Dança Na Escola. Abordagem Nas Aulas de Educação Física Pelos Professores Do 3º Ciclo e Secundário, Alexandra Teixeira Prioste

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  • LICENCIATURA EM EDUCAO FSICA E DESPORTO

    MONOGRAFIA

    DANA NA ESCOLADANA NA ESCOLADANA NA ESCOLADANA NA ESCOLA

    ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA

    PELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIOPELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIOPELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIOPELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    ALEXANDRA QUINTAL ALEXANDRA QUINTAL ALEXANDRA QUINTAL ALEXANDRA QUINTAL TEIXEIRA PRIOSTETEIXEIRA PRIOSTETEIXEIRA PRIOSTETEIXEIRA PRIOSTE

    Funchal

    2009

  • LICENCIATURA EM EDUCAO FSICA E DESPORTO

    MONOGRAFIA

    DANA NA ESCOLADANA NA ESCOLADANA NA ESCOLADANA NA ESCOLA

    ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA ABORDAGEM NAS AULAS DE EDUCAO FSICA

    PELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIOPELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIOPELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIOPELOS PROFESSORES DO 3 CICLO E SECUNDRIO

    Tese de Monografia realizada no mbito da Licenciatura em Educao Fsica e Desporto e Desporto na Universidade da Madeira.

    Orientadora: Mestre Ana Lusa CorreiaOrientadora: Mestre Ana Lusa CorreiaOrientadora: Mestre Ana Lusa CorreiaOrientadora: Mestre Ana Lusa Correia

    Alexandra Quintal Teixeira PriosteAlexandra Quintal Teixeira PriosteAlexandra Quintal Teixeira PriosteAlexandra Quintal Teixeira Prioste

    Funchal

    2009

  • III

    A Dana a arte que expressa a natureza rtmica do Homem na sua totalidade (Russel, 1969).

  • IV

    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho resulta de um esforo conjunto de vrias pessoas que, de alguma maneira contriburam para a sua realizao. A essas pessoas aqui expressamos os nossos agradecimentos.

    Aos meus pais, Idalina e Agostinho, por toda a educao que me transmitiram, pelo carinho e pelo amor incondicionais que me fizeram, fazem e continuaro a fazer crescer como ser humano. Obrigada por nunca terem faltado sempre que precisei.

    Mestre Ana Lusa Correia, pela orientao atenta e sbia, combinada com a simpatia e acessibilidade, o que permitiu a concretizao de todo este trabalho e contribuiu para o crescimento integral da minha pessoa.

    Aos docentes e colaboradores do Departamento de Educao Fsica e Desporto, pelo contributo para a minha formao acadmica e humana.

    Aos Professores do 3 Ciclo do Ensino Bsico e do Ensino Secundrio, por partilharem os seus pensamentos e opinies acerca da matria de Dana, viabilizando a realizao deste estudo.

    minha colega de curso e amiga Bebiana Sabino, no s pela amizade demonstrada ao longo deste ano, mas tambm pelas imprescindveis dicas de SPSS.

    Ao grupo de ginastas do Clube Desportivo Nacional pela colaborao nas filmagens do vdeo Dana na Escola.

    Ao meu irmo Mrio, pelo companheirismo ao longo de todos estes anos e pela sua ajuda nas filmagens e na edio dos vdeos.

    Por ltimo, mas no menos importante, ao meu marido, Gilberto, pela sua ajuda compreenso, pacincia, amor e carinho.

    A todos, sem excepo, resta-nos apresentar o mais sincero agradecimento.

  • V

    RESUMO

    O presente trabalho pretende verificar se a Dana um contedo abordado nas aulas de Educao Fsica, comparando os resultados obtidos com estudos realizados anteriormente na Regio Autnoma da Madeira.

    O sexo, a idade, o ano de concluso do curso, a formao inicial, a prtica fora da universidade, a Dana nas linhas programticas da disciplina, a percepo da receptividade dos alunos e o gosto dos professores em danar foram analisados em funo da abordagem da Dana nas aulas de Educao Fsica. A amostra foi constituda por 64 professores de Educao Fsica do 3 ciclo do Ensino Bsico e no Ensino Secundrio.

    Os resultados mostraram que a abordagem da Dana nas aulas de Educao Fsica no influenciada significativamente pelo sexo, pela idade, pelo ano de concluso do curso, pela formao inicial, a percepo da receptividade dos alunos para com a Dana nem pelo gosto dos professores em danar. Por outro lado, a prtica de Dana fora da universidade e a presena da Dana nas linhas programticas da disciplina de Educao Fsica influenciam significativamente a abordagem dos contedos de Dana.

    A principal concluso que se retira deste estudo que a incluso da matria de Dana nas linhas programticas da disciplina de Educao Fsica apontar para uma maior abordagem da mesma nas aulas de Educao Fsica

  • ndice Geral

    VI

    NDICE GERAL NDICE GERAL ............................................................................................................... VI NDICE DE QUADROS ................................................................................................ VIII NDICE DE FIGURAS ...................................................................................................... X NDICE DE ANEXOS ...................................................................................................... XI I APRESENTAO DO TEMA .................................................................................. 12

    1. INTRODUO ........................................................................................................... 13 2. PERGUNTA DE PESQUISA ..................................................................................... 14 3. OBJECTIVOS ............................................................................................................. 14

    3.1 Objectivos Gerais .................................................................................................. 14 3.2 Objectivos Especficos .......................................................................................... 14

    4. PERTINNCIA DO TEMA ........................................................................................ 15 5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ........................................................................... 15

    II REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 16 1. A DANA ................................................................................................................... 17

    1.1. Conceito De Dana ............................................................................................... 17 1.2. Histria Da Dana ................................................................................................ 19 1.3. Classificaes De Dana ...................................................................................... 22 1.4. A Dana Na Educao .......................................................................................... 33 1.5. A Dana Na Educao Fsica ............................................................................... 37 1.6. A Dana Nos Programas De Educao Fsica ...................................................... 45 1.7. A Dana Nos Manuais De Educao Fsica ......................................................... 46 1.8. Elementos Da Dana ............................................................................................ 48

    1.9. Aces Motoras Em Dana .................................................................................. 51 2. DIDCTICA ............................................................................................................... 54

    2.1. Aprendizagem ....................................................................................................... 54 2.2. Memorizao De Uma Habilidade Motora Ou De Uma Coreografia .................. 56 2.3. Msica .................................................................................................................. 57 2.4. Coreografia ........................................................................................................... 59

    III METODOLOGIA ..................................................................................................... 64

    1. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO ......................................................................... 65

  • ndice Geral

    VII

    1.1 Estudos Desenvolvidos No mbito Da Dana ...................................................... 65 2. AMOSTRA .................................................................................................................. 67

    2.1 Universo Da Populao ......................................................................................... 67 2.2 Tcnica De Amostragem E Dimenso Da Amostra .............................................. 67

    3. VARIVEIS DE ESTUDO ........................................................................................ 69 4. HIPTESES ................................................................................................................ 70 5. INSTRUMENTOS DE APLICAO ........................................................................ 71 6. PROCEDIMENTOS DE APLICAO ..................................................................... 71 7. PROCEDIMENTOS ESTATSTICOS ....................................................................... 71 8. CONSTRUO DE MATERIAL DE APOIO LECCIONAO ......................... 72

    IV ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS ............................................................... 74 1. APRESENTAO E DISCUSSO DOS DADOS ................................................... 75 2. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS APS A APLICAO DO TESTE DE INDEPENDNCIA DO QUI-QUADRADO ........................................ 90

    V CONCLUSES DO ESTUDO .................................................................................. 98 1. CONCLUSES DO ESTUDO ................................................................................... 99

    VI RECOMENDAES ............................................................................................. 102 1. RECOMENDAES ................................................................................................ 103

    VII REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 104 ANEXOS .......................................................................................................................... 109

  • ndice de Quadros

    VIII

    NDICE DE QUADROS

    Quadro 1. Composio Curricular ..................................................................................... 45 Quadro 2. Contedos abordados nos Manuais de Educao Fsica ................................... 46 Quadro 3. As Danas Sociais nos Manuais de Educao Fsica ........................................ 47 Quadro 4. As Danas Tradicionais Portuguesas nos Manuais de Educao Fsica ........... 48 Quadro 5. Movimentos Locomotores ................................................................................ 49 Quadro 6. Movimentos No Locomotores ......................................................................... 50 Quadro 7. Aces Motoras (Xarez, 2004).......................................................................... 53 Quadro 8. Distribuio da Amostra ................................................................................... 69 Quadro 9. Gnero ............................................................................................................... 75 Quadro 10. Idades .............................................................................................................. 75 Quadro 11. Anos de concluso ........................................................................................... 76 Quadro 12. Conceito de Dana .......................................................................................... 76 Quadro 13. Professores que tiveram formao em Dana durante o curso ....................... 77 Quadro 14. Durao da preparao dos professores que tiveram formao em Dana ..... 77 Quadro 15. Tipo de Dana que os professores abordaram durante o curso ....................... 78 Quadro 16. Professores que j praticaram, ou no, Dana fora da Universidade .............. 78 Quadro 17. Tipo de Dana que os professores praticaram fora da Universidade .............. 79 Quadro 18. Motivos que levam os professores a no praticar Dana ................................ 80 Quadro 19. Importncia da abordagem da Dana nas aulas de Educao Fsica ............... 80 Quadro 20. Razes para a importncia da Dana nas aulas de Educao Fsica ............... 81 Quadro 21. Dana presente nas linhas programticas da escola ........................................ 82 Quadro 22. Professores que j abordaram Dana nas aulas de Educao Fsica ............... 83 Quadro 23. Motivos que levaram os professores a nunca terem abordado Dana, nas aulas

    de Educao Fsica ........................................................................................... 83 Quadro 24. Percepo da receptividade dos alunos Dana ............................................. 84 Quadro 25. Justificao para receptividade ou no dos alunos ao contedo Dana .......... 84 Quadro 26. Contedos mais pertinentes a abordar nas aulas de Educao Fsica ............. 86 Quadro 27. Domnios nos quais os professores sentiro menos vontade na abordagem

    Dana ................................................................................................................ 86 Quadro 28. Gosto em danar .............................................................................................. 87

  • ndice de Quadros

    IX

    Quadro 29. Razes apresentadas pelos professores para o facto de gostarem ou no de danar ................................................................................................................ 87

