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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO IMPACTO DA CULTURA ORGANIZACIONAL COMO FATOR RELEVANTE NA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA Por: Aline C. de Moraes dos Santos Orientador Prof. Vinicius Calegari Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO IMPACTO DA

CULTURA ORGANIZACIONAL COMO FATOR RELEVANTE NA

IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO

CORPORATIVA

Por: Aline C. de Moraes dos Santos

Orientador

Prof. Vinicius Calegari

Rio de Janeiro

2015

DOCUM

ENTO

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA DO IMPACTO DA

CULTURA ORGANIZACIONAL COMO FATOR RELEVANTE NA

IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO

CORPORATIVA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão de Recursos

Humanos.

Por: Aline C. de Moraes dos Santos

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AGRADECIMENTOS

A Deus, à minha família e aos meus

amigos por tudo que fizeram por mim

até aqui. E também a todos os

professores e colegas da AVM.

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DEDICATÓRIA

À minha amiga Josilene M. de Oliveira

pelo incentivo para iniciar essa

especialização e por todo o apoio para a

conclusão de mais essa etapa da minha

vida profissional.

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RESUMO

O presente trabalho visa discutir os conceitos de Cultura Organizacional

e Educação Corporativa, propondo relações que possam se estabelecer entre

esses dois temas tão atuais da área de Recursos Humanos. Com o propósito

de enriquecer as discussões sobre os temas, além da revisão bibliográfica,

será apresentado o estudo de caso de uma empresa pública de Tecnologia da

Informação (TI), cujo programa de Educação Corporativa foi marcado pela

inauguração de uma Universidade Corporativa há pouco mais de um ano.

A proposta é pensar o quanto a cultura de uma organização poderá

influenciar na implantação de um programa de Educação Corporativa e de que

forma essa variável pode interferir nos resultados esperados pela organização.

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METODOLOGIA

Os métodos para pesquisa utilizados neste trabalho foram revisões

bibliográficas para fundamentar os conceitos discutidos e um estudo de caso

para exemplificar as relações entre os temas Cultura Organizacional e

Educação Corporativa. Por meio das informações fornecidas pela empresa que

foi utilizada como objeto de pesquisa, foi possível explorar os temas de forma

mais objetiva e prática.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Cultura Organizacional 10

CAPÍTULO II - Educação Corporativa 16

CAPÍTULO III – Estudo de Caso 25

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 43

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INTRODUÇÃO

As constantes transformações no mundo vêm impulsionando

mudanças na forma como as empresas precisam se organizar para se

manterem no mercado e alcançar a tão almejada vantagem competitiva.

As organizações vêm percebendo cada vez mais a importância de

reconhecer o conhecimento como fator crítico e diferencial para o sucesso.

Entretanto, a literatura atual sobre o tema aponta para a dificuldade

das organizações em promover a gestão do conhecimento e implantar um

Sistema de Educação Corporativa de forma eficaz.

O problema inicia-se no próprio entendimento do conceito de

Educação Corporativa, que muitas vezes é confundido como uma ação

específica de Recursos Humanos cujo objetivo é apenas desenvolver pessoas.

E com essa perspectiva distorcida, as empresas investem muito em suas

Universidades Corporativas para trabalhar pontos críticos que precisam ser

resolvidos pontualmente.

Segundo Marisa Eboli (2004) a finalidade básica de um Sistema de

educação Corporativa é promover o desenvolvimento e a manutenção das

competências organizacionais e humanas consideradas críticas que viabilizam

de forma sistemática e contínua as estratégias de negócios.

Nessa premissa percebemos a relação que se estabelece entre a

Educação Corporativa e as estratégias organizacionais, o que pressupõe a

necessidade do envolvimento de toda a organização para o sucesso na

implantação e perenidade.

Pensando a Educação Corporativa como uma prática que não é

exclusiva da área de Recursos Humanos e que, portanto, permeará toda a

cultura da organização, percebemos a relevância de estudar a Cultura

Organizacional e entender que relações se estabelecem e que poderão

interferir diretamente na viabilidade de implantação de um Sistema de

Educação Corporativa efetivo.

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O objetivo deste trabalho é explorar os conceitos de Cultura

Organizacional e Educação Corporativa, percebendo-os como processos que

se complementam e influenciam um ao outro.

No capítulo 1 e 2 teremos as definições teóricas dos conceitos,

buscando o entendimento dos objetos que serão estudados através das

pesquisas bibliográficas.

No capítulo 3, falaremos sobre o Estudo de Caso escolhido para

explicar os processos que estão sendo estudados. O estudo traz a história de

uma empresa do ramo de Tecnologia da Informação com 40 anos de

existência que em 2013 inaugurou sua Universidade Corporativa.

Na conclusão serão apresentadas as análises sobre o assunto

trabalhado, visando contribuir para as discussões sobre os temas Cultura

Organizacional e Educação Corporativa.

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CAPÍTULO I

CULTURA ORGANIZACIONAL

Um dos inúmeros significados da palavra cultura descritos no

dicionário da língua portuguesa a define como um “sistema de ideias,

conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes

que caracteriza uma determinada sociedade” (MICHAELIS, 1998).

Talvez com base nessa definição, buscamos, muitas das vezes, a

resposta para determinado comportamento de uma pessoa ou de um grupo

através da identificação da cultura na qual fazem parte.

A cultura há muito tempo já despertava o interesse dos estudiosos do

comportamento humano. Atualmente, diversos áreas do conhecimento ainda a

mantém como objeto de estudo. As principais ciências que se preocupam com

o tema são a Antropologia, a Sociologia, a Psicologia, dentre outras.

Vejamos algumas definições para cultura:

Conjunto de valores, hábitos, influências sociais e costumes reunidos ao longo do tempo, de um processo histórico de uma sociedade. Cultura é tudo que com o passar do tempo se incorpora na vida dos indivíduos, impregnando o seu cotidiano. (HOLANDA, 1975, p.74).

Cultura é a experiência que o grupo adquiriu à medida que resolveu seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona suficientemente bem para ser considerada válida. Portanto, essa experiência pode ser ensinada aos novos integrantes como forma correta de perceber, pensar e sentir-se em relação a esses problemas." (SCHEIN, 1985, p. 8-9).

Um conceito tão amplo como o de cultura, também pode ser aplicado

ao entendimento do comportamento humano dentro das organizações,

considerando-as como um subsistema em interação com um sistema maior e

mais abrangente.

A cultura de uma organização representa os valores nos quais se

baseiam os comportamentos e atitudes dos membros de uma organização, e

que estão relacionados com a história da empresa. Uma das formas de

conhecermos estes valores é utilizando a análise de práticas organizacionais e

dos elementos simbólicos visíveis tais como o comportamento observável das

pessoas, as formas de comunicação, os rituais organizacionais, as formas de

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recompensas, o significado do trabalho, as relações de poder, as relações com

o ambiente, etc. (FLEURY, 1996).

Para Chiavenato (2010), a cultura organizacional ou corporativa

representa as percepções dos dirigentes e colaboradores da organização e

reflete a mentalidade que predomina na organização. Essa cultura diz, nem

sempre de forma explícita, como as pessoas devem agir porque representa o

universo simbólico da organização. Ela “exprime a identidade da organização”

(p.173).

