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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA
EM ALUNOS EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO.
Por: ANDREIA SOBRAL
Orientador
Prof. Dr.Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2014
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2
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM LEITURA E ESCRITA
EM ALUNOS EM FASE DE ALFABETIZAÇÃO.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia.
Por: Andreia Sobral.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, à minha filha Luiza,
minha família, ao meu namorado
Junior, meus amigos da Pós
Graduação e meus colegas de
trabalho.
4
“A alegria não chega apenas no
encontro do achado, mas faz parte do
processo da busca. E ensinar e aprender não
pode dar-se fora da procura, fora da boniteza
e da alegria.”
Paulo Freire
5
DEDICATÓRIA
Dedico a minha filha Luiza Sobral.
6
RESUMO
O presente trabalho tem o objetivo de sinalizar quais são os principais fatores
para o fracasso escolar. As dificuldades de aprendizagem dificultam e muito a
vida dos docentes e dos discentes. Será abordado também o trabalho do
Psicopedagogo como mediador nesse processo de ensino e aprendizagem.
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi baseada em livros, sites e artigos
relacionados ao assunto.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I - DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 10
1.1 Dificuldades de aprendizagens mais comuns 13 1.2 O papel da família nos problemas de dificuldades 15 De aprendizagem CAPÍTULO II - A ABORDAGEM DAS PRINCIPAIS 18
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
NA EDUCAÇÃO
2.1 Quais são os principais métodos de alfabetização 22 CAPÍTULO III –- ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO 27
Conclusão 33
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35
9
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente trabalho é destacar que o fracasso escolar não é
um tema recente, há muito tempo os educadores vem realizando pesquisas e
investigando as causas que possa justificar o mau rendimento escolar ou os
problemas de aprendizagem.
Sabemos que a interação do sujeito é construído através da sua
interação com o seu meio, sociedade ou bairro onde ele reside, assim ele se
desenvolve como pessoa e cidadão. Porem se o meio não for adequado para
um desenvolvimento sadio, do modo físico e psicológico o sujeito passará a
encontrar obstáculos, mas poderão ser superados de acordo com o trabalho
da escola e da família.
Quando o fracasso escolar se revela, é necessário que haja a
intervenção do professor, da família e principalmente do Psicopedagogo.
10
CAPÍTULO I DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ( DEFINIÇÃO E HISTÓRICO)
O processo de aquisição de conhecimentos Denomina-se aprendizagem
às habilidades, valores e atitudes, possibilitados através do estudo, do ensino
ou da experiência.
De acordo com a definição do Comitê Nacional Americano de
Dificuldades de Aprendizagem, 1988, “as dificuldades de aprendizagem
constituem um ou mais déficits nos processos essenciais da aprendizagem que
necessitam de técnicas especiais de educação. As crianças com dificuldades
de aprendizagem apresentam diferenças entre o nível da realização esperado
e o atingido em linguagem falada, leitura, escrita e matemática. As dificuldades
de aprendizagem não são devidas a deficiências sensoriais, motoras,
intelectuais, emocionais e/ou a falta de oportunidade de aprendizagem.”
É possível observar que, há alguns anos uma verdadeira inversão de
valores, prioridades e metas na sociedade. A pirâmide de valores mudou o seu
eixo, trazendo consequências com as quais ainda não sabemos, exatamente,
como lidar. Logo, observa-se um novo padrão de comportamento na relação
entre família e escola e às prioridades estabelecidas por ambas as partes.
Essa mudança é provocada por necessidades imediatas, em razão de novos
comportamentos sociais. O exemplo mais sério diz respeito ao desinteresse
pelo saber, à aquisição de conhecimento. Essa desvalorização do
conhecimento determina uma série de outros comportamentos, entre eles, falta
de responsabilidade com as atividades escolares. (Serrano Freire, 27/28)
Fatores orgânicos permaneceram, por muito tempo, como a principal
causa dos problemas de aprendizagem. Este conceito mudou a partir de
diversos estudos na área da saúde mental. Existem, sem dúvida, fatores
orgânicos que poderão interferir na aprendizagem, mas outras causas deverão
ser investigadas, para que o sujeito não seja visto como o único responsável
por seu fracasso escolar.
É importante diferenciar transtornos de aprendizagem e problemas de
aprendizagem. Os transtornos são causados por uma disfunção
neuropsicológica. Problemas de aprendizagem são relacionados com
metodologia inadequada e podem se apresentar como fatores secundários, em
11
função de: depressão, TDAH, deficiência mental, transtornos de conduta,
déficit cultural, problemas neurológicos, deficiência sensorial. (Simaia Sampaio,
89, 90, 91).
“Diante da complexa realidade educacional de nosso país
e no contexto da educação para o século XXI, este
trabalho busca mudar o foco das discussões e apontar
novas possibilidades de percepção sobre o fracasso
escolar, propondo uma revisão na maneira de olhar e
analisar tal questão.” (Beauclair, p.27)
Ou seja, as causas para essas dificuldades podem ser as mais diversas
possíveis e não somente exclusivamente um problema do professor ou do
aluno. Fatores orgânicos também devem ser levados em consideração.
