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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009...Resumo O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre os resultados obtidos na implementação do projeto “Utilizando o LEM – Laboratório

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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O USO DE MATERIAIS MANIPULÁVEIS DO LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA PARA O ENSINO DE NÚMEROS E OPERAÇÕES

Aparecida Quirino1

João Roberto Gerônimo2

Resumo

O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre os resultados obtidos na implementação do projeto “Utilizando o LEM – Laboratório do Ensino da Matemática, com ênfase no ensino de Números e Operações”, desenvolvido com os alunos da sala de apoio de uma escola pública do Estado do Paraná. Nesse trabalho foram desenvolvidas atividades com material manipulável, utilizando estratégias e metodologias diferenciadas. A análise dos resultados obtidos revelou que esta prática educativa facilita o processo de ensino, promovendo não somente uma aprendizagem com significado, como também prazerosa.

Palavras-chave: Números e operações. Laboratório de ensino. Matemática.

1 Introdução

A matemática é uma das disciplinas básicas do ensino fundamental e de

grande importância, pois exige dos educandos reflexão e domínio de habilidades

diversas, levando-os a desenvolver a autonomia intelectual, a criatividade e a

capacidade, além da auto-confiança, a organização, a concentração e o raciocínio

lógico. A aquisição de todas essas aptidões deveria proporcionar um maior

desenvolvimento cognitivo, resultante da apropriação do conhecimento.

Mas, como demonstram os resultados das avaliações periódicas em âmbito

nacional, a nota média dos alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental foi 5,0

(BRASIL, 2007, p. 2)3, indicando um aproveitamento insuficiente na aprendizagem

1 Professora PDE da Rede Pública Estadual do Estado do Paraná. Formada em Ciências com Habilitação em Matemática pela FAFIPA. Especialista em Didática e Metodologia de Ensino pela UNIPAR. Atua na Escola Estadual Honório Fagan, de Floraí-Pr.

2 Prof. Dr. da Universidade Estadual de Maringá.3 A Prova Brasil foi criada em 2005 e avalia as habilidades em Língua Portuguesa (foco em leitura)

e Matemática (foco na resolução de problemas). Todos os estudantes de 4ª e 8ª séries de escolas públicas urbanas, com mais de 20 alunos na série, devem fazer a prova. Por ser universal, expande o alcance dos resultados oferecidos pelo Saeb. A Prova Brasil foi aplicada em 2005, 2007 e 2009 (BRASIL, 2010).

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da matemática. Por meio da análise desses resultados, podemos concluir que o

ensino da matemática não vem conseguindo proporcionar o desenvolvimento das

habilidades cognitivas dos educandos, para que atinjam os níveis mínimos de

aprendizagem exigidos nessas avaliações.

A experiência docente na disciplina de matemática no ensino fundamental

permitiu uma visão ampla dos condicionantes responsáveis pela frustração dos

professores e o baixo rendimento por parte dos alunos. Dentre esses

condicionantes, a falta de interesse do educando é um fator que ressalta dentre

outros, aliado ao paradigma estabelecido de que a matemática é uma disciplina de

difícil entendimento.

Até mesmo porque o ensino dos conteúdos dessa disciplina vem sendo

realizado por meio de atividades repetitivas e puramente mecanizadas, acarretando,

por parte do aluno, futura memorização de exercícios, sendo também considerado

motivo de reprovação e abandono na escola, principalmente nas 5ª séries do Ensino

Fundamental.

Portanto, consideramos que um ensino pautado em novas experiências

educativas e em formas didáticas diferenciadas, por meio de estratégias e

metodologias inovadoras, poderá proporcionar aos alunos oportunidades que

resgatem uma aprendizagem efetiva e com significado dos conteúdos e conceitos

que anteriormente não tinham sido devidamente apropriados ou mesmo elaborados.

Elegemos, assim, o Laboratório de Ensino de Matemática como recurso de

ensino, pois, além de ser um ambiente reservado onde acontecerão as aulas de

matemática, facilitando tanto para o professor, quanto para o aluno a busca, a

análise e apropriação dos conceitos de conteúdos, também se configura como um

local de referências, investigação, pesquisa e utilização de novas metodologias,

possibilitando a alunos e professores atender às necessidades de sua prática

pedagógica. O conteúdo selecionado foi “Número e Operações”, por ser muito

trabalhado nas séries iniciais do ensino fundamental, porém muitas vezes ensinado

de maneira abstrata e sem significado, provocando no educando um desinteresse

por este conteúdo nas séries subsequentes.