Entretanto, a cultura organizacional vai além da superfície da

organização - além dos artefatos passíveis de observação. Para uma

compreensão mais apurada do conceito de cultura organizacional, é

necessário descobrir os pressupostos básicos fundamentais, isto é, como se

dão as relações que são o centro da cultura de uma organização.

Segundo Schein (1984), a cultura de uma organização pode ser

aprendida em vários níveis:

O primeiro nível é dos artefatos visíveis que é representado pelo

ambiente constituído da organização, sua arquitetura, tecnologia,

comportamentos visíveis, manuais de instruções e procedimentos, organização

dos locais de trabalho, comunicações abertas, etc.

O outro nível seria o dos valores que governam o comportamento das

pessoas, que são os fundamentos para os julgamentos a respeito do que está

certo e errado, ou seja, o código ético e moral do grupo. É o nível

intermediário, entre o consciente e o inconsciente, e são os conjuntos de

princípios que definem os artefatos.

O último nível seria o dos pressupostos básicos que são os

paradigmas inconscientes e invisíveis, que determinam como os membros de

um grupo percebem, pensam e sentem o mundo externo, a natureza da

realidade, do tempo e do espaço, a natureza da atividade humana e das

relações humanas. (SCHEIN, 1984)

Alinhado à esta perspectiva, temos que para que conheçamos a

cultura de uma organização, é preciso recuperar suas propostas, metas, visão

de mundo, identificar os principais períodos de formação da cultura. Estes

períodos são marcados por aspectos visíveis (como o layout da organização, o

vestuário), pelos valores (as pessoas reagem a determinadas situações com

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comportamentos padrão, repetitivos), e por "pressupostos básicos, que

normalmente são inconscientes, mas que, na realidade, determinam como os

membros do grupo percebem, pensam e sentem". (FLEURY, SHINYASHIKI,

STEVANATO, 1997, p.275 apud RAUSP, 2005).

Robbins (2002) aponta para a existência de “subculturas” dentro das

organizações. Segundo ele, apesar da cultura organizacional possuir

propriedades comuns, a maioria das organizações possui uma “cultura

dominante” e diversos nichos de subculturas. A chamada cultura

dominante expressa os valores essenciais compartilhados pela maioria dos

membros de uma organização. Já as subculturas tendem a ser desenvolvidas

nas grandes organizações para refletir problemas, situações ou experiências

comuns a alguns de seus membros. Essas subculturas podem ser definidas

por departamentalizações, divisões geográficas ou outras formas de

estruturação das empresas. O departamento financeiro, por exemplo, pode ter

uma subcultura compartilhada unicamente por seus membros. Uma filial em

Brasília provavelmente terá uma subcultura diferente da filial do Rio de Janeiro,

considerando também as influências locais de cada região.

A subcultura está relacionada aos “valores essenciais” da cultura

dominante além dos valores específicos de cada local da empresa. Assim,

mesmo que uma filial tenha características e relações diferentes, ela mantém

os valores essenciais, fazendo as adaptações para atender às necessidades

específicas desta unidade.

O valor compartilhado é o aspecto inerente à cultura organizacional

que a torna um instrumento poderoso para orientar e modelar o

comportamento.

Segundo Schein (1984), tendo a organização como um todo vivenciado

experiências comuns, pode existir uma forte cultura organizacional que

prevaleça sobre as subculturas existentes. Ele acredita que o papel dos

fundadores da organização é fundamental para a formação dos seus padrões

culturais. Os primeiros líderes, ao criarem formas próprias de resolver os

problemas da organização, acabam por imprimir a sua visão de mundo aos

demais e também a sua visão do papel que a organização deve desempenhar

no mundo. Schein (1984;2001) acredita que não se pode compreender cultura

sem o seu aspecto dinâmico, como é aprendida, transmitida para os demais

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colaboradores e transformada, o que faz compreender cultura como um

processo contínuo de formação e mudança que está presente em todos os

aspectos da vida humana.

Sobre as origens da cultura organizacional, a perspectiva de Daft

(1999) se assemelha à de Schein, pois esse autor acredita que a cultura de

uma organização normalmente se inicia com um fundador ou um líder pioneiro

que articula e implanta ideias e valores particulares como visão, uma filosofia

ou uma estratégia empresarial, tendo a cultura duas funções decisivas:

integração interna e adaptação externa.

Outa especificidade relacionada à cultura e apontada por Robbins

(2002), trata da diferenciação de culturas fracas das culturas fortes. Segundo

este autor, as consideradas culturas fortes têm um impacto maior sobre o

comportamento dos colaboradores, onde os valores essenciais da organização

são intensamente acatados e amplamente compartilhados. A cultura será mais

forte se mais membros aceitarem os valores essenciais e houver maior

comprometimento dos colaboradores. Portanto, uma cultura forte demonstra

um alto grau de concordância entre seus membros sobre os pontos de vista da

organização.

Para Robbins (2002, p.503), “a cultura organizacional ainda funciona

como uma sinalizadora de sentido e mecanismo de controle que orienta e dá

forma às atitudes e comportamentos dos colaboradores.”

Segundo Freitas (1991), a descrição dos elementos que constituem a

cultura organizacional são: Valores; Crenças e Pressupostos; Ritos, Rituais e

Cerimônias; Estórias e Mitos; Tabus; Heróis; Normas; e Processos de

Comunicação.

A ordem como se estabelecem e, ainda, as mudanças

comportamentais causadas por eles são formas de dar à cultura um tratamento

mais concreto ou de mais fácil identificação.

O que vimos até agora nos faz pensar que a cultura tem papel

importante para diferenciar uma organização de outras, mas, principalmente,

exprime a identidade da organização, construída ao longo do tempo e serve de

chave para diferenciar as coletividades dentro de uma organização

(SROUR,1998).

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Segundo Mintzberg (2000) a cultura organizacional passa a ser a

mente da organização, a crença comum que se reflete nas tradições e nos

hábitos, bem como em manifestações mais perceptíveis (histórias, símbolos,

ou mesmo edifícios e produtos), por isso, a cultura organizacional tem grande

influência na gestão empresarial. E como a cultura organizacional não existiria

sem as pessoas, é interessante identificar como as pessoas estão estruturadas

nas organizações. As cinco partes das organizações seriam: núcleo

operacional, cúpula estratégica, linha intermediária, tecno-estrutura e

assessoria de apoio. (MINTZBERG, 1995; 2000)

A cultura da organização pode provocar mudanças nas estratégias,

nas estruturas, no sistema financeiro e nos procedimentos, levando a

alterações no comportamento de seus membros. Mas, modificações no

comportamento não implicam necessariamente em mudança na cultura, pois

essa envolve socialização do comportamento. A mudança comportamental

gera uma transformação cultural, quando há incorporação de valores e crenças

condizentes com a cultura estabelecida pela organização. Acredita-se que as

mudanças são difíceis quando a cultura já está estabelecida e aceita, sendo

este mais um mecanismo de defesa do grupo que define os pressupostos

vigentes contra a necessidade de se reverem os mesmos frente a novas

realidades (FREITAS, 1991a; MALAK, 1992).

Pensando as organizações de forma sistêmica, percebemos que elas

estão inseridas dentro de um ambiente e interagem com ele influenciando e

sendo influenciada. Sendo constituídas por pessoas que têm modos diferentes

de agir, pensar e sentir, a cultura não é uma constante, nem mesmo num

contexto isolado.

