabilidade financeira
E a contabilização é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 264.000,00
€ 264.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
Na alínea 7.2.B.2. justificou-se a utilização do Excedente de Revalorização. Neste exercício económico aplicam-se os mes-mos cálculos, os mesmos procedimentos e a contabilização é similar.A contabilização a efectuar em 2N03 é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 14.000,00
€ 14.000,00
Dez/2N03
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 2.800,00
€ 2.800,00
Dez/2N03
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 2.800,00
€ 2.800,00
3. Revalorização por Decréscimo:
Em Dez/2N03, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.701.000,00 e a QE perfaz € 1.848.000,00. Verifica-se um decréscimo de € 147.000,00, pelo que é necessário efectuar o correspondente ajustamento de revalorização.No reconhecimento desta revalorização por decréscimo, há que aplicar o definido no §§ 40 da NCRF 7. Os saldos das contas envolvidas apresentam os seguintes valores:
Conta Designação Saldo Devedor Saldo Credor
433438358915892
AFT - Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas - Equip. BásicoOutros Excedentes - Antes de IRCOutros Excedentes - Impostos diferidos
€ 2.640.000,00
€ 19.600,00
€ 792.000,00€ 98.000,00
O coeficiente de revalorização a aplicar após a contabilização da depreciação do exercício 2N03 é o seguinte:
€ 1.701.000,00€ 1.848.000,00
Coeficiente de Revalorização = -1 = -7,95%
Assim:Diminuição da Quantia escriturada =
€ 2.640.000,00 * – 7,95% = – € 210.000,00
Diminuição das Depreciações Acumuladas = € 792.000,00 * – 7,95% = – € 63.000,00
As depreciações futuras do equipamento básico, resultantes desta revalorização, são menores do que as fiscalmente de-dutíveis. Há, por isso, que anular o valor correspondente ao Passivo por impostos diferidos.A contabilização relativa a esta revalorização é efectuada através da redução do Excedente de Revalorização e a dife-rença é considerada como Perda por imparidade:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
43343835891655
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRCPerdas por Imparidade – AFT
€ 63.000,00€ 98.000,00€ 49.000,00
€ 210.000,00
O valor associado ao Passivo por impostos diferidos tem a seguinte regularização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 19.600,00
€ 19.600,00
Com esta contabilização, o valor do saldo da conta 433 AFT – Equipamento Básico é € 2.430.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico apresenta um saldo de € 729.000,00. Ou seja, o valor que se apresenta no Ba-lanço da Sociedade ABC, SA é € 1.701.000,00.
D) No final de 2N04 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N04:
O Valor da Depreciação relativa a 2N04 é:
(€ 2.430.000,00 – € 729.000,00) / 7 Anos = € 243.000,00
E a contabilização deste exercício é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N04
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 243.000,00
€ 243.000,00
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização:
Em Dez/2N04, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.458.500,00 e a QE per-faz € 1.458.000,00. Como o JV não difere materialmente da QE não há que efectuar qualquer ajustamento de revaloriza-ção.
E) No final de 2N05 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N05:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N05 é:
(€ 2.430.000,00 – € 972.000,00) / 6 Anos = € 243.000,00
A contabilização a realizar neste exercício é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N05
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 243.000,00
€ 243.000,00
2. Revalorização por Acréscimo:
Em Dez/2N05, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.285.000,00 e a QE
12 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
perfaz € 1.215.000,00 (o saldo da conta 433 AFT – Equipa-mento Básico é € 2.430.000,00 e da conta 4383 Deprecia-ções Acumuladas – Equip. Básico é € 1.215.000,00), dando origem a uma revalorização por acréscimo de € 70.000,00. O coeficiente de revalorização a utilizar neste exercício é o seguinte:
€ 1.285.000,00€ 1.215.000,00
Coeficiente de Revalorização = -1 = 5,76%
Assim:Aumento da Quantia escriturada =
€ 2.430.000,00 * 5,76% = € 140.000,00
Aumento das Depreciações Acumuladas = € 1.215.000,00 * 5,76% = € 70.000,00
O acréscimo (€ 70.000,00) tem o reconhecimento da excep-ção definida no §§ 39 da NCRF 7, devendo ser reconhecido nos resultados até ao ponto em que reverta um decréscimo de revalorização do mesmo activo previamente reconhecido nos resultados.No exercício 2N03 foi contabilizada uma perda por imparida-de no valor de € 49.000,00. O acréscimo de revalorização de € 70.000,00 será reconhecido em duas rubricas diferentes: numa conta de rendimentos (€ 49.000,00) e, a diferença, numa conta de excedentes de regularização (€ 21.000,00).Tal como referido na alínea 7.2.A.2., as depreciações futuras deste equipamento básico, resultantes desta revalorização, não são fiscalmente dedutíveis. O valor do passivo por impos-tos diferidos correspondente é:
Passivo por Impostos Diferidos = € 21.000,00 * 20% = € 4.200,00
Relativamente a estas operações efectua-se a seguinte conta-bilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N05
433438376255891
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoReversões – De Perdas por Imparidade – AFTOutros Excedentes – Antes de IRC
€ 140.000,00
€ 70.000,00€ 49.000,00€ 21.000,00
Dez/2N05
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Após estes lançamentos, a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 2.570.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico o valor de € 1.285.000,00.
F) No final de 2N06 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N06:
O Valor da Depreciação relativa a 2N06 é:
(€ 2.570.000,00 – € 1.285.000,00) / 5 Anos = € 257.000,00
E a contabilização a efectuar é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N06 64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 257.000,00
€ 257.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização
Tal como referido 7.2.B.2., a realização do Excedente de Re-valorização incluído no Capital Próprio (€ 21.000,00) é reco-nhecida através da depreciação do exercício (realização par-cial), o qual é repartido pelo n.º de anos que ainda faltam depreciar.Assim,
Realização do excedente (antes de IRC) = € 21.000,00 / 5 anos = € 4.200,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = € 4.200,00 / 5 anos = € 840,00
E a contabilização destas operações é a que a seguir se apre-senta:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N06
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Dez/2N06
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 840,00
€ 840,00
Dez/2N06
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 840,00
€ 840,00
Em Dez/2N06, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.027.000,00 e a QE tota-liza € 1.028.000,00. Como o JV não difere materialmente da QE não há que apurar qualquer ajustamento de revalori-zação.
G) No final de 2N07 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N07:
O Valor da Depreciação a considerar em 2N07 é:
(€ 2.570.000,00 – € 1.542.000,00) / 4 Anos = € 257.000,00
A contabilização a efectuar neste exercício é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N07
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 257.000,00
€ 257.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
Tal como mencionado em 7.2.B.2., a utilização do Excedente de Revalorização é efectuada pelo uso do AFT. Assim,
Realização do excedente (antes de IRC) = (€ 21.000,00 – € 4.200,00) / 4 anos = € 4.200,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = (€ 4.200,00 – € 840,00) / 4 anos = € 840,00
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 13
Maria Lúcia Marques
contabilidade financeira
E a contabilização a efectuar é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N07
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Dez/2N07
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 840,00
€ 840,00
Dez/2N07
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 840,00
€ 840,00
Em Dez/2N07, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 771.500,00 e a QE perfaz € 771.000,00 (a conta 433 AFT – Equipamento Básico apre-senta o valor de € 2.570.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico o valor de € 1.799.000,00). Como o JV não difere materialmente da QE não é necessário efectuar mais movimentos.
H) No final de 2N08 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N08:
O Valor da Depreciação de 2N08 é:
(€ 2.570.000,00 – € 1.799.000,00) / 3 Anos = € 257.000,00
E efectua-se a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 257.000,00
€ 257.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
Tal como mencionado em 7.2.G.2, a utilização do Excedente de Revalorização é efectuada pelo uso do AFT. Assim,
Realização do excedente (antes de IRC) = (€ 21.000,00 – € 4.200,00 * 2) / 3 anos = € 4.200,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = (€ 4.200,00 – € 840,00 * 2) / 3 anos = € 840,00
A contabilização a efectuar será a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Dez/2N08
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 840,00
€ 840,00
Dez/2N08
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 840,00
€ 840,00
3. Revalorização por Decréscimo:
Em Dez/2N08, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 505.600,00 e a QE perfaz € 514.000,00. A diferença por decréscimo é de € 8.400,00, pelo que é necessário efectuar o correspondente ajustamento de revalorização.
No reconhecimento desta revalorização por decréscimo, há que aplicar o definido no §§ 40 da NCRF 7. Os saldos das contas envolvidas apresentam os seguintes valores:
Conta Designação Saldo Devedor Saldo Credor
433438358915892
AFT - Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas - Equip. BásicoOutros Excedentes - Antes de IRCOutros Excedentes - Impostos diferidos
€ 2.570.000,00
€ 1.680,00
€ 2.056.000,00€ 8.400,00
O coeficiente de revalorização a aplicar após a contabilização da depreciação do exercício 2N08 é o seguinte:
€ 505.600,00€ 514.000,00
Coeficiente de Revalorização = -1 = -1,63%
Assim:Diminuição da Quantia escriturada =
€ 2.570.000,00 * – 1,63% = – € 42.000,00
Diminuição das Depreciações Acumuladas = € 2.056.000,00 * – 1,63% = – € 33.600,00
O valor do Excedente de Revalorização (€ 8.400,00) que é necessário reduzir corresponde ao saldo da conta 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC. A contabilização a efectuar é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
43343835891
Outros Excedentes – Impostos diferidosDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRC
€ 33.600,00
€ 8.400,00
€ 42.000,00
Há, igualmente, que anular o valor correspondente ao passi-vo por impostos diferidos, com a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 1.680,00
€ 1.680,00
Após estes lançamentos, a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 2.528.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico o valor de € 2.022.400,00.
I) No final de 2N09 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N09:
O Valor da Depreciação a considerar em 2N09 é:
(€ 2.528.000,00 – € 2.022.400,00) / 2 Anos = € 252.800,00
E a contabilização do exercício é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N09
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 252.800,00
€ 252.800,00
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização:
Em Dez/2N09, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 252.000,00 e a QE totali-
14 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
za € 252.600,00 pelo que não há que efectuar qualquer ajustamento de revalorização.
J) No final de 2N10 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N10:
O Valor da Depreciação considerada como gasto em 2N10 é:
(€ 2.528.000,00 – € 2.275.200,00) / 1 Ano = € 252.800,00
E efectua-se a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N10 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 252.800,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 252.800,00
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização:
Em Dez/2N10 termina o período de vida útil deste equipa-mento. O JV atribuído a este equipamento (Quadro 1) é de €0,00. Finalizam, assim, as operações relacionadas com este equipamento integrado.A resolução deste Caso Prático pelo Modelo de Revaloriza- ção por Reexpressão permite que se retirem as seguintes ilações:1. Sempre que o Justo Valor não difira materialmente da
Quantia Escriturada não se apura excedente de revaloriza-ção, continuando ser a QE a base para determinar o gasto com a depreciação do exercício.
2. Sempre que o JV difira materialmente da QE há que apu-rar um coeficiente de revalorização, o qual resulta do quociente entre o JV e a QE, e que se aplica, quer ao custo, quer às depreciações acumuladas. Após a aplicação deste coeficiente, o valor da QE fica igual ao JV.
3. Este procedimento efectua-se sempre que exista uma di-ferença, por acréscimo ou por decréscimo, entre o JV e a QE.
4. A diferença de revalorização é contabilizada de acordo com a regra geral ou com a excepção definidas nos §§ 39 e 40 da NCRF 7, tendo em consideração acontecimentos ante-riores, caso existam.
5. Sempre que ocorra uma revalorização por acréscimo há que apurar os respectivos Passivos por Impostos Diferidos.
6. Nos anos seguintes, e de acordo com o disposto no §§ 41 da NCRF 7, a utilização do Excedente de Revalorização incluído no Capital Próprio é efectuada à medida que o AFT for usado pela entidade (realização parcial). A quantia do excedente a transferir corresponde à diferença entre a depreciação baseada na quantia escriturada revalorizada do activo e a depreciação baseada no custo original desse mesmo activo. De igual modo, há que transferir o corres-pondente Passivo por Impostos Diferidos que é incluído no Resultado Líquido do Período – IRC – Imposto diferido.
7. Sempre que ocorra uma revalorização por decréscimo há, igualmente, que verificar se existem operações anteriores que devam ser objecto de análise e de regularização, no-meadamente, em relação a eventuais saldos relativos a Ex-cedentes de Regularização e Passivos por Impostos Diferidos.
8. O valor da QE que se apresenta anualmente no Balanço da entidade corresponde ao JV, a não ser que não haja diferenças materialmente relevantes entre o JV e a QE, situação em que não se apura excedente de revalorização e se continua a considerar a QE.
7.3 – Revalorização por Eliminação
A) No final de 2N01 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N01:
O Valor da Depreciação de 2N01 é:
€ 2.500.000,00 / 10 Anos = € 250.000,00
E a contabilização desta depreciação anual é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N01
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 250.000,00
€ 250.000,00
2. Revalorização por Acréscimo:
Em Dez/2N01, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 2.376.000,00 e a quantia escriturada (QE) perfaz € 2.250.000,00. A diferença terá o reconhecimento da regra geral definida no §§ 39 da NCRF 7.As depreciações futuras deste equipamento básico, resultan-tes desta revalorização, não são fiscalmente dedutíveis. O passivo por impostos diferidos corresponde ao produto do excedente de revalorização pela taxa de imposto:
Passivo por Impostos Diferidos = € 126.000,00 * 20% = € 25.200,00
E a contabilização a efectuar em 2N01 é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N01
43343835891
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRC
€ 250.000,00
€ 124.000,00 € 126.000,00
Dez/2N01
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 25.200,00
€ 25.200,00
No método por eliminação, o valor da QE vai ser substituído pelo valor atribuído ao JV, dando origem a um excedente de revalorização de € 126.000,00. Após a contabilização deste excedente de revalorização, a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 2.376.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico encontra-se saldada.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 15
Maria Lúcia Marques
contabilidade financeira
B) No final de 2N02 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N02:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N02 é:
(€ 2.376.000,00) / 9 Anos = € 264.000,00
A contabilização desta depreciação anual é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N02
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 264.000,00
€ 264.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
De acordo com o disposto no §§ 41 da NCRF 7, a utilização do Excedente de Revalorização incluído no Capital Próprio é efectuada à medida que o AFT for usado pela entidade, ou seja, o reconhecimento é efectuado pela depreciação do exercício (realização parcial). A quantia do excedente a trans-ferir será a diferença entre a depreciação baseada na quantia escriturada revalorizada do activo e a depreciação baseada no custo original desse mesmo activo.Assim,
Depreciação com base na quantia revalorizada = € 264.000,00
Depreciação com base na quantia inicial = € 250.000,00
Realização do excedente (antes de IRC) = € 264.000,00 – € 250.000,00 = € 14.000,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = € 14.000,00 * 20% = € 2.800,00
Ou
Realização do excedente (antes de IRC) = € 126.000,00 / 9 anos = € 14.000,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = € 25.200,00 / 9 anos = € 2.800,00
A contabilização destas operações é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N02
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 14.000,00
€ 14.000,00
Dez/2N02
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 2.800,00
€ 2.800,00
Dez/2N02
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 2.800,00
€ 2.800,00
Em Dez/2N02, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 2.112.500,00 e a QE per-faz € 2.112.000,00. Como o JV não difere materialmente da QE não há que apurar ajustamento de revalorização.
