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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · atividade deve ser assimilada pelos professores como um tempo indispensável a prática pedagógica, destinada ao trabalho extra sala de aula,

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

HORA - ATIVIDADE: SUPERANDO O COTIDIANO

ESCOLAR.

Santo Antônio da Platina

2011

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SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

HORA - ATIVIDADE: SUPERANDO O COTIDIANO

ESCOLAR.

Artigo científico apresentado como avaliação

final do Programa de Desenvolvimento

Educacional da Universidade Estadual do

Norte do Paraná e Secretaria do Estado do

Paraná.

Professor do PDE: Mair Arantes Pereira

Orientador: Prof.Dr. José Carlos da Silva

Santo Antônio da Platina

2011

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Título: Hora-atividade superando o cotidiano escolar

PEREIRA, Mair Arantes1

SILVA, José Carlos2

RESUMO

O presente artigo apresenta o resultado da pesquisa realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) 2009, executado no Colégio Estadual Rio Branco Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional (EFMNP), tendo como objeto de estudo Hora-Atividade: Superando o Cotidiano Escolar. Propõe-se que a hora-atividade seja entendida como processo de construção e reconstrução da prática pedagógica com o compromisso de instrumentalizar os profissionais da educação num processo contínuo de aperfeiçoamento. Dessa forma, busca situar a hora-atividade no espaço escolar, a partir do amparo legal, ressaltando a tênue relação das diversas dimensões que a função docente apresenta. Assim, definem-se concretamente as metas propostas no Projeto Político Pedagógico do Colégio que vão ao encontro das necessidades pedagógicas, através da mediação do pedagogo para otimizar a hora-atividade, visando a melhor organização da ação docente no sentido de atingir o alvo educacional que se configura na promoção do educando. A hora-atividade sendo uma conquista política e um resgate histórico da organização do trabalho pedagógico justifica-se sua efetiva implementação com direcionamento no espaço escolar. Após análise dos resultados obtidos, através de coleta de dados, com a socialização dos mesmos com a fundamentação teórica do campo educacional, verificou-se que a hora atividade ainda deixa seqüelas a ser concretizadas perante os profissionais da educação, embora tenha conhecimento que a lei da hora-atividade veio favorecer seu trabalho extraclasse. Neste contexto e, considerando a política educacional da rede pública do Paraná, a hora-atividade requer um olhar especial para sua concretização, onde a mesma deixe de ser um trabalho burocrático e passe a ser um espaço de formação, estruturado para o processo educativo.

Palavras chave: hora-atividade; pratica pedagógica; espaço escolar; educação básica.

1 Professora pedagoga da rede pública estadual, Colégio Estadual Rio Branco. Santo Antonio da Platina/PR.

2 Orientador UENP - Campus Jacarezinhos/PR.

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ABSTRACT

This article presents the results of the study supported by "Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) 2009", developed at Colégio Estadual Rio Branco Ensino. The subject of the study was the measure Hour-Activity: overcoming the quotidian scholar job. We propose that the Hour-Activity could be understood as a process that can build and reconstruct the pedagogic practice with the commitment on teacher's instrumentalization as a continuous improvement in his knowledge. Like this we could give legal support to the Hour-Activity and place it on the school's space since the teacher has such diverse aspects of functions. This helps to define the expected metes on the School's Political Pedagogic Project that are aligned to the pedagogic necessities by the pedagogue's intervention to optimize the Hour-Activity, trying to achieve better docent's action organization in the meaning to reach the educational goal that is the education promotion of the student. The Hour-Activity's implementation is justified on the school's space since the it is a political conquers and a historical rescue of the pedagogic activity. After data were collected, analyzed and compared with theoretical basis on the education domain we could verify that even though the professionals are aware that the Hour-Activity law came to help them with the extra-class work, they still did not use this benefit in their own favor, what means the Hour-Activity is not yet completely implemented. Regarding the educational politic on the public system of the Paraná State the Hour-Activity needs a special attention to bee really installed and instead of being a bureaucratic work starts to be a chance of formation, structured to help the education process.

Key words: hour-activity; pedagogic practice; school's space; basic education.

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1 INTRODUÇÃO

Sendo este artigo o resultado de uma pesquisa realizada no Colégio

Estadual Rio Branco Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional, situado

no Município de Santo Antonio da Platina/ Paraná. Promovido pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do

Paraná (SEED), durante o período de 2009/2010, como parte integrante da

política educacional de formação continuada. Para tanto, o presente trabalho traz

algumas reflexões sobre a importância da hora-atividade na organização do

trabalho pedagógico educativo como espaço de discussão a se analisar, para as

possibilidades de efetivar a participação dos professores envolvidos no processo

educacional.

