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Vera Lúcia do Amaral Psicologia da Educação DISCIPLINA Crescimento e desenvolvimento Autora aula 04

D I S C I P L I N A - ead.uepb.edu.br · 2 Aula 04 Psicologia da Educação Aula 04 Psicologia da Educação 1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos Introdução T odos sabemos que nascemos

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Vera Lúcia do Amaral

Psicologia da EducaçãoD I S C I P L I N A

Crescimento e desenvolvimento

Autora

aula

04

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Aula 04  Psicologia da EducaçãoCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Secretaria de Educação a Distância- SEDIS

Coordenadora da Produção dos MateriaisMarta Maria Castanho Almeida Pernambuco

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima

Revisores de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJânio Gustavo BarbosaThalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisora das Normas da ABNT

Verônica Pinheiro da Silva

Revisoras de Língua Portuguesa

Janaina Tomaz CapistranoSandra Cristinne Xavier da Câmara

Revisora TipográficaNouraide Queiroz

IlustradoraCarolina Costa

Editoração de ImagensAdauto HarleyCarolina Costa

Diagramadores

Bruno de Souza MeloDimetrius de Carvalho Ferreira

Ivana LimaJohann Jean Evangelista de Melo

Adaptação para Módulo MatemáticoAndré Quintiliano Bezerra da SilvaKalinne Rayana Cavalcanti Pereira

Thaísa Maria Simplício Lemos

Imagens UtilizadasBanco de Imagens Sedis

(Secretaria de Educação a Distância) - UFRNFotografias - Adauto HarleyStock.XCHG - www.sxc.hu

Amaral, Vera Lúcia do. Psicologia da educação / Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007.208 p.: il.

Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade: alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios de comunicação de massa.

1. Psicologia. 2. Psicologia educacional. 3. Didática. I. Título.

ISBN: 978-85-7273-370-0

CDU 159.9RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

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Aula 04  Psicologia da Educação �

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Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Apresentação

Na nossa prática docente, iremos lidar com sujeitos já crescidos e desenvolvidos, no entanto, precisamos compreender os fatores que influenciaram o seu crescimento e o seu desenvolvimento para que eles se tornassem o que são hoje. Por isso,

apesar da Educação Infantil não ser o nosso foco principal, é importante compreender que os fenômenos ocorridos na infância são muitas vezes definidores do tipo de adulto que resultará desse processo. Nesta aula, vamos discutir tais aspectos, o que, de certa maneira, nos leva também a olhar para o nosso próprio passado.

ObjetivosConhecer o processo de crescimento e desenvolvimento humano, diferenciando esses dois conceitos.

Identificar as etapas do desenvolvimento infantil.

Identificar os fatores que influenciam no desenvolvimento infantil.

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1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

Introdução

T odos sabemos que nascemos incompletos. O homem é um dos animais que nasce e se mantém por alguns anos quase totalmente dependente dos cuidados dos outros. Não sabemos nos locomover, nossa comunicação é ainda muito precária e todas

as nossas necessidades são supridas de modo instintivo. Somos, então, ao nascer, seres quase puramente biológicos. Por outro lado, nascemos já inseridos em uma classe social, fazendo parte de um grupo social, em uma comunidade lingüística, e isso, seguramente, será determinante no processo do nosso crescimento e do nosso desenvolvimento. Assim, desde o nosso nascimento, estamos determinados pelas circunstâncias culturais e sociais. Vamos esclarecer a partir de agora esses conceitos básicos de crescimento e desenvolvimento.

Crescimento e desenvolvimento

Durante muito tempo, os termos crescimento e desenvolvimento foram considerados como conceitos separados; o primeiro contemplava os aspectos físicos, e o segundo, os aspectos mentais. Era mais uma demonstração da dicotomia mente e

corpo, herdada das idéias de Descartes, como vimos na aula anterior. Atualmente, tende-se a considerar ambos os aspectos como fazendo parte do desenvolvimento, que abrangeria o crescimento orgânico e o desenvolvimento mental.

Figura 1 – Curva de crescimento

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Considera-se crescimento orgânico um processo dinâmico que se expressa de uma forma mais visível pelo aumento do tamanho corporal. Todo ser humano nasce com um potencial genético de crescimento que poderá ou não ser alcançado, dependendo das condições de vida a que esteja exposto desde a concepção até a idade adulta. Portanto, o processo de crescimento está influenciado por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais), dentre os quais se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ou retardando esse processo. Vemos, pois, que, apesar de expressar componentes biológicos, a forma como esse crescimento vai ocorrer depende em muito de fatores ambientais.

