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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · José Saramago, escritor português, como pretexto para um pequeno debate sobre o tema do existencialismo. Ao ser trabalhado o filme, pretendemos

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

0

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE 2009

MARIA JOSÉ DOS SANTOS MACEDO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

ESTUDO DE POESIAS: UM RESGATE DO GOSTO DA LEITURA

E PRODUÇÃO

O Existencialismo na poesia de Vinícius de Moraes

ÁREA DO PDE: Português

PROFESSORA PDE: Maria José dos Santos Macedo

ORIENTADORA: Prof. Drª. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini

CONCEPÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA: Estética da Recepção

MARINGÁ

2009

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

1- IDENTIFICAÇÃO

Professora PDE: Maria José dos Santos Macedo

Área do PDE: Língua Portuguesa/ Literatura

Professora Orientadora: Dª. Luzia Aparecida Berloffa Tofalini

IES Vinculada: Universidade Estadual de Maringá (UEM)

SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

ESTUDO DE POESIAS: UM RESGATE DO GOSTO DA LEITURA

E PRODUÇÃO

O Existencialismo na poesia de Vinícius de Moraes

GÊNERO TEXTUAL: poesia

COLÉGIO: Colégio Estadual “Vera Cruz” / Mandaguari-Pr

SÉRIE: Ensino Médio

DURAÇÃO: 32 aulas

MARINGÁ

2009

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2. INTRODUÇÃO

A sequência didática aqui proposta como produção de material didático tem

como finalidade auxiliar o professor PDE na implementação do seu projeto em sala de

aula no terceiro período do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE).

Hoje, é necessário (re) pensar a leitura na escola como espaço de humanização

para melhorar as relações sociais e culturais. De fato, a leitura pode viabilizar meios

para que os educandos desenvolvam o hábito de ler, adquiram novos conhecimentos e

possam ampliar seus horizontes. Perceber as desigualdades sociais, as dificuldades nos

relacionamentos individuais e coletivos, a falta de respeito para com os outros e até

mesmo questões que dizem respeito ao que está no íntimo de cada indivíduo, tem sido

algo estressante na atualidade. A intolerância que gera a violência e outros fatores que

tornam o ser humano cada vez menos humano, ou seja, coisificado pelo seu próprio

individualismo, ronda a existência do ser.

Mesmo sabendo que algumas dessas questões dependem de fatores políticos, é

importante o papel da escola no sentido de provocar no educando maior criticidade

diante de fatos que fogem do âmbito escolar, até porque a escola não se restringe ao

ensino das ciências, pelo contrário, vai além delas. Cabe, portanto à escola, no processo

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educacional, abrir espaço para que se discuta sobre tais acontecimentos que influenciam

em muito o ensino-aprendizagem. Assim, devemos proporcionar aos educandos uma

nova visão de mundo, por meio de textos literários, que se diferencie daquela que os

discentes trazem, pois a literatura, no seu objeto de ensino, torna menos caótica a visão

conflituosa da realidade e pode despertar no ser humano alguns sentimentos até então

sufocados.

O gênero poesia pode promover um diálogo entre o “eu-lírico” e o leitor, no qual

este é colocado em sintonia com a visão lírica do ser humano. O texto poético propicia,

nos encontros e desencontros do passado com o presente e o futuro, maior inserção do

indivíduo no mundo do qual faz parte.

Não podemos esquecer que paralelamente à leitura vem a escrita. Esta perpetua a

própria leitura. Logo, o que propomos, ao trabalhar com o gênero poesia, está ligado ao

ato de ler e de colocar o conteúdo lido em prática, através da escrita de textos poéticos

que servirão de motivação para outras leituras, como num ciclo, envolvendo texto-

autor-leitor. Salete Cara (1989, p.58) afirma que a “relação do texto poético (e lírico)

com seu leitor não vem de nada que seja anterior à própria matéria verbal do poema”.

A leitura, em especial a literária, mexe com os horizontes de expectativa do

homem, propiciando ao mesmo uma visão de mundo que sai do plano individual para o

coletivo. Quando o indivíduo expressa seus sentimentos e os de outros na forma poética,

com palavras carregadas de emoções, isso o torna mais humanizado, porque ele deixa

de ser apenas sujeito que faz parte de um todo e passa a ser alguém que constrói a

própria história.

Pensando no aspecto crítico da leitura e da escrita, no estudo do gênero poesia,

optamos por propor o Método Recepcional. Tal método constitui, portanto, a base

metodológica das atividades propostas na elaboração do material didático.

O método recepcional, organizado por Bordini e Aguiar, atende às perspectivas

de ensino de Literatura, propostas nas DCEs de Língua Portuguesa e Literatura (2008),

para a formação de leitores críticos e visa à recepção de textos na busca por ampliar o

horizonte do leitor (aluno). Aqui, propomos aos educandos o redescobrimento, por meio

da leitura e produção de textos poéticos, de uma nova percepção de mundo. Queremos

desmitificar o ato de ler e escrever o gênero poesia, que na maioria das vezes não é bem

aceito no meio escolar, tanto por parte dos alunos como por alguns professores.

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Esse método visa à recepção de textos, ampliando os horizontes do aluno/leitor

em fase de desenvolvimento. Ler, compreender, interpretar e inferir a partir de textos

poéticos levará a descobrir como a leitura e produção desse gênero poderá transportar o

aluno a um mundo de fantasia e imaginação, provocando no mesmo uma ruptura de

seus horizontes. O gênero poesia propicia, de fato, essa metamorfose no ato da leitura e,

por conseguinte, na reescritura do texto. O leitor assume um ponto de vista que,

proporcionado pelo texto, pode preencher os espaços vazios, pois a leitura literária se

concretiza com seu leitor, porque a mesma se dá e funciona com vários sentidos. “Daí a

impressão de viver uma transformação durante a leitura” (ISER, 1999, p.90).

