83
FACULDADES ASSOCIADAS DE UBERABA - FAZU Mantenedora : Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias - FUNDAGRI Curso de Pós-graduação “lato sensuNutrição e Alimentação de Ruminantes Módulo IV Água na Nutrição de Ruminantes Dr. Edmundo Benedetti Uberaba - 2007

Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

FACULDADES ASSOCIADAS DE UBERABA - FAZU

Mantenedora : Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias - FUNDAGRI

Curso de Pós-graduação “lato sensu” Nutrição e Alimentação de Ruminantes

Módulo IV

Água na Nutrição de Ruminantes

Dr. Edmundo Benedetti

Uberaba - 2007

Page 2: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

Benedetti, Edmundo

B398a Água na nutrição de ruminantes / Edmundo Benedetti -- Uberaba : FAZU, 2007. 81 p. -- (Curso de Pós-graduação “lato sensu” em Nutrição e Alimentação de Ruminantes, Módulo 4). 1. Nutrição animal. 2. Água. I. Título

CDD 636.0852

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Dora Sivieri-FAZU

Page 3: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

Sumário

Apresentação do Professor.........................................................................................2

1 - Introdução.............................................................................................................3

2 - Aspectos Fisiológicos da água..............................................................................4

2.1 - Propriedade e funções da água...........................................................................6

3 – Ingestão voluntária de água.................................................................................16

4 – Fatores que afetam a ingestão voluntária de água................................................20

4.1 – Disponibilidade de água....................................................................................20

4.2 – Distância da fonte de água.................................................................................31

4.3 – Consumo de matéria seca e estágio fisiológico sobre a ingestão de água.........35

4.4 – Fatores climáticos: temperatura ambiente, umidade relativa e horas luz..........42

4.4.1 – Efeito sobre a categoria animal.......................................................................44

Vacas em lactação.............................................................................................44

Vacas e novilhas em final de gestação............................................................47

Vacas secas e novilhas gestantes....................................................................49

Novilhas em idade de procriação....................................................................52

Fêmeas desmamadas até a idade de inseminação...........................................54

Bezerros lactentes criados em baias individuais(até 60 dias).........................55

Bezerros lactentes criados à pasto(60 dias até a desmama)............................57

4.5 – Raça e ou grau de sangue...................................................................................60

4.6 – Qualidade, temperatura da água e dimensionamento dos bebedouros..............62

5 – Gasto de água na limpeza das instalações............................................................68

Literatura Consultada................................................................................................72

Page 4: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

2

APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR

Edmundo Benedetti, formado em Medicina Veterinária pela Faculdade de Veterinária

da Universidade Federal de Uberlândia em 1977.

Início da carreira docente na Famev/UFU em 1980.

Curso de Especialização em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade de

Londrina em 1982.

Mestrado em 1986 pela Escola de Veterinária da UFMG e Doutorado pela mesma

Instituição em 1994.

Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária e da Agronomia da UFU.

Professor do Programa de Pós Graduação da Famev/UFU na área de Produção Animal.

Professor colaborador de Cursos de Especialização “lato sensu” na Fazu, Uniminas e

Unipatos nas áreas de pastagens, nutrição de ruminantes e agronegócio do leite.

Linhas de pesquisa: avaliação nutricional de forrageiras tropicais; pastagens e

irrigação; nutrição de ruminantes – gado leiteiro e confinamento; sistemas de produção

em gado leiteiro e avaliação de custos de produção.

Membro do Conselho Editorial de várias revistas científicas de Faculdades,

Universidades e Instituições de pesquisa.

Consultor “ad hoc” de várias Instituições de pesquisa, Universidades e Faculdades em

assuntos de projetos de pesquisa e trabalhos científicos.

Responsável técnico da Bovinocultura leiteira da UFU.

Mentor e Coordenador do Projeto de Extensão “Leite a Pasto – Educação Continuada”

para pequenos produtores de leite desde 1994.

Vários trabalhos publicados em periódicos científicos e em anais de Congressos,

Simpósios e Encontros rurais.

Livros editados: Produção de Leite – Bases Práticas e Leguminosas na produção de

ruminantes nos trópicos. Editora EDUFU.

Page 5: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

3

1. INTRODUÇÃO

A água ocupa aproximadamente três quartos da superfície do planeta terra, entretanto,

isso não significa abundância dessa substância, menos ainda que pode-se aceitar negligência

quanto ao seu uso. Pois, 97,25% dessa água estão nos mares e oceanos e, apenas 2,75% é

água doce, todavia, com distribuição desuniforme. Ressalta-se ainda, que a água é um recurso

escasso, finito e essencial para a existência das plantas, dos animais e do homem.

Às vezes nota-se, por parte dos produtores, pouca preocupação no oferecimento de água

aos ruminantes, o que pode concorrer para o insucesso da exploração. Talvez essa aparente

despreocupação com a água se acente na sua abundância e fatal necessidade. O oferecimento

livre e abundante de água poderia favorecer a uma melhor resposta na produção animal, uma

vez que, manter-se-ia o equilíbrio hídrico em níveis normais e constantes.

Poucos estudos foram feitos para mostrar a importância do fornecimento e utilização da

água pelos ruminantes, mas ela é incontestável na vida animal e vegetal.

Os animais podem perder até 100% de seu tecido adiposo (gordura), mais de

50% da proteína corporal, que sobrevivem, mas, se perderem de 10% a 12% da água

corporal, morrem. Isto varia entre as espécies e a capacidade de perdê-la. O jumento,

provavelmente, está entre os mais resistentes, pois sobrevive a perdas hídricas acima de 30%

do seu peso.

Sabe-se que o consumo de água pelos ruminantes é regulado por vários fatores, tais

como: condições climáticas (calor, umidade do ar, radiação solar, chuva, vento); tipo de

alimentação oferecida, consumo de sal, nível de proteína na dieta, produção de leite, raça,

tamanho corporal, disponibilidade de bebedouros entre outros.

No Brasil Central tropical a importância dos fatores climáticos se sobressai pois, grande

parte do território brasileiro está localizado nos trópicos, onde se registram elevadas

temperaturas, intensa radiação solar, irregularidades das precipitações e umidade relativa.

O gado leiteiro é mais sensível à falta da água do que de qualquer outro nutriente. Em países tropicais como o Brasil, onde a maior parte da produção de leite é oriunda de rebanhos mestiços mantidos em sistemas extensivos de exploração, há escassas informações sobre melhor uso e aproveitamento da água pelos bovinos leiteiros. Freqüentemente, nestes sistemas, o acesso às aguadas é difícil. Estas são distantes e mal distribuídas, demandando grande esforço físico por parte dos animais, podendo comprometer a sua função produtiva.

Além da movimentação à qual estão sujeitos os bovinos na procura de água disponível,

outros fatores tais como quantidade e qualidade da matéria seca (MS) ingerida, nível de

Page 6: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

4

produção, condição fisiológica, controlam o consumo de água. O conhecimento dos efeitos

de todos esses fatores sobre o consumo voluntário de água poderá ser de grande importância

prática, porque servirá como base para o correto e adequado fornecimento de água aos

animais criados sob tais condições do meio ambiente.

Observações práticas, principalmente em propriedades de criação de bovinos, inferem

que o rebanho sofre muito mais com a inadequada distribuição das aguadas e sua escassez do

que a qualidade e falta de volumosos (pastagens e forragens ceifadas).

No planejamento dos piquetes procura-se distribuí-los aproveitando o máximo

possível os cursos d’água e adequando a distribuição de água, favorecendo o acesso e o

conforto de bebida. Ao mesmo tempo é importante observar a posição dos piquetes em

relação aos cursos d’água para controlar a poluição ambiental.

A ingestão de alimentos está diretamente relacionada à ingestão de água. Desta forma,

fatores que influenciam a ingestão de água podem afetar o desempenho animal devido a

menor ingestão de alimentos, particularmente, as pastagens.

.

2. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ÁGUA

Tendo em vista a grande variedade de suas funções e a magnitude de seus requisitos, a

água pode ser considerada o nutriente essencial mais importante para os animais (depois do

oxigênio). A água é o maior constituinte do corpo de todos os animais e a manutenção estável

de sua quantidade é rigidamente controlada nos mamíferos e aves.

As composições em solutos dos fluidos intra e extracelulares são nitidamente diferentes,

primariamente porque a maioria das membranas celulares possui sistemas de transporte que

acumulam ou expelem determinados solutos. Entretanto, como as membranas celulares são

amplamente permeáveis à água, a quantidade total de solutos é muito semelhante nos dois

compartimentos. A medida dessa quantidade total (usualmente feita pela determinação do

ponto de congelamento do fluido) é expressa em osmolaridade, que deve ser diferenciada da

osmolaridade efetiva, ou seja, da concentração de solutos, que irão criar uma força osmótica.

A osmolaridade efetiva de um compartimento depende da concentração das substâncias que

estão restritas a esse compartimento. Por exemplo, o sódio é o principal determinante da

osmolaridade dos fluidos extracelulares, porque a sua quantidade nesses fluidos é maior do

que a de outros solutos e, também, porque não entra facilmente nas células. Por outro lado,

substâncias que passam livremente das células para o fluido extracelular e vice-versa, como a

Page 7: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

5

uréia, não exercem força osmótica em nenhum dos compartimentos, mesmo quando em

concentrações elevadas.

O fluido extracelular permanece em constantes trocas com o meio ambiente; como

resultado disso, seu conteúdo em água e eletrólitos está sujeito a contínuas modificações, que

poderiam alterar sua osmolaridade também continuamente. Como as células são

predominantemente permeáveis à água, o volume celular também ficaria sujeito a essas

modificações e muitos tipos de células não toleram alterações de volume. Logo, a manutenção

da osmolaridade do fluido extracelular é de capital importância para a manutenção das

funções biológicas normais.

A osmolaridade do fluido extracelular, no homem e em outros animais, é mantida

mediante a precisa regulação da sede e da secreção hipofisária do hormônio antidiurético

(vasopressina). Um aumento da osmolaridade extracelular estimula a sede e a produção de

vasopressina, o que leva ao consumo de água e ao decréscimo da sua perda pela urina. O

aumento da água no fluido extracelular prontamente restaura a osmolaridade anterior. De

modo oposto, o excesso de hidratação decresce a osmolaridade do plasma e do líquido

intersticial e suprime a secreção da vasopressina. Como resultado, urina diluída é excretada e

a osmolaridade retorna ao normal.

Outra importante conseqüência da osmorregulação é que a quantidade absoluta de água

no compartimento extracelular e, dessa forma, o seu volume, é determinada pelo seu

conteúdo em sódio. Assim, quando o sódio é adicionado ao fluido extracelular, a

osmolaridade aumenta e resulta em ingestão de água e redução das perdas pela micção, com a

osmolaridade voltando ao normal, mas aumentando o volume. Inversamente, se o nível de

sódio abaixa, o animal excreta água livre de solutos, restaurando a osmolaridade, mas

reduzindo o volume extracelular.

Desde que, sob condições normais, a água total do organismo raramente varia mais do

que 1-2%, variação suficiente para alterar a secreção da vasopressina, as alterações

hemodinâmicas têm pouco ou nenhum papel no controle normal do balanço hídrico.

Em conjunto com o hormônio antidiurético, a sede exerce um papel muito importante na

homeostase da água. A função do mecanismo da sede é assegurar que a água seja reposta

prontamente, quando ocorre uma deficiência. A expressão 'ingestão voluntária de água', se

bem que pouco precisa, é usada em contraste com a ingestão 'involuntária' da água contida

nos alimentos.

Praticamente os mesmos fatores que influenciam a secreção de vasopressina também

dão origem à sede - osmolaridade, volume plasmático, conteúdo de sódio. O mecanismo pelo

Page 8: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

6

qual a osmolaridade causa sede, provavelmente, envolve osmoreceptores localizados no

hipotálamo anterior, próximos, porém, provavelmente, separados dos osmoreceptores para

liberação da vasopressina. Do mesmo modo, a hipovolemia deve influenciar o aparecimento

da sede mediante os mesmos receptores de distensão situados no coração e grandes vasos

sangüíneos.

Outro aspecto da regulação da sede é o da saciedade. Ao que parece, a água ingerida

rapidamente não é absorvida senão aos poucos, havendo pequena alteração da concentração

sangüínea.

A saciedade de longo prazo é bem provável que envolva osmoreceptores hipotalâmicos,

desde que requer plena restauração da osmolaridade.

Reflexão: Como você sumarizaria o efeito da osmolaridade no controle da sede? De que

maneira a sensação da escassez hídrica corporal seria, permanentemente, desfeita?

2.1 Propriedades e Funções da água

Do ponto de vista econômico, a água representa o nutriente de mais baixo custo, no entanto,

fisiologicamente é essencial no metabolismo orgânico. A bioquímica nutricional da água é

complexa, não é uma simples molécula HOH (Figura 2). Uma grande parte das moléculas de

água estão interligadas por pontes de hidrogênio formando complexas macromoléculas, assim

esta facilidade e rapidez com que ocorre a dissociação desta molécula (HOH ?H+ + OH-) é

que caracteriza a sua participação nas reações do metabolismo. O desenho abaixo representa a

estrutura espacial da união das moléculas de água.

Atividade suplementar do módulo: 1) Como se explica a homeostase corporal e seus reflexos no equilíbrio eletrolítico?

Page 9: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

7

a) Octâmero (H2O)8 b) ((H2O)8)20 c) Estrutura icosaédrica Grupamentos da molécula de água formando estruturas maiores. Fonte: Chaplin (2001).

A água desempenha várias funções no organismo dos mamíferos, como se segue:

• É um constituinte ativo e estrutural e não meramente um solvente das substâncias

presentes no corpo.

• É o componente corporal com maior taxa de reciclagem (“turnover”).

• Compreende cerca de 70% da carcaça desengordurada dos animais adultos, variando

pouco entre os mamíferos; no mesmo indivíduo, varia de 85%, enquanto embrião e até

próximo de 65%, no adulto, dependendo do grau de obesidade, pois tem uma relação

inversa altamente previsível com a gordura do corpo.

• Veículo dos nutrientes na digestão, absorção, transporte para as células e excreção.

• É o dispersante ideal, devido ao seu poder ionizante, o que facilita as reações tissulares.

• Por causa do seu alto calor específico, é capaz de absorver o calor produzido nas

reações com um mínimo de elevação da temperatura corporal, dissipando-o para a pele,

pulmões e luz intestinal.

O esforço muscular continuado por 20 minutos seria suficiente para desnaturar a

proteína dos músculos, se o calor produzido não fosse dissipado pela água.

• O calor latente de evaporação (540 cal/g) exerce importante papel na regulação da

temperatura corporal.

• A alta tensão superficial auxilia na coesão das células e a manutenção das articulações.

Além disso, permite que a água se mantenha fortemente ligada à superfície de outras

Page 10: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

8

substâncias, sem, contudo, umedecer as apolares (como os lipídeos da membrana

celular), permitindo o confinamento e o equilíbrio do conteúdo celular.

• É o material com maior constante dielétrica (80) e é a razão de ser a água um solvente

universal: quando colocados em solução aquosa, os íons que compõem as moléculas de

uma substância se dissociam, pois as forças elétricas entre eles não são mais suficientes

para mantê-los unidos.

• Na água, a energia necessária para separar duas partículas de cargas opostas é 1/80

daquela necessária para separá-las no vácuo. Logo, a água reduz as forças eletrostáticas,

que estabilizam os compostos iônicos com as soluções aquosas resultantes, sendo boas

condutoras de eletricidade - o que é importante, particularmente na transmissão neural.

• Na solubilização, há formação de hidratos, o que facilita as reações químicas

por dispor os íons em contato mais íntimo uns com os outros. Admitindo-se,

por exemplo, o cloreto de sódio dissolvido na água. Como a molécula da água

pode ser considerada ionizada, o hidrato resultante é neutro e isto facilita a

aproximação de moléculas de cargas iguais.

• As propriedades de solvente, dispersante e dielétrica são ajudadas pela baixa

viscosidade - menor que qualquer outro líquido comum - o que permite a sua passagem

e a das substâncias nela dissolvidas, pelos mais finos capilares do organismo, sem muito

atrito e, portanto, baixa exigência do coração.

• As reações enzimáticas que ocorrem na digestão e no metabolismo, em grande parte,

implicam em adição (hidrólise) ou subtração de moléculas de água ao substrato.

• Somente como lembrete, a água é o constituinte principal dos líquidos orgânicos

particulares: sinóvia, humor aquoso, cefalorraquidiano, perilinfa e amniótico, onde

exerce ação lubrificante e de proteção.

• A água corporal advém de ingestão “in natura” (água livre).

• Ingerida como parte dos alimentos.

• Água produzida nas reações tissulares (água metabólica), na oxidação de substâncias

contendo hidrogênio: (C6H1206 + 202 = 6H20 + energia) – glicose: PM=180, Água: PM=18

x 6 = 108; logo, 108= 60% de 180.

• Quanto mais complexo o carboidrato, menos água fornece: sacarose 57,9% e amido

55,5%, por exemplo.

Page 11: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

9

• A grande quantidade de água produzida na oxidação das gorduras é reflexo do excesso

de hidrogênios em relação aos oxigênios da molécula. Havendo hidrogênio, o oxigênio

é suprido pela respiração (Quadro 1).

Quadro 1 – Metabolismo dos nutrientes e a produção de água metabólica e valor energético.

Nutriente Água metabólica (média)

Valor energético (média) Água/100kcal(g)

Caboidrato 60% 4 kcal/g 15,0 Proteína 425 4 kcal/g 10,5 Gordura > 100% 9 kcal/g 11,1

• Outras fontes de água metabólica: aquela liberada nas reações de polimerização, tais

como na condensação de aminoácidos para a formação de peptídeos e água preformada

associada aos tecidos e liberada durante um balanço energético negativo. A importância

relativa de cada uma dessas fontes varia nas diferentes espécies animais.

• A água metabólica responde somente por 5 a 10% das necessidades diárias de mantença

dos animais.

• O produto final do metabolismo das proteínas, na maior parte dos mamíferos, é uréia e

se gasta mais água para dilui-la e excretá-la do que a produzida no metabolismo

protéico. Nas aves, o produto final é o ácido úrico, menos tóxico e a urina pode ser

semi-sólida.

A quantidade de água necessária para o consumo de 100 kcal fornecidas pelo leite pode ser

apresentada da seguinte forma:

O requisito mínimo de qualquer animal é a soma das perdas de água pelo corpo mais

uma parcela imputada ao crescimento, nos animais jovens. A água é perdida pela excreção na

urina, fezes e suor; na evaporação pelos pulmões e pele (perda insensível); nas secreções e em

produtos, como leite e ovos. A lactação pode aumentar 50 a 70% (ou mais ainda nas grandes

produtoras) as necessidades de água para mantença. Outros fatores, que podem contribuir com

o aumento da ingestão voluntária de água:

Água no leite Água metabólica Água de dessipação de calor Água para excreção dos produtos finais Déficit: – 139,5.............................................................................

