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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
Luciana Emília Rohde
REGIÃO OESTE PARANAENSE: por uma história de sua cultura
Luciana Emília Rohde1 Valdir Gregory2
Resumo O presente artigo pauta-se em um trabalho didático-metodológico estruturado na forma de Caderno Pedagógico, fundamentado nas Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica, desenvolvido nas aulas de História do Paraná, com alunos da 8º série do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Jardim Gisele. As atividades tiveram como tema principal a Construção de um Ideário da Cultura Paranaense na Região Oeste. O objetivo central foi proporcionar parâmetros e temáticas para fundamentar os estudos da questão relacionada aos símbolos regionais, empregando como fonte as representações imagéticas presentes em obras paranaenses, filmes e materiais de divulgação das festas populares. O uso da iconografia como metodologia pedagógica apropriada dinamizou as aulas e facilitou a compreensão dos fatos históricos. Proporcionou outra forma de leitura da história, com códigos e signos especiais, estimulando o interesse dos alunos pelos fatos históricos paranaenses e mostrando que são sujeitos integrantes da história. Palavras-chave: cultura; oeste paranaense; imagens.
WESTERN REGION PARANAENSE: for a history of its culture
Abstract This article is based in a didactic work and methodological structured as a notebook Teaching, based on Curricular History Guidelines for Primary Education, developed in the history lessons of Paraná, with students from 8th grade on the State College Gisele Garden. The activities had as its main theme Building a Culture of Mentality Western Paranaense in the Western Region. The
1 Professora da disciplina de História na Rede Pública Estadual de Ensino do Estado do Paraná, atuante no Colégio E. Jardim Gisele - Núcleo Regional de Toledo. Concluinte do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009. 2 Orientador Doutor em História Social. Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Regional do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: história, colonização, oeste do Paraná, migrações, identidades e colono.
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Luciana Emília Rohde
main objective was to provide parameters to support for the thematic studies of the issue concerning to the regional symbols, using as sources the representations of the images present in Paranaenses works, films and promotional materials for popular festivals. The use of iconography was an appropriate teaching methodology in the history lessons of Paraná, as eg simplifying and facilitating the understanding of historical facts. It provided another way of reading history, with special codes and signs, stimulating the students interests's in historical facts and the Paraná and showing that they are subjects from history. Keywords: culture; western parana; images. 1 Introdução
A opção deste trabalho de buscar conhecer as representações
culturais do Oeste do Paraná se deu em função de perceber que algumas
obras paranaenses, ao recontarem a história do Estado, representaram cada
região utilizando-se de símbolos regionais.
Esses símbolos construíram, assim, um ideário de cultura
paranaense, como percebido no livro de Maria Auxiliadora Schmidt, Histórias
do Cotidiano Paranaense, que representou a região Oeste como sendo
formada por missionários jesuítas e povos indígenas, pois utilizou como
símbolos a igreja, a aldeia indígena e um barco de pescador, o que acabou por
construir um ideário cultural para aquela região.
Este cenário montado cria valores de e para uma região, que
constroem certo imaginário, o que estimulou ainda mais o interesse no
desenvolvimento deste trabalho, com um roteiro de pesquisas, leituras e
reflexões desenvolvidas com o apoio do professor orientador, do NRE de
Toledo - na pessoa da técnica disciplinar de História, professora Adriane
Mallmann Eede - e professores cursistas do GTR (Grupo de Trabalho em
Rede) inscritos no curso “Região Oeste Paranaense – Por uma História de sua
Cultura”.
Como resultado das pesquisas e dos demais trabalhos do
grupo foi montado um Caderno Pedagógico, estruturado com três unidades,
fundamentado nas Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica
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Luciana Emília Rohde
(2008), com o objetivo central de proporcionar parâmetros e temáticas para a
intervenção pedagógica, bem como fundamentar a pesquisa que propõe
analisar e compreender representações da cultura local e da cultura geral, com
a implementação de propostas metodológicas aliadas às tecnologias, na
perspectiva de melhorar a qualidade do ensino de História do Paraná nas
Escolas Públicas do nosso Estado.
2 O Ensino de História do Paraná
A partir de 2003 o Paraná começou a discussão envolvendo
os professores da rede estadual para a formulação das Diretrizes Curriculares
Estaduais – DCEs.
No contexto da inclusão social, as Diretrizes consideraram a
diversidade cultural e a memória paranaense. Para tanto, tem destaque a
necessidade de cumprimento da Lei Estadual nº 13.381/01, que tornou
obrigatório no Ensino Fundamental e no Ensino Médio da Rede Pública
Estadual os conteúdos da disciplina de História do Paraná.
Gevaerd (2003, p. 02), na sua dissertação de mestrado, diz que:
A História do Paraná enquanto saber escolar começou a se constituir no final do século XIX, quando apareceram as primeiras manifestações de um ensino voltado para o estudo de conteúdos sobre a história do Estado. O modelo educacional vigente seguia uma organização curricular conteudista, dividindo espaço com a História Pátria, tendo um discurso político nacionalista.
Na década de 50, houve a implantação do ensino integrado
aos Estudos Sociais, no qual se enalteciam os homens pelo seu trabalho e
superação dos obstáculos.
