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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO - FECILCAM
JOÃO LUIZ PASTI
UNIDADE DIDÁTICA
BOA ESPERANÇA-PR:
A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E SUAS
IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO LOCAL
BOA ESPERANÇA, JULHO DE 2010
1
Professor PDE: João Luiz Pasti
Área PDE: Geografia
NRE: Goioerê
Professor Orientador IES: Sandra Terezinha Malysz/FECILCAM
IES vinculada: Universidade Estadual de Maringá – UEM
Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão- FECILCAM
Escola de Implementação: Colégio Estadual Palmital. Ensino Fundamental e Médio
Público objeto da intervenção: Alunos da 8ª Série do Ensino Fundamental
Tema de Estudo: Contribuição do Uso das Novas Tecnologias no Ensino de
Geografia/ Geografia da localidade
UNIDADE DIDÁTICA
BOA ESPERANÇA-PR:
A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E SUAS IMPLICAÇÕES
NO DESENVOLVIMENTO LOCAL
Boa Esperança, Julho de 2010
2
BOA ESPERANÇA-PR:
A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E SUAS
IMPLICAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO LOCAL
3
Ilustração 1: Foto aérea do município de Boa Esperança -Pr , 2007 - Fonte: http://commondatastorage.googleapis.com/static.panoramio.com/photos/original/12672567.jpg Acesso em 27/05/2010
4
APRESENTAÇÃO
Este material foi organizado de forma especial para você, no qual será
possível conhecer um pouco mais da Geografia do Município de Boa
Esperança, Paraná. É um material inédito! Além de encontrar
informações importantes, vamos trabalhar com gráficos, produção de
slides, produção de vídeos entre outras atividades tendo como base a
realidade do município de Boa Esperança.
O município de Boa Esperança situa-se na mesorregião Centro-
Ocidental do Estado do Paraná. Como a maioria dos municípios
paranaenses, teve sua estruturação na colonização de novas fronteiras
agrícolas. Após a emancipação em 1964, a sua população urbana
cresceu, mas a população rural e a população total vêm diminuindo.
Como desde os seus primórdios a vocação principal do município é a
agricultura, estudar o processo de modernização do campo constitui
um importante meio de analisar o contexto atual.
Assim, com interessantes atividades teórico-práticas, vamos analisar e
refletir sobre as implicações da modernização da agricultura no
desenvolvimento de Boa Esperança. Para explorarmos este Material
Didático, utilizaremos o Laboratório Paraná Digital, do Colégio Estadual
Palmital - Ensino Fundamental e Médio. Assim, esse material e os
anexos serão disponibilizados aos alunos através da Pasta
Compartilhamento Público, e após realizar as atividades, estas serão
guardadas na Pasta Pessoal de cada aluno.
Professor João Luiz Pasti
Sumário
1. A MODERNIZAÇÃO AGRICOLA NO BRASIL.................................................6
2 A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO MUNICÍPIO DE BOA ESPERANÇA – PR.. . .10
2.1. LOCALIZANDO BOA ESPERANÇA – PR:...............................................................112.2 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM BOA ESPERANÇA-PR E SO IMPACTOS NA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA......................................................................................142.3. COMO SURGIU O MUNICÍPIO DE BOA ESPERANÇA-PR?......................................202.4 A POPULAÇÃO DE BOA ESPERANÇA-PR NO CONTEXTO DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA................................................................................................................. 22
2.4.1 COMPARANDO A DINÂMICA DA POPULAÇÃO DO BRASIL E DE BOA ESPERANÇA – PR...................................................................................................23
SISTEMATIZANDO A APRENDIZAGEM E APRESENTANDO RESULTADOS: PRODUÇÃO DE SLIDES E VIDEO.................................................................25
1- ATIVIDADE INDIVIDUAL – PRODUÇÃO DE SLIDES..................................................252- ATIVIDADE COMPLEMENTAR: A COMUNIDADE ESCOLAR DE ALTO PALMITAL E A MODERNIZAÇÃO AGRICOLA......................................................................................263- ATIVIDADE EM GRUPOS.........................................................................................27
REFERÊNCIAS..........................................................................................28
ANEXOS: MATERIAIS DISPONÍVEIS NA PASTA DE COMPARTILHAMENTO PÚBLICO..................................................................................................29
5
1. A MODERNIZAÇÃO AGRICOLA NO BRASIL
Nesta unidade vamos refletir sobre a agropecuária, seu processo de
modernização e as implicações deste processo na sua vida, no seu município e no
país.
Sabe-se que a agricultura é a base de sustentação da sociedade, e tanto é
importante, que historicamente proporcionou o sedentarismo da humanidade.
A agricultura é a atividade responsável pela produção de alimentos e matérias-
primas necessárias à manutenção do ser humano e do sistema capitalista, tanto nos
países subdesenvolvidos onde mais da metade da população mundial está ligada
diretamente à terra e dela tira o seu sustento, quanto nos países desenvolvidos, onde
graças aos enormes investimentos e a tecnologia sofisticada, uma minoria de
agricultores produz muito mais do que as enormes massas de camponeses dos países
subdesenvolvidos.
Segundo Rua (1983, p.112), a agricultura é uma das mais antigas formas de
organização do espaço pelas sociedades humanas e um dos mais eficientes
instrumentos de transformação e apropriação do espaço natural, que a sociedade foi
organizando através do trabalho da população e transformando em espaço social.
A pecuária que é a atividade de criação e domesticação de animais
desenvolveu-se junto como atividade de apoio a agricultura de subsistência e
agricultura comercial.
6
A atividade agropecuária é importante para você? E para a economia do do nosso município? Por quê?
1. Quais as implicações da modernização agrícola no desenvolvimento local?
2. A modernização da agricultura implicou no desenvolvimento de Boa Esperança? Como? Onde?...
O avanço tecnológico alcançou o campo nos países subdesenvolvidos, em
meados do século XX, quando ocorreram também nestes a expansão da indústria,
que vê o meio agrícola como um grande mercado para os seus produtos. A partir daí,
começa a alterar as formas de praticar as atividades agrárias, as relações de produção
e toda a estrutura no setor primário.
Segundo Teixeira (2005), a modernização da agricultura é entendida como a
substituição das técnicas simples ou rudimentares de produção, por uma utilização
intensiva de máquinas e insumos modernos, modificando todo o processo das relações
sociais de produção.
Para o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social –
IPARDES, (Apud MORO, 2001) a modernização da agricultura “é o conjunto de
mudanças na base técnica da produção, e maior controle das condições do solo e do
produto, cujos indicadores mais comuns são o uso de tratores, adubos químicos,
defensivos e sementes selecionadas, entre outras indicam o processo de
modernização”.
Para Moro (2001, p. 94) a modernização agrícola, “na prática de campo, pode
ser avaliada através dos seguintes aspectos: mecanização e eletrificação, irrigação e
conservação do solo, uso de fertilizantes e agrotóxicos, além de outros, peculiares a
certas culturas”.
No Brasil, é na década de 1950 que o processo de modernização da agricultura
se inicia, começando a se concretizar de fato na década de 1960 com a implantação
de um setor industrial voltado para a produção de equipamentos e insumos para a
7
Pesquisar:
a) A diferença entre espaço natural e espaço social:
b) O significado de agricultura comercial e agricultura de subsistência.
Elaborar um conceito para agricultura:
Em nosso município, a atividade agropecuária é importante? Por quê? Qual ramo da atividade agropecuária se destaca?
E para você, o que é a modernização da agricultura?
agricultura.
Na verdade, a modernização da agricultura está intimamente relacionada à
expansão capitalista industrial, que vê no meio agrícola um grande mercado para os
seus produtos, e ao mesmo tempo em que o subordina, gradativamente, vai ditando
as regras de sua produção. Isso segundo Moreira (2002, p.69) é percebido com o
emprego cada vez maior de implementos agrícolas, ou seja, a utilização de adubos,
inseticidas e maquinas como tratores, colheitadeiras e semeadeiras; com a
concentração de terras para tornar compensadora a grande aplicação de capital e
permitir a utilização de maquinas pesadas; com a adoção do trabalho assalariado, com
o emprego de trabalhadores fixos ou temporários.
No que diz respeito aos agentes mais dinâmicos da organização do espaço no
contexto do processo de modernização da agricultura paranaense destaca-se a ação
conjugada do Estado por meio dos governos Federal e Estadual, das cooperativas
agropecuárias e das agroindústrias privadas que orientam suas acões no sentido de
organizar os produtores rurais e sua produção direcionando-os para determinados
produtos agrícolas (MORO, 1991, p.153, Apud GRIGÓRIO JUNIOR, 2004).
Assim, segundo Moreira (2002, p.272) o desenvolvimento do capitalismo
imprime ao campo uma série de alterações, processo genericamente conhecido como
modernização agrícola que é caracterizada por:
subordinação ao mundo urbano-industrial, ao qual fornece alimentos e
matérias-primas;
aumento do cultivo das culturas modernas, voltadas para exportação, em
detrimento das tradicionais;
concentração de terras; expulsão de pequenos proprietários, etc.
O que se nota, é que essa mecanização se dá através de vários fatores que
não se limitam a facilitação do trabalho, mas que comportam uma serie de incentivos,
pois há uma imensa gama de interesses econômicos por trás desse processo
modernizante, seja do Estado, seja das empresas capitalistas.
Desde o início da formação econômica do território brasileiro é que se produz
para exportação. O café foi um bom exemplo dessa prática. A soja introduzida na
década de 1960 é a principal indicadora das mudanças na política agrícola e nas
8
formas de produção no campo. O cultivo desse produto agrícola apresentava
melhores perspectivas de exportação e mecanização. As culturas tradicionais (café,
algodão, etc) tenderam a relativa diminuição.
Entre as décadas 1960 – 1970 ocorre um intenso processo de modernização
das atividades agrícolas com base no paradigma da Revolução Verde que designava
o conjunto de esforços realizados para incrementar a produção agrícola no mundo por
meio de novas variedades e utilização de técnicas agrícolas modernas como
fertilizantes agrotóxicos e irrigação, a intenção era de aumentar a produção e a
produtividade (MORAIS, 2008).
Segundo Graziano da Silva (1980, p. 30), no início dos anos sessenta, que
corresponde ao final da industrialização pesada no Brasil (como a siderurgia, a
petroquímica, material elétricos) instalam-se no país as fábricas de máquinas e
insumos agrícolas. Assim, por exemplo, são implantadas indústrias de tratores e
equipamentos agrícolas (arados, grades, etc.) fertilizantes químicos, rações e
medicamentos veterinários, etc. Evidentemente a indústria de fertilizantes e
defensivos químicos só poderia se instalar depois de constituída a indústria
petroquímica; a indústria de tratores e equipamentos agrícolas, depois de implantada
a siderurgia; e assim por diante. O importante é que, a partir da constituição desses
ramos industriais no próprio país, a agricultura brasileira iria ter que criar um mercado
consumidor para esses “novos” meios de produção.
O Estado por sua vez, implementou um conjunto de políticas agrícolas a fim de
incentivar os produtores rurais a adquirir esses novos produtos com a finalidade de
transformar aquela agricultura tradicional, dependente da natureza e praticada com
técnicas simples, em uma agricultura mecanizada, onde objetivava naquele momento
recuperar e ampliar divisas por meio das exportações, em consequência da crise do
café no mercado internacional, “decorrente do excesso de oferta do produto em
relação à demanda do mercado, (...) e a excelente participação do café africano no
mercado mundial” (MORO, 2001, p.91)
9
Pesquisar:
a) Em grupos pesquisar como a Revolução Verde atingiu o Brasil.
2. A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO MUNICÍPIO DE BOA ESPERANÇA – PR.
10
Discutir com seus colegas sobre o que esta fotografia representa. Vocês reconhecem este cenário em seu município?
Ilustração 2: Foto: João Luiz Pasti, 2009 – Arquivo particular
2.1. LOCALIZANDO BOA ESPERANÇA – PR:
11
Observar o destaque para o município de Boa Esperança no mapa acima
que representa o Estado do Paraná dividido nos municípios e nas mesorregiões.
Depois pesquisar em um outro mapa, quais são os municípios que fazem
limite com Boa Esperança.
12
Ilustração 3: Foto: Vista aérea do Perímetro Urbano de Boa Esperança. Plano Diretor, Boa Esperança-PR
Lendo a fotografia: Que elementos geográficos estão representados na paisagem da foto acima? Que características do município de Boa Esperança é possível identificar a
partir dessa foto? É possível diferenciar nessa foto a zona rural da zona urbana? Como? Você percebe na foto algum elemento que demonstre a mecanização
agrícola? Explique: Qual é a importância da foto aérea para os estudos geográficos?
Sobrevoando Boa Esperança: Utilizando o Google Earth* você poderá fazer um voo virtual através da foto de satélite sobre seu município e conhecer muito mais sobre o mesmo.
*Você pode baixar o Google Earth em seu computador a partir do site http://earth.google.com/intl/pt-PT/. Peça ajuda a seu professor.
O município de Boa Esperança situa-se na mesorregião Centro-Ocidental do
Estado do Paraná.
De acordo com o Censo Geográfico 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE, o município de Boa Esperança possui uma área total de 311,225
Km², e está a uma altitude média de 550 metros. Sua Latitude é de 24º 14' 32'' Sul e
Longitude 52º 47' 19'' Oeste. Os municípios limítrofes com Boa Esperança são
Janiópolis a oeste; ao norte, Farol; a leste, Mamborê e ao sul, Juranda.
13
Utilizando um Atlas Geográfico, localizar o município de Boa Esperança, pesquisar a relação existente entre a localização e as características naturais do município.
Utilizando o Google Earth (Internet) você pode dar um passeio aéreo sobre seu município e visualizar muitas de suas características.
Será que os elementos naturais do espaço influenciam na produção agrícola? Como?
2.2 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM BOA ESPERANÇA-PR E
SO IMPACTOS NA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA.
No Paraná, a modernização da agricultura se dá no final da década de 1960, e
se intensifica durante a de 1970. Quanto a seu processo, Moro (2001, p. 91) afirma
que essa modernização foi:
“(...) considerada parcial, conservadora e dolorosa. Parcial porque limitou-se a algumas regiões do país, a alguns produtos específicos e a certas fases da organização da produção. Conservadora porque não rompeu com a tradicional concentração fundiária, isto é, da posse da terra. Dolorosa porque concorreu para espoliar no campo milhares de pessoas ligadas às atividades agropecuárias, acentuando o êxodo rural e a miséria”.
14
Ilustração 4: Foto: João Luiz Pasti – Arquivo particular
As sucessivas geadas ocorridas a partir de meados da década de 60 e no
decorrer da de 70, o baixo preço do café, a ferrugem que atacavam os cafezais, a crise
de mercado acabam por favorecer a modernização, quando a intenção era uma maior
participação no mercado internacional através das exportações, tendo em vista os
incentivos dados à cultura de oleaginosas.
Em Boa Esperança, o processo de modernização da agricultura é percebido na
década de 1970 e com maior vigor na de 1980, como consequência do desestímulo à
produção cafeeira conforme já exposto, em que as culturas temporárias de soja, trigo
e milho contribuem decisivamente para acelerar essa modernização devido às
condições propícias de solos e geomorfologia da região (CARBONEIRA, 2002, p. 414)
15
Atividade de Pesquisa:
Em grupos analisar as entrevistas de pioneiros (disponibilizadas na Pasta Compartilhamento Público, no Laboratório Paraná Digital) e observar as questões sócio-espaciais do espaço agrário do município e responder a questão a seguir.
As características da modernização agrícola no Paraná levantadas por MORO (2001): parcial , conservadora e dolorosa, se verificam também no município de Boa Esperança? Justificar a resposta.
16
Para saber mais:
O que é o Plano Diretor?
O Plano Diretor é uma lei municipal que deve ser elaborada com a participação de toda a sociedade. Ele organiza o crescimento e o funcionamento do município. No Plano está o projeto de cidade que queremos. Ele planeja o futuro da cidade decidido por todos. A lei do plano diretor deve ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
Você conhece o plano diretor de sua cidade? Você sabia que o Plano Diretor deve ser construído com a participação popular.