Dessa forma, é possível propiciar ao educando do ensino fundamental de 5ª

série que frequenta a sala de apoio, a formação de conceitos básicos de cada tipo

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de operação, por meio de atividades com materiais manipuláveis, seguindo a

metodologia do Laboratório de Ensino de Matemática, como recurso de ensino.

2 Fundamentação Teórica

Um dos grandes desafios educacionais é o de proporcionar a todos os

alunos a oportunidade de aprender significativamente os conteúdos curriculares e

mudar o atual quadro devastador da educação escolar, dando lugar ao

desenvolvimento da inteligência dos aprendizes e consequentemente formação de

pessoas que saibam escolher, discernir, decidir e resolver os desafios de seu

cotidiano.

Sob essa perspectiva, compreende-se que é necessário proporcionar ao

aluno condições de construir seus próprios conceitos, e o papel do professor é de

importância singular, sendo aquele que planeja os conteúdos, organiza, investiga,

media, ensina, orienta os alunos durante o processo de elaboração do

conhecimento, para que sejam realmente relevantes e conscientes de que o

processo do conhecimento se dá na interação das ações mediada pelo conteúdo

escolar, pelo mundo e seus problemas.

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná prevêm a formação de

indivíduos que sejam capazes de agir com autoconfiança, criticidade, criatividade, e

que desenvolvam autonomia intelectual. Pela educação matemática objetiva-se um

ensino que possibilite aos estudantes, análise, discussões, conjectura, apropriação

de conceitos e formulação de ideias.

A aprendizagem da matemática acontece não somente por sua beleza, ou

pela consistência de suas teorias, mas, para que, a partir dela, o homem amplie seu

conhecimento e, por conseguinte, contribua para o desenvolvimento da sociedade.

Nesse sentido, o Laboratório de Ensino de Matemática (LEM), representa

uma oportunidade aos educandos de (re)significar números e operações, através da

discussão com os professores de estudos e pesquisas e consequentemente dar

implementação nas escolas da rede pública.

Muitos foram os educadores famosos que, nos últimos séculos, ressaltaram

a importância do jogo para o ensino e aprendizagem. De acordo com Lorenzato

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(2006, p. 3), no decorrer da história, vários educadores, destacam a importância do

apoio visual ou visual tátil como facilitador para a aprendizagem.

O autor relata que, por volta de 1650, Comenius escreveu que o ensino

deveria acontecer do concreto para o abstrato, justificando que o conhecimento

começa pelos sentidos e que só se aprende fazendo. Locke, em 1680, dizia da

necessidade da experiência sensível para alcançar o conhecimento.

Aproximadamente cem anos depois, Rosseau recomenda a experiência direta sobre

os objetos, visando à aprendizagem. Pestalozzi e Froebel, por volta de 1800,

também reconheceram que o ensino deveria começar pelo concreto. Na mesma

época, Herbart defendeu que a aprendizagem começa pelo campo sensorial. Pelos

idos de 1900, Dewey confirmava o que dizia Comenius, evidenciando a importância

da experiência direta como fator básico para a construção do conhecimento, assim

como Poincaré recomendava o uso de imagens vivas para clarear o ensino

matemático.

Ainda de acordo com Lorenzato (2006), mais recentemente, Montessori

organizou vários exemplos de materiais didáticos e atividades de ensino que

valorizam a aprendizagem através dos sentidos, especialmente do tátil, enquanto

Piaget deixou claro que o conhecimento se dá pela ação refletida sobre o objeto.

Vygotsky, na Rússia e Bruner, nos Estados Unidos, concordaram que as

experiências reais são o melhor caminho para a criança construir seu raciocínio.

Estudos antigos e recentes nos relatam que o uso de materiais

manipuláveis, quando bem planejado, caracteriza uma indispensável estratégia para

o desenvolvimento de habilidades como observação, análise, levantamento de

hipóteses, reflexão, tomada de decisão, argumentação e organização. Por meio de

materiais manipuláveis, os educandos compreendem melhor e utilizam regras que

serão usadas no processo ensino-aprendizagem.