C) No final de 2N03 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N03:
O Valor da Depreciação correspondente a 2N03 é:
(€ 2.376.000,00 – € 264.000,00) / 8 Anos = € 264.000,00
E efectua-se a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 264.000,00
€ 264.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
Na alínea 7.3.B.2., justificou-se a utilização do Excedente de Revalorização. Neste exercício económico aplicam-se os mes-mos cálculos, os mesmos procedimentos e a contabilização é similar.A contabilização a efectuar em 2N03 é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 14.000,00
€ 14.000,00
Dez/2N03
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 2.800,00
€ 2.800,00
Dez/2N03
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 2.800,00
€ 2.800,00
3. Revalorização por Decréscimo:
Em Dez/2N03, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.701.000,00 e a QE per-faz € 1.848.000,00. O decréscimo de revalorização é de € 147.000,00 pelo que é necessário efectuar o correspon-dente ajustamento de revalorização. No reconhecimento des-ta revalorização por decréscimo, há que aplicar o definido no §§ 40 da NCRF 7. As contas envolvidas apresentam os seguintes saldos:
Conta Designação Saldo Devedor Saldo Credor
433438358915892
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRCOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 2.376.000,00
€ 19.600,00
€ 528.000,00€ 98.000,00
No método por eliminação, o saldo da QE vai ser substituído pelo valor atribuído ao JV.As depreciações futuras do equipamento básico, resultantes desta revalorização, são menores do que as fiscalmente de-dutíveis. Há, por isso, que anular o valor correspondente ao Passivo por impostos diferidos.A contabilização relativa a esta revalorização é efectuada através da redução do Excedente de Revalorização e a dife-rença é considerada como Perda por imparidade:
16 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
43343835891655
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRCPerdas por Imparidade – AFT
€ 528.000,00
€ 98.000,00€ 49.000,00
€ 675.000,00
O valor associado ao Passivo por impostos diferidos tem a seguinte regularização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N03
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 19.600,00
€ 19.600,00
Após a contabilização deste excedente de revalorização, a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 1.701.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumula-das – Equipamento Básico encontra-se saldada, bem como as contas 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC, 5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos e 2742 Passivos por impostos diferidos.
D) No final de 2N04 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N04:
O Valor da Depreciação relativa a 2N04 é:
(€ 1.701.000,00) / 7 Anos = € 243.000,00
E a contabilização é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N04
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 243.000,00
€ 243.000,00
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização:
Em Dez/2N04, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.458.500,00 e a QE perfaz € 1.458.000,00. Como o JV não difere materialmente da QE não há que efectuar qualquer ajustamento de revalorização.
E) No final de 2N05 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N05:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N05 é:
(€ 1.701.000,00 – € 243.000,00) / 6 Anos = € 243.000,00
E efectua-se a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N05
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 243.000,00
€ 243.000,00
2. Revalorização por Acréscimo:
Em Dez/2N05 o JV atribuído a este equipamento é € 1.285.000,00 e a QE perfaz € 1.215.000,00 (a conta 433
AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 1.701.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico o valor de € 486.000,00). O acréscimo (€ 70.000,00) terá o reconhecimento da excepção definida no §§ 39 da NCRF 7, devendo ser reconhecido nos resultados até ao pon-to em que reverta um decréscimo de revalorização do mesmo activo previamente reconhecido nos resultados.Na alínea 7.3.C.3. foi contabilizada uma perda por impari-dade no valor de € € 49.000,00. O acréscimo de revalori-zação de € 70.000,00 será reconhecido em duas rubricas diferentes: numa conta de rendimentos (€ 49.000,00) e, a diferença, numa conta de excedentes de regularização (€ 21.000,00).Tal como referido no ano 2N01, as depreciações futuras des-te equipamento básico, resultantes desta revalorização, não são fiscalmente dedutíveis. O valor do Passivo por impostos diferidos correspondente é:
Passivo por Impostos Diferidos = € 21.000,00 * 20% = € 4.200,00
Relativamente a estas operações são efectuadas os seguintes lançamentos:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N05
433438376255891
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoReversões – De Perdas por Imparidade – AFTOutros Excedentes – Antes de IRC
€ 486.000,00
€ 416.000,00
€ 49.000,00€ 21.000,00
Dez/2N05
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Após a contabilização deste excedente de revalorização, a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 1.285.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico encontra-se saldada.
F) No final de 2N06 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N06:
O Valor da Depreciação relativo a 2N06 é:
(€ 1.285.000,00) / 5 Anos = € 257.000,00
E a contabilização é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N06
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 257.000,00
€ 257.000,00
2. Pelo Excedente de Revalorização:
Tal como se justificou na alínea 7.3.B.2., a utilização do Exce- dente de Revalorização incluído no Capital Próprio (€ 21.000,00) é reconhecida através da depreciação do exercício (realização parcial), o qual é repartido pelo n.º de anos que ainda faltam depreciar.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 17
Maria Lúcia Marques
contabilidade financeira
Assim,Realização do excedente (antes de IRC) =
€ 21.000,00 / 5 anos = € 4.200,00Realização do excedente (impostos diferidos) =
€ 4.200,00 / 5 anos = € 840,00
E a contabilização das operações é a que a seguir se apresen-ta:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N06
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Dez/2N06
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 840,00
€ 840,00
Dez/2N06
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 840,00
€ 840,00
Em Dez/2N06, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 1.027.000,00 e a QE tota-liza € 1.028.000,00. Como o JV não difere materialmente da QE não há que apurar ajustamento de revalorização.
G) No final de 2N07 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N07:
O Valor da Depreciação a considerar em 2N07é:
(€ 1.285.000,00 – € 257.000,00) / 4 Anos = € 257.000,00
A contabilização a efectuar é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N07
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 257.000,00
€ 257.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
A utilização do Excedente de Revalorização é efectuada pelo uso do AFT (ver alínea 7.3.B.2.). Assim,
Realização do excedente (antes de IRC) = (€ 21.000,00 – € 4.200,00) / 4 anos = € 4.200,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = (€ 4.200,00 – € 840,00) / 4 anos = € 840,00
E os lançamentos a efectuar neste exercício são:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N07
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Dez/2N07
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 840,00
€ 840,00
Dez/2N07
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 840,00
€ 840,00
Em Dez/2N07, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 771.500,00 e a QE perfaz € 771.000,00, daí que não haja movimentos adicionais a efectuar.
H) No final de 2N08 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N08:
O Valor da Depreciação de 2N08 é:
(€ 1.285.000,00 – € 257.000,00 * 2) / 3 Anos = € 257.000,00
O gasto com a depreciação deste exercício tem a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 257.000,00
€ 257.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
A utilização do Excedente de Revalorização é efectuada pelo uso do AFT, como se justificou na alínea 7.3.B.2.. Assim,
Realização do excedente (antes de IRC) = (€ 21.000,00 – € 4.200,00 * 2) / 3 anos = € 4.200,00
Realização do excedente (impostos diferidos) = (€ 4.200,00 – € 840,00 * 2) / 3 anos = € 840,00
E a contabilização a efectuar é a seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
589156
Outros Excedentes – Antes de IRCResultados Transitados
€ 4.200,00
€ 4.200,00
Dez/2N08
27428122
Passivos por impostos diferidosRL Período – IRC – Imposto diferido
€ 840,00
€ 840,00
Dez/2N08
565892
Resultados TransitadosOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 840,00
€ 840,00
3. Revalorização por Decréscimo:
Em Dez/2N08, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 505.600,00 e a QE perfaz € 514.000,00. Há um decréscimo de € 8.400,00 pelo que é necessário efectuar o correspondente ajustamento de revalo-rização.No reconhecimento desta revalorização por decréscimo, há que aplicar o definido no §§ 40 da NCRF 7. Os saldos das contas envolvidas apresentam os seguintes valores:
Conta Designação Saldo Devedor Saldo Credor
433438358915892
AFT – Equipamento BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRCOutros Excedentes – Impostos diferidos
€ 1.285.000,00
€ 1.680,00
€ 771.000,00€ 8.400,00
O decréscimo do Excedente de Revalorização a efectuar corresponde ao saldo da conta 5891 Outros Excedentes – – Antes de IRC. Assim, a contabilização a realizar é a se-guinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
43343835891
Outros Excedentes – Impostos diferidosDepreciações Acumuladas – Equip. BásicoOutros Excedentes – Antes de IRC
€ 771.000,00
€ 8.400,00
€ 779.400,00
18 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Também se deve anular o valor correspondente ao Passivo por impostos diferidos, efectuando a seguinte contabilização:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N08
58922742
Outros Excedentes – Impostos diferidosPassivos por impostos diferidos
€ 1.680,00
€ 1.680,00
Após a contabilização deste excedente de revalorização, a conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de € 505.600,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas – – Equipamento Básico encontra-se saldada. Também as contas 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC, 5892 Outros Exce-dentes – Impostos diferidos e 2742 Passivos por impostos diferidos se encontram saldadas.
I) No final de 2N09 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N09:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N09 é:
(€ 505.600,00) / 2 Anos = € 252.800,00
E o lançamento a efectuar é o seguinte:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N09
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 252.800,00
€ 252.800,00
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização:
Em Dez/2N09, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 252.000,00 e a QE totali-za € 252.600,00 pelo que não há que efectuar qualquer ajustamento de revalorização.
J) No final de 2N10 são efectuadas as seguintes opera-ções:
1. Depreciação de 2N10:
O Valor da Depreciação a considerar em 2N10 é:(€ 505.600,00 – € 252.800,00) / 1 Ano = € 252.800,00
E a contabilização a efectuar neste exercício é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N10
64234383
Gastos de Depreciação – Equip. BásicoDepreciações Acumuladas – Equip. Básico
€ 252.800,00
€ 252.800,00
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização:Em Dez/2N10 termina o período de vida útil deste equipa-mento. De acordo com os dados do Quadro 1, o JV atribuído a este equipamento é € 0,00. Finalizam, assim, as operações relacionadas com este equipamento integrado.
A resolução deste Caso Prático pelo Modelo de Revalorização por Eliminação permite que se retirem as seguintes ilações:1. Sempre que o Justo Valor não difira materialmente da
Quantia Escriturada não se apura excedente de revaloriza-ção, continuando a ser a QE a base para determinar o gasto com a depreciação do exercício.
2. Sempre que o JV difira materialmente da QE há que anu-lar o saldo relativo às Depreciações Acumuladas dos AFT e repor na conta do AFT a quantia atribuída ao JV.
3. Este procedimento efectua-se sempre que exista uma dife-rença, por acréscimo ou por decréscimo, entre o JV e a QE.
4. A diferença de revalorização é contabilizada de acordo com a regra geral ou com a excepção definidas nos §§ 39 e 40 da NCRF 7, tendo em consideração acontecimentos ante-riores, caso existam.
5. Sempre que ocorra uma revalorização por acréscimo há que apurar os respectivos Passivos por Impostos Diferidos.
6. Nos anos seguintes, e de acordo com o disposto no §§ 41 da NCRF 7, a utilização do Excedente de Revalorização incluído no Capital Próprio é efectuada à medida que o AFT for usado pela entidade (realização parcial). A quantia do excedente a transferir corresponde à diferença entre a depreciação baseada na quantia escriturada revalorizada do activo e a depreciação baseada no custo original desse mesmo activo. De igual modo, há que transferir o corres-pondente Passivo por Impostos Diferidos que é incluído no Resultado Líquido do Período – IRC – Imposto diferido.
7. Sempre que ocorra uma revalorização por decréscimo há, igualmente, que verificar se existem operações anteriores que devam ser objecto de análise e de regularização, no-meadamente, em relação a eventuais saldos relativos a Excedentes de Regularização e Passivos por Impostos Dife-ridos.
8. O valor da QE que se apresenta anualmente no Balanço da entidade corresponde ao JV, a não ser que não haja diferenças materialmente relevantes entre o JV e a QE, situação em que não se apura excedente de revalorização e se continua a considerar a QE.
A resolução deste Caso Prático, pelas duas formas, permite- -nos constatar que: • os resultados obtidos no modelo de Revalorização são iguais,
quer se adopte a forma da reexpressão, quer a da elimina-ção, diferindo apenas pelo processo como se calculam e se contabilizam as operações;
• se o bem estiver totalmente depreciado, estas duas formas também diferem. Na forma da eliminação o processo é si-mular ao indicado anteriormente. Na forma de reexpressão terá que se determinar o período de vida útil adicional e recalcular as depreciações acumuladas com base no período de vida útil total (inicial + adicional).
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 19
Maria Lúcia Marques
contabilidade financeira
8. CONSIDERAçõES FINAIS
Neste Trabalho escolheu-se o estudo da problemática do Modelo de Revalorização dos AFT. Em termos de investi- gação, foi elaborada baseando-se no protocolo metodoló- gico proposto por Raupp e Beuren (2006) e optou-se nesta pesquisa (i) quanto aos objectivos, por ser descritiva e explicativa, (ii) quanto aos procedimentos, por ser bibliográ-fica e (iii) quanto à abordagem do problema, por ser quali-tativa.Durante a vigência do Plano Oficial de Contabilidade, as Reavaliações Legais e as Reavaliações Livres foram objecto de bastante estudo pelas alterações que provocavam nas De-monstrações Financeiras. A mudança de normativo contabi-lístico em 2010 abriu caminhos para a possibilidade de, na mensuração subsequente dos AFT, se optar entre o Modelo do Custo e o Modelo de Revalorização.O Modelo de Revalorização refere que o reconhecimento dos AFT pode ser efectuado por uma quantia revalorizada quan-do possa ser mensurado fiavelmente o seu justo valor. Este conceito não é pacífico, sendo objecto de diversa investigação e ‘opinião’. Neste Trabalho não se desenvolveram conceitos relacionados com o JV mas apenas se analisaram as implica-ções contabilísticas do Modelo de Revalorização.A partir do estudo da NCRF 7 – AFT, a qual transcreve a IAS 16 – AFT, procurou-se desenvolver o processo de revalorização e as formas como este pode ser concretizado.Neste modelo, a revalorização pode ser por acréscimo ou por decréscimo. E pode ser efectuada por duas formas: por reex-pressão (através de um índice ou coeficiente) ou por elimina-ção, diferindo apenas pela forma como o processo é desen-volvido e contabilizado.Também se efectuou o enquadramento dos impostos diferidos pois a diferença entre a quantia escriturada de um activo revalorizado e a sua base fiscal é uma diferença temporária e dá origem a um passivo por impostos diferidos. Nos Activos escriturados pelo justo valor, o excesso das depreciações fu-turas, resultantes da aplicação do modelo de revalorização, não é fiscalmente dedutível.Para uma melhor compreensão do tema considerou-se opor-tuno elaborar um Caso Prático que procurasse, ao longo dos 10 anos do período de vida útil, interligar as questões asso-ciadas ao modelo de revalorização dos AFT, nas duas formas, com a problemática dos impostos diferidos, justificando-as com o normativo em vigor e apresentando a respectiva con-tabilização anual. A resolução do Caso Prático permitiu cons-tatar que os resultados obtidos no Método de Revalorização são iguais, quer se adopte a forma da reexpressão, quer a da eliminação. A forma como se calculam e contabilizam as operações é que difere.
