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Ano XIX Número 51 31 Dezembro 2011 Estatutos do Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima Refª BD2011A-001 DECRETO DE APROVAÇÃO António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue: Depois de ser revisto, de acordo com as normas canónicas, o texto dos Estatutos do Conselho Presbiteral, havemos por bem aprovar e promulgar os presentes “Esta- tutos do Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima”, que entram em vigor nesta data. Leiria, 6 de Janeiro de 2011 † António Augusto dos Santos Marto, Bispo de Leiria-Fátima PREÂMBULO 1. O Apóstolo Pedro, ao escrever a sua primeira carta aos pastores das igrejas da Ásia Menor, recomendava-lhes: “Aos presbíteros que há entre vós dirijo esta exortação: Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, go- vernando-o de boa vontade, tal como Deus quer, com zelo, como modelos do rebanho” (cf. 1Ped 5,1-3). 2. O decreto conciliar Christus Dominus, recorda que os Bispos, como verdadeiros e legítimos sucessores dos Apóstolos, foram constituídos pelo Espírito Santo “verda- deiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores” (nº. 2), por uma especial consagração e missão, da qual fazem participantes, pelo sacramento da Ordem, os presbíteros, tornando-os, assim, “cooperadores da Ordem Episcopal para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo” (Presbyterorum ordinis, nº. 2): “O ofício dos presbíteros, enquanto unido à Ordem episcopal, participa da autoridade com que o próprio Cristo edifica, santifica e governa o seu corpo” (ib). 3. Recorda ainda o Concílio Vaticano II: “Por causa desta comunhão no mesmo sacerdócio e ministério, os Bis- pos devem estimar os presbíteros, como irmãos e amigos, e ter a peito o bem deles [...]. Estejam dispostos a ouvi-los, consultem-nos e troquem com eles impressões sobre os problemas pastorais e o bem da diocese” (Presbyterorum DELIBERAÇÕES índice deliberações Estatutos do Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima 1 Exéquias e Registo de Óbitos 5 Reconhecimento Canónico do Movimento de Leigos Vicenta Maria 5 Novo Reitor do Santuário de Fátima 6 Nomeações em Junho de 2011 6 Nomeações em Setembro de 2011 7 Nomeação do Director do Departamento de Pastoral Social e Assistente da Cáritas Diocesana 7 Nomeações diversas em 2011 7 declarações Memoriais no Santuário 8 Actividades de exorcismo por parte de Humberto Gama 8 Comunicação à Diocese da nomeação do Padre Virgílio Antunes como Bispo de Coimbra 9 Esclarecimento sobre alguns grupos de oração 9 documentos Pastorais Mensagem quaresmal Quaresma com as cores da Caridade 10 Carta Pastoral Testemunhas de Cristo no mundo 11 Mensagem de Natal Natal de esperança, de sobriedade e de solidariedade 18 textos diversos Homilia da Missa Crismal Servidores da Caridade 19 Homilia na Tomada de Posse Reitor do Santuário de Fátima 20 Homilia da Ordenação de D. Virgílio O Bispo, Servidor da Beleza do Amor que salva! 21 Homilia de Natal A Beleza e a Alegria do Natal Cristão 23 Homilia de fim-de-ano Abrir caminhos de confiança em tempo de dificuldades 23 vária Obituário 25 Clero de Leiria-Fátima em 2011 26 EDIÇÃO DIGITAL

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Ano XIXNúmero 51

31 Dezembro

2011

Estatutos do Conselho Presbiteralda Diocese de Leiria-Fátima

Refª BD2011A-001

DECRETO DE APROVAÇÃO

António Augusto dos Santos Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:

Depois de ser revisto, de acordo com as normas canónicas, o texto dos Estatutos do Conselho Presbiteral, havemos por bem aprovar e promulgar os presentes “Esta-tutos do Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima”, que entram em vigor nesta data.

Leiria, 6 de Janeiro de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

PREÂMBULO

1. O Apóstolo Pedro, ao escrever a sua primeira carta aos pastores das igrejas da Ásia Menor, recomendava-lhes: “Aos presbíteros que há entre vós dirijo esta exortação: Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, go-vernando-o de boa vontade, tal como Deus quer, com zelo, como modelos do rebanho” (cf. 1Ped 5,1-3).

2. O decreto conciliar Christus Dominus, recorda que os Bispos, como verdadeiros e legítimos sucessores dos Apóstolos, foram constituídos pelo Espírito Santo “verda-deiros e autênticos mestres da fé, pontífices e pastores” (nº. 2), por uma especial consagração e missão, da qual fazem participantes, pelo sacramento da Ordem, os presbíteros, tornando-os, assim, “cooperadores da Ordem Episcopal para o desempenho perfeito da missão apostólica confiada por Cristo” (Presbyterorum ordinis, nº. 2): “O ofício dos presbíteros, enquanto unido à Ordem episcopal, participa da autoridade com que o próprio Cristo edifica, santifica e governa o seu corpo” (ib).

3. Recorda ainda o Concílio Vaticano II: “Por causa desta comunhão no mesmo sacerdócio e ministério, os Bis-pos devem estimar os presbíteros, como irmãos e amigos, e ter a peito o bem deles [...]. Estejam dispostos a ouvi-los, consultem-nos e troquem com eles impressões sobre os problemas pastorais e o bem da diocese” (Presbyterorum

DELIBERAÇÕESíndice

deliberações

EstatutosdoConselhoPresbiteraldaDiocesedeLeiria-Fátima 1

ExéquiaseRegistodeÓbitos 5

ReconhecimentoCanónico doMovimentodeLeigosVicentaMaria 5

NovoReitordoSantuáriodeFátima 6

NomeaçõesemJunhode2011 6

NomeaçõesemSetembrode2011 7

NomeaçãodoDirectordoDepartamentodePastoralSocial eAssistentedaCáritasDiocesana 7

Nomeaçõesdiversasem2011 7

declarações

MemoriaisnoSantuário 8

ActividadesdeexorcismoporpartedeHumbertoGama 8

ComunicaçãoàDiocesedanomeação doPadreVirgílioAntunescomoBispodeCoimbra 9

Esclarecimentosobrealgunsgruposdeoração 9

documentos PastoraisMensagem quaresmal

QuaresmacomascoresdaCaridade10Carta Pastoral

TestemunhasdeCristonomundo11Mensagem de Natal

Nataldeesperança,desobriedadeedesolidariedade18

textos diversosHomilia da Missa Crismal

ServidoresdaCaridade19Homilia na Tomada de Posse

ReitordoSantuáriodeFátima20Homilia da Ordenação de D. Virgílio

OBispo,ServidordaBelezadoAmorquesalva!21Homilia de Natal

ABelezaeaAlegriadoNatalCristão23Homilia de fim-de-ano

Abrircaminhosdeconfiançaemtempodedificuldades23

vária

Obituário25

ClerodeLeiria-Fátimaem201126

EDIÇÃO DIGITAL

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ordinis, nº. 7). Como consequência deste sentir, os Padres conciliares manifestaram o desejo que houvesse em cada diocese e em conformidade com as circunstâncias e neces-sidades pastorais, “um conselho ou senado de sacerdotes, que representam o presbitério, e pelos seus conselhos, po-dem ajudar eficazmente o Bispo no governo da diocese” (ib). O Código de Direito Canónico acolheu esta indicação, ao determinar que em cada diocese se constitua o conselho presbiteral (cân. 495 §1).

CAPÍTULO I NATUREZA E COMPETÊNCIA

Artº 1º – Natureza e finalidadeO Conselho Presbiteral da Diocese de Leiria-Fátima

é um órgão de comunhão do presbitério da Diocese com o seu Bispo e dos presbíteros entre si, em razão da par-ticipação no mesmo e único sacerdócio e ministério de Cristo, no qual os presbíteros são cooperadores da ordem episcopal. Como Senado do Bispo diocesano para o go-verno da Diocese (CDC 495,1) é um órgão de verdadeira corresponsabilidade e de participação do ministério epis-copal.

§1. O Conselho Presbiteral é um órgão representativo de todo o Presbitério, que age sempre em comunhão com o Bispo diocesano.

§2. O Bispo da Diocese é o Presidente nato do Conse-lho Presbiteral, ao qual preside, pessoalmente ou através de um seu delegado.

§3. O Conselho Presbiteral é um órgão consultivo de peculiar importância, que deverá ser ouvido pelo Bispo diocesano.

§4. O Bispo diocesano pode atribuir carácter deliberati-vo ao voto do Conselho Presbiteral.

§5. É finalidade básica do Conselho Presbiteral ajudar eficazmente o Bispo diocesano na sua função de governo, a fim de promover o bem pastoral da porção do povo de Deus que lhe está confiada.

§6. O Conselho Presbiteral é um espaço de encontro e de diálogo em que o Bispo diocesano ouvirá os seus padres sobre questões respeitantes à vida da Diocese.

Artº 2º – Competências§1. O Conselho Presbiteral deve pronunciar-se nos ca-

sos em que o Direito canónico determina que este órgão seja consultado pelo Bispo diocesano:

1. Erecção, supressão ou alteração de paróquias (CDC 515 §2);

2. Destino das ofertas paroquiais e a remuneração dos sacerdotes ao serviço das paróquias (CDC 531);

3. Construção de uma nova igreja (CDC 1215 §2);4. Redução de uma igreja a uso profano (CDC 1222

§2);5. Imposição de tributos a pessoas jurídicas públicas

sujeitas ao Ordinário do lugar (CDC 1263);6. Convocação de um sínodo diocesano (CDC 461 §1).§2. Compete ao Conselho Presbiteral tratar das ques-

tões que dizem directamente respeito à vida e ministério dos presbíteros, e também daquelas que com eles estão in-directamente relacionadas.

§3. O Conselho Presbiteral deve reflectir sobre os as-suntos de maior importância pastoral na Diocese, sobretu-

do no que diz respeito à evangelização, às celebrações e ao serviço da caridade.

§4. O Conselho Presbiteral pode tratar de todos os as-suntos que digam respeito à vida diocesana, desde que o Presidente autorize a sua inclusão na agenda de trabalhos.

§5. As funções do Conselho Presbiteral devem ser exer-cidas sem prejuízo das competências que o Direito atribui a outras instituições.

CAPÍTULO IICOMPOSIÇÃO DO CONSELHO PRESBITERAL

Artº 3º – RepresentaçãoPara que o Conselho Presbiteral seja, na medida do

possível, expressão de todo o presbitério na Diocese, deve ser constituído por membros que correspondam:

1. aos diferentes ministérios dos presbíteros;2. às diferentes vigararias da Diocese;3. às diferentes comunidades de religiosos e sociedades

de vida apostólica estabelecidas na Diocese.

Artº 4º – Os diversos membrosEm conformidade com os artigos precedentes, o Con-

selho Presbiteral será constituído do seguinte modo: §1. Membros natos, em razão dos cargos que exercem:1. Vigário Geral e Vigários Episcopais;2. Vigário Judicial;3. Reitor do Seminário Diocesano;4. Reitor do Santuário de Fátima;5. Chanceler da Cúria Diocesana;6. Director do Serviço de Apoio ao Clero.§2. Membros representantes dos círculos presbiterais,

por eleição dos que deles fazem parte:1. um por cada equipa sacerdotal vicarial, constituída

pelos párocos e os outros presbíteros que prestam serviço estável na vigararia;

2. um pelos presbíteros que estão ao serviço do Santuá-rio de Fátima (capelães e outros colaboradores);

3. um pelos presbíteros responsáveis dos departamen-tos e serviços da cúria diocesana;

4. um pelos presbíteros que se dedicam predominante-mente a actividades de ensino e formação, pelos assistentes espirituais dos movimentos de espiritualidade e apostolado laical e presbíteros que não estejam incluídos em nenhum dos círculos anteriores;

5. dois pelos presbíteros religiosos e membros das so-ciedades de vida apostólica residentes na Diocese.

§3. Membros designados por livre escolha do Bispo diocesano, sendo desejável que o seu número não ultrapas-se o de 20% do número total dos membros.

CAPÍTULO IIIPROCESSO DE CONSTITUIÇÃODO CONSELHO PRESBITERAL

Artº 5º – Eleitores e elegíveis§1. Serão eleitores e elegíveis em ordem à constituição

do Conselho Presbiteral:1. Os presbíteros incardinados na Diocese e ao seu ser-

viço, mesmo na situação de reforma.2. Os presbíteros incardinados noutras dioceses, e os

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presbíteros membros de institutos religiosos ou de socie-dades de vida apostólica, residentes na Diocese e que nela exerçam legitimamente múnus pastoral.

§ 2. Os membros natos não podem ser eleitos, mas po-dem ser eleitores.

Artº 6º – Constituição dos círculos de eleitores§1. O Chanceler da Cúria elaborará a lista dos círculos

eleitorais, de acordo com o Artº 4º §2, que fará chegar a todos os presbíteros, indicando o responsável do respectivo círculo.

§2. Cada presbítero pode pertencer só a um círculo de eleitores. Quando alguém estiver ligado a vários círculos de eleitores em razão das diversas actividades que exerce, a precedência é determinada, em primeiro lugar, pela activi-dade que lhe está confiada e, subsidiariamente, pela ordem dos círculos indicada no Artº 4º, §2.

Artº 7º – Convocação dos colégios eleitorais§1. Nos prazos indicados pelo Bispo diocesano ao

Chanceler, cada círculo presbiteral reúne-se em assembleia eleitoral, convocada com a antecedência mínima de quinze dias pelo responsável de cada círculo.

§2. Cada colégio eleitoral (Artº 4º §2) é convocado pelo seu responsável, como segue:

1. os padres de cada vigararia, pelo respectivo vigário da vara;

2. os padres ao serviço do Santuário de Fátima, pelo Reitor;

3. os padres responsáveis dos departamentos e serviços da cúria diocesana, pelo moderador da cúria;

4. os padres indicados no nº. 4 do § 2 do Artº 4º, pelo de mais idade;

5. os padres religiosos e membros das sociedades de vida apostólica, pelo director do Serviço para a Vida Consagrada.

§3. Em caso de impedimento, o responsável por convo-car o colégio eleitoral poderá fazer-se representar por um seu delegado.

Artº 8º – Assembleias eleitorais§1. As eleições dos membros referidos no Artº 4º, § 2º

serão feitas por voto escrito e secreto, em assembleias es-pecialmente convocadas para o efeito.

§2. Cada assembleia terá como presidente o responsá-vel pela convocação, o qual escolherá um secretário e um escrutinador.

§3. A assembleia poderá funcionar em primeira convocatória com maioria absoluta dos eleitores; meia hora depois, com a maioria dos presentes.

§4. Caso um membro do círculo de eleitores não possa participar na assembleia e/ou não queira aceitar uma even-tual eleição, deverá comunicar a sua indisponibilidade pre-viamente e por escrito ao responsável pela convocação do círculo eleitoral.

§5. O secretário redigirá uma acta com o registo de to-dos os dados da assembleia eleitoral, indicando os resulta-dos de cada um dos escrutínios. A acta deverá ser enviada ao Chanceler da Cúria, no prazo de uma semana.

Artº 9º – EscrutínioConsidera-se eleito o presbítero do círculo que obtiver

maioria absoluta, na primeira ou na segunda votação. Se

não ficar nenhum eleito, a terceira votação será feita sobre os dois mais votados na segunda; se houver mais do que dois com o mesmo número de votos, a eleição far-se-á so-bre os dois mais velhos na ordenação e, subsidiariamente, na idade; nesta terceira votação fica eleito o que obtiver maioria simples; em caso de igualdade de votos no terceiro escrutínio, fica eleito o mais velho no sacerdócio e, subsi-diariamente, na idade.

§ Único – No caso de o eleito não aceitar o cargo, pro-ceder-se-á imediatamente a nova eleição.

CAPÍTULO IVMANDATO DOS MEMBROS

DO CONSELHO PRESBITERAL

Artº 10º – Duração do mandatoO mandato dos membros do Conselho Presbiteral tem

a duração de três anos.§1. Nenhum membro pode ser eleito para mais de dois

mandatos sucessivos.§2. Um membro do Conselho perde o mandato:1. por demissão do Bispo diocesano, quando, a seu cri-

tério, houver razões graves para o fazer;2. por pedido de dispensa do próprio, aceite pelo Bispo

diocesano;3. por cessação do cargo em razão do qual foi designa-

do ou eleito;4. após três ausências injustificadas, mesmo não con-

secutivas.§3. Quando, por qualquer motivo, um dos membros

eleitos deixar vago o seu lugar, o mesmo será ocupado pelo candidato não eleito do respectivo círculo, de acordo com a ordem decrescente dos votos obtidos, aplicando os cri-térios do Artº 9º; quando não for possível, proceder-se-á a nova eleição no respectivo círculo eleitoral.

Artº 11º – Natureza do mandatoOs membros do Conselho são representantes e não me-

ros mandatários ou comissionados dos seus círculos; por isso, gozam da consequente autonomia em relação à con-sulta dos mesmos, isto é, têm na assembleia parecer e voto pessoais, ainda que devam auscultar o grupo por que são delegados.

CAPÍTULO VFUNCIONAMENTO DO CONSELHO PRESBITERAL

Artº 12º – Competências do PresidenteCompete ao Bispo diocesano, como Presidente do Con-

selho Presbiteral:1. Determinar os prazos para a constituição do Conse-

lho Presbiteral e encarregar o Chanceler de promover as devidas eleições;

2. Nomear os membros indicados no Artº 4º §3, para uma mais perfeita representação de todo o presbitério;

3. Convocar as reuniões do Conselho e determinar a respectiva agenda de trabalhos;

4. Presidir pessoalmente ou por delegado nomeado ex-pressamente;

5. Admitir a inserção de pontos que não constem da agenda;

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6. Autorizar a admissão de peritos e de representantes “ad casum”, nas reuniões do Conselho;

7. Deliberar sobre as propostas e recomendações do Conselho;

8. Decidir sobre as comunicações a fazer, o seu conteú-do e o modo de as divulgar;

9. Informar o Conselho sobre a sequência dada às pro-postas e recomendações do mesmo.

Artº 13º – Secretário do Conselho Presbiteral§1. O Conselho Presbiteral tem um Secretário, que é

eleito no início da primeira sessão do Conselho. Conside-ra-se eleito o presbítero que obtiver maioria absoluta na primeira ou na segunda votação. Se não ficar nenhum elei-to, a terceira votação será feita sobre os dois mais votados na segunda; se houver mais do que dois com o mesmo nú-mero de votos, a eleição far-se-á sobre os dois mais velhos na ordenação e, subsidiariamente, na idade; nesta terceira votação fica eleito o que obtiver maioria simples; em caso de igualdade de votos no terceiro escrutínio, fica eleito o mais velho no sacerdócio e, subsidiariamente, na idade.