A escolha e o interesse em estudar a Hora-Atividade na sua linearidade

histórica, legislação, normas e atribuições; partiu de múltiplos olhares em relação

a atuação enquanto professora pedagoga no Colégio Estadual Rio Branco- EFMN

e Profissional, além do diálogo com a Direção e Equipe Pedagógica sobre o tema

proposto; que se depara com angústias e incertezas diante de situações em que

se constata no espaço escolar; requer em suas possibilidades, suporte para

enfrentamento de algumas definições de atividades docentes existentes no

cotidiano escolar.

Na atualidade, a Hora-atividade no espaço escolar, a partir do amparo legal,

se apresenta com a atuação de docentes em diversas dimensões. Dimensões

estas que perpassam pela competência técnica, pela formação continuada, pela

dimensão dos saberes para o ensino-aprendizagem e a dimensão avaliativa com o

propósito de computar a prática desenvolvida.

Acompanhando de perto o cotidiano da escola comprova-se que o trabalho

do professor em suas dimensões apresenta incoerência entre si; tornando um

trabalho fragmentado, produzindo um isolamento de conhecimentos oferecidos na

escola; dificultando ao aluno conhecer os fenômenos de cada disciplina de modo

integrado.

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Observa-se que de modo geral, a prática pedagógica dos docentes,

necessita que as dimensões referidas acima sejam ligadas entre si para

proporcionar ao docente a visão da totalidade da ação pedagógica.

Tendo em vista o exposto, se reforça da seguinte forma:

O trabalho pedagógico, a organização dos tempos e espaços pedagógicos e a gestão do trabalho educativo e de sua permanente organização tendem a se repetir e rotinizar, perdendo sua dinamicidade. [...] A prática pedagógica e a organização do trabalho escolar são produtos de construção histórica e estão em permanente processo de re-instauração. Entretanto, tendem, também a se naturalizar, sendo assumidas como certas. Nesta tendência não se reconhece à pulsão instituinte do histórico da construção desta relação. Em decorrência, reforça-se uma estrutura pesada, objetiva, que acaba privilegiando interesses nem sempre publicamente explicitado, mas constrangedora ao construir inovação. Uma das marcas desta objetivação são as regras das relações, que cristalizam, objetivam e naturalizam o ato pedagógico e sua gestão (WITTMANN, 2004, p.35).

Para tanto, a organização do tempo do conhecimento marcada pelos

segmentos são elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico,

onde se estabelece períodos de estudos e reflexão dos profissionais da educação

fortalecendo a escola como instância de educação continuada.

Parte, também do pressuposto que seria correto considerar que a hora-

atividade deve ser assimilada pelos professores como um tempo indispensável a

prática pedagógica, destinada ao trabalho extra sala de aula, onde se tem o

momento de pensar, estudar e preparar um ensino de qualidade. Diante de tal

opção, define-se a problematização mediante a questão fundamental: Quais ações

podem ser encaminhadas aos professores proporcionando uma nova visão na

organização do trabalho pedagógico durante a hora-atividade oportunizando esse

espaço para reflexão sobre o uso do tempo e dos saberes escolares?

Entendendo o conhecimento como ato de construir, crescem descobertas e

reflexões sobre o legítimo e fantástico prazer de aprender, inerente ao trabalho

pedagógico e à sua gestão, ocorre-se a necessidade da conscientização e da

importância de interagir dos docentes através de: troca de experiências, confronto

de embasamento teórico e prática cotidiana, otimizado e coordenado pela equipe

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pedagógica, proporcionado no próprio espaço escolar na efetivação da hora-

atividade de forma positiva, que venha a contribuir para educação.

Nesse contexto, passamos a entender a necessidade da existência de

incentivos e espaços permanentes na escola para estudo e reflexão coletiva dos

professores na hora-atividade, para que haja maior comunicação entre os

profissionais da educação, com vistas a apontar rumos para educação e

conseqüentemente, no sentido de atingir o alvo educacional que se configura na

promoção do educando.

Contudo, precisa-se ter clareza de que no trabalho docente, as atividades

teóricas e práticas fundem numa mesma totalidade, necessita-se de tempo para

estudos e planejamento; por isso seria interessante que a hora-atividade fosse

além das atividades práticas individualizadas e passasse a ser útil para estudos e

momentos pedagógicos coletivos, permitindo articulação entre os fundamentos e

as práticas educativas.

2 DESENVOLVIMENTO

HORA-ATIVIDADE: ASPECTO LEGAL

Como ponto de partida, propõe-se que a hora-atividade seja entendida

como processo de construção e reconstrução da prática pedagógica como

compromisso de instrumentalizar os profissionais da educação num processo

contínuo de aperfeiçoamento, visa-se transformar o processo ensino

aprendizagem com estudos, métodos, técnicas e uso de novas tecnologias que

estão ao alcance dos professores.