As Bases para a apresentação de demonstrações financeiras (BADF) referem no ponto 2.1 que:• O reconhecimento, a mensuração, a divulgação e os aspec-
tos particulares de apresentação de transacções específicas e outros acontecimentos são tratados nas NCRF.
• As demonstrações financeiras são uma representação estru-turada da posição financeira e do desempenho financeiro de uma entidade. O objectivo das demonstrações financei-ras de finalidades gerais é o de proporcionar informação acerca da posição financeira, do desempenho financeiro e dos fluxos de caixa de uma entidade que seja útil a uma vasta gama de utentes na tomada de decisões económicas.
• A apresentação apropriada exige a representação fidedigna dos efeitos das transacções, outros acontecimentos e con-dições de acordo com as definições e critérios de reconhe-cimento para activos, passivos, rendimentos e gastos esta-belecidos na estrutura conceptual. Presume-se que a aplicação das NCRF, com divulgação adicional quando ne-cessária, resulta em demonstrações financeiras que alcan-çam uma apresentação apropriada.
Com este estudo aprofundado espera-se ter contribuído para um melhor conhecimento do normativo contabilístico relacio-nado com os Activos Fixos Tangíveis, em especial no que se refere à adopção do Modelo de Revalorização.
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(*) 1.º Prémio do C.A. do Prémio de Contabilidade “Luiz Chaves de Al-meida”, edição 2011.
(**) A autora agradece o acompanhamento e as sugestões das Prof. Dra. Maria do Céu Alves, Rute Abreu e Fátima David e a revisão dos Prof. Vitor Simões e Fernando Pêga Magro
(17) Como já se salientou, a Sociedade ABC, SA adopta o método da linha recta, regime por duodécimos para determinar o gasto com a depre-ciação do exercício. Como o equipamento entrou em funcionamento em Janeiro de 2N01, a depreciação do primeiro ano vai corresponder aos 12 meses, ou seja, à totalidade do ano.
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fiscalidade
Marisa GomesMestre em Economia pela FEUC
António MartinsProfessor na FEUC
A perceção sobre o sistema tributário evidenciada por estudantes de Fiscalidade: resultados de um estudo(*)
1. INTRODuçãO
O sistema tributário português sofreu, ao longo das últimas décadas, variadas transformações, introduzidas por modifica-ções fiscais que, com maior ou menor êxito, foram contri-buindo para o seu atual formato. As questões da equidade, da eficiência e da complexidade do sistema fiscal constituem aspetos sempre presentes em todas as épocas e todos os países. Constituindo temas de debate diário sobre o sistema fiscal, julgamos que a auscultação de indivíduos que tenham opinião tecnicamente fundada sobre tais matérias é relevante, de forma a conhecer melhor a per-ceção destes segmentos da população acerca de tão impor-tante elemento da vida social: os impostos.Neste âmbito, o texto que se segue baseia-se num estudo que visa apresentar uma análise do sistema fiscal português tendo em conta: a fiscalidade e a justiça social, a fiscalidade e a eficiência económica, a fiscalidade e a simplicidade, com um enfoque empírico na forma como os estudantes da Fa-culdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), que estudaram Fiscalidade em 2012, avaliam o atual sistema português.Ao escolherem-se estudantes de Fiscalidade para serem ques-tionados sobre tais aspetos estamos conscientes das vanta-gens e limitações de tal opção. Como vantagens, são de sa-lientar as seguintes:i) Ao serem questionados na fase final de uma disciplina na
qual estudaram os aspetos económicos gerais relativos ao sistema fiscal e, depois, uma introdução ao IRS, ao IRC e ao IVA, estes inquiridos têm, por certo, um conhecimento do sistema tributário que os habilita a pronunciarem-se sobre ele de maneira mais sustentada, face ao “cidadão comum”;
ii) Tendo sido expostos a aspetos concetuais e práticos sobre muitos pontos polémicos do sistema tributário, e às várias opções que sobre eles se podem tomar, os inquiridos apresentam uma noção da necessidade de escolhas (trade offs) e compromissos inerentes a qualquer sistema fiscal;
iii) Como estudantes de Gestão e Economia, trata-se de in-divíduos que, num futuro mais ou menos longínquo, terão (pelo menos alguns deles) uma certa probabilidade de exercer funções de gestão de organizações, de auditoria fiscal, de consultoria fiscal, de decisão politica, e outras relacionadas com a conceção e aplicação dos impostos. Assim, trata-se de opiniões provenientes de inquiridos que poderão ter papel relevante na evolução futura do sistema tributário e sua aplicação.
Como desvantagens, podemos salientar:i) Trata-se, na esmagadora maioria, de indivíduos que não
têm ainda – ou têm esporadicamente – interação com as autoridades tributárias; ou seja, não são, em regra, sujei-tos passivos de impostos. Daí que não sejam muito co-nhecedores dos aspetos procedimentais do sistema e da sua aplicação;
ii) A sua perceção, expressa nas respostas, pode ser influen-ciada pela forma como a disciplina foi lecionada, e do destaque nela concedido a um ou outro ponto mais con-troverso, daí resultando algum enviesamento nas opiniões. Todavia, fez-se um forte esforço de facultar uma perspe-tiva aberta e discutida sobre o sistema fiscal, procurando evitar a referência a soluções únicas ou sempre tidas como preferíveis.
Ainda assim, pesados os prós e os contras, entendeu-se que amostra de estudantes inquiridos revela um conhecimento razoável dos problemas fiscais. Vale a pena inquirir este pú-blico, para se conhecer melhor a perceção de quem estudou alguns dos principais impostos que são traves mestras do nosso sistema tributário.
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2. ENQuADRAMENTO DO ESTuDO
Esta secção é dedicada, essencialmente, ao tipo de estudo efetuado e ao método utilizado, bem como à caraterização da amostra usada.
a) Tipo de estudoOptou-se por um estudo empírico, assente num questionário, uma vez que este método tem a vantagem de possibilitar um melhor conhecimento concreto e prático sobre determinada realidade. O tema sobre o qual se reflete é: Qual a perceção dos estudantes sobre o sistema fiscal português? Num ambiente de profundas alterações, qual é a perceção dos estudantes sobre o grau de justiça social, de eficiência eco-nómica e simplicidade do sistema fiscal português, em parti-cular dos estudantes que têm conhecimentos de Fiscalidade, por terem frequência universitária de disciplinas onde se tra-tam destas matérias?
b) Objetivos do estudoO estudo centra-se nos seguintes objetivos:• Caraterização do sistema fiscal português • Avaliação da perceção dos estudantes sobre o sistema fiscal
português• Verificação de que forma a atividade profissional dos pais,
a titularidade de ativos financeiros e a sua posição política influenciam a sua perspetiva sobre a justiça, eficiência e complexidade do sistema fiscal.
c) Caraterização da Amostra No que diz respeito à amostra, ela é composta por estudan-tes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. A amostra é constituída por 51 alunos que frequentam a Licenciatura nas áreas de Gestão e Economia, onde o percur-so académico passa pelo estudo da Fiscalidade.A escolha da amostra é um requisito primordial para este estudo. Estes estudantes apresentam maior conhecimento em relação ao cidadão comum, usufruindo de uma aprendizagem na área fiscal e conhecimentos acima da média. São os cida-dãos de hoje, os potenciais decisores de amanhã. As vanta-gens associadas a esta amostra permitem que o estudo pos-sua uma maior consistência.
d) Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados A informação foi recolhida através de um questionário, atra-vés de inquérito direto. Depois de previamente elaboradas as perguntas, foi distribuído o questionário, presencialmente, junto das turmas de Fiscalidade, nas instalações da FEUC. O questionário, aquando da sua elaboração, teve em conta determinadas caraterísticas. A primeira parte assenta num
conjunto de questões com o objetivo de caraterizar a amostra deste estudo, nomeadamente a idade, o sexo, a atividade profissional dos pais, a titularidade de ativos financeiros e a posição política do indivíduo.
3. RESulTADOS
3.1. Caraterização da amostra
No sentido de caraterizar a amostra, vejamos alguns resulta-dos extraídos da primeira parte do questionário.
Pergunta n.º 1 – Género
SexoSexo Frequência Percentagem
Feminino 31 60,8%
Masculino 20 39,2%
TOTAl 51 100%Fonte: Elaboração Própria
Quadro 1: Número e percentagem de inquiridos por género
Em análise ao quadro 1, o sexo predominante é o feminino com 31 elementos correspondendo a 60,8% da amostra. O sexo masculino representa 39,2% do total da amostra, cor-respondendo a 20 inquiridos. Tal resultado não surpreende, dada a conhecida tendência de predominância de elementos do sexo feminino nos cursos inquiridos, bem como no pano-rama universitário nacional.
Pergunta n.º 2 – Idade
IdadeIdade Frequência Percentagem
19 1 2%
20 25 49%
21 8 15,7%
22 5 9,8%
23 2 3,9%
24 1 2%
25 4 7,8%
27 1 2%
28 2 3,9%
29 1 2%
32 1 2%
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 2: Número e percentagem de inquiridos por idade
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 23
Marisa Gomes, António Martins
fiscalidade
Dentro das limitações previsíveis relativamente ao leque de idades a abranger, a amostra conseguiu ainda assim alcançar várias faixas etárias, situando-se entre os 19 e 32 anos de idade. Da análise do quadro 2, verifica-se que o maior número de questionários respondidos foi por inquiridos com 20 anos, representando 49% da amostra. Seguem-se os inquiridos com 21 e 22 anos, ambos representando 15,7% e 9,8%, respeti-vamente. Verifica-se, ainda, que entre os 20 e 22 anos de idade se concentra 74,5% da amostra.A elevada percentagem dos inquiridos 20 e 22 anos de idade é justificável, uma vez que o questionário foi realizado a es-tudantes que frequentam a Licenciatura em Economia e Ges-tão da FEUC.
Pergunta n.º 3 – Qual a atividade profissional dos pais?
Atividade profissional dos paisAtividade profissional dos pais Frequência Percentagem
Desempregado 2 3,9%
Empresário 1 2%
Empresário / Trabalhador por conta de outrem
2 3,9%
Empresário / Trabalhador por conta própria
1 2%
Estudante 2 3,9%
Funcionário público 6 11,8%
Funcionário público / Desempre-gado
3 5,9%
Funcionário público / Empresário 3 5,9%
Funcionário público / Trabalha-dor por conta de outrem
2 3,9%
Funcionário público / Trabalha-dor por conta própria
2 3,9%
NR 1 2%
Reformado 2 3,9%
Trabalhador por conta de outrem
9 17,6%
Trabalhador por conta de outrem / Reformado
1 2%
Trabalhador por conta de outrem / Reserva
1 2%
Trabalhador por conta própria 6 11,8%
Trabalhador por conta própria / Desempregado
1 2%
Trabalhador por conta própria / Trabalhador por conta outrem
6 11,8%
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 3: Número e percentagem de inquiridos de acordo com a atividade profissional dos pais
Os trabalhadores por conta de outrem representam cerca de 17,6% da amostra com 9 inquiridos. Outras profissões per-centualmente relevantes correspondem a funcionários públi-cos, trabalhadores por conta própria e a conjugação de tra-balhador por conta própria e por conta de outrem, ambos com 6 inquiridos correspondendo a 11,8% da amostra. É de salientar que os empresários apenas correspondem a 1,961% dos inquiridos.
Pergunta n.º 4 – É titular de ativos financeiros?
Ativos FinanceirosAtivos Financeiros Frequência Percentagem
Ações 1 2%
Depósitos 37 72,5%
Depósitos / Ações 6 11,8%
Depósitos / Ações / Quotas 1 2%
Depósitos / Outros 2 3,9%
Depósitos / Quotas 1 2%
NR 1 2%
Outros 2 3,9%
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 4: Número e percentagem de inquiridos que possuem ativos financeiros
De acordo com ao quadro 4, a larga maioria dos inquiridos é detentora de depósitos, com cerca de 46 inquiridos. Um total de 37 inquiridos, correspondendo a 72,5% da amostra, possui apenas depósitos. Os restantes, para além de depósi-tos, possuem ações, quotas e outros ativos financeiros. Ape-nas 6 indivíduos são detentores de depósitos e ações con-juntamente, correspondendo a 11,8% da amostra. É de notar que nenhum dos inquiridos escolheu a opção “fun-dos”.É natural que se verifique uma maior concentração dos ativos detidos nos depósitos, uma vez que são um produto com menor risco associado, tendo em conta a amostra em estudo. E, adicionalmente, trata-se de inquiridos que estão numa fase da vida em que o rendimento próprio para aplicar em inves-timentos tais como ações, quotas ou fundos, não será ex-pressivo.
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Pergunta n.º 5 – Qual considera ser a sua posição política?
Posição Política Posição Política Frequência Percentagem
Centro 4 7,8%
Centro-direita 7 13,7%
Centro-esquerda 7 13,7%
Direita 11 21,6%
Esquerda 4 7,8%
Extrema-direita 0 0
Extrema-esquerda 0 0
Nenhuma 18 35,3%
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 5: Número e percentagem de inquiridos de acordo com a sua posição política
De acordo com o quadro 5, 35,3% da amostra, corres- pondendo a 18 inquiridos, não possui posição política defi-nida. Segue-se, com 11 respostas, correspondendo a cerca de 21,6% da amostra, a Direita, seguindo-se o Centro-Direita e o Centro-Esquerda com 13,7% da amostra, com apenas 7 inquiridos cada. Nesta análise, nenhum dos inquiridos optou pelas opções “Extrema-direita” e “Extrema-esquerda”.A posição política do indivíduo afeta certamente a forma como se pronuncia perante diversas problemáticas fiscais. Para além disso, a evidência de um certo afastamento da política de aqui se deteta será bastante comum entre os jovens, face á deteriorada imagem da ação política em Portugal e muitos outros países.
3.2. Perceção dos estudantes sobre o Sistema Fiscal (SF)
Na sequência da caraterização dos indivíduos, surge agora uma outra parte do estudo onde se pretende conhecer a perceção dos estudantes sobre aspetos fulcrais o SF.
Pergunta n.º 6 – Em seu entender, numa escala de 0-10, em que 0 significa “nada justo” e 10 “extremamente justo” como classificaria o atual sistema fiscal português?
