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SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO Coordenação de Recursos Humanos Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde CURSO TÉCNICO DA ÁREA DA SAÚDE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL DE TÉCNICO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE MÓDULO I – AS PRÁTICAS DA SAÚDE E O SUS – CONSTRUINDO ALICERCES PARA TRANSFORMAR UNIDADE IV – GESTÃO PARA O CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE Série A. Normas e Manuais Técnicos Brasília – DF 2007

Curso técnico da área da saúde: habilitação profissional de técnico

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Page 1: Curso técnico da área da saúde: habilitação profissional de técnico

SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULOCoordenação de Recursos Humanos

Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

CURSO TÉCNICO DA ÁREA DA SAÚDEHABILITAÇÃO PROFISSIONAL DE TÉCNICO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE

MÓDULO I – AS PRÁTICAS DA SAÚDE E O SUS – CONSTRUINDO ALICERCES PARA TRANSFORMAR

UNIDADE IV – GESTÃO PARA O CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Brasília – DF2007

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© 2007 Secretaria Municipal da Saúde de São PauloTodos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial.A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Tiragem: 1.ª edição – 2007 – 7.000 exemplares

Elaboração, distribuição e informações:SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULOCoordenação de Recursos HumanosCentro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde Escola Técnica do Sistema Único de Saúde de São PauloRua Gomes de Carvalho, 250, Vila OlímpiaCEP: 04547-001, São Paulo – SPTel.: (11) 3846-4569Fax: (11) 3846-4569E-mail: [email protected]

Elaboração:Marly R. Rodrigues S. Croisfelt - OrganizadoraSebastião Lázaro Ortiz

Colaboração:Equipe Técnica da ETSUS-SPAlva Helena de AlmeidaAngela Maria AlbertonAusônia Favorido DonatoCélia Medici Bezerra da SilvaDécio Trotta JuniorDenize Cidalia MalschitzkyIrene Tanno AgraJaqueline Alves Lopes SartoriJulieta Hitomi OshiroLilian Nishimura KitaMaria Cecilia Machado Grego

Regina D’Alva ViannaRosileni Alves da SilvaSuely Yuriko MiyashiroTânia Maria Vargas Escobar AzevedoValderês Pepe KesseVera Lúcia de BarrosVerônica Vanderlei Cavalcante

Centro de Documentação do CEFORCélia Medici Bezerra da Silva

Agradecimento:Equipe do CEFOR

Apoio: Ministério da Saúde

Projeto gráfico, capa e editoração: Dino Vinícius Ferreira de Araujo

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

São Paulo (Cidade). Secretaria Municipal da Saúde. Coordenação de Recursos Humanos. Centro de Formação e Desenvolvimento dos

Curso técnico da área da saúde: habilitação profissional de técnico agente comunitário de saúde: módulo I: as práticas da saúde e o SUS – construindo alicerces para transformar: unidade IV: gestão para o cuidado integral em Saúde / Secretaria Municipal da Saúde, Co-ordenação de Recursos Humanos, Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 21 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

ISBN 978-85-334-1387-0

1. Saúde Pública. 2. Agente Comunitário de Saúde. 3. Educação Profissional em Saúde Pública. I. Título. II. Série. NLM WA 525-546

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2007/ 0011

Títulos para indexação:Em inglês: Technical Course on Health: Professional Qualification of Social Health Technician Agent: Module I - Health Practices and SUS: building foundations to transformEm espanhol: Curso Técnico en el Àrea de Salud: Habilitación Profesional de Técnico Agente Comunitario de Salud: Módulo I – Las Prácti-cas de Salud y SUS – Construyendo para Cambiar

Trabalhadores da Saúde.

Page 3: Curso técnico da área da saúde: habilitação profissional de técnico

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO CURSO .......................................................................................... 4

OBJETIVO ......................................................................................................................... 6

COMPETÊNCIA DO TÉCNICO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE ........................ 7

ITINERÁRIO DE FORMAÇÃO ......................................................................................... 8

UNIDADE IV - GESTÃO PARA O CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE ............................. 9

TEMA 1 : CUIDADO INTEGRAL EM SAÚDE .................................................................. 10

Texto “Integralidade como Princípio Norteador do Sistema Único de Saúde” ..................... 12

Instrumento de Registro ..................................................................................................... 15

TEMA 2: PLANEJAMENTO PARA A GESTÃO DO CUIDADO ........................................ 16

Texto “O planejamento como Instrumento de Gestão e Implementação das Ações em Saúde” 17

Instrumento de avaliação .................................................................................................... 20

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Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

APRESENTAÇÃO DO CURSO

O Curso Técnico de Agente Comunitário busca corresponder aos anseios mani-

festados pelos 251 agentes comunitários de saúde que participaram, representando a

categoria, das Oficinas de Validação do Perfil de Competências do Agente Comunitário

de Saúde do Município de São Paulo, realizadas no período de 30/8 a 3/9/2004. Anseios,

estes, amparados pela Lei n.º 10.507, de 10 de julho de 2002, que não diferem subs-

tancialmente do preconizado nos referenciais curriculares, propostos pelo Ministério da

Saúde/Deges/SGTES, respeitando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Profissional.