    Quadro 30. Estilos que os professores preferem danar .................................................... 88 Quadro 31. Situaes em que os professores costumam danar ........................................ 88 Quadro 32. Influncia que tem o facto de os professores no gostarem de danar, tem na

    abordagem ou no da Dana ............................................................................. 89 Quadro 33. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Sexo ....................................................................................................... 90 Quadro 34. Abordagem da Dana/Sexo ............................................................................. 90 Quadro 35. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Idade ...................................................................................................... 91 Quadro 36. Abordagem da Dana/Idade ............................................................................ 91 Quadro 37. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Ano Concluso Curso ............................................................................ 92 Quadro 38. Abordagem da Dana/Ano de concluso do curso ......................................... 92 Quadro 39. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Formao Inicial .................................................................................... 93 Quadro 40. Abordagem da Dana/Formao Inicial .......................................................... 93 Quadro 41. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Prtica fora da Universidade ................................................................. 94 Quadro 42. Abordagem da Dana/Prtica fora da Universidade ....................................... 94 Quadro 43. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado Abordagem da

    Dana/Linhas Programticas ............................................................................ 95 Quadro 44. Abordagem da Dana/Linhas Programticas .................................................. 95 Quadro 45. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Percepo da Receptividade dos Alunos ............................................... 96 Quadro 46. Abordagem da Dana/Percepo da Receptividade dos Alunos ..................... 96 Quadro 47. Resultado do Teste de Independncia do Qui-Quadrado - Abordagem da

    Dana/Gosto em Danar ..................................................................................... 97 Quadro 48. Abordagem da Dana/Gosto em Danar ......................................................... 97

  • ndice de Figuras

    X

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1. Posio en dehors ............................................................................................... 23 Figura 2. Contextos dos Alunos (adaptado de Marques, 1996) ......................................... 40 Figura 3. Mtodo Associativo ............................................................................................ 60 Figura 4. Pirmide Total ..................................................................................................... 61 Figura 5. Pirmide de Pares ................................................................................................ 61 Figura 6. Mtodo da Adio ............................................................................................... 62 Figura 7. Mtodo da Insero ............................................................................................. 62 Figura 8. Mtodo Progressivo ............................................................................................ 62 Figura 9. Menu Principal .................................................................................................... 73 Figura 10. Introduo ......................................................................................................... 73 Figura 11. Formas de Trabalho .......................................................................................... 73 Figura 12. Exerccios de Barra ........................................................................................... 73 Figura 13. Menu Aces .................................................................................................... 73 Figura 14. Quedas ............................................................................................................... 73

  • ndice de Anexos

    XI

    NDICE DE ANEXOS

    Anexo 1. Credencial .......................................................................................................... 110 Anexo 2. Carta aos Delegados de Grupo .......................................................................... 111 Anexo 3. Questionrio aos Professores sobre a Dana na Escola ..................................... 112 Anexo 4. Carta de Consentimento aos Encarregados de Educao .................................. 117 Anexo 5. Projecto CD Dana na Escola ........................................................................ 118

  • 12

    I APRESENTAO DO TEMA

    I - APRESENTAO DO TEMA

  • I Apresentao do Tema

    13

    1. INTRODUO

    A principal necessidade dos seres humanos a comunicao. Isso pode ser feito de uma forma que nos distingue de todas as outras formas de vida a linguagem. Mas no nos estamos a referir linguagem verbal. Estamos a referir-nos linguagem que cada uma dessas formas de vida pode criar, tendo em conta as suas caractersticas biolgicas, o seu ambiente e a sua motivao. Essa linguagem a linguagem corporal, que vibrante, real, emotiva e, fundamentalmente, comunicativa (Zotovici, 2003).

    Atravs da Dana h a possibilidade de aprender uma linguagem, enraizada na realidade sociocultural, que prope um universo rico de comunicabilidade atravs da materialidade do corpo (Ministrio da Educao Departamento de Educao Bsica, 2001).

    Se a Dana uma arte e a arte se expressa pelas diversas expresses corporais, ento a arte est na forma de comunicar. aqui que cada indivduo se pode diferenciar, superar e compreender melhor o seu eu, o eu dos outros e o Mundo, tentando melhorar a sua relao consigo prprio e com os outros no Mundo (Neves, 2004).

    Podemos pensar a Dana como um mecanismo privilegiado para estimular os alunos a conhecer formas expressivas de pensar, percepcionar e compreender, a partir da actividade fsica de se mover. Atravs de um vasto conjunto de experincias de energia organizada, chegar essncia da Dana (Ministrio da Educao Departamento de Educao Bsica, 2001).

    Mostrando-se como um dos pilares importantes da formao dos alunos, a Dana deve ser um contedo abordado ao longo da mesma. Com base nesta premissa, propusemo-nos a realizar um estudo que nos desse informaes acerca de como se encontra a realidade da abordagem da Dana nas aulas de Educao Fsica. Complementarmente, apresentmos uma proposta de realizao de um CD-ROM com o principal objectivo ajudar professores a iniciarem a matria de actividades rtmicas e expressivas. O nosso objectivo o de contribuir para que esta matria seja mais abordada nas aulas de Educao Fsica.

  • I Apresentao do Tema

    14

    2. PERGUNTA DE PESQUISA

    Os professores do 3 Ciclo do Ensino Bsico e do Ensino Secundrio abordam os contedos de Dana nas aulas de Educao Fsica?

    3. OBJECTIVOS

    3.1 OBJECTIVOS GERAIS

    Dar a conhecer a matria de Dana, como matria nuclear, inserida nos Programas da Disciplina de Educao Fsica para o 3 Ciclo do Ensino Bsico e Ensino Secundrio;

    Esclarecer os profissionais de Educao Fsica acerca da importncia da Dana a nvel do desenvolvimento pessoal e do bem-estar social no processo educativo.

    3.2 OBJECTIVOS ESPECFICOS

    Verificar se a Dana um contedo abordado nas aulas de Educao Fsica;

    Verificar se houve alguma evoluo na abordagem da Dana relativamente a estudos realizados anteriormente na Regio Autnoma da Madeira;

    Identificar algumas das razes que levam os professores a no abordar o contedo de Dana nas aulas de Educao Fsica;

    Averiguar a motivao e a formao dos professores que abordam o contedo de Dana;

  • I Apresentao do Tema

    15

    Apurar se os professores consideram os alunos receptivos abordagem da Dana nas aulas de Educao Fsica;

    Iniciar a produo de um Instrumento de Trabalho/Material Didctico que auxilie os professores na abordagem da Dana nas suas aulas de Educao Fsica.

    4. PERTINNCIA DO TEMA

    Em nosso entender, pertinente estudar a abordagem da Dana nas aulas de Educao Fsica uma vez que esta faz parte do programa da disciplina em todos os nveis de ensino.

    A Dana despertou o nosso interesse, pois foi uma das cadeiras que tivemos ao longo do curso e consideramos que apresenta mais-valias determinantes para o processo formativo dos alunos.

    No entanto, existem estudos anteriormente realizados na Regio, nomeadamente Neves (2004), no 3 Ciclo do Ensino Bsico, e Castro (2007), no 2 Ciclo do Ensino Bsico, que mostram claramente dificuldades na abordagem destes contedos no mbito da Educao Fsica e Desporto. Pretendemos pois, com o presente estudo, verificar se ocorreram evolues que indiquem uma mudana de atitude.

    Dadas as dificuldades identificadas anteriormente, propomo-nos ainda a elaborar um CD-ROM didctico com o objectivo de ajudar a colmatar algumas das lacunas encontradas e ajudar os professores na leccionao dos contedos de Dana no mbito da Educao Fsica.

    5. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

    O presente estudo encontra-se estruturado do seguinte modo: Apresentao do Tema (I), Reviso Bibliogrfica (II), Metodologia (III), Apresentao e Discusso dos Dados (IV), Concluses (V), Recomendaes (VI), Referncias Bibliogrficas (VII).

  • 16

    II REVISO BIBLIOGRFICA

    II - REVISO BIBLIOGRFICA

  • II Reviso Bibliogrfica

    17

    1. A DANA

    1.1. CONCEITO DE DANA

    O conceito de Dana um conceito abstracto, no existindo apenas uma definio para o definir. A Dana tambm conhecida por ter diversas vertentes, nomeadamente a criativa, cultural, danoterapia e educativa. Apresentamos em seguida algumas definies deste conceito, procurando relacionar cada um deles.

    Joyce (1994) afirma que a Dana uma actividade fsica nica que trabalha de uma forma global a mente, o corpo e o esprito.

    Para Marques (1998) citado por Shimizu, Hngaro e Solazzi (2004) a Dana uma forma de conhecimento, elemento essencial para a educao do ser social.

    J para Santos (1997), a Dana uma actividade fsica que parte do corpo e do movimento, sendo portanto essencial ao desenvolvimento fsico e motor do indivduo. Surgindo como actividade fsica espontnea e natural, no deve ser travada, mas sim explorada, no sentido de favorecer o desenvolvimento e crescimento do homem.

    Duncan (s.d.) apud Garaudy (1980) em Zotovici (2001) refere que a Dana no apenas uma arte que permite alma humana expressar-se em movimento, mas tambm a base de toda uma concepo da vida mais flexvel, mais harmoniosa, mais natural. A Dana no , como se tende a acreditar, um conjunto de passos mais ou menos arbitrrios, que so o resultado de combinaes mecnicas e que, embora possam ser teis como exerccios tcnicos, no poderiam ter a pretenso de constiturem uma arte: so meios e no um fim.

    Duncan (1928) apud Santos (1997) entendia que se se deixasse desenvolver na criana o instinto natural para danar, como deixamos desenvolver os instintos para andar rir e falar e se se ensinasse todas as crianas a danar e se todos os seres humanos danassem, o mundo seria melhor e a humanidade seria mais feliz.

  • II Reviso Bibliogrfica

    18

    Santos (1997) identifica tambm a Dana como uma actividade que d prazer a todo o ser humano que a pratica. uma forma de libertao de tenses, energias e emoes, o indivduo adquire o seu equilbrio psico-fsico e, consequentemente, adapta-se e integra-se no meio que o envolve.

    Segundo Saraiva Kunz et al. (1998) apud Brasileiro (2003), a Dana possibilita a compreenso/apresentao das prticas culturais de movimento dos povos, tendo em vista uma forma de auto-afirmao de quem fomos e do que somos, ela proporciona o encontro do homem com a sua histria, seu presente, passado e futuro e atravs dela o homem resgata o sentido e atribui novos sentidos sua vida.

    A Dana uma actividade universal (todos os povos da terra, em qualquer poca, danaram), polivalente (exprime diferentes funes: rituais, culturais, teraputicos, scio - culturais, artsticos, etc.) polissmica (portadora de significados diversos) e polimorfa (atravs da sua unidade diacrnica e sincrnica, reveste uma infinidade de formas). igualmente uma actividade psicossomtica: sempre atravs do corpo que so mediatizadas as formas e as funes da Dana (Serre, 1982 apud Santos, 1997).

    muito mais do que a prpria palavra inspira. Ela envolve msica, som, ritmo, movimento, prazer, harmonia, intelecto, conhecimento, descoberta, formao pessoal e, sobretudo Educao para a vida (Verderi, 2000 apud Falsarella & Bernandes-Amorim, 2008).