Fiscalidade e JustiçaJustiça Frequência Percentagem
0 “nada justo” 0 0
1 2 2%
2 2 2%
3 4 7,8%
4 11 21,6%
5 9 17,6%
6 10 19,6%
7 10 19,6%
8 4 7,8%
9 2 2%
10 “extremamente justo” 0 0
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 6: Número e percentagem de inquiridos de acordo com a classificação do SF relativamente ao grau de justiça
Da análise ao quadro 6, em que 0 significa “nada justo” e 10 “extremamente justo”, verificamos que existe uma ligeira tendência para valores centrais. Entre 0 e 10, a nota média obtida na totalidade das respostas é de 5,39. Note-se que a maior frequência dos indivíduos encontra-se no valor 4, se-guindo-se o 6 e 7. Nenhum dos inquiridos optou pelo 0 – “nada justo” ou 10 – “extremamente justo”.Conclui-se que, em face do valor médio, existe certa indefi-nição quanto à tendência dominante no tocante à perceção de justiça fiscal. Alvitramos duas explicações para tal resulta-do: ou os estudantes entendem que, nos impostos estudados, existem, simultaneamente, aspetos de justiça e injustiça que implicam uma perspetiva mais ou menos indefinida sobre o nível global de justiça fiscal; ou, numa atitude defensiva, optaram por respostas ”neutras”. Em face da tendência geral da permanente associação de “injustiça” ao nosso sistema fiscal, admitimos como provável que, ao serem expostos às escolhas que o sistema fiscal impli-ca, e nas quais soluções vistas como mais justas podem ser menos simples ou menos eficientes, e até face à evolução re-cente de certos aspetos do IRS (mais-valias, dividendos, juros) a sensação de injustiça possa ter-se reduzido para os inquiridos.Por outro lado, a expressão “sistema fiscal” pode ter sido entendida apenas numa perspetiva normativa, esquecendo, entre outros, traços como a justiça tributária na sua compo-nente processual/litígio, ou a relação entre evasão/fraude e respetiva penalização. O nível de simplicidade deste estudo não permite, a este respeito, interpretações demasiado elaboradas.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 25
Marisa Gomes, António Martins
Pergunta n.º 7 – Em seu entender, numa escala de 0-10, em que 0 significa “nada neutro” e 10 “extremamen- te neutro” como classificaria o atual sistema fiscal por-tuguês?
Fiscalidade e Eficiência/NeutralidadeEficiência Frequência Percentagem
0 “nada neutro” 1 2%
1 1 2%
2 4 7,8%
3 7 13,7%
4 8 15,7%
5 13 25,5%
6 4 7,8%
7 10 19,6%
8 3 5,9%
9 0 0
10 “extremamente neutro” 0 0
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 7: Número e percentagem dos inquiridos de acordo com a classificação do SF relativamente à eficiência/neutralida-de do sistema
No que diz respeito ao quadro 7, no qual se apresentam elementos sobre a perceção de neutralidade do SF, onde 0 significa “nada neutro” e 10 “extremamente neutro” a média da nota média atribuída pelos inquiridos encontra-se nos 4,8. Cerca de 12,5 dos inquiridos apontam para uma escala 5. Nenhum dos indivíduos optou pelas opções 9 e 10 “extrema-mente neutro”. Admitimos que, em face de ligação entre eficiência e neutra-lidade do sistema, no final da frequência uma disciplina in-trodutória ao estudo do sistema fiscal português, a capacida-de interpretativa dos inquiridos, e a eventual falta de firmeza de opiniões, possa ter conduzido a um resultado viciado por respostas “ao centro”.Na verdade, é em operações tais como fusões, cisões, trans-formação de sociedades, isenções em IVA e sua renúncia, etc., que os traços de maior ou menor neutralidade são visíveis. Tais temáticas, se bem que referidas no curso lecionado, não podem, devido a restrições temporais, ser tratadas aprofun-dadamente. Daí que os inquiridos não tenham, certamente, a sedimentação de conhecimentos necessária a respostas cabalmente fundamentadas. Este será mais um motivo para uma certa cautela e, consequentemente, responder de ma-neira a fugir de respostas extremas.
Pergunta n.º 8 – Em seu entender, numa escala de 0-10, em que 0 significa “nada complexo” e 10 “extremamen-te complexo” como classificaria o atual sistema fiscal português?
Fiscalidade e ComplexidadeComplexidade Frequência Percentagem
0 “nada complexo” 0 0
1 2 2%
2 2 2%
3 4 7,8%
4 11 21,6%
5 9 17,6%
6 10 19,6%
7 10 19,6%
8 4 7,8%
9 2 2%
10 “extremamente complexo” 0 0
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 8: Número e percentagem de inquiridos de acordo com a classificação do SF relativamente à complexidade
Da análise ao quadro 8, e no que diz respeito à complexida-de do sistema, em que 0 significa “nada complexo” e 10 “extremamente complexo” os indivíduos consideram o SF complexo, situando-se a média nos 7,27. Cerca de 16 indiví-duos escolheram a opção 8. Saliente-se que a opção 0 e 1 “nada complexo” não foram escolhidas.Na sua maioria, os indivíduos tem a perceção que o SF é demasiado complexo. Um sistema fiscal ótimo deve ser sim-ples de aplicar e compreender. A simplicidade é uma condição essencial ao funcionamento de qualquer sistema fiscal. Con-tudo, alguma complexidade pode traduzir-se em maior qua-lidade normativa e certeza de aplicação.Por outro lado, os estudantes foram expostos aos traços gerais de outros sistemas fiscais, com uma tónica de que não se encontram facilmente no mundo sistemas simples, até pelo impacto da crescente complexidade da vida empresarial.Sendo certo que todos desejam a simplicidade fiscal, o fac-to é que, na generalidade dos países, a legislação fiscal tem aumentado, e os cidadãos se queixam da difícil compres- são do sistema tributário. Os espaços de simplificação estão cada vez mais nos procedimentos (muito por via da tecno-logias de informação) parecendo as normas legais mais difí-ceis de simplificar. Claro que se podem sempre simplificar, desde que se esteja disposto ignorar ou relativizar o impac-to na receita fiscal, na justiça e em outros objetivos desejáveis do sistema.
fiscalidade
26 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Pergunta n.º 9 – Em seu entender, ordene de acordo com a respetiva prioridade os requisitos primordiais na con-ceção e aplicação do sistema fiscal, atribuindo 1 ao mais importante, 2 ao seguinte e 3 ao menos importante.
Ordenar os requisitos prioritários do SFRequisitos do SFP Frequência Percentagem
Justo 1 2%
Justo / Neutro / Simples 18 35,3%
Justo / Simples / Neutro 18 35,3%
Neutro 2 3,9%
Neutro / Justo / Simples 3 5,9%
Neutro/ Simples / Justo 2 3,9%
Simples / Justo / Neutro 7 13,7%
Total 51 100%Fonte: Elaboração Própria
Quadro 9: Número e percentagem de inquiridos de acordo com a respetiva prioridade dos requisitos do sistema fiscal
De acordo com os inquiridos, os requisitos ao qual atribuíram uma maior relevância são Justo/Neutro/Simples, bem como Justo/Simples/Neutro, de acordo com a respetiva ordem de prioridades com 35,3% da amostra cada. O requisito que mais se destaca é o da justiça fiscal. Relativamente ao segun-do e terceiro lugar existe uma dualidade entre um sistema neutro ou simples. Conclui-se que a justiça é o requisito prioritário na aplicação do SF. Com menor importância, segue-se a neutralidade e complexidade do sistema. A articulação destes 3 princípios pode suscitar questões de falta de compatibilidade, um siste-ma justo pode não ser simples.Parece-nos que esta aspiração de justiça fiscal é transversal à sociedade portuguesa (e não só). Daí que, num período em que se pede à população sacrifícios fiscais muito consideráveis, a sensação de justiça na sua repartição seja primordial. O decisor político deve, tanto quanto possível, levar isto em consideração.
Pergunta n.º 10 – “A progressividade dos impostos é a única forma de garantir a justiça do sistema”
Progressividade e JustiçaProgressividade e justiça Frequência Percentagem
Concordo em absoluto 9 17,6%
Concordo em certa medida 25 49%
Discordo em absoluto 2 3,9%
Discordo em certa medida 14 27,5%
NS/ NR 1 2%
Total 51 100%Fonte: Elaboração Própria
Quadro 10: Número e percentagem de inquiridos sobre a pro-gressividade do imposto como forma de garantir a justiça do sistema
Face à afirmação “A progressividade dos impostos é a única forma de garantir a justiça do sistema”, 49% dos inquiridos responderam que concordavam em certa medida, e 27,45% dos inquiridos discordam em certa medida. Conclui- -se que ao agrupar as opções “Concordo em absoluto” e “Concordo em certa medida”, verificamos que a maioria dos inquiridos expressam afirmativamente que a progressividade é a única forma de garantir a justiça do sistema. De facto, a justificação económica para a progressividade tem sido feita com base em argumentos de que só ela permitiria uma igual-dade de sacrifícios. Trata-se, como se sabe, de um argumento que é muito dis-cutido. A progressividade – sobretudo a sua quantificação por via de tabelas de taxas e escalões – é, antes de mais, um valor político-social, não existindo um “metro” económico que meça os sacrifícios individuais e, nesse contexto, aponte a exata medida da progressividade desejável ou economica-mente eficiente.
Pergunta n.º 11 – “um país deverá possuir um sistema fiscal simples. Contudo, é natural quanto mais desen-volvido é um país mais complexo será o seu sistema fiscal”
Complexidade do SF Complexidade do SFP Frequência Percentagem
Concordo em absoluto 15 29,4%
Concordo em certa medida 23 45,1%
Discordo em absoluto 4 7,8%
Discordo em certa medida 8 15,7%
NS/ NR 1 2%
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 11: Número e percentagem de inquiridos sobre a com-plexidade do sistema fiscal português
Da análise ao quadro 11 verifica-se que 45,1% dos inquiridos concordam em certa medida, sendo sensíveis a esta afirma-ção. Cerca de 29,4% dos inquiridos concordam em absoluto com a presente afirmação. Conclui-se que, para os inquiridos, o sistema fiscal deverá ser, por princípio, simples. Porém, o grau de desenvolvimento de um país poderá refletir-se no grau de complexidade do próprio sistema. É natural que quanto mais desenvolvido for um país maior é o grau de complexidade que lhe está associado sen-do inevitável face ao forte desenvolvimento e à evolução das transações nas economias modernas. Sociedades que são económica e financeiramente complexas dificilmente podem ter sistemas tributários simples…
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 27
Marisa Gomes, António Martins
3.3. Caraterização de alguns aspetos socioeconómicos do Sistema Fiscal
Por fim, na última parte do questionário, tenta-se conhecer a opinião e posição dos estudantes relativamente a alguns aspetos socioeconómicos do sistema fiscal português.
Pergunta n.º 12 – No seu entender, assinale com um X, os três maiores obstáculos fiscais ao investimento em Portugal.
Obstáculos fiscais ao investimento em PortugalFrequência Percentagem
Instabilidade do sistema fiscal 9 17,1%
Mau funcionamento da justiça fiscal
12 22,9%
Fraca produtividade 4 7,8%
Burocracia 9 17,6%
Complexidade do sistema fiscal 6 12,4%
Carga fiscal sobre as empresas 11 22,2%
TOTAl 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 12: Número e percentagem de inquiridos relativamen-te à perceção do indivíduo sobre os três maiores obstáculos fiscais ao investimento em Portugal
Na opinião dos estudantes, os três maiores obstáculos fis- cais ao investimento em Portugal são: o mau funcionamen-to da justiça fiscal (22,9%), carga fiscal sobre as empresas (22,2%) e, por último, Burocracia (17,6%). A fraca produ-tividade é apontada como o obstáculo que menos contribui para o investimento em Portugal com apenas 7,8% dos inquiridos.Conclui-se que a opinião dos indivíduos não difere muito da sociedade em geral. O mau funcionamento da justiça fiscal do país, bem como a elevada carga fiscal sobre as empre- sas bem como o excesso da burocracia existente são apon-tados com fortes obstáculos fiscais ao investimento em Por-tugal.
Pergunta n.º 13 – Assinale com um X os 3 principais aspetos que entende relevantes para o sistema fiscal português ser mais competitivo.
Principais aspetos para a competitividade do sistema fiscal português
Frequência Percentagem
Promover uma maior estabilidade da lei fiscal
9 17,1%
O sistema ser menos complexo
5 10,4%
Melhorar a justiça e equidade no sistema
12 22,9%
Aplicação de regimes simplificados na tributação
4 8,4%
Aumentar os direitos e garantias dos contribuintes
9 17,6%
Reduzir a carga fiscal 12 23,5%
TOTAl 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 13: Número e % de inquiridos relativamente à perceção do indivíduo sobre os três principais aspetos que entende rele-vantes para o SFP ser mais competitivo
De acordo com o quadro 13, os três principais aspetos para a competitividade do sistema fiscal são: a redução da carga fiscal (23,5%), melhorar a justiça e equidade no sistema (22,96%) e aumentar os direitos e garantias dos contribuintes (17,6%). Segue-se, com 17,1% dos inquiridos, a promoção de uma maior estabilidade da lei fiscal. Por último, os estu-dantes deram uma menor relevância à aplicação de regimes simplificados na tributação. Conclui-se que de acordo com o atual sistema fiscal verifica-mos que a perceção dos estudantes, porventura, corresponde à realidade que se vive. As sucessivas alterações ao sistema fiscal estão, muito das vezes, dependentes das opções políti-cas tomadas numa perspetiva conjuntural, e poucas vezes estrutural. A instabilidade do sistema decorre, em boa parte, deste fator.
fiscalidade
28 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Pergunta n.º 14 – “A justiça fiscal é uma condição indis-pensável da justiça social”.
Justiça fiscal versus Justiça socialJustiça fiscal versus social Frequência Percentagem
Concordo em absoluto 31 60,8%
Concordo em certa medida 16 31,4%
Discordo em absoluto 2 3,9%
Discordo em certa medida 2 3,9%
NS/ NR 0 0
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 14: Número e percentagem de inquiridos de acordo com a condição de indispensabilidade da justiça fiscal versus justiça social
De acordo com o quadro 14, 60,78% dos inquiridos con-cordam que a justiça fiscal é uma condição indispensável da justiça social. Apenas 31,37% concorda em certa medida. De acordo com a perceção dos estudantes, a justiça fiscal torna-se assim uma condição indispensável da justiça social. Na análise de cruzamento de variáveis realizada, constata-se que o sexo dos indivíduos influencia o conceito de justiça fiscal como condição de indispensabilidade de justiça social. Relativamente à atividade profissional dos pais, ela afeta a perceção do grau de complexidade, bem como influencia o conceito de justiça fiscal. No que diz respeito aos investimen-tos financeiros, verifica-se que o grau de eficiência do SF é influenciado pelos indivíduos que são detentores de ativos financeiros. Na análise à posição política dos indivíduos, conclui-se a posição política não tem impacto na forma como os indivíduos avaliam o sistema fiscal português. Em suma: o sexo, a titularidade de ativos financeiros e a atividade profissional dos pais poderão influenciar muitas das opções expressas pelos inquiridos.
BIBlIOGRAFIA CONSulTADA
BAIRRADA, Cristela e MARTINS, António (2008). uma Nota Sobre a Justiça Fiscal em Portugal.
Consultado em 30/01/2013 em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0873-74442008000300003&script=sci_arttext
CATARINO, João Ricardo, GUIMARÃES, Vasco Branco (2012). lições de Fiscalidade, Coimbra, Almedina.
DGCI, Simplificação do sistema fiscal – o papel da administração pública.