Em 1971, por força da Lei nº. 5.692, instituiriam-se os
Estudos Sociais no Ensino do, com uma prática pedagógica pautada na
transmissão de conteúdos selecionados e sedimentados pelos livros e manuais
didáticos. Primeiro Grau
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Luciana Emília Rohde
O ensino da História durante o período do Regime Militar
foi efetivamente político, centrado no estudo de fontes oficiais, mostrado de
forma linear, cronológica, harmônica e factual, com grandes heróis a serem
seguidos e não contestados pelas novas gerações. O ensino não abria espaço
para análise e interpretações dos fatos e o Estado figurava como principal
sujeito histórico.
Na década de 90, a História do Paraná aparecia como
estudo de caso, deslocada dos grandes blocos de conteúdos, os quais eram
mostrados com pouca relevância nos contextos estudados.
Em 1993, tem início o funcionamento do Colégio Estadual
Jardim Gisele3, com o atendimento de 5ª e 6ª séries, nos períodos matutino e
noturno, com a implantação de forma gradativa. No ano de 1999, devido à
grande demanda da comunidade, foi implantado o Ensino Médio também de
forma gradativa, no período noturno.
Atualmente o Ensino Fundamental de (5o a 8o série) é ofertado
no período diurno e o Ensino Médio nos períodos diurno e noturno, atendendo
na educação inclusiva alunos portadores de necessidades especiais, sendo
que a maior concentração é constituída por alunos surdos, que estudam no
período matutino, assistidos pela presença de uma intérprete em cada sala.
Há um total de 401 alunos, que na sua maioria são oriundos
dos bairros circunvizinhos ao colégio. Além disso, somam-se também alunos
surdos de outros bairros distantes e de outros municípios tais como: São José
das Palmeiras, Maripá, São Pedro do Iguaçu, Ouro Verde, Marechal Cândido
Rondon.
Com a meta de instigar a necessidade de reformas
pedagógicas, o projeto estimulou as reflexões acerca de um espaço onde se
possa viver a expressão, a criação e as experiências de vida da nossa região
Oeste paranaense, relacionada com o contexto sociocultural dos alunos, por se
tratar de maneiras mediadoras entre os seus imaginários sociais e individuais,
e da cultura da qual fazem parte.
3 Local de implementação do projeto. Está localizado na rua Princesa Isabel, nº 350, Bairro Jardim Gisele, Município de Toledo, NRE-Toledo, Estado do Paraná.
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3. Material Didático
Figura 1 – Caderno Pedagógico
Fonte: A autora, 2011
O material didático-pedagógico elaborado em forma de
Caderno Pedagógico, durante a implementação e o desenvolvimento do projeto
contemplou, do objetivo mais geral, outros objetivos específicos. A saber:
1 – Utilização das imagens como: linguagem apropriada;
recursos didáticos e fontes documentais no ensino da História do Paraná, para
compreender a representação no processo de construção de um ideário
cultural paranaense.
2 – Provocação de situações referentes à aprendizagem nos
diferentes níveis da realidade mundial com enfoque regional, destacando
aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Despertar no aluno o
interesse em resolver questões significativas para sua vida pessoal e coletiva,
já que é sujeito integrante da história.
3 – Conciliação na utilização das imagens aos recursos
tecnológicos disponíveis no colégio, despertando no aluno um comportamento
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participativo, criativo e interessado pela história do Paraná e da região onde
mora e desenvolve sua cultura.
4 – Levantamento, seleção e leitura do acervo bibliográfico
disponível no colégio, encaminhando os alunos para a iniciação à pesquisa e
exploração do ambiente em que vivem por meio dos diversos métodos de
pesquisa e registro das atividades.
5 – Confecção do material didático-pedagógico em forma de
álbum a partir de imagens levantadas e selecionadas.
6 - Encaminhamentos dos alunos a um processo ativo do
conhecimento, apropriação e valorização de sua herança histórica.
7 – Estímulos no espaço escolar à criação de um ambiente
mais humano e criativo.
Tendo como base norteadora o trabalho de Martins (2009) em:
“Algumas idéias para uma prática mais criativa nas aulas de Língua
Portuguesa”, os procedimentos metodológicos adotados para melhor
desenvolvimento das atividades foram:
a) Apresentação da professora e do projeto - feita com uma
atividade muito criativa, alegre e coerente, por meio de um videoclipe de Chico
Rey e Paraná (Paraná Querido) com mensagem de otimismo e enaltecimento
do nosso estado paranaense, deixando os alunos entusiasmados para
participarem das aulas.
b) Postura ao longo do período de desenvolvimento do
projeto: manteve-se o espírito aberto ao fluir da criatividade. Esta foi
incentivada e trabalhada. Por vezes, fez-se necessário acordar e concretizar os
"5 minutos antes da Ordem do Dia". Foi um momento de expressão das
emoções e tensões dos alunos, o qual ajudou a estruturar a responsabilidade e
a alicerçar a cooperação para o resto da aula.
c) Método de Investigação: partir de situações problemas,
ideias prévias. Metacognição: momento de investigação do aprendizado
histórico dos alunos. É o momento em que os alunos puderam compreender se
aprenderam e como aprenderam sobre a cultura da região Oeste do Paraná.
