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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 · O que lhe sugerem as palavras "diamante" e "vidraça" no poema Cigarra? Faça associações, use sua imaginação! Cigarra Diamante. Vidraça

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

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ME I

I

Nelci Peripolli Godinho

Título: Poemas: linguagem da alma

Área: Literatura

Dizem que uma imagem vale por muitas palavras...

magem vale por muitas palavras...

E uma palavra... tem o poder de evocar muitas imagens?

Que imagem você constrói ao ler esse poema?

A leitura de um poema é uma experiência mais complexa do que a de textos

comuns, não-literários. Para ler e interagir com os poemas, precisamos ir além do

sentido usual das palavras, pois neles as palavras são empregadas com sentido

figurado, diferente do convencional. A seleção e a combinação de palavras em um

poema não se dá apenas pela significação, mas pelo poder sugestivo que carrega

consigo, o que lhe confere a plurissignificação.

Essas palavras, dispostas artisticamente, sem preocupação de seguir as

convenções da língua, tornam o poema aparentemente caótico, quando na verdade

são organizadas de maneira especial pelo poeta, a fim de exteriorizar, de um modo

particular e surpreendente, seus sentimentos mais íntimos, seja ele uma

perplexidade, um encantamento, uma visão frente aos fatos, seres e coisas que o

circundam.

Ler um poema não é procurar adivinhar seu significado como se fosse uma

charada, requer um exercício de reflexão sobre as imagens, figuras e outros

diversos recursos que a constituem poética. Você vai perceber que no poema as

palavras não dizem, elas insinuam! Por isso vale a pena estudar a incrível linguagem

da poesia, observando que seu poder sugestivo, quase mágico, está nas

construções metafóricas.

O que lhe sugerem as palavras "diamante" e "vidraça" no poema

Cigarra? Faça associações, use sua imaginação!

Cigarra

Diamante. Vidraça.Arisca, áspera asa riscaO ar. E brilha. E passa.

(Guilherme de Almeida)

Poesia e poema não são a mesma coisa!

Poesia e poema não significam, necessariamente a mesma coisa, embora

comumentemente se use a palavra poesia também para referir-se a poema. Poesia

é aquele toque no espírito que provoca emoção e prazer estético. A poesia está nos

textos, nas coisas e nos seres à espera de um olhar sensível que a perceba...

O que é mais poético ao seu olhar? É fácil explicar por quê?

Você já sabe o que é poesia, como você pode definir poema?

Por falar em poesia, você já leu a belíssima obra O Carteiro e o Poeta? É um

romance que traz a questão poética ao narrar a história de uma crescente amizade

entre um carteiro (Mário) e um poeta (Pablo Neruda), motivada pelo desejo do

carteiro aprender poesia para conquistar sua amada Beatrice. Além de belos

poemas de Neruda, o romance encanta por mostrar que é perfeitamente compatível

a amizade entre pessoas com nível de formação escolar tão diverso. Em uma cena,

nas páginas iniciais, Pablo Neruda, ao perceber que o carteiro permanece ali,

angustiado e "parado como um poste" depois de ter-lhe entregado uma carta, inicia

um diálogo, embora impaciente, que vem a ser as primeiras sementes poéticas que

vão brotar na imaginação de Mário:

−Como é, Dom Pablo?!

−Metáforas, homem!

−Que são essas coisas?

O poeta colocou a mão sobre o ombro do rapaz.

− Para esclarecer mais ou menos de maneira imprecisa, são modos de dizer uma coisa comparando-

a com outra.

−Dê-me um exemplo...

Neruda olhou o relógio e suspirou.

−Bem,quando você diz que o céu está chorando. O que é que você quer dizer com isto?

−Ora, é fácil! Que está chovendo, ué!

−Bem, isso é uma metáfora.

−E por que se chama tão complicado, se é uma coisa tão fácil?

−Porque os nomes não têm nada com a simplicidade ou complexidade das coisas.