127,0g_12,5g

60,0g123,0g 183,0g43,0g

Page 12: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

10

a) Aumentam com a ingestão de alimentos volumosos e com alimentos ricos em

substâncias pécticas (alimentos com propriedades laxantes).

b) Em geral, quanto maior a proporção de material indigerido, maior a perda de água

pelas fezes. Fezes de bovinos podem conter 80% de água - com a mesma dieta, as

fezes de caprinos e ovinos são muito mais secas – adaptação fisiológica no mecanismo

de retenção de água corporal.

c) Em todas as espécies, as perdas pelo trato gastrointestinal são muito pequenas se

comparadas com a quantidade de água secretada nos sucos digestivos - o volume

destes é várias vezes maior do que o volume plasmático. Em condições normais, quase

toda água excretada para o trato gastrointestinal é reabsorvida.

d) Os rins secretam mais e menos água, dependendo da água ingerida (pura ou com os

alimentos) e da quantidade de catabólitos, particularmente minerais e produtos

nitrogenados. Existem grandes diferenças entre as espécies na capacidade de

reabsorção renal. A urina de animais de habitat desértico é muito mais concentrada -

um dos mecanismos para conservação de água por eles utilizados. Aves, cobras e

insetos excretam uma quantidade mínima de água e, por isso, sobrevivem melhor à

dedeprivação do que os mamíferos. Alguns insetos nunca bebem água - a traça caseira,

por exemplo. Outro exemplo é o rato do deserto, cujo equilíbrio hídrico corporal se dá,

unicamente, pela água contida nos alimentos.

e) Bovinos de raças européias necessitam de mais água que bovinos de raças indianas.

f) Aves necessitam menos água que mamíferos, em razão do metabólito final do

metabolismo das proteínas ser uratos - menos tóxicos que a uréia - e não precisar de

diluição para ser excretado e, ainda, porque o catabolismo até ácido úrico fornece mais

água metabólica.

g) Além do teor de proteínas, a quantidade de sais da dieta influencia a quantidade de

água a ser consumida, particularmente para a excreção renal.

h) Cloretos e carbonatos necessitam praticamente da mesma quantidade de água para sua

excreção - o efeito é aditivo.

i) Uréia exige menos água do que sais - o efeito de ambos não é aditivo.

j) A quantidade de água nos alimentos influencia negativamente a ingestão diária de

água.

Ao contrário dos outros nutrientes essenciais, existem, relativamente, poucos trabalhos

recentes publicados sobre exigência e consumo de água pelos animais de um modo geral,

principalmente sobre os ruminantes.

Page 13: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

11

Na criação de animais, especificamente para o rebanho leiteiro, dentre os nutrientes

exigidos para produção, a água é aquele de maior demanda quantitativa. Vacas em lactação

necessitam de mais água em relação ao peso corporal que outras categorias, pois o leite

contém cerca de 87% de água. No corpo de um bovino adulto, dependendo do estado corporal

(magro ou obeso), 55% a 70% é água, em animais jovens 80 a 85%, podendo chegar até 90%

em recém-nascidos; muitos tecidos contêm 70% a 90% de água. Na verdade, os elementos

vivos do corpo podem ser considerados como habitantes aquáticos, pois a água não é apenas um

material inerte ou um solvente e, sim, um componente ativo e estrutural do corpo. Ela tem

elevada capacidade ionizante para facilitar as reações energéticas nas células e alto calor

específico que permite absorver o calor dessas reações com um mínimo de elevação da

temperatura corporal.

A deficiência de sódio conduz a uma hipersecreção compensatória do hormônio retentor

de sal, aldosterona e a manifestação de um apetite específico para sais de sódio. Por outro

lado, o aumento no volume do fluido extracelular e hipernatremina, devido a ingestão

excessiva de sódio, estimulam excreção renal de sódio e resulta no restabelecimento do

volume de fluido extracelular e a concentração de sódio volta para níveis normais.

Uma ingestão excessiva de água inibe a liberação Do hormônio anti diurético (ADH), o

que resulta em liberação renal de água.

O aparelho digestório de ruminantes tem uma grande quantidade de água e uma alta

taxa de renovação. Ovinos adultos excretam, em média, 6 a 10 litros de saliva por dia,

indicando que um grande volume de água no trato digestório é recirculado no sangue. Ovinos

são diferentes dos bovinos, não têm taxa de renovação da água tão alta, proporcionalmente ao

tamanho do corpo. As perdas fecal e renal são responsáveis pela maior parte da renovação de

água nos bovinos do que nos ovinos. As taxas de renovação de água, em bovinos mantidos no

pasto, ovinos e camelos, nos trópicos áridos, onde a média das temperaturas máximas era

41°C, foram 148, 110 e 61 mL por qui1ograma de peso vivo (kg PV) por dia,

respectivamente. A meia vida da água nos bovinos foi 3,5 +/- 0,21 dia.

Em mamíferos adultos, ingerir alimento e água tende a acontecer paralelamente; são

comportamentos que ocorrem principalmente durante a fase ativa do ciclo diurno e também

estão ligados às condições ambientais. Cabras alojadas individualmente em baias onde se

alternavam 12 horas com iluminação e 12 horas no escuro, a uma temperatura de 20 +/- 2 °C,

mostraram que as ingestões cumulativas de alimento e água foram positivamente

correlacionadas e, 84% das ingestões de água ocorriam em tomo das refeições, isto é, 15

minutos antes do início da refeição ou 15 minutos após. As correlações eram maiores na fase

Page 14: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

12

ativa com iluminação. As cabras foram monitoradas por seis dias e receberam ração

peletizada com 86% de matéria seca e água à vontade. Em outros experimentos, vacas

holandesas em lactação, alimentadas com capim à vontade também ingeriam a maioria da

água em tomo das refeições. Essa situação era também semelhante com vacas em lactação

alimentadas com silagem ou em espécies não ruminantes.

As propriedades sensoriais do alimento ingerido parecem ser importantes no estímulo

da ingestão de água e de alimento. Por exemplo, algum estímulo pré-gástrico ou

gastrintestinal de componentes do alimento parece ser suficiente para induzir o consumo de

água. A sensação de secura durante a ingestão de alimento há muito tem sido considerada

como um estímulo à ingestão de água para facilitar a mastigação e deglutição de alimentos

secos.

A ingestão de alimento requer ingestão de água e esta, por sua vez, parece facilitar o

consumo de alimento. Por outro lado, a ingestão de alimento é normalmente reduzida quando

há escassez de água. É evidente que a água é necessária para a digestão dos alimentos,

absorção e a eliminação da fração não digerida e produtos residuais, inclusive o calor.

Os ruminantes diferem dos animais monogástricos porque eles têm uma grande reserva

de fluidos no rúmen e porque, normalmente, uma quantidade muito maior de saliva é

secretada durante a ingestão de alimento. Assim, a relação entre ingestão de alimento e

consumo de água e as variáveis fisiológicas envolvidas nos processos podem diferir das

espécies monogástricas.

Tem sido proposto que a ingestão de alimento é simplesmente regulada para maximizar

a eficiência do consumo de oxigênio. Tem sido também hipotetizado que a relação

custo/benefício na ingestão de alimento é considerável e a ingestão de alimento é regulada

para maximizar a produção de energia líquida por litro de oxigênio consumido.

Para que ocorra a utilização do alimento pelo corpo, a água é inicialmente necessária

para mastigar e engolir o alimento, bem como para os processos da digestão, os quais

requerem homogeneização e translocação da digesta e fluidos dentro do lúmen gastrintestinal.

A dissipação do calor resultante, que pode ser problemática nos grandes animais, também

requer água. A água também é necessária para a eliminação de resíduos do metabolismo e

outros produtos finais pelos rins, via urina. Assim, a estreita relação entre as ingestões de

alimento e de água, no final das contas, reflete as múltiplas interações de água e trocas

energéticas em nível de tecido e células.

Alimentos com alto teor de umidade vão demandar menor ingestão de água em espécie.

Com base na elevada relação entre balanço de água e de eletrólitos no corpo, também

Page 15: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

13

alimentos ricos em sais vão resultar em maior consumo de água. Dessa forma, a relação

água/matéria seca ingerida vai aumentar. A suplementação adequada de sal não parece

influenciar muito o consumo de água e alimentos. Alimentos ricos em proteína

freqüentemente resultam em maior demanda de água, devido ao incremento calórico da

proteína e à eliminação de resíduos do metabolismo.

As propriedades físicas da água, como a condutividade térmica e o calor latente de

vaporização, fazem com que ela seja extremamente importante na transferência de calor do

corpo para o meio ambiente. Assim, quando a temperatura ambiente é alta, o consumo de

água em espécie é maior. Durante períodos de estresse por baixas temperaturas, devido à

elevada capacidade da água corporal em absorver calor, ela funciona como um isolante,

conservando o calor do corpo. Quando a temperatura aumenta acima da zona de neutralidade

térmica e/ou a atividade física também aumenta, ocorre aumento na ingestão da água e nas

perdas corporais.

Os bovinos ingerem água para compensar as perdas ocorridas através do leite, da urina,

das fezes e da evaporação (perdas insensíveis), e para regular a temperatura corporal e do

rúmen. Para isso, utilizam-se três fontes básicas de suprimento: água de bebida (ingestão

voluntária), água contida nos alimentos (90% do conteúdo das forrageiras verdes, no verão) e

água metabólica (oxidação dos nutrientes da dieta). A necessidade hídrica é regulada por

fatores fisiológicos, climáticos, dietéticos e genéticos. Como fatores fisiológicos citam-se,

principalmente, a lactação (estádio e nível de produção) a gestação, o crescimento e a idade

do animal. Entre os fatores ambientes tem-se, principalmente, a temperatura do ar, a umidade

relativa do ar, horas luz, a precipitação pluviométrica e período do ano. Os dietéticos incluem

o consumo de água e de sal, tipos de dietas e disponibilidade de alimento. O fator genético

baseia-se nas diferenças entre raças ou mesmo diferenças individuais.

O Quadro 2 mostra um exemplo das quantidades de entrada e saída de água pelas diferentes

vias em vacas lactantes e secas. A maior parte dessas rotas de perda ou ganho aquoso não

estão controladas pelo conteúdo hídrico orgânico. Somente a ingestão da água e a excreção

aquosa pela urina estão controladas com objetivo de regular o volume hídrico somático.

A conservação do balanço hídrico depende, principalmente, de dois mecanismos: da

sensação da sede, a qual assegura que as perdas inevitáveis de água sejam compensadas com a

bebida e da ação reguladora do ADH produzido na neurohipófise, cujas células são sensíveis

às mudanças de osmoconcentração, que permite a diurese hídrica depois de um consumo

excessivo, eliminando o perigo de superidratação, e, em caso de deprivação hídrica, facilita a

reabsorção de água pelos rins.

Page 16: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

14

Quadro 2 - Balanço hídrico diário (litros) de vacas holandesas alimentadas com feno de leguminosas.

Balanço Vacas secas Vacas lactantes Entradas

Água de bebida 25,7 51,6 Água dos alimentos 1,1 2,9 Água metabólica 2,3 3,7 Total 29,1 58,2

Saídas Fezes 12,1 25,9 Urina 6,6 8,4 Vapor 10,4 13,5 Leite - 10,4 Total 29,1 58,2

Em suma, dentre todos os nutrientes requeridos para a produção de ruminantes, a água é

o mais exigido quantitativamente. Cada espécie ou classe de animais tem necessidades

específicas de água.

Vários aspectos regulam a água corporal, dentre eles encontram-se:

Aspectos Fisiológicos: Corporal:

até 90% no corpo dos recém nascidos;

50 a 73% do peso vivo do adulto e jovem;

78 a 82% do músculo;

45% do osso;

5% do esmalte do dente;

92% do plasma.

Lactação, Gestação e Idade:

produção de leite - (inicio, meio e fim) maior demanda, três

últimos meses de lactação: ocorre até 50% de

aumento devido a gestação; isto representa 82%

do aumento de consumo de água diário.

Aspectos Genéticos: existe uma herdabilidade ao redor de 60% em relação a:

tempo de consumo de pasto;

número de vezes para beber água;

distância percorrida;

frequência de evacuação e micção.

Page 17: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

15

Aspectos dietéticos: teores de sais na água;

temperatura da água;

consumo de sal;

tipo de dieta.

Aspectos do ambiente: temperatura do ar;

umidade relativa do ar;

horas luz (insolação);

chuvas;

tempo de restrição de água.

Caso verídico : Em regiões onde a água de bebida é salobra e o produtor utiliza

suplemento mineral formulado comercialmente e não regionalizado, o consumo de

suplemento é muito pouco. Isto reflete o grau de osmolaridade no interior dos órgãos

e células imposta pela concentração de sódio. Assim, os suplementos minerais

utilizados nestas regiões devem ser desprovidas de NaCl e palatabilizado por farelos

de grãos ou sua porcentagem ser de acordo com o teor de sal contido na água de

bebida.

Exemplo: Tomando-se como média que 1g de matéria seca de alimento contém 4

kcal de energia metabolizável, para uma dieta típica e mista, pode-se estabelecer

que um animal necessita quatro vezes mais água do que alimento, peso a peso.

Exercício, lactação, temperatura ambiente e umidade relativa do ar, entre outros,

alteram essa relação; sem falar em condições patológicas como febre, vômito

constante ou diarréia. Animais lactentes ou em dietas com alto conteúdo de leite

necessitam de mais água, cerca de 1,5 cm³ por kcal de energia metabolizável

ingerida.

Page 18: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

16

Atividade suplementar do módulo: 1) Explique a importância da água como agente termoregulador, nas reações

metabólicas e como agente lubrificante (menos atrito) e protetora de impactos

(amortecedor).

2) Cite as formas de ingestão e obtenção de água corporal existentes, comentando-as.

3) Quais condições que podem levar a um maior consumo voluntário de água?

4) Explique o mecanismo ativador e inibidor da ingestão voluntária de água.

5) Como se processa o “turnover” da água no corpo dos ruminantes? Explique.

6) Qual a diferença básica entre os ruminantes e os monogástricos na ingestão

voluntária de água?

3. INGESTÃO VOLUNTÁRIA DE ÁGUA

A ingestão de água apresenta correlação positiva com a ingestão de matéria seca. O

pastejo de capins de baixa qualidade de áreas tropicais resulta em baixa ingestão de água

porque a ingestão de MS é baixa. Em consumos idênticos, as dietas com maior conteúdo de

fibra indigestível promovem maiores perdas de água nas fezes, o que aumenta a ingestão de

água. Vacas maiores ingerem mais água porque consomem mais matéria seca. Bezerros em

dietas líquidas ingerem mais água/kg de matéria seca do que animais mais velhos, recebendo

dieta seca.

O aumento da temperatura ambiente aumenta o consumo de água, com 27-30°C sendo a

faixa em que ocorre diferença marcante do consumo. O aumento da umidade ambiente reduz

o consumo de água (conseqüentemente, o de matéria seca de alimento) porque reduz a

evaporação corporal. Alimentos com altos teores de umidade, de NaCl, de bicarbonato de

sódio ou de proteína aumentam o consumo de água. A adição de NaCl ao alimento aumenta o

consumo em mais de 50g de água para cada 1 g adicionado. Vacas deficientes em sal exibem

sintomas de sede intensa e de poliúria.

Ao se avaliar o consumo de água em uma propriedade deve-se levar em conta o índice

de evaporação. Neste estudo, inicialmente, foram feitas duas análises descritivas, incluindo ou

não o índice de evaporação nos gastos efetivos de água.

Page 19: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

17

Os dados foram calculados com base nos resultados obtidos diariamente do

evaporímetro. A média de evaporação verificada no aparelho, durante o experimento, foi de

995 mL diários; no período das secas e no das águas as médias foram, 1113 mL e 854 mL,

respectivamente. Por m² de superfície, a média foi de 0,66L; nas secas 0,74L e nas águas,

0,57L.

A diferença entre o consumo com e sem evaporação foi expressiva, conforme pode ser

visto no Quadro 4. A variação entre ingestão média voluntária de água com e sem evaporação

foi devida à menor ou maior área de superfície de evaporação dos bebedouros e suas

diferentes localizações na propriedade.

Quadro 4 – Ingestão voluntária média de água (L/dia) com e sem evaporação, pelas diferentes categorias

Ingestão Ingestão mais evaporação

Vacas em lactação 62,4 66,3 Vacas e novilhas em final de gestação 50,9 51,3 Vacas secas e novilhas gestantes 45,0 51,6 Novilhas em idade de inseminação 48,8 52,8 Fêmeas desmamadas até idade de inseminação 29,8 36,1 Bezerros lactentes criados à pasto 11,2 12,5 Fonte : Benedetti(1986).

Dos animais domésticos, a vaca leiteira é a que mais sofre com uma dedeprivação de

água, primariamente pela grande excreção no leite. O corpo contém, em média, de 55 a 65%

de água; vacas muito gordas somente 50% e muito magras 70%. Em temperatura elevada,

recusam alimento a partir do quarto dia de dedeprivação e a perda de peso pode chegar aos

16%.

Na Tabela 1 visualiza-se a quantidade de água ingerida voluntariamente pelos bovinos

leiteiros em condições de confinamento em clima temperado.

Page 20: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

18

Tabela 1 – Consumo de água pelo gado leiteiro em região de clima temperado.

Categoria Idade/Produção de leite

(kg/dia)

Necessidade de água

(litros/dia)

13,6 68 a 83

22,6 87 a 102

36,0 113 a 136

Vacas em lactação

45,0 132 a 155

Vacas secas Prenhas de 6 a 9 meses 26 a 50

5 meses 14,4 a 17,4

15 a 18 meses 22,3 a 26,3

Novilhas holandesas

18 a 24 meses 27,6 a 36,3

um mês 4,9 a 7,6

dois meses 5,7 a 9,1

três meses 7,9 a 10,5

Bezerras holandesas

quatro meses 11,3 a 13,2

Fonte: Dairy Herd Management (2000).

Em bovinos de corte os requisitos são quase iguais à quantidade de água consumida nos

alimentos mais a ingerida ad libitum, como água livre. A grande diferença com o gado de leite

é que a taxa e a composição do ganho de peso também influenciam os requisitos. Como os

bovinos de corte estão mais sujeitos à atividade física, principalmente se criados

extensivamente, esta pode influenciar mais os requisitos do que no caso do gado de leite.

Considerando-se bovinos de dois anos, a necessidade mínima é de 45 litros/cab/dia ou cerca

de 8-9 litros/l00 kg de peso vivo, em condições de manejo adequado, distância correta de

bebedouros e clima temperado.

Os requisitos exatos (quantidade) de água em ovinos não são bem conhecidos.

Dependem do metabolismo, temperatura ambiente, estádio de produção, tamanho do animal,

cobertura de lã, quantidade de alimento consumido e composição do alimento. O consumo é

duas a três vezes o consumo de matéria seca. A água total ingerida, incluída a dos alimentos é

expressa pela fórmula:

Água total ingerida (kg) = 3,86 x Matéria Seca ingerida - 0,99.

O NRC (1989) exibe uma equação que prediz a quantidade de água que pode ser

ingerida por uma vaca em lactação e outra para o gado leiteiro, respectivamente.

