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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Daniela Lopes Andreazza CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO E REQUISITOS DA NORMA ABNT NBR 15200:2012 Santa Maria, RS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Daniela Lopes Andreazza

CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO E REQUISITOS DA

NORMA ABNT NBR 15200:2012

Santa Maria, RS

2017

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Daniela Lopes Andreazza

CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO E REQUISITOS DA NORMA

ABNT NBR 15200:2012

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

requisito parcial para obtenção do título de

Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Dra. Larissa Degliuomini Kirchhof

Santa Maria, RS

2017

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Daniela Lopes Andreazza

CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO E REQUISITOS DA NORMA

ABNT NBR 15200:2012

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como

requisito parcial para obtenção do título de

Engenheira Civil.

Aprovado em 07 de agosto de 2017:

____________________________________

Larissa Degliuomini Kirchhof, Dra. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

___________________________________

Alessandro Onofre Rigão, Me. (UFSM/Cachoeira do Sul)

___________________________________

Ticiana dos Santos de Souza, Eng.

Santa Maria, RS

2017

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RESUMO

TÍTULO

AUTOR: Daniela Lopes Andreazza

ORIENTADOR: Prof. Dra. Larissa Degliuomini Kirchhof

Historicamente, o homem tenta compreender e controlar o fogo. Quando este fenômeno

toma proporções maiores, acaba resultando em tragédias, causando perdas materiais e até

mesmo humanas. Um incêndio pode ser influenciado por muitos fatores, em alguns casos

aleatórios, o que torna este acontecimento, um fato único, de modo que não se pode prever

como, onde ou o tamanho de um incêndio. As consequências trazidas em incêndios

ocorridos em edificações podem ser avassaladoras de acordo com seu sistema construtivo

e medidas de segurança adotadas. No mundo todo, a história traz grandes incêndios

trágicos em diversos países, e entre as maiores tragédias estão as ocorridas no Gran Circo

Norte Americano, no Edifício Joelma e na Boate Kiss, todos no Brasil. Em cada período

em que ocorreram, os grandes incêndios alarmaram a comunidade acadêmica da área de

engenharia civil para a criação de normas e instruções técnicas na área de segurança

contra incêndio. Atualmente, existem inúmeras instruções técnicas estaduais, normas

nacionais e outras legislações que regem a construção civil para segurança contra

incêndio. Além disso, é necessária também a fiscalização do cumprimento destas

normativas. Nas universidades brasileiras, não é comum que cursos de engenharia tenham

em seu currículo disciplinas voltadas para a segurança contra incêndio, falha já em

processo de mudança, uma vez que a Lei Federal 13.425, recentemente aprovada, torna

obrigatória a inserção de disciplinas desta área em cursos de engenharia no Brasil. Assim,

objetivou-se com este trabalho, trazer uma abordagem geral de normas voltadas para

estruturas em situação de incêndio, analisando requisitos de projeto necessários de acordo

com a norma ABNT NBR 15200:2012, bem como um estudo a respeito do

comportamento do concreto em situação de incêndio. Concluiu-se após o estudo que não

é possível se obter a certeza absoluta contra a ocorrência de um incêndio, o que incentiva

o estudo do comportamento de estruturas e medidas de prevenção e combate a incêndio

cabíveis ao projetista. Ainda que o homem não seja capaz de controlar o fogo,

engenheiros que obedeçam aos requisitos mínimos exigidos em normas e instruções

técnicas, podem impactar positivamente no caso de ocorrência de incêndio em

edificações. Além disso, ao obedecer às exigências quanto a segurança contra incêndio,

projeta-se uma estrutura que possibilite em que seus usuários possam, caso ocorra um

incêndio, ter plenas condições de evadir do local, evitando fatalidades. Este trabalho visa

ajudar estudantes, engenheiros e arquitetos a compreender as normas referentes à situação

de incêndio no dimensionamento de estruturas, de forma que edificações sejam melhor

projetadas em relação a segurança contra incêndio.

