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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O PAPEL DA ESCOLA E DO
PROFESSOR NO ENSINO PARA ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Por: Ana Paula Felix Silva dos Santos
Orientador
Prof. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2015
DOCUM
ENTO
PROTEG
IDO P
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DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O PAPEL DA ESCOLA E DO
PROFESSOR NO ENSINO PARA ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Especial e
Inclusiva.
Por: . Ana Paula Felix Silva dos Santos.
.
3
AGRADECIMENTOS
....A Deus, meu amigo, minha fortaleza,
meu mestre maior, aos meus pais pela
vida que me doaram e pelo exemplo,
que sempre serão, de pessoas que
nunca desistiram de enfrentar os
imensos desafios da vida. Aos meus
irmãos: Nanda Luiz e Roberto, amigos
verdadeiros, pelo apoio e incentivos
constantes. Ao meu marido, Clayton
Santos, pelo amor, carinho, paciência e
por me estimular a nunca desistir dos
meus sonhos. A querida tia Glória pelo
amor, carinho e incentivo aos estudos.
4
DEDICATÓRIA
.....Dedico este trabalho a todas as
famílias e profissionais da educação que
se dedicam, amam e lutam para incluir as
crianças com necessidades educacionais
especiais nas escolas e na sociedade...
5
RESUMO
O propósito da organização e desenvolvimento desta monografia é de refletir e
compartilhar conhecimentos acerca das práticas inclusivas, especificamente
sobre a atuação da escola e do professor no ensino para os alunos com
necessidades educacionais especiais. No âmbito da Educação Inclusiva, no
que diz respeito a uma escola e ensino apropriado para os alunos com alguma
necessidade específica. O estudo teve como objetivo, determinar como a
escola inclusiva em parceria com os professores pode desenvolver atividades
que ajudam os alunos com necessidades educacionais especiais a adquirirem
uma aprendizagem que os favoreça; caracterizar quais práticas pedagógicas
são necessárias para que haja de fato a inclusão e evidenciar como uma
escola inclusiva deve estar preparada para receber os alunos com
necessidades educacionais especiais. A partir das considerações citadas, este
estudo passa a tratar de como a educação inclusiva pode ser realizada com
excelência pela escola e pelo professor. Através de estudo bibliográfico,
observou-se que a inclusão pode ser realizada com excelência, desde que haja
uma modificação dos espaços e de uma prática pedagógica que alcance o
aluno com necessidades educacionais especiais, seja na construção de uma
rampa para alunos cadeirantes à adaptações curriculares. E para reforçar
esse processo, a família tem um papel fundamental junto à escola, para que
haja uma troca de informações sobre o aluno, e consigam pensar em
estratégias que possam ajudar a superar os medos, carências e dificuldades
dos educandos.
Palavras-chave: Necessidades Educacionais Especiais, Educação Inclusiva,
Diversidade.
6
METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho foi fundamentado em pesquisas
bibliográficas, a partir de obras específicas do tema inclusão e alunos com
necessidades especiais.
Utilizou-se do aporte teórico de autores como, Campbell, Almeida,
Teixeira e Nunes, Cunha, Alves, Perrenoud, Sassaki e Silva e Conrado.
Contou ainda com a apreciação de artigos, legislação e pareceres. Em busca
de apresentar caminhos para a atuação do professore da escola, ao receber e
transmitir aprendizagem aos alunos com necessidades educacionais especiais.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Educação Especial e Inclusiva 10
CAPÍTULO II - Educar na diversidade 18
CAPÍTULO III – Educação Inclusiva: Família, Escola e Professor 26
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
8
INTRODUÇÃO
A educação é um processo social extremamente delicado e valioso, é
uma base da estruturação das identidades individuais. A educação permeia
todas as nossas relações, das mais duradouras até as mais efêmeras. Na vida
educacional circulam valores sem cessar, é uma prática indispensável aos
seres humanos. Devemos então pensar no ensino, considerando formas que
levem a aptidão para contextualizar e integrar, que é uma qualidade
fundamental da mente humana, que precisa ser desenvolvida.
Isto significa que a função da educação, numa sociedade democrática, é
criar as condições para que todos os alunos desenvolvam capacidades para o
exercício da cidadania, isto implica em uma política que inclua efetivamente a
todos no sistema de ensino.
A atuação dos professores e de toda equipe escolar, nesse contexto é
imprescindível na definição de objetivos educacionais, nas implicações
psicológicas, socais, culturais de ensino, ajudando ao aluno no aprimoramento
do seu desempenho na sala de aula, conteúdos, métodos técnicas, formas de
organização da classe na vinculação entre áreas de conhecimento pedagógico
e o trabalho realizado com todos os alunos.
O projeto pedagógico da escola viabiliza-se por meio de políticas e
práticas educacionais que tenham como princípio norteador à promoção do
desenvolvimento de aprendizagem de todos os educandos, inclusive daqueles
que apresentam necessidades educacionais especiais. É no projeto
pedagógico que a escola, se posiciona em relação a seu compromisso com
uma educação de qualidade para todos os seus alunos. Por isso, deve assumir
o papel de propiciar ações que favoreçam determinados tipos de interações
sociais, definindo, em seu currículo, uma concepção baseada em práticas
heterogêneas e inclusivas.
É primordial, entretanto, que todas as ações que apontam para a
inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais sejam bem
9
planejadas e estruturadas para que seus direitos sejam respeitados. A política
de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais
não consiste apenas na permanência física desses alunos junto com os
demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e
paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando
suas diferenças e atendendo as suas necessidades.
Neste sentido, fica clara a urgência dos educadores, pesquisadores e
pessoas que buscam uma educação de qualidade e inclusiva, juntarem seus
esforços para pesquisar e discutir esta temática.
10
CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
De acordo com Mendes (2006), a história da educação especial
começou a ser traçada no século XVI, com médicos e pedagogos que,
desafiando os conceitos vigentes da época, acreditaram nas possibilidades de
indivíduos até então considerados ineducáveis. Centrados no aspecto
pedagógico, numa sociedade em que a educação era direito de poucos, esses
precursores desenvolveram seus trabalhos em bases tutoriais, sendo eles
próprios, os professores de seus pupilos.