Page 21: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

19

Ingestão de água(kg/dia)= 15,99 + [(1,58 + 0,271) x (ingestão de MS kg/dia)] +

[(0,90 + 0,157) x (produção de leite kg/dia)] + [0,05 + 0,023) x

(consumo de Na g/dia)] + [(1,20 + 0,106) x (temperatura mínima diária°C)].

Ingestão de água(kg/dia)= 0,9 x produção de leite kg/dia + 1,58 x consumo de MS kg/dia +

0,05 x consumo de Na g/dia + 1,197 x temperatura média diária °C + 16.

A ovelha gestante aumenta o consumo a partir do terceiro mês, dobra no quinto e o tem

maior para gêmeos. A ovelha lactante tem o dobro do consumo que a não lactante, à

semelhança das vacas. A dedeprivação de água é acompanhada por severa depressão no

consumo de alimentos e predispõe as ovelhas à toxemia gravídica (acetonemia, cetose ou

doença da gestação). A adequada ingestão de água é essencial para a excreção de substâncias

tóxicas, tais como oxalatos, amônia e sais minerais (principalmente fosfatos, que causam

cálculos renais). A água a zero grau suprime a atividade microbiana ruminal por 4 horas após

a ingestão, diminuindo a taxa de produção. Se mantidos em pastagens de qualidade média,

calcular o consumo em 3,5-4,0 litros/cab/dia, em clima temperado e 5-6 litros, em clima

quente.Os caprinos possuem acima de 60% de água no corpo e acima de 75% na carcaça

desossada. Algumas raças como a Beduína Negra e Barmer, dos desertos de Negev e Sinai, só

bebem água na freqüência de uma vez a cada quatro dias, pois são capazes de estocarem água

no organismo até um nível de 76% do corpo; isto pela redução das perdas na urina e nas fezes.

O consumo de água nos alimentos é alto, dado à seleção e ingestão de brotos.

O consumo total é estimado em 3,5 kg de água/kg de leite produzido; as

recomendações francesas são de 145,6 g/kg de peso metabólico (kg0,75) e 1,43 kg/kg de leite

produzido. Para o trópico úmido da Índia, 680g/cab/dia de água livre, sendo 80% consumidos

durante o dia (caprino tipo carne). Um animal leiteiro de 50 kg consome em média, de 2,5 a

4,0 L de água por kg de MS, o que representa mais de 6,0 L/dia, incluindo água de bebida e a

constituinte dos alimentos. O consumo varia de 0,5 a 3,0 L, quando sua dieta é composta por

forragens verdes e tenras, sendo que as cabras em lactação ingerem 50% mais água que outras

categorias, à semelhança das vacas e ovelhas nas mesmas condições.

O caprino é mais sensível e relutante do que outras espécies, no beber água de má

qualidade ou de gosto ruim. Se forçado, o resultado é infecção e ingestão indesejável de

minerais tóxicos. Dos animais domésticos, a cabra é dos mais eficientes no uso da água,

aproximando-se do camelo quanto à reduzida taxa de reciclagem por unidade de peso

corporal. Necessita menos evaporação para manter a temperatura corporal (menos sensível ao

Page 22: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

20

estresse calórico). É capaz de conservar água pela redução das perdas na urina e nas fezes. O

consumo de água nos alimentos é alto, dada a seleção e ingestão de brotos. Em conclusão, é

menos dependente que outros animais domésticos, mas não igual a certos animais selvagens.

A ingestão de água livre/dia pode variar de zero a vários litros, dependendo da lactação,

temperatura ambiente, água contida nos alimentos, exercício e sal ou minerais da dieta.

Reflexão: Como você dimensionaria a quantidade de água diária para consumo de ruminantes

e sua distribuição na propriedade?

Sabe-se que os ruminantes primeiramente bebem depois comem. Comente, á luz de seu

conhecimento, esta afirmativa.

Caso Verídico: As pastagens dos piquetes mais próximos às aguadas são mais pastejadas que

aquelas, onde os piquetes estão distantes. Mais ainda quando os piquetes estão em áreas

amorradas (declivosas).

Atividade suplementar do módulo: 1) Em relação à qualidade do volumoso, suplemento mineral e qualidade da água, como

seria sua orientação?

2) Face às diferenças entre as espécies ruminantes domésticas, faça um breve comentário

das suas particularidades na demanda hídrica.

4 – FATORES QUE AFETAM A INGESTÃO VOLUNTÁRIA DE ÁGUA

4.1 – Disponibilidade de água

A deprivação hídrica tem sido estudada em diversas espécies de ruminantes, incluindo o

gado bovino. Como o organismo animal praticamente não retém água e sendo a perda de água

corporal contínua, qualquer restrição, ainda que moderada, traduz-se numa queda no consumo

de alimentos e na produtividade. Na Figura 1 verifica-se a mudança de peso corporal em

vacas recebendo água à vontade e apenas 60% da sua demanda.

Page 23: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

21

Figura 1 – Mudanças no peso corporal quando vacas receberam água á vontade e 60%

dos seus requerimentos.

A deprivação de água em ruminantes causa permanente hipernatremia, a qual predispõe

uma gradual retirada de íons sódio do sangue para o cérebro.

A malácia, relatada em ruminantes privados de água, pode ser devido ao edema

resultante do gradiente osmótico, favorecendo o movimento de água para o cérebro ou devido

à interferência com a glicólise no cérebro por ação direta dos íons sódio. A alta viscosidade do

sangue causada pela deprivação de água pode impedir a eficiência de circulação sangüínea e

transporte de oxigênio principalmente ao cérebro. Na Tabela 2 verificam-se as médias de

ingestão e perdas de água, sódio e potássio por vacas recebendo durante três semanas, água á

vontade e 60% dos seus requerimentos de ingestão voluntária de água.

Page 24: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

22

Tabela 2 - Médias de ingestão e perdas de água, sódio e potássio por vacas recebendo durante três semanas, água á vontade e 60% dos seus requerimentos de ingestão voluntária de água.

Os bovinos deprivados de água não se recuperam com facilidade após o

restabelecimento da oferta de água. Na Figura 2 visualiza-se o comportamento do bovino após

um período de carência de água.

Page 25: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

23

Figura 2 – Efeito da deprivação de água por três dias em bovino e o restabelecimento após a oferta de água. Fonte: Little et al. (1984).

A deprivação de água por 48 horas reduziu a ingestão total de água pelos bovinos em

12% e por 72 horas, em 30%. À pasto, como a demanda hídrica é maior, com restrição de 48 a

96 horas, a ingestão voluntária total diminuiu em mais de 40%. A desidratação provocada

pela restrição da água em 50% determinou uma menor taxa de passagem e a conseqüente

queda no consumo de alimentos, diminuiu em 74% a produção de leite e houve perda de 14%

no peso vivo. Além disso, a reidratação foi lenta e os animais ficaram mais agressivos.

Na Tanzânia, a baixa ingestão voluntária de água no período de estiagem comprometeu

a produção de leite no período chuvoso, embora a água tivesse sido rapidamente absorvida

pelos intestinos e suprido grande parte dos requisitos dos tecidos corporais. Assim, animais

desidratados levaram dias para se recuperar e produzir normalmente.

Em vacas de alta produção foi obtido até 4% mais leite, quando a água esteve a livre

disposição dos animais do que fornecida apenas uma vez ao dia. No entanto, em vacas com

rendimento médio, a produção foi quase a mesma quando se comprou vacas recebendo água

duas vezes ao dia e vacas com água a disposição continuamente; também, vacas com água

oferecida à vontade consumiram 18% mais água e produziram 3,5% mais leite que vacas

bebendo água duas ocasiões ao dia.

A redução de 22% no consumo de água de bebida (70,0 para 54,7L/vaca/dia) diminuiu

significativamente o consumo de MS em 6,7% e a produção de leite em 8,1%. Uma redução

Page 26: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

24

de 40 a 50% na ingestão voluntária de água levou à queda no consumo de MS de 24% e da

produção de leite em 16-26%. As vacas privadas de água tiveram reduzido seu ritmo

respiratório, taxa de ruminação, água fecal e volume de urina. Houve aumento significativo

nas concentrações de uréia, sódio, cobre e proteína total no soro, na osmolaridade do soro, e

nas atividades plasmáticas de creatinaquinase e aspartato aminotransferase. Além disso, as

vacas comportaram-se agressivamente.

Em experimentos com novilhas em idade de inseminacão, a insuficiente ingestão de

água teve efeito sobre a fertilidade ao provocar perda de peso corporal de 12 a 22% e fazer

com que apenas 57,9% do grupo de novilhas desidratadas concebessem, comparado com

78,3% do testemunho.

Em áreas desérticas da Etiópia, vacas zebus da raça Boran criadas extensivamente e que

tiveram acesso às aguadas a cada 48 horas ou 72 horas ingeriram menos alimento e

consumiram menos água do que vacas com acesso à água diariamente. Embora a produção de

leite tenha sido menor, a taxa de parições não foi afetada, o que demonstra a sua

adaptabilidade ao meio ambiente adverso.

A necrose cérebro-cortical também é observada em animais submetidos à deprivação de

água (ovelhas e novilhos). A ocorrência de uma doença neurológica foi relatada em novilhos,

associada ao consumo de sal e restrição à água por cerca de 30 horas, onde os animais

apresentavam cegueira, incoordenação, ausência de resposta à estimulação, tremores

musculares, incontinência urinária e alguns deles andavam em círculos.

A insuficiente ingestão de água por novilhas teve efeito sobre a fertilidade ao provocar

perda de peso corporal de 12 a 22% e fazer com que apenas 57,9% do grupo de novilhas

desidratadas concebessem, comparado com 78,3% da testemunha.

A restrição de água em quatro vacas holandesas, que permaneceram em câmaras

metabólicas privadas de água por um período de 12 horas, acarretou perda de 20% do peso

corporal devido, principalmente, às perdas acumuladas de água no leite, urina, fezes e ar

expirado; a taxa de respiração diminuiu em 50% e a temperatura corporal aumentou 0,5º C.

No terceiro dia, o consumo de MS e a produção de leite diminuíram em 11 e 28%,

respectivamente. Depois de 48 horas de rehidratação estes efeitos quase desapareceram

totalmente. A Figura 3 mostra os efeitos da restrição de água sobre o peso corporal,

temperatura, nas taxas de respiração e de ruminação.

Page 27: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

25

.

Figura 3 – Mudanças no peso e temperatura corporal e nas taxas respiratória e de ruminação durante e após a deprivação de água por três dias. Fonte: Little et al. (1984).

Bezerros lactentes, no Brasil, normalmente ficam deprivados de água, porquê os

produtores os prendem em cercados, onde apenas a sombra está presente; o tempo que os

animais ficam nestas condições chega uma semana. Todavia, o acesso à água logo nos

primeiros dias de vida propicia melhor desenvolvimento e vivacidade. A Tabela 3 mostra as

conseqüências de se oferecer água precocemente.

Page 28: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

26

Tabela 3 - Efeito da administração precoce de água no desenvolvimento de bezerros lactentes (ganho de peso, início de ingestão e ingestão de água kg/quatro semanas).

Àgua Discriminação À vontade Sem oferta

Número de bezerros 20 21 Peso inicial (kg) 44,2 43,1 Ganho de peso 8,45 a 5,26 b Início da Ingestão 11,72 a 8,08 b Ingestão de água 41,33 - Adaptado de KERTZ et al. (1984). Letras diferentes na mesma linha apresentam diferenças significativas em nível de 5%.

Bezerros com acesso restrito à água apresentam consumo de concentrado e desempenho

31% e 38%, respectivamente, menores que aqueles com água disponível. Nas fotografias

eletrônicas podem-se constatar os efeitos da restrição de água em bezerros lactentes que

tiveram acesso à água apenas uma vez no dia (11 às 13h) em comparação aqueles que tiveram

água à vontade.

Nas Figuras 4 e 5 podem-se observar os efeitos da restrição de água em bezerros

lactentes, criados em regime de desmama precoce, sobre os aspectos microscópicos dos

órgãos digestivos.

Page 29: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

27

Figura 4 – Aspectos histológicos das vilosidades intestinais de bezerros lactentes recebendo água à vontade versus aqueles que sofreram restrição. Fonte: Benedetti e Santos (2000).

Page 30: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

28

Figura 5 - Aspectos histológicos das papilas ruminais( acima) e das lâminas do omaso (abaixo) de bezerros lactentes que receberam água à vontade versus aqueles que sofreram restrição. Fonte: Benedetti e Santos (2000).

Bezerros lactentes recebendo dois tipos de dietas líquidas, colostro diluído em água

quente na relação 2:1 e sucedâneo de soja, com água à vontade e restrita, apresentaram

Page 31: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

29

diferentes desenvolvimentos. As Tabelas 4, 5 e 6 mostram os efeitos dos tratamentos nos

órgãos digestivos de bezerros lactentes desmamados precocemente.

Tabela 4 - Efeito dos tratamentos leite e sucedâneo nas alturas das larguras das

mucosas das vilosidades intestinais, lâminas do omaso e papilas ruminais (µm).

Tratamento Órgão Leite Sucedâneo P<0,001

A.I.D. 207,15 254,00 S L.I.D. 127,00 157,00 S M.I.D. 190,34 237,00 S

A.OMA 371,00 247,22 S L.OMA 59,35 62,12 S

M. OMA 393,52 268,65 S A. RUM 118,53 116,31 S L. RUM 49,14 44,00 S M. RUM 141,48 133,55 S

S = significativo; A.I.D = Altura intestino delgado; L.I.D. = Largura intestino delgado; M.I.D.= mucosa intestino delgado; A.OMA = altura das lâminas do omaso; L.OMA= largura das lâminas do omaso; M. OMA = mucosa do omaso; A. RUM = altura das papilas ruminais; L. RUM = largura das papilas ruminais; M. RUM = Mucosa ruminal. Fonte: Benedetti e Santos (2000).

Tabela 5 - Efeito dos tratamentos água”ad libitum” e restrição de água sobre as

medidas de altura, largura das mucosas, das vilosidades intestinais, lâminas do omaso e das papilas ruminais (µm).

Tratamento Órgão Água “ad libitum” Água restrita P<0,001

A.I.D. 247,00 214,32 S L.I.D. 144,00 140,60 S M.I.D. 228,23 199,30 S

A.OMA 389,64 226,00 S L.OMA 67,65 53,62 S

M. OMA 418,86 240,60 S A. RUM 122,44 112,29 S L. RUM 53,84 40,13 S M. RUM 143,54 131,32 S

S = significativo; A.I.D = Altura intestino delgado; L.I.D. = Largura intestino delgado; M.I.D.= mucosa intestino delgado; A.OMA = altura das lâminas do omaso; L.OMA= largura das lâminas do omaso; M. OMA = mucosa do omaso; A. RUM = altura das papilas ruminais; L. RUM = largura das papilas ruminais; M. RUM = Mucosa ruminal. Fonte: Benedetti e Santos (2000).

Page 32: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

30

Tabela 6 - Efeito dos tratamentos LAV, LAR, SAV e SAR, sobre as medidas de altura, largura das mucosas das vilosidades intestinais, lâminas do omaso e papilas ruminais (µm).

Tratamento Órgão LAV LAR SAV SAR P<0,001

A.I.D. 217,25 197,68 276,48 231,33 S L.I.D. 113,11 141,24 174,84 139,96 S M.I.D. 207,50 172,55 248,97 225,00 S

A.OMA 478,00 260,00 301,22 193,22 S L.OMA 64,67 53,84 70,83 53,40 S

M. OMA 489,74 293,75 348,00 189,32 S A. RUM 156,80 78,84 88,08 144,53 S L. RUM 51,80 46,41 55,00 34,00 S M. RUM 193,00 88,15 94,17 172,93 S

S = significativo; A.I.D = Altura intestino delgado; L.I.D. = Largura intestino delgado; M.I.D.= mucosa intestino delgado; A.OMA = altura das lâminas do omaso; L.OMA= largura das lâminas do omaso; M. OMA = mucosa do omaso; A. RUM = altura das papilas ruminais; L. RUM = largura das papilas ruminais; M. RUM = Mucosa ruminal. LAV= Leite com água à vontade; LAR = Leite com água restrita; SAV = Sucedâneo com água à vontade e SAR = Sucedâneo com água restrita. Fonte: Benedetti e Santos (2000).

Os bebedouros devem ter espaço de 10 a 12cm/vaca. Quando se trabalha com espaço

menor, observar se não existem animais esperando para beber. Deve-se trabalhar com um

bebedouro para 25 vacas e localização o mais próximo possível do alimento. Em dias muito

quentes as vacas tendem a se movimentarem menos e se o bebedor dista muito dos locais de

alimentação algumas preferirão não terem sua sede saciada ao se movimentarem para beber.

Não há necessidade dos bebedouros serem de grande capacidade (o que dificulta

bastante a limpeza). Com a disponibilidade de água de qualidade, as vacas não ocuparão o

bebedouro ao mesmo tempo, o que é bastante comum em situações em que existe apenas um.

O problema de dominância dentro do rebanho também pode ser amenizado com maior

número de bebedouros.

Caso verídico: Certa vez, trabalhando no Triângulo Mineiro, foram feitos questionários para serem respondidos pelos produtores de quatro municípios. A questão era sobre a distribuição das aguadas e a distância em relação ao curral e ou local de ordenha. Cerca de 58% dos produtores responderam o questionário. A resposta foi unânime: as fontes de água eram distantes, acima de 800m e não havia bebedouros nas instalações. Inferiu-se, na ocasião, que os animais sentiam muito mais a deprivação de água do que a oferta e qualidade do volumoso.

Reflexão: Qual ou quais estratégias poderiam ser desenvolvidas na propriedade para adequar a demanda de água para os animais, dando a eles conforto de bebida e saciedade?

Page 33: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

31

Solução de problemas: Um produtor copiava semelhantemente o manejo e as instalações de bezerros de uma outra propriedade vizinha. Um dia, confrontando-se com o vizinho perguntou porque os seus animais eram menos desenvolvidos do que os dele, sendo que tudo o que era feito lá se fazia aqui. O vizinho, surpreso, não soube responder. Após algumas outras visitas o visitante descobriu. Todavia, a percentagem de diarréia aumentou e com ela a desidratação. O que aconteceu nesta propriedade? O que estava sendo feito de errado?

Atividade suplementar do módulo: 1) O que a deprivação de água por dias pode acarretar, fisiologicamente, nos ruminantes e qual a sua resposta no restabelecimento da oferta de água? 2) Os bezerros recém nascidos precisam, logo na primeira semana, de água de bebida? Porque? Como seria feita a oferta de água para essa categoria animal? 3) Quais as conseqüências da deprivação de água nos bezerros lactentes?

4.2 – Distâncias da Fonte de Água

A localização do bebedouro no piquete afeta a ingestão de alimentos pelos animais em

pastejo. Ao se locomoverem em busca de água, os animais podem optar por determinada

região no interior do piquete e selecionar qual o melhor estágio ou parte da planta forrageira

ingerir, dentro de toda a gama de plantas existentes no pasto, pois os bovinos são seletivos no

que se refere aos seus hábitos alimentares.