A matemática, para muito de nós, foi ensinada utilizando um quadro negro,

fórmulas que serviam para resolver grandes listas de exercícios, em exames,

avaliações, onde se pregava muito a memorização de tudo que era visto. A função

de descobrir, raciocinar, não existia; o aluno decorava tudo e depois despejava sem

na verdade saber do que se tratava, o aluno não conseguia ver a beleza e a

harmonia existente na matemática, um essencial instrumento para resolver os

desafios de seu cotidiano.

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Lorenzato ressalta que:

[…] mais importante que conhecer verdades matemáticas, é obter a alegria da descoberta, a percepção de sua competência, a melhoria da auto-imagem, a certeza de que vale a pena procurar soluções e fazer constatações, a satisfação do sucesso, e compreender que a matemática, longe de ser um bicho papão, é um campo de saber onde ele, aluno, pode navegar (LORENZATO, 2006, p. 25).

A ludoinformação é uma importante ferramenta para o desenvolvimento da

lógica matemática, a qual permite ao aluno a capacidade de ver as divergências de

outros pontos de vista. A implantação de um Laboratório de Ensino de Matemática e

o uso de materiais manipuláveis, aplicado por meio de metodologias e estratégias

voltadas para uma aprendizagem significativa, proporcionam um ambiente que

favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico-dedutivo dos alunos.

Em função dessa afirmativa, Lorenzato afirma que:

os materiais concretos são recursos didáticos que interferem fortemente no processo ensino-aprendizagem; como qualquer instrumento seja um bisturi, um revolver ou um boticão, as consequências de seu uso dependem do profissional que os emprega. E mais o uso do material depende do conteúdo a ser estudado, depende dos objetivos a serem atingidos, depende do tipo de aprendizagem que se espera alcançar e depende da filosofia e política escolar. Enfim, material didático não está solto no contexto escolar. É justamente por isso que a opção pelo uso de cada um deles deve dar-se somente após reflexão do professor. Para cada assunto, considera-se o conteúdo a ser aprendido pelos alunos, a estratégia escolhida e como se dará a avaliação. É claro que por trás das opções do professor, está implícita a sua concepção de ensino e de educação. (LORENZATO, 2006, p. 60).

A partir dessa reflexão, podemos ressaltar a importância de se criar um

espaço onde o aluno seja sujeito da aprendizagem e professores possam planejar

suas aulas, com atividades não apenas voltadas para o desenvolvimento do

conteúdo específico, mais também de habilidades que enriquecerão a formação

geral do aluno e o professor como orientador faz os encaminhamentos necessários

para assim atingir os objetivos, organizados nas atividades propostas.

Lorenzato (2006) ainda ressalta a importância de as Escolas de Educação

Básica, possuírem o Laboratório de Ensino de Matemática (LEM).

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O LEM é um espaço especialmente dedicado à criação de situações pedagógicas desafiadoras […] devido aos questionamentos dos alunos durante as aulas. Neste caso, o professor pode precisar de diferentes materiais com fácil acesso. Enfim, o LEM, nessa concepção, é uma sala ambiente para estruturar, organizar, planejar e fazer acontecer o pensar matemático, é um espaço para facilitar, tanto ao aluno como ao professor, conjecturar, procurar, experimentar, analisar, aprender e principalmente aprender a aprender (LORENZATO, 2006, p. 7).

Uma escola possuidora de um laboratório para os professores,

principalmente da Educação Matemática, é de suma importância, pois o seu trabalho

de ensino e aprendizagem com certeza será gratificante, como também seus

resultados serão positivos.

Porém, mais importante que ter acesso aos materiais, é saber utilizá-los

corretamente, como também a metodologia de ensino no que se deseja transmitir,

haja vista que ninguém ensina o que não sabe. O professor deve acreditar no que

deseja fazer e construir, o que exige criatividade ao planejar e montar o seu LEM,

como também saber orientar seus alunos na seriedade dos trabalhos que serão

desenvolvidos.

A mudança de comportamento e atitude dos alunos em relação à disciplina

da Matemática e o bom êxito nos trabalhos dos professores envolvidos com o

Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) dependerão de saber estratégias e

metodologias apropriadas para desenvolver o que deseja transmitir e ensinar.