Atualmente, as empresas têm aprendido novas formas de organização,

diante das necessidades que se apresentam. Para se manterem no mercado

ou expandir-se, precisam flexibilizar mais suas estruturas. E a cultura

organizacional tem um papel relevante na sustentação destas estruturas.

Novos valores incorporados à organização podem ser de dois tipos,

revolucionária, quando os novos valores são antagônicos aos anteriores, o que

gera a destruição dos elementos simbólicos e a redefinição das práticas

organizacionais; e gradual, quando os novos valores são complementares

(FLEURY e FLEURY, 1995).

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A Educação Corporativa é um conceito relativamente novo, comparado

à Cultura Organizacional, mas que vêm ganhando espaço cada vez maior nas

organizações como uma estratégia corporativa para o desenvolvimento

profissional, a retenção de talentos e a gestão do conhecimento.

Entretanto, apesar das vantagens que pode oferecer um programa de

educação corporativa, entender as relações que se estabelecem na

organização em função dos aspectos culturais dela, pode ser o primeiro passo

para o sucesso da implantação do programa.

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CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO CORPORATIVA

“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos

alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso

aprendemos sempre.” Paulo Freire

A forma como adquirimos conhecimento desde muito tempo é algo que

desperta o interesse do Homem, sendo um tema muito discutido no meio

acadêmico e também bastante controverso.

Há uma vertente teórica que acredita que o ser humano já nasce com

o conhecimento ou a pré-disposição para aprender. Chamada de inatismo,

essa perspectiva sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas

aptidões, habilidades, conceitos, conhecimentos e qualidades em sua

bagagem hereditária. Tal concepção motivou um tipo de ensino que acredita

que o educador deve interferir o mínimo possível, apenas trazendo o saber à

consciência e organizando-o.

Em contrapartida, uma outra teoria argumenta que a mente humana é

como uma tábula rasa, um espaço vazio a ser preenchido, ou seja, sem

nenhum conhecimento, dependendo unicamente das experiências que ele terá

durante a vida para aprender. Assim, embora as pessoas nasçam com

capacidade de aprender, elas precisam de experiências ao longo da vida para

que se desenvolvam. A fonte do conhecimento são as informações captadas

do meio exterior pelos sentidos. Essa corrente teórica é chamada de

empirismo.

Considerando as duas teorias anteriores e propondo que elas se

complementariam, surge a perspectiva construtivista de Jean Piaget. De

acordo com essa linha, o sujeito tem potencialidades e características próprias,

mas, se o meio não favorece esse desenvolvimento (fornecendo objetos,

abrindo espaços e organizando ações), elas não se concretizam. Ao pesquisar

a maneira como a criança pensa, Piaget chamou a atenção para o papel da

interação para explicar como o conhecimento se origina e se desenvolve.

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O fato é que, independentemente da concepção adotada, o ser

humano é tão complexo e dinâmico que é capaz de aprender muito e durante

toda a sua vida. E considerando a importância dos estímulos para a absorção

do conhecimento, as empresas tem investido cada vez mais na capacitação

dos seus funcionários, visando, obviamente, mais produtividade e lucro.

O maior desafio das organizações hoje é conciliar o desenvolvimento

dos seus funcionários com as suas estratégias de negócios porque o nosso

sistema educacional não vem acompanhando o ritmo da modernização do

sistema produtivo. Esse déficit na qualificação profissional dos brasileiros tem

provocado um movimento das empresas para suprir as suas necessidades de

mão de obra especializada. Uma das estratégias mais utilizadas é o

investimento em programas de aprendizagem corporativa.

Segundo Castro (apud Eboli, 2004), quanto mais avançado o país,

mais o diploma se distancia da ocupação. Isso porque a formação acadêmica

é apenas o começo do que o profissional precisa para se tornar muito bom

naquilo que faz e se manter atualizado no mercado de trabalho.

Existem diversas modalidades de aprendizagem das pessoas em

organizações, além do treinamento formal, de esquemas educacionais e

programas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Pensando no aprendizado

das pessoas a partir da experiência, vemos que ela resulta do cotidiano de

problemas e desafios das atividades da organização. Aprendemos pela prática,

pela reflexão sobre nossas atividades e, naturalmente, também aprendemos a

partir de nossos erros. A maior parte dessa aprendizagem realiza-se em

contextos sociais, inclusive nas chamadas comunidades de prática (WENGER,

1998), em que a aprendizagem é compartilhada.

Outras formas de aprendizagem decorrem da aquisição de tecnologias

e da contratação de especialistas como consultores para transmitir o

conhecimento especializado. Técnicas de benchmarking também são

estratégias de aprendizagem que possibilitam a uma empresa descobrir o que

outras estão fazendo melhor e, às vezes, quais os processos que estão

utilizando. Pesquisas de mercado podem oferecer um entendimento importante

dos clientes atuais e potenciais.

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A educação passa a ser imprescindível para que as empresas

consigam disputar em grau de igualdade com as demais, atendendo às

exigências de mercado e alcançando a tão almejada vantagem competitiva.

Nonaka e Takeuchi (1995) propõem que:

[...] como o conhecimento é criado somente por indivíduos, o papel da organização é de facilitar o seu aprendizado, apoiando e estimulando o aprendizado individual, amplificando-o, cristalizando-o e sintetizando-o no nível de grupos por meio de diálogos, debates, trocas de experiências e observações.(NONAKA e TAKEUCHI, 1995, p. 239)

Na mesma perspectiva, Drucker (1999) diz que, no mundo dos

negócios, conhecimento é poder. Entretanto, o conhecimento deve ser

compartilhado e disseminado, quanto mais informação você compartilha maior

é o seu retorno, tanto para o funcionário, quanto para a organização. E dessa

forma, cabe às empresas desenvolver e facilitar o conhecimento, para que ela

toda possa produzir este bem que é o bem mais valioso na nova economia.

Quando falamos em aprendizagem, vale mencionar as cinco

“disciplinas” necessárias para o processo de inovação e aprendizagem

propostas por Peter Senge (1990).

1. Domínio pessoal: através do autoconhecimento, as pessoas

aprendem a clarificar e aprofundar seus próprios objetivos, a concentrar

esforços e a ver a realidade de forma objetiva;

2. Modelos mentais: ideias enraizadas, imagens que influenciam o

modo como as pessoas veem o mundo e suas atitudes;

3. Visões partilhadas: objetivo percebido como concreto e legítimo –

pessoas dedicam-se e aprendem não como uma obrigação, mas por vontade

própria, construindo visões partilhadas;

4. Aprendizagem em grupo: habilidades coletivas são maiores que

as habilidades individuais – desenvolvimento da capacidade para a ação

coordenada. Diálogo é o início da aprendizagem;

5. Pensamento sistêmico: modelo conceitual, composto de

conhecimentos e instrumentos.

A aprendizagem organizacional pode ser definida como:

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[...] o modo pelo qual as empresas constroem, provêem e organizam seus conhecimentos e rotinas de suas atividades e dentro de suas culturas, adaptando e desenvolvendo a eficiência organizacional por meio da melhoria das habilidades básicas de sua força de trabalho" (DODGSON, 1993, p.377).

Como a aprendizagem organizacional é um conceito bastante amplo,

trataremos da Educação Corporativa, focalizando uma modalidade específica –

a Universidade Corporativa (UC). Trata-se de iniciativas de aprendizagem que

podem assumir várias formas e tem sido uma das estratégias de

aprendizagem organizacional mais utilizados atualmente.