    Pela Dana, o ser humano exprime e transmite em forma de arte a sua interpretao da realidade e conjuga, de forma harmoniosa, todas as solicitaes do meio, desenvolvendo a criatividade e a integrao social. Pelo desenvolvimento da percepo e pela riqueza experimental que a Dana proporciona, a criana desenvolve a sua capacidade crtica e outras formas de conhecimento. Adquire cultura, pela aprendizagem de Danas Tradicionais e de origem tnica (Santos, 1997).

  • II Reviso Bibliogrfica

    19

    1.2. HISTRIA DA DANA

    A Dana uma manifestao instintiva do ser humano. Desde os primeiros tempos da sua existncia que o Homem se movimenta ritmicamente para se aquecer e comunicar (Romo & Pais, 2006).

    A Dana tem tido diversas faces e tem servido muitas necessidades ao longo dos anos, quer seja magia, rituais, religiosas, sociolgicas ou educacionais. A Dana tem sido uma expresso espontnea de sensaes, tem sido cuidadosamente composta, tem sido desfrutada como uma actividade comum, tem sido representada como um espectculo (Russel, 1969).

    Pode ser marcada por trs fases distintas, no decurso da sua evoluo, que ocorreu em diferentes espaos e culturas, com ordem e formas diferentes (Santos, 1997). Segundo a autora a primeira fase, a Dana Base, tem incio nos primrdios da humanidade, at aproximadamente ao sculo XV/XVI. A Dana Acadmica, correspondente segunda fase, tem incio no sculo XVII/XIX e a partir daqui que surge a terceira fase, a da Dana Contempornea, no sculo XIX e at aos nossos dias.

    Nas Danas Base ou Primitivas, Willem (s.d.), citado por Antunes (1994), em Santos (1997), considera todas as formas de Dana reduzidas ao essencial: aquelas em que a comunicao e expresso de sensaes e sentimentos directa e em que os papeis de participante e espectador se podem alterar ou confundir. Essas formas de Dana podem ter quatro tipos de motivao: a magia e religio, o jogo e a actividade recreativa, a seleco sexual e a comunicao por movimentos mimados (pantomima).

    Na civilizao grega, a Dana tem uma funo religiosa, teraputica, social e educativa e surge como arte de divertir. Os Gregos foram os primeiros a usar a Dana e os gestos para explicar as partes complicadas da histria contada. Considerada como elemento fundamental da educao, pretendia estimular a harmonia das formas e disciplinar o corpo. Os prprios guerreiros praticavam Dana, a fim de desenvolverem a agilidade fsica (Santos, 1997).

  • II Reviso Bibliogrfica

    20

    Na civilizao romana, a Dana no era elemento fundamental da educao, tendo no entanto assumido uma enorme densidade dramtica atravs da pantomima. Era utilizada nos entretenimentos romanos juntamente com a msica e combinada com acrobacias, o que a levou a alcanar aspectos cada vez mais violentos. Tal facto, originou uma desvalorizao da Dana pela religio crist (Santos, 1997).

    Tambm no Egipto antigo, a Dana foi desde muito cedo a maneira de celebrar os deuses, de divertir o povo e a partir desse ritual, desenvolveram-se os elementos bsicos para a arte teatral. O Ballet Clssico tem origem nessa Dana Primitiva, baseando-se no instinto para uma Dana formada de passos diferentes, ligaes, gestos e figuras, elaborados para um ou mais participantes (Santos, 1997).

    A histria do Ballet comeou h quinhentos anos na Itlia (sc. XV). O primeiro Ballet registado aconteceu em 1489, comemorando o casamento do Duque de Milo com Isabel de Arago (Santos, 1997).

    Entre o sculo XV e XVII, aparece a Dana Acadmica, tendo como antecedentes os ballets das cortes, que surgiram em Itlia como forma de prestigiar as novas cortes dos grandes imprios. Surgem ento os grandes mestres de Dana, nomeadamente Domenico de Piacenza, que escreve o primeiro tratado de Dana (Santos, 1997).

    Em Frana, os Ballets da corte apareceram devido fuso da famlia real italiana com elementos da famlia real francesa. Catarina de Mdicis, rainha da Frana por casamento, quem vai promover a Dana como forma de espectculo. Os Ballets da corte diferem das Danas Folclricas e das Danas de Salo, pois so mais estilizados e com uma forma teatral. Eram danados por homens, as mulheres no podiam participar sendo os papis femininos interpretados por estes (Santos, 1997).

    O Ballet da corte fazia parte da etiqueta e assumiu o seu perodo ureo no reinado de Lus XIV (1643-1715). H ento a necessidade de aperfeioar a tcnica e desenvolver a coreografia. Em 1669 fundada a Academia Real de Dana: o primeiro reconhecimento oficial da Dana como actividade artstica. Este tipo de Dana era elitista, pois s era praticada por membros da corte: uma Dana pouco social e muito teatral (Santos, 1997).

  • II Reviso Bibliogrfica

    21

    Aparece ento a profissionalizao da Dana e as escolas de bailarinos, abertas tambm s mulheres, que passam a desempenhar os papis femininos. A Dana entra ento na educao das classes de elite e surge o perodo do bailado romntico, que se inspira nos romances e no qual a mulher assume o papel principal (Santos, 1997).

    No incio do sculo XX (1910-1930), destaca-se o Bailado Russo orientado pelos princpios de Fokine, que so contrrios aos princpios expressivos da Dana Clssica. Os seus bailarinos procuravam aliar a Dana com a msica, o drama e o desenho (Santos, 1997).

    No Ocidente e na Europa surge a Dana Contempornea, baseada na busca da essncia expressiva do homem. Na Amrica, Isadora Duncan (1877-1927) renova o movimento que encontra nos fenmenos naturais, que se sobrepem utilizao de qualquer cenrio. Na Europa, Rudolf Laban (1878-1958) interessa-se pelo movimento e pelo corpo em geral. O seu trabalho originou o alastramento da Dana a vrias dimenses: terapia, educao e lazer (Santos, 1997).

    No prolongamento dos seus trabalhos surge, em 1927, um novo caminho com Marta Graham, Doris Humphrey e Charles Weidman, a Dana Moderna. Pretendia ento reflectir preocupaes sociais, polticas, afectivas e contemporneas. Baseada no movimento expressionista, pretendeu contrariar a Dana Clssica. Dana Contempornea a denominao dada s Danas que iam surgiam e que no se enquadram nas formas de Dana j existentes (Santos, 1997).

    A Dana Clssica, com um sistema padro de movimentos organizado e coerente, sendo privilegiada em contextos profissionais e ldicos, tambm ainda hoje complemento ou base de outras formas de Dana e mesmo da Ginstica (artstica e rtmica desportiva). Poder-se- talvez afirmar que a base de quase toda a Dana. A Contempornea tem-na por base, complementando-se com outras artes e tecnologias, de acordo com o objectivo ou ideia que pretende atingir (Santos, 1997).

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    1.3. CLASSIFICAES DE DANA

    Podem encontrar-se vrias classificaes de Dana que contribuem para a sua definio conceptual. So exemplos disso, as designaes de Dana de Base ou Primitiva, a Dana Clssica, a Dana Contempornea ou Moderna, a Dana Acadmica, a Dana Social, a Dana de Carcter, a Dana Educativa, a Dana para Crianas, etc. (Santos, 1997).

    Segundo a mesma autora, a Dana pode ainda ser entendida sob diferentes formas (Clssica, Moderna, Jazz, Contempornea, Popular, de Salo, entre outras), ter diferentes dimenses (Artstica, Educativa, Ldica, Teraputica) e desenvolver-se em diferentes nveis de prtica (Profissional, Amador/ Crianas e Adultos, Gerontes).

    A Dana apresenta vrias dimenses: a artstica, cujo objectivo a atingir a prpria Dana, a ldica, destinada a todos e que tem como objectivo a ocupao dos tempos livres, a teraputica, de reorganizao psicomotora e de reeducao psicossomtica e a educativa, com objectivos educacionais (Santos, 1997).

    Rangel (1996), classifica a Dana em tnica, Folclrica, de Salo e Teatral, fundamentando-se na obra de Faro (1987), sendo justificada pela evoluo histrica que segundo o autor apresentou a seguinte trajectria: o templo, a aldeia, a praa, o salo e o palco. A Dana divide-se em trs etapas basicamente: tnica, Folclrica e Teatral, apontando ainda, a Dana de Salo como o elo de ligao entre a segunda e terceira etapas.

    No mundo das manifestaes artsticas, a Dana teve conotao rigorosa, seguindo sempre os padres morais de cada poca, onde o surgimento de cada estilo ou tendncia reflectia o momento histrico social (Rangel, 1996). Estes estilos possuem caractersticas que lhes so peculiares, e que segundo os estudos de Godoy (1995) apud Rangel (1996), classificam-se da seguinte forma: Dana Clssica, Dana Neoclssica, Dana Livre, Dana Moderna, Dana a Carcter, Ballet Contemporneo, Dana Contempornea e Dana Prospectiva.

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    1.3.1. Dana Clssica

    A Dana Clssica, com origem no sc. XVII, procurava traduzir uma bela postura, leveza e rigor tcnico na reproduo dos seus movimentos, proporcionando um certo controlo da fluncia, exigindo dos bailarinos at mesmo um domnio de movimentos no muito comuns ao ser humano, como o caso da posio en dehors (posio que exige rotao da articulao coxo-femural em abduo) (Rangel, 1996).

    Figura 1. Posio en dehors

    Foram criadas nesta poca, as famosas cinco posies bsicas dos ps, e a utilizao de sapatilhas de ponta, dando o efeito de que as bailarinas flutuavam. As histrias desenvolvidas nas coreografias eram repletas de fantasias, envolvendo sempre fadas, ninfas e prncipes (Rangel, 1996).

    Faz referncia, normalmente, ao irreal e ao imaginrio, utilizando a pantomina e a representao. Procura a plasticidade do movimento e a mxima amplitude articular, a partir de um bom alinhamento corporal, que facilita um bom estado de equilbrio esttico e dinmico. Utiliza um vocabulrio tcnico, especfico e universal (Novais, s.d apud Romo & Pais, 2006).

    A Dana Clssica subdivide-se em trs grandes ramos, a saber:

    1. Danse Noble (Dana Nobre): Termo usado antigamente para designar a Dana do mais puro estilo clssico (Bulnes, s.d. apud Ossona, 1988).