3 Desenvolvimento

Para a implementação pedagógica do Projeto de Intervenção Pedagógica

elaboramos o material didático pedagógico, sob forma de Caderno Pedagógico, no

qual consta os conteúdos: O Uso dos Números, Sistema de Numeração Decimal, e

as Seis Operações Fundamentais. Cada conteúdo foi organizado com textos e

informações dos mesmos, seguido de atividades envolvendo materiais didáticos

manipuláveis, objetivos, desenvolvimento metodológico.

As atividades foram desenvolvidas com os alunos da sala de apoio da 5ª

série (6º ano) da Escola Estadual Honório Fagan – Ensino Fundamental, da cidade

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de Floraí, em contra turno, com o uso de materiais manipuláveis do Laboratório do

Ensino de Matemática.

No início do segundo semestre do ano de 2010, no decorrer da Semana

Pedagógica, foi solicitado à direção, equipe pedagógica e demais professores, um

espaço de tempo para que fosse apresentada a proposta/projeto para os mesmos,

assim como os materiais produzidos durante o Programa de Desenvolvimento da

Educação – PDE, para que todos tivessem conhecimento do que ocorreria durante a

implementação do projeto. O espaço foi concedido e a proposta foi apresentada.

Com o número de, no mínimo 20 alunos, foi realizada uma reunião com os

pais daqueles que freqüentariam sala de apoio no contra turno, assim como a

exposição de que maneira seria feita a implementação do projeto na escola, que

objetiva melhorar o ensino de números e operações no ensino fundamental.

Explicamos também que a implementação seria feita por meio de atividades

com materiais manipuláveis do Laboratório de Ensino de Matemática como recurso,

para assim ocorrer o envolvimento, participação dos alunos e se apropriarem dos

conceitos matemáticos com mais significado, como também despertar nos mesmos

o gosto pelo cálculo de maneira prazerosa.

A formação de conceitos pelos alunos é fundamental para aquisição do

conhecimento e, por meio de tais atividades dar significado ou mesmo sentido ao

tipo de operações que serão realizadas.

Feita a organização dos horários da turma, iniciamos o trabalho de

implementação na escola.

Atividade número 1- Tudo é número

Num primeiro momento foi realizada a leitura de textos e jornais, em que

abordavam o uso de números em sua diversidade como medida, código, contagem,

ordem, quantidade, entre outros.

A seguir, foi solicitado aos alunos que na próxima aula trouxessem objetos

pessoais, rótulos, embalagem reciclável, jornais e outros.

Em duplas ou trios, foi proposto aos alunos que observassem o tipo de

número que cada objeto representava e os mesmo listavam em colunas o nome do

objeto, como também o tipo de número indicado. O professor acompanhava e listava

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também no quadro, fazendo inferências para que os alunos observassem a

diferença que acontece entre o uso dos números em sua diversidade e que o seu

uso é de maneira universal. A seguir os alunos recortaram vários tipos de números e

fizeram um cartaz colocando os números em colunas que representavam: código,

contagem, quantidade, ordem, medida, entre outros, de maneira organizada.

A atividade foi muito interessante, pois os alunos se envolveram e

participaram intensamente, e observaram certo uso de números que até então não

conheciam, ou mesmo não notavam essa diferença.

Atividade 2- Jogo dos palitos.

Em grupo, os alunos com palitos de fósforo representaram alguns números

romanos. Trabalharam alguns desafios, contagem, operações fundamentais, direção

e sentido, como também habilidades como: percepção, raciocínio lógico, atenção e

concentração. Descobriram o que podem ser feito quando de um determinado

número de palitos, trocando ou mudando a posição se transforma em outro

desenho, sentido ou em outro valor. Os alunos acharam o jogo muito interessante e

se envolveram de tal maneira que descobriram desafios que até então não haviam

sido planejados.

Atividade 3 - Jogando com o material dourado.

Foi entregue para equipe de quatro alunos um dado simples e um dado

especial contendo em cada duas faces: dois cubinho, duas tiras de uma dezena e

duas placas de uma centena. Na sua vez, a equipe jogava os dois dados, onde o

simples indicava o número de cubinho, ou dezena, ou centena. Aconteceu no

mínimo de cinco a seis rodadas e os alunos anotavam em sulfite de maneira

organizadas em grupos de unidades, grupos de dezenas ou grupos de centenas. A

seguir faziam as somatórias dos grupos, com isso observava-se que havia formado

o maior número, o menor e também faziam a leitura e escrita dos mesmos e no final

sempre era feito uma discussão do que havia acontecido durante a atividade.