Em outro momento, o poeta para incentivá-lo na criação de metáforas,acaba declamando um

poema:

−Olha este poema: Aqui na ilha, o mar, e quanto mar. Sai de si mesmo a cada momento. Diz que

sim, que não, que não. Diz que sim em azul, em espuma, em galope. Diz que não, que não. Não

pode sossegar. Chamo-me mar. Repete batendo numa pedra sem convencê-la. E então, com sete

línguas verdes, de sete tigres verdes, de sete cães verdes, de sete mares verdes, percorre-a, beija-a,

umedece-a e golpeia-se o peito repetindo seu nome.

Fez uma pausa satisfeito.

−O que você acha?

−Estranho.

−"Estranho". Mas que crítico mais severo!

....................................................................................................................................

−Como posso explicar? Quando o senhor dizia o poema, as palavras iam daqui para ali.

−Como o mar, ora !

−Pois é, moviam-se exatamente como o mar.

−Isso é ritmo.

−Eu me senti estranho, porque com tanto movimento fiquei enjoado.

−Você ficou enjoado...

−Claro! Eu ia como um barco tremendo em suas palavras.

As pálpebras do poeta se despregaram lentamente.

−"Como um barco tremendo em minhas palavras".

−Claro!

−Sabe o que você fez, Mário?

−O quê?

−Uma metáfora.

−Mas não vale porque saiu por acaso.

−Não há imagem que não seja casual, filho."

(SKÁRMETA, A. O carteiro e o poeta. Rio de Janeiro: Record, 1996.)

Pablo consegue fazer com que Mário se expresse usando a metáfora, recurso

estilístico essencial na linguagem poética. A partir do diálogo entre os dois

personagens, elabore uma definição para metáfora.

Pesquise e copie em seu caderno definições para outras figuras metafóricas

freqüentes em poemas: comparação, sinestesia, metonímia, prosopopéia,

antítese, oxímoro.

Metáfora

Origem da palavra: do grego "metaphorá", em latim "metaphora"= meta: mudança,

além, transcendẽncia + fora: outro lugar, parte exterior.

Quando falamos que o poema é construído com linguagem figurada, estamos

dizendo que é uma construção metafórica. Metáfora, como figura, pode ser

identificada em um verso, mas denomina também todo o processo de criação de

imagens que representam ideias não-objetivas. Às vezes, o poema todo é uma

grande figura.

Metáfora tem um sentido amplo, ela abrange todas as outras figuras. Quando

o carteiro associa o significado de "o céu está chorando" com "está chovendo", ele

está "decifrando" uma outra metáfora: a prosopopéia. A comparação “...ia como um

barco tremendo em suas palavras.” é uma metáfora que utiliza termos comparativos

específicos.

A alteração de significado das palavras baseia-se sempre em algum tipo de

relação entre o significado comum e o inusitado. Você pode perceber que uma

palavra é metafórica quando, em dado contexto, a leitura do termo no seu sentido

próprio fica inadequada, por exemplo, o termo chorando como "ato de chorar" é

inadequado na frase "o céu está chorando", pois o céu não chora. No entanto, lido

como chovendo, percebe-se uma relação de sentido: chorar e chover tem em

comum a imagem de gotas de água caindo, escorrendo.

Muitos poetas contemporâneos optam por uma linguagem com poucas

imagens e metáforas, mas nem por isso deixam de obter belíssimos poemas! Isso

quer dizer que a metáfora não é a única a garantir qualidade estética, há outros

recursos que também o garantem.

Leia o poema:

Impressionista

Uma ocasião,

meu pai pintou a casa toda

de alaranjado brilhante.

Por muito tempo moramos numa casa

como ele mesmo dizia,

constantemente amanhecendo.

Adélia Prado transforma em poesia

um fato prosaico (pintar a casa)

através do uso de uma metáfora.

Identifique-a.

Use o mesmo procedimento e

poetize um aspecto do seu

cotidiano!

O poder sugestivo das palavras

Num poema as palavras são organizadas de maneira a criar significados

capazes de transmitir sentimentos, ideias, desejos, emoções e pensamentos e

podem ser selecionadas de tal modo que sugerem formas, cores, movimentos, sons

que possibilitam a ampliação da leitura. Observe que a linguagem metafórica nos

versos de Neruda foi tão bem trabalhada que teve um forte poder de sugestão sobre

Mário fazendo-o sentir o movimento do mar a ponto de sentir enjôo.