    2. Danse de Caractre (Dana de Carcter): Termo genrico aplicado s Danas inspiradas nas Tradicionais que imitam os movimentos prprios de

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    uma classe de pessoas ou de alguma profisso ou ofcio (Bulnes, s.d. apud Ossona, 1988).

    Segundo Godoy (1995) apud Rangel (1996), surgiu entre o sc. XVIII e sc. XX, tendo como caracterstica bsica a conotao artstica que se pretendeu abordar nas Danas Folclricas. Para tanto, foi necessria a adaptao das formaes, da utilizao do espao, e dos prprios movimentos para que fosse possvel a realizao dessas Danas em locais ou ambientes mais restritos, como o palco. Neste estilo de Dana, procurou-se manter fielmente o vesturio e as caractersticas de costumes e hbitos do grupo social originrio.

    3. Danse Demi-caractre (Dana de Semicarcter): Dana inspirada nos mesmos motivos da Dana de Carcter, mas realizada de acordo com a tcnica da Dana Clssica.

    1.3.2. Dana Neoclssica

    No final do sc. XIX, surgem algumas tendncias inovadoras, como a Dana Neoclssica, que, sem abandonar as caractersticas tcnicas do clssico, procura explorar as formas abstractas como contedo de expresso, utilizando mais espao nas suas execues. O domnio da fluncia controlada ainda mais valorizado (Rangel, 1996).

    1.3.3. Dana Livre

    Rangel (1996) apresenta a classificao de Dana Livre, afirmando que esta nasceu atravs de Isadora Duncan no incio do sc. XX. Apesar de possuir formao tcnica clssica, Isadora no se rendeu aos princpios artificiais e tradicionais do clssico. Este estilo tinha o intuito de recuperar a essncia da Dana, procurando atingir directamente as almas e as emoes, fugindo do rigor e do virtuosismo tcnico que a Dana Clssica propunha. Isadora procurava inspirao na natureza, observando os seus elementos, como o movimento dos pssaros a levantar voo, a exuberncia da rebentao das ondas do mar, a fria do vento, ou mesmo a carcia deste nas folhagens e nos galhos das rvores, etc.

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    Isadora observava tambm os detalhes contidos nos vasos gregos, os quais, influenciaram de maneira significativa a sua performance.

    Os seus trajes eram leves, fazendo uso geralmente de tnicas transparentes e esvoaantes, com os ps descalos, demonstrando assim o seu desejo e apreo pela liberdade. Os seus movimentos eram rpidos e suaves, caracterizando uma fluncia livre, valorizando a explorao do espao e das figuras individuais. Enfatizou tambm nesta linha, a relao do ritmo interno do indivduo com o movimento a ser executado, ou seja, do pulsar interior desencadeando o fluir do movimento pretendido (Rangel, 1996).

    1.3.4. Dana Moderna

    A Dana Moderna no a evoluo da Dana Clssica, mas a evoluo de uma escola nascida anticlssica. Assim como o smbolo mais acabado da Dana Clssica Maria Taglioni (primeira bailarina que bailou nas pontas dos ps) ou La Legnani, criadora dos famosos fouetts (giros continuados num nico p), o smbolo da Dana Moderna Isadora, a primeira que se descalou para voltar s origens (Ossona, 1988).

    Este estilo de Dana teve a sua origem no sc. XX, tendo como caracterstica bsica movimentos de contraco do tronco, braos e pernas, reflectindo o sofrimento e a interiorizao do homem. As qualidades de contraco e expanso, utilizadas neste estilo, traduzem uma energia que tem origem na regio umbilical, associando-se um trabalho respiratrio para melhor domnio e execuo dos mesmos. A fluncia dos movimentos, neste tipo de Dana alternada, variando entre o livre e o controlado, dando assim uma dinmica mais expressiva a este estilo (Rangel, 1996).

    A Dana Moderna pode dividir-se quase em tantos estilos quantos foram os criadores, mas, de modo geral, Ossona (1988) classifica-a em: Dana Pantommica ou Expressionista, Dana Abstracta ou Musical, Dana Concreta ou Espacial, Dana Plstica, Dana Rtmica e Dana Experimental.

    A Dana em geral a expresso por meio do movimento, a Dana Moderna, em particular, est muito mais sujeita a esse princpio, posto que os mesmos elementos, isto , um mesmo

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    esforo realizado com grau idntico de energia no serviria para expressar distintos estados de nimo (Ossona, 1988).

    1.3.5. Ballet Contemporneo

    O Ballet Contemporneo, como refere Godoy (1995) apud Rangel (1996), surgiu com a tentativa de se encontrar novas possibilidades de movimentos, viabilizando o envolvimento de todas as tcnicas j existentes. Com origem no sc. XX, esta linha no tem pretenso de excluir qualquer que seja a manifestao desejada pelo executante, pois ela d grande nfase expressividade alm do nvel tcnico.

    1.3.6. Dana Contempornea

    Godoy (1995) apud Rangel (1996) menciona que a Dana Contempornea emerge no final do sc. XX, a partir dos anos 60 at s ltimas dcadas, apresentando como diferena bsica desta linha do Ballet Contemporneo a preocupao de se relacionar a Dana com temas que representam a realidade do homem na sociedade actual.

    Nasce como reaco contra o formalismo e artifcios do Ballet Clssico. O movimento utilizado obedece a uma lgica emocional e procura a plasticidade, a naturalidade e a sensao corporal partindo do centro do corpo. A sua tcnica tem como suporte a respirao que, por sua vez, est intimamente ligada relaxao, e utiliza-se do efeito da gravidade: desequilbrio, equilbrio dos movimentos livres, controlados, ondulados, entre outros (Novais, s.d. apud Romo & Pais, 2006).

    A Dana Contempornea, atravs de qualquer tipo de movimento, sejam eles tcnicos ou no, procura expressar, relatar, criticar ou reflectir sobre as ideias actuais, os problemas existentes e as tendncias da nossa sociedade. Neste estilo, a fluncia pode ser observada pela explorao de infinitas possibilidades de utilizao do espao, e pela alternncia e variao de movimentos tcnicos e livres (este ltimo, no sentido do movimento ser desprendido de regras, e cuja execuo remete espontaneidade e naturalidade) que se evidenciam de forma mais expressiva (Godoy, 1995 apud Rangel, 1996).

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    1.3.7. Dana Prospectiva

    Godoy (1995) apud Rangel (1996) apresenta ainda a Dana Prospectiva, tambm no sc. XX mas j com olhos no sc. XXI. Esta Dana tenta identificar-se com a arte, procurando um convvio com o cinema, a pintura, a msica, o teatro e a escultura.

    1.3.8 Dana Folclrica

    A Dana Folclrica tem como objectivo manter as razes socioculturais de determinada comunidade. tambm uma forma de actuao na sociedade, encontrada em vrios eventos, como por exemplo, as comemoraes de festividades escolares, religiosas e festas tpicas de cada poca e lugar (Rangel, 1996).

    Reflecte os valores culturais de um povo que se transmitem de gerao em gerao. Obedece a estruturas definidas, resultantes da maneira de ser de um grupo tnico, enquadrado e condicionado por determinados aspectos tais como, os geogrficos, histricos, climticos, culturais, entre outros (Novais, s.d apud Romo & Pais, 2006).

    A expresso de determinada civilizao pode ser entendida como o reflexo dos sentimentos e pensamentos desta comunidade, manifestada tambm atravs da Dana Folclrica (Nanni, 1995 apud Rangel, 1996).

    As Danas Folclricas, assim como todas as manifestaes folclricas, reflectem a necessidade do homem em expressar os seus hbitos e costumes. Independente do pas ou regio, estas Danas possuem determinados aspectos em comum, ou seja, ntima relao com algumas atitudes do quotidiano do indivduo, e retratam determinados momentos da vida das suas sociedades. Portanto, a Dana Folclrica uma forma de expresso popular que perdura ao longo do tempo, pela tradio mantida pelas comunidades que, passando de gerao a gerao, procuram conservar as suas razes e a essncia da sua histria (Rangel, 1996).

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    1.3.9. Danas Sociais

    Executadas como recurso social de entrosamento, com inteno recreativa, como confraternizao, conquista do sexo oposto, ou como desporto competitivo, as Danas Sociais so realizadas durante festas, bailes de finalistas, discotecas e at mesmo em ambientes escolares. Geralmente, as coreografias criadas no so pr-estabelecidas, ficando por conta da improvisao dos pares. A Dana Social chega a representar determinada classe social com maior nitidez (Rangel, 1996).

    Ainda que a Dana Social apresente relao com o desporto competitivo e com a tcnica, ela tambm uma prtica que pode abranger qualquer classe social, ser apreciada e realizada por indivduos de qualquer idade, onde no se procure a vertente competitiva (no sentido de que este no o fim da actividade), e no se pretenda o aprimoramento tcnico na execuo e nem mesmo pr-requisitos relacionados com a performance do indivduo (Rangel, 1996).

    A Dana, no se remete competitividade caracterizada pela imposio de rivalidade entre os participantes, nem pela necessidade de demonstrao da existncia do melhor. Tambm no se presta ao aprimoramento tcnico, enquanto meta final (Rangel, 1996).

    A Dana de Competio uma forma que se desenvolveu a partir da Dana Social. Atrai pessoas que gostam de muito de danar e sentem necessidade de mostrar a sua competncia e talento em competio directa com outros pares na pista de dana. No danam apenas para satisfao prpria mas tambm para impressionar quer juzes seleccionados para decidirem quem so os melhores pares, quer, claro, o pblico. Este tipo de Dana constitui portanto um espectculo (Laird, 1994).

    1.3.10. Danas de Salo

    As Danas de Salo, segundo Rangel (1996), encontram a sua origem nas Danas Populares realizadas nas praas das aldeias. Essas Danas chegaram at aos refinados sales dos castelos da realeza de forma estilizada, onde os movimentos executados pelo povo simples das aldeias sofreram transformaes e foram substitudos por outros com caractersticas de suavidade e elegncia nos gestos.

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    Presume-se ainda que esta Dana tenha sido o vnculo de ligao com a Dana Teatral, ou Dana Espectacular, antecedendo o seu surgimento. Nos nossos dias, as Danas de Salo encontram o seu espao de forma muito abrangente, podendo ser realizada em festas, bailes, discotecas, comemoraes de eventos em escolas, entre outros. Apresenta ainda uma variedade muito grande de tipos de Dana com as mais diversificadas origens, podendo ser realizada aos pares, individualmente ou mesmo em grupo.