“Experiências anteriores, competências e habilidades já
adquiridas, idéias e conceitos mesclam-se com novas
informações, que aprofundam conhecimentos e
transformam-se em uma nova compreensão, de nós
mesmos e do mundo. O ato de aprender, tanto para o
ensinante quanto para o aprendente, requer uma busca
de sentido e significado onde as oportunidades de
interação com atividades relevantes e propositivas
possam colaborar para emergir novos modelos de
perceberem suas ações no mundo.” (Beauclair, p.33)
Não é somente o ato de ensinar o professor deve ter a consciência de
que ele está levando conhecimento para o seu aluno, como se fosse a
descoberta de algo novo na vida daquele ser. Mas a história, trajetória de vida
desse aluno também deve ser levada em consideração, não adianta o
professor falar sobre a Europa se o aluno não conhece nem por fotografias, ou
seja não faz sentido.
Muitas vezes, um aluno não tem bom desempenho escolar porque seus
hábitos de estudo são inadequados. Neste caso, o analista do comportamento
(coordenador pedagógico, psicopedagogo) e o aluno podem juntos decidir
estratégias de estudo mais eficientes, que levem em consideração o tempo
12
disponível, o local de estudo e a matéria a ser estudada. Este trabalho é
realizado de forma diferente com cada tipo de estudante, enfatizando as
características pessoais do aluno, suas necessidades imediatas e como ele se
relaciona com seu ambiente social e emocional.
Torna-se necessário orientar o aluno que apresenta dificuldades e/ou
que fogem aos padrões de aprendizagem correspondente a cada etapa do
ensino (série, ciclo, ano) e também a família e o professor, para que juntos
aprendam a lidar com estes problemas, buscando a intervenção de um
profissional especializado (pedagogos, psicopedagogos, psicólogos).
13
1.1 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MAIS COMUNS
É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam
atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se
persistem há algum tempo.
As dificuldades podem advir de fatores orgânicos ou mesmo emocionais
e é importante que sejam descobertas a fim de auxiliar o desenvolvimento do
processo educativo, percebendo se estão associadas à preguiça, cansaço,
sono, tristeza, agitação, desordem, dentre outros, considerados fatores que
também desmotivam o aprendizado.
Muitos estudos têm sido realizados com o intuito de entender como a
aprendizagem ocorre. Objetivando obter respostas ao porquê de uns
aprenderem com tamanha facilidade sobre determinado assunto, enquanto
outros não compreendem e não avançam entendimento e como o educador
pode impulsionar, provocar e obter êxito no processo ensino-aprendizagem.
Esta é uma inquietação que faz parte do cotidiano de muitos educadores.
Entender e agir de forma positiva sobre estas dificuldades, de forma a
fazer acontecer a aprendizagem, e conduzir o aluno a sua ultrapassagem de
limites, que muitas vezes é imposta por déficits cognitivos, físicos e, ou afetivo,
representa a busca, a meta, de muitos dos profissionais que acreditam no
construir, nas superações que o processo educativo pode promover.
A dificuldade mais conhecida e que vem tendo grande repercussão na
atualidade é a dislexia, porém, é necessário estarmos atentos a outros sérios
problemas: disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o TDAH (Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Dislexia: é a dificuldade que aparece
na leitura, impedindo o aluno de ser fluente, pois faz trocas ou omissões de
letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, dá pulos de linhas ao ler um
texto, etc. Estudiosos afirmam que sua causa vem de fatores genéticos, mas
nada foi comprovado pela medicina.
- Disgrafia: normalmente vem associada à dislexia, porque se o aluno faz
trocas e inversões de letras, consequentemente encontra dificuldade na
14
escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis, letras
muito próximas e desorganização ao produzir um texto.
- Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números, de um modo geral os
portadores não identificam os sinais das quatro operações e não sabem usá-
los, não entendem enunciados de problemas, não conseguem quantificar ou
fazer comparações, não entendem sequências lógicas. Esse problema é um
dos mais sérios, porém ainda pouco conhecido.
- Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresenta pronúncia inadequada
das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as confusas.
Manifesta-se mais em pessoas com problemas no palato, flacidez na língua ou
lábio leporino.
- Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode aparecer
como consequência da dislexia. Suas principais características são: troca de
grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação ou separação indevida das
palavras, falta de percepção e compreensão dos sinais de pontuação e
acentuação.
- TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um problema
de ordem neurológica, que traz consigo sinais evidentes de inquietude,
desatenção, falta de concentração e impulsividade. Hoje em dia é muito
comum vermos crianças e adolescentes sendo rotulados como DDA (Distúrbio
de Déficit de Atenção), porque apresentam alguma agitação, nervosismo e
inquietação, fatores que podem advir de causas emocionais. É importante que
esse diagnóstico seja feito por um médico e outros profissionais capacitados.