No século XIX surgiram as classes de especiais nas escolas regulares,
para onde os alunos difíceis passaram a ser encaminhados. Algumas escolas
especiais foram criadas para atendimento aos alunos que possuíam alguma
deficiência específica. Em muitos casos a escola especial desenvolvia regime
de internato, onde o aluno não podia estabelecer contato com a sociedade.
Escola de educação especial é aquela organizada para atender
exclusivamente alunos classificados como portadores de necessidades
educacionais especiais que, conforme aponta o Ministério da Educação e
Cultura, são:
educandos que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: 1.aqueles não vinculados a uma causa orgânica específica; 2.aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências. (MEC,BRASIL, 2001:43)
Anteriormente, a escola de educação especial e o ensino especializado
eram ensinados para crianças e jovens que não podiam ter acesso à escola
11
comum, pois não acreditavam que os alunos com necessidades educacionais
especiais poderiam ter um desempenho escolar que pudesse fazer com que
avançasse nos estudos e que seriam melhor atendidos se ensinados em
ambientes separados.
A luta para que os portadores de deficiência pudessem ter seus direitos
respeitados e igualitários foram se intensificando, com um movimento de
conscientização, sensibilizando a sociedade, como afirma Mendes:
(...)Tal contexto alicerçou uma espécie de base moral para a proposta de integração escolar, sob o argumento irrefutável de que todas as crianças com deficiências teriam o direito inalienável de participar de todos os programas e atividades cotidianas que eram acessíveis para as demais crianças. (MENDES, 2006, p. 388)
No contexto da integração escolar na década de 1980, já eram
evidentes as diferenças nas interações dos professores com alunos da
educação especial. Os alunos com necessidades especiais tinham menos
oportunidades para o desenvolvimento mais efetivo nas atividades de ensino.
A política de integração havia resultado em uma estrutura educacional
fragmentada, não era acessível a todos. Buscava-se aperfeiçoar a idéia de
integração, com a ressalva de que a escola necessitava se adaptar às
mudanças.
A expectativa era de que, cada vez mais crianças com necessidades
educacionais especiais estejam em classes comuns, sendo atendidas em suas
necessidades escolares e que sejam diminuídas as classes e escolas
especiais.
12
1.1– Breve Histórico da Educação Inclusiva
A educação inclusiva deve ser entendida como um movimento de toda a
educação e não apenas da educação especial. Devemos lutar por um mundo
no qual todos têm acesso as oportunidades, de ser e estar na sociedade de
forma participativa, onde as oportunidades e as características individuais não
são marcadas por interesses econômicos ou pela caridade pública.
A inclusão dos alunos com deficiência nas classes regulares representa
um grande avanço em relação ao movimento de integração, que pressupunha
algum que o deficiente precisava ser treinado para permitir sua participação no
processo educativo comum.
A partir dos anos 60, iniciou-se em diferentes países, um movimento
com opiniões a favor da integração educacional dos alunos com algum tipo de
deficiência. Esse movimento surgiu para reivindicar condições educacionais
satisfatórias para todos que tinham algum tipo de deficiência dentro da escola
regular e sensibilizar toda comunidade escolar, pais, autoridades, civis
educacionais para que assumissem uma atitude positiva em todo este
processo.
De acordo com Mendes (2006) em 1990, foi realizada a Conferência
Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem, em Jomtie, Tailândia, promovida pelo Banco Mundial,
Organização das Nações Unidas para a Educação. Participaram educadores
de diversos países do mundo, sendo nessa ocasião aprovada a Declaração
Mundial sobre Educação para Todos (p.395).
Afirma Cunha (2014) que posteriormente no ano de 1994, realizou-se a
Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e
Qualidade em Salamanca, Espanha, contando com a presença de 88 governos
13
e 25 organizações internacionais. O Brasil foi signatário do documento
produzido em assembléia denominado de “Declaração de Salamanca”, que
influenciou as políticas inclusivas (p.36)
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDBEN n° 9.394/96 -
enfatizou a valorização da educação inclusiva, afirmando que a educação
especial deve ser oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
manifestando o propósito de incluir o aluno com necessidades educacionais
especiais, sempre que possível, nas classes do ensino regular.
A inclusão propõe um único sistema educacional de qualidade para
todos os alunos, com ou sem deficiência. Se baseia em princípios tais como: a
aceitação das diferenças individuais, a valorização da diversidade humana.
De acordo com Sassaki:
Educação inclusiva significa provisão de oportunidades equitativas a todos os estudantes, incluindo aqueles com deficiências severas para que recebam serviços educacionais suplementares de auxílios e apoios em classes adequadas às idades, em escola da vizinhança, a fim de prepará-los para uma vida produtiva. (SASSAKI, 2002, p. 122).
A educação inclusiva precisa ser entendida como uma tentativa de
atender as dificuldades de aprendizagem de todos os alunos, e assegurar um
ensino igualitário aos alunos com deficiência.
1.2 – Deficiência
De acordo com Campbell (2009) deficiência pode ser entendida como
falta, insuficiência ou imperfeição em aspectos biológicos da pessoa, podendo
ser física, mental ou sensorial.
14
A Organização Mundial de Saúde define deficiência como o nome dado
a toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica,
fisiológica ou anatômica e, por este conceito, deficiente é todo aquele que tem
um ou mais problemas de funcionamento ou falta de parte anatômica,
acarretando com isto dificuldades de locomoção, percepção, pensamento ou
relação social.
A Política Nacional da Educação Especial considera que pessoas com
deficiência são aquelas que apresentam significativas diferenças físicas,
sensoriais, ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de
caráter temporário ou permanente.
As pessoas com deficiência têm as suas limitações, seja no plano físico,
sensorial, mental etc., é importante que possamos entender o modo como nos
relacionamos com essas limitações.
Portanto, a igualdade de liberdades e oportunidades é
democraticamente produzida pela participação dos cidadãos; considerações e
tratamento igual decorrem assim, das ações de todo, enquanto portadores de
direitos civis, políticos e sociais.
A efetivação das condições de cidadania depende de modo vital, da
transmissão do seu valor básico: a dignidade humana. A premissa que todos
merecem, respeito e consideração são o substrato fundamental da noção de
cidadania. A cidadania é formada, portanto, pela constituição do ser social.
