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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009€¦ · durante quatro unidades sobre o discurso feminino para que vocês, mulheres e homens que sabem respeitar e honrar as mulheres e seu papel

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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Disponível em: http://www.ifch.unicamp.br/ael/imagens/websie-ael_c_oc/oc-r1331.gif. Acesso em 12/11/2009

O discurso feminino: um olhar para o que dele transborda

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO - PDE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL

Autora:Cristina Polimeni Góes

PDE – Língua PortuguesaNRE – Londrina

Orientadora:Mariângela Peccioli Galli Joanilho

Londrina - Paraná2009/2010

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Apresentação ao Professor …...................................................................................04

Apresentação ao Aluno …..........................................................................................06

Unidade 1 - Representação midiática da imagem feminina até a década de 60 ..…07

Unidade 2 - Como a mídia dava e dá visibilidade à liberdade feminina.....................12

Unidade 3 - Revolução Feminina …...........................................................................24

Unidade 4 – A mulher e o trabalho …........................................................................ 34

Referências …............................................................................................................42

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Caro(a) Professor(a),

O presente caderno pedagógico é uma atividade didático-metodológica e de

linguagem e faz parte de um projeto de pesquisa mais amplo que busca investigar se o

aluno adolescente é capaz de perceber como são construídas as discursividades que

representam o imaginário feminino. Oportunizar momentos de reflexão acerca da

condição da mulher nas últimas décadas e de análise do processo de construção

ideológica do papel feminino na sociedade moderna e contemporânea vislumbra-se como

um dos objetivos do presente trabalho. As atividades aqui propostas serão trabalhadas de

forma a promover um maior conhecimento do feminino e de sua importância no

desenvolvimento da ampliação dos horizontes culturais dos alunos.

A linha de pesquisa adotada para o desenvolvimento das atividades aqui

apresentadas é a da Análise do Discurso Francesa. A escolha dessa concepção deu-se

por considerar que essa linha teórica de estudos da linguagem pode contribuir

significativamente para a formação de leitores competentes, que configura-se como o

objetivo principal desse trabalho.

Torna-se imprescindível, no momento atual do trabalho de leitura com turmas da

Educação Básica, considerar o papel do leitor como significativo no processo de recepção

do autor no processo de produção, mas, também, as influências das condições de

produção com o intuito de não se correr o risco de a leitura se tornar uma prática ingênua

diante da multiplicidade de sentidos nos discursos. Dessa forma, este caderno

pedagógico intenciona um processo de “convergência” entre todos os atores do processo

de produção de um texto.

Como suportes para o desenvolvimento das atividades de leitura com enfoque

discursivo serão utilizados como recursos didáticos textos de mídia escrita que datam do

início dos anos 60 até textos atuais que podem ser utilizados em sala de aula, para a

melhor participação dos alunos em termos de subjetividade e da objetividade que a língua

possui.

Tais pressupostos encontram embasamento nas Diretrizes Curriculares Estaduais

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para a Educação Básica proposta pelo Estado do Paraná, no que se refere ao trabalho

com a prática de leitura. Desta forma, espera-se contribuir para uma qualidade de ensino,

por meio do desenvolvimento de Unidades Didáticas que privilegiem a análise dos

discursos, das vozes que constituem os textos que abordam o universo feminino.

A autora.

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Caro(a) Aluno(a),

Ler é uma atividade bem mais complexa do que parece. É preciso saber até

mesmo o que o texto não diz ou, então, saber escolher o que interessa.

É incontestável que “quem lê é o leitor”; mas de que leitor estamos falando? De

que forma é realizada essa leitura? Quais são os caminhos percorridos por esse leitor?

Esses caminhos vão levá-lo a uma leitura crítica, posicionada ou a uma leitura ingênua e

desavisada?

A resposta parece ser óbvia: todos desejam formar leitores competentes, capazes

de uma leitura crítica, posicionada, que vai além do que está escrito. Todos desejam

leitores capazes de produzir sentidos, desvelar discursos e ideologias. Contudo, essa

tarefa fica ainda mais difícil quando se trata de formar leitores competentes que serão

formadores de outros leitores competentes, como é o caso de vocês, alunos do curso de

Formação de Docentes.

Para essa missão, a Análise do Discurso de linha francesa foi escolhida como

vertente teórica de estudos da linguagem por estar comprometida com todo o processo de

formação do leitor competente acima descrito. Essa nova prática de leitura que enfatiza o

processo discursivo consiste em considerar o discurso, o contexto de produção, a

ideologia e o sujeito histórico. Dessa forma, a leitura não se transforma em uma atividade

desavisada, ingênua e descuidada, desenvolvendo, assim, a competência linguística

desejada por todos.

O tema desse Caderno Pedagógico é outro aspecto a ser esclarecido. Falaremos

durante quatro unidades sobre o discurso feminino para que vocês, mulheres e homens

que sabem respeitar e honrar as mulheres e seu papel na sociedade, como futuros

professores, percebam e compreendam que discursos socialmente legitimados, como os

publicados pelas revistas femininas, têm como princípio veicular e impor “verdades” que

atuam sobre a vivência da feminilidade e constituíram-se como padrão nas últimas

décadas.

A partir daqui, só posso desejar a todos uma ótima viagem pelos caminhos do

feminino a bordo da nau da Análise do Discurso.

Boa Viagem a todos!

A autora.

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Unidade 1 – Representação Midiática da imagem feminina até a década de 60

Observe:

Disponível em: http://eupublicidade.wordpress.com/2009/04/06/propagandas-antigas/ Acesso em: 26/01/2010

1) Para qual público esse anúncio é dirigido?

________________________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

2) Quais são imagens que esse texto nos traz?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3) Ainda em relação às imagens, qual a mensagem que elas nos transmitem?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

É miraculosa a potência de limpeza de OMO!

É que OMO penetra fundo no tecido – V. Não precisa esfregar tanto. E, enxaguando uma só vez, tôda sujeira fica na água. OMO lava, quara, alveja e dá brilho numa só operação. Tôda sua roupa terá uma alvura jamais conseguida com sabão.

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4) Qual a imagem de mulher que esse texto publicitário traz ao público?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5) No trecho em que há a descrição de tudo o que o sabão em pó faz pelas roupas, é

possível perceber que a propaganda propõe uma substituição de papéis. Que substituição

é essa?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6) Por que o anúncio propõe essa substituição?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

Onde tudo começou

E viva os anos 60! Sem o que aconteceu na década de 1960, certamente, não

estaríamos aqui. Ou ainda estaríamos lendo o Jornal das Moças e nos deliciando com

nosso papel de mãe-esposa-rainha-do-lar. Sem a revolução sexual, sem a pílula

anticoncepcional, sem a abertura da universidade para mulheres.

