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Cystoisospora felis (WENYON, 1926) FRENKEL, 1977 (APICOMPLEXA: SARCOCYSTIDAE): CARACTERIZAÇÃO, INFECÇÃO EXPERIMENTAL E RESPOSTA IMUNE EM CAMUNDONGOS ALBINOS RONALD BASTOS FREIRE ITAGUAÍ, RIO DE JANEIRO 1993

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Cystoisospora felis (WENYON,

1926) FRENKEL, 1977

(APICOMPLEXA: SARCOCYSTIDAE):

CARACTERIZAÇÃO, INFECÇÃO

EXPERIMENTAL E RESPOSTA

IMUNE EM CAMUNDONGOS ALBINOS

R O N A L D B A S T O S F R E I R E

I T A G U A Í , R IO DE J A N E I R O

1993

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

I N S T I T U T O DE B I O L O G I A

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA V E T E R I N Á R I A

PARASITOLOGIA V E T E R I N Á R I A

Cystoisospora felis (WENYON,1926) FRENKEL, 1977

(APICOMPLEXA: SARCOCYSTIDAE):CARACTERIZAÇÃO, INFECÇÃO

EXPERIMENTAL E RESPOSTAIMUNE EM CAMUNDONGOS ALBINOS

R O N A L D B A S T O S F R E I R E

SOB ORIENTAÇÃO DO PROFESSOR

CARLOS WILSON GOMES LOPES

Tese submetida como requisitop a r c i a l para obtenção do grau de Philosophiae Doctor emMedicina Veterinária - ParasitologiaVeterinária.

I T A G U A Í , RIO DE JANEIRO

1 9 9 3

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TÍTULO DA TESE

Cystoisospora felis (WENYON, 1926) FRENKEL, 1977 (APICOMPLEXA:

SARCOCYSTIDAE): CARACTERIZAÇÃO, INFECÇÃO EXPERIMENTAL E RES-

POSTA IMUNE EM CAMUNDONGOS ALBINOS

AUTOR

RONALD BASTOS FREIRE

APROVADA EM: 12/03/1993

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AGRADECIMENTOS

Especialmente a DEUS, que me deu a oportunidade de

estar realizando a interpretação dos fenômenos por Ele

criados.

Ao meu orientador, Carlos Wilson Gomes Lopes por

sua amizade e confiança.

Ao Departamento de Microbiologia e Imunologia

Veterinária, Instituto de Veterinária, UFRRJ, que concedeu-

me o direito de realizar este trabalho.

minha esposa Marcia Freire, por sua compreensão,

paciência e amor.

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B I O G R A F I A

RONALD BASTOS FREIRE, nascido em Leopoldina, Minas

Gerais, em 21 de agosto de 1953, iniciou sua carreira

acadêmica no Instituto de Microbiologia, do Centro de

Ciências da Saúde, na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

No ano de 1975, cursando a faculdade de Farmácia, foi

selecionado para monitor do referido Instituto, sob a

supervisão da Professora Maria Genoveva von Hubinger, com

quem desenvolveu trabalhos relativos ao isolamento e

caracterização sorológica de enterovirus isolados de crianças

do Estado do Rio de Janeiro. Graduou-se em farmácia em 1977 e

em Bioquímica em 1978, tendo sido contratado como Pesquisador

ligado ao projeto de Grandes Endemias, do Instituto de

Microbiologia - CCS - UFRJ, onde estabeleceu, juntamente com

o Profesor João Ciribelli Guimarães, o laboratório de

Quimioterapia Antiviral. Em Janeiro de 1977 participou do

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO E REVISÃO DE MÉTODOS EM

MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA. Prestou concurso público de

seleção para o Mestrado em Ciências Biológicas

(Microbiologia) e foi selecionado na primeira colocação.

Desenvolveu Tese de Mestrado intitulada Ação dos derivados do

imizadol sobre Trypanosoma cruzi, defendia e aprovava, com

grau máximo, em agosto de 1981. Neste mesmo ano foi convidado

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V

a chefiar o laboratório de Microbiologia e Imunologia do

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde-

FIOCRUZ, onde permaneceu até 1983, quando, a convite do

Professor Hugo Rezende, foi contratado como professor

visitante para ministrar a disciplina Imunoparasitologia no

Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária (Parasitologia

Veterinária) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Neste mesmo ano, ingressou na área de Microbiologia do

Departamento da Biologia Vegetal, Instituto de Biologia, como

Professor de Imunologia, na categoria de visitante. Prestou

Concurso Público para o Magistério Superior em 1984, tendo

sido selecionado em primeira colocação, na categoria de

Professor Assistente.

Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de

Microbiologia e Imunologia Veterinária, do Instituto de

Veterinária da UFRRJ.

casado com Márcia de Fátima Inácio Freire e tem

dois filhos, Sulamita Inácio Freire e Aaron Inácio Freire.

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vi

R E S U M O

Neste trabalho, caracterizou-se morfologicamente

oocistos, esporocistos, esporozoítas e Hipnozoítas de

cystoisospora felis, os quais foram obtidos e purificados de

acordo com metodologias particularmente desenvolvidas para

cada caso. O número de oocistos eliminados nas fezes de gatos

neonatos, recém desmamados e infectados experimentalmente com

vísceras contendo Hipnozoítas de C. felis, assim como sua

capacidade de esporulação à temperatura ambiente, foram

avaliados. Infectou-se experimentalmente, 374 camundongos

albinos com 106 oocistos esporulados de C. felis e comprovou-

se o impacto do parasitismo sobre o desenvolvimento ponderal

destes hospedeiros intermediários. O peso relativo das

vísceras dos animais infectados, comparativamente no que se

observou nos animais controles, foi bastante afetado. Da

mesma forma, a existência de formas císticas extra-

intestinais foi pesquisada. A distribuição de hipnozoítas por

órgão infectado foi estimada em função do número total de

hipnozoítas recuperados pot animal. Os hipnozoítas

apresentaram tropismo especial por linfonodos merentéricos,

baço e fígado. A maior quantidade de hipnozoítas visualizados

minoscopia ótica, ocorreu no 9º dia após a infecção.

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vii

A influência do parasitismo sobre os processos de

fagocitose, foi avaliada e comprovou serem os fagócitos

importantes para a disseminação de formas extra-intestinais

de Cystoisospora felis. O título de anticorpos circulantes,

no camundongo e em gatos, foi avaliado através de

hemaglutinação indireta, sugerindo uma associação entre os

níveis séricos de anticorpos e o desenvolvimento do ciclo

biológico extra-intestinal. Os resultados obtidos comprovam

ser o camundongo hospedeiro intermediário para Cystoisospora

felis.

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viii

S U M M A R Y

In the present work, oocysts, sporocysts,

sporozoites and Hipnozoites of Cystoisospora felis were

morphologically characterized. THese forms Had been obtained

and purified according to methodologies particulary developed

in each case. THe oocysts number, eliminated in the feces of

experimentally infected kittens feeded on visceras containing

hipnozoites of C. felis, as well as its capability of

sporulation at room temperature, was evaluated. 374 albino

mice were infected with 106 sporulated oocysts of C. felis,

demonstrating the impact of the parasitism on the ponderal

development of this intermediary Host. THe relative body

weigh of the infected animals, comparatively to the control

one, was drastically affected. By the same way, the presence

of extra-intestinal forms was quantified. The hipnozoite

spreading trough each organ was estimated on the basis of the

total of hipnozoites recovered in each animal. Hipnozoites

have a epecial predilection for mesenteric lynphonodes,

spleen and liver. "The major Hipnozoitas counts occurred on

the 9 th day post infection. THe parasitism influence on

phagocytosis was studied, and the importance of phagocytes to

C. felis Hipnozoites spreading trough the Host's body was

determined. Circulating antibodies detected by indirect

haemagglutination suggested an association between antibodies

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IX

between antibodies and the extra-intestinal life cicle of the

parasite. These data reinforce that mice are intermediary

hosts to Cystoisospora felis.

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1- INTRODUÇÃO

O gênero Cystoisospora (Schneider, 1881) Frenkel,

1977 apresenta as espécies C. felis (Wenyon, 1926) Frenkel,

1977 e C. rivolta (Grassi, 1879) Frenkel, 1977 como coccidias

da família Sarcocystidae Poche, 1913, que tem o gato como

hospedeiro definitivo.

Este gênero é assim definido, porque em seu ciclo

biológico formam-se cistos monozóicos, extra-intestinalmente,

tanto no hospedeiro definitivo como no intermediário, o que

não ocorre com os membros do gênero Isospora Schneider, 1881.

Além disto, observam.se diferenças estruturais na parede de

seus esporocistos (fraturas), típicas dos Sarcocystidae, as

quais justificam plenamente esta denominação.

Nos hospedeiros definitivos, assim como nos

intermediários, o ciclo extra-intestinal ocorre após ingestão

de oocistos esporulados, que liberam for mas infectantes

(esporozoítas) que evoluem para hipnozoítas, os quais

distribuem-se por diferentes órgãos do hospedeiro infectado.

Embora o ciclo biológico destes coccídios seja bem

conhecido, poucos trabalhos foram realizados com o intuito de

estudar seu comportamento, distribuição, epidemiologia,

infectividade, ou mesmo a patologia decorrente de sua ação

parasitária. Isto deve-se ao fato de que apenas recentemente

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comprovou-se a existência de um estado patogênico, decorrente

da infecção por estes organismos. Outro aspecto relevante,

a dificuldade para se obter oocistos purificados de C. felis

ou de C. rivolta. Na maioria das vezes, ambas as espécies são

eliminadas nas fezes do hospedeiro definitivo.

Do mesmo modo, os conhecimentos sobre imunologia

destes coccídios são bastante restritos, fundamentando-se,

quase que exclusivamente, em dados obtidos para outros

gêner os, tais como: Eimeria Schneider, 1875, Sarcocystis

Lankester, 1882, ou Toxoplasma Nicole & Manceaux, 1909.

Os hospedeiros intermediários conhecidos até o

momento são: ratos, camundongos, hamsters, cães, bovinos e o

próprio gato. Em todas estas espécies encontrou-se a formação

de cistos monozóicos (contendo um hipnozoíta), localizados

extra-intestinalmente.

Embora vários trabalhos tenham sido realizados com

o intuito de caracterizar morfologicamente os estágios

extras-intestinais, as infecções experimentais são, na

maioria das vezes, confirmadas à partir de ensaios biológicos

indiretos.

Nestes ensaios, gatos livres" (que não estão

eliminando oocistos) são alimentados com hospedeiros mortos

ou com suas vísceras e que são considerados positivos, desde

que os gatos "livres" passem a eliminar oocistos em suas

fezes.

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A resposta ilnunológica de animais infectados por

protozoários do gênero Cystoisospora, foi inicialmente

descrita por ANDREWS (1996). Segundo este autor, a

resistência à re-infecção deve estar relacionada com o mesmo

mecanismo envolvido na resistência a espécies do gênero

Eimeria. Apesar disto, comparações cuidadosas sobre a

imunidade relativa em diferentes espécies de animais,

passíveis de serem infectados, ainda não foram realizadas.

Embora saiba-se que C. ohioensis (Dubey, 1975)

Frenkel, 1977, do cão, seja bastante imunogênica, os dados de

imunidade relativos à reinfecção por C. Felis são bastante

incongruentes. Além disto, deve-se ressaltar o fato de que os

estudos da imunidade a parasita s do gênero Cystoisospora

foram realizados, em sua totalidade, com gatos e nunca com

qualquer dos possíveis hospedeiros intermediários.

Este trabalho é decorrente de uma linha de

investigação científica e visa, principalemente, elucidar

fenômenos importantes relacionados às formas extra-

intestinais de C. felis.

Os aprofundamentos destas avaliações são

contribuições para o conhecimento a evolução do parasitismo

no organismo do hospedeiro, assim como para a caracterização

de estágios de desenvolvimento de C. felis e de sua relação

com a resposta imune, que ocorre durante as infecções.

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2- PARTE I. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA, ISOLAMENTO,

OUANTIFICAÇÃO E VIABILIDADE DE ZOÍTAS DE

Cystoisospora felis

2. 1. REVISÃO DE LITERATURA

2. 1. 1. Posição taxonômica

O gênero Isospora Schneider, 1881 pertence

família Eimeriidae Ninchin, 1903. Este gênero é constituído

de, aproximadamente, 200 espécies de parasitas homoxenos, com

oocistos gue têm em seu interior, dois esporocistos

tetrazóicos. Os seus hospedeiros são animais vertebrados. Até

o presente, não se demonstrou a multiplicação assexual em

hospedeiros gue não os definitivos. A merogonia é endógena e

a esporogonia ocorre fora do hospedeiro (LONG, 1982).

Embora considere-se que os isosporídeos sejam

bastante semelhantes aos parasitos do gênero Eimeria

Schneider, 1875, várias espécies, como Isospora canis

Nemeseri, 1923, Isospora bigemina (Stiles, 1891) Lüke 1906 e

Isospora arctopitheci Rodhain, 1933, não apresentam

esporocistos com corpo de "Stieda", sugerindo um processo

distinto de excitação (SPEER et al., 1976).

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Alguns isosporídeos apresentam um ciclo extra-

intestinal que, a exemplo do que ocorre com os gêneros de

coccidias pertencentes à família Sarcocystidae Poche, 1913,

origina cistos viscerais. Estudos de formas invasivas do

gênero Isospora, em canários, demonstraram que estas, ao

contrário de outros isosporídeos, apresentavam uma eliminação

crônica de oocistos esm a autolimitação infecciosa, clássica

para os membros da família Eimeridae. Morologicamente, estas

formas cistogênicas geram oocistos, esporocistos e

esporozoítas diferentes daqueles que não produzem cistos

(BOX, 1981).