Foi muito envolvente, onde demonstraram entendimento nos agrupamentos

de dezenas, centenas, e milhar, valor relativo dos algarismos, troca de dez unidades

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por uma dezena, dez dezenas por uma centena, dez centenas por um milhar,

adições entre números naturais, por meio do seu valor relativo, leitura e escrita de

números, entre outros. Utilizando o material dourado, criaram estratégias de

resolução dos desafios surgidos, onde foi observado o espírito de competição,

consciência de grupo, coleguismo e companheirismo.

Atividade 4 – Bingo do sistema de numeração decimal

Este material tem o modelo do bingo tradicional. Foi distribuída para os

alunos, individualmente, uma cartela composta de números. Durante o

desenvolvimento da atividade, os alunos deveriam identificar se possuíam o número

“cantado” decomposto, sendo que para isso deverá compor o número e a seguir

observar se possui ou não o número dito.

Nessa atividade foi trabalhado composição e decomposição, leitura de

números e a atenção, de maneira diferenciada, envolvendo os alunos, sem cansar.

Atividade 5: Adivinhe o Número Escolhido

Este é um jogo de adivinhação, em que um aluno conduz a atividade e outro

aluno participa, ou seja, um sabe o “truque” e o outro não. Este jogo exige que o

aluno saiba somar mentalmente, e o professor pode ao final da atividade explicá-lo

deixando assim mais “rica” a atividade.

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Durante a atividade foi observado nos alunos, que despertou a curiosidade,

atenção, o cálculo mental, a adição com números naturais.

Atividade 6: Soma 30

“Soma 30” é uma atividade que estimula o raciocínio do aluno, que utiliza

cálculos mentais e de lógica desenvolvendo a operação de adição com números na-

turais. Como o material é confeccionado com figuras envolvendo círculos, os alunos

conceituaram figuras geométricas como a diferença entre círculo e circunferência.

Os alunos se envolveram, fazendo cálculos mentais sobre a adição, e até

mesmo subtração, analisando e descobrindo estratégias de como chegar ao final da

atividade com rapidez e segurança.

Atividade 7:“Soma 15”

É uma atividade que estimula o raciocínio lógico do aluno, que utiliza

cálculos mentais ou até mesmo estratégias de como resolver a adição com maior

rapidez e segurança.

Observamos nos alunos, durante esta atividade, o estímulo, a curiosidade,

atenção, como também o envolvimento em querer resolver a atividade primeiro,

descobrindo uma melhor maneira de chegar ao resultado da adição, com maior

rapidez e exatidão.

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Atividade 8: “Jogo da Velha”

Cada jogador deverá escolher a cor com a qual deseja jogar e pegar todas

as peças referentes a ela. Depois, as equipes colocam, aleatoriamente, 9 fichas

numeradas no tabuleiro, uma em cada espaço. Em seguida, definem quem iniciará o

jogo. O primeiro jogador deverá jogar os dois dados. Ao ver os números que

“caíram”, realiza mentalmente as 4 operações matemáticas básicas, para verificar se

o resultado de alguma delas é igual a algum número que está no tabuleiro. Se um ou

mais resultados estiverem na cartela, o jogador deve marcá-los com uma ou mais de

suas fichas. Se não, não garante nenhum ponto.

Este jogo de estratégia ganha uma nova dinâmica para estimular os alunos a

desenvolver o cálculo mental das 4 operações fundamentais, fazendo com que os

alunos monte expressões numéricas mentais envolvendo as 4 operações,

estimulando a atenção e percepção visual.

Durante esta atividade observamos o envolvimento dos alunos resolvendo

cálculos com as 4 operações fundamentais, para assim, conseguir vencer o jogo, e

isto de maneira organizada, revendo os conceitos e regras da adição, subtração,

subtração e divisão, na hora de resolver uma expressão numérica.

Atividade 9: “Mosaico da multiplicação”

O jogador, seguindo o sentido anti-horário, justapõe uma de suas peças

respeitando as cores e a equivalência das operações. Caso não consiga justapor,

este pega uma das peças que estejam sobre a mesa com os registros não à vista,

caso haja, e verifica se com ela é possível fazer justaposição. Se isso não ocorrer, o

jogador repete o processo até que encontre a peça ou até que as peças disponíveis

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acabem e, então, passa a vez. O jogo prossegue até que um dos jogadores

justaponha todas as suas peças.