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS e da Administração Pública (MFAP) (2009). Relatório do Grupo para o Estudo da Política Fiscal. Competi- tividade, Eficiência e Justiça do Sistema Fiscal. Consultado em 30/01/2013 em: http://info.portaldasfinancas.gov.pt/NR/rdonlyres/8AFAA047-5AB4-4295-AA08-E09731F29B0A/0/GPFRelatorioGlobal_VFinal.pdf
PEREIRA, M. H. Freitas (2009), Fiscalidade (3.ª Edição), Coimbra, Alme-dina
PEREIRA, Paulo Trigo et al. (2007), Economia e Finanças Públicas (2º Edição).
SANTOS, J. Albano (2003), Teoria Fiscal. Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
SLEMROD, Joel e BAKIJA, Jon (2004), Taxing Ourselves: A Citizen´s Guide to the Debate over Taxes. London, The Mit Press.
STIGLITZ E. Joseph (2000). Economics of the Public Sector. (3rd edition). W.W. Norton & Company.
TOMAZ, João J. Amaral (2006), “A Equidade Fiscal Revisitada”. In AA. VV. (Ed.), Homenagem a José Guilherme Xavier de Basto. Coim-bra, Coimbra Editora, pp. 407-418.
(*) O texto que aqui se publica é extraído, com significativas adaptações e simplificações, do Projeto de Dissertação de Mestrado de Marisa Gomes, apresentado na FEUC, em 2012.
50% de desconto em Formação para Desempregados
No espírito de apoio e entreajuda aos Associados, a Direcção da APOTEC atribuiu o benefício de 50% de desconto, nas inscrições em Acções de Formação*, aos Associados que se encontrem em situação de desem-prego.Para o efeito, é apenas necessário comprovativo do Centro de Emprego.
* Acções de Formação limitadas a 6h (1 dia)
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 29
síntese económica
Paulo Nogueira Filho (Jorna lista)
Poucos com muito, muitos com pouco
Metade da riqueza do mundo está nas mãos de apenas 1% da população mundial. Dados divulgados pela ONG Oxfam revelam o tamanho da disparidade social no planeta. A assi-metria ganhou força desde 2008, quando a crise mundial afetou em especial as classes médias.A desigualdade social é considerada como tão profunda hoje que começa a assustar até os organizadores do Fórum Econó-mico Mundial de Davos, a vanguarda do capitalismo, que reú-ne anualmente na estância de esqui suíça. Um documento preparado pela entidade revela que as disparidades sociais são riscos reais para a estabilidade internacional. Entre os riscos para o mundo, Davos aponta que a disparidade é o maior deles.Mas é o estudo da Oxfam que traz os dados mais reveladores. 85 fortunas mundiais acumulam a mesma riqueza que 3,5 biliões de pessoas. Ou seja, metade da humanidade. Na prá-tica, 1% das pessoas controlam 50% do PIB do planeta. Desta vez, os dirigentes políticos reunidos em Davos foram confrontados com números claros. Nos EUA, 95% do cresci-mento gerado após a crise de 2008 ficou nas mãos de 1% da população.Na Europa, as dez pessoas mais ricas do Velho Continente mantêm fortunas equivalentes a todos os pacotes de resgate dados aos países da região entre 2008 e 2010. Ou seja: cer-ca de 200 biliões de euros.
Portugal e os novos emigrantes
O Governo estima que em 2012 tenham saído do País mais de 120 mil portugueses, um número apenas repetido na década de 60 do século passado. Mas, pelo trabalho exercido, remunerações auferidas ou simplesmente opções de poupan-ça, as remessas enviadas para Portugal não estão a crescer na mesma proporção.
De acordo com os dados do Banco de Portugal, as remessas enviadas pelos emigrantes têm aumentado muito lentamente e, em 2012, ficaram ao nível do registado dez anos antes. Até 2003, o volume de dinheiro enviado pelos emigrantes para Portugal rondava os três mil milhões de euros por ano. Nesta altura, o volume de envios caiu para cerca de 2,4 mil milhões de euros/ano e manteve-se praticamente inalterado nos últimos oito anos, altura de baixo fluxo de emigração. Isto até 2012, quando voltou a aumentar para o maior valor observado desde 2001, 2,75 mil milhões de euros.
Os solavancos dos salários portugueses
Entre 2004 e 2009, as famílias portuguesas viram o seu ren-dimento disponível crescer, em média, dez pontos percentuais. Porém, “esses ganhos foram perdidos na quase totalidade” até 2012, com a crise económica, indica o Índice de Bem- -Estar do Instituto Nacional de Estatística (INE) – um trabalho que realiza pela primeira vez.Segundo o INE, nos últimos três anos o chamado rendimento disponível mediano voltou para os níveis de 2004. E este não foi o único sinal: o indicador da vulnerabilidade económica também foi dos que apresentou uma evolução mais desfavo-rável “traduzindo uma progressiva vulnerabilidade das famílias fortemente induzida pelo afastamento das mesmas do mer-cado de trabalho, pelos elevados níveis de endividamento e pela intensificação da dificuldade em pagar os compromissos assumidos com a habitação”.Por exemplo, só o índice da proporção de pessoas com mais de 15 anos a viverem em agregados onde todos os que tinham idade de trabalhar estavam desempregados teve um agrava-mento de 60 pontos percentuais. A taxa de pobreza é outro dos problemas identificados.
30 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Os dados, de uma forma genérica, mostram que no espaço de oito anos, numa primeira fase, tanto os indicadores ma-teriais como os relacionados com a qualidade de vida estavam a evoluir favoravelmente – mas a degradação da situação económica do país fez com que os primeiros sofressem uma inversão. No entanto, no campo do bem-estar, na área da saúde, educação e ambiente, muitos dos ganhos mantiveram- -se, de acordo com o INE.No campo da qualidade de vida, há ainda um indicador cha-mado “trabalho e remuneração” e que é excepção no com-portamento, já que também piora, “devido essencialmente ao aumento do desemprego, que se acentuou a partir de 2009” e que fez com que houvesse uma variação negativa de mais de 24 pontos percentuais. “Em sintonia com a evo-lução do desemprego, sublinha-se a evolução também desfa-vorável, a partir de 2008, do indicador proporção de pessoas que pensam ser provável ou muito provável perder o empre-go”, lê-se no trabalho.
Do lado positivo salientam-se os indicadores na área da saúde, com uma melhoria global de quase 25 pontos per-centuais. Para esta evolução contribuíram várias áreas como a avaliação positiva dos serviços de saúde, a queda da taxa de mortalidade em pessoas com menos de 65 anos por doenças do aparelho circulatório e a taxa de mortalidade infantil.O campo da educação também mereceu uma avaliação positiva (prevendo-se um ligeiro decréscimo em 2012), con-tribuindo para isso dados como publicações científicas por 100 mil habitantes, doutoramentos, proporção de pessoas entre os 30 e 34 anos com o ensino superior completo ou redução dos chumbos e desistências no terceiro ciclo do ensino básico. Em termos de ambiente, destaca-se a redução da emissão de gases com efeito de estufa, sobretudo a partir de 2006.
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Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 31
consultório
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Microgeração
Questão Sócio n.º 15973
Um empresário em nome individual no regime trimestral do IVA, adquiriu uma microgeração, que irá fazer parte do seu ativo tangível. Quem emite a fatura será a EDP, por imposição legal? Como se deve tratar na DP IVA? Pode o ENI de alguma forma ser ele a emitir a fatura à EDP? Estes rendimentos serão declarados no IRS?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. De acordo com o n.º 4 do artigo 12.º do DL 363/2007, de 02.11, alterado e republicado pelo DL 118-A/10, de 25.10, «a facturação relativa à electricidade resultante da micropro-dução é processada pelo comercializador nos termos do n.º 11 do artigo 35.º do Código do IVA (actual artigo 36.º), sem necessidade de acordo escrito do produtor». 2. Embora para o efeito se preveja a auto-facturação legal pelo comer-cializador, tal facto não exclui o produtor do cumprimento das demais obrigações decorrentes do Código, nomeadamen-te, a de relevar o imposto liquidado na respectiva declaração periódica e proceder à sua entrega nos cofres do Estado, sempre que o mesmo se mostre devido. 3. Dado que ao produtor também lhe assiste o direito à dedução do imposto suportado a montante os valores da base tributável e do imposto eventualmente dedutível deverão ser inscritos na declaração periódica, no campo 3 (base tributável), no campo 4 (imposto liquidado) e nos campos 20 a 24 (IVA dedutível), todos do quadro 06 da actual declaração periódica. 4. No que respeita à eventualidade do produtor se substituir ao comer-cializador, também, na liquidação do imposto, refira-se que não estamos perante uma situação de reverse charge, pelo que, tal não é possível. 5. Os rendimentos resultantes da actividade de microprodução prevista no DL 363/2007, de 02.11, estão sujeitos a IRS, sendo certo que o montante de valor inferior a € 5 000, está excluído da tributação em IRS (n.º 6 do artigo 12.º do referido diploma). 6. A totalidade do rendimento proveniente desta actividade deve ser indicada no campo 423 do Anexo B, quadro 4A, da declaração modelo 3, sendo a exclusão assumida automaticamente quando aque-le montante for inferior a € 5000 (OFCD 20 156/12, de 02.02). 7. Sendo de preencher o Anexo C também nele devem ser destacados os rendimentos provenientes da produção de electricidade por intermédio de unidades de microprodução. Contudo, neste Anexo apenas deve ser inscrito no novo campo 463, o rendimento excluído de tributação, ou seja o montante inferior a € 5 000 (OFCD 20 156/12, de 02.02).
SP – 2013-10-09
Trabalhos efetuados pela empresa no estrangeiro (França)
Questão Sócio n.º 3381
A empresa em questão é uma sociedade comercial por quo-tas, sujeita ao regime normal do IVA, inserida no setor da construção civil (construção de edifícios). Face às dificuldades do mercado nacional, a partir de 2012 foi trabalhar para França, em regime de subcontratação. Além do sócio-geren-te dispõe de 4 trabalhadores portugueses ao serviço (pedrei-ros e trolhas), todos deslocados em França. A empresa paga a cada trabalhador o respetivo vencimento, sujeito a IRS e contribuições para a Segurança Social em Portugal. Além do vencimento paga-lhes também a renda (numa espécie de pensão) e os gastos de alimentação (refeições e/ou compra de géneros alimentícios) obtidos em França. Praticamente todos os gastos são realizados em França (excecionando os gastos com vencimentos, telemóvel, leasing de viatura e mais um ou outro). Dispõe de apenas 1 cliente a quem passa uma fatura por mês de serviços prestados de construção civil, re-digida em francês, com a seguinte menção: “Não sujeito a IVA – al. a), n.º 7, art.º 6.º do CIVA”. Não existem compras de matérias-primas e subsidiárias, dado que as mesmas são fornecidas pelo contratante. 1. Em termos de IVA: sendo os serviços prestados não sujeitos a IVA, a menção na fatura passada ao cliente é a correta? Não estamos a recuperar o IVA suportado em França nos gastos suportados (alimentação e outros) uma vez que os valores são baixos e também porque na maioria dos casos as faturas emitidas não contêm os re-quisitos legais (por ex. NIF do fornecedor e cliente, nome e morada). Tal procedimento é correto? 2. Em termos de IRC: a empresa paga IRC em Portugal, já que tem aqui a sede, embora os serviços sejam, na totalidade, prestados em Fran-ça. Há aqui alguma irregularidade?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. A alínea a) do n.º 7 do artigo 6.º do CIVA, determina que, independentemente da localização do prestador ou da natu-reza do destinatário, as prestações de serviços relacionadas com bens imóveis são localizadas/tributadas sempre no lugar onde se situa o imóvel. 2. Neste sentido, os serviços prestados sobre imóveis localizados em França são aí tributados. 3. O IVA suportado em França não é dedutível em território nacio-nal, mas é susceptível de reembolso. Pretendendo obter o reembolso do imposto suportado em operações tributáveis efectuadas noutro Estado membro da Comunidade, devem os sujeitos passivos apresentar junto da Direcção-Geral dos Impostos, por via electrónica, o correspondente pedido, de acordo com as condições fixadas no Estado membro ao qual
32 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
é solicitado o reembolso, de acordo com o Capítulo II do anexo ao DL 186/09, de 12.08. 4. De acordo com o n.º 1 do artigo 4.º do CIRC, tendo a empresa a sua sede em território nacional, o IRC incide sobre a totalidade dos seus rendimen-tos, incluindo os obtidos fora desse território, ou seja, neste caso em França.
SP – 2013-10-09
Compra mercadorias 2ª mão
Questão Sócio n.º 19944
Um sujeito passivo compra bens em 2.ª mão em leilões, pre-tende efetuar a venda pelo regime da margem. Como eviden-ciar esta situação na declaração periódica do IVA, no ficheiro Saft e como efetuar os respetivos lançamentos contabilísticos?
Resposta do Assessor Fiscal:
Se a revenda dos bens em 2.ª mão está abrangida pelo regi-me especial de tributação previsto no DL 199/96, de 18.10, então a respectiva base tributável deve ser relevada nos cam-pos 1, 5 ou 3 e o imposto liquidado nos campos 2, 6 ou 4, do Quadro 06 da respectiva declaração periódica de rendi-mentos.
SP – 2013-10-08
Resposta do Assessor Contabilístico:
Conclui-se do exposto que o revendedor pretende declinar o pagamento do imposto sobre o valor acrescentado segun-do as regras gerais do Código do IVA, optando por liqui- dar o imposto, por cada transacção efectuada, segundo o Regime Especial da Tributação de Bens em 2.ª Mão, Objectos de Arte, de Colecção e Antiguidades, visto que afirma reunir as condições para o seu enquadramento neste Regime e apurar e liquidar o imposto devido. Assim sendo, e tendo em conta a informação que nos disponibiliza para o tratamento contabilístico destas transacções, sugerimos os seguintes pro-cedimentos: 1 – Na aquisição e nos custos adicionais de compra a) 311.x – Compras – Mercadorias – Bens em 2.ª Mão. (por contrapartida das contas 11 – Caixa ou 12 – De-pósitos à ordem ou 221.x – Fornecedores c/c) b) 32.x – Exis-tências – Mercadorias – Bens em 2.ª Mão (transferência da conta 31 – compras para existências). 2 – Na transacção dos Bens em 2.ª Mão c) 711.x – Vendas – Mercadorias – Sujeitas a Regimes Particulares – Bens em 2.ª Mão (com iva incluído) por contrapartida da conta 211.x – Clientes c/c. d) 716.x – – IVA das vendas com imposto incluído – Bens em 2.ª Mão (débito desta conta e crédito da conta 2433.x – IVA Liqui-dado).