Para saber mais sobre esse assunto, você pode consultar o Plano Diretor de seu município. Informações sobre a elaboração do Plano Diretor você encontra nas cartilhas:
O negócio é participar: A importância do Plano Diretor para o desenvolvimento municipal. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/44272B5BF450A48C8325723C00484411/$File/NT00033FD6.pdf
Plano Diretor: Participar é um direito. Disponível em: www.planodiretorsjb.cefetcampos.br/oqeplanodiretor/arquivo_195.pdf
* Caso você tenha dificuldades de acesso a Internet, peça para o seu professor disponibilizar este material na Pasta de Compartilhamento Público no Laboratório do Paraná Digital de sua escola.
Tabela 1 - Máquinas Agrícolas – Boa Esperança – PR
Fonte: Emater, (Realidade Municipal de 1969 a 2000) Boa Esperança, PR. Org. João Luiz Pasti, 2010.
À medida que ocorre a modernização da agricultura impulsionada tanto pela
política de credito rural, quanto pela implementação das novas técnicas de produção
que vai se concretizando no campo, ocorre também gradativamente a substituição
das culturas alimentares básicas e subsistência pelas culturas comerciais.
17
Agora vamos analisar o processo de modernização agrícola de Boa Esperança através do trabalho com dados em tabelas e gráficos:
Máquinas/Décadas 1970 1980 1990 2000Trator pneu 450 598 377 314Colheitadeira 95 226 113 70P lantadeira plantio direto 0 0 85 300
Para começo de análise, observar os dados referentes a tecnologia agrícola nas décadas de 1970 a 2000 (Tabela 1), e construir um gráfico de colunas utilizando-se das planilhas (BrOffice-Calc). Salvar o trabalho na pasta pessoal. Registrar as reflexões e conclusão através do processador de textos (BrOffice-Writer).
Com o gráfico pronto, algumas questões para orientar a sua análise:
1.O que aconteceu com o número de tratores e colheitadeiras de 1970 a 2000?
2.Quando é que apareceram as máquinas de plantio direto? Essas máquinas têm
alguma relação com a diminuição dos tratores e colheitadeiras? Explicar.
3.Como você pode associar este fato ao processo de modernização agrícola no
país e a revolução verde?
Tabela 2 - Área plantada dos principais cultivos (ha) – Boa Esperança –PR
Fonte: Emater (Realidade Municipal de 1969 a 2000) Boa Esperança, PR. Org. João Luiz Pasti, 2010.
18
Observar os dados da Tabela 2 - Área plantada dos principais cultivos (há)
Boa Esperança – Pr., no Laboratório Paraná Digital, e representá-los através de
gráfico de colunas, tendo em vista os procedimentos da atividade anterior. Registre
suas conclusões através do processador de textos (BrOffice-Writer) e salve na pasta
pessoal.
Com o gráfico pronto, algumas questões para orientar sua análise:
1.Analisar separadamente os dados dos anos de 1970 a 2000;
2.O que aconteceu com as culturas do arroz, feijão, café e algodão comparando o
ano de 1970 até o ano de 2000?
3.Agora observar o trigo e o milho, de 1970 a 2000. O que aconteceu com essas
culturas?
4.Pesquisar quais os fatores que fazem predominar as culturas da soja, trigo e milho
sobre as culturas do arroz, feijão, café e algodão?
A política de crédito rural, caracteriza-se pela relativa facilidade em
conseguir financiamento da produção agrícola com juros baixos (subsidiados) aos
produtores rurais.
Décadas/ Culturas Soja Milho Trigo Arroz Feijão Café Algodão1970 15000 400 9000 0 600 1812 30001980 18403 2628 15685 155 313 165 25281990 22906 3528 10633 90 167 32 27112000 24953 9181 8500 49 319 19 61
19
Tendo em vista a grande produção agrícola no ano de 2010, principalmente
da soja, pesquisar na Internet e verificar como está o mercado nacional e mundial
desse produto. Aproveite e verifique também a produção do milho, do trigo, do
café, do arroz, etc.
Sugestão de sites para a pesquisa:
http://www.agron.com.br/v/828-abiove-exportacoes-de-soja-devem-recuar-em-2010
http://www.arroz.agr.br/site/clipping.php
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/02/05/exportacao-de-cafe-do-brasil-cresce-em-janeiro-diz-cecafe-915792895.asp
http://www.cecafe.com.br/
http://www.brasilcaminhoneiro.com.br/exportacao-de-milho-do-pais-cresce-em-2009-e-abre-2010-acelerada/
http://www.agrosoft.org.br/agropag/212997.htm
http://www.canalrural.com.br/canalrural/jsp/default.jsp?uf=1&local=&action=noticias&id=2391824§ion=
http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias.php?id=60312
….
2.3. COMO SURGIU O MUNICÍPIO DE BOA ESPERANÇA-PR?
Você sabia que o município de Boa Esperança - Pr fazia parte do município de
Janiópolis?
Pois é, o município de Boa Esperança nasceu do desmembramento do
município de Janiópolis, aos 06 de março de 1964, pela Lei Nº 4.844, criada e
sancionada pelo governador Ney Braga, visto que a emancipação política foi
oficializada no dia 14 de dezembro do mesmo ano.
20
Observar a fotografia acima e escrever o que ela revela sobre o município
de boa Esperança – Pr na década de 1970.
Ilustração 5: Foto: João Luiz Pasti – Arquivo Particular. Família de pioneiros de Boa Esperança-Pr, década de 1970
21
Atividade de pesquisa:
Em grupos, analisar os textos 1, 2 e 3, sobre o Município de Boa Esperança,
disponibilizados no Compartilhamento Público do Laboratório Paraná Digital numa
pasta arquivo denominada “Histórico de Boa Esperança”, e recorrendo também
a entrevistas a pessoas pioneiras ou descendentes de pioneiros, escrever um texto
sobre a história de Boa Esperança. Este texto entre outras informações deve conter:
Quando começou a chegar os primeiros habitantes? Quem são essas pessoas? De
onde vieram? Como chegaram aqui? Porque vieram? Como eram as primeiras
casas? O que foi preciso fazer para começar os primeiros cultivos? Quais os
primeiros cultivos? Como era cultivado? Por que cultivavam? Quando começou a
mecanização? Porque ocorreu a mecanização? O que mudou com a mecanização?
Esse texto poderá ser disponibilizado no site do município.
2.4 A POPULAÇÃO DE BOA ESPERANÇA-PR NO CONTEXTO DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA
O município de Boa Esperança situa-se na mesorregião Centro-Ocidental do
Estado do Paraná, e como a maioria dos municípios paranaenses teve a sua
estruturação na colonização de novas fronteiras agrícolas. Após a emancipação em
1964, a sua população urbana cresceu, mas a população total e rural diminui a cada
ano. Desde 1980, o Município vem perdendo população. Exemplo disto é a faixa etária
dos 20 aos 35 anos, que migra em busca de novos mercados, agora não mais na
agricultura e sim nas indústrias e empresas prestadoras de serviços, nos grandes
centros (PLANO DIRETOR, Volume 1: 2007).
A população urbana diferencia-se da população rural tanto pela forma de
ocupação do espaço quanto pelas atividades econômicas que desenvolve. Na zona
rural a paisagem é mais ou menos marcada pelos elementos do meio natural: a
influencia do solo, do clima, da declividade do relevo a presença de água e vegetação.
A população vive dispersa em pequenos sítios, em pequenos povoados ou em grandes
propriedades agrárias. No meio urbano, a população concentra-se num espaço
totalmente humanizado e dedica-se às atividades industriais, comerciais e de
prestação de serviços (MOREIRA, 2002: P.141)
22
Consultar os dados da tabela 3 - População residente no município de Boa
Esperança - Pr, e tendo em vista os procedimentos das atividades anteriores,
construir um gráfico de colunas e um outro de linhas representando a evolução da
população rural e urbana desse período.
Utilizando o Google Earth você pode dar um passeio aéreo sobre seu
município e verificar algumas diferenças entre o espaço urbano e o espaço rural do
seu município.
Tabela 3 - População residente no município de Boa Esperança - PR
Fonte: www. ibge.gov.br Contagem da população 2007, preliminares do Censo Agropecuário, sujeito à alteração quando da publicação definitiva. PPM e PAM - Org. João Luiz Pasti, 2010.
23
Agora que seu gráfico está pronto, analisar o mesmo seguindo estas
orientações:
• Qual dos gráficos sobre população você achou mais interessante? Por quê?
• O que ocorreu com a população urbana e rural ao longo desses anos? Por que
isso ocorreu?
• Em que década que a população rural e urbana atingiram o mesmo número
de habitantes?
• Como você explica a significativa diminuição da população do município de
Boa Esperança?
População/ Década 1970 1980 1990 2000 2007População Urbana 1135 1972 2639 2579 2553População Rural 12989 6515 4315 2583 2253População Total 14124 8487 6954 5162 4706
Representando o espaço geográfico: Zona Urbana e Zona Rural
Através dos mapas disponíveis no Plano Diretor do seu município (Disponibilizados
na Pasta Pessoal do seu professor), elabore um mapa do município de Esperança
diferenciando a zona urbana da zona rural, incluindo os distritos e os limites do
município. O seu mapa deve apresentar: título, legenda, orientação, escala e
representar ainda os principais rios . Peça orientações para o seu professor.
2.4.1 COMPARANDO A DINÂMICA DA POPULAÇÃO DO BRASIL E DE BOA ESPERANÇA – PR.
Tabela 4 – BRASIL: Evolução da População residente, por situação do
domicílio de 1940 – 2007
Anos População Urbana População Rural
1940 12 880 182 28 356 133
1950 18 782 891 33 161 506
1960 31 303 034 38 767 423
1970 52 084 984 41 054 053
1980 80 436 409 38 566 297
1991 110 990 990 35 834 485
1996 123 076 831 33 993 332
2000 137 953 959 31 845 211
2007 158 453 000 31 368 000
Fonte: IBGE (1987, 1996, 1997, 2000 e 2007). Org. João Luiz Pasti, 2010.
24
Considerando as análises comparativas dos gráficos da evolução da
população de Boa Esperança-Pr com gráficos da evolução da população do
Brasil, notamos que a passagem de população rural para urbana em Boa
Esperança-Pr é recente. Como você explica essa forte presença do rural
apesar de ter ocorrido a modernização da agricultura na região?
Observe com atenção a tabela abaixo sobre a Evolução da população rural
e urbana brasileira e tendo em vista os procedimentos das atividades anteriores,
construir um gráfico de linhas e um outro de colunas desse período.
SISTEMATIZANDO A APRENDIZAGEM E APRESENTANDO RESULTADOS: PRODUÇÃO DE SLIDES E VIDEO
1- ATIVIDADE INDIVIDUAL – PRODUÇÃO DE SLIDES
*Você pode montar seus slides sobre a comunidade Escolar de Alto Palmital, veja sugestão
a seguir.
25
Apresentando os resultados – Produção de Slides
(atividade individual)*
Com as atividades concluídas e guardadas em sua pasta no Laboratório
Paraná Digital, organizar uma apresentação de slides no BrOffice.org Imprees,
com os resultados das questões, das pesquisas, das tabelas, dos gráficos e
suas conclusões sobre a modernização da agricultura em Boa Esperança - Pr e
em Alto Palmital. Apresentar na TV Pen Drive.
Para organizar seus slides, primeiramente, complete o quadro a seguir.
Modernização Agrícola em Boa Esperança_Pr
Causas da
modernização
Benefícios da
modernização:
Para quem vive no
campo:
Para quem vive na
cidade
Problemas causados
pela modernização
Para quem vive no
campo:
Para quem vive na
cidade
2- ATIVIDADE COMPLEMENTAR: A COMUNIDADE ESCOLAR DE ALTO PALMITAL E A MODERNIZAÇÃO AGRICOLA.
26
Vamos conhecer mais sobre a realidade de Alto Palmital?
Organize com seus colegas um questionário com as informações
abaixo. Depois procure fotos, figuras, reportagens, etc que enriqueçam
as informações e montem um painel ou uma apresentação de slides.
Quais alunos do colégio que:
Moram no campo? A família tem propriedade própria ou são
arrendatários? O que cultivam? Vivem basicamente da renda do campo ou
trabalham também na cidade? Sempre moraram no campo? Tem intenção de
mudar-se para cidade de Boa Esperança ou para outra cidade? Por quê? A
quanto tempo a família trabalha com a terra? Como era antes da modernização
e como é agora? O que melhorou e o que piorou? Quantos membros têm a
família? Grau de escolaridade? Etc...
E quem mora na cidade? A família faz o que? Moram em casa própria ou
alugada? A agropecuária é importante em suas vidas? Como? Já moraram no
sitio anteriormente? Faziam o que? Por que se mudaram para a cidade? A vida é
melhor no campo ou na cidade? Por Que? Percebe a influência da modernização
agrícola na cidade? Como? Quantos membros têm a família? Grau de
escolaridade? Etc...
3- ATIVIDADE EM GRUPOS
27
Sistematizando: Produção de vídeo (atividade em grupos)
Agora que você já adquiriu novos conhecimentos sobre o município de
Boa Esperança - Pr, chegou o momento de sistematizar a aprendizagem. Para
isso, baseado nas informações contidas nos textos; dados econômicos,
demográficos, históricos e geográficos e nas imagens disponibilizadas no
Compartilhamento Público do Laboratório Paraná Digital, no seu Material
didático e em outras fontes de pesquisa que se fizer necessária, bem como
desenho, pintura e fotografias produzidas pelo seu grupo, elaborar um vídeo
relacionando a Modernização da Agricultura com:
a) A população e urbanização (Aspectos da população de Boa esperança
antes e depois da modernização da agricultura. Será que a modernização da
agricultura tem alguma relação com a redução populacional do município? Essa
modernização provocou o êxodo rural? A população de Alto Palmital é urbana
ou rural? Por quê? E a de Boa Esperança? Quais os critérios para se definir se
uma localidade é urbana ou rural? Por que o município de boa Esperança não
acompanhou o mesmo ritmo de urbanização do Brasil? Existem outros
municípios do Paraná com redução populacional?...? )
b) Qualidade de vida ( A modernização agrícola trouxe melhoria na qualidade
de vida dos agricultores? E para a população da cidade? De que forma a
modernização agrícola afetou a vida dos colonos?...?)
c) Questão ambiental ( A modernização agrícola trouxe soluções ou
problemas para o ambiente? A mata ciliar está preservada? Existe reserva
legal? Os rios estão preservados? Os agricultores utilizam técnicas de
conservação do solo?...?)
d) Desenvolvimento econômico (O que mudou na economia do município
com o processo de modernização agrícola? O que mudou na produção agrícola
com o processo de modernização? Qual é a base econômica do município?...?
REFERÊNCIAS
BOA ESPERANÇA, Plano Diretor de Uso e Ocupação do Solo. Vol. 1 – Avaliação Temática
Integrada. 2007.
CARBONEIRA, Sandra. Culturas Agrícolas e Êxodo Rural no Município de Boa Esperança. In: III – SIC-Semana de Iniciação Científica/Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão. 2002. p. 411.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População Presente . Estatísticas Históricas do Brasil/volume 3 - Rio de Janeiro: IBGE, 1987.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário Estatístico do Brasil/IBGE - Rio de Janeiro, V. 56, 1996.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Histórico – 1949-1996. Disponível em: http://www.ibge.com.br/home/estatistica/populacao/censohistorico/1940_1996.shtm . Acesso em 5/2/2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contagem da População 1996/ Rio de Janeiro: IBGE, V.1, 1997.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População em 2000. Disponível em : http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/tabelagrandes_r egioes211.sht m Acesso em 03/03/2010.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População em 2007 . Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2007/brasil/tab1_1.pdf, Acesso em 03/03/2010.
MORAIS, L. Leite. Modernização da Agricultura: algumas considerações sociais e naturais. Revista Mirante. Pires do Rio - GO, 2008. Disponível em <http://www.revistamirante.net/4ed/19508.pdf> Acesso em 10/2/2010.
MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 2002.