Segundo Eboli (2004, p. 48), “a UC é um sistema de desenvolvimento

de pessoas pautado pela gestão de pessoas por competências” e, como

sistema de Educação Corporativa, seu objetivo principal é promover o

desenvolvimento e a instalação das competências empresariais e humanas

consideradas críticas para a viabilização das estratégias de negócios de uma

forma sistemática, estratégica e contínua. Percebe-se, assim, o poder e a

importância deste conceito em um cenário de extrema competitividade, como o

atual, na criação de valor real agregado às pessoas envolvidas e ao negócio

em si.

E muito já evoluiu em termos de educação corporativa desde os

tradicionais centros de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) até às atuais

UCs e o seu objetivo também foi se diversificando a partir das necessidades.

Para corroborar isso, notamos que antes era necessário apenas instruir, hoje é

preciso mais, é preciso produzir conhecimento para ser compartilhado a

organização.

Os programas de treinamento sempre existiram nas organizações,

porém o surgimento das UCs representou um enorme avanço, pois tratava-se

de uma preocupação mais ampla e abrangente com a educação de todos os

colaboradores, democratizando o que antes era mais voltado para o ápice da

pirâmide hierárquica (níveis gerenciais e alta administração). Por isso, todo

esse valor para as UCs, que se tornaram uma nova e importante modalidade

de Educação Corporativa, além de representar uma grande mudança de

paradigma, como ilustrado na figura a seguir:

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MUDANÇA DE PARADIGMA

Centro de Treinamento

Educação Corporativa Objetivo Desenvolver habilidades Desenvolver as competências críticas Foco Aprendizado individual Aprendizado organizacional Escopo Tático Estratégico Ênfase Necessidades individuais Estratégias de negócios Público Interno Interno e externo Local Espaço real Espaço real e virtual Resultado Aumento das habilidades Aumento da competitividade Adaptado de Meister (1999)

O conceito é antigo, porém, a cada ano, parece que mais e mais

empresas estão aderindo ao fenômeno das UCs, como uma das práticas mais

adequadas para assegurar o desenvolvimento das pessoas no ambiente de

trabalho. Assim, a Educação Corporativa é um processo no qual os

funcionários se envolvem em um constante aprendizado que visa melhorar o

desempenho e aumentar sua produção nos negócios.

O conceito de Universidade Corporativa, ou Educação Corporativa,

surge no final do século XX como uma atividade de intenso crescimento no

campo do ensino superior. Segundo Meister (1999), cinco forças sustentariam

o aparecimento do fenômeno das UCs. Essas forças seriam, essencialmente:

a. Organizações flexíveis: a emergência da organização não-

hierárquica, enxuta e flexível, com capacidade de dar respostas rápidas ao

turbulento ambiente empresarial;

b. Era do Conhecimento: o advento e a consolidação da economia do

conhecimento, na qual conhecimento é a nova base para a formação de

riqueza nos níveis individual, empresarial ou nacional;

c. Rápida obsolescência do conhecimento: a redução do prazo de

validade do conhecimento associado ao sentido de urgência;

d. Empregabilidade: o novo foco na capacidade de

empregabilidade/ocupacionalidade para a vida toda em lugar do emprego para

toda a vida;

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e. Educação para estratégia global: uma mudança fundamental no

mercado da educação global, evidenciando-se a necessidade de formar

pessoas com visão global e perspectiva internacional dos negócios.

Uma UC deve estar envolvida com o planejamento estratégico das

organizações, buscando identificar a necessidades atuais e futuras da

empresa e elaborar programas de treinamento que vão além da mera

transmissão de conhecimento. Ela está diretamente relacionada ao conceito de

“aprender a aprender” para que promova as transformações necessárias. Isso

porque as empresas têm percebido que no mundo atual o aprendizado deve

ser uma constante e deve estar focado no desenvolvimento de competências.

Eboli (2004) afirma que o foco das UCs está na formação e

desenvolvimento dos talentos na gestão de negócios, que promoverão a

gestão do conhecimento organizacional (geração, assimilação, difusão e

aplicação), por meio de um programa de aprendizagem ativa e contínua.

Nesta mesma perspectiva, O’Reilly (1997, p.119) diz que:

[...] a maior arma para a sobrevivência das organizações na época da competitividade e da inovação é a sua capacidade de aprendizagem e, sobretudo, de criar novos conhecimentos. Para que isto ocorra, é necessário que as organizações e seus funcionários aprendam a aprender. As organizações deverão se tornar o locus onde as pessoas estejam continuamente expandindo suas capacidades de criar aquilo que necessitam e desejam para as suas atividades. (O’REILLY, 1997, p. 119)

Desde o surgimento das primeiras UCs, a quantidade e a visibilidade

desses sistemas de Educação Corporativa têm crescido acentuadamente, no

início nos EUA e, em seguida, em outras partes do mundo. Entretanto, vale

ressaltar que nem toda a Aprendizagem Corporativa se realiza no âmbito ou

através de UCs. Um número significativo de grandes e importantes empresas

tem investido maciçamente em iniciativas desse tipo, ao nível corporativo,

embora não sejam especificamente identificadas como UCs. Outras utilizam a

denominação, quando na verdade oferecem treinamento e desenvolvimento

por meio de departamentos em nível de unidades de negócios.

Inevitavelmente, a gerência, a consultoria e o trabalho acadêmico seguem de

certa forma a moda nesta área. Mesmo assim não podemos ignorar o fato das

UCs terem se expandido de tal forma que não podemos considera-las como

mais um modismo do mercado, desconsiderando os méritos que elas

obtiveram ao longo desses anos.

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Os Sistemas de Educação Corporativa, como é o caso das UCs,

apresentam, na visão de Eboli (2004, p. 57-61) sete princípios de sucesso,

que, dão um enfoque conceitual e metodológico para a concepção, a

implementação e a análise de projetos de educação corporativa realizados nas

organizações de modo geral. Estes princípios são:

1. Competitividade: valorizar a educação como forma de desenvolver o

capital intelectual dos colaboradores transformando-os efetivamente em fator

de diferenciação da empresa frente aos concorrentes, para ampliar e

consolidar sua capacidade de competir, aumentando assim seu valor de

mercado através do aumento do valor das pessoas. Significa buscar

continuamente elevar o patamar de competitividade empresarial através da

instalação, desenvolvimento e consolidação das competências críticas -

empresariais e humanas.

2. Perpetuidade: entender a educação não apenas como um processo

de desenvolvimento e realização do potencial intelectual, físico, espiritual,

estético e afetivo existente em cada colaborador mas também como um

processo de transmissão da herança cultural, que exerce influência intencional

e sistemática com o propósito de formação de um modelo mental, a fim de

conservar, transmitir, disseminar, reproduzir ou até mesmo transformar as

crenças e valores organizacionais, para perpetuar a existência da empresa.

3. Conectividade: privilegiar a construção social do conhecimento

estabelecendo conexões, intensificando a comunicação empresarial e

favorecendo a interação de forma dinâmica para ampliar a quantidade e

qualidade da rede de relacionamentos com o público interno e externo

(fornecedores, distribuidores, clientes, comunidade, etc.) da organização que

propiciem gerar, compartilhar e transferir os conhecimentos organizacionais

considerados críticos para o negócio.