Com o tema escolhido para trabalhar as atividades desta unidade didática, O

Existencialismo na poética Viniciana, pretendemos proporcionar aos educandos uma

visão mais aprofundada do sentimento poético proposto na poesia lírica. O poeta em

questão viveu grande parte do que escreveu. Embora suas experiências sejam recriadas

no texto poético, ele usa, muitas vezes, um tom existencialista em seus poemas

musicalizados ao revelar as emoções vividas, buscando nas profundezas do humano a

confluência entre razão e emoção.

Propomos, portanto, a leitura de textos poéticos, na perspectiva das teorias da

Estética da Recepção, e a reescritura dos mesmos. O Corpus é constituído pelo trabalho

de análise de poemas (Sonetos) do poeta Vinícius de Moraes. As atividades serão

desenvolvidas com alunos das séries iniciais do Ensino Médio, do Colégio Estadual

“Vera Cruz”, na cidade de Mandaguari-Pr. Esperamos que nossos educandos interajam,

de forma poética, com seu próprio “eu” e vislumbrem, nessa viagem sentimental, o que

é o gênero poesia, ampliando seus horizontes de expectativa.

O Método Recepcional, proposto por Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de

Aguiar, é dividido em cinco etapas, a saber:

- Determinação do horizonte de expectativas.

- Atendimento do horizonte de expectativas.

- Ruptura do horizonte de expectativas.

- Questionamento do horizonte de expectativas.

- Ampliação do horizonte de expectativas.

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3.1 DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS

Objetivos: - sondar os conhecimentos do aluno acerca de poesia;

- despertar no aluno o gosto pela leitura e escrita de poemas a partir de

outros textos, para que o mesmo exponha sua ansiedade e expectativa

diante do que lhe é proposto.

Esta primeira etapa constitui o momento no qual a atividade deverá ser realizada

através de questionamentos referentes à poesia lírica. A princípio, será uma análise

informal, uma sondagem dos hábitos de leitura dos alunos, em especial no que se refere

a textos poéticos. Intencionamos, por meio de questões que envolvam afetivamente os

educandos, verificar o interesse dos alunos por temas ligados a sentimentos

diversificados, à emoção e, por conseguinte, levar à reflexão sobre a existência humana.

Nesta etapa, buscaremos conhecer um pouco mais do mundo de cada aluno,

sobre sua existência, e averiguar até que ponto eles conseguem situar um texto literário

no seu próprio contexto de vida (real ou ficcional). O que se pretende, de fato, é

focalizar o aluno/leitor e sondar o horizonte de expectativa dele.

Para aguçar a curiosidade dos alunos, será utilizado um texto em forma de

poema/música do poeta Vinícius de Moraes: “Apelo”. Será realizada a leitura e audição

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da música por todos os alunos. Logo após, será feito um momento de reflexão sobre o

que leram e ouviram. Em seguida, os alunos exteriorizarão seus pontos de vista a

respeito do tema do existencialismo, que será sugerido para o debate.

Após alguns questionamentos orais, os alunos receberão um questionário para

que seja respondido individualmente, sempre observando aspectos relacionados ao

cotidiano dos mesmos, mais especificamente, acerca do hábito de leitura e escrita em

sala de aula.

1- Para você, o que é leitura?

2- O que é leitura literária?

3- Você gosta de ler e escrever? Justifique sua resposta.

4- De que tipo de leitura você mais gosta?

5- Você escolhe os textos que vai ler pelo número de páginas?

6- O que você entende por literatura?

7- Em que aspecto a literatura pode ser importante para a formação do cidadão? Fale a

respeito.

8- Você sabe a diferença entre um texto literário e um não-literário? Comente.

9- Como os textos literários diferem dos demais textos?

10- Você já leu poesias?

11- O que você sabe sobre o gênero poesia? Fale a respeito.

12- O que é gênero lírico? Comente.

13- Você gosta de ler textos poéticos? Justifique sua resposta.

14- Cite alguns elementos que compõem e estruturam o gênero poesia.

15- Que tipo de linguagem é predominante no gênero poesia? Comente.

16- Para você o que significa no poema o “eu-lírico” e o “eu-poemático”? Cite alguns

poetas que você conhece da literatura brasileira.

17- O que você sabe sobre o poeta Vinícius de Moraes?

18- O que significa para você, o termo existencialismo?

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19- Observe a fotografia abaixo e relate o que você pode ver e relacionar ao tema do

Existencialismo.

Após a aplicação das questões anteriores, o questionário será recolhido e, em

seguida, será feito um levantamento das respostas com o intuito de realizar uma

sondagem dos horizontes de expectativa dos alunos. As respostas às questões terão

grande valia no decorrer das atividades, uma vez que o desenvolvimento destas depende

das respostas dadas pelos alunos.

O passo seguinte será uma discussão na qual todos os alunos participarão. Os

pontos principais da discussão centrar-se-ão nos vários gêneros textuais, na

problemática existencial e, especialmente, no gênero da poesia lírica. Depois, será

pedido para que os alunos registrem, por escrito, suas impressões acerca do que leram,

ouviram e responderam.

3.2. ATENDENDO O HORIZONTE DE EXPECTATIVA

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Objetivo: ler, refletir, analisar e interpretar um texto fílmico.

Nesta etapa, serão propostas atividades cuja temática se coaduna com os textos

artístico-literários que compõem o corpus desta unidade. O texto fílmico, O Ensaio

Sobre a Cegueira, constitui uma proposta para fomentar reflexões e ampliar a discussão

sobre as questões existenciais e sobre a atmosfera lírica.

Depois da apresentação do filme, serão postas em prática algumas técnicas

como: trabalhos em grupo, debates, exposições orais, dramatizações. Além dos

objetivos propostos, objetiva-se, também, com tais exercícios, maior interação entre

alunos e professor.