Pesquise e traga para a sala o poema “O Relógio”, de Oswald de Andrade.

Vamos observar como ele trabalhou a linguagem para descobrirmos que

movimento ele sugere e o que ele metaforiza.

As metáforas da vida

Algumas metáforas podem nos levar a refletir, revelando muito de nossa história

social. Leia a letra da canção de Erasmo Carlos e Narinha.

Mulher (sexo frágil)

Dizem que a mulher é sexo frágil

Mas que mentira absurda

Eu que faço parte da rotina de uma delas

Sei que a força está com elas

......................................................................

Quando eu chego em casa à noitinha

Quero uma mulher só minha

Mas pra quem deu luz não tem mais jeito

Porque um filho quer seu peito

O outro já reclama a sua mão

E o outro quer o amor que ela tiver

Quatro homens dependentes e carentes

Da força da mulher

............................................................

Mulher, mulher

Na escola que você foi ensinada Jamais tirei

um dez. Sou forte mas não chego aos seus

pés

O autor se posiciona contra o sentido da metáfora "mulher é sexo frágil". Que

sentido tem essa metáfora?

Você concorda que a mulher é sexo frágil, ou, como diz o autor, isso é uma

mentira absurda?

Leia o texto abaixo antes de responder a questão que segue:

A mulher descrita no poema é de família patriarcal ou burguesa?

Durante o século XIX, a sociedade brasileira sofreu uma série de

transformações dentre as quais o surgimento de um novo tipo de família, a

burguesa, que veio reorganizar as vivências familiares e domésticas, fazendo surgir

uma nova mulher, agora valorizada como mulher e como mãe. Segundo Maria A.

D'Incao, "um sólido ambiente familiar, o lar acolhedor, filhos educados e esposa

dedicada ao marido, às crianças e desobrigada de qualquer trabalho produtivo

representavam o ideal de retidão e probidade, um tesouro social imprescindível."

(D'INCAO,2007).

Era quase inexistente a vida urbana no início do século XIX. A condição

feminina, na chamada família patriarcal brasileira, era determinada pelo pai,

detentor de enorme poder sobre seus dependentes, agregados e escravos.

O sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre

analisa que no regime patriarcal "o homem faz da

mulher uma criatura tão diferente dele quanto possível.

Ele, o sexo forte, ela, o fraco; ele o sexo nobre, ela o

belo." (FREYRE,G. Cap. IV,1998). Segundo o autor, o

culto do "belo sexo" (mulher delicada, franzina, frágil

apertada em espartilhos) colaborava, na verdade, para o homem sentir-se mais

sexo forte, nobre, dominador exclusivo dessa sociedade "meio morta", tornando a

mulher de senhor de engenho, de fazenda, e ainda mais a de sobrado, um ser

social mórbido, "boneca de carne do marido" ou do pretenso namorado que a

cortejava sutilmente sob os grandes sobrados. É característico o padrão duplo de

moralidade na sociedade patriarcal ou semipatriarcal, dando ao homem todas as

liberdades de gozo físico do amor e limitando o da mulher à obrigação de conceber

e ter filhos. E ainda dando ao homem as oportunidades de iniciativa e amplos

contatos sociais, e à mulher, limitando-os à esfera doméstica e religiosa.

Pesquise acerca do histórico preconceito que recai sobre a mulher como

“sexo frágil”. Colete informações em fontes diversas e reelabore-as dando um

toque pessoal à linguagem. Faça ilustrações relacionadas ao assunto. Deixe

seu trabalho exposto em painel.

Produza ou pesquise um poema que tematize a mulher e traga para a sala.

Faça uma leitura do poema de Carlos Drummond de Andrade, analisando as

metáforas a partir do contexto da sociedade patriarcal:

Órion

A primeira namorada, tão alta

que o beijo não a alcançava,

o pescoço não a alcançava,

nem mesmo a voz alcançava.

Eram quilômetros de silêncio.

Luzia na janela do sobradão.