§2. Ao Secretário compete o seguinte:1. Preparar com o Bispo diocesano a agenda das sessões;2. Propor ao Bispo diocesano assuntos para serem tra-

tados pelo Conselho;3. De acordo com as indicações do Presidente, moderar

as sessões do Conselho;4. Ser porta-voz do Conselho;5. Representar o Conselho nas situações em que não for

delegado outro membro;6. Receber as sugestões e pedidos que se dirigem ao

Conselho;7. Ter o elenco actualizado dos membros, com o re-

gisto de presenças e faltas, e providenciar para que sejam feitas as necessárias substituições de membros que cessem o mandato;

8. Coordenar o trabalho do secretariado permanente e distribuir as diversas tarefas entre os seus membros.

§3. O Secretário desempenhará todas as tarefas em sintonia com o Presidente do Conselho Presbiteral.

Artº 14º – Secretariado permanente§1. O Conselho Presbiteral terá um secretariado per-

manente, constituído pelo Secretário e por mais dois ele-mentos.

§2. Os dois elementos do secretariado permanente são eleitos pelo Conselho, após a eleição do Secretário, em es-crutínios sucessivos. Para a sua eleição basta a maioria re-lativa dos votos expressos; em caso de igualdade de votos, fica eleito o mais velho no sacerdócio e, subsidiariamente, na idade.

§3. São atribuições do secretariado permanente:1. Preparar os assuntos a tratar nas sessões, recolhen-

do as informações e materiais necessários ao trabalho do Conselho;

2. Redigir a acta de cada sessão e sujeitá-la à aprovação do Conselho;

3. Dar seguimento às sugestões e decisões do Conselho;4. Coordenar e incentivar a acção de eventuais comis-

sões ou grupos de trabalho;5. Elaborar os comunicados sobre os trabalhos de cada

sessão;

6. Arquivar toda a documentação referente ao mandato de cada Conselho e às sessões do mesmo.

Artº 15º – As sessões do Conselho§1. O Conselho Presbiteral reunir-se-á, ordinariamente,

três vezes por ano; e extraordinariamente quando convo-cado pelo Presidente, a seu critério, ou a pedido de, pelo menos, um terço dos seus membros e com a devida convo-cação do Presidente.

§2. A convocatória, com a agenda de cada sessão e respectiva documentação, deverá ser enviada a todos os membros do Conselho, com a antecedência de três sema-nas. Poderá não ser enviada a indicação de assuntos cuja natureza exija reserva.

§3. Em casos urgentes o Presidente pode convocar o Conselho sem observar as habituais formalidades de con-vocação.

§4. Os membros do Conselho Presbiteral têm o dever de participar pessoalmente em todas as sessões, não se po-dendo fazer representar. A ausência deve ser justificada ao Presidente.

§5. Qualquer membro do Conselho pode apresentar ao Secretário uma proposta de assunto a ser tratado. O Se-cretário decidirá se a deve submeter à aprovação do Pre-sidente.

§6. Se um grupo de dez padres, não pertencentes ao Conselho Presbiteral, desejar expor um assunto ao Conse-lho, poderá fazê-lo, de acordo com o Bispo, mediante um representante “ad casum”.

§7. As resoluções do Conselho serão expressas por maioria absoluta de votos na primeira e segunda votação; por maioria relativa na terceira votação. Em casos espe-ciais, o Presidente poderá exigir uma maioria de dois ter-ços.

§8. As votações fazem-se por escrutínio secreto, quan-do se trata de eleições, de escolhas de pessoas e sempre que o Presidente ou o Secretário o considerem oportuno nos restantes casos as votações são feitas de braço no ar.

§9. Com autorização do Presidente, podem participar nas sessões do Conselho, sem direito de voto, pessoas que não façam parte dele, como consultores, relatores ou peri-tos, sobretudo quando a especificidade dos assuntos acon-selha a sua colaboração.

Artº 16º – Comissões do Conselho§1. O Conselho Presbiteral poderá constituir as comis-

sões que julgar convenientes, segundo critérios a estabele-cer para cada caso.

§2. Cada comissão poderá agregar a si os peritos e con-sultores que forem considerados necessários, ou solicitar-lhes o parecer, tendo obtido autorização do Presidente.

§3. Compete às comissões: elaborar em tempo opor-tuno os pareceres ou tarefas de que forem incumbidas, entregando-os ao secretariado permanente.

Artº 17º – Informação e especial reservaA fim de favorecer o clima indispensável de mútua

confiança, os membros do Conselho observarão a discri-ção conveniente sobre os assuntos tratados, sem prejuízo da informação que é devida a todos os membros do povo de Deus, especialmente aos membros do Presbitério.

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CAPÍTULO VIDISPOSIÇÕES FINAIS

Artº 18º – Cessação do ConselhoCom a vacância da Sé episcopal cessa o Conselho

Presbiteral, e as suas competências serão desempenhadas pelo Colégio de Consultores. O sucessor pode confirmar o Conselho para o restante período do triénio, ou determinar que seja constituído um novo Conselho.

Artº 19º – DissoluçãoSe o Conselho Presbiteral não desempenhar o múnus

que lhe está confiado para o bem da Diocese, ou dele abu-sar gravemente, o Bispo diocesano, depois de consultar o Metropolita, pode dissolvê-lo; mas dentro de um ano deve constituí-lo de novo.

Artº 20º – RevisãoEstes Estatutos devem ser revistos todos os seis anos e

podem ser modificados por iniciativa do Bispo diocesano, ou a pedido de pelo menos dois terços dos conselheiros.

Artº 21º – Interpretação e lacunasQualquer caso omisso ou duvidoso será decidido de

harmonia com as leis gerais da Igreja e segundo as orienta-ções do Bispo diocesano.

Exéquias e Registo de ÓbitosRefª: VG2011B-001

Como é sabido, mediante a celebração das exéquias, a Igreja pratica uma obra de misericórdia: “implora o auxílio espiritual para os defuntos e honra os seus corpos, e ao mesmo tempo leva aos vivos a consolação da esperança” (cân.1176). Trata-se, portanto, de um acto pastoral que os sacerdotes com a colaboração de outros fiéis devem reali-zar “com muita compreensão” e “delicada caridade”, espe-cialmente para com as pessoas em luto.

“Terminado o enterro, - prescreve a norma canónica - faça-se o assento no livro de óbitos, segundo as normas do direito particular” (cân. 1182). Este registo nos livros da paróquia é necessário para atestar que o fiel defunto teve funeral cristão. A regra geral é que o assento se faça na paróquia onde se celebram as exéquias e se faz o enterro.

Actualmente, porém, acontece com frequência a cele-bração de exéquias e o enterro de defuntos que não esta-vam ligados a essa paróquia. Ou casos em que a celebra-ção exequial se faz numa paróquia, por um sacerdote, e o enterro acontece noutra, com a participação do pároco do lugar. Considerando estas diversas situações, surgiram dúvidas em alguns párocos relativamente a quem cabe a responsabilidade quer pela celebração das exéquias quer pelo registo do óbito.

Assim, depois de consultar o Código de Direito Canónico (cc. 1176-1185) e de ter ouvido diversos parece-res, venho dar as seguintes orientações quanto ao modo de preceder nos casos indicados:

1. O direito canónico determina, como regra geral, que as exéquias de qualquer fiel defunto se celebrem na igreja da paróquia própria, sendo ministro o pároco ou quem faça as suas vezes (cf. cc. 530.517).

Permite, no entanto, igualmente escolher outra igreja para o funeral e também o cemitério para a sepultura, com o consentimento do reitor da respectiva igreja e a informa-ção ao pároco próprio do defunto.

2. No caso de exéquias celebradas numa igreja ou casa mortuária situada fora da paróquia a que pertencia o de-funto, ou no caso de defuntos que apenas por motivos de permanência em lar de idosos ou em casa de familiares re-sidiam no local onde faleceram, deve ser o pároco da pa-róquia a que pertencia o defunto a presidir à celebração, se for solicitado para tal e tiver possibilidades de atender ao pedido, mesmo que as exéquias e/ou o enterro se realizem fora da paróquia da sua jurisdição.

3. Quando as exéquias são celebradas pelo pároco do domicílio do defunto, fora da paróquia onde ele tem juris-dição, deverá ser ele a fazer o respectivo registo de óbito, independentemente do local onde é feito o enterro.

4. Nos casos que não se enquadrem nas situações aqui referidas, o registo de óbito deve ser feito na paróquia onde se faz o enterro.

5. Em todo o caso, é preciso assegurar que o assento se faça e evitar o duplicado do mesmo.

Leiria, 24 de Fevereiro de 2011P. Jorge Manuel Faria Guarda, Vigário Geral

Reconhecimento Canónico do Movimento de Leigos Vicenta Maria

Refª: BD2011C-006D. António Augusto dos Santos Marto, Bispo da

Diocese de Leiria-Fátima, faz saber quanto segue:A Superiora Regional das Religiosas de Maria

Imaculada, Irmã Maria del Cármen Centeno Morales, em 25 de Março de 2011, e a Presidente Nacional do Movi-mento de Leigos Vicenta Maria, Maria Helena Sousa Gon-çalves, pediram-nos o reconhecimento canónico e civil do dito Movimento.

Assim,Considerando que o Movimento de Leigos Vicenta

Maria (MOLAVIM) foi aprovado por decreto da Congre-gação para os Institutos de Vida Consagrada e as Socieda-des de Vida Apostólica, em 8 de Setembro de 2005, como associação pública de fiéis vinculada ao instituto das Reli-giosas de Maria Imaculada;

Considerando que o dito Movimento tem estatutos aprovados, com a designação de “Orientações de Vida”, pelo XXI Capítulo Geral do Instituto das Religiosas de Maria Imaculada, em 27 de Novembro de 2005;

Considerando que o mesmo Movimento tem como fi-nalidade partilhar e difundir o carisma apostólico das Re-ligiosas de Maria Imaculada colaborando com elas na mis-são evangelizadora da Igreja;

Considerando que a sede oficial do Movimento se en-contra nesta Diocese de Leiria-Fátima, na casa regional das ditas Religiosas, sita na Rua de S. João Eudes, n. 24 • 2495-651 Fátima;

Considerando que o Movimento já tem eleita a respec-tiva Junta Regional como órgão de governo previsto nas “Orientações de Vida”, n. 45;

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Considerando o bem que o Movimento pode fazer aos leigos que nele se integrarem e participarem nas suas acti-vidades e o contributo espiritual e apostólico que pode dar à Igreja diocesana e em Portugal;

HAVEMOS POR BEM1. Reconhecer na Diocese de Leiria-Fátima a asso-

ciação pública de fiéis “Movimento de Leigos Vicenta Maria” (MOLAVIM), nos termos dos cânones 303, 311 e 312, atribuindo-lhe em consequência personalidade jurí-dica canónica, com todos os efeitos inerentes previstos na legislação eclesiástica e concordatária em vigor;

2. Recomendar que, nos termos do cân. 311, o Movi-mento de Leigos Vicenta Maria, no seu apostolado e inicia-tivas, actue em cooperação com outras forças da Diocese em ordem ao melhor bem do povo de Deus;

3. Determinar que este decreto entre imediatamente em vigor.

Leiria, 27 de Abril de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Novo Reitor do Santuário de FátimaRefª: BD2011E-001

A recente eleição de D. Virgílio Antunes para Bispo de Coimbra, torna necessário nomear um novo Reitor para o Santuário de Fátima.

De acordo com os Estatutos em vigor, o Senhor Bispo de Leiria-Fátima obteve da Assembleia Plenária da Confe-rência Episcopal o “nada obsta” para a nomeação do Revº Padre Doutor Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas como Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

A tomada de posse está prevista para o dia 11 de Junho, às 11:00 h, na Igreja da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima.

O Padre Carlos Cabecinhas é presbítero da Diocese de Leiria-Fátima e trabalha de forma permanente no San-tuário de Fátima desde Agosto de 2010, desempenhando as funções de Capelão e Director do Serviço de Pastoral Litúrgica. Na Diocese é ainda Director do Departamen-to Diocesano de Liturgia, responsável pelas celebrações diocesanas e mestre de cerimónias, membro do Colégio de Consultores, membro do Conselho de Coordenação Pastoral e membro do Conselho Pastoral Diocesano. Nos serviços nacionais é Vice-Director do Serviço Nacional de Acólitos e Vogal do Secretariado Nacional de Liturgia.

Na recente visita do Papa Bento XVI a Portugal, o P. Carlos Cabecinhas foi o Director Nacional das Celebra-ções Pontifícias de Sua Santidade.

Exerce também actividade académica, no ensino supe-rior, como Professor na Faculdade de Teologia da Univer-sidade Católica, em Lisboa, e Professor no Instituto Supe-rior de Estudos Teológicos, em Coimbra. Colabora como docente em diversos cursos do Centro de Formação e Cul-tura, em Leiria. Enquanto especialista de Liturgia, é con-vidado frequente para acções de formação em todo o País e para proferir conferências na área da sua especialidade. Para além do livro que publicou sobre o desenvolvimento histórico da ciência litúrgica, tem publicados diversos tra-balhos científicos.

O Padre Doutor Carlos Cabecinhas tem 40 anos de ida-de e é natural da Bajouca, no concelho de Leiria. Em 1983 entrou para o Seminário Diocesano de Leiria, onde fez toda a formação teológica. Desde a sua ordenação sacerdotal, em 1995, tem estado ao serviço da Diocese como forma-dor do Seminário Diocesano de Leiria (até 2000), Chefe de Redacção do Órgão Oficial da Diocese (1995-2000), Se-cretário Episcopal (1996-1997), Director do Departamento de Liturgia (desde 2003) formador no Seminário Maior de Coimbra (2003 a 2010), onde se encontravam os semina-ristas da Diocese de Leiria-Fátima. Integrou também diver-sos órgãos colegiais diocesanos.

No ano de 2000, foi enviado para Roma para fazer estu-dos na área da Liturgia. Em 2003 concluiu o Mestrado em Liturgia no Pontifício Ateneu Santo Anselmo, em Roma. No âmbito da sua formação académica, deslocou-se por diversas vezes à Alemanha para fazer investigação sobre a temática da sua especialidade. Após um período intenso de estudos (2007-2008), em Roma, obteve o Doutoramen-to em Liturgia, no Ateneu Santo Anselmo. Tem lecciona-do diversas disciplinas na área da Liturgia e da Teologia Dogmática no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra, na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, no Centro de Formação e Cultura de Leiria.

Leiria, 5 de Maio de 2011.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Nomeações em Junho de 2011Refª: BD2011E-002

Por mandato do Senhor Bispo de Leiria-Fátima, D. An-tónio Marto, são tornadas públicas as seguintes nomeações:

O P. Doutor Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas foi nomeado Reitor do Santuário de Fátima, tendo já toma-do posse. Deixa as funções de Director do Departamento Diocesano de Liturgia.

O P. Sérgio Feliciano de Sousa Henriques é nomeado Director do Departamento Diocesano de Liturgia. Man-tém as funções de Pároco de Vieira de Leiria e de Carvide. Deixa as funções de Director do Serviço de Apoio Pastoral à Mobilidade e de Presidente da Amigrante.

O P. Dr. Sílvio Litvinczuk, da Ordem Basiliana de São Josafat, é nomeado Director do Serviço de Apoio Pasto-ral à Mobilidade. Mantém as funções de Pároco da Comu-nidade Ucraniana.

O P. Dr. André Antunes Batista é nomeado Cerimoniá-rio Diocesano. Mantém as funções de Prefeito do Seminá-rio Diocesano e Director do Pré-Seminário.

O P. Alcides Rocha dos Santos Neves é nomeado Direc-tor Espiritual do Movimento dos Cursos de Cristanda-de. Mantém o serviço paroquial da Ortigosa.

O P. Dr. David Rodrigues Barreirinhas é nomeado Pá-roco de Rio de Couros, de Formigais e da Ribeira do Fárrio. É nomeado também Director do Apostolado da Oração. Deixa a paroquialidade de Azóia e Barosa.

O P. Jorge Domingues de Oliveira, Missionário Com-boniano do Coração de Jesus, é nomeado Pároco de Azóia e da Barosa. Deixa o serviço na paróquia dos Marrazes.

O P. Dr. Luís Inácio João é nomeado Pároco de Parcei-ros. Mantém as diversas funções nos serviços diocesanos:

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Director do Departamento de Pastoral Social, Assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, Assistente da Cáritas Diocesana.

O P. José Mirante Carreira Frazão é nomeado Pároco de Albergaria dos Doze e de São Simão de Litém. Deixa a paroquialidade de Alqueidão da Serra.

O é nomeado Páro-co de Alqueidão da Serra. Mantém as funções de Conse-lheiro Espiritual da Sociedade de São Vicente de Paulo e de Notário-Actuário do Tribunal Eclesiástico. Deixa o serviço de Capelão dos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e de Capelão do Mosteiro da Visitação, na Batalha.

O P. Raúl Rodrigues Carnide é nomeado Capelão do Mosteiro da Visitação, na Batalha. Deixa a paroquialida-de de Vermoil e de Meirinhas. Passará a colaborar pastoral-mente na paróquia da Batalha.

O P. Dr. Orlandino Barbeiro Bom é nomeado Pároco de Vermoil e de Meirinhas. Deixa a paroquialidade de Serro Ventoso, do Arrimal e da Mendiga, bem como as funções de Vigário da Vara de Porto de Mós. Mantém as funções de Assistente Diocesano da Juventude Operária Católica.

O P. Dr. Leonel Vieira Baptista é nomeado Pároco de Serro Ventoso, do Arrimal e da Mendiga.

O P. Luís Manuel Rodrigues Ferreira e o P. Alejandro Chuquimbalqui Guélac, da Congregação dos Padres Mon-fortinos, são nomeados Párocos «in solidum» das paró-quias de Mira de Aire, da Serra de Santo António, de São Bento e de Alvados. O P. Luís Ferreira assume a tarefa de moderador do serviço pastoral.

O P. Segunda Julieta Miguel, da Diocese do Sumbe, é nomeado Pároco de Urqueira e de Casal dos Bernardos.

O P. Adelino Rodrigues Ferreira é nomeado Di-rector Espiritual da Casa do Clero da Diocese de Leiria-Fátima. Deixa a paroquialidade de Parceiros.

O P. Vítor José Mira de Jesus é enviado para prestar serviço missionário na Diocese do Sumbe, em Angola. É dispensado de todos os serviços que desempenha na Diocese.

O P. Filipe da Fonseca Lopes é dispensado de todos os serviços que desempenha na Diocese, para frequentar um programa de formação contínua durante o próximo ano pastoral.