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Por meio da comparação com as ideias prévias produzidas no inicio do projeto,
perceberam, então, as mudanças nas suas ideias históricas.
d) Uso da imagem como metodologia pedagógica apropriada:
na utilização das imagens, como linguagem, foram consideradas as
características da cultura, refletindo sobre a educação da visualidade, pois, a
educação da cultura visual possui como objetivo mediar os múltiplos olhares
dos alunos, instigando-os a desenvolver seu senso de responsabilidade
perante as influências das imagens. Uso de figuras e panfletos como forma de
dinamizar a expressão imagética: o uso das figuras e panfletos não pretendeu
limitar o livre fluir das idéias dos alunos, mas tão só espicaçá-los para os
incontáveis caminhos que podemos percorrer ao escrever uma história.
e) Uso de suportes tecnológicos variados (TV Multimídia; CD;
vídeo e; imagens variadas): a imagem aparece na busca de compreender
como se escreveu a história da nossa região, através do conjunto de
fenômenos que constituem a cultura histórica de uma época.
f) Desenhos: foram normalmente bons incentivos
motivacionais para os alunos. A presença do lápis de cor, da régua e da
criatividade artística foi, neste domínio, fundamental.
g) Uso da biblioteca: estimulou a convivência em grupo e com
um ambiente diferenciado da sala de aula. Foi ideal para leituras, estudos e
pesquisas.
h) Grupos opostos com situações polêmicas, em que as
personagens tomam atitudes contrárias: desenvolveu o espírito crítico, a
capacidade de argumentação e a expressão da oralidade na leitura de uma
imagem ou texto.
i) Uso do laboratório de informática e incentivo à pesquisa na
Internet: o uso casado da Internet com os recursos básicos na sala de aula foi
possível e necessário. A Internet revolucionou o mundo. Não há como deixar
de reconhecer as mudanças efetivadas pelo surgimento da rede mundial de
computadores e a entrada das Tecnologias de Informação e Conhecimento
(TICs) na escola.
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j) Recolhas dos panfletos: a recolha de panfletos com
acontecimentos regionais, realizada pelos alunos, foi sempre enfatizada pelo
empenho e esforço em buscar os mesmos em diferentes fontes. Manteve-se
um dossiê na sala de aula para guardar as recolhas que foram sendo feitas
pelos alunos.
k) Confecção e entrega solene do álbum: incentivou e
desenvolveu a criatividade, estimulando a participação e a sociabilidade.
l) Metodologia adequada para alcançar a filosofia do colégio:
o colégio foi um local por excelência, do aprendizado, da convivência e da
compreensão da condição humana no mundo.
O Caderno Pedagógico contemplou na unidade 1:
As ideias prévias dos alunos: - levantamento do acervo bibliográfico do colégio;
- estudos sobre a colonização, incluindo a questão do índio, da cultura e da
religiosidade na região oeste paranaense.
Na unidade 2:
Investigando as imagens e analisando um filme. As duas imagens selecionadas
foram: “A ocupação do território paranaense” (p. 8-9) e “Paraná: imagens de
uma história de luta e trabalho” (p.119) do livro “Histórias do cotidiano
paranaense” de Maria Auxiliadora Schmidt (1996). O filme trabalhado foi “A
Saga”, que conta a história da colonização do Oeste paranaense.
Na unidade 3:
Documentos: foram analisados os das obras “Cultura e Identidade: A
construção de Memórias no Oeste do Paraná” (p.91-93) do livro “Cultura e
Memória Social” de Schallenberger (2006); “Região” (p.36) do livro “História:
reflexões metodológicas” de Gregory (1998) e “A Ideologia Etno-Cultural da
Indústria Madeireira Colonizadora Rio Paraná S.A.” do livro “História do
Paraná” de Wachowicz (2001).
Todas as unidades apresentavam atividades diversificadas,
para reforçar a compreensão e despertar o interesse dos alunos.
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4. Implementação Pedagógica
A aplicação inicial do trabalho, no período de março a julho de
2010, foi dirigida para os docentes de história inscritos no GTR (Grupo de
Trabalho em Rede) no curso intitulado “Região Oeste Paranaense – Por uma
História de sua Cultura”, no ambiente virtual e-escola (www.e-escola.pr.gov.br).
A participação dos professores inscritos no curso foi fundamental, contribuindo
de forma significativa com ideias e propostas metodológicas na elaboração do
Caderno Pedagógico.
No segundo momento, em agosto de 2010, durante os
trabalhos da semana pedagógica, o projeto foi apresentado à comunidade
escolar do Colégio Estadual Jardim Gisele, com convite à interdisciplinaridade,
tendo boa receptividade.
No início das aulas do segundo semestre, em agosto de 2010,
os alunos da 8ª série do Ensino Fundamental, turno vespertino, tomaram
conhecimento do projeto nas aulas de História do Paraná. Eles foram
convidados e motivados a participarem do projeto, com apresentação do
Caderno Pedagógico e imagens do Paraná na TV Multimídia. Concordaram e
gostaram da proposta de transformar as atividades desenvolvidas nas aulas da
disciplina de História do Paraná em um álbum, para fazer parte do acervo
bibliográfico do colégio.
5. Investigação histórica
Como primeira ação, os alunos participaram, em grupos de três
pessoas, da atividade de investigação histórica, respondendo às seguintes
questões:
1 - O que você gostaria de aprender sobre a região Oeste do Paraná?