Ao longo dos últimos vinte anos, vários autores

dedicaram-se ao estudo de isosporídeos capazes de originar,

no hospedeiro definitivo, cistos extra-intestinais. Tais

estudos culminaram com a determinação, em alguns gêneros, de

um ciclo biológico alternativo, onde o parasita é capaz de

infectar outras espécies de animais domésticos, diferentes do

hospedeiro definitivo, também gerando formas císticas extra-

intestinais (DUBEY & FRENKEL, 1972; FRENKEL & DUBEY, 1972;

DUBEY, 1979; FAYER & FRENKEL, 1979; FAYER, 1980; BROSIGKE,

1981 e BROSIGKE et al., 1982).

Embora os membros da família Sarcocystidae Poche,

1913 tenham sido originalmente classificados de acordo com os

tipos de cistos extra-intestinais que formam, seus oocistos

assemelham-se aos dos isosporídeos. Assim, sugeriu-se

nova classificação taxinômica para os isosporídeos

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cistogênicos: aqueles eliminados sob a forma de oocistos não

esporulados e capazes de originar cistos em hospedeiros

intermediários, seriam denominados de Isospora; os que são

eliminados sob a forma de oocistos esporulados, à partir dos

hospedeiros definitivos (Sarcocystis e Frenkelia, Biocca,

1968) receberiam a denominação de Endorimospora (Tadros &

Laarman, 1976). De maneira mais consistente, DUBEY (1977),

assim como FRENKEL. (1977), propuzeram a criação de um novo

gênero para a família Sarcocystidae, ao qual denominaram de

Levineia e Cystoisospora, respectivamente. Neste caso, deve-

se considerar que o hospedeiro definitivo é passível de

infecção e que os hospedeiros intermediários são infectados

facultativamente. Além disto, deve-se ter em conta que em

ambos os casos originam-se formas císticas extra-intestinais

(FAYER, 1980).

LONG (1982), afirmou que o gênero Cystoisospora

pode ser considerado sinônimo de Isospora, porque a

existência de formas extra-intestinais foi demonstrada para

todos os isosporídeos para os quais se buscou esta

característica. De outro modo, SMITH (1981), considerando a

existência de hospedeiros intermediários, sugeriu que o

gênero Cystoisospora fosse colocado na subfamília

Cystoisosporinae Smith, 1981, pertencente à família

Sarcocystidae.

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2. 1. 2. Produção e caracterização de oocistos

O gato (Felis catus domesticus) tem sido

considerado como hospedeiro definitivo dos gêneros Besnoitia

Henry, 1913, Hammondia Frenkel, 1974, Toxoplasma, Sarcocystis

e Cystoisospora (BROSIGKE, 1981; BROSIGKE et al., 1982).

Estes protozoários parasitos são eliminados por gatos

adultos, assintomáticamente. Gatos jovens ou gestantes, sob

condições de esgotamento (estresse), podem eliminar oocistos

não esporulados e reinfectarem-se com freqüência (LOSS, 1991).

Os membros da subfamília Cystoisosporinae passíveis

de parasitar felinos são C. felis e C. rivolta. Estes

parasitas, em seu ciclo alternativo, podem infectar uma

grande variedade de hospedeiro intermediários (FRENKEL,

1977). Os hospedeiros intermediários conhecidos até o

presente são: camundongos, ratos, hamsters, cães e bovinos

(BROSIGKE, 1981). Em todos estes, assim como no gato,

encontra-se a formação de cistos monozóicos, denominados de

hipnozoítas, localizados extra-intestinalmente (DUBEY, 1979).

A cistoisosporose clínica manifesta-se

preferencialmente como resultado do confinamento dos

hospedeiros sensíveis. A manutenção do ciclo biológico, com

eliminação de oocistos pelos hospedeiros definitivos, depende

também de outros fatores, tais como: capacidade de reprodução

do parasita, resistência desenvolvida pelo hospedeiro,

competição com outros organismos pelo mesmo nicho ecológico,

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estado nutricional do hospedeiro, diferenças genéticas entre

as cepas de microorganismos, estado de esgotamento do

hospedeiro, ação e uso de drogas (FAYER, 1980; LOSS, 1991).

A identificação das espécies de Cystoisospora e de

outros coccídios ainda é baseada na morfolometria de seus

oocistos. Por existirem variações intraespecíficas nas

infecções oriundas de grande número de parasitas, é freqüente

presença de formas bizarras e inviáveis (COUDERT el al.,

1979; LONG, 1982; BOMFIM, 1989; LOSS, 1991).

Oocistos de C. felis e de C. rivolta, eliminados à

partir de infecções mistas, podem apresentar índices

morfométricos próximos (LOSS, 1991). Poucos autores descrevem

metodologia para obtenção de formas isoladas de C. felis ou

de C. rivolta; quando o fazem, lançam mão de métodos de

centrifugação diferencial, os quais sabidamente alteram

características morfológicas e biológicas de boa parte da

população parasitária (COUDERT, et al., 1979).

Uma vez que a maioria dos ensaios experimentais

visando o estudo de infecções por Cystoisospora retratam o

efeito de populações mistas, são necessários estudos mais

aprofundados sobre o comportamento de cada uma das espécies

deste gênero, para que se possa, com segurança, esclarecer

aspectos ainda não definidos, no presente, sobre sua biologia

e relação parasito-hospedeiro (LONG, 1982).

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2. 1. 3. Formas extra-intestinais: Caracterização

m o r f o l ó g i c a

A digestão enzimática tem sido amplamente utilizada

para a detecção de zoítas (MARKUS, 1976 e 1978; FRENKEL,

1977; DUBEY, 1979).

Dentre as enzimas, a tripsina tem sido a mais

utilizada. Esta enzima elimina as associações celulares,

destruindo as células parenquimatosas e, conseqüentemente,

liberando formas infectantes dos cistos e intracelulares

(DUBEY & FRENKEL., 1972; FRENKEL & DYBEY, 1972; BROSIGKE,

1981; BROSIGKE et al., 1982). Este procedimento tem sido

também utilizado para, a obtenção e estudos de formas

intrateciduais de várias coccídas do gênero Cystoisospora.

Os hipnozoítas de C. canis, C. burrowsi, C.

laidani, C. felis e C. rivolta foram avaliados, tanto

qualitativa quanto quantitativamente, após obtenção à partir

de digestões trípticas de vísceras contaminadas (HEINE, 1981;

BROSIGKE, 1981; BROSIGKE et al., 1982).

A ausência de patogenicidade para os hospedeiros

intermediários (FAYER & FRENKEL, 1979; FAYER, 1980; BROSIGKE,

1981), pode ser decorrente de uma ação lesiva do processo de

digestão enzimática sobre as formas parasitárias.

SHARMA & DUBEY (1981), desenvolveram estudo

quantitativo relativo à sobrevivência de bradizoítas e de

taquizoítas de T. gondii, após incubação em tripsina ou

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pepsina. Embora nenhuma redução da infectividade tenha sido

detectada entre bradizoítas tratados com pepsina aqueles

submetidos ao tratamento com solução de tripsina (120 minutos

a 37ºC) tiveram uma redução de cerca de cem vezes em sua

infectividade. O mesmo se deu com os taquizoítas que, sob a

ação da tripsina, tiveram uma redução de 105 em seu título

in feccioso. Isto indica uma ação degradativa da tripsina

sobre a super fíc ie parasitária, ocasionando alterações

indesejáveis em seu comportamento em relação ao hospedeiro.

Não existe na literatura qualquer citação sobre a ação de

tripsina ou pepsina sobre os protozozários do gênero

Cystoisospora. Uma vez que todos os experimentos sobre

biologia destes parasitos são baseados em digestões

trípticas, muitos dados possivelmente não foram obtidos em

função de efeitos deletérios do processo de digestão

enzimática utilizado na obtenção e isolamento das formas

e x t r a - i n t e s t i n a i s .

Estudos realizados com hipnozoítas de C. rivolta

obtidos através de digestão tríptica, levaram à presença de

formas monozóicas com ou sem envoltório (vacúolo

parasitóforo). Neste estudo, as formas envoltas pela membrana

parasitófora tiveram dimensões maiores que aquelas

desprovidas de tal organela (BROSIGKE, 1981). Aos sete dias

após a inoculação, as formas recuperadas, desprovidas de

envoltórios, mediram 15,4 a 17,4 x 3,0 a 4,6 µm, enquanto que

os hipnozoítas providos desta organela mediram 21,7 a 25,0 x

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9,3 a 10,0 um, dos quais 10% do tamanho seriam relativos ao

envoltório ao 28 ° dia da infecção, chegando a 50-70% no 84º

dia da infecção. Assim sendo, o aumento relativo das

dimensões (comprimento e largura) dos hipnozoítas, foi

proporcional ao tempo de infecção e à reserva endógena

existente nestas formas de resistência.

De acordo com estudos realizados ao microscópio

eletrônico de transmissão, à partir de preparados a fresco de

vísceras contaminadas, os hipnozoítas de Cystoisospora estão

sempre providos de vacúolo parasitóforo (MEHLHORN & MARKUS,

1976, DUBEY & MEHLHORN, 1978).

As diferentes apreciações sobre as dimensões, assim

como aguelas relalivas à presença ou ausência de vacúolo

parasitóforo (FRENKEL & DUBEY, 1972; DUBEY, 1979 e BROSIGKE,

1981), parecem estar relacionadas às diferentes metodologias

utilizadas na obtenção de hipnozoítas e não a um estágio

parasitário especificamente distinto.

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2 . 2 . MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1. Oocistos

a. Obtenção de oocistos de Cystoisospora

felis

Oocistos de Cystoysosopora felis foram obtidos à

partir de fezes eliminadas por cinco gatos (duas fêmeas e

três machos) de 6 semanas de idade, oriundos da Zona Oeste da

Cidade do Rio de Janeiro. Os gatos foram previamente

vermifugados1 e mantidos em gaiolas individuais. Sua

alimentação consistiu de ração comercial2 e camundongos

infectados experimentalmente com Cystoisospora felis. Folhas

de papel jornal foram colocadas no piso de cada gaiola e

trocadas diariamente, entre 14 e 15 horas. Estas folhas eram

umidecidas com água destilada, afim de evitar o ressecamento

das fezes eliminadas durante a noite. As fezes eram coletadas

o mais rapidamente possível, na manhã seguinte, uma vez que a

eliminação de oocistos é maior entre 15 e 22 horas. O

material fecal coletado era pesado e, aproximadamente duas

partes (P/V) de PBS 0, 15 M (8 gl-1 NaCl; 0,2 gl-1 KCl; 1,15

gl-1 Na2HPO4; 0,2 gl-1 KH2PO4 - pH 7,2) era adicionada em uma

parte de fezes, em frascos limpos, sob aeração.

1 DRONTAL, Bayer, São Paulo, Brasil 2 GATSY, Purina, São Paulo, Brasil

Nilson
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Em alguns experimentos, utilizou-se solução de

bicromato de potássio a 2,5% em PBS (P/V) ou solução de

hipoclorito de sódio a 1% (V/V) para conservarção do material

fecal. A aeração da suspensão foi realizada à temperatura

ambiente, através de borbulhamento de ar, proveniente de uma

bomba de aquário convencional3.

Após três dias à temperatura ambiente e sob

aeração, uma gota da suspensão era retirada e examinada ao

microscópio, entre lâmina e lamínula, para se estabelecer a

presença de oocistos de Cystoisospora felis, assim como o

índice de esporulação (IOE).

n º de oocistos esporulados IOE = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . X 100

total de oocistos

Sempre que o IOE atingia valor superior a 80%, a

suspensão fecal era diluída (volume a volume) com PBS e

centrifugada a 300 x g durante 10 minutos. Os oocistos eram

recuperados, à partir do sedimento, pela flutuação em solução

saturada de açúcar (SPEER, 1983).

A pr esença de oocistos de outros gêneros, ou

espécies que não Cystoisospora felis, determinaram a

eliminação do material e a exclusão do felino doador, em

rodas as oportunidades em que se observou tal fato.

3 BOMBA ElE AQUÁRIO ALPHA II, Vigo Ar, São Paulo. Brasil

Nilson
Nilson
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Os oocistos esporulados eram concentrados através

de ressuspensão em solução saturada de açúcar (sacarose),

seguida de nova centrifugação (200 x g/20 minutos/4ºC). O

sobrenadante obtido era vertido para uma placa de Petry com

25 cm de diâmetro, sobre a qual se depositava uma das partes

de uma placa de Petry de material plástico, descartável, de

modo a criar-se uma interface entre o fundo da placa

descartável e a superfície da solução saturada de sacarose,

onde os oocistos estariam flutuando. Em intervalos de 60

minutos, durante quatro horas, removia-se a placa superior,

para que o fundo da mesma fosse "lavado" com jatos de PBS

gelado (4-10ºC). O PBS era jorrado através de seringa de 10

ml acoplada a uma agulha hipodérmica. A suspensão de oocistos

esporulados obtidos à partir do fundo da placa descartável,

era colocada em um recipiente previamente resfriado em banho

de gelo. Estes oocistos eram submetidos a nova centrifugação,

seguida de ressuspensão em PBS por duas vezes consecutivas,

afim de se eliminar o excesso de sacarose. O sedimento final,

contendo elevada concentração de oocistos, era ressuspendido

em pequeno volume de PBS.

b. Quantificação

Uma alíquota de suspensão de oocistos purificados

era diluída a 1:10 ou 1:20 e colocada em câmara de contagem

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(Neubauer). Os oocistos quantificados na área reticulada

externa, onde se quantificam leucócitos, correspondia ao

número presente em 0,1 mm 3 do material diluído. Desta f o r m a ,

o número de oocis tos em cada suspensão era obtido pela

multiplicação de dez vezes o número médio de parasitas

contados nos quatro quadrantes (x), a diluição (d) e o volume

final da suspensão (v): n° de oocistos = 10 .x.d.v.

c. Morfometria

Foram realizadas duzentas mensurações em ocular

micrométrica4 e aumento de 400x, nas quais os diâmetros

equatorial e polar foram calculados em micrômetros. O índice

morfométrico, obtido pela divisão do maior diâmetro pelo

diâmetro menor, era calculado, tanto para os oocistos

esporulados quanto para os esporocistos contidos nos dos

oocistos.