O P. Luís Henriques Francisco é dispensado, a seu pe-dido, por motivos de saúde, da paroquialidade de Rio de Couros e de Formigais.

O P. Ángel Antonio Alonso, da Diocese de Valladolid, termina o seu serviço no Santuário de Fátima e regressa à sua diocese.

O P. José Barbosa Granja, da Arquidiocese de Braga, termina o seu serviço no Santuário de Fátima e regressa à sua Arquidiocese.

O P. Manuel Gonçalves Peixoto, da Congregação dos Padres Monfortinos, cessa as funções de Pároco das paró-quias de Mira de Aire, da Serra de Santo António, de São Bento e de Alvados.

As tomadas de posse serão no início do próximo ano pastoral.

Leiria, 13 de Junho de 2011Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Nomeações em Setembro de 2011Refª: BD2011E-003

A necessidade de alguns ajustamentos na distri-buição dos serviços pastorais levou o Senhor Bispo de Leiria-Fátima a proceder às seguintes nomeações:

O P. Clemente Dotti é nomeado Capelão do Hospital de Santo André, em Leiria. Deixa o serviço de Capelão do Santuário de Fátima e mantém as funções de Director da Casa Diocesana do Clero e membro do Serviço de Apoio ao Clero.

O Frei Moisés Lopes Semedo, da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) é nomeado Capelão dos esta-belecimentos prisionais de Leiria. Desempenhará estas funções com a colaboração da sua comunidade religiosa.

O P. José Martins Alves é nomeado Vigário da Vara da Vigararia de Porto de Mós e Assistente Diocesano do Renovamento Carismático Católico. Acumula com as funções de Pároco de Porto de Mós e de Alcaria.

O P. João Pereira Feliciano é nomeado Pároco da Me-mória. Mantém as funções de Pároco de Colmeias, Vice-Chanceler da Câmara Eclesiástica, Defensor do Vínculo e Promotor de Justiça no Tribunal Eclesiástico e Vigário da Vara de Colmeias.

O P. Martinho Manuel Vieira é dispensado, por moti-vos de saúde, das funções de Pároco e é nomeado Vigário Paroquial da Memória e de Colmeias.

O P. Nuno Miguel Heleno Gil irá realizar, por incum-bência do Bispo diocesano, estudos de especialização em Direito Canónico, na Universidade Católica Portuguesa. Mantém as funções de Pároco de Reguengo do Fetal.

Leiria, 8 de Setembro de 2011Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Nomeação do Director do Departamento de Pastoral Sociale Assistente da Cáritas Diocesana

Refª: BD2011E-004O Senhor Bispo de Leiria-Fátima nomeou o P. Joaquim

de Almeida Baptista Director do Departamento de Pas-toral Social e Assistente da Cáritas Diocesana de Leiria.

Tomará posse no dia 6 de Janeiro, acumulando com o serviço de Pároco da Caranguejeira e com as funções no Conselho de Administração do Santuário de Fátima.

O P. Joaquim Baptista substitui nestes cargos o P. Dr. Luís Inácio João, que, a seu pedido, foi dispensado.

Leiria, 22 de Dezembro de 2011Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

Nomeações diversas em 2011Refª: BD2011E-005

Para além das nomeações que foram oportunamente anunciadas, o Bispo diocesano, D. António Marto, ao lon-go do ano de 2011, fez ainda as seguintes nomeações:

1. O P. Dr. Jorge Domingues Oliveira, da Congregação dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus, foi nomeado Vigário Paroquial dos Marrazes.

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Memoriais no SantuárioRefª: BD2011B-001

Chegam com alguma frequência ao Senhor Bispo de Leiria-Fátima diversos pedidos e sugestões para que di-versas pessoas ligadas à mensagem de Fátima sejam se-pultadas em espaços do Santuário de Fátima ou tenham aí alguma representação da sua figura.

Estas solicitações e interpelações têm merecido da par-te do Bispo da Diocese e do Reitor do Santuário de Fátima toda a atenção e levaram a uma cuidada reflexão e ponde-ração.

Compreende-se a validade de muitos argumentos adu-zidos a favor destas iniciativas, bem como a exemplaridade que algumas das personalidades constituem. Entende-se, porém, que o carácter excepcional do Santuário de Fátima não é compatível com este tipo de referências pessoais.

O Santuário é o espaço que evoca, por excelência, toda a mensagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, de-vendo orientar-se exclusivamente para o anúncio da cen-tralidade de Deus e para a vivência das diversas formas de espiritualidade fatimita. Neste sentido, será de evitar tudo aquilo que possa estimular o desenvolvimento de devoções secundárias, a exaltação de figuras pessoais e culto da per-sonalidade, ou despertar interesses de carácter meramente turístico.

Dado haver um grande número de pessoas, umas mais conhecidas e outras com presença mais discreta, que en-tregaram a sua vida, de forma generosa e dedicada, à men-sagem de Fátima, não parece ao Bispo diocesano nem ao Reitor do Santuário que se promova oficialmente a reali-zação de memoriais nem de outros gestos que possam ser interpretados como formas especiais de agradecimento ou de homenagem.

É a todos evidente que neste Santuário haja espaço para os Videntes das aparições, e compreende-se que estejam assinaladas as figuras dos Papas que foram marcantes para a sua história. O amor pela causa de Fátima e uma autêntica devoção a Nossa Senhora de Fátima levarão certamente a dispensar tudo o que possa desviar as atenções daquilo que neste espaço é importante.

Leiria, 4 de Janeiro de 2011P. Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete Episcopal

Actividades de exorcismopor parte de Humberto Gama

Refª: VG2011B-002Na sequência de um programa televisivo e de notícias

aparecidas nos meios de comunicação social sobre as acti-vidades de exorcismo realizadas por Marcelino Humberto Gama, mais conhecido por “padre Humberto Gama”, che-garam ao Santuário de Fátima e à secretaria episcopal de Leiria queixas e pedidos de informação sobre a pessoa em causa.

DECLARAÇÕES2. O P. Dr. Manuel Vítor de Pina Pedro foi nomea-

do Notário-Actuário do Tribunal Eclesiástico desta Diocese, mantendo as funções que exercia até ao momen-to: Capelão do Mosteiro da Visitação, na Batalha, e Cape-lão dos Estabelecimentos Prisionais de Leiria.

3. Tendo sido nomeado um novo Reitor para o San-tuário de Fátima, foi também necessário nomear o admi-nistrador. O P. Cristiano João Rodrigues Saraiva foi re-conduzido no cargo de Administrador do Santuário de Fátima, mantendo as funções de Ecónomo Diocesano e de Administrador da Gráfica de Leiria, que já exercia.

4. Tendo falecido o P. Fernando Pereira Ferreira, foi no-meado o P. José Lopes Baptista como Administrador Pa-roquial de Monte Real, continuando a exercer as funções de Pároco do Souto da Carpalhosa e de Vigário da Vara da Vigararia de Monte Real.

5. A Irª Drª Ângela de Fátima Coelho da Rocha Perei-ra da Silva, da Congregação da Aliança de Santa Maria, foi nomeada Postuladora Diocesana da Causa de Bea-tificação e Canonização dos Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto.

6. O P. Patrício Alexandre Lopes Oliveira, que foi or-denado no dia 13 de Novembro, foi nomeado Vigário Pa-roquial da Maceira.

7. Por indicação do Revº Reitor do Santuário de Fátima foram nomeados os Corpos Gerentes do Centro de Ac-ção Social do Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima: P. Cristiano João Rodrigues Saraiva (Presi-dente), P. António Lopes de Sousa (Vice-Presidente), Irª Maria de Lurdes Pereira Gaspar (Secretária), Adelino Pereira da Silva (Tesoureiro) e Dr. Alberto Rodrigues de Freitas (Vogal).

8. O Sr. António Cerejo Moreira Caseiro foi nomea-do Presidente da Junta de Acção Social da Diocese de Leiria-Fátima, com sede na Batalha.

Leiria, 31 de Dezembro de 2011.Vítor Coutinho, Chefe de Gabinete do Bispo Diocesano

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Tendo recolhido as devidas informações, no intuito de corresponder ao interesse geral e, em especial, das pesso-as tentadas a solicitar os serviços “religiosos” do referido senhor, levamos ao conhecimento dos interessados o se-guinte:

Humberto Gama, cujo nome completo é Marcelino Humberto Gama, foi efectivamente membro da Congrega-ção religiosa dos Marianos da Imaculada Conceição, ten-do sido ordenado sacerdote no Convento de Balsamão, no concelho de Macedo de Cavaleiros, em 1965.

Foi enviado para Inglaterra, onde esteve integrado na comunidade religiosa da referida Congregação. Mas, em 1972, por motivos graves, o governo geral da mesma Con-gregação demitiu-o. Esta decisão de expulsão da congre-gação religiosa de que era membro foi confirmada pelo Vaticano, através da Congregação dos Religiosos e Insti-tutos Seculares.

Desde então, na Igreja Católica, não se reconhece ao senhor Humberto Gama qualquer legitimidade para as actividades religiosas ou de exorcismo que realiza, sendo abusivos o título de “padre” com que se apresenta, o uso de vestes sacerdotais e a prática de ritos religiosos. É igual-mente abusiva a divulgação de uma sua fotografia com o Papa João Paulo II, para tentar legitimar e provar a sua condição de padre e para servir de cartão de visita para ser contactado nos arredores de Fátima.

A quem se encontra em dificuldades que julga serem espirituais, aconselha-se o recurso a uma prática cristã re-gular e a solicitar a ajuda de quem mereça confiança para o poder fazer e tenha o reconhecimento da Igreja, quer seja um sacerdote, um religioso ou religiosa ou mesmo um cris-tão leigo.

Recomenda-se, por outro lado, aos sacerdotes e a ou-tros fiéis cristãos capazes de ajudar pessoas em dificuldade psico-espiritual que as acolham com caridade, as escutem com paciência e inteligência, façam oração por elas e, con-forme as situações, as encaminhem para outros apoios ade-quados ao caso em questão.

Leiria, 28 de Fevereiro de 2011P. Jorge Manuel Faria Guarda, Vigário Geral

Comunicação à Dioceseda nomeação do Padre Virgílio Antunes como Bispo de Coimbra

Refª: BD2011B-003No clima de festa e de esperança que caracteriza o tem-

po pascal é para mim motivo de renovada alegria poder anunciar à Diocese que o Santo Padre Bento XVI acaba de nomear o nosso caríssimo Padre Dr. Virgílio Antunes, membro do nosso presbitério e Reitor do Santuário de Fá-tima, para Bispo da Diocese de Coimbra.

A sua rica e múltipla experiência pastoral, amadurecida nos diversos cargos que desempenhou, bem como os seus dotes humanos, intelectuais e sacerdotais, são o melhor testemunho de que ele está bem preparado para assumir a responsabilidade pastoral de uma Diocese tão significa-tiva como é a de Coimbra, rica de história e de vitalidade eclesial.

Quero assegurar ao novo Bispo eleito a estima, a ami-zade, a gratidão e a oração da minha parte e de toda a nossa Diocese, que ele serviu com amor e inteligência ao longo de tantos anos.

Ao Senhor D. Virgílio expressamos as nossas mais vi-vas felicitações pelo dom do episcopado, fazemos votos de felicidades para a nova missão e desejamos que continue a ser testemunha de esperança para todos, com a protec-ção materna de Nossa Senhora e a intercessão dos beatos Pastorinhos de Fátima.

A ordenação episcopal, para a qual convido todos os diocesanos, será na tarde do dia 3 de Julho, no Santuário de Fátima.

Leiria, 28 de Abril de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Esclarecimento sobrealguns grupos de oração

Refª: VG2011B-003Na diocese de Leiria-Fátima, além das associações de

fiéis, dos movimentos de espiritualidade e apostolado e dos grupos paroquiais, têm surgido recentemente, em vários lugares, grupos de oração inspirados em diversas corren-tes de espiritualidade e de piedade, por vezes mariana e fatimita. Resultam da iniciativa de fiéis leigos, reúnem-se normalmente em casas particulares, sem se confundirem com os da leitura orante da palavra de Deus impulsionados pelo bispo diocesano. Tais grupos proporcionam a prática da oração e o desenvolvimento da vida espiritual, o que é motivo de louvor a Deus e de alegria para a Igreja.

Entretanto, chegaram ao bispo diocesano notícias de que, em alguns desses grupos, havia pessoas perturbadas por causa de mensagens amedrontadoras ou conselhos pouco sensatos para os comportamentos pessoais. Em al-guns deles circulam mensagens de videntes e de pretensas aparições da Virgem Maria, cujas mensagens, por vezes de teor apocalíptico a prever o fim do mundo, não merecem a adesão de cristãos com bom senso e recta formação na fé, pois contribuem mais para gerar medo e angústia nos cora-ções de que para uma sadia prática da devoção religiosa e crescimento da vida espiritual.

Em ordem a que tais grupos de oração sejam realmente espaços saudáveis de relação com Deus e de sã devoção à Virgem Maria e para esclarecimento das pessoas de boa fé, de modo a não se deixarem enganar, faço as seguintes recomendações:

1. É louvável que os fiéis leigos tomem iniciativas para constituir grupos de oração. Muito se recomenda, todavia, que dêem conhecimento deles aos respectivos párocos para que possam, assim, receber o seu acompanhamento espi-ritual e a sua ajuda fraterna de pastores. Os animadores procurem adquirir uma formação adequada a fim de se tor-narem mais competentes para ajudarem os irmãos e faze-rem oração com maior proveito. Na adesão a tais grupos, os fiéis católicos procurem informar-se sobre os mesmos e se têm a aprovação por parte dos pastores da Igreja, no-meadamente do pároco local. Os pastores, por seu lado, procurem avaliar as iniciativas dos leigos, reconheçam o

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Mensagem quaresmalQuaresma com as coresda Caridade

Ref.ª: BD2011B-002Eis-nos de novo na Quaresma que nos prepara e con-

duz à celebração da Páscoa da Ressurreição. É um tempo litúrgico muito precioso e importante para cuidar da qua-lidade da nossa vida espiritual; tempo especial de recolhi-mento e de oração para discernir a presença de Deus na nossa vida, para aferir a verdade e a autenticidade das nos-sas opções, dos nossos comportamentos, do nosso estilo de vida à luz da Palavra de Deus e dos desafios do nosso tempo.

Hoje corremos o risco de nos deixar seduzir pelo es-tilo consumista, na busca de um bem estar meramente material, que um autor descreve de modo acutilante: “O consumismo converteu-se na ‘nova religião’ do homem moderno. A meta absoluta consiste em possuir e gozar: eis a sua doutrina. Para isso é necessário trabalhar e ganhar di-nheiro: eis a sua ética e os seus valores. As grandes superfí-cies são as novas catedrais: eis os seus lugares de culto. Os praticantes acodem à sua compra semanal: eis o preceito de fim de semana. Vivem com devoção intensa as grandes festas (Natal, Ano Novo, férias, casamentos, dia do pai, da mãe, dos namorados...)... Temos de tudo e carecemos de paz e de alegria interior” ( J. A. Pagola).

Neste horizonte cultural, o Santo Padre na sua mensa-gem de Quaresma convida-nos a reavivar – a viver de novo ou mais intensamente – a graça do nosso baptismo, a vida nova em Cristo, nestes termos: “deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo, no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, supe-rando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo”.

Quaresma com as cores da caridadeO percurso pastoral da nossa Diocese neste ano é

orientado à vivência e ao testemunho da caridade. “A caridade transformará o mundo, porque Deus é Amor” (Bento XVI). Queremos pois, que o percurso quaresmal ajude a embelezar a nossa existência pessoal e a vida das nossas comunidades com as cores da caridade. Estas cores brilham para nós no rosto de Cristo, nos sentimentos do seu coração terno, compassivo e misericordioso; e hão-de brilhar em nós, no nosso ser e no nosso agir, na medida em que nos revestirmos dos sentimentos de Cristo.

Através das práticas tradicionais da oração, do jejum e da esmola, a Quaresma educa-nos a viver a beleza e a ri-queza da caridade como relação fraterna, doação, partilha e serviço de amor concreto a quem necessita de ajuda.

Momento especial de oração comunitária será cer-tamente a peregrinação diocesana ao Santuário de Fá-tima, no dia 10 de Abril, sob o lema: “Com Maria e os

DOCUMENTOS PASTORAISque é bom, acolham-no e dêem aos fiéis esclarecimentos e apoios oportunos.

2. Na prática da oração, tenham-se em conta os ensinamentos de Jesus que adverte para não se usarem de vãs repetições e não se pensar que, por muito falar, se é atendido (cf Mt 6, 5-15). O modelo da oração do cristão é o “Pai nosso”, quer no conteúdo quer na atitude, como ensina o Catecismo da Igreja Católica. É verdade que há vários modos de fazer oração, mas nem todas têm o mesmo valor. Prefira-se as que se baseiam na palavra de Deus e as que são aprovadas pela Igreja, em vez das que resultam de visões ou aparições privadas não confirmadas pelos pasto-res da Igreja.

3. Perante mensagens que anunciam o fim do mun-do e castigos para breve, os fiéis católicos não se deixem amedrontar. Jesus exortou os seus discípulos a não terem medo. E, sobre o fim do mundo, disse-lhes que tivessem cuidado para que ninguém os desencaminhasse nem enga-nasse, porque viriam muitos em seu nome que haveriam de enganar muita gente, “mas aquele que se mantivesse firme até ao fim seria salvo”. E acrescenta: “Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe: nem os anjos do Céu, nem o Filho, só o Pai” (ver Mt 24, 3-36). Portanto quem pretende ter recebido uma visão a indicar o fim do mundo para breve ou indicando uma data está a inventar isso por sua cabeça e a mentir.

4. Também S. Paulo recomendou aos cristãos de Tessa-lónica que examinassem as profecias e retivessem somente o que fosse bom ( 1 Tes 5,20-22). É que já no seu tem-po, particularmente na comunidade de Tessalónica, havia quem difundisse mensagens amedrontadoras, usando por vezes abusivamente o nome de um apóstolo. Paulo acon-selha: “Não vos aterrorizeis com uma revelação profética, uma palavra ou uma carta atribuída a nós, como se o dia do Senhor estivesse eminente” (2 Tes. 2,2). Hoje, há quem use o nome de Nossa Senhora ou o seu Imaculado Cora-ção para divulgar esse tipo de mensagens. É preciso não se deixar enganar. O critério para avaliar se uma mensagem, venha ela de onde vier, pode ser tida por verdadeira é a sua conformidade com o Evangelho de Jesus Cristo e a doutri-na cristã.

5. Tenham os fiéis algum cuidado quando se lhe pede dinheiro nos grupos de oração. Não dêem quando as finali-dades não são claramente indicadas ou não há uma certeza fundada de que o mesmo será bem utilizado. Há quem se aproveite da generosidade dos outros.