1.3 – Alunos com necessidades educacionais especiais
De acordo com Carvalho (1999) na área da Educação Especial, a
remoção de barreiras tem sido estudada, “sob o aspecto de acessibilidade –
15
barreiras arquitetônicas – e sob o aspecto psicológico – barreiras atitudinais”.
(p.06)
É necessário examinar as práticas pedagógicas, para que as barreiras
relativas à aprendizagem sejam removidas. E pensar em todos os alunos como
seres em processo de desenvolvimento, seja por diferenças individuais e
específicas, seja por interesses e motivações.
Segundo Carvalho:
(...) de “excepcionais”, os alunos da Educação Especial passaram a ser denominados “portadores de deficiência”, “alunos com deficiência”, com “necessidades especiais”, ou “alunos com necessidades educacionais especiais”, no que se refere à educação escolar. (CARVALHO, 1999, p.6)
Com a adoção do conceito de necessidades educacionais
especiais, afirma-se o compromisso com nova abordagem, que tem horizonte
de inclusão. O conceito de necessidades educacionais passará a incluir, além
das crianças com algum tipo de deficiência, todos os educandos que estejam
com dificuldades em sua aprendizagem, ou que estejam passando por
inúmeras dificuldades, tais como: forçadas a trabalhar, que vivem nas ruas,
que moram distantes de quaisquer escolas, que vivem em condições de
extrema pobreza ou que sejam desnutridas, que sejam vítima de guerra ou
conflitos armados, sofrem de abusos contínuos, físicos, emocionais e sexuais,
ou que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja.
O educando que apresenta em caráter permanente ou temporário,
algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas,
ou altas habilidades, necessitando, por isso, de recursos especializados para
desenvolver o seu potencial, superar ou minimizar suas dificuldades.
16
Assim, entende-se que todo e qualquer aluno pode apresentar, ao longo
de sua aprendizagem, alguma necessidade educacional especial, temporária
ou permanente:
1. Educandos que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitação no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos; 1.1. aquelas não vinculados a uma causa orgânica específica; 1.2. aquelas relacionadas a condição, disfunções, limitações ou deficiências; 2. dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, particularmente alunos que apresentam surdez, cegueira, surdo-cegueira ou distúrbios acentuados de linguagem, para os quais devem ser adotados formas diferenciadas de ensino e adaptações de acesso ao currículo, com utilização de linguagens e códigos aplicáveis, assegurando-se os recursos humanos e materiais necessários. (BRASIL, 2001).
Dessa forma, a educação especial, agora concebida como conjunto de
conhecimentos, tecnologias, recursos humanos e materiais didático que devem
atuar na relação pedagógica, para assegurar reposta educativa de qualidade
às necessidades educacionais especiais. Continuará atendendo, com ênfase,
os grupos citados inicialmente. Entretanto, em consonância com a nova
abordagem, deverá vincular suas ações cada vez mais à qualidade da relação
pedagógica e não apenas a um público-alvo delimitado, de modo que a
atenção especial se faça presente para todos os educandos que, em qualquer
etapa ou modalidade da educação básica, dela necessitarem para o seu
sucesso escolar.
É necessário garantir aos portadores de necessidades especiais ou de
distúrbios de aprendizagem que atinjam o seu potencial máximo,
proporcionando atividades e com o cuidado de observar as necessidades de
cada educando.
Segundo a Declaração de Salamanca (1994) crianças com
necessidades educacionais especiais devem:
17
Receber apoio adicional no programa regular de estudo em vez de seguir um programa de estudos diferentes. O princípio diretor será o de dar todas as crianças a mesma educação, com ajuda adicional necessária àquelas que requeiram; os alunos com necessidades educacionais especiais deverá ser dispensado apoio contínuo, desde a ajuda mínima nas classes comuns até a aplicação de programas suplementares de apoio pedagógico na escola, ampliando-os, quando necessário, para receber ajuda de professores especializados e de pessoal de apoio externo; toda escola deve ser uma comunidade coletivamente responsável pelo êxito ou fracasso de cada aluno. (...). (BRASIL, 1994).
Se faz necessário proporcionar propiciar aos alunos com
necessidades educacionais especiais os recursos necessários para que
tenham uma vida educacional satisfatória.
18
CAPÍTULO II
EDUCAR NA DIVERSIDADE
De acordo com Vygostsky (1989) citado por Aranha (1996) que
entende o desenvolvimento como fruto de uma grande influência das
experiências dos indivíduos mais experientes que as trocas vão acontecendo,
possibilitando a evolução das funções básicas do ser humano. Defende a
ideia de que a construção do conhecimento implica em ação compartilhada, ou
seja, através dos outros que as relações entre sujeito e objeto do
conhecimento são estabelecidas.
A vida educacional é um palco onde circulam valores sem cessar.
Como processo de conhecimento, de formação política, manifestação ética,
capitação científica e técnica, a educação é uma prática indispensável aos
seres humanos, permitindo ao homem a compreensão dialética aos fatos e
não inteligência mecanicista dos mesmos.
Devemos, então, pensar o ensino, considerando formas que levem a
aptidão para contextualizar e integrar, que é uma qualidade fundamental da
mente humana, que precisa ser desenvolvida.
Segundo Morin (2000) uma educação para uma cabeça bem feita, que
acaba com a disjunção entre cultura da humanidade e cultura científica daria
conta de responder ao desafio da globalidade e a complexidade na vida
cotidiana social, política, nacional e planetária. Isto porque os alunos precisam
saber que os homens não matam apenas à sombra de suas paixões, mas
também à luz de suas socializações. (p. 44)
19
Em síntese, Morin, sublinha que o ensino não deve ser somente uma
função, uma especialização, uma profissão, mas uma tarefa de saúde pública.
Enfim, uma missão de transmissão, que exige competência, mas requer além
de uma técnica, uma arte.
De fato a educação com estes horizontes, implica transformação
pessoal e social, capaz de apresentar um conjunto articulado de propostas que
sejam capazes de combater a manipulação, a fragmentação e a exclusão,
propiciando caminhos para uma aprendizagem que objetiva libertar das
comunicações e educar para autodeterminação e o reconhecimento da
alteridade.