4PZO - Polônia

Nilson
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2. 2. 2. Esporozoítas

a. Obtenção de esporozoítas de Cystoisospora

f e l i s

Iniialmente, procedeu-se à esterilização dos

oocistos, através da adição de Hipoclorito de sódio (NaCIO) à

suspensão de oocistos, de modo a obter-se uma concentração

final de 5,5%. A suspensão obtida era mantida à temperatura

ambiente (aproximadamente 2.5°C) durante trinta minutos.

Os esporocistos eram liberados através da adição de

PBS, seguida de centrifugações5 (600xg/4ºC/20min.) por quatro

vezes consecutivas e maceração da suspensão final em

Homogeneizador Potter6 durante dez minutos (oito acoplamentos

por minuto). A liberação significativa de esporozoítas era

conseguida pela exposição dos esporocistos, durante 120

minutos, a uma solução de excistação (tripsina a 0,5%,

adicionada de bile bovina a 10% em PBS pH 7,2), na

temperatura de 37°C (Banho-Maria7).

O processo de liberação de esporozoítas era

acompanhado microscopicamente, sendo interrompido com adição

de igual volume de PBS gelado (4°C), seguida de centrifugação

por três vezes consecutivas. O sedimento final era

5 BECKMAN, modelo J2-21 E. U. A. 6 WARREN BLENDER tissue grinder, E. U. A. 7 Fanem Ltda, São Paulo, Brasil

Nilson
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ressuspendido em 0,5 ml de PBS. Este procedimento de

excistação de esporozoítas era interrompido quando se obtinha

cerca de 80% de esporozoítas livres.

b. Quintificação

O número de esporozoítas por mililitro de suspensão

foi estimado em hemocitômetro, como descrito anteriormente

(TURNER & BOX, 1970; CAWTHORN et al., 1986).

c. Morfometria

As medidas morfométricas eram realizadas, em todos

os casos, utilizando-se uma ocular micrométrica a uma

magnitude de 400 x. Eram realizadas 100 medidas, onde os

diâmetros polar e equatorial foram calculados em micrômetros.

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2. 2. 3. Hipnozoítas

a. Obtenção de hipnozoítas de Cystoisospora

felis

Os hipnozoítas de Cystoysospora felis eram obtidos

de acordo com a metodologia descrita por SHARMA & DUBEY

(1981).

Camundongos, pesando 20 a 25 gramas, eram

inoculados oralmente com 105 a 107 oocistos esporulados de

Cystosoispora felis obtidos à partir de fezes de gatos e

concentrados através de flutuação em sacarose.

Os animais infectados foram sacrificados nos dias

1°, 3º, 6°, 7°, 9º, 12º, 24º e 31° após a infecção (DPI).

Os hipnozoítas eram obtidos através de digestão

péptica do baço, fígado, rins, pulmões, linfonodos

mesentéricos e placas de Peyer.

pequenos fragmentos e acondicionadas em ehlenmeyers

estéreis, previamente resfriados em banho de gelo, nos quais

adicionava-se solução enzimática (5,2 mg.ml-1 de Pepsina8,

As vísceras eram cuidadosamente cortadas em

com atividade de ensaio de 1:10000; 10 mg.ml-1 de NaCl e HCl

a 1,4% em água destilada). Os homogeneizados resultantes eram

incubados a 37ºC (Banho-Maria) durante 60 minutos.

8 PEPSINA - SIGMA, St. Louis, E. U. A.

Nilson
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Os hipnozoítas eram obtidos pela filtração do

material digerido, previamente neutralizado pela adição de

PBS a 4°C, seguida de filtrações sequenciais (três), em gaze

dupla e através de lã de "nylon"9, com o intuito de se

retirar os restos celulares aderidos aos protozoários. Os

eluatos eram concentrados por centrifugação (600 x g/4°C/20

minutos) e ressuspendidos em PBS (05 a 1,0 ml).

b. Quantificação

O número de hipnozoítas por órgão infectado foi

estabelecido de acordo com a metodologia descrita por

BROSIGKE (1981) para Cystoysospora rivolta, com ligeiras

m o d i f i c a ç õ e s .

Alíquotas de 10 microlitros de suspensão de

hipnozoítas eram colocadas entre lâmina e lamínula e

observadas em microscópio de contraste de fase10. O número de

hipnozoítas era obtido pela seguinte fórmula:

H = n. 100. v

9 L.Ã ACRYLON, Santista, São Paulo, Brasil 10 JENAVAL, Zeiss-jena, República Democrática Alemã

Nilson
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Onde n é o número de. hipnozoítas contidos na

alíquota de 10 microlitros, 100 é a correção para 1000

microlitros e v o volume total da amostra do órgão digerido.

c. Morfometria

Realizada em ocular mocrométrica PZO, como descrito

anteriormente para oocistos e esporozoítas.

Para facilitar as mensurações, fixou-se as formas

hipnozoíticas em solução a 25%, de glutaraldeído11 (FGT).

Através deste procedimento, impediu-se a movimentação e

manteve-se a forma original dos estágios intrateciduais de

d. Testes de viabilidade

A determinação da viabilidade das preparações

obtidas foi realizada através de metodologia descrita por

GEYSEN et al. (1991) para Eimeria tenella, com ligeiras

m o d i f i c a ç õ e s .

Os hipnozoítas viáveis eram facilmente visualizados

através da simples mistura de igual volume de solução de

11 GLUTARALDEÍDO - SIGMA, St. Louis, E. U. A.

Nilson
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acridina orange12 e de suspensão parasitária, que após 5

minutos de incubação à temperatura ambiente conferia às

células parasitárias uma fluorescência amarelo-esverdeada,

quando vivas.

O percentual de células viáveis era calculado

através de quantificação visual, em microscópio de

imuno fluorescência, de uma série de campos óticos (50),

representando, no mínimo, 200 células avaliadas.

12 ACRIDINA ORANGE, Riedel, Hannover, Republica Federal Alemã

Nilson
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2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2. 3. 1. Eliminação de oocistos

O número de oocistos eliminados pelos cinco felinos

neonatos (duas fêmeas e três machos), com 35 dias de idade,

mantidos em cativeiro, foi de 1,37 x 109.

As eliminações de oocistos quando detectados logo

após no desmame, em todos os casos observados, sempre

iniciou-se pela eliminação exclusiva de oocistos de

Cystoisospora felis.

LOSS (1991), estudando a eliminação de oocistos de

espécies de Cystoisospora à partir de gatos neonatos,

confinados 60 dias após ao desmame, verificou que as

dimensões dos oocistos de Cystoisospora felis e Cystoisospora

rivolta foram distintas, em função de infecções naturais,

ingestão tie vísceras contaminadas ou infecções experimentais

através da ingestão de oocistos. Além disto, os índices

morfométricos (diâmetro polar/diâmetro equatorial) foram

diferentes à razão do tipo de infecção nas duas espécies de

Cystoisospora estudadas.

A infecção experimental dos felinos, utilizando

vísceras de camundongos contendo hipnozoítas de Cystoisospora

felis, foi realizada em três etapas nos dias do confinamento

e aos 11 e 21 dias após aprisionamento dos animais.

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Após o primeiro inóculo, a eliminação média passou

de 6,2 x 103 (± 1,2 x 103) para 1,4 x 108 (± 0,59 x 108) em

quatro dias. À partir deste ponto, a quantidade de oocistos

nas fezes decaiu progressivamente até ao 11º DPI, quando a

média de oocistos por grama de fezes foi de 1,6 x 105. O

segundo inóculo, mais uma vez foi acompanhado de aumento da

eliminação de oocistos, que passam a um valor médio de 1,4 x

108 em um período bem mais curto (dois dias) (Figura 1).

O número médio de oocistos eliminados por grama de

fezes manteve-se em declínio até ao 21 ° DPI (3,3 x 104).

Neste dia realizou-se uma terceira inoculação que,

entretanto, não foi suficiente para ampliar o número de

oocistos eliminados, que se mantesse estabilizado até ao 27°

DPI (1,1 x 103). Coincidentemente, neste período começaram

aparecer oocistos típicos de Cystoisospora rivolta,

misturados aos de Cystoisospora felis.

O crescente aumento de oocistos de Cystoisospora

felis na ausência de outros coccídios e, especialmente de

Cystoisospora rivolta, após administração de vísceras

contendo hipnozoítas de Cystoisospora felis, pode ser

indicativo de um ciclo biológico que, diferentemente dos

membros da família Eimeriidae, não parece ser auto-limitante

(BOX. 1981).

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FIGURA 1: Eliminação de oocistos de Cystoisospora felis, porde gatos confinados durante 35 dias após onascimento e então inoculados com vísceras decamundongos, contendo hipnozoítas.

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A ausência de aumento do número de oocistos

eliminados que ocorreu à partir do terceiro inóculo, é

indicativo de que pode ter havido uma reação imunológica,

capaz de interferir no ciclo biológico sexuado deste coccidia

(FAYER, 1980 e SPEER, 1983).

O aparecimento de oocistos de Cystoisospora

rivolta, que coincidiu com a não elevação do número de

oocistos de Cystoisospora felis nas fezes, sugere, a exemplo

de outros coccidias, uma competição natural pela mesma área

de infecção (FAYER, 1980).

Deve-se ainda ressaltar o fato de que os gatos já

estavam naturalmente infectados com Cystoisospora felis,

imediatamente após ao desmame (aos trinta e cinco dias de

nascidos), sem a ocorrência de outros oocistos de espécies ou

gêneros diferentes.

2. 3. 2. Morfometria

a. Oocistos

Os oocistos de Cystoisospora felis, obtidos de

gatos 35 dias após o nascimento, apresentaram-se com

morfologia piriforme característica, dentro das seguintes

dimensões: 36,12 ± 3,00 x 25,59 ± 2,5 µm, com índice

morfométrico de 1,33 ± 0,58 (Tabela 1).

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TABELA 1: Médias, desvios-padrão das dimensões de oocistos, esporocistos, esporozoítas, hipnozoítas e dosrespectivos índices morfométricos de Cystoisospora felis.

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LOSS (1991) encontrou as dimensões de 33,43 ± 1,58

a 41,55 ± 2,19 x 26,72 ± 1,3 a 33,2 ± 1,75 um para oocistos

de Cystoisospora felis obtidos 60 dias após o nascimento,

oriundos de diferentes formas de infecção.

As diferenças nas dimensões destes oocistos podem

estar restritas ao perúodo em que foram realizadas as

respectivas colheitas dos mesmos.

Quando submetidos à aeração, os oocistos de

Cystoisospora felis esporularam na seguinte proporção: 40%

nas primeiras 24 horas; 60-65% após 48 horas e 80-87% após 72

horas à temperatura ambiente.

Quatro dos cincos felinos utilizados apresentou

sintomatologia semelhante à descrita por LOSS (1991),

ocorrendo a morte de dois destes animais no 28° e 30º DPI,

respectivamente.

b. Esporocistos

Os esporocistos, contidos no interior dos oocistos,

apresentaram uma morfologia elipsóide. As suas dimensões

foram de 19,37 ± 2,2 x 17,39 ± 2,1 µm, com um índice

morfométrico de 1,16 ± 0,54 µm (Tabela 1).

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c. Esporozoítas

Os esporozoítas, obtidos através de excistação

artificial (in vitro) tiveram morfologia característica

(forma de banana) com dimensões de 17,46 ± 2,0 x 3,69 ± 0,96

um. O índice morfométrico calculado foi de 4,73 (Tabela 1).

d. Hipnozoítas

Os hipnozoítas (Figura 2), também elipsóides, em

forma de banana, obtidos à partir de digestões enzimáticas de

vísceras de camundongos, infectados oralmente, foram medidos

nos dias 7, 9, 10 e 21 após a infecção. A média das medidas

realizadas nos diferentes DPI foi de 24,03 ± 2,4 x 9,09 ± 1,5

nanômetros, com um índice morfométrico de 2,64 (Tabela 2).

Suas dimensões naqueles dias foram de 12,62 a 16,42

x 4,52 a 6,98 µm aos sete DPI; 16 a 20,3 x 5,49 a 8,09 µm aos

nove DPI; 24,42 a 29,62 µm x 9,56 a 12,96 µm aos dez DPI e

32,81 a 38,79 µm x 10,59 a 14,11 µm aos 21 DPI (Tabela 2).

Comparando-se as dimensões dos hipnozoítas ao longo

do período de infecção, pode-se facilmente perceber que houve

um aumento em suas medidas, proporcionalmente ao tempo, na

ausência de outros agentes capazes de competir pelo mesmo

nicho ecológico, tal como descrito por FAYER (1980) e

BROSIGKE (1981).

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FIGURA 2: Hipnozoítas de Cystoisospora felis. Formas longa(A) e larga (B). F.G.T. 1250x.

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TABELA 2: Médias e desvios padrão das dimensões e índice mrfométrico hipnozoítas de Cystoisospora felisem linfonodos mesentércos de camundongos, subutidos à digestão péptica, em diferentesintervalos de tempo à partir de infecção experimental com 104 oocistos por via oral. Medidas emum.