Palavras-chave: Segurança contra incêndio. ABNT NBR 15200:2012. Estruturas em

situação de incêndio.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Curva de incêndio natural .............................................................................. 17

Figura 2 - Elevação padronizada da temperatura ........................................................... 18

Figura 3 - Curva de incêndio padrão ISO 834 ................................................................ 19

Figura 4 - Modelo de compartimentação vertical (verga-peitoril) ................................. 21

Figura 5 - Modelo de compartimentação vertical (abas) ................................................ 21

Figura 6 - Modelo de compartimentação horizontal ...................................................... 22

Figura 7 - Distância entre edificações com fachadas paralelas ...................................... 24

Figura 8 - Temperatura no elemento construtivo com base na curva incêndio-padrão .. 26

Figura 9 - Transformações físico-químicas do concreto endurecido ao ser submetido as

altas temperaturas ........................................................................................... 29

Figura 10 - Diagrama tensão-deformação do aço a temperaturas elevadas ................... 41

Figura 11 - Valor de c1 e b para seção retangular .......................................................... 51

Figura 12 - Largura b para diferentes tipos de seção ...................................................... 51

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Medidas de segurança contra incêndio e respectivas normas ...................... 12

Quadro 2 - Medidas de segurança e resoluções técnicas estaduais ................................ 14

Quadro 3 - Área máxima de compartimentação horizontal ............................................ 23

Quadro 4 - Índice para distâncias de segurança ............................................................ 25

Quadro 5 - Tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) ......................................... 27

Quadro 6 - Valores do coeficiente de redução da resistência à compressão em função da

temperatura para agregados silicosos e calcários ........................................ 33

Quadro 7 - Coeficientes de redução para a resistência da armadura passiva, para a

resistência da armadura ativa e para o módulo de elasticidade em função da

temperatura segundo a ABNT NBR 15200:2012 ........................................ 37

Quadro 8 - Valores dos parâmetros para o diagrama tensão-deformação de fios e

cordoalhas .................................................................................................... 39

Quadro 9 - Valores dos parâmetros para o diagrama tensão-deformação de barras

protendidas ................................................................................................... 39

Quadro 10 - Coeficientes de ponderação das ações para combinações últimas ............. 48

Quadro 11 – Fatores de combinação e de redução para as ações variáveis em edifícios 49

Quadro 12 - Dimensões mínimas para vigas biapoiadas ................................................ 52

Quadro 13 - Dimensões mínimas para vigas contínuas ou vigas de pórticos ................ 52

Quadro 14 - Dimensões mínimas para lajes simplesmente apoiadas ............................. 53

Quadro 15 - Dimensões mínimas para lajes contínuas ................................................... 53

Quadro 16 - Dimensões mínimas para lajes lisas ou cogumelo ..................................... 54

Quadro 17 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas simplesmente apoiadas .......... 54

Quadro 18 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas contínuas em, pelo menos, uma

das bordas ....................................................................................................................... 55

Quadro 19 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas armadas em uma só direção ... 55

Quadro 20 - Dimensões mínimas para pilares com uma face exposta ao fogo .............. 56

Quadro 21 - Síntese da ABNT NBR 6118:2014 ............................................................ 59

Quadro 22 - Síntese da ABNT NBR 15200:2012 .......................................................... 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8

1.1. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 9

2 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ................................................................ 10

2.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10

2.2. AÇÃO TÉRMICA (INCÊNDIO) ......................................................................... 15

2.2.1.Caracterização de um incêndio ........................................................................... 16

2.2.2.Curvas de incêndio .............................................................................................. 17

2.3. PROTEÇÃO ATIVA E PASSIVA ....................................................................... 19

2.3.1.Compartimentação .............................................................................................. 20

2.4. RESISTÊNCIA AO FOGO................................................................................... 25

3 PROPRIEDADES DO CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO ............. 28

3.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 28

3.2 Propriedades térmicas e mecânicas do concreto .................................................... 29

3.2.1 Massa específica .................................................................................................. 29

3.2.2 Calor específico ................................................................................................... 30

3.2.3 Condutividade térmica ........................................................................................ 31

3.2.4 Alongamento térmico .......................................................................................... 32

3.2.5 Resistência à compressão do concreto a altas temperaturas ............................... 32

3.2.6 Resistência à tração ............................................................................................. 34

3.2.7 Relação tensão-deformação ................................................................................ 34

3.3 Propriedades térmicas e mecânicas do aço ............................................................ 35

3.3.1 Massa específica .................................................................................................. 35

3.3.2 Calor específico ................................................................................................... 35

3.3.3 Condutividade térmica ........................................................................................ 36

3.3.4 Alongamento térmico .......................................................................................... 36

3.3.5 Resistência ao escoamento do aço e módulo de elasticidade da armadura passiva

e ativa às altas temperaturas .................................................................................. 37