Entretanto, as mudanças não ocorrem assim: pá-pum. Num dia era de um jeito,

uma semana depois tudo está diferente. O início da década de 1960 mantinha padrões

estabelecidos nas décadas passadas. A “boa mulher” era a boa esposa, a boa dona-de-

casa. Havia a submissão ao casamento, a extrema preocupação com a “reputação” – o

tabu da virgindade dividia as moças entre as “de família” e as “de fora”. A sensibilidade

era a principal característica feminina. Disponível em: http://www.bolsademulher.com/especiais/anos-60-a-decada-da-virada-67892.html

Acesso em : 26/01/2010

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7) Considerando o anúncio publicitário e o texto acima, o que significa, para a mulher da

década de 60, a frase “Agora, lavo sem sabão”?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

8) Diante da exposição do anúncio, é possível traçar um perfil da mulher nessa época?

Que mulher seria essa?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

9) Você saberia dizer se o nome dado ao produto tem relação com a imagem feminina

que se desejava construir, ou melhor dizendo, manter nessa época?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

10) Observe:

O nome do produto é constituído das iniciais da expressão inglesa “Old mother owl” – velha mãe coruja.

A Metonímia consiste no emprego de uma palavra por outra com a qual ela se

relaciona. Aqui temos uma expressão empregada com um sentido com o qual ela deseja

se relacionar. Qual significação a expressão inglesa traz em si?

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11) Qual ou quais discursos que se desenvolvem na determinação de um nome como

esse para um produto como um sabão em pó?

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________________________________________________________________________

Observe este outro anúncio:

Disponível em: http://www.propagandasantigas3.blogger.com.br/ Acesso em: 26/01/2010

1) O que você visualiza na imagem maior?

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________________________________________________________________________

2) Há relação entre o discurso desenvolvido pelo primeiro anúncio e o segundo? Explicite-

a.

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3) É possível dizer que a imagem feminina expressa no primeiro anúncio é a mesma que

se apresenta aqui? Por quê?

________________________________________________________________________

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________________________________________________________________________

4) Os dois anúncios vendem um produto que começava a fazer parte do desejo do

público feminino: liberdade. De qual liberdade estamos falando? Qual é o discurso que

deixa isso claro?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________

___________________________________________________________________

5) Você acredita que as letras iniciais bordadas na frase “Lar com Arno, Lar Feliz” foram

desenvolvidas somente para enfeitar o texto? Qual o real discurso por trás do bordado

dessas letras?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6) Comente a expressão “Ela é a rainha do lar” a partir do modo como estão

representadas as figuras femininas nas duas propagandas

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Unidade 2 – Como a mídia dava e dá visibilidade à liberdade feminina

Em tempos não tão remotos, o ideal das moças e dos pais destas moças consistia

na segurança, obtida por meio do casamento. O objetivo era ter um marido que proveria o

lar com comida, roupas, filhos, ideias e decisões. Ela cuidaria da manutenção desse lar,

doce lar, com carinho, dedicação, renúncia e sobremesas. O que mais esperar da vida?

A mídia da época reforçava esse modo de ver o mundo feminino e um exemplo

disso é o Jornal da Moças, revista voltada para o público feminino e que circulou

semanalmente entre 1914 e 1965, trazia linguagem e valores daquele momento histórico

e as temáticas abordadas não eram muito diferentes das tantas outras revistas que

circulam hoje (fofocas de cinema e televisão, cosméticos, moda, culinária). Contudo, será

interessante dedicarmos um pouco de nosso tempo à análise da Coluna de

Comportamento Feminino dessa revista.

Observe:

Disponível em: http://www.hephesto.com/agrega/?p=2017 . Acesso em 11/05/2010

Jornal das Moças, 1955:

“A esposa deve vestir-se depois de casada com a mesma elegância de solteira, pois é preciso lembrar-se de que a caça já foi feita, mas é preciso mantê-la bem presa”

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Disponível em: http://www.hephesto.com/agrega/?p=2017 . Acesso em 11/05/2010

Disponível em: http://www.hephesto.com/agrega/?p=2017 . Acesso em 11/05/2010

E ainda há outros conselhos:

✗ “Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas” - Jornal das Moças 1957.

Jornal das Moças, 1965:

“A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa”

Jornal das Moças, 1958:

“Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite, espere-o linda, cheirosa e dócil”

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✗ “A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas” -

Jornal das Moças 1959.

✗ “Se o seu marido fuma, não discuta pelo simples fato de cair cinzas no carpete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa.” Jornal das Moças 1957.

✗ “É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido” -

Jornal das Moças 1957.

E se vocês pensam que esses conselhos eram apresentados apenas no Jornal da

Moças, vejam algumas revistas que percorrem o universo feminino até hoje:

Revista Cláudia, 1962:

“Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afecto, sem questioná-lo” Disponível em: http://www.hephesto.com/agrega/?p=2017 . Acesso em 11/05/2010

“O lugar de mulher é no lar. O trabalho fora de casa masculiniza”. - Revista Querida,

1955.

1) Vamos analisar, primeiramente, o discurso ou até mesmo os discursos que estão

presentes nas imagens que compõem as capas dessas revistas. Que tipo de mulher está

ali representada?

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2) As imagens representadas nas capas das revistas oferecem alguma indicação do

“pertencimento” das mulheres a alguma classe social? Por quê? Quais seriam os

elementos indicativos dessa indicação?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3) As mulheres dessas capas representam o desejo de ascensão que povoa o universo

feminino. Qual é este desejo?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4) Ao analisarmos os textos que acompanham as capas, observamos um discurso que

reduz a mulher a um nível de submissão muito grande. Que discurso é esse?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5) As “receitas” dadas pelas revistas para o bom comportamento feminino à frente do lar

funcionavam naquela época, mas será que funcionariam nos dias de hoje? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6) As revistas são femininas e escritas para o público feminino, contudo, o discurso

desenvolvido tem como objetivo o universo feminino ou o masculino? Justifique sua

resposta.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

7) É comum vermos o discurso feminino ser atravessado por discursos masculinos? Cite

um exemplo atual desse fenômeno.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

8) Por que você acha que esse tipo de fenômeno ocorria e ainda ocorre?