Abordando a história da hora-atividade nas escolas públicas de educação

básica paranaense, ostentam-se conseqüentemente fortes mudanças no processo

e na conquista da organização do trabalho pedagógico dos profissionais da

educação. Neste sentido, além do caráter pedagógico, a hora-atividade trouxe

melhor qualidade de vida ao professor que começou ter um tempo destinado

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especificamente para desenvolver as atividades que até então eram feitas em

contra-turno, muitas vezes se privando da vida familiar para dedicar a profissão.

Considerando que de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional n.9394/96 em seu artigo 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

III - zelar pela aprendizagem dos alunos;

IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, a avaliação e ao desenvolvimento profissional;

VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

Assim sendo, é relevante destacar a importante modificação legislativa

ocorrida a partir da edição da lei acima mencionada, embora não traga a

expressão hora-atividade no Art. 67, inciso V, o qual dispõe sobre a valorização

dos profissionais da educação assegurando-lhe período reservado a estudos,

planejamentos e avaliações, incluídos na carga horária semanal de seu trabalho.

No século XX, deu-se a unidade essencial do corpo docente, imposta pelo

Estado e uma unidade ligada às práticas associativas pautadas por reivindicações:

melhoria do estatuto, controle da profissão, definição da carreira exercida por ação

coletiva, constituindo conjunto de normas, valores, alimentados em

potencialidades do dia a dia da escola e na expansão ao conjunto da sociedade.”

Foi a época de glória do modelo escolar e o período de ouro da profissão docente”

(NÓVOA, 1999,p.19).

Desta forma, os anos de 1980 foram intensamente marcados por

mobilizações e debates pedagógicos dos educadores em busca de uma

identidade profissional, como também pela melhoria da educação e das condições

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de trabalho. Todavia, esta década também foi marcada pela afirmação pública da

categoria docente, onde teve envolvimento dos professores dos três graus de

ensino, na defesa de seus direitos como trabalhadores da educação.

Deste modo, a Associação de Professores do Paraná (APP), apresentou

em seu Plano de Cargos, Carreiras e Salários, a proposta de 50% da jornada de

trabalho reservada à hora-atividade. Nesse percurso, houve negociação com a

Secretaria da Educação (SEED), que se predispôs e estudar a possibilidade de

implantação de 20% da hora-atividade para todos os docentes. Mesmo não sendo

o índice requerido pela APP, houve aceitação desse percentual.

Vale destacar, que o projeto de lei foi aprovado por unanimidade, sem

emendas, pela Assembléia Legislativa, em 02 de setembro de 2002. Assim a Lei

n. 13.807, entrou em vigor em 30 de setembro de 2002 e determina:

Art. I - Fica instituído percentual de 20% (vinte por cento) de hora-atividade da jornada de trabalho para todos os professores do Estado do Paraná em efetiva regência de classe em seu estabelecimento de ensino da rede pública, considerando a jornada do cargo efetivo, das aulas extraordinárias e das aulas pelo regime consolidação das leis trabalhistas (CLT).

Art. III - A hora-atividade é o período em que o professor desempenha funções da docência, reservado aos estudos, planejamentos, reuniões pedagógicas, atendimento à comunidade escolar, preparação de aulas, avaliação dos alunos e outros correlatas, devendo ser cumprida integralmente no local de exercício.

Entretanto, observa-se que é vago esse “período reservado a estudos” e

outros, ou seja, não há especificações precisas sobre quais “estudos” os docentes

poderiam se dedicar. “A forma como a hora-atividade vem sendo utilizada, sua

definição, as atividades pertinentes, as não pertinentes, não constam em literatura

própria”. (ZAMONER, 2004, p.21).

Por outro lado, a Superintendência de Educação do Estado do Paraná, em

sua Instrução n.02/2004, orienta que:

1- A hora-atividade é o tempo reservado ao Professor em exercício de docência, para estudos, avaliação e planejamento.

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10 2- A organização da hora-atividade deverá favorecer o trabalho coletivo

dos professores, priorizando-se: O coletivo de professores que atuam na mesma área do conhecimento e/ou

módulos, tendo em vista a implementação do processo de elaboração das diretrizes curriculares para a rede pública estadual de Educação Básica;

O coletivo dos professores que atuam na(s) mesma(s) turma(s), série(s), dos diferentes níveis e modalidades de ensino;

A formação de grupos de professores para o planejamento e para o desenvolvimento de ações necessárias ao enfrentamento de problemáticas específicas diagnosticadas no interior do estabelecimento;

A correção de atividades discentes, estudos e reflexões a respeito de atividades que envolvam a elaboração e implementação de projetos e ações que visem a melhoria da qualidade de ensino, propostos por professores, direção, equipe pedagógica e ou /NRE /SEED, bem como o atendimento de alunos, pais e (outros assuntos de interesse da) comunidade escola.

