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FACULDADE MERIDIONAL- IMED CURSO DE PSICOLOGIA- NOTURNO Natacha Martins Machado Consumo e endividamento entre jovens universitários Passo Fundo 2013

CURSO DE PSICOLOGIA- NOTURNO Martins Mach… · CONSUMO E ENDIVIDAMENTO ENTRE JOVENS UNIVERSITÁRIOS1 Natacha Martins Machado2 Dra. Caroline Stumpf Buaes3 SUMÁRIO 1 Introdução

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FACULDADE MERIDIONAL- IMED CURSO DE PSICOLOGIA- NOTURNO

Natacha Martins Machado

Consumo e endividamento entre jovens universitários

Passo Fundo

2013

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Natacha Martins Machado

Consumo e endividamento entre jovens universitários

Trabalho de conclusão do curso de Psicologia da

Faculdade Meridional- IMED, como requisito parcial para

obtenção do grau de bacharel em Psicologia, sob

orientação da professora Dra. Caroline Stumpf Buaes.

Passo Fundo, 2013.

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Natacha Martins Machado

Consumo e endividamento entre jovens universitários

Banca Examinadora

Prof. Doutora- Caroline Stumpf Buaes- IMED

Prof. Doutor- Jandir Pauli- IMED

Prof. Me.- Israel Kujawa- IMED

Passo Fundo, 2013.

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DEDICATÓRIA

Com muito carinho, aos meus pais, e principalmente

ao meu irmão Felipe e meu amigo João Miguel que

estiveram presentes e me incentivaram em vários

momentos durante esses anos.

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AGRADECIMENTO

Agradeço à minha orientadora Caroline e aos

professores Jandir e Israel pela forma com que

transmitiram seus conhecimentos, pois me

instigaram a refletir criticamente sobre a realidade e

a cada conversa deixaram muitas dúvidas e a

vontade de buscar mais respostas.

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CONSUMO E ENDIVIDAMENTO ENTRE JOVENS UNIVERSITÁRIOS1

Natacha Martins Machado2

Dra. Caroline Stumpf Buaes3

SUMÁRIO

1 Introdução. 2 Aspectos metodológicos. 3 Apresentação e discussão dos resultados. 3.1

Desqualificação dos objetos consumidos. 3.2 Necessidade de consumir como forma de

pertencimento. 3.3 Facilidade de crédito e impulsionamento ao consumo. 3.4 Prazer e

frustração. 3.5 Consequências do endividamento. 4 Considerações finais. Referências.

Apendice A- Questões para entrevista. Anexo A- Parecer CEP.

RESUMO

A sociedade contemporânea pode ser definida como uma sociedade de consumo,

devido à amplitude da influência desta característica na vida das pessoas. Tal característica

participa da constituição das subjetividades dos sujeitos, sendo naturalizada. A economia atual

é regida pelo consumo, sendo utilizadas estratégias para incentivá-lo, como o marketing com

a criação de necessidades e a facilidade de crédito para a aquisição dos bens. Nesse contexto,

os jovens são um dos grupos mais suscetíveis ao endividamento. Assim, este estudo buscou

investigar as causas do endividamento entre jovens universitários, buscando compreender os

significados individuais e analisá-los a partir de um prisma social. Participaram 10 jovens

estudantes da graduação de uma instituição de Passo Fundo. Os dados obtidos através das

1 Trabalho de Conclusão de Curso vinculado à linha de pesquisa “Processos e Intervenções em Saúde e

Qualidade de Vida” 2 Graduanda em Psicologia pela Faculdade Meridional (IMED)- Passo Fundo. Email:

[email protected] 3 Professora orientadora.

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entrevistas semi-dirigidas foram submetidos à análise de conteúdo. O conteúdo expresso nas

entrevistas incluiu a desqualificação dos objetos consumidos, a necessidade de consumir

como forma de pertencimento, comprar de forma impulsiva com crédito facilitado e

desinteresse em conhecer as regras de juros. Também foram citados prazer momentâneo

seguido de frustração e arrependimento, e as consequências do consumo e endividamento.

Palavras- chave: Consumo, endividamento, jovens universitários, Psicologia.

ABSTRACT

Contemporary society can be defined as a consumer society, due to the magnitude of

the influence of this trait in people's lives. Such a characteristic part of the constitution of the

subjectivity of individuals, being naturalized. The current economy is governed by

consumption, and strategies used to encourage him, as with the creation of marketing needs

and credit facility for the acquisition of goods. In this context young people are one of the

groups most susceptible to debt. Thus, this study aimed to investigate the causes of

indebtedness among university students seeking to understand the individual meanings and

analyze them from a social perspective. A total of 10 young graduate students of an institution

of Passo Fundo. The data obtained through semi-structured interviews were subjected to

content analysis. The data obtained through semi-structured interviews were subjected to

content analysis. The content expressed in the interview included the disqualification of

objects consumed, the need to consume as a way of belonging, buy impulsively with easy

credit and disinterest in knowing the rules of interest, momentary pleasure followed by

frustration and regret, and the consequences of consuming and indebtedness.

Keywords: Consumer, debt, university students, Psychology.

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1 Introdução

O consumo representa a principal característica de nossa sociedade atualmente. Neste

estudo entende-se, conforme Bauman (2008), que o consumo diferencia-se do consumismo

pelo fato de que o primeiro é basicamente uma característica dos seres humanos como

sujeitos, enquanto o consumismo é característica da sociedade. Por ser considerada a principal

característica da sociedade, envolve todas as dimensões da vida dos sujeitos, desde a

autoimagem, as relações interpessoais e de trabalho e as relações sociais de forma mais ampla

envolvendo a cidadania.

Na evolução da sociedade de trabalho para a sociedade de consumo, com os

importantes avanços da industrialização, houve um aumento da produção em amplas

proporções. Atualmente, a economia depende da comercialização dessa produção, para isso

diversas estratégias são utilizadas pelo governo e pelas empresas para impulsionar o consumo.

Essas estratégias incluem desde medidas econômicas como a oferta de crédito a técnicas

aprimoradas de marketing. Com a globalização, que excluiu as fronteiras entre os países, e a

enorme capacidade de alcance da informação com a informatização, o impulsionamento para

o consumo tornou-se global.