A distância e o acesso aos bebedouros devem ser sempre facilitados. Sabe-se atualmente

que é vantajoso ter à disposição dos animais diversos bebedouros espalhados nos locais de

trânsito como corredores de acesso ao centro de manejo, próximo às áreas de pastejo, entrada

e saída da ordenha, próximos às sombras, etc.

Experimentos a campo reportam que os bovinos pastejam a maior parte do tempo sob a

luz do dia e cobrem em média 4km por dia, despendendo aproximadamente 2 horas na

locomoção, mas esses valores são influenciados pelo tamanho do piquete, pela qualidade da

pastagem e pela localização do cocho de sal mineral e do bebedouro. Enquanto que em

piquetes pequenos, que permitam visão ampla, os animais se dispersam rapidamente, em

grandes pastos, dias ou semanas podem transcorrer antes que uma parte do local seja

explorada por todos os animais. No entanto, os bovinos geralmente aprendem com facilidade

quando o alimento e a água são colocados em locais diferentes dos habituais.

Page 34: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

32

A literatura científica contém escassa informação acerca dos efeitos que grandes

caminhadas até as aguadas têm sobre o consumo de água, de MS e a performance produtiva

dos bovinos.

As observações feitas com bovinos leiteiros criados extensivamente mostraram que o

aproveitamento das pastagens (consumo de MS) teve relação inversa à distância percorrida

até as aguadas (ida e volta). Distâncias de 0-800, 1600-2400 e 3200-4000m permitiram uma

utilização da área de pastagem de 50, 26 e 12%, respectivamente. Vacas em lactação, que

caminharam até 300m, o aproveitamento foi de 84%; até 500m, 64% e 1000m, de 38%. Isto

em relevo plano a ondulado. Em estudos onde vacas secas gestantes tiveram que caminhar

1600 a 3200m a cada 48 horas para beber água, houve queda de 24% na ingestão voluntária

de água e perda de 3,5% do peso corporal. O aumento do exercício físico acarretou menor

consumo de água de bebida reduzindo a taxa de passagem e, conseqüentemente, o consumo

de forragem.

As respostas fisiológicas de novilhas das raças Hereford e Sta. Gertrudis quando

obrigadas a caminhar a velocidade de 4,3 km/hora durante 4 horas/dia, mostraram que a

temperatura retal, medida que indica a carga calórica, passou, em ambas as raças ao início do

exercício, de 38,6ºC para 39,3 e 39,0ºC após uma hora nas Hereford e Sta. Gertrudis,

respectivamente. A taxa respiratória aumentou de 80 para 115 respirações/minuto na

Hereford, enquanto na Sta. Gertrudis permaneceu quase que constante (60

respirações/minuto), e nas duas raças, a temperatura da pele tendeu a diminuir linearmente.

Em outro experimento, com o mesmo procedimento do anterior, observou-se que nos dias em

que touros, novilhos e novilhas Hereford foram exercitados consumiram respectivamente, 11,

4, 6, 8 e 6,3L/dia de água a mais que nos dias de descanso. Evidenciou-se que quanto maior a

ingestão de água, maior a queda de temperatura da pele, pois, em seguida à reidratação, houve

resfriamento periférico resultante da diminuição da temperatura do sangue circulante.

Constatou-se, ainda, pequena relação entre o consumo voluntário de água e temperatura retal.

Não obstante, vacas mestiças Holandês x Zebu expostas à radiação direta durante os meses de

verão manifestaram aumento da temperatura retal, a qual diminuiu imediatamente depois de

um alto consumo de água.

Observações das mais interessantes foram feitas com novilhas acostumadas a beber

água a cada 48 horas e submetidas a caminhadas de 16,8km/dia. Os animais apresentaram

menores temperaturas retais que aqueles com água à vontade, mesmo 18 horas após terem

consumido água. A possível explicação deste fato seria que os animais sob restrição

consumiram grandes quantidades de água na hora oferecida e, portanto, a água adicional pôde

Page 35: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

33

ser estocada mais tempo, atuando como reguladora homeotérmica ao absorver parte do calor

proveniente da fermentação do alimento e da atividade muscular durante o exercício.

As variações diurnas de temperatura condicionam os bovinos a escolherem

determinados horários para saírem à procura de água. Deste modo, os rebanhos de gado do

Território do Norte da Austrália ocupam as horas mais quentes do dia (temperatura ambiente

entre 36 – 46ºC) nas aguadas, e não começam a caminhar até as áreas de pastejo (distantes 8-

11 km) antes que a temperatura ambiente desça abaixo de 36ºC, correspondente à parte da

tarde. No Brasil não é diferente... bovinos de corte, à campo, escolhem as horas mais quentes

do dia para irem às aguadas. O número de vezes que vão beber varia, principalmente, em

função da distância, depois da temperatura, da insolação e outros fatores climáticos. O gado

de leite vai até oitos vezes por dia ao bebedouro, enquanto que o de corte, até três vezes;

assim, a ingestão de água pelos bovinos leiteiros é bem superior.

No Triângulo Mineiro, experimento sobre movimentação de vacas mestiças leiteiras em

áreas de relevo plano e ou ondulado caminhando 2 e 4km e aquelas estabelecidas, mostrou

que a associação entre ingestão voluntária de água (l) e distância percorrida (x) é

representada pela equação de regressão l = 29,54 + 1,94 x. A equação indica que para cada

km de distância percorrida o consumo de água aumentou em média 1,94L (Figura 6 ). O

aumento da ingestão de água foi de 7,7L ou 27% pelas vacas que caminharam 4km em

relação às que não o fizeram. O percurso era feito naturalmente pelas vacas, ida e volta, ao

setor de confinamento.

Page 36: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

34

Figura 6 – Efeito da distância percorrida por vacas lactantes sobre a ingestão voluntária de

água. Fonte: Benedetti, Roche e Silva (2000).

O aumento da ingestão de água devido às maiores distâncias percorridas deve ter

diminuido o efeito sobre o consumo de MS e, conseqüentemente, sobre a produção de leite.

As médias observadas e os respectivos erros padrão das temperaturas retais antes e

depois das caminhadas para os tratamentos T0, T1 e T2 (T0 = estabuladas; T1 = 2km e T2 = 4km)

foram, respectivamente, 38,60 +/- 0,09 e 38,81 +/- 0,05, 38,59 +/- 0,1 e 39,22 +/- 0,08 e 38,61

+/- 0,06 e 39,8l +/- 0,24ºC. Houve correlação positiva significativa (r = 0,59) entre consumo

voluntário de água e temperatura retal.

As maiores temperaturas retais observadas neste experimento devem ter sido

ocasionadas pelo fato de os animais uti1izados serem vacas em 1actação, condição fisiológica

que exige maior produção de calor, além daquele proveniente da atividade muscular durante o

exercício.

A ingestão de grandes quantidades de água após as caminhadas, provave1mente, foi

para amenizar os efeitos prejudiciais da elevação da temperatura corporal, posto que a água

atua como regu1ador homeotérmico graças a seu elevado calor de vaporização e alta

condutividade térmica que facilitam perder e transferir grandes quantidades de ca1or.

Page 37: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

35

Caso verídico: Havia um produtor vocacionado pela atividade leiteira. Este senhor era muito sistemático e não permetia entrada de profissionais das ciências agrárias na sua propriedade; a ponto de o filho levar os animais doentes, por 60km, na carroceria da caminhonete, para serem medicados pelo profissional. Mas aconteceu que o touro que ele importou da Holanda adoeceu e ele não teve outra alternativa se não permitir a entrada do veterinário na sua fazenda. O profissional percebeu que as vacas estavam sendo tratadas no cocho, com capim Elefante maduro picado mais concentrado; depois eram soltas para o “pasto”, descendo uma ribanceira e andando mais ou menos 1km para chegar na aguada. O veterinário recomendou que ele desse sopão (havia uma mangueira que munia a horta de água e passava perto do confinamento); ele ensinou como seria feito, recomendando tratar três vezes ao dia. Assim foi feito. O filho do fazendeiro depois de uns 12 dias levou a notícia para o veterinário:”a produção de leite aumentou cerca de 2kg/vaca/dia”. Como ele ordenhava 125 vacas/dia, o aumento total de leite diário foi de 250kg; por mês 7500kg. Desse dia em diante as porteiras se abriram!!!

Reflexão: Com base neste caso, faça seu comentário à respeito da recomendação do profissional.

Atividade suplementar do módulo: 1) Como você faria a distribuição das aguadas e ou bebedouros na propriedade? 2) Como seriam organizados os módulos das pastagens e feitas as divisões? 3) A topografia tem influência sobre a ingestão de água? Explique. 4) Quais outros fatores poderiam contribuir para restringir ou aumentar a ingestão de água pelos ruminantes? 5) Explique a relação entre ingestão de água e consumo de Matéria Seca.

4.3 – Consumo de Matéria Seca (MS) e Estágio Fisiológico sobre a Ingestão de água

Pesquisas foram feitas para avaliar a ingestão de água voluntariamente, o consumo de

MS e a produção de leite. Nas Figuras 7 e 8 observam-se as variações e a correlações entre

estes parâmetros. Verifica-se, na Figura 7, que a ingestão de água tem efeito linear no

comportamento animal, mesmo quando ocorre a estabilização no consumo de alimento e na

produção de leite.

Page 38: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

36

Figura 7 – Ingestão de água e de MS e produção de leite nas primeiras 16 semanas de

lactação.

A Figura 8 mostra que o efeito da produção de leite sobre a ingestão voluntária de água

é linear e a Tabela 7 evidencia o efeito da gestação. Essa mudança no estádio fisiológico

exerce forte influência no comportamento hídrico corporal.

Figura 8 - Relação entre produção de leite e ingestão voluntária de água.

Page 39: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

37

Tabela 7 – Ingestão voluntária de água por vacas secas não gestantes (VSNG) e gestantes (VSG).

Ingestão de água (L/dia)

21,1°C 26,7°C Peso corporal

(kg) VSNG VSG VSNG VSG

370 25,7 40,5 29,5 46,5

460 29,5 44,3 33,7 50,6

550 32,9 47,7 37,9 54,9

640 38,6 53,4 44,3 61,3

Adaptado de WINCHESTER & MORRIS (1956)

Semelhantemente, em pesquisa feita no Brasil, visualizada a Figura 9, o efeito linear do

consumo de MS sobre a ingestão voluntária de água foi constatado em vacas mestiças

leiteiras, na região do Triângulo Mineiro. Quando o consumo diário de MS passou de 6 para

12kg, a ingestão de água aumentou de 6,8 para 21,9L/dia. A equação de regressão permitiu

calcular o aumento da ingestão voluntária de água à razão de 2,51L/kg de MS ingerida em

consumos de MS variando de 6 a 12kg/dia.

Figura 9 – Efeito do consumo de MS sobre a ingestão voluntária de água em vacas secas alimentadas à vontade.

Fonte: Benedetti, Roche e Silva (2000).

Page 40: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

38

A Figura 10 mostra o efeito da ingestão voluntária de água sobre o consumo de MS por

vacas secas, mestiças leiteiras.

Figura 10 – Efeito do consumo de MS sobre a ingestão voluntária de água em vacas secas

alimentadas à vontade. Fonte: Benedetti, Roche e Silva (2000).

A ingestão voluntária média diária de água pelas vacas secas foi de 13,14 +/- 5,86 L,

com CV de 44,6% e o consumo diário de MS de 8,51 +/- 1,23kg equivalente a 1,6% do peso

corporal.

A equação de regressão para explicar o efeito do consumo de MS sobre a ingestão

voluntária de água foi ŷ = -8,2483 + 2,5101 MS, com R2 igual a 0,219. Assim, 21,9% da

variação total de ingestão voluntária de água foi devida ao efeito linear significativo do

consumo de MS. A correlação entre ambas variáveis foi de 47%.

As diferenças na relação ingestão de água e consumo de MS obtidos pelos coeficientes

parciais de regressão para MS em ambos os estudos foram ocasionados pelos tipos de dietas

oferecidas, que no exemplo citado era constituída de alimentos secos, e no presente estudo

com teor médio de umidade de 70%. Isto explica, em parte, a diferença de 55,2% na relação

1itro de água ingerida voluntariamente por kg de MS consumida.

Considerando o consumo total de água, em torno de 33L, a razão litros de água ingerida

por kg de MS consumida resultou ser de 3,9 : 1.

Page 41: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

39

Vacas em lactação é a categoria animal que mais exige água na sua dieta. Vários fatores

contribuem para que as vacas em lactação demandem maior ingestão de água, dentre eles a

produção de leite é o principal. Na Figura 10 verifica-se essa maior demanda hídrica.

Pesquisas foram feitas, no Brasil, para avaliar o consumo de matéria seca e produção de

leite sobre a ingestão voluntária de água por vacas mestiças leiteiras.

Com vacas em lactação recebendo dieta à vontade, a ingestão voluntária média diária de

água foi de 29,45 +/- 0,49L/dia, com CV = 21,54%. O consumo de MS e a produção de leite

foram de 14,03 +/- 0,16 e 16,24 +/- 0,26kg/dia, respectivamente (Figura 11).

A equação de regressão múltipla para explicar o efeito do consumo de MS e da

produção de leite sobre a ingestão voluntária de água foi: ŷ = -35,7562 + 10,3069 MS -0,3349

MS2 -2,6226 PL + 0,1111 PL2, com R² igual a 0,38. Assim, os efeitos médios da PL e

consumo de MS contribuiram, respectivamente, com 24,4 e 13,6% para a redução da variação

total da in gestão voluntária de água.

O efeito quadrático da PL explicou a maior parte da variação total da ingestão de água.

O consumo de MS foi a segunda variável em entrar no modelo, com seu efeito médio

responsável por um terço da variação total.

Figura 11 – Efeito do consumo de MS sobre a ingestão voluntária de água em vacas lactantes

alimentadas à vontade em diferentes níveis de produção de leite. Fonte: Benedetti, Roche e Silva (2000).

Page 42: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

40

Pode-se observar também que as mudanças no consumo de MS antecederam as

mudanças na produção de leite. Isto estaria indicando uma dependência da produção de leite

em relação à quantidade de MS ingerida. A produção de leite foi altamente relacionada com a

ingestão voluntária de água e mais ainda, o seu efeito médio foi mais importante que consumo

de MS.

Na Tabela 8 apresentam-se, em forma condensada, os resultados estimados da variação

da ingestão voluntária de água em função do consumo de MS e da produção de leite. A Figura

12 mostra as curvas de ingestão voluntária de água em função do consumo de MS e à

diferentes produções de leite. O efeito da MS foi, aparentemente, linear até 10kg; entre 10 a

16kg, o incremento da ingestão de água ocorreu à taxas decrescentes, diminuindo após os

16kg de MS consumida. Este foi o valor onde atingiu-se a máxima ingestão de água.

Evidentemente, com maiores consumos de MS a relação entre L de água ingerida por kg de

MS consumida diminuiu, não havendo, portanto relação constante. Para se ter uma idéia, em

vacas produzindo 16kg diários de leite, a relação variou de 1,5, 2,0, 2,2, 2,1, 1,9 e 1,5:1 à

consumos de 8, 10, 12, 14, 16 e 18kg de MS/dia, respectivamente.

Tabela 8 – Variações da ingestão voluntária de água, de acordo com o consumo de MS e a

produção de leite, em vacas lactantes. Consumo de MS ( kg) Produção de leite

(kg) 8 10 12 14 16 18

10 10,2 18,7 24,6 27,8 28,3 26,3

13 10,0 18,5 24,4 27,6 28,1 26,0

16 11,8 20,3 26,2 29,4 29,9 27,8

19 15,5 24,1 30,0 33,2 33,7 31,5

21 19,2 27,7 33,6 36,8 37,3 35,3

24 26,3 34,9 40,8 44,0 44,5 42,3 Fonte: Benedetti, Roche e Silva (2000).

Verifica-se que a ingestão de água tendeu a diminuir entre 9 e 11,5kg de leite

produzidos diariamente nos diferentes consumos de MS, aumentando gradativamente a partir

dos 13kg. Percebe-se portanto que à diferentes níveis de produção, a relação consumo de água

livre e produção de leite não permaneceu constante. Quando o consumo de MS foi de 14kg,

Page 43: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

41

essa relação foi de 2,8, 2,1, 1,8, 1,7 e 1,8:1 com produções de 10, 13, 16, 19 e 22kg/dia,

respectivamente. O volume de água ingerido voluntariamente foi 2,24 vezes maior nesta

categoria de vacas do que nas vacas secas. Da água bebida voluntariamente, 48% foi

destinada à produção de leite, considerando que cada litro de leite contém 87% de água.

Figura 12 -– Efeito de consumo de MS sobre a ingestão voluntária de água em vacas

lactantes à diferentes níveis de produção de leite. Fonte: Benedetti, Roche e Silva (2000).

A relação consumo total de água por kg de MS ingerida foi de 4,8:l. Quando subtraída a

água do leite da água consumida a proporção ficou em 3,7:1. Comparando esta relação com a

obtida com vacas secas pode-se observar que os valores se aproximam. Sob condições

climáticas e de alimentação similares, as necessidades de água das vacas leiteiras parecem

depender da água contida no leite e de uma quantidade definida de água por unidade de MS

ingerida. O total de água ingerida por kg de leite produzido foi de aproximadamente 4,1L.

Reflexão: A radical transformação fisiológica de uma novilha prenhe em vaca lactante é um

fato que requer um aumento significativo de energia. Como se explica o aumento de volume

de ingestão de água durante a gestação e após o parto?

Page 44: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

42

Atividade suplementar do módulo: 1) Discorra sobre a interação ingestão de água e consumo de MS, tanto em vacas secas como lactantes. 2) Comente sobre a tríplice interação: ingestão de água, produção de leite e consumo de MS.

4.4 – Fatores climáticos: Temperatura ambiente (TA), Umidade relativa do ar (UR) e

Horas luz (HL)

Os efeitos climáticos exercem forte influência sobre o comportamento animal,

principalmente nos rebanhos leiteiros. Na Tabela 9 estão mostrados os dados sobre o efeito da

temperatura sobre o comportamento ingestivo de água pelos bovinos.

Tabela 9 – Estimativa da ingestão diária de água (litros/dia) por categoria, segundo o peso vivo (kg) e a temperatura ambiente.

Temperatura (ºC)

Peso vivo Categoria 15 20 30

50 Bezerros 3,4 3,6 5,3

100 Bezerros 9,8 11,0 16,3

200 Bezerros 18,2 20,0 26,5

300 Novilhas 22,7 26,5 27,0

400 Novilhas 26,5 31,0 32,0

400 Vacas em * 24,2 27,3 37,0 • Não incluí requisitos por kg de leite produzido (WINCHESTER & MORRIS, 1956)

Alta temperatura ambiente (27oC) coincidiu com a redução na ingestão de alimentos,

água e produção de leite. Porém fazendo variar a UR, a frequência de bebida foi maior à TA

superior a 24ºC e que, a partir dessa, com alto nível de UR, a ingestão de água diminuiu,

decrescendo também o consumo de alimentos. Em TA abaixo de 24ºC o efeito da UR não foi

observado.