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Estes resultados indicam haver, à semelhança do que

o ocorre com os oocistos, variações nas dimensões dos

hipnozoítas de Cystoisospora felis. Em consequência, tais

características morfométricas não parecem ser suficientes

para caracterizar a espécie de Cystoisospora isolada nesta

pesquisa.

As dimensões reportadas por BROSISKE (1981) para

hipnozoítas de Cystoisospora rivolta, obtidos através de

digestão triptica de linfonodos mesentéricos de camundongos

albinos experimentalmente infectados foram de 15,5 a 17,4 x

3,0 a 4,6 um aos 7 DPI, para estruturas desprovidas de

vacúolo parasitóforo e 21,7 a 25,0 x 9,3 a 10,0 um para

aquelas que apresentavam aquela estrutura. À partir do 28°

DPI esta autora encontrou dimensões de 24,8 a 28,0 x 11,6 a

12,4 µm, com um índice morfométrico de 1,46.

e. Viabilidade

Os hipnozoítas, assim como os esporozoítas tinham

grande motilidade ao microscópio ótico comum.

A viabilidade, quintificada pela absorção de

acridina orange a 0,1% em PBS, com emissão de fluorescência

verde-amarelada, indicam que em ambos os casos houve

viabilidade, que oscilou entre 98 e 100% dos organismos

avaliados.

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32

3-PARTE II. INFECÇÃO EXPERIMENTAL DE CAMUNDONGOS COM

Cystosospora felis

3. 1. REVISÃO DE LITERATURA

3. 1. 1. Infecção experimental

a. Freqüência de hipnozoítas

Ao descreverem um ciclo alternativo para o gênero

Cystoisospora, FRENKEL & DUBEY (1972) observaram a existência

de cistos monozóicos, localizados extra-intestinalmente.

Posteriormente, MARKUS (1976) denominou-os de Hipnozoítas.

Estudos sobre a freqüência de hipnozoítas de

Cystoisospora rivolta nas diferentes vísceras de camundongos

experimentalmente infectados, demonstraram que estas formas

estão largamente distribuídas pelo organismo do hospedeiro

infectado. Pode-se afirmar que estas se distribuem por quase

todos os órgãos do hospedeiro, excetuando o cérebro

(BROSIGKE, 1981; BROSIGKE et al., 1982). Os órgãos de maior

incidência de formas latentes (hipnozoítas) foram o fígado,

baço e linfonodos mesentéricos.

A presença e quantidade de parasitas por órgão de

um animal infectado, irá depender da carga do inóculo (dose

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3 3

infectante). BROSIGKE (1981), pontificou sobre a dificuldade

de se encontrar hipnozoítas de Cystoisospora rivolta em

cortes de vísceras, oriundas de animais inoculados com menos

do que 2 x 106 ou 1 x 107 de oocistos por animal. Da mesma

forma, FRENKEL & DUBEY (1972.) e DUBEY & FRENKEL (1972) fazem

citações factuais sobre a dificuldade na detecção destes

protozoários quando envoltos pelas células do hospedeiro,

embora tenham demonstrado a presença de estágios extra-

intestinais de Cystoisospora rivolta em baço e linfonodos

mesentéricos de camundongos e gatos infectados com 1 x 103 e

104 oocistos por animal. Levando-se em consideração o estado

infectante teórico de oito esporozoítas viáveis por oocisto,

estes, quando liberados, poderiam seguir dois caminhos:

multiplicação sexuada no intestino do hospedeiro definitivo e

multiplicação, por endodiogenia, no hospedeiro intermediário,

ocorrendo extra-intestinalmente (MARKUS, 1975).

A multiplicação assexuada para os coccídias do

gênero Cystoisospora foi estudada por vários pesquisadores

(FRENKEL & DUBEY, 1972; DUBEY E FRENKEL. 1972 e MARKUS,

1975), todos afirmando que esta ocorra ao nível de células

linforreticulares. O encontro de hipnozoítas em outros órgãos

linfóides, além dos linfonodos mesentéricos e placas de

Peyer, sugere uma via linfática de disseminação no organismo

do hospedeiro (BROSIGKE, 1981).

MEHLHORN & MARKUS (1976), estudando hipnozoítas de

Cystoisospora felis em tecidos à microscopia eletrônica,

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34

observaram que após dois dias da infecção, havia presença de

cistos monozóicos característicos no fígado e baço, sugerindo

a existência de uma via sanguínea. Apesar disto, estes

autores não conseguiram demonstrar hipnozoítas no sangue

circulante dos animais parasitados.

HERNANDEZ et al. (1978), detectaram formas

monozoíticas de Isopora lacazei em células do sistema

fagocítico mononuclear (SFM) de. fígado e baço.

A fagocito se de formas invasivas do parasita

originária, secundariamente, hipnozoítas através de um

processo semelhante ao que ocorre com Toxoplasma (BROSIGKE,

% - . , . 1981; BROSIGKE et al 1982) Deste modo, a possibilidade de

se encontrar formas hipnozoíticas no sansue ou líquor, seria

unicamente dependente da dose infectante necessária para tal

(JONES et al., 1972).

BROSIGKE (1981), estudando formas e×tra-intestinais

de Cystoisospora rivolta, encontrou formas intracelulares em

cortes de fígado e de baço. O mesmo foi demonstrado para

Cystoisospora felis e Cystoisospora ohioensis Dubey, 1975

(DUBEY & FRENKEL, 1972; FRENKEL & DUBEY, 1972; MEHLHORN &

MARKUS, 1976; DUBEY & MEHLOHRN, 1978; DUBEY, 1979), com a

presença de hipnozoítas, tanto intracelular como

e x t r a c e l u l a r m e n t e .

Infecções experimentais com Cystoisospora felis,

realizadas por diversos autores, não foram bem sucedidas em

determinar um estado patogênico decorrente da cistoisosporose

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(FAYER & FRENKEL, 1979; FAYER, 1980; BROSIGKE, 1981; BROSIGKE

et al., 1982).

LOSS (1991), estudando aspectos clínicos,

epidemiológicos e quimioterapêuticos da cistoisosporose

felina, detectou, pela primeira vez, a ocorrência de

manifestações clínicas características da doença. A síndrome,

caracterizada neste trabalho, consistiu de diarréia,

desidratação, pêlos arrepiados e morte, principalmente de

gatos jovens, submetidos a condições de estresse.

Sobre os hospedeiros intermediários, LOSS (1991)

observou haver um comprometimento no ganhoo de peso de

camundongos suiço-albinos, submetidos a infecções

experimentais com oocistos eliminados nas fezes de gatos.

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3. 2. MATERIAL E MÉTODOS

3. 2. 1. Animais

Foram utilizados 150 camundongos albinos da estirpe

C57/B6, procedentes da Fundação Instituto Oswaldo Cruz - RJ,

machos e fêmeas, pesando entre 19 e 21 gramas.

3. 2. 2. Inoculações

Dez grupos de cinco animais cada, foram inoculados

oralmente com 106 oocistos de Cystoisospora felis por

c a m u d o n g o .

Foram estabelecidos dois grupos de animais

controles, cada um contendo 50 camundongos. Um destes grupos

foi denominado de qrupo de alimentação pareada ("PAIR FED"),

que recebeu, ao longo de todo o experimento a mesma

quantidade de ração consumida pelo grupo de animais

inoculados com oocistos esporulados de Cystoisospora felis.

O grupo de controle restante recebeu ração ad-

libitum.

Ambos os grupos de animais controles foram

inoculados com o veículo (PBS), utilizado para efetuar-se a

suspensão de oocistos esporulados.

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3. 2. 3. Avaliação do peso

O peso relativo entre os indivíduos, infectados ou

não, foi avaliado proporcionalmente, através de aferições

diárias do peso de cada indivíduo, durante trinta dias.

A influência da ingestão de alimento no peso foi

aquilatada através de comparações entre a média ponderal do

grupo inoculado e a dos grupos controles.

3. 2. 4. sacrifícios

Grupos de cinco animais, oriundos de cada sistema

experimental, foram anestesiados através de inalação de éter

etílico e exsangüinados individualmente até a morte, através

de incisão no plexo mamário. O soro, resultante da coagulação

sangüínea, foi identificado e guardado à -20°C, para uso

posterior.

Os sacrifícios foram realizados nos dias 1, 3, 6,

7, 8, 9, 16, 21, 28 e 30, após a infecção (DFI).

Os animais foram necropsiados e eviscerados. Cada

um de seus órgãos: coração, pulmões, rins, cérebro placas de

Peyer e linfonodos mesentéricos, foram retirados,

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identificados e pesados em balança de precisão13.

Para cada indivíduo determinou-se o peso

proporcional das vísceras, em relação no peso vivo do animal.

Da mesma forma, o peso das carcaças resultantes da

evisceração foi comparativamente avaliado.

3. 2. 5. Quantificação de hipnozoítas

A quantificação de hipnozoítas por víscera

analisada segui a metodologia descrita por BROSIGKE (1981).

O material resultante de digestão enzimática dos

órgãos foi filtrado, lavado e ressuspendido em um volume de

0,5 a 1,0 ml de PBS. Alíquotas de 10 ul de cada amostra foram

quantificadas ao microscópio ótico de contraste de fase de

modo a determinar o número de hipnozoítas existentes em cada

v í s c e r a .

A quantidade total de hipnozoítas por animal foi

obtida pelo somatório do número de hipnozoítas encontrados no

baço, fígado, linfonodos mesentéricos (LM), placas de Peyer

(PP), rins, coração e pulmões.

À partir da quantidade total de hipnozoítas,

relativa a cada animal, estabeleceu-se o percentual de

hipnozoítas/víscera analisada.

13 BALANÇA METTLER PE 360 E. U. A.

Nilson
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3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1. Avaliação do peso

Os camundongos inoculados com 106 oocistos

esporulados de Cystoisospora felis, quando comparados com os

animais no sistema de controle com alimentação ad libitum,

foram comprometidos em relação ao ganho de peso durante 44

dias de avaliação do ganho ponderal (Figura 3).

De outro modo, ao compare-los corn o grupo de

animais que receberam alimentação pareada (PF), verificou-se

que, em realidade, a perda de peso dos animais inoculados

manifestou-se somente na primeira semana após a infecção

(Figura 4).

A perda de peso relativa unicamente ao parasitismo,

parece ser temporária e está relacionada com a evolução das

formas infectivas, para o conseqüente estabelecimento de

hipnozoítas extra-intestinais.

As diferenças relativas ao ganho de peso dos

animais inoculados e aqueles que receberam ração ad libitum,

devem estar relacionadas à anorexia que se segue à infecção,

como descrito por LOSS (1981).

LOSS (1981), ao comparar o ganho de peso de

camundongos suiço-albinos experimentalmente inoculados com

105 oocistos de Cystoisospora felix, com um grupo de animais

não inoculados, encont rou ao fim de quatro semanas de

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40

FIGURA 3: Ganho médio de peso (GMP/g) de camundongosinoculados com 106 oocistos esporulados deCystoisospora felis (A), em relação a grupos decontroles (B) e "pair fed" (C), não inoculados.

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4 2

FIGURA 4: Ganho peso negativo (GPM) de camundongos de

camundongos inocuIados com 106 oocistos esporuladosde Cystoisospora felis (A), em relação a gruposde controles, "pair fed" (B) e controle(C), não inoculados.

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42

experimento uma diferença de no ganho de peso (20 a 30

gramas) maior do que conseguiu-se no presente trabalho (10

gramas). Esta diferença pode estar associada ao fato de que

os grupos de controles foram também inoculados com PBS no

mesmo dia em que os camundongos infectados receberam, através

de canulação, 106 oocistos por animal. O estresse imposto

pelo procedimento de inoculação pode ter como conseqüência o

comprometimento da ingestão de alimentos repercutindo no

ganho médio ponderal dos grupos de controles (NEEDHAN, 1979)

e diminuindo as diferenças entre o peso dos controles em

relação aos camundongos inoculados.

3. 3. 2. Avaliação do peso médio das vísceras

Camundongos inoculados ou não com Cystoisospora

felis, foram sacrificados e coração, pulmões, rins, placas de

Peyer, linfonodos mesentéricos, fígado, baço e cérebro, foram

pesados separadamente.

Levando-se em consideração o peso vivo de cada

indivíduo, estabeleceu-se a proporção média de cada víscera e

os resultados percentuais obtidos foram analizados

comparativamente.

Não se observou diferenças marcantes em relação aos

pesos médios obtidos para o coração, pulmões, rins e cérebro

de animais infectados em relação aos grupos de controles. Uma

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4 3

vez que não existem dados na literatura relativos a este tipo

de análise para animais infectados por espécies do gênero

Cystoisospora, pode-se afirmar que o coração, os pulmões, os

rins e o cérebro são órgãos nos quais estes parasitas são

raramente encontrados.

BROSIGKE (1981), estudando a freqüência de

hipnozoítas de C. rivolta no organismo de camundongos suiço-

albinos convencionais determinou que, embora largamente

distribuídos pelo organismo do hospedeiro, estes parasitas

não se desenvolviam no cérebro.

De maneira concordante, as vísceras para as quais

sabidamente o parasita tem sido observado: fígado, baço,

1infonodos mesentéricos e placas de Peter (DUBEY, 1979;

BROSIGKE, 1981; BROSIGKE et al., 1982 e LOSS, 1991), tiveram

alterações em relação à proporcionalidade do peso vivo dos

animais inoculados, quando comparações foram feitas em

relação aos grupos controles.

Observou-se discreta alteração dimensional nas

placas de Peyer no período entre o 2º e o 16° DPI. Aos 16

DPI, este órgão tinha dimensões semelhantes quando comparadas

com aquelas dos grupos de controles (Figura 5).