Como conquista política, as contribuições que à hora-atividade trouxe para

os professores, constata que foi concebida para que o professor efetive e

desempenhe suas ações educativas dentro do próprio espaço escolar, prioriza a

necessidade do trabalho coletivo que pode ser concretizada à luz da hora-

atividade.

Contudo, são tantas as mudanças e desafios colocados para os

professores, que se precisa de um tempo para refletir juntos. Sendo indispensável

que este a perceba, como algo novo, com significativo e relevância, mas também

relacionada com suas experiências profissionais.

HORA-ATIVIDADE: COTIDIANO ESCOLAR

O presente tópico, inserido no contexto da escola, se concretiza de formas

distintas pelas características de seus diferentes profissionais, frente a este fato

que se desenvolve a presente pesquisa. O envolvimento dos educadores na

hora-atividade tem princípios básicos, quer no ponto de vista profissional quer no

pessoal, numa reflexão com vistas às mudanças da prática cotidiana.

Vale destacar que, seguindo as orientações da Coordenação PDE/SEED

apresentamos o Projeto de Implementação Pedagógica, na Semana Pedagógica

do Colégio, (onde foi executado o projeto de implementação do programa PDE),

foi oportunizada a toda comunidade escolar tomar ciência do trabalho

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desenvolvido com base na proposta, ora defendida. O plano de trabalho foi

apresentado e socializado, visando a participação daqueles na Implementação da

Proposta de intervenção por intermédio da Hora-Atividade, buscando reformular

as práticas pedagógicas para que favoreçam a mudança, com estratégias

adequadas.

Frente a este fato, o presente estudo objetivou investigar os professores do

Colégio, como vivenciam a Hora-Atividade, por meio de um instrumento

(questionário). Para coletar os discursos, foram utilizadas questões norteadoras

tais como:

1. Como conquista política, quais as contribuições que a hora-atividade trouxe

para os professores?

2. Como a hora-atividade se efetiva na sua prática docente?

3. A partir da realidade posta no cotidiano escolar, qual o papel da hora-

atividade na prática pedagógica?

4. O trabalho docente carece de um caráter cientifico, e que, portanto, necessita

de tempo para estudos e planejamento. Justifique.

5. O espaço escolar bem como o horário da hora-atividade favorece o

desenvolvimento das funções da docência?

6. A hora-atividade prioriza o trabalho coletivo, em que medida a escola como

espaço de trabalho rico, flexível e democrático contribui para esta efetivação?

A análise dos dados coletados apresentou múltiplas interpretações sobre o

processo da hora-atividade e suas implicações. Entretanto a realidade investigada

não pretende responder a todas as questões ora colocadas, apenas permitir um

maior nível de estudos e análise de como a hora-atividade se restringe no

cotidiano do Colégio e as incoerências presentes. Constata-se que teoricamente a

noção sobre a hora-atividade bem como as suas contribuições e sua prática no

espaço escolar apresenta-se bem marcada nas respostas obtidas, no entanto fica

latente que hora-atividade está sendo sinônimo de executar atividades. No que

tange ao espaço de reflexão da prática pedagógica fica secundarizado.

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A pesquisa possibilitou também que há necessidade de espaço físico

específico para realização da hora-atividade. Conclui-se desta pesquisa que a

hora-atividade no cotidiano escolar tem no contexto legal avançado nas

conquistas, mas no contexto real de mudança da prática pedagógica um hiato a

ser superado. Diante do exposto e como as questões eram abertas, foram

selecionadas aquelas cujas respostas tivessem maior clareza em relação ao

objeto de estudo:

1. Veio amenizar a sobrecarga na realização de nossas tarefas. Importante conquista, pois foi reservado tempo no horário de trabalho para que os professores, repense sua prática, tirem suas dúvidas, planejem a ação pedagógica, tendo como foco o aluno e seu aprendizado.

2. Busco realizar estudo nesse espaço da hora-atividade. 3. Refletir sobre sua ação pedagógica, compreendendo os vínculos de sua

prática, com a social global; repensar essa prática a fim de torná-la mais significativa e eficaz.

4. Sem dúvida nenhuma, a hora-atividade deve ter um caráter de

fortalecimento da formação docente, carecendo, portanto, ser tempo e espaço, numa visão gramsciana, de busca constante da formação integral do ser humano (intelectual orgânico).

5. Apesar das condições ainda não serem muito favoráveis, há, portanto por

parte de alguns professores, compromisso pela melhoria da escola, do trabalho pedagógico e no aprendizado dos educandos.

6. Nem sempre a hora-atividade, tem sido utilizada para reflexão e trabalho

coletivo docente no Colégio, embora que se sabe que o espaço físico oferecido fica restrito e comprometido para que aconteça a hora-atividade como está na lei.