A fome e as conseqüências no desenvolvimento

A distribuição regional da desnutrição na infância praticamente se superpõe à distribuição descrita para a pobreza, reproduzindo, ainda com maior intensidade, as desvantagens das regiões Norte e Nordeste e, de um modo geral, das populações rurais do país. Crianças com baixa estatura se mostram duas a três vezes mais freqüentes no Norte (16,2%) e Nordeste (17,9%) do que nas regiões do Centro-Sul (5,6%), sendo que, internamente, às regiões, tanto no Nordeste como no Centro-Sul, o problema se apresenta duas vezes mais freqüente no meio rural do que no meio urbano. O risco de desnutrição chega a ser quase seis vezes maior no Nordeste rural, onde uma em cada três crianças apresenta baixa estatura, do que no Centro-Sul urbano, onde apenas uma em cada vinte crianças encontra-se na mesma situação. [...] A carência de ferro pode causar atraso no crescimento, reduzir a resistência às doenças e prejudicar a longo prazo o desenvolvimento mental, motor e das funções reprodutivas; ao mesmo tempo provoca aproximadamente 20 por cento das mortes relacionadas com a gravidez. A carência de iodo pode causar danos cerebrais irreparáveis, retardamento mental, distúrbios nas funções reprodutivas, diminuição da expectativa de vida infantil e bócio, e numa mulher gestante poderá determinar diferentes graus de retardamento mental da criança que vai nascer.

Extraído de: SPYRIDES, Maria Helena Constantino et al. Efeito das práticas alimentares sobre o crescimento infantil. Rev. Bras. Saude Mater.

Infant., v. 5, n. 2, p.145-153, jun. 2005.

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Atividade 1su

a re

spos

ta

Atividade 2

sua

resp

osta

Apresente aqui a sua opinião sobre algumas das causas da baixa estatura do nosso povo nordestino.

Se o desenvolvimento mental está intrinsecamente vinculado ao crescimento orgânico, que conseqüências mentais você imagina que podem decorrer da baixa estatura do povo nordestino?

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Desenvolvimento

A Psicologia do Desenvolvimento cuida do estudo das mudanças de comportamento relacionadas à idade durante a vida de uma pessoa. Esse campo do conhecimento propõe questões como: as crianças são qualitativamente diferentes dos adultos ou apenas têm

menos experiência? As crianças nascem com comportamentos inatos ou os moldam de acordo com o que experienciam? O que direciona o desenvolvimento do ser humano?

Basicamente, dois modelos advindos das ciências naturais dominam a cena nessa discussão: o modelo mecanicista-ambientalista e o modelo organicista-individualista.

O modelo mecanicista-ambientalista representa a criança e todos os seus fenômenos como uma lousa em branco, uma massa a ser moldada. O desenvolvimento infantil seria o resultado de uma programação, de uma manipulação por forças externas do ambiente, que o condicionaria. Assim, o ambiente, ao moldar mecanicamente o cérebro pelo condicionamento, determinaria a maneira como se organizariam as suas funções psíquicas. Tais concepções refletem-se nas práticas sociais voltadas para o desenvolvimento e a educação da criança. Sem se darem conta, muitos professores, pautados na visão mecanicista, consideram que o seu papel é programar/condicionar o comportamento e a aprendizagem dos seus alunos. O profissional torna-se, então, revestido de uma autoridade absoluta, procurando criar hábitos e atitudes através de treinamento de funções e de métodos explícita ou implicitamente coercitivos, como castigos e ameaças.

Já o modelo organicista não considera a criança como máquina, mas sim como um “ser vivo”, um organismo biológico, no qual a herança genética e a maturação do organismo comandam o processo de desenvolvimento. O pedagogo alemão com forte traços religiosos Friedrich Fröbel (1782-1852), criador da idéia do “jardim de infância”, é um exemplo desse pensamento. Ele propunha que as crianças fossem educadas respeitando-se as suas naturezas, de modo a desenvolver suas potencialidades de acordo com sua condição – a de ser filho de Deus. Para ele, como Deus está presente na natureza, ela é sempre boa por ser obra divina.

Ainda se observam muitos estudiosos que mantêm a crença de que o desenvolvimento depende das potencialidades individuais inatas e que a inteligência e os talentos são “dons” do próprio cérebro, determinados biologicamente e estimulados pelo ambiente. Na educação, a conseqüência do modelo organicista é a subordinação da aprendizagem ao ritmo individual e natural da criança. Quando o aluno apresenta alguma dificuldade no seu desenvolvimento e aprendizagem, isso é atribuído à imaturidade neurológica ou emocional.

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Em contraposição aos modelos mecanicista e organicista, o modelo histórico-cultural, proposto por Vygotksy, fundamenta-se na compreensão de uma relação dialética entre o biológico e o social. A criança não é representada pela máquina nem pelo organismo vivo, mas por um ser que se constitui nas relações sociais. Ele parte do pressuposto de que o homem não é um ser passivo, ele age sobre o mundo através das relações sociais e é nessas relações que devem ser buscadas as origens das formas superiores dos comportamentos.