3.3.6 Módulo de elasticidade ....................................................................................... 39

3.3.7 Relação tensão-deformação ................................................................................ 40

3.4 SPALLING NO CONCRETO ............................................................................... 42

4 ASPECTOS RELACIONADOS À NORMA BRASILEIRA ABNT NBR

15200:2012 ............................................................................................................ 45

4.1. BREVE HISTÓRICO DE NORMAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO NO

BRASIL ................................................................................................................ 45

4.2. A NORMA BRASILEIRA NBR 15200:2012 ...................................................... 46

4.2.1 Ação correspondente ao incêndio ....................................................................... 47

4.2.2 Métodos de resolução propostos pela norma ...................................................... 49

4.2.2.1 Simplificado ..................................................................................................... 49

4.2.2.2 Tabular ............................................................................................................. 50

4.2.2.3 Avançado .......................................................................................................... 56

4.3 COMPARATIVO ENTRE ABNT NBR 6118:2014 E ABNT NBR 15200:2012 . 57

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 61

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1 INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade, o fogo é um fenômeno objeto da vontade do

homem de decifrá-lo, dominá-lo e compreendê-lo. O fogo quando toma proporções

maiores pode se caracterizar como um incêndio, de modo a causar destruição, podendo

resultar em perdas materiais, e até mesmo, humanas. Um incêndio depende de inúmeros

fatores, que torna cada ocorrência, um acontecimento único. Assim, não é possível prever

como, onde ou a magnitude que ocorrerão os incêndios (GOUVEIA, 2001 apud LIMA et

al., 2004).

As consequências de incêndios que atingem edificações, dependendo do sistema

construtivo e das medidas adotadas para segurança contra incêndio, se ineficientes,

podem ser avassaladoras. Assim como mostra a história, em grandes incêndios ocorridos

no mundo todo, como é o caso dos Estados Unidos, Arábia Saudita, China, Japão,

Espanha e França. No entanto, além destes países, grandes incêndios, entre os maiores da

história mundial, aconteceram no Brasil.

Os incêndios no Gran Circo Norte Americano (Rio de Janeiro), Edifício Joelma

(São Paulo) e na Boate Kiss (Rio Grande do Sul), são os maiores já registrados no país.

Toda essa tragédia trouxe, em cada período em que ocorreu, o incentivo ao estudo e

elaboração de material técnico voltado para a área de segurança contra incêndio. Isto

proporcionou que fossem desenvolvidas medidas para prevenção de incêndio, além do

estudo de materiais com melhor desempenho em situação de incêndio. Atualmente,

existem instruções técnicas estaduais, normas nacionais e outras legislações que regem a

construção civil para segurança contra incêndio. Porém, além de material técnico, é

necessário contar com fiscalização do cumprimento destes. Infelizmente, a atualização de

normas e a intensificação de fiscalização apenas ocorre após alguma tragédia.

Poucas são as universidades brasileiras com cursos de engenharia que oferecem

disciplinas voltadas para segurança contra incêndio. Esta é uma falha no currículo dos

cursos de graduação atualmente. Porém, no dia 30/06/2017 foi aprovada a Lei Federal

13.425 que torna obrigatória a inserção de disciplinas com o tema de segurança contra

incêndio no currículo de cursos de engenharia, o que deve possibilitar maior produção de

estudos relacionados ao tema, além de maior conscientização dos novos engenheiros.

Assim, este trabalho apresenta uma abordagem geral a respeito do comportamento

do concreto em situação de incêndio, bem como os requisitos de projeto necessários de

acordo com a norma ABNT NBR 15200:2012.

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1.1. JUSTIFICATIVA

Devido a trágica ocorrência do incêndio na Boate Kiss, na cidade de Santa Maria,

com 242 vítimas de maioria universitários, a proximidade com um sinistro de tamanha

magnitude traz inquietude para quem estuda na área de construção civil. A relação

próxima com a tragédia motiva este trabalho, uma vez que durante a graduação, não há

nenhuma disciplina que trate do assunto de estruturas em situação de incêndio. Assim,

realizou-se um estudo a respeito do concreto em situação de incêndio, além de análise de

normas voltadas para o tema.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é trazer uma abordagem geral de normas voltadas

para estruturas em situação de incêndio, analisando requisitos de projeto necessários de

acordo com a norma ABNT NBR 15200:2012, bem como um estudo a respeito do

comportamento do concreto em situação de incêndio.