Diante das respostas, faz-se necessário que os professores compreendam

que a função real da escola está no socializar os conhecimentos científicos,

artísticos e filosóficos, por meio do saber escolar. Neste contexto, o teórico,

Saviani (2005 p: 21) afirma que: “pela mediação da escola acontece à passagem

do saber espontâneo ao saber sistematizado, da cultura popular à cultura erudita

num movimento dialético”.

Contudo há um cenário preocupante para o qual, o essencial é que os

professores ultrapasse fronteiras de entendimento, porque existe uma tendência

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de que a hora-atividade existe como trabalho alienado, consiste apenas como

espaço de tempo para trabalhos práticos; é preciso correlação de forças, capazes

de fornecer elementos para termos novas esperanças e novas utopias, que nos

darão resistência contra o fatalismo, na busca do conhecimento.

Cabe ressaltar que a escolha por trabalhar apenas com os professores do

Ensino Médio - período noturno deu-se ao devido fato de crer que tais

circunstâncias pudessem contribuir para que os mesmos se organizassem de

forma distinta no que se refere à distribuição e utilização da Hora-Atividade e

conseqüente na organização do trabalho docente.

Dessa forma foram oferecidos momentos de estudos pedagógicos e

burocráticos, contribuindo assim com dados necessários, para que a organização

da hora-atividade favoreça ações de estudos e reflexões, com as possibilidades

de direcionar um planejamento da mesma. Assim estabelecem as prioridades de

ações, conforme as necessidades evidenciadas e com a flexibilidade nas

interações em sala de aula, onde cada professor prioriza e desenvolve suas

estratégias dentro do cronograma da hora-atividade, ou seja, nos 20% da hora

aula, visando a melhoria e qualidade de ensino.

Portanto essas elaborações foram extraídas das idéias e postura dos atores

entrevistados que contribuíram com análise, tendo em vistas realçar à luz do

referencial teórico construído ao longo desse trabalho e que colaboraram na

reflexão e conclusão; procede do seguinte questionamento: De acordo com a lei

da Hora- Atividade e o seu cronograma é possível um planejamento da mesma

com direcionamento e de efetivação no local de trabalho?

Sim. A hora-atividade é um momento de suma importância para o professor, nesse momento que ele prepara sua aula, rever PTD, critérios de avaliação e outros. Na verdade são pontos importantes, mas sua principal função é através dessa prática refletir sobre sua ação pedagógica, rever as principais dificuldades dos alunos e seus avanços. Podendo assim partilhar as alegrias e angústias sentidas em sala de aula com a equipe pedagógica, pra que juntos possam tomar decisões que sejam coerentes.

A valorização da hora-atividade na formação contínua nasce da consciência do professor, que decide tomar para si a própria formação, buscar conhecimento a partir de suas necessidades e interesses. Assim

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14 encontrar caminhos de superação e conflitos presentes no cotidiano escolar. (S M L C)

Sim. A hora-atividade é ideal para formação e reflexão dos professores porque propicia a prática docente a ampliação do conhecimento. Possibilita inovações e prevê possibilidades na ação pedagógica na busca de novos caminhos para o desenvolvimento profissional. É um momento em que o professor revê sua prática, através das atividades aplicadas em sala de aula, avanços ou possíveis problemas. É na construção coletiva, que faz o mundo crescer, amadurecer, se transformar e ser melhor. “Hora- Atividade valorização da formação contínua como espaço individual e coletivo para estudo, reflexão e aprendizagem.” (M I M F)

De fato, o professor necessita-se da teoria, do conhecimento científico e

analisa sua prática à luz da teoria; experimenta novas formas de trabalho, cria

novas estratégias e inventa novos procedimentos, tendo como foco o aluno como

seu aprendizado; e como visto a hora-atividade efetiva esse direcionamento para

um debate pedagógico de maneira coletiva, subsidiado no possível pela equipe

pedagógica.

Mediante desse fato, a escola em seus diferentes graus, como instrumento

da formação de um novo tipo de homem. Para tanto se faz necessário que o

professores, intencionados na hora-atividade, compreendam a importância do

conhecimento intelectual, indispensável na luta pela superação entre pensamento

e ação, entre teoria e prática, pela transformação desta sociedade; a qual gera a

divisão das classes sociais; amplia-se cada vez a distância entre poucos que

sabem muito, e muitos que sabem pouco.

Desta forma, dado o seu caráter de instituição, na escola a organização do

trabalho na hora-atividade tem-se pautado, pela reprodução racional de

instrumentos que se instituem dimensões conservadoras e conformadoras. Uma

das condições favoráveis para execução da hora-atividade é estimular o trabalho

coletivo, priorizando a expresssão ”professor reflexivo”, segundo (PIMENTA &

CHEDIN 2005), que desde o início dos anos 1990, final do século XX, tomou conta

do cenário educacional.