MORO, Dalton Áureo. A modernização da agricultura paranaense. In: VILALOBOS, J. GUERRA. (Org.) Geografia social e agricultura: Programa de Pós graduação em Geografia- UEM, 2001
ONOFRE, Gisele Ramos. Campo Mourão: colonização, uso do solo e impactos socioambientais – Dissertação de Mestrado. Maringá, 2005
RUA, João. Algumas reflexões sobre o espaço agrário. In: Para ensinar geografia. João Rua... [Et.al.]. – Rio de Janeiro: Access, 2005. (P. 112)
SILVA, José Graziano da. O Que é Questão Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1980
TEIXEIRA, Jodenir Calixto. Modernização da Agricultura no Brasil: Impactos econômicos, sociais e Ambientais. In: Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas. Três Lagoas-MS, V. 2 – n.º 2 – ano 2, Setembro de 2005. http://www.ceul.ufms.br/agbtl/jodenir.pdf. Acesso em 20/02/2010.
28
ANEXOS
MATERIAIS DISPONÍVEIS NA PASTA DE COMPARTILHAMENTO PÚBLICO
Juntamente com este Material Didático, o seu professor vai disponibilizar na Pasta de
Compartilhamento público em sua escola outros materiais que lhe ajudarão na execução das
atividades e na sua aprendizagem, como textos, fotografias que retratam um pouco de Boa
Esperança -Pr, mapas do município, partes do Plano Diretor entre outros materiais que se fizerem
necessários para o bom andamento das atividades.
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ALGUNS TEXTOS QUES SERÃO DISPONIBILIZADOS NA PASTA DE COMPARTILHAMENTO PÚBLICO:
ANEXO I - ENTREVISTAS COM PIONEIROS DE BOA ESPERANÇA-PR
1A- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança- Pr: Constantina de Souza..
1B- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr: Antonio Apº França
1C- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr: José Batista Sobrinho
1D- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr:Joaquin Mendes
1E- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr: Cláudio Gotardo
ANEXO II - HISTÓRICO DE BOA ESPERANÇA - PR
Texto 1 _ Histórico de Boa Esperança-Pr
Texto 2 _ Histórico de Boa Esperança-Pr
Texto 3 _ Histórico de Boa Esperança-Pr
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ANEXO I - ENTREVISTAS COM PIONEIROS DE BOA ESPERANÇA-PR
1A- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança – Pr: Constantina de Souza
Entrevistada: Constantina de Souza.
Data da entrevista:30/11/2009
Entrevistador: Profº João Luiz Pasti
Constantina de Souza nasceu em 1932, no município de Londrina.
1 Quando a senhora se mudou para cá?
Nós se criemos aqui. Mudemos pra cá em 1940. Tive cinco filhos, mas um morreu e uma
menina morreu depois de casada, ficaram três.
2 Vocês mudaram aqui para Alto Palmital?
Primeiramente nos moramos no rio Pavão, dois anos. Depois abrimos aqui, era tudo
sertão, abrimos aqui, fizemos rancho e fizemos roça.
3 E como que era esse sertão?
Era mato. Tudo mato. Tinha palmiteiro, peroba, gurucaia, guaretã, mata bem fechada, não
tinha uma viva alma dentro desse mato, só bichos e mais nada. Bichos tinham de tudo, as onças
quase comiam nós dentro do rancho. Nós enfrentamos onças, cobras, tudo dentro do mato aqui.
Meu pai ia cortar empreita pra fora e nós vinha tocar roça aqui sozinhos, eu com a Maria minha
Irma, Francisca e um irmão meu que morreu depois de 23 anos, ele era moleque e vinha com nós
para o rancho e nós pousemos até em rancho bero chão, que não tem parede, é feito assim que
nem uma barraca. Depois o meu pai fez um rancho de pau tirado do mato e cobriu.
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4 O que vocês cultivavam nessa época?
Plantávamos milho, feijão, arroz, batatas e criava porcos.
5 E o que vocês vendiam?
Vendíamos só porcos. Mantimentos não tinham preço.
6 E vendiam porcos aonde?
Daqui vendíamos em Apucarana. Vinha um caminhão buscar. Ele pegava aqui em cima,
nós morávamos lá em baixo e tinha um caminho que subia por aqui e aqui onde é asfalto agora
era um picadão. Então eles vinham por aquele picadão, aqui em cima nós tocava roça até aqui em
cima, ponhava no caminhão e o caminhão levava. Foi aberto mais bem o picadão para o
caminhão passar e daí levavam para Apucarana, mas não ia só o nosso ia mais dos vizinhos do
meu pai, ali do João Sene, morador dali que engordava alguns porcos, reunião todos e levavam e
assim continuou por muito tempo.
Eu tinha 12 anos quando plantemos o primeiro café. O meu pai pagou para trilhar o café,
daí cavemos, plantemos, nós limpávamos as covas, arrumava as casinhas dos pés de café, tudo
era nós, o pai não pagava camarada, só pagava para derrubar o mato, porque nós não aguentava
derrubar, mas depois tudo era nós que fazia, eu e minhas irmãs.
7 Como era derrubado o mato?
Com machado. Roçava de foice por baixo e derrubava de machado. Não existia
motosserra, não existia arado para arar a terra para plantar, era plantado de cavadeira. Arroz era
plantado de cavadeira de pau. Tudo nós que plantava e bem de pouquinho, se nascesse uma
cova com dez sementes de arroz, nós apanhávamos. Produzia bem, enchia as tulhas, enchia de
sobrar. Plantava dez litros de feijão, enchia uma tulha, de jogar feijão fora. Não tinha preço, a
gente jogava fora, quando aparecia um querendo, a gente pegava e dava, e se não aparecesse,
tinha que jogar, e quando é no outro ano, tirava aquele feijão que estava na tulha e jogava bem
longe no mato para encher de feijão novo. Fartura, e muita fartura!
Quando veio a mecanização, nos já fazia muitos anos que morávamos aqui, e meu pai
nem morava mais aqui.
8 Vocês tinham terras?
Cento e cinquenta alqueires. Alto Palmital aqui, era tudo nosso. Mais ali da Paulina pra cá,
para esse divisor aqui, cortava pra lá aonde a dona Emília mora e essas terras da dona Emília
era tudo nossa! Descia para o divisor lá em baixo na água e atravessava e ia ate a outra água de
32
lá aonde é dos Colombo agora, onde tem aquela chácara do José Batista, tudo era nosso!
9 Vocês foram vendendo, o que aconteceu?
O pai foi vendendo e deixou só dez alqueires para minha mãe e foi embora. Ele vendia por
cabeça dele. Ai ficou só um pedacinho para a minha mãe, mais ai ela está só com os mais
pequenos, para acabar de criar. Daí esse meu irmão morreu, ficou o outro que morreu lá em São
Paulo esses tempos, e três irmãs que eram as mais novas. Depois se casaram todas e ela ficou
sozinha. Foi morar com o meu irmão, esse que foi embora para São Paulo, e depois não estava
se dando muito bem, trouxe ela para morar aqui comigo. Daqui ela quis ir lá com o Pedrão meu
irmão. Ficou dois anos e poucos, veio pra aqui de novo e ficou aqui comigo ate morrer.
10 E quando veio essa mecanização, a senhora acha que foi bom ter mecanizado?
Não acho. Não acho por causa do veneno. O veneno estraga muito a saúde das pessoas.
O povo fala que eu sou forte, e porque eu me criei com a vitamina da terra. Nos nunca comemos
as coisas envenenadas, nem via falar em passar veneno nas coisas. Agora de uns tempos prá cá
é que estou vendo esse negócio de passar veneno na soja, feijão e tudo quanto é coisa. Mas nós
nunca comemos mantimentos envenenados de jeito nenhum, davam com a força da terra, com a
vitamina da terra, aqui foi uma terra muito boa, terra forte, você plantava um pouquinho de
semente, se colhia era muito.
11 Qual foi a melhor época para se cultivar agricultura?
Foi o tempo que já passou, antes da mecanização. Agora está muito difícil, foi um tempo
muito bom que era de primeiro, agora estragou tudo. Depois que mecanizou, a enxurrada leva a
terra tudo embora, só faz buraco, fica essa buraqueira triste na terra, lava a terra, a terra
enfraquece, planta e não dá quase nada. Antes derrubava, as madeiras ali ficavam, ficavam os
tocos e apodreciam com o tempo e as madeiras também acabavam com o tempo, ali ficavam, a
gente carpia, limpava, plantava, cuidava da planta e os paus estavam no mesmo lugar.
12 Na visão da senhora essa modernização da agricultura foi boa para alguém?
Para alguém, foi. prá muita gente! Os que têm recursos podem tocar terras, pode
mecanizar, pode fazer tudo, para esses é bom. Agora, para quem é fraco eu não acho bom.
Aqui tinha muita gente. Quando tinha uma festa, via-se gente, gente, gente em quantidade.
13 E onde esta esse povo?
Sumiram todos para as cidades. Eles foram todos embora.
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14 Porque a senhora acha que eles foram embora?
Por causa do emprego. O serviço aqui foi ficando difícil, acabaram os boias-frias, foram
todos embora para as cidades.
15 Porque a senhora acha que acabou os boias- frias daqui?
Acabou por causa de mecanizar as terras e plantar a soja. De primeiro plantava algodão,
depois acabaram com o algodão e viraram a plantar soja, ai pronto acabou o serviço.
16 E se não estivesse mecanizado, a senhora acha que essas pessoas ainda
estariam aqui?
Ah, estariam! Muito saíram, mas saíram sentidos! Muita gente que não queriam ir embora.
Meu irmão mesmo foi embora para São Paulo, foi sem querer, não queria ir, minha cunhada que
queria ir.
Quando viemos do Norte do Paraná pra cá, não tinha estrada, nos viemos por uma picada
de Marialva para cá, os cargueiros vinham batendo nas arvores.
17 O que eram esses cargueiros?
É de por no lombo dos cavalos. Faz um balaio de taquara e alceia com corda e Poe no
cabeçote da cangalha e enche das coisas dentro para os animais carregarem.
18 E porque vocês vieram para cá?
Meu pai quis vir para cá para plantar café. Daí plantou café, deu uma geada e matou todo
o café. A turma dos Inácios, falavam para o pai quando nós morávamos pra lá, eles moravam pra
lá também. Ele falou: Ferreira, vamos embora para Campo Mourão, porque lá é muito bom de se
viver. O pai falou: vocês vão na frente, se for bom, mandem uma carta, daí eu vou também. Daí
ele vieram. Acho que ate foram eles que abriram a picada para virem pra cá.
Peabiru tinha só umas casinhas, umas casinhas pretas! Campo Mourão tinha uns quatro
ou cinco ranchinhos, nós até ficamos trinta dias lá, até arrumar uma colocação pra nós aqui no
Riozinho, aqui em cima, para daí nós virmos com a mudança, mudança! Tranqueiras só, dois
cargueiros nós trouxemos.
Daí não tinha estrada, pousemos lá em Maringá, nenhum rancho não tinha era só mato. A
onça rondou nós a noite inteira querendo pegar os cavalos. Os homens davam tiros, para aqueles
lados para as onças se afastarem até amanhecer o dia para nós viajar. O meu irmão vinha
cortando aqueles paus que batiam nos cargueiros, não dava para passar, meu irmão cortava bem
baixinho derrubava de um lado e outro e o cavalo passava e assim nós viemos, gastemos doze
34
dias de viagem do Norte do Paraná até Campo Mourão, mas de à pé, todo mundo a pé, eram
crianças de todos os tamanhos de a pé.
19 E onde vocês dormiam?
Dormíamos na estrada. Forrava o chão e dormia, não tinha casa na beira da estrada.
Tinha os cachorros para vigiar e os homens pousavam acordados. Tinha meu irmão, meu
cunhado, meu pai e outro amigo de meu pai que veio junto, eles pousavam acordados, vigiando.
Eu nem tinha oito anos, completei quando chegamos aqui e me lembro direitinho.
Quando chegamos, não tinham ninguém nesse lugar. Depois tinha um morador ali no João
Sene, e o Joaquim Inácio abriu um lugar pra lá dessa água do Luiz Bezerra, e fez uma casinha
para ele lá, pra lá daquela água. E o Dito Inácio enfiou a cara no mato e fez um rancho lá para
aquele mundão onde agora é, acho, pra bando do Arranca Toco, ali por aquele meio, do José
Pedro pra lá. Eram o Dito Inácio, o Alvin Inácio e o Mané Inácio, o pai deles já tinha morrido que
vieram para cá. Daí, esses eram os vizinhos que tínhamos. Eram esses, mas todos longe, tudo
mato para ir lá e o meu pai abriu uma picada que saía lá no rancho finado Alvim e abriu outra
picada pra aqui e saiu no outro lado que é ali no João Sene, e mais nada. Não tinha mais vizinho
nenhum.
Nós vínhamos do Rio Pavão até aqui de a pé, carregando o moleque que a mãe estava
desmamando, que é esse que morreu lá em São Paulo, carregando ele, puxando uma cabrita
para dar leite pra ele e as coisas de comer nós amarrávamos num saco e ponhava no lombo de
um cavalinho que o Pedrão tinha e nós vinha embora para o rancho para pousar.
Daí, de noite a Maria minha irmã fazia uma fogueira no terreiro, a onça urrava bem
pertinho, assim na beira do mato que o pai já tinha derrubado um pedaço para nós plantar,
querendo pegar o cabrito e daí nós tínhamos cinco cachorros bons que tocavam ela para longe e
a Maria ia lá fora e tocava lenha naquele fogo e fazia aquele foguearão, ela não chegava. No
outro dia nós trabalhávamos até de tardinha, de tarde nós íamos pousar no Rio Pavão e chamar
o Pedrão meu irmão para vir pousar com nós uma noite ou duas para dar uns tiros e espantar a
onça para não chegar a pegar nós, e ela não chegava.
20 E naquela época a senhora imaginava que esse lugar ia ficar assim?
Nunca que imaginava. As matas acabaram todas. Num ponto isso foi bom, porque limpou,
acabou os bichos, porque aqui tinha muita cobra, muito bicho bravo do mato, bicho que pegava
criações, tinha bicho da gente matar para comer a carne, tinha anta, tinha veado, cateto, paca,
tudo quanto é bicho tinha, o meu irmão caçava muito. E noutros pontos foi ruim que acabou os
matos, agora a temperatura ficou ruim, porque agora nem ocorre mais geada. No tempo que era
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mato era geada, geada, geada, agora acabou os matos, acabaram as geadas e a saúde do povo
cada vez pior.
De primeiro ninguém ficava doente, nós acabamos de se criarmos dentro do sertão que
nunca soubemos o que foi tomar um lombrigueiro, um remédio comprado na farmácia. Não tinha
farmácia, aqui não tinha cidade.
O Campo Mourão era uma miserinha. O pai ia daqui a Campo Mourão comprar dois quilos
de açúcar, que ele não ficava sem tomar café. Daí nós plantamos bastante cana, ele fez um
engenho para nós moer a cana, pra fazer o açúcar em casa, fazia rapadura e adoçava o café, pra
não precisar ir a Campo Mourão. Nos tínhamos dois engenhos e dois tachos grandes para fazer
rapadura, o açúcar e tudo. Era difícil fazer o açúcar. Dava trabalho, pra você bater era preciso
força para bater ele depois que o melado está ficando escuro, despeja num coxo grande ou num
gamelão, e vai batendo com força até ele empelotar, daí vira o açúcar, fica amarelinho, muito
gostoso. Nós fazíamos muito doce de rapadura, doce de mamão, doce de miolo de jaracatiá, doce
de amendoim, nós colhíamos muito amendoim, que não tinha aonde guardar, tanto que produzia.
Antes da mecanização era só roça para engordar porcos, feijão, arroz, e depois que
mecanizou começou a plantar um pouquinho de algodão, um pouquinho de soja, batia no porrete,
eu mesmo plantei soja e arranquei com a mão e batia no porrete. Era difícil antigamente, nós nem
estudemos. A gente aprendeu alguma bobagerinha assim depois que minhas crianças estudaram
e ensinou um pouco pra gente e a gente começou a aprender algum numero fazer contas,
conhecer dinheiro. Ninguém estudava pois não tinha cidade não tinha escola, como que
estudaria?