Importante, também, se faz elucidar que no momento atual, que
reclama uma educação de qualidade, implica em que educandos possam
enfrentar o mundo dominado pela informação, apropriando-se dela e
transformando-a em conhecimento. Toda equipe pedagógica precisa atuar em
parceria para que possam deslumbrar um futuro promissor para os alunos,
através de planos sérios e contínuos, fazendo com que os cidadãos tenham
igualdade de condições.
É necessário lutarmos por uma escola aberta, capaz de superar
preconceitos, que se coloque como centro da vida, de alegria, de sonho.
Entretanto, para que essa escola exista e para que haja educação para todos é
preciso estabelecer prioridades, metas conteúdos, meios, sonhos, respeito às
diferenças, senso de justiça e coerência. Só assim estaremos trabalhando,
segundo Freire:
por um mundo menos feio, em que as desigualdades diminuam em que as discriminações de raça, sexo, de classe, sejam sinais de vergonha e não de afirmação orgulhosa ou lamentação puramente dolorosa. (FREIRE, 2000, p. 25).
20
A educação transforma o indivíduo, o educador precisa buscar
estratégias para transformar o mundo, para que este possa ser humanizado e
que consiga a unidade na diversidade.
2.1 – A escola inclusiva
A escola deve estar preparada para atender a todos os alunos que a
procuraram, pois todos têm acesso às oportunidades de ser e estar na
sociedade de forma participativa; onde a relação entre o não acesso às
oportunidades e as características individuais não são marcadas por interesses
econômicos, ou pela caridade pública, a escola para todos deve estar inserida
num mundo inclusivo onde as desigualdades que são estruturas na sociedade
não atinjam os níveis abomináveis com os quais temos convivido.
As escolas precisam iniciar o processo de inclusão transformando seus
espaços em ambientes prazerosos, educativos, lúdicos, humanizados e
preparados para lidar com as diferenças.
Os espaços influenciam muito a todos, portanto a escola precisa estar
aberta a diversidade, consciente de suas funções sociopolíticas, ao lado das
pedagógicas, uma escola sintonizada com valores democráticos, um espaço
privilegiado de formação e exercício da cidadania. Segundo Almeida:
Não adianta pensar em uma escola bonita, cheia de recursos materiais, temos de pensar em uma escola que tenha vida, na qual o professor é respeitado no trabalho do dia a dia, temos de pensar em uma escola de cara nova, onde a diferença não é uma limitação, mas uma condição de cada um que ali está, portador ou não, de deficiência. (ALMEIDA, 2011, p. 112).
Portanto a necessidade mais urgente é a mudança em nosso
comportamento, no princípio da tolerância, respeitar e compreender as
diferenças e limitações de cada indivíduo. A escola precisa ser cidadã, para
21
que todos os alunos possam exercer sua cidadania, e compreender que as
diferenças existem, mas precisamos entender o limite de cada um.
O conceito de uma escola inclusiva, ou seja, uma escola para todos,
deverá ter uma aplicação mais vasta, por que qualquer criança, em qualquer
estágio da vida escolar ou extra-escolar pode ter dificuldades educacionais, ou
sociais. Assim, as mudanças que ocorram nos sistemas educativos irão
beneficiar todas as crianças.
A educação inclusiva depende de todos os envolvidos, em busca de
soluções para o desafio que são os diferentes alunos nas classes, e também
fazer com que nenhum aluno seja excluído.
A escola é que precisa se adequar ao aluno, providenciando meios e
recursos que garantam a aprendizagem, é função da escola promover a
aprendizagem para todos que nela esteja inserido e é claro promover sua
participação plena na sociedade. Segundo Sassaki:
Devemos preparar a própria escola para incluir nela o aluno com alguma deficiência, com sensibilização e treinamento dos recursos humanos da escola (todos os funcionários de todos os níveis); reorganização dos recursos materiais e físicos da escola; preparar a comunidade para incluir nela o futuro trabalhador; sensibilização das empresas, entidades e órgãos da comunidade, através de palestras, exposições, visitas e outros eventos, sensibilização de pais e alunos deficientes e não deficientes para um papel mais ativo em prol de uma escola inclusiva e uma sociedade inclusiva. (SASSAKI, 2002, p.122),
A escola precisa ter identidade, os educadores devem desenvolver uma
pedagogia centrada no aluno, sendo capaz de educar a todos, inclusive os que
sofrem de deficiências graves. O mérito das escolas inclusivas não é só a
capacidade de pensar educação de qualidade a todos, mas tentar mudar
atitudes de discriminação, criar comunidades que acolham a todos.
22
2.2 – Avaliando o aluno com necessidades educacionais
especiais
De acordo com Teixeira e Nunes (2010, p. 25) a escola precisa
favorecer aos alunos meios para que se sintam inseridos no grupo e se
identifiquem com o ambiente que está convivendo. “Do mesmo modo, é
preciso que os professores possam entender as relações que os alunos
estabelecem no meio físico e cultural, além de reconhecerem e entenderem a
diversidade existente em uma sala de aula”.
A escola precisa adptar-se ao aluno, propiciando condições para que o
mesmo possa aprender e receber apoio no que precisar, o conteúdo do ensino
deve atender as necessidades do indivíduo, a fim de poderem participar
plenamente no desenvolvimento, a instrução deve ser relacionada com a
própria experiência dos alunos e com seus interesses concretos, para que
assim se sintam mais motivados.
O professor deve observar os alunos em diversas situações, utilizar a
melhor estratégia para que possa atingir o objetivo da aprendizagem,
atividades desenvolvidas com jogos, atividades de desenho, atividades livres,
conversas espontâneas. Registrar as informações, compartilhar com toda
equipe pedagógica, para uma discussão e juntos decidir se deve ser feito um
encaminhamento para uma avaliação diferenciada.
O avaliador estabelecerá as diretrizes e procedimentos de como cada
aluno será avaliado, com um olhar diferenciado de acordo com a necessidade
específica de cada indivíduo, orientando o seu processo de aprendizagem e
desenvolvimento.