    Para Volp (2006) apud Ehrenberg (2008) as Danas de Salo oferecem uma importante oportunidade para a socializao, sincronizao dos movimentos, execuo de padres de movimentos sistematizados, alm de ter cdigos prprios que promovam uma aprendizagem social. De forma ldica, so incorporados cdigos de comportamentos sociais que garantem as passagens das fases de desenvolvimento com aprovao social, pois reproduzem as normas sociais vigentes.

    Laird (1994) identifica dois tipos diferentes de Danas de Salo, as Modernas e as Latino-Americanas.

    1.3.11. Dana Jazz

    Tem as suas razes nas Danas Primitivas Africanas, e foi atravs da interaco do movimento e do ritmo dos descendentes africanos com a realidade e a cultura norte-americana que surgiu esta forma de Dana. Comea por ter um carcter essencialmente folclrico mas depressa se desenvolve, criando uma tcnica e caractersticas prprias. Adopta diferentes denominaes consoante o estilo seguido, tais como Dana Jazz Americana, Moderna-Jazz e Rock-Jazz (Novais, s.d apud Romo & Pais, 2006).

    1.3.12. Dana Teatral

    A Dana Teatral envolve uma gama imensa de estilos, como o Ballet Clssico, que surgiu para agradar a corte e embelezar as suas festas, o neoclssico, o moderno, nascendo para se opor ao clssico, reflectindo a ideia de liberdade de movimentos e sentimentos, preconizado por Isadora Duncan. O Jazz, o Sapateado e tantos outros que foram surgindo em busca de renovao, de melhor aperfeioamento tcnico, de maior liberdade e/ou

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    possibilidade de explorao de novos movimentos, buscando sempre formas inovadores de expresso (Rangel, 1996).

    Teve incio na poca da Idade Mdia, com objectivo de entreter a realeza, para a qual eram gastos verdadeiras fortunas na realizao dos espectculos, nos quais se combinavam a msica, o teatro e a Dana. Este tipo de Dana propiciou um enriquecimento indiscutvel para a arte e para a cultura de modo geral (Rangel, 1996).

    1.3.13. Hip Hop

    Advm dos Estados Unidos da Amrica e caracterizado por uma mistura de estilos de Dana j existentes, como por exemplo o Jazz, Danas Africanas e Latinas. um movimento artstico que compreende diferentes Danas, diferentes estilos de msica sobre os quais se dana o Hip Hop (Neves, 2004).

    Compreende diferentes modos de expresso, materializando-se tambm atravs do vesturio, uma linguagem e gestos particulares. portanto, uma mistura de vrios tipos de cultura que ao longo dos anos vivem uma batalha contnua para poderem comunicar-se para o exterior transmitindo, deste modo, os seus sentimentos atravs do Hip Hop (Neves, 2004).

    1.3.14. Expresso Corporal

    A Expresso Corporal no constituindo por si uma arte, muito til na formao do actor, do cantor lrico, do mimo e do danarino, mas no deve ser confundida com a Dana. Porque embora toda a Dana mesmo que a isso no se proponha seja Expresso Corporal, nem toda a Expresso Corporal Dana, ainda que o coregrafo possa transform-la em tal, ajustando-a aos esquemas da arte coreogrfica (Ossona, 1988).

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    Sborquia (2002) apresenta algumas classificaes de Dana, quanto sua amplitude, quanto ao espao geogrfico e quanto ao seu cunho tico-moral.

    Quanto sua amplitude:

    1. Raciais: So Danas que representam manifestaes de povos primitivos e cujos vestgios ainda persistem, apesar da cultura desses povos j ter sido em grande parte extinta. So representadas pela Dana Primitiva.

    2. tnicas: Dividem-se em Dana tnica e Populares. A Dana tnica representa a cultura particular de um povo, podendo ter traos da Dana Ancestral. A Dana Popular pode ser definida, tambm, como Folclrica. Nesta Dana, pela miscigenao de culturas, ocorre a reinterpretao de Dana de um povo por outros pases. So todas manifestaes de Dana que se mantm dentro do Folclore e se integram na tradio. Nesta classificao podemos encontrar outra subdiviso, a saber:

    Dana da moda: Dana produzida e veiculada pela imprensa e, consequentemente, praticada pela comunidade. Agrupa algumas variedades que permanecem na actualidade, chegando a incorporar-se no grupo das populares.

    Tem vinculao com o acto religioso, onde h a necessidade em se fazer um sincretismo das religies de origens indgenas e africanas, com a Igreja Catlica (Rangel, 1996).

    3. Espectculo: So Danas Acadmicas que precisam de um processo de aprendizagem sistematizado, dada a sua complexidade. As habilidades motoras exigidas so altamente estruturadas, tornando-se necessria uma base de treino para poder adquiri-las. So elas: Dana Clssica, Clssico Amador, Music Hall, Ballet Moderno, Jazz, Sapateado, entre outras.

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    4. Expressividade: Esta a motivao mais significativa da Dana. Neste tronco encontram-se o teatro, a Dana Contempornea, a educao e o lazer. Esta manifestao tambm pode fazer parte do conhecimento escolar.

    5. Recreao: So manifestaes de Dana que podem ter um carcter ldico. Podemos encontrar as manifestaes de Jazz Teatro, Jazz Amador, Danas de Salo e Ginstica Rtmica ou Actividades Rtmicas. Estas manifestaes da Dana podem estar no mbito educacional.

    Quanto ao espao geogrfico, as Danas podem ser:

    1. Locais: So aquelas que pertencem cidade onde quem as pratica est inserido.

    2. Regionais: So aquelas que pertencem regio ou ao estado em que o sujeito est inserido. So manifestaes de Dana realizadas nos diversos grupos sociais.

    3. Nacionais: So todas as manifestaes de Dana que pertencem s diferentes regies do pas e representam a cultura do povo.

    4. Estrangeiras: So todas as manifestaes de Dana que pertencem a outros pases, representando os costumes e valores de cada um.

    5. Internacionais: So as Danas praticadas em vrios pases.

    Quanto ao cunho tico-moral, as Danas podem ser:

    1. Danas Representativas: So aquelas manifestaes de Dana que representam a relao entre o mtico, o religioso e os costumes de um grupo social, como as Danas tnicas, Raciais, Folclricas e Populares.

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    So Danas familiares, sociais e festivas, tendo como finalidade o ldico, o amoroso e o educativo.

    2. Danas Expressivas e Recreativas: So as Danas provenientes de sensaes. Caracterizam-se pelas elaboraes coreogrficas cuja finalidade sejam as interpretaes musicais, as temticas teatrais ou a transmisso de sensaes ou sentimentos. So aquelas Danas em que os danarinos mostram as suas habilidades e representam as emoes por eles experimentadas atravs do movimento. So as Danas Interpretativas, entre outras. Tm por finalidade expressar o seu fim amoroso, ldico e educativo.

    3. Danas Sensuais: So danas cuja finalidade a conquista de parceiros, atravs de manifestaes subtis, de olhares, de posturas corporais ou acrescidas do uso de recursos tais como lenos ou leques.

    O autor considera ainda as Danas Sexuais, as Danas Erticas e as Danas Pornogrficas, que no sero abordadas no mbito desta Monografia pois consideramos que estas no se aplicam ao contexto educativo.

    1.4. A DANA NA EDUCAO

    Abordada como um dos pr-requisitos para a educao do indivduo na Histria da Humanidade, a Dana pode ser observada na antiga Grcia como um factor de influncia na cultura e educao da poca. Segundo Ellmerich (1987) apud Rangel (1996), datam de meados de 146 a.C. bailarinos profissionais que davam aulas de Dana.

    A Dana integrava a vida do indivduo a partir dos cinco anos at ao limiar da velhice, sendo realizada de inmeras formas (Nanni, 1995, apud, Rangel, 1996). bastante visvel, que a Dana na Educao da civilizao grega foi muito presente, onde a harmonia entre corpo e esprito era muito valorizada, alm de ser, na poca, uma alternativa para se adquirir um corpo esbelto. O homem educado, para aquela civilizao,

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    fundamentava-se num indivduo dotado de conhecimentos polticos e filosficos, alm de ter o domnio de algum instrumento e tambm da Dana (Rangel, 1996).

    Portinari (1989) apud Rangel (1996), tambm destaca a Grcia como uma civilizao que valorizou a Dana no seu aspecto educacional, onde Os gregos deram especial importncia Dana desde os primrdios da sua civilizao. Ela aparece em mitos, lendas, cerimnias, literatura e tambm como matria obrigatria na formao do cidado, e complementa dizendo que os filsofos tambm fizeram meno importncia da Dana, fosse como complemento artstico, fosse como exerccio saudvel para obter uma boa musculatura.

    Scrates (c. 469 399 a.C.), alegava que os guerreiros vitoriosos eram sempre aqueles que sabiam danar (Rangel, 1996).

    Plato (428 347 a.C.) por sua vez atribua Dana, uma funo educacional na formao do indivduo, associada aprendizagem de msica e canto. Para Plato, a Dana consistia em duas fragmentaes, a Dana Nobre que deveria ser ensinada s crianas, contribuindo para o seu desenvolvimento harmonioso, entre mente e esprito e a Dana Ignbil que deveria ser excluda do processo de ensino por representar o que era feio, repugnante, desonesto, enfim, torpe (Rangel, 1996).

    Aristteles (384 322 a.C.) tambm enfatizou a participao da Dana na Educao, salientando que a sua aprendizagem e prtica, assim como o Canto e a Msica, vivenciados na adolescncia, poderiam favorecer o fsico e o intelectual do indivduo. Portinari (1989) refere que A Dana recomendada pelos filsofos era aquela que cultivava a disciplina e a harmonia das formas (Rangel, 1996).

    Entre os romanos a Educao tambm se apoderava da Dana para atingir os propsitos da sociedade, muito embora fosse em menor intensidade e variabilidade. As mulheres, por exemplo, recebiam uma educao direccionada aos ofcios da casa, e algumas vezes, aprendiam Dana, msica, poesia e canto (Nanni, 1995 apud Rangel, 1996).

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    Quanto aos jovens romanos, ao ingressarem na escola de retrica tinham acesso msica e Dana como educao complementar, j que em Roma, a educao tinha como finalidade a preparao militar (Nanni, 1995 apud Rangel, 1996).

    Segundo Rangel (1996), durante a Idade Mdia observa-se a interveno da Igreja reprimindo a Dana na sociedade daquela poca. No entanto, nalgumas cerimnias religiosas a Dana era executada com carcter mstico. Este perodo oculto da Dana perdurou por um longo perodo, aproximadamente de 476 a.C. at meados de 1400. Com o Renascimento, a Dana, ainda com cunho religioso, vai surgindo como forma de interveno na Educao, induzindo submisso os indivduos, para atender aos desgnios divinos.