4. Disponibilidade: oferecer e disponibilizar atividades e recursos

educacionais de fácil uso e acesso, propiciando condições favoráveis e

concretas para que os colaboradores realizem a aprendizagem “a qualquer

hora e em qualquer lugar”, estimulando-os assim a se responsabilizarem pelo

processo de aprendizado contínuo e autodesenvolvimento.

5. Cidadania: estimular o exercício da cidadania individual e corporativa

e da construção social do conhecimento organizacional, através da formação

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de atores sociais, ou seja, sujeitos capazes de refletirem criticamente sobre a

realidade organizacional, de construí-la e modificá-la continuamente, e de

atuarem pautados por postura ética e socialmente responsável, imprimindo

assim qualidade superior na relação de aprendizagem entre colaboradores,

empresa e sua cadeia de agregação de valor.

6. Parceria: entender que desenvolver continuamente as competências

críticas dos colaboradores, no intenso ritmo requerido atualmente no mundo

dos negócios, é uma tarefa muito complexa e audaciosa, exigindo que se

estabeleçam relações de parceria no âmbito interno e externo, com ideal e

interesse comum na educação desses colaboradores.

6.1. Parcerias Internas: estabelecer relações de parceria com líderes e

gestores, para que estes se envolvam e se responsabilizem pela educação e

aprendizagem de suas equipes, e desempenhem plenamente o papel de

educador, formador e orientador no cotidiano de trabalho para que sejam

percebidos como lideranças educadoras, cujo modelo de comportamento deve

ser seguido e buscado pelos demais colaboradores da empresa.

6.2. Parcerias Externas: realizar parcerias com universidades,

instituições de nível superior ou até mesmo clientes e fornecedores que

tenham competência para agregar valor às ações e aos programas

educacionais corporativos, ancoradas numa concepção comum sobre as

necessidades de qualificação da força de trabalho.

7. Sustentabilidade: ser um centro gerador de resultados para e

empresa, buscando agregar sempre valor ao negócio. Significa também buscar

fontes alternativas de recursos que permitam um orçamento próprio e auto-

sustentável, diminuindo assim as vulnerabilidades do projeto de Educação

Corporativa, a fim de viabilizar um sistema de educação realmente contínuo,

permanente e estratégico.

Mesmo atentando para esses requisitos para o sucesso da

implantação de um sistema de Educação Corporativa, existem muitos desafios

aos processos relacionados à gestão do conhecimento nas organizações.

Segundo Chiavenato (2010), o primeiro desafio seria criar uma

infraestrutura administrativa do conhecimento, tarefa essa que envolve a

construção de redes, banco de dados, estações de trabalho, etc. A criação das

UCs é uma estratégia para vencer esse desafio.

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O segundo desafio é mais amplo, envolve a construção de uma cultura

do conhecimento que derruba barreiras e cria mecanismos para o

desenvolvimento e manutenção do conhecimento nos vários departamentos da

organização. E nesse desafio que irei focar no terceiro capítulo desse trabalho,

pois está diretamente relacionado à relação estabelecida entre o sistema de

Educação Corporativa e a cultura organizacional.

O terceiro e último desafio sugerido por Chiavenato (2010) é a

administração dos resultados. Esse desafio está atrelado à necessidade de se

avaliar constantemente os impactos financeiros gerados pelo sistema de

Educação Corporativa nas organizações.

A partir do que vimos até agora, podemos entender a educação

corporativa como uma prática coordenada de gestão de pessoas e de gestão

do conhecimento tendo como orientação a estratégia de longo prazo de uma

organização. Vai além do treinamento porque seu objetivo é articular

coerentemente as competências individuais e organizacionais no contexto mais

amplo da empresa.

Na sua incessante busca pela perpetuidade do negócio e aumento da

competitividade no mercado, muitas empresas têm buscado novas formas para

o aprendizado e desenvolvimento dos seus trabalhadores e, muitas vezes,

também de seus públicos interessados externos. Como uma alternativa para

incrementar a capacitação individual e, consequentemente, gerar níveis mais

altos de competência para toda a organização, surgiu o conceito de Educação

Corporativa, que vem ganhando cada vez mais espaço no universo

empresarial. Uma proposta que extrapolou o seu objetivo inicial tornando-se

hoje uma importante ferramenta de gestão do conhecimento dentro das

organizações.

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CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO

Neste trabalho, optou-se por utilizar o método de pesquisa denominado

Estudo de Caso para estudar os temas propostos.

Esse método baseia-se na pesquisa descritiva onde o objetivo principal

é a descrição de características de determinado fenômeno e o estabelecimento

de relações entre variáveis.

“O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de

um ou poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e

detalhado. ” (GIL, 2012, p.57)

A escolha desta modalidade de pesquisa se deu em função do interesse

em apresentar na prática dois temas importantes e atuais da área de Recursos

Humanos, a Cultura Organizacional e a Educação Corporativa.

Por questões de sigilo, neste trabalho será utilizado o nome fictício

“Carioca” para denominar a empresa que será objeto de estudo para

analisarmos as implicações da cultura na implantação de um programa de

educação corporativa.

Carioca é uma empresa do conglomerado de um grande banco estatal

(que neste trabalho chamaremos apenas de “banco”), responsável pelos

serviços de Tecnologia da Informação (TI) e apoio aos negócios, especializada

em tecnologia bancária. Entretanto, a sua história de sua origem é bem

diferente do que ela representa hoje, então, vale a pena contá-la para

entendermos os aspectos culturais observados nela atualmente.

Fundada em 1974 com nome diferente de como é conhecida hoje,

Carioca foi uma das pioneiras em desenvolver, produzir e comercializar

tecnologia genuinamente nacional, no segmento de informática.

Ela foi a primeira a fabricar computadores utilizando recursos

tecnológicos brasileiros e a sua criação justificou-se tanto pela razão

estratégica, de prover o Brasil de domínio tecnológico, quanto econômica, por

real necessidade do mercado interno, sendo fruto da união da Marinha, do

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Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da fábrica

inglesa Ferranti.

Os anos se passaram e as conquistas foram grandes, mas a abertura

do mercado brasileiro para as importações no final dos anos 80 e início dos 90

representou uma ameaça à continuidade dos negócios da empresa.

Na década de 90, a companhia utilizou como estratégia para se manter

no mercado, mudar seu perfil de atuação e especializar-se em tecnologia

bancária. Neste período, modificou sua razão social e passou a integrar um

grande banco estatal (“banco”), que já representava seu maior cliente na

época.

Atualmente, a Carioca, sendo uma empresa de economia mista, é

controlada pelo “banco” - que detém 99,97% de seu Capital Social - e tem

como foco de atuação o segmento de instituições financeiras, com produtos e

serviços desenvolvidos para as áreas de tecnologia TI e comunicação, logística

e processos de apoio a serviços, aumentando a cada ano seu portfólio de

produtos e serviços.

A empresa está presente em todo território nacional e atua nos

segmentos de BPO (Business Process Outsourcing) e ITO (Information

Technology Outsourcing), prestando serviços de assistência técnica

especializada, digitalização, reprodução e impressão de documentos,

telemarketing e telecobrança, suporte e apoio a processos de negócios

financeiros, monitoramento, supervisão e execução de atividades inerentes a

equipamentos e ambientes, desenvolvimento, sustentação e teste de software,

suporte e operação em datacenter e gerenciamento de mensagens eletrônicas

de telefonia celular.