23
O professor precisa ser ativo, crítico e criador, propondo situações
problemas, cujas soluções sejam encontradas pelo aluno, levando-o, então, a
descobrir ou reinventar o conhecimento. Como bem pontua Hoffmann:
Essa é a intenção do avaliador: conhecer, compreender, acolher os alunos em suas diferenças e estratégias próprias de aprendizagem para planejar e ajustar ações pedagógicas favorecedoras a cada um e ao grupo como um todo. (NUNES E TEIXEIRA, apud HOFFMANN, p. 14).
O espaço de sala de aula deve ser um ambiente rico em desafios, que
vão propiciar ao aluno a construção de suas próprias convicções, as atividades
em sala, devem ser individuais, coletivas ou em grupos, oportunizando a troca
de pontos de vista que o ajudarão o alcance da cooperação. Assim sendo, os
professores devem propor atividades que desafiem o pensamento do aluno,
para que alcancem autonomia.
O trabalho pedagógico não pode se resumir apenas a sala de aula,
outras atividades devem ser oferecidas aos alunos para vivenciarem na sua
totalidade: pátio, cozinha, dispensa, secretaria, e explorando bem os espaços
em sala de aula, fundamental ter riqueza de estímulos, para que o professor
possa ter uma avaliação diariamente, e saber como o aluno irá se desenvolver
nas dimensões: cognitiva, afetiva, social e perceptivo motora, como afirma
Cunha:
(...) na educação especial, existem instrumentos eficazes para essa verificação, que vai desde a entrevista com os pais ou anamnese do aluno até recursos pedagógicos que encontram na própria sala de aula. Mediante os registros feitos na observação, o professor estimula e exercita o aluno para descobrir suas maiores qualidades e suas maiores carências. Sobre elas, após estudos avaliativos, podendo contar com uma ajuda multidisciplinar, elabora estratégias de atuação. (CUNHA, 2014, p. 79).
24
Os métodos para avaliação dos alunos com necessidades educacionais
especiais precisam ser inseridos para que haja uma mudança as formas de
avaliações propostas nas escolas, estas serão adaptadas de acordo com a
necessidade de cada aluno.
Se faz necessário o professor mantenha uma postura questionadora,
buscar entender e compreender como cada indivíduo adquire o saber e
integrar ao que é essencial para o aluno.
O professor precisa avaliar a si mesmo, fazer uma análise dos recursos
pedagógicos que está utilizando. Portanto, o que utilizar para um aluno com
determinada necessidade, poderá não conseguir usar para outro. Essas
especificidades do que fazer educacional serão mensuradas por meio de
avaliações.
As adaptações feitas para os alunos com necessidades educacionais
especiais devem ser realizadas, com boa vontade e acolhimento. A deficiência
não deverá ser apontada de forma constrangedora e nem ignorada.
O importante é que o aluno seja avaliado por cada atividade que realize,
que essa avaliação seja significativa para o desenvolvimento e desempenho
escolar e de cada indivíduo, como afirma Teixeira e Nunes:
Neste sentido, pensar em avaliação requer uma dinâmica reconstrutiva que represente uma prática exercida de acordo com a concepção filosófica de educação e de homem que se prega, pois somos seres constituídos biológica e socialmente, capazes de reproduzir e reconstruir história, identidade e subjetividade. (TEIXEIRA E NUNES, 2010, p. 37).
Uma escola aberta à diversidade precisa manter uma postura
questionadora e buscar conhecimentos para integrar aos conjuntos das ações
humanas necessárias para sobrevivência dos alunos com necessidades
educacionais especiais e até mesmo àquele que no atual momento não
apresentar alguma necessidade que requer uma atenção diferenciada. De
acordo com Cunha:
25
O currículo precisa ir do formalismo ao lúdico, e do lúdico ao formalismo, da disciplina à criatividade e da criatividade à disciplina. Seu mote é a autonomia discente, dentro de um processo educativo de prazer pedagógico, criatividade e valorização dos atores escola. (CUNHA, 2014, p. 26).
O sucesso da aprendizagem está em traçar estratégias para ensinar a
turma toda, ajudando os alunos a vencer os obstáculos escolares e se for
necessário fazer as adaptações necessárias, tanto para o conteúdo, o
currículo, quanto para as avaliações.
26
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FAMÍLIA, ESCOLA E
PROFESSOR
Os pais de alunos com necessidades educacionais especiais precisam
mostrar as habilidades e o sucessos de seus filhos, para que a sociedade os
trate de forma igualitária, respeitando suas limitações. A Interação dos pais
com a escola é muito importante, porque os pais são os principais associados
no tocante às necessidades de seus filhos. De acordo com Cunha (2014,
p.125) “não se pode falar de inclusão escolar, se não houver primeiramente,
inclusão familiar, para que haja uma inclusão social, se faz necessário que
ocorra na família e na escola”.
A família dos alunos com necessidades educacionais especiais
precisam de apoio para poder ajudar o desenvolvimento de seus filhos,
facilitando a informação necessária para que possam entender o desempenho
escolar dos seus filhos. A capacitação no atendimento dos filhos é uma tarefa
de extrema importância, para que possam caminhar e ter a mesma fala do
professor.
As relações de cooperação e apoio deverão ser estreitadas entre toda
equipe escolar e pais, fazendo com que estes últimos participem na tomada de
decisões, em atividades educativas no lar, na escola, e na supervisão e no
apoio de aprendizagem de seus filhos.
É mister que a família e a escola estejam integradas para que haja um
acompanhamento mútuo, assim, escola-família poderão juntos resolver os
problemas que as crianças possam ter, dentro e fora da escola. É preciso que
27
os pais e responsáveis assumam um espaço no ensino de seus filhos,
participando da vida do aluno na instituição escolar. O empenho da escola
poderá ocasionar mudanças na família, reuniões e conversas para que se
estabeleça um vínculo e uma troca sobre os procedimentos a serem adotados
no desenvolvimento do aluno.
A família deve adquirir o hábito de dialogar com seus filhos,
independente do apoio educacional que ele necessite, para que possam saber
das dificuldades escolares e de interação que eles necessitam. Para que os
alunos tenham uma vida produtiva tanto na escola como em sua vida
particular, é necessário que a família esteja presente no curso de sua vida,
ajudando-o a superar suas dificuldades, seus medos e carências, sendo um
dos pilares principais de suas vidas.