Depois que foi formando a cidade de Campo Mourão, a cidade de Mamborê, Boa
Esperança nem existia naquele tempo, era só mato. O primeiro barzinho de Boa Esperança era
feito de pau de coqueiro, um rancho! Era difícil, difícil mesmo. Deu uma febre em mim, eu parava
com uma cunhada de meu pai cuidado de umas crianças para ela, e ajudando ela a cozinhar para
alguns peões que tocavam roça, meu pai me tratou com dois vidros de remédio homeopáticos que
trouxe de Campo Mourão e sarei com isso. Ninguém sabia o que era uma injeção, o que era um
comprimido e nem nada. Eu fui ver a cara de medico depois que eu morava aqui, minhas crianças
já estavam todas formadas, daí me deu uma dor de cabeça e febre, daí um farmacêutico daqui
com o nome de Adeildo me levou na Boa Esperança, era o Dr. Napoleão, aquele de Campo
Mourão, que morava aqui na Boa Esperança que tratou de mim (1970/1980).
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1B- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr: Antonio Apº França
Entrevistado: Antonio Aparecido França.
Data da entrevista: 30/09/2009
Entrevistador: Profº João Luiz Pasti
1 Em que ano o senhor mudou para Boa Esperança?
Em 1942.
2 Como foi essa época?
Entramos no sertão, derrubamos mato, fizemos picadas, fizemos ranchos coberto com
folhas de palmito, trabalhando em serviço um dia aqui e outro ali, a comida era muito fraca. E
para comprar um quilo de açúcar, o que a gente só comprava de quilo porque na época era muito
caro, tinha que ir a Campo Mourão, e tinha que ir à cavalo e passava dois dias de viagem: um dia
para ir e outro para voltar, era um picadão.
3 E quem que ia buscar?
Era o meu pai. Eu era criança àquele tempo. Tinha 7 anos. O meu pai ia sozinho. Pegava
um cavalo, tinha um picadão que passava um cargueiro que vinha de Campo Mourão ate nos
Paulistas, e entrava nesse picadão, era só picadão. E daí ficamos ai trabalhando.
4 O que plantavam nessa época?
Plantávamos arroz, feijão, milho, banana, cana, tudo para as despesas da casa. Fazíamos
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um escaraçador, um engenho simples de duas moendas, moíamos a cana fazíamos a garapa,
apurava-a um pouco e era usada para adoçar o café. Não existia café, o café era muito caro,
depois que tudo foi formando, foi melhorando, melhorando.
5 O senhor chegou a ter terras?
Não. Não pude ter nenhuma quarta de terras, porque eu fiquei com o meu pai. Fizemos
picadas, passando pelo Arranca Tocos e arrumamos uma colocação no Takal. Aí tiramos uma
posse. Ali era sertão, só sertão, daí fiz um picadão. Daí nós ficamos ali, fizemos uma safra de
porcos, derrubamos uma mata, fizemos uma roça, daqui derrubamos mata lá e fizemos uma roca
de milho, para criar a safra de porcos.
A mãe não queria ir porque estava doente. O pai teve que ficar cuidando dela e eu levei
uma porcada. Pagamos para um cara fazer uma mangueira lá, e fez mais muito mal feita, numa
cabeceira d’água e daí aquela mangueira caiu tudo e a porcada saiu para a roca, comendo o
milho, e eu daqui pegava o cavalinho, atravessava esse pedaço aí, só picadão pra ir lá, pronto a
encontrar uma onça, e naquele tempo tinha onça, tinha cateto, tinha anta, veado, tinha porco do
mato, e daí o pai pôde ir pra lá, e fomos pra lá, e daí fizemos mais umas safras de porcos.
Olha, primeiramente era tocada por terra, levava nos Paulistas, para embarcar lá, aonde
vinha um caminhão e pegava, onde é a Canjarana, hoje. Pegava um picadão aqui, descia ali, saía
no riozinho, atravessava, eram às vezes 40 ou 50 porcos todos entre 8 e 10 arrobas, todos porcos
bons, e aí levavam para Apucarana e aí vendia a porcada lá e assim nos toquemos uma parte,
uns 3 ou 4 anos safra assim.
Depois nós conseguimos embarcar ali já na Boa Esperança, ali na Água dos Macacos, ali
tinha um morador, e foi feito um embarcador de porcos lá, aí o caminhão chegava até ali, onde
morava o Hélio, ali é a Água dos Macacos, do Helião. Assim foi umas 4 ou 5 viagens, levando
porcos em 4 anos.
Depois nos resolvemos mudar – nos plantemos uns pés de café pra ver se saía, o café
saiu muito bonito, e formou uns pés de café lindo, cinco pés de café. E ai começou vir uma
japonesada, japonês de Assai, Londrina viram aqueles pés de café e ficaram loucos, compraram
aquelas terras ali, de um tal de Dima que cortou aquelas terras lá, terrenos de 10 alqueires, sei
que a japonesada, todos compraram, tinha bastante japonês ali, fez uma colônia, todos plantaram
café, nos plantamos café também, daí nos fomos tocar café também, ate que depois veio aquela
ferrugem, o pai não quis comprar trator e maquinas, ai estragou muito os cafezais, só trator e
maquinas para passar veneno, os japoneses compraram e conseguiram, conseguiram à tempo.
Aí vamos plantar pasto agora, criar umas vacas, criamos vacas até mais ou menos aos
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anos 70, aí foi assim desse jeito. Mecanizou parte das terras lá,aí deu para plantar soja. Arrendou
para plantar soja, o cara deu calote, fugindo e deixando divida no Banco para o meu pai. Daí
continuou a mecanizar as terras, fazer curvas de níveis, plantar soja e algodão.
6 A mecanização foi boa para o senhor?
Foi. A mecanização pra mim foi boa, depois que arrumou as terras, fez curvas de níveis,
ficou diferente, ate para o algodão, melhorou. Entrou um vizinho que comprou a terra do japonês,
eu não tinha poder de fazer terra, mas ai ele arrumou o trator, mandou fazer as curvas pra mim
para pagar na colheita, quando eu colhesse o algodão, pagasse, comprou adubo tudo pra mim,
me ajudou ai eu senti melhora. Ai foi melhorando tudo.
7 As terras eram arrendadas?
Não. Não eram arrendadas não.
8 O senhor falou que não tinha terras?
Eu não tinha terras, mas eram as terras do Velho (pai) tinham uns trinta e poucos
alqueires, era um terrenão. Eu não tirei terras, porque na época eu era criança, era menino, e ele
tirou essas terras, tirou umas posses, pegou as posses e vendeu, a troco de mecharia, a troco de
porcaria, nem quinhentos cruzeiros uma posse valia.
9 O senhor acha que a mecanização foi boa para todo mundo? Por quê?
Não. A mecanização para certas pessoas foi boa, para outras pessoas não prestou não.
Porque as pessoas não tinham jeito de tocar roca, e as terras todas mecanizadas,
arrancaram as madeiras todas, ficava as terras lavradas e ai as chuvas pesadas pegava naquela
terra tombada e gradeada com trator, levava a lavoura toda, enterrava, muita erosão.
Ai veio as curvas de níveis, ai com as curvas de níveis segurou bem, ajudou bem! Mas
aqueles que não faziam curvas perdiam muita lavoura. Dava chuvas, dava temporal lá naquela
terra, pegavam nas outras e iam levando tudo embora. Enterrava o algodão, enterrava o milho, o
arroz....
A mecanização valeu para os grandes, para os pequenos não valeu, porque não tinham o
poder de fazer curvas e nem nada. E aquele lugar que mecanizava prá cima do dele, levava
embora o dele lá. O dele não mecanizava, pois não podia pagar uma esteira para arrancar, não
podia fazer curvas, nada, os grandes faziam e os pequenos ficavam no meio ou do lado, e levava
tudo a enxurrada.
10 Na década de 70 tinham muita gente aqui. Porque essas pessoas foram embora?
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Foram embora a procura de melhora. A terra já estava batida, esgotada. Ai sumiram para
esse mundão afora – Paraguai, Mato Grosso – foram por ai, foi por isso que eles foram embora,
tiveram que deixar, porque as terras foram batendo, foram entrando pragas, carrapicho, tantas
coisas, tantas pragas, e não queriam trabalhar mais, queriam só derrubar e plantar roça e foram
desacorçoando, e foram embora....
11 Por que o senhor mudou aqui para Alto Palmital?
Eu mudei aqui porque eu trabalhava no sitio do meu pai, só que, e daí nos resolvemos
vender, vender, vender, porque venda, porque venda, vender, só que eu não queria que vendesse
no começo, mas os outros meus irmãos, todos com o olho grande, e vai e vai e vai e foi pondo na
cabeça dele, e vender e vai, e o velho já estava com uns 70 anos mais ou menos, foi ficando
assim, daí ate que resolveu vender. Daí eu queria que ele deixasse, cortasse uns dois alqueires
pra mim, e ele disse que não cortava, daí foi meio na lei, foi o advogado lá, falar comigo para eu
deixar pra lá, mas eu precisaria, falei então, que ele me dê pelo menos dois mil cruzeiros então,
para eu poder sair, e ele não queria dar, só dava um mil e quinhentos reais, porque para os outros
ele deu um mil e quinhentos cruzeiros só, e daí às custas de muita luta, teima daqui, teima dali,ele
me deu os dois mil cruzeiros.
Aí peguei e vendi minhas criações, vendi nove vacas para o Peterlini lá de Boa
Esperança, naquele tempo uma vaca custava noventa cruzeiros, vaca dando leite, vaca para
reproduzir, daí não dava mais pega por lá, 'interei' com o dinheiro das vacas que eu vendi, para
comprar isso aqui (a casa que ele mora em Alto Palmital) que custou três mil e quinhentos
cruzeiros, eu comprei esse pedaço aqui, com aquele meio alqueire ali perto do Barbosa. Fiquei
meio 'descambriado', daí o Cláudio foi para Curitiba, peguei dois mil cruzeiros e dei para ele levar,
para ele comprar um terreno e casa. E eu vendi aquele terreno – não tinha nada, uma casa velha
– vendi por três mil cruzeiros, eu ganhei dinheiro naquilo ali, de vender a terra por três mil, era
meio alqueire de terra lá, para o Luiz irmão do Zezão, aí vendi para ele lá, daí o Cláudio levou
esse dinheiro para lá. Hoje que ele mandou cinco mil reais para mim fazer essa casa, me ajudou
bastante, esse dinheiro que ele me mandou.
12 De onde vocês vieram para Boa Esperança?
De Marilândia, nos morávamos perto de Marilândia.
13 Porque vocês mudaram para boa Esperança?
Procurar melhora, porque lá onde nos morávamos não prestava mais. Lá foi muito pinhais,
era terra dos pinheiros , só pinho, tinha uma serraria grande lá era um patrimônio dos alemães,
40
só alemães tinha lá, então, aquele pinhais a turma foram serrando, serrando, acabou os pinheiros,
daí a terra não prestava, daí a turma foi procurando, uns iam na frente e achavam um lugar
melhor, e outros iam depois, ate que chegamos aqui neste sertão que agora não tem mais sertão.
14 Que tipo de arvores tinha aqui?
Aqui tinha muita arvore: tinha timburi, que dava uma madeira muito grande, que dava toco
mais muito grande de diâmetro. As que mais tinham eram as perobas de um e meio a dois metros
de diâmetro de toco, um caminhão não levava uma peroba de uma vez, dava 4 ou 5 toras que era
um colosso. Cedro, foi tirado muito cedro, a turma vendia caminhões de cedro, eram muito
valiosos. Tinha óleo pardo e ainda tem alguns em reservas por aqui.
Alto Palmital, 30 de novembro de 2009.
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1C- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr: José Batista Sobrinho
Entrevistado: José Batista Sobrinho
Data da entrevista: 30/11/2009
Entrevistador: Profº João Luiz Pasti
José Batista Sobrinho nasceu em 8 de dezembro de 1922.
1 Como é o nome completo do senhor?
José batista sobrinho
2 Em que ano o senhor nasceu?
08 de dezembro de 1922.
3 Quando o senhor mudou para alto Palmital?
Em 1966.
4 De onde o Sr. veio?
Vim de Boa Esperança.
5 E antes de Boa Esperança, onde o Senhor morava?
Morava em São Sebastião da Moreira, pra lá de Londrina, agora município de São
Jerônimo.
6 Porque o senhor mudou aqui para Boa Esperança ou o que levou o senhor a
mudar-se para Boa Esperança?
A fama de Boa Esperança que era boa, Barrerão, aqui.
42
7 Qual era a fama de Boa Esperança?
Produzia muita coisa, e dava para plantar café. Aqui a terra em Alto Palmital, era puro
palmito e para andar era só a cavalo; só palmito, peroba, só madeira alta e nem cipó não tinha.
8 E quando o senhor veio para cá, como que vocês praticavam a agricultura? O que
era feito?
Nós lidávamos com porcos, antes de plantar, aqui não eu trabalhava volante, não tinha
terreno, né.
9 O senhor nunca teve terras?
Tive, quando morava em Boa Esperança.
10 E como que era essa criação de porcos?
Lá era criador de porco bom, em Barrerão, Boa esperança, eram criadores de porcos
mesmo, comprava a posse, fazia a cerca, pra cá era criador e pra lá era cultura.
11 E o que se fazia com tantos porcos?
Vendia em Apucarana.
12 E como que eram levados esses porcos?
Nós levávamos de caminhão, mas antigamente iam a pé.
13 Quem que sabe disso aí, que os porcos iam a pé, tem alguém dessa época ainda
que tocavam porcos à pé?
Aqui não tem, morreram todos. Os Ferreiras,...
14 E o Chico Almeida?
Já era de caminhão
15 O Chico Almeida mudou para cá antes ou depois do senhor?
Depois, depois, depois. Foi mais ou menos em 1970 por aí, é que ele veio pra cá.
16 O senhor sempre trabalhou de volante, como autônomo?
É, volante. Aqui era puro palmital e depois passou a ser café.
17 Quando que começou a arrancar os palmitos e plantar outras coisas? O senhor
se lembra? Como foi?
De 1970 pra cá.
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A mecanização começou lá em Toledo, e quando acabou de mecanizar lá, daí veio prá cá,
depois mecanizaram aqui, era o café.
18 Então a primeira atividade aqui era o café?
Era o café. Aqui era o café.
19 E depois do café?
Passou a soja. Primeiro era a mamona, era plantada no meio do café, dava muita
mamona.
20 E amendoim, não se plantava?
Não. Rapaz, aquilo lá dava até 1970, dava um dinheiro que você não acreditava no tanto,
os caras vinham com quinhentos contos, eram feitos pacotes com cem mil, e vinham com 4 ou 5
pacotes no bolso, e chegavam na venda do Jacó e pediam para o Jacó guardar, que era para
pegar em mercadorias, de tanto dinheiro que tinham.
21 Mas quem tinha tanto dinheiro?
Todo o povo.
22 O senhor também tinha tanto dinheiro?
Eu não tinha, só eu que não tinha.
23 Porque o senhor não tinha tanto dinheiro?
Porque eu não plantava mamona.
24 Mas o senhor não trabalhava para as pessoas, não ganhava dinheiro?
Sim, ganhava um dinheirinho, mas não dava pra fazer pacotes, comia tudo. E os outros
vendiam mamona, rapaz e rolava um dinheiro tão infeliz que na venda do Jacó, o Zeca Araújo
acostumou a catar dinheiro, de 9 mil cruzeiros, ate dez notas de dinheiro na beira do balcão que
os bêbados derrubavam. Com um monte de dinheiro, entrando na venda, pedia : “dá uma pinga
aí, por cima do povo” - até encostar no balcão, que vinha lá por cima, lá de traz , aquele que
colocasse dinheiro no balcão, colocava a pinga e aquele que não mostrasse o dinheiro no balcão,
não colocava a pinga, porque quem ficava perto do balcão não tinha dinheiro. Daí ele vinha,
derrubava notas e pegava outra e pedia a pinga, e as notas que derrubavam na beira do balcão,
ali ficavam. O Zeca Araújo não perdia uma. Pegava um lampião e vinha na beira do balcão e
catava tudo.
44
25 E o algodão?
Depois da soja veio o algodão, e deu bem. O seu Isaías Cepilho, você conheceu?
Sim. Tem uma fotografia dele no banco do Brasil de Campo Mourão – o rei da mamona.
26 O senhor já viu essa foto lá?
Não vi, mas dizem que tem.
