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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · ginástica, com função higienista, até como uma função crítico emancipadora, objetivando conhecer e desenvolver a cultura corporal

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SUED

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP CAMPUS DE JACAREZINHO – PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

FÁTIMA TEREZINHA DE GRANDE FERIATO

UNIDADE DIDÁTICA JOGOS COOPERATIVOS: POSSIBILIDADES DE UMA PRÁTICA EDUCATIVA

ITAMBARACÁ

2010

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDÊNCIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SUED

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP CAMPUS DE JACAREZINHO – PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

FÁTIMA TEREZINHA DE GRANDE FERIATO

UNIDADE DIDÁTICA JOGOS COOPERATIVOS: POSSIBILIDADES DE UMA PRÁTICA EDUCATIVA

Produção Didático-Pedagógica Unidade Didática - Apresentada ao Núcleo Regional de Educação de Cornélio Procópio e Secretaria do Estado de Educação – Paraná, como requisito obrigatório para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE e respectiva conclusão do curso. Orientadora: Maria Lúcia Vinha

ITAMBARACÁ 2010

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SUMÁRIO

1 - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO...........................................................................

2 - APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO.................................................

3 - ENTRANDO NO ASSUNTO.............................................................................

4 - JOGOS COOPERATIVOS: ORIGEM E EVOLUÇÃO.......................................

5 - APROFUNDANDO O CONHECIMENTO.........................................................

6 - A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NAS AULAS..................................................

6.1 - Desenvolvimento Pessoal..............................................................................

6.2 – Desenvolvimento cooperativo.......................................................................

7 - COMO ENSINAR A JOGAR.............................................................................

8 - SUGESTÕES DE JOGOS E ATIVIDADES COOPERATIVAS.........................

8.1 - Dança das cadeiras........................................................................................

8.2 - Pega-pega de corrente...................................................................................

8.3 – Volençol.........................................................................................................

8.4 - Voleibol Cooperativo......................................................................................

8.5 – Sentar em grupo............................................................................................

8.6 – Queimada com rei e rainha...........................................................................

9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................

10 - REFERÊNCIAS...............................................................................................

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PDE- UNIDADE DIDÁTICA

Jogos Cooperativos: possibilidades de uma prática educativa

1- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professora: Fátima Terezinha De Grande Feriato

Área: Educação Física

NRE: Cornélio Procópio

Professora Orientadora: Maria Lúcia Vinha

IES Vinculada: Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

2 - APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO

A elaboração desta Unidade Didática faz parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Estado da Educação do

Estado do Paraná como uma das metas estipuladas dentro das produções didáticas.

Este trabalho será destinado a professores de Educação Física do Ensino

Fundamental com o objetivo de subsidiar e colaborar nos pressupostos teóricos e

práticas metodológicas da disciplina, como ferramenta para melhoria da prática

pedagógica.

O eixo norteador desta Unidade Didática é o conteúdo estruturante Jogos e

Brincadeiras que está sistematizado dentro das Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Estado do Paraná bem como os demais conteúdos propostos para a

Educação Física.

O conteúdo estruturante Jogos e Brincadeiras apresenta várias opções de

atividades. Através desta Unidade Didática vamos procurar evidenciar e propor

atividades que efetivem os Jogos Cooperativos enfocando também a ludicidade e a

inclusão social para uma efetiva valorização da cultura corporal.

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Fazendo uma análise da minha própria prática pedagógica e observando as

aulas de outros colegas da área, fica evidente uma tendência para a esportivização

exagerada, o esporte atrelado à competitividade buscando vencer a qualquer custo.

Dentro dessa perspectiva acontecem vários problemas no decorrer das

aulas: desinteresse dos alunos, desrespeito aos menos habilidosos, exclusão, medo,

entre outros. Sendo assim este trabalho buscará refletir e mostrar caminhos e

alternativas para tentar mudar esta prática oferecendo através dos Jogos

Cooperativos perspectivas de mudanças e metodologias diferenciadas para as

aulas.

3 - ENTRANDO NO ASSUNTO

Na história do desenvolvimento da humanidade o homem primitivo não tinha

a postura física do homem contemporâneo, já que andava em posição de quatro

apoios, passando depois, com a evolução, a andar ereto.

Em razão da relação homem/natureza houve a grande transformação

da espécie humana em virtude dos desafios que iam ocorrendo e pela própria

questão da sobrevivência, foi-se construindo uma nova maneira de se movimentar,

isto é, em pé.