6. Para evitar deixar-se enganar, recomenda-se aos fiéis católicos que cuidem da sua própria formação na fé, quer pela leitura e estudo pessoal quer frequentando as iniciati-vas paroquiais ou mesmo a Escola diocesana “Razões da Esperança” e o Centro de Formação e Cultura; e quaisquer acções de formação proporcionadas na Igreja.

Leiria, 19 de Julho de 2011P. Jorge Manuel Faria Guarda, Vigário Geral

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Pastorinhos, aprendemos o serviço humilde da caridade”. Apelo à participação de todos os fiéis, incluindo os sacer-dotes, os religiosos e as religiosas.

Avivar a chama da caridade: o Retiro popularA oração é um ir à fonte da caridade onde recebemos

a luz, a coragem e a força de amar. Como nos anos ante-riores, oferecemos o Retiro do Povo de Deus com o títu-lo “Avivar a chama da caridade”, sob a forma de leitura orante da Palavra de Deus. É um meio maravilhoso e im-portantíssimo para ler e meditar os Evangelhos, compre-ender o grande amor que Jesus nos mostra e comunica na sua vida, paixão e morte. A finalidade deste retiro é ajudar a formar em nós “um coração que vê onde há necessidade de amor e actua em consequência” (Bento XVI).

A caridade em nós dilata-se na medida em que com-preendemos como Jesus amou e tratou os pequenos, os frágeis, os pobres, os sofredores, os marginalizados, os inimigos e na medida em que nos deixamos contagiar pelo testemunho dos que procuraram dar corpo à caridade nas mais variadas situações: “os santos da caridade”.

Doação e partilha: Fundo Social Solidário e VoluntariadoO jejum e a esmola educam-nos a superar o egoís-

mo para viver na lógica da doação, do amor e da partilha com o próximo em necessidade. Nesta lógica, a renúncia quaresmal dos cristãos da nossa Diocese será destinada ao Fundo Social Solidário instituído pela Conferência Episcopal Portuguesa. Este Fundo é de carácter emergente em ordem a responder às situações de carência mais graves neste momento de crise socioeconómica. Implica todos os cristãos e é responsabilidade de todas as comunidades.

Nesta mesma lógica apelo a que o tempo da Quaresma seja também de sensibilização e proposta de percursos de voluntariado, adequados à idade e à condição das pesso-as, para “oferecer à comunidade um tempo de gratuidade ao serviço dos outros”, particularmente dos mais abando-nados e esquecidos.

Neste Ano Europeu do Voluntariado, faço votos de que o ano de 2011 “constitua uma oportunidade para os cida-dãos, nomeadamente os cristãos, com especial referência aos mais novos, a serem expressão do amor gratuito de Deus pelos últimos”(Nota Pastoral da Conferencia Epis-copal).

Aproveito também esta ocasião para incentivar os jo-vens das nossas comunidades a participar nas próximas Jornadas Mundiais da Juventude, no mês de Agosto, em Madrid, que contribuirão para abrirem o seu coração às di-mensões universais do amor.

Confiemos à Virgem Mãe o caminho da nossa conver-são quaresmal: que Ela nos ajude a abrir o coração ao Se-nhor e a seguir as Suas inspirações e os Seus apelos no serviço humilde da caridade.

Leiria, 4 de Março de 2011 † António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Carta PastoralTestemunhas de Cristo no mundo

“A vós a graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.Todas as vezes que me lembro de vós, dou graças ao meu Deus, sempre, em toda a minha oração por todos vós. (...) E é por isto que eu rezo: para que a vossa ca-ridade aumente ainda cada vez mais em clarividência e em verdadeira sensibilidade para discernir o que é mais conveniente, e assim sejais puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo” (Fil 1, 2-3.9-10).

Caros Diocesanos, Irmãos e Irmãs em Cristo:

Escolhi estas palavras do apóstolo Paulo para exprimir o afecto que me liga a vós como bispo, traduzido na oração e nesta carta pastoral através da qual vos envio uma sau-dação fraterna.

Além disso, S. Paulo desperta a nossa sensibilidade para o tema da caridade que marcou o ano pastoral findo e que caracterizará também, numa vertente nova, o ano pas-toral que começa.

Foi belo e entusiasmante o que vimos e vivemos, de perto e ao vivo, nos encontros vicariais, nas visitas pasto-rais e no retiro popular sobre o tema da carta pastoral “Cha-mados à Caridade”. Nada poderá apagar da minha memó-ria e do meu coração a satisfação, as emoções e a comoção que me foi dado sentir ao ver como a caridade tocava fundo o coração das pessoas, ao contemplar os numerosos ho-mens e mulheres comprometidos, generosa e alegremente, no testemunho da caridade de proximidade, de partilha e apoio junto de quem necessita ou sofre, e que não faz no-tícia mediática.. Creio que o ano pastoral representou um salto em frente na organização da pastoral sócio-caritativa em muitas das nossas comunidades, para deixarem trans-parecer a Beleza do Amor divino que sustenta e salva o mundo. É, pois, motivo de acção de graças ao nosso Deus!

O percurso do novo ano pastoralNo presente ano pastoral concluiremos o último biénio

do projecto traçado pelo Sínodo diocesano. Este biénio é dedicado à missão da Igreja ao serviço da pessoa humana. Durante este ano centrar-nos-emos mais no testemunho da caridade de Cristo através das obras de justiça, de promo-ção do desenvolvimento humano e de paz, ao serviço da dignidade da pessoa numa sociedade justa e fraterna. Eis como o Papa Bento XVI apresenta este aspecto:

“A caridade na verdade é uma força extraordinária que impele as pessoas a comprometerem-se com coragem e ge-nerosidade no campo da justiça e da paz. (...) Ama-se tanto mais eficazmente o próximo, quanto mais se trabalha em prol do bem comum que dê resposta também às suas ne-cessidades reais” (CV nn. 1.7), criando condições de vida digna e justa.

João Paulo II especifica deste modo: “a caridade toma-rá então necessariamente a forma de serviço à cultura, à política, à economia, à família para que em toda a parte se-jam respeitados os princípios fundamentais de que depen-de o destino do ser humano e o futuro da civilização. (...)

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Esta vertente ético-social é uma dimensão imprescindível do testemunho cristão” (NMI nn. 51.52).

Para este ano pastoral propusemo-nos três objectivos: despertar nos cristãos a consciência da sua missão no mundo em ordem à evangelização e humanização das re-alidades temporais; promover uma espiritualidade e uma formação do compromisso cristão na sociedade; desenvol-ver o apostolado laical, pessoal e associado, nos diferentes âmbitos da vida.

Como lema bíblico escolhemos uma frase de Jesus ex-traída do sermão das Bem-Aventuranças: “Brilhe a vossa luz diante dos homens” (Mt 5, 16). E como símbolo esco-lhemos a “Luz de Cristo” (Cristo, Luz do mundo) que os cristãos são chamados a levar ao coração do mundo com o testemunho da sua vida.

1. Os desafios de hoje

1.1. Por quem os sinos dobram? O fim de um mundo

No passado dia 1 de Julho, o Papa Bento XVI, evo-cando os sessenta anos de sacerdócio, caracterizava as-sim o tempo da sua ordenação sacerdotal: “ Em 1951, o mundo era totalmente diferente: não havia televisão, não havia internet, nem computador nem telemóvel. Parece realmente um mundo pré-histórico aquele do qual vimos. Sobretudo, as nossas cidades estavam destruídas; de igual modo a economia e reinava uma grande pobreza material e espiritual. Mas também havia uma forte energia e vontade de reconstruir este país e de renová-lo, na Comunidade Eu-ropeia sobretudo, sobre o fundamento da nossa fé. Assim começámos com grande entusiasmo e com grande alegria naquele momento”.

Hoje assistimos, de facto, ao nascimento dum mundo novo que é, ao mesmo tempo, fascinante e difícil, cheio de possibilidades e de contrastes tremendos.

É, antes de mais, um mundo marcado pela globalização que abriu novas possibilidades e novos horizontes a todos os níveis desde o conhecimento à mobilidade e aos merca-dos. Experimentamos porém como a globalização desre-gulada dos mercados financeiros e económicos produziu uma crise sem precedentes com consequências sociais de desemprego, de exclusão social e pobreza tremendas.

Todos reconhecem hoje que esta crise é a ponta do ice-berg de uma outra mais funda e profunda que é da ordem dos valores e de défice de espiritualidade.

O nosso mundo é plural e pluralista: nele vivem e con-vivem diferentes crenças, religiões e culturas, sendo, por-tanto, um mundo permanentemente sujeito à tentação do relativismo e do individualismo. Torna-se difícil encontrar uma plataforma de valores fundamentais comuns e parti-lhados por todos. As novas tecnologias seduzem a ponto de se confiar que a técnica resolva todos os problemas e nos dispense de pensar a vida pessoal, familiar e social com fundamentos sólidos. Vão-se impondo os interesses individuais enquanto se põem de parte o bem comum e a solidariedade.

Todos estes problemas criam um ambiente de incer-tezas, de insegurança e de medos em relação ao futuro. Estamos a viver uma certa cultura do desencanto, de crise de confiança na vida, na bondade da vida e do mundo. A

crise de confiança é também uma crise de fé na outra di-mensão de vida aberta ao mistério de Deus e do seu amor que salva e sustenta o mundo.

Por quem os sinos dobram? – é o título dum livro de Ernest Hemingway que escolhi para realçar a crise do mo-mento presente. Os sinos dobram pelo fim de uma era, de um mundo, de uma estação cultural que era compacta e sólida e anunciam, tristemente, o surgir duma cultura do vazio, da desconstrução dos fundamentos sólidos (de gran-des ideais, de valores, de grandes causas e projectos): uma cultura que, entretanto, se instalou na sociedade e que leva o mundo a invocar um “suplemento de alma” e uma reno-vada esperança de salvação.

1.2. O cristão aberto ao mundo, inserido na sociedade

A presença e a missão do cristão no mundo nem sempre foi correctamente compreendida e equacionada.

Não vai longe o tempo em que se olhava para o mundo com uma visão negativa que acentuava o desprezo ou menos apreço das realidades do mundo. É uma visão que tinha a sua origem numa espiritualidade intimista, desincarnada em que o mundo era considerado como “inimigo da alma”, como reino do mal e ocasião de pecado. Ainda hoje se nota o refú-gio de muitos nas coisas ou tarefas da Igreja, onde se encon-tra mais protecção e menos riscos, deixando o mundo correr por sua própria conta e não se deixando contagiar por ele.

Uma outra atitude, bastante espalhada, é o divórcio entre a fé professada na comunidade cristã e a vida quo-tidiana na família, na profissão, na escola, nas relações económicas, sociais e políticas. É a atitude de quem vive pensando ou dizendo: “O que o Evangelho diz e propõe é belo, talvez demasiado belo... mas a vida concreta é com-pletamente diferente”. Assim, fé e vida correm por vias paralelas: a vida privada e a vida secular, até chegar ao extremo de uma total mundanização dos critérios e valores vividos por muitos cristãos, completamente distantes do Evangelho de Jesus.

Nas duas atitudes mencionadas não há pontes que per-mitam o diálogo ou encontro entre a fé e a cultura. Existe, antes, a rotura ou a indiferença total.

Notamos ainda que está presente na sociedade, sobre-tudo na Europa, um certo laicismo agressivo e intolerante para com a presença dos cristãos e da Igreja na vida públi-ca, social ou cultural. Manifesta uma clara hostilidade para com tudo o que é cristão e para com os próprios cristãos. Tem uma força intimidatória que leva muitos a viverem uma fé envergonhada, clandestina, com complexos de in-ferioridade e certo medo.

Outra tentação é fazer do cristianismo uma mera “reli-gião civil” reduzindo-o a uma agência de moralidade pú-blica em ordem à coesão social, a uma mera organização não governamental de solidariedade social ou instrumenta-lizando a Igreja em relação ao poder para fins mundanos. Assim, diluir-se-ia o específico, a novidade da fé cristã.

A fé em Jesus Cristo Salvador não permite aos fiéis de-sertar do mundo que Deus confiou aos homens como dom e missão para o tornar casa comum e digna de todos. O Concílio Vaticano II clarificou a relação da Igreja e dos cristãos com o mundo em termos de encontro, diálogo, so-lidariedade, colaboração mútua e serviço à pessoa humana e à sociedade. Hoje é assente e pacífico que a Igreja não é

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nem quer ser nenhum poder mundano nem estar ao serviço de qualquer poder do mundo.

“Todas as realidades humanas seculares, pessoais e so-ciais, ambientes e situações históricas, estruturas e insti-tuições, são o lugar próprio do viver e do agir dos cristãos leigos. Estas realidades são destinatárias do amor de Deus; o empenho dos fiéis leigos deve corresponder a esta visão e qualificar-se como expressão da caridade evangélica” (CDSI n. 543).

O actual momento de crise que atinge toda a nossa so-ciedade portuguesa reclama dos cristãos este forte empe-nho da caridade em todas as suas dimensões, seja de proxi-midade seja social e política, para construir uma sociedade toda ela solidária em que todos demos as mãos para fazer face aos problemas maiores do desemprego, da pobreza e da doença.

2. Testemunhas de Cristo no mundo

Várias vezes e de vários modos, Jesus convida os discí-pulos a serem suas testemunhas no mundo. “Pode dizer-se que o testemunho é o meio com o qual a verdade do amor de Deus alcança o homem na história” (SC n. 85). Vamos pois meditar três passagens do Novo Testamento sobre este aspecto, na forma de “lectio divina”.

2.1. “Brilhe a vossa luz diante dos homens” (Mt 5, 16): testemunho da santidade de vida quotidiana

O contexto da passagem evangélica de Mt 5, 13-16 é o discurso das Bem Aventuranças. Este dado é importante para compreender todo este texto, mormente a expressão chave “brilhe a vossa luz diante dos homens...”. É a partir das Bem Aventuranças que Jesus define a identidade dos discípulos, a sua vocação e missão no mundo: ser sal da terra e luz do mundo. Assim é sublinhada a dimensão so-cial da existência cristã. Quando o cristão vive o discurso da montanha dá fruto na sociedade e a sua obra não pode ficar escondida. É reflexo da luz de Deus; irradia-a inevita-velmente. Contribui para a edificação social, para a rede de relações fundada sobre o Evangelho.

A riqueza das imagens:“Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo” Jesus usa aqui quatro imagens seguidas e entrosadas

umas nas outras para caracterizar a identidade e a missão dos discípulos: sal da terra, luz do mundo, cidade sobre o monte, lâmpada sobre o alqueire.

O sal entende-se como um ingrediente que serve para catalisar o calor para o solo, para fertilizar, reavivar, ani-mar, dar gosto, sabor e sabedoria e evitar a corrupção.

A luz faz ver o sentido do caminho, revela o verdadeiro rosto das pessoas e das coisas.

A cidade sobre o monte e a lâmpada sobre o alqueire mostram a dimensão comunitária e universal da missão dos discípulos em relação ao mundo, à história e à existência da humanidade. Quer dizer que os discípulos com o seu agir são importantes para a história do mundo. São bênção ou maldição. Não podem dizer que estão à parte porque a sua relação com o mundo e a história é algo intrínseco à sua vocação e missão.

A mensagem principal do texto:“Brilhe a vossa luz diante dos homens” A força do texto reside na conclusão. Esta é o ponto de

chegada de uma série tão rica de imagens: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está no Céu”. Esta é a mensagem principal do texto: os discípulos são sal, luz, cidade sobre o monte, lâmpada realizando as “obras boas e belas”. Quais são essas obras?

São antes de mais as bem aventuranças e também as atitudes éticas que nos versículos seguintes descrevem o comportamento novo dos discípulos, tais como o respeito pela vida humana, a dedicação ao próximo, a fidelidade ao amor matrimonial, a pureza de coração, a verdade e a sinceridade na relação, a capacidade do perdão, o construir comunidade, a paz.

Estas obras boas e belas são a primeira forma de missão e evangelização dos cristãos no mundo, são o testemunho da santidade de vida quotidiana como o melhor contributo para a renovação do mundo e da história.

2.2. “Havia um homem rico... Um pobre, chamado Lázaro, jazia ao seu portão, coberto de chagas” (Lc 16,19-20): testemunho da justiça social

O Evangelista S. Lucas transmite-nos uma célebre e inesquecível parábola de Jesus sobre o homem rico e o po-bre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31), que interpela e sacode pro-fundamente a consciência e a conduta social dos cristãos.

A parábola tem um estilo rico de imagens e símbolos que não são fáceis de explicar. Está colocada no capítu-lo 16 que é todo ele um aviso luminoso e intenso sobre a posse e a utilização dos bens materiais e sobretudo das riquezas.

O contraste entre duas figuras e dois mundos:o rico avarento e o pobre LázaroO texto não pretende fazer uma exaltação da figura do

pobre pelo facto de ser pobre, nem uma condenação do rico pelo facto de possuir riquezas materiais. O que está em causa é o contraste entre as duas figuras ou os dois mundos, o rico e o pobre. Um contraste caracterizado pela indife-rença e insensibilidade do rico em relação ao pobre. O rico avarento personifica o uso iníquo das riquezas por quem as usa para um luxo desenfreado e egoísta sem cuidar do pobre que está à sua porta.

O rico não fazia nada de mal, é verdade: não roubava nem matava. Pior ainda, ele não fazia absolutamente nada. Este é o nó do problema. Para ele era absolutamente na-tural que Lázaro vivesse na miséria, com fome, enquanto ele vivia rodeado de bens materiais. O homem rico olhava com indiferença a miséria do mundo sem fazer nada para mudar essa situação. O seu drama foi, precisamente, o en-durecimento do seu coração, a sua cegueira interior. Se não vemos e se não nos damos conta do sofrimento dos seme-lhantes, não temos lugar no Reino do Céu.

A página evangélica vem confirmar que não se pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro (cf. 16,13). O que o rico fez foi tornar a riqueza no seu verdadeiro deus, num ídolo do qual ficou prisioneiro e o tornou insensível à miséria que estava à sua porta.

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O Reino de Deus e a justiçaA descrição do “mais além” usa as imagens do seu tem-

po (seio de Abraão, abismo, etc.). Não pretende oferecer uma “geografia” da eternidade, mas mostrar os valores da justiça de Deus, advogado do pobre, e alertar sobre a se-riedade e as consequências das nossas opções e da nossa conduta nesta terra.