Os linfonodos mesentéricos, por sua vez, foram

bastante alterados à partir do 4º DPI. A maior alteração

ocorreu no 6° DPI, onde esta víscera chegou a representar

mais que 1,0% do peso vivo dos animais infectados. Os grupos

de controles mantiveram a mesma proporcionalidade para estes

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Peso médio percentual (PM%) das placas de Peyer decamundongos inoculados com 106 oocistos esporuladosde Cystoisospora felis (A), em relação aosgrupos de controles, "pair fed" (B) e controle (C),não inoculados.

FIGURA 5:

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45

do peso vivo dos animais. Nos camundongos infectados

experimentalmente, os linfonodos mesntérios mantiveram-se

alterados no 12° DPI e no 18º quando suas dimensões foram

semelhantes àquelas dos sistemas de controles (Figura 6)

Este retorno à proporcionalidade parece estar

relacionado com o ciclo biológico do parasita, sendo uma

conseqüência da distibuição de formas parasitárias pelo

organismo do hospedeiro.

Alterações também foram observadas no baço dos

animais infectados experimentalmente, entre os dias 3 e 6,

retornando à normalidade aos 12 DPI. Aos 18 DPI, mais uma vez

constatou-se o aumento do volume deste órgão linfóide (Figura

7).

Possivelmente estas alterações cíclicas se devam a

um afluxo espontâneo de formas párasitárias durante a

evolução de seu ciclo biológico no hospedeiro intermediário.

Placa de Peyer linfonodos mesentéricos e fígado

tiveram alterações ao longo do experimento, sendo que o volume

do fígado aos 18 DPI chegou a representar quase 9% do peso

vivo nos animais inoculados (Figura 8).

Estas alterações sugerem existir duas vias de

difusão do parasita no organismo do hospedeiro: uma via

linfática e uma via sangüínea.

Estes dados são concordantes com conclusões de

vários pesquisidores (MEHLHORN & MARKUS, 1976; HERNANDEZ et

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Peso médio percentual (PM%) dos linfonodosmesentéricos de camundongos inoculados com 106

oocistos esporulado de Cystoisospora felis (A). emrelação a grupos de controles, "pair fed" (B) econtrole (C), não inoculados.

FIGURA 6:

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Peso médio percentual (PM%) do baço de camundongos,inoculados com 106 oocitos esporulados deCystoisospora felis (A), em relação a grupos decontroles, "pair fed" (B) e "controle" (C), nãoinoculados.

FIGURA 7:

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Peso médio percentual (PM%) do fígado de camundongos inoculados com 10 6 oocistos esporulados de Cystoisospora feIis (A), em relação aos grupos de controles, "pair fed" (B) e controle (C), não inoculados.

FIGURA 8:

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al., 1978; BROSIGKE, 1981 e BROSIGKE et al., 1982), os quais

sugerem que a veiculação do parasita de órgão para órgão deva

se processar através de fagócitos.

As carcaças, resultantes da evisceração dos animais

estudados foram pesadas e seus pesos diminuídos do peso vivo

de cada indivíduo que as originou. Os animais inoculados

apresentaram diferenças crescentes em relação ao peso vivo,

representando uma espoliação que, sem dúvida é a tradução de

uma má conversão devida ao parasitismo, tal como ocorre em

infecções por Sarcocytsis (SPEER, 1983) (Figura 9 Deve-se

ressaltar que não houveram diferenças marcantes entre os

camundongos dos sistemas controles quando suas vísceras ou

carcaças foram avaliadas em relação a seus pesos vivos.

3. 3. 3. Quantificação de hipnozoítas

O número de hipnozoítas recuperados através de

digestão péptica das vísceras de camundongos infectados, foi

crescente até ao 6º DPI, quando foram obtidos, em média,

3,4 x 104 hipnozoítas e no 9º DFI, onde se detectou

104, sendo que o número inicial de parasitas

encontrados foi de 1,25 x 104 hipnozoítas no 3º DPI e, ao

final de 30 DPI, 1,9 x 104.

BROSIGKE (1981), estudando a distribuição de

hipnozoítas de Cystoisospora rivolta em camundongos

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Diferença média entre o peso vivo e o peso dacarcaça (PV-PC/g) de camundongos, inoculados com106 oocistos esporulados de Cystoisospora felis(A), em relação aos grupos de controles, "pair fed"(B) e controle (C), não inoculados.

FIGURA 9:

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experimentalmente infectados, detectou uma média de 2,9 x 104

hipnozoítas no 28° DPI, como sendo a maior quantidade de

parasitas detectada.

A quantificação de formas hipnozoíticas de

Cytoisospora felis sugere um ciclo biológico mais rápido do

que aquele desenvolvido pela Cystoisospora rivolta, uma vez

que o pico de desenvolvimento de formas císticas intra-

teciduais ocorre em torno de 10 dias.

A distribuição de hipnozoítas no fígado de

camundongos inoculados mostrou-se crescente até o 7º DPI e

entre o 8° e o 28º DPI (Tabela 3).

NO 3º DPI, as vísceras que apresentaram maior

quantidade de hipnozoítas foram as placas de Peyer (40%).

Esta proporção caiu progressivamente, mostrando 26% no 6º DPI

e quantidades bem menores à partir do 7° DPI.

OS lifonodos mesentéricos mostraram-se como órgãos

de eleição à partir do 6º DPI, até aos 16 DPI, chegando a

concentrar cerca de 98% das formas parasitárias no 8º DPI.

O fígado, por sua vez, estava intensamente

parasitado à partir do 21º DPI. Antes deste período, dividiu

com o linfonodo mesentérico e o baço a maior número de

hipnozoítas, reforçando a possibilidade de uma via sangüínea,

além da via linfática, de disseminação do parasita no

organismo do hospedeiro intermediário. Embora com resultados

semelhantes, estudos relativos à distribuição de hipnozoítas

de Cystoisospora rivolta demonstraram que esta espécie

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TABELA 3: Números médios de hipnozoítas quantificados em vísceras de camundongos inoculados com 106

oocistos esporulados de Cystoisospora felis.

a- Os resultados são a média dos valores obtidos de cinco animais para cada dia de experimento. b- Números entre parênteses representam o percentual de hipnozoítas em cada dia de avaliação.

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53

apresenta tropismo diferenciado em relação àquele observado

para Cystoisospora felis (BROSIGKE, 1981).

BROSIGKE (1981) observou uma grande predileção

pelos linfonodos mesentéricos no 2°, 4º, 14º, 84º e 168º DPI.

O fígado, por sua vez, foi o órgão de predilção somente no

3° e no 7º DPI. Assim sendo, Cystoisospora rivolta, embora

distribua-se também por duas vias (linfática e sangüínea),

parece ser mais linfotrópica que Cystoisospora felis.

Desta foram, as suspeitas de que os parasitas da

espécie Cystoisospora rivolta seriam mais facilmente

regulados imunologicamente que Cystoisospora felis (FAYER &

FRENKEL, 1979 e LONG., 1982), parecem ter fundamento.

A presença de hipnozoítas em outras vísceras foi

rara. Resultados mais expressivos foram determinados no 3°,

6º e 16º DPI, onde registrou-se uma quantidade proporcional a

20%, 6% e 3%, respectivamente.

A presença de hipnozoítas ao nível de rins,

pulmões, coração e outros, pode estar relacionada a uma

distribuição acidental e não a uma via normal de acesso

p a r a s i t á r i o .

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54

4. PARTE III. AVALIAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE FRENTE À INFECÇÃO

POR Cystoisospora felis

4.1. REVISÃO DE LITERATURA

A imunidade relativa às infecções por parasitas do

gênero Cystoisospora não foi definitivamente estudada

(CHESSUM, 1972; DUBEY & FRENKEL, 1972; DUBEY, 1979). Na

verdade, os estudos existentes foram totalmente realizados

com gatos, e nunca com qualquer dos outros hospedeiros

intermediários (ROSE, 1982).

O aparecimento de sinais clínicos característicos e

até mesmo a morte de alguns indivíduos, pode representar a

interrupção de resistência dos indivíduos que, desta forma,

seriam mais susceptíveis à cistoisosporose (LOSS, 1991).

A ausência de dados sobre a resposta imune nos

hospedeiros intermediários, asssociada à não observação de

sinais clínicos levaram, durante muito tempo, a acreditar-se

que estes seriam, em realidade, hospedeiros paratênicos,

representando desta forma, apenas um meio de transporte

intermediário entre gatos (FAYER, 1980).

Contra isto, a perda progressiva de peso, detectada

em camundongos experimentalmente infectados com cystoisospora

felis, foi indicativa de que ocorre efeitos deletérios também

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nestes hospedeiros (LOSS, 1991). Uma vez que Cystoisospora

felis pode, além de roedores, infectar outras espécies

(BROSIGKE, 1981) de importância econômica, a possibilidade de

ocorrerem efeitos deletérios à saúde animal, torna

imprescindível o aprofundamento de estudos relativos à

resposta imunológica a estes parasitas.

Suspeita-se que estes parasitas podem disseminar-se

pelo organismo dos hospedeiros, utilizando macrófagos como

elementos de transporte endógeno (HERNANDEZ et al., 1978;

BROSIGKE, 1981). Além disto, o tropismo apresentado por estes

agentes por órgãos linfóides (BUBEY, 1979; BROSIGKE, 1981;

LOSS, 1991) representa, sem dúvida, um impacto na resistência

à Cystoisospora, assim como a outros agentes associados.

Anticorpos específicos podem causar inibição da

penetração e da multiplicação de esporozoítas de Eimeria e

toxoplasma (HSU, 1971; KLAINER et al., 1973 e BENDRNIK 1977),

entretanto, tem estimulado a formação de cistos contendo

bradizoítas (SPEER, 1983). Assim, mesmo que os anticorpos

específicos não sejam necessários para a iniciação da

formação de cistos, devem participar intensamente na espansão

do número destes no organismo do Hospedeiro (SPEER, 1983).

Macrófagos alveolares e peritoniais tratados com

antisoros específicos, ampliaram o poder de fagocitose para

T. gondii (STADTSBAEDER et al., 1975). Apesar disto, a

evolução do parasitismo intracelular irá depender da cêpa do

parasita em questão (ANKISHINA et al., 1976).

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56

4.2. MATERIAL E MÉTODOS

4.2.1. Papel da fogocitose

O papel da fogocitose no estabelecimento da

infecção por Cystoisospora felis em camundongos foi avaliado

de acordo com adaptação à metodologia descrita por NAKANISHI

et al. (1990).

15 gramas foram utilizados neste experimento. O primeiro

grupo de animais recebeu inóculo de uma suspensão de carvão

Dois grupos de 20 camundongos, pesando entre 12 e

vegetal (0,1% em PBS) pela via intra-peritonial, duas horas

antes de serem infectados com 103 esporozoítas de

Cystoisospora felis, administrados através da mesma via.

O segundo grupo (controle) foi submetido somente

inoculação com 103 esporozoítas por via intra-peritonial.

Animais (cinco) de cada grupo experimental, foram

sacrificados nos dias 1, 3, 5 e 7 após inoculação.

Após evisceração, determinou-se o número total de

hipnozoítas, em cada animal, presentes nos linfonodos

mesentéricos, placas de Peyer, baço, fígado coração pulmões

e rins.

As diferenças, relativas ao grupo de animais cujos

macrófagos peritoniais foram bloqueados através da inoculação

prévia com carvão vegetal, foram comparativamente analizadas

em relação ao grupo controle.

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4.2.2. Supressão da fogocitose

Foi utilizado o teste de avaliação da função de

neutrófilos (LIMA et al., 1977).

Camundongos inoculados oralmente com 106 oocistos

de Cystoisospora felis, foram exsangüinados em diferentes

dias após a inoculação (3, 6, 12, 15, 20, 30, 45), através de

corte ao nível do plexo mamário. Cerca de 1 ml foi retirado

de cada indivíduo e rapidamente acondicionado em recipiente

contendo citrato de sódio (concentração final de 0,3%).

Foram utilizados grupos de cinco animais por dia de

experimento, fazendo-se concomitantemente a mesma avaliação

em camundongos não inoculados (controles).

Em 0,75 ml de sangue citratado foram adicionados,

assepticamente, em câmara de fluxo laminar14, de 5 ul de

endotoxina bacteriana15 na dose de 1mg.ml-1 (dose

estimuladora da fogocitose). Esta suspensão foi incubada

37ºC/10 minutos e adicionada de 60 ul de solução de azul de

tetrazólio16 (NBT) a 4 mM e 340 mM de sacarose, em PBS.

Após adequada mistura, o material foi passado

através de uma coluna de 2,5 cm de altura e 1,5 cm de

diâmetro, contendo em seu interior lã sintética. (ACRYLON).

14 VECO, São Paulo, Brasil 15 Institut für Bakteriologie und Immunologie Fb. Veterinärmedizin Giessen, República Federal Alemã

16 SIGMA, St. Louis, E.U.A.

Nilson
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A lã sintética foi duas vezes eluida com PBS e uma

vez com água destilada estéril, cuja finalidade era carrear

os complexos existentes no interior das células, presas às

fibras de ACRYLON.

A lã de ACRYLON, contendo fagócitos aderidos, foi

colocada em ehlemmeyer, adicionando-se em 1 ml de dioxana17.

Este reajente, na presença de NBT origina um produto corado,

após incubação à temperatura de 10ºC, durante 20 minutos.

Os resultados foram obtidos à partir da avaliação

da coloração desenvolvida, nas amostras cuja função de

neutrófilos é positiva (avaliação ótica a 460nm)18.

4.2.3. Dosagem de anticorpos anti - Cystoisospora

felis

Soros de camundongos primo-infectados, obtidos em

diferentes dias pós-infecção (2º, 3º, 6º, 7º, 8º, 20º e 60º

DPI), foram avaliados quanto à presença e título

(concentração) de anticorpos circulantes anti - Cystoisospora

felis, através do método de hemaglutinação indireta (iHA)

(RAWLS, 1979).