Questionando e aprofundando o conceito de professor reflexivo. Alarcao

(1996:174), diz “que o homem no final do século precisa reaprender a pensar”,

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pois a reflexão não é um processo mecânico. Deve, antes, ser compreendida

numa perspectiva histórica e de maneira coletiva, a partir da análise e explicitação

dos interesses e valores que possam auxiliar o professor na sua formação e na

valorização profissional.

Em contra partida, considera-se que o trabalho coletivo como um momento

privilegiado para o resgate das necessidades reais à face das mudanças que se

ocorre na escola e na sociedade. Existe um saber do professor que muitas vezes

morre com ele, pois não há oportunidade para ser elaborado, partilhado e

dialogado.

HORA-ATIVIDADE: PROCESSO EDUCATIVO

O presente tópico tem como intenção dar a conhecer o feitio no qual teoria

e prática se determina numa instigação do professor e do ambiente escolar para o

aluno agir, mobilizar-se em todas as suas faculdades, interagir com a classe, criar

algo que tenha a marca de sua originalidade à luz da hora-atividade. Em sentido

nato, todos os segmentos da comunidade educativa participam do processo

educativo, mas o professor e aluno realizam uma relação específica, como

“parceiros da aprendizagem”. Frente a este fato o processo educativo fica

considerado a excelência de todas as dimensões formais do ensino-

aprendizagem.

No contexto das pesquisas educacionais brasileiras, os estudiosos vêm

apontando, as questões dos saberes docentes; onde a formação de professores

tem destacado a importância de se analisar a prática pedagógica como algo

relevante; resgatando o papel do educador como foco central de competências e

técnicas, reconhecendo como sujeito de um saber e de um fazer construído ao

longo da carreira.

Assim sendo, repensando a formação dos professores a partir da análise da

prática pedagógica, pode-se identificar o aparecimento dos saberes como um dos

aspectos considerados nos estudos sobre a identificação da profissão do

professor. Parte da premissa de que:

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Essa identidade é construída a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão: da revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias. (PIMENTA, 1999, p.19)

Desta forma, a análise da atividade profissional docente salienta o valor

epistemológico da prática, valorizando o conhecimento inteligente, no desafio à

reflexão e a não seguir as aplicações rotineiras de regras e processos já

conhecidos, mas dar respostas a questões novas, problemáticas, através da

invenção de novos saberes, novas técnicas caracterizadas num determinado

problema; transforma-se a escola em comunidades de aprendizagens nas quais

os educadores se apóiam e se estimulam mutuamente colocando compromisso

emancipatório de transformação das desigualdades sociais.

Para tanto, é fundamental reconhecer que os profissionais da educação,

enquanto categoria política tem apresentado resistências e ações revolucionárias

em favor das mudanças na escola, articuladas organicamente na sociedade, no

cotidiano das relações sociais; onde se faz necessário conquistar a hegemonia

política e ideológica, lutar contra apropriação privada e elitista do conhecimento.

De acordo com Saviani (2004, p.6): “Ora sem a formação da consciência de

classe não existe organização e sem organização não é possível a transformação

revolucionária da sociedade”

Vale destacar que, esse entendimento sobre a educação está em sintonia

com Saviani (2005, p.141) quando salienta que: ”Agindo sobre a natureza, ou seja,

trabalhando, o homem vai construindo o mundo histórico, o mundo de cultura e o

mundo humano. E a educação tem suas origens nesse processo”. Subordinando-

os e limitando suas possibilidades de organização da hora-atividade na construção

social da escola.

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Em sincronia com essas mudanças, a organização do tempo e dos

espaços da escola reflete a concepção pedagógica adotada pelo coletivo, voltado

a hora-atividade, em um processo de formação contínua, permitindo situar a

escola num trabalho rico, flexível e democrático, abre-se novas possibilidades

pedagógicas para que os alunos possam aprender satisfatoriamente, por meio da

construção e reconstrução de significados, destinados a aprendizagem.

Visto que reflexão são atributos aos seres humanos e os professores como

seres humanos se refletem num contexto com formas curriculares nas quais

questiona a formação em perspectiva técnica, tornam-se capazes de ensinar em

situações singulares, instáveis, incertas e carregadas de conflitos.

Evidentemente, a formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexidade crítica sobre as práticas e de (re) construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir na pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1999, p.25).

Em verdade, a compreensão dos processos de contribuição do saber fazer

docente no local de trabalho na hora-atividade, abre caminhos para estudos na

escola e articulam-se possibilidades de formação inicial e contínua, investindo na

valorização e no desenvolvimento dos saberes dos professores e na consideração

destes como sujeitos e intelectuais; capazes de produzir conhecimentos de

participar de decisões da gestão da escola.

Neste contexto professor e alunos são agentes sociais, e os conhecimentos

científicos são instrumentos que se dá perspectiva para uma nova prática social.