Nesta etapa, será trabalhado o filme “O Ensaio Sobre a Cegueira”, da obra de

José Saramago, escritor português, como pretexto para um pequeno debate sobre o tema

do existencialismo.

Ao ser trabalhado o filme, pretendemos levar o aluno a: perceber formas

diversificadas de leituras; interagir com tais leituras, relacionando-as ao seu mundo e a

possíveis outras leituras que venham a provocar e enriquecer seu conhecimento;

acrescentar novos conhecimentos ao seu universo; e a ler mais, na busca de ampliar sua

própria visão de mundo.

Após a apresentação do filme O Ensaio sobre a Cegueira, os alunos serão

divididos em grupos para que façam pesquisas dos elementos que compõem o texto

desse filme, especialmente aquele que se refere à temática existencial.

Ainda em grupo, deverão pesquisar sobre a BOSSA NOVA e o poeta Vinícius de

Moraes na MPB. A apresentação dos resultados também será em grupos. Por fim,

haverá comentários gerais sobre as pesquisas realizadas.

3.3 ROMPENDO O HORIZONTE DE EXPECTATIVA

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Objetivos: - desenvolver nos educandos o gosto pela leitura e escrita de poemas a partir

de outros textos previamente estudados;

- ler, interpretar e analisar textos poéticos/sonetos do poeta Vinícius de

Moraes;

- ensinar ao aluno, da série inicial do ensino médio, a leitura literária da

poesia lírica;

- identificar a característica existencialista presente nos poemas/sonetos do

poeta Vinícius de Moraes.

- Compreender e identificar o “existencialismo” a partir do lirismo e do

efeito poético no texto literário/soneto.

Será distribuído um texto do poeta Vinícius de Moraes, Soneto de Fidelidade,

para leitura. Feita a leitura, serão trabalhados os elementos estruturais que compõem um

soneto (conteúdos da teoria da versificação) tais como: estrutura fixa do soneto, versos

decassílabos, rimas, esquemas de rimas, estrofes (quartetos e tercetos), verso de ouro e

outros elementos da análise poética.

Será realizada também a análise interna do soneto, a partir de elementos

semânticos, lexicais, fônicos e estilísticos, como: função das palavras no contexto lírico,

carga emocional provocadora através das palavras, vários sentidos que as palavras

provocam no texto, figuras de linguagem, característica literária do texto no seu aspecto

conotativo e, especialmente, a questão existencialista, muito valorizada no texto, uma

vez que constitui o pano de fundo usado pelo eu-poemático para expressar seu modo de

ver e sentir o mundo à sua volta e em especial o “amor”.

Nesta etapa serão sugeridos ainda outros textos literários poéticos, nos quais os

temas estejam ligados e/ou direcionados à temática em questão. Tomando por base os

textos do poeta Vinícius de Moraes, “Soneto da Fidelidade”, “Soneto do Amor Total”,

“Soneto de Devoção” e “Soneto de Separação (De Repente)”. Os alunos deverão refletir

sobre aspectos que interferem na sua própria mundividência, ou seja, buscarão nos

poemas, fatos que possam estar relacionados à sua existência e à atualidade.

Nessa oportunidade, os alunos serão divididos em grupos e cada grupo fará o

levantamento, nos textos propostos, de elementos relacionados à análise literária, bem

como à temática abordada no projeto. É importante, nesta etapa, que os alunos

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percebam que há novos horizontes a serem explorados nos textos. Pretendemos que os

mesmos se desvinculem do senso comum e ampliem seus horizontes de expectativa,

especialmente aqueles relacionados ao texto poético. Objetiva-se, afinal, a percepção de

que o texto poético não é enfadonho, mas rico de expectativas.

Os alunos desenvolverão atividades de leitura e análise (externa e interna),

seguidas de comentário geral (escrito), ao final de cada atividade. Após a realização das

atividades propostas para cada um dos poemas, os alunos farão questionamentos sobre o

tema abordado, provocando um grande debate sobre a problemática existencial. Com os

alunos em círculo na sala, será feita a correção dos itens trabalhados em cada

poema/soneto. Confrontaremos as possíveis leituras dos grupos, visando à ampliação

das possibilidades de leitura.

É nesse momento que ocorrerá a ruptura do horizonte de expectativa do

aluno/leitor, uma vez que esperamos dele a percepção de diferentes formas de se ler um

mesmo texto e de que o fato de se ler algo não implica em certeza, principalmente na

leitura literária, a qual quanto mais é aprofundada mais plurissignificativa se torna. Na

verdade, o leitor de um texto literário é antes de tudo um coautor, ou seja, aquele que

preenche lacunas, mas que pode ter decepções, dependendo da intensidade do texto. Isto

ocorre principalmente no texto poético, uma vez que desde a sua gênese, ele traz a

característica da intensidade, marcas próprias e é carregado de sentidos.

Nesta etapa, pretendemos que o aluno/leitor amplie seu horizonte de

expectativas e saia do senso comum, explorando novos mundos relacionados, ou não, à

sua existência.

I – Soneto de Fidelidade

a) Leia o Soneto de Fidelidade, de Vinícius de Moraes.

SONETO DE FIDELIDADE

E tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

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Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure

b) Leia novamente o soneto, observando os elementos estruturais que compõem o

texto poético (rimas, estrofes, versos e esquema rimático).