Estes ensaios foram realizados em duas etapas

sensibilização de eritrócitos de carneiro com antígenos

17 Merck, E.U.A. 18 Bauch & Lomb. R.F.A.

Nilson
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parasitários e, 2º Hemaglutinação dos eritrócitos tratados,

na presença dos soros coletados em diferentes períodos de

infecção.

Os antígenos de Cystoisospora felis utilizados

foram obtidos à partir de esporozoítas, os quais foram

rompidos por sonicação 19 (40 wats, durante 30 segundos),

seguida de congelamentos e descongelamentos sucessivos.

O lisado parasitário obtido foi esterelizado

através de membrana 20 com 0,22 micra de diâmetro e submetido

à diálise 21 contra PBS.

Este preparado parasitário foi adicionado a

eritrócitos de carneiro previamente taninizados (ácido

tânico 22 a 1:20000), na proporção de 0,5 mg de proteínas

parasitárias para uma suspensão conteúdo 2,5% de eritrócitios

taninizados. A sensibilização se deu pela incubação à

temperatura ambiente, durante 60 minutos.

Os testes de hemaglutinação indireta (iHA) foram

realizados à partir de diluições sucessivas de amostras de

soros (de 1:8 a 1:4096), em microplacas 23 de sorologia. Sobre

cada diluição dos soros testados, adicionou-se 25 ul de

eritrócitos sensibilizados e, após cobrir-se as placas de

19FISCHER, Modelo 300, E.U.A. 20MILLIPORE, E.U.A. 21MEMBRANA DE DIÁLISE, SPECTRAPOR, Arthur Thomas,Filadelphia, E.U.A.

22HERZOG, Rio de Janeiro, Brasil 23MICROPLACAS DE SOROLOGIA, fundo "U", PETÉCIL São Paulo,

B r a s i l .

Nilson
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sorologia com plástico, homogeneizou-se (através de

movimentos circulates e horizontais) e deixou-se em repouso,

à temperatura ambiente, durante 3 horas.

Os títulos de anticorpos foram determinados pelo

exame visual das placas de sorologia.

A maior diluição do soro capaz de originar a

aglutinação das células sensibilizadas, foi considerada como

sendo o título de anticorpos do soro testado.

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4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A deficiência da resposta imune em animais de

laboratório tem sido uma das mais importantes causas da

grande susceptibilidade dos neonatos às doenças infecciosas

(NEEDHAM, 1979).

A baixa capacidade de responder imunologicamente,

em camundongos muiLo jovens, é devido normalmente a problemas

de maturidade dos linfócitos tímicos, ou deficiências

funcionais ao nível de fagócitos, ou, ainda, a um excesso de

células supressoras circulantes (PIQUET et al., 1981).

As alterações decorrentes do parasitismo, podem

gerar fenômenos extremamente semelhantes às deficiências

imunológicas naturais em camundongos albinos (NEEDHAM, 1979).

No presente experimento, o bloqueio da atividade

fagocítica dos macrófagos peritoneais com carvão vegetal,

levou a uma supressão total da infectividade relativa aos

esporozoítas de Cystoisospora felis inoculados Desta forma,

nenhum dos animais testados apresentou formas hipnozoíticas

em qualquer das vísceras analisadas.

Contrastantemente, o grupo controle apresentou

grande quantidade de hipnozoítas, recuperados em vários dias

do experimento: 0,7 x 103 no 1º DPI, 2,2 x 102 no 3º DPI, 3,4

x 103 no 5º DPI e 1,04 x 104 no 7º DPI.

O efeito do bloqueio da fagocitose pr partículas

de carvão vegetal, sugere que estas células desempenham

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importante papel na cistoisosporose. Como os macrófagos são

efetivamente células reguladoras da resposta imune, o

bloqueio de suas funções deve afetar a capacidade imunológica

do hospedeiro (NAKANISHI et al., 1990). Da mesma forma, se os

macrófagos encontraram-se infectados, é de se esperar gue

algumas funções imunológicas sejam perdidas.

A avaliação da supressão da fagocitose, através da

redução de NBT, em animais infectados, não foi demonstrada

para os animais infectados com Cystoisospora felis. Os

resultados obtidos foram idênticos àqueles dos animais

controles.

Talvez, as formas intracelulares de Cystoisospora

felis, a exemplo do gue ocorre com Leishmania Ross, 1903 ou

com T. gondii, sofram eliminação dependente do teor de

citocinas circulantes, ou decorrente de falhas genéticas

individuais no sistema Complemento, que parecem ser

fundamentais para o estabelecimento do parasitismo (FUHRMAN &

JOINER, 1989).

O título de anticorpos anti-esporozoítas de

Cystoisospora felis, progressivamente aumentou nos sete

primeiros dias de infecção, estabilizando-se entre o 8° e o

20º DPI. Aos 60 DPI foi 1:64 (Tabela 4).

Levando-se em consideração que o método de

hemaglutinação indireta pode ser tão específico quanto a

imunofluorescência indireta, com a única desvantagem de

possíveis variações nos eritrócitos de carneiro, ou na

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TABELA 4: Título1 de anticorpos anti-esporozoítas, através de Hemaglutinação indireta, emsoros de camundongos, experimentalmente infectados com 106 oocistos esporulados deCystoisospora felis.

1 Os resultados em cada período assinalado representam a média de 6 ensaios com soros de 10 indivíduos.

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6 4

qualidade dos antígenos (WILSON et al., 1990), pode-se

afirmar que o desenvolvimento do ciclo biológico extra-

intestinal é decorrente de uma resposta imunológica humoral

efetiva que favorece a fagocitose e, consequentemente a

formação de formas de resistência (hipnozoíticas).

É digno de nota o fato de que soros de felinos com

sintomatologia clássica de cistoisosporose, foram também

testados pelo método de hemaglutinação indireta, não

apresentando qualquer quantidade de imunoglobulinas

circulantes capazes de reagir contra esporozoítas de

grandes concentrações de oocistos, é provável que, no

hospedeiro definitivo, a exemplo do que ocorre com outros

coccídias, a ausência de anticorpos seja importante para a

eliminação dos mesmos (FAYER, 1980).

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6 5

5- CONSIDERAÇÕES GERAIS

Este trabalho foi realizado com o intuito de

responder algumas das questões fundamentais, relativas ao

comportamento de Cystoisospora felis no organismo de

hospedeiro intermediário, tendo sido utilizado camundongo

albino como modelo experimental. Assim, estudou-se aspectos

da biologia deste parasito, os quais ainda não haviam sido

explorados e que são fundamentais para o aprofundamento de

estudos em ciências correlatas à parasitologia, tais como a

patologia e a imunologia.

São raros os pesquisadores que pensam ser a

cistoisosporose uma síndrome capaz de afetar espécies animais

de interesse econômico. Ao contrário, demonstrou-se que este

parasita causa espoliações significativas no organismo de

seus hospedeiros. Com base nestas verificações,

estabeleceram-se parâmetros de distribuição, patogênese e

imunidade, para os quais, infelizmente, não se encontram

detalhes de esquemas similares.

Este trabalho mostrou existir uma freqüência na

eliminação de oocistos de Cystoisospora felis à partir de

gatos recém desmamados, sendo que há maior chance de

eliminação destes durante os primeiros 57 dias de vida.

Tendo-se em conta que, na maioria das vezes, os

testes de diagnóstico são realizados à partir de exames "post

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mortem", torna-se difícil julgar benefícios de metodologias

modernas aplicadas ao diagnóstico de certas coccidioses.

Particularmente em relação à imunologia aplicada com este

intuito, é importante ressaltar que a detecção prematura

destas síndromes é de alta relevância. No presente trabalho,

mostrou-se existir uma correlação entre a evolução do

parasitismo e a presença de anticorpos circulantes, no

hospedeiro intermediário camundongo albino. Este fato

caracteriza a existência de um ciclo alternativo, onde a

interferência do hospedeiro intermediário deve ocasionar

alterações as quais merecem ser cuidadosamente avaliadas

Adiciona-se a isto, o fato de que os gatos recém desmamados,

no período em que estão eliminando grandes quantidades de

oocistos, não apresentam anticorpos circulantes em

quantidades detectáveis. Da mesma forma, a fagocitose,

associada ao impacto da cistoisosporose sobre a resposta

imune, é fundamental para a disseminação destes protozoários

no organismo de seus hospedeiros. Provavelmente, os gatos

neonatos sejam prematuramente infectados através de fagócitos

maternos, transferidos passivamente durante o aleitamento.

Este trabalho não se esgota com os resultados aqui

apresentados, sendo, claramente, o início para o

desenvolvimento de novas frentes de pesquisa. À partir disto,

espera-se alcançar, num futuro próximo, uma cooperação

efetiva entre veterinários e laboratórios de diagnose para

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6 7

que medidas profiláticas e tratamento possam ser utilizados

em benefício da saúde animal.

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6- CONCLUSÕES

Os resultados obtidos na execução do presente

trabalho dão subsídios às seguintes conclusões:

a- O crescente aumento de oocistos de Cystoisospora felis nas

fezes de gatos, após administração de vísceras contendo

hipnozoítas, é indicativo de um ciclo biológico que, ao

contrário dos membros da família Eimeriidae, não parece

ser auto-limitante.

b- Quando submetidos à aeração, os oocistos de Cystoisospora

felis esporulam nas seguintes proporções: 40% nas

primeiras 24 horas, 60 a 65% após 48 horas e 80 a 87% após

72 horas de incubação à temperatura ambiente.

c- Existem variações nas dimensões

Cystoisospora felis que, não são suficientes para

caracterizar a espécie de Cystoisospora isolada em

camundongos.

d- A infecção experimental em camundongos causou perda de

peso, especialmente durante a primeira semana de infecção,

chegando a 10 gramas de diferença em relação aos grupos

controles. Esta perda de peso é temporária e está

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relacionada com a evolução do parasitismo para a

cronicidade.

e- O aumento do peso vivo dos animais inoculados está

diretamente relacionado ao aumento de tamanho das

vísceras, principalmente com a hepatomegalia.

f- O ciclo biológico de Cystoisospora felis, na forma extra-

intestinal, ocorreu em torno da 1ª semana de infecção,

quando houve maior concetração de hipnozoítas nos

linfonodos mesentéricos (8° e 9º DPI) e baço (7º DPI).

g- Os hipnozoítas de Cystoisospora felis têm grande afinidade

pelos linfonodos mesentéricos e um tropismo

proporcionalmente crescente pelo fígado, que à partir do

21º dia após infecção, passou a ser o órgão de eleição.

h- Camundongos infectados tiveram má conversão, como pode

ser verificado no peso proporcionalmente decrescente de

suas carcaças. Este fato reflete uma ação deletéria do

parasitismo sobre camundongos.

i- A movimentação de fagócitos no organismo é um importante

meio de disseminação das formas extra-intestinais de

Cystoisospora felis.

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j- O título de anticorpos circulantes, no camundongo C57/B6,

foi maior no 7º dia após infecção e está associado ao

desenvolvimento do ciclo biológico extra-intestinal de

Cystoisospora felis.

k- Os felinos, quando eliminam grandes quantidades de

oocistos de Cystoisospora felis em suas fezes, não

apresentam anticorpos circulantes.

I- Camundongos são hospedeiros intermediários para

Cytoisospora felis, podendo ser utilizados como modelo

experimental para outras espécies de importância

econômica.

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A P Ê N D I C E

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78

APÊNDICE 1

"IN VITRO" E XCYSTATION OF CYSTOISOSPORA FELIS (WENYON 1926)

FRENKEL, 1977 (APICOMPLEXA: SARCOCYSTIDAE)

RONALD B. FREIRE1 CARLOS WILSON G. LOPES2

1Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária, IV

2Departamento de Parasitologia Animal, IB. Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro, KM 47 da Antiga Estrada Rio

São Paulo - 23.851-970, Seropédica - RJ, Brasil. Projeto

Sanida de Animal (EMBRAPA/UFRRJ).

S U M M A R Y

The action of different NaCIO concentration, as well as the

effect of sodium taurocholate, crude bovine bile and triton x

100, were analysed in what concern to Cystoisospora felis

oocysts excystation. The best way to obtain good yelds of

free sporozoites was determined. The best NaCIO concentration

used as a pre-treatment to sporocysts liberation was at 5.5%.

Following NaCIO, tryptic digests associated to sodium

taurocholate showed high efficience (80% of excystation in 2

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7 9

hours). The association of trypsin with bovine bile lead to

the best results (90% excystation in 2 hours).

RUNNING HEAD: FREIRE, R. B. & LOPES, C. W. G excystation of

Cystoisospora felis.

KEY WORDS: Cystoisospora felis, sporozoites, excystation.

S U M Á R I O

Pela primeira vez se estudou o processo de excitação in

concentrações de hipoclorito de sódio, assim como a ação de

vitro em Cystoisospora felis. A ação de diferentes

diferentes surfactantes: taurocolato de sódio, bile bovina

crua e triton x 100, foram utilizados para a determinação de

uma metodologia que permitisse obter o melhor rendimento para

concentração de esporozoítas livres. O tratamento de oocistos

com NaClO a 5,5% foi a maneira mais eficiente de promover a

liberação de esporocistos. A digestão trípica associada ao

taurocolato de sódio, quando aplicada aos esporocistos

isolados mostrou alta eficiência (80% de excistação em 2

horas). De outra forma, a associação de tripsina e bile

bovina levou aos melhores resultados (90% de excistação em 2

horas).