27 Quantos anos plantou mamona aqui?
Uns dez anos. Até 1970, no meio do café e fora do café, tudo era mamona. Daí o Isaías
encheu 10 alqueires de chão, da água até a cabeceira, daí ele colhia o dele e comprava os dos
outros, e ele que levava tudo pra Campo Mourão.
28 E tudo era levado para Campo Mourão?
Era. Tudo pra Campo Mourão. Depois dele, ficou o Joaquim Ramiro, que comprava
também, já era em mais de 1970, quando o Joaquim Ramiro veio.
29 E a mecanização começou em 1970?
Mais ou menos em 1970.
30 Quem começou mecanizar primeiro aqui?
Aqui não sei quem começou. Os maquinários vieram de Toledo. Acabou a mecanização lá,
o homem veio pra cá.
31 O que vinha trator esteira?
Era trator esteira, arrancar tocos.
O Menininho mecanizou o dele, ele tinha dez alqueires.
32 O senhor acha que essa mecanização foi boa? Por que?
Foi boa, mais muito boa.
Deu dinheiro pra quem tinha terras, terrenos, tinha dinheiro, mas os coitados dos bóias
frias, o que ganhava cedo comia de tarde.
33 Mas foi bom pra todo mundo essa mecanização?
Foi bom.
34 Para os boias-frias também foi?
Foi, foi. Tinha serviço, carpir. Plantava a soja, tinha que carpir né, depois começou vir o
45
veneno, daí acabou os boias-frias. Mas era na enxada né, pegava caminhão, montava em cima, e
ia embora, carpir algodão, tinha muita lavoura de algodão, mas muito, tinha serviço para mulher,
criança, pra todo mundo.
35 O algodão começou depois da mamona?
Depois da mamona. Depois da mamona começou a soja e o algodão.
36 A soja começou antes mesmo da mecanização?
Não, depois.
E como colhia soja no inicio?
Tinha maquinários, tinha colhedeiras para colher a soja, só o algodão que era manual.
37 Aqui já começou com colhedeira, não tinha trilhadeira?
Não, nadinha. Era tudo na maquina, na colhedeira. Não tinha nada, não tinha tocos para
estorvar, né.
38 Para o senhor então, foi bom mecanizar?
Foi bom, rendeu serviço pro povo.
39 Mas se o senhor for olhar hoje, o senhor acha que a mecanização foi bom pra
todo mundo?
Foi bom, tinha serviço, depois que entrou o veneno, acabou o serviço. Antes do veneno
era na enxada. Plantava a soja, já tava com a enxada. Quantas vezes fui carpir soja lá na
Fazenda Boa Esperança. Era 'caminhonzada' cheia de gente.
40 O senhor morava no sítio?
Não. Aqui
E a Cooperativa, o senhor acha que a cooperativa contribuiu? Depois que ela veio,
melhorou ou piorou para os agricultores?
Ficou bom para os agricultores, não muito mas ficou bom.
41 Porque o senhor acha que ficou bom?
Eles compravam aqui mesmo. Não carecia mais levar pra Campo Mourão, evitava essa
viagem. Pra quem tinha era bom, e a soja era bom, e a soja era bom pra quem não tinha, porque
se tinha o serviço.
42 O senhor gostaria de falar mais alguma coisa desse período desse processo?
46
A minha cabeça não dá rapaz, pra mim falar.
43 O senhor se lembra quando começou a ter energia elétrica na sua casa?
Rapaz, não me lembro não, mas deixa eu falar, o Harid Cavaletti era prefeito, no segundo
mandato dele (1973 a 1977).
44 O senhor mudou-se aqui para Alto Palmital em que ano mesmo?
1966
45 E para Boa Esperança, em que ano?
Em 1949, no Barrerão.
46 Onde que o senhor morava ali no Barrerão?
Logo na entrada, onde é o Lago hoje, eram as minhas terras.
47 O senhor perdeu essas terras, o que aconteceu?
Vendi, ué.
48 Vendeu e não comprou outra?
O dinheiro não dava pra comprar outra. Não, eu comprei outra, era uns alqueires ali pra
cima e tornei a vender.
Era duro, naquele tempo era duro. Quando eu vim, vim de trem até Apucarana, e de
Apucarana pra cá, num caminhão, dois dias de viagem até Campo Mourão. Deixei meu pai lá e
vim à pé buscar uma carruagem pra levar ele e minha mulher. Pois naquele tempo não vinha
caminhão até aqui, alguns carroções só. Foi em 1947, fiquei nos Paulistas até 1949, morei dois
anos lá.
Entrevista gravada em 30/11/2009
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1D- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr:Joaquin Mendes
Entrevistado: Joaquin Mendes
Data da entrevista: 30/11/2009
Entrevistador: Profº João Luiz Pasti
Joaquin Mendes nasceu em 1933
1 O que levou o senhor mudar-se para o município de Boa Esperança?
Eu morava num sitio de um rapaz lá em Arapongas, perto de Sabáudia, aí veio a ferrugem no
café, então o rapaz resolveu vender o sitio, o irmão dele tinha um sitio aqui no Arranca Toco, e daí
convidou pra mim vir pra cá e eu vim. Só que eu vim em 1974 e quando foi em 75 deu aquela
geadona, acabou com os cafezais. Ainda lutei até 79, pelejando com o café, daí desacorçoamos e
arranquemos o café, plantei algodão ali um ano. Dali eu mudei pra Água do Pavão e dali foi que eu vim
pra Alto Palmital. Toquei roça até 1999, quando fui proibido de trabalhar porque tive uma artrose muito
forte no meu pé, e aí já era aposentado também, parei de trabalhar na roça.
2 Como era praticada a agricultura quando o senhor veio pra cá?
Até 1979 era o café ainda. Eu plantava arroz, feijão e milho, tudo no meio do café. As lavouras
de consumo a gente plantava no meio do café.
3 O senhor tinha terras?
Não. Eu não tinha terra nenhuma. Trabalhei Doda a vida em terras dos outros. Depois que
arranquei o café, plantei algodão. Depois apareceu um sitio lá vizinho de um sitio de meu patrão e ele
se interessou, vendeu aqui e comprou lá, e queria que eu fosse pra lá. Eu fui lá, era um sitio muito
bom, uma colocação muito boa, mas eram 17 km distante de Arapongas, não tinha escola, não tinha
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transporte para as crianças estudarem e eu não fomos. Aí depois apareceu um sítio ali da turma do
Noraldino, aí peguei ali, e dali vim pra cá e toquei roça onde era do Tomaz, depois ali onde é do José
Pedro, e ali que eu parei.
4 Quando o senhor veio para cá já era mecanizado?
Não. Ainda tinha muito café. Ate 75, tinha muito café. A mecanização veio de 75 prá cá, depois
da geadona de 1975. O café era cultivado em meio aos tocos e toras, sem mecanização.
5 E como que foi essa mecanização?
Depois que foi erradicando o café, aí veio a mecanização.
6 A mecanização foi boa para o senhor?
Bom, pra mim não foi tão boa, porque a gente passou a ter que plantar soja, mais aí tinha que
pagar tudo: pagar para fazer a terra, pra plantar, passar veneno, pra colher, pra transportar, aí não
sobra quase nada. Depois vem a proibição pra trabalhar aí encerrei tudo de vez, entreguei as terras e
não trabalhei mais. A mecanização foi boa pra quem pôde comprar mais terras e ficar grande, porque
para os pequenos, até hoje quem tem cinco alqueires de terras, se tiver de plantar pagando tudo, se
não tiver um trator, não sobra nada, ate hoje é assim.
7 Tinha muita gente quando o senhor mudou aqui em Alto Palmital?
Tinha sim. Segunda feira quando à tarde quando a gente vinha aqui, era que nem formiga.
8 E onde está esse povo?
Foi embora. Por causa da mecanização, acabou o café. A mecanização expulsou o povão todo
pra fora.
9 E quem foi expulso, só quem não tinha terras?
Tiveram muitos que venderam as terras, e depois que nem, por exemplo, no tempo do Collor
de Melo, teve muita gente que vendeu as terras, e pôs todo o dinheiro no Banco, por causa da
poupança que rendia muito, de repente veio o confisco da poupança, daí muita gente que tinha sitio,
mas aí já não foi culpa da mecanização, já foi culpa do governo. A falha está aí para os que tinham
terra, e perderam a terra. O cara cresceu o olho na poupança e achou que era muito mais fácil viver da
poupança do que trabalhando na terra.
No Paraná nos nunca compramos terras, porque no começo enfrentei muitas doenças com as
crianças e depois também até aos 66 anos fui doente também, passei por cirurgia, tive uma hepatite
em 66 que quase morri, então tirei umas colheitas boas de café , mas quando vendia esse café era só
para tapar essas dividas, não deu pra comprar terras, e depois nós pensamos também: eu e a Maria
nos falamos – já que não tem jeito de nos comprar terras, vamos ver se podemos dar pelo menos
49
estudo para os meninos, para as crianças, como aconteceu que ate perdi uma colocação muito boa,
como já contei, porque não tinha escola perto para as crianças.
10 O senhor acha que teria condições de boa Esperança estar com toda aquela
população?
Se não tivesse ocorrido a erradicação do café, estaria com toda aquela população ou mais. O
café dá dinheiro, e toda a vida deu dinheiro, e sempre precisou de muita gente, e maquinas de colher
café aqui não funciona pela declividade do terreno, tinha que ser tudo manual, que nem sempre foi.
Alto Palmital, 30 de Novembro de 2009
50
1E- Entrevista com pioneiro de Boa Esperança-Pr: Cláudio Gotardo –
Agricultor e primeiro técnico da EMATER de Boa Esperança.
Entrevistado: Cláudio Gotardo
Data da entrevista: 17/08/2009
Entrevistador: Professor João Luiz Pasti
1. Bom dia, Sr. Cláudio! Sr. Prefeito, desde quando o senhor mora aqui em Boa
Esperança?
“Eu moro aqui em Boa Esperança desde 19/05/1978, quando eu vim através de um Concurso
Público feito na capital do Estado, para abrir o escritório da EMATER, na época a ACARPA, aqui
em Boa Esperança”.
Quanto a agricultura, o que o senhor sabe, o que o senhor ouviu sobre a agricultura antes
desse período da abertura da Emater?
51
“(…) Boa Esperança, passou por grandes alterações no seu histórico agrícola, tendo em vista
complicações climáticas, que nós tivemos aqui na década de 70, especialmente com a geada de
1975, que até então se praticava uma agricultura com base forte no café e na mamona e outras
atividades como o extrativismo da madeira e outras atividades da natureza. E não se praticava até
então uma agricultura de alta tecnologia ou até uma agricultura mais tecnificada. Era uma
atividade de subsistência, uma atividade praticada de forma empírica, não existiam máquinas em
abundância nem tecnologia de produção e as pessoas então, viviam produzindo algodão que era
a atividade essencial, mais que era praticada de forma manual ou com tração animal.
Explorando baixas áreas, as famílias de agricultores tinham um potencial de produzir em
pequenas áreas, eles não tinham assim, recursos e condições de explorar grandes áreas, por isso
que se justifica que Boa Esperança no início dos anos 70 tinha em torno de 17 mil habitantes. É
porque na verdade, uma família composta de cinco ou seis elementos não adiantava ter como
ambição uma propriedade de 100 alqueires, já que a família toda trabalhando em regime integral
com todo aquele esforço e dedicação não conseguia explorar mais do que 3 a 5 alqueires. Então
eram pequenas propriedade com atividades de cunho familiar e que tinha assim a mão-de-obra e
a força animal como sua principais fontes de energia, de força”.
2. Quando que começa a modernização tecnológica e o que leva essa tecnologia no campo,
como que começa isso?
“Eu vim em Boa Esperança em 1978. ...mas tenha vindo em função disso, em 75 nós tivemos
uma grande geada aqui no Paraná, e que praticamente aniquilou a cultura do café e aqui em Boa
Esperança de maneira muito especial. Com o fim da atividade cafeeira e o início da
modernização, o mundo evolui, as coisas foram se modernizando, os agricultores que tinham
pequenas áreas não conseguiam mais reimplantar a atividade cafeeira mesmo por que ela estava
já desacreditada produzindo já nos últimos anos uma produtividade mais baixa e era necessário
que se começasse aplicar tecnologia com adubação, com aplicações mais frequentes de
inseticidas, enfim, usar toda uma tecnologia, que até então não era necessária. Isso fez com que
uma grande parte dos agricultores deixaram de ter renda e partiram para outras regiões do nosso
país. Destaque aqui para Mato Grosso, onde iam os agricultores já mais modernos, já mais
adiantados, ou outras regiões do país como Rondônia, como às margens das grandes cidades
como São Paulo, Curitiba, outras cidades da Grande São Paulo, que iam as pessoas com menos
poder aquisitivo, e deixando aberto espaço que eles ocupavam aqui em Boa Esperança.
Então se eles tinham um sítio de 10 alqueires, o vizinho comprou esse sítio, o vizinho comprou
52
por que naquele momento estava implantando uma agricultura já mais moderna com a
substituição da tração animal por tração tratorizada ou mecanizada e com a implantação da
agricultura mais moderna, veio como consequência já nos primeiros anos a devassa da erosão.
Foi um mal violento instalado logo após a geada de 75, ela começou a acabar com a superfície
das terras que eram mecanizadas, as pessoas sem domínio de tecnologia (...) essa tecnologia
não tinha sido criado a tecnologia de controle da erosão. Então as pessoas arrancavam os
cafezais que já estavam mortos pela geada e acabavam também de arrancar os tocos que tinham
e, iam ao Banco do Brasil, faziam financiamento com uma facilidade incrível, e compravam
tratores, compravam colheitadeiras, comprava trator esteira para a destoca, financiavam a
destoca.
(...) em 4 ou 5 anos a nossa Boa Esperança se transformou, passou daquela agricultura
tradicional empírica de regime familiar para uma agricultura já mecanizada onde em cada
propriedade se via uma máquina agrícola, muitas delas financiadas e que ao longo do tempo se
quer foram pagas por que o agricultor deu um salto muito grande, não estava preparado
administrativamente para aquilo. Então muita gente quebrou nessa implantação da agricultura
mecanizada, aquele que vinha numa atividade onde se explorava 3 a 4 alqueires de terras e
tentou ser um grande produtor de algodão ou grande produtor de soja, numa velocidade muito
rápida onde não existia tecnologia e quando ela existia não estava ao alcance dos nossos
agricultores, então fez-se a diferença.
Essa foi quem sabe a razão que o governo do Paraná na época Jaime Cane Júnior numa visão
moderna e progressista viu como necessidade abrir em cada município do Paraná um escritório
da EMATER, na época a ACARPA, que era com a finalidade de que seus técnicos deveriam ser
treinados e nós éramos treinados durante praticamente uma semana por mês, e tínhamos
treinamento de tecnologia, pra que pudéssemos vir a campo e transferir essa tecnologia para os
agricultores, para enfrentar aquele momento de transição, (...) onde nós saímos de uma
agricultura familiar e de pequeno porte para uma agricultura de médio porte, onde o ser humano
estava começando a ficar de lado sendo substituído por máquinas e já iniciando o processo
químico que depois se consolidou com o passar do tempo”.
2. O senhor se referiu aí que o passar da modernização logo com a destoca veio um
enorme processo de erosão, é aí que entra a implantação das curvas de níveis?
“Exatamente, só pra quem tem um pouco mais de intimidade com a atividade rural e é que teve, e
que viveu aqueles tempos. Sabe que no início nós não tínhamos tecnologia pra conter as águas
53
que assolavam as nossas terras, as terra destocadas. Os tocos eram enleirados ou quando não,
eram amontoados e fogo era ateado para que eles se exterminassem o mais rápido possível, isso
era um processo mais ou menos natural.
Não existia o processo de plantio direto e as pessoas quando plantavam trigo, aveia ou milho, no
final do ciclo, metiam fogo na palhada de tal forma que a terra era totalmente desprotegida do
processo de erosão, aí a tecnologia tinha que inventar alguma coisa para conter essas águas,
inventaram então, a tal curva de nível. Isso foi uma invenção da tecnologia agrícola dos
agrônomos que era uma forma de conter a erosão.