Em vacas Jersey observou-se aumento da ingestão de água, de 50 para 195L/dia, com a

elevação da TA de dez para 38ºC. No clima quente, a água de bebida é governada pela

severidade do calor e quantidade de matéria seca (MS) consumida. Altas TA somadas a alta

Page 45: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

43

UR levam a uma depressão no consumo de água e a diminuição da ingestão de alimentos

contribuindo, significativamente, para a queda na ingestão voluntária de água. Em bezerros, a

ingestão de água à TA de 27ºC foi maior do que a 10ºC. Essa diferença foi mais evidente nos

bezerros da raça Holandesa (13,4 L/dia), intermediária nos Pardo -Suiços (6,6L/dia) e bem

menor nos Jersey (1,4L/dia).

Observa-se alta correlação entre temperatura ambiente e ingestão de água; em vacas em

lactaçao e não lactantes, os valores eram de 0,95 e 0,94, respectivamente. Os parâmetros

estudados, TA, ingestão de água, UR e suas interações foram correlacionadas entre si,

notadamente as correlações TA x UR e UR x ingestão de água, com valores iguais e negativos

de -0,90. Chuva e UR influenciaram negativamente a ingestão de água e, ainda, TA, por si só,

não foi significativamente relacionada com ingestão de água, mas sim indiretamente,

associando seu efeito ao da UR.

A TA foi considerada o fator bioclimático independente mais importante entre os que

constituem o ambiente físico do animal. O consumo de água pode aumentar de 25 a 100% à

temperatura de 32ºC, com o consumo máximo registrando-se aos 35ºC. As observações feitas

a respeito da UR, têm mostrado que nas zonas quentes e secas, de UR baixa a evaporação é

alta e rápida, acelerando a desidratação. Nas regiões quentes e úmidas, portanto com UR alta,

a evaporação é lenta, reduzindo a perda de calor, alterando, consequentemente o equilíbrio

térmico do bovino. Outro fator importante foi a radiação solar, determinada pelas horas luz

(HL) diária, considerada fonte adicional de calor, que acarreta dificuldades de manutenção da

homeotermia.

Nas regiões tropicais os efeitos do clima são mais acentuados que nas regiões

temperadas, alternando a ingestão de água pelos bovinos, à despeito do elevado conteúdo de

água nas forragens tropicais. Recomenda-se um adicional de água para manter um bom

rendimento da produção de leite nas regiões quentes. Essa diferença pode estar relacionada

com a mais alta TA, principalmente no verão, HL e exercício muscular.

O consumo de água foi positivamente correlacionado com TA máxima, MS na forragem

e HL e negativamente correlacionada com chuva e UR, quando a TA máxima diária, para

bovinos à campo, variou de 13 a 28 ºC. Ainda a ingestão de água, à temperatura variando de

25 a 30ºC ou mais, foi caracterizada por variações individuais crescentes. Isso dificultou

determinar as reais necessidades devido ao confundimento existente na individualidade do

bovino e a possibilidade de ele usar altas ingestões de água para manter uma sensação de

plenitude, a qual pode levar ao decréscimo na ingestão de alimento.

Page 46: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

44

A ingestão de água por 100 kg de peso vivo foi significativamente maior no período

quente e seco, do que no quente e úmido. À TA moderada e fria, a ingestão foi menor que à

quente e úmida, constatando-se, neste caso, aumento de seis vezes na ingestão de água quando

a TA elevou-se a 37ºC. Observou-se, também que nos meses quentes houve maior perda de

água pela evaporação, forçando à maior ingestão voluntária de água.

Poucas informações são encontradas no Brasil à respeito do assunto. Trabalhos

realizados em Piracicaba (SP) e Viçosa (MG), mostraram que houve diminuição do calor

incidente da radiação solar em cerca de 30 – 40%, somente utilizando-se sombreamento, o

que proporcionou redução no esforço para perder energia, no controle homeotérmico. Com

vacas estabuladas em lactação e não lactantes, encontrou-se alta correlação entre as variáveis

climáticas estudáveis (temperatura média, máxima, mínima, precipitação, UR, evaporação e

HL). Novamente o efeito negativo da precipitação e UR sobre a ingestão voluntária de água

foi evidenciado.

A Tabela 10 apresenta a quantidade de água ingerida por vacas em lactação de acordo

com a produção de leite.

Tabela 10 – Total de água ingerida por vacas em lactação(L/dia/vaca) de acordo com a produção de leite e a temperatura ambiente.

Temperatura Ambiente °C Produção de

leite 17 a 10 11 a 15 16 a 20 21 a 25

10 78 81 92 105

20 88 92 104 119

30 99 103 116 133

Fonte: ARC (1980).

4.4.1 – Efeito sobre a Categoria Animal

No Brasil Central, mais especificamente no Triângulo Mineiro, foi realizado um

trabalho avaliando os efeitos climáticos sobre o comportamento ingestivo de água em várias

categorias animais de gado de leite.

Vacas em lactação

Os efeitos médios de HL, TA e UR foram responsáveis por 30%, 15% e 4%,

respectivamente, de redução da variação total de ingestão voluntária de água. A interação

Page 47: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

45

entre TA e UR foi responsável por 4% de redução da variação total de ingestão voluntária de

água. Tanto os efeitos médios das variáveis como o efeito da interação mencionada, foram

importantes e significativas estatisticamente. HL foi o mais importante dos fatores estudados,

respondendo por mais do que a soma dos outros fatores juntos.

A Tabela 11 e a Figura 13 apresentam os resultados estimados em seus detalhes e de

forma condensada das variações da ingestão voluntária de água de acordo com TA e UR.

Face ao efeito significativo da interação entre TA e UR (P < 0,01) é evidente que a

informação detalhada da variação da ingestão voluntária de água exige que sejam levados em

consideração os dois fatores, TA e UR.

Tabela 11 – Variações da ingestão voluntária de água, de acordo com a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar, em vacas em lactação.

TA (ºC) UR (%) 19 21 23 25 27 29 31 33 35

39 112,6 85,2 64,3 50,0 42,1 40,8 45,9 57,6 75,8 43 105,0 79,7 61,0 48,7 43,0 43,8 51,0 64,8 85,1 47 97,4 74,2 57,6 47,5 43,9 46,7 56,2 72,1 94,5 51 89,8 68,7 54,2 46,2 44,7 49,7 61,3 79,3 103,8 55 82,2 63,3 50,9 45,0 45,6 52,7 66,4 86,5 113,2 59 74,6 57,8 47,5 43,7 46,5 55,7 71,5 93,8 122,6 63 66,9 52,3 44,1 42,5 47,4 58,7 76,6 101,0 131,9 67 59,3 46,8 40,8 41,2 48,2 61,7 81,7 108,2 141,3 71 51,7 41,3 37,4 40,0 49,1 64,7 86,8 115,5 150,6 75 44,1 35,8 34,0 38,8 50,0 67,7 92,0 122,7 160,0 79 36,5 30,3 30,7 37,5 50,9 70,7 97,1 130,0 169,3 83 28,9 24,8 27,3 36,3 51,7 73,7 102,2 137,2 178,7 87 21,3 119,4 23,9 35,0 52,6 75,7 107,3 144,4 188,1 91 13,7 13,9 20,6 33,8 53,5 79,7 112,4 151,7 197,4 95 6,1 8,4 17,2 32,5 54,4 82,7 117,5 158,9 206,8 Fonte: Benedetti (1986).

Page 48: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

46

Figura 13 – Efeitos da interação temperatura ambiente e da umidade relativa sobre a ingestão

voluntária de água pelas vacas em lactação. Fonte: Benedetti (1986).

A Figura 14 mostra o efeito das horas luz sobre a ingestão de água pelas vacas em

lactação.

Page 49: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

47

Figura 14 - Efeito das horas luz sobre a ingestão de água pelas vacas em lactação. Fonte: Benedetti (1986).

A ingestão de água variou linearmente com HL. Portanto, considerando a base comum

(UR de 66% e TA 27ºC), maior tempo de HL no transcorrer do dia, maior ingestão voluntária

de água pelas vacas. Provavelmente, pelo fato de as vacas ficarem grande parte do tempo à

pasto ou no curral de alimentação, sempre expostas à ação do sol, a HL contribuiu com

grande parte de redução de variação total da ingestão voluntária de água.

Vacas e novilhas em final de gestação

Os efeitos médios de TA e UR foram responsáveis por 30% e 14%, respectivamente, de

redução da variação total de ingestão voluntária de água. A interação entre TA e UR foi

responsável por 6% de redução da variação total de ingestão voluntária de água. Tanto os

efeitos médios das variáveis como o efeito da interação mencionado foi importante e

significativo estatisticamente. TA foi o mais importante dos fatores estudados, respondendo

por mais do que a soma dos outros fatores juntos.

Page 50: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

48

Face ao efeito significativo da interação entre TA e UR (P < 0,05) é evidente que a

informação detalhada da variação da ingestão voluntária de água exige que sejam levados em

consideração os dois fatores, TA e UR. A Tabela 12 e a Figura 15 apresentam os resultados

estimados, em seus detalhes e forma condensadas, a variação da ingestão voluntária de água,

de acordo com TA e UR.

Tabela 12 – Variações da ingestão voluntária de água, de acordo com a temperatura ambiente

e a umidade relativa do ar, em vacas e novilhas em final de gestação. TA (ºC) UR

(%) 19 21 23 25 27 29 31 33 35

39 -75,1 -57,3 -39,5 -21,6 -3,8 14,1 31,9 49,8 67,6 43 -51,5 -35,9 -20,4 -4,9 10,6 26,2 41,7 57,2 72,7 47 -30,1 -16,9 -3,7 9,5 22,7 35,9 49,1 62,3 75,5 51 -11,1 -0,3 10,6 21,5 32,4 43,2 54,1 65,0 75,9 55 5,5 14,0 22,6 31,1 39,7 48,2 56,8 65,4 73,9 59 19,7 26,0 32,2 38,4 44,7 50,9 57,1 63,4 69,6 63 31,6 35,5 39,5 43,4 47,3 51,2 55,1 59,0 62,9 67 41,2 42,8 44,4 45,9 47,5 49,1 50,7 52,3 53,9 71 48,4 47,6 46,9 46,2 45,4 44,7 43,9 43,2 42,5 75 53,2 50,1 47,1 44,4 40,9 37,9 34,8 31,8 28,7 79 55,7 50,3 44,9 39,5 34,1 28,7 23,3 18,0 12,6 83 55,8 48,1 40,4 32,6 24,9 17,2 9,5 1,8 -5,9 87 53,5 43,5 33,5 23,4 13,4 -3,4 -6,7 -16,7 -26,7 91 48,9 36,6 24,2 11,9 -0,5 -12,9 -25,2 -37,6 -49,9 95 42,0 27,3 12,6 -2,1 -16,8 -31,4 -46,1 -60,8 -75,5 Fonte: Benedetti (1986).

Page 51: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

49

Figura 15– Efeito da interação temperatura ambiente e umidade relativa sobre a ingestão

voluntária de água pelas vacas e novilhas em final de gestação

O efeito médio da TA (P < 0,05) sobre a ingestão voluntária de água foi linear, ou seja,

para cada elevação na TA ocorreu um aumento constante na ingestão, embora este efeito

esteja ligado a UR (TAB. 9 e GRÁF. 7). Esta elevação, em relação a uma base comum,

causou uma variação na ingestão voluntária de água de 6,5% para cada variação térmica, de

21ºC para 24ºC, de 24ºC para 27ºC, de 27ºC para 30ºC e de 30ºC para 33ºC. A variação total

da ingestão de água com elevação de 12ºC na TA, foi de 31,6%, correspondendo,

praticamente, um terço a mais do volume ingerido a 21ºC.

Page 52: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

50

O efeito médio da UR sobre a ingestão voluntária de água foi curvilíneo. Considerando

uma base comum, o efeito inibitório sobre a ingestão de água só se fez sentir a partir de altas

UR.

Biologicamente, as altas UR determinam um impedimento ou dificuldade na

homeotermia, ou seja, as chamadas perdas insensíveis ficam comprometidas não havendo

troca de calor pela evaporação cutânea.

Vacas secas e novilhas gestantes

O efeito médio da UR foi responsável por 28,8% de redução da variação total de

ingestão voluntária de água. A interação entre TA e UR foi responsável por 32,9% de redução

da variação total da ingestão voluntária média de água. Tanto o efeito médio da variável como

o efeito da interação mencionada foram importantes e significativos estatisticamente. Os dois

fatores estudados dividiram a importância da interferência sobre a ingestão voluntária pela

categoria.

Face ao efeito significativo da interação entre TA e UR (P<0,01) é evidente que a

informação detalhada da variação da ingestão voluntária de água exige que sejam levados em

consideração os dois fatores TA e UR. A Figura 16 e a Tabela 13, variação da ingestão

voluntária de água, de acordo com TA e UR, apresentam os resultados estimados, em seus

detalhes e forma condensada.

Page 53: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

51

Figura 16 – Efeito da interação temperatura ambiente e umidade relativa do ar sobre a

ingestão voluntária de água pelas vacas secas e novilhas gestantes. Fonte: Benedetti (1986).

As curvas da ingestão voluntária de água à UR de 43% e 66% permitem observar que

maiores diferenças nas ingestões de água ocorreram à baixas TA, isto é, o aumento da

ingestão de água com elevação da TA foi maior à UR de 66% do que à 43%. Entre 21 e 33ºC,

a ingestão de água à UR de 43% aumentou de 59,3% e, à UR de 66%, de 176,2%. A mesma

tendência ocorreu quando se comparou a ingestão voluntária de água à UR de 84%, mas a

diferença diminuiu mais rapidamente em relação a 43% do que a 66%. Entre 21 e 33ºC, a

ingestão de água à UR de 84%, aumentou de 735,3%. Em litros de água ingerida, para cada

3ºC de elevação de TA houve aumento aproximado de 6,5 L, 10,0 L, e 12,5 L,

respectivamente, nas UR de 43,66 e 84%. Em relação a uma base comum (HL de 6 h e UR de

Page 54: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

52

66%), a elevação da TA causou uma variação na ingestão voluntária de água de 44,0%,

30,5%, 23,6% e 10,3%, respectivamente, quando TA passou de 21 para 24ºC, de 24 para

27ºC, de 27 para 30ºC e 30 para 33ºC.

Tabela 13 – Variações da ingestão voluntária de água, de acordo com a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar, em vacas secas e novilhas gestantes.

TA (ºC) UR (%) 19 21 23 25 27 29 31 33 35

39 41,1 45,0 48,9 52,7 56,6 60,5 64,4 68,2 72,1 43 39,0 43,2 47,5 51,8 56,0 60,3 64,6 68,8 73,1 47 36,2 40,9 45,6 50,2 54,9 59,5 64,2 68,9 73,5 51 33,0 38,0 43,1 48,1 53,2 58,2 63,3 68,4 73,4 55 29,1 34,6 40,0 45,5 50,9 56,4 61,9 67,3 72,8 59 24,7 30,6 36,4 42,3 48,2 50,0 59,9 65,7 71,6 63 19,8 26,1 32,3 38,6 44,8 51,1 57,3 63,6 69,8 67 14,3 21,0 27,6 34,3 40,9 47,6 54,2 60,9 67,5 71 8,3 15,3 22,4 29,4 36,5 43,5 50,6 57,6 64,6 75 1,7 9,2 16,6 24,0 31,5 38,9 46,4 53,8 61,2 79 -5,4 2,4 10,3 18,1 25,9 33,8 41,6 49,4 57,3 83 -13,1 -4,9 3,4 11,6 19,8 28,1 36,3 44,5 52,8 87 -21,3 -12,7 -4,1 4,6 13,2 21,8 30,4 39,1 47,7 91 -30,1 -21,1 -12,1 -3,0 6,0 15,0 24,0 33,1 42,1 95 -39,5 -30,0 -20,6 -11,2 -1,8 7,7 17,1 26,5 35,9 Fonte: Benedetti (1986).

Novilhas em idade de inseminação

O efeito significativo da UR foi responsável por 24% de redução da variação total da ingestão

voluntária de água. Das fontes de variação estudadas, esta variável foi a mais importante, uma

vez que respondeu por quase o dobro da soma dos outros fatores juntos. A TA foi

significativa e responsável por apenas 3% de redução da variação total da ingestão voluntária

de água.

A interação entre TA e UR não foi significativa e, como tal, apenas integrou o modelo

por efeitos aditivos, já que contribuiu com 11% de redução da variação total da ingestão

Page 55: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

53

voluntária de água. A Tabela 14 e a Figura 17 relativos a variação da ingestão voluntária de

água evidenciam os efeitos isolados e independentes da UR e TA. O efeito da UR variou

curvilinearmente (P < 0,05) sobre a ingestão voluntária de água. UR muito elevadas

corresponderam à menores ingestões de água em relação a uma base comum (27ºC), à UR de

43%, a ingestão de água foi de 14,4 L , a 66%, 55,5L e a 84%, 30,3L.

O efeito linear da TA (P < 0,1) sobre a ingestão voluntária de água foi relativamente

pequeno. Desta forma, à uma base comum (66% de UR), de 21 a 33ºC, a ingestão voluntária

variou de 65,7L para 45,4L, representando uma queda de 30,9% na ingestão, conforme

mostrado na Figura 17.

Tabela 14 – Variações da ingestão voluntária de água, de acordo com a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar, em novilhas em idade de inseminação.

TA (ºC) UR (%) 19 21 23 25 27 29 31 33 35

39 -61,1 -46,5 -31,4 -16,3 -1,2 13,9 29,0 44,1 59,2 43 -35,1 -22,7 -10,4 2,0 14,4 26,7 39,1 51,5 63,8 47 -11,1 -1,4 8,2 17,8 27,4 37,1 46,7 56,3 65,9 51 10,5 17,4 24,2 31,1 38,0 44,9 51,8 58,7 65,6 55 29,5 33,7 37,8 42,0 46,1 50,3 54,4 58,6 62,7 59 46,1 47,5 48,9 50,3 51,7 53,1 54,6 56,0 57,4 63 60,1 58,8 57,5 56,2 54,8 53,5 52,2 50,9 49,5 67 71,7 67,6 63,6 59,5 55,5 51,4 47,3 43,3 39,2 71 80,8 74,0 67,2 60,4 53,6 46,8 40,0 33,2 26,4 75 87,3 77,8 68,3 58,7 49,2 39,7 30,1 20,6 11,1 79 91,4 79,2 66,9 54,6 42,3 30,1 17,8 5,5 -6,7 83 93,0 78,0 63,0 48,0 33,0 18,0 3,0 -12,0 -27,1 87 92,1 74,4 56,6 38,9 21,1 3,4 -14,4 -32,1 -49,8 91 88,7 68,3 47,8 27,3 6,8 -13,7 -34,2 -54,7 -75,1 95 82,9 59,6 36,4 13,2 -10,0 -33,3 -56,5 -79,7 -102,9 Fonte: Benedetti (1986).

Page 56: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

54

Figura 17 – Efeito da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar sobre a ingestão

voluntária de água pelas novilhas em idade de inseminação. Fonte: Benedetti (1986).