Dentre as técnicas de marketing, podemos observar que o mercado lança produtos

específicos para os diversos segmentos sociais e etários, buscando promover uma

identificação nos sujeitos. O foco desse estudo são os jovens, que atualmente representam um

dos segmentos sociais mais endividados. Conforme Zamboni (2007), a juventude nesse

contexto é apresentada como uma etapa da vida em que se deve viver plenamente e ser feliz.

O mercado se apropria da experiência juvenil e passa a comercializá-la como um ideal de

vida, recaindo sobre os jovens o peso da responsabilidade de serem felizes apenas por serem

jovens. O mercado vem apresentando uma imensa capacidade de produzir uma carga

simbólica referente à juventude, e especialistas em publicidade e moda trabalham na

reprodução desses valores, sendo que a mídia possui um papel importante nesse processo.

Além de existir um mercado voltado para a juventude, que constantemente a cria

novidades e tendências que devem ser seguidas, lançando objetos de desejo, há um

imediatismo para a satisfação dessas necessidades. Assim, um fenômeno social é associado a

um imediatismo próprio a essa fase da vida. Diferentes estratégias econômicas vêm ao

encontro dessas necessidades de consumo. Uma delas se constitui através da oferta de crédito,

que é facilitado para incentivar o aquecimento da economia. Assim, são oferecidos cartões de

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crédito e empréstimos a todas as classes e segmentos da população, com estratégias de

marketing específicas para atingir públicos-alvo. Em relação aos jovens, o que se produz é

referido por Bauman (2010) quando afirma que os indivíduos muito antes de começar a

ganhar a vida por si mesmo, poderão ser classificados como “consumidores sérios”.

Atualmente, com 20 anos é possível obter um conjunto de cartões de crédito sem dificuldade.

Ainda, há linhas de crédito específicas para os jovens e universitários, com

propagandas que buscam promover a identificação desses indivíduos com os serviços

oferecidos. A oferta de crédito não é acompanhada de informações claras sobre a contratação

e taxas de juros. Desse modo, o endividamento, ou ter alguma dívida com algum fornecedor

(bancos, cartão de crédito, financeiras de carros) é característica própria à vida na atual

sociedade de consumo, à liberdade das pessoas no mercado, e ao fato de ser consumidor, em

qualquer classe social (MARQUES, 2010).

No contexto brasileiro, Marques (2010) e pesquisas realizadas pelo PEIC (Pesquisa

Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor- CNC, 2013), confirmam o fato

de o maior número de indivíduos endividados concentrarem-se entre os jovens. Associando a

facilidade de acesso ao crédito, os apelos ao consumo veiculados pela mídia e pela própria

sociedade e as relações nela estabelecidas, às motivações individuais, pode-se vislumbrar o

contexto que envolve esses jovens ao endividamento.

Diante do exposto, buscou-se conhecer as causas do endividamento entre jovens

universitários. O presente estudo procurou analisar o consumo e consequente endividamento

entre jovens universitários, considerando-se a influência do contexto social sobre esses

sujeitos. Nesse sentido, serão analisadas suas práticas de consumo, as circunstâncias da

contratação de empréstimos e a compreensão a respeito das regras de empréstimos e uso de

cartão de crédito.

Participaram da pesquisa estudantes da graduação que: a) estivessem na faixa etária de

18 a 30 anos, b) tivessem realizado ao menos uma contratação de empréstimo, c) com

comprometimento de 50% de sua possibilidade atual e futura de pagamento com dívidas,

excluindo os gastos mensais normais do chamado mínimo existencial (MARQUES, 2010). A

coleta de dados foi realizada através de entrevistas semi-estruturadas, e o conteúdo obtido foi

transcrito e submetido à análise de conteúdo.

Serão abordados os aspectos metodológicos da pesquisa, a apresentação e discussão

dos resultados que foram categorizados em cinco unidades temáticas: desqualificação dos

objetos consumidos, necessidade de consumir como forma de pertencimento, facilidade de

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crédito e impulsionamento ao consumo, prazer e frustração e consequências do

endividamento. A seguir serão apresentadas as considerações finais sobre a pesquisa.

2 Aspectos metodológicos

Realizou-se uma pesquisa qualitativa com 10 jovens com idades entre 19 e 30 anos,

sendo 07 mulheres e 03 homens, estudantes de uma Faculdade de Passo Fundo, que estavam

endividados ou se endividando. A amostragem foi constituída por conveniência, conforme Gil

(2006), sendo os sujeitos selecionados aleatoriamente e através de contato informal,

admitindo que esses pudessem representar o universo pesquisado. Foram realizadas

entrevistas semi-estruturadas (APENDICE A) que tiveram como objetivo obter informações

sobre as práticas de consumo dos jovens universitários, as motivações para o consumo,

formas de utilização do crédito e consequências do endividamento. Assim, analisaram-se

esses fatores a partir do contexto social atual, buscando compreender a influência das

características da sociedade sobre o indivíduo.

Foram respeitados os aspectos éticos que indicam que pesquisas que envolvem seres

humanos devem observar os critérios éticos estabelecidos pela Resolução 466/12 do Conselho

Nacional de Saúde conforme o Termo de Confidencialidade dos Dados. Desse modo, a

pesquisa foi iniciada após a autorização do CEP da IMED através do parecer nº 337.535

(ANEXO A). No contato com os participantes foi explicado o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido, sendo salientado o sigilo sobre a identidade destes, os propósitos do estudo, os

riscos associados aos procedimentos e o seu direito de recusar ou interromper sua

participação.

Os dados obtidos foram tratados conforme as orientações de Minayo (1994), que

propõe que a análise de conteúdo parta de uma literatura de primeiro plano para atingir um

plano mais aprofundado, indo além dos significados manifestos. Assim, relacionam-se

estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos

enunciados, unindo o conteúdo expresso nos textos aos fatores que determinam suas

características, como variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e processo de

produção da mensagem. Realizou-se a análise da enunciação, ainda conforme Minayo (1994),

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que considera a comunicação como um processo e não como um dado estático, sendo que na

produção da palavra elabora-se um sentido e operam-se transformações.