Este jogo estimulou a atenção em saber as tabuadas, despertou o cálculo

das tabuadas que ficam como que esquecida, observando no aluno certo interesse e

um entendimento do que é uma tabuada.

Atividade 10 – Tabuada dourada

Considerando as dificuldades que os alunos trazem das primeiras séries do

fundamental quanto à tabuada, foi trabalhado este jogo, onde é exercitada a tabuada

de maneira diferenciada, com as trocas decimais, compondo e decompondo peças

para dar o resultado obtido, fazendo com que exercite a atenção, além do

entendimento para outros conteúdos e séries mais avançadas.

O jogo tem como pré-requisito o conhecimento da tabuada e do sistema de

numeração decimal. Esta atividade foi trabalhada com o material dourado.

Com este jogo percebemos uma melhor fixação dos conceitos do sistema de

numeração decimal, como também um estudo mais aprofundado ou mesmo

diferenciado da tabuada, onde as resoluções de cálculos envolvendo multiplicações

tiveram melhores resultados.

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Atividade 11: Avançando com o Resto

Para o desenvolvimento desta atividade é necessário que os alunos efetuem

divisões com números naturais. Cada equipe coloca seu marcador na casa com o

registro 43. Na sua vez, lança o seu dado e efetua uma divisão em que o dividendo

é o número da casa em que está o marcador, o divisor é o número obtido na face

superior do dado. Após feita a divisão, avança com o marcador tantas casa quanto

for o resto da divisão efetuada. Cada equipe deverá obter, ao final, o resto da divisão

que faça com que o marcador avance exatamente a quantidade de casas que

possibilite parar na casa “FIM”.

Com esta atividade observamos nos alunos a atenção e fixação, quanto aos

nomes dos termos da divisão. Após os alunos ter jogado algumas partidas observou-

se que tinham uma noção quanto: qual o maior número de casas que um jogador

pode andar; em que casa não tinha interesse em cair. Se o jogador estiver na casa

51, à frente dos demais, qual o pior resultado poderia obter do dado; se o jogador

estivesse na casa 24, qual o melhor resultado podaria obter do dado, qual o

resultado no dado que , com certeza, não permite ao jogador avançar; quais as

“melhores” casas do jogo? E as “piores”?

O envolvimento dos alunos foi total, pois apropriaram dos conceitos de uma

divisão, como também os termos que envolvem a divisão, o cálculo mental, até que

número poderia ser o resto.

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Atividade 12: Jogos dos Piratas

Cada jogador coloca um peão sobre um dos piratas (1 ou 2 ou 3).

Dependendo de qual pirata escolher, o jogador só poderá percorrer o caminho para

chegar à ilha do tesouro utilizando as casas de mesma cor (azul, rosa ou amarela).

A seguir decide quem iniciará o jogo. O primeiro lança os dois dados, e de acordo

com os números dos dados poderá adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir, sendo

que a divisão terá que ser exata. O peão só poderá mudar de lugar se o resultado

obtido for algum número da primeira linha à frente do pirata. Caso não consiga

passa a vez. Na segunda rodada os peões só poderão se mexer para resultados da

segunda linha e assim por diante.

Nessa atividade os alunos participaram ativamente, resolvendo as quatro

operações fundamentais, como também montando expressões numéricas para se

chegar ao número que resultasse pontos para poder avançar no jogo. Com isso foi

muito bem explorado as quatro operações fundamentais com números naturais.

Atividade 13: - Jogo dos vizinhos

Este é um jogo que apresenta a matemática de forma lúdica, permitindo aos

participantes realizar as quatro operações fundamentais para compor um número,

que é um bom exercício para o desenvolvimento do cálculo mental.

O jogo pode ser desenvolvido com dois ou quatro participantes, em sala de

aula, em atividades diversas e em Laboratório de ensino de Matemática.

São distribuídas seis tampinhas para cada jogador. Ao iniciar o jogo lança os

quatro dados, com os números sorteados dos dados tenta fazer várias operações ou

até mesmo expressões numéricas para se chegar a um número do tabuleiro e cubra

com sua cor de tampinha. Na primeira rodada, o jogador poderá marcar qualquer um

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dos números do tabuleiro, já os demais jogadores só poderão marcar os números

que estiverem nos quadrados vizinhos na horizontal, vertical e diagonal do número

que já estiver coberto com a tampinha.