SONETO DE FIDELIDADE

1 E/ tu/do, ao/ meu a/mor/ se/rei/ a/ten/to A [ER] interpoladas com

2 Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto B paralelas

3 Que mesmo em face do maior encanto B A=rica

4 Dele se encante mais meu pensamento A B=rica

5 Que/ro/ vi/vê/-lo em/ ca/da/ vão/ mo/men/to A [ER] interpoladas com

6 E em seu louvor hei de espalhar meu canto B paralela

7 E rir meu riso e derramar meu pranto B A=pobre

8 Ao seu pesar ou seu contentamento A B=pobre

9 E as/sim/ quan/do/ mais/ tar/de/ me/ pro/cu/re C [ER] misturadas

10 Quem sabe a morte, angústia de quem vive D e alternadas

11 Quem sabe a solidão, fim de quem ama E para os tercetos

12 Eu/ pos/sa/ me/ di/zer/ do a/mor/ (que/ ti/ve) D C= pobre

13 Que não seja imortal, posto que é chama E D= pobre

14 Mas que seja infinito enquanto dure C E= rica

c) Em seguida, analise os níveis sintático, semântico e estilístico (figuras de linguagem).

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Faça

análise

literária

(externa e

interna)

1) O que o título, Soneto de Fidelidade, sugere?

2) Qual o tema abordado no poema lido?

3) O que sugere o 1° verso do poema? Comente.

4) Qual é o propósito do poeta nos versos 5 e 14, em relação ao tema abordado no

poema? Fale a respeito.

5) Retire do texto os versos que possuem antíteses e, em seguida, comente sobre o efeito

expressivo dessa figura de linguagem em relação ao tema.

6) Destaque palavras e expressões que se referem ao “eu-lírico” e ao sentimento vivido

pelo poeta.

7) Releia o poema “Soneto de Fidelidade” e, em seguida, comente cada estrofe.

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I – Soneto de Fidelidade

1) O título “Soneto de Fidelidade” sugere postura correta, ética, de alguém em relação à

outra pessoa.

2) Trata-se do tema do amor. O eu-lírico fala de um sentimento amoroso, de sua

fidelidade ao amor, de um sentimento que transcende a vida e se direciona para a

eternidade, para o infinito.

3) No verso “De tudo ao meu amor serei atento”, o eu-lírico expressa seu mais intenso

sentimento em relação ao amor. Sua fidelidade está em tudo, ou seja, no cuidado, na

atenção dispensada ao mais puro e divino dos sentimentos. O eu-poemático quer ser fiel

a seu favor, uma vez que se torna um tratamento de reciprocidade entre o poeta e seu

sentimento, quando diz “ao meu amor”, o poeta revela-se possuidor de um sentimento

único que merece toda sua devoção.

4) Sobre os versos: “Quero vivê-lo a cada vão momento” e “Mas que seja infinito

enquanto dure”, podemos afirmar que o eu-lírico compreende a vulnerabilidade do ser

humano e sabe que deve aproveitar cada momento porque tudo é finito. Sabe que a

existência é repleta de pequenos e grandes momentos e tem receio de ser impedido de

viver em plenitude seu sentimento. Quer vivê-lo intensamente nos momentos de alegria,

de tristeza, de solidão. Não importa o tempo, mas que sejam momentos de plenitude

enquanto viver, ou seja, “enquanto dure”. Para ele, o viver e o morrer fazem parte da

existência humana, logo, o que vale aqui, agora, é o que está sentindo.

5) Eis os versos: “E rir meu riso e derramar meu pranto” (verso 7) e “Quem sabe a

morte, angústia de quem vive” (verso10). Nesses versos, o eu-lírico usa expressões que

se contradizem para se revelar como alguém que vive todas as formas de sentimento,

revelando o sentimento maior que é o amor que está sentindo, com dores, angústias e

alegrias, próprias de quem realmente ama. O eu-lírico, ao mesmo tempo em que ri,

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também chora por esse amor (riso x pranto); e reafirma o fim de todos em relação à

vida. É a certeza de que tudo vai acabar no momento em que o indivíduo se encontrar

frente a frente com a morte. Trata-se de uma espera angustiante. Todavia, para o eu-

lírico, esse momento de amor é infinito, enquanto durar.

6) EU-LÍRICO X SENTIMENTOS DO POETA

- meu, serei atento, antes, zelo, - Amor, dele, vivê-lo, seu louvor,

- sempre, tanto, meu pensamento, - ao seu pesar, seu contentamento,

- quero, hei, meu canto, rir meu riso, - morte, angústia, de quem vive,

- derramar meu pranto, me procure, - solidão, fim de quem ama,

- eu possa me dizer, que tive. - seja imortal, chama, infinito.

7) Após a leitura, seguem comentários sobre cada uma das estrofes:

1ª estrofe: (quarteto = estrofe de quatro versos), percebemos de maneira forte a

explícita declaração de amor e o valor, o cuidado do poeta para com seu sentimento. A

atenção é até mesmo exagerada. É uma verdadeira adoração, pois mesmo havendo

outros “encantos”, o amor deve prevalecer sempre fortificado, mesmo em pensamento.

A presença marcante da figura de construção, o polissíndeto, evidencia a ideia da

intensidade que o “eu-lírico” demonstra ao viver esse sentimento de modo gradativo e

sempre: “Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto” (verso 2).

2ª estrofe: (quarteto = estrofe de quatro versos), o “eu-lírico” faz um verdadeiro

canto de louvor ao amor e quer “vivê-lo em cada vão momento”, não importa se será

vivido nos momentos de alegria e tristeza, porque para o eu-lírico o mais gratificante é

que em homenagem a esse sentimento, é preciso “espalhar” um riso solto, agradável e

ao mesmo tempo “derramar” o pranto, a tristeza e até mesmo um “contentamento”, a

própria felicidade. O que importa é viver com intensidade esse amor, mesmo sendo

contraditório em alguns pontos.

3ª estofe: (1o

terceto = estofe de três versos), percebemos que o “eu-lírico” fala com

palavras fúnebres do futuro sentimento de perda, quando chegar o fim, ou seja, Trata-se,

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para “quem vive”, do “fim de quem ama”, ou seja, a eterna contradição humana.