A matriz da Carioca situa-se no Rio de Janeiro, possuindo ainda mais 32

filiais em todo o país, visando atender às necessidades de atendimento do

“banco”, sendo este responsável por mais de 95% de sua receita.

A missão e a visão de uma empresa dizem muito sobre a sua cultura.

Portanto, é importante conhecermos a missão e visão da Carioca:

Missão - Gerar valor para o “banco” e entidades ligadas através de prestação

de serviços de suporte ao negócio e de TI de modo a promover eficiência aos

clientes.

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Visão - Ser reconhecido como principal e melhor parceiro estratégico para o

“banco” na prestação de serviços de suporte ao negócio e de TI.

Em 2012, a Carioca promoveu um reposicionamento, utilizando uma

estratégia corporativa representaria um avanço nos processos que já existiam

e a incorporação de novos negócios, o que resultou na continuidade do projeto

de expansão do quadro funcional e a adoção de políticas para a capacitação

dos funcionários.

Na esfera da gestão de pessoas, a empresa tem um histórico

interessante merecendo uma análise mais detalhada para conhecermos a

composição do seu quadro funcional e entendermos os aspectos culturais

relacionados.

A Carioca, originalmente, uma empresa privada, tornou-se pública a

partir da compra da maioria das suas ações pelo “banco” na década de 90 e,

nesta época, possuía em seu quadro de colaboradores, um grande número de

terceirizados.

Passou a promover concursos públicos (forma de contratação de

pessoal das empresas de natureza pública) e a partir de 2010 esse processo

se intensificou de tal forma que provocou a inversão do número de

terceirizados para funcionários do quadro próprio.

Atualmente seu quadro de colaboradores é formado por funcionários

próprios (concursados e DAS), cedidos do “banco”, terceirizados, estagiários e

aprendizes, totalizando mais de 3.500 colaboradores.

O aumento do quadro próprio, foi uma das várias razões que motivaram

a criação de uma ferramenta de Educação Corporativa que além de capacitar

os funcionários, auxiliaria na gestão do conhecimento na organização.

Em dezembro de 2013, foi criada a Universidade Corporativa (UC) da

empresa, cujos objetivos eram:

§ Oferecer um processo contínuo de aprendizagem, disponibilizando

ações sistemáticas para o desenvolvimento de talentos para o negócio.

§ Apoiar o atingimento dos resultados organizacionais da Carioca.

§ Privilegiar o aprendizado organizacional fortalecendo a cultura

corporativa e o conhecimento coletivo e não apenas o conhecimento individual.

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§ Promover o salto qualitativo na abordagem pedagógica, com a utilização

de diferentes mídias.

As ações educacionais da UC alinham-se aos pilares estratégicos da

Carioca, que contribuem para concretizar a visão de futuro da empresa, atingir

seus objetivos estratégicos e desenvolver suas crenças e valores.

A UC atua em consonância com a Política de Gestão de Pessoas, na

disseminação do conhecimento e desenvolvimento de competências,

contribuindo para a excelência na prestação dos serviços.

A UC da Carioca é formada por:

- Portal de Educação à Distância.

- Treinamentos Presenciais (cursos internos e externos – contratados e

customizados).

- Treinamentos em Serviço (no local de trabalho, sob orientação do gestor)

- Trilhas de Aprendizagem (ações alternativas de capacitação)

- Formação Permanente: bolsas de estudo para cursos de graduação e pós-

graduação, através do Programa de Educação Continuada – PEC

- Programa de Formação de Multiplicadores e Educadores Corporativos

- Clube de Descontos: convênios com instituições de ensino e cursos de

idiomas

- Programa de Desenvolvimento de Gestores – PDG

Em dezembro de 2014, um ano após a inauguração de sua UC, a

Carioca já comemorava os avanços das ações educativas que contribuíram

para o desenvolvimento dos seus funcionários e o atingimento das metas

organizacionais.

As metas organizacionais atreladas à estratégia corporativa da empresa

estabelece que 80% do quadro deve ter, no mínimo, 35 horas de treinamento

por ano.

Apesar de ser uma meta bastante plausível, ao longo dos anos, a

Carioca não vinha alcançando-a por várias razões, mas sobretudo, pela alta

rotatividade que existia. A consequência imediata era o investimento em

funcionários recém-admitidos que não permaneciam no quadro até o final do

ano, o que gerava impacto nos resultados de capacitação do quadro funcional.

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Com a UC, os funcionários passaram a se envolver mais com a própria

formação, promovendo a autogestão dos seus conhecimentos.

O investimento em treinamentos aumentou, mas ele não era mais

pontual como antes, porque os cursos que passavam a fazer parte da UC

obtinham um alcance muito maior, gerando um custo por funcionário

consideravelmente menor.

A gestão do capital intelectual foi outro importante ganho da UC da

Carioca. A saída dos colaboradores terceirizados por muito tempo representou

uma ameaça ao conhecimento que era gerado dentro da organização e que se

perdia por não haver um instrumento eficaz para sua retenção.

Objetivando a disseminação desses e de outros conteúdos importantes

para a formação ética e profissional, a UC alcançou números bastante

expressivos no seu primeiro ano de funcionamento.

Em um ano foram quase 40 mil cursos concluídos, gerando mais de 137

mil horas de treinamentos, 67 multiplicadores e 14 educadores formados, 101

bolsas de estudo concedidas e 17 convênios firmados com instituições de

ensino para descontos aos funcionários e seus dependentes.

Por meio da UC, as metas foram superadas no ano de 2014 e

alavancaram o atendimento às necessidades de treinamento que haviam em

todas as áreas da empresa.

O objetivo deste trabalho é destacar que tudo isso não se deu por

acaso. Diversos fatores culturais da empresa - alguns já até apresentados

anteriormente como a sua própria origem - podem ter contribuído para a

implantação da Universidade Corporativa da Carioca.

O fato de sempre ter sido uma empresa voltada para a tecnologia e o

uso da informática ser algo que se perpetuou ao longo de sua história pode ter

contribuído para a maior aceitação da ferramenta virtual de aprendizagem que

representa o grande “carro-chefe” da UC, o seu Ambiente Virtual de

Aprendizagem ou “Portal” como é popularmente conhecido na empresa.

Por tratar-se de uma empresa de grande porte com funcionários

alocados em praticamente todo o território nacional, os principais canais de

comunicação na empresa são o e-mail corporativo e a Intranet. Esse dado é

relevante para pensarmos o quanto o computador e a Internet já faziam parte

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do cotidiano dos funcionários e como a relação deles com a tecnologia era

mais fácil pela própria natureza da atividade em si.

Outro dado importante que precisa ser considerado é que a proposta da

implantação da UC da Carioca se deu não apenas pela necessidade interna

(revelada através dos Levantamentos de Necessidades de Treinamento –

LNT´s). A Universidade surgiu também como uma iniciativa da Carioca de

adotar práticas já bastante consolidadas pelo “banco”.

O banco estatal que é dono da Carioca possui uma grande estrutura de

educação corporativa consolidada há mais de quarenta anos e sua

Universidade Corporativa é reconhecida mundialmente.

Logo, podemos perceber que a UC da Carioca já tinha indícios que seria

um sucesso em função do modelo que decidiu adotar e que já havia dado

muito certo.