2 - Quais os lugares que você conhece no nosso Estado? Como conheceu? 3 - O que você sabe sobre a cultura da região Oeste paranaense?
4 - O que são para você identidade cultural, região, representação e símbolo?
5 - Como podemos aprender sobre a história (a partir de quais fontes)?
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Com a investigação histórica, buscou-se coletar informações
mais concretas sobre o que os alunos conheciam em termos de conceitos e da
cultura da região Oeste paranaense.
A aplicação das questões serviu como instrumento de
avaliação do conhecimento prévio dos alunos sobre a região Oeste
paranaense. O resultado foi importante para direcionar e focar o assunto.
6. Levantamento bibliográfico
O trabalho de levantamento bibliográfico do acervo das obras
paranaenses, na biblioteca, teve como procedimento inicial uma reunião com a
bibliotecária e estudo das condições da biblioteca, constatando-se que:
1) Informações podem ser encontradas em diferentes lugares
(Internet, cinemas, cartazes, museus, outdoors, bibliotecas, televisão, jornal,
etc), mas, para alguns, estas fontes de informações são inacessíveis, e, como
forma de transpor este problema, existe um espaço na escola onde muitas
informações estão reunidas, bastando apenas buscá-las, e este lugar é a
biblioteca escolar.
2) A biblioteca escolar, além de disponibilizar as informações
encontradas nas fontes de pesquisa (revistas, jornais, cartazes, almanaques e
outros), oferece aos alunos a oportunidade de contato com o acervo, fazendo-
os capazes de conhecer suas peculiaridades (organização, forma de acesso,
catalogação, utilização de índices, repertório, etc), indispensáveis à formação e
ao hábito de leitura, pesquisa e estudos. Portanto, oferece condições de
preparo ao aluno para que este possa reconhecer e usar as fontes de
pesquisa, de forma consciente sobre o valor da leitura e pesquisa para a
compreensão e síntese das informações ali existentes.
O papel da escola (e principalmente do professor) é fundamental, tanto no que se refere à biblioteca escolar quanto à de classe, para a organização de critérios de seleção de material impresso de qualidade e para a orientação dos alunos, de forma a promover a leitura autônoma, a aprendizagem de procedimentos de utilização de bibliotecas (empréstimos, seleção de repertório, utilização de índices,
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consulta a diferentes fontes de informação, seleção de textos adequados às suas necessidades, etc.), e a constituição de atitudes de cuidado e conservação do material disponível para consulta. Além disso, a organização do espaço físico – iluminação, estantes e disposição dos livros, agrupamentos dos livros no espaço disponível, mobiliário, etc. – deve garantir que todos os alunos tenham acesso ao material disponível. (BRASIL, 1997, p. 92).
O papel da bibliotecária e, principalmente, da professora são
de suma importância no que se refere à organização dos critérios de seleção
de material de qualidade para promover a pesquisa e leitura autônomas.
Neste sentido, entendeu-se que, para que a realização dos
trabalhos da região Oeste paranaense não fossem apenas trabalhos-cópia, os
alunos foram orientados para a pesquisa, sabendo como escolher, selecionar,
comparar e criticar os materiais usados.
De acordo com o Projeto Político e Pedagógico (PPP) de 2009,
o acervo da nossa biblioteca escolar é composto por obras de referência
(dicionários, enciclopédias, etc), arquivos de periódicos (jornais, revistas, etc) e
uma grande quantidade de livros didáticos, paradidáticos e de literatura,
provenientes de doações feitas pelas editoras e, recentemente, pelo envio do
Departamento da SEED, renovando, assim, lentamente o acervo. Com três mil
quinhentos e setenta e oito (3.578) livros registrados, a coleção tem, ainda,
gibis, gravuras, mapas e materiais audiovisuais (fitas VHS, CD-ROM, slides).
Com um espaço físico pequeno e a existência, ainda, de
preconceito em relação ao profissional bibliotecário escolar, as profissionais da
biblioteca têm atuado ativamente procurando desmistificar a visão que alguns
alunos e professores têm da biblioteca, como um local de castigo. Um dos
objetivos é incentivar os professores, principalmente alguns que são
resistentes, à utilização do acervo e dos serviços da biblioteca, como recurso
dos processos de ensino-aprendizagem.
Assim as atividades desenvolvidas na biblioteca, no decorrer
da implementação do projeto foram:
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1) Reorganização das obras referentes à história do Paraná,
obras que agora ganham mais destaque, facilitando o acesso e estimulando o
hábito da pesquisa e leitura dos livros de autores locais, regionais e estaduais.
2) Otimização do espaço democrático, liberdade do uso do
local, com compromisso de serem responsáveis quanto à ordem e à
conservação dos materiais.
3) Desenvolvimento de atividades pedagógicas de pesquisa,
leitura e debate. Orientação dos temas para pesquisa: a colonização da região
Oeste paranaense, contemplando os municípios de Toledo e Marechal Cândido
Rondon, com abordagem na questão cultural e religiosa e a ocupação da
região Oeste pelos povos indígenas, marcados pela perseguição e
escravização no período da colonização.
Esses conteúdos foram sendo enriquecidos com textos do
caderno pedagógico e do filme “Tradição Guarani – Sustentabilidade das
Comunidades Indígenas”, o qual foi produzido pela Itaipu Binacional, focando
novas formas de interação entre índios e não-índios, consolidando uma
comunicação que promove o respeito à diversidade e a valorização da
alteridade.