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________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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Observe alguns anúncios publicitários das décadas de 60 e 70 que vislumbram uma certa

independência feminina:

Disponível em: http://museudapropaganda.blogspot.com/2008_10_01_archive.html

Acesso em 11/05/2010

Para uma mulher que vivia para o marido, para os filhos, para o lar, ganhar um

informe publicitário voltado para as suas necessidades era uma conquista e tanto. A

mulher começava a sair da cozinha para ganhar o volante e as ruas e com eles uma

maior independência. Fantástico!

O Romi Isetta chega para ajudar nas tarefas e nas atividades diárias dessa mulher

que começa a ganhar a liberdade.

1) De acordo com o texto da propaganda, que representa um contexto de produção

bastante expressivo, quais são as necessidades dessa mulher independente?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2) Qual é o discurso ali sugerido ao colocarem lado a lado, uma mulher saindo da gaiola e

depois saindo do Romi Isetta?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3) Diante do contexto de produção e do contexto histórico da mulher, o que representa a

gaiola?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Agora sou livreO ROMI-ISETTA é o carro que faltavapara meu transporte às compras,visitas e passeios.

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4) Agora, compare a representação da gaiola com o texto apresentado pela propaganda.

O discurso mudou ou foi a representação desse discurso que sofreu adaptações?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5) A mensagem é a mesma? Quais os progressos conseguidos ao sair da gaiola?São

esses ganhos reais? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Vejamos mais algumas expressões da mídia das décadas de 60 e 70 sobre a

liberdade feminina:

Disponível em: http://lucynthesky.wordpress.com/2008/08/18/naqueles-dias/.Acesso em: 11/05/2010

É uma líder – nas idéias, no vestir, no viver. Em proteção higiênica, ela exige MODESS.

Porque ela exige conforto e segurança em todos os dias do mês. Sua maciez ...umm

Absorvência sem igual e – mais que tudo – a higiene de MODESS (usa-se uma vez e joga-se fora) fazem-no indispensável. É o suficiente para um mês custa menos que um vidrinho de esmalte.

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1) Compare esse texto publicitário com o da Romi Isetta. Há diferença nos discursos

sobre a liberdade feminina. Qual?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2) Como é a representação do feminino nessa propaganda?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3) “Usa-se uma vez e joga-se fora”. Esta descrição do produto contrapõe-se aos

costumes das mulheres do início do século XX que usavam toalhas higiênicas para sua

proteção durante a menstruação. Onde está a expressão de liberdade da mulher nessa

frase? Qual o discurso aí vinculado? É possível dizer que nessa passagem não há

interferência do discurso masculino? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4) Apesar da aparente maior e real independência feminina, o mundo da mulher ainda se

resume ao espaço do lar e “das coisas de mulher”. Qual a frase utilizada pelos

marqueteiros que denuncia uma visão masculina do universo feminino? Qual a

consequência dessa escolha na produção final do discurso apresentado?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

5) “Ela exige...”. O verbo exigir produz um efeito quando usado nesse contexto. Que

efeito é esse?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

6) Diante do estudado até aqui, a expressão desse verbo era uma realidade da mulher?

Justifique sua resposta.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

E hoje...

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Disponível em: http://www.portaldapropaganda.com/comunicacao/2008/07/0060

Acesso em 11/05/2010

1) Estamos diante uma jovem mulher, independente e contemporânea. De acordo com o

texto publicitário, o que mudou na vida das mulheres? Quais são as diferenças entre a

mulher de hoje e a das décadas de 60 e 70? Como esta independência vem

representada?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2) Realmente houve uma facilitação da vida feminina proposta pela propaganda. Qual é a

facilitação?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3) É possível afirmar que algumas visões sobre o universo feminino continuam as

mesmas de antes? Por quê?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

E lá vai mais uma …

Uma coisa a menos para você ficar procurando dentro da bolsa: vitaminas.

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Disponível em < http://www.rostinhosbonitos.com/2009/07/as-propagandas-mais-machistas-de-todos.html> .

Acesso em 12/05/2010.

Estamos diante de inúmeros discursos que atravessam estes informes publicitários.

Há a necessidade de um olhar bastante atento porque cada um deles emite uma

mensagem que, aqui, acabam se contradizendo. Vamos a eles!

1) Descreva como seria a nova geração de mulheres a quem a propaganda se refere.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2) Faça um paralelo entre essa nova geração e a geração vista como ultrapassada.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

3) A nova geração de panelas traz uma série de facilidades para essa nova mulher.

Correto? Quais facilidades seriam essas, levando em consideração o contexto de

produção da propaganda?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4) Agora, analise mais profundamente! Quem é que continuará a ir para a cozinha e

utilizar as panelas? Qual mudança significativa ocorreu nas tarefas realizadas pelas

gerações anteriores e a atual? Discorra sobre a questão.

Uma nova geração

de panelas

para uma nova

geração de mulheres

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________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Não são poucas as vezes em que os discursos masculinos e machistas

transpassavam e transpassam os textos midiáticos dirigidos ao público feminino e ao

público em geral, criando uma visão machista das características femininas.

Observe:

Disponível em < http://www.rostinhosbonitos.com/2009/07/as-propagandas-mais-machistas-de-todos.html >

Acesso em: 12/05/2010

1) Ao ler a mensagem do texto publicitário, qual é a conquista da mulher contemporânea

apresentada?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2) A propaganda apresenta um produto bastante conhecido. Qual é?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

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3) Qual a relação existente entre a fita crepe e a liberdade de expressão da mulher?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

4) Qual o discurso vinculado pela propaganda?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Vamos além...

Disponível em <http://www.rostinhosbonitos.com/2009/07/as-propagandas-mais-machistas-de-todos.html >

Acesso em: 12/05/2010

1) O produto veiculado pela propaganda é um ___________________________________

2) Esse tipo de produto é destinado ao tratamento dos ____________________________

3) Contudo, a imagem em destaque no primeiro plano são os ______________________

4) Discurso veiculado pela propaganda ________________________________________

________________________________________________________________________

Page 24: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009€¦ · durante quatro unidades sobre o discurso feminino para que vocês, mulheres e homens que sabem respeitar e honrar as mulheres e seu papel

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________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Concluindo...

1) É possível afirmar categoricamente que a visão deturpada da imagem feminina mudou

muito na transposição do século XX para o século XXI? Discorra sobre o tema.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

2) Pesquise e cole a seguir um outro exemplo de manutenção do discurso machista em

textos atuais da mídia nacional.