É necessário haver uma compatibilidade entre a família e todos os
envolvidos que irão cuidar e lidar com o aluno com necessidade educacional
especial, estabelecendo uma relação de confiança, de limites e acolhedora.
Com o intuito de envolver toda família em atividades prazerosas e que tenha
objetivos de ajuda para criança.
A presença da família ajudará na progressão do aluno e será de
extrema importância que os profissionais que acompanham a criança também
estejam integrados a escola, para que juntos possam fazer com que o aluno se
desenvolva cada vez mais, e analisar juntos o que o aluno precisa, e onde
estão as suas dificuldades.
A família precisa se conscientizar que deverá se comprometer em
cumprir as exigências da escola para um bom funcionamento do desempenho
e desenvolvimento do aluno.
Mister se faz que os responsáveis estejam presentes nas diversas
atividades fornecidas pela escola, para que possam se sentir integrados e
28
inseridos no ambiente em que o seus filhos estão estudando, e que analisem e
tomem conhecimento de quem são as pessoas que estão transmitindo os
saberes aos seus filhos criem um vínculo com as pessoas envolvidas no
processo de desenvolvimento deles.
A família é responsável por informar a escola se o aluno fará uso de
medicamento, apresentar o diagnóstico e os profissionais que fazem
acompanhamentos e terapias, para que os profissionais da escola possam
estar informados de uma forma geral. Portanto se faz necessário o
envolvimento das famílias e educadores na vida do aluno com necessidades
educacionais especiais. Segundo Cunha:
Reuniões periódicas com pais, relatórios, troca de informações e observação sistemática de possíveis exames médicos-laboratorias fornecem substancial ajuda. Ademais, toda terapia medicamentosa, quando houver, deverá ser de conhecimento dos profissionais da educação. Família e escola são corresponsáveis tanto pelos recursos que serão utilizados quanto pelos desafios. (CUNHA, 2014, p. 128).
A família tem um papel muito importante na formação escolar de seus
filhos, pois tem o dever de saber o que acontece dentro da escola e
acompanhar o seu processo evolução. Devem participar de reuniões de pais e
mestres, nas decisões e nas organizações de festividades. O que for decidido
a respeito do aluno sua família deve estar ciente.
3.1 – O Papel da Escola
O papel da escola é muito importante, pois ela vai ser uma das
responsáveis pela educação dos alunos com ou sem alguma necessidade
educacional especial. Toda escola deve ser uma comunidade coletivamente
responsável pelo êxito ou fracasso de cada aluno.
29
Uma boa gestão escolar depende da participação ativa e criativa dos
professores e de todos os envolvidos no processo educacional, da colaboração
e do trabalho em equipe para atender às necessidades dos alunos.
A escola deve proporcionar ao aluno com necessidade educacional
especial, espaços e recursos que o ajudem a superar suas dificuldades e
limitações, para que possa se devolver de forma plena, juntamente com a
interação social que é o pilar principal da relação escola-aluno. De acordo com
Almeida:
Quando avaliamos um espaço, na verdade, avaliamos uma junção de arquitetônico e de relacional. Porém, é este último que determina nossa apreciação ou não para o espaço. Portanto, é muito mais significativo preservar e cuidar das relações que investir somente nos espaços concretos. (ALMEIDA, 2011, p. 114).
A equipe pedagógica da escola precisa ter uma visão holística, em
relação aos profissionais que estão envolvidos no processo de aprendizagem
dos alunos, especialmente os professores. É necessário valorizar o profissional
para que tenha êxito, estar sempre juntos, para que haja troca de
conhecimentos, pesquisando novas estratégias, ampliando métodos de ensino
para que seja possível atingir resultados positivos e atender o conjunto da
sociedade com eficácia. Ressalta Gomes:
É possível afirmar que a parceria e a formação em serviço serão aspectos mais importantes para que o professor não tema a inclusão, No entanto, ser-lhe- ão exigidas uma nova crença, uma nova postura e uma certeza de sua incompletude sem que isso diminua para estar aberto a uma relação dialética entre a teoria e a prática a iluminar seu caminho. (GOMES, 2014, P.60).
A atuação do corpo técnico da escola, na ajuda aos professores é
imprescindível, para o seu aprimoramento em seu desempenho em sala de
30
aula, nos conteúdos, métodos, técnicas e formas de organização da classe,
formulando juntos, diretrizes que darão uma direção a ação educativa.
A escola precisa organizar reuniões com as famílias de maneira que
elas se sintam acolhidas, como pode ser observado por Ferreira, (2015, p. 29),
“(...) mostre aos pais o planejamento do bimestre, as metas de aprendizagem
da turma de seu filho, solicite parceria para algo que vai ocorrer no próximo
mês, fale de valores, sensibilize os pais para diálogo com os filhos”.
O principal papel da instituição escolar é o de proporcionar ao educando
com necessidade educacional especial não somente uma socialização, mas o
aprendizado, proporcionando o desenvolvimento cognitivo, intelectual e
cultural.
A equipe escolar deverá acolher os alunos, atuando para que a inclusão
seja eficaz, e atenda às necessidades dos que necessitam de um tratamento
diferenciado. Planejar as adaptações curriculares deve fazer parte da proposta
para os alunos inclusos. De acordo com Silva e Conrado:
O Planejamento de Adaptação Curricular integrado deve ser elaborado de acordo com a proposta pedagógica da escola. É passivo de ajuste quanto à determinação de bimestre, trimestre ou semestre. O importante é que seja elaborado a partir do plano de ensino da turma e do ano/série que o aluno irá cursar. O planejamento deve seguir o quadro de adaptação para cada componente curricular ornando flexíveis os adendos e ajustes conforme a necessidade do aluno e do professor na sua prática pedagógica. (SILVA E CONRADO, 2013, p. 54).