Desde o seu nascimento, a criança está em interação com os adultos, que, por sua vez, buscam incorporá-las a suas culturas. Em nossa cultura, por exemplo, desde muito cedo orientamos nossas crianças para atitudes como “tomar a benção” aos pais, respeitar os mais velhos, comportar-se adequadamente nas cerimônias religiosas.

O filme “Trocando as bolas”, com Eddie Murphy no papel principal, pode ser um bom e divertido exemplo da discussão entre o inato e o adquirido. Neste filme, dois irmãos, donos de uma grande empresa, fazem uma aposta curiosa: um dos irmãos, que defende a importância do ambiente, sustenta que poderá transformar um mendigo em um alto executivo, se lhe der as condições. O outro, que acredita que as competências são inatas, aposta no contrário. Eddie Murphy é o mendigo que se transforma e desbanca da presidência da empresa um sobrinho dos irmãos apostadores.

Relação Dialética

Por relação dialética, queremos nos referir a

um tipo de relação em que o biológico e o social se

conflitam para surgir uma nova forma de visão, que

não é puramente biológica nem puramente social.

Em um primeiro momento, as crianças manifestam reações puramente naturais. A curiosidade exploratória faz com que, por exemplo, mexam nos aparelhos eletrodomésticos, introduzam objetos nas tomadas, toquem na comida com as próprias mãos. As reações dos adultos diante dessas atitudes assim, indicando os tipos de comportamentos esperados, fazem com que processos psicológicos mais complexos vão se formando, e, à proporção que as crianças crescem, esses processos passam a ser internalizados. Assim, através dessa interiorização, fruto das relações com a cultura e com a história, a natureza social das pessoas tornam-se também suas naturezas psicológicas.

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Atividade 3

Atividade 4

sua

resp

osta

sua

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Partindo desse olhar para nosso próprio passado, vamos tentar agora relembrar algumas atitudes que incorporamos a nossa natureza e que nos foram ditadas pelos nossos pais ou outros adultos com quem convivemos na infância.

Se você já tem filho ou se convive com parentes pequenos (crianças), liste a seguir qual (quais) das atitudes descritas anteriormente procurou transmitir para eles.

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Outro teórico fundamental nos estudos do desenvolvimento infantil foi Jean Piaget, que já conhecemos da aula 3 (A vida afetiva: emoções e sentimentos) por seus estudos sobre razão e emoção. O grande trabalho de Piaget foi estabelecer as etapas do desenvolvimento a partir do surgimento de novas qualidades do pensamento, o qual, por sua vez, interfere no desenvolvimento como um todo. Ele definiu quatro períodos básicos: sensório-motor, pré-operacional, operações concretas e operações formais, dos quais falaremos a seguir.

n Período sensório-motor (do nascimento até os 2 anos de idade) – Este período inicia-se com uma vida mental reduzida aos reflexos e aos instintos, os quais também vão se aperfeiçoando com o passar do tempo. A partir daí, a criança vai adquirindo cada vez mais autonomia motora e sensitiva: por volta dos cinco meses, já consegue coordenar os movimentos das mãos e pegar objetos. Nesta fase, o crescimento orgânico acelerado é o suporte para o surgimento das novas habilidades, já que é o crescimento ósseo e muscular que dá sustentação aos novos comportamentos. Ao final dos dois anos, a criança evolui de uma completa passividade para uma atitude ativa e participativa em relação ao ambiente: já se locomove, reconhece as pessoas, demonstra e reconhece os afetos, e em alguns casos já consegue esboçar as primeiras palavras.

n Período pré-operatório (dos 2 aos � anos) – Este período é marcado pelo aparecimento da linguagem, o que acelera a comunicação e faz surgir o pensamento. No início, a criança ainda é completamente anímica, ou seja, transforma a realidade em função de suas fantasias e desejos. Este é o período em que os pais observam seus filhos inventando diálogos com seus brinquedos, “transformando”, na sua imaginação, uma velha caixa em um fabuloso brinquedo, criando amigos imaginários. O final dessa fase é a famosa fase dos “porquês”, quando o pensamento começa a se adaptar ao real e a criança precisa de explicações, às vezes até com questões que não sabemos responder.