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Unidade 3 – Revolução FemininaNos últimos 50 anos, não foi apenas a tecnologia que alçou voos transcendentais,

num boom de novas descobertas e evoluções. As pessoas também traçaram outros

rumos, revolucionando conceitos e valores. Nossas mães que o digam! E nessa avalanche

de mudanças, é o papel da mulher, no meio social, o exemplo real de que o mundo está

em constantes mudanças.

Texto 1

Todas as mulheres do mundoReportagem Giovana Neiva

Estados Unidos, 8 de março de 1857. Na fábrica têxtil Cotton, em Nova York, 128

trabalhadoras entram em greve a fim de reivindicar redução da jornada de trabalho (de

então 10 horas diárias) e direito a descanso aos domingos. Do lado de fora do

estabelecimento, policiais e patrões que negavam os pedidos. Teriam sido eles os

responsáveis pelo fogo que pouco depois tomou conta do galpão e acabou por matar

todas aquelas operárias?

Na mesma Nova York, no mesmo 8 de março, dessa vez em 1908: mais de 14 mil

mulheres vão às ruas, com o slogan ‘Pão e Rosas’, protestar por melhores condições de

serviço, melhores salários e direito por voto. Na Rússia, reivindicam o fim da fome, da

guerra e do czarismo.

Finalmente na Dinamarca é realizada a Conferência Internacional das Mulheres

Socialistas, em 1910. Daí surgiriam os alicerces para a origem das comemorações do Dia

Internacional da Mulher.Disponível em <http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/2848> . Acesso em: 12/05/2010

1) No ano de 1857, há 153 anos, as mulheres lutavam por uma redução de jornada de

trabalho que eram de 10 horas diárias e direito a descanso no domingo. Ano de 2010, 153

anos depois, as condições históricas de trabalho da mulher mudaram? Por quê?

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2) “Dia Internacional da Mulher!” Quais são os discursos que estão nos

alicerces das comemorações desse dia?

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Texto 2

Em defesa do 'sexo frágil'

Reportagem Luciane Belin

Edição Fábio Pupo

Luciane Belin

Delegacia da Mulher, em Curitiba: 350 casos registrados mensalmente

“Depois de anos de boa convivência, no ano passado oficializamos a união e

decidimos ter um filho. Este ano, grávida, apanhei dele. Mas não vou denunciar, é o meu

marido”. O depoimento é de uma mulher que não quer revelar o nome. Mas poderia ser

de inúmeras outras, que escondem não só o nome, mas toda a humilhação que sofrem na

mãos dos próprios companheiros.

A advogada Sandra Lia Barwinski explica por que essas mulheres se calam.

“Quando a violência acontece em casa, o agressor é alguém com quem ela divide tudo.

Denunciar seu agressor significa punir severamente o pai dos filhos, o provedor da casa,

o companheiro de longos anos”, afirma Sandra. Ainda por cima, foi só há um ano e meio

que a violência doméstica ganhou o status de crime. Não ter um respaldo legal não

incentivava denúncias.

A saga feminina pela igualdade é antiga. Somente em 1988 é que foi aceita na

Constituição brasileira uma cláusula que iguala homens e mulheres no ambiente

doméstico. E mesmo assim, não havia nada que lhes assegurasse ao menos integridade

física. Quando, em 1985, foi criada a primeira delegacia da mulher do Brasil, no estado de

São Paulo, o preconceito e o machismo, aliados à falta de incentivo, impediam a quase

totalidade de mulheres de procurar ajuda.

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Ainda bastante tempo depois disso, a violência contra a mulher não era

considerada importante o suficiente para merecer constar como crime punível na

Legislação. Exemplo disso é um inciso que vigorou até o ano de 2005 no código penal,

que impedia a punibilidade de um estuprador se ele casasse com a vítima, ou se ela se

casasse com qualquer outro homem. Era praticamente indução a um futuro repleto de

cicatrizes e hematomas.

Segundo pesquisa de 2007:

- 15% das brasileiras entrevistadas haviam sofrido algum tipo de violência física ou

sexual;

- Em 58% dos casos, a agressão foi física;

- Em 19% dos casos, foi psicológica ou moral;

- Em 74% dos casos, o agressor é o companheiro;

- 26% das vítimas ainda vivem com o marido.

Fonte: Senado Federal

Quando a situação começou a mudar

Depois de anos de luta, grupos sociais conseguiram fazer com que as causas

femininas entrassem em pauta, e o assunto passou a ser discutido com mais firmeza.

Segundo a advogada Sandra Lia Barwinski, o que mudou foi a forma de ver a questão e

reconhecer o problema. “A violência doméstica era invisível, ou relegada a um plano

menor, e foi só a partir de 2006 que criou status de crime”, diz.

No dia 21 de setembro de 2010, a Lei Maria da Penha completará 4 anos. O

conjunto de artigos é um trecho da Constituição federal que tem por meta defender a

mulher brasileira de agressões praticadas em casa, e protegê-la contra violência física,

psicológica, emocional e moral.

Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde divulgada em 2005 mostra que,

no Brasil, 29% das mulheres relatam ter sofrido violência física ou sexual pelo menos uma

vez na vida. Naquele ano, mesmo com o baixíssimo índice proporcional de denúncias, as

340 delegacias da mulher não eram suficientes - já que existiam mais de cinco mil

municípios no país -, e não tinham suporte necessário para atender à demanda.

Uma pesquisa do Ibope e do Instituto Patrícia Galvão realizada em 2006 buscou a

opinião das mulheres sobre a denúncia de violência doméstica. A pergunta: Na sua opinião, dentre essas opções, qual é a principal razão para que as mulheres não

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denunciem mais?

-para 28%, a denúncia só faz aumentar a violência em casa;

-para 24%, para preservar o casamento e a família;

-para 18%, porque não acontece nada com o agressor;

-para 18%, porque ela depende economicamente do companheiro;

-para 3%, porque elas não têm onde denunciar;

-para 1%, porque a família ou o delegado aconselharam a não denunciar;

-6% sugeriram outras razões;

-1% não soube responder ou não opinou.

A lei

A lei foi assinada pelo presidente da República em 7 de agosto de 2006. Os

objetivos dela são coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e preservar sua

saúde física e mental.

A aplicação dessas medidas deveria acontecer através de uma série de novos

procedimentos e mudanças. Antes os crimes de agressão à mulher eram julgados pelo

mesmo juizado onde os acidentes de trânsito e outros de menor relevância são tratados.

Hoje há um juizado especial para este tipo de crime, que passou a ser encarado como

sendo de natureza grave.