Operacionalmente realizou-se para a análise da enunciação o estabelecimento do

Corpus, ou seja, a delimitação do número de entrevistas a serem trabalhadas, de acordo com a

questão central e objetiva da pesquisa. Seguiu-se a preparação do material, com a transcrição

das entrevistas conservando o registro tanto da palavra quanto de silêncios, risos, repetições e

lapsos expressos. Realizou-se a análise do material obtido a partir do alinhamento e dinâmica

do discurso, destacando-se as repetições de um mesmo tema ou de uma mesma palavra dentro

de um texto. Assim, a partir do material encontrado nas diferentes entrevistas foi possível

categorizá-los conforme as semelhanças dos conteúdos expressos, e analisá-los de acordo com

as características do contexto social em que os sujeitos estão inseridos.

3 Apresentação e discussão dos resultados

Os dados foram obtidos através de entrevistas realizadas com 10 participantes, e após

a transcrição foram tratados através da técnica de análise do enunciado. Esses dados foram

agrupados de acordo com seus significados, sendo que foi possível categorizá-los em cinco

unidades temáticas: 3.1) desqualificação dos objetos consumidos, 3.2) a necessidade de

consumir como forma de pertencimento, 3.3) facilidade de crédito e impulsionamento ao

consumo, 3.4) prazer e frustração, 3.5) consequências do endividamento.

A pesquisa foi realizada com participantes com idades entre 19 e 30 anos; destes 02

casados e 08 solteiros; 02 apenas estudam e 08 trabalham e estudam. Todos residem em Passo

Fundo. As rendas mensais variam abaixo de um salário mínimo até três salários mínimos

regionais 4, sendo que 02 participantes tem renda inferior a um salário mínimo, 05 tem renda

equivalente a 1,5 salários mínimos, 02 tem renda equivalente a 02 salários mínimos e 01

renda equivalente a 03 salários mínimos. Todos já receberam ajuda financeira da família. As

dívidas correspondem de 03 a 24 vezes a renda mensal total dos sujeitos, sendo que o

comprometimento da renda mensal com dívidas varia de 60% a 100%. Destes, 03 realizam

compras apenas com cartão de crédito, 01 á vista, com cartão de crédito e crediário, 01 com

cartão de crédito e crediário, 02 á vista e com cartão de crédito e 03 á vista e crediário. Dois

4 O salário mínimo regional atual equivale a R$ 678,00.

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relatam conhecer as regras de juros envolvidas nas operações de compra e 08 desconhecem.

Os sujeitos relatam utilizar seu dinheiro com roupas, sapatos, perfume, maquiagem e

cosméticos, artesanato e festas. Assim, gastos com roupas foram citadas por 10 participantes,

05 citaram sapatos, 04 perfumes, 05 cosméticos e maquiagens, 01 artesanato, 04 festas como

fontes de gastos.

Destaca-se que os conteúdos das falas dos participantes não serão diferenciados no

texto, pois não encontramos diferenças que merecessem uma discussão de gênero. Porém

aponta-se como questão relevante o fato de que homens não mostraram interesse em

participar do estudo.

3.1 A desqualificação dos objetos consumidos

Os objetos mais consumidos pelos sujeitos da pesquisa incluem roupas, calçados e

perfume. Na maioria das vezes, comprados a crédito através de cartão de crédito ou crediário.

Dentre os sujeitos, seis compram frequentemente com cartão de crédito, dois pararam de

utilizá-lo. Os sujeitos compram frequentemente esses objetos, porém os referem como

desnecessários, bobagem, futilidade e supérfluos. Demonstram certa confusão ao relatar que é

“uma necessidade que não é necessária”, como na fala da participante P.1 (19 anos):

“Necessidades que nem eu te falei, que não são necessárias, porque eu compro muita

bobagem, sabe, tipo, perfume que eu não preciso, sapato que eu não preciso, mas... Eu só

vejo que eu não preciso depois que eu comprei, então são coisas que eu não necessito, mas

que eu quero ter”.

Os sujeitos referem que precisam ter, porém não é necessário: P.1 (19 anos) “Eu

preciso pra ter, mas não porque é uma necessidade”. Assim, há uma tentativa de diferenciar a

satisfação de desejos da necessidade: P.10 (25 anos) “O dinheiro... ãh, ele tem um valor mais

significativo, ele é mais necessário pra mim poder gastar com as coisas que vão me satisfazer

do que realmente com a minha necessidade”. Nesse sentido, entende-se que não existe uma

fronteira clara entre o que se entende por necessidade e desejo, como sinaliza a fala: P.10 (25

anos) “O que não é básico, então aí é que „tá‟, eu não consigo identificar o que não é básico

(risos)”.

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Assim, compreende-se que o desejo torna-se uma necessidade, mesmo existindo

esforços no sentido de dissociá-los, o que é evidenciado pelo fato de que os sujeitos

endividam-se para consumir objetos que não utilizam. A criação de desejos se dá através de

mecanismos de subjetivação que constituem os sujeitos. Esses mecanismos de subjetivação,

conforme Silva, Nardi (2005) consistem na auto-definição do sujeito a partir de esquemas

encontrados na cultura, que são aceitos como verdades e internalizados.

De acordo com Bauman (2008), em uma sociedade consumista, a capacidade

profundamente individual de querer, desejar e almejar, devem ser como a capacidade de

trabalho na sociedade de produtores, “alienada” dos indivíduos e reciclada numa força externa

que coloca a sociedade em movimento e a mantém em curso, como uma forma específica de

convívio humano. Assim são estabelecidos padrões específicos para as estratégias individuais

de vida, que são eficazes e manipuladas as probabilidades de escolha e condutas individuais,

participando dos processos de auto identificação individual e de grupo.