Conforme a necessidade e os desafios que apareciam, esse movimento foi

sendo aperfeiçoado através do relacionamento interpessoal, já que uns aprendiam

com os outros. Esta atividade corporal foi sendo desenvolvida ao longo dos tempos,

sendo construída pela própria humanidade, fazendo parte do conhecimento

adquirido, o qual compõe a cultura corporal que deve nortear a disciplina de

Educação Física Escolar.

Paralela a esta construção da cultura corporal, o homem foi desenvolvendo

outras atividades para superar os desafios impostos pela natureza como a fome, a

falta de água, tempestades, entre outros.

A compreensão da historicidade da cultura corporal é muito importante para

o desenvolvimento da prática pedagógica nos dias de hoje. Os alunos têm o direito

de saber que o homem moderno não nasceu correndo, pulando, equilibrando-se,

jogando e atirando, mas que isso se deu em função das dificuldades e desafios que

iam ocorrendo.

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Portanto, esse saber e conhecimento sobre o desenvolvimento da

corporeidade do homem na história da humanidade têm como função compreender

que esta produção é transitória e inacabada. O professor deve incentivar o aluno a

produzir diferentes práticas corporais que posteriormente poderão ser

sistematizadas. Nesse sentido, coloca-se:

a expectativa da Educação Física, que tem como objeto de estudo a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em desenvolve uma reflexão pedagógica sobre os valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação – negando a dominação e submissão do homem pelo homem. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 40).

A partir deste conhecimento adquirido pelo aluno é que se conseguirá

desenvolver movimentos sistematizados e transformá-los em diferentes atividades e

produções como o jogo, a ginástica, o esporte, a dança ou a luta.

A Educação Física sempre esteve presente na escola de diferentes formas,

conceitos e significados. Passou por várias transformações, como, de uma simples

ginástica, com função higienista, até como uma função crítico emancipadora,

objetivando conhecer e desenvolver a cultura corporal do movimento, através dos

jogos e brincadeiras, esporte, dança, ginástica e lutas.

Nesta perspectiva, busca-se enfatizar os jogos cooperativos como uma

alternativa para desenvolver vários aspectos como a socialização e a inclusão,

construindo um espaço para mudanças entre o mundo interno e externo.

Considerando-se que os jogos cooperativos estão situados no âmbito do lúdico,

pode-se afirmar que:

Numa abordagem mais abrangente, o lúdico poderia, então, ser ocasião de se lidar com a segurança e o incerto, o medo e a coragem, a perda e o ganho, o prazer e desprazer, o sério e o cômico, a objetividade e a subjetividade, enfim, uma oportunidade de ensinar e aprender sobre a vida, entendida como um grande jogo em que, como em todos os demais estão presentes objetivos, regras e papéis. (EMERIQUE, 2004, p. 4)

O jogo como processo de mediação oferece a possibilidade de elaboração

de atividades adequadas, observando as peculiaridades e características de cada

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aluno culminando com o desenvolvimento de sujeitos criativos, solidários e capazes

de mediar e resolver as situações que ocorrem no seu cotidiano.

Utilizando o conteúdo “Jogos e Brincadeiras”, nas aulas, propõe-se aos

alunos a ampliação das possibilidades de seu desenvolvimento motor, afetivo e

cultural, pois as atividades sugerem, além do movimento e da criatividade,

sentimento de alegria, tristeza e a construção da própria personalidade. Isto se

justifica porque “o jogo satisfaz necessidades das crianças, especialmente a

necessidade de “ação”. Para entender o avanço da criança no seu desenvolvimento,

o professor deve conhecer as motivações, tendências e incentivos que a colocam

em ação” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 66).

Assim, faz-se necessário valorizar nas aulas, o grupo, o que compreende a

cooperação, a solidariedade, o respeito às individualidades presentes nos seres

humanos, já que o jogo é uma atividade coletiva.

Parece claro que os jogos e as brincadeiras assumiram uma função

educativa e deve ser trabalhados na escola como conteúdo capaz de auxiliar na

construção de uma sociedade mais solidária. Através dos jogos cooperativos é

possível desenvolver experiências reais de cooperação e solidariedade com a ajuda

dos alunos.

Realizando atividades e jogos cooperativos na escola, é possível resgatar o

papel de socialização da disciplina na escola, minimizando as práticas que

estimulam o individualismo.