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80

FRASE CHAVE: FREIRE, R. B. & LOPES C. W. G. Excistação de

Cystoisospora felis

PALAVRAS CHAVE: Cystoisospora felis, esporozoítas, excistação

INTRODUCTION

There are many reports about excystation of various

species of Eimeria and Isospora. On the other hand, nothing

Have been done with Cystoisospora felis, an Isospora-like

organism that infects cats and rodents, specially,

originating extraintestinal hipnozoites. Altough SPEER (1983)

reported Cystoisospora felis excystation using 5.25 per cent

sodium hipochloride (NaCIO), followed by trypsin-bile

solution digestion during 20 minutes at 37ºC, no discussion

have been done about the yelding of sporozoites in such

opportunity.

In this paper, it was evaluated the action of

different NaClO concentrations, and the effect of surfactants

sodium taurocholate, bovine bile and triton x 100, in order

to obtain a good rate of sporozoites liberated in vitro.

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81

MATERIAL AND METHODS

Oocysts of C. felis obtained from experimentally

infected kittens were stored at 4ºC in PES (8 gl-1 NaCl, 0,2

gl-1 KCL, 1,15 gl-1 Na2HPO4 and 0.2 gl-1 KH2PO4, pH 7.2) until

weeks. Oocysts were placed in 16 x 15 screwed capped

sterile centrifuge tube and concentrated by centrifugation

(600 x g/20 minutes/4ºC) in order to give 5 x 105 oocysts,

wich were ressuspended in 7 ml of different NaClO (Indústrias

Químicas Ribeiro Ltda-Rio de Janeiro, Brasil) concentrations

(5.46%, 2.73%, and 1.36%,) and incubated during 30,60 or 120

minutes at 4°C. Sporocysts yelds were evaluated

microscopically and their liberation calculed by the number

of free sporocysts in relation to the integral oocysts

v i s u a l i z e d .

nb of free sporocysts Sporocysts = ................................ x 100

nb of integral oocysts

Sporocysts were washed sequentially four times in cold

PBS to remove traces of NaClO, and added of 2,5% trypsin

(SIGMA, 1:250) combinated to 0.75% taurcholic acid, 10%

final volume of bovine bile, or 1% solution of triton x 100,

in PBS, in order to give a final volume of 1 ml for each tube

containing 0.5 x 105 sporocysts. All reagents were

solubilized in cold PBS pH 7.2. Bovine bile was sterelized by

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82

a MILLIPORE 0.22 u membrane filter and stored at -20ºC. All

the mixtures were incubated equally at 37ºC (water bath)

during 6 hours, under agitation. Aliquots were withdrawed at

30 and 60 minutes intervals during the first 3 hours

incubation. Slides contain ing different mixtures were

analysed by bright field microscopy The excystation rate was

determinated by the formula:

Free sporozoites ..............................................................................................x 100 free zoites + zoites insid sporocysts

Each result obtained was a median value of four

repetitions.

RESULTS AND DISCUSSION

The excystation process seems to be very similar to

that described by SPEER (1983) for Cytoisospora canis. The

sporocysts wall shows rupture in a site of apposition between

two of the four curved plates constuting the inner layer.

With the excystation fluid (EF) action a splitting of the

outer plate takes place, with a break of the sporocyst wall.

The sporozoites are freeded by splitting on the internal part

of sporocyst trough the outside (Figures 1 and 2).

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FIGURE 1: Cystoisospora felis. Sporulated (A) and usporulated

(B) oocysts. Saturated sugar solutiuon. Oocystswith fractures after treatment with 5.5% NaClO (Cand D). 1250x.

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Cystoisospora felis Sporocyst freeded aftertreatment with 5.52 NaClO (A); sporozoite duringdesencystation (B), and free (C), after treatmentwithg Trypsin-bile solution, 1258x.

FIGURE 2:

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85

Sporozoites of Cystoisospora felis excysted in the

presence of different surfactants (taurocholic amid, triton x

100, and bovine bile) associated or not to trypsin

Pretreatment of sporocysts with NaClO enhanced the

sporozoites liberation.

Sporozoites obtained by treatment with NaCIO showed a

direct relationship between NaClO concetration and the rate

obtained (TABLE 1). It may be done by the NaClO remotion of

the outer layer from the oocysts as previously demonstrated

for Eimeria (ROBERTS et alli, 1970) and Isospora (SPEER et

alli, 1983). The best excystation was obtained when

sprocysts were treated with 5.5% NaClO. With 2.7% NaClO, the

excystation rate was approximately 50% inferior (TABLE 2).

As demonstrated to Cryptosporidium spp (REDUKER &

SPEER, 1985 it was observed some excystation without

addition of EF. This aspect seems to be relevant since this

characterist ic was not demonstrated to Sarcocystis spp.

(CAWTHORN et alii, 1986).

Taurocholic acid showed a positive surfactant action,

stimulating the excystation process. Triton x 100, a very

well known anionic surfactant was not so good, leading to a

rapid death of sporozoites.

Following the 5.5% NaClO treatment, the association

of trypsin with taurocholic acid was higly efficient (80% of

excystation in 2 hours) giving rise to results as good as

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TABLE 1: Cystoisospora felis sporocysts rate1 obtainedaccordinq to oocysts treatment with diferentconcentratios of NaClO, at 4ºC.

1- The values presented are the median of five experiments.

2- NO = not determined.

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TABLE 2: Excystation rate of sporozoites of Cystoisospora felis from oocysts submited to differentexcytation fluids at 37ºC, following pretreatmente with 2.7% (A) or 5.5% (B) NaClO1.

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88

that obtained when trypsin were associated to bovine bile

(90% of excystation in 2 hours).

The greatest activity of trypsin-bile association may

be related to other different enzimes presents in the bile,

once bile itself, without trypsin association gave 73% of

excystation in 2 hours oh incubaion (TABLE 2). By the same

reason, pehaps, the association of trypsin with taurocholic

acid and bovine bile showed the same action as did bovine

bile alone.

Excystation obtained with 2.7% NaClO pretreatment gave

rise to more consistent results, showing that incubation with

EF consisting of 2.5% trypsin plus 10% bovine bile is the

best way for getting Cystoisospora felis sporozoites

excystation.

It is important to point out that the storage

conditions are determinant to excystation of Cystoisospora

felis, as well as other coccidia (CAWTHORN et alli, 1986).

K2Cr2O7, for example, has a deleterious effect on Sarcocystis

cruzi yelding to a decrease of 60% in the excystation rate,

after 2 weeks storage. In these experiments, oocysts

maintened in 2.5% K2Cr2O7 gave rise to, at least, 30%

excystation. By the same way, storages manteined in 1% NaClO

were also affected, giving low rates oh excystation (40% to

50% The Optimum storage conditions were in a sterile saline

solution, free from calcium and magnedium, and added of

antibiotics and fungistatics.

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90

APÊNDICE 2.

AVALIAÇÃO DA DIGESTÃO ENZIMÁTICA POR PEPSINA E TRIPSINA NA

OBTENÇÃO DE HIPNOZOÍTAS DE Cytoisospora felis (WENYON, 1926)

FRENKEL, 1977 (APICOMPLEXA: SARCOCYSTIDAE)

RONALD B. FREIRE1 and CARLOS WILSON G. LOPES2

1Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária, IV

2Departamento de Parasitologia Animal, IB. Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro, KM 47 da Antiga Estrada Rio

São Paulo - 23.851-970, Seropédica- RJ, Brasil. Projeto

Sanidade Animal (EMBRAPA/UFRRJ).

S U M M A R Y

Study of the enzimatic digestion by pepsin and trypsin

were used in order to obtain hipnozoites of Cystoisospora

felis. Hipnozoites of C. felis survived in pepsin, as well in

trypsin solutions, for at least 2 hours. Viability,

integrity, and infectivity were beret mantained when pepsin

were used to digest organs containing the parasite.

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91

RUNNING HEAD: FREIRE & LOPES, Avaliations of enzimatic

digestion of Cystoisospora felis.

KEY WORDS: Cystoisospora felis, Hipnozoites, Enzimatics

Digestion, Trypsin Pepsin.

S U M Á R I O

Hipnozoítas de Cystoisospora felis mantiveram-se

viáveis, tanto em solução de tripsina, como em solução de

pepsina, durante pelo menos duas horas. A viabilidade,

integridade e infectividade foram melhor mantidas quando se

utilizou pepsina para a digestão de vísceras contendo o

parasita. A digestão tríptica teve rendimento, em número de

hipnozoítas, sempre inferior àquele observado para pepsina.

PALAVRAS CHAVE: Cystoisospora felis, hipnozoítas, digestão

enzimática, pepsina, tripsina.

FRASE CHAVE: FREIRE & LOPES, Avaliação da digestão

enzimática sobre Cystoisospora felis.

Page 109: Cystoisospora felis (WENYON, 1926) FRENKEL, 1977 ...r1.ufrrj.br/wp/ppgcv/wp-content/themes/PPGCV/pdf/R160.pdf · Ao Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária, Instituto

92.

I NTRODUÇÃO

A digestão enzimática de vísceras contendo cistos, de

coccidas, é amplamente utilizada (FAYER & FRENKEL,

1979; BROSIGKE, 1981; SPEER, 1983).

O insucesso em se demonstrar a patogenicidade de

Cystoisospora felis (FAYER & FRENKEL, 1979; BROSIGKE, 1981;

BROSIGKE et alii, 1992), em contraste com os achados clínicos

de LOSS (1991), sugeriram a possibilidade de haver uma ação

deletéria no processo de digestão tríptica, capaz de alterar

as características biológicas (viabilidade e infectividade)

do parasita.

SHARNA & DUBEY (1981), desenvolveram estudo

quantitativo para avaliação da viabilidade e infectividade de

formas císticas de Toxoplasma gondii, através de digestão

péptica ou tríptica. Embora não se tenha detectado nenhuma

alteração em bradizoítas ou traquizoítas de T. gondii

oriundos de digestão péptica, a digestão tríptica foi

responsável por alterações nestas formas parasitárias.

Uma vez que todos os experimentos realizados com

Cystoisospora felis, em sua forma extra-intestinal, foram

oriundos da digestão tríptica de vísceras de hospedeiros

infectados, muitos aspectos não foram devidamente

esclarecidos, provavelmente em decorrência da ação deletéria

do processo de digestão empregado.

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93

Neste trabalho procura-se estabelecer o melhor

procedimento a ser utilizado na obtenção de hipnozoítas de

Cystoisospora felis. Para tanto, os processos de digestão

tríptica e péptica foram avaliados comparativamente.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados três experimentos: o primeiro, um

relativo à influência da digestão enzimática na quantidade de

hipnozoítas recuperados à partir de vísceras infectadas

experimentalmente; o segundo, vinculado à viabilidade das

formas parasitárias obtidas através de digestão péptica ou

tríptica; e o terceiro, vinculado à patogenicidade inerente

às formas parasitárias recuperadas.

No primeiro experimento, camundongos foram inoculados,

por via oral, com 107 oocistos esporulados de

Cystoisospora felis e sacrificados no sétimo dia após a

infecção (DPI). Seus baços foram retirados, abertos

longitudinalmente e acondicionados em frascos previamente

esterelizados.

Sobre cada fragmento de baço, adicionou-se 5 ml de

solução isotônica (NaCl 0,85%). Este material foi submetido à

ruptura em homogeneizador Potter (Warren-blender tissue

grinder - USA), originando homogeneizados, os quais foram

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9 4

devidamente identificados e acondicionados em ehrlenmeyers

estéreis.

Os ehrlenmeyrs, contendo os homogeneizados, foram

divididos em grupos idênticos e submetidos a um aquecimento

prévio a 37ºC (BANHO - MARIA) durante 15 minutos.

Soluções de digestão, previamente aquecidas a 37ºC,

foram adicionadas aos ehrlenmeyers, os quais foram incubados

a 37ºC durante 120 minutos. As concentrações finais das

soluções de digestão foram as mesmas preconizadas por JACOBS

et alii (1960). Foram realizados controles, constituídos de

igual volume de salina, ao invés de solução enzimática.

Alíquotas de 1 ml foram retiradas de cada frasco, em

intervalos de 30 minutos, durante 120 minutos e processadas

de acordo com metodologia descrita para obtenção e

quantificação de hipnozoítas, por BROSIGKE (1981).

Os experimentos foram realizados com seis repetições,

as quais forneceram um número médio de hipnozoítas,

recuperados por digestão tríptica, em comparação com àqueles

recuperados por digestão péptica.

O segundo experimento foi realizado a partir de

alíquotas obtidas no experimento inicial, as quais foram

processadas de acordo com GEYSEN et alii (1991). A

viabilidade foi calculada pela contagem de células capazes de

incorporar acridina-orange a 0, 1%, visualizadas ao

microscópio de fluorescência.

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95

O terceiro experimento consistiu da administração de

hipnozoítas oriundos de cada um dos processos de digestão, a

camundongos, por via oral. Neste caso, os inóculos continham

igual número de formas parasitárias, ajustadas através de

cálculo quantitativo previamente determinado (BROSIGKE,

1 9 8 1) .

Os camundongos inoculados com 1 x 104 parasitas

oriundos de cada um dos processos de digestão enzimática

pertenciam a grupos de 24 animais, os quais foram

sacrificados em lotes de três animais por dia de

experimentação, nos dias 0, 3, 6, 12, 15, 18, 21 e 24, após a

infecção. O número de hipnozoítas provenientes das vísceras

(baço, fígado, linfonodos mesentéricos e placas de Peyer) dos

animais sacrificados, foi calculado em função do processo de

digestão que ofereceu melhor rendimento no primeiro

experimento, de acordo com a metodologia descrita por

BROSIGKE (1981).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A obtenção de hipnozoítas a partir da digestão

enzimática do baço de camundongos infectados com 107

oocistos, por via oral, no 7º DPI, indicou ser a tripsina a

0,5% menos eficiente que a pepsina a 0,52% (TABELA 1).