Só que nos primeiros anos e quando eu vim a Boa Esperança, em 78 era praticado assim: as
empresas de assistência técnica, cooperativas que atuavam em nosso município orientavam para
que os terraços que os agrônomos marcavam as curvas de níveis eram feitos com abertura nas
pontas com uma leve declividade de até 4% para cada lado do terraço. No centro do terraço, no
meio do sítio, onde você imaginasse que tinha uma curva de nível de mil metros, no centro dela
você partia a marcação e dava uma declividade de 4% para cada um dos lados de tal forma que
um dos lados da curva de nível jogasse a água na estrada e no outro lado, jogasse na divisa do
vizinho, aonde era aberta uma valeta pra que a água do outro vizinho também jogava dentro
daquela valeta e daí fazia aquele processo de escoamento. Isso era um processo comum naquela
época, que se praticava, (...) daí deixou de provocar tanto dano na propriedade, na superfície de
plantio da propriedade e passou a provocar um dano monstruoso nas estradas e tanto que no
final da década de 70 e início dos anos 80 as estradas na sua maioria aqui em Boa Esperança
tinham 4 ou 5 metros de barrancos, quando não dez metros de barranco, onde a terra era mais
mista e propensa a erosão.
Foi um processo muito rápido de afundamento do leito das estradas. Daí no final da década de
70, vendo aqueles estragos que estavam acontecendo mudou-se o perfil da curva de nível, a ideia
da curva de nível, e passou a encará-la como bacia que tinha que ter a responsabilidade de
segurar toda a água produzida dentro do imóvel. Daí foi criado uma tabela de distância de acordo
com a declividade das terras, uma tabela para que um terraço tivesse uma determinada distância
um do outro, obedecendo o tipo de solo e a declividade e de tal forma que toda a água que caísse
dentro da propriedade tinha que ficar armazenada dentro da curva de nível.
Então isso foi o segundo passo que foi implantado, só que daí as estradas já tinham ido pro brejo
e esse processo de implantação não era um processo simples, e ele levou duas décadas para se
concluir. Até o início dos anos 2000, ainda existiam curvas aqui em Boa Esperança, e eu quero
crer que ainda exista curvas, que elas foram mantidas mas nunca eliminadas e construídas outras
54
adequadamente, então é porque nós continuamos a ter problemas de divisas, continuamos a ter
problemas de estradas. Porque as pessoas aproveitaram aquelas curvas que tinha construída na
década de 70, somente fecharam as pontas, quando vem chuvas em excesso elas estouram na
ponta e continuam agredindo o vizinho, continuam agredindo a estrada.
Então esse foi um processo lento pra mudar culturalmente as pessoas que já tinham gasto
dinheiro para fazer aquelas curvas de níveis que nós chamávamos de murundu na época, terraço
de quase dois metros de altura pra conter a fúria das chuvas. Só que elas eram ineficientes,
quando ela não capturava a água de forma distribuída, quando era aproveitada uma curva que
tinha 4% de declividade para cada lado, se você fechasse as duas pontas quando ela estivesse
cheia nas duas pontas, no meio ainda não tinha água acumulada, de tal forma que acabava
estourando e provocando todos aqueles danos que todos nós conhecemos, aqueles danos
aquelas brigas de vizinhos e tudo mais.
Então a tecnologia foi se aperfeiçoando, depois logo na década de 80 a 84 por aí, teve a grande
revolução, criada no Paraná na época, pela Secretaria de Agricultura, já com outro governo, se eu
não me engano, Governo José Richa, daí a tecnologia avançando e criaram-se as micro bacias,
foi um processo desenvolvido aqui no Paraná e que acabou sendo copiado por muitos países do
mundo inteiro, que faziam excursões aqui pro Paraná pra visitar essa nova tecnologia que tinha
como finalidade acabar com aqueles barrancos que tinha nas estradas, manter toda a água de
cada sítio, dentro do próprio sítio, instalar o sistema de preservação nas nascentes de rios, acabar
com os esgotos, que provocava todos aqueles desconforto entre vizinhos que eram aquelas
valetas nas divisas que era iniciar um processo de re-fertilização dos solos que tinham sido
passado por um processo de degradação, a erosão tanto ela leva a camada do solo como toda a
fertilidade, o solo para se regenerar leva centenas de anos, não era assim uma coisa tão simples.
Então nós precisávamos dentro desse processo da micro-bacia, era um conjunto de práticas que
tinham essa finalidade, manter a água de cada propriedade dentro dela própria, acabar com os
barrancos de estradas, erguer o leito das estradas, fazer ser transitáveis em dias de chuvas,
acabar com as divisas problemáticas, iniciar ou reiniciar o processo de reflorestamento das
margens dos rios que eram totalmente degradadas, e isso ao longo do tempo aconteceu, das
nascentes e re-fertilização. Então o governo financiava calcário, financiava adubos num custo
subsidiado de tal forma que as pessoas tivessem condições de aplicar calcário, fertilizantes e
dessa forma fomos conquistando uma nova agricultura com aumento de produtividade, que
aconteceu, daí com novos incentivos para substituição de máquinas por máquinas mais
modernas, veio novos produtos químicos que vem incentivando o aumento de produtividade,
novas variedades de tecnologias até chegarmos numa agricultura mais moderna”.
55
11Estas questões que o senhor colocou, são a base para se chegar ao plantio direto que
nós temos hoje?
“Exatamente, seria impossível se praticar hoje a tecnologia que nós temos do plantio direto numa
condição de agricultura que se praticava a trinta anos atrás quando vim para Boa Esperança, isso
era absolutamente impossível, as terras tinham que ser aradas, tombadas, gradeadas, niveladas
várias vezes durante o ano para acabar com as valetas que tinham entre um terraço e outro, e a
agricultura hoje praticada, que é a agricultura sobre a palha, que é o plantio direto não teria
condições de ser praticado numa terra naquelas condições de irregularidades. Então o plantio
direto com certeza, é consequência das boas práticas de conservação de solos adotadas na
década de 80”.
Senhor Cláudio, quanto a cooperativa, o que o senhor pode dizer? Como era a
situação aqui antes da cooperativa e depois com a instalação dessa cooperativa?
“Olha, eu não conheci antes por que quando vim a Boa Esperança em 1978, a Cooperativa já
estava instalada em Boa Esperança, e eu sei que ela tinha acabado de comprar o posto da
Coagel. Onde é a Coamo hoje, era a Coagel e a Coamo comprou a Coagel e passou a ser
Coamo aqui em Boa Esperança. A Coamo foi parceira e absolutamente importante em todo esse
processo de controle da erosão tanto que na época em que eu vim a Boa Esperança, trabalhava
eu como representante oficial do governo (EMATER) e um funcionário da Coamo, os mais antigos
sabem, o Niltom Barbicha, conhecido por Barbicha, um técnico da Coamo também, que tinha
dedicação exclusiva para essa área, então saíamos nós dois a campo para resolver esses tipos
de problemas, o órgão oficial do governo com a cooperativa, órgão oficial dos agricultores, em
busca de aplicar soluções a medida em que as tecnologias iam sendo inventadas nos meios
apropriados tecnológicos.
Só que pra você aplicar, trazer uma tecnologia da pesquisa e aplicar, na cabeça do agricultor não
é tão simples assim. O agricultor sempre resiste a coisas novas, até por uma característica
cultural e de escolaridade, e eles resistem ainda até hoje, só que hoje bem menos, mas na época,
era fácil arrumar uma briga, apanhar de um agricultor se você falasse em marcar uma curva em
nível, marcar um terraço em nível, eles não aceitavam isso, tinha que jogar a água na estrada e
não ficar com o excesso de água na propriedade.
Calcário, levou muito tempo para as pessoas aplicarem calcário na agricultura, deixar de queimar
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a palhada de trigo aqui em Boa Esperança, você falar isso era uma ofensa, o trigo tinha que ser
queimado segundo a visão dos agricultores. Colhia o trigo e se tivesse bem sequinho se ateava
fogo num pneu e arrastava esse pneu em chama com trator com cabo de aço ou arame bem
comprido e arrastava esse pneu em chama contornando a propriedade por que o pneu vai
soltando fagulhas e queimando e vai destruindo tudo, essa era a prática que se tinha na época.
Quando nós viemos colocar para os agricultores que a palha não podia ser queimada era o fim do
mundo, existia uma resistência muito grande dos agricultores para as novas tecnologias, tudo que
se falava do novo.
7. A modernização da agricultura no município ocorre um pouco mais acelerada ou ela vai
estar de acordo com a modernização da agricultura ocorrida em termos de Paraná?
Bom, aí nós falamos de passado, agora nós vamos falar dos últimos 10 anos quando se usa já as
novas técnicas. Hoje você vê um parque de máquinas nos barracões dos agricultores, sendo que
antes, as máquinas ficavam na chuva. Agora nos últimos dez ou quinze anos, os agricultores já
começam a construir abrigos para guardar as máquinas, começam a fazer revisões , as máquinas
tem qualidade, é respeitada a vida útil das máquinas, não existem mais aquelas máquinas muito
antigas de má qualidade que não oferecem um bom trabalho.
Então hoje nós temos uma agricultura praticada aqui em Boa Esperança de alta tecnologia, uma
agricultura moderna, acima da média do Estado do Paraná. Por que que nós evoluímos tanto?
Por causa da insistência dos técnicos, da presença forte da cooperativa que nunca se afastou
desse rumo; agricultura com alta tecnologia.
(...)
E nós aqui em Boa Esperança com certeza estamos acima da média por que a nossa terra aqui
tem uma fertilidade razoável, a fertilidade é natural, isso lá da década de 50 e 70. E a terra natural
nossa não é das melhores, se você for ver uma região tipo Ivatuba, Floresta, se for mais para o
Norte do Paraná, Primeiro de Maio, Sertaneja e muitas regiões do Paraná tinham terras de muito
maior fertilidade do que as nossa. E daí trago isso aqui pra Boa Esperança, nós temos de origem,
terras diferentes aqui, se você vai na Estrela D’Alva por exemplo, eram as melhores terras do
município de Boa Esperança, se você vai não muito longe de lá no rumo a BR 369 aqui no lado do
Tanaka, nas proximidades do Tanaka eram as piores terras que existiam. As terras que se
chamavam de terras de samambaias, em volta do perímetro urbano também, de samambaias,
também pinheiral, taquarinha que eram as piores terras. O que que aconteceu? Como nós
tínhamos como característica maior quantidade de terras ruins, nós entramos mais rápido com a
57
tecnologia de correção do solo, nós nos modernizamos mais rápido, tecnologia de correção,
fertilidade e máquinas.
Enquanto, por exemplo, um cara de Ivatuba, planta soja até hoje numa semeadeira, nós há mais
de vinte anos que plantamos soja com semeadeira e estamos com plantadeiras. Quando eles
começaram com plantadeiras nós estamos com três gerações na frente já de plantadeiras por que
nós tínhamos de origem terras mais fracas que a deles. Se eles não botassem calcário eles
produziam 120 sacas por alqueire, nós se não botássemos calcário não produzíamos mais que 60
sacas por alqueires. Então, assim como os técnicos foram comprovando que precisávamos usar
as tecnologias nós aderimos mais rápido do que eles, e por isso hoje as terras mais degradadas
que tínhamos na época em Boa Esperança, produzem mais do que as terras aqui em Boa
Esperança mesmo que de origem eram mais férteis, por que os agricultores das terras mais
férteis não se preocuparam com a tecnologia, enquanto os agricultores das terras mais fracas
tiveram que investir em tecnologias, se modernizar e hoje são os agricultores de ponta.
Você pode ver que o quadro não muda, se você pegar os municípios de terras mais fracas e
comparar com o nosso ou dentro do nosso município mesmo, se pegar micros ou mini regiões
dentro do município tinha terras de alta fertilidade e outras regiões que tinham terras de baixa
fertilidade e você vai ver quais agricultores que prosperou mais, são os das terras de baixa
fertilidade que aderiram mais rápido a tecnologia”.
8. Senhor Cláudio, como que o senhor consegue ver as implicações dessa modernização em
termos, sociais, econômicos e políticos? O que resultou toda essa modernização da agricultura
aqui em Boa Esperança?
“Cruel, infelizmente tudo tem um lado negativo, nós só falamos de coisas boas ou superação de
dificuldades, nós superamos as dificuldades de erosão, nós superamos a dificuldade da baixa
fertilidade, nós superamos o trabalho braçal, nós superamos uma série de coisas mais, só que
essa alta tecnologia que foi aplicada e que é aplicada hoje em Boa Esperança, ela vem em
detrimento do trabalho, das oportunidades de trabalho para a população.
Quem já teve dezessete mil habitantes, hoje ter cinco mil habitantes, sabendo que de lá pra cá, eu
digo que na década de 70, o Brasil tinha cem ou cento e dez milhões de habitantes, hoje está
beirando duzentos milhões de habitantes, então se nós tivéssemos mantido a proporção disso,
nós teríamos que ter pelo menos 30 mil habitantes e estamos com cinco mil habitantes.
E essa população toda que nós perdemos, uns conseguiram se ajustar em outros espaços, outras
oportunidades, foram para São Paulo e lá montaram uma atividade comercial, industrial, ou são
bem de vida ou até ricos que vem passear de helicóptero em Boa Esperança, tem gente que foi
58
para Mato Grosso e virou mega fazendeiro, mais isso são algumas exceções.
A maioria não teve um desempenho tão bom assim, foi para as grandes cidades, acabaram indo
para o subemprego, emprego mal remunerado porque não estavam preparados, não tinham
escolaridade, não estavam preparados para enfrentar a maldade das grandes cidades e muitas
famílias passam dificuldades até hoje e não tem mais espaço para voltar. A tecnologia, as
máquinas e a indústria química colocou essas alternativas acima do ser humano, esse processo
todo custou a desagregação de muitas famílias e perda de moradias.
Se vê , aqui em Boa Esperança se tinha 17 mil pessoas, tinha moradia para as 17 mil pessoas,
essa pessoas saíram daqui, deixaram suas moradias e foram para as grandes cidades e hoje
muitas delas moram em favelas. Eu tive a oportunidade de presenciar isso em 1996, quando fui
candidato pela primeira vez, e naquela época eram muitas famílias que tinham acabado de mudar
daqui, ainda mantinham vínculos com a nossa cidade, e eu visitei famílias em Curitiba e na
Grande São Paulo e é assustador lugar que esperancenses moram nessas cidades, é assustador
assim como se vê gente bem de vida também, tem coisas que são desumanas.
Então isso é o preço que foi pago pela alta tecnologia pela necessidade de produzir comida para
o mundo, o Brasil produz para o mundo, não é só para o Brasil, se fosse só para o Brasil seria
muito diferente, mas só que também o Brasil não conseguiria manter sua balança comercial que
equilibra aquilo que importar com aquilo que precisa exportar. Para conseguir equilibrar essas
contas nós temos que aumentar a atividade e temos que aumentar muito, o mundo não tem mais
espaço para produzir comida com exceções dos países da África, do Brasil, Argentina e Paraguai.
Então quem tem que produzir comida para o mundo é quem tem vocação, quem tem terra, quem
tem chuva, água suficiente para que isso aconteça e tecnologia, que tecnologia o homem vai
criado a cada dia que passa”.
9. E o senhor falou bastante sobre os aspectos negativos. E o senhor vê aspectos positivos
dessa modernização?
“Claro. Qualidade de vida das pessoas que conseguiram manter e se manter na atividade porque
não é só na agricultura, o mundo passou, tudo passou por um processo de transformação. Aquele
botequeiro, aquele cara que tinha a lojinha de secos e molhados que tinha um balcão que
separava o dono do estabelecimento dos clientes, o cara quebrou, ou ele transformou aquilo num
supermercado onde tirou aquele balcão e colocou gôndolas onde as pessoas entram e escolhem
suas próprias mercadorias, bota num carrinho e passa no caixa e paga, ou ele quebrou. Mesmo
donos de mercados, mais que não se modernizou, que não colocou lá uma tecnologia, não
59
evoluiu na quantidade de itens a serem oferecidos para o seu cliente, quebrou.
(...)