Para a advogada Sandra Lia, o governo sancionou a lei sem ter os mecanismos

adequados para implementá-la. Justamente por isso, alguns dos processos demoram

muito tempo, e o atendimento a essa modalidade criminal acaba envolvendo muito mais

do que uma delegacia, um policial e uma cela. As mulheres precisam de proteção, de

apoio financeiro e social.

A nova lei assegura o afastamento remunerado do trabalho, quando necessário.

Garante a disponibilização de centros de recuperação psicológica, acompanhamento

posterior, proteção durante o período em que o agressor está sendo julgado, e também

quando não é condenado à prisão.

Para os acusados, o preço a pagar pela violência agora é maior. A lei Maria da

Penha prevê pena de prisão entre três meses e três anos, além do afastamento do lar,

restrição de visitas aos filhos, limites de distância, prestação de pensão alimentícia

provisória, além de outras medidas protetivas similares aplicadas de acordo com o tipo de

violência praticada. De acordo com a delegada Derli Rafael, em 2007 a Delegacia da

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Mulher de Curitiba prendeu 300 agressores em flagrante. Pouco, se comparado à

quantidade de denúncias.

Maria da Penha

A mulher cujo nome batizou a lei não poderia estar mais envolvida com o problema.

Maria da Penha Maia Fernandes, hoje com 62 anos, foi vítima de agressões do marido

durante 18 anos. Duas vezes ele tentou matá-la, na primeira ela ficou paralítica, na

segunda quase foi eletrocutada. O caso foi considerado, pela primeira vez na história, um

crime de violência doméstica. O marido foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu

dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.

Maria é farmacêutica bioquímica pela Universidade Federal do Ceará e mestre em

Parasitologia Clínica pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São

Paulo, e é a prova de que os casos não se restringem apenas às classes sociais

inferiores.

Em Curitiba, segundo a delegada Derli Rafael, apesar de a maioria das agressões

domésticas acontecerem na periferia, as denúncias partem de mulheres de todas as

classes.

Em Curitiba e região metropolitana existem três delegacias da mulher. Uma na

capital, uma em Araucária e uma em São José dos Pinhais. Segundo a delegada, o

número de atendimentos cresceu significativamente desde a aprovação da lei. Só a

delegacia de Curitiba atende cerca de 350 casos mensalmente.

Centros de apoio

Dentre as medidas que constam na Lei, está a garantia de ajuda para recuperação

psicológica e emocional da mulher que passou por agressão. Em Curitiba, existe o Centro

de Referência em Atendimento a Mulheres em Situação de Violência.

Ali, há disponibilização de profissionais especialmente designados para a tarefa de

acompanhar e conversar com as mulheres. Para Terezinha, funcionária da unidade, o

objetivo é desmistificar a questão da mulher como um sujeito passivo. “Nós trabalhamos

para que ela tome as decisões a seu favor e rompa com o ciclo da violência”, diz.

Até porque os casos encaminhados ao centro não são somente os de violência

física, apesar destes representarem a maioria (31%). Violência psicológica, ameaça de

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morte e violência moral somam 59% dos casos.

As mulheres sentem-se ainda menos encorajadas quando se trata de agressão

moral. “A maioria das mulheres deixa para denunciar depois de ser agredida pela

segunda vez”, diz a delegada. Para Sandra Lia, isso resulta do fato de que as marcas não

ficam expostas, como no outro caso. Por dentro ou por fora, a dor dessas mulheres é a

mesma. Disponível em <http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/2848> . Acesso em: 12/05/2010

1) A expressão “sexo frágil” imprime no sujeito mulher uma condição social muito clara.

Que condição é essa?

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2) Ao observarmos toda a caminhada histórica da mulher, a expressão “sexo frágil” é

condizente com a realidade? Por quê?

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3) Centremos nossas análises no 4º parágrafo do texto. De que forma a mulher, sujeito de

sua história, é ali retratada?

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4) O discurso machista de uma sociedade alicerçada em fundamentos também machistas

se faz presente em que frase do 4º parágrafo?

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5) Qual é a mensagem que este discurso transmite a toda sociedade?

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6) A partir de 2006, há apenas 4 anos, a violência doméstica criou status de crime. Mesmo

considerado crime, o comportamento violento de alguns homens para com suas esposas

ou namoradas pode ser considerado um produto histórico? Por quê?

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7) A Análise do Discurso de linha francesa defende que a ideologia (conjunto de ideias,

conceitos e comportamentos que prevalecem sobre uma sociedade) é a condição para a

constituição do sujeito e dos sentidos. De posse dessa afirmação, qual seria o real motivo

para as mulheres não denunciarem as agressões?

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8) As leis existem para garantir uma sociedade segura e pacífica na qual os direitos

individuais são respeitados. A base ideológica da Lei Maria da Penha constrói essa

mesma relação simbólica. O que precisa ser questionado é: na prática, essa lei garante o

respeito aos direitos individuais e coletivos? Pesquise em matérias recentes da mídia

escrita exemplos que comprovem a sua análise.

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9) Retome o último parágrafo e revele o que está implícito neste discurso.

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Texto 3

Pelo que lutam as mulheres hoje?

Equidade de direitos ainda é um desafio para a ação política feminina

Reportagem Juliana Karpinski

Edição Thaíse Mendonça

Este ano o Dia Internacional da Mulher completa 35 anos desde que foi oficializado

pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data relembra as 130 operárias de uma

fábrica de tecidos norte-americana que morreram carbonizadas durante repressão a uma

manifestação por melhores condições de trabalho nos anos 50.

Tal como as tecelãs norte-americanas, as mulheres reivindicaram seus direitos,

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queimaram sutiãs em praças públicas em defesa da liberdade sexual, conquistaram o

sufrágio universal. Hoje, leis são votadas devido à pressão dos movimentos, debates

sobre a questão da diferença salarial entre homens e mulheres têm importância na

economia, além do campo de estudo dos gêneros ser uma área em expansão. Para a

professora do departamento de ciências sociais especialista em relações de gênero

Mirian Adelmam, apesar das conquistas obtidas graças a atuação feminista, a resistência

cultural ao feminismo continua sendo enorme. “Prevalece o desconhecimento, idéias

estereotipadas, que revelam uma certa ignorância sobre o feminismo”, defende.