Os sujeitos buscam justificativas também difundidas no discurso social, para explicar

o comportamento de comprar o que consideram desnecessário. Essas justificativas envolvem

tristeza, vazio, ansiedade e estresse: P.4 (21 anos) “Ai... tu „tá‟ triste, por exemplo, geralmente

tu „tá‟ triste daí tu pensa, ah, „vô‟ compra alguma coisa, e geralmente depois que tu compra

tu acaba se sentindo melhor, ou mais feliz”; P. 7 (30 anos) “Ás vezes assim, quando tu „tá‟

mal, dá aquela vontade de comprar, como se aquilo fosse suprir, né, um vazio ou um prazer

que tu não tem com outras coisas”; P.9 (21 anos) “Eu „sô‟ bastante ansioso, de certo é por

isso, ansiedade”; P.8 (25 anos) “Ah, uma sensação boa, se eu „tô‟ estressado, pra mim me

„desestressa‟ é „compra‟, por exemplo, se eu „ tô‟ estressado, no dia a dia, ficar feliz é ir

„pro‟ shopping, sei lá, compra uma camiseta, uma calça, um... parece que aquilo me

satisfaz”.

De acordo com Lipovetsky (2004), no momento atual a comercialização dos modos de

vida não encontra mais resistências estruturais, culturais nem ideológicas. As esferas da vida

social e individual se reorganizam em função da lógica do consumo, e nesse sentido, inclui a

moda. Assim, pode-se compreender a partir do autor, a moda como algo em constante

mudança e que precisa ser acompanhada. Há sempre a necessidade de consumir o novo para

estar atualizado, de acordo com os grupos aos quais se deseja pertencer. No caso desse estudo,

roupas, calçados e perfumes foram citados como itens imprescindíveis para se estar na moda,

e desse modo, garantir acesso e pertencimento aos grupos sociais.

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3.2 Necessidade de consumir como forma de pertencimento

Apesar da desqualificação dos objetos consumidos, e de uma tentativa dos

participantes em diferenciar a necessidade do desejo, problematiza-se esse pensamento

binário necessidade x desejo, uma vez que os sujeitos necessitam de pertencimento nos

grupos sociais. Esse pertencimento atualmente envolve o reconhecimento através do consumo

de símbolos. Segundo Hennigen (2010), os indivíduos são estimulados a consumir bens e

serviços que passam a representar sua própria identidade, mercadorias não são reconhecidas

apenas como objetos para satisfação das necessidades e desejos, mas “senhas” que

possibilitam identidade, pertencimento e reconhecimento social.

Os sujeitos referem necessidade de se encaixar, ser aceito, ser percebido, de forma que

se sentem bem quando estão de acordo com um modelo que consideram aceitável: P.1 (19

anos) “Na verdade eu penso assim... ah, se... que eu quero aquilo, porque se eu tiver aquilo

eu vou me sentir melhor, vou me encaixar melhor com as pessoas, entende?”. Se não estão de

acordo com o modelo considerado adequado, referem mal-estar, constrangimento e tristeza:

P.2 (20 anos) “Fico mal, excluída, triste, não „tô‟ feliz daquele jeito, fico pensando quando

vou poder ter”.

A utilização de símbolos de pertencimento envolve também a constituição da autoimagem, do

ser “eu”: P.2 (20 anos) “Não vou me sentir bem, que ninguém vai me olhar, vou estar mal

vestida, se ver outra pessoa bem vestida vou me sentir mal. Vou ficar quieta, na minha, não

vou ser eu”. “Não sei como é ser eu”!!!

Bauman (2007) discorre sobre a relação entre as múltiplas identidades possíveis e os

símbolos consumidos para “criá-las”, de forma que quem pode, consome os produtos

relacionados à identidade que deseja “ter”. Quem não pode consumir fica preso a uma

identidade sem escolha, “superdeterminada”. Assim, a identidade, ao mesmo tempo em que é

exigida pela sociedade, é um privilégio. Os sujeitos buscam as insígnias ou fichas de

identidade necessárias para atualizar seus “eus”, apreensivos de que o momento em que o

símbolo de orgulho se torne um símbolo de vergonha possa passar despercebido. Esse quebra-

cabeça da identidade pode ser reiniciado inúmeras vezes.

O fato de não estar de acordo com o modelo considerado adequado, através da

utilização dos símbolos de pertencimento, acarreta passar despercebido, ser ignorado: P.4 (21

anos) “Não ser aceita? é... tipo, na verdade passar neutra, né, não ser percebida por

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ninguém, assim, só viver”; P.2 (20 anos) “Ter posses, hoje em dia é tudo status, se uma

pessoa „tá‟ mal vestida, tu não vai nem olhar pra ela, nem querer conhecer”; P.2 (20 anos)

“Chamar atenção para as pessoas verem que estou bem vestida, senão não vão me olhar,

quero que me olhem”.

Ainda, além da percepção de ser ignorado, foi manifestada a sensação de sentir-se

excluído, visto de forma negativa: P.10 (25 anos) “Se todos seguem essa, essa tendência,

todos se assemelham, e aquele que não „tá‟ em semelhança com aquela tendência pode sofrer

algum tipo de rejeição, ou, pode ser evidenciado negativamente: Ó, o fulano tal não segue a

tendência, ó, o fulano tal não conhece essa música, ou o fulano não usa essa roupa”.

A capacidade de inserir-se foi associada à competência e capacidade: P.10 (25 anos)

“Não estar inserido esta relacionado também aos fatores de não ter a capacidade de fazer

tão bem ou de estar e se apresentar tão bem quanto outras pessoas, então... isso acho que

interfere na... nessa característica de ter a capacidade de se assemelhar, de se inserir de se,

então, será que é uma falha minha? Por que que eu não consigo estar nas tendências, ou

então‟ tá‟ inserido ou identificado como um deles”. A competência é exigida na sociedade,

conforme Zimerman (2004), a acirrada competição em uma cultura em que predomina a lei

daquele que aparenta ser mais bem-sucedido, causa em uma grande parte das pessoas um

conflito pela necessidade de atingir metas idealizadas por si próprias, pela família, pela

sociedade e pela cultura, que podem ultrapassar suas limitações.

Assim, há uma cobrança interna e externa quanto a seguir um padrão, interna

incluindo a capacidade de inserir-se, em um contexto onde é necessário parecer bem-

sucedido, e externa a partir dos mecanismos sociais de inclusão e exclusão. A inclusão inclui

também o sentir-se atraente e ser desejado, também como forma de pertencimento. Os jovens

expressaram esse desejo: P.4 (21 anos) “Querer que as pessoas me olhem e pensem assim...

não sei explicar como... achem bonita, “que gata”, tenham curiosidade em me conhecer, ser

minhas amigas, me querer.” Também: P.4 (21 anos) “Ser notada, ser percebida, tipo, ser

aceita, né... também ser desejada pelos outros, olha, que bonita aquela moça passando na

rua”. Nesse sentido, Bauman (2008) discorre que o sujeito em suas relações com o mundo,

vende uma imagem, tornando-se uma mercadoria. Assim, permanece num esforço infinito

para tornar-se e manter-se uma mercadoria vendável, o que envolve o tornar-se desejável.