O trabalho que vem sendo realizado pelo agente comunitário de saúde é altamente

importante e significativo para a consolidação do Sistema Único de Saúde no município,

sendo que muitas capacitações já foram realizadas para o aprimoramento do seu desem-

penho profissional. O que propomos com este curso é uma nova forma de olharmos, jun-

tos, para o trabalho que vem sendo feito e ressignificá-lo. É reconhecer uma prática que

vem sendo construída no cotidiano, sistematizando-a e teorizando-a, formalizando a le-

galidade profissional do agente comunitário de saúde na especificidade de seu trabalho.

Esperamos que todas as etapas de formação se concretizem para que, no final do

Módulo III, sejam certificados como Técnicos Agentes Comunitários de Saúde.

Procuraremos, no decorrer do curso, resgatar e socializar algumas citações feitas

por agentes comunitários de saúde que participaram das Oficinas de Validação do Perfil

de Competências.

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde

“Que a gente seja conhecido e respeitado”“Aumentar o que a gente já sabe”

“Reconhecer a função do ACS, porque a gente acaba perdendo a função porque faz de tudo um pouco”.

Oficina de Validação do Perfil de Competências Profissionais do Agente Comunitário de Saúde. São Paulo. 2004.

“A grande generosidade está em lutar para que, cada vez mais, essas mãos, sejam de homens ou de povos, se estendam menos em gestos de súplica. Súplica de humildes a poderosos. E se vão fazendo, cada vez mais, mãos humanas, que trabalhem e transformem o mundo”.

Paulo Freire

Page 6: Curso técnico da área da saúde: habilitação profissional de técnico

Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

OBJETIVOS

• Formar trabalhadores comprometidos com a consolidação do SUS, por meio de situações de ensino-aprendizagem que propi-ciem o desenvolvimento das competências profissionais nas di-mensões técnica, ética, política e comunicativa, para a melhoria da qualidade de vida da população.

• Formar Técnicos Agentes Comunitários de Saúde para atuar junto às equipes multiprofissionais, que desenvolvem ações de cuidado e proteção à saúde de indivíduos e grupos sociais em domicílios e coletividades, no campo de interface intersetorial, desenvolvendo ações de promoção da saúde e prevenção de do-enças por meio de processos educativos em saúde, promoção social e proteção da cidadania.

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde

COMPETêNCIAS DO TéCNICO AgENTE COMUNITÁRIO DE SAúDE

O Curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde envolve a articulação de seis competên-cias, em que cada uma expressa uma dimensão da realidade de trabalho deste profissional, por meio de uma formulação abrangente e generalizável, de acordo com a perspectiva de construção da organização do processo de formação e de trabalho, assim definidas:

• desenvolver ações que busquem a integração entre as equipes de saúde e a população adscrita à Unidade Básica de Saúde, considerando as características e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou coletividades;

• realizar, em conjunto com a equipe, atividades de planejamento e avaliação das ações de saúde no âmbito de adscrição da Unidade Básica de Saúde;

• desenvolver ações de promoção e de proteção e desenvolvimento da cidadania no âmbito social e da saúde;

• desenvolver, em equipe, ações de promoção da saúde visando a melhoria da qualidade de vida da população, à gestão social das políticas públicas de saúde e o exercício do controle da sociedade sobre o setor Saúde;

• desenvolver ações de prevenção e monitoramento dirigidas a grupos específicos e a do-enças prevalentes, conforme definido no plano de ação da equipe de saúde e nos proto-colos de saúde pública;

• desenvolver ações de prevenção e monitoramento dirigidas às situações de risco ambien-tal e sanitário para a população, conforme plano de ação da equipe de saúde.

As seis competências que definem o perfil de conclusão do Técnico Agente Comunitário de Saúde estão distribuídas em três âmbitos de atuação deste profissional, tendo a promoção da saúde e a prevenção de agravos como eixos estruturantes e integradores do processo formativo, buscando garantir a integralidade de suas ações, segundo os contextos onde se desenvolvem as práticas. Assim, tem-se:

a) o âmbito da mobilização social, integração entre a população e as equipes de saúde e do planejamento das ações;

b) o âmbito da promoção da saúde e prevenção de doenças, dirigidas aos indivíduos, grupos específicos e a doenças prevalentes;

c) o âmbito da promoção, da prevenção e do monitoramento das situações de risco ambien-tal e sanitário.