Saviani (1966) faz a seguinte menção em relação a essa concepção

metodológica:

Tais métodos situar-se-ão para além dos métodos tradicionais e novos, superando as contribuições de uns e de outros. Serão métodos que estimularão a atividade e a iniciativa dos alunos, sem abrir mão, porém da iniciativa do professor, favorecerão o diálogo dos alunos entre si e com o professor, mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levarão em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação

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18 e graduação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos (SAVIANI, 1986, p.72).

Nessa perspectiva, a hora-atividade, numa organização das atividades

profissionais no processo de transmissão e assimilação dos conteúdos cognitivos,

ocorre pelo confronto do saber que o educando tem, com o saber da escola, da

comunidade com base nas relações humanas, consideradas em dois sentidos: o

de uma ação ética orientada com objetivos e o de ser uma atividade instrumental

adequada a situações refletidas à experiência num marco institucional, inseridos

em contextos políticos e socioculturais, onde suas capacidades e competências se

fazem em conjunto da vida escolar em situações reais de trabalho na busca de

valores universais comuns alicerçados pela hora-atividade.

O saber docente não pode ser formado apenas pela prática, fortifica-se

também pelas teorias da educação, oferecendo perspectiva e análise do trabalho

coletivo onde possam compreender os conteúdos históricos, sociais e culturais. E

o espaço da hora-atividade se faz honrado para essa ação e reflexão pedagógica.

Deste modo, a hora-atividade consiste em uma ação reflexiva, série de

passos e procedimentos para serem usados por professores de forma integrada

de percepção e resposta a problemas. Pimenta (1999) reforça essa compreensão:

Em outro nível, os saberes da experiência são também aqueles que o professores produzem no seu cotidiano docente, num processo permanente de reflexão sobre sua prática, mediatizada pela de outrem - seus colegas de trabalho, os textos produzidos por outros educadores. É aí que ganham importância na formação de professores de reflexão sobre a própria prática e do desenvolvimento das habilidades de pesquisa da prática (PIMENTA, 1999, p. 20-21).

Diante deste contexto, a hora-atividade se faz necessária pela própria

natureza do saber e do fazer humano, como práticas que se transformam

constantemente. A realidade muda e os saberes que se constroem precisam ser

revistos e ampliados sempre.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer deste estudo percebeu-se a importância da hora-atividade no

processo educativo, de forma a entendê-la como momento de reflexão coletiva

sobre teoria e prática pedagógica entre docentes, equipe pedagógica e direção;

construído com base na interação, no diálogo, no conhecimento da própria

dinâmica escolar, clareza e discernimento no encaminhar o trabalho pedagógico

para afiançar a elaboração de objetivos comuns a serem alcançados. Torna-se

assim, necessária a organização de espaços coletivos de reflexão e análises

contínuas das práticas sociais e escolares, para que todos os educadores

participem de maneira democrática e construtiva.

Vale destacar, a importância de investir em orientação, capacitação e apoio

aos professores, conscientizando desde o início do ano letivo a organizar-se a

hora-atividade por disciplinas específicas, facilitando assim as trocas de

informações e experiências, acontecendo-se assim melhor efetivação do processo

ensino-aprendizagem.

No entanto, os limites dessa organização são previstos, e, mais uma vez, a

importância conferida a hora-atividade para ser o espaço capaz de organizar o

trabalho pedagógico do conjunto dos professores, dentro de uma proposta

integradora; necessita-se de um coordenador centrado ao processo da hora-

atividade como suporte teórico para a organização do trabalho pedagógico no

espaço escolar. Mas, porém, a escola não conseguiu encontrar um local

adequado para os professores efetivarem a hora-atividade com materiais didáticos

e outros como: computadores, internet e impressoras para que os professores

alem de estar realizando um trabalho de pesquisa, estudo, produção de

documento como avaliações, planejamentos e trabalhos burocráticos.

Dessa forma, apesar da hora-atividade estar inserida segundo o propósito

de reduzir os efeitos de uma estrutura fragmentada, ela acaba corroborando e

gerando, inclusive, novas questões básicas entre os diversos profissionais da

educação; vale insistir que o trabalho na hora-atividade como de preparar (pensar

e redigir), vivenciar, acompanhar e avaliar planos de ensino em ações e reflexões

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vivente pelo grupo de professores, onde os problemas serem identificados e

caracterizados à superação da própria prática pedagógica.

Contudo, o processo educativo sendo amplo e complexo apresenta-se aos

olhos dos professores com significativos detalhes individuais que possuem

características de totalidades na sua essência. Observa-se que com a legalidade

há possibilidades de direcionar um planejamento da hora-atividade na qual se

estabelece as prioridades de ações, conforme as necessidades evidenciadas nas

interações em sala de aula, onde cada professor prioriza-se e desenvolve suas

estratégias dentro do seu cronograma da hora-atividade, ou seja, nos 20% de hora

aula.