É possível constatar que existe um padrão e um modo de ser, que os jovens referem,

mas não sabem explicar, e que consideram necessário para apresentar-se socialmente: P.8 (25

anos) “Tem que ter um, uma postura, um modo de ser, no teu trabalho, que nem eu, não paro

em casa, né? Então eu tenho que „tá‟ mais ou menos apresentável assim, eu me acho que

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tenho que „tá‟ mais ou menos apresentável, cheiroso, tem que... Então não é mais porque

(ênfase) eu quero „tá‟ daquele jeito, mas parece que é algo que é necessário.” Esse modelo é

estar semelhante aos outros sujeitos, o que possibilita a aceitação de acordo com a

homogeneidade, o diferente não é aceito. Bauman (1999) refere-se à homogeneidade e o

consumo como formas de controle social, pois os indivíduos, nesses espaços delimitados, têm

como garantia de segurança a similaridade entre eles, e a ausência de vizinhos com

pensamentos, atitudes e aparência diferentes.

3.3 Facilidade de crédito e impulsionamento ao consumo

A auto-identificação dos sujeitos, a partir dos esquemas encontrados na cultura pode

ser vislumbrada pelo fato de que os sujeitos consomem e tomam para si a responsabilidade

por consumir, como se não fizesse parte de um impulsionamento social. Assim, eles referem

consumir de forma impulsiva. Considerando que o impulso é entendido como uma força

motivadora inerente à vida orgânica, portanto pertencente ao indivíduo, a auto-

responsabilização dos participantes pelo fato de consumir, é evidenciada nas falas: P.1 (19

anos) “Só „tô‟ descontrolada nos gastos, né... Eu queria ter mais controle, assim, é mais

impulsividade”; P.7 (30 anos) “O problema é que quando tu vê, às vezes tu já „tá‟ lá, é bem

impulsivo”.

Porém, no contexto social atual, pode-se compreender que há um impulsionamento

que impele os sujeitos ao consumo. Esse impulsionamento inclui a criação de necessidades e a

facilidade de crédito para adquiri-las. Como expressa Hennigen (2010) a mídia “vende”

mercadorias e modos de vida e a publicidade do crédito duplica esse efeito, oferecendo

formas de adquirir os produtos que supostamente possibilitariam viver daquela forma. As

necessidades-desejos devem ser satisfeitas imediatamente, a cultura, de acordo com

Lipovetsky (2004), incita a satisfação imediata das necessidades, a urgência dos prazeres, o

bem-estar, o conforto, o lazer. Não se deve esperar para consumir, viajar, divertir-se, e nem

renunciar a nada. O crédito facilitado está ali par satisfazer esses desejos.

Os sujeitos falam sobre a facilidade de crédito através do cheque especial, crediário e

cartão de crédito: P.4 (21 anos) “Eles me ofereceram limite, aí eu utilizei esse limite, na

verdade eu não tinha pedido, mas eles me deram sem eu pedir, quando eu fiz a conta já veio

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com esse limite. Eu usei esse limite e a partir disso que eu comecei a me endividar, né,

porque tinha um dinheiro disponível, era 1.500 reais que tinha disponível”; P.4 (21 anos) “Tu

vai numa loja eles te dão condições de crédito, tu pode pagar em dez vezes e começar a

pagar daqui um ano, daí tu vai, daí tu pensa, ah! daqui dez meses eu „vô‟ ter dinheiro, então

eu vou comprar”; P.8 (25 anos) “E como é muito rápido, que nem por internet, eu acho que

não tem um site pela internet que eu já não comprei, então como é muito rápido, é só colocar

o número do cartão ali tu coloca e nem vê, depois, aí não tem como reverter”; P.9 (21 anos)

“Ah, eu fui gastando, gastando, tinha crédito, dava pra fazer em trinta dias daí eu fui

gastando... Daí estourou o limite”.

Cabe mencionar que a economia atual precisa de sujeitos endividados. Conforme

Bauman (2010), o crédito é ofertado facilmente, pois o endividamento dos indivíduos é a

fonte de lucro dos bancos credores. Esses credores nem esperam que essas dívidas sejam

pagas corretamente, ao contrário, a aquisição de novas dívidas lhes traz mais vantagens. A

atual “contratação de crédito” não significa insucesso dos bancos, e sim um extraordinário

sucesso, sucesso ao tornar uma maioria de homens, mulheres, velhos e jovens numa raça de

devedores. Assim, atingiram seu objetivo, com dívidas eternas e a autoperpetuação do “estar

endividado”, a única forma de salvar-se das dívidas já contraídas é fazer novas dívidas.

Nesse sentido, os jovens relatam um “impulso” também associado à aquisição de

empréstimos: P.4 (21 anos) “Eles me informaram, mas eu tipo, na hora que eu procurei

empréstimo eu não pensei em quanto de juro que ia ter, em nada, só, mas a moça do banco

me informou então”;P.6 (27 anos) “Eu queria era fazer o empréstimo de uma vez pra tirar

aquilo, pagar... daí depois que eu fiz o empréstimo comecei a somar as parcelas que eu vi que

era juro”; P.5 (30 anos) “Procurei (saber os juros), mas é que quando a gente quer tu nem

dá bola pra essas coisas assim né, tu pensa ah, vale mais a pena tu pegar o dinheiro”.

De acordo com Marques (2010) o acesso ao crédito é facilitado para incentivar o

aquecimento da economia. São oferecidos cartões de crédito e empréstimos a todas as classes

e segmentos da população, com estratégias de marketing específicas para atingir públicos-

alvo, como os jovens. Contudo, a oferta de crédito não é acompanhada de informações claras

sobre a contratação e taxas de juros.