PARA PENSAR...

A paixão em jogar pode ter como uma de suas justificativas a convivência em grupo, onde as formas de relações sociais se firmam do individual para o espírito de equipe. União, cooperação e divisão de responsabilidades, são itens que configuram o espírito do grupo, onde a perseverança e a garra de cada um se associam para enfrentar os desafios do jogo. (BREGOLATO, 2005, p. 69).

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4 - JOGOS COOPERATIVOS: ORIGEM E EVOLUÇÃO

A origem dos Jogos Cooperativos surgiu da preocupação com a excessiva

valorização da competição na sociedade, praticamente em todos os aspectos da

vida social como se fosse uma norma a ser seguida por todos.

Sobre a sistematização dos Jogos Cooperativos, Soler (2003, p. 19) afirma

que “com toda certeza, os Jogos Cooperativos sempre existiram, mas começaram a

ser sistematizados na década de 1950, nos Estados Unidos.”

O jogo cooperativo segundo Orlick (1982, apud Soler, 2003, p. 19) não é

algo novo, já que “começou há milhares de anos, quando membros das

comunidades tribais se uniam para celebrar a vida”.

A nossa cultura enfatiza que o jogo é sinônimo de competição ou vice-

versa, mas esta concepção pode ser mudada e temos como alternativa as

atividades que buscam a cooperação entre os sujeitos. Na nossa sociedade fomos

condicionados a competir, que é característica da sociedade capitalista.

Segundo consta nos livros, os jogos surgiram há muito tempo , antes mesmo

de o homem ter aparecido na terra e podem ter sido manifestados primeiramente

através dos animais.

Os jogos surgiram em diferentes épocas e formas em várias partes do

mundo. Um exemplo típico era com os povos indígenas na Austrália, onde eram

celebrados com objetivos religiosos como forma de expressão corporal.

Outro grande exemplo de jogos da antiguidade são os Jogos Olímpicos na

Grécia Antiga que tinham como objetivo homenagear os Deuses daquela época.

Quando realizados, eram tão importantes que conseguiam paralisar até mesmo as

guerras entre os povos.

O jogo faz parte então da vida do homem, inicialmente como alternativa de

sobrevivência e posteriormente no desenvolvimento da civilização e na escola como

conteúdo educacional da cultura corporal.

A Educação Física instiga os alunos através de suas atividades, à

aprendizagem, através de movimentos corporais que geralmente causam alegria e

prazer. O professor deve ter um conhecimento histórico da motricidade humana,

pois se não conhecesse o passado, não entenderia o futuro. Essa compreensão vai

possibilitar entender o porquê da disciplina na escola e sua relação com o processo

ensino-aprendizagem.

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5 - APROFUNDANDO O CONHECIMENTO

Um dos conteúdos estruturantes da Educação Física é Jogos e Brincadeiras.

Mas qual realmente é o significado dessas expressões?

O jogo, segundo Fogaça (2009, p.114, apud Kishimoto, 1997) está dividido

em três níveis de diferenciação:

- o primeiro nível do jogo está relacionado ao contexto social, ou seja, cada

um vê o jogo conforme sua realidade, estilo de vida e é transmitido por meio da fala;

- o segundo nível está direcionado a uma estrutura de normas e regras que

o identificam;

- no terceiro nível, o jogo se relaciona com o objeto empregado na atividade

ou brincadeira. Caracteriza-se pela diversão e recreação.

Sendo assim, a diferença entre os vários tipos de jogos está na cultura, nas

regras e nos objetos que os caracterizam, levando sempre em consideração a

interpretação das atividades sociais.

“O jogo é um dos componentes sociais que poderiam explicar o homem em

seu habitat em nossos tempos. Para este autor é no jogo e pelo jogo que a

civilização surge e se desenvolve. Para ele o jogo não é um fenômeno puramente

biológico, mas sim um fenômeno cultural, ou seja, é biológico e cultural”. (FOGAÇA,

JR, 2009, p.114, apud HUIZINGA, 1971).

De acordo com Fogaça:

CURIOSIDADE

Os Jogos Cooperativos surgiram da preocupação com a excessiva valorização dada ao individualismo e à competição exacerbada, na sociedade moderna, mais especificamente, na cultura ocidental. (BROTTO, 2001, p. 45).