Professores podem ser os mais importantes no processo de
identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação
específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos,
psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o
aluno e auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais
motivadas e dinâmicas, não rotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade
de descobrir suas potencialidades.
15
1.2 O PAPEL DA FAMÍLIA NAS RELAÇÕES DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Com base em VIGOTSKY (1989), o desenvolvimento de um indivíduo
caracteriza-se, de início, pela ação que transcorre sob condições de dinâmicas,
mudanças no organismo, o desenvolvimento cultural se encontra sobreposto
aos processos de crescimento, maturação e seu desenvolvimento orgânico.
Assim a criança tem naturalmente seu desenvolvimento orgânico natural
e cresce modificando-o ao longo da sua vida, porém as que apresentam
transtorno de aprendizagem sofrem alguns preconceitos dentro da sala de
aula, na família e em seu convívio social.
Logo, o profissional em psicopedagogia deverá funcionar como um
assessor psicopedagógico, e suas atividades seriam levantamentos,
compreensão, análise das práticas escolares e suas relações com a
aprendizagem, junto com a equipe escolar promoveria assim a construção de
novas práticas produtoras de uma melhor aprendizagem.
O fracasso escolar aparece hoje entre os problemas de nosso sistema
educacionais mais estudados e discutidos. Porém, o que ocorre muitas vezes é
a busca pelos culpados de tal fracasso e, a partir daí, percebe-se um jogo
onde ora se culpa a criança, ora a família, ora uma determinada classe social,
ora todo um sistema econômico, político e social. Mas será que existe mesmo
um culpado para a não- aprendizagem? Se a aprendizagem acontece em um
vínculo, se ela é um processo que ocorre entre subjetividades, nunca uma
única pessoa pode ser culpada. Alicia Fernández nos lembra que “a culpa, o
considerar-se culpado, em geral, está no nível imaginário” (FERNANDEZ,
1994) e coloca que o contrário da culpa é a responsabilidade. Para ser
responsável por seus atos, é necessário poder sair do lugar da culpa.
A sociedade busca cada vez mais o êxito profissional, a competência a
qualquer custo e a escola também segue esta concepção. Aqueles que não
conseguem responder às exigências da instituição podem sofrer com um
problema de aprendizagem. A busca incansável e imediata pela perfeição leva
à rotulação daqueles que não se encaixam nos parâmetros impostos.
16
Assim, torna-se comum o surgimento em todas instituições educativas
de “crianças problemas”, de “crianças fracassadas”, disléxicas, hiperativas,
agressivas, etc. Esses problemas tornam-se parte da identidade da criança.
Perde-se o sujeito, ele passa a ser sua dificuldade. Desta forma, ao passar
pelo portão da escola, a criança assume o papel que lhe foi atribuído e tende a
correspondê-lo. Porém, ao conceder este rótulo à criança, não se observa em
que circunstâncias ela apresenta tais dificuldades (ele está assim e não é
assim). Isso não é apenas uma diferença terminológica, ela revela uma
possibilidade de mudança.
Em seu livro, “O saber em jogo”, Alicia Fernández cita uma pesquisa
com famílias de classe baixa facilitadoras da aprendizagem. O que caracteriza
estas famílias é a criação de um espaço favorável para que cada membro
possa escolher e responsabilizar-se pelo escolhido, propiciando um espaço
para a autoria de pensamento. Ó perguntar é possível e favorecido, há
facilidade de aceitar as diferentes opiniões e idéias. Condições estas que não
são comuns em famílias produtoras de problemas de aprendizagem.
Além disso, segundo Maud Mannoni, um sintoma não deve ser
considerado de forma única, isolado, mas sim dentro de um contexto muito
mais amplo e repleto de significados. Assim acontece com o fracasso escolar,
ele pode assumir, dentro da família, uma função. Daí a necessidade de buscar
o significado do “não aprender”, analisando a história de vida do sujeito e
buscando uma significação das fantasias relacionadas ao ato de aprender.
Também contribuem para o fracasso escolar a própria instituição
educativa que muitas vezes não leva em consideração a visão de mundo do
aprendente. As discrepâncias entre o desempenho fora e dentro da escola são
significativas.
Outra questão referente à escola é que esta, ao valorizar a inteligência,
se esquece da interferência afetiva na não aprendizagem. O sujeito pode estar
em dificuldades de aprendizagem por ter ligado este fato a uma situação de
desprazer. Esta situação pode estar ligada a algum acontecimento escolar.
17
Claparéde diz que a escola pode provocar na criança conflitos que
influenciarão seu gosto pelo aprender.