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96

TABELA 1: Quantificação de hipnozoítas de Cystoisospora felisobtidos a partir da digestão péptica ou tríptica deboço de camundongos C57/B6 inoculados com 107

oocistos esporulados.

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9 7

A digestão péptica teve um rendimento 1,47 vezes maior

nos primeiros 30 minutos, 2,38 vezes maior aos 60 minutos e,

1,78 vezes maior aos 90 minutos de incubação a 37°C.

Aos 120 minutos de incubação, tanto a tripsina quanto

a pepsina digeriram em demazia os tecidos, não permitindo uma

avaliação adequada da quantidade de hipnozoítas presentes.

A pepsina é uma protease, existente no estômago de

todos os vertebrados (exceto das carpas). Sua atividade

máxima se dá em pH entre 2 e 4, sendo inativada em pH

superior a seis. Esta enzima, preferencialmente, cataliza a

hidrólise de ligações peptídicas entre dois aminoácidos

hidrofóbicos, como fenilalanina-leucina; fenilalanina-

fenilalanina e fenilalanina-tirozina. Com exceção das

protaminas, queratina, mucina e outras proteínas ricas em

carboidratos, a maioria das proteínas é atacada por esta

enzima (JAKUBKE & JESCHKEIT, 1981).

A tripsina é uma protease serínica, presente sob a

forma de zimogênio (tripsinogênio) no pâncreas de todos os

vertebrados. O tripsinogênio é liberado, via ducto

pancreático, no duodeno. A conversão de tripsinogênio em

tripsina se dá no intestino delgado, pela ação da

enteroquinase e de traços de tripsina. Entre todas as

endopeptidases digestivas, a tripsina é a que apresenta a

mais pronunciada especificidade em relação ao substrato,

catalizando a hidrólise das ligações lisina e arginina, bem

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9 8

como em arginil ou lisil derivados, assim como as amidas de

lisina e arginina (JAKUBKE & JESCHKEIT, 1981).

Provavelmente, neste experimento, a tripsina tenha

atuado em ligações glicoprotéicas, fundamentais para a

integridade das estruturas parasitárias, o que não ocorreu

com a pepsina que, por sua vez, mantem a integridade de tais

estruturas.

Este mesmo raciocínio pode ser utilizado para uma

análise da presença, ou ausência, da membrana que compõe o

vacúolo parasitóforo, que mostrou-se muito mais frequente

(90%) nas formas parasitárias obtidas por digestão péptica,

quando comparadas com aquelas por digestão tríptica (45%).

A viabilidade mostrou-se bastante pronunciada em ambos

os processos de obtenção de hipnozoítas (entre 90 e 97% para

os dois procedimentos).

Se houve algum processo deletério em função da

digestão tríptica, este não envolveu a viabilidade dos

hipnozoítas recuperados durante o experimento.

A infectividade, por sua vez, foi mais pronunciada nas

preparações decorrentes da diqestão péptica (FIGURA 1).

A contagem de hipnozoítas nas vísceras de animais

inoculados com preparações pépticas, foi sempre superior em

relação àquelas obtidas por digestão tríptica.

Possivelmente, as questões relativas à capacidade de

infecção entre hospedeiros intermediários, através do

carnivorismo, possam ser melhor esclarecidas no futuro, uma

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99

FIGURA 1: Infectividade de vísceras contendo Hipinozoítas de

Cystoisospora felis Camundongos C57/B6 e submetidasà digestão por pepsina (+) ou por tripsina (0).

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que há controvérsias sobre se este processo se dá até ao

sétimo ou décimo dia após infecção (BROSIGKE, 1981; LOSS,

1991).

A infectividade, assim como a provável sensibilidade a

drogas coccidiostásticas ou coccidicidas, sào fenômenos que

podem ser alterados pela ação tríptica sobre glicoproteínas

de superfície parasitária, capazes de conferir

características biológicas ainda a serem esclarecidas.

SHARMA & DUBEY (1981), encontraram dados semelhantes

para cistos de T. gondii obtidos através de digestão péptica

ou tríptica.

Desta forma, conclui-se que a digestão péptica deve

ser o método de escolha na obtenção, quamtificação e estudos

de biologia de formas intra-teciduais de coccídias.

R E F E R Ê N C I A S

BROSIGKE, S. 1981. Untersuchungen an extraintest inallen

entwicklungstadier) (Dormozoiten) von Cystoisospora rivolta

der Katzen in der Maus. Dissertation zur Erlangung der

Tiermedizirlischen Doktor wurde der Tiera rstlichen, Muchen,

37 p.

BROSIGKE, S.; HEINE, J.; & BOCH, J. 1982. Der Nachweis

extraintestinallen entwicklungstadien (Dormozoiten) in

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101

experimentell mit Cystoisospora rivolta oozysten

infizierten Mausen. Klentier Praxis, 27:25-34

FAYER, R. 1980. Epidemiology of protozoan infection: The

coccidia. Vet. Parasitol. 6:75-103,

FAYER, R. & FRENKEL, J. K. 1979. Comparative infectivity for

calves of oocysts of feline coccidia: Besnoitia,

Hammondia, Cystoisospora, Sarcocytis and Toxoplasma. J.

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GEYSEN, J., AUSMA, J. & VANDEN-BOSSCHE, H. 1991. Simultaneous

purification of merozoites and schizonts of Eimeria

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JACOBS, L., REMINGTON, J. S. & MELTON, M. L. 1960. A survey

of meat samples from swine, cattle and sheep for the

presence of encysted Toxoplasma. J. Parasitol. 46:23-28.

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Editora Berlin, Berlin, 520 p.

LOSS, Z. G. 1991. Cistoisosporose felina. Tese de Doutorado.

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 104 p.

SHARMA, S. P. & DUBEY, J. P. 1981. Quantitative survival of

Toxoplasma gondii tachyzoites and bradyzoites in pepsin

and tripsin solutions, Am. J. Vet. Res. 42:128-130.

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1 8 2

APÊNDICE 3.

INFECÇÃO EXPERIMENTAL EM CAMUNDONGOS NEONATOS COM

ESPOROZOÍTAS DE Cystoisospora felis (WENYON, 1926) FRENKEL,

1977 (APICOMPLEXA: SARCOCYSTIDAE)

RONALD B. FREIRE1 CARLOS WILSON G. LOPES2

1Departamento de Microbiologia e Imunologia Veterinária, IV

2Departamento de Parasitologia Animal, IB. Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro, KM 47 da Antiga Estrada Rio

São Paulo - 23.851-970, Seropédica - RJ, Brasil. Projeto

Sanidade Animal (EMBRAPA/UFRRJ).

S U M M A R Y

The ability of sporozoites of C. felis to infect

infant mice was examined. One thousand sporozoites were

inoculated intraperitoneally in neonate mice. The resistance

of infant mice to C. felis has been observed during 12 days

following the inoculation. No resistance was observed to C.

felis when macrophages, obtained from resistent adults,

primed with sporozoites, were transferred to these infant

animals by intraperitoneal inoculation.

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103

RUNNING HEAD: Experimental infection of Cystoisospora felis

in neonate mice.

KEY WORDS: Cystoisospora felis, neonate mice, sporozoites.

S U M Á R I O

A habilidade de esporozoítas de C. felis em infectar

camundongos neonatos foi estudada. Mil esporozoítas foram

inoculados intraperitonealmente em camundongos de 3 dias de

idade. A resistência dos neonatos à infecção por C. felis foi

acompanhada durante 12 dias a partir da inoculação.

Macrófagos obtidos a partir de adultos previamente infectados

com esporozoítas deste parasita, por via intra-peritoneal,

foram também inoculados em neonatos (via intra-

peritoneal). Não se observou, em nenhum dos casos,

resistência de indivíduos neonatos à C. felis.

PALAVRAS-CHAVE: Camundongos neonatos, Cystoisospora felis,

esporozoítas.

FRASE CHAVE: Infecção experimental em camundongos neonatos

por Cystoisospora felis.

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104

INTRODUÇÃO

A cistoisosporose é uma doença espoliativa, capaz de

afetar o gato e camundongos, além de outros hospedeiros

potenciais (BROSIGKE et alii, 1982; LOSS, 1991).

Embora os efeitos da infecção por Cystoisospora tenham

sido amplamente estudados (BROSIGKE, 1981), nunca se fez

qualquer experimentação no sentido de avaliar os efeitos da

cistoisosporose em camundongos neonatos.

Uma vez que as infecções por Cystoisospora felis e

Cystoisospora rivolta apresentam uma tendência à cronificação

em indivíduos adultos (FAYER, 1980; BROSIGKE, 1981), é de se

esperar que efeitos mais significativos se manifestem em

neonatos e imunodeficientes, a exemplo do que ocorre com

outros coccidias (HARP & WITMIRE, 1991).

No presente trabalho, procurou-se estabelecer

infecções experimentais em camundongos, com 3 dias de idade.

A resistência à infecção por esporozoítas livres, ou

contidos em macrófagos peritoneais, oriundos de animais

adultos, foi estudada durante 12 dias.

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105

MATERIAIS E MÉTODOS

Esporozoítas de C. felis, obtidos de acordo com a

metodologia descrita por BURGESS et alii (1988) para

Sarcocystis cruzi, foram inoculados em um lote de 14

camundongos, por via intraperitoneal

Os inóculos consistiram de 103 esporozoítas, contidos

em 0,2 ml de solução salina isotônica, aplicados abaixo do

cordão lácteo dos aniamais neonatos.

Macrófagos peritoneais, obtidos através de "lavados" em

animais adultos, da mesma linhagem, foram igualmente

inoculados em um lote de 12 camundongos neonatos, com 3 dias

de nascidos.

Os camundongos adultos, doadores de fagócitos

peritoneais, foram previamente (2 dias antes), inoculados com

103 esporozoítas de C. felis.

Os fagócitos foram retirados assépticamente, de acordo

com a metodologia descrita por GOYAL et alli (1988).

A sobrevida dos neonatos inoculatos foi acompanhada

diariamente, durante 12 dias.

Ambos os lotes de camundongos foram mantidos com as

respectivas progenitoras.

Um Grupo (lote) de camundongos neonatos foi inoculado

intraperitonealmente com diluente (solução isotônica) e

igualmente observado durante 12 dias (controle).

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106

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pela primeira vez, demonstrou-se a patogenicidade de

Cystoisospora felis para camundongos.

Todos os camundongos neonatos inoculados com

esporozoítas ou macrófagos contendo formas intracelurares de

C. felis morreram, indicando haver uma ação lesiva deste

protozoário sobre roedores, como sugeriu LOSS (1991).

O grupo de animais inoculados com esporozoítas livres

despareceu no decorrer dos quatro dias que se seguiram à

inoculação (TABELA 1). Os animais que foram inoculados com

lavado peritoneal faleceram entre o sétimo dia e o décimo

segundo dias após a inoculação. Nenhum efeito deletério foi

visualizado no grupo de animais controles. Quando possível,

fez-se necrópsia e digestão enzimática (SHARMA & DUBEY, 1991)

das vísceras, no sentido de se tentar identificar

• ) • hipnozoítas, sendo que em todas as tentativas realizadas,

encontrou-se hipnozoítas, principalmente local izadas no

fígado dos neonatos inoculados.

A maior sob revida dos animais recebendo lavado

peritoneal, sugere uma possível transferência de imunidade a

partir dos adultos, uma vez que, juntamente com os fagócitos,

outras células e mediadores são transferidos (HARP & WITMIRE,

1991).

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i@7

TABELA 1 : Sobrevida de camundongos C57/B6, neonatos, àinoculação de 103 esporozoítas de Cystoisosporafelis ou 106 fagócitos peritoneais oriundos decamundongos adultos previamente inoculados com 103

esporozoítas.

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108

É possível que a infecção à partir dos fagócitos

transferidos passivamente da fêmea para suas crias seja a

principal via de contágio, entre felinos, para o

estabelecimento das infecções naturais por Cystoisospora.

A morte dos neonatos inoculados representa um

importante dado sobre Cistososporose, caracterizando-a como

uma doença típica de animais neonatos, além de reforçar a

possível ação deletéria sobre espécies animais passíveis de

se infectar com C. felis.

R E F E R Ê N C I A S

BROSIGKE, S. 1981. Unter suchungen an exttaintestinallen

entwicklungstadien (Dormozoiten) von Cystoisospora rivolta

der Katzen in der Maus. Dissertation zur Erlangung der

Tiermedizinischen Doktor wurde der Tierarstlichen, Muchen,

37 p.

BROSIGKE, S., HEINE, J. & BOCH, J. 1982 Der Nachweis

extraintestinallen entwicklungstadien (Dormozoiten) in

experimental mit Cystoisospora rivolta oozysten

infizierten Mausen. Kleiter Praxis, 27:25-34.

BURGES, D. E., SPEER, C. A. & REDUKER, D. W. 1988.

Identification of antigens of Sarcocystis cruzi

sporozoites, and bradizoites with monoclonal antibodies.

J. Parasitol 74:828-832.

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109

FAYER, R. 1980. Epidemiology of protozoan infection: The

coccida. Vet. Parasitol. 6:73-103.

GOYAL, M., GANGULY, N. K. & MAHAJAN, R. C. 1988 Cytotoxic

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and reactivated murine toxoplasmosis. Med. Microbiol.

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LOSS, Z. G. 1991. Cistoisosporose felina. Tese de

Doutoramento, Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, 104p.

SHARMA, S. F. & DUBEY, J. P. 1981. Quantitative survival of

Toxoplasma gondii tachyzoites and bradyzoites in pepsin

and trypsin solutions. AM. J. Vet. Res., 42:128-130.