1.2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho consistem em:

Com base na literatura, esclarecer a definição e caracterização de

segurança contra incêndio, ação térmica;

Abordar medidas de prevenção de incêndio em edificações;

Explicar o comportamento de propriedades do concreto e do aço em

situação de incêndio, e sobre o fenômeno de spalling no concreto;

Realizar uma análise histórica de normas brasileiras, esclarecendo

requisitos e orientações na ABNT NBR 15200:2012;

Realizar comparativo entre as normas ABNT NBR 6118:2014 e ABNT

NBR 15200:2012.

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2 SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

2.1. INTRODUÇÃO

A Segurança Contra Incêndio (SCI) é uma área de pesquisa, desenvolvimento e

ensino, internacionalmente em expansão, que visa garantir a prevenção e combate a

incêndios. Segundo Seito et al. (2008), as maiores incidências de incêndios, tanto

pequenos quanto grandes, são em edificações, portanto, é tendência a exigência de testes

de materiais, equipamentos, sistemas construtivos e utensílios utilizados em edificações

quanto à SCI. Especialmente em países da Europa, nos EUA e no Japão, tem-se maior

atividade na área. As perdas ocasionadas por incêndios, especialmente criminosos ou

terroristas, provocam uma postura severa por parte destes países quanto à prevenção de

incêndios.

No Brasil, Silva (2012) expõe uma sucessão de tragédias no Brasil, que fizeram

com que, posteriormente, medidas fossem estudas e implantadas. O marco inicial foi o

incêndio do Gran Circo Americano, ocorrido em 17 de dezembro de 1961 em Niterói,

resultando em 250 vítimas fatais, o maior número até hoje, e 400 feridos. Pouco antes do

final do espetáculo, um incêndio, de origem criminosa, tomou conta da lona que cobria o

circo que caiu em chamas sobre um público de 2500 pessoas em menos de 3 minutos, as

pessoas em pânico foram pisoteadas e queimadas e os corpos obstruíram as saídas. Desse

modo, as principais causas da tragédia em si foram a ausência dos requisitos de escape,

como dimensões e locação correta de saídas e pessoas com treinamento para orientar a

multidão.

A segunda tragédia, em São Paulo, na avenida São João, ocorreu o primeiro

grande incêndio em prédios altos, em 24 de fevereiro de 1972. A estrutura era um prédio

comercial de 31 andares, e especulou-se que o fogo iniciou em uma loja no térreo, nos

cartazes de publicidade que estavam acima da marquise. Foram 336 feridos e 16 mortos.

O prédio não possuía escada de segurança, e só não houve mais vítimas porque as pessoas

se deslocaram para o heliponto da edificação, e lá ficaram protegidas, pela laje e beirais

da estrutura, até que fossem resgatados (SILVA, 2012).

Fechando a sequência histórica, está o incêndio no Edifício Joelma, localizado na

Praça da Bandeira em São Paulo, que ocorreu em dia 1º de fevereiro de 1974, com 179

mortos e 320 feridos. O edifício de escritórios e estacionamentos tinha 23 andares e não

possuía escada de segurança. Nesse caso, o prédio não possuía heliponto, e a grande

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11

maioria das vítimas pereceram na cobertura do prédio, na tentativa se de salvarem

(SILVA, 2012).

A primeira manifestação técnica sobre o assunto se deu pouco mais de um mês

depois, em março de 1974, com o Simpósio de Segurança Contra Incêndio, realizado pelo

Clube de Engenharia do Rio de Janeiro que discutiu sobre o assunto, a partir de três linhas

de raciocínio, sendo elas: como evitar incêndios, como combatê-los e como minimizar os

seus efeitos (SEITO et al., 2008).

Em 1976, o estado do Rio de Janeiro se tornou o primeiro a ter uma legislação

estadual voltada para a segurança contra incêndio. Dessa forma, houve um crescimento

na autonomia do corpo de bombeiros dos estados. Em 1983, o estado de São Paulo

elaborou sua legislação estadual com o Decreto nº 20811/83. Na década de 80, iniciou-se

a produção de normas da ABNT sobre sistema de alarmes e detectores de incêndio,

iluminação de emergência e outras (SEITO et al., 2008). A prefeitura de São Paulo, apesar

de editar seu código de obras em 1975, implantou uma legislação estadual somente em

1983, o Decreto nº 20811. Em 2011, o decreto paulista nº 46076/01 foi ampliado de 38

instruções técnicas sobre incêndio, para 44 instruções (SILVA, 2012).