Considerando que o desenvolvimento físico, psíquico e social da criança
depende em grande parte do seu relacionamento com os adultos e estes, não
são só os da família, mas especialmente os da família, pois é a presença mais
constante em sua vida, a análise das interações no seio do grupo familiar é
fundamental, pois todo o crescimento e desenvolvimento é influenciado pela
vivência dos pais. A função dos pais é dinâmica (êxitos e fracassos), as
práticas educativas vão-se transformando ao longo das interações da família
com a criança. Assim, as relações familiares, os mundos conhecidos da rotina
da casa se tornam as primeiras referências da criança. “A criança é um agente
ativo nessa interação, capaz de modificar o seu ambiente, como ser
modificado por ele” (Marques. 1993).
18
CAPÍTULO II
ABORDAGEM DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA ALFABETIZAÇÃO
Sabemos que o segredo da alfabetização é a leitura, e escrever é
decorrência desse conhecimento. Não se pode escrever para depois ler; é o
inverso, primeiro o aluno se familiariza com os vários tipos de texto, lê, e
depois escreve. Neste sentido é necessário repensar que um novo método não
resolve os problemas da alfabetização. É preciso analisar as práticas de
introdução da língua escrita, tratando de ver os pressupostos subjacentes a
elas, e até que ponto funciona como filtros de transformação seletiva e
deformante de qualquer proposta inovadora. Procurar sempre uma forma de
oferecer à criança a base de sustentação da alfabetização: a leitura, para que
haja uma alfabetização concreta e significativa para o aluno.
Ensinar as crianças a ler, escrever e a se expressar de maneira
competente é o grande desafio dos professores, uma vez que a atual realidade
social colocou novas demandas e necessidades, tornando anacrônicos os
métodos e conteúdos tradicionais que acabam dificultando o processo de
aprendizagem da linguagem.
Evidentemente que é possível aprender a ler e escrever com as
tradicionais cartilhas que usam o método da silabação; entretanto, atualmente
percebe-se que tal procedimento leva à mera codificação (representação
escrita de fonemas e grafemas) e decodificação (representação oral de
grafemas em fonemas), reduzindo a alfabetização a uma esfera mecânica.
Sabe-se que a alfabetização não é um processo baseado em perceber e
memorizar e, para aprender a ler e escrever, o aluno precisa construir um
conhecimento de natureza conceitual: ele precisa compreender não só o que a
escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a
linguagem.
As dificuldades que enfrentamos hoje na alfabetização são agravadas
tanto pelo passado (a herança do analfabetismo e das desigualdades), quanto
pelo presente (a ampliação do conceito de alfabetização e das expectativas da
sociedade em relação a seus resultados).
19
Tem-se também alegado que o problema da alfabetização escolar tem
como base principal a implantação de metodologias de ensino baseadas no
construtivismo e no conceito de letramento. Por esta razão, defende-se a
utilização de métodos de base fônica.
Seria ótimo que os problemas da alfabetização no país pudessem ser
resolvidos por um método seguro e eficaz. Mas sabemos que os métodos
podem excluir o aluno que não consegue acompanhá-lo, pois não interpreta a
necessidade do aluno, principalmente dos que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
Segundo SCOZ (1994),
“A cartilha, por exemplo, pode funcionar como um ponto
de apoio, um modelo norteador para a apresentação e
desenvolvimento do conteúdo, sobretudo para
professoras sem experiência em alfabetização. Não se
deve, no entanto, representar mais que do que um mero
recurso, pois está longe de dar conta dos múltiplos
aspectos que envolvem a aquisição da leitura e da
escrita” (p.88).
Não é raro que um professor limite-se à cartilha por sentir-se inseguro
diante dos pressupostos de outros autores, seja por desconhecê-los, seja
porque estas concepções teóricas oferecem uma análise do processo de
aquisição da leitura e da escrita, mas não uma metodologia de ensino.
Neste sentido é imprescindível que os professores sejam orientados por
especialistas da educação como pedagogos e psicopedagogos, para que
possam localizar e trabalhar estratégias de ensino diversificadas, apresentando
situações pautadas na própria vivencia da criança, utilizando materiais que lhe
ofereçam a oportunidade de identificar a escrita e relaciona-la com o cotidiano,
oportunizando, assim, o entendimento do seu valor social.
20
Consciente de seu papel no processo de alfabetizar, o educador pode
realizar um trabalho de ação pedagógica com enfoque no desenvolvimento e
construção da linguagem. Ao deixar de lado uma metodologia imposta por uma
cartilha e partindo da leitura de mundo das crianças, o educador passa a medir
e participar no processo espontâneo de conceituação da língua escrita.
O processo de ensino/aprendizagem da alfabetização deve ser
organizado de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas numa
linguagem real, natural, significativa e vivenciada. A assimilação do código
linguístico não será uma atividade de mãos e dedos, mas sim uma atividade de
pensamento, uma forma complexa de construção de relações.
Para FERREIRO (1991),
“Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada
em função da relação entre o método utilizado e o estado
de “maturidade” ou de “prontidão” da criança. Os dois
polos do processo de aprendizagem (quem ensina e
quem aprende) têm sido caracterizado sem que leve em
conta o terceiro elemento da relação: a natureza do
objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem”
(p.9).