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o brincadeira se refere ao desempenho da criança na ação lúdica, ou seja, no momento da recreação. A diferença entre os termos reside no fato de a palavra “jogo” comportar noções de aprendizagem, de regras, de objetivos definidos, já a brincadeira não intenta alcançar objetivos pré-definidos, sua finalidade é a diversão”. (FOGAÇA JR, 2009, p. 115).

Através da brincadeira vemos que a criança aprende vários conhecimentos e

ao mesmo tempo consegue compreender como o mundo funciona.

Segundo Fogaça (2009, p.116, apud Kishimoto 1997) “o brinquedo é

entendido como objeto (bastão, bola, caixa, entre outros) isto é, um objeto que dá

suporte a uma brincadeira e sua utilização pressupõe momentos lúdicos de livre

manipulação”.

As características principais do brinquedo é a de ser um objeto com vários

significados e portador de um grande valor cultural que é construído pelo homem,

sem estar condicionados às regras, isto é, como cita Fogaça:

o brinquedo é um meio de expressão, é um objeto que pode ser aferido um grande número de significações pela criança, e estas significações ocorrem por meio da expressão material, ou seja, das qualidades físicas do brinquedo...]” (FOGAÇA, 2009, p. 117).

6 - A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NAS AULAS

O jogo na sua especificidade possui regras e objetivos pré-estabelecidos,

mas que tem a importante ligação com a sensação de liberdade. Também apresenta

outra característica, ter um fim em si mesmo, onde os jogadores entram no mundo

das brincadeiras, da ludicidade e quando o jogo termina voltam ao mundo real.

No entanto, uma das mais importantes características do jogo, é que neste

universo, os jogadores vivenciam os mais variados sentimentos e experiências

educativas que poderão ser utilizados por toda a sua vida.

A nossa sociedade atualmente exige uma educação mais participativa, mais

presente, buscando formar o ser humano na sua totalidade explorando o potencial

que cada um possui. Com o jogo o professor poderá trabalhar o desenvolvimento de

várias qualidades: física, intelectual, artística e afetiva, contribuindo também no

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aperfeiçoamento do relacionamento social, convivendo com regras e a vida em

grupos. Vânia Dohme afirma que:

De forma mais objetiva, o jogo pode ser o condutor de um determinado conteúdo. Através de sua aplicação, pode-se despertar a motivação para determinado aspecto de uma disciplina que se irá abordar ou mesmo avaliar o entendimento de determinado conteúdo, sem contar que existem conhecimentos possíveis de serem transmitidos através de jogos

alegres e ativos. (DOHME, 2008, p. 22).

Então, como já vimos, o jogo contribui para o desenvolvimento pessoal e também

em relação ao sentimento de cooperação. Vejamos cada uma dessas categorias:

PARA REFLETIR...

É preciso que o professor de Educação Física assuma efetivamente o jogo. Abrace a brincadeira como conteúdo pedagógico em toda série de ensino como fonte de alegria, espontaneidade e autenticidade para os alunos. Para isso precisa também gostar de brincar. Precisa se deixar conduzir por sua conduta lúdica, que talvez, tenha sido arrastada pela correnteza da seriedade. Arrastada pelo condicionamento a que foi submetido para deixar de ser ele mesmo e de viver com mais

alegria. (BREGOLATO, 2005, p. 77).

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6.1- Desenvolvimento Pessoal

a) Desempenho

Cada criança através dos jogos poderá testar o seu desempenho e do que é

capaz, pois certamente haverá quem tem mais habilidade, quem é mais lento, quem

é mais forte, entre outros. Porém cada um tem o seu desempenho próprio e com

certeza faz bem algumas coisas e tem dificuldades em outras. Com o tempo a

criança vai se conhecendo e saberá do que é capaz.

Como conclui Vânia Dohme:

Jogando em um grupo, ela irá perceber como estão se saindo seus companheiros e adversários, observando que um colega pode ser lento e desajustado, mas ser criativo e espirituoso enquanto o outro tem boa estratégia e liderança, embora não saiba cantar e, ainda outro, que não tem nenhuma habilidade para as artes, é dotado de memória surpreendente, e assim por diante, são infinitas as combinações de habilidades que um ser humano pode ter. (DOHME, 2008, p. 24-25).