Os alunos apreciaram as imagens do filme, apesar das ideias
equivocadas por parte de alguns na compreensão da diferença cultural destes
povos. Nesta perspectiva, foi trabalhado o texto “A herança cultural indígena,
ou cinco ideias equivocadas sobre os índios” de José Ribamar Bessa Freire.
Então, com base neste texto, fomos ao debate para desmistificar as imagens
estereotipadas sobre os índios.
Foi concluído que a desinformação, o preconceito e a
intolerância estão presentes no nosso cotidiano e que é fundamental buscar
caminhos e alternativas que possibilitem a compreensão e a reflexão sobre a
realidade indígena, oportunizando novas posturas e atitudes. Nesse sentido,
procurar compreender as sociedades indígenas não é apenas procurar
conhecer “o outro”, “o diferente”, mas requer fazer indagações e reflexões
sobre a própria sociedade em que vivemos.
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7. Filme
“A Saga”, filme que conta a história da colonização do Oeste
paranaense, foi assistido pelos alunos. Eles fizeram uma investigação sobre o
real e o imaginário da história. A análise foi feita a partir das imagens
assistidas, lembrando que as imagens não são o real, mas representações
deste real.
Ficha de análise do filme.
Titulo Locais,assuntos e períodos abordados
Direção Pessoas retratadas
Produtora Objetos retratados
Duração - (hh: mm): Característica dos personagens
Ano e local de Publicação Característica das paisagens
Depois de assistir ao filme “A Saga”, foi redigido um texto,
contemplando os pontos relevantes da colonização, do ponto de vista dos que
já habitavam esta região e dos desbravadores. A turma foi dividida em dois
grupos. Cada grupo defendia um ponto de vista.
Grupo 1: Grupo dos que já habitavam a região (índios,
caboclos e paraguaios).
Grupo 2: Grupo dos desbravadores/colonizadores.
O filme foi um excelente instrumento para estimular e
potencializar a análise reflexiva do processo de colonização da região Oeste.
Ficou perceptível que os alunos estabeleceram uma relação positiva com o
filme e conseguiram fazer uma leitura do processo de colonização paranaense
através de suas análises.
O trabalho com filmes na aula proporcionou um verdadeiro
campo investigativo e mostrou como as imagens enriquecem o ambiente
escolar e podem colaborar decisivamente na construção dos saberes históricos
e do conhecimento na medida que os alunos se colocam como sujeitos
históricos através de suas interpretações daquilo que viram no filme.
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8. Conceitos
Foram pesquisadas na Internet questões teóricas que remetem
à compreensão dos conceitos de identidade cultural, representação, região e
símbolo. Os conceitos pesquisados, em suas diversas concepções, precisaram
de maior entendimento e compreensão, uma vez que sua conceituação vem
sendo debatida há anos e a cada dia novas situações devem ser consideradas
nessas discussões.
Estabeleceram-se, então, determinadas noções dos conceitos
pesquisados e foi a partir dos pressupostos teóricos que a reflexão acerca dos
mesmos se desenvolveu.
A apresentação da pesquisa se deu por meio de uma ação
didático-pedagógica, desenvolvida na sala de aula, com os alunos em círculos,
compartilhando de forma criativa e prazerosa os seus trabalhos, oportunizando
maior familiaridade conceitual.
O trabalho mostrou que os alunos possuem dificuldades de
abstração e interpretação de textos científicos, provocando em alguns a
rejeição de executar as pesquisas dos conceitos científicos.
Fez-se necessário repetir o trabalho com textos de divulgação
científica e textos de livros paradidáticos, procurando sempre promover a
criticidade e a reflexão. A professora e a escola foram os canais por meio dos
quais esse diálogo e essa descoberta se processaram.
Para Calsa (2002), uma aprendizagem a nível conceitual
requer reorganização do conhecimento anterior do aluno, estabelecendo, para
tanto, novas relações e contatos desse saber com os objetos de conhecimento
que estão em fase de assimilação e acomodação.
Essas relações enriquecem o processo de acomodação dos
conceitos, deixando que os novos conceitos se transformem em esquemas
assimiladores das novas aprendizagens do aluno. É preciso, para isso, que o
aluno venha a se desequilibrar cognitivamente a partir do enfrentamento de
situações-problemas apresentadas na escola.
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Segundo Pozo (1998), mesmo que novas aprendizagens
busquem a reorganização de esquemas conceituais anteriores, esses
esquemas, muitas vezes, não facilitam novos conhecimentos, por terem como
característica, resistência à mudança.
O autor nota que essa modificação dos conhecimentos
anteriores podem ser melhorados quando os conteúdos ensinados pela escola
estiverem relacionados à vida cotidiana dos alunos. Assim os alunos
encontrariam um sentido mais próximo para o que estão estudando.
O trabalho desenvolvido com a aplicação de conceitos de
forma contextualizada trouxe resultados positivos, na medida em que os alunos
conseguiram incorporá-los nas análises feitas sobre a cultura da região Oeste
do Paraná.