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Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde

UNIDADE IVgESTÃO PARA CUIDADO INTEgRAl EM SAúDE

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Que essas mãos sejam:

“... mãos humanas, que trabalhem e transformem o mundo”.

Paulo Freire

Objetivos

• Compreender os elementos constitutivos do cuidado integral em saúde.• Reconhecer a co-gestão como prática democrática de planejamento das ações, na pers-

pectiva de construção da autonomia dos sujeitos no cuidado integral em saúde.• Reconhecer no trabalho do agente comunitário de saúde um indutor da reorganização

dos serviços de saúde para a prestação integral do cuidado, na perspectiva de consolida-ção do SUS.

• Elaborar, com a equipe, o planejamento das atividades do agente comunitário de saúde, tendo em vista suas competências profissionais.

ConteúdosTema 1: Cuidado integral em saúde:

• integralidade;• intersetorialidade;• participação e controle social;• co-gestão.

Tema 2: Planejamento para a gestão do cuidado:• o trabalho da equipe de saúde da família no cuidado integral em saúde;• planejamento do trabalho do ACS.

Tempo previsto para o desenvolvimento da unidade: 32 horas

1 Disponível em: <http://images.google.com.br/images?q=cuidados+com+a+sa%C3%BAde&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&start=100&sa=N> Acesso em: � abr. 200�.

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Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

TEMA 1CUIDADO INTEgRAl EM SAúDE

Objetivos• Apropriar-se do princípio da integralidade como norteador do SUS para a prestação do

cuidado integral em saúde.• Reconhecer na intersetorialidade a lógica que articula as práticas dos vários setores no

efetivo exercício da integralidade, tendo em vista a realidade local.• Reconhecer a participação e o controle social como efetivo exercício de cidadania no

planejamento, na execução, no controle e na avaliação das ações de saúde.• Compreender a co-gestão como prática democrática de planejamento das ações, na pers-

pectiva de construção da autonomia dos sujeitos.

Conteúdos• Integralidade.• Intersetorialidade.• Participação e controle social.• Co-gestão.

Proposta para o desenvolvimento das atividades

1. Em plenária, realizar a síntese de pontos relevantes destacados pelos alunos no resgate das atividades desenvolvidas nas unidades anteriores e registradas no instrumento “Resgatando as Unidades I, II e III”.

2. Em pequenos grupos, resgatar os produtos das atividades 7, 8 e 9 do Tema 3 – Processo de Trabalho, Unidade II, e discutir:

• a organização dos serviços atende às necessidades dos usuários? • há participação e controle social na organização dos serviços da unidade? Como?• a unidade de serviço articula-se com os outros níveis/setores de atenção para atender a

demanda? Como?• qual a responsabilidade de cada setor no atendimento? Como se dá a comunicação entre

os setores envolvidos no atendimento (dentro e fora da unidade)?• o atendimento dos profissionais é restrito ao motivo da procura?• são identificadas outras necessidades, além das inicialmente apresentadas pelo usuário?

Em caso positivo, como são encaminhadas?• o que vocês entendem por cuidado integral em saúde?• registrar a compreensão do grupo sobre cuidado integral em saúde.

3. Em plenária, apresentar os trabalhos dos grupos, considerando as questões a seguir:• qual a relação do princípio da integralidade com a concepção do processo saúde-doença,

preconizado pelo SUS?• por quê e como a intersetorialidade contribui na concretização da integralidade?• a participação e o controle social contribuem na concretização da integralidade?

Como?Sistematizar e registrar as conclusões.

4. Em pequenos grupos, ler, discutir e registrar as idéias principais do texto “A integralidade como princípio norteador do Sistema Único de Saúde”.

5. Em plenária, apresentar a síntese dos grupos, destacando os conceitos de co-gestão, inte-gralidade, intersetorialidade, participação e controle social.

6. Em plenária, organizar a atividade a ser executada na unidade de trabalho: elaborar, com a sua equipe, o planejamento das atividades do agente comunitário de saúde, tendo em

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde

vista as competências profissionais e a integralidade do cuidado, considerando a co-ges-tão e a intersetorialidade.

7. Realizar a atividade em serviço, registrando no instrumento: “Planejamento para o cui-dado integral em saúde”.

O docente do serviço deverá registrar a participação e o aproveitamento do aluno na Ficha de Registro de Fatos.

Tempo previsto: 24 horas

REFERêNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. De-partamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem – análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. p. 92-102.

ORGANIZAÇÃO dos serviços de saúde na perspectiva da intersetorialidade: limites e possi-bilidades da prática integralizadora. Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/viewarticle.php?id=86&layout=html. Acesso em: 20 abr. 2006.