Não há informações claras sobre os juros, nem os sujeitos buscam conhecê-las: P.1 (19

anos) “Nunca me falaram, então”... P.9 (21 anos) “Eu não sei, só sei que eu tenho que pagar

os juros”. Assim, os sujeitos permanecem de forma passiva em um contexto em que tomam

para si a responsabilidade por consumir e endividar-se. Isso é evidenciado através das

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justificativas de que consomem por um vazio, por ansiedade, por estresse, justificativas que

estão difundidas nos discursos acadêmicos como do campo psi.

Os sujeitos consomem utilizando o crédito também de forma “impulsiva”, ou seja, sem

reflexão, sem querer saber dos juros, pois tomar conhecimento poderia demandar fazer e

sustentar uma escolha. Assim, se “deixam levar”: P.4 (21 anos) “É um problema a mais na

verdade, que de repente pode, não é, que pode ser resolvido né, é só a gente ter um auto-

controle. Eu „sô‟ consciente disso, mas eu não sei se talvez a mídia assim, as pessoas com

quem a gente acaba convivendo, sempre acaba influenciando um pouco, e a gente vai

pendendo pra esse lado, né”; P.7 (30 anos)“Eu acredito que é uma coisa que não é

necessário, mas que a sociedade exige, de alguma forma, e às vezes como tu tem um

pensamento mais leviano assim, tu acaba se rendendo a isso”.

As falas “pender para esse lado” e “se render”, expressam que há um impulsionamento

para o consumo, através da necessidade de pertencimento inerente aos sujeitos. O

pertencimento atualmente envolve o parecer, a aparência, a utilização de símbolos com os

quais os sujeitos se reconhecem em seus grupos. O parecer é referido por Debord (1997),

quando descreve que o referencial da sociedade anterior era o “ser”, passando para o “ter” e

atualmente o “parecer”.

3.4 Prazer e frustração

O ato de comprar é associado à sensações positivas, tendo sido referido como

prazeroso, oportunizando que o sujeito se “sinta bem”, “realizado”, “mais bonito”, “mais

atraente”, “mais eficiente”, “dá um up”, “mais feliz”, “a auto-estima melhora”, “sente

euforia”, “poder”. Nas entrevistas os sujeitos se referem ao ato de comprar sorrindo, com

expressão alegre: P.10 (25 anos) “Não seria necessária a suplementação, mas eu acho que

eles dão um up no meu treino, eles me fazem me sentir melhor e mais... hum..”, P.4 (21 anos)

“...pra dá um up, ou por exemplo, „vô‟ numa festa preciso de uma roupa nova”.

O comprar também representa realização e alívio: P.4 (21 anos) “Realizada, bem, tipo,

ai, eu tenho, comprei agora eu estou feliz, estou bem, posso, comprar mais”, P.6 (27 anos)

“Aliviada, mais leve, feliz (sorrindo)”; P.7 (30 anos) “Ah, me sinto bem. (Que mais?) ah, me

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sinto realizada assim. (Realizada como?) satisfação. (Em que sentido assim?) de sentir

prazer de adquirir aquele objeto”.

Contudo, passado o momento da compra, o objeto de desejo perde o valor, sendo

produzidos constantemente novos desejos. É o que salienta Santos (2003), nas sociedades

capitalistas o espaço-tempo é habitado por uma forma de poder, o feiticismo das mercadorias,

que estabelece uma desigualdade estrutural entre produtores e distribuidores, por um lado, e

consumidores, pelo outro. De acordo com esta forma de poder, a satisfação das necessidades

por via do mercado se transforma numa dependência em relação a necessidades que só

existem como antecipação do consumo mercantil e que, como tal, são há um tempo

plenamente satisfeitas por este e infinitamente recriadas por ele.

A desvalorização dos objetos consumidos logo após a compra é expressa nas falas: P.8

(25 anos) “Na hora a sensação é boa... né... não sei como explicar essa sensação boa, mas é

algo gratificante assim, depois tu não.. depois daí tu se arrepende.” ;P.7 (30 anos) “Olha, aí

complica um pouco porque às vezes assim, tu sente prazer e às vezes é controverso porque às

vezes mesmo tu comprando aquilo parece que depois ele perde o valor. Tem às vezes coisa

que compra e acaba não usando”; P.8 (25 anos) “Naquele momento era a coisa mais incrível

do mundo e depois aquilo, era uma coisa a mais que eu tinha comprado”...

Os sujeitos relatam que imediatamente após a compra surgem as sensações de

frustração e arrependimento: P.8 (25 anos) “Depois de um tempo que às vezes eu vejo que não

tem utilidade nenhuma, que eu não „vô‟ usar, que não, aí eu me arrependo, aí a sensação não

é muito boa, mas daí fica lá, fica guardado.”, P.1 (19 anos) “Já, muita, a maioria das coisas

depois eu me arrependo porque não é uma coisa que eu preciso e eu acabo tendo contas

desnecessárias.”, P.3 (27 anos) “No momento da compra eu sinto prazer, e depois eu sinto,

me frustro demais assim, fico frustrada por saber que eu vou ter que paga aquilo que eu não

tinha necessidade de ter comprado.”

Assim, os sujeitos compram vários objetos que não utilizam, deixam guardados ou dão

para alguém, pois assim que consumido perde seu valor: P.1 (19 anos) “Eu acho que eu vou

usar e vai ficar legal, aí depois eu provo em casa, vejo em casa e nunca fica. E daí eu acabo

guardando, dando, sabe? sim, é só a sensação de ir lá e comprar mesmo, sabe?”;P.4 (21

anos) “Eu tenho, por exemplo, três „par‟ de sapato no armário que eu nunca usei e faz mais

de um ano e eles tão lá, daí eu penso eu „vô‟ usa então eu vô deixa eles lá”.

Logo surge um novo objeto de desejo, como refere Debord (1997) o objeto que era

prestigioso no espetáculo torna-se vulgar no momento em que entra na casa do consumidor, e

na de todos os outros, revelando muito tarde sua pobreza essencial. Logo aparece outro objeto

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que traz a justificativa do sistema e a exigência de ser reconhecido. O que é expresso na fala:

P.7 (30 anos) “E supre? momentaneamente sim. Aham, e depois? Depois preciso comprar de

novo (risos), é tipo, uma dependência né”.