Ah, os sonetos

Um texto literário é produto do trabalho que o escritor faz com a linguagem de

modo a obter os efeitos estéticos que tem em mente. Observe o poema de Vinícius

de Moraes:

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente

fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.

A linguagem metafórica desse soneto é muito rica. O uso da metáfora

assinala de modo enfático a surpresa do homem diante da ruptura de uma situação,

no caso, de um relacionamento afetivo. Há um jogo de antíteses do início ao fim que

enfatiza as duas situações completamente distintas: o antes e o depois da

separação, tornando quase palpável a intensidade lírica com que o eu-lírico abre sua

alma. Sobressai-se ainda a metonímia .

Identifique -a nos versos da 1ª e 2ª estrofes e explique-a .

Haicai: cor, sabor, som..

Para a poeta Alice Ruiz, haicai “é uma fotografia em palavras”. Nele a

metáfora, a comparação, a prosopopéia e a sinestesia são comuns. Observe a

leveza que essas figuras provocam nos belos haicais de Delores Pires:

Inverno

Os telhados brancos

lembram lençóis estendidos

na paisagem fria

Orquestra

Natural orquestra

toca no quente verão:

canto de cigarra

Veja outro haicai de Guilherme de Almeida:

O haicai

Lava, escorre, agita

a areia. E enfim, na bateia,

fica uma pepita.

O autor descreve metaforicamente o processo de criação

de um haicai.

Faça uma leitura do poema considerando essa

afirmação.

Compare o haicai “Cigarra” com os de Delores Pires,

observando semelhanças e diferenças.

Você também pode criar belos haicais!

Volte às fotografias na página 2 e deixe que elas falem ao seu olhar. Ou

procure em seus “arquivos mentais” uma imagem ou um momento poético

vivido por você. Descreva-a normalmente. Depois vá “movimentando a

bateia”, como ensina o poeta. Siga a forma de terceto e tente se aproximar da

métrica 5-7-5.

Ilustre o haicai usando as formas, as cores, impressão de volume, de sombra,

e de outros recursos das Artes, como se fosse uma fotografia. Deixe seu

trabalho exposto na escola, para ser apreciado por quem quiser. Socializem a

produção lendo seu poema para os colegas.

Leia e saiba mais sobre haicais: http://kakinet.com/caqui/nyumon.htm

A metáfora e a voz do tempo.

As leituras possíveis de cada obra estão vinculadas ao momento histórico,

social e cultural do autor e do leitor. Quando dizemos que um poema se relaciona

com a história, não queremos dizer que eles narram fatos históricos de um país, mas

que revelam os ideais, as concepções os anseios e os temores do poeta ou de um

povo numa determinada época, de modo mais ou menos direto ou figurado,

metafórico. No poema a seguir, Affonso Romano de Sant'Anna solta o seu grito, num

belo trabalho com a linguagem. Leia alguns fragmentos:

A implosão da mentira

Mentiram-me.

Mentiram-me ontem

e hoje mentem novamente.

Mentem de corpo e alma completamente.

E mentem de maneira tão pungente

que acho que mentem sinceramente.

Mentem sobretudo impunemente.

...........................................................

Mentem, mentem e calam

mas nas frases falam e desfilam de tal modo nuas

que mesmo o cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas.

Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura,

mas não se chega à verdade pela mentira

nem à democracia pela ditadura.

Evidentemente a crer que uma flor nasceu em Hiroshima

e em Auschwitz havia um circo permanentemente.

...........................................................

Mentem partidariamente,

mentem incrivelmente,

mentem tropicalmente,

mentem hereditariamente,

mentem, mentem e de tanto mentir tão bravamente

constróem um país de mentiras diariamente.

A indignação do poeta é tanta que abre o poema com seu grito: mentiram-me.

Com a intenção de intensificá-la, usa artisticamente a repetição do verbo mentir ao

mesmo tempo em que faz intenso uso de advérbios terminados em –mente.

Você observa um outro efeito provocado pelo recurso da repetição?

Como se explica o oxímoro: “e mentem de maneira tão pungente que acho

que mentem sinceramente”?

A metáfora, muitas vezes, garante universalidade ao texto, ou seja, liberta o

texto do espaço temporal em que foi criado, presentificando seu sentido.