O final do texto deixa claro que a conversão não depen-de de sinais prodigiosos, mas da escuta atenta da Lei e dos Profetas. Uma grande parte da Lei constitui um verdadeiro tratado de justiça social e económica que reclama a solida-riedade e a partilha entre os homens. Por sua vez, a denún-cia dos profetas neste âmbito toca diferentes realidades: desde a ânsia das riquezas e comércio injusto à opressão dos pobres, à exploração laboral e social (cf. Am 4, 1-3; 5, 10-15; 6, 1-7; 8, 4-7; Miq 2, 1-3; Is 1, 21-26).

O significado social e mundial da parábolaAssim, esta parábola presta-se a uma leitura em chave

social e mundial, como fez Paulo VI: “Trata-se de cons-truir um mundo em que cada homem possa viver uma vida plenamente humana, onde o pobre Lázaro possa sentar-se à mesma mesa do rico” (PP n. 47). João Paulo II aplica-a ao desenvolvimento humano integral: “É indispensável, conforme o voto já expresso na encíclica Populorum Pro-gressio, reconhecer a cada povo igual direito a ‘sentar-se à mesa do banquete comum’ em vez de ficar de fora, à por-ta, como Lázaro, enquanto ‘os cães lhe vinham lamber as chagas’. Tanto os povos como as pessoas individualmente devem gozar da igualdade fundamental sobre a qual está baseada a Carta da ONU; esta igualdade é o fundamento do direito à participação de todos no processo de desenvol-vimento integral” (SRS n. 33).

E na viagem apostólica aos Estados Unidos, em 1979, João Paulo II foi ainda mais explícito na homilia em Nova York : “A parábola do rico e do Lázaro deve estar sempre presente na nossa memória; deve formar a nossa consciên-cia. (...) Cristo pede uma abertura que é mais que atenção benigna ou amostra de atenção ou semi esforço que deixam o pobre tão desvalido como antes ou ainda mais. Toda a humanidade deve traduzir a parábola em termos contem-porâneos, em termos de economia e política, em termos de plenitude de direitos humanos, em termos de relação entre o ‘primeiro’, ‘segundo’ e ‘terceiro mundo’. Não podemos permanecer ociosos quando milhares de seres humanos es-tão morrendo à fome. Não podemos permanecer ociosos gozando as nossas riquezas e liberdade se nalgum lugar o Lázaro do século XX está à nossa porta”.

2.3. “Percorrendo a vossa cidade e observando os vossos monumentos sagrados...” (Act 17, 23): diálogo com a cultura humana

A estadia de S. Paulo na cidade de Atenas ilustra o diá-logo entre a fé e a cultura (cf. Act 17, 16-34).

“Percorrendo a vossa cidade”:o conhecimento do ambiente e da culturaEm primeiro lugar, Paulo começa por fazer uma visita à

cidade para conhecer o meio em que se encontra. De facto, Atenas era a capital cultural da Grécia: uma das cidades mais belas da época, cheia de animação, de cultura como

o são hoje, a seu modo, Paris, Roma ou Nova York. Paulo admira os magníficos monumentos, as ricas casas esculpi-das em pedra branca, os teatros, as fontes e os numerosos templos onde se adorava uma multidão de divindades.

Além disso, a acção de Paulo desenvolve-se na “praça pública” (a ágora), aberta e profana, símbolo da democra-cia e da troca livre de ideias, do mundo pluralista. Aí se re-alizava o mercado, como também o encontro de gentes das mais variadas culturas, crenças, filosofias e se discutiam todas as novidades. Paulo também entrava neste diálogo e nesta discussão intercultural apresentando a novidade da fé cristã, suscitando estranheza, curiosidade e admiração, mas sem medo de se confrontar com a diversidade dos outros.

Tudo isto permitiu-lhe conhecer a religiosidade, a filo-sofia, a literatura e a arte da cultura grega e, assim, discernir nelas as interrogações, as buscas e os gérmenes de esperan-ça que aí estavam presentes.

O discurso de Paulo no areópago: “Aquele que veneraissem o conhecer, é esse que eu vos anuncio”Por fim, Paulo é convidado a ir ao areópago, à acade-

mia dos intelectuais e juízes, para fazer a apresentação da Boa Nova da fé cristã. O seu discurso no areópago é um modelo do anúncio do Evangelho num ambiente cultural diverso e adverso. Serve-se da linguagem, das referências e modalidades acessíveis ao seu auditório, valoriza o que a cultura e a religiosidade pagãs têm de positivo e autêntico, e o que as aproxima da mensagem cristã. Todavia, no final do discurso, apresenta a novidade específica do anúncio cristão que consiste num facto: Deus revelou-se pessoal-mente. “Aquele que venerais sem o conhecer, é esse que eu vos anuncio”. Trata-se da revelação definitiva de Deus que se centra em Cristo ressuscitado e do julgamento a Ele as-sociado, que exige decisão e compromisso. O diálogo não pode omitir ou diminuir a importância e a centralidade da fé em Cristo.

Paradigma do encontro entre o Evangelho e a culturaJoão Paulo II considera este discurso de S. Paulo para-

digmático do encontro entre o Evangelho e a cultura: “Pau-lo, depois de ter pregado em numerosos lugares, chegado a Atenas dirige-se ao areópago onde anuncia o Evangelho, usando uma linguagem adaptada e compreensível naque-le ambiente. O areópago representava então o centro da cultura do douto povo ateniense e hoje pode ser assumido como símbolo dos novos ambientes em que se deve pro-clamar o Evangelho” (RM 37).O mesmo S. Paulo, noutros lugares, nos exorta a viver no mundo plural com aquela liberdade crítica que nos leva a discernir primeiro, para de-pois assumir o positivo ou rejeitar o negativo. “Examinai tudo e guardai o que é bom” (1 Tes 5, 21); “Irmãos, atendei a tudo quanto há de verdadeiro, de nobre, de justo, de puro, de amável, de respeitável, de virtuoso, de digno de louvor” (Fil 4, 8).

2.4. Os cristãos “alma do mundo” ao serviço do Reino de Deus

Verificamos pois que os cristãos estão presentes no mundo, em todos os âmbitos da sociedade; e devem estar aí segundo a sua identidade, isto é, como cidadãos do mundo, fiéis ao Evangelho, guiados pela consciência cristã (cf. GS

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n. 76). Este é o seu modo de estar no mundo ao serviço do Reino de Deus.

A vocação dos cristãos é ser “alma do mundo”, estar dentro do mundo como “o fermento” no meio da massa.

Esta dupla atenção constitui o “paradoxo da experiên-cia cristã” de que fala um escrito do século II: os cristãos são homens como todos os outros, participantes da vida na cidade e na sociedade, dos sucessos e falhanços experimen-tados pelos homens; mas são também ouvintes da Palavra de Deus, chamados a transmitir a diferença evangélica na história, a dar uma alma ao mundo, para que a humanidade possa caminhar em direcção à plenitude do Reino de Deus.

“Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pela sua terra, nem pela sua língua, nem pelos seus cos-tumes. Porque não habitam cidades exclusivamente suas, nem falam uma língua estranha, nem levam um género de vida à parte dos outros (...), mas habitando cidades gre-gas ou bárbaras, segundo a sorte que a cada um coube, e adaptando-se no vestuário, na comida e demais género de vida aos usos e costumes de cada país, dão mostras de uma conduta peculiar, admirável e, por confissão de todos, sur-preendente.

Moram nas sua respectivas nações, mas são peregrinos; cidadãos, não diversos dos outros, participam nos deveres e encargos de todos, mas tudo olham e sofrem como es-trangeiros... Parecem demorar-se na terra e, na realidade, são cidadãos do Céu... Conformam-se às leis estabelecidas, mas com o seu modo de viver ultrapassam as leis... Como todos geram filhos, mas não abandonam os que nascem; põem mesa em comum, mas não o leito... Os cristãos pas-sam como peregrinos entre as realidades temporais, volta-dos para a incorruptibilidade nos céus. Deus destinou-os a tão sublima missão; não mais lhes é consentido desertá-la... Os cristãos são no mundo aquilo que a alma é no cor-po” (Carta a Diogneto, 5-6).

Em recente alocução, o Papa Bento XVI comenta as-sim este texto: “Não renegueis nunca o Evangelho em que acreditais, mas estai no meio dos demais homens com sim-patia, comunicando com o vosso próprio estilo de vida um humanismo que lança as raízes no cristianismo, dispostos a construir com todos os homens de boa vontade uma socie-dade mais humana, mais justa e mais solidária”.

3. Vasto mundo, minha paróquia

Ao escrever esta carta lembrei-me, várias vezes, dum livro do meu tempo de estudante que se intitulava “Vasto mundo, minha paróquia”. Era seu autor um célebre teólogo francês, o P.e Yves Congar. Com o título provocador, ele queria despertar os cristãos para não ficarem fechados na sua paróquia. Nesta os fiéis alimentam a fé, mas a sua mis-são é no meio do mundo.

Como pudemos ver, as próprias imagens evangélicas “vós sois o sal da terra e a luz do mundo” mostram-nos que somos enviados a levar Cristo como verdadeira luz e ver-dadeiro sal ao coração do mundo. Significa que tudo o que é humano – cada pessoa, a vida, as relações interpessoais, a organização da convivência social – encontra em Jesus a sua verdade, o seu sentido pleno, a sua renovação, a salva-ção. Não podemos trair esta missão que nos foi confiada. É um dom, mas também um dever grave e irrenunciável.

O Papa Bento XVI di-lo de uma maneira impressionan-te: “O mundo sem Deus torna-se um inferno: prevalecem os egoísmos, as divisões nas famílias, o ódio entre as pes-soas e entre os povos, a falta de amor, de alegria e esperan-ça. Pelo contrário, onde as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, O adoram na verdade e escutam a sua voz, aí se constrói concretamente a civilização do amor, em que cada um é respeitado na sua dignidade, cresce a comunhão com os frutos que ela produz”.

Não nos é lícito desertar do mundo e descuidar as ta-refas temporais. O nosso ser cristãos no mundo é chamado a renovar-se e a assumir o rosto de uma presença e de um testemunho mais autêntico, mais decidido e comprometi-do. Como tornar esta missão mais visível, mais concreta e mais significativa na sociedade de hoje?

3.1. Vida espiritual de qualidade

Hoje fala-se muito na qualidade de vida como o con-junto de condições de bem estar pessoal, social, económico e ecológico. Mas não existe verdadeira e plena qualidade de vida sem vida espiritual de qualidade. Para o cristão isto chama-se a santidade de vida no mundo. O empenho cris-tão na construção de um mundo justo, fraterno e pacífico, do seu desenvolvimento integral, da sua humanização atra-vés do trabalho de cada dia é expressão do seu amor filial a Deus e do seu amor ao próximo.

Nesta perspectiva cristã, o mundo é um verdadeiro lu-gar de graça, de vocação e missão, de santificação para os fiéis leigos que aí vivem e trabalham. Estes fiéis são cha-mados a santificar-se no mundo, através do mundo e com o mundo em Deus. Os grandes santos amaram o mundo do seu tempo mesmo em crise. O cristão santifica-se não só na caridade pessoal, mas também na caridade social e política – no sentido mais nobre da palavra – quando faz obra de justiça, solidariedade e promoção humana.

Na prática da oração e nos momentos em que procura-mos desenvolver a vida espiritual, não podemos deixar de ter presente o mundo e as nossas responsabilidades e rela-ções nele. Por outro lado, os promotores de conferências, retiros e outras acções proponham uma espiritualidade que ajude a viver a própria profissão e empenho na sociedade à luz e sob o impulso da fé cristã.

Em ordem a desenvolver esta espiritualidade continua-remos a propor o “Retiro para o Povo de Deus”, durante a Quaresma, sob a forma da lectio divina enriquecida pelo testemunho da vida de alguns santos ou de outros exem-plos luminosos de empenho social.

3.2. A qualidade do serviço ao mundo

A animação evangélica das realidades temporais não se faz através de um moralismo barato de denúncia ou con-denação dos males ou de um mero voluntarismo. A com-petência e a eficácia nas tarefas temporais são exigidas pela vocação e qualidade do serviço ao mundo através da acção. Também elas fazem parte da espiritualidade laical de santificação no mundo. Não se é bom profissional, bom empresário ou bom político só pelo facto de se professar cristão. A competência, a profissionalidade, a exigência e a qualidade pertencem à credibilidade do testemunho cris-tão.

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A formação cristã de jovens e adultos, em qualquer ní-vel, deverá contribuir para esta consciencialização. Assim, as escolas paroquiais ou vicariais da fé, os movimentos apostólicos e de espiritualidade e o Centro de Formação e Cultura incluam esta perspectiva nas suas propostas e ac-tividades.

3.3. Eucaristia, pão repartido para a vida do mundo

A espiritualidade do compromisso social do cristão ali-menta-se não só na escuta da Palavra e na sua meditação, mas também na celebração da Eucaristia, para receber de Cristo um “novo olhar” sobre as realidades do mundo e uma “nova força” para a sua entrega.

“As nossas comunidades, quando celebram a Eucaris-tia, devem consciencializar-se cada vez mais de que o sa-crifício de Jesus é por todos; e, assim, impele todo o que acredita n’Ele a fazer-se ‘pão repartido’ para os outros e, consequentemente, a empenhar-se por um mundo mais jus-to e fraterno... Na verdade a vocação de cada um de nós consiste em ser, unido a Jesus, pão repartido para a vida do mundo (...) Precisamente, em virtude do mistério que celebramos é preciso denunciar as circunstâncias que estão em contraste com a dignidade do homem, pelo qual Cristo derramou o seu sangue, afirmando assim o alto valor de cada pessoa” (SC nn. 88 e 89).

Recomendo aos sacerdotes que tenham presente o tema deste ano pastoral nas homilias, as preparem bem e usem mais frequentemente a Oração Eucarística V/D do Missal Romano, intitulada “Jesus passou fazendo o bem”. A cele-bração da memória de alguns santos empenhados no cam-po social e político ou padroeiros de determinadas profis-sões proporciona ocasião para a oração e a consciencia-lização da necessidade do testemunho cristão no mundo.

3.4. Servir o Reino de Deus nos “ambientes da vida social”

A sociedade, nas várias expressões e articulações, é o campo onde o Senhor chama cada cristão a trabalhar com os dons e tarefas próprios.

Não há nenhum ambiente da vida social em que não seja pedido ao cristão ser sal e luz. A luz, a verdade e a força de renovação do Evangelho requerem ser testemu-nhadas nos lugares em que os homens e mulheres nascem, crescem, vivem, convivem, trabalham, se alegram, sofrem e morrem: na família, no mundo da escola e do trabalho; na economia, na política e na administração da justiça; no mundo da assistência, das antigas e novas pobrezas, no mundo da saúde; enfim, em todo o lugar ou ambiente onde se desenvolve a vida das pessoas.

Este é o contexto mais imediato e quotidiano em que se torna necessário o testemunho de cristãos verdadei-ros, de pessoas de coração grande e generoso e de mente esclarecida que mostrem e tornem eficaz a força transfor-madora do Evangelho nas actividades em que estão empe-nhados e na vida e no ambiente concreto em que trabalham.

Este desafio deverá levar as paróquias, os grupos e mo-vimentos, as associações e comunidades a interrogarem-se sobre a qualidade da sua fé: qual o tipo de fé em que estão a educar os seus membros? Para uma fé intimista e ritualista ou para uma fé existencial e encarnada na vida concreta, capaz de transformar os ambientes?

Iremos promover durante este ano pastoral, a nível vicarial ou diocesano, encontros de cristãos de um ou ou-tro sector sócio-profissional, para mostrar como é possível estarem presentes nas mais diversas realidades seculares levando aí os valores do Evangelho. Será ocasião para analisar a situação actual e para ver que oportunidades, desafios e exigências apresenta; quais os passos a dar e as propostas a lançar.

3.5. Promover a qualidade humana na vida da sociedade

Quando falamos de “ambientes da vida social” não nos referimos simplesmente a lugares onde as pessoas se encontram a trabalhar juntas. Estamos a falar de espaços humanos nos quais se constrói e se exprime a autêntica hu-manidade do homem e da mulher, antes de mais através de relações humanas.

Por isso, o testemunho cristão nestes lugares e ambien-tes requer agir para que sejam lugares verdadeiramente hu-manos e humanizantes. Trata-se de assegurar a “qualidade humana” em todas as relações e em todos os lugares da vida das pessoas concretas com a sua história, as suas ale-grias, as suas dores e fadigas. As próprias relações funcio-nais que caracterizam tantas actividades podem e devem transformar-se em relações humanas e interpessoais.

O testemunho cristão passa através de relações hu-manas ricas e enriquecedoras. São expressão do amor ao próximo em gestos e atitudes vividas quotidianamente; e constituem uma gramática do amor que passa pela oferta do próprio tempo e da própria presença e atenção ao ou-tro, da escuta e da comunicação, até colocar-se ao serviço da vida do outro. Mais ainda, podem tornar-se caminhos de abertura e de aproximação à fé cristã.

Neste aspecto, as comunidades e instituições católi-cas deveriam tornar-se exemplares. Quanto precisamos de prestar atenção e cuidar das nossas relações! Aí se aprende como num laboratório vivo o que poderemos estender a todos os espaços humanos em que decorre a nossa vida.

3.6. Empenho pelo bem comum e Doutrina Social da Igreja

Ser “sal” e “luz” na sociedade significa promover a dignidade da pessoa humana. João Paulo II afirma-o de modo inequívoco: “Descobrir e fazer descobrir a dignida-de inviolável de cada pessoa humana constitui uma tarefa essencial, mais ainda, em certo sentido, a tarefa central e unificante do serviço que a Igreja e, nela, os fiéis leigos são chamados a prestar à família humana” (CFL, n. 37).

Este primado da pessoa humana e a igualdade de todos em dignidade constituem a fonte de todos os outros princí-pios que regulam toda a convivência social e a organização da sociedade.

O amor à pessoa humana, a promoção e defesa da sua dignidade obriga os cristãos a participar na vida social e pública a favor do bem comum – o bem relacionado com o viver social das pessoas – na construção duma sociedade justa, solidária, fraterna, com particular atenção aos mais pobres e necessitados.

Hoje notamos uma forte tendência individualista que busca apenas o bem estar privado, individual ou de deter-minada corporação. Como despertar nos cristãos a consci-ência de serem cidadãos do mundo empenhados a construí-

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lo segundo o desígnio de Deus? Como suscitar a paixão e o compromisso pelo bem comum? Torna-se necessária uma séria educação para a socialidade e para a cidadania responsável através duma ampla difusão da Doutrina So-cial da Igreja, que ainda é desconhecida por uma grande maioria dos cristãos.

Seria salutar tomar iniciativas, neste sentido, a nível paroquial, vicarial ou diocesano, de oferecer encontros de sensibilização ou mesmo uma formação em breves módu-los sobre a Doutrina Social, em colaboração com a Comis-são Diocesana Justiça e Paz e com o Centro de Formação e Cultura.