    A partir da Renascena iniciam-se, ento, as Danas Camponesas e Nobres, tornando perceptvel a distino das Danas ditas Populares e Eruditas, praticadas pelos nobres e de cunho educacional (Ellmerich, 1987, apud Rangel, 1996). Desta maneira, evidenciava-se a diferena entre Dana Espectculo, que aos poucos comeava a ter o seu prprio campo de actuao como Dana/Arte, das conceituaes desenvolvidas pela Dana Educao (Rangel, 1996).

    A presena da Dana na Educao, apesar de mostrar-se com caractersticas de imposio, obedincia, e submisso ao regime de cada poca e de cada sociedade, tornou-se um foco de ateno para contribuir para a educao do indivduo, desde longa data (Rangel, 1996).

    A Dana importante para a formao humana, na medida em que possibilita experincias dos alunos, bem como proporciona novos olhares para o mundo, envolvendo a sensibilizao e consciencializao de valores, atitudes e aces quotidianas na sociedade (Gariba & Franzoni, 2007).

    Para Pereira et al. (2001) apud Gariba e Franzoni (2007), a Dana um contedo fundamental a ser trabalhado na Escola, com ela, pode-se levar os alunos a conhecerem-se a si prprios e/com os outros, a explorarem o mundo da emoo e da imaginao, a criarem, a explorarem novos sentidos e movimentos livres.

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    O trabalho com a Dana na Educao apresenta em sua maioria uma viso instrumental dela. Dentro dessa viso, o que importa saber refere-se histria da Dana, aos diferentes estilos e s tcnicas empregues. Esses contedos so sem dvida importantes e integrantes do ensino da Dana, mas no podemos reduzir tal ensino transmisso de um conhecimento j existente, de modo a dar prioridade forma e s tcnicas de movimentao, dentro de um ou outro estilo de Dana (Fiamoncini, 2003).

    A Dana aplicada ao contexto escolar no pretende formar bailarinos (Shimizu et al., 2004, Ehrenberg, 2008), antes disso, consiste em proporcionar ao aluno um contacto mais afectivo e intimista com a possibilidade de se expressar criativamente atravs do movimento, dando possibilidade de uma humanizao frente aos problemas enfrentadas na sociedade (Shimizu et al., 2004).

    A Dana, como outras manifestaes da cultura corporal, deve ser capaz de inserir o aluno no mundo em que vive de forma crtica, reconhecendo-se como agente de possvel transformao. Para tal, necessrio no apenas contemplar estes contedos como mero espectador, para no dizer reprodutor, e sim identific-los, vivenci-los e interpret-los corporalmente (Ehrenberg, 2008).

    Marques (2003) apud Gariba e Franzoni (2007), ressalta que os contedos especficos da Dana so: aspectos e estruturas da aprendizagem do movimento (educao somtica e tcnica), disciplinas que contextualizem a Dana (histria, esttica, apreciao e crtica, sociologia, antropologia, msica, assim como saberes de anatomia, fisiologia) e possibilidades de vivenciar a Dana em si (reportrios, improvisao e composio coreogrfica).

    A Dana, entendida como a arte de expresso em movimento, destaca na Educao a ptica da sensibilidade, da criatividade e da expressividade, como uma nova direco que se quer dar para a razo, a tica, a cultura, e a esttica pelo saber atravs do sentir, da intuio, e com o objectivo de uma vida melhor e mais digna para as pessoas (Fiamoncini, 2003).

    Gariba e Franzoni (2007) citando Marques (2003), Sborquia e Gallardo (2006) e Strazzacappa e Morandi (2006) ressaltam que, por meio de um trabalho consciente de

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    Dana, a Escola ter condies de formar indivduos com conhecimento das suas possibilidades corporal - expressivas.

    Segundo Achcar (s.d.) apud Shimizu (2004), 8 itens acompanham o desenvolvimento da Dana e o seu enriquecimento para as qualidades humanas:

    1. Beleza;

    2. Viso;

    3. Preciso; 4. Coordenao; 5. Flexibilidade; 6. Tenacidade; 7. Imaginao;

    8. Expresso.

    A Beleza alm dos benefcios fsicos, d um belo porte, naturalidade, elegncia e segurana nos movimentos. A Viso, a capacidade de compreender as formas e linhas, nas suas propores harmoniosas e equilibradas. Preciso na execuo e controlo para fornecer o equilbrio interno. Coordenao, como saltos e equilbrios chegam muitas vezes na sua capacidade mxima. Flexibilidade, como liberdade de movimentos, dentro de um controlo muscular. Tenacidade, como a qualidade indispensvel para a formao de um artista aliada aos atributos essenciais: esttica e musicalidade. Imaginao, pois no existe arte sem imaginao, ela uma tendncia inata, mas pode ser tratada e desenvolvida atravs da msica. Expresso a qualidade artstica de maior importncia no somente na Dana, mas em todas as artes (Shimizu, 2004).

    1.5. A DANA NA EDUCAO FSICA

    A Dana apresenta-se como uma das actividades completas por concorrer de forma acentuada para o desenvolvimento integral do ser humano (Gariba & Franzoni, 2007).

    Dentro dos contedos de Educao Fsica, a Dana tem de ser contemplada como um meio e no como um fim. uma actividade to antiga como o ser humano e atravs dela o

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    Homem encontrou um veculo de expresso. A Dana, para ser aplicada ao mbito escolar, deve ser adaptada para que possua interesse para os alunos e que ao mesmo tempo contenha uma finalidade educativa (Garfano & Checa, 2007).

    Aparece predominantemente sob a forma de apresentaes em datas festivas onde o professor escolhe uma msica, elabora uma sequncia coreogrfica e os alunos, todos iguais, copiam os movimentos (Fiamoncini, 2003, Ehrenberg, 2003, apud Ehrenberg & Gallardo, 2005).

    Os significados da Dana para os alunos so os mais variados, diferenciando-se muito de acordo com a prtica metodolgica utilizada pelo professor. A Dana na Escola assume as caractersticas mais tradicionais da Educao Fsica, fazendo-se valer como uma mera oportunidade de reproduo de movimentos rtmicos. (Ehrenberg, 2003, apud Ehrenberg & Gallardo, 2005).

    Alm disso, quando se utiliza a Dana como contedo, este reduz-se, quase que unanimemente, ao ensino tcnico estilstico e a exerccios convencionais (Fiamoncini, 2003).

    Gallardo (2002) apud Ehrenberg e Gallardo (2005), sugere que a Dana, inserida nas aulas de Educao Fsica no ultrapasse o mbito da vivncia, proporcionando aos alunos que experimentem e se apropriem desta possibilidade de manifestao corporal. O interesse pedaggico no deve estar centrado predominantemente no domnio tcnico do conhecimento trabalhado, mas sim, na possibilidade de incorporao das muitas tcnicas de execuo que possibilitem a sua transferncia para vrias outras situaes ou contextos.

    Mundim (2002) pensa que possvel passar aos alunos, por meio da prtica alguns dos conceitos bsicos que so atribudos Dana, como a responsabilidade com o seu prprio corpo, a relao com o outro, a disciplina, a concentrao. Esses fundamentos so apreendidos por necessidades que surgem durante as actividades, e no por imposio.

    Falsarella e Bernandes-Amorim (2008) acreditam que a Dana um instrumento facilitador nos relacionamentos interpessoais, no desenvolvimento da auto-estima, da autoconfiana e do senso de responsabilidade. Tambm proporciona benefcios fsicos

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    como: aumento da resistncia corporal, esttica, postura e flexibilidade, alm de contribuir para o equilbrio emocional dentro de um desenvolvimento do indivduo como um todo.

    A Dana uma forma de conhecimento que permite ao professor intervir no aumento da expressividade dos alunos, visto que possibilita a leitura dos gestos humanos como linguagem (Figueira, 2008).

    Os professores reconhecem que a Dana tem sido negligenciada nas escolas e os motivos levantados por eles para justificar esta contradio, foram: a falta ou precariedade de experincias e vivncias prticas em Dana, na vida pessoal e na formao inicial, e a falta de vontade, factor desmotivador principal de um trabalho mais efectivo em Dana nas escolas. (Saraiva, Lima & Camargo, s.d.).

    Na grande maioria dos casos, os professores no sabem exactamente o qu, como, ou at mesmo porqu ensinar Dana na escola (Marques, 1997).

    Uns dos fortes argumentos para a inexistncia do contedo Dana nas aulas de Educao Fsica so as questes estruturais, de conhecimento e de aceitao por parte dos alunos, especialmente do sexo masculino (Brasileiro, 2003).

    A reduzida carga horria destinada ao estudo da Dana nos cursos de Educao Fsica no proporciona conhecimentos e segurana necessrios para o seu ensino, o que por outro lado seria satisfatoriamente atingido num curso superior de Dana (Pacheco, 1999).

    No estudo de Miranda (1994) apud Pacheco (1999) uma das principais concluses foi que a vivncia de Dana nos cursos de Educao Fsica insuficiente para denominar-se formao em Dana.

    Marques (1997), afirma que a formao de professores que actuam na rea de Dana implica trs tipos de saber diferenciados e, ao mesmo tempo, complementares: o conhecimento directo, sem intermediao das palavras (ou do ingls knowing this), o conhecimento sobre as artes (do ingls knowing that) e o conhecimento de como fazer algo (do ingls knowing how). Na rea de Dana, estes conhecimentos equivaleriam a experimentar, sentir, fazer, enfim, para que construssemos um conhecimento de Dana em

  • si, conhecer/saber disciplinasque, indirectamente, complementam enecessrias para poder criar e

    Figura

    Se admitirmos a Dana como contedo, teremos de recorreraos demais contedos como sendo importantes(Brasileiro, 2003).

    Ehrenberg e Gallardo (2005) afirmam que os professores avalor cultural que a Dana possibilita positivos. Muitos dizem que valorizando a cultura nacional, apresentando D

    Gallardo (2002) apud Ehrenberg e Gallardo (2005), segundo sua origem, a fim de facilitar a aulas de Educao Fsica representarem a cultura particular de veiculadas pelos meios de comunicao e praticadas alguns casos, a tornarem-se T

    Sub-textos da Dana

    "Knowing how

    II Reviso Bibliogr

    conhecer/saber disciplinas que no dizem respeito ao danar propriamente dito, mascomplementam este conhecimento e a aprendizagem d

    necessrias para poder criar e danar, respectivamente.

    Figura 2. Contextos dos Alunos (adaptado de Marques, 1996)

    ana como contedo, teremos de recorrer-lhe assim como recorremos aos demais contedos como sendo importantes para a formao das crianas e adolescentes

    Ehrenberg e Gallardo (2005) afirmam que os professores ao serem questionados sobre oana possibilita aos alunos reconhecem-no e consideram

    dizem que procuram passar estes significados aos seus alunos nacional, apresentando Danas tpicas.