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Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

INTEgRAlIDADE COMO PRINCÍPIO NORTEADOR DO SISTEMA úNICO DE SAúDE

Por que a integralidade pode ser considerada como o principal desafio à consolidação do Sistema Único de Saúde? Como é sabido, o SUS, conforme definido em lei, deve constituir-se em um sistema capaz de dar respostas às necessidades de saúde dos indivíduos e da população. Saúde, aqui compreendida, como qualidade de vida.

Portanto, as respostas a que se obriga implicam que, além daquelas que dão conta da assis-tência – tratamento e reabilitação – aos indivíduos e às populações acometidos de alguma doença, deve, também, responder às necessidades de cuidados para uma vida saudável – promovendo hábitos de vida saudável e prevenindo a ocorrência de doenças.

Isso significa que a atenção à saúde deve ser integral – por inteiro – ou seja, deve exercitar o princípio doutrinário da integralidade. A integralidade, assim como a universalidade e a eqüi-dade, constitui-se de um princípio doutrinário do SUS.

Por integralidade entende-se que, por um lado, o usuário que busca assistência em saúde é uma totalidade/integridade – não um coração, ou um fígado, ou um dente, ou uma mente..., é único/indivíduo – singularidade – uma maneira própria de ser. Por outro lado, o serviço de saúde, também, uma singularidade – enquanto serviço especializado – precisa organizar-se de maneira que dê conta das necessidades da integralidade e singularidade do usuário. Assim, ainda que preserve sua própria singularidade, esse serviço deve responsabilizar-se pela integralidade da atenção, no limite de sua capacidade operacional.

A descentralização da gestão setorial, a integralidade da atenção à saúde e a participação popular, com poder deliberativo, constituem as diretrizes do SUS que indicam os modos de ges-tão, da organização do trabalho e das práticas cotidianas (Art. 198 da Constituição Federal de 1988).

Assim, podem ser identificados pelos menos três grandes conjuntos de sentidos para com-preender a integralidade:

1. Os que se referem às práticas de cuidado e à prestação de serviços de saúde, que podem ser compreendidos como “boa prática profissional”, ligados a não reduzir o usuário ao aparelho e sistemas do corpo, mas criar espaços de encontro entre o profissional de saúde e o usuário, onde o mesmo possa ser ouvido em todas as suas necessidades, ampliando o cuidado. Nesse sentido é necessária a utilização de tecnologias das mais diferentes na-turezas, como equipamentos e recursos materiais disponíveis, saberes e práticas de cada trabalhador e o recurso às redes de apoio social para ajuda pontual ou para ampliação da autonomia das pessoas e coletividades.

2. Os que definem a integralidade como critério de qualidade para organização dos serviços e das práticas de saúde.

Nesse sentido, a integralidade constitui parâmetro que contribui para romper a dicoto-mia entre ações de saúde pública e as assistenciais, bem como o distanciamento e a cisão entre as áreas especializadas. Dessa forma, permite compreensão mais ampla e interven-ção mais eficaz sobre os problemas enfrentados pelos usuários, podendo ser entendida como princípio de organização contínua do processo de trabalho.

3. Os que definem a integralidade como respostas governamentais aos problemas de saú-de.

As respostas governamentais não devem limitar-se a problemas de saúde e necessidades de certos grupos específicos, mas transformar-se em políticas de atenção, tanto na pers-pectiva preventiva quanto assistencial, numa direção de contextualizar os grupos sociais atendidos e buscando a ampliação de seus direitos. Para tanto, torna-se imprescindível a abertura de espaços coletivos de escuta e busca de alternativas às demandas sociais por saúde.

Todos os sentidos da integralidade, até aqui descritos, apontam para a necessidade de constituição de equipes multiprofissionais, com caráter interdisciplinar, implicando no encontro das diversas competências dos trabalhadores que atuam na produção de cuida-dos e de uma gestão que faça sentido na vida coletiva.

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde

É certo que o sistema vem propondo e executando estratégias visando concretizar a inte-gralidade. Todas as estratégias, até então, como os programas assistenciais e de capacitações – co-erentes com o modelo hegemônico de saúde baseado no conhecimento médico-científico, com consumo de tecnologia complexa e medicamentos de alto custo, na hierarquização dos serviços por nível de complexidade – acabam por fracassar, pois, definidas pelos planejadores, no alto escalão, e executadas pelos técnicos da rede, reproduzem a fragmentação que as orientam. Em outras palavras, alguém decide/planeja (pensadores) e outros executam (operadores/técnicos), as-sim como nos programas assistenciais e/ou capacitacionais, alguém decide/orienta (planejadores) e outros executam (operadores/técnicos /pacientes). Ações, essas, que reproduzem – “repartem” – o corpo, os espaços, o trabalho, a vida, hierarquizando-os num sistema vertical.