Fêmeas desmamadas até idade de inseminação

Das duas variáveis incluídas no modelo HL foi importante e significativa, contribuindo

com 19,4% de redução da variação total da ingestão voluntária de água. A UR não foi

significativa estatisticamente, apenas integrou o modelo por efeitos aditivos, uma vez que

contribuiu com 6,3% de redução da variação total da ingestão voluntária.

A ingestão voluntária de água variou linearmente com HL (P < 0,05) como pode ser

visto na Figura 18. Portanto, considerando uma base comum, maior tempo de HL no

transcorrer do dia, maior a ingestão voluntária de água pela categoria. Presume-se que pelo

fato de as fêmeas bovinas ficarem todo tempo à pasto sempre expostas à ação do sol, HL

tenha contribuído com grande parte de redução da variação total da ingestão voluntária de

água.

Page 57: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

55

Figura 18 – Efeito das horas luz sobre a ingestão voluntária de água pelas fêmeas

desmamadas até idade de inseminação. Fonte: Benedetti (1986).

Bezerros lactentes criados em baias individuais (até 60 dias)

Os efeitos independentes da UR e TA foram responsáveis por 29,4% e 11,5%,

respectivamente, de redução da variação total de ingestão voluntária de água. Os dois efeitos

foram importantes e significativos estatisticamente. HL não foi significativa, porém

contribuiu com 2,3% da redução da variação total da ingestão voluntária de água, integrando

o modelo apenas por efeito aditivo. A UR foi o mais importante fator estudado, respondendo

por mais do dobro do valor de TA. O efeito curvilíneo da UR (P < 0,05) sobre a ingestão

voluntária de água pode ser visto na Tabela 15 e na Figura 19.

Page 58: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

56

Tabela 15 – Variações da ingestão voluntária de água de acordo com a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar, em bezerros lactentes criados em baias individuais.

TA (ºC) UR (%) 19 21 23 25 27 29 31 33 35

39 -0,2 0,0 0,1 0,3 0,4 0,6 0,8 0,9 1,1 43 0,1 0,2 0,4 0,5 0,7 0,8 1,0 1,1 1,3 47 0,2 0,4 0,6 0,7 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 51 0,4 0,5 0,7 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 1,6 55 0,5 0,6 0,8 1,0 1,1 1,3 1,4 1,6 1,7 59 0,6 0,7 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 1,6 1,8 63 0,6 0,7 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 1,7 1,8 67 0,6 0,7 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 1,7 1,8 71 0,5 0,6 0,8 1,0 1,1 1,3 1,4 1,6 1,7 75 0,4 0,5 0,7 0,8 1,0 1,2 1,3 1,5 1,6 79 0,2 0,4 0,5 0,7 0,9 1,0 1,2 1,3 1,5 83 0,1 0,2 0,4 0,5 0,7 0,8 1,0 1,1 1,3 87 -0,2 0,0 0,1 0,3 0,4 0,6 0,7 0,9 1,1 91 -0,4 -0,3 -0,1 0,0 0,2 0,3 0,5 0,6 0,8 95 -0,8 -0,6 -0,5 -0,3 -0,1 0,0 0,2 0,3 0,5 Fonte: Benedetti (1986).

A ingestão voluntária de água à base comum (HL de 6h e TA de 27°C) aumentou,

inicialmente, à taxas decrescentes, ocorrendo o máximo de ingestão, aproximadamente, à UR

de 63%. A ingestão foi, praticamente, a mesma à UR de 43% e 84%.

O efeito linear de TA (P < 0,05) sobre a ingestão voluntária de água é também mostrado

na Figura 19. Constata-se que a cada elevação de TA, à base comum (HL de 6h e UR de

66%), ocorreu um aumento no volume de água ingerido de, aproximadamente, 0,2 L. A

variação total da ingestão voluntária de água, com elevação de TA de 21 para 33°C, foi de

128,6%.

Page 59: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

57

Figura 19 - Efeito da umidade relativa do ar e temperatura ambiente sobre a ingestão

voluntária de água pelos bezerros lactentes criados em baias individuais Fonte: Benedetti (1986).

A não significância da HL sobre a ingestão voluntária de água, de certa forma já era

prevista, uma vez que estes animais foram mantidos em abrigos.

Bezerros lactentes criados à pasto (60 dias até desmama)

O efeito médio da HL não foi significativo estatisticamente, mas foi importante na

redução da variação total de ingestão voluntária de água, pois contribuiu com 4,3%. O efeito

da interação TAUR foi significativo estatisticamente (P < 0,05) e importante, uma vez que foi

responsável por 20,4% de redução da variação total da ingestão voluntária de água.

Face ao efeito significativo da interação entre TA e UR é evidente que a informação

detalhada da variação da ingestão voluntária de água exige que sejam levados em

Page 60: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

58

consideração os dois fatores, TA e UR. A Tabela 16 e Figura 20, variação da ingestão

voluntária de água, de acordo com TA e UR, apresentam os resultados estimados, em seus

detalhes e forma condensada.

Tabela 16 – Variações da ingestão voluntária de água, de acordo com a temperatura ambiente

e umidade relativa do ar, em bezerros lactentes criados a pasto. TA (ºC) UR

(%) 19 21 23 25 27 29 31 33 35

39 16,8 16,4 16,0 15,5 15,1 14,7 14,2 13,8 13,3 43 16,4 15,9 15,4 15,0 14,5 14,0 13,5 13,0 12,6 47 16,0 15,5 14,9 14,4 13,9 13,4 12,8 12,3 11,8 51 15,6 15,0 14,4 13,8 13,3 12,7 12,1 11,6 11,0 55 15,1 14,5 13,9 13,3 12,7 12,1 11,4 10,8 10,2 59 14,7 14,0 13,4 12,7 12,1 11,4 11,7 10,1 9,4 63 14,3 13,6 12,9 12,2 11,5 10,8 10,1 9,3 8,6 67 13,9 13,1 12,4 11,6 10,9 10,1 9,4 8,6 7,9 71 13,4 12,6 11,8 11,0 10,3 9,5 8,7 7,9 7,1 75 13,0 12,2 11,3 10,5 9,6 8,8 8,0 7,1 6,3 79 12,6 11,7 10,8 9,9 9,0 8,2 7,3 6,4 5,5 83 12,2 11,2 10,3 9,4 8,4 7,5 6,6 5,6 4,7 87 11,7 10,8 9,8 8,8 7,8 6,9 5,9 4,9 3,9 91 11,3 10,3 9,3 8,2 7,2 6,2 5,2 4,2 3,2 95 10,9 9,8 8,8 7,7 6,6 5,6 4,5 3,4 2,4 Fonte: Benedetti (1986).

Page 61: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

59

Figura 20 – Efeito da interação temperatura ambiente e umidade relativa do ar sobre a

ingestão voluntária de água pelos bezerros lactentes criados a pasto. Fonte: Benedetti (1986).

As curvas da ingestão voluntária de água à UR de 43%, 66% e 84% permitem observar

que as menores ingestões de água ocorreram a partir de altas TA, embora o efeito inibitório da

ingestão se fez sentir em todas as variações de UR. Este efeito, porém foi menor à UR de

43%, ou seja, a variação total do volume de água ingerido na elevação da TA de 21 para 33ºC

foi, respectivamente, de 18,3%, 34,4% e 51,4%..

A não significância do efeito médio da HL pode, ser explicado pelo fato dos bezerros

terem acesso a abrigos construídos nos piquetes, eliminando ou diminuindo, em parte, os

possíveis efeitos desta variável.

Reflexão – Em condições de dias nublados e chuvosos, com animais à campo e estabulados,

quais seriam os principais fatores climáticos, que estariam atuando mais decisivamente no

comportamento de ingestão de água? Explique.

Page 62: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

60

Atividade suplementar do módulo: 1) Por categoria animal, explique a importância da temperatura ambiente, umidade relativa,

chuva e irradiação solar em animais à pasto e confinado.

2) Qual a principal ação da horas luz na mudança comportamental da ingestão de água pelos

ruminantes? Como podemos explicar seu efeito?

3) Com base na leitura deste capítulo, faça uma pequena simulação de ingestão de água por

qualquer categoria animal, hora fixando a temperatura e variando a umidade relativa e hora

vice versa.

4) O sombreamento tem influência sobre os efeitos climáticos? De que forma isso ocorre?

4.5 – Raça e ou Grau de Sangue

Os aspectos de ingestão voluntária de água estão também ligados à raça e ou grau de

sangue dos bovinos, além da diferença entre subespécie bovina. Isto reflete, inclusive, a

condição de adaptabilidade dos animais nas diferentes situações de meio ambiente e manejo.

Essas características são herdáveis e por isso exploradas por meio de cruzamentos genéticos.

Por exemplo, a freqüência de evacuação e micção, relacionada à maior ou menor retenção de

líquido corporal; o tempo de consumo de pasto, que indica os animais que possuem melhor

habilidade de colher seu próprio alimento, em menor tempo; distância percorrida em pastejo e

para beber água, ou seja, adaptabilidade às condições de produção à pasto; número de vezes

para beber água, isto é, freqüência aos bebedouros, são atributos herdáveis, em torno de 60%.

Essas características devem ser perseguidas, principalmente quando o tipo de exploração tem

como ênfase a produção à pasto. A isso se infere a chamada interação genótipo:ambiente,

onde reside a lucratividade da atividade.

A Figura 21 mostra a diferença do comportamento de ingestão de água em relação às

condições climáticas entre Bos taurus taurus e Bos taurus indicus.

A resposta do bovino europeu à contínua elevação da temperatura é bem mais

expressiva do que aquela apresentada pelo zebuíno; notadamente quando a temperatura

atingiu cerca de 32°C. Mesmo em temperaturas mais amenas, o zebu mostrou-se mais

adaptado à campo.

Page 63: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

61

Figura 21 – Ingestão voluntária de água por bovinos Bos taurus e Bos indicus em relação ao consumo de MS e temperatura do ar variando de 2° a 38°C.

Caso Verídico: Há muito buscam-se alternativas de ecótipos bovinos, de ovinos e de caprinos para melhor adaptabilidade nos trópicos. Este quase eterno trabalho tem resultado em estratégias interessantes de manejo e condução de sistemas de produção, como por exemplo, em vacas meio sangue europeu x zebu leiteiras (F1 ) colocar animais de corte para favorecer a cria e a recria de bezerros, aumentando a renda do produtor familiar com a venda destes. A reposição das matrizes fica por conta da aquisição de produtores especializados em cruzamentos.

Atividade suplementar do módulo: 1) Comente sobre a interação genótipo:ambiente dentro do sistema de produção à pasto e confinado.

Page 64: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

62

4.6 – Qualidade, Temperatura da Água e Dimensionamento dos Bebedouros

Embora os bovinos possam suportar água de pior qualidade que os humanos, são

afetados por substâncias presentes na água, que em determinadas concentrações, podem ser

fatais. Dependendo da concentração dessas substâncias na água, os bovinos podem não

apresentar sinais clínicos, mas o crescimento, a lactação e a reprodução podem ser afetados,

causando perdas econômicas para o produtor.

Atualmente, tem-se preocupado com a qualidade da água e o seu reflexo com o

desempenho animal. Vários países adotaram guias de qualidade da água para animais de

produção como o Canadá (Canadian Council of Ministries of Environment - CCME) e

Austrália e Nova Zelândia (Australia and New Zealand Environment and Conservation

Council - ANZECC). Entretanto, esses guias são baseados em poucos dados experimentais,

uma vez que há poucas informações sobre o efeito da qualidade da água no desempenho

animal, principalmente quanto às concentrações de substâncias presentes na água e o efeito na

saúde animal. Isto se deve por causa das diferenças inter e intra-espécies, do efeito ambiental,

dos animais, da dieta e interação entre elementos no metabolismo.

Os animais também podem afetar a qualidade da água com a contaminação urinária e

fecal. Os animais em sistema de pastejo, por exemplo, podem afetar negativamente a

qualidade da água em cursos d’água com a contaminação com patógenos, nitrogênio, fósforo

e material orgânico. Já com animais em confinamento, a qualidade da água é ainda mais

afetada devido à superpopulação e a água ser consumida em bebedouros menores.

Dentre os patógenos que ocorrem com a contaminação fecal, incluem a Escherichia coli

O157:H7, Campylobacter jejuni, Salmonella spp, Vibrio cholerae. Outros patógenos

bacterianos que podem ser transmitidos pela água incluem a Listeria, Leptospira, Brucella,

Coxiella e Mycoplasma. Patógenos não bacterianos incluem fungos e protozoários. Todos

esses patógenos afetam negativamente o desempenho dos animais por causa da patologia que

provocam devido à redução do apetite, sintoma comum nos animais doentes, com

conseqüente redução na ingestão de alimentos e perda de peso. Além disso, os animais ainda

sofrem com o estresse provocado com o manejo sanitário, agravando ainda mais a situação.

Tudo isso resulta em prejuízo econômico para o produtor decorrente do maior gasto com

produtos e serviços veterinários e o comprometimento dos índices zootécnicos da fazenda.

Com práticas de manejo simples pode-se evitar esse problema: mantendo os bebedouros

sempre limpos e com água de boa qualidade.

Page 65: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

63

Avaliaram-se os efeitos da qualidade da água sobre o desempenho de bovinos Hereford

de sobreano e de vacas com seus bezerros em pastejo com diferentes formas de fornecimento

e, conseqüentemente, de qualidade de água. Foram utilizados diferentes tipos de água: fresca

e limpa (provenientes de rios, riachos ou poço artesiano, fornecida em bebedouros); em

bebedouros (água de tanques de captação ou de arroios bombeados para bebedouros) e em

tanques (acesso direto a tanque de captação hídrica ou arroio). Ao analisarem o efeito do

tratamento da água no desempenho dos animais, observaram que o fornecimento de água de

melhor qualidade (água fresca), propiciou melhores desempenhos do que os outros

tratamentos (Tabela 17).

Tabela 17 - Efeito da fonte de água no ganho médio diário de bovinos. Fonte de água Ganho médio diário (kg/dia)¹

Sobreano Vacas Bezerros Limpa 0,79a 0,60 1,17a

Bebedouro 0,66b 0,48 1,14ab Tanque 0,64b 0,53 1,06b

¹/ P<0,10. Fonte: adaptado de Willms et al. (2002).

De acordo com os autores, a diferença no desempenho animal pode ser decorrente da

presença de matéria orgânica fecal, que promoveu alteração negativa no cheiro e na

palatabilidade da água, resultando em diminuição na sua ingestão com conseqüente

diminuição da ingestão de matéria seca.

O melhor desempenho observado para o tratamento com água limpa, também pode ser

explicado pelo maior tempo que os animais desse tratamento permaneceram em pastejo em

comparação ao ócio ou descanso, o que permitiu maior ingestão de alimentos. Já nos outros

tratamentos, os animais passaram menos tempo em pastejo e maior tempo em ócio e em

descanso, o que resultou em menor ingestão de alimento e conseqüentemente, em menor

ganho de peso (Tabela 18).

Tabela 18 - Efeito do tratamento da água nas atividades diárias e comportamento de ingestão de água em novilhos em pastejo

Atividade¹ horas Ingestão de água¹ Fonte de água Pastejo Ócio Descanso Freqüência Tempo(s)

Limpa 18,1a 1,0b 8,3c 1,4 77 Cocho 16,5b 1,6ab 9,5b 1,2 80 Direta 15,7c 2,3a 9,8a 1,0 85

¹/ P<0,10. Fonte: adaptado de Willms et al. (2002).

Page 66: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

64

Outra forma do desempenho animal ser afetado pela qualidade da água é a concentração

de minerais presentes. Pois, como normalmente procura-se aproveitar ao máximo os recursos

hídricos na atividade pecuária, a água não recebe nenhum tipo de tratamento, sendo ingerida

diretamente pelos animais. Alguns pesquisadores acreditam que o Fe presente na água é mais

reativo e mais aproveitável pelos animais que o Fe presente em alimentos ou em suplementos

e que mesmo em pequenas quantidades afetam negativamente a performance animal e a

absorção dos minerais. Cerca de 5 ppm ou menos de Fe, reduz a palatabilidade e pode reduzir

a ingestão de água.

Por outro lado, diferentes concentrações de sulfato na água de novilhos cruzados,

observaram que o aumento da concentração de sulfato resultou em decréscimo linear no

ganho médio diário e na eficiência alimentar, causando menor peso vivo final e prejudicando

a qualidade da carcaça. A carcaça apresentou menor peso final e peso quente. Esses efeitos

foram resultantes da menor ingestão de água. Concentrações maiores de 583 mg/L de sulfato

na água prejudicam a performance dos animais.

Muitos elementos essenciais ocorrem na água em quantidades variadas, sendo os mais

abundantes o cálcio e magnésio, que ocorrem nas formas de cloreto, carbonato, bicarbonato e

sulfato. As chamadas águas salobras interferem no consumo de suplementos minerais dos

ruminantes e desta forma o conhecimento do teor de minerais na água disponível para o

rebanho também é importante.

A medida de todos os constituintes dissolvidos na água é denominada sólido

dissolvidos totais (SDT). O termo Salinidade, quando aplicado à água fresca, geralmente é

usado como sinônimo de SDT e se refere a concentração iônica total, mg/litro. A água doce

mole ou potável tem salinidade de 0 a 1.000 mg/L; a água salobra de 1.000 a 10.000; a

salgada, de 10.000 a 100.000 e a salmoura, acima de 1.000.000 mg/L.

Para uma ingestão voluntária de água adequada alguns procedimentos devem ser

observados, principalmente em relação ao dimensionamento dos bebedouros. A altura deles

deve ficar entre 65 a 85cm para animais adultos, com profundidade mínima variando de 15 a

30cm. Em aguadas naturais deve-se observar a profundidade dos poços ou locais de bebida,

pois o bovino ao beber em locais abaixo de 20cm de profundidade pode ingerir areia, que,

pela sua densidade vai localiza-se no retículo, causando a perda do estímulo para ruminação.

Animais assim acometidos podem emagrecer a ponto de se confundir o estado corporal com a

“peste de secar”, causada pela deficiência de cobalto.

A correta disposição dos bebedouros nas pastagens ou nas instalações facilita o acesso

dos ruminantes e promove a ingestão dentro das necessidades de cada categoria.

Page 67: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

65

Normalmente usa-se a chamada “área de lazer ou de descanso” onde se tem a sombra, o

saleiro e o bebedouro. Assim, para cada animal adulto deve-se provisionar 60cm linear de

área de bebedouro para que no mínimo 15% deles bebam simultaneamente. Caso o número de

animais, no grupo for superior a 200, adotar a área de 60cm linear para 20% dos animais; isto

representa de 9 a 12cm lineares de bebedouro por animal adulto. Atentar sempre quanto a

vazão de água no tanque de bebida, a qual deve ser contínua e, de preferência servida por tubo

de no mínimo ¾”, ocasionando maior fluxo de água (reciclagem no mínimo duas vezes por

dia).