Para a deputada estadual Cida Borghetti, a mulher precisa fazer uso de seus

direitos e mostrar que a mulher pode e deve dar a sua contribuição nos mais diversos

segmentos da sociedade. O mesmo defende a deputada estadual Luciane Guzella

Rafagnin, que explica que o movimento feminista colocou para a mulher a consciência de

que ela precisa ocupar seu espaço tanto no campo social, econômico ou político. “É isso

que dá coragem para enfrentar os desafios que temos na sociedade ainda hoje”, completa

Luciana.

Direitos ainda precisam ser garantidos

O empenho de mulheres e movimentos possibilitou conquistas, mas há pautas

femininas que ainda precisam ser debatidas. A dupla jornada de trabalho é um dos

problemas que as mulheres ainda enfrentam. Além do emprego, são elas que cuidam da

limpeza da casa e dos filhos. Bancária e secretária da mulher trabalhadora da Central

Única dos Trabalhadores (CUT-PR), Eliana Maria dos Santos defende que não é

necessário só reduzir a carga de trabalho que a mulher tem no mercado de trabalho, mas

que é preciso reduzir também a carga que ela tem dentro de casa. Já para a presidente

da comissão da mulher advogada da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sandra Lia

Barwinski, é uma questão cultural em que as mulheres avançaram e os homens não.

“Eles ainda não sabem atuar dentro de casa” afirma.

Para a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau

Público (SINDTEST), Carla Cobalchini, outro ponto que mostra a desvalorização da

mulher é a questão da remuneração menor em relação ao homem, em uma mesma

posição de trabalho. Segundos dados dos Registros Administrativos da Relação Anual de

Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS, em 2006, o trabalho

feminino recebe em média 21% a menos que o masculino. “Isso representa realmente a

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discriminação da mulher”, afirma a integrante do SINDTEST.

Criada em 2006, a Lei Maria da Penha é considerada um avanço no combate a

violência doméstica pela advogada Sandra Barwinski. Ela explica que a lei traz uma série

de mecanismos que ainda precisam ser implementados, mas que já melhorou a

visibilidade do problema. “A partir de 2006, a violência contra a mulher ganhou status de

crime, antes ela era relegada a um plano menor”, complementa Sandra. A deputada

estadual Luciana Rafagnin ainda ressalta a necessidade de se investir em centros de

apoio, casas abrigos e delegacias.

Outro tema muito presente nos debates e reivindicação dos movimentos é a

descriminalização do aborto. Coloca-se a questão do direito sobre o próprio corpo que

está sobre a tutela do Estado, a partir do momento que é ele quem decide se o aborto é

crime e quem pode, ou não, fazê-lo. “O que o movimento feminista tenta, hoje, é

conquistar o direito da mulher decidir sobre o próprio corpo”, afirma Carla.

Como são as leis direcionadas as mulheres.

A principal reclamação das mulheres que lutam por seus direitos é a que o Estado

não oferece mecanismos para que as leis criadas sejam cumpridas e não cria políticas de

atenção à mulher. “O movimento feminista cresceu muito e tem sido decisivo na criação

de leis para as mulheres nos últimos anos” , afirma Sandra Barwinski. Já Carla Cobalchini

questiona os interesses do Estado na aprovação de leis reivindicadas pelo feminismo. “A

forma de implementação das leis é o que dá o tom se os movimentos de mulheres

conseguem ou não atingir o que eles pleiteiam”, afirma.

Segundo a advogada da OAB, há muita boa vontade por parte daqueles que estão

aplicando as leis. “Mas ainda falta muito o que ser feito e tudo isso depende de

orçamento”, afirma Sandra.

A importância do feminismo hoje

A inserção da mulher na sociedade, que aconteceu principalmente pela

contribuição do feminismo, abriu as portas para que novas mulheres pudessem reivindicar

outros direitos ainda não atendidos. “Hoje as mulheres estão participando e se

destacando na política, nos movimentos sindicais, no trabalho”, exemplifica Eliana dos

Santos.

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O foco do movimento deixou de ser apenas a conquista da equidade dos direitos

entre os sexos. As mulheres passaram a ter reivindicações específicas como a igual

jornada de trabalho, igual remuneração, auxílios trabalhistas e a descriminalização do

aborto. Para Carla Cobalchini, as reivindicações feministas vêm recebendo apoio de

outros setores ligados direta ou indiretamente ao feminismo, que deixou de ser um

movimento isolado e passou a se diversificar trabalhando de forma coletiva. “Hoje a

percepção da opressão que a mulher sofre deixou de estar apenas nos movimentos

feministas e chegou a outros setores da sociedade e com isso o movimento ganhou

força”, defende.

A ação política do feminismo se orienta no sentido de consolidar o que já foi

alcançado, mas também de avançar e responder a novos desafios. Cida Boghetti acredita

também que apesar de termos evoluído bastante em todos esses pontos, o movimento

feminista não se esvazia. “Não se trata de exigir privilégios, apenas garantir que homens

e mulheres possam conviver em harmonia com o devido respeito às peculiaridades do

sexo feminino para que não regressemos em avanços já conquistados”, explica.Disponível em <http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/2848> . Acesso em: 12/05/2010

1) O texto traz a informação de que “o trabalho feminino recebe em média 21% a menos

que o masculino”. Existe uma memória que ressoa nesta afirmação. Para você, como

poderia ser resgatado esse sentido que aí se movimenta?

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2) Faça uma relação daquilo pelo o que as mulheres ainda lutam. Diante das conquistas e

do que ainda falta conquistar, explique porque a mulher pode ser considerada um sujeito

ao mesmo tempo livre e submisso.

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3) Qual ou quais o(s) sentido(s) do enunciado “Hoje as mulheres estão participando e se destacando na política, nos movimentos sindicais, no trabalho” na construção do

sujeito mulher na sociedade contemporânea?

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Unidade 4 – A mulher e o trabalho

Duas realidades, dois mundos, um só país, um só desejo. Mulheres guerreiras em

uma sociedade que não proporciona igualdade de oportunidades. Mas isso não as

impede de ser MULHERES!

Disponível em: < http://blog.estadao.com.br/blog/index.php?blog=1&m=20090925>. Acesso em 12/05/2010

1) O sujeito se faz e se significa na e pela história. Contextualize, pois, o dois grupos de

mulheres acima apresentados enquanto sujeitos históricos.

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2) Quais os efeitos de sentido que as duas imagens produzem quando analisadas

separadamente? E ao serem contrapostas?