Nas décadas de 80 a 2000, pode-se citar outros incêndios que entraram em

evidência pela sua grande proporção. Nos anos 90 nenhum evento do porte dos já citados

ocorreu. Em 1984, em Cubatão/SP, centenas de litros de gasolina foram espalhados no

mangue próximo a uma favela, por conta de um vazamento. Pouco tempo depois, uma

ignição causou o incêndio do material e seu número oficial de vítimas foi de 93. Em 2000,

em Uruguaiana/RS, um curto-circuito em um aquecedor incendiou uma creche, em que

12 crianças, entre 2 e 4 anos, morreram. Em Belo Horizonte, em 2001, um show no

Canecão deixou mais de 300 pessoas feridas, após queima de fogos no palco (Revista

Exame, publicação em 29/01/2013).

Em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria/RS, um grande incêndio faz o assunto

voltar em evidência. Ocorre a segunda maior tragédia em número de vítimas no país,

conforme Souza (2016), com 242 vítimas fatais e centenas de feridos. Fogos de artifício

utilizados durante o show que estava ocorrendo alcançaram o forro da boate, e o fogo se

alastrou rapidamente. Nesse episódio, vários fatores no âmbito de infraestrutura

colaboraram para a tragédia, como o tipo de material do forro, a falta de recarga dos

extintores de incêndio, a boate possuir uma única saída, que ainda era obstruída, conforme

Jornal O Globo (Publicação em 22/03/2013). De acordo com Aquino (2015), essa tragédia

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12

expos o quão deficiente a legislação vigente era em relação à segurança contra incêndio,

o que trouxe à tona a necessidade de grandes mudanças no território nacional. Dessa

forma, a prevenção contra incêndio voltou a se tornar destaque, tanto no meio técnico

quanto científico.

É muito comum encontrar edificações sendo utilizadas para fins diferentes dos

que foram projetadas. Isto é, conforme determinada edificação toma uma nova função de

uso, devido a locação ou venda da propriedade, não há realização de diagnóstico que

avalie se ela está apta ou não para receber a nova finalidade. Assim, fica evidente uma

imprudência tanto por parte dos órgãos fiscalizadores, quanto na mentalidade do

investidor, que muitas vezes não percebe a importância de readaptar a estrutura para seu

novo uso.

As exigências de segurança contra incêndio em edificações no Brasil são definidas

por legislações de cada estado, e várias delas determinam que as estruturas sejam

verificadas para a situação de incêndio. Estas legislações que obrigam o cumprimento da

norma, garantem desempenho previsto da estrutura. Segundo Silva (2012), o objetivo das

regulamentações modernas de segurança contra incêndio é proteger a vida e evitar que os

incêndios, caso se iniciem, se propaguem para fora de um compartimento do edifício.

Após a tragédia da Boate Kiss, o Estado do Rio Grande do Sul e o respectivo

Corpo Militar de Bombeiros (CBMRS) elaboraram e revisaram Decretos Estaduais, Leis

Complementares e Regulamentações Técnicas. Segundo Souza (2016), em maior

destaque, foi instaurada a popularmente conhecida “Leis Kiss”, Lei Complementar nº

14.376:2013, que estabelece normas sobre segurança, prevenção e proteção contra

incêndios nas edificações e áreas de risco. Mais tarde, em 22 de setembro de 2016, a lei

foi atualizada pela Lei Complementar nº 14.924, regulamentada pelo Decreto Estadual nº

53.280:2016.

Pelo viés da engenharia, existem normas que devem ser respeitadas e utilizadas,

desde a concepção dos seus projetos, passando pela sua execução, pela escolha de

materiais adequados, até a sua entrega. Salienta-se que na falta de instruções técnicas

estaduais, deve-se fazer uso de outras instruções e normas, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 - Medidas de segurança contra incêndio e respectivas normas

Item Medida de segurança contra incêndio Norma a ser observada

1 Acesso de Viaturas de Bombeiros Instrução Técnica n.º 06, do Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo

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13

2 Compartimentação Horizontal e

Vertical Nota: A implementação da

compartimentação horizontal e

vertical como medida de segurança,

prevista na legislação em vigor

(medida obrigatória) não se destina à

isenção de outros dispositivos e

medidas

Instrução Técnica n.º 09, do Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo, de forma suplementar a esta Resolução

Técnica

3 Controle de Fumaça Instrução Técnica n.º 15, do Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo

4 Controle de Materiais de Acabamento

e Revestimento

Instrução Técnica n.º 10, do Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo

5 Detecção e Alarme de Incêndio ABNT NBR 17240 e NBR ISO 7240 Notas: 1.

A distribuição dos acionadores manuais e a

localização da central de alarme deverão

cumprir o disposto na ABNT NBR 17240. 2.