Evidenciam-se os sentimentos do eu-poemático em relação à “morte”, à “angústia” e à

“solidão” como fim de quem ama com tanta intensidade como ele ama. Logo,

percebemos que a existência é curta para tanto amor ou “amores”, deixando

transparecer que o “eu” deseja uma morte tardia, para viver ao máximo esse amor.

4ª estrofe: (2o terceto= estrofe de três versos), o poeta deixa clara sua relação com

esse sentimento, “O Amor”, ao ponto de pedir ao mesmo que não seja imortal, “posto

que é chama”, algo que queima, arde, está vivo, que acende e pode apagar a qualquer

momento, mas que tais “chamas” sejam “infinitas”, isto é, eternas enquanto durarem,

pelo tempo de vida do poeta, que tenha tempo de duração, “Mas que seja infinito

enquanto dure” (verso de ouro).

II – Soneto do Amor Total

a) Leia o Soneto do Amor Total, de Vinícius de Moraes.

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade.

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

b) Leia novamente o soneto, observando os elementos estruturais que compõem o texto

poético (rimas, estrofes, versos e esquema rimático).

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Soneto do Amor Total

1 A/mo/-te/ tan/to/ meu/ a/mor/... não/ can/te A [ER] cruzadas ou alternadas

2 O humano coração com mais verdade... B (ABAB)

3 Amo-te como amigo e como amante A A=rica (v+subst)

4 Numa sempre diversa realidade. B B=pobre(subst+subst)

5 A/mo/-te en/fim,/ de um/ cal/mo a/mor/ pres/tan/te A [ER]interpoladas com

6 E te amo além, presente na saudade. B paralelas (ABBA)

7 Amo-te, enfim, com grande liberdade B A=rica (adj+subst)

8 Dentro da eternidade e a cada instante. A B=pobre(subst+subst)

9 A/mo/-te/ co/mo um/ bi/cho,/ sim/ples/men/te C [ER] misturadas e cruzadas

10 De um amor sem mistério e sem virtude D (para os tercetos)

11 Com um desejo maciço e permanente. C 1°terceto CDC e 2°DCD

12 E/ de/ te a/mar/ as/sim,/ mui/to e a/mi/ú/de D C= pobre (adj+adj+adv)

13 É que um dia em teu corpo de repente C D= rica subst+adj+verbo)

14 Hei de morrer de amar mais do que pude. D

c) Em seguida, analise os níveis sintático, semântico e estilístico (figuras de linguagem).

Faça análise literária (externa e interna)

Análise externa (estrutura do soneto)

Trata-se de um poema de forma fixa que possui 14 versos, distribuídos em dois

quartetos (estrofes de 4 versos) e dois tercetos (estrofes de 3 versos) e versos

decassílabos (heróicos). Sendo que as estrofes estão assim estruturadas:

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1° quarteto: [ER] Esquema Rimático = [ABAB] Rimas cruzadas ou alternadas, sendo

A= rima rica (verbo+subst) e B= rima pobre (subst+subst);

2° quarteto: [ER] Esquema Rimático= [ABBA] Rimas interpoladas e

paralelas/emparelhadas, sendo A=rima rica (adv+subst) e B=rima pobre (subst+subst);

1° terceto: [ER] = [CDC] e 2° terceto [ER]= [DCD], com rimas Misturadas (cruzadas

ou alternadas), classificadas em: C=pobre (adv+adv+adv) e D=rica (subst+adj+verbo).

Análise interna

1ª e 2ª estrofes: tese de confirmação do amor sentido por alguém em relação a outro

alguém, de modo incondicional;

3ª estrofe: percebemos uma espécie de contradição (calmaria, serenidade, quase uma

normalidade amorosa), mas que não impede que o eu-lírico continue disposto a sentir

esse amor;

4ª estrofe: há uma síntese sobre o que de fato envolveu todo o sentimento vivido pelo

eu-poemático, o qual se revela num ser pleno, tomado por esse sentimento de Amor

Total.

A linguagem poética explora o sentido conotativo das palavras, ou seja, a

alteração do sentido que consta do dicionário, adotando os vários significados passíveis

de interpretações, bem como as marcas básicas da poesia: musicalidade, repetição (o

ritmo do poema).

O Soneto do Amor Total fala sobre um sentimento de “Amor” de alguém para

outro alguém. Os sentimentos do eu–poemático aproximam-se dos sentimentos do

autor, uma vez que este vivia sua plenitude amorosa, seus vários, grandes e intensos

amores. É possível notar a influência destes em seus poemas e canções. Daí a

recorrência aos problemas existenciais e às palavras embebidas do mais puro lirismo.

Ao analisarmos os versos que compõem a primeira estrofe, temos a plenitude

do sentimento do eu-lírico, da essência desse amor, “Amo-te tanto meu amor” que não

se consegue definir o quanto “não cante”; a expressão que evoca o amor, “meu amor”,

dá ao poeta posse total desse sentimento; com a expressão “O humano coração”, o eu se

torna indefeso em relação à intensidade desse amor, que o torna um ser especial,

incapaz de mentir, “com mais verdade...”; no terceiro verso, ele se revela como “amigo

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e como amante”, um amor amigo, companheiro, algo ligado ao espírito, à alma, à

existência dos seres que amam incondicionalmente, ao passo que “amante” está ligado a

“Eros” (erótico), o sensual, a carne, ao corpo, ao material, ao que se pode tocar, sentir,

no plano físico. No quarto verso, ele se revela um eterno apaixonado, independente do

que possa acontecer, seu sentimento não mudará em relação ao ser amado, “Numa

sempre diversa realidade”.