Além disso, outro fator importante para o sucesso de um programa de

educação corporativa é o envolvimento da alta administração para não apenas

financiar a ideia, mas também, disseminá-la aos seus gestores para que

auxiliem em todo o processo e incentivem a participação de suas equipes.

Entretanto, os aspectos culturais nem sempre podem ser vistos como

facilitadores de um processo. A resistência às mudanças é um fator de risco

para o sucesso de qualquer estratégia corporativa. Afinal de contas, uma

Universidade Corporativa é um projeto que depende da adesão dos

funcionários para obter êxito. É preciso vender a ideia de um novo paradigma

de educação corporativa.

Considerando à resistência interna como um possível ponto crítico para

a efetividade da UC da Carioca, era preciso avaliar como seria a adesão dos

funcionários ao “Portal” da UC.

Na Carioca começou-se a observar uma possível diferença de

expectativas com relação aos novos projetos da empresa, inclusive a

implantação da UC. Numa pesquisa informal feita pela área de RH, foi

identificado que os funcionários concursados admitidos a partir de 2010 tinham

mais interesse e expectativas maiores com relação à UC do que os

funcionários mais antigos que faziam parte da empresa desde quando ela

ainda era uma indústria de computadores.

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Muitas hipóteses poderiam justificar essa diferença de expectativas,

dentre elas, o fato dos funcionários mais antigos já terem vivenciado vários

projetos na empresa que fracassaram e o sentimento de descrédito ter se

propagado. Outra possibilidade é a resistência às mudanças, um sentimento

de medo do desconhecido que é característico da personalidade humana.

Pensando nessa perspectiva, estudos foram realizados estabelecendo

uma relação entre tempo de empresa e números de cursos realizados/número

de horas de treinamento visando confirmar se a hipótese que sugeriria que a

adesão dos funcionários novos era maior seria confirmada ou não.

Utilizando como parâmetro o mês de dezembro do ano de 2014, mês

em que a Universidade Corporativa da Carioca completou um ano da sua

inauguração, teremos as seguintes informações para análise:

- 2.930 Funcionários do quadro próprio, sendo 305 funcionários admitidos até

dezembro de 2009 (10,5% do total) e 2625 funcionários admitidos a partir de

janeiro de 2010 (89,5% do total);

- Tempo médio de empresa é de 4 anos e 5 meses;

- Índice de Turnover de 3% ao mês;

- Média de 9.852 horas de treinamento por mês (total de funcionários);

- A meta anual de, no mínimo, 35 horas por funcionário foi ultrapassada, tendo

cada funcionário a média de 3 horas por mês.

Visando melhorar a análise das informações que serão estudados,

seguem alguns gráficos com dados estatísticos dos funcionários da Carioca

(por admissão, por escolaridade, por faixa etária) e que fornecessem indícios

sobre a cultura da empresa:

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Para facilitar a análise, chamaremos de Grupo A os funcionários

admitidos até dezembro de 2009 e de Grupo B os que foram admitidos a partir

de janeiro de 2010.

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A escolha desse divisor se deu por conta da importância estratégica do

ano de 2010 para a empresa Carioca. Neste ano foi iniciado o programa de

expansão das admissões que mudaria toda a configuração do quadro de

colaboradores a partir da execução de diversos concursos públicos com

objetivo de contratação de funcionário efetivos.

O elevado crescimento no número de funcionários do quadro próprio da

empresa foi uma das justificativas mais importantes para a proposta da

Universidade Corporativa fosse aceita como uma estratégia de capacitação em

massa.

A quantidade de horas de treinamento distribuída pelos dois grupos (A e

B) estão demonstradas nos gráficos que seguem:

Pode-se notar que a proporção de horas de treinamento no Grupo B é

maior que no Grupo B. Entretanto, este dado isolado não representa muito

porque a quantidade de funcionários no Grupo B é oito vezes maior que no

Grupo B.

Portanto, demonstraremos um outro indicador relacionado à Educação

Corporativa, a média de horas de treinamento. Sobre esse índice, temos:

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Observa-se que a grande maioria dos funcionários do Grupo B superam

a meta de 35 horas, o que não ocorre no Grupo A. Esse dado poderia ser

justificado por diversos motivos, como, por exemplo, as variáveis apresentadas

anteriormente, faixa etária e escolaridade. Mas, o fato do Grupo B ser

composto por funcionários admitidos após a implantação da UC é uma variável

que merece destaque porque pode sinalizar que os novos funcionários estejam

mais envolvidos numa cultura de Educação Corporativa.

Os dados apresentados poderiam ser utilizados para muitos estudos

sobre cultura organizacional, educação corporativa e muitos outros temas da

área de Recursos Humanos. Entretanto, para mantermos o foco deste trabalho

serão analisadas as informações que possam corroborar com a hipótese de

que existe uma relação muito estreita entre cultura e educação corporativa.

As análises e considerações sobre as interfaces existentes entre a

cultura da empresa Carioca e os resultados do primeiro ano da sua

Universidade Corporativa serão apresentados na conclusão deste trabalho.

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CONCLUSÃO

Realizado o levantamento sobre os referenciais teóricos e apresentado

o estudo de caso, chegamos ao momento de analisar as informações e pensar

sobre a hipótese proposta neste trabalho.

De modo geral, algumas considerações podem ser feitas com relação

às interfaces entre a Cultura Organizacional e Educação Corporativa, a partir

do estudo de caso da empresa Carioca.

A partir da interpretação dos resultados apresentados, vimos que alguns

aspectos culturais da empresa Carioca - como a sua própria origem e

composição do quadro por profissionais de Tecnologia da Informação (TI) e

também a predominância do uso da Internet e de outros recursos tecnológicos

como meio de comunicação interna – mostraram-se facilitadores na aceitação

dos funcionários da ferramenta virtual da Universidade Corporativa (UC) da

empresa.

Outro ponto relevante considerado como propulsor na implantação da

UC da Carioca foi o comprometimento da alta administração e o envolvimento

e apoio dos gestores na disseminação da proposta e incentivo à participação

dos funcionários. A conscientização das lideranças sobre o seu papel

estratégico no sucesso da implementação da UC é um dos pontos de partida

para a eficácia de um programa de Educação Corporativa.

Um estudo realizado por Marisa Eboli (2005) sobre o panorama da

Educação Corporativa no Brasil, analisou também a sua inserção na cultura

organizacional das empresas pesquisadas utilizando como parâmetro as

seguintes proposições: (a) a alta cúpula da empresa se envolve com o Sistema

de Educação Corporativa (SEC); e (b) a cultura de educação corporativa

permeia a empresa como um todo.

Neste aspecto, constatou-se que houve grande concordância dos

respondentes de que a cultura da educação corporativa passou a fazer parte

do cotidiano da organização. E outro ponto importante confirmado é que

envolvimento da alta administração representou um diferencial para o sucesso

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das atividades educacionais nas organizações, principalmente quando da sua

concepção.

Entretanto, apesar dos indicadores dos resultados no primeiro ano da

UC da empresa ter apresentado índices satisfatórios, é bastante precoce falar

em sucesso da UC da Carioca.

A implantação foi realizada dentro da forma esperada com relação aos

prazos e às ofertas de programas educacionais. Mas a implementação é um

processo mais complexo que necessita de um tempo maior para que se possa

afirmar que foi concluída e que em um ano a UC já possui a maturidade

necessária.