Neste sentido, percebe-se que a alfabetização é um processo de
construção do conhecimento e, com tal, é desencadeada pela interação
permanente entre educando e objeto de conhecimento.
A escola, como espaço institucional de acesso ao conhecimento, para
atender essa demanda, tem o papel de rever as práticas de ensino, que tratam
a língua como algo sem vida e os textos como conjunto de regras a serem
aprendidas. A postura a ser tomada é a constituição de práticas que
possibilitem ao aluno aprender a partir da diversidade de textos que circulam
socialmente.
A prática pedagógica de alfabetização com textos não é algo familiar à
grande parte dos formadores e dos alfabetizadores. A isso, soma-se o fato de
21
que quanto mais novas e/ou diferentes são as propostas sugeridas a quaisquer
profissionais, maior a possibilidade de haver distorção no entendimento de
como podem ser implantadas, o que exige muita discussão, tanto prévia como
posterior, sobre os procedimentos utilizados
22
2.1 QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
Segundo CAGLIARI (1998), “existem dois métodos, um voltado para o
ensino e outro voltado para a aprendizagem”,(p.108) o primeiro tipo, que
enfoca o ensino, é considerado por ele inadequado porque nele a situação
inicial do aluno é considerada uma página em branco onde serão
acrescentados informações uma após a outra enfocando o conhecimento já
dominado e para isso, decorar é fundamental. O autor cita como exemplo mais
corriqueiro deste método, o uso das cartilhas, onde o aluno precisa
desmembrar palavras, decorar os pedaços e com eles construir outras
palavras.
No segundo tipo de método, que enfoca a aprendizagem, é centrado na
reflexão onde o aprendiz utiliza todo conhecimento adquirido a partir do
momento que nasce para refletir sobre todas as coisas. Esse método prega
que o ensino é igual para todos enquanto a aprendizagem é diferenciada para
cada indivíduo, isto é, cada um tem momento adequado para aprender.
Contudo, CAGLIARI (1998) considera que:
“O melhor método para um professor deve vir de sua
experiência e deve ser baseado em conhecimentos
sólidos e profundos da matéria que leciona. O fato de não
ter um método preestabelecido não significa que o ensino
seguirá navegando à derivaX Quando um professor é
bem conhecedor da matéria que leciona, ele tem um jeito
particular de ensinarXe isso é fundamental para o
processo educativo” (p.108).
Verifica-se que não há uma fórmula pronta. O professor desde os
primeiros contatos com o aluno terá ideias claras a respeito do que se espera
destes alunos e a partir daí trabalharão juntos com perseverança e calma
porque, segundo CAGLIARI (1998) “a aprendizagem não tem dia marcado para
acontecer” (p.110).
23
Nesta perspectiva, percebe-se que não há necessidade do uso de
métodos ditos ‘tradicionais’ ou ‘novos’. É fundamental a experiência e a
criatividade do professor. Ao entrar na sala de aula ele saberá organizar seu
processo de ensino: o que ensinar, quando e como de acordo com a clientela;
e ao associar tudo isso com a prática, o professor terá seu próprio método.
Podemos observar, no entanto que, se o professor limita-se à cartilha, é
por se sentir inseguro quanto a outros métodos, por desconhecê-los ou ainda,
por estar à procura de uma metodologia de ensino.
Trabalho de Emília é de fundamental interesse para quem se preocupa
com o progresso do indivíduo ao se deparar com a alfabetização, ou melhor,
com a aprendizagem da leitura e da escrita (lecto-escrita). Ela certificou-se de
que os caminhos para “reinventar” a escrita são os mesmos para todas as
crianças, independente da classe social. Ela considera a criança um ser
consciente na medida em que busca a aprendizagem dos conceitos da escrita.
Emília Ferreiro não criou nenhuma metodologia específica, contudo,
cabem a nós, educadores, buscar a melhor maneira de ajudar nossas crianças
a construir sua aprendizagem e adaptar nossa prática metodológica à teoria
comprovada pela pesquisadora.
Conhecer a pesquisa de Emília Ferreiro e Ana Teberosky é de suma
importância para o professor para que possa entender o processo e a forma
pelos quais a criança aprende a ler e escrever, para detectar e entender os
“erros construtivos” característicos das fases em que encontra a criança e para
saber desafiar seus alunos, levando-os ao conflito cognitivo, ou seja, forçando
a criança a modificar seus esquemas assimiladores frente a um objeto de
conhecimento não assimilável, aparentemente.