No que diz respeito aos atuais desafios do sistema de saúde, percebe-se, como acima re-ferido, que essa “cadeia reprodutiva” perde sentido e aponta para a necessidade de redução do distanciamento entre trabalhadores e usuários, isto é, entre aqueles que portam algum tipo de ne-cessidade que precisa ser satisfeita (usuários) e aqueles que podem, por meio de suas habilidades e conhecimentos, ofertar estratégias para satisfação de parte dessas necessidades (trabalhadores/profissionais/pessoal da saúde). Essencialmente, trata-se de colocar o usuário como o centro da atenção e da gestão.

Cada grupo humano e cada ator dispõem de maneiras singulares de interpretação de sua realidade. Reconhecer o cenário de disputas e diversidade de compreensões é o primeiro passo para criar oportunidade para explicitar os diferentes modos de entender a realidade vivida e de conceber as práticas de saúde. Os recursos de cada ator podem ser potencializados como recurso de poder – apoderamento – quando estes põem em ação, de maneira consciente, seus recursos de interpretação e se apropriam de suas experiências. Constrói-se, assim, o processo de co-gestão – espaço de poder compartilhado – que contribui para estimular o compromisso e a responsabi-lização pelo processo e por seus resultados. Subverte-se, assim, a ordem existente na organização tradicional onde não há espaço e nem tempo para escuta e construção coletiva.

Portanto, as mobilizações que valorizam o encontro entre profissionais de saúde, gestores, movimentos sociais e usuários parecem evidenciar a necessidade de práticas que comprometam responsavelmente todos os envolvidos com a questão saúde, implicando-os no processo.

Entretanto, as políticas setoriais, isoladamente, são incapazes de efetivar-se plenamente, considerando o cidadão na sua totalidade e nas suas necessidades individuais e coletivas. Nenhu-ma organização, isoladamente, dispõe da totalidade dos recursos e de competências necessárias para a solução dos problemas de saúde de uma população, nos diferentes ciclos de vida.

A concepção ampliada de saúde exige que os serviços, das instituições de saúde e dos pro-fissionais assumam novas possibilidades e responsabilidades no que diz respeito à produção da saúde. Os problemas de saúde devem ser enfrentados por meio de ações intersetoriais, uma vez que extrapolam a responsabilidade exclusiva do setor Saúde. Torna-se, portanto, imprescindível desenvolver mecanismos de cooperação e de gestão que respondam às necessidades de saúde tanto individuais como coletivas.

É preciso destacar que qualidade de vida passa pela interação de várias dimensões do bem-estar físico, psíquico e social de pessoas e coletividades e demanda visão integrada dos problemas sociais – saúde, educação, trabalho, habitação, além de outras dimensões sociais.

Assim, a intersetorialidade pode ser apontada como uma estratégia para intervenção inte-grada nos problemas sociais, para transformação das condições de vida da população.

É preciso reconhecer que o papel do setor Saúde não se restringe a constituir-se em um sistema de boa qualidade, capaz de atuar na promoção, proteção e recuperação, mas incorpora ações de articulação e integração com outros setores, também determinantes da vida e da saúde.

A lógica intersetorial de organização e atuação em saúde considera as formas e condições peculiares de organização da população. Dessa forma, as prioridades não serão definidas setorial-mente, mas a partir de problemas da população, cujo equacionamento envolve ações integradas dos vários setores.

A intersetorialidade pode ser vista, assim, como a articulação de saberes e experiências no planejamento, na execução e na avaliação de ações para alcançar um resultado positivo em situa-ções complexas, visando ao desenvolvimento social. Assim, gestores, administradores, profissio-

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Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

nais e a população passam a ser considerados sujeitos capazes de identificar seus problemas de maneira integrada e de buscar soluções adequadas à realidade social. A população assume papel de sujeito e não de objeto de intervenção.

A importância da intersetorialidade é, por um lado, a de proporcionar e efetivar ações mais abrangentes pela participação de setores que se complementam e, por outro, desfragmentar os saberes dos vários atores envolvidos.

No processo de trabalho em saúde exigem-se práticas inovadoras para as demandas presen-tes, requerendo dos serviços e dos profissionais a efetiva implementação de ações que operacio-nalizem os princípios norteadores do SUS.

É preciso superar obstáculos políticos, econômicos e culturais predominantes há muito tempo para que se consolide o Sistema Único de Saúde, antes de tudo, como política pública de inclusão social.

Apesar de vivermos em tempos de redução do Estado, os serviços de saúde foram amplia-dos, aumentou o número de trabalhadores e conseguiu-se garantir recursos mínimos para o setor. Ainda que precárias as condições, o sistema é descentralizado, existem instâncias de pactuação entre os gestores e as instâncias de controle social. O setor Saúde é um dos poucos que vem exercitando uma reforma democrática, isto porque o SUS vem sendo construído com base em movimentos sociais vigorosos, fundamentalmente, pela participação e pelo controle social, um dos seus pilares de sustentação.