Assim, deve sempre existir uma novidade a ser consumida. De acordo com Lipovetsky

(2004) a “sociedade-moda” é reestruturada pelas técnicas do efêmero, da renovação e sedução

permanentes. Essas características são associadas a obsolescência acelerada dos modelos e

produtos que envolvem desde passatempos, informação, educação, beleza e alimentação, e

dos mecanismos multiformes da sedução exemplificado pelos termos: novidade, hiperescolha,

mais bem-estar, self-service. Nesse mundo de sedução e movimento incessante que segue o

modelo da moda, não deve haver a repetição dos modelos do passado, mas o oposto, a regra e

organização do presente devem ser a novidade e a tentação sistemáticas. Dessa forma, os

sujeitos estão sempre consumindo as novidades, divulgadas através da mídia e dos grupos aos

quais desejam pertencer, e acabam não usando e acumulando objetos que eles mesmos

consideram desnecessários.

3.5 Consequências do endividamento

Esse contexto de criação de necessidades, associado à facilidade de crédito para

adquirir os objetos de desejo, pode levar a uma propensão ao endividamento. Os objetos

consumidos se tornam desnecessários, logo surgindo um novo objeto de desejo a ser

consumido. Os sujeitos se deixam levar pela facilidade em comprar e não buscam conhecer as

regras de juros envolvidas nessas transações. As consequências do endividamento incluem

interferências nas relações familiares, sintomas e sensações associados ao estar devendo, e

sensação de não ter controle sobre as dívidas.

As interferências do consumo e endividamento nas relações familiares incluem

conflitos conjugais e familiares, ou tentativas de auxílio ao sujeito endividado. As tentativas

de auxílio incluem emprestar dinheiro, ou lançar mão de estratégias para que o sujeito não

compre, como no caso de reter os cartões de crédito. Destaca-se aqui o fato de que é possível

que os pais desses jovens tenham uma opinião diferente sobre o consumo atual, pois apesar de

todas as faixas etárias estarem envolvidas nesse contexto de consumo, estes podem ter uma

percepção diferente por terem vivenciado uma época em que as características sociais eram

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diferentes e os apelos da mídia não era tão intensos: P.1 (19 anos) “Agora pra „mim‟ poder

quitar todas as minhas contas assim eu entreguei pra minha mãe, daí eu „tô‟ pagando banco,

„tô‟ pagando tudo sabe? Aí não „tô‟ com cartão, porque se eu tivesse com cartão eu ia „tá‟

gastando, porque eu não vejo limite nas coisas”;P.9 (21 anos) “No caso eu não sei, porque

meu pai que acerta, daí até no caso ele me „corto‟ o cartão de crédito”.

Os sujeitos relatam mentir ou omitir para os familiares fatos relacionados ao consumir,

como mentir que necessitam de dinheiro para outras finalidades, a fim de evitar críticas e

conflitos. Também referem mal-estar e tristeza ao ter que pedir auxílio financeiro aos

familiares: P.9 (21 anos) “Não... nunca chego fim do mês com dinheiro, daí tenho que

inventar uma desculpa pra pedir mais dinheiro pros meus pais. (Como é isso pra

ti?)Triste...”;P.1 (19 anos) “Eu fico devendo em algum lugar ou eu tenho que pedir pro meu

pai, que eu não gosto muito de pedir, sabe”.

Os sujeitos expressam que suas práticas de consumo, consideradas por eles mesmos

como desnecessárias, sobre as quais não se tem controle, associadas ao consequente

endividamento, levam a divergências com seus familiares. Essas divergências surgem das

críticas sobre a falta de controle daquele que está endividado ou se endividando e continua

comprando: P.6 (27 anos) “Chegamos a ficar quase... se separar... porque eu fiz muita conta,

diz que eu tenho que parar com isso, que eu faço tudo no impulso, eu não penso antes de

comprar”; P.10 (25 anos) “Meu pai tem um problema muito sério, que o meu pai ele critica,

e ele aponta, ahm... ele aponta que não é verdade essas minhas justificativas elas não são

lógicas, e que eu deveria repensar elas e que eu „tô‟ sempre com conta, as minhas contas

nunca param”.

Os sujeitos referem um intenso mal-estar associado ao estar devendo, o que pode estar

associado às questões de capacidade- incapacidade citadas anteriormente, pois há também

uma cobrança em ser bem-sucedido. Estar devendo gera preocupação e sintomas físicos,

como ansiedade e insônia, durante os relatos os participantes expressaram desconforto,

apresentaram a voz trêmula. As sensações citadas foram vergonha, infelicidade, frustração,

preocupação e tristeza: P.4 (21 anos) “Eu tenho vergonha de encontrar uma pessoa na rua e

saber que eu „tô‟ devendo pra ela, não gosto disso, chega no final do mês eu me apavoro e

tem noites que eu não durmo pensando nas minhas contas, sabe?”; P.3 (27 anos)

“Frustrante, porque tenho que passar o tempo todo pensando numa maneira de ganhar

dinheiro e não gastar mais...”; P.2 (20 anos) “Ah, de perder sono, de ficar se preocupando,

como que eu ia fazer, tipo, do que que eu vou falar pra mulher que vai vim recebe amanhã, se

eu não tenho dinheiro pra dar pra ela (voz trêmula)”.