Na segunda estrofe, temos a revelação do eu-lírico como um vassalo do amor,

um escravo desse amor, como se estivesse a serviço desse amor “Amo-te afim de um

calmo amor prestante”, ou seja, ele remete à ideia dos poetas do Trovadorismo, nas

Cantigas de Amor e de Amigo, quando os “eus-líricos” prestavam vassalagem amorosa,

não se importando com a dura realidade: se eram ou não correspondidos. No segundo

verso, “E te amo além, presente na saudade”, o eu-lírico já sente saudades do ser amado

antes de sua partida. No terceiro e quarto versos, “Amo-te, enfim, com grande

liberdade” / “Dentro da eternidade e a cada instante”, ao usar as expressões: enfim,

grande liberdade, eternidade, e a cada instante, ele demonstra a relação de tempo e

espaço, ou seja, a infinita grandeza desse amor que se revela em “Amor Total”, pleno,

sem limites, algo que nunca se acaba, nem na vida, a cada instante, nem morte, na

eternidade.

Na terceira estrofe (1° terceto), o primeiro verso “Amo-te como um bicho,

simplesmente”, faz do eu-lírico um ser irracional, diante desse amor. Alguém que não

sabe ao certo a medida desse sentimento. Algo que foge aos limites do consciente,

desvairado, enlouquecedor e que, em alguns momentos de pouca lucidez, se torna “sem

mistério”, ou seja, vivido abertamente e, ao mesmo tempo, como algo “sem virtude”,

despojado do que é humano, permanecendo apenas no plano espiritual, como um êxtase,

algo que muito forte, “maciço”, para a vida inteira “e permanente”, duradouro, sem fim

para o eu-lírico.

Na quarta estrofe (2° terceto), temos a síntese desse amor total cantado pelo eu-

lírico, pois ele tende a sucumbir nesse amor, de modo tão intenso, que o que mais

importa para o mesmo é ter sentido esse amor de forma tal que se confunda existência

com realidade, a ponto de desejar estar na vida do ser amado “É que um dia em teu

corpo de repente”. No último verso do soneto (verso de ouro), há a revelação do eu-

lírico em relação a esse Amor Total, ou seja, o porquê de tanto amor, o porquê do desejo

19

de morrer e o porquê de ter amado mais do que podia ter amado. Para ele, esse amor só

se revela na sua plenitude quando se vive e se ama “muito e amiúde”, de modo

incondicional: “Hei de morrer de amar mais do que pude”. Neste ponto, temos um

paralelo entre AMOR (sentimento do eu-lírico) e AMAR (ação sentimental do poeta),

pois ambos vivem com muita intensidade as duas formas, sendo a primeira de modo

individual e intenso, ao passo que a segunda forma parece remeter aos vários

sentimentos, aos muitos amores vividos pelo poeta.

III – SONETO DE SEPARAÇÃO

a) Leia o Soneto de Separação, de Vinícius de Moraes.

Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente

b) Leia novamente o soneto, observando os elementos estruturais que compõem o texto

poético (rimas, estrofes, versos e esquema rimático).

Soneto de Separação (de repente)

1 De/ re/pen/te/ do/ ri/so/ fez/-se o/ pran/to A [ER] Interpoladas com

2 Silencioso e branco como a bruma B paralelas (ABBA)

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3 E das bocas unidas fez-se a espuma B A= pobre (subst+subst)

4 E das mãos espalmadas fez-se o espanto. A B= pobre (subst+subst)

5 De/ re/pen/te/ da/ cal/ma/ fez/-se o/ ven/to A [ER] Alternadas ou cruzadas

6 Que dos olhos desfez a última chama B (ABAB)

7 E da paixão fez-se o pressentimento A A= pobre (subst+subst)

8 E do momento imóvel fez-se o drama. B B= pobre (subst+subst)

9 De/ re/pen/te,/ não/ mais/ que/ de/ re/pen/te C [ER] misturadas e paralelas

10 Fez-se de triste o que se fez amante D ( para os tercetos)

11 E de sozinho o que se fez contente. C (1°terceto CDC )

12 Fez-/se/ do a/mi/go/ pró/xi/mo o/ dis/tan/te D (2°terceto DDC)

13 Fez-se da vida uma aventura errante D C= pobre (adv+adj+adv)

14 De repente, não mais que de repente C D= pobre (subs+subs+adj)

c) Em seguida, analise os níveis sintático, semântico e estilístico (figuras de linguagem)

Faça análise literária (externa e interna)

1) Qual o tema abordado no poema lido? Fale a respeito.

2) Explique a expressão “De repente”, presente várias vezes no poema e sua

relação com o tema.

3) Retire do texto as antíteses presentes e explique-as de acordo com a temática

abordada no poema.

4) Comente os tipos de rimas presentes nas duas primeiras estrofes (classificação),

citando-as.

5) Explique a função do “que”, como pronome relativo no primeiro terceto do

poema.

6) Explique o último verso do poema em relação ao tema abordado, bem como sua

classificação na teoria da versificação.

7) Como você relaciona a temática do poema com o existencialismo humano? Faça

um comentário em forma de texto de, no mínimo, 10 linhas.

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8) Agora é sua vez, com a expressão “De repente”, escreva, em forma de poema, o

que tal expressão sugere para você. Use sua imaginação poética.

IV – SONETO DE DEVOÇÃO

a) Leia o Soneto de Devoção, de Vinícius de Moraes.

Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria

E lúbrica em meus braços, e nos seios

Me arrebata e me beija e balbucia

Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia

Que se ri dos meus pálidos receios

A única entre todas a quem dei-os

Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama

A miséria e a grandeza de quem ama

E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! – uma cadela

Talvez... mas na moldura de uma cama

Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

b) Leia novamente o soneto, observando os elementos estruturais que compõem o texto

poético (rimas, estrofes, versos e esquema rimático).