n Período das operações concretas (dos � aos �� anos) – Nesta fase, surge a capacidade de executar operações, ou seja, a criança é capaz de realizar uma operação física com um objetivo e revertê-la ao seu início. Assim, por exemplo, se em meio a um jogo descobre que ocorreu um erro, é capaz de desmanchá-lo e refazer a partir de onde errou. Vale lembrar que essas operações ainda só são possíveis quando relacionadas a objetos concretos e reais, ainda não há a capacidade de abstração. Por exemplo, se lhes é pedida uma definição de um conceito abstrato como Deus, elas tendem a responder com a imagem, a figura de um santo. Nesta fase, são capazes ainda de trabalhar com idéias a partir de dois pontos de vista diferentes, de estabelecer relações de causa e efeito e de adquir o conceito de número.

n Período das operações formais (dos �� anos em diante) – Nesta fase, ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento abstrato, e desenvolve-se a capacidade de generalização própria do pensamento adulto. Já são capazes de lidar com conceitos como justiça e liberdade, de criar teorias a respeito do mundo e têm a tendência a ler a realidade de acordo com seus próprios sistemas de interpretação. Na Figura 2, apresentamos como se configura o pensamento do adolescente, assunto que aprofundaremos na aula seguinte.

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Aula 04  Psicologia da Educação Aula 04  Psicologia da Educação �

Atividade 5

sua

resp

osta

Estágios dodesenvolvimento

cognitivo de Piaget

Sensório-motor(do nascimento

aos 2 anos)

1Pré-operatório

(2 - 7 anos )Operações concretas

(7 - 11 anos)Operações formais(11 anos em diante)

2 3 4

Figura 2 – As fases do desenvolvimento, segundo Piaget

Vamos voltar a observar a(s) criança(s) com quem convivemos (filhos ou parentes) e tentar descrever que comportamentos poderiam ser incluídos nas fases descritas por Piaget.

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Fatores que influenciam o desenvolvimento

Depois de vermos os diversos métodos de estudo do desenvolvimento humano, vamos agora analisar, de um modo geral, os fatores que o influenciam. Recordemos sempre que esses fatores não atuam isoladamente, mas em interação permanente.

1. Hereditariedade – Já vimos como este fator é importante para o crescimento biológico, mas é preciso entender os aspectos genéticos como bagagem potencial herdado pelo indivíduo que pode vir a desenvolver-se ou não, dependendo dos demais fatores. Sabemos que a inteligência, por exemplo, é uma capacidade que pode ser transmitida geneticamente, no entanto, essa capacidade é potencial; ela pode desenvolver-se além ou aquém desse potencial, dependendo das condições do meio.

2. Crescimento orgânico – A partir do momento em que seu organismo se desenvolve, o indivíduo começa a adquirir mais domínio sobre seu meio ambiente, mais autonomia e maiores possibilidades de descobertas. Além disso, os fatores que interferem no pleno desenvolvimento do organismo podem acarretar dificuldades no desenvolvimento mental, como vimos anteriormente.

3. Amadurecimento neurofisiológico – Nascemos com cerca de 100 bilhões de neurônios, que se intercomunicam em redes, no entanto, a estabilidade das redes neuronais e o aumento de suas complexidades vão estabelecendo-se ao longo do desenvolvimento, a partir das experiências trazidas pelas interações sociais. Veremos melhor esses aspectos na aula 7 (Como se aprende: o papel do cérebro), quando discutiremos as implicações neurológicas da aprendizagem.

4. O meio – As influências e os estímulos ambientais alteram significativamente os padrões de comportamento. Crianças estimuladas mais intensamente em determinados comportamentos os desenvolvem mais intensamente. A estimulação precoce, por exemplo, é um tipo de terapia utilizada em crianças que ao nascerem tenham tido problemas como: infecções congênitas, prematuridade ou transtornos na hora do parto, como a paralisia cerebral. Esses recém-nascidos, em função do risco, precisam ser estimulados mais intensa e precocemente, a fim de prevenir ou atenuar possíveis atrasos no seu desenvolvimento.

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Resumo

2

3

4

Auto-avaliação

O que é o desenvolvimento humano?

Descreva dois motivos pelos quais você considera importante estudar o desenvolvimento.

Faça uma síntese dos três métodos de estudo do desenvolvimento apresentados nesta aula.

Releia a aula 1 (A Psicologia e sua importância para a Educação: o homem e sua subjetividade), na qual discutimos o conceito de subjetividade, e faça uma relação desse conceito com um dos métodos de estudo do desenvolvimento.

Faça um resumo dos períodos do desenvolvimento propostos por Piaget.

ReferênciasBOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.

PIAGET, J. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense, 1985.

SPYRIDES, Maria Helena Constantino et al. Efeito das práticas alimentares sobre o crescimento infantil. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., v. 5, n. 2, p. 145-153, jun. 2005.

VYGOTKSY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

Nesta aula, vimos alguns aspectos do desenvolvimento humano, centrando a discussão nas teorias que alicerçam tais estudos. Vimos também os fatores que interferem no desenvolvimento da criança.

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Anotações

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