A partir desta analise, defende-se a ideia da implementação
nos estudos dos conceitos históricos, a fim de que estes possam atingir seu
objetivo de servir como instrumentos metodológicos para melhor compreensão
do mundo. A análise dos conceitos não deve ser feita separadamente e se
esgotar em si mesma, pois os alunos somente chegam aos significados
quando atrelados às realidades humanas.
9. Investigando as imagens
Vivemos atualmente em uma sociedade que se apresenta
cada vez mais imagética, onde as pessoas têm grande contato com a
televisão, a Internet, os cartazes de propaganda, os outdoors, dentre outros.
Porém, essas imagens podem ser interpretadas de maneiras diferentes,
dependendo do observador. Perguntado aos alunos se é importante trabalhar
com imagens nas aulas e por quê, algumas respostas foram:
- Sim, pois numa imagem são retratadas várias coisas. (FD )
- Eu acho que é importante sim, mas precisa ter um texto junto
para explicar. (RGT)
- Sim, pois visualizando consigo entender melhor e gravar mais
rápido, além de saber como que é o lugar ou pessoa. (DA)
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- Sim, porque nem tudo é só ler e escrever. (SSR)
- É importante porque as imagens despertam nossa
curiosidade e atenção. (DK)
Foram selecionadas imagens que dizem respeito à formação e
consolidação da região Oeste paranaense e que se encontram no livro
Histórias do cotidiano paranaense de Maria Auxiliadora Schmidt (1996). A
primeira imagem apresentada na TV Multimídia e estudada pelos alunos foi: A
ocupação do território paranaense (p. 8-9) e, em seguida, Paraná: imagens de
uma história de luta e trabalho (p. 119).
Em grupo, os alunos fizeram análises da imagem sobre a
ocupação do território paranaense. Na medida em que os alunos tiveram
contato com as imagens e procuraram compreendê-las em seu contexto
histórico, mais acessível se tornou lê-las ou abstrair informações que puderam
ajudá-los a entender melhor a ocupação da nossa região.
Depois desta etapa de análise espontânea, foi apresentado um
roteiro pré-estabelecido com as seguintes questões:
O que vocês conseguem visualizar na imagem? Que imagens
simbolizam a região Oeste? Quais são as regiões que compõem o Estado
paranaense? E que imagens as representam? Como está representado o
Litoral (mar)? A que período da história paranaense a autora se remete com
estas representações Imagéticas? A imagem como representação simbólica do
Estado do Paraná os ajuda a identificar a continuidade, as transformações e
rupturas da sociedade paranaense da atualidade? Por quê? O texto na
imagem relata a história do Paraná de maneira cronológica e harmoniosa entre
as múltiplas raças e culturas, dando a ideia de riqueza, prosperidade e ordem
nas diversas atividades. Será que realmente a ocupação do Paraná foi assim?
Pesquise e apresente textos ou imagens que mostrem outra versão da
ocupação paranaense. Que símbolos você usaria para representar a cultura na
região Oeste do Paraná atual?
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Figura 2 - Desenho feito pela aluna Suellen
Fonte: A autora, 2011
A segunda imagem foi analisada no livro e em duplas.
Primeiramente, com a análise espontânea e na sequência seguindo o roteiro:
O que esta imagem pretende representar sobre o Estado do
Paraná e seu povo? Analisando a imagem, como podemos compreender as
transformações culturais que acontecem em nosso Estado? Qual o significado
desta frase na imagem? “Paraná: imagens de uma história de luta e trabalho”.
Quem luta e trabalha no Paraná? Por que a História Paranaense é marcada
por lutas, e que tipos de lutas são essas?
Os alunos concluíram que estudando a história com novos
enfoques e abordagens, torna-se possível conhecer outras versões, como a
dos indígenas, caboclos, negros africanos, entre tantos outros que fazem parte
da formação do estado paranaense.
Os alunos constataram que a ideia de uma história pacífica e
harmoniosa, sem conflitos ou guerras, infelizmente não é verdadeira, pois
basta um olhar para o passado e ver as injustiças que ocorreram.
Portanto, todos fazem a história. Todos são imagens de luta e
de trabalho e, por mais que a história regional das comunidades paranaenses
ainda não esteja difundida como deveria, cada um tem sua importância como
agente histórico transformador do seu meio.
As outras imagens analisadas foram as dos panfletos de
divulgação dos eventos regionais:
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Os alunos demonstraram interesse na análise das imagens
com os eventos gastronômicos. O interesse ficou evidente a partir das
apresentações orais, das tarefas com a coleta de panfletos com imagens
regionais, com desenhos e textos feitos em sala de aula. O trabalho
proporcionou a união do imagético com a construção conceitual dos saberes.
O interesse nas atividades esteve balizado pela forma de
divulgação dos eventos, que destaca as opções gastronômicas na diversidade
regional, que muitas vezes perpassam, ou, não obedecem às convenções
geopolíticas, mas são respeitadas e preservadas por formar a cultura
paranaense e fazem parte do cotidiano dos alunos.
Desenvolver o trabalho envolvendo imagens do estado
paranaense como uma das principais fontes de pesquisa foi fundamental
dentro da perspectiva histórico cultural, pois nos textos imagéticos também se
pode observar a articulação das questões sociais, culturais e históricas. Estas
questões ajudaram a despertar nos alunos, reflexões importantes a respeito da
formação da sociedade paranaense por meio das imagens.