Portanto, o jogo contribui, através de sua ação, para que a criança conheça

a si mesma e os demais colegas, usufruindo dessas potencialidades para a boa

convivência, superando suas deficiências e limitações.

b) Autonomia

Na vida da criança é comum os adultos mesmo que sem perceber, resolver

questões simples por elas, como: que roupa vestir ou que alimentos comer. Agindo

assim, o adulto tira da criança o direito de exercer a autonomia em resolver

pequenas questões do dia a dia. Sendo assim a criança não criará o hábito de

quando necessário tomar suas próprias decisões, ou seja, agir por conta própria.

Brincando livremente através dos jogos a criança terá oportunidade de

experimentar e exercer a sua autonomia analisando situações, fazendo escolhas e

tomando decisões.

c) Fortalecimento da auto-estima

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O fortalecimento da auto-estima é uma ferramenta importante que pode ser

utilizada através dos jogos, pois, propõe desafios a serem superados e, quando isso

acontece, promove a sensação de bem estar, de confiança naquilo que faz.

Os professores devem propor desafios variados em relação às habilidades

dos alunos e, assim tentar contemplar todas as capacidades individuais buscando

atingir todo o grupo. Dessa forma, tentando superar desafios, o aluno vai

construindo a sua auto-estima dentro de suas capacidades e possibilidades reais.

6.2- Desenvolvimento Cooperativo

a) Convívio social

O jogo na maioria das vezes propicia um convívio harmonioso, aproximando

as pessoas, derrubando obstáculos, vencendo tabus e a timidez. Ele prepara o

ambiente promovendo participações, rompendo preconceitos sociais, buscando um

objetivo comum.

b) Cooperação

A criança, através do jogo aprende a cooperar de maneira profunda, pois

esta questão é necessária para se chegar a um objetivo do grupo. Dessa forma,

vencer pode ser entendido como superação de obstáculos, e não uma vitória sobre

outros jogadores, mas a conquista de objetivos propostos pelo grupo.

Essa aprendizagem tende a acontecer de forma gradativa e o professor

deverá buscar jogos variados para desenvolver e aprimorar a cooperação no grupo.

Outro elemento fundamental para estimular o convívio social cooperativo é a

maneira como se organiza os alunos em equipe durante os jogos, observando as

diversas habilidades e diferenças individuais.

c) Espírito de liderança

No nosso dia a dia nos deparamos com momentos de “liderança” ou outras

vezes momentos de “liderados”. O jogo tem a função de desde cedo estimular na

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criança essa característica de ser líder. Essa característica aparece naturalmente

entre as crianças e será conduzida por aquele que conseguir levar o grupo a

alcançar os objetivos propostos. O jogo propicia a oportunidade de moldar e

aperfeiçoar esta característica nos alunos.

7 - COMO ENSINAR A JOGAR

Segundo Brotto (1999, p. 20, apud Soler, 2003, p. 26-27) os jogos

cooperativos são apoiados em três importantes dimensões de ensino-aprendizagem:

- Vivência: incentivando e valorizando a inclusão de todos, respeitando as diferentes possibilidades de participação. - Reflexão: Criando um clima de cumplicidade entre os praticantes, incentivando-os a refletirem sobre as possibilidades de modificar o jogo, na perspectiva de melhorar a participação, o prazer e a aprendizagem de todos. - Transformação: Ajudando a sustentar a disposição para dialogar, decidir em consenso, experimentar as mudanças propostas e integrar, no jogo, as transformações desejadas. (BROTTO, 1999, p.20, apud SOLER, 2003, p. 26-27).

Quando utilizamos os jogos competitivos nas aulas notamos que também

existe a cooperação, pois é um jogo coletivo e um precisa do outro para jogar.

Nossa intenção não é criticar esse tipo de jogo, mas buscar alternativas de mudar

formas tradicionais de se jogar, permitindo a participação da maioria dos alunos,

estimulando a criatividade e a mudança de regras.

Nos jogos cooperativos também existe o fator competição, porém a

diferença está na adaptação e flexibilização das regras tradicionais, permitindo com

isso a participação de todos nos dois times, por exemplo.

Utilizando os Jogos Cooperativos constantemente nas aulas poderemos

mostrar aos alunos como aprender a cooperar através de práticas educativas do

jogo. O conhecimento adquirido sobre cooperação através das aulas de Educação

Física, poderá ser utilizado também no seu dia-a-dia.

Essas considerações nos levam a afirmar que no mundo, tanto a competição

quanto a cooperação devem fazer parte do nosso cotidiano. A preocupação é como

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vemos o jogo e se colocarmos o “vencer” acima de tudo, não interessando os meios

utilizados para conseguir, então estaremos auxiliando a cultura competitiva.