NC – 2013-10-21
Documentos de transporte e sua comunicação à A.T., face ao Decreto lei 147/2003, republicado pelo D.l. 198/2012
Questão Sócio n.º 10441
Fui abordado por um cliente, com atividade de serviços de armazenagem frigorífica, serviços de armazenagem não fri-gorifica, prestação de serviços e comércio em geral, CAE: 52101, enquadrado no regime normal do IVA, que me colo-cou as situações seguintes, a fim de esclarecer a obrigatorie-dade, ou não, da emissão e comunicação dos documentos de transporte e esclarecer a quem cabe a obrigação da sua emissão e comunicação: 1. A exponente é contratada por sujeitos passivos nacionais (FN), donos da mercadoria, para fazer o serviço de transporte refrigerado de mercadorias des-de o armazém do fornecedor com vista à entrega por diversos clientes, também sujeitos passivos, com sede em Portugal (CN), passando pelo armazém da exponente, onde pode permanecer por vários dias, semanas ou meses, até receber ordens de FN para entregar a mercadoria a CN. A faturação da mercadoria é feita por FN a CN e o serviço de transporte e armazenamento é faturado pela exponente a FN. 2. A ex-ponente é contratada por sujeitos passivos da UE (FUE), donos da mercadoria, para fazer o serviço de transporte refrigerado de mercadorias desde o armazém do fornecedor com vista à entrega por diversos clientes, também sujeitos passivos, com sede em Portugal (CN), passando pelo armazém da exponen-te, onde pode permanecer por vários dias, semanas ou meses, até receber ordens de FUE para entregar a mercadoria a CN. A faturação da mercadoria é feita por FUE a CN e o serviço de transporte e armazenamento é faturado pela exponente a FUE. 3. A exponente é contratada por sujeitos passivos da UE (FUE), donos da mercadoria, para fazer o serviço de transpor-te refrigerado de mercadorias desde o armazém do produtor no território nacional com vista à entrega por diversos clientes, também sujeitos passivos, com sede em Portugal (CN), pas-sando pelo armazém da exponente, onde pode permanecer por vários dias, semanas ou meses, até receber ordens de FUE para entregar a mercadoria a CN. A faturação da mercadoria é feita por FUE a CN e o serviço de transporte e armazena-mento é faturado pela exponente a FUE.
Resposta do Assessor Fiscal:
i. A exponente é contratado por fornecedores nacionais para fazer o transporte refrigerado de mercadoria desde o respec-tivo armazém para o seu próprio armazem, com vista à en-trega posterior da mesma a diversos clientes nacionais. ii. A exponente é contratada por fornecedores da UE para fazer o transporte refrigerado de mercadoria desde o respectivo ar-
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 33
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mazém até ao armazém da exponente, com vista à entrega posterior da mesma a diversos clientes nacionais. iii. A expo-nente é contratada por fornecedores da UE para fazer o transporte refrigerado de mercadoria desde o armazém de produtor nacional até ao seu próprio armazém, com vista à entrega posterior da mesma a diversos clientes nacionais. 1. As situações previstas nos pontos i. e iii. consubstanciam operações internas, enquanto que as referidas no ponto ii. se referem a transacções intracomunitárias. 2. Consideram-se «aquisições intracomunitárias» a obtenção do poder de dis-por, por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, de um bem móvel corpóreo cuja expedição ou transporte para território nacional, pelo vendedor, pelo adqui-rente ou por conta destes, com destino ao adquirente, tenha tido início noutro Estado membro (artigo 3.º do RITI). 3. Na hipótese i. o fornecedor e o comprador são sujeitos passivos nacionais. Trata-se de operações internas. 4. Na hipótese ii. o fornecedor dos bens é um sujeito passivo da UE que faz transportar os bens pela exponente para Portugal com desti-no a diversos clientes nacionais, com transbordo nos armazéns da transportadora até posterior ordem de entrega aos respec-tivos clientes nacionais. Trata-se de aquisições intracomunitá-rias. 5. Na hipótese iii. o fornecedor da UE adquire os bens em território nacional e vende-os a clientes nacionais. Os bens são entregues pelo vendedor nacional ao exponente contra-tado pelo adquirente/fornecedor da UE que os transporta para o seu armazém até lhe ser ordenada a sua entrega aos res-pectivos clientes. Os bens não chegam a sair do território nacional. Trata-se de operações internas. 6. O Regime de Bens em Circulação, aprovado pelo DL n.º 147/2003, de 11/07, alterado e republicado pelo DL 198/12, de 24.08, estabelece as normas sobre os documentos de transporte que devem acompanhar os bens em circulação. 7. Determina o n.º 1 do artigo 1.º do citado Regime que “todos os bens em circulação no território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objecto de operações realizadas por sujeitos pas-sivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do presente diploma”. 8. Porém, há bens que estão excluídos deste regime, o que significa que a sua circulação não implica a obrigatoriedade de serem acompanhados de documento de transporte. 9. Estão nestas condições, desig-nadamente, os bens respeitantes a aquisições intracomunitá-rias, a que se refere o DL n.º 290/92, de 28.12. Nestes casos, os bens em circulação respeitantes a essas operações não carecem de ser acompanhadas de documento de transporte, por disso se encontrarem excluídos (alínea b ) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação). 10. Apesar de estes bens não estarem sujeitos à obrigatoriedade de docu-mento de transporte previsto no referido Regime, poderá ser
exigida prova da proveniência e destino dos mesmos (arti- go 3.º, n.º 3), que poderá ser feita mediante a apresentação de qualquer documento comprovativo da natureza e quanti-dade dos bens, sua proveniência e destino (artigo 3.º, n.º 4). 11. Entende-se por «Documento de transporte» a factura, guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes (alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º). 12. As guias de remessa ou documentos equivalentes devem conter, pelo menos, os elementos referidos no n.° 2 do artigo 4.° do referido Regime. 13. As guias de remessa ou docu-mentos equivalentes devem ainda indicar os locais de carga e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se inicia o transporte (n.° 4 do artigo 4.°). 14. A obrigatorieda-de do processamento do documento de transporte não está condicionada à transmissão dos bens, bastando apenas que esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico, transformação, exposição, etc., por motivo de transmissão onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devo-lução, de afectação a uso próprio, de entrega à experiência ou para fins de demonstração, ou de incorporação em pres-tações de serviços, de remessa à consignação ou de simples transferência (alínea a) do n° 2 do art° 2°). 15. Por sua vez, determina o n.° 1 do artigo 6.° do citado Regime que os documentos de transporte devem ser processados pelos su-jeitos passivos referidos na alínea a) do n.° 1 do artigo 2.° do Código do IVA e pelos detentores dos bens, antes do início da sua circulação, ou seja, dependendo do tipo de documen-to de transporte utilizado, tanto o remetente dos bens como o transportador dos mesmos podem emitir o documento de transporte, desde que o façam antes do início da circulação dos bens. 16. Refira-se ainda que, no âmbito do referido Regime é irrelevante quem é o titular do veículo para efectu-ar o transporte das mercadorias, desde que as mesmas sejam acompanhadas com os respectivos documentos de transporte. 17. Considerando o exposto anteriormente, o exponente quando transporta os bens (hipóteses i., ii. e iii.) a partir do seu armazém para entrega aos clientes, deve processar o respectivo documento de transporte. 18. Efectivamente, mui-to embora o exponente não seja o vendedor dos bens, que são facturados pelo respectivo fornecedor, uma vez que efec-tua o transporte desses bens, deve processar os respectivos documentos de transporte com os elementos legalmente exi-gidos, tendo como local de carga o seu armazém, e descarga o local onde os bens são entregues ao cliente, que, como já foi referido, não estão condicionados à sua transmissão, mas sim ao seu efectivo transporte. 19. No caso referido em ii., como se disse, os bens em circulação até aos armazéns da exponente não carecem de ser acompanhadas de documento de transporte, por disso se encontrarem excluídos (alínea b ) do n.º 2 do artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação). 20.
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No caso dos bens respeitarem a operações internas (hipóteses i. e iii.) os documentos de transporte devem ser emitidos pelo fornecedor nacional e posteriormente pelo transportador des-de o seu armazém até ao local de entrega dos bens aos clientes.
SP – 2013-10-09
venda de viatura afeta a atividade de TÁXI
Questão Sócio n.º 30338
Uma viatura adquirida na Alemanha para o serviço de Táxi na qual não foi deduzido o IVA aquando da sua contabilização no imobilizado da firma, vai-se proceder à sua venda por substituição de uma outra adquirida em estado novo. Se a venda for dada como retoma ao Stand que documento deve ser emitido? Nota Crédito do vendedor ou fatura recibo da empresa de Táxi? Com IVA ou isenta e qual o artº.? Se a venda for efetuada a um particular a fatura recibo é passada com IVA ou isenta e qual o artº.?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. Vamos admitir que a viatura adquirida na Alemanha pelo sujeito passivo nacional era usada e que ali foi vendida por um sujeito passivo registado para efeitos do imposto sobre o valor acrescentado naquele país comunitário. 2. Tratou-se, assim, de uma aquisição intracomunitária sujeita a IVA, de acordo com a alínea a) do artigo 1.º e 3.º do RITI. 3. Desse normativo decorre a obrigação, por parte dos sujeitos passivos que, no território nacional, efectuem aquisições intracomuni-tárias de viaturas usadas, de proceder à liquidação do corres-pondente imposto, sempre que o transmitente seja um sujei-to passivo do IVA noutro Estado membro, nas condições aí previstas. 4. Na determinação do valor tributável dessas aqui-sições intracomunitárias de viaturas usadas, deverá o sujeito passivo ter em conta o disposto no n.º 3 do artigo 17.º do RITI, determinando a inclusão nesse valor do imposto auto-móvel (IA) devido, ainda que não seja liquidado simultanea-mente. 5. O IVA suportado na aquisição era dedutível, uma vez que a viatura adquirida se destinava a ser explorada na actividade do sujeito passivo (serviço de táxi) – (alínea a) do n.º 2 do artigo 21.º do CIVA e artigo 19.º e 33.º do RITI). 6. Configurando-se a posterior venda das viaturas usadas no mercado nacional como operações sujeitas a IVA nos termos da alínea a) do nº 1 do artigo 1.º do respectivo Có-digo, caberá ao transmitente, quando actue na qualidade de sujeito passivo, proceder a liquidação do correspondente im-posto. 7. Os sujeitos passivos são obrigados a emitir uma
fatura por cada transmissão de bens ou prestação de serviços, independentemente da qualidade do adquirente dos bens ou destinatário dos serviços, ainda que estes não a solicitem (alínea b) do n.º 1 do artigo 29.º do CIVA). 8. Nos termos do n.º 3 do art.º 16.º do CIVA, a troca é considerada como duas transmissões de bens, ambas tributadas pelo valor pleno. 9. Assim, a aquisição de uma viatura nova com entrega de um veículo usado deve ser subdividida em duas operações: a venda da viatura nova é sujeita a IVA, sendo o valor tributá-vel igual à soma do montante recebido em dinheiro do ad-quirente, acrescido do valor normal do veículo recebido em troca; a entrega da viatura usada será sempre isenta se efec-tuada por particular ou, se feita por um sujeito passivo, se for abrangida pela isenção do n.º 32 do art.º 9.º, e tributada nos restantes casos. 10. Não estando a viatura dada em troca abrangida pela parte final do n.º 32 do artigo 9.º do CIVA, o seu valor de troca é tributável. 11. A venda a um particular também estará sujeita a tributação.
SP – 2013-10-16
Franquia – Companhia Seguros
Questão Sócio n.º 30338
Na Ordem de pagamento a Companhia de Seguros passa à oficina a seguinte ordem de pagamento: Materiais: 2.000,00. Mão Obra: 800,00. IVA 23% 644,00. Total 3.444,00. Franquia 280,00. Valor a pagar 3.164,00. Como se elabora esta fatu-ra à Companhia de Seguros? O valor da franquia é faturada à parte ao cliente da oficina (sinistrado)? Incide IVA?
Resposta do Assessor Fiscal:
1. No caso «sub-judice» a entidade reparadora do veiculo sinistrado deve liquidar IVA sobre o valor da reparação efec-tuada, quer a facturação seja emitida em nome da companhia de seguros, quer do segurado. 2. O que está em causa é a contraprestação do serviço prestado pela oficina, inquestio-navelmente, sujeito a IVA. 3. Neste sentido, o valor da franquia pode ser facturado ao segurado e a parte restante da repa-ração à companhia de seguros, em ambos os casos com a respectiva liquidação do imposto devido. 4. Caso a totalidade da reparação seja facturada à seguradora e, posteriormente, a franquia venha a ser debitada ao segurado, o imposto ini-cialmente liquidado é regularizável nos termos do art.º 78.º do CIVA, sem prejuízo de haver sempre lugar a liquidação de IVA ao segurado quando lhe for debitada a franquia (OFCD n.º 147 533, de 20.12.89).
SP – 2013-10-16
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 35
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CFEI
Questão Sócio n.º 17105
Uma empresa XPTO pretende usufruir do incentivo CFEI – – Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento. A empresa, tem tido algumas dificuldades cíclicas de tesouraria, dado que mais de 90% dos clientes são Municípios. Para receber dos mesmos, precisa apresentar uma certidão de situação contri-butiva regularizada perante a AT e a Segurança Social. A certidão é válida por 3 e 4 meses, respectivamente para a AT e Segurança Social. Durante o período entre certidões, a empresa fica com atrasos no pagamento das retenções na fonte e contribuições para a Segurança Social, só voltando a regularizar a situação aquando e antes do terminus do perío- do de validade das certidões. A empresa pode beneficiar do CFEI?
Resposta do Assessor Fiscal:
De acordo com a Lei 49/13, de 16.07, designadamente dos seus artigos 2.º, 3.º e 6.º, resulta que: 1. Podem beneficiar do Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento (CFEI) os sujeitos passivos de IRC que exerçam, a título principal, uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, ou seja, todos aqueles que exerçam actividades que consistam na realização de operações económicas de carácter empresa-rial, incluindo as prestações de serviço, nos termos do n.º 4 do artigo 3.º do CIRC, bem como os sujeitos passivos não residentes com estabelecimento estável situado em território português, que preencham, cumulativamente, as seguintes condições: (i) Disponham de contabilidade regularmente or-ganizada, de acordo com a normalização contabilística e outras disposições legais em vigor para o respetivo sector de actividade; (ii) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos; e (iii) Tenham a situação fiscal e contribu-tiva regularizada. 2. O benefício fiscal a conceder correspon-de a uma dedução à coleta de IRC no montante de 20% das despesas de investimento em activos afectos à exploração, que sejam efectuadas entre 1 de Junho de 2013 e 31 de Dezembro de 2013, com o montante máximo das despesas de investimento elegíveis de 5.000.000 euros. 3. A dedução é efectuada na liquidação de IRC respeitante ao período de tributação que se inicie em 2013, até à concorrência de 70% da colecta do imposto e deve ser justificada por documento a integrar o processo de documentação fiscal a que se refere o artigo 130.º do Código do IRC que identifique discrimina-damente as despesas de investimento relevantes, o respectivo montante e outros elementos considerados relevantes. 4. A importância que não possa ser deduzida num determinado exercício, poderá sê-lo, nas mesmas condições, nos cinco
períodos de tributação subsequentes. Em conclusão e em meu entender: para beneficiar do Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento (CFEI), o sujeito passivo deve ter a sua situação fiscal e contributiva regularizada no momento da liquidação, o que deve ser certificado por documento emitido pela enti-dade competente que deve integrar o processo de documen-tação fiscal.
SP – 2013-10-23
Regularização IvA
Questão Sócio n.º 16081
1. Notas de crédito emitidas por fornecedores comunitários em que na fatura se aplicou o reverse-charge. Deve ser tam-bém corrigido a n/ favor e simultaneamente a favor do esta-do o IVA? 2. Notas de crédito emitidas por fornecedores nacionais em que se fez a autoliquidação do IVA (SUCATAS), ou seja, fez-se também o reverse-charge, deverá ser também feita e correção do IVA a n/ favor e a favor do estado?