Outro ponto de destaque na pesquisa realizada por Eboli (2005), aponta

as dificuldades das empresas em utilizar métodos formais para mensurar os

seus resultados relacionados às suas UCs, o que pôde ser identificado

também no caso da empresa Carioca.

Mas, segundo a pesquisadora, apesar das dificuldades, os indicadores

utilizados pelas empresas que participaram do estudo demonstraram que

houve grande impacto dos seus programas educacionais nos resultados

internos vinculados ao desempenho e à satisfação dos funcionários,

melhorando o clima organizacional. E como resultado externo, houve consenso

entre as empresas pesquisadas que os investimentos em Educação

Corporativa contribuem consideravelmente para a melhoria da imagem das

organizações.

Pensando nos princípios de sucesso propostos por Marisa Eboli (2004),

faltaria avaliar no caso da empresa Carioca, sobretudo, o princípio da

sustentabilidade, que refere-se à capacidade da UC de gerar resultados aos

negócios da empresa.

Nos demais princípios, o que pôde ser observado na empresa Carioca é

que predominam àqueles que tratam da conectividade e da disponibilidade.

O princípio da conectividade é representado pela construção de um

modelo de aprendizagem que promova a gestão do conhecimento através de

redes de relacionamento.

A disponibilidade é representada pelo uso maciço da tecnologia aplicada

à educação, implantando um ambiente virtual de aprendizagem que permite o

acesso ao conhecimento a qualquer hora e em qualquer lugar.

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O princípio da competitividade foi alcançado no que tange o

comprometimento e envolvimento da alta cúpula com a UC e no alinhamento

dos programas educacionais às estratégias do negócio. Entretanto, a

implantação do modelo de gestão de pessoas por competências ainda não é

uma realidade na empresa Carioca.

Foi sugerido também no estudo de caso usado neste trabalho uma

possível resistência dos funcionários à implantação da UC da Carioca,

sobretudo no grupo constituído por funcionários com mais de cinco anos de

empresa. Essa informação poderia ter diversas justificativas. Entretanto, nos

ateremos apenas à variável relacionada ao mecanismo natural do ser humano

de resistir às mudanças.

Segundo Hernandez e Caldas:

[...] tão importante quanto a análise das causas da resistência, particularmente para a mudança organizacional, é a identificação de indivíduos que terão maior inclinação a resistir à mudança e das razões desse comportamento. (HERNANDEZ e CALDAS, 2001, p. 41)

As dificuldades das pessoas em aderir ao modelo de Educação à

Distância (EAD), que tem sido tema de diversos estudos atualmente, também

pode ser considerado como uma das razões para a resistência aos programas

de Educação Corporativa que utilizam ambientes virtuais.

Apesar de já termos avançado bastante no modelo EAD no Brasil, com

ofertas nos cursos de graduação, pós-graduação, qualificação e outros, os

cursos presenciais ainda são os mais procurados.

Na UC da Carioca, os cursos on line representam mais de 90% da

oferta de cursos, o que para muitos funcionários que não gostam ou têm

dificuldades com esse formato de ensino pode provocar o desinteresse pelo

aprendizado.

Outra questão importante que precisamos considerar é a deficiência no

modelo educacional do nosso país, que não estimula os estudantes à

aprendizagem contínua, formando profissionais pouco preparados para o

mercado de trabalho.

Em muitos casos, as empresas encaram o desafio de suprir as

necessidades básicas de educação de seus funcionários, ocupando um papel

que deveria ser exercido pelo Estado. Assim, a educação corporativa tem de,

muitas vezes, completar a formação básica para alcançar os seus objetivos

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porque sem as bases fundamentais da educação, é inviável pensar em

educação continuada sustentável.

O conceito de UC no Brasil é relativamente novo comparado aos demais

temas da área de Recursos Humanos, começando a ser adotado no início da

década de 1990.

Entretanto, as pesquisas sobre a Educação Corporativa não têm se

proliferado na mesma proporção que a implantação das UCs nas empresas

brasileiras. O resultado prático disso, são propostas de programas de

Educação Corporativa com pouco referencial teórico. Ou seja, as empresas

têm que, literalmente, “pagar para ver” quando se propõem a implantar uma

UC.

Para compensar as dificuldades nas pesquisas teóricas, as empresas

têm lançado mão de outros recursos para o planejamento de um programa de

educação corporativa. Uma ação bastante utilizada é o benchmarking, que é

um processo de comparação de práticas empresariais, onde a empresa poderá

utilizar essa ferramenta para conhecer empresas que possuem UCs

consolidadas e utilizar como modelo referencial.

Entretanto, é preciso respeitar as diferenças entre as empresas, porque

cada modelo de aprendizagem é adaptado à cultura e às necessidades de

cada organização. Portanto, como ação interna no planejamento de um

programa é necessário conhecer bem o seu público-alvo e identificar as

competências que precisam ser desenvolvidas.

Podemos notar também que as contribuições geradas pela Educação

Corporativa nas organizações podem ser muitas, desde que as ferramentas

para a aprendizagem organizacional sejam utilizadas de forma eficaz e

adaptadas à cultura de cada empresa.

Segundo Eboli (2005) o envolvimento da cultura da empresa é tão

importante para o sucesso de um programa de Educação Corporativa que é

impensável a possibilidade de terceirizar sua operacionalização.

O envolvimento da área de Recursos Humanos e das lideranças de

modo geral é fundamental para viabilizar a utilização da UC como uma

estratégia corporativa de desenvolvimento dos funcionários.

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A Educação Corporativa deve permear toda a cultura organizacional e

fazer parte do cotidiano das organizações para que, desta forma, consiga

alcançar os resultados esperados.

Vimos que a cultura de uma empresa é uma variável que tem impacto

na implantação de um programa de Educação Corporativa na medida em que

ela for considerada desde a concepção do seu projeto, visando à adequação

do modelo educacional aos aspectos culturais da organização.

A implementação e a perenidade do programa serão influenciadas pela

cultura da organização, que, por sua vez, também é influenciada por um

programa de Educação Corporativa. Ou seja, a implantação de uma UC tem

um impacto na cultura dessa empresa por representar uma mudança no

paradigma de aprendizagem organizacional.

Segundo Eboli (2004), para a implantação de um sistema de Educação

Corporativa é necessária a difusão da mentalidade de aprendizagem contínua

de forma alinhada em três níveis: empresa, lideranças e pessoas. Ou seja, é

necessário criar um ambiente e uma cultura empresarial cujos princípios e

valores disseminados sejam propícios a processos de aprendizagem ativa e

contínua que favoreça a formação e a atuação de lideranças exemplares e

educadoras que aceitem, vivenciem e pratiquem a cultura empresarial e assim

despertem e estimulem nas pessoas a postura do autodesenvolvimento.

A partir do que foi analisado, percebemos que ainda há muito a ser

estudado no campo da Educação Corporativa e muitas relações poderão ser

feitas com outros temas da área de Recursos Humanos e de outras áreas

também, haja visto a importância estratégica que o conhecimento vem

conquistando cada vez mais nas organizações no mundo atual.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CULTURA ORGANIZACIONAL 10

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO CORPORATIVA 16

CAPÍTULO III

ESTUDO DE CASO 25

CONCLUSÃO 35

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 43