8 - SUGESTÕES DE JOGOS E ATIVIDADES COOPERATIVAS

Material: Aparelho de som e cadeiras.

Disposição: Todos em volta das cadeiras, dançando ao som da música.

Desenvolvimento: Quando a música para, todos deve sentar. Ninguém é eliminado,

e quem sai é a cadeira. As pessoas devem sentar sobre os elementos existentes:

cadeiras e colos. Cada vez que a música parar, uma cadeira deve ser eliminada.

Então, à medida que o número de cadeiras diminui, os jogadores são levados a

cooperar entre si, para que nenhum fique em pé.

Objetivos: estimular a cooperação, reforçar o trabalho em grupo, aprimorar a

relação interpessoal. (SOLER, 2003, p. 88).

8.1 - Dança das cadeiras cooperativa

PARA SABER

MAIS...

A UNESCO coloca alguns valores essenciais para a paz e uma convivência ecológica entre as pessoas: Respeitar a vida, Rejeitar a violência, Ser generoso, Escutar para compreender, Preservar o planeta, Redescobrir a solidariedade. Esses e outros valores como: união, amor, cooperação, bondade, paz, responsabilidade, organização, inclusão, ética, são trabalhados através dos jogos cooperativos e da Pedagogia da Cooperação. (www.jogoscooperativos.com.br/entendendo_os_jogos / acesso em: 17/07/2010

14h50min).

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Material: Nenhum

Disposição: Todos à vontade, pelo espaço destinado para o jogo. O professor

escolherá um para ser o pegador.

Desenvolvimento: O pegador terá que perseguir os outros participantes. Quando

conseguir, segura a sua mão, procurando pegar outro. Quem vai sendo pego forma

uma corrente que, ao chegar a oito integrantes, se divide em dois grupos de quatro

pessoas que continuam perseguindo os outros, que ainda não foram pegos. Sempre

que a corrente tiver o número de oito integrantes, ela se divide em duas.

Objetivos: estimular a cooperação, aprimorar a relação interpessoal, desenvolver

habilidades motoras. (SOLER, 2003, p. 94).

8.2 - Pega-pega de corrente

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Material: dois lençóis

Disposição: Formando grupos de oito a dez jogadores.

Desenvolvimento: Cada grupo fica de um lado da quadra de vôlei segurando um

lençol esticado. Utilizando as regras normais do jogo, a equipe que recebeu a bola

do saque procura lançar a bola com o lençol de um lado para o outro da quadra

tentando fazê-la cair no chão da outra equipe e marcar pontos.

Objetivos: estimular a cooperação, aprimorar o trabalho em equipe, desenvolver

habilidades motoras. (SOLER, 2003, p. 110).

8.3 Volençol

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Material: uma bola e uma rede de voleibol

Disposição: os alunos devem ficar dispostos numa quadra de voleibol.

Desenvolvimento: um aluno inicia o jogo sacando por cima da rede, em direção à

outra equipe. Esta recepciona a bola e, antes da mesma ser devolvida à equipe que

a sacou, todos os integrantes devem tocá-la. A regra dos três toques deve ser

esquecida, prevalecendo para a atividade a seguinte regra: todos devem tocar a

bola antes da sua devolução para a equipe adversária.

Objetivo: estimular a cooperação. (CARNEIRO, 2003, p. 17-18).

8.4 - Voleibol Cooperativo

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Material: nenhum

Desenvolvimento: os alunos deveram ficar em pé na quadra formando um círculo

voltado para dentro. Todos devem virar para a direita como numa fila circular. Cada

um deve juntar a ponta dos pés nos calcanhares do colega à sua frente, colocando

as mãos na cintura dele. O professor dará o sinal e todos devem sentar ao mesmo

tempo nos joelhos de quem está atrás, bem lentamente. Tentar várias vezes até

conseguir o objetivo. Quando conseguirem alcançar o objetivo, o professor pedirá

que todos levantem um braço acima e depois o outro. Após conseguir o objetivo

proposto, ao sinal do professor todos levantam ao mesmo tempo. O grupo perceberá

que o equilíbrio conjunto impede que alguém se desequilibre.

Objetivo: estimular a cooperação e o trabalho em equipe. (CARNEIRO, 2003, p. 7).