Como propor modos de organização do trabalho, coerentes com as necessidades da popu-lação, quando os recursos são parcos e à pobreza somam-se necessidades de toda ordem?

REFERêNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. De-partamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem - análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. Rio de Janeiro: FIO-CRUZ, 2005. p. 92-102.

ORGANIZAÇÃO dos serviços de saúde na perspectiva da intersetorialidade: limites e possi-bilidades da prática integralizadora. Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/viewarticle. php?id=86&layout=html. Acesso em: 20 abr. 2006.

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Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo – Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da Saúde

TEMA 2PlANEJAMENTO PARA gESTÃO DO CUIDADO

Objetivos• Reconhecer o planejamento como instrumento de gestão e implementação das ações de

saúde.• Reconhecer o trabalho em equipe como estratégia para o atendimento integral em saú-

de.• Apropriar-se do papel social e profissional do agente comunitário de saúde no cuidado

integral em saúde.

Conteúdos • O trabalho da equipe de Saúde da Família no cuidado integral em saúde. • Planejamento do trabalho do ACS.

Proposta para o desenvolvimento das atividades

1. Em plenária, compartilhar as facilidades/dificuldades encontradas na realização da ativi-dade em serviço.

2. Em grupos, formados por componentes de equipes da mesma unidade, discutir o plane-jamento realizado pelas equipes, identificando:• o que foi planejado?• qual a justificativa da escolha?• quem participou do planejamento?• o que se espera alcançar?• que ações foram propostas?• as ações propostas envolvem outros setores/população? De que maneira?• por quem serão desenvolvidas as ações?• como serão desenvolvidas?• que ações serão desenvolvidas pelo ACS?• qual o prazo previsto para a execução?• foi prevista avaliação? Como?

Após as discussões, preparar para apresentação em plenária:• planejamento das ações da unidade; ou• de equipe(s) da unidade; ou• de aluno/alunos da unidade.3. Em plenária, apresentar os trabalhos grupais, discutir, sistematizar e registrar:

• o planejamento pode ser utilizado como instrumento para a gestão do cuidado inte-gral em saúde? Como? Por quê?

4. Em pequenos grupos, ler, discutir e registrar as idéias principais do texto: “O planeja-mento como instrumento de gestão e implementação das ações em saúde”.

5. Em plenária, apresentar os aspectos principais do texto e relacionar com o planejamento realizado pelos alunos. Registrar pontos do planejamento elaborado em serviço que ne-cessitam de adequações e realizá-las, posteriormente, na unidade.

6. Individualmente, preencher o Instrumento de Avaliação da Unidade IV.7. Em plenária, socializar as avaliações.8. O docente, após parecer no Instrumento de Avaliação da Unidade IV, deverá arquivar no

prontuário do aluno.

Tempo previsto: 8 horas

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde

O PlANEJAMENTO COMO INSTRUMENTO DE gESTÃO E IMPlEMENTAÇÃO DAS AÇÕES EM SAúDE

Gestão é o ato de gerir, administrar, gerenciar. Todas as organizações, públicas ou privadas, necessitam gerir sua estrutura de forma a alcançar os objetivos a que se propõem. Implica no ge-renciamento do trabalho de pessoas e de recursos, necessários ao desenvolvimento de produtos ou serviços, tendo no planejamento o instrumento de gestão por excelência.

Planejar e avaliar são processos presentes em nosso cotidiano e a informação é necessária para qualquer tomada de decisão ou ação.

A informação em saúde deve ser compreendida como ferramenta que orienta o planejamen-to, a gestão, a organização e a avaliação no Sistema Único de Saúde, incluindo o controle social, a população em geral e seus diferentes tipos de organização (ONGs, sindicatos, universidades, etc.).

O Sistema de Informação em Saúde (SIS) é um instrumento para a aquisição, a organização e a análise dos dados necessários à definição de problemas e riscos para a saúde, que possibilita a reflexão sobre a situação de saúde no nível local, as condições de vida da população no processo saúde-doença e orienta a tomada de decisão. É, também, uma ferramenta importante para a refle-xão sobre os processos de trabalho em saúde.

A necessidade de as unidades de saúde, os profissionais, os conselhos de saúde e de outras organizações da população participarem ativamente da produção dos dados estão presentes na descentralização, como princípio constitucional do SUS. Os dados interpretados constituem-se em informação, que é a base para identificar problemas, caracterizá-los, estabelecer prioridades, propor estratégias para seu enfrentamento e mobilizar pessoas e recursos para que as ações sejam concretizadas.