Nas instalações, os bebedouros devem ser posicionados em corredores com cerca de 4m

de largura para possibilitar o trânsito dos animais enquanto alguns estão bebendo, evitando

que aqueles animais dominantes perturbem os demais.

Os bebedouros devem ser limpos constantemente, evitando ao máximo a formação de

lodo e algas, que prejudicam a qualidade da água.

Quanto a temperatura da água de bebida existem várias considerações. Primeiramente

deve-se comentar o comportamento anatômico, particularmente dos bovinos e bubalinos, na

ingestão de água. Devido seus lábios não ser maleáveis como os dos ovinos e caprinos, não

lhes é fácil e confortável beberem água em lugares com correnteza ou água em movimento;

não ocorrerá a moldagem da boca para compensar o movimento da água, à semelhança dos

ovinos e caprinos e também os eqüídeos, gerando desconforto com a água entrando nas

narinas e também maior sucção de ar; assim eles preferem água parada ou em poço. Levando

em consideração as observações dos boiadeiros, tropeiros, quando tangiam o gado pelas

estradas, eles observavam que os animais preferiam beber água em poças que em rios e ou

córregos, porque “gostavam de água quente” (poças d’água são rasas e por isso mais

aquecidas pelo sol).

Na realidade existe uma preferência dos ruminantes quanto a temperatura da água, a

qual está entre 15 e 25°C. Abaixo de 15°C a ingestão de água decresce. Aconselha-se evitar

material metálico para bebedouros, pois pode aquecer a água além dos 30°C, limitando a

ingestão.

Poucos trabalhos foram feitos sobre a temperatura da água e sua ingestão. Pode-se inferir que

a freqüência de ida ao bebedouro é mais importante que a temperatura, nos trópicos. Sim,

porque nas regiões de clima temperado, no inverno, é necessário o aquecimento da água para

evitar o congelamento. Na Tabela 19 e na Figura 22 estão demonstrados os resultados do

efeito das diversas temperaturas da água sobre a ingestão de MS, temperatura do rumem e do

reto.

Page 68: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

66

Tabela 19 – Efeito da ingestão diária de água em diferentes horários do dia e o consumo

de feno (MS kg/dia).

Os horários de bebida tanto na parte da manhã quanto à tarde não teve influência significativa no comportamento ingestivo de água. Todavia, ao se avaliar as 24h houve significância, quando a temperatura atingiu 24°C. Não houve significância no consumo de feno e concentrado, independentemente dos horários e temperatura, mas foi significativo o efeito da temperatura sobre a relação litros de água por kg de MS consumida.

Page 69: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

67

Figura 22 – Níveis de consumo de feno e temperaturas ruminal e retal após ingestão de água

a 1,1°C. Observa-se que o restabelecimento das temperaturas ocorreu após 1,30h com ingestão voluntária de água com temperatura a 1,1°C. Este fato raramente ocorre nos trópicos.

Fisiologicamente, o centro do controle da sede fica extremamente próximo do centro termoregulador, no núcleo supraótico e paraventricular, ambos no hipotálamo. Quando o animal adulto em lactação sente sede e ingere água na temperatura ambiente, acima de 15°C até 25°C, ele consegue beber até 28L de uma só vez, com uma freqüência ao bebedouro em torno de três vezes ao dia, caso a distribuição dele esteja respeitando a distância recomendada (300m ida e volta). Com água fria ou gelada (abaixo de 15°C), respeitando a distribuição nas pastagens, a freqüência aumenta para até nove vezes ao dia. Isto è porque a sensação do frio ou gelado caminha por receptores nervosos e estimulam o centro termoregulador muito antes do centro da sede, informando para parar a ingestão de água, mas o animal continua com sede. Dessa forma, logo, o mesmo animal, volta sentir sede e novamente ele procura o bebedouro, aumentando a freqüência de ida durante o dia. Infere-se, portanto, que a temperatura da água não é o fator limitante para a ingestão voluntária, mas sim a falta e a distância das fontes de água no ecosistema das pastagens, principalmente.

Page 70: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

68

Caso verídico: Em uma região do Cerrado, quando o rebanho era levado para os chamados

“chapadões”, no período da seca, após queimada, certos animais adoeciam revelando

sintomas agudos de intoxicação. Normalmente culpava-se a planta tóxica. Após estudos de

casos desse tipo de intoxicação chegou-se a descoberta de se tratar de intoxicação por “Algas

Azuis”. Estas se desenvolvem em água supostamente limpa, em rasuras, com a interferência

do sol constante.

Atividade suplementar do módulo: 1) Qual a importância de se manter as fontes de água sempre limpas e se possível

tratadas? 2) O que vem a ser água mole e dura? Qual a implicação deste tipo de água na saúde dos

animais? 3) O que é SDT? Explique: água doce, salobra e salina. Qual (is) conseqüência (s) estas

fontes de água levariam para a saúde dos animais? 4) Quando a região só possui água salobra, qual seria sua recomendação para os

fazendeiros? 5) Comente sobre a temperatura da água no comportamento ingestivo dos ruminantes.

Com base no seu comentário, como você orientaria a distribuição e o aporte de água na propriedade?

6) A temperatura da água na região do Cerrado seria preocupante em se tratando de acometimento de temperatura ruminal? Explique.

7) Comente sobre o efeito do Fe e sulfatos na qualidade da água de bebida.

Exemplo: Pesquisa feita no Rio de Janeiro mostrou que os níveis de sódio, em alguns casos, atingem

até mais de quatro vezes o valor médio (55,1 mg/L). Alguns pesquisadores comentam que

concentração de 2% de sal (NaCl) na água, pode ser considerada tóxica para os bovinos.

5 – GASTO DE ÁGUA NA LIMPEZA DAS INSTALAÇÕES

Os gastos de água nas instalações, na limpeza e no sistema de ordenhadeira mecânica são

apresentados nas Tabelas 20 e 21.

Page 71: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

69

Tabela 20 – Gasto médio de água no setor de bovinocultura de leite da Fazenda Experimental da UFU (L/dia).

a – Não observado por avaria do hidrogênio; b – Não incluí gasto no curral de espera; c – Não incluí os meses de junho a setembro e ( )- Número de animais aparece entre parênteses

Meses Unidade de limpeza Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan

Nº médio de

bovinos

Consumo médio anual

Sl. Ordenha e de leite-131m² (102) (95) (99) (102) (89) (76)

510,0 (90)

439,0 (96)

574,7 (83)

813,0 (100)

895,5 (106)

726,6 (95) (95 +/- 9)

659,8 +/- 180,0

Bezerreiros de espera (118 m²) (85) (89) (90) (62) (41) (30)

680,0 (79)

440,0 (90)

674,7 (78)

897,0 (91)

858,0 (96)

767,3 (77)

(76 +/- 21)

719,5 +/- 164,1

Bezerreiro indivi- Dual (71 m²) (6) (3) (7) (10) (10) (10)

771,0 (10)

400,5 (08)

366,7 (6)

390,0 (6)

305,0 (5)

688,5 (7) (8 +/- 3)

584,4 +/- 140,6

Curral de espera 352 m² - - - - - - a a 842,5 921,0 1542,0 1068,5 - 1093,5+/-313,4

Soma das construções 5278,3 4072,5 4520,3 3874,5 a a 1961b 1279b 2458,6 3021 3600,5 3250,9 - 3759,6+/-887,9c

Utensílios, sanitá-rios e úberes 2866 2816 2890 3919 3825 3699 5198 5132 5980 4628 4495 4645 - 4141,0+/-1070,5

Sistema ordenha Mecânica 280 280 280 280 280 280 280 280 280 280 280 280 - 280

Total Geral 5278,3 6768,5 7690,3 8073,5 4105,0 3979,0 7439,0 6691,5 8718,6 7929,0 8375,5 8175,9 - 8180,7+/-624,4

Page 72: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

1

Tabela 21 – Gasto médio de água nas instalações da Fazenda Experimental da UFU por m² e por animal (litros/dia).

a – não anotado por avaria no hidrômetro; b – não incluí o gasto no curral de espera; d – não consta os gastos dos meses de junho a setembro

Meses Unidade de limpeza Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Média Anual

Sala de ordenha/leite Por m² Por animal

- -

- -

- -

- -

- -

- -

4,0 5,7

3,4 4,6

4,6 6,9

6,2 8,1

68,0 8,5

8,4 7,7

5,6 +/- 1,9 6,9 +/- 1,5

Bezerreiro espera Por m² Por animal

- -

- -

- -

- -

- -

- -

6,0 8,6

3,7 4,9

5,0 8,7

7,6 9,9

7,3 8,9

6,5 10,0

6,0 +/- 1,5 805 +/- 3,7

Bezerreiro Individual Por m² - - - - - - 11,0 5,7 5,1 5,5 4,3 9,7 6,9 +/- 2,8 Curral de espera Por m² Por animal

- -

- -

- -

- -

- -

- -

a a

a a

2,4 10,2

2,6 9,2

4,4 14,6

3,0 11,3

3,1 +/- 0,9 11,4 +/- 2,9

Sala das construções Por m² Por animal

11,3 22,6

8,8 21,8

11,3 23,2

8,3 22,1

a a

a a

21,0b 14,3

12,8b 9,5

17,1 25,8

21,9 27,2

22,8 32,0

27,6 29,0

16,3 +/- 6,7 22,8 +/- 3,7d

Total de área (m²) 469,5 469,5 469,5 469,5 - - 320,6 320,6 672,6 672,6 672,6 672,6 487,6 +/- 176,7

Page 73: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

1

Nos meses de fevereiro a maio a medição foi feita considerando as instalações

como um todo (soma das construções – Tab. 20). Observa-se que o volume de água

empregado na limpeza das instalações foi menor nos meses de seca.

A partir do mês de agosto fez-se a divisão por ambiente, com a finalidade de

avaliar os gastos por local e por área. Gasto médio diário durante o experimento foi de

3759,6 +/- 887,9L, não incluindo os meses de junho a setembro.

A medição dos gastos de água na limpeza de utensílios, sanitários e úberes foi

realizada durante os 12 meses de experimento, com média diária de 1070,6 +/- 414,46L.

O gasto de água por área e por animal foram calculados de fevereiro à maio

considerando a instalação como um todo e, a partir de agosto, foram também

apresentados por ambiente (Tab. 21). Verifica-se que o volume gasto de água, em quase

todos os ambientes, foi maior no verão. O gasto por área (m²) no curral de espera foi

menor devido a sua inclinação e menor intensidade de limpeza. O gasto por área (m²)

nos bezerreiros individuais foi maior, quando comparado com outros ambientes. Isto se

justifica pelo fato de haver, além da área de cimento, grades de madeira e cama de capim

no local, dificultando a operação de limpeza. O gasto de água por área e por animal na

sala de ordenha e de leite foi de 5,6 +/- 1,9L e 6,9 +/- 1,5L, respectivamente. O gasto

médio de água por animal na limpeza das instalações foi 22,8 +/- 3,7L. O volume de

água gasto na limpeza geral foi de 8180,7+/- 979,2L. Somando-se este volume ao do

bebedouro do curral de alimentação, gasto como água de bebida, 787,2 +/- 90,0L (total

consumido por 100 vacas ou 7,9L /vaca/dia), obteve-se o volume total de água

necessário no setor de ordenha, 8967,9 +/- 714,4L/dia.

O volume de água consumido nos bebedouros dos pastos das diferentes categorias

de bovinos foi de 14804,6 +/- 314,3L diários, que somados ao volume de água ingerido

no bebedouro do curral de alimentação perfaz um total de 15591,8 +/- 404,3L/dia. Como

a propriedade abriga cerca de 280 bovinos leiteiros, a média de ingestão diária por

bovino foi de 55,7L. Somando-se o volume total utilizado no setor de ordenha (897,9 +/-

114,4L) ao consumido dos bebedouros dos pastos (14804,6 +/- 314,3L), obteve-se o total

geral diário de 23772,5 +/- 1118,7L/dia ou 84,9L por bovino/dia.

A relação litros de água: litros de leite produzido foi de 8,5:1, considerando que a

média de produção de leite na Fazenda Experimental foi de 10,0 +/- 2,0 kg/vaca/dia.

Page 74: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

2

Reflexão: Um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores é o planejamento da demanda do volume de água a ser utilizada diariamente na propriedade. Atualmente existe a obrigatoriedade de reciclagem da água utilizada na limpeza em geral, pelo menos duas vezes ao dia. Assim sendo, como você planejaria o volume de água demandado diariamente numa fazenda de 1000kg de leite/dia, com 50 vacas estabuladas?

Atividade suplementar do módulo: 1) Porquê se gasta mais água no verão chuvoso em relação ao período seco do ano na limpeza das instalações? 2) Qual a relação entre o tipo e qualidade das instalações no consumo diário de água de limpeza? 3) Comente sobre a importância de se conhecer a relação litros de água total por kg de leite produzido. 6 – LITERATURA CONSULTADA AGGREY, E.K. Voluntary water consumption of west African Shorthorn heifers at pasture under humid tropical condition in Ghana. Tropical Agriculture, London, v. 62, n.1, p. 2 – 9, 1985. AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL, London. The nutrient requirements of rumínant lívestock. Farnham Royal, Commonwealth Agricultural Bureaux, p.95-99, 1980. ALTMAN, L. B. Automatic livestock waterers. U. S. Dept. Agric. Leaflet, 1955 apud Hafez, E. S.; DYER, J. A. Desarrollo y nutricion animal. Zagaroza, Acribia, 1972. 472 p. ANDERSON, M. Effects of drinking water temperatures on water intake and mi1k yie1d of tied-up dairy cows. Livestock Production Science., Amsterdam, v.12, n.4, p. 329-38, 1985. ATKESON, F. W.; WARREN, T. R. The inf1uence of type of ration and plane of production on water consumption of dairy cows. Journal Dairy Science., Champaign, v. 17, n. 1, p. 265-77, 1934. ATKSON, F.W.; WARREN, T.R. The influence of type of ration and plane of production on water consumption of dairy cows. Champaign, Journal Dairy Science, v.17 n. 1, p. 265-77, 1934. BAILEY, C.B.; LAWSON, J.E. Estimated water and forage intake in nursing range calves. Canadian Journal Animal Science, v. 61, n. 2, p. 415-21, 1981.

Page 75: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

3

BENEDETTI, E. Ingestão e gasto de água no manejo do rebanho leiteiro. Belo Horizonte, Escola de Veterinária da UFMG, 1986. 72p. (Tese, Mestrado). BENEDETTI, E.; SANTOS, F. G. Efeito do tipo de dieta, associada à restrição de água de bebida em bezerros lactentes. Aspectos microscópicos dos órgãos digestivos tubulares. Uberlândia. Veterinária Notícias, v. 6, n. 1, p. 83-91, 2000. BENEDETTI, E., Silva, H.M., Roche, R.P. Efeito do Consumo de Matéria Seca e da Produção de Leite sobre a Ingestão Voluntária de Água em Bovinos Leiteiros. Arquivos Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 42, n. 1, p.25-28, 1990. BOTELHO, C. G. Avaliação do suprimento hídrico e do volume residuário no manejo de bovinos, suínos e galináceos. Belo Horizonte, Escola de Engenharia da UFMG, 1983. 85p. (Tese, Mestrado). BRAUL, L.; KIRYCHUK, B. Water quality and cattle. Agriculture and Agri-Food, Canada, 2001, 6p. BUENO, C.F.H. Construções rurais: água e esgotos. Lavras, ESAL, 1977. 28p. (Apostilado Acadêmico – Revisão). BURKSER, G. V.; VALUJSKAJA, R. T. Water metabo1ism in cows fed on si1age enriched with urea. Moscow, Veterinariya Moscow, v. 8, n. 1, p. 79-80, 1970 apud Nutricion. Abstract and Review British, Farnham Roya1, v. 41, n. 2, p. 4071, 1970. CAMPBELL, I.L.; MUNFORD, R.E. The water consumption of dairy cows at pasture in New Zealand. Separata de INTER- NATIONAL DAIRY CONGRESS, 15., 1959. Proceedings. v.1, p.67-72. 1959. CAMPOS, J. Tabelas para o cálculo de rações. 2. ed. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1981. 64p. CARDOSO, R.M.; FALCO, J.E.; SILVA, M.A.; GARCIA, J.A. Reações fisiológicas de vacas leiteiras mantidas à sombra, ao sol e em ambiente parcialmente sombreado. Viçosa, Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.12, n. 3, p. 458-67, 1983. CARPENTER, J.L.; NORMAN, A.J.; VALLIS, E.A.; VRANCH, A.T. The viability of the use of solar water heaters in milking parlours in the United Kingdon. IN: VOGT, F., ed. Energy conservation and use of renewable energis in the bioindustries. Oxford, Pregamon Press. p.85-92. 1981. CASTLE, M. E.; MACDAID, E. The intake of drinking water by dairy cows at grass. Oxford, Journal British Grassland Society, v. 30, n.1, p. 7-8, 1975. CASTLE, M. E.; THOMAS, T. P. The water intake drinking water by grazing dairy cows – the effect of water availability. Oxford, Journal British Grassland Society, v. 28, n.4, p. 203-7, 1973.

Page 76: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

4

CASTLE, M. E.; TRAMAS, T. P. The water intake of British Friesian cows on rations containing various forages. Edinburg. Animal Production, v. 20, n.1, p. 181-9, 1975. CASTLE, M. E.; WATSON, J. N. The intake of drinking water by grazing dairy cows -the effect of water avai1abi1ity. Oxford, Journal British Grassland Society, v. 28, n.4, p. 203-7, 1973. CASTLE, M. E. A study of the intake of drinking water by dairy cows at grass. Oxford. Journal British Grassland Society, v. 27, n.4, p. 297-10, 1972. CASTLE, M.E.; MACDAIDE, E._The intake of drinking water by dairy cows at grass. Oxford. Journal British Grassland Society, v. 30, n. 1, p. 7-8, 1975. CASTLE, M.E.; THOMAS, T.P. The water intake of British Friesian cows on rations containing various forages. Edinburgh. Animal Production, v. 20, n.1, p.181-9, 1975. CASTLE, M.E. Water intake of dairy cattle. British Veterinary Journal. London, v.133, n. 1, p. 95-101, 1977. CHURCH, D.C.; POND, W. G. Bases científicas para la nutrición de los animals domésticos. Zaragoza, Acríbia, 1977. 462p. CHURCH, D.C. The ruminant animal digestive physiology and nutrition. New Jersey: Prentice Hall, 1998. 564p. COWAN, R. T.; SHACKELL, D.; DAVISON, T. M. Water intakes,milk yield and grazing behaviour of Friesian cows with restricted access to water in a tropical upland environment. Melbourne, Australian Journal Experimental Agricultural Animal Husbrand., v.18, n. 91, p. 190-5, 1978. DAIRY housing and equipment handbook -D.H.E.H-1980. Ames, Iowa State University, Midwest Plan Service, 1980 apud NOVAES, L.P. Confinamento de bovinos leiteiros. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GADO LEITEIRO, Campinas, 1985. Tecnologia da Produção Leiteira. Piracicaba, FEALQ, p.31-94. 1985. DANIEL, S. J.; HASAN, Q. A.; MURTY, U. N. Note on water metabo1ism in 1actating cross-bred cows. New De1hi, Indian Journal Animal Science, v. 51, n.3, p. 358-60, 1981. DANIEL, S. J.; HASAN, Q. A.; MURTY, U. N. Note on water metabolism in lactating cross-bread cows. New Delhi. Indian Journal Animal Science, v.51, n. 3, p. 358-60, 1981. DIAS, M. Qualidade da água e desempenho dos bovinos. Macal Nutrição Animal – Informe Técnico. Campo Grande, 2006. 25p. DRAPER, N. R.; SMITH, H. Applied regression analysis. New York, John Wi1ey & Sons, 1966, 407p.