8.5 - Sentar em grupo

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Material: uma bola de voleibol

Disposição: alunos dispersos pela quadra de futsal

Desenvolvimento: os alunos serão divididos em duas equipes. Inicia-se o jogo

utilizando as regras normais de um jogo de queimada. Antes de iniciar o jogo, cada

equipe deverá escolher, sem que a outra equipe perceba, um aluno para ser o “rei” e

uma aluna para ser a “rainha”. As equipes deverão dizer ao professor quem foram

os escolhidos. Começa o jogo e as equipes deverão queimar os alunos que foram os

escolhidos. Se outro aluno for queimado e não for o rei ou a rainha o jogo continua

normalmente até que o objetivo seja alcançado.

Objetivo: estimular o trabalho em equipe. (CARNEIRO, 2003, p. 51).

8.6 - Queimada com rei e rainha

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9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jogo nas aulas de Educação Física constitui-se num material pedagógico e

pode ser utilizado como fim formativo com objetivos pré-estabelecidos para subsidiar

a prática docente.

Na escola é função da Educação Física tratar pedagogicamente da cultura

corporal como área do conhecimento. No processo ensino-aprendizagem, a função

do professor é muito importante, pois é ele que através das atividades vai direcionar

a construção e o desenvolvimento do conhecimento no educando. Também é função

do educador selecionar os conteúdos e atividades com prudência dentro dos

objetivos propostos pela disciplina.

Assim, é importante destacar que o jogo na escola pode ser utilizado como

meio de um determinado conteúdo sendo uma estratégia para atingir um objetivo.

Quando o jogo torna-se conteúdo ele deve ser compreendido pelos alunos.

Finalmente, quando o jogo é proposto como ação pedagógica na

aprendizagem do aluno, busca o seu desenvolvimento através das mais variadas

formas, pois agrega valores culturais. Quando utilizarmos o jogo no processo

educacional é necessário adequar o jogo à idade de desenvolvimento do aluno,

favorecendo assim a compreensão e aceitação de suas características e

manifestações de liberdade e alegria que ele provoca.

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- Como o jogo na quadra,

pode retratar sua fala,

e não deixar que se retraia.

- Como a dança, a ginástica

além da técnica.

Exprima, viva e

transcenda.

Professor,

Me ensine quando correr

pra bola,

a também mudar a escola.

Me explique o “porquê” do

toque,

do drible, do saltito.

Me explique a razão da

corrida,

das diferentes vidas,

dos direitos desiguais.

Me ensine a levar a

iniciativa do jogo

pra vida, pra melhorar meu

dia a dia.

Esse corpo joga, e quando

joga, brinca,

se relaciona, descobre.

Esse corpo dança, e

quando dança, se

exprime, se alegra, se

conhece mais.

Esse corpo salta, alonga,

explora,

busca e alcança.

Esse corpo é vida, é terra,

é ar,

é mata, é água.

Esse corpo nasce e morre.

Enquanto vive é bom

compreender que

“é” tudo o que parece ser

além de si.”

( BREGOLATO, 1994).

Esse corpo

“Esse corpo fala,

Esse corpo chora,

Esse corpo ri.

Esse corpo se espanta,

Esse corpo encanta,

Esse corpo busca,

Esse corpo briga,

Esse corpo abraça,

Esse corpo mata,

Esse corpo estica,

Esse corpo gira,

Esse corpo anima,

Esse corpo joga,

Esse corpo dança,

Esse corpo engana,

Esse corpo ama,

Esse corpo aprende,

Esse corpo sofre,

Esse corpo é pobre

De informação.

Esse corpo precisa de

liberdade.

Esse corpo precisa viver

seus

direitos.

Esse corpo precisa entender

seus

deveres.

Esse corpo precisa de amor.

Esse corpo precisa que o

professor

o ajude a descobrir:

- Como explicar o que sente.

- Como enxergar as

verdades,

e mudar a realidade.

Enxergar mais além,

No ato de pular corda.

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10 - REFERÊNCIAS

BREGOLATO, R.A. Cultura Corporal do Jogo Vol 4. São Paulo: Ícone,

2005.Textos de Educação Física para sala de aula. 2. Ed Cascavel: Assoeste Editora Educativa, 1994. BROTTO, F.O. Jogos Cooperativos: o jogo e o esporte como exercício de convivência. 2ª Edição. Santos, SP Projeto Cooperação, 2001.

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