Os alunos, ao serem direcionados, participaram com mais
interesse nas atividades didáticas do que quando solicitados a participarem
espontaneamente.
A maioria dos alunos foi participativa. Apenas uma aluna não
se manifestou, devido à timidez associada à falta de conhecimento a respeito
do tema, ocasionada pela ausência em aulas anteriores. Dois alunos não
conseguiram compreender as imagens, sendo verificadas duas causas: a
primeira foi a falta de interesse sobre o assunto da história do Paraná, e o
segundo é que trabalhar com esse recurso didático, opinando quanto à
produção de significados, diante das imagens mostradas, ainda é novo para
eles, sendo que consideram o texto escrito mais importante e de maior
relevância (não têm o hábito de ler imagens).
O pouco uso da metodologia imagética no cotidiano das aulas
dificultou inicialmente a compreensão mais profunda sobre as questões
culturais, sociais e políticas que as imagens proporcionam. Porém, ao serem
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Luciana Emília Rohde
orientados e juntamente com o recurso da liberdade de expressão,
conseguiram observar e entender melhor o processo.
A utilização da TV Multimídia, de livros e de panfletos de
divulgação dos eventos da região, proporcionou maior disponibilidade da
imagem para que os alunos pudessem ficar observando atentamente as
mesmas e seus detalhes por mais tempo, fazendo com que ficassem mais
atentos aos recursos que a imagem propicia.
A disponibilidade e o empenho dos alunos foram marcantes na
realização das atividades desenvolvidas com as imagens. Logo
compreenderam que analisá-la e descobrir seus significados não é tão difícil
assim.
10. Documentos
Na análise dos documentos escritos, Cultura e Identidade: A
Construção de Memórias no Oeste do Paraná e A Ideologia Etno-Cultural da
Indústria Madeireira Colonizadora Rio Paraná S.A., além de serem utilizados
como uma das fontes de informação, propiciaram reflexões sobre a relação
presente-passado e promoveram a aproximação do aluno com uma realidade
mais distante.
Foi percebido que os documentos não falam por si mesmos.
Eles só falam quando são interrogados. Interrogar os documentos significou
decompô-los, avaliar sua credibilidade e competência, identificar suas
possíveis interações e compará-los a outros testemunhos.
Realizar este trabalho pressupôs desmistificar os documentos,
reconhecendo que eles não são registros inocentes e imparciais do real, mas
construções que expressam uma intencionalidade e uma estrutura de poder
determinada.
Só com esse exame demolidor dos testemunhos eles se
transformam em fontes históricas, podendo falar e nos fazer compreendê-los.
Para fazer esta crítica aos documentos foi trabalhado o método da reflexão
histórica.
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Luciana Emília Rohde
Um grupo de historiadores escreveu sobre o método de análise dos documentos:
É preciso ficar claro que as fontes testemunham pensamentos e ações de pessoas com os interesses mais diversos, mas sempre bastante concretos. Embora a maior parte destas pessoas que estudamos em história já tenha morrido, é como pessoas vivas que procuramos recuperá-las. Estas fontes não falam por si mesmas; é importante formularmos as perguntas adequadas que nos permitem levantar os interesses dos indivíduos e grupos que deixaram esse registro. Ao pensar nas perguntas a fazer, deve-se, portanto, levar em conta que o documento é sempre, ao mesmo tempo que objeto de pesquisa histórica, expressão de sujeitos da história, ou seja, o documento foi produzido por alguém atuante em seu tempo. Os documentos são meros fornecedores de dados; eles evidenciam as ações de sujeito do processo histórico na qual surgiram. Ao chegarem até nós pela memória histórica, expressam também a ação de outros sujeitos históricos (CABRINI, 1994, p. 45).
Utilizados como fontes de informação e de reflexão no
processo colonizador do Oeste paranaense, tais documentos tinham como
objetivo extrair tanto informações concretas como observar a visão que o autor
tinha dos dados descritos. A análise dos documentos começou com a
identificação, antes da leitura do texto propriamente dito.
O objetivo foi trabalhar o documento histórico e ter a
compreensão do mesmo a partir de algumas informações básicas, como: qual
a origem do documento? Identificar e registrar as referências de onde e quando
o documento foi produzido e as fontes de sua reprodução. Qual a natureza do
documento? (Oficial, ponto de vista, religioso, outro). Quem é o autor do
documento: autor citado, desconhecido, produção coletiva. Qual a datação do
documento? (Data da produção do documento, data da publicação).
Na sequência, foi feita a leitura e a explicação dos documentos,
utilizando para isso questões como: o que o documento expõe? Ele atingiu um
grupo de pessoas em particular? O que é destacado no documento? Quais as
relações dos dados com o lugar de onde o documento está falando? Que
intenções essas relações revelam? Existe correspondência entre as datas de
produção e de difusão do documento? Quais eventos importantes ocorreram
no Estado do Paraná, Brasil e mundo quando o documento foi produzido?
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Luciana Emília Rohde
Finalizando o trabalho, os alunos opinaram sobre os
documentos, estabelecendo relações entre o conteúdo do texto e seus
conhecimentos históricos. Reescreveram o texto do documento, organizando
as opiniões em duas partes: uma para as ideias do texto e outra para os seus
conhecimentos e as suas opiniões (CAINELLI, 2004, p. 96-108).