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Texto 1Crônica de Karla Hack dos Santos (*)

Os homens, em sua maioria, não conseguem compreender porque tamanha

complicação existe na mulher quando o quesito é definir-se, amar-se, aceitar-se. Alguns

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até julgam tratar-se de pura frescura ou mesmo insanidade. Só que se esquecem da

quantidade de funções e pré-definições que cada uma acaba aglomerando ao longo do

tempo. A mulher não é apenas mulher: é mãe, é profissional, é amante, é amiga e mais

outras tantas subdivisões inclusas nisto. Complicado resta localizar-se nesta confusão

toda.

Levei muito tempo para compreender quem sou e mais outro tanto para permitir-me

ser/gostar de quem eu sou. Agora estou confortável em minha pele, sem demagogias,

sem frases feitas, estou de bem comigo. Para chegar neste ponto não foi nada fácil, vi-me

presa em idéias do que seria correto, bonito, aceitável, que em muitas ocasiões não se

encaixavam comigo e destruíram a minha auto-estima. Tenho certeza que não fui a única

que teve que atravessar o inferno para notar que o céu em mim já residia.

Logo de pequena aprendi que existem duas realidades competindo entre si: A

masculina e a feminina. Sendo que a primeira deveria brincar de bola, de carrinho,

enquanto a segunda seria delicada e adoraria bonecas. Nunca fui assim. Sempre gostei

de sujeira, de futebol e de brigar; Uma verdadeira moleca! Por um tempo ouvi

comentários de como minha postura era inadequada e de menino. O bom de criança é

isso, eu ouvia e não ligava. Só queria continuar como sempre.

Já na adolescência, continuei atípica. Não era de maquilar-me, ou de usar a última

moda, ou mesmo de sair paquerar e ter um chilique porque Aquele guri que todas

gostavam veio falar comigo. Usava roupas largas – algumas até do meu pai – num estilo

beirando ao grunge. Não era depressiva, só fechada. Comecei a duvidar de mim.

Neste âmbito de questionamentos percebi-me fraca perante o ambiente. O primeiro

ataque recai sobre a aparência. Pensava: “Não sou bonita. Desprovida de charme.

Gorda.” E mais outras tantas besteiras que não calavam. Depois, comecei a achar que

ser estudiosa também era um problema. Também via a sexualidade como algo até certo

ponto limitado.

Por muitos anos pensei sim que a mulher tinha que ser: Magra, esbelta, inteligente

– mas não demais –, delicada e sexualmente refreada. Dá para acreditar que na era

digital, após tantos anos de acontecimentos marcantes para o feminismo, o conceito que

me foi repassado era este! (Palhaçada, não é mesmo?)

O que me causa mais espanto é que ainda muitas mulheres entendem isto como

sinônimo de feminilidade. Senão na totalidade, em partes. Por alguma razão estamos

emperradas em quatro obstáculos, quatro papéis que, em separado, apenas servem para

barrar a magnitude pessoal de cada uma de nós.

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Nos prendemos a FÊMEA, exigindo que nossa aparência deve ser a mais perfeita

e padronizada possível. Quando é a diferença que nos torna atraentes, interessantes. Se

for magrinha, adore suas linhas retas, abuse das cores, arrase na sua miudeza. No caso

de ser gordinha, ressalte as curvas, caminhe como se o mundo devesse seguir cada

voltinha sua, idolatre sua abundância. Muito busto? Pouco Busto? Quadril largo? Fino?

Alta? Baixa? Seja você, valorize você. Afinal, temos sorte, somos naturalmente lindas!

Emperramos na MÃE/ESPOSA. Ao contrário do dito, nem todas as mulheres tem

os mesmos objetivos, a mesma idéia de família. Eu sonho em ser mãe, mas você pode

não querer isto e está tudo bem. É um espírito livre e não pensa em casar? Ou acha que

casar com seus 40/50/60 anos é o ideal? Ok. Ainda se critica as que escolhem um

caminho diferente, rotula-se. Ser mulher é estar além disto e não ligar para tais. Seguir

seu caminho conforme você julga certo; Isto sim é viver a sua infinidade.

Ficamos Congeladas na PROFISSIONAL. Ambicionamos muito e somos

incrivelmente capazes. Na expansão que vivemos, sabemos de nosso poder. Todavia,

ainda há quem se intimide com a figura de uma mulher bem-sucedida, inteligente e

decidida. Não devemos viver somente para o trabalho, isto é certo; Fechar os encantos

em prol de terceiros. Podemos e devemos ser profissionais e femininas. Afinal, um lado

não afeta o outro, não é verdade?

Travamos diante da VÊNUS. A sexualidade sempre será tabu e nem se sabe o

porquê. Acredite na sua e a explore de maneira saudável e segura. Pense em você e não

apenas no seu companheiro(a). Somos desejo somado a emocionalidade e devemos

provar da nossa amplitude.

O que é ser mulher hoje senão o encontro de todas estas áreas em harmonia?

Ainda estou muito longe do ideal; Vejo-me bem mais próxima, no entanto. Agora me sinto

mais segura, fiel aos meus princípios, adorando a beleza real que há nas particularidades

minhas. E todas nós merecemos este equilíbrio almejado. Como já se cantou em Pagu:

“Porque nem toda feiticeira é corcunda; Nem toda brasileira é bunda. Meu peito não é de

silicone, sou mais macho que muito homem...”. Somos iguais e opostas, corajosas e sem

medidas; Desejo que, nesta miscelânea toda, possamos aproveitar a magia de cada

aspecto, tornando-nos fortes como nascemos para ser. Afinal, somos guerreiras e deusas

do cotidiano.

(*) Transcrição fiel do original.Disponível em < http://recantodasletras.uol.com.br/cronicas/2116694>. Acesso em 13/05/2010

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1) O sujeito está determinado em relação ao seu contexto, seja ele social, cultural,

ideológico etc. O sujeito não é origem, é efeito. Os dois primeiros parágrafos exemplificam

claramente essa afirmação. Para a autora, a mulher é sujeito-efeito de quais contextos?

Qual é a consequência dessa relação?

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2) Os 3º e 4º parágrafos trazem a temática “masculino X feminino”. As colocações ali

expostas tecem um efeito metafórico. Que efeito é esse? Quais fundamentos ideológicos

carrega?

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3) “Não sou bonita. Desprovida de charme. Gorda”. Descreva as condições de produção,

na sociedade contemporânea para afirmações como estas.

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4) O discurso, como já visto, é a palavra em movimento. Com o estudo do discurso,

observa-se o homem falando. No 8º parágrafo, a sociedade fala e fala o quê? Qual é o

discurso ali apresentado?

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5) A autora coloca que ser mulher é o encontro de todas as dimensões femininas

descritas durante o texto. Qual é o efeito de sentido que uma afirmação como esta

provoca?