Com esta atividade o aluno exercitou as quatro operações fundamentais,

para compor o número, obedecendo e descobrindo estratégias para determinar a

ordem com que devem ser efetuadas as operações nas expressões numéricas,

como também estimulou a atenção, o raciocínio lógico, o cálculo mental, entre

outros.

4 Considerações finais

Com a experiência deste trabalho desenvolvido com alunos de quinta série

(6º ano), que frequentam sala de apoio, percebemos que as dificuldades

apresentadas e o baixo rendimento estão ligados aos alunos em ler, interpretar,

concentrar nos textos, ou mesmo operações e problemas matemáticos. Haja vista

que a formação do aluno é tarefa da escola e dos vários componentes curriculares,

e não apenas de um componente específico, propomos a busca de novas

metodologias e recursos diferenciados para poder atender e amenizar esta

deficiência.

Com o uso de materiais manipuláveis para introduzir os conteúdos

contemplados no Caderno Pedagógico, concluímos que não só os alunos

participaram, como também se envolveram em cada atividade, despertando,

socializando informações e demonstrando melhor aproveitamento, ampliando assim

as possibilidades de interação do aluno/professor/colegas durante a

contextualização, a aplicação, a apropriação dos conceitos matemáticos propostos.

Consideramos ser este um trabalho diferenciado, por utilizar-se de diversos

recursos didáticos, tais como: jogos e materiais manipuláveis, com metodologias e

estratégias, cujo objetivo é despertar o interesse, a curiosidade na criança,

instigando a capacidade de generalizar, projetar, prever, abstrair, favorecendo a

estrutura do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico.

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Com relação ao desenvolvimento da turma escolhida para a implementação

desse trabalho com materiais manipuláveis, foi relevante, pois pode-se observar a

aquisição de muitas habilidades, entendimentos e apropriação de conceitos com as

atividades aplicadas para a introdução dos conteúdos, como: sistema de

numeração, cálculo mental e as quatro operações fundamentais. A participação e a

aceitação dos colegas em grupo foram excelentes, pois ocorria um envolvimento no

jogo sem que houvesse a competição e sim a aprendizagem, nos debates e relatos

sobre o que aprenderam de novo, os pontos positivos e negativos.

Percebemos uma diferença muito grande entre o aluno aprender as

operações de maneira mecanizada e com os materiais manipuláveis do Laboratório

de Ensino de Matemática, pois até mesmos alunos que aparentemente pareciam

não ter dificuldade, puderam descobrir e resolver cálculos que até então não

entendiam, ou mesmo não tinha significado. E isso acontecia naturalmente sem

perceber que estavam realizando cálculos que achavam cansativos e desgastantes.

Esta implementação, por ser desenvolvida no contra-turno, com prática,

metodologia e estratégia dando significado ao que se ensina, acreditamos ser o

início, pois foi trabalhado com tempo pré-determinado, onde não foram

contemplados todos os conteúdos e atividades proposta no caderno pedagógico.

Esperamos fazer um trabalho mais efetivo e dinâmico com todas as turmas e,

sempre que possível, introduzir os conteúdos, usando o Laboratório de Ensino da

Matemática, como recurso para um aprendizado com significado.

Finalizando, valorizamos o trabalho do professor neste tipo de atividade por

considerá-lo fundamental, pois está despertando no aluno o caminho para futuras

resoluções de problemas e desafios mais complexos que poderão surgir na vida

escolar como também em sua vida fora da escola.

Concluímos com a afirmativa de que uma metodologia bem preparada para

introduzir os conteúdos que são relevantes, contribui de forma especial para o

ensino e aprendizagem com mais significado, tendo assim uma melhor interação

entre professor/aluno/colega, além de promover hábitos, comportamentos e respeito

mútuo importantes não só para o convívio na vida escolar, como também em seu

cotidiano.

Page 18: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009...Resumo O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre os resultados obtidos na implementação do projeto “Utilizando o LEM – Laboratório

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da educação. Instituto nacional de estudos e pesquisas

educacionais(INEP).Disponível em:

<http://www.oei.es/pdfs/resultado_ideb2007.pdf.> . Acesso em: 15 maio. 2011.

LORENZATO, S. (org.). O laboratório de ensino de matemática na formação de

professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. (Coleção formação de

professores).