Mas as pessoas que vivem aqui em Boa Esperança, vivem melhor, sê veja, o cara que mora
ainda no sítio, apesar de ter pouca gente que mora nos sítios, mas hoje mesmo em dia de chuva,
se ele resolver pegar o Fietinho dele lá ou o corcelzinho ou qualquer carro e quiser vir para a
cidade ele vêm. Eu duvido que alguém não venha para a cidade se quiser. O aluno que é filho
dele, é transportado para a Escola.
Naquele tempo quando vim para Boa Esperança, montavam num lombo de um burro, numa
bicicleta ou vinha a pé para a escola se quisesse, ou se ficasse doente, se a pessoa ficava
doente, vai lá vendia, se em casa a mulher ficasse doente, o pai vendia a vaca lá e vinha trazer a
mulher para fazer a consulta, fazer os exames e se precisasse fazer uma cirurgia, tinha que
vender mais quatro vacas lá e pagar a cirurgia e se a pessoa morresse, vendia mais duas vacas
para pagar o caixão. Hoje nada disso mais acontece hoje a vida das pessoas melhorou porque
graças ao conjunto econômico do Brasil que evoluiu e a agricultura faz parte deste contexto, nós
não podíamos ficar para trás, se nós ficássemos lá tentando manter a agricultura que tínhamos
naquela época, também os serviços nossos deveriam ser equivalentes, nós não teríamos esses
serviços públicos hoje não!
Nós temos uma cidade bem arrumada, escolas de boa qualidade, creches na cidade, nos
distritos, atendimento de saúde o melhor possível, dentro da nossa realidade, transporte de
pacientes, você veja, quando assumi a prefeitura, há doze anos atrás, Boa Esperança tinha 6
funcionários na área da saúde, hoje tem mais de cinquenta. Nós não tínhamos nenhum motorista
na área da saúde, hoje você vai ao Posto de Saúde tem seis motoristas, dirigindo ambulância e
veículos de saúde; e nós não tínhamos creches, hoje nós temos três creches que atendem um
monte de gente. Nós temos o contra turno, escola, odontologia social...
Eu me lembro nas primeiras vezes que, por causa da política tive um contato maior com a
população de todas as camadas, você ia na casa de uma pessoa dificilmente você saia de lá sem
o pedido de uma dentadura, hoje ninguém mais pede dentadura, o serviço publico faz isso para a
população de maneira normal, não mais como favor de político, isso é reflexo do aumento de
renda, como que houve o aumento de renda? O aumento de produtividade que tivemos na
agricultura, que tivemos na indústria, no comercio, que nós tivemos em todos os anéis, meios de
produção do Brasil, eles evoluíram proporcionalmente e quem não evoluiu na mesma proporção,
quebrou. Evoluíram proporcionalmente estão oferecendo essa melhora de condições de vida para
a população, mais vai dizer assim que ta tudo bom, ta tudo lá muito longe de estar bom, ta muito
60
longe, mas são avanços que acontecem que vão melhorando a vida da pessoa.
Quando eu falo de qualidade de vida, se você pegar o seu carro e dar uma volta na cidade
quando nós estamos comparando o que melhorou, então você anda na cidade e presta atenção,
primeiro que as ruas estão todas asfaltadas, que a maior parte tem calçada, tem uma árvore
bonita na frente, podada, você presta atenção nas casas, uma grande parte tem ar condicionado
é um indicativo de melhoria de qualidade, todas as casas tem água encanada, energia elétrica,
você olha nas casas tem um grande número com jardinzinho bonito na frente, umas arvorezinhas
bem podadas, uma iluminaçãozinha exótica, nem que seja uma lâmpada, mas faz a diferença, é a
auto estima que está se elevando em função de que, de que ganha mais. A casa está bem
pintada, na maior parte das casas, tem uma condição digna, forradas, tem um banheiro de boa
qualidade dentro de casa, na sua maioria, e as que ainda não tem, precisa do poder público estar
atrás de fazer estes benefícios, conceder esses benefícios para as pessoas que ainda não tem,
ou com essa qualidade, mas os municípios se impõem, se interessam, o estado o governo federal
através de recursos, de programas sociais para melhorar a vida de todos. Essa é a melhoria que
nós conquistamos ao longo desses anos até em detrimento dos que pagaram para que isso
acontecesse.
(...)”.
Professor João Luiz Pasti
29/09/2009
61
ANEXO II - HISTÓRICO DE BOA ESPERANÇA - PR
TEXTO 1 _ HISTÓRICO DE BOA ESPERANÇA – PR
Por volta de 1942 chegaram a este município pioneiros vindos de outras regiões do estado,
a maioria do Norte do Paraná. Como todo início, nossa cidade também teve o seu. Foi chamado
de Barreiro D’Oeste, devido a existência de um barreiro de antas animais da fauna nativa da
época, hoje já extintos em nossa região. Por isso Barreiro d'Oeste (Rio Barreiro foi o rio onde
nasceu a cidade, como na época não existisse recursos tecnológicos para captação de água, as
cidades formavam-se sempre próximas de um rio, por muitos anos nossa cidade permanece junto
ao rio sem condições de sair pois a água é uma das necessidades básicas para subsistir uma
população).
As matas eram ricas em árvores consideradas madeira-de-lei. Os exploradores
derrubavam essas árvores para retirar as madeiras que eram compradas por madeireiros
atravessadores por um preço muito baixo, por isso o dinheiro que os agricultores recebiam pela
venda dessas madeiras era consumido em curto espaço de tempo, e isso levava a prática de
novas vendas até que não restasse uma árvore se quer nesta região. Quando a mata era
explorada por madeireiros, ficava completamente devastada, pois as árvores que eram
derrubadas de maneira geral eram grandes, e tudo que ficasse próximo ao seu tronco era
completamente destruído pelo efeito da queda e pelo pisoteio do cortadores.
Assim como os moradores precisavam produzir alimentos para si e para os animais, não
pestanejavam em atear fogo a essa degradação para efetuar o plantio nos famosos sapecados.
As roça de milho eram plantadas nessas condições. As “terras eram queimadas” e as sementes
jogadas em covas nas cinzas das sobras das árvores derrubadas pelos madeireiros. Com esse
modo de explorar a terra houve desde o início uma forte tendência a um solo estragado mesmo
antes do cultivo. Esse ciclo de exploração de madeiras durou por muitos anos, ainda em 1960
existiam trechos de matas sendo devastada para a exploração de madeiras, cujas mesmas
medidas de plantio, continuavam sendo utilizadas pelos lavradores da época, agora em grande
quantidade, pois com a seca que sacrificava o povo nordestino, muitos deles vieram a esta
localidade trabalhar como meeiros no plantio de lavouras de principalmente o algodão e o café,
além de outras lavouras como o milho, o feijão e o arroz, que eram chamadas de lavouras
62
brancas.
Em algumas partes do município de Boa Esperança a vegetação era rica em variedades
nativas, uma delas era a Palmeira Juçara conhecida por palmiteiro, essas áreas também foram
devastadas para dar lugar ao plantio das lavouras de café. Alto Palmital foi uma das áreas mais
importantes nessa fase, as matas foram derrubadas, queimadas, mas foi protegida das outras
queimadas devido a plantação do café.
Os primeiros pioneiros que aqui vieram faziam seus ranchos próximos às plantações. Eles
eram feitos de lascas e cobertos com as folhas do palmiteiro. Também era utilizado outro recurso
para construção das moradias, lascas de pinheiro coberto com tabuinhas, este já bem mais
aconchegantes.
Devido ao clima frio com ocorrências de grandes geadas e até neve a lavoura do café não
prosperou nesta região. Muitos desistiram e partiram para outra fonte de renda, entre as quais, a
agropecuária, onde o pasto ocupou a área das lavouras de café. Essas terras são até hoje mais
produtivas por não terem sofrido tanto a ação das queimadas. Com a chegada da mecanização
das lavouras tudo deu lugar a soja, a lavoura que até hoje é a base de sustentação do município.
Isso a partir de 1975, ano que marcou o início da mecanização das terras e nosso município.
A era da mecanização também foi motivo de devastação, uma vez que não havia
orientação técnica, os agricultores efetuaram a destoca do terreno sem se preocupar com a
retenção da enxurrada, e por essa razão ocorreram as chamadas erosões nas terras então
recém-mecanizadas, tão prejudicial quanto às queimadas. Nesta época (por volta de 1976-1978)
desapareceram muitas nascentes pelo processo de assoreamento ocasionado pela ação das
águas que desceram lavoura à fora causando danos incalculáveis ao solo. Mais uma vez nossa
terra sofreu o impacto causado pela falta do devido cuidado em sua exploração. Podemos dizer
que hoje se pode contar com uma ótima forma de tratar o solo através de pessoas que o
exploram. Trata-se de um município pequeno, mas com uma ótima produção, de quase todo os
tipos de cultura.
Professora Paulina Pagotto da Silva.
Pioneira do Município.
Boa Esperança, 21/08/2009
63
TEXTO 2 _ HISTÓRICO DE BOA ESPERANÇA – PR
O INÍCIO
A terra onde se localiza o atual Município de Boa Esperança já foi território espanhol. Isto,
na época em que vigorava o Tratado de Tordesilhas (séc. XVII e XVIII). De acordo com este
Tratado, somente a parte leste do Estado do Paraná pertencia aos portugueses.
DESMEMBRAMENTOS
As disputas sempre aconteciam, sendo portugueses ao leste e espanhóis ao oeste. As
fronteiras do Brasil, o país que nasceria em 1822, começaram a ser traçadas, graças ao trabalho
de Alexandre Gusmão, um ministro a serviço do reino de Portugal. As negociações de Gusmão
culminaram na assinatura do Tratado de Madrid em 1750. Assim, o mapa do Brasil passou a ser
praticamente o mesmo que temos hoje, no que se refere a limites internacionais. Contudo, ainda
era colônia de Portugal.
A Província do Paraná foi criada em 1853.
Quanto aos desmembramentos dentro da Província do Paraná, em 29/07/1648 uma Carta
Régia declarava a criação de Paranaguá. Assim, a área onde um dia seria Boa Esperança,
pertencia a Paranaguá.
A criação de Curitiba deu-se em 29/03/1693 e o desmembramento do Município de Castro
em 24/09/1788.
Em 17/07/1852 era criado o Município de Guarapuava, contando com uma área de 54.540
km². Para termos uma ideia do tamanho deste município, basta imaginar um quarto do atual
território paranaense. Deste, surgiu Pitanga em 30/12/1943.
Em 10/10/1947 foi criado o Município de Campo Mourão, e através da Lei Estadual n.º
4.450, no dia 20/10/1961, foi criado o município de Janiópolis tendo sua área desmembrada de
Campo Mourão. A instalação se deu a 18/11/1962.
Em, 06/03/1964, através da lei Nº 4.844 foi criado e sancionado pelo governador Ney Braga o
município de Boa Esperança, tendo sua área desmembrada do município de Janiópolis. A
instalação deu-se dia 14 de dezembro de 1964.
64
O CICLO DA MADEIRA
Por volta de 1940, grandes companhias começaram a colonização no norte do Estado,
surgindo as cidades de Londrina, Maringá, Campo Mourão, entre outras. Esta região do Estado
teve seu início com a vinda de pessoas interessadas no cultivo de café.
Em Boa Esperança, estradas foram abertas, em substituição aos precários caminhos (ou
picadas) existentes até então. Os colonizadores chegavam, para cultivar café, mas também para
extrair madeiras. A área onde seria o Município de Boa Esperança tinha grande quantidade de
pinheiros nativos e madeiras de lei e contava com várias serrarias em funcionamento.
TERRAS
No início da colonização da região as terras eram demarcadas, mas não regularizadas.
Antes da regularização das terras, tanto no perímetro urbano como na zona rural, os
posseiros tinham a preocupação de ocupar pontos variados do terreno com construção de paióis
ou outra benfeitoria para assegurar a posse.
Foto: Vista aérea do município de Boa Esperança - 2007
O MUNICIPIO – BOA ESPERANÇA
O período compreendido entre 1942 a 1945, chegaram os primeiros moradores desta
localidade. Conservava intacta a forma primitiva de sertão bruto, poucos moradores quase sem
recursos e esquecidos da civilização. Quando aqui chegaram os primeiros moradores, a principal
fonte econômica era a cafeicultura. Tiveram muitas dificuldades no desbravamento e colonização
do povoado, foram inúmeros os problemas, destacando-se a péssima qualidade das estradas, que
em tempos de chuvas eram completamente intransitáveis. A primeira denominação que o local
recebeu foi “Barreiro D'Oeste”, esse nome deve-se ao motivo da existência de um "barreiro" onde
antas se concentravam. Existe outra versão, de que o nome de Barreiro D'Oeste, foi devido à
quantidade de barro nas épocas chuvosas, impedindo o tráfego, até mesmo de carroças.
Desde o início do seu povoamento, até os dias atuais, tem sua economia centralizada na
agricultura. Com o aumento da população, os pioneiros passaram a se preocupar com a
educação, que por volta de 1953, conseguiram implantar a primeira escola. Desse momento em
diante, a educação do município passou a ser uma conquista dos professores e alunos, que muito
65
contribuíram para a educação de seu povo.
OS PIONEIROS
Esta região era praticamente desconhecida da civilização, foi habitada por índios
Botocudos e algumas outras tribos que permaneciam temporariamente. Os pioneiros foram
chegando devagar e abrindo as primeiras picadas. Só com o decorrer dos anos, Barreiro D'Oeste
ou Barreirão, passou a receber moradores de todos os lugares do país, que traziam cultura
diversificada e compartilhando a maneira humilde de viver.
Com os heróis pioneiros surgiram as primeiras picadas e pequenos grupos habitacionais.
Entre esses colonizadores, destaca-se Afonso Guilherme, que em 1942 iniciou uma criação de
cavalos na localidade de Pensamento. Com suas andanças pelo sertão foi descobrindo "picadas".
Alguns anos depois, chegaram novos moradores, como: Arthur Tonini e família, Guerino
Venturine, Américo Venturine e Leopoldo Tonini. Destacamos ainda a participação do pioneiro
Balthazar Navarro e filhos. Estes iniciaram uma picada no local conhecida por Ribeirão Vermelho
até Barreiro D'Oeste. Entre outros pioneiros registra-se a participação de Alvino Inácio, Família
Almeida, Francisco Zeferino (Chico Gordo), José Zeferino (Zé Gordo), Chiquinho Araújo
Evangelista, Alessi, José Costa (Fiíco), Joaquim Costa e família, Bruno Canali, Manoel Caldeira,
Família Klass, Domingues da Silva, Joaquim Costa, Família Batista, Evangelista Allessi, Guerino
Venturini, Semi Mauad, José Morales e outros.
A má localização dificultava o escoamento da produção cafeeira, e os preços irrisórios
pelos produtos, dificultavam ainda mais a vida dos pioneiros. Apesar de tantas dificuldades, os
heroicos pioneiros resistiram e com o passar dos anos foram superando os obstáculos e o
pequeno povoado foi prosperando graças às boas produções agrícolas.
Nesta época havia somente a rua seis de Março, que agora é Avenida. Quando chegaram
forasteiros de outras localidades parecia realmente um filme de bang-bang. Empinavam cavalos e
atiravam por todos os lados, fazendo com que todos se escondessem. Não existia lei, muitas
pessoas morriam e os assassinos permaneciam impunes.
66
Ilustração 6: Foto: Boa Esperança, década de 1970
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
O povoado foi prosperando, em 1961 a localidade de Barreiro D'Oeste passou a constar na
Câmara Municipal de Campo Mourão, tendo como seu representante o vereador Antônio
Marques. Foi elevado a Distrito Administrativo através da lei Nº 4.782 de 29 de novembro de
1963, passando a pertencer ao Município de Janiópolis. Esta situação permaneceu até o ano
seguinte. O município foi criado pela lei Nº 4.844, 06 de março de 1964, sancionada pelo
governador Ney Braga e passou a denominar-se Boa Esperança. Uma das versões diz que esse
nome foi sugestão do Sr. Telvi Barsotto, em homenagem sua terra natal, no Rio Grande do Sul.
Outra versão diz que o nome foi motivado pela nova esperança de progresso que surgia com a
possível emancipação. A mesma comissão que iniciou o movimento, dirigiu-se à capital do Estado
e conseguiram a documentação necessária à emancipação. O projeto foi de autoria do Deputado
Estadual Padre Waldomiro Haneiko.
