1
Português www.escolavirtual.pt | ©Escola virtual 1 / 1 D. Inês de Castro (c. 1323-1355) D. Inês de Castro era uma fidalga galega, de rara formosura, que fez parte da comitiva da infanta D. Constança de Castela, quando esta, em 1340, se deslocou a Portugal para casar com o príncipe D. Pedro (1320-1357). A beleza singular de D. Inês despertou desde logo a atenção do príncipe, que veio a apaixonar-se profundamente por ela. Desta paixão nasceu entre D. Pedro e D. Inês uma ligação amorosa que provocou escândalo na Corte portuguesa, motivo por que o rei resolveu intervir, expulsando do reino Inês de Castro, que veio a instalar-se no castelo de Albuquerque, na fronteira de Espanha. D. Constança morre de parto em 1345 e a ligação amorosa entre D. Pedro e D. Inês estreita-se ainda mais: contra a determinação do rei, D. Pedro manda que D. Inês regresse a Portugal e instala-a na sua própria casa, onde passam a viver uma vida de marido e mulher, de que nascem quatro filhos. Os conselheiros do rei aperceberam-se das atenções com que o herdeiro do trono português recebia os irmãos de D. Inês e outros fidalgos galegos chamaram a atenção de D. Afonso IV para aquele estado de coisas e para os perigos que poderiam advir dessa circunstância, uma vez que seria natural antever a possibilidade de vir a criar-se uma influência dominante de Castela sobre a política portuguesa. E persuadiram o rei de que esse perigo poderia afastar-se definitivamente, se se cortasse pela raiz a causa real desse perigo: a influência que D. Inês exercia sobre o príncipe D. Pedro, que um dia viria a ser rei de Portugal. Para isso seria necessário e suficiente eliminar D. Inês de Castro. O problema foi discutido na presença dos conselheiros do rei em Montemor-o-Velho, e aí ficou resolvido que Inês seria executada sem demora. Quando D. Inês soube desta resolução, foi ter com o rei, rodeada dos filhos, para implorar misericórdia, uma vez que ela se considerava isenta de qualquer culpa. As súplicas de Inês só momentaneamente apiedaram D. Afonso IV, que entretanto se deslocara a Coimbra para que se desse cumprimento à deliberação tomada. E a execução de D. Inês efetuou-se em 7 de janeiro de 1355, segundo o ritual e as práticas daquele tempo. Anos depois, em 1360, D. Pedro I, já então rei de Portugal, jurou, perante a sua corte, que havia casado clandestinamente com D. Inês um ano antes da sua morte. O tema dos amores de D. Inês e da sua triste morte interessou grande número de poetas e escritores de várias épocas e de várias nacionalidades, e pode dizer-se que se contam por centenas as obras literárias em que o tema foi tratado.

D. Inês de Castro

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Episódio de Os Lusíadas - D. Inês de Castro

Citation preview

  • Portugus

    www.escolavirtual.pt | Escola virtual 1 / 1

    D. Ins de Castro (c. 1323-1355)

    D. Ins de Castro era uma fidalga galega, de rara formosura, que fez parte da comitiva da

    infanta D. Constana de Castela, quando esta, em 1340, se deslocou a Portugal para casar com

    o prncipe D. Pedro (1320-1357).

    A beleza singular de D. Ins despertou desde logo a ateno do prncipe, que veio a

    apaixonar-se profundamente por ela. Desta paixo nasceu entre D. Pedro e D. Ins uma ligao

    amorosa que provocou escndalo na Corte portuguesa, motivo por que o rei resolveu intervir,

    expulsando do reino Ins de Castro, que veio a instalar-se no castelo de Albuquerque,

    na fronteira de Espanha.

    D. Constana morre de parto em 1345 e a ligao amorosa entre D. Pedro e D. Ins estreita-se

    ainda mais: contra a determinao do rei, D. Pedro manda que D. Ins regresse a Portugal e

    instala-a na sua prpria casa, onde passam a viver uma vida de marido e mulher, de que

    nascem quatro filhos.

    Os conselheiros do rei aperceberam-se das atenes com que o herdeiro do trono portugus

    recebia os irmos de D. Ins e outros fidalgos galegos chamaram a ateno de D. Afonso IV

    para aquele estado de coisas e para os perigos que poderiam advir dessa circunstncia, uma vez

    que seria natural antever a possibilidade de vir a criar-se uma influncia dominante de Castela

    sobre a poltica portuguesa.

    E persuadiram o rei de que esse perigo poderia afastar-se definitivamente, se se cortasse pela

    raiz a causa real desse perigo: a influncia que D. Ins exercia sobre o prncipe D. Pedro, que

    um dia viria a ser rei de Portugal. Para isso seria necessrio e suficiente eliminar D. Ins de

    Castro. O problema foi discutido na presena dos conselheiros do rei em Montemor-o-Velho,

    e a ficou resolvido que Ins seria executada sem demora.

    Quando D. Ins soube desta resoluo, foi ter com o rei, rodeada dos filhos, para implorar

    misericrdia, uma vez que ela se considerava isenta de qualquer culpa.

    As splicas de Ins s momentaneamente apiedaram D. Afonso IV, que entretanto se deslocara

    a Coimbra para que se desse cumprimento deliberao tomada. E a execuo de D. Ins

    efetuou-se em 7 de janeiro de 1355, segundo o ritual e as prticas daquele tempo.

    Anos depois, em 1360, D. Pedro I, j ento rei de Portugal, jurou, perante a sua corte, que

    havia casado clandestinamente com D. Ins um ano antes da sua morte.

    O tema dos amores de D. Ins e da sua triste morte interessou grande nmero de poetas

    e escritores de vrias pocas e de vrias nacionalidades, e pode dizer-se que se contam por

    centenas as obras literrias em que o tema foi tratado.