Resposta do Assessor Fiscal:
Nas situações descritas a obrigação de liquidar imposto e de o entregar ao Estado, com direito a dedução (alínea c) do n.º 1 do artigo 19.º do CIVA), concentra-se na mesma pes-soa, ou seja, no adquirente dos bens. Se as notas de crédi-to resultam de alterações posteriores ao valor tributável das aquisições (intracomunitárias e nacionais) deverá proceder-se do seguinte modo: a) Se o facto determinante da alteração ocorrer numa altura em que não tenha sido remetida a declaração periódica do período em que se verificou a aqui-sição dos bens, deverá a alteração ser, desde logo, conside-rada nos campos 1, 5, 3 ou 10 e 2, 6, 4 ou 11 e nos campos 20 a 24 do quadro 06 da referida declaração. b) Se o facto determinante da alteração implicar um novo fluxo físico dos bens (sua devolução) e ocorrer numa altura em que já tenha sido apresentada a declaração periódica refe-rente ao período em que se verificou a aquisição de bens, deverá indicar-se o imposto a mais liquidado e a correspon-dente importância a menos deduzida, respectivamente nos campos 40 e 41 do quadro 06 da declaração periódica se-guinte. c) Se o facto determinante da alteração não implicar o circuito dos bens, mas apenas um novo fluxo documental (v.g. concessão de descontos, abatimentos ou bónus), não haverá necessidade de proceder a correcções na declaração periódica sem prejuízo da sua relevância para efeitos de registo contabilístico.
SP – 2013-10-23
36 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
glossário do contabilista
Crédito
O vocábulo “crédito” operou sensível evolução, como signi-ficante na língua portuguesa, desde o étimo latino (creditum), muito mais do que na forma escrita.E é ainda de assinalar a abrangência do termo, muito maior que o seu antónimo – “débito”. Ao usar-se nos séculos mais recentes, essencialmente em termos de finanças e contas, alienou-se bastante o seu signi-ficado inicial, de ordem moral de onde proviera.
Dicionário Houaiss de língua Portuguesa – Instituto An-tónio Houaiss de lexicografia Portuguesa – 2004
Crédito – (séc. XIV-Índ.Voc.Port.Medieval) (étimo latino, creditum) – crença, confiança, empréstimoConfiança, crença alimentada pelas qualidades de uma pessoa ou coisa; segurança de que alguém ou algo é capaz ou veraz (aquele médico sempre mereceu todo o crédito dos seus clientes) (as notícias eram dignas de crédito)Crédito mercantil – o que se combina em termos de recipro-cidade entre produtores e intermediários na compra e venda dos mais diversos produtos.…
A Enciclopédia – Editorial verbo – 2004
Crédito – Confiança que inspiram as boas qualidades de uma pessoa//boa fama//reputação de solvabilidade//prazo para pagamento.
Dicionário de língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de lisboa – Editorial verbo – 2001
Crédito (do latim creditum)Sentimento de confiança ou segurança que se tem em relação a alguém ou se deposita em alguma coisa, devido às suas características; avaliação positiva relativa a algo.…
Nova Enciclopédia larousse – Círculo de leitores – 1997
Crédito – 1 – Confiança que inspira alguém ou alguma coi-sa. 2 – Confiança na solvabilidade de alguém; prazo acorda-do para o pagamento. 3 – Conjunto das quantias abonadas por um orçamento. 4 – Empréstimo concedido por uma pes-soa ou banco.A operação de crédito em geral reveste a forma de um empréstimo ou venda de dinheiro com pagamento diferido. O juro é simultaneamente o preço do tempo e do risco en-volvidos; o seu custo tende a elevar-se quando a duração da operação aumenta, ou quando o devedor não apresenta garantias suficientes.…
lexicoteca Moderna Enciclopédia universal – Círculo de leitores – 1987
Crédito – Cedência a título de empréstimo de poder aquisi-tivo.Crédito activo – crédito concedido. O crédito activo aparece no lado do activo do balanço da entidade que o concede.Crédito passivo – Crédito que constitui encargo da entidade que o solicita. O crédito passivo aparece como um débito (passivo) no balanço do solicitante…
Dicionário de língua Portuguesa – José Pedro Machado – SlP e Amigos do livro Editores – 1981
Crédito – Confiança que nos inspiram as boas qualidades duma pessoa ou a veracidade de uma coisa.Soma posta à disposição de alguém num banco, numa casa de comércio, etc.Direito de se receber o que se emprestou…
Dicionário Prático de Comércio e Contabilidade de Raul Dória e e António Álvaro Dória –1975
Crédito – o termo crédito pode tomar-se no campo da con-tabilidade em duas acepções: como termo técnico da própria Contabilidade e do ponto de vista económico e comercial.Efectivamente antes da descoberta do crédito (cuja origem se perde no tempo) só os privilegiados da fortuna podiam adqui-rir bens por terem possibilidade de os liquidar imediatamente.Embora não possamos considerar o crédito criador de rique-za (e há economistas que defendem tal ponto de vista), a verdade é que ele é um grande impulsionador das riquezas pelos recursos que oferece aos que dele se servem. …
Dicionário de Gestão de Henri Tezenas de Montcel – Publicações D. Quixote – 1972
Crédito – troca de moeda líquida por um activo financeiro.…Consoante o prazo: Crédito de longo prazo – superior a sete anos Crédito de médio prazo – entre três meses e sete anos Crédito de curto prazo – máximo de nove meses e que
apresenta a maior parte das vezes a forma de desconto de letras
Consante a forma: desconto – em que a empresa vende a um organismo financeiroos créditos sobre os seus clientes ficando a cargo daquele a sua cobrança na data do venci-mento.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 37
Crédito por assinatura – equivale a um aceite Crédito em branco – é um descoberto em conta corrente Crédito hipotecário – onde um bem imobiliário serve de
garantia a um empréstimoConsoante a pessoa: Crédito de fornecedores Crédito a clientes …Em contabilidade, o crédito designa o segundo membro da conta, agrupando as operações a que correspondem a uma entrada monetária ou um aumento de recursos.
Dicionário da língua portuguesa composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e acrescentado por Antó-nio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro – 1789
Crédito – Fé, crença, atenção que se dá ao que nos dizem, ao que os sentidos nos apresentam//Estimação, autoridade// reputação de homem abonado e capaz de pagar, donde se ocasiona ter crédito, i.é, ter quem fie dele//o abono do que afiança outrém//a porção em que abona//favor, valimento, graça para com alguém//falto de crédito: falido, quebrado.
vocabulário Português e latino do Padre Raphael Blu-teau – 1712-1728
Crédito – Fé que se dá alguma coisa (Fides)Isto excede todo o crédito.A uma coisa tão estranha apenas dará a posteridade créditoSegundo parecer de alguém ou dando fé ao que ele dizAutoridade, estimaçãoCrédito entre mercadores – abono de cabedal e correspon-dência com os mais.Imaginou que este era o modo para conservar crédito dos devedores.Os mercadores têm perdido o créditoFalta de crédito. Quebra.…
livraria
“Auditoria Interna – Função e Processo”De Georgina Morais e Isabel Martins
A Auditoria Interna é hoje uma função com respon-sabilidade social, con-frontada com um perma-nentemente desafio pro- vocado pela constante mudança na envolvente das entidades, pelo rápi-do desenvolvimento de novas tecnologias, novas áreas de actuação, novos eventos, novas oportuni-dades, actuais e futuras, com uma atitude proacti-va e criativa.
O objectivo principal é acrescentar valor como parte integran-te de um modelo de Corporate Governance e Gestão de Risco em qualquer entidade. O sucesso da actividade de Au-ditoria Interna depende sempre da competência dos seus recursos, adequado posicionamento, transparência e cultura da entidade, envolvendo uma adequada mentalização e di-vulgação a todos os seus intervenientes.
Este livro pretende sensibilizar e auxiliar os profissionais, prin-cipalmente os que irão iniciar a função, para um adequado desempenho. Tem ainda como objectivo alertar e divulgar no meio académico a importância crescente desta função para as organizações.
O livro encontra-se estruturado em quatro capítulos, sendo que os dois primeiros evidenciam o enquadramento e a fun-ção de Auditoria Interna; os dois últimos abordam a Audito-ria Interna numa vertente mais prática, constituindo um guia básico para o exercício da profissão.
Esta quarta edição foi amplicada e actualizada, nomeadamen-te quanto às normas de auditoria interna (IPPF para 2013), com exemplos práticos, quadros, mapas e programas de auditoria interna.
Título: Auditoria Interna – Função e ProcessoAutoras: Georgina Morais/ Isabel MoraisEditor: Áreas Editora
38 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
Com a devida vénia...
“Estado não quer saber dos cidadãos”
Francisco Moita Flores, ex-autarca, in Correio da Manhã, 10/01/2014
“O ensino de mandarim nas escolas é positivo”
Roberto Carneiro, ex-Ministro da Educação, in Correio da Manhã, 10/01/2014
“É preciso um programa (cautelar). Chamem-lhe o que quiserem, até já
ouvi chamar-lhe pirolito”
Silva Peneda, Presidente do Conselho Económico e Social, in Correio da Manhã, 10/01/2014
“O dinheiro que guardo no Verão não estica”
Manuel Carvalho, pescador de Vila Praia de Âncora, in Correio da Manhã, 10/01/2014
“Na minha opinião, empobrecimento foi a palavra do ano”
Carlos Zorrinho, deputado, in Correio da Manhã, 10/01/2014
“Desvalorização interna da moeda foi erro crasso da Troika”
Silva Peneda, Presidente do Conselho Económico e Social, in Vida Económica, 3/01/2014
“Tribunal Constitucional toma deliberações que prejudicam o
processo de ajustamento”
Rui Conceição Nunes, economista, in Vida Económica, 3/01/2014
“We still want to get rid of him” “continuamos a querer ver-nos livres
dele”
Nadezhda Tolokonnikova, cantora das Pussy Riot, depois de mais de dois anos de prisão, por protestar contra o
Presidente Vladimir Putin, in Time, 13/01/2014
“Os custos de não cumprimento deste memorando [resgate internacional]
que foi imposto ao país e que terminará em meados de maio seriam incomparavelmente maiores do que
aqueles que temos de suportar, e que são muitos”
Miguel Macedo, Ministro da Administração Interna, in Ionline, 03/01/2014
“Sou fiel ao princípio de que vale mais prevenir do que remediar, mas não foi esse o entendimento do Presidente da
República. O PS discorda”.
António José Seguro, secretário-geral do PS, in Ionline, 03/01/2014
recortes
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 39
a apotec em notícias
DIA 10:
IvA: Envio da declaração mensal referente ao mês de dezem-bro 2013 e anexos.
IRS/IRC/SEGuRANçA SOCIAl: Declaração de rendimentos pagos e de retenções, deduções, contribuições sociais e de saúde e quotizações, referentes a janeiro 2014 (trabalho dependente).
SEGuRANçA SOCIAl: Entrega das Declarações de Remune-rações referentes a de janeiro 2014 por transmissão eletró-nica de dados.
DIA 15:
Declaração Intrastat: Envio da informação referente ao mês de janeiro.
DIA 17:
IRS: Entrega da Declaração Modelo 11, por transmissão eletrónica de dados, pelos Notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades ou profissionais com competência para autenticar documentos particulares que titulem actos ou contratos su-jeitos a registo predial, ou que intervenham em operações previstas nas alíneas b), f) e g do n.º 1 do artigo 10.º, das relações dos actos praticados no mês anterior, suscetíveis de produzir rendimentos.
IvA: Declaração Periódica – Periodicidade Trimestral – Envio, por transmissão eletrónica de dados, da declaração periódica relativa ao imposto liquidado no 4.º TRIMESTRE do ano transato (outubro a dezembro) 2013.
IMT: Os notários e outros funcionários ou entidades que desempenhem funções notariais, bem como as entidades e profissionais com competência para autenticar documentos particulares que titulem atos ou contratos sujeitos a registo predial, devem submeter, até ao dia 15 de cada mês, à Direção-Geral dos Impostos, os seguintes elementos: a) Em suporte eletrónico (Modelo11), uma relação dos atos ou contratos sujeitos a IMT, ou dele isentos, efetuados no mês antecedente, contendo, relativamente a cada um desses atos, o número, data e importância dos documentos de cobrança ou os motivos da isenção, nomes dos contratantes, artigos matriciais e respetivas freguesias, ou menção dos prédios omissos; b) Cópia das procurações que confiram poderes de alienação de bens imóveis em que por renúncia ao direito de revogação ou cláusula de natureza semelhante o representado deixe de poder revogar a procuração, bem como dos respetivos subs-tabelecimentos, referentes ao mês anterior;
Mapa de Obrigações Fiscais e Parafiscais de Fevereiro de 2014
c) Cópia das escrituras ou documentos particulares autenti-cados de divisões de coisa comum e de partilhas de que façam parte bens imóveis.
DIA 18:
Banco de Portugal: Disponibilização COL na Aplicação de Recolha, mês de Janeiro.
DIA 20:
IvA: Envio da declaração recapitulativa por transmissão ele-trónica de dados, pelos sujeitos passivos isentos ao abrigo do artigo 53.º do Código do IVA que tenham efetuado prestações de serviços noutros Estados Membros, no mês de janeiro, quando tais operações sejam aí localizadas nos termos do artigo 6.º do Código do IVA.
IvA: Os sujeitos passivos enquadrados no regime normal de tributação com periodicidade TRIMESTRAL que tiverem reali-zado operações intracomunitárias ou assimiladas e/ou presta-ções de serviços a sujeitos passivos sedeados noutro estado membro, devem enviar por transmissão eletrónica de dados esta declaração, relativa ao 4.º TRIMESTRE (outubro a de-zembro) 2013.Quando o montante total das transmissões intracomunitárias de bens a incluir na declaração recapitulativa atingir ou exce-der € 50.000, no trimestre em curso ou nos quatro anterio-res, a sua periodicidade é alterada para mensal.
IvA: PEQuENOS RETAlHISTAS – os sujeitos passivos abran-gidos pelo regime de tributação dos pequenos retalhistas devem pagar, por meio do modelo P2 – Documento Único de Cobrança (DuC), o imposto referente aos meses de Ou-tubro a Dezembro de 2013. No caso de não haver imposto a pagar, deverá ser apresentada na repartição de finanças, no mesmo prazo, a guia modelo 1074.
IMPOSTO DE SElO: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (janeiro 2014), para efeitos de Imposto do Selo.
SEGuRANçA SOCIAl: Entrega, entre os dias 10 e 20, das contribuições relativas às remunerações do mês anterior (janeiro 2014).
IRC: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (janei-ro 2014), para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC).
IRS: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (janei-ro 2014), para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS).
FCT ou (ME) e FGCT – Entregas: Pagamento das entregas para o Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) ou Meca-nismo Equivalente (ME) e para o Fundo de Garantia de Com-
40 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
pensação do Trabalho (FGCT) relativas ao mês de janeiro 2014, entre os dias 11 e 20.
DIA 21:
Banco de Portugal: Prazo de reporte COPE – EMPRESAS – janeiro 2014.