Segundo Emília Ferreiro, os Níveis conceptuais linguísticos são:
• NÍVEL PRÉ-SILÁBICO: Neste nível, escrever corresponde a reproduzir
os traços típicos que a criança identifica como escrita. Para a criança,
nesse momento, a escrita é uma forma de desenhar, não se
24
estabelecendo nenhuma correspondência entre a pauta sonora e a
produção escrita; supõe que a escrita representa os objetos e não seus
nomes; usa letras de seu nome ou letras e números numa mesma
palavra; faz registros diferentes entre palavras modificando a
quantidade, a posição e a variação dos caracteres; caracteriza uma
palavra com uma letra inicial; tem leitura global, individual e instável do
que escreve, supõe que para algo ser lido tem que ter no mínimo três
letras (hipótese da quantidade mínima de caracteres); supõe que para
algo poder ser lido precisa ter grafias variadas (hipótese de variedade
de caracteres); não existe uma relação entre fonema e grafema; cada
letra pode valer pelo todo e não tem valor em si mesma; a criança só
escreve substantivos por terem significados.
• NÍVEL INTERMEDIÁRIO I: Essa fase caracteriza-se por um conflito. A
criança já conhece e usa alguns valores sonoros convencionais, além
de alguns trechos da palavra; só demonstra estabilidade ao escrever
seu nome ou palavras que teve oportunidade e interesse de gravar. Esta
estabilidade independe da estruturação do sistema de escrita; começa a
desvincular a escrita das imagens e o número das; conserva as
hipóteses de quantidade mínima e da variedade de caracteres; começa
a ter consciência de que existe algum relação entre a pronúncia e a
escrita.
• NÍVEL SILÁBICO: Nessa fase, a criança já conta os pedaços sonoros
(sílaba) e coloca um símbolo ( letra) para cada pedaço; já aceita
palavras com uma ou duas letras, mas com certa hesitação; utiliza uma
letra para cada palavra ao escrever uma frase; falta definição das
categorias linguísticas (artigo, substantivo, verbo, etc); maior precisão na
correspondência som/letra, mas não ocorre sempre; o essencial nessa
fase, é a sonorização da escrita, já supõe que a escrita representa a
fala; pode ter adquirido, ou não, a compreensão do valor sonoro
25
convencional das letras; já supõe que a menor unidade da língua seja a
sílaba; o sujeito desse nível resolveu temporariamente o problema da
escrita, mas vai se defrontar, mais cedo ou mais tarde, com o problema
da leitura. Saber escrever, mas não poder ler, o que foi escrito, é fator
gerador do conflito de passagem para o nível posterior.
• NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO OU INTERMEDIÁRIO II: É mais um
momento conflitante, pois a criança precisa negar a lógica do nível
silábico. É a passagem da hipótese silábica para a hipótese alfabética.
É o momento em que se começa a acrescentar letras principalmente na
primeira sílaba; estabelece que partes sonoras semelhantes entre as
palavras se exprime por letras semelhantes. Nesse nível existem duas
formas de correspondência entre sons e grafias: silábica (sílaba é o som
produzido por uma só emissão de voz) e alfabética (análise fonética
e/ou análise dos fonemas, que são os elementos sonoros da linguagem
e tem nas letras o seu correspondente); compreende que a escrita
representa o som da fala; combina só vogais ou só consoantes, fazendo
grafias equivalentes para palavras diferentes; pode combinar vogais e
consoantes numa mesma palavra, numa tentativa de combinar sons,
sem tornar, ainda, sua escrita socializável; passa a fazer leitura termo a
termo.
• NÍVEL ALFABÉTICO: Nesse nível a criança transpõe a porta do mundo
e das coisas escritas. Consegue ler e escrever o que pensa e fala;
compreende a lógica da base alfabética da escrita; compreende que
cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros
menores que a sílaba; conhece o valor convencional de todas as letras,
formando sílabas, palavras e frases, mas, às vezes, ainda não divide a
frase correspondência entre fonemas e grafias; compreende que uma
sílaba pode ter uma, duas ou três letras; pode omitir letras quando
26
mistura a hipótese silábica com a alfabética. Estar no nível alfabético
não significa ainda saber escrever corretamente, nem do ponto de vista
ortográfico nem do ponto de vista léxico. Este é o marco que Emília
Ferreiro advoga como critério básico da alfabetização.
27
CAPÍTULO III
ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Percebe-se nas salas de aulas que a maioria dos professores não estão
preparados tanto no campo científico, metodológico ou político, na verdade
eles se preocupam mais em passar o conteúdo, e que o aluno aprenda o que
foi dito por ele. Ao considerarmos a aprendizagem com base nos pilares
cognitivos e das emoções, fazemos uso dos sentimentos envolvidos na relação
professor-aluno e como o processo de ensino é efetivado em função dessa
interação. Se o professor não si preocupa com a aprendizagem do aluno, no
final do ano ele não terá uma posição satisfatória. Falar da relação professor -
aluno é falar de relações humanas, é falar de alegria e da angustia do outro e
até da falta de interesse por parte do aluno e suas respectivas dificuldades.
Cada um tem uma história diferente, uma linguagem diferente, uma maneira
diferente, um incentivo diferente, esses elementos foram construídos pela
múltiplas relações da realidade.