Page 77: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

5

DUKES, H. H.; SWENSON, M. J. Fisiología de los animales domésticos. 4. ed. México, Agui1ar, 1981. V. 1. 1054p. FALCO, J. E. Reações de vacas leiteiras mantidas à sombra, ao sol e ambiente parcialmente sombreado. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1978. 69p. (Tese, Mestrado). FOLEY, R.C.; BATH, D.L.; DIEKINSON, F.N.; TUCKER,H.A. Dairy Cattle principles, practices, problems, profits. 2. ed. Philadelphia, Lea & Febiger, 1973. 693p. FRASER, A.F.; BROOM, D.M. Farm animal behaviour and welfare. 3 ed. London: Baillière Tindall, 1997, 437p. GHOSH, T.K.; SINGH, U.B.; VERMA, D.N.; SAXENA, K.K.; RANGHAN, S.K. Measurement of water turnover and water requeriments in different species of animals in two seasons. New Delhi. Indian Journal Animal Science, v. 50, n. 8, p. 615-9, 1980. GIOVANNI, A.C. de M. Efeito de sobreamento e da exposição ao sol sobre o consumo e digestibilidade de alimentos em novilhas holandesas e mestiças holandês-zebu. Viçosa, Universidade Federal de Viçosa, 1978. 49p. (Tese Mestrado). GLASER, F.D. Aspectos comportamentais de bovinos da raça Angus a pasto frente à disponibilidade de recursos de sombra e água para imersão. Pirassununga, SP: USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, 2003, 84p. (Dissertação Mestrado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, 2003. HAFEZ, E. S. E; DYER, J. A. Desarrollo y nutrición animal. Zaragoza, Acríbia, 1972. 472p. HAFEZ, E.S.E. Adaptacion de los animals domésticos. Barcelona: Labor, 1973. 287p.

HARBIN, R.; HARBAUGH, F. G.; NEELEY, K. L.; PINE, N. C. Effect of natural combinations of ambient temperature and re1ative humity on the water intake of 1actating and non 1actating dairy cows. Champaign. Journal Dairy Science, v. 41, n. 11, p. 1621-7, 1958. HARPER, H. A.; RODWELL, V. W.; MAYES, P. A. Review of Physiological Chemistry. 16. ed. Los Altos, Lange, 1977. 681p. HOP, J. Water supp1y on dairy farms. Bedrifsontwikke1ing. The Hague, v.13, n.5, p. 430-4, 1982 apud Dairy Science Abstract, Farnham Roya1, v. 47, n.1, p.183, 1985. JENNY, B.F.; WILLS, S.E.; JOHNSTON, W.E.; O'DEL, G.D. Effect of fluid intake an dry matter concentration on cows and water intake in calves fed once daily. Champaign, Journal Dairy Science, v. 61, n.6, p. 765-70, 1978.

Page 78: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

6

JORDAN, H.; GARCIA LOPEZ, R.; CABALLERO, A. A note on the water consumption frequency of dairy cows under normal or restricted grazing conditions. Havana, Cuban Journal Agricultural Science, v.18, n.2, p.113-8, 1984. JOSHI, B.C. Effect of micro environmental heat stress feed and water intake of cross-bred cattle. New Delhi. Indian Animal Science, v.53, n.12, p.1328-30, 1983. KABUGA, J. D.; ALHASSAN, W. S. Water and food intakes of canadian Ho1stein Friesian cows in Ghana. Edinburgh. Tropical Animal Health Production, v.15, n.4, p. 239-44, 1983. KAISER, E. Economic water usage for production -prerequisites for reducing excess slurry and water wastage in milk production. Tierzuaht, Germany, v. 34, n.11, p. 509-13, 1980, apud Dairy Science Abstract, Farnham Royal, v. 44, n.6, p. 3429, 1982. KERTZ, A.F.; RENTZEL, L.F.; MAHONEY, J.H. Ad libitum water intake by neonatal calves and its relationship to calf starter intake, weight gain, feces score and season. Champaign, Journal Dairy Science, v. 67, n. 3, p. 2964-9, 1984. KHUB, S. Physiological responses of crossbreed heifers under different environments. New Delhi. Indian Journal Animal Science, v. 50, n. 8, p. 607-11, 1980. KIKKANA, A; ISHIZAKI, S. The re1ation between husbandrysis sistem and avai1ab1e waste garantity in dairy farming investigtions in Ibaraki Prefecture. Sci. Rep. Fac. Agric.,Ibaraki, v. 27, n.1, p. 161-71, 1979 apud Dairy Science Abstract, Farnham Roya1, v. 44, n. 6, p. 3654, 1982. KING, K. R.; STOCKDALE, C. R. Milk yield of dairy cows given restricted access to water ín a Mediterranean-type climate. Melbourne, Australian Journal Experimental Agricultural Animal Husbrand, v. 21, n.109, p.167-71, 1981. KIRCHGENSSNER, M.; SCHAWARZ, F. J.; ZINNER, P. The effect water supply on the feed intake and milk producrion of dairy cows. Zuechtungkunde, Bonn, v. 55, n.1, p. 40-7, 1983 apud Nutrition Abstract and Review Farnham Royal, v. 54, n.6, p. 2290, 1984. KOALLICK, M. & HOLKER, T. Water consumption in industrial milk production. Aqrartechnik, v. 30, n.11, p. 486-88, 1980 apud Dairy Science Abstract, Farnham Royal, v.14, n.1, p.104, 1982. KRISHINA, G.; DAZDAN, M. N.; RAY, S. N. Effects of nutricional and seasonal variations on water metabolism in lactating zebu cows (Bos indicus) in the tropical-subtropical region of India. Trinidad. Tropical Agricultural, v. 52, n.4, p. 355-41, 1982. LEITCH, M. A.; THOMPSON, J. D. The water economy of farm anima1s. Nutrition Abstract and Review British, Farnham Roya1, v.14, n.1, p. 197 - 223, 1944. LITTLE, W.; SHAW, S. R. A note on the individua1ity of the intake of drinking water for dairy cows. Edinburgh, Animal Production, v. 26, n. 2, p. 225-7, 1978.

Page 79: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

7

LITTLE, W.; COLLIS, K.A.; GLEED, P.T.; SANSON, B.F.; ALLEN, W.M.; WICK, A.J. Effect of reduced water intake by lactating dairy cows on behaviour, milk yield and blood composition. London. Veterinary Research, v. 6. n. 26, p. 547-51, 1980. LITTLE, W.; SANSOM, B. F.; MANSTON, R.; ALLEN, W. M. Importance of water for the hea1th and productivity of the dairy cow. London. Research Veterinary Science, v. 37, n.3, p. 283-9, 1984. LITTLE, W.; SANSOM, B. F.; MANSTON, R.; ALLEN, W. M. The effect of reducing the water intake of 1actating dairy cows by 40% for 3 weeks. Edinburgh, Animal Production, v. 27, n.1, p. 79-87, 1978. LONERAGAN, G.H.; WAGNER, J.J.; GOULD, D.H. et al. Effects of water sulfate concentration on performance, water intake, and carcass characteritics of feedlot steers. Journal of Animal Science, v.79, n.12, p.2941-2948, 2001. LUDRI, R. S. Effect of hot-humid and co1d c1imatic conditions on mi1k production, nutrient conversion efficiency and water requirement of cross-bred cows. New De1hi. Indian Journal Animal Science, v. 53, n. 8, p. 812-7, 1983. MAYNARD, L. A.; LOOSLI, F. K. Animal Nutrition. 7. ed. New York, MacGraw-Hi11, 1979. 602p. MARQUES, D.C. Criação de Bovinos. 7 ed., Belo Horizonte: CVP, 2003. 586p. MCDOWELL R. E. Improvement of livestock production in warm climates. San Francisco. W. H. Freeman eds., 1972. 711p. MORAIS, J. P. G. Instalações para bovinos leiteiros. Universidade Federal de São Carlos - CCA. Araras-SP. Documento 1. 2000. 35p. MORE, T.; SAHNI, K.l. Effect of water intake on feed digestibility. Rome. World Review Animal Production, v.17, n. 2, p. 33-40, 1981. MURPHY, M. R.; DAVIS, C. L.; McCOY, G. C. Factors affecting water consumption by Ho1stein cows in ear1y lactation. Champaign, Journal Dairy Science, v. 66, n. 1, p. 35-8, 1983. MURRAY; D. M. & YEATES, N. T. M. Wa1king tria1s with catt1e. II. A comparison of bu11s, steers and heifers. Cambridge, Journal Agricultural Science, v. 69, n. 1, p. 71-8, 1967. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrient requirements of beef cattle. 7th ed. Washington: National Academy Press, 1996. 242 p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL, Washington, D.C. Effect on environment on nutrient requirements of domestic animal. Whashington, D.C., National Academy Press, 1986. p.39-48.

Page 80: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

8

NICHOLSON, M. J. The effect of drinking frequency on some aspects of the productivity of zebu catt1e. Cambridge. Journal Agricultural Science, v.108, n. 2, p. 119-28, 1987. NUNES, M. A. Efeito da distribuição das aguadas sobre o desempenho dos animais. Piracicaba-SP. Esalq./USP.(Monografia de conclusão do curso de especialização em Nutrição de Ruminantes). Piracicaba. 2005. 14p. NUNES, I. J. Nutrição Animal Básica. 2 ed. Belo Horizonte: FEP-MVZ Editora, 1998. 387p. OSLSSON, J. B. & MCKINLEY, M. J. Central control of water and salt intake in goats and sheep. IN: RUCKEBUSH, Y.; THIVEND, P. Digestive physiology and metabolism in ruminants. Westport, AVI, 161-75p, 1980. OWEN, J. G.; MILLER, E. L.; BRIDGE, P. S. A study of the voluntary intake of the fate of water in the adult cow. Cambridge, Journal Agricultural Science, v. 74, n. 3, p. 423-32, 1970. OWEN, J. G.; MILLER, E. L.; BRIDGE,P. S. A study of the vo1untary intake of food and water and the 1actation perfornance of cows given diets of varying roughage content ad libitum. Carmbridge, Journal Agricultural Science, v. 70, n. 2, p. 223-35, 1968. PAQUAY, R.; DE BAERE, R.; LOUSSE, A. Statistica1 research on the fate of water in the adu1t cow. II. The 1actating cow. Cambridge, Journal Agricultural Science, v. 5, n. 2, p. 251-5, 1970b. PAQUAY, R.; DE BAERE; R.; LOUSE, A. Statistical research an the fate of water in the adult cow. I. Dry cows. Cambridge, Journal Agricultural Science, v. 74, n. 3, p. 423-32, 1970a. PIATKOWSKI, B. apud AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL, London. The nutrient requirements of ruminant livestook. Farnham Royal, Commomhealth Agricultural Bureaux, p.295-9. 1980. RAGSDALE, A.C.; THOMPSON, H.J.; WORTELL, D.M.; BRODY, S. The effect of humidity on milk production and composition, feed and water consumption, and body weight in cattle. s.1., Mo. Agric. Exp. Sta., 1953 (Res. Bull., 521)" apud BIANCA, W. Reviews of the progress of dairy Science. A physiology cattle in a hat enviranment. Journal Dairy Research, London, v. 32, n.3, p. 291-345, 1965. REAGAN, W.M. & MEAD, S.W. The effect of chagnes in environmental temperature on water consumption of producing dairy cows. Champaign, Journal Dairy Science, v. 22, n. 4, p. 472-3, 1939. RICHARDS, J. I. Effect of high daytime temperature on the intake and uti1ization of water in 1actating Friesian cows. Edinburgh, Tropical Animal Health Production, v. 17, n. 4, p. 209-17, 1985.

Page 81: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

9

ROCHE, R.P., BENEDETTI, E., SILVA, H.M., OLIVEIRA, H. N. Efeito da distância percorrida sobre a ingestão voluntária de água por vacas leiteiras. IN: REUNIÃO ANUAL DA SBZ, 25. 1990. Viçosa. Anais....Viçosa. p.106. 1990. ROY, J.H.B. The calf. 3. ed. London, Iliffe. 1970. v.2. RUBENKOV, A. A. Watering cows at the time of ca1ving. Zivotnovodstvo, USSR, v. 4, n. 1, p. 63-4, 1958 apud Nutrition Abstract and Review British, Farnham Roya1, v. 29, n. 1, p. 1604, 1959. SALERMO, A.; MALOSSINI, F. Intake of water by lactating cows and by heifers. Annuale Instituto Zootecnica, Rome, v. 11, n. 1, p. 195-23, 1967. SANTOS, J.M.; VILLANOVA, A. Producão zootécnica nos trópicos. Piracicaba, FEALQ, 1976. 54 p. (Apostilado Acadêmico). SCHIMIDT, P. J.; YEATES, N. T. M.; MURRAY, D. M. The effect of water restriction on some physiological responses of steers during enforced exercise in a warm environment. Melbourne, Australian Journal Agricultural Research., v. 31, n. 2, p. 409-16, 1980. SCHMIDT, P. J. Observations on the behaviour of cattle in a hot dry reqion of the Northern Territory of Australia, with particular reference to walking, watering and grazing. Armidale, University of New England, 1969. (Thesis, M. Rur. Sci.) apud SCHMIDTH, P. J.; YEATES, N. T. M.; MURRAY, D. M. The effect of water restriction on some physiological responses of steers during enforced exercise in a warm environment. Melbourne, Australian Journal Agricultural Research. v. 31, n. 2, p. 409 -16, 1980. SILVA, J. F. C. Mecanismos reguladores de consumo. IN: Nutrição de Ruminantes. Editores Berchielli,T.T.; Pires, A.V. e Oliveira, S.G. – Jaboticabal: Funep, p. 57 – 78, 2006. SEKINE, J.; OKUBO, M.; ASAHIDA, Y. Effect of ambient temperature on water consumption in growing calves. J. Fac. Agric. Hokkaido Univ., Hokkaido, v. 61, n.1, p. 160-65, 1981 apud Nutrition Abstract and Review B, Farnhan Royal, v. 53, n.10, p. 5017, 1983. SNEVA, F. A. RITTENHOUSE, L. R.; HUNTER, V. E. Stokwater’s effect on cattle performance on the high desert. Station Bulletin, Agric. Exp. St., Oregon State Univ., 625p, 1977 apud Nutrition Abstract and Review B, Farnhan Royal, v. 49, n.4, p. 1429, 1979. SOCHA, M.T.; ENSELEY, S.M.; TOMLINSON, D.J. et al. Variability of water composition and potential impacto n animal performance. In: INTERNAMOUNTAIN NUTRITION CONFERENCE, 5, Utah, 2003. Anais… Utah: Utah State University, p.85-96, 2003.

Page 82: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

10

STOCKDALE, C. R.; KING, K. R. A note on some of the factors that affect the water consumption of 1actating dairy cows at pasture. Edinburgh, Animal Production, v. 36, n.1, p. 303-6, 1983. SYKES, J. F. Animals and fowl and water. IN: U. S. Department of Agriculture. The yearbook of agricu1ture, 1955: Water. Washington, D. C. p.14-8. 1955. TEBALDI, F.L.H., SILVA, J.F.C., MALDONADO, H., FERNANDES, A.M., Minerais em forrageiras e água no Rio de Janeiro, Brasil. IN: REUNIÃO ANUAL DA SBZ, 39, Anais...Botucatu. CD-ROOM. 2005. TEIXEIRA, H.A.; SILVA, P.R. Abastecimento de água em áreas rurais - distribuição da água. Lavras, ESAL, 1976. 36p.(Apostila Acadêmica). TERNOUTH, J.H.; STOBO, I.J.F.; ROY, J.H.B. The live weight gain and dry-matter and water intakes of calves offered milk substitute diets of high concentration. Edinburgh, Animal Production, v. 41, n.1, p.161-6, 1985. THICKETT, W.S.; CUTHBERT, N.H.; BRIGSTOCKE, T.D.A.; LINDERMAN, M.A.; WILSON, P.N. The management of calves on an early weaning system: the relationship of voluntary water intake of dry feed intake and live-weight gain to 5 weeks. Edinburgh, Animal Production, v. 33, n.1, p.:25-30, 1981. THOMAS, T.P. Drinking by dairy cows at grass. Edinburgh, Animal Production, v.13, n.1, p.399-400, 1971. VALENTINE, K. A. Distance from water as a factor in granzing capacity of rangeland. Washington, Journal Forage, v. 45, n.4, p.749-54, 1947. WILLIANSON, G. PAYNE, W.J.A. An introduction to animal husbandry in the tropics. 2. ed. Longmans, London, 1965. 447p. WILLMS, W.D.; KENZIE, O. R.; MCALLISTER, T.A. et al. Effects of water quality on cattle performance. Journal of Range Management, v.55, p.452-460, 2002. WILSON, P. N.; BARRAT, M. A.; BUTTERWORTH, M. H. The water intake of mi1king cows grazing Pango1a grass (Digitaria decumbens Stent.) under wet and dry season condition in Trinidad. London, Journal Agricultural Science, v. 58, n. 1, p. 257-64, 1962. WINCHESTER C. F.; MORRIS, M. J. Water intake rates of cattle. Champaign, Journal Animal Science, v.15, n. 3, p. 722-40, 1956. WOODFORD, S. F.; MURPHY, M. R.; DAVIS, C. L. Water dynamics of dairy catt1e as affected by initiation of 1actation and feed intake. Champaign, Journal Animal Science, v. 67, n.10, p. 2336 -43, 1984.

Page 83: Curso de Pós-graduação “lato sensu Nutrição e Alimentação

11

WOODWARD, T. E. Re1ation of the method of watering dairy cows to their water consumption and mi1k production. U. S. D. A. Tech. Bull. 278, 1931 apud DE ALBA, J. Alimentación del ganado en América Latina. 2. ed. México Fournier, 1973. 475p. WORSTELL, D. M.; BRODY, S. s.1., Mo. Agric. Exp. Sta., 1953 ( Res. Bull 521) apud BIANCA, W. Reviews of the progress of daily Science. A Physiology Cattle in a hot environment. London, Journal Dairy Research. v. 32, n.3, p. 291-345,1965. WRIGHT, D. E.; JONES, B. A. Water metabo1isrm in grazing catt1e. We11ington, New Zealand Journal Agricultural Research, v.17, n. 1, p. 417 –21, 1974. YEATES, N. T. M.; MURRAY, D. M. Wa1king tria1s with catt1e. I. A breed comparison in moderate heat. Cambridge, Journal Agricultural Science, v.67, n. 3, p. 353-8, 1966.