3.7 O diálogo entre fé e cultura

O anúncio e o testemunho do Evangelho no mundo de hoje não pode prescindir do diálogo com a cultura que molda a vida das pessoas e da sociedade. Este é o gran-de desafio e a grande aposta para os cristãos: “estar pre-sentes com coragem e criatividade intelectual nos lugares privilegiados da cultura, como são o mundo da escola e da universidade, os ambientes da investigação científica e técnica, os lugares da criação artística e da reflexão huma-nística” (CFL n. 44). São os novos centros de cultura onde se forjam os destinos da humanidade e que requerem dos cristãos a luz da fé para discernirem o que há de positivo ou negativo.

O Papa João Paulo II indica as modalidades e finalida-des desta presença: “destina-se não só ao reconhecimento e à eventual purificação da cultura existente criticamente avaliados, mas também à sua elevação mediante as rique-zas originais do Evangelho e da fé cristã” (CFL n. 44). Trata-se de testemunhar uma fé geradora e regeneradora da cultura.

Neste âmbito desejaria fazer aqui três breves referên-cias.

a) Em primeiro lugar, à importância da comunicação social mediática e digital que introduziu uma verdadeira revolução cultural com novos modos de comunicar através de novas linguagens, novas técnicas e novas atitudes psico-lógicas. Os “media” são hoje o contexto em que se realiza o diálogo cultural entre a Igreja e o mundo. Este ano pastoral será também uma boa ocasião para rever a qualidade da nossa presença como Igreja diocesana na comunicação escrita e digital. Que empenho pomos nisso? Que imagem de Igreja passa?

b) Outro campo cultural a merecer atenção particular é o da educação. Estamos a viver uma situação de emergên-cia educativa. Damo-nos conta de que o mundo de amanhã depende da educação de hoje e esta não pode reduzir-se a mera transmissão de conhecimentos e de competências. A escola é chamada a ser um laboratório de cultura, de huma-nidade, de sabedoria, de humanismo integral, de cidadania e dos valores e virtudes que a sustentam. É um desafio ao testemunho dos docentes cristãos e das escolas católicas e à sua ousadia em tomar iniciativas neste sentido.

No próximo ano de 2012, o nosso Colégio Diocesano de S. Miguel celebrará o jubileu dos 50 anos da sua funda-ção, ao qual desde já dirigimos uma palavra de congratu-lação e parabéns. Por isso, vamos integrá-lo neste percur-so pastoral de 2011/2012, com uma iniciativa a dinamizar pelo próprio Colégio sobre o tema “A Família, a Paróquia

e a Escola – Pilares da Nova Evangelização”.c) Por fim, o património da história e arte é outro cami-

nho de diálogo com a cultura e de aproximação das pesso-as à fé. É pois um convite a todos a fazer um tesouro desta “via da beleza” que educa a mente e o coração humanos e os abre ao mistério d’Aquele que é, segundo Santo Agos-tinho, “a Beleza tão antiga e sempre nova”. Nesta linha, o Departamento Diocesano do Património cultural vai or-ganizar alguns percursos ou roteiros por toda a Diocese para ajudar a descobrir os tesouros que muitas das nossas igrejas e outros locais guardam e que nós desconhecemos.

Esta acção do Departamento Diocesano não poderia ser estímulo e modelo para iniciativas semelhantes a nível paroquial ou vicarial?

Nesta linha permitam-me fazer uma interpelação a pro-pósito das festas populares das nossas paróquias: não seria de aproveitar este ano pastoral para elevar o nível cultu-ral destas festas que por vezes deixa tanto a desejar, com gastos tão dispendiosos? Promovam-se e valorizem-se os talentos artísticos e as iniciativas locais de animação, pou-pando em contratos com agentes exteriores.

3.8. A família, principal recurso da sociedade

A mensagem cristã encoraja a família a algo de grande, de belo, de fascinante e de promissor: a humanidade da fa-mília, graças ao amor divino que a anima por dentro, pode renovar a sociedade segundo o desígnio do seu Criador. De facto, a família é o primeiro berço e a primeira escola onde se vive e aprende o amor fraterno, o sentido mais verdadei-ro da solidariedade, da justiça, da honestidade, da rectidão, das virtudes sociais tão importantes para a cidadania res-ponsável. Assim, o mundo pode tornar-se mais belo e ha-bitável para todos e a qualidade de vida melhora em favor de toda a sociedade.

Em 2012, de 30 de Maio a 3 de Junho, realizar-se-á em Milão (Itália) o VII Encontro Mundial das Famílias Católicas sobre o tema “A Família: o trabalho e a fes-ta”. Com este mesmo título, o Pontifício Conselho para a Família apresentou já o documento preparatório com dez catequeses. Estas procuram iluminar a relação entre a ex-periência da família e a vida quotidiana na sociedade e no mundo. São um bom instrumento de trabalho para a Pasto-ral Familiar ao longo do ano pastoral.

3.9. Fátima e a civilização do Amor e da Paz

Como poderia faltar a referência a Nossa Senhora no nosso percurso pastoral deste ano? Ela mesma nos ilumina o caminho com o seu apelo em Fátima, chamando os cris-tãos a assumirem a sua responsabilidade no mundo. Eis como o Papa Bento XVI interpretou a actualidade deste apelo na sua homilia de 13 de Maio de 2010: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. Aqui revive aquele desígnio de Deus que inter-pela a humanidade desde os seus primórdios: ‘Onde está Abel, teu irmão? (...) A voz do sangue do teu irmão cla-ma da terra até mim’ (Gn 4,9). (...) Com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, in-divíduo, veio do Céu a nossa bendita Mãe oferecendo-se para transplantar no coração de quantos se Lhe entregam

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Mensagem de NatalNatal de esperança, de sobriedadee de solidariedade

Refª: BD2011B-0041. No Natal, os nossos olhares convergem para o Meni-

no Jesus chamado também “Príncipe da Paz”. É um tempo especial oferecido aos homens para eles se redescobrirem irmãos uns dos outros e reconhecerem os laços espirituais que os unem na relação a um mesmo Pai. Este convite a viver os valores evangélicos de “inocência” e de bondade universais é-nos dirigido particularmente nesta festa em que Deus toma o rosto terno, indefeso e vulnerável de um menino. Quem acolhe este menino, pode chamá-lo pelo nome: “Tu és o Emanuel, Deus comigo, Deus connosco”!

Deus mesmo vem ao coração do nosso mundo na fra-gilidade da nossa carne humana para afirmar a dignidade infinita de cada pessoa; vem tecer os laços filiais e fraternos que nos unem para além de todas as diferenças; vem comu-nicar ao coração dos homens a força de amar que permite viver de modo solidário. A celebração do Natal convida-nos, pois, a elevar o coração para Deus e a aprender d´Ele a verdadeira humanidade.

2. Como boa parte da Europa, também o nosso país é atingido por uma crise de tremendas consequências sobe-jamente conhecidas. Esta crise é um apelo a celebrar e a viver este Natal de modo mais autêntico e a dar-lhe uma importância acrescida. Não são só as soluções técnicas, os ajustamentos adaptados que põem fim a esta crise. São precisas mudanças culturais profundas, conversão de men-talidades, novos modos de vida pessoal, familiar, social – um novo estilo de vida mais sóbrio para ser mais solidário. Desta grave situação de emergência só sairemos todos jun-tos e solidários, com o contributo de todos e de cada um.

O Natal de 2011 desafia-nos a crescer em solidarie-dade e em entreajuda partilhando generosamente com as pessoas e as famílias mais fragilizadas e carenciadas. Há iniciativas concretas que nos incentivam e em que todos podemos facilmente participar.

A Caritas acaba de lançar a campanha “10 milhões de estrelas – um gesto pela paz”: uma vela por um euro ilumi-na a vida de quem mais precisa. 65% do montante que for recolhido destina-se a apoiar famílias portuguesas em situ-ação de carência; 35% será para o povo da Somália vítima de uma crise alimentar. Nos primeiros dez meses de 2011, as Caritas diocesanas apoiaram cerca de 28 mil famílias portuguesas, o que representa um acréscimo significativo em relação ao mesmo período do ano anterior.

O apelo da Caritas torna-se mais premente ao lembrar-nos “que nenhuma criança deixe de ter o apoio necessário neste momento de fragilidade, nomeadamente que fique im-possibilitada de frequentar as creches e os jardins de infân-cia, e tenha acesso aos cuidados de saúde fundamentais”.

Ninguém permaneça indiferente ao sofrimento dos nossos irmãos em dificuldade. Os gestos de solidariedade são sinais de esperança no meio da crise; ajudam a tornar o mundo mais humano, mais belo, mais cristão.

A todos os diocesanos desejo um santo Natal, sóbrio, fraterno e solidário em Cristo!

Leiria, 9 de Dezembro de 2011† António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

o Amor de Deus que arde no seu. (...) Só com este amor de fraternidade e partilha construiremos a civilização do Amor e da Paz”.

Podemos associar-nos espiritualmente ao lema do San-tuário para este ano: “Quereis oferecer-vos a Deus?”. É o pedido que Nossa Senhora faz aos pastorinhos e espera a resposta da nossa generosa disponibilidade aos desígnios de Deus para a salvação e a paz do mundo lacerado por injustiças, ódios e conflitos.

A peregrinação diocesana no 5º Domingo da Quaresma há-de ajudar-nos a acolher o convite de Maria e a corres-ponder-lhe tornando-nos construtores de relações de paz, promovendo a reconciliação e a justiça e empenhando-nos na defesa do bem comum e da solidariedade.

Ofereço-vos uma oração, adaptada da liturgia, para ali-mentar o empenho no mundo que nos propomos ao longo deste ano pastoral:

Pai Santo, Nós vos damos graças porque iluminastes o mundo por meio de Jesus Cristo:concedei-nos a sua luz todos os dias da nossa vida.Orientai-nos e fortalecei-nos com o vosso Espírito,para que vivamos sempre segundo o Evangelho.Dirigi e santificai os nossos pensamentos,palavras e acçõese dai-nos um espírito dócil às vossas inspirações.Ajudai-nos nos trabalhos e empenhos no mundo,para que as nossas obras sirvam ao bem comum,à promoção da justiça,do respeito da dignidade humana,da fraternidade entre as pessoas,da caridade social e da paz.A Virgem Maria seja para nós estímulo e modelono testemunho das vossas maravilhasdiante dos homens.Ámen.

À protecção de Nossa Senhora de Fátima e à interces-são dos beatos Pastorinhos confiamos o bom êxito do per-curso pastoral da nossa Igreja Diocesana.

Feliz Ano Pastoral!

Saúda-vos afectuosamente,† António Marto, Bispo de Leiria-FátimaLeiria, 8 de Setembro de 2011Festa da Natividade de Nossa Senhora

Siglas usadasCDSI – Compêndio da Doutrina Social da Igreja do Pontifício

Conselho Justiça e Paz (02.04.2004)CFL – Exortação Apostólica Vocação e Missão dos Leigos na

Igreja e no Mundo, de João Paulo II (30.12. 1988)CV – Encíclica A Caridade na Verdade de Bento XVI

(29.06.2009)NMI – Carta Apostólica À Entrada do Novo Milénio de João

Paulo II (06.01.2001)RM – Encíclica Missão do Redentor de João Paulo II

(07.12.1990)SC – Exortação Apostólica Sacramento da Caridade de Ben-

to XVI (22.02.2007)SRS – Encíclica Solicitude Social da Igreja de João Paulo II

(30.12.1987)

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Homilia da Missa CrismalServidores da Caridade

Cantarei eternamente a bondade do Senhor A liturgia da Missa Crismal encerra uma beleza espi-

ritual própria com a bênção dos Santos Óleos e com a me-mória peculiar do sacerdócio ministerial. Toda esta liturgia é um cântico à bondade do Senhor que perfuma a Igreja com a unção do Seu Espírito de Amor e faz dela a Igreja da caridade na diversidade de dons e serviços.

Cantarei eternamente a bondade do Senhor: é o canto de comovida gratidão pelo dom inestimável do sacerdócio ministerial, que elevamos a Cristo a quem nós padres que-remos renovar o nosso propósito de fidelidade.

Cantarei eternamente a bondade do Senhor: é o canto de acção de graças particularmente entoado pelos sacerdo-tes que este ano celebram o jubileu dos 50 anos de orde-nação a quem nos unimos com a nossa oração e as nossas felicitações.

Nesta grande expressão de louvor e acção de graças re-cordamos e incluímos os colegas que desde o ano passado partiram para a casa eterna do Pai e todos os outros que por diversos motivos não podem estar aqui presentes.

Cantarei eternamente a bondade do Senhor: este refrão do salmo recorda-nos a nossa vocação sacerdotal. Recorda-nos que somos, de modo especial, ministros da bondade, da misericórdia do Senhor.

Nesta perspectiva queremos considerar a nossa missão de servidores e ministros da caridade – segundo o tema do ano pastoral – à luz da missão de Cristo.

No Coração de Cristo, a fonte da CaridadeA Palavra de Deus proclamada apresenta-nos o Evan-

gelho da Caridade na beleza comovente e simbólica de um septenário de acções concretas que em Isaías caracterizam a missão do Messias e no Evangelho de Lucas sintetizam o programa do reino de Deus que Jesus inaugura na história: anunciar a boa nova aos infelizes, curar os corações atri-bulados, proclamar a libertação aos prisioneiros do mal, consolar os aflitos, etc.

Jesus é o Enviado que entra no âmago da dor dos ho-mens e lhes leva o amor apaixonado do Pai. No centro deste anúncio está a proclamação do Ano da Graça, da Misericór-dia de que Jesus é o rosto visível. É essa riqueza de mise-ricórdia que enche o coração de Jesus e o leva a percorrer todos os caminhos e formas da caridade desde a Palavra aos gestos até à paixão, morte e ressurreição. Que é a caridade senão a expressão incarnada do amor terno, misericordioso e libertador de Deus que quer a salvação do homem todo?

O ministério do presbítero como presidência da caridadeEste amor de Deus é constitutivo e construtivo da Igre-

ja. Esta nasce e vive da caridade: recebe-a e anuncia-a, celebra-a e testemunha-a. Na Igreja, o presbítero é pois aquele que “exerce a presidência da caridade”, segundo a

TEXTOS DIVERSOSbelíssima expressão de Santo Inácio de Antioquia, tal como preside ao anúncio da Palavra e à celebração da Liturgia.

O que significa presidir à caridade? Antes de mais, sig-nifica que o bispo e o padre, com o seu ministério e com toda a sua vida, ajudam o povo sacerdotal dos crentes a acolher o primado da caridade de Jesus que é a fonte, a medida e a norma da caridade da Igreja.

A presidência do presbítero é testemunho e sinal da pre-sidência que Jesus exerce com todo o seu amor na Igreja e em toda a humanidade e que exemplifica no lava-pés aos discípulos, para que as comunidades cristãs se revistam da beleza da caridade de Cristo e a irradiem no mundo.

A partir daqui podemos tirar algumas aplicações práti-cas ao ministério pastoral e à vida de santidade do padre.

A caridade e o ministério pastoral:implicações e aplicações práticasNeste aspecto convido os presbíteros a meditar a última

parte da Carta Pastoral. Não será difícil encontrar aí as tarefas concretas no

âmbito da ampla renovação que a caridade pede a toda a comunidade cristã. Aqui limito-me a algumas sugestões.

a) O nosso ministério deve, antes de mais, criar em nós e nos nossos irmãos uma firme convicção sobre o valor configurador e unificante da caridade. Dedicar-se ao tema da caridade não significa acrescentar mais algumas inicia-tivas a um sector específico da vida paroquial. A caridade é o princípio dinamizador de tudo e tem que configurar a for-ma, o ambiente e o estilo da vida comunitária. Compete a nós padres criar as condições espirituais para que as nossas comunidades percebam o valor central da caridade, toda a sua riqueza, beleza e alcance. O primeiro testemunho duma comunidade cristã deverá ser a fraternidade evangélica que se vive dentro de si mesma.

b) A convicção interior do valor central da caridade tem o seu reflexo exterior numa real renovação de todas as iniciativas pastorais da comunidade para que exprimam a raiz da caridade que lhes dá unidade, verdade, fervor e entusiasmo.

Da pregação à catequese, da liturgia ao uso dos bens comunitários, das prioridades pastorais ao cultivo das vo-cações para o serviço eclesial e social, a comunidade deve confrontar-se com esta pergunta elementar: como é que um determinado aspecto consegue exprimir, da forma mais lu-minosa possível, a caridade de Jesus para os homens de hoje, concretamente para os mais necessitados?

A animação de toda a vida comunitária segundo a forma da caridade é tarefa de todos os cristãos, mas diz respeito de modo directo ao padre como presidente – ser-vidor da comunidade: sensibilizando a comunidade sobre a dimensão caritativa e social da vida cristã, promoven-do o exercício organizado da caridade, procurando a corresponsabilidade de todos.

A caridade pastoral, alma do ministério sacerdotal O ministério do presbítero está intimamente ligado com

a vida espiritual. Que atitudes espirituais devem acompa-nhar o ministério da presidência da caridade? Também aqui me limito a salientar alguns pontos.

a) Em primeiro lugar, a intensa comunhão com a cari-dade, a doçura, a misericórdia de Jesus que deve enformar todas as nossas actividades pastorais.

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De facto, o nosso modelo é a presidência da caridade de Cristo Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Somos cha-mados a ser pastores segundo o coração de Cristo, a viver a caridade pastoral como participação da própria cari-dade pastoral de Cristo. Neste dia sacerdotal em ordem a reavivar a graça da nossa ordenação convém relembrar o perfil desta caridade. Ela é, antes de mais, “o princípio interior, a virtude que orienta e anima a vida espiritual do presbítero, enquanto configurado a Cristo Cabeça e Pas-tor”. Daqui deriva o seu conteúdo essencial que “é o dom de si, o total dom de si mesmo à Igreja à imitação e como participação do dom de Cristo”(PdV 23). Assim, a carida-de pastoral é amar a Igreja com o coração de Cristo Pas-tor. Em concreto, amar a comunidade que me foi confiada tal como é e não como eu a sonho; amar a Igreja diocesana com a disponibilidade inteira de a servir onde for preciso.

b) A caridade pastoral é a alma do ministério sacerdo-tal: leva-nos a vivê-lo como “amoris officium”, no dizer de Sto Agostinho, e não como “funcionários de Deus”.