Você diria que esse poema, publicado em diversos jornais nos anos 80, é

atual? Em outras palavras, tem a ver com a realidade de hoje?

Pesquise na internet e traga para a sala o poema completo. Acesse:

http:// www.releituras.com/arsant_implosao.asp

No poema você pode perceber que as palavras do poeta servem de reflexão

e crítica de uma época, importando considerar o contexto político-social dos anos

60-80 para que se vá além de uma leitura imediata. Esse contexto foi marcado pela

ditadura militar que, no Brasil, teve início em 1964, quando os militares passaram a

governar o país, e só em 1984 daria lugar ao restabelecimento da democracia.

Caracterizou-se pela falta de democracia, censura, perseguição política e repressão

aos que eram contra o regime militar e desrespeito aos direitos constitucionais. No

período dos “anos de chumbo” todas as formas de expressão artística foram

censuradas levando escritores e compositores a abusarem da linguagem figurada

para dar o seu grito.

Leia um depoimento do autor de “Implosão da mentira”:

“Nos anos 80, ainda no impacto da ditadura do governo Figueiredo, quando se percebeu

que o episódio do Riocentro era uma grande mentira, surgiu em mim uma compulsão de

escrever não simplesmente uma crônica, um poema para uso interno, mas publicar uma

poesia em um jornal de larga circulação. O resultado me surpreendeu como autor, pois a

poesia, sempre isolada, restrita, no entanto dialogou com uma platéia muito grande.

Lamento que hoje, 16 anos depois, este poema continua atual neste país.”

(Jornal Mundo jovem – nov.2001).

Pesquise sobre o escritor e sobre o episódio do Riocentro, atentando para o

que este significou ao Brasil.

Em grupo, façam um levantamento das mentiras que aconteceram

recentemente no país. Montem um painel com manchetes, recortes de jornais

e revistas que justifiquem os dois últimos versos do fragmento. Deixem

exposto na sala.

Em grupo, preparem-se e apresentem uma leitura expressiva do poema

completo.

Sugestão :Reflita sobre a letra da música “Cálice”, de Chico Buarque, e considerando o

contexto da ditadura, procure desvendar algumas metáforas!

Os poemas dizem o mundo

Ainda há quem conviva com o preconceito de que poema é coisa

“melosa” e piegas, restringindo a idéia de emoção a sentimentalismo

amoroso. Mas emoção vai muito além disso! Abarca todas as experiências

psíquicas, sejam os mais profundos sentimentos e sensações, sejam as mais

variadas reflexões e concepções de mundo. É essa variedade de emoções que

a linguagem metafórica evoca em poemas que falam de amor, de angústias, de

guerras, de esperanças. Que falam de vida ou de morte. Que encantam ou que

chocam!!!

O desafio é ver na poesia um canteiro de girassóis cujas sementes

brotam sob o quente sabor do saber!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA,Guilherme de. Poesia Vária. 2.ed. São Paulo: Livraria Martins

Editora,1963.

SKÁRMETA, António. O carteiro e o Poeta. Rio de Janeiro: Record, 1986.

MORAES, Vinícius de. Antologia poética. 13. ed. Rio de Janeiro: J. Olímpio, 1976.

SANT'ANNA, Affonso R. de . A implosão da Mentira. In: MUNDO JOVEM. A poesia

que existe dentro de cada um. Ed. nº 322, nov/2001.Viamão:Editora da PUCS, 2001.

ANDRADE,C. Drummond. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1973.

PRADO. Adélia Poesia Reunida. São Paulo: Arx, 1991.

PIRES, Delores, O livro dos haicais. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001.

GOLDSTEIN, Norma. Versos, Sons e Ritmo. 3. ed. São Paulo: Ática, 1986.

FREIRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos.10. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

D'INCAO, M. Angela. Mulher e família burguesa. In: PRIORE, Mary Del. História

das Mulheres no Brasil. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2007.

On line:

CARLOS, Erasmo. Mulher. http://www.erasmocarlos.com.br/letras31.asp?id=4.

Acesso em 01/11/2007.