De fato, o professor necessita da teoria, do conhecimento cientifico e

analisa sua prática à luz da teoria; experimenta novas formas de trabalho, cria

novas estratégias e inventa novos procedimentos, tendo como foco o aluno como

seu aprendizado; e como visto a hora-atividade efetiva esse direcionamento para

um debate pedagógico de maneira coletiva, subsidiado pela equipe pedagógica.

Entretanto, a prática/teoria escolar deve se processar por meio da hora-

atividade, cabendo aos professores a organização do ensino com possibilidades

de troca de experiências, o uso de recursos didáticos onde emerge as

necessidades do coletivo e na definição de prioridades relacionadas a efetiva

posição da escola.

Neste contexto, mais uma vez aponta-se a hora-atividade como espaço

protagonista da organização do trabalho pedagógico mediante ao seu papel de

dinamizador do projeto pedagógico da escola, clarificando significados e sentidos

pedagógicos, confronta-se parâmetros reais e ideais, compartilhando a

subjetividade e exibir dimensão qualitativa à medida do desempenho do aluno, do

professor e da escola. Na análise do direcionamento do processo de

implementação, verificou-se que apesar da escola insistir em desenvolver

atividades integradoras, o trabalho pedagógico coletivo apresenta-se como quase

impossível, ocorre-se por meio de iniciativas individuais, em âmbito pessoal ou de

uma área específica; atreladas também a outros problemas, as dificuldades de

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interação entre os docentes e professores pedagogos para a organização do fazer

pedagógico na hora-atividade pelo fato de estarem conciliando o horário

estabelecido em calendário escolar, com outros estabelecimentos de ensino, em

vista ao seu vínculo em mais de uma instituição.

Vale destacar, que esses problemas analisados e ocorridos, dizem respeito

a necessidades de medidas efetivas no âmbito das Políticas Educacionais, no

sentido de garantir: a ampliação da hora-atividade, a jornada integral de trabalho

em uma única escola, tempo para estudo na jornada de trabalho, espaço físico

nas escolas para efetivação da hora-atividade, pedagogos para auxiliar os

professores na hora-atividade, professores valorizados e bem remunerados para

que os mesmos tenham um local de trabalho.

Torna-se fundamental ampliar o conceito da hora-atividade, nas relações a

que vem sobressair no espaço escolar para ter clareza das necessidades

pedagógicas em sua capacidade de mobilizar o coletivo no sentido de alterar as

relações nos diversos espaços da instituição. No entender, há necessidades de

lutas pela ampliação e organização da hora-atividade para momentos de estudos

pedagógicos coletivos e que o professor conscientize-se que cada aula que ele

ministra, não surge do nada e nem por inspiração divina, necessita de preparação

prévia e tem que ser específico para cada turma. Esta questão ainda não está

definida na escola, mas pode acontecer na hora-atividade.

Considera-se que a reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho no

espaço da hora-atividade como melhor instrumento de aprendizagem e de

formação em serviço, permitindo colocar diante de sua própria realidade de

maneira crítica. Nesse contato com a situação da prática, o professor tem chances

de adquirir e construir novas teorias, novos esquemas e novos conceitos, assim

como vivenciar seu próprio processo de aprendizagem à luz da hora-atividade.

No decorrer deste estudo percebeu-se a importância da hora-atividade no

processo educativo, onde os professores precisam ter clareza e discernimento no

encaminhar do trabalho pedagógico para afiançar a elaboração de objetivos

comuns a serem alcançados. Torna-se assim, necessária a organização de

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espaços coletivos de reflexão e análise contínuas das práticas sociais e escolares,

para que todos os educadores participem de maneira democrática e construtiva.

Nota-se que a hora-atividade sendo uma conquista recente, que vem

fortificar-se nos momentos de organização da categoria e expressa uma nova

visão das funções sociais da educação; a grande maioria dos professores não se

preocupa em questionar a hora-atividade como um processo pelo qual passa fazer

parte do espaço escolar determinado de valores e significados das práticas e

teoria e sua importância na vivência cotidiana escolar. Nesse sentido os

professores têm dificuldades para sugerir novos eixos, novas dimensões para a

hora-atividade.

Nesse contexto, adquirem à essência fundamental a política de formação

continuada em serviço preservam-se espaços bem definidos para discussão da

prática docente cotidiana, gera-se trabalho coletivo compartilhado com colegas e

outros profissionais da educação. Vale destacar que, a hora-atividade, oferece

qualidade de prosperar uma sólida articulação teórico-prática de uma identidade

profissional consciente.

Por fim, gostaríamos de registrar, nestas considerações finais, o nosso

imenso aprendizado com este estudo, apesar de nossa vivência como professora

pedagoga, bem como um convite à realização de outros estudos nessa área, com

o aprofundamento da temática.

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