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6) No último parágrafo há a defesa de um aspecto ideológico bem delimitado. Qual?

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7) Trace um paralelo entre as facetas que o sujeito-mulher assume na sociedade hoje e o

papel de profissional dessa mulher.

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Texto 2

O sustento que vem do lixo

Em casa, dona Cleonice reaproveita roupas de cama, tapetes e móveis retirados

do aterro ao longo de 30 anos de catação. Quando a situação aperta, trabalha dobrado,

vende o que tiver amealhado do lixo e capricha no brechó que faz aos domingos, na porta

de casa, com os vestidos que tira do aterro e consegue limpar e reformar aos sábados. O

brechó, aliás, ganhou mais importância na vida de Cleonice após a eclosão da crise

financeira mundial, que derrubou pela metade o valor dos materiais recicláveis. Vinculada

à Coopergramacho, ela recebeu exatos R$ 212 em junho, descontados os benefícios.

“Agora já é mais um pouquinho, mas não chega a um salário mínimo. Assim tem que ser

criativo mesmo”, diz.

Para quem depende da catação de material reciclável há mais de 40 anos, como é

o caso de dona Cleonice, o risco de desativação do aterro metropolitano de Jardim

Gramacho não chega a ser uma novidade. Catadora desde os 13 anos, ela testemunhou

por dentro o fechamento do lixão de Sapucaia do Caju, em 1971. Tinha 15 anos quando

se viu obrigada a seguir a nova rota do lixo carioca até a rodovia Rio-Petrópolis. Lá

trabalharia por sete anos na catação até a multiplicação dos urubus colocar em risco a

segurança das aeronaves que trafegavam pelo Aeroporto Internacional Antônio Carlos

Jobim. A saída, diz, foi seguir mais uma vez a trilha dos resíduos, que passariam a ser

despejados, a partir de 1978, no município de Duque de Caxias. “Cheguei logo no

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primeiro ano e acabei me mudando pra cá. Sempre fui atrás de onde o lixo estava, sem

vergonha e sem medo”, avisa.

Pioneira, Cleonice começou a trabalhar em Gramacho quando a entrada de

mulheres não era sequer permitida. “Prendia o cabelo, botava um boné, um sapato e uma

calça de homem, rezando para nenhum vigia perceber”, lembra. Na época, a estratégia

para fugir da vista dos fiscais era se esgueirar com amigas por trilhas no mangue, que

contornavam a entrada do aterro até atingir as rampas de vazamento do lixo. Ser pega

podia significar a apreensão do material coletado, bem como a expulsão do aterro. “No

mangue não dava para ir sozinha. A gente às vezes ficava com lama até a cintura e

precisava de uma mão para seguir em frente”. lembra.

O que tira do lixo, diz, ainda é suficiente para pagar a um dos 10 filhos a

mensalidade de um curso de formação para a Petrobras, que tem uma refinaria vizinha ao

próprio aterro. A filha mais nova, explica, espera na fila para fazer um curso de desenho.

“É uma felicidade ver os filhos indo pra frente. É o que ela gosta e quer fazer da vida,

então apoio com tudo. Só não posso pagar assim tudo de uma vez. Aqui tem de ser

assim, vai um de cada vez, na medida da possibilidade”, conta.Disponível em < http://www.mulherescomdilma.com.br/?p=3478>. Acesso em 13/05/2010

1) “Sempre fui atrás de onde o lixo estava, sem vergonha e sem medo”. Nesta frase de

uma mulher simples e humilde há a conjugação de língua e história que produz sentido.

Demonstre o sentido produzido pela fala de dona Cleonice ao optar pelas expressões

“sem medo” e “sem vergonha”.

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2) O discurso é efeito de sentidos entre locutores. Discorra sobre o efeito de sentido

produzido pela locução verbal em destaque nessa fala de dona Cleonice: “Ser pega podia

significar a apreensão do material coletado, bem como a expulsão do aterro”

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3) O lixo, assim como diversas outras questões, possui conotações diferentes de acordo

com a situação social e cultural na qual o homem esta inserido. Entretanto de uma

maneira geral é possível destacar que ele o lixo é aquilo que se coloca para “fora de

casa”, ou seja, o que não se quer ter contato. Dona Cleonice, por sua vez, corre atrás de

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onde o lixo está há 30 anos. Diante desse contexto histórico, demonstre como a

discursividade de Dona Cleonice auxilia na determinação de sua identidade.

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Texto 3

Vídeo: Representação da imagem feminina no mercado de trabalhoDisponível em: <http://economia.estadao.com.br/videos/videos,dia-internacional-da-mulher-carreira-nao-

atrapalha-a-vida-pessoal,92108,,0.htm . >Acesso em 18/06/2010

1) O discurso da Srª Chieko Aoki retrata a realidade vivida pela grande parcela das

mulheres na sociedade brasileira de hoje? Por quê?

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2) Regina Nunes expõe, a uma altura da entrevista, que as mulheres não ocupam cargos

executivos de alto nível porque não aceitam fazer certas concessões. Delimite o discurso

que está por trás dessas “certas concessões”.

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3) Na fala de Chieko Aoki fica claro um discurso machista por parte da empresária. Que

discurso é esse?

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4) Quais são os discurso masculinos que atravessam os discursos das duas

empresárias?

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5) Destaque os sentido produzidos pelos discursos das empresárias nos momentos em

que eles não foram atravessados pelo discurso masculino.

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Texto 4

Vídeo: Uma mulher modernaDisponível em: <http://videolog.uol.com.br/video.php?id=297939.> Acesso em 18/06/2010

1) A personagem, ao enfatizar o adjetivo “grande”, produz um efeito de sentido. Qual

efeito é esse no contexto histórico apresentado?

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2) O vídeo cômico faz uma ironia com a igualdade conquistada pelas mulheres junto aos

homens. Retrate a ideologia presente na ironia.

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3) Durante o vídeo, fica clara a dupla jornada feminina. Apesar da comicidade, o tema é

bastante sério. Busque, entre as mulheres que você conhece, depoimentos de quem faz

essa dupla jornada.

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4) O chefe de nossa personagem apresenta um discurso tipicamente machista. Que

discurso é esse?

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5) O discurso do chefe de nossa personagem condiz com toda a realidade do contexto

histórico apresentado? Por quê?

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Vídeo: Uma mulher moderna. Disponível em : <http://videolog.uol.com.br/video.php?id=297939.>. Acesso em 16 jun 2010 .