O professor, em sala de aula, não pode destruir essa relação. O
educando não pode ser considerado, pura e simplesmente, como massa a ser
informada, mas sim como sujeito, capaz de construir a si mesmo,
desenvolvendo seus sentidos, entendimentos e inteligências, a educação
escolar não pode exigir uma ruptura com a condição existente sem suprir seus
elementos. Há uma continuidade dos elementos anteriores e, ao mesmo tempo
uma ruptura, formando o novo. O que o aluno traz de seu meio familiar e social
não deve ser suprimido bruscamente, mas sim incorporado às novas
descobertas da escola.
Quando uma criança aprende um novo modo de executar uma
brincadeira, um modo de ser, não suprime o modo anterior, ao contrário,
incorpora o modo anterior ao novo modo de execução. É o novo que nasce do
velho, incorporando-o por superação (Luckesi, 1994, p. 118).
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Assim as relações entre os professores e alunos, as formas de
comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das
manifestações na sala de aula, segundo Libâneo (1994), fazem parte das
condições organizativas do trabalho docente, juntamente com os aspectos
cognitivos e sócio-emocionais da relação professor-aluno. Isso significa que o
trabalho docente se caracteriza não apenas pelo preparo pedagógico e
científico do professor e de toda a equipe da escola, mas também, pelo
constante vaivém entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o
nível de preparo dos alunos.
Cada aluno tem uma história diferente, uma necessidade diferente, uma
expectativa diferente quando se relaciona com o outro, inclusive com o
professor. Por sua vez, o professor em sala de aula não vê o aluno com o
mesmo olhar de outro professor. O professor não apenas transmite os
conhecimentos ou faz perguntas, mas também ouve o aluno, deve dar-lhe
atenção e cuidar para que ele aprenda a expressar-se, a expor suas opiniões.
Para obter uma boa interação no aspecto cognoscitivo, é preciso levar em
conta o manejo no recurso da linguagem; variar o tom da voz, falar
pausadamente quando necessário e falar com simplicidade sobre os temas
complexos.
Nesse sentido, o que mais conta é a condição social do aluno e não a
sua idade cronológica, conhecer também o nível de conhecimento dos alunos,
ter um bom plano de aula, entendemos como sendo um bom plano de aula
aquele que tem objetivos claros e estratégias de ensino capazes de ser
colocadas em prática de acordo com a capacidade dos alunos e os recursos
de sala de aula disponíveis na escola, explicar aos alunos o que espera deles
em relação à assimilação da matéria. Outros aspectos indispensáveis são os
sócio-emocionais. Estes aspectos referem-se aos vínculos afetivos entre o
professor e os alunos, como também às normas e exigências objetivas que
regem a conduta dos alunos na aula.
Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez
mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não
sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o
29
processo considerado normal e não possuem política de intervenção capaz de
contribuir em nada. Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um
profissional qualificado, está apto a trabalhar na área de educação, dando
assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para
a melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para
prevenção dos problemas.
Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita
uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de
aprendizagem em espaços institucionais. Juntamente com toda a equipe
escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições
de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia
e/ou a forma de intervenção como o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal
processo.
Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição
escolar relaciona-se de modo significativo. A sua formação pessoal e
profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que
seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na
instituição escolar.
A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de
aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se
existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o
número de crianças com problemas seria bem menor.
Para Bossa (2000), o psicopedagogo tem muito o que fazer na escola: Sua
intervenção tem um caráter preventivo, sua atuação inclui:
• Orientar os pais;
• Auxiliar os professores e demais profissionais nas questões
pedagógicas;
• Colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento em todos
os integrantes da instituição e;
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• Principalmente socorrer o aluno que esteja sofrendo, qualquer que seja
a causa.
São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os
alunos quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na
escola, sem que o professor perceba, e é o que ocorre com as maiorias das
crianças com dificuldades de aprendizagens, e às vezes por motivos tão
simples de serem resolvidos. Dentro da escola, a experiência de intervenção
junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem
muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem
especialistas em suas disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor
é positiva, também com a participação em reuniões de pais, esclarecendo o
desenvolvimento dos seus filhos, em conselhos de classe com a avaliação no
processo metodológico, na escola como um todo, acompanhando e sugerindo
atividades, buscando estratégias e apoio necessário para cada criança com
dificuldade.
Segundo Bossa (l994, p. 23),
“[...] cabe ao psicopedagogo perceber eventuais
perturbações no processo aprendizagem, participar da
dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a
integração, promovendo orientações metodológicas de
acordo com as características e particularidades dos
indivíduos do grupo, realizando processos de orientação.
Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa
de equipes responsáveis pela elaboração de planos e
projetos no contexto teórico/prático das políticas
educacionais, fazendo com que os professores, diretores
e coordenadores possam repensar o papel da escola
frente a sua docência e às necessidades individuais de
aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem”.
O psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a compreensão das
necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a
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escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem.
Desta forma o psicopedagogo institucional passa a tornar uma ferramenta
poderosa no auxílio da aprendizagem.