Isto vale sobretudo no contacto mais directo com as pessoas, que “é o alfa e o ómega da caridade pastoral”(W. Kasper). Não há nada que o substitua; nem se limita às horas de atendimento no cartório. Eis um texto ilustrativo de João Paulo II: “O presbítero que queira conformar-se ao Bom Pastor e reproduzir em si mesmo a caridade dele para com os seus irmãos deverá esmerar-se nalguns pontos que hoje têm igual ou maior importância que noutros tempos: conhecer as sua ovelhas, especialmente nos contactos, nas visitas, nas relações de amizade, nos encontros programa-dos ou ocasionais, sempre com a finalidade e o espírito de bom pastor; acolher como Jesus a gente que se dirige a ele, estando disposto a escutar, desejoso de compreender, aber-to e simples na benevolência, esforçando-se nas obras e iniciativas de ajuda aos pobres e infelizes; cultivar e prati-car as ‘virtudes que com razão se apreciam no trato social, como são a bondade de coração, a sinceridade, a fortaleza de alma e a constância, a assídua preocupação da justiça, a urbanidade e outras qualidades’(PO 3), e também a paciên-cia, a disposição a perdoar com prontidão e generosidade, a afabilidade, a socialidade, a capacidade de ser disponíveis e serviçais, sem considerar-se a si mesmo como benfeitor. É uma gama de virtudes humanas e pastorais que o perfu-me da caridade de Cristo pode e deve tornar realidade na conduta do presbítero (cf. PdV, 23)” (O presbítero, homem da caridade, 07.07.1993).

c) A caridade pastoral manifesta-se também no dese-jo de melhorar a qualidade do nosso serviço pastoral e o espírito de fraternidade, de colaboração e apoio entre os padres, na busca de novos caminhos de evangelização, na solicitude pelas vocações sacerdotais. Não resisto a citar a PdV: “Uma exigência insuprimível da caridade pastoral à própria Igreja particular e ao seu amanhã ministerial é a so-licitude que o sacerdote deve ter em conta para encontrar, por assim dizer, alguém que o substitua no sacerdócio” (n. 74).

d) Para concluir, desejaria acenar brevemente à raiz e ao fruto da árvore da vida do sacerdote, a caridade pasto-ral.

A raiz é a Eucaristia, sacramento da caridade, “centro e raiz de toda a vida do presbítero, de modo que a alma sacerdotal se esforçará por espelhar em si mesma o que é realizado no altar do sacrifício”(PdV 23), isto é, a oferta

com Cristo de toda a sua pessoa e existência ao serviço dos irmãos. De outro modo, a obediência decairá em trabalho forçado, a castidade reduzir-se-á a afectividade inibida ou congelada e a pobreza tornar-se-á privação frustrante.

O fruto a colher na árvore da caridade pastoral será a alegria, como diz o Apóstolo: “há mais alegria em dar do que em receber”. Posso dizer com sinceridade que, nas visitas pastorais, tenho recebido de vós este testemunho: encontro padres felizes, embora por vezes cansados; outras vezes preocupados ou demasiado atarefados, mas sempre contentes em serem padres!

Não vos quero cansar mais. Deixai que o vosso bispo vos diga, hoje, em nome do Senhor, em nome dos fiéis e em nome pessoal só uma palavra: obrigado! Muito obrigado!

Que Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, nos acom-panhe com o seu auxílio materno e nos ajude a ser verda-deiros Pastores da Caridade! Ámen!

Catedral de Leiria, 21 de Abril de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia na Tomada de PosseReitor do Santuário de Fátima

Te Deum laudamus, Te Dominum confitemur!Nós Te louvamos ó Deus, nós Te bendizemos Senhor!

É o cântico de louvor e acção de graças que brota do nosso coração e dos nossos lábios pelo serviço que o P.e Dr. Virgílio Antunes prestou no Santuário de Fátima ao longo de quase seis anos, como capelão e como Reitor, e pela tomada de posse do novo Reitor, P.e Doutor Carlos Cabe-cinhas.

Gratidão a D. Virgílio AntunesQuando no dia 25 de Setembro de 2008 presidi à to-

mada de posse do P.e Virgílio como Reitor do Santuário estava bem longe de toda a nossa previsão que ele havia de ser chamado tão cedo a uma nova missão. Os caminhos da vida estão cheios de imprevistos e de surpresas. Os desíg-nios de Deus são misteriosos e insondáveis. Nós aceitamo-los à luz da fé.

Caro D. Virgílio, sei que foi apaixonante para ti a gra-ça de servir o Santuário e a mensagem de Nossa Senhora de Fátima como Reitor, em Portugal e no mundo. Nestes dois anos e meio dedicaste-te, de alma e coração, a tra-çar um belo e audacioso programa de comemoração do Centenário das Aparições, a abrir novas possibilidades de evangelização e a levar por diante projectos de renovação das estruturas.

Compreendemos que vais partir com saudades, pois, como diz Santo Agostinho, “não se deixa sem dor aquilo que se possuiu com amor”. Em nome pessoal, do episco-pado português e dos peregrinos, quero deixar-te bem ex-pressa aqui a nossa gratidão pelo zelo, amor, dedicação e inteligência que colocaste no teu serviço em estreita e leal colaboração com o bispo. Acompanhamos-te com a nos-sa amizade e a nossa oração. E louvamos e bendizemos a Deus por ter agraciado a sua Igreja com o dom dum novo

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bispo na tua pessoa, que saiu desta escola de Maria como pastor humilde, generoso e promissor, rico de qualidades humanas e sacerdotais que o creditam para o ministério episcopal. Te Deum laudamus, Te Dominum confitemur!

Votos para o novo ReitorCaro P.e Doutor Carlos Cabecinhas:Acabas de tomar posse como Reitor do Santuário de

Nossa Senhora de Fátima, que tem estatuto de santuário na-cional, com projecção mundial. É com grande regozijo que te endereço as mais vivas e sentidas felicitações em nome pessoal e do episcopado português que, em assembleia ple-nária, ratificou, unanimemente, a tua indigitação para este cargo. Estendo estas felicitações ao caro P.e Cristiano Sa-raiva, que é reconduzido no cargo de Administrador.

Não vou repetir hoje o discurso que aqui fiz em Se-tembro de 2008 para sublinhar a relevância do lugar e da missão do Santuário de Fátima na Igreja, no país e no mun-do, e por conseguinte, a relevância da missão do Reitor. Sublinharei apenas o contexto muito significativo em que esta tomada de posse acontece e que reforça a actualidade de tudo quanto então proferi.

Antes de mais, ela acontece um ano após a memorável visita do Papa Bento XVI que mais uma vez veio lembrar a missão profética da mensagem de Nossa Senhora em Fá-tima: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. Aqui revive aquele desígnio de Deus que interpela a humanidade desde os seus primór-dios: «Onde está Abel, teu irmão? (...) A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim» (Gen 4, 9)”.

Insere-se também dentro da comemoração do Centená-rio das Aparições, já programado, em ordem a redescobrir toda a beleza, riqueza e profundidade da mensagem e a sua influência benéfica para hoje e para o futuro do nosso caminho de Igreja e da história da humanidade. O progra-ma das comemorações do Centenário, em cuja elaboração participaste como perito, caro Reitor, é um legado que de certo modo facilita a tua missão.

A estes dois aspectos acresce o projecto da Conferência episcopal “Repensar juntos a pastoral da Igreja em Portu-gal” dentro da perspectiva da nova evangelização. Sendo Fátima “o coração espiritual” do país, segundo a feliz ex-pressão de Bento XVI, no seu duplo movimento de sístole e diástole, também a pastoral do Santuário não pode ficar alheia a este projecto. De facto, não se pode compreender a Igreja em Portugal sem Fátima, nem se pode compreen-der Fátima sem a sua inserção no conjunto da Igreja em Portugal.

O actual momento da gravíssima crise socioeconómica que o nosso país atravessa não pode deixar de interpelar Fátima. Nesse sentido, Fátima é chamada a tornar-se cada vez mais “escola de caridade e de serviço aos irmãos”, como aqui nos lembrou o Papa Bento XVI.

Por fim, a tomada de posse acontece na significativa me-mória litúrgica de S. Barnabé, apóstolo de quem os Actos dos Apóstolos dizem: “Era um homem bom e cheio do Es-pírito Santo e de fé”, capaz de descobrir a acção do Espírito nos sinais dos tempos, com espírito missionário de abertu-ra da Igreja ao mundo e de iniciativa de evangelização e de inculturação da fé, juntamente com S. Paulo. Um bom exemplo e estímulo para a missão de Reitor do Santuário de Fátima!

Os dotes humanos, sacerdotais e intelectuais com que Deus dotou o P.e Carlos Cabecinhas e as provas já dadas de bom Administrador pelo P.e Cristiano Saraiva confortam-nos em saber que o Santuário fica confiado em boas mãos. Quero exprimir-lhes também a minha estima, confiança e colaboração. Bem hajam! Muitas felicidades e as melhores bênçãos de Nossa Senhora de Fátima para a vossa nobre e delicada missão são os nossos votos!

Te Deum laudamus, Te Dominum confitemur! Nós Te louvamos, ó Deus; nós Te bendizemos, Senhor! Ámen!

Santuário de Fátima, 11 de Junho de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia da Ordenação de D. VirgílioO Bispo, Servidor da Belezado Amor que salva!

Santo Agostinho conta-nos que após a sua ordenação sacerdotal se retirou para um lugar escondido e chorou. O que é que lhe acontecera? Ele mesmo nos explica. Depois do seu baptismo, decidira regressar a África e aí, com os seus amigos, fundara um pequeno mosteiro. A sua vida seria totalmente dedicada ao colóquio com Deus, à con-templação e meditação da beleza e da verdade da sua Pa-lavra. Assim passou três anos felizes nos quais julgava ter alcançado a realização da sua vida. Porém, num domingo em que participava na celebração da missa na catedral de Hipona, o bispo, com o aplauso do povo, chamou-o para ser sacerdote. Agostinho compreendeu então que o belo sonho da sua vida contemplativa ficava desfeito, que a sua vida mudava totalmente. Mas compreendeu também que precisamente perdendo a sua vida, dando-se a si mesmo por Cristo e pela sua Igreja, encontrava a verdadeira Vida para a levar aos outros. Foi assim, na partilha humilde da vida quotidiana dos seus cristãos que se tornou o grande mestre, o grande doutor da Igreja, capaz de ensinar uma fé encarnada no seu tempo.

Imagino, caro D. Virgílio, que algo de semelhante te aconteceu quando chegou o chamamento do Santo Padre para seres bispo de Coimbra e entrares num novo tipo de vida pastoral. Mas tal como o povo de Deus acorreu à ca-tedral de Hipona para dar coragem a Agostinho, assim hoje acorreu em multidão a esta Igreja da Santíssima Trindade para te dar ânimo participando na celebração do dom da tua ordenação. Aqui estão também os irmãos bispos que se sentem particularmente próximos de ti no comum destino de graça e ministério, para implorar sobre ti a graça sa-cramental do episcopado. A ti, caro D. Virgílio, a todos os irmãos no episcopado e no sacerdócio, às excelentíssimas autoridades convidadas, a todos os fiéis leigos e religiosos/as saúdo com viva alegria e caloroso afecto.

Agora desejaria meditar convosco sobre a beleza do ministério episcopal e a responsabilidade que o acompa-nha, à luz Palavra de Deus que escutámos e dos símbolos da liturgia da ordenação.

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O Bispo leva no coração, nos olhos e nos lábiosa Beleza de Deus-Amor Na primeira leitura, o profeta Jeremias, já adulto, trans-

mite-nos a experiência religiosa da sua vocação que come-ça pela contemplação e pelo reconhecimento da grandeza e da santidade do mistério de Deus. Um Deus que se faz próximo, abrindo horizontes novos de salvação e pedindo colaboração para uma missão precisa a desempenhar em Seu nome, no mundo.

Jeremias é tomado pelo pânico, sente-se pequeno e hu-manamente inadequado; mas, ao mesmo tempo, sente-se envolvido e deslumbrado pela intimidade que o Senhor es-tabelece com ele. O Senhor toca-lhe os lábios balbuciantes, coloca neles a Sua Palavra de fogo e lança-o pelos cami-nhos do mundo. Jeremias recebe uma Palavra que escu-tou no silêncio interior e torna-se o homem apaixonado da Palavra escutada, Profeta da consolação na noite escura do seu tempo.

Sobre a cabeça do novo bispo vai ser colocado aberto o Livro da Palavra, o Evangelho, a mais bela palavra do Amor que sai do coração do Pai para os homens em Jesus Cristo. Este gesto significa que o bispo é criatura da Pa-lavra de Deus, homem da escuta dócil e fiel do Verbo de Deus feito homem. É por isso anunciador da Palavra da Vida enquanto soube percorrer primeiro os caminhos da escuta e do silêncio. Também ele recebe este conhecimento do mistério de Deus que é Jesus Cristo; e recebe-o para todos os homens e mulheres do seu tempo a quem deve comunicá-lo com as suas palavras e os seus gestos, como Evangelho da luz, da misericórdia e da paz na noite escura do nosso tempo carregado de tantos problemas, incertezas, desumanidade e medos.

Caro D. Virgílio, sê bispo contemplativo do mistério da intimidade do Deus Santo. A santidade como participação da vida de Deus e reflexo do Seu amor manifestado no ros-to de Cristo é o contributo maior dos cristãos à história e à renovação do mundo. Como bom pastor leva no coração, nos olhos e nos lábios a beleza de Deus, Amor Trinitário, conduz a ela o teu rebanho e tende para ela com todo o empenho da inteligência, do coração e da vida. Homem da contemplação e da escuta, serás homem da Palavra, evan-gelizador fiel do teu povo para te tornares palavra generosa e fecunda que bate à porta dos corações de quantos te são confiados. Assim serás mestre da fé!

O Bispo, Pai e PastorUm outro símbolo da beleza do ministério do bispo é o

báculo pastoral que lhe vai ser entregue. É expressivo da sua missão de Pastor e Pai, da autoridade apostólica para presidir e guiar o povo de Deus, a exemplo de Jesus, o Pastor bom e belo, “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida para a redenção dos homens”. A grandeza do Pastor Jesus Cristo e a beleza do seu serviço são a norma e o modelo de todo o ministério episcopal. “Eu estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22, 27). É a recusa de uma interpretação meramente sociológica de um estilo de governo onde o mandar é sinal de honra, po-der, prestígio, privilégio, sucesso. Para Jesus, a maior hon-ra é para quem mais ama; e manifesta maior amor quem mais serve.

O ministério episcopal é um serviço de amor. Só se aceita e exerce por amor e com muito amor; e encontra o

seu apoio e o seu alimento naquele que é a fonte eterna e inesgotável do Amor, que no-lo oferece quotidianamente na Eucaristia. Se é Ele a amar-nos, a amar todos, a tornar possível o amor que humanamente parece impossível, en-tão cada bispo sabe que é capaz de ser Pai com o coração de Deus, de amar naquele que ama a todos, não exclui nin-guém.

“Ubi amor, ibi oculus”: onde está o amor do pai e pastor, aí está o olhar novo capaz de reconhecer, chamar, acolher, exortar, regenerar. Um bispo oferece o coração, a mente, a acção, a paciência e o sofrimento por todos os que lhe são confiados. Ninguém deve nunca sentir-se excluído do coração do bispo. E como diz Santo Agostinho: “Não há maior convite ao amor do que antecipar-se em amar”.

Caro D. Virgílio, sê bispo com coração de pai, muito humano e compreensivo, de coração universal, aberto a to-dos de dentro e fora da Igreja, santos e pecadores, grandes e pequenos, elevados e humildes, que cultiva o colóquio de coração a coração, de pessoa a pessoa. Serve a todos a beleza do Amor que salva!

O Bispo, Animador da Comunhão e da EsperançaPor fim, o símbolo do anel recorda a relação de alian-

ça, isto é, de comunhão amorosa e fiel do bispo com a sua Igreja; é expressão visível do amor terno e misericordioso de Cristo na cruz – segundo o belo lema que escolheste “Anunciamos Cristo crucificado, sabedoria de Deus” (1 Cor 1, 23-24) – que está na origem da Igreja e nos une a todos tão diversos na unidade do Corpo de Cristo.

Este aspecto mostra-nos que o bispo não está só no seu ministério, nem o exerce isoladamente. Com ele está a Igreja; e ele está na Igreja ao serviço da comunhão. Por isso, o bispo não é o tudo de uma diocese. Mas forma um todo com a sua Igreja, com os seus sacerdotes, com a sua comunidade diocesana, tal como um pai faz um todo uno com a sua família. Como diz Santo Agostinho: “Para vós sou bispo; convosco sou cristão… Para vós somos pasto-res; convosco somos apascentados”.

É belo ser bispo que anima e confirma as comunidades a viverem o Evangelho na simplicidade fraterna e na ale-gria da comunhão e que irradiam entusiasmo e esperança para o mundo! É belo ser bispo que se sente confortado pela fé e comunhão dos seus irmãos padres e leigos e das comunidades cristãs!

Caro D. Virgílio, sê um bispo irmão que infunde em todos um grande sentido de fraternidade e desperta a es-perança: que vive a comunicação e a proximidade com os sacerdotes e os fiéis, que valoriza as suas iniciati-vas, que integra as suas esperanças, que promove a sua corresponsabilidade, que conta com os carismas e as re-alizações que florescem no povo de Deus, que aceita um ritmo por vezes mais lento nos projectos pastorais mas que conta com mais probabilidades de adesão e persuasão para fazer caminho juntos. Uma Igreja episcopocêntrica, onde não funcionam as instâncias intermédias, não goza de boa saúde espiritual e pastoral.

Aqui em Fátima queremos confiar o teu episcopado à protecção materna de Nossa Senhora e à intercessão dos Beatos Pastorinhos de quem foste fiel devoto e zeloso ser-vidor neste santuário. Estou certo de que Nossa Senhora faz ressoar hoje no teu íntimo, de modo particular, aquela palavra de confiança que disse à Lúcia: “Não tenhas medo!

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Eu não te deixarei só. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”.

Maria, a Mãe do Pastor bom e belo que é Jesus, acom-panhando-te e intercedendo por ti, será a estrela e a doce companhia do teu episcopado, que todos nós te desejamos longo e fecundo, sereno, alegre e feliz! Ámen!

Fátima, 3 de Julho de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia de NatalA Beleza e a Alegriado Natal Cristão

Exultemos de alegriaAdoremos o Senhor:Da Virgem Santa MariaNasceu Cristo, o Redentor.

É a alegria expressa neste hino que nos reúne aqui, em festa, nesta noite santa. Com esta alegria desejo saudar, afectuosamente, a todos vós, caros irmãos e irmãs, que qui-sestes vir à nossa catedral celebrar comigo o Natal de Jesus.