DIA 25:
IvA: Comunicação dos elementos das faturas referentes a janeiro 2014.
DIA 28:
IRS: Entrega da Declaração Modelo 10, por transmissão eletrónica de dados, ou em suporte de papel, pelas pessoas singulares que não exerçam atividades empresariais ou pro-fissionais e que sejam devedores de rendimentos que não foram declarados na declaração mensal de remunerações (DMR).
IRS: Entrega da Modelo 16, por transmissão eletrónica de dados, pelas Entidades gestoras dos Fundos de Poupança em Ações.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 25, por transmissão eletrónica de dados, pelas entidades beneficiárias de donati-vos fiscalmente relevantes no âmbito do regime consagrado no Estatuto dos Benefícios Fiscais e do Estatuto do Mecenato Científico.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 35, por transmissão eletrónica de dados, pelas entidades que paguem ou atribuam rendimentos de poupança sob a forma de juros a beneficiários efetivos ou outras entidades não residentes em território português e desde que sejam residentes noutro Estado Mem-bro, bem como, em Andorra, Liechtenstein, Mónaco, San Marino, Suiça e nos territórios de Anguilla, Antilhas Holande-sas, Aruba, Ilhas Cayman, Guernsey, Jersey, Ilha de Man, Monserrate, Ilhas Turks e Caicos e Ilhas Virgens Britânicas.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 36, por transmissão eletrónica de dados, por entidades que paguem ou atribuam rendimentos de poupança sob a forma de juros, a pessoas singulares que provem que atuam por conta de uma entida-des referidas no art.º 3.º ou 9.º do Decreto-Lei n.º 62/2005 de 11 de março, desde que revelem o nome e o endereço dessa entidade.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 37, por transmissão eletrónica de dados, pelas instituições de crédito, cooperativas de habitação, empresas de seguros, empresas gestoras de fundos e outros regimes complementares referidos no art.º 16 e 21.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 42, pelas entidades que paguem subsídios ou subvenções não reembolsáveis no âmbito do exercício de uma atividade abrangida pelo artigo 3.º do Código do Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Singulares, ou a sujeitos passivos de Imposto sobre o Rendi-mento das Pessoas Coletivas, referente aos rendimentos atri-buídos no ano anterior, conforme determinam o artigo 121.º do CIRS, e o artigo 127.º do CIRC.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 43 pelos Órgãos do Ministério da Solidariedade e Segurança Social, relativa aos valores de todas as prestações sociais pagas (pensões, bolsas de estudo e formação, subsídios de renda de casa e outros apoios públicos à habitação), por beneficiário, relativo ao ano anterior.
IRC: Entrega da Declaração de alterações para os sujeitos passivos de IRC, cujo período de tributação seja coincidente com o ano civil, que verifiquem as condições e queiram optar pelo regime simplificado de determinação da matéria coletá-vel.
IRC: Entrega da Declaração Modelo 42, pelas entidades que paguem subsídios ou subvenções não reembolsáveis no âmbito do exercício de uma atividade abrangida pelo artigo 3.º do Código do Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Singulares, ou a sujeitos passivos de Imposto sobre o Rendi-mento das Pessoas Coletivas, referente aos rendimentos atri-buídos no ano anterior, conforme determinam o artigo 121.º do CIRS, e o artigo 127.º do CIRC.
IvA: Entrega dos pedidos de restituição, por transmissão eletrónica de dados, do IVA suportado na aquisição de bens do ativo imobilizado pelas IPSS e pela Santa Casa da Miseri-córdia de Lisboa e a que se refere o D.L. n.º 20/90, de 13/01, nos casos previstos no regime transitório estabelecido no n.º 2 do art.º 225.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12.
IuC: Liquidação, por transmissão eletrónica de dados, e pa-gamento do Imposto Único de Circulação relativo aos veículos cujo aniversário de matrícula ocorra no mês de fevereiro.
OuTROS:
FCT: Comunicação da admissão de trabalhadores, até à data do início da execução dos respetivos contratos, ao FCT (Fun-do de Compensação do Trabalho) ou ME (Mecanismo Equi-valente), bem como das atualizações.
Segurança Social: Comunicação da admissão de novos tra-balhadores nas vinte e quatro horas anteriores ao início da produção de efeitos do contrato de trabalho.
Nota: Esta informação encontra-se disponível mensalmente em www.apotec.pt. Se durante o mês ocorrerem alterações às datas supra indicadas, a APOTEC não se responsabiliza pelas mesmas.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 41
Damos aqui destaque às últi-mas novidades legislativas, que nos parecem ser de maior interesse e relevância para os profissionais, estando os respectivos diplomas dis-poníveis em www.apotec.pt
Despacho n.º 1576, de 31 de Janeiro – Aprova as alterações da declaração periódica de rendimentos modelo 22, respetivos anexos e instruções.
Despacho n.º 39/2014, de 30 de Janeiro – Opção pela continuação da aplicação do regime especial de tributação dos grupos de sociedades – Prorrogação até 31 de março de 2014.
Ofício Circulado n.º 30158/2014, de 29 de Janeiro – IVA: Orçamento do Estado para 2014. Alterações ao código do IVA e Legislação Complementar.
Ofício Circulado n.º 30157/2014, de 29 de Janeiro – IVA: Alteração das taxas aplicáveis às operações que se considerem efectuadas na Região Autónoma dos Açores.
Portaria n.º 15-A/2014, de 24 de Janeiro – Aprova as instruções de preenchimento da Declaração Mensal de Remu-nerações – AT, para cumprimento da obrigação declarativa a que se refere a subalínea i) da alínea c), e a alínea d), do n.º 1 do artigo 119.º, do CIRS.
lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro – Procede à reforma da tributação das sociedades, alterando o Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30 de novembro, o Decreto Regulamentar n.º 25/2009, de 14 de setembro, e o Códi- go do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singula- res, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-A/88, de 30 de no-vembro.
A Secção Regional da Madeira foi a votos!
Realizou-se no passado mês de Janeiro as eleições para os corpos sociais regionais e para os delegados à Assembleia Geral da APOTEC, da Secção Regional da Madeira.Para conhecimento geral passamos a divulgar os nomes dos Associados que assim vão gerir os destinos desta Secção Regional, aos quais desde já, felicitamos e desejamos as maiores venturas no real desempenho dos seus cargos.
Triénio 2013-2015
ASSEMBlEIA REGIONAl
Presidente Jorge Domingos de Jesus1º Secretário Isabel Catarina Jesus Abreu Rodrigues2º Secretário Luís Miguel Mota de FreitasSuplente Ana Cláudia Andrade Ferreira
DIRECçãO REGIONAl
Presidente Sérgio Ricardo de Freitas Jesusvice-Presidente Rodrigo Afonso V. Couto CardosoTesoureiro Rui Miguel Gomes CoelhoSecretário Vítor Manuel Pereira Gonçalvesvogal António Duarte da Costa GomesSuplente Emanuel dos Reis Camacho MachadoSuplente Samuel Januário Abreu Gonçalves
DElEGADOS À ASSEMBlEIA GERAl
Jorge Domingos de Jesus Sérgio Ricardo de Freitas JesusRui Miguel Gomes Coelho
Últimas novidades legislativas
Reuniões mensais 2014: Secção Regional de Braga
As reuniões livres e gratuitas promovidas pela Secção Regional de Braga da APOTEC, são realizadas na sala 58 do Centro Comercial Cruz de Pedra, sito na Rua Cruz de Pedra, 96 em Braga. Decorrem das 21h30m às 23h00, assessoradas pelo Dr. José Soares Roriz, de acordo com o seguite calendário:
Mês Dias Mês Dias
JAN. 27 JUN. 30
FEV. 24 SET. 29
MAR. 31 OUT. 27
ABR. 28 NOV. 24
MAI. 26 DEZ. –
a apotec em notícias
42 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014
De norte a sul do país, as Acções de Formação Certificada sobre o Orçamento do Estado 2014 e a Reforma do IRC in-tensificaram-se no decurso dos dois primeiros meses deste ano.Foram mais de 600 participantes que estas formações alcan-çaram, fruto da necessidade de aprendizagem dos Associados e da qualidade formativa da APOTEC.Recordamos que no âmbito do processo submetido à DGERT – Direção-Geral do Emprego e das Relações de Traba-lho no decurso de 2013, a APOTEC foi reconhecida como entidade formadora certificada pela DGERT nas áreas de educação e formação: 344 – Contabilidade e fiscalidade, 345 – Gestão e Administração e 380 – Direito.Ser uma entidade formadora certificada significa que os seus procedimentos e práticas estão de acordo com um referencial de qualidade específico para a formação. Além disso, a for-mação promovida só é considerada certificada, nos termos do Sistema Nacional de Qualificações, se for desenvolvida por entidade formadora certificada.Esta é mais uma vantagem da APOTEC, dos seus asso-ciados e de todos os seus formandos!
Orçamento do Estado 2014 e Reforma do IRC em destaque formativo na APOTEC
Acção de Formação em Viseu
Vinte e cinco anos do IVA em Portugal
Decorreu no passado dia 23 de Janeiro o lança-mento do livro “VINTE E CINCO ANOS DE IM-POSTO SOBRE O VA-LOR AGRESCENTADO (IVA) EM PORTUGAL”. Este evento foi organiza-do pela Associação Fiscal Portuguesa (AFP) e con-tou com as presenças do Senhor Prof. JOSÉ GUI-LHERME XAVIER DE BASTO, ex-presidente da Comissão do IVA, e dos Drs. JOÃO AMARAL TOMAZ, ARLINDO CORREIA e MÁ-RIO ALVES ALEXANDRE, membros dessa Comissão. Com a chancela do Centro de Estudos Fiscais e Aduaneiros da Administração Tributária e Aduaneira e na presença do Director-geral da AT, Prof. Doutor José Azevedo Pereira, a AFP promoveu a apresentação deste livro, que congrega as comu-nicações efectuadas no Colóquio Comemorativo do 25º ani-versário da entrada em vigor do IVA, que decorreu em No-vembro de 2011.
Protocolo com NIISAL – Núcleo de Investigação do Instituto Superior de Administração e Línguas da Madeira
No final do ano anterior foi celebrado o protocolo de cooperação entre a Secção Regional da Madeira da APOTEC e o NIISAl – Núcleo de Investigação do Instituto Superior de Administração e línguas da Madeira, com o objectivo central de assegurar a promoção de iniciativas e a realização de acções e estudos conjuntos, com incidência na valorização sócio-profissional.Estamos certos que esta colaboração mútua permitirá a valorização de iniciativas de interesse comum.
Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014 43
Fólio do Senador
José Azevedo Rodrigues
Bastonário da OROC
O relacionamento da agência é uma das modalidades mais velhas e mais comuns de interação social. Um relacionamento da agência existe quando duas (ou mais) partes acordam entre si uma determinada segregação de esforços em que uma das partes, designada como o agente, age em nome, ou em representação da outra parte, designada como o principal, num determinado domínio de ação e decisão. Os exemplos da agência são universais e remontam ao início da civilização quando as comunidades escolhiam de entre os seus membros o grupo dos “caçadores” (agentes) para que estes fossem apanhar as reses necessárias à alimentação da comunidade (principal), enquanto os restantes ficavam em vigilância e defesa própria. Já nesta ocasião se levantavam problemas de agência, pois não eram raras as vezes que se descobria que os agentes (caçadores), escondiam as melhores reses para depois o grupo ir fazer as suas “patuscadas” secretas.
Na economia, o problema do principal-agente trata as dificuldades que se levantam face aos problemas que podem ocorrer nos relacionamentos da agência. Na gestão de empresas e com “popularização” do mercado de capitais, dispersando os detentores de capital, aquele problema encontra-se na maioria de relacionamentos do empregador/empregado, por exemplo, quando os acionistas contratam os executivos de topo para as suas entidades empresariais. O acionista (principal) está focado sobretudo na maximização dos seus rendimentos financeiros, mesmo que se assumam riscos relevantes, o que não agrada ao gestor (agente) que tem outros objetivos e prefere um risco controlado. Por outro lado, o gestor (agente) tem acesso a fontes mais fidedignas e dispõe de mais e melhor informação que o acionista (principal).
No primeiro caso estamos perante um conflito de interesses, enquanto que no segundo caso estamos perante a assimetria de informação. Ambos são geradores de riscos para o principal (riscos de agência) o que o obriga a adotar mecanismos de alinhamento dos interesses do agente aos do principal, e de salvaguarda da maior “verdade” possível na informação que lhes é proporcionada, provocando custos de agência.
Teoricamente, os custos de agência poderiam ser previamente determináveis e posteriormente controláveis, se nas décadas recentes não se tivesse desenvolvido um corpo de agentes com ética duvidosa e duma ganância desmedida que afetaram não apenas os acionistas, mas também a sociedade, com impactos devastadores na economia e nas pessoas.
Os mecanismos instituídos para combater os riscos do relacionamento de agência foram:i) Modelo de gestão, centrando as remunerações dos executivos em fortes componentes de quantias variáveis em função
dos lucros obtidos;ii) Contratação de auditores externos independentes para certificar as contas apresentadas pelos gestores, assegurando a
credibilidade das mesmas.
Sendo os rendimentos dos agentes dependentes em grande parte dos lucros obtidos, nasceu a necessidade de maximizar esses lucros, mesmo que tais não tivessem aderência à realidade económica que os subjaz. O exemplo mais flagrante deste “engo-do” financeiro foi materializado nos conhecidos CDOs, (Collateralized Debt Obligations) ferramentas financeiras sofistica-das lançadas pelos bancos e outras agências financeiras que “empacotam” empréstimos individuais num produto vendido aos investidores no mercado secundário, suportado em ativos sem valor, ou em devedores sem capacidade financeira.
Mas estes pacotes financeiros sob a “égide” de sofisticados produtos financeiros, fruto apenas de uma elevada inovação, diria imaginação e engenharia financeiras, iam sendo adquiridos por incautos e bem intencionados compradores que não imaginavam o “lixo” que circulava no mercado e que os iria vitimizar num futuro próximo, com muito descontrolo da regulação financeira, com taxas de juro insignificantes, criando a ilusão de que o dinheiro abundava, que os recursos eram infindáveis e por isso, uma ideia de riqueza e bem-estar, não convergente com a economia real.
Esta ilusão de liquidez, teve consequências num crescimento artificial dos preços na economia real, de uma procura desen-freada e de uma capacidade de compra atípica, levando à sobrevalorização artificial de ativos, de negócios e de transações, criando o apogeu da moeda escritural, gerando lucros fantásticos para alguns setores de atividade (emissores, intermediários, consultores), remunerando principescamente os gestores (agentes) com chorudos prémios sobre os lucros.
Estou convicto de que terá sido sobretudo a procura desenfreada do lucro, em que os agentes alinharam em demasia as suas expetativas com as dos acionistas e se aproveitam de alguma ineficácia no processo de controlo da assimetria de informação, uma das raízes mais profundas pelo caos gerado nos mercados financeiros e consequentes impactos na economia, de que as pessoas comuns têm sido vítimas e estão “a pagar” não só no domínio financeiro, mas também no social e ambiental.
A Teoria da Agência e o “crash” na Economia