    Ehrenberg e Gallardo (2005), prope uma classifiua origem, a fim de facilitar a delimitao deste conhecimento na escola.

    aulas de Educao Fsica possvel considerar as Danas Tradicionais ouentarem a cultura particular de uma regio, e as Danas Populares que so aquelas

    ios de comunicao e praticadas pela comunidade, chegando, em se Tradicionais.

    Contexto

    dos Alunos

    Textos da Dana

    " Knowing this dance"

    Contextos da Dana

    "Knowing that dance"

    textos da Dana

    how to dance"

    Reviso Bibliogrfica

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    que no dizem respeito ao danar propriamente dito, mas a aprendizagem das habilidades

    assim como recorremos

    o das crianas e adolescentes

    o serem questionados sobre o e consideram-no como

    estes significados aos seus alunos

    prope uma classificao das danas delimitao deste conhecimento na escola. Nas

    radicionais ou Folclricas, por opulares que so aquelas

    pela comunidade, chegando, em

    Contextos da Dana

    dance"

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    Todos os tipos de Dana seleccionados para serem trabalhados nas aulas devem possibilitar interpretaes e (re)criaes do que j se tem constitudo (Ehrenberg & Gallardo, 2005).

    No entanto alertam que para alm de vivenciar, necessrio interpretar e identificar semelhanas e diferenas de acordo com o contexto escolar.

    A criatividade e a expressividade tendem a perder-se diante do excesso de tcnicas provocado pela procura do desempenho fsico e do virtuosismo na dana (Fiamoncini, 2003).

    Para o ensino da Dana, Fiamoncini (2003) acredita na viabilidade da improvisao. A autora entende que este seja o caminho mais recomendvel para quem se prope a ensinar a danar, um caminho que favorece a criatividade, a experimentao, a superao dos modelos (tanto de movimento quanto de pensar, de sentir).

    Improvisao em Dana, significa dar forma espontnea aos movimentos, realizar movimentos no treinados, ou seja, a improvisao conduz descoberta, criao pessoal, possvel a todos. O aluno, no momento da improvisao, tem de lidar com o no planeado, com o imprevisto, buscando resolver a tarefa que lhe for apresentada atravs de movimentaes criativas, despindo-se das formas tradicionais e estereotipadas. um importante veculo de aprendizagem, pois proporciona a abstraco dos significados que o smbolo permite, no se reduzindo a um adestramento de movimentos (Kunz, 1994 apud Fiamoncini, 2003).

    Berge (s.d.) afirma que a improvisao livre uma excelente ocasio de descontraco, onde cada aluno revela as suas possibilidades de expanso corporal ou os seus problemas especficos, que guiaro o trabalho posterior do professor.

    Marques (1997) afirma que a seleco dos contedos para uma aula de Dana, assim como a elaborao de um planeamento, tornam-se incompatveis com o que tradicionalmente aprendemos nos cursos de didctica e prtica de ensino, ou seja, as "listas de contedos por srie e faixa etria" e o planeamento "em colunas". Ou seja, a pluralidade das conexes artstico-educativas possveis em Dana no seriam viabilizados somente pelas estratgias e mtodos escolhidos pelo artista-docente, mas, relacionados a eles, tambm implcitas na

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    escolha dos contedos a serem trabalhados com os alunos. A autora apresenta uma articulao mltipla entre o contexto vivido, percebido e imaginado pelo/do aluno e os subtextos, textos e contextos da prpria Dana.

    1.5.1. Aplicao Em Dana Das Tendncias Da Educao Fsica Escolar

    Gaspari (2002) comprometeu-se a analisar as principais tendncias que permeiam a Educao Fsica Escolar, julgando-as fundamentais para tornar visvel os pressupostos pedaggicos que esto por trs das actividades de ensino, procurando uma congruncia entre o que se pensa fazer e o que realmente se faz.

    1.5.1.1. Psicomotricidade

    Vayer (1972) define psicomotricidade como a interaco das diversas funes motrizes e psquicas. Na dcada de oitenta, comeou a ser traduzida e publicada no Brasil, a abordagem psicomotora, fundamentada principalmente na psicocintica, elaborada por Le Boulch (Gaspari, 2002).

    Diferenciava-se das concepes de aprendizagem motora centradas no rendimento, tendendo a conduzir mecanizao, por uma que privilegia a interaco dos domnios cognitivo, afectivo e motor. Visava-se a educao pelo movimento (Gaspari, 2002).

    Resende (1994) e Soares (1996) citados por Gaspari (2002), analisaram a abordagem psicomotricionista como positiva, na tentativa de justific-la como uma componente curricular imprescindvel formao das estruturas de base para as tarefas didcticas da escola e na proposio de um modelo pedaggico fundamentado na interdependncia do desenvolvimento motor, cognitivo e afectivo dos indivduos. Mas, analisaram-na como negativa, medida que a Educao Fsica perde a sua especificidade, acabando por ser mais um meio para auxiliar na aprendizagem das demais disciplinas escolares (integrao, reabilitao, adaptao, sociabilizao).

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    1.5.1.2. Abordagem Desenvolvimentista

    Considera o movimento como objecto de estudo e aplicao da Educao Fsica e que o objectivo bsico da Educao Fsica a aprendizagem motora (o movimento deixa de ser usado como meio de observao para estudar o desenvolvimento nos outros domnios, mas sim como um fenmeno merecedor, por si s, de anlise e consideraes mais profundas, pois o comportamento motor a expresso da integrao entre os domnios cognitivo e afectivo-social no incio da sequncia de desenvolvimento) (Gaspari, 2002).

    Conforme Manoel (1994) apud Gaspari (2002), os movimentos tm um papel primordial na operao bsica de adaptao (finalidade) de organismos vivos, envolvendo o planeamento e a verificao experimental. Para que ocorram, so necessrias informaes

    sobre o controle de energia necessrio para a execuo econmica do movimento.

    Gaspari (2002), afirma que tal abordagem parece ser uma opo vantajosa de trabalho, na medida em que legitima a disciplina (Educao Fsica) enquanto contedo prprio da rea (habilidades fsicas).

    1.5.1.3. Abordagem Construtivista

    A abordagem construtivista baseada principalmente nos trabalhos de Jean Piaget e nas suas aplicaes escolares ou psicolgicas (Gaspari, 2002).

    Conforme Macedo (1994) apud Gaspari (2002) esta abordagem valoriza as aces ou produes do sujeito. Parte daquilo que o aluno j conhece, entendendo que s uma aco espontnea do sujeito tem sentido, logo preciso saber ouvir ou desencadear na criana s aquilo que ela possui como patrimnio da sua conduta. O professor dever ter conhecimento sobre todos os assuntos para poder discutir com os seus alunos, estimulando-os a fazerem perguntas e a formularem possveis respostas o que importa a pergunta ou situao-problema, portanto, pode-se dizer que centrada no processo de aprendizagem.

    Sendo o construtivismo uma pedagogia invisvel, portanto centrada no processo, no tem um tempo previsto de aprendizagem (Silva, 1993 apud Gaspari, 2002). Neste sentido, este

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    processo dever ser levado em conta ao longo de toda a escolaridade obrigatria do aluno, que actualmente em Portugal se encontra em 9 anos e a partir do prximo ano lectivo passar a ser de 12 anos para aqueles alunos que se encontram no 7 ano.

    1.5.1.4. Abordagem Biolgica Renovada

    Centrada na aptido fsica relacionada com a sade, possui os objectivos de informar, mudar atitudes e promover exerccios regulares para a aptido fsica e a sade (Nahas, 1997 apud Gaspari, 2002).

    Destina-se mais ao ensino mdio, portanto para adolescentes, tendo a preocupao de levar os educandos a perpetuarem um estilo de vida activo, tornando-os independentes (Gaspari, 2002).

    Guedes e Guedes (1997) apud Gaspari (2002), apontam tambm para a importncia de se alcanar nveis mais elevados de aptido fsica relacionados com a sade. Porm, questionam como isso ser possvel possuindo duas ou no mximo trs aulas de Educao Fsica por semana, num perodo de quarenta e cinco minutos.

    Para Gaspari (2002), a abordagem psicomotricionista passvel de efectivao durante o processo de desenvolvimento do aluno at os 7 anos de idade (Educao Infantil). J a desenvolvimentista, ser mais adequada para aplicao a partir dos 7 at os 12 anos de idade. A biolgica renovada, de acordo com o mesmo autor, ser mais adequada a partir dos 12 anos de idade e principalmente no Ensino Mdio. Sendo importante relacionar os objectivos, finalidades, contedos e estratgias metodolgicas visadas nas abordagens que se desejar utilizar. A abordagem construtivista mais abrangente uma vez que de acordo com o autor passvel de efectivao em todas as idades.

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    1.6. A DANA NOS PROGRAMAS DE EDUCAO FSICA

    Quadro 1. Composio Curricular Modalidade Nuclear

    Ensino Bsico Ensino Secundrio

    1 Ciclo 2 Ciclo 3 Ciclo 10 Ano 11/12 Anos

    Nvel Introdutrio Nvel Elementar Nvel Elementar Nvel Avanado

    No Programa de Educao Fsica do 10, 11 e 12 anos (Jacinto, Carvalho, Comdias & Mira, 2001a) possvel verificar que a Dana faz parte da composio curricular de todos os nveis de ensino e tem como principal objectivo que os alunos apreciem, componham e realizem sequncias de elementos tcnicos da Dana em coreografias individuais e de grupo, correspondendo aos critrios de expressividade de acordo com os motivos das composies.

    A Dana surge ao longo da disciplina de Educao Fsica, pois o tratamento desta rea, to importante, deve permitir uma progresso da qualidade de prtica e dos seus efeitos, de acordo com as possibilidades dos alunos na composio, na interpretao (tcnica) e na apreciao. Essas possibilidades so suscitadas pelo desenvolvimento global dos alunos, para o qual a Dana deve tambm contribuir (Jacinto, Carvalho, Comdias & Mira, 2001b)

    Ao nvel do trabalho a ser realizado ao longo do 3 Ciclo (Parte do Nvel Elementar), solicitado ao aluno que realize sequncias de saltos, de voltas e sequncia de passos combinados com voltas, saltos e posturas (Jacinto et al., 2001b).

    J no que diz respeito aos contedos que devem ser abordados ao longo do 10 ano (Nvel Elementar), estes so semelhantes aos abordados no 3 Ciclo, mas os quais devero ser realizados com mais complexidade, nomeadamente atravs do aumento da amplitude (Jacinto et al., 2001a).