“Hoje nasceu para vós o Salvador”Conta-se que, numa noite de Natal, o célebre composi-

tor austríaco do século passado, Anton Bruckner, tocou o órgão na missa do galo, na catedral de Viena. No final da missa solene e festiva, quando toda a gente saiu, o sacristão fechou a porta da catedral. No dia seguinte, de manhã cedo, quando o sacristão reabriu as portas, encontrou lá dentro Bruckner, de joelhos, em adoração profunda.

“Ainda aqui, Maestro?” – perguntou-lhe. “Sim. Tinha-me esquecido que Ele se fez homem e veio habitar entre nós”, respondeu o organista. A sua resposta alerta para o risco de ficarmos mais pelo aspecto exterior da festa do Natal e de esquecer o centro da celebração.

De facto, o Natal não é um simples aniversário do nasci-mento de Jesus. É muito mais que isso. É celebrar um mis-tério que marcou e continua a marcar a história da huma-nidade: o mistério da Encarnação, o mistério de Deus que se fez um de nós, na fragilidade da nossa carne, que veio habitar entre nós. É um mistério que constitui o coração da nossa fé e toca o coração da nossa existência. O nascimen-to de Jesus fala-nos, directamente, do mistério do amor de Deus que se faz próximo, Deus comigo, Deus connosco, ontem, hoje e sempre. Não vem a nós como turista, mas como Salvador. Tem encontro marcado connosco, não no passado, mas no presente e no futuro.

Por isso, a liturgia desta noite proclama e canta mais que uma vez: “Hoje nasceu para vós o Salvador, Cristo Senhor”.

Sim, Deus oferece-nos hoje – a mim, a cada um de nós – a possibilidade de reconhecê-lo e acolhê-lo, como fize-ram os pastores em Belém, para que Ele nasça na nossa vida e a renove, a ilumine, a transforme com a sua presen-ça , com a sua graça. “De que me aproveitaria Cristo ter nascido há dois mil anos se não puder nascer hoje no meu coração” (Orígenes).

É ao amor deste Deus Menino que devemos confiar-nos com toda a humildade e confiança. Ele abre-se a nós e aco-lhe-nos; nós abrimo-nos a Ele e acolhemo-lo. Neste abraço recíproco está toda a beleza e alegria do Natal cristão.

Testemunhas da beleza do Natal para toda a humanidadeO Deus feito menino ama-nos a fim de que também nós

amemos com Ele e como Ele. Na celebração do seu nasci-mento faz de nós testemunhas do seu amor no mundo para que o seu Natal brilhe como luz para toda a humanidade.

Eis como Madre Teresa de Calcutá expressa isto de modo tão concreto e belo:

“É Natal todas as vezes que sorris a um irmão e lhe estendes a mão; é Natal sempre que te levantas contra quem marginaliza os oprimidos no seu isolamento; sem-pre que dás voz a quem não tem voz nem vez; sempre que te pões ao lado de quem é débil e facilmente explorado; sempre que esperas com quem é prisioneiro: os oprimidos pelo peso da pobreza física, moral e espiritual; sempre que reconheces com humildade os teus limites e as tuas fra-quezas. É Natal sempre que permites ao Senhor amar os outros através de ti”.

Peçamos ao Deus Menino por todos, especialmente por aqueles que passam por provações duras:

“Senhor, na noite santa de Natal depomos diante da tua manjedoura todos os sonhos, todas as lágrimas e espe-ranças contidas nos nossos corações.

Pedimos por aqueles que choram sem terem quem lhes enxugue uma lágrima; por aqueles que gemem sem terem quem escute o seu clamor;; por aqueles que Te buscam sem saberem onde Te encontrar; por tantos que gritam pela paz, quando nada mais podem gritar.

Abençoa Jesus-Menino cada pessoa do nosso planeta Terra, colocando no seu coração um pouco da luz eterna que vieste acender na noite escura do mundo e da nossa fé. Fica connosco Senhor! Fica connosco nesta noite e sem-pre!”

A todos vós e a todos os que vos são queridos desejo um Santo Natal cheio de graça, de paz e de alegria em Cristo.

Leiria, 25 de Dezembro de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

Homilia de fim-de-anoAbrir caminhos de confiançaem tempo de dificuldades

É para mim motivo de grande alegria estar aqui convosco, na Igreja da Santíssima Trindade, num hino de louvor a Deus pelas graças concedidas ao longo dos 12 me-ses do ano que finda. A todos saúdo afectuosamente com S. Paulo:” A graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”.

Com que sentimentos celebramos esta eucaristia de fi-nal do ano? Com os mesmos sentimentos de Jesus quando exclama: “Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da ter-ra...”. De facto, os apóstolos acabavam de chegar da missão

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e de narrar a Jesus o que tinham realizado em seu nome. É então que Jesus proclama o seu “Magnificat”, o canto pelas maravilhas de graça que Deus realiza através dele, o Filho, e dos seus apóstolos, como ouvimos no evangelho. Também hoje nos convida a levantar o nosso olhar para Deus e a magnificá-lo pelas graças com que nos agraciou a nós e à sua Igreja.

É certo que os nossos dias são carregados de sofrimen-tos, de males e dramas de todo o género. Mas também são enriquecidos pela presença e pelas graças do Senhor nosso Deus e Pai. Por isso queremos elevar um hino de louvor pela Graça em pessoa que é o dom do Filho, Jesus Cristo, e pelo seu amor por nós.

Seguindo um feliz costume, desejo nesta noite fazer juntamente convosco este exercício de memória de algu-mas graças mais significativas para a Igreja e dizer com a voz, o coração e a vida o nosso obrigado ao Senhor.

1. Ao nível da Igreja universal, o Santo Padre real-çou o significado das Jornadas Mundiais da Juventude em Madrid, o encontro interreligioso em Assis “peregrinos da verdade, peregrinos da paz” e a proclamação do Ano da Fé de 11 de Outubro de 2012 a Novembro de 2013, em comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II. Nós poderíamos acrescentar ainda a memo-rável festa da beatificação do Papa João Paulo II. São momentos especiais destinados a ficar na história; acon-tecimentos vividos com enorme alegria que exprimem a vitalidade da fé da Igreja. Mostram que ainda há uma reserva de vida e de frescura para o futuro, uma espécie de “pulmão espiritual” dentro de uma Europa em crise de fé e de esperança. São sinais proféticos de uma Igreja aberta ao mundo, capazes de abrir caminhos novos para o anúncio do Evangelho.

2. Também entre nós, a Igreja continua a reflexão sobre “Repensar a pastoral da Igreja em Portugal” que mobi-lizou milhares de fiéis. Nesta busca pode inspirar-nos o recente discurso do Santo Padre à Cúria romana em que, a partir das JMJ, nos oferece cinco linhas-guia para um modo novo e rejuvenescido de ser cristão e ser Igreja no Ocidente onde se sente o cansaço e o tédio de ser cristão. Ei-las: a experiência da Igreja como fraternidade em que a própria “liturgia constitui uma pátria do coração e nos une numa grande família”; a beleza da generosidade de ser para os outros dando-se aos outros; a adoração de Cristo na Eucaristia, Deus no meio de nós, para nós e connosco; o sacramento do perdão como purificação do nosso egoís-mo e reabertura do nosso coração a Deus e aos irmãos; e a alegria que nos vem da certeza de ser queridos, aceites e amados por Deus. A fé faz-nos felizes por dentro mesmo em tempos difíceis.

3. Este foi também o testemunho que nos legaram os Pastorinhos cuja adoração de Deus, Trindade de Amor, se traduziu na entrega incondicional ao pedido de Nossa Senhora: ”Quereis oferecer-vos a Deus?”, que constitui o lema do Santuário para o segundo ano da comemoração do Centenário das Aparições. Convida-nos à disponibilidade e generosidade da nossa entrega hoje aos desígnios de Deus para com o nosso mundo tão carente da sua misericórdia.

4. Nesta mesma linha evoco o percurso pastoral da nossa diocese “chamados à caridade” como o modo mais belo de dizer quem é Deus e o que Ele espera de nós. Foi algo que tocou fundo o coração de numerosos homens e mulheres comprometidos, generosa e alegremente, no tes-temunho da caridade de proximidade, de doação, partilha e apoio junto de quem sofre ou é carenciado.

5. Por fim, a fé ajuda-nos a abrir caminhos de confian-ça mesmo em tempos difíceis: “Vinde a mim todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei”. Os nossos desejos, as nossas inquietações, as nossas virtudes cívicas precisam de um fogo profundo que os alimente e sustenha, que impeça a sua decadência, que lhes dê um horizonte mais amplo: é o fogo da fé, da esperança e da caridade! Não basta a lei dos mercados. A humanidade não foi criada para servir os mercados; estes é que foram criados para servir a humanidade. Se este princípio for respeitado, a es-perança vencerá o medo.

Ao terminar o ano, parece-nos que amadurece a cons-ciência da gravidade da crise que nos atinge e o sentido do dever de cada um. Sentimos que estamos todos na mesma barca. Sem o contributo pessoal de cada um, a barca corre o risco de se afundar. Cada um deve fazer a sua parte para que a esperança vença o medo tanto a nível pessoal como colectivo. Desta emergência grave só sairemos todos jun-tos e solidários.

Não é tempo de pessimismos nem de catastrofismos. Também não é tempo de ilusões e de falsas seguranças que escondam as dificuldades do momento. É tempo de encorajamento e de empenho, em que cada um possa dar algo para que a esperança não morra e a paixão pelo que é possível não seja abandonada.

O bem comum nasce do empenho de todos. Certamen-te, quem tem mais tem o dever de dar mais. Isto chama-se equidade. Os mais ricos devem contribuir mais para curar a economia do nosso país doente. Mas ninguém é tão pobre que não possa oferecer algo para salvar a barca comum: a qualidade do trabalho, escolhas de sobriedade, aceitação de sacrifícios em nome da solidariedade, proximidade e partilha com os mais frágeis e carenciados. A crise pode ser mais uma razão para reflectir sobre as opções a tomar para a nossa vida pessoal e colectiva. É, sem dúvida, um desafio a crescermos em solidariedade. Os gestos de solidariedade são sinais de esperança em tempo de crise.

Por intercessão de Maria, Rainha da paz, o Senhor nos conceda a graça de iniciar o novo ano com a confiança na sua bênção permanente e com o sentido vivo da responsa-bilidade que confia à nossa liberdade, isto é, de responder fiel e generosamente ao seu grande amor por nós e por toda a humanidade.

Fátima, 31 de Dezembro de 2011† António Augusto dos Santos Marto,Bispo de Leiria-Fátima

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ObituárioP. Manuel Antunes Messias

No dia 9 de Janeiro de 2011, faleceu em sua casa, ví-tima de AVC, aos 84 anos de idade, o Rev. Padre Manuel Antunes Messias. A celebração exequial ocorreu na segun-da-feira, dia 10 de Janeiro, às 15h30, na igreja paroquial de Fátima.

Era natural de Ourém e foi durante 50 anos pároco de Minde (25.11.1950 a Setembro de 2001). Durante dois mandatos foi Vigário da Vara de Porto de Mós.

Em 1955 fundou o “Jornal de Minde”, de que foi direc-tor, até deixar a paroquialidade de Minde.

Durante alguns anos, leccionou Religião e Moral, Estu-dos Sociais, Português e Trabalhos Oficinais no Colégio de São Miguel e na Escola Secundária de Mira de Aire.

Em 2001, por motivos de saúde, pediu para deixar este serviço paroquial e foi residir para Fátima, onde exercia o ministério sacerdotal, como vigário paroquial. Assumiu também a função de confessor do Mosteiro da Visitação, na Batalha. Ajudava frequentemente os párocos das paró-quias vizinhas. Colaborava como confessor com o Movi-mento da Mensagem de Fátima.

O P. Messias era conhecido pela sua incansável dedica-ção ao ministério sacerdotal, como homem de grande acti-vidade, com facilidade para as relações humanas e com um sentido apurado para os problemas reais da vida.

P. Carlos Querido da SilvaFaleceu, a 21 de Junho de 2011, o Rev. Padre Carlos

Querido da Silva, com 86 anos de idade. O funeral reali-zou-se no dia 22 de Junho, às 17h00, na igreja paroquial de Minde.

Foi pároco de Caxarias durante 11 anos (1949-1960) e pároco de Nossa Senhora das Misericórdias, em Ourém, durante 43 anos (1960-2003).

Nos últimos anos da sua vida, por motivos de saúde, foi dispensado das responsabilidades paroquiais, passando a viver na Casa Diocesana do Clero, em Fátima.

O P. Carlos Querido da Silva era natural de Minde, onde nasceu a 5.5.1925, e foi ordenado presbítero em 1949, na Catedral de Leiria.

Nas paróquias onde exerceu o seu ministério sacerdotal é recordado pela extrema dedicação com que serviu as co-munidades cristãs.

P. Fernando Pereira FerreiraNo dia 26 de Junho de 2011, no Hospital de Santo

André, em Leiria, vítima de doença, faleceu o Rev. Pa-dre Fernando Pereira Ferreira, pároco de Monte Real, na diocese de Leiria-Fátima. Tinha 65 anos e era sacerdote há 38 anos. A celebração das exéquias ocorreu na igreja paroquial de Monte Real, no dia 28 de Junho, às 16h00. Foi sepultado no cemitério de Carvide, sua terra natal.

Filho de José Francisco Pereira e de Maria Vitória Pe-reira, o padre Fernando Ferreira nasceu em Carvide a 6 de

Julho de 1945. Entrou para o Seminário diocesano em Fá-tima, em 1958, tendo terminado o curso em Leiria no ano de 1972. No mesmo ano foi ordenado sacerdote, no dia 15 de Agosto, na catedral de Leiria, pelo bispo D. Domingos de Pinho Brandão.

Em Outubro de 1972, foi nomeado coadjutor do pároco de Pataias. Um ano depois, acumulou essa missão com a de pároco de Alpedriz. Em 1976, acumulou a paroquialidade de Alpedriz com a de Maiorga, na diocese de Lisboa, sendo ao mesmo tempo professor de Religião e Moral na Escola Secundária de Alcobaça, até 1979. Nesse ano, mudou-se para Vila Nova de Ourém, pois fora nomeado pároco de Nossa Senhora da Piedade, de Alburitel e de Seiça. No ano seguinte, deixou estas paróquias, continuando com a de Vila Nova de Ourém, onde se manteve até ao final de 1993. Em Janeiro de 1994 começou a exercer o ministério pasto-ral na paróquia de Amor. De 2006 a 2009 foi pároco de Ma-ceira. Em 2009, tomou posse como pároco de Monte Real e de Ortigosa, deixando, seis meses depois esta paróquia e ficando somente com a primeira por motivos de saúde. Nos últimos meses, vendo agravar-se as suas condições de saúde, cessou toda a actividade pastoral.

O padre Fernando Ferreira viveu apaixonadamente o

ministério sacerdotal. Além das paróquias, foi durante al-gum tempo capelão do Mosteiro das Irmãs Clarissas em Monte Real, serviu o Movimento dos Cursos de Cristan-dade como director espiritual e interessou-se pelo Movi-mento dos Focolares. Na sua doença, especialmente quan-do tomou conhecimento da gravidade da mesma, disse viver e oferecer todo o seu sofrimento pelos sacerdotes da Diocese, pela paróquia de que era o pastor e pela sua famí-lia, em atitude sacerdotal de intercessão unido à paixão de Jesus Cristo em benefício da Igreja.

P. Mário Marques dos AnjosNo Hospital de Torres Novas, faleceu no dia 12 de No-

vembro de 2011, com 86 anos, o Rev. Padre Mário Mar-ques dos Anjos, natural e residente em Minde, concelho de Alcanena e diocese de Leiria-Fátima. O funeral ocorreu no dia 14 de Novembro, às 15h30, na igreja paroquial de Minde, indo a sepultar no cemitério local.

Mário Marques dos Anjos, filho de Quintino dos An-jos, negociante, e de Maria de Jesus Marques, doméstica, nasceu em Minde, em 13 de Dezembro de 1924. Vislum-brando uma possível vocação sacerdotal, entrou para o Se-minário de Leiria em Outubro de 1939. Ali estudou, con-cluindo o curso de teologia em 1950. Nesse mesmo ano, a 9 de Julho, no Santuário de Fátima, foi ordenado sacerdote pelo bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva.

Como padre, prestou serviços pastorais na paróquia de S. Mamede, como auxiliar do pároco, de Julho de 1950 a Março de 1952. Nesse ano foi nomeado coadjutor do páro-co de Maceira, onde esteve apenas alguns meses, pois em Agosto assumiu a missão de pároco de Azóia, onde esteve até ao final de 1978. Entretanto, de 1952 a 1977, acumulou também o serviço pastoral como pároco de Parceiros. Em Janeiro de 1979, assumiu a missão de pároco da Serra de Santo António e de São Bento, que desempenhou até Junho de 2007, altura em que foi dispensado desse serviço e se retirou para sua residência em Minde.

Além do serviço sacerdotal, os seus interesses estende-

VÁRIA

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Leiria-Fátima – Órgão Oficial da Diocese • Ano XIX • Número 51 • 31 Dezembro 2011Edição: GabinetedeInformaçãoeComunicaçãodaDiocesedeLeiria-Fátima

Morada: CasaEpiscopal•RuaJoaquimRibeirodeCarvalho,2•2410-116LEIRIATel: 244845030Email:[email protected]:www.leiria-fatima.pt

ram-se a outros campos, nomeadamente, ao da música. Foi impulsionador e dirigente da Filarmónica de Minde duran-te muito tempo, prestando nela relevantes serviços.

Se há uma característica que se destaca na vida e na acção do padre Mário dos Anjos foi a compaixão para com as pessoas que encontrava em aflição. Tudo fazia, mesmo com riscos e prejuízos para si próprio, para as ajudar quer com meios materiais quer pelo empenho pessoal em aliviar os seus males.

Clero de Leiria-Fátima em 2011Em Dezembro de 2011 estavam incardinados na

diocese de Leiria-Fátima 95 presbíteros: 88 residentes na diocese, 3 residentes noutras dioceses do país e 4 no estran-geiro. Residiam nesta diocese ainda 5 presbíteros de outras dioceses e 9 religiosos prestavam serviço nesta diocese. Para além destes, habitavam na diocese cerca de 70 sacer-dotes religiosos.

Para além do Bispo diocesano, residiam na diocese 2 Bispos Eméritos, D. Serafim Ferreira e Silva e D. Augusto César.

Durante o ano de 2011 foi ordenado sacerdote o Patrício Alexandre Lopes de Oliveira e faleceram os padres Manuel Antunes Messias, Carlos Querido Silva, Fernando Pereira Ferreira e Mário Marques dos Anjos.

Segundo os dados estatísticos residiam nas comunida-des religiosas 676 religiosas professas e 16 religiosos pro-fessos não sacerdotes.