Para muitos alunos os textos foram considerados complexos,
não apenas pelo vocabulário, mas também pela forma de estruturação. Em
alguns momentos, não foi possível indagar a eles que informações ou visões o
documento trazia antes do trabalho detalhado em relação ao significado mais
direto do texto.
Mostrou-se importante, portanto, uma forma de estudo
intermediário entre a identificação e a interpretação do documento, a qual
chamamos de “esclarecimentos”. Os alunos buscaram esclarecer suas
dúvidas, pela pesquisa e pela troca de informações com a professora e os
colegas. Não tomaram o documento com verdade absoluta e perceberam as
contradições.
Reescreveram o texto com suas próprias palavras, mas essa
atividade só foi possível porque o texto foi trabalhado antecipadamente,
deixando evidente para os alunos o que compreenderam e não
compreenderam. Concluíram que os documentos são fontes para investigação
histórica e que representam pistas para o desvendamento do passado, embora
sejam fragmentários, ambíguos e às vezes repletos de intenções, isto é,
significados não-explicitados e omissões propositais.
O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziu, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados desmistificando-lhe o seu significado aparente (LE GOFF, 1996. p. 547-548).
O trabalho com os documentos escritos permitiu aos alunos
incorporar uma postura investigadora, aprendendo a pesquisar história e
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Luciana Emília Rohde
permitindo repensar e superar a ideia do conhecimento como algo pronto e
acabado.
11. Metacognição
Além das sínteses parciais, feitas a cada ação desenvolvida, foi
realizada uma síntese final, retomando a questão-problema colocada no início
do trabalho.
O que você aprendeu sobre a cultura da região Oeste
paranaense que se relaciona com a compreensão do nosso presente, e com a
compreensão dos nossos projetos de futuro?
A metacognição desempenhou um papel de primordial
importância na auto-organização, no desenvolvimento do sentimento de
domínio pessoal e na aquisição dos conteúdos estudados. Nomeadamente, na
compreensão da comunicação visual, verificou-se que a grande maioria dos
alunos compreenderam os objetivos propostos nas tarefas e foram capazes de
explicar e aplicar a história do Oeste paranaense de modo coerente e bem
fundamentado.
A metacognição foi um fator de motivação para os alunos, pois,
conscientemente, tornaram-se integrantes responsáveis no processo da
construção da aprendizagem e no conhecimento da região em que vivem.
Desta maneira, a metacognição desencadeou um processo que levou o
aprender”, como sujeito integrante da história.aluno a “aprender a
12. A confecção do álbum
O álbum foi montado com os desenhos feitos pelos alunos,
simbolizando a cultura na região Oeste do Paraná atual, sendo um marco
importante para compartilhar o resultado do trabalho realizado.
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Figura 3 – Álbum montado pelos alunos
Fonte: A autora, 2011
13. Evento solene
Como atividade de encerramento do projeto, foi realizado um
evento solene nas dependências do colégio. O acontecimento consistiu numa
apresentação feita pelos alunos, detalhando a elaboração e o desenvolvimento
do mesmo, seguido pela entrega do álbum à comunidade escolar, para a
composição do acervo da biblioteca do colégio.
Neste evento, contamos com a presença dos pais, professores,
direção, equipe pedagógica, funcionários e alunos, bem como convidados do
NRE/Toledo.
O evento solene foi uma experiência extremamente
enriquecedora, pois estimulou a participação e a sociabilidade dos alunos,
como também, de toda a comunidade escolar. Os alunos perceberam que o
colégio é o local, por excelência, do aprendizado e da convivência.
Os estudos com as imagens da região possibilitaram uma
maior aproximação dos alunos com sua própria história, consolidando um
sentimento de pertencimento e auxiliando na construção da identidade do
aluno.
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14 Conclusão
Os resultados apontados neste trabalho foram fruto do roteiro
de muitas pesquisas, leituras e reflexões, possibilitando assim, algumas
considerações.
O desenvolvimento do mesmo foi de grande valor, pois
procurou transmitir métodos para a análise e a interpretação de imagens
regionais frequentemente presentes em nosso cotidiano.
O resultado demonstrou-se satisfatório, na medida em que os
alunos passaram a perceber a imagem como fonte histórica, que precisa ser
interrogada e avaliada constantemente, considerando o momento do contexto
histórico de sua produção.
Os estudos com as imagens da região possibilitaram uma
maior aproximação dos alunos com sua própria história, consolidando um
sentimento de pertencimento e auxiliando na construção da identidade do
aluno.
Considerando que as imagens fazem parte do nosso dia-a-dia
e encontram-se presentes nos livros didáticos, que ainda é o material mais
utilizado na sala de aula, o uso das mesmas como metodologia pedagógica
apropriada proporcionou outra forma de leitura da história, com códigos e
signos especiais, dinamizando as aulas e facilitando a compreensão dos fatos
históricos.
Enfim, os resultados obtidos foram animadores, pois
forneceram subsídios para estudos regionais, podendo ser aproveitados em
outras séries dos ensinos Fundamental e Médio, considerando que cada turma
poderá desenvolver estas atividades conforme suas potencialidades.
É essencial enfatizar, no entanto, que esse trabalho requer
tempo para o conhecimento de outras fontes de leitura e pesquisa, e isto nos
foi proporcionado pelo PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional).
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