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Ainda, foi referido um descontrole sobre as dívidas, que aumentam desordenadamente

devido aos juros. Os sujeitos expressaram o fato de estar endividados como uma “bola de

neve”, sensação de estar “apertado”, algo sobre o qual não se tem controle, uma sensação de

“estar nas mãos do banco”. As dívidas e a consequente dependência pode levar a exploração

por parte das instituições financeiras. Como aponta MARQUES (2010) a expansão do crédito

ao consumo sem uma legislação forte acompanhando essa massificação, pode levar a uma

profunda crise de solvência e confiança no país. Se por um lado aumentam fortemente os

lucros dos bancos, pela inclusão no sistema bancário de milhões de pessoas, por outro

aumentam as ações individuais de pessoas físicas, muitas sem sucesso, o que pode aumentar o

risco e como um todo a conflitualidade e abusos nas relações de crédito:

P.8 (25 anos) “Eu sempre vou ter que pagar aquela pessoa que me emprestou o dinheiro pra

mim pagar as outras contas sabe? Então é uma “bola de neve”, quanto mais eu peço mais

cresce”;P.2 (20 anos) “Ao invés de eu ir pagar o crediário eu compro mais, aí vai fazendo

um bolo de neve‟; P.2 (20 anos) “Os crediários na verdade eu „tô‟ tentando fazer virar, né

(risos) tenho que tipo, tentar pagar, mas „tá‟ tudo atrasado”; P.4 (21 anos) “Na verdade fiz

empréstimos pra pagar outras contas, né, que eu não „tava‟ conseguindo dar a volta por

cima”;P.5 (30 anos) “Esse último que foi meio no impulso assim, daí sim esse ano a gente se

apertou bastante, ficamos bem apertados e tipo, daí que começou a... apertar bem mesmo,

porque nós não tinha se programado com antecedência, aí foi, foi bastante, bem apertado

assim, esse ultimo empréstimo”; P.5 (30 anos) “Eu acho muito ruim essa situação de tu ficar

, „fica‟, „fica‟, tipo, na mão do banco, né? Endividado ali, tu tem aquele compromisso todo

mês”.

O bom do crédito é que ele permite o acesso de pessoas de baixa renda na sociedade

de consumo, porém esse crédito deve ser oferecido de forma responsável, pois é fácil cair no

excesso e na impossibilidade de pagar as dívidas. Isso é acentuado pelo fato de o Brasil ter

juros altíssimos e o maior spread (lucro de banco) do mundo (MARQUES, 2010). Ainda

conforme Marques (2010), os desejos são recriados continuamente e o maior perigo do

crédito é o endividamento que leva à exclusão e marginalização do sujeito na sociedade.

Devido às consequências do endividamento aqui expostas, os sujeitos relatam vontade

de mudar suas práticas de consumo e de se controlar, pois percebem como negativo o hábito

de consumir o que não tem condições de pagar, porém relatam não conseguir: P.8 (25 anos)

“Meu sentimento é não desistir que o próximo mês eu „vô‟ poupar, „vô‟ fazer diferente, o

contrário, só que daí chega o próximo mês é a mesma coisa (risos)”; “Faço uma tabelinha

ali, mas eu... é dificilmente eu segui a tabelinha, eu sempre final do mês eu vejo que tem bem

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a mais que a tabelinha, eu sempre extrapolo assim, compro um pouco mais”; P.1 (19 anos)

“Eu pensei que eu ia conseguir me controlar e eu não consegui, não consegui mesmo, tanto

que eu estourei os limites dos dois cartões que eu tinha, sabe?”; P.6 (27 anos) “Eu disse

assim, não vou comprar... (balbuciou), mas depois não consegui, não me aguentava”.

As consequências do endividamento são expressas pelos sujeitos como geradoras de

sofrimento, eles relatam a necessidade de controlar-se e reverter esse quadro, porém sem

sucesso. Além do impulsionamento ao consumo, os altos juros levam facilmente á perda de

controle sobre as dívidas. Assim, os sujeitos podem permanecer em uma situação de

dependência das instituições financeiras, e também ter o nome inscrito nos órgãos de proteção

ao crédito, sendo “excluídos” em uma sociedade de consumo.

4 Considerações finais

Compreende-se que a organização da vida em função do consumo está naturalizada

em nossa sociedade. Isso leva os sujeitos a permanecerem constantemente em busca da

satisfação de suas necessidades-desejos, sem compreender exatamente o que as leva a isso,

utilizando então os discursos difundidos socialmente para justificar esse comportamento. O

consumo, estimulado pelo crédito facilitado, leva ao endividamento que causa sintomas e

sensações que geram sofrimento aos sujeitos. Também ocorrem conflitos familiares e uma

sensação de perda de controle sobre as dívidas, levando a um sentimento de incapacidade de

reverter esse quadro. É possível vislumbrar como o consumo enquanto fenômeno social

interpela os sujeitos, mas como explica Foucalt (2012) o poder que influencia os sujeitos não

está no exterior, mas já subjetivado. São os sujeitos que transmitem o discurso, ou seja, o

poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles. O sujeito é ao mesmo tempo um efeito do

poder e seu centro de transmissão, assim pode-se compreender que ao mesmo tempo em que

deseja consumir símbolos de pertencimento, também inclui ou exclui os outros sujeitos a

partir desses símbolos. Assim, é necessário que a reflexão parta do sujeito, assumindo um

posicionamento mais crítico em relação às influências sociais e como estas direcionam suas

vidas.

Assim, pretende-se pensar as possibilidades da Psicologia como criadora de espaços

de reflexão às práticas atuais de consumo, possibilitando pensar de outras formas de

posicionamento nas relações de consumo. Considerando-se que os sujeitos são subjetivados

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pelos discursos científicos, como percebido através da naturalização das justificativas ao ato

de consumir, provenientes inclusive do campo da Psicologia, sinaliza-se a academia como um

espaço fecundo para a produção de outras formas de subjetivação.

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APENDICE A- Questões para entrevista

1. O que é e para que serve o dinheiro para você?

2. Como você gasta seu dinheiro? Quais são suas prioridades?

3. Como você se sente quando compra algo? O que você pensa quando compra algo?

4. Como você costuma pagar suas compras?

5. Você já se arrependeu de ter comprado algo?

6. Você faz compras a crédito? Com que frequência?

7. Você tem dívidas mensais a pagar? Se sim, o quanto de sua renda seria comprometido

para saldá-las? Qual a razão para suas dívidas?

8. Você já utilizou o cheque especial? Fez o pagamento mínimo do cartão ou

empréstimo? Como foi? Quais os impactos no seu orçamento? Preparou-se para eles?

Conhecia as regras de juros?

9. Quais são suas despesas fixas mensais? Como você administra seu orçamento mensal?

Você chega até o fim do mês com dinheiro?

10. Alguém já lhe pediu dinheiro emprestado?

11. Você consegue poupar dinheiro?

12. Você se considera endividado?

13. O que você pensa sobre estar na moda? Você gasta dinheiro com moda?

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ANEXO A- Parecer CEP

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