Assim, Boa Esperança desmembrou-se de Janiópolis e em 06 de dezembro de 1964 foram
realizadas as primeiras eleições municipais, onde concorreram os senhores Harid Cavaletti e João
de Paula Pereira (Joãozinho), forma-se em Boa Esperança uma corrente política muito forte,
formando um só partido, sendo esquecidas as divergências políticas. Encabeçaram esta corrente:
Semi Mauad, Harid Cavaletti, Arthur Tonini, João Perecim, Antônio Maria Salomé, Alfredo Millér e
outros. Tendo como primeiro Prefeito o Sr. Harid Cavaletti e Vice-prefeito o Sr. Francisco Lago. A
67
instalação solene do município deu-se no dia 14 daquele mesmo mês e ano, com posse do
Prefeito, Vice-prefeito e câmara dos vereadores. O primeiro presidente do legislativo foi o Sr.
Otaviano Gonçalves de Almeida, com mandato de quatro anos de acordo com a Constituição
Nacional Brasileira.
A partir de 1963, quando os habitantes lutaram pela independência política, um grupo de
pessoas de maiores esclarecimentos achara por bem confeccionar um mapa topográfico. A cidade
de Boa Esperança passou a categoria de distrito, divisando entre os municípios: Mamborê,
Janiópolis e Campo Mourão.
O distrito de Boa esperança, por força da Lei Nº 4.844, de 06 de março de 1964, passou a
categoria de município, ficando emancipada politicamente e pertencendo a comarca de Campo
Mourão. Neste ano aconteceu a primeira campanha eleitoral, tendo como prefeito o Sr. Harid
Cavaletti. Concorreu ao cargo além do vencedor, João de Paula Araújo.
A posse do Sr. Prefeito deu-se às 10:00 horas do dia 14 de dezembro de 1964, em sessão
solene que foi presidida pelo Juiz da 31ª Zona Eleitoral de Campo Mourão, Juiz Antônio Matiolli.
Fonte: Denice B. Buscariol, Adriane Maria Pereira Leal e Sueli L. da Silva - Boa Esperança Resgatando sua História - Curso Formação de Professores - EAD Nº 26 – Geografia do Paraná, Curso Normal Superior na Modalidade de Educação a Distância - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ. 2008
68
TEXTO 3 _ HISTÓRICO DE BOA ESPERANÇA – PR
O MUNICÍPIO DE BOA ESPERANÇA
No período compreendido entre 1942 a 1945, chegaram os primeiros moradores desta
localidade. Conservava intacta a forma primitiva de sertão bruto, com poucos moradores quase
sem recursos e esquecidos da civilização. Quando aqui chegaram os primeiros moradores, a
principal fonte econômica era a cafeicultura. Tiveram muitas dificuldades no desbravamento e
colonização do povoado, foram inúmeros os problemas, destacando-se a péssima qualidade das
estradas, que em tempos de chuvas eram completamente intransitáveis. A denominação de
Barreiro D'Oeste deve-se pelo motivo da existência de um "barreiro" onde antas se concentravam.
Existe outra versão, de que o nome de Barreiro D'Oeste, foi devido à quantidade de barro nas
épocas chuvosas, impedindo o tráfego, até mesmo de carroças.
O povoado foi prosperando, em 1961 a localidade de Barreiro D'Oeste passou a constar na
Câmara Municipal de Campo Mourão, tendo como seu representante o vereador Antônio
Marques. Foi elevado a Distrito Administrativo através da lei Nº 4.782 de 29 de novembro de
1963, passando a pertencer ao Município de Janiópolis. Esta situação permaneceu até o ano
seguinte. O município foi criado pela lei Nº 4.844, 06 de março de 1964, sancionada pelo
governador Ney Braga e passou a denominar-se Boa Esperança. Uma das versões diz que esse
nome foi sugestão do Sr. Telvi Barsotto, em homenagem sua terra natal, no Rio Grande do Sul.
Outra versão diz que o nome foi motivado pela nova esperança de progresso que surgia com a
possível emancipação. A mesma comissão que iniciou o movimento, dirigiu-se à capital do Estado
e conseguiram a documentação necessária à emancipação. O projeto foi de autoria do Deputado
Estadual Padre Waldomiro Haneiko.
Assim, Boa Esperança desmembrou-se de Janiópolis e em 06 de dezembro de 1964 foram
realizadas as primeiras eleições municipais, onde concorreram os senhores Harid Cavaletti e João
de Paula Pereira (Joãozinho), forma-se em Boa Esperança uma corrente política muito forte,
formando um só partido, sendo esquecida as divergências políticas. Encabeçaram esta corrente:
Semi Mauad, Harid Cavaletti, Arthur Tonini, João Perecim, Antônio Maria Salomé, Alfredo Millér e
outros. Tendo como primeiro Prefeito o Sr. Harid Cavaletti e Vice-prefeito o Sr. Francisco Lago. A
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instalação solene do município deu-se no dia 14 daquele mesmo mês e ano, com posse do
Prefeito, Vice-prefeito e câmara dos vereadores. O primeiro presidente do legislativo foi o Sr.
Otaviano Gonçalves de Almeida, com mandato de quatro anos de acordo com a Constituição
Nacional Brasileira.
Desde o início do seu povoamento, até os dias atuais, tem sua economia centralizada na
agricultura. Com o aumento da população, os pioneiros passaram a se preocupar com a
educação, que por volta de 1953, conseguiram implantar a primeira escola. Desse momento em
diante, a educação do município passou a ser uma conquista dos professores e alunos, que muito
contribuíram para a educação de seu povo.
OS PIONEIROS
Esta região era praticamente desconhecida da civilização, foi habitada por índios
Botocudos e algumas outras tribos que permaneciam temporariamente. Os pioneiros foram
chegando devagar e abrindo as primeiras picadas. Só com o decorrer dos anos, Barreiro D'Oeste
ou Barreirão, passou a receber moradores de todos os lugares do país, que traziam cultura
diversificada e compartilhando a maneira humilde de viver. Com os heróis pioneiros surgiram as
primeiras picadas e pequenos grupos habitacionais. Entre esses colonizadores, destaca-se
Afonso Guilherme, que em 1942 iniciou uma criação de cavalos na localidade de Pensamento.
Com suas andanças pelo sertão foi descobrindo "Picadas". Alguns anos depois, chegaram novos
moradores, como: Arthur Tonini e família, Guerino Venturine, Américo Venturine e Leopoldo
Tonini. Destacamos ainda a participação do pioneiro Balthazar Navarro e filhos. Estes iniciaram
uma picada no local conhecida por Ribeirão Vermelho até Barreiro D'Oeste. Entre outros pioneiros
registra-se a participação de Alvino Inácio, Família Almeida, Francisco Zeferino (Chico Gordo),
José Zeferino (Zé Gordo), Chiquinho Araújo Evangelista, Alessi, José Costa (Fiíco), Joaquim
Costa e família, Bruno Canali, Manoel Caldeira, Família Klass, Domingues da Silva, Joaquim
Costa, Família Batista, Evangelista Allessi, Guerino Venturini, Semi Mauad, José Morales e
outros.
A má localização dificultava o escoamento da produção cafeeira, e os preços irrisórios
pelos produtos, dificultavam ainda mais a vida dos pioneiros. Apesar de tantas dificuldades, os
heróicos pioneiros resistiram e com o passar dos anos foram superando os obstáculos e o
pequeno povoado foi prosperando graças às boas produções agrícolas.
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Os pioneiros comerciantes foram: Arnaldo Boiadeiro, Evangelista Alessi, Baltazar Navarro,
Vacílio Stachim, Chico Gordo. Os irmãos: Domingues Aurelino Simões e José Aurelino Simões. O
primeiro padre foi José Nicolau Rhode. O primeiro farmacêutico: Henrique Estevam. O primeiro
delegado: Antônio Marques Castelo, substituído posteriormente pelo primeiro Tenente Pompílio
Langer. A primeira máquina de arroz: Norino Valeze. A primeira pensão e padaria foram
instaladas por: Arthur Tonini. O primeiro coletor: Luís Carlos Antun. A primeira oficina de consertos
em geral: Américo Venturini. O primeiro médico a prestar assistência à localidade: Dr. Manoel
Peres Bazzan. A primeira colheitadeira: Antônio Buscariol. O primeiro escritório contábil: Divadir
de Pieri e outros. O primeiro veículo utilizado como táxi foi um jipe: Sr. Antônio Vicente. A primeira
sorveteria: Sr. Baltazar Navarro. A primeira serraria passou a funcionar definitivamente com o Sr.
Hilário Brezeruska. O primeiro comprador de cereais: Fioravante Augusto da Silva. O primeiro
consultório dentário: Boanerges Sampaio. Comerciante: José Correia da Silva. Os primeiros
políticos a atuarem na localidade: Seme Mauad, Alfredo Rodolf Müller, Antônio Marques, Harid
Cavaletti e Antônio da Silva (Tonico).
Nesta época havia somente a rua seis de Março, que agora é Avenida. Quando chegaram
forasteiros de outras localidades parecia realmente um filme de bang-bang. Empinavam cavalos e
atiravam por todos os lados, fazendo com que todos se escondessem. Não existia lei, muitas
pessoas morriam e os assassinos permaneciam impunes.
A RELIGIÃO
A religiosidade dos primeiros habitantes foi um ponto marcante na história de Boa
Esperança. A religião Católica era predominante na época, tendo como padroeira do município
Nossa Senhora da Guia. Com o passar dos tempos novas religiões foram surgindo através de
novos moradores que aqui chegaram. A religião Adventista era representada por dois grandes
grupos: As famílias Lago e Ruela, que introduziram datas comemorativas, teatro, poesia, retiro de
campo, escolas e igrejas rurais. Vindo em seguida Assembleia de Deus, Congregação Cristã no
Brasil, Presbiteriana.
FOLCLORE
As tradições folclóricas sempre foram muito fortes, as cantigas de roda, músicas, sendas,
passaram de pai para filho, as festas juninas eram muito movimentadas, vindo gente das
redondezas para participarem. As cantigas eram cantadas em grandes rodas nas noites de luar
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com a participação de crianças, jovens e adultos.
A POLÍTICA
A política sempre foi um marco importante na história do município. As diferenças
partidárias eram fortes desde os primeiros tempos. Existia grande rivalidade entre José Costa,
mais conhecido como Fiíco, e os irmãos Gordos, provocando grandes conflitos, que contribuíram
para o aparecimento dos partidos PTB e PSD, dando abertura política e mais tarde a
Emancipação Política do Município. Na década de 60, havia aproximadamente de 4 a 5 mil
eleitores. "Até hoje a comunidade luta para que a democracia e a liberdade sejam mantidas".
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
A partir de 1963, quando os habitantes lutaram pela independência política, um grupo de
pessoas de maiores esclarecimentos, acharam por bem confeccionar um mapa topográfico. A
cidade de Boa Esperança passou a categoria de distrito, divisando entre os municípios: Mamborê,
Janiópolis e Campo Mourão. O distrito de Boa esperança, por força da Lei Nº 4.844, de 06 de
março de 1964, passou a categoria de município, ficando emancipada politicamente e
pertencendo a comarca de Campo Mourão. Neste ano aconteceu a primeira campanha eleitoral,
tendo como prefeito o Sr. Harid Cavaletti. Concorreu ao cargo além do vencedor, João de Paula
Araújo. A posse do Sr. Prefeito deu-se às 10:00 horas do dia 14 de dezembro de 1964, em sessão
solene que foi presidida pelo Juiz da 31ª Zona Eleitoral de Campo Mourão, Juiz Antônio Matiolli.
ECONOMIA
A agricultura e o comércio são à base da economia de Boa Esperança, fatores
substanciais que representam as principais fontes de riquezas do município.
Na agricultura apoiam-se todos os meios de trabalho do município. Ela representa o maior fluxo
de riquezas do município, impulsionando o comércio que se fortalece através do volume crescente
de compra e venda de produtos primários e manufaturados, atraindo assim divisas econômicas e
incrementando a carga de arrecadação de tributos para os cofres públicos Municipal.
ASPECTOS GEOGRÁFICOS
Boa Esperança está distante à 552 quilômetros da capital do estado (Curitiba). Está
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localizada abaixo do Trópico de Capricórnio e do Paralelo 24º. À esquerda do Município 52º 30, a
direita 53º. Altitude 550 metros. Limitando-se com os seguintes municípios: ao norte - Farol
D’Oeste; ao sul – Juranda; leste – Mamborê; oeste - Janiópolis. Está aglomerado na micro-região
“12” de Planejamento do Paraná, na Comunidade dos Municípios da região de Campo Mourão-
COMCAM. Tem uma área de 310.04 Km2. ou 12.443 alqueires, com uma densidade demográfica
de 5.118 de habitantes.
HIDROGRAFIA: Os rios que banham o município de Boa Esperança têm pequena
extensão com volume de água reduzido, 80% dos rios confrontam com municípios vizinhos. Os
rios principais que formam as bacias são: Rio Barreiro, Rio Ronquita, Riozinho, Rio Comissário
que deságuam na principal bacia da região, o Rio Piquirí.
RELEVO: A formação dos relevos da superfície do município está com topografia
apresentados baixos e altos, encontramos características de duas formas: planície e Planalto. O
Planalto em que se situa o município é denominado Planalto Meridional. O relevo é ondulado,
praticamente plano e propício à mecanização. Por esse aspecto, houve grande desmatamento e
assoreamento nas margens e leitos dos rios, sendo necessária à implantação de projetos de
reflorestamento para recuperação do meio ambiente.
CLIMA : Segundo a classificação climática Koeppen, o clima do Município é
caracterizado como subtropical úmido mesotérmico com verão quente e geadas menos
frequentes, sem estação seca definida. Sob o domínio da circulação do Oceano Atlântico,
representada pelo Anticiclone Tropical Marítimo, semi-estacionário, que provoca a formação de
ventos vindo do Leste, geralmente fracos. Por ocasião das penetrações de massas polares -
Anticiclones Polares - migratórios, notadamente no período frio do ano, a circulação é
marcadamente modificada por ventos de moderados a fortes com rajadas vindo do quadrante sul,
rodando para oeste ou mesmo para leste, dependendo das rotas assumidas pelos Centros de Alta
Pressão.
É da direção sul, sudeste, oeste e nordeste que se observa o registro de ventos, com
rajadas fortes, precedendo ou combinados com intensas precipitações, constituindo-se em
temporais ou tempestades. Mesmo assim a sua frequência em termos de percentual de horas
totais do ano não afeta a dominância da circulação geral leste. No período quente do ano, a
formação de chuvas convectivas, esparsas e localizadas pode provocar a formação de ventos de
variadas, momentâneas, que às vezes assumem intensidade capaz de causarem danos locais.
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VEGETAÇÃO: O solo do Município de Boa Esperança é constituído por latossolo vermelho
escuro e latossolo roxo, com textura argilosa. Essas características de solo apresentam alta
fertilidade natural, é de muitíssima importância para o desenvolvimento agrícola. Devido o
extensivo cultivo do solo, houve um desmatamento incontrolável, e assoreamento nas margens e
leitos dos rios. Tal desequilíbrio ecológico provocou a redução do estado natural das matas
ciliares e nativas necessariamente preciso, ser auxiliadas pelo projeto de reflorestamento.
As áreas de reflorestamento concentram-se nas micro-bacias do Comissário I e II.
Utilizando Eucalipto, Grevilha, Ypê roxo e branco. O plantio de Ypê em área de pecuária foi
observado no decorrer do tempo, melhoria na qualidade e produtividade do gado. As sombras
retraem o calor escaldante. As matas nativas são encontradas nas micro-bacias do Pavão e
Lageadinho. Grande quantidade de pinheiros, ao número relativo das Árvores de lei como: o
Cedro, Marfim, Canjarana, Ypê, PEROBA (árvore símbolo do município) e outras. Sendo proibida
a derrubada dessas espécies.
“ B o a E s p e r a n ç a ” : R e s g a t a n d o s u a H i s t ó r i a . F o n t e :
h t t p s : / / w w w . p m b o a e s p e r a n c a . c o m . b r / i n d e x . p h p ? e x i b i r = s e c o e s & I D = 3 4
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