Soneto de Devoção

1 Es/sa/ mu/lher/ que/ se ar/re/mes/sa/, fri/a A [ER] alternadas ou cruzadas

2 E lúbrica em meus braços, e nos seios B (ABAB)

3 Me arrebata e me beija e balbucia A A=rica(adj+v)

4 Versos, votos de amor e nomes feios. B B=rica(s+adj)

5 Es/sa/ mu/lher,/ flor/ de/ me/lan/co/li/a A [ER] interpoladas com

6 Que se ri dos meus pálidos receios B paralelas (ABBA)

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7 A única entre todas a quem dei-os B A= rica (s+v)

8 Os carinhos que nunca a outra daria. A B=rara (s+v+ pron)

9 Es/sa/ mu/lher/ que a/ ca/da a/mor/ pro/cla/ma C [ER] misturadas e cruzadas

10 A miséria e a grandeza de quem ama C ( para os tercetos )

11 E guarda a marca dos meus dentes nela. D 1°terceto(CCD)

12 Es/sa/ mu/lher/ é um/ mun/do! – u/ma/ ca/de/la D C=pobre (v+v+subst)

13 Talvez... mas na moldura de uma cama C D=rica (pron+subst+adj)

14 Nunca mulher nenhuma foi tão bela! D 2°terceto(DCD)

c) Em seguida, analise os níveis sintático, semântico e estilístico (figuras de linguagem)

Faça análise literária (externa e interna)

Neste poema temos, de forma nítida, a presença do existencialismo viniciano,

pois o poeta, através do eu-lírico e do fazer poético e da recriação artísticas dos fatos,

parece estabelecer uma relação entre sua vida pessoal, seus amores e o tema abordado

no poema que é o amor sensual, erótico, bem como a presença da mulher amada, que

fora sua eterna inspiração, tanto na poesia quanto na música, tornando-o um eterno e

inveterado amante de uma e de todas as mulheres ao mesmo tempo, um sempre

apaixonado, que procurou repassar, em suas produções artísticas, os seus sentimentos.

“Soneto de Devoção” é, portanto, um poema de caráter sensual, no qual o

poeta/eu-lírico, recria o erotismo a partir de uma forma clássica, o soneto, com uma

linguagem direta e explícita, usando uma temática do cotidiano e, ao mesmo tempo,

palavras clássicas.

Neste poema, temos a presença de uma “mulher” que vive o amor de forma

sedutora, apaixonante, sem pudor, “Essa mulher que se arremessa, fria”, que se entrega

ao amor de uma forma própria, única, constrangendo seu parceiro na hora da

intimidade, pois a mesma se joga, fala palavrões, “Me arrebata e me beija e

23

balbucia”/ “Versos, votos de amor e nomes feios”, e até mesmo ri da timidez de seu

amante “Que se ri dos meus pálidos receios”.

Essa mulher age assim com cada um que a procura para o amor, “Essa mulher

que a cada amor proclama”, pois é de cada um e do mundo, ao mesmo tempo,

comparada a uma “cadela” (no cio), “Essa mulher e um mundo! - uma cadela”, mas, ao

mesmo tempo, uma bela mulher, sensual, erótica, que deixa transbordar em si

mesma a personificação do amor, “EROS”, avassalador, do amor vassalo, escravo,

cantado nas cantigas medievais pelos trovadores e que, neste poema, é cantado por

Vinícius de Moraes. O eu-lírico refere-se à mulher com uma expressão anafórica no

início de cada estrofe: “Essa mulher...”. É quase como se fosse um ato devocional para

com a mulher amada. O eu-lírico revela-se dedicado totalmente e intensamente ao

momento que está com essa mulher, “E guarda a marca dos meus dentes nela”,

transformando-a ao final num quadro, numa moldura, “Talvez... – mas na moldura de

uma cama”, tornando-a como a mais bela entre tantas outras com as quais já estivera,

“Nunca mulher nenhuma foi tão bela”.

Os alunos deverão realizar uma pesquisa sobre a produção literária de Vinícius

de Moraes, especialmente enfocando sua temática e a importância de suas obras para a

literatura brasileira.

3.4. QUESTIONANDO O HORIZONTE DE EXPECTATIVA

Objetivos: - compreender, a partir do lirismo, o efeito poético provocado pelo texto

literário;

- aprender a sustentar, com firmeza e com sobriedade, seus pontos de

vista.

Os alunos serão questionados de forma que os mesmos possam demonstrar,

através das etapas anteriores, o que realmente assimilaram. Trata-se de um momento de

24

autoavaliação em que cada um exporá, através de textos escritos, suas reflexões e

sentimentos extraídos dos textos sugeridos, que os mesmos trouxeram-lhes e o

enriquecimento de seus conhecimentos.

Ainda nesta etapa, os alunos terão oportunidade de estabelecer comparações

quanto aos diferentes textos pertencentes ao gênero poesia, em especial os que

compõem o gênero lírico literário.

Nesta etapa, o aluno/leitor e, por conseguinte, escritor, fará uma autoavaliação

tomando por base as atividades desenvolvidas até o momento: o que de fato alterou,

modificou, acrescentou em seu conhecimento a respeito do assunto proposto; o que

sabia sobre o tema trabalhado e o que sabe nesse momento sobre o tema em discussão;

se de fato ampliou seus horizontes; se o grau de dificuldades diminuiu a partir das

atividades propostas. Após tais questionamentos entre professor e alunos, estes darão

suas opiniões em forma de texto escrito (“opinião”) sobre os passos até aqui

trabalhados.

Promoção de debates (modelo de grupo (GV+GO)

GV: grupo verbal, aquele que, num primeiro momento, fica encarregado de falar sobre

o tema proposto e as atividades até então realizadas, lembrando que esse mesmo grupo

também se tornará um GO;

GO: grupo que, num primeiro momento, observa e anota as falas do grupo GV. Em

seguida, esse mesmo grupo também se tornará um GV;

Os debates serão realizados de acordo com os itens trabalhados, ressaltando os

pontos positivos e/ou negativos do que fora desenvolvido nas etapas anteriores, sempre

observando o que realmente foi alterado, ou não, em relação ao conhecimento do aluno

com tais atividades. Para confirmação, os alunos, após debate, farão um texto por

escrito (“texto opinião”) com o que puderam assimilar nesta e em outras etapas.