Para que o trabalho seja efetivo, a parceria de todos é de extrema
importância, para que, tanto às famílias quanto os alunos tenham certeza de
que a escola que escolheram é o lugar certo para desenvolverem o
aprendizado. É necessário que alguns critérios, segundo Silva e Conrado
(2013), sejam cumpridos para o melhor atendimento à clientela:
31
Solicitar à família um laudo do diagnóstico da síndrome, do transtorno, da deficiência a qual a criança possui; notificar o diagnóstico aos professores que serão responsáveis pelo processo de aprendizagem da criança; readaptar o quadro dos componentes curriculares e reorganizar os conteúdos do ano/série do plano de aula, estabelecendo os objetivos que o aluno deve alcançar, elencando o que é necessário desenvolver com o mesmo; estabelecer contato com o profissional e/ou especialista que acompanha o aluno fora da escola para seguir as orientações e os procedimentos adequados; auxiliar e incentivar os educadores a estarem sempre atentos a subsídio, textos, leituras, palestras, seminários, congressos, cursos que possam favorecer a atuar de maneira mais precisa com os alunos inclusos (...). (SILVA E CONRADO, 2013, p. 53).
A adaptação dos espaços físicos é de fundamental importância, os
banheiros adequados a necessidade dos alunos, rampas de acesso, salas de
recursos, e o que for necessário às condições apresentadas pelo aluno diante
de suas necessidades. Para construção de uma sociedade inclusiva, é preciso
que não haja preconceitos, onde todos tem direito à sua individualidade.
É primordial, entretanto, que todas as escolas que recebem alunos com
alguma necessidade especial, tenham uma visão holística, bem planejada e
estruturada para que seus direitos sejam respeitados e que não seja apenas
uma permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas que
representem a ousadia de rever concepções e paradigmas, respeitando as
suas diferenças e atendendo as suas necessidades.
3.2 – O Papel do Professor
O professor para sua atuação com educação inclusiva, precisa
primeiramente de amor a profissão e aos seus alunos, entender que os alunos
com necessidades educacionais especiais precisam do seu olhar diferenciado,
que vai além de uma simples colocação em sala de aula.
32
O professor precisa garantir ao aluno direito à educação, não se
preocupando apenas em transmitir o conhecimento, mas também com o amor,
pode oferecer uma escola e um ensino de qualidade.
A busca por uma educação para todos, com excelência, se faz
necessário que o professor tenha essa convicção, portanto, precisa se
atualizar, conhecer os seus alunos, o que ele é capaz de aprender e conhecer
suas limitações. Segundo Silva e Conrado:
O principal papel do professor diante da inclusão é reestruturar seu plano de ensino e sua didática na sala de aula, organizar pequenos projetos, dinâmicas, leituras, filmes, dramatizações que propiciem um espaço para desenvolver, aprimorar e ampliar posturas adequadas, bem como saúde emocional e social entre os próprios alunos, enaltecendo o respeito às diferenças, a solidariedade, a amizade, fortalecendo as atitudes e os resultados positivos (...). (SILVA E CONRADO, 2013, p. 49).
As necessidades dos alunos são inúmeras, e o professor deverá
observar, buscar o conhecimento e entendimento daquilo que não souber e
solicitar ajuda no que julgar necessário, tanto da equipe escolar, quanto da
família e dos especialistas que acompanham os alunos. Para que se possa
proporcionar um ensino com excelência e qualidade, quebrando as barreiras
que existem dentro de suas mentes. Assim ressalta Campbell:
A educação inclusiva supõe que o professor saia da sua solidão, arrogância, falso domínio e tenha a coragem de assumir o preconceito, a dificuldade, o medo, a impotência diante da diversidade porque só assim terá condições de aprender e rever suas estratégias pedagógicas. Enquanto ele for arrogante ou enquanto escamotear, negar, mentir, ele não poderá ser ajudado. E ele pode aprender isso inclusive com seus próprios alunos, pois temos mais a aprender com os deficientes do que supomos. (CAMPBELL, 2009, p.158).
É importante ressaltar que se o aluno estiver fazendo acompanhamento
com especialistas, o professor deverá ter encontros para uma troca de
33
informações sobre o desenvolvimento do aluno, como afirma Campbell (2009,
p. 159) “(...) é importante conversar com os especialistas ao longo de todo ano
para acompanhar seu desenvolvimento. Isso pode ajudá-lo muito a planejar as
aulas, definir estratégias e escolher os melhores materiais (...)”.
O professor deve se informar sobre as especificidades dos seus alunos
e fazer com o ambiente se torne agradável para que se sinta incluso nas
atividades, mudar o foco das incapacidades para as potencialidades dos
educandos incluir novas estratégias para que alcance os objetivos propostos.
De acordo com Silva e Conrado, o professor precisa:
O professor hoje precisa ter em mente que o planejamento ou plano de aula não é apenas um conjunto de conteúdos pedagógicos jogados no papel. No planejamento, cabem os projetos e as alterações que faremos durante, sua execução, cabe acrescentar o comentário de um aluno que pode repercutir em uma aula prazerosa, cabe principalmente aliar paradidático ao lúdico; coisa que muitas vezes não acontece. (SILVA E CONRADO, 2013, p. 48).
O professor deve considerar que a criança desenvolve-se mediante um
processo evolutivo, dinâmico que envolve vivências e desafios. O papel do
professor é fazer que a educação seja dada a todos, inclusive atender as
diferenças e necessidades dos alunos em sala de aula.
Segundo Perrenoud, que analisa a cultura profissional dos professores
de apoio experientes, suas competências, representações, atitudes e saberes:
Saber observar uma criança na situação, com ou sem instrumentos; dominar um procedimento clínico (observar, agir, corrigir, etc,), saber tirar partido das tentativas de e erros, possuir uma prática metódica, sistemática; saber construir situações didáticas sob medida (mais a partir do aluno que do programa); estar familiarizado com uma abordagem ampla da pessoa, da comunicação, da observação, das intervenções e da regulação; ter domínio teórico e prático dos aspectos afetivos e relacionais da aprendizagem e possuir cultura psicanalítica básica; saber que, muitas vezes, é necessário abandonar o registro propriamente pedagógico para
34
compreender e agir de modo eficaz (...). (PERRENOUD, 2000, p. 60).
Os professores com sua criatividade e conhecimento, poderão
desenvolver atividades e elaborar estratégias e projetos que visem a troca de
informação e conhecimento, com o compromisso de uma educação de
qualidade para todos os seus alunos.