A melhoria dos sistemas de informação está diretamente relacionada ao uso dos dados pelos usuários, para melhorar sua qualidade, identificar erros e falhas e estimular o aperfeiçoamento do trabalho de quem os produz.

Há várias maneiras de se construir o conhecimento e intervir sobre uma dada situação. A diferença tem a ver como se compreende a realidade, com se planeja e quais as propostas de in-tervenção sobre os problemas.

A análise de situação parte do princípio que a realidade é produto de um jogo de vários atores, cada qual, explicando-a a partir de seu ponto de vista, que não está isento de valores, in-teresses, ideologia, mas carregado de sua subjetividade.

É imprescindível, então, identificar quais os atores, isto é, pessoas ou organizações que podem influenciar, positiva ou negativamente, nos resultados, como estão inseridos na realidade social, como a explicam, pois as explicações não são únicas e as soluções, também, não o são para um mesmo pro-blema ou situação.

É preciso, ainda, compreender a dinâmica das equipes de trabalho, bem como a relação entre as diferentes unidades e equipes, e a utilização que a população faz dos serviços de saúde e sua relação com cada um deles.

Dessa forma, o planejamento das ações da equipe tem de estar baseado em um bom proces-samento dos problemas, envolvendo a participação de todos os atores implicados.

Para se planejar as atividades em saúde, sejam elas do médico, do psicólogo, da enferma-gem, da saúde bucal, do agente comunitário de saúde, entre outros, é necessário saber quantas e quem são as pessoas que se encontram sob a responsabilidade da equipe.

É a partir do perfil sociodemográfico, das condições de moradia, da infra-estrutura do domicílio, dos recursos e dos dados epidemiológicos do território, que poderão ser identificadas as necessidades em saúde da população local e planejadas as ações adequadas aos problemas pro-cessados.

Constitui-se de fonte de informação primordial os dados levantados pelo agente comunitá-rio de saúde, em sua microárea de atuação. Outras fontes importantes são os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), das Secretarias Estaduais de Saúde (SES), do Ministério da Saúde (MS)e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Quanto maior o conhecimento sobre uma região, mais efetivo o planejamento.

Outro aspecto a ser considerado é a hierarquização das necessidades da população para

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definir as prioridades, ou seja, eleger quem, naquele momento, precisa ser atendido primeiro. Vale lembrar que prioridade não significa exclusividade. Na prioridade existe uma ordem

de atendimento, que se inicia com quem mais necessita. A exclusividade só permite que um deter-minado grupo tenha acesso à atenção.

Outro fator importante, que deve ser levado em consideração no planejamento, é conhecer qual a capacidade operacional que a equipe de trabalho possui. Dessa forma, evita-se incorrer no erro de planejar aquilo que não se pode dar conta de fazer.

A capacidade operacional depende do número de pessoas que compõe a equipe (médicos, dentistas, enfermeiros, psicólogos, técnicos, auxiliares, agentes comunitários, etc.), do número de equipamentos (1, 2, 3 ou mais consultórios ou outras dependências) e do modelo de atenção proposto. Quanto maior o número de profissionais e de equipamentos, maior será a capacidade de resolutividade da equipe, conseqüentemente, maior sua capacidade operacional.

Nessa proposta de planejamento, é condição essencial que a população, que vai receber o atendimento, discuta, opine e também decida sobre o que se pretende com as ações de saúde, praticando, assim, um direito conquistado de cidadania, exercendo o controle social e co-respon-sabilizando-se pelas decisões e pelo cumprimento das deliberações tomadas.

Vale salientar que, uma vez planejada a ação de saúde, o próximo passo é partir para a execução.

É fundamental que se reflita continuamente sobre as atitudes tomadas, verificando o im-pacto das mesmas sobre as condições de saúde das pessoas. Em outras palavras, é preciso avaliar. Avaliação é um processo de identificação, monitoramento e aferição de situações, processos e resultados balizados pelos conceitos de eficiência, eficácia e efetividade.

Entende-se eficiência como critério de avaliação da relação entre os recursos empregados para realização de uma ação e os benefícios que eles proporcionam, ou seja, a obtenção de maio-res benefícios pelo menor custo.

A eficácia diz respeito a alcançar os objetivos propostos através das ações desenvolvidas. Mais eficaz será a gestão quanto mais se aproximar das metas estabelecidas.

Efetividade está relacionada com o atendimento das reais necessidades identificadas, de forma que transforme esta situação, de maneira significativa e duradoura.

Então, se a função da avaliação é assegurar que o planejamento cumpra seus propósitos, torna-se necessário, antes de sua implantação, definir indicadores que servirão de sinalizadores do avanço em relação aos objetivos.