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3.5 AMPLIANDO O HORIZONTE DE EXPECTATIVA

Objetivos: - produzir textos poéticos que levem a uma compreensão das

diferentes manifestações de linguagem como maneiras de dizer e de (re)

significar o mundo à sua volta.

-pesquisar sobre o poeta Vinícius de Moraes, a Bossa Nova, o

Existencialismo, o gênero lírico e a poesia lírica;

-dramatizar poemas que falem sobre o tema trabalhado nos textos

selecionados para análise no Projeto de Implementação na Escola,

músicas que revelam e falam do existencialismo na poética de Vinícius

de Moraes e situações que possam contribuir nas atividades práticas dos

alunos;

-realizar atividades de produção de textos poéticos individuais e

coletivas, ilustrações dos textos produzidos e do poeta estudado,

atividades em grupos como a montagem do varal de poesias e proposta

de um sarau (com apresentações de músicas, declamações de poemas,

instrumentais e outros).

Após realização das etapas anteriores, o que esperamos dos alunos é que os

mesmos sintam que não fora apenas mais uma atividade escolar, conteudista, mas sim

uma busca interior, uma tomada de consciência individual e coletiva, partindo do seu

próprio “eu”, envolvidos num mundo que proporciona os mais diferentes sentimentos e

que, para alguns, se torna tão obscuro, porém necessário que se deixem expor a outros

de modo reflexivo e consciente. O ato de falar através da escrita sobre algo que se julga

oculto, não significa declarar o que é real, mas sim se encontrar através de palavras

poéticas. É dizer aos futuros leitores que eles têm sentimentos próprios e que estes são,

em determinados momentos, de todos.

Nesta etapa, o aluno/leitor colocará em prática todas as outras etapas com a

criação de novos textos poéticos sobre o tema trabalhado nos poemas, música e filme.

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Será proposta uma atividade de produção de texto “gênero poesia” como forma

de avaliação, na qual os alunos poderão expor duas formas de textos: na primeira, em

grupo, a produção de um poema/soneto, obedecendo à sua essência que é a mensagem a

ser transmitida e aos elementos de estrutura fixa: o lirismo poético, as rimas, quartetos,

tercetos e versos decassílabos; na segunda, cada aluno produzirá seu poema de forma

livre, no qual o mesmo exporá todo o lirismo, refletindo todas as formas de sentimentos,

porém não fugindo do gênero poesia. Os textos poéticos produzidos pelos alunos

deverão levar a uma compreensão das diferentes manifestações de linguagem como

maneiras de dizer e de (re) significar o mundo à sua volta.

Após a realização das atividades desta etapa, será feita a correção dos textos e

devolvidos aos alunos (grupo e individual) para digitação e ilustração dos poemas para

serem expostos à comunidade escolar em forma de “Varal de poemas”, sendo que, nessa

oportunidade, os alunos explicarão os passos trabalhados e a conclusão que cada um

chegou ao final das atividades. Para finalizar, haverá apresentações artísticas pelos

alunos com músicas do poeta Vinícius de Moraes, bem como dramatizações de outros

poemas do referido poeta que se relacionam ao tema abordado durante as atividades

propostas.

Após a produção de textos poéticos pelos alunos, para finalizar, serão elaboradas

algumas atividades em grupo, tais como:

- Dramatização, declamação e musical de poemas vinicianos aos colegas de sala e de

outras séries.

- Inter-relação entre a Literatura e Arte através de desenhos ilustrativos nos textos a

partir do tema abordado nos textos produzidos pelos alunos.

- Varal de Poemas e produção de um Sarau, no qual os alunos farão exposição de seus

textos poéticos e outras atividades que correspondam à proposta de trabalho à toda

comunidade escolar e convidados.

- Classificação dos melhores poemas (um de cada série) e escolha do melhor para

publicação em jornal da cidade.

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Os alunos participarão da montagem do Varal de Poemas, no qual serão

expostos seus textos.

No Sarau, serão realizadas dramatizações dos textos e apresentações de músicas,

ao estilo do Romantismo, como atividade final do projeto de implementação na escola.

4. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Os critérios das avaliações estarão de acordo com o desenvolvimento das

atividades (em cada etapa), pois a cada etapa trabalhada será feito um tipo de avaliação

seguindo o que fora desenvolvido na mesma, portanto, de modo contínuo.

5. AVALIAÇÃO

Ao final das atividades propostas durante a implementação do projeto na escola,

será feito uma apresentação por parte dos alunos, exposição de suas produções de textos

poéticos, envolvendo Arte e Literatura, com declamações, ilustrações, músicas,

dramatizações e outros, todas ligadas ao tema trabalhado durante as atividades do

projeto. A atividade final, “Varal de Poemas e Sarau”, será a avaliação geral final da

implementação do projeto na escola, seguida de relatos dos participantes (alunos,

professores e comunidade escolar/visitantes) e relatório final dos resultados obtidos pela

professora que aplicou o projeto (PDE).

6. REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do

Leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Hucitec, 1999.

CARA, Salete de Almeida. A Poesia Lírica. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1989.

ISER, Wolfgang, O Ato da Leitura: uma teoria do Efeito Estético. V. 1. São Paulo:

Editora 34, 1996.

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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. DCEs da Língua Portuguesa. Curitiba:

SEED, 2008.

ZILBERMAN, Regina: Estética da Recepção e História da Literatura. São Paulo:

Ática, 1989.