O educador que de fato acolhe a inclusão procura conhecer os seus
alunos, busca conhecimento sobre a necessidade específica do mesmo, e
procura a capacitação necessária para sua vida profissional. Não se limita a
somente dizer que desconhece ou que não está preparado, o profissional
pesquisa e se qualifica para fazer a inclusão realmente acontecer.
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CONCLUSÃO
A escola inclusiva é extremamente importante e valiosa, pois os alunos
com necessidades educacionais especiais têm a oportunidade de romper suas
limitações. Para que seja uma escola de qualidade e faça a inclusão com
excelência, os espaços devem ser bem planejados e os recursos diferenciados
a serem utilizados precisam fazer parte da vida escolar do aluno, para que
possa ter um desenvolvimento pleno.
O respeito e a valorização da diversidade dos alunos, exigem que a
escola defina sua responsabilidade no estabelecimento de relações que
possibilitem a criação de espaços inclusivos.
É no projeto pedagógico que a escola se posiciona em relação a seu
compromisso com uma educação de qualidade para todos os seus alunos. A
escola deve assumir um papel de propiciar ações que favoreçam determinados
tipos de interações sociais, definindo em seu currículo uma opção por práticas
heterogêneas inclusivas.
A inclusão é um mundo onde todos têm acesso às oportunidades de ser
e estar na sociedade, de forma participativa, desenvolvendo juntos suas
habilidades e inteligências. Esse construir juntos requer disposição para
dialogar, aprender, compartilhar e trabalhar de maneira integrada no processo
de mudanças de gestão e prática pedagógica.
Uma escola inclusiva oferece oportunidades múltiplas a todos, não
apenas às aprendizagens acadêmicas, mas aquelas que se referem à
sensibilidade pela diversidade humana.
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As atividades desenvolvidas para os alunos precisam ser adaptadas de
acordo com a necessidade específica de cada um, para que haja de fato um
aprendizado e que o aluno seja realmente incluído. Se faz necessário que as
avaliações propostas para este aluno sejam elaboradas com estratégias
diferenciadas, observando as suas habilidades e competências de uma forma
holística e diária.
Os gestores de uma escola inclusiva devem priorizar a qualificação de
seus profissionais, portanto precisam estar sempre estimulando a uma busca
de conhecimentos, para que sua equipe possa estar preparada para atender
às crianças que necessitam de uma atenção diferenciada.
O professor é responsável pelo aprendizado de todos os alunos,
portanto precisa se qualificar, e adotar novas práticas e procedimentos. A
finalidade é de ajudar o aluno, contemplando as dimensões: cognitiva, afetiva,
social, e perceptivo motora, investigando qual a melhores estratégias e
atividades para que o aluno alcance os objetivos propostos. Deve considerar
que o aluno desenvolve-se mediante um processo evolutivo dinâmico que
envolve troca de vivências e desafios.
A escola, família, professor e todos os envolvidos na aprendizagem do
aluno com necessidades educacionais especiais precisam criar um vínculo
para que haja troca de informações sobre o desenvolvimento e desempenho
deste educando, e, assim, decidirem juntos qual melhor estratégia a ser
adotada para que o aluno se sinta motivado, a aprender, e que consiga
continuar sua caminhada escolar.
A família precisa buscar estimular seu filho, é muito importante que essa
ajuda venha de um profissional/especialista que saiba como lidar com a
necessidade específica da criança para fornecer ferramentas e estratégias que
ajudem no desempenho e desenvolvimento. Em uma busca do que significa o
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aprender para esse aluno e sua família, tentando descobrir a função do não
aprender.
A inclusão está vinculada ao amor, portanto só conseguiremos realizar
de fato e com excelência a inclusão quando rompermos os nossos próprios
limites e preconceitos. Assim, possibilitaremos a este educando a construção
de identidade, fortalecimento da autoestima e uma aprendizagem que para ele
será de grande valia.
Todos os alunos, independente de classe, raça, gênero, sexo,
características individuais ou necessidades especiais devem aprender juntos,
demonstrando respeito à diferença e compromisso com os direitos humanos.
Fazendo com que sejam úteis, trabalhem, atuem ativamente dentro da
sociedade. É uma das formas de combater a exclusão existente.
Mister se faz que todos os envolvidos com a educação de alunos com
necessidades educacionais especiais, que não pratiquemos a inclusão
somente para que se cumpra a lei, mas que coloquemos em prática todas as
propostas que são solicitadas, e que possamos contribuir para que esses
alunos tenham um aprendizado e uma convivência de qualidade.
A pessoa com necessidade educacional especial é um ser social e
pensante dentro da sociedade. Precisamos acreditar neles, incentivando a
exporem suas idéias, estimulando a interagir com os colegas e proporcionando
alternativas para que a aprendizagem seja concretizada.
Diante de tal situação, é necessário que todos lutemos por uma
sociedade mais justa, que todos os direitos sejam respeitados, que não sejam
marginalizados. Ajudando as famílias que tanto necessitam de uma diretriz
para saber lidar com a necessidade específica do seu filho.
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Toda criança deve estar na escola, independente da dificuldade que
tenha, o preconceito, deve ser banido do nosso vocabulário e o amor, carinho
e respeito, devem ser sublinhados para não serem esquecidos.
A educação para todos precisa ser exercida, e que ela comece por você,
um educador que fará a diferença na vida do seu aluno com necessidade
educacional especial e na família dessa criança.
A escola empenhada na busca da excelência, oferece aos alunos os
melhores serviços no seu atendimento pedagógico, oferecendo um currículo
diferenciado, seja pelo relacionamento, com os aluno, familiares e
comunidade.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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desafio. 5ª edição. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.
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ZAPPAROLI, Kelem. Estratégias lúdicas da criança com deficiência. Rio de
Janeiro: Wak Editora: 2013.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA 10
1.1 – Breve Histórico da Educação Inclusiva 12
1.2 – Deficiência 13
1.3 – Alunos com necessidades educacionais especiais 14
CAPÍTULO II
EDUCAR NA DIVERSIDADE 18
2.1 – A escola inclusiva 20
2.2 – Avaliando o aluno com necessidades educacionais especiais 22
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: FAMÍLIA, ESCOLA E PROFESSOR 26
3.1 – O Papel da escola 28
3.2 – O Papel do Professor 31
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 41