Particularmente na esfera pública exige-se que a ação tenha resultados efetivos, que se tor-nem realmente ações transformadoras das condições sociais. Para tanto, um processo de planeja-mento minucioso e sistemático é necessário.

Um planejamento com essas características é um planejamento com enfoque estratégico, constituindo-se método voltado para a resolução de problemas. Problema, aqui entendido, como aquilo que incomoda um ator social e o mobiliza na busca de soluções adequadas para o mesmo.

Planejar estrategicamente não é adivinhar o futuro, mas sim influir racionalmente sobre ele, mesmo não tendo controle total sobre os resultados das ações, conformando-o às nossas vontades, prevendo as possibilidades e dificuldades, descobrindo e antecipando respostas. Assim, amplia-se a governabilidade, de quem planeja, sobre os problemas que incidem em uma dada realidade.

Segundo MATUS, o Planejamento Estratégico Situacional (PES) sintetiza quatro momentos:Momento Explicativo: em que se explica a realidade, caracterizando os problemas relevan-

tes, buscando ampliar a compreensão do “porquê?”, esses problemas ocorrem e identificando os nós críticos – problemas intermediários que dão origem ao problema relevante, que, se enfrenta-dos possibilitam mudança significativa.

Momento Normativo: traduz-se na identificação dos atores que fazem parte do problema, dos recursos que cada um desses atores dispõe (recursos políticos, financeiros, capacidade organi-zativa e conhecimento) para controlar as ações e o peso dos demais atores, a projeção de cenários onde são mapeadas as melhores, as intermediárias e as piores possibilidades de implementação dos planos; como cada uma das ações pensadas serão projetadas nos três cenários e qual a sua viabilidade.

Momento Estratégico: procura dar resposta sobre a viabilidade ou inviabilidade das ope-

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rações/ações do plano, que reações poderão apresentar cada ator envolvido no problema e como construir a viabilidade para as ações inviáveis.

Momento Tático-Operacional: é o momento de implementação das ações propostas. É preciso fazer as adequações necessárias diante das situações que se apresentam no cotidiano. As principais características que diferenciam o planejamento com enfoque estratégico de outros tipos de planejamento são:

• o planejador, assim como os outros atores que planejam são sujeitos do processo, ou seja, fazem parte da realidade;

• a compreensão de que a realidade não é única e estática, mas dinâmica, avançando para a explicação da determinação social do processo saúde-doença;

• o planejamento, além da dimensão técnica, tem uma dimensão política, portanto não comporta neutralidade;

• é histórico e, assim sendo, identifica-se com “pode ser”;• reconhece o conflito e as relações de poder e trabalha com eles.Ressalte-se que, entre outras práticas, é atribuído ao Técnico Agente Comunitário de Saúde

conhecer e aplicar instrumentos do planejamento com enfoque estratégico e de situar-se como membro da equipe de saúde e mobilizador social.

Este é um desafio que não é tão somente do Técnico Agente Comunitário de Saúde, mas de todos nós comprometidos em consolidar o SUS como política pública de inclusão e de promoção da melhoria das condições de vida e saúde da população.

REFERêNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. De-partamento de Gestão da Educação na Saúde. Curso de formação de facilitadores de educação permanente em saúde: unidade de aprendizagem - análise do contexto da gestão e das práticas de saúde. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2005. p. 103-159.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Instituto para o Desenvolvimento da Saúde. Manual de enfermagem. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2001. p. 23-28.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Referencial curricular para curso técnico de agente comunitário de saúde. Brasília, DF, 2004. p. 21-23.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. Currículo: habilitação profissional de técnico em enfermagem, Unidade II: textos. São Paulo. CEFOR, ETSUS, 2004, p. 17-20.

SÃO PAULO (Cidade). Secretaria da Saúde. Currículo: habilitação profissional de técnico em enfermagem, Unidade II: textos. São Paulo: CEFOR, ETSUS, 2004, p. 9-13.

ÁVILA, Célia M. (Coord.) . Gestão de projetos sociais. 3. ed. São Paulo: Associação de apoio ao programa de capacitação solidária, 2001. p. 44-110.

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULOSecretaria Municipal da Saúde

Centro de Formação e Desenvolvimento dos Trabalhadores da SaúdeEscola Técnica do SUS – São Paulo

TÉCNICO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDEINSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO

Módulo I – Unidade IVAluno

Considerando os objetivos propostos para esta Unidade, avaliar o planejamento elaborado, analisando a participação e o aproveitamento individual, conforme registros efetuados em serviço e em sala de aula.

Aluno: Matrícula:Turma: Data: Local:

AUTO-AVALIAÇÃO DO ALUNO

PARECER DO DOCENTE ENCAMINHAMENTO

Aluno Docente

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Unidade IV – Gestão para o Cuidado Integral em Saúde