    Por fim, em relao ao Nvel Avanado (11 e 12 anos) solicitado ao aluno que realize um projecto de criao de uma coreografia ou de recolha de uma Dana e participe numa composio que da sua autoria quer da autoria de um colega (Jacinto et al., 2001a).

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    Tendo em ateno a evoluo dos alunos ao longo de todo o percurso escolar, torna-se necessrio uma abordagem coerente e contnua e uma programao consistente fundamentada.

    1.7. A DANA NOS MANUAIS DE EDUCAO FSICA

    A anlise realizada aos manuais pretende verificar quais os contedos de Dana que estes abordam, bem como aferir aquele ou aqueles que so mais abordados. Consideramos que esta informao importante no sentido que poder auxiliar o professor na escolha dos contedos de Dana a abordar ao longo das suas aulas de Educao Fsica.

    Quadro 2. Contedos abordados nos Manuais de Educao Fsica

    Ttulo Autores Editora Contedos D DS DTP A

    3 Ci

    clo

    Desporto@Aventura Educao Fsica 3 Ciclo

    Fernando Abrantes Mrio Jos Pereira Rui Sousa Mendes

    Lus Miguel Simes

    Texto Editores X

    Em Movimento Paula Batista Lcia Rgo

    Avelino Azevedo

    Edies ASA X

    Educao Fsica 7|8|9 3 Parte

    Paula Romo Silvina Pais

    Porto Editora X X X X

    Secu

    nd

    rio

    Educao Fsica 10|11|12 Paula Romo Silvina Pais Porto

    Editora X X X X

    Movimento Um Estilo de Vida

    Paula Batista Lcia Rgo

    Avelino Azevedo

    Edies ASA X X X X

    Educao Fsica Antnio Almeida Jos C. Monteiro Edies

    ASA X X

    Educao Fsica 10/11/12 Manuela Costa Anbal Costa Areal

    Editores X X X

    Legenda: D- Dana, DS Danas Sociais, DTP Danas Tradicionais Portuguesas, A - Aerbica.

    A anlise foi realizada tendo em conta o modo como estavam organizados, nomeadamente a nomenclatura utilizada. Atravs do quadro 2 possvel verificar que todos os livros analisados fazem referncia aos contedos de Dana. tambm possvel averiguar que nos manuais do Ensino Secundrio aparece uma maior panplia de contedos.

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    Dentro das Danas Socais, as mais abordadas so o Merengue, o Foxtrot Social, o Tango, contempladas num total de 4 manuais e as diferentes formas de Valsa num total de 5 manuais. Encontramos ainda a Rumba Quadrada, o Cha Cha Cha e a Salsa, presentes em 3 manuais.

    O Quickstep, uma dana com passos complicados (Laird, 1994), apenas considerada num manual.

    Quadro 3. As Danas Sociais nos Manuais de Educao Fsica

    Ttulo DANAS SOCIAIS M RQ RC V Vl FS C R S T J Q

    3 Ci

    clo

    Desporto@Aventura Educao Fsica 3

    Ciclo

    Em Movimento 7./8./9 anos

    Educao Fsica 7|8|9 3 Parte X X X

    X X X X X X X

    Secu

    nd

    rio

    Educao Fsica 10|11|12 X X X

    X X X X X X X

    Movimento Um Estilo de Vida X X X X X

    Educao Fsica X X X Educao Fsica

    10/11/12 X

    X X X X

    Legenda: M Merengue, RQ Rumba Quadrada, RC Rumba Cubana, V Valsa, Vl Valsa (lenta), FS Foxtrot Social, C Cha Cha Cha, R Rock, S Salsa, T Tango, J Jive, Q - Quickstep

    Nas Danas Tradicionais Portuguesas, o Regadinho, uma Dana Tpica do Douro Litoral aquela que mais referenciada, contemplada em 3 dos 7 manuais analisados.

    Encontramos tambm diversas Danas que so mencionadas em 2 manuais cada, nomeadamente a Choutia, o Farracatinho, o Malho e o Pzinho da Vila.

    Verificamos ao analisar os manuais que nenhum dos analisados contempla uma Dana Tradicional Madeirense. Julgamos que seria do interesse dos alunos, no s dos oriundos das ilhas, se existissem Danas originrias das Regies Autnomas..

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    Quadro 4. As Danas Tradicionais Portuguesas nos Manuais de Educao Fsica

    Ttulo DANAS TRADICIONAIS PORTUGUESAS R C F M PZ Rg S V2 MEA T VSM I

    3 Ci

    clo

    Desporto@Aventura Educao Fsica 3

    Ciclo

    Em Movimento Educao Fsica 7|8|9 X X X X X X

    Secu

    nd

    rio

    Educao Fsica 10|11|12 X X X X X

    Movimento Um Estilo de Vida X X X

    Educao Fsica Educao Fsica

    10/11/12 X X X X

    Legenda: R Ruga, C Choutia, F Farracatinho, M Malho, PZ Pezinho da Vila, Rg Regadinho, S Sericot, V2 Valsa a 2 tempos, MEA O Mar Enrola na Areia, T Toma-L-D-Ca, VSM Vira de Santa Marta, I Iscote

    No foi possvel analisar todos os livros existentes no mercado, uma vez que alguns j se encontravam esgotados e as respectivas editoras no nos forneceram a indicao do contedo destes mesmos livros.

    Para o 3 ciclo, o manual mais completo em termos de contedos gerais de Dana o manual editado pela Porto Editora, j em relao ao Ensino Secundrio encontramos tambm o manual da Porto Editora e tambm um dos manuais das Edies ASA. No entanto, em termos de contedos especficos o manual da Porto Editora aborda um maior nmero quer de Danas Sociais, quer de Danas Tradicionais Portuguesas.

    1.8. ELEMENTOS DA DANA

    A Dana favorece o desenvolvimento humano de uma forma mais completa. Atravs do conhecimento do corpo no espao e no tempo, a aco dinmica do corpo, as suas relaes com os outros, leva o homem a desenvolver-se harmoniosamente, ao nvel fsico, psquico e social, tornando-se socivel, comunicativo e sensvel realidade, assumindo a sua prpria identidade (Santos, 1997).

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    Laban foi um grande pedagogo da Dana que, com base na anlise do movimento, realou a unidade estrutural de cada componente da Dana, de modo a possibilitar o ensino/aprendizagem desses mesmos elementos (Batalha, 2004).

    1.8.1. O Corpo

    Laban e os seus discpulos caminharam para uma forma de Dana mais significativa, na medida em que transforma o corpo em smbolo (Sasportes, 1962).

    O corpo em Dana o principal instrumento de trabalho em Dana. Esta, faz parte de um jogo de relaes entre o corpo, o espao prximo e distante, o tempo e a sua sequencialidade, os ritmos, velocidades e pausas, as dinmicas e as suas energias e inrcias (Batalha, 2004).

    Os Movimentos Locomotores so movimentos que levam o corpo de um lugar para outro. So os grandes movimentos livres para os quais as pernas do mpeto, impelindo o corpo para o espao.

    Quadro 5. Movimentos Locomotores Movimentos Traduo Descrio

    Walk Andar Transferncia do peso dum p para o outro. Um dos ps est sempre no cho.

    Run Correr Transposio do peso de um p para outro enquanto o corpo est momentaneamente no ar.

    Jump Saltar Distribuir o peso do corpo pelos dois ps. Elevao completa do cho aterrando com os dois ps simultaneamente.

    Hop Saltar Transposio do peso para uma perna. Elevao e queda do mesmo p.

    Leap Saltar Transposio de peso dum p para outro implicando uma certa elevao e suspenso no ar. Necessita de mais espao, fora e coordenao que o anterior.

    Os Movimentos No Locomotores so aqueles em que o corpo capaz de actuar a partir de uma base fixa da posio de sentado, de p, deitado ou ajoelhado. So aqueles que se realizam sem se ir a lado nenhum.

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    Quadro 6. Movimentos No Locomotores Movimentos Traduo Descrio

    Bend Flexo Contraco flectindo uma ou mais partes do corpo.

    Stretch Extenso Estende e expandir uma ou mais partes do corpo.

    Push Empurrar Empurrar os membros do corpo usando a fora. Tambm implica extenso e flexo.

    Pull Puxar Atraco em direco a uma base fixa (o corpo) usando a fora.

    Twist Toro Mudar de posio usando uma certa rotao volta de um centro.

    Turn Volta Volta completa em torno de um centro ou base.

    Bounce Molejar Subir e descer depressa, solavancos. Shake Tremer Movimento vibrante pequeno, rpido e sucessivo.

    Swing Oscilao Movimentos pendulares dos braos, pernas ou corpo.

    1.8.2. O Espao

    O espao livre em torno do danarino um requisito essencial. O danarino, usando o seu corpo, preenche o espao com padres de movimento que variam em tamanho, esforo e direces. desta forma que este exprime sentimentos, pensamentos e humor (Collins, 1969).

    Batalha (2004) apresenta os diversos problemas com que os alunos se deparam quando se encontram a explorar a unidade estrutural da Dana Espao. Assim, os alunos tero de resolver situaes relacionadas com rea (espacialidade prxima ou distante), trajectrias (desenho no solo), foco (direco do olhar), linhas (desenho do corpo), planos (horizontal, frontal, profundo, diagonais), design (desenho no espao), nveis (inferior, superior, mdio), volume (grandeza interior), direces (cima/baixo, esquerda/direita, frente/trs), formas (figuras padro), simetria/assimetria (igual dos dois lados ou desigual) e dimenses (trs orientaes).

    1.8.3. O Tempo

    O tempo um dos componentes essenciais do movimento, j que todos os movimentos despendem tempo durante a sua execuo, os quais podem ser rpidos ou lentos. Movimentos rpidos duram apenas um pequeno fragmento no espao e terminam

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    abruptamente. Movimentos lentos duram fragmentos relativamente mais longos e envolvem um esforo muscular contnuo. Ambos promovem uma sensibilidade rtmica (Collins, 1969).

    O movimento no existe s no espao, existe tambm no tempo. o espao e o tempo conjugados, que do forma expresso corporal em movimento. Estes possuem um batimento prprio ou pulso e tm sempre uma velocidade (rpida, lenta), uma durao (longa, curta) e uma tonicidade (energia) (Neves, 2004).

    1.8.4. A Dinmica

    Laban (s.d.) citado por Preston (1963) e por Collins (1969) afirmava que numa aco onde difcil parar o movimento subitamente, a fluncia livre. Por outro lado, a fluncia limitada numa aco em que possvel parar ou manter o movimento sem dificuldade

    Qualquer movimento precisa de um corpo para se materializar, dum espao para se movimentar, de um tempo para se mostrar e