Considerando a escola responsável por grande parte da formação do
ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar tem como
caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades
para solução dos problemas com esta finalidade e em decorrência do grande
número de crianças com dificuldade de aprendizagem e de outros desafios que
englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha,
atualmente, espaço nas instituições de ensino. Este artigo surgiu da
preocupação existente diante as dificuldades dos alunos em que faz-se
construir seus próprios conhecimentos por meio de estímulos, tem justamente
o objetivo de fazer uma abordagem sobre a educação e a importância do
psicopedagogo diante da instituição escolar.
Ao considerarmos a aprendizagem com base nos pilares cognitivos e
das emoções, fazemos uso dos sentimentos envolvidos na relação professor-
aluno e como o processo de ensino é efetivado em função dessa interação. Se
o professor não si preocupar com a aprendizagem do aluno, este no final do
ano, não terá uma posição satisfatória. Falar da relação professor - aluno é
falar de relações humanas, é falar de alegria e da angustia do outro e até da
falta de interesse por parte do aluno e suas respectivas dificuldades. Cada um
tem uma história diferente, uma linguagem diferente, uma maneira diferente,
um incentivo diferente, esses elementos foram construídos pelas múltiplas
relações da realidade.
Na relação educativa, dentro das práxis pedagógica, ele é o sujeito que
busca uma nova determinação em termos de patamar crítico da cultura
elaborada. Ou seja, é um ser humano que busca adquirir um novo patamar de
conhecimentos, habilidades e modo de agir. Mas, o próprio aluno não tem essa
visão e muitas vezes se angústia dentro da escola porque ao chegar ali traz de
casa o autoconceito e autoestima a partir das relações que desenvolve com os
pais ou pessoas de seu convívio diário. O professor, em sala de aula, não
pode destruir essa relação. O educando não pode ser considerado, pura e
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simplesmente, como massa a ser informada, mas sim como sujeito, capaz de
construir a si mesmo, desenvolvendo seus sentidos, entendimentos e
inteligências, a educação escolar não pode exigir uma ruptura com a condição
existente.
Assim as relações entre os professores e alunos, as formas de
comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das
manifestações na sala de aula, segundo Libâneo (1994), fazem parte das
condições organizativas do trabalho docente, juntamente com os aspectos
cognitivos e sócio-emocionais da relação professor-aluno. Isso significa que o
trabalho docente se caracteriza não apenas pelo preparo pedagógico e
científico do professor e de toda a equipe da escola, mas também, pelo
constante vaivém entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o
nível de preparo dos alunos para resolverem as tarefas.
A importância do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem
começa a configurar-se quando se toma consciência das dificuldades dos
alunos e cuida-se em apresentar os objetivos, os temas de estudos e as
tarefas numa forma de comunicação clara e compreensível, juntamente com o
professor e na escola como um todo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola tem uma tarefa relevante no resgate da autoimagem distorcida
da criança, por ter uma concepção socialmente transmissora de educação e de
cultura, que transcende as habilidades educacionais familiares, além da
responsabilidade e competência em desvendar para a criança o significado e o
sentido do aprender.
A escola é um dos agentes responsáveis pela integração da criança na
sociedade, além da família. É um componente capaz de contribuir para o bom
desenvolvimento de uma socialização adequada da criança, por meio de
atividades em grupo, de forma que capacite o relacionamento e participação
ativa destas, caracterizando em cada criança o sentimento de sentir-se um ser
social.
Se a criança não se envolve com o grupo ou este não a envolve,
começa haver um baixo nível de participação e envolvimento nas atividades e,
consequentemente, o isolamento que interferirá no desempenho escolar. O
comportamento retraído, ou agitado, desvinculado do que se pode chamar de
"temperança", "equilíbrio" de uma criança no ambiente escolar pode estar
sofrendo interferência do ambiente familiar. Mas, também, pode estar
relacionado a fatores biológicos.
As escolas devem buscar formas de prevenção nas propostas de
trabalho, preparar os professores para entenderem seus alunos, diferenciar um
a um, respeitar o ritmo de cada um. A escola deve ser um ambiente onde as
crianças possam sentir-se bem, amadas e sempre alegres.
A metodologia da escola deve ser adequada, envolvendo seus alunos. E
no momento em que surgir algum problema com algum aluno é importante que
haja uma mobilização por parte da escola, a fim de que solucionem a possível
dificuldade. A escola deve esforçar-se para a aprendizagem ser significativa
para o aluno. Com isso todos ganham: a escola, a família e, principalmente, a
criança.
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Mas, esta pesquisa revela, significativamente, que não é possível
desenvolver um processo educacional verdadeiro, com qualidade, "passando
por cima" dos problemas de dificuldades de aprendizagem de cada aluno. Não
se pode fazer de conta. A escola precisa encontrar caminhos junto à família e
à sociedade, contando com a atuação, também de profissionais especialistas.
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BIBLIOGRAFIA
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escrita, Rio de Janeiro, Wark, 2011.
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importancia-do-psicopedagogo-frente-as-dificuldades-de-
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