A partir de 1º de janeiro de 2018, os

PPCI/PSPCI protocolados no CBMRS para a

primeira análise, não poderão possuir os

avisadores sonoros acoplados no mesmo

invólucro dos acionadores manuais. 3. Os

acionadores manuais deverão ser instalados a

uma altura entre 0,90 e 1,35 m do piso

acabado.

6 Hidrantes e Mangotinhos ABNT NBR 13714, de forma suplementar a

esta Resolução Técnica Notas: 1. Para os

depósitos de gás liquefeito de petróleo (GLP),

deverá ser observada, ainda, a ABNT NBR

15514 e demais normas específicas. 2. Para os

depósitos de líquidos inflamáveis e

combustíveis, deverão ser observadas, ainda,

as normas ABNT NBR 17505-1, ABNT NBR

17505-2, ABNT NBR 17505-3, ABNT NBR

17505-4, ABNT NBR 17505-5, ABNT NBR

17505-6, ABNT NBR 17505-7 e demais

normas específicas. 3. Caso a edificação ou

área de risco de incêndio possua acesso de

viaturas de bombeiro, constituído de pórtico e

via de acesso, o dispositivo de recalque poderá

ser instalado em local adequado dentro do lote,

junto às vias de acesso, afastado, no mínimo,

15 metros de qualquer edificação ou área de

risco de incêndio existente no lote. 4. Nos

mezaninos, não será necessária a instalação de

tomada de hidrante caso sua área esteja

coberta pelo sistema de hidrantes do

respectivo pavimento.

7 Iluminação de Emergência ABNT NBR 10898 Notas: 1. Será exigida

somente a iluminação de aclaramento, exceto

nos recintos sem iluminação natural ou

artificial suficiente para permitir o acúmulo de

energia no elemento fotoluminescente das

sinalizações de saída, devendo ser instalada a

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14

iluminação de balizamento, entrando em

funcionamento quando acionado o sistema de

iluminação. 2. É obrigatória a iluminação de

balizamento nas rotas de saída das ocupações

do grupo F, divisões F-5, F-6, F-11 e F-12,

devendo permanecer acesa durante o horário

de funcionamento da atividade. 3. O sistema

de iluminação de balizamento, quando

exigido, deverá ser adicional, sem prejuízo ao

sistema de iluminação de aclaramento,

somente sendo aceita iluminação de

balizamento com fundo na cor verde com

símbolos e letras brancas ou com fundo

translúcido ou branco e símbolos e letras na

cor verde. 4. Todas as edificações e áreas de

risco de incêndio com altura superior a 12 m e

as divisões F-5, F-6, F-11 e F-12 deverão

possuir botão de emergência para

desligamento da alimentação de energia

elétrica, posicionado em local de permanente

vigilância e devidamente sinalizado.

8 Instalações Automáticas de Extinção

de Incêndio – Chuveiros Automáticos

ABNT NBR 10897 Nota: Caso a edificação ou

área de risco de incêndio possua acesso de

viaturas de bombeiro, o dispositivo de

recalque poderá ser instalado em local

adequado dentro do lote, junto às vias de

acesso, afastado, no mínimo, 15 m de qualquer

edificação ou área de risco de incêndio

existente no lote.

9 Plano de Emergência ABNT NBR 15219

10 Segurança Estrutural em Incêndio Instrução Técnica n.º 08, do Corpo de

Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São

Paulo

11 Sinalização de Emergência ABNT 13434-1, ABNT NBR 13434-2 e

ABNT NBR 13434-3

12 Sistema de Proteção Contra Descargas

Atmosféricas – SPDA

ABNT NBR 5419

Fonte: CBMRS (2017).

Quadro 2 - Medidas de segurança e resoluções técnicas estaduais

Item Medida de segurança contra

incêndio

Resolução técnica a ser

observada

1 Brigada de Incêndio Resolução Técnica n.º

014/BM-CCB/2009, e suas

atualizações

2 Extintores de incêndio Resolução Técnica CBMRS

n.º 14/2016 – Extintores de

Incêndio, e suas atualizações

Nota: Para as normas técnicas

específicas que não

informarem a distância

máxima a percorrer do

extintor até a área de risco de

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incêndio, adotar-se-á: a) o

afastamento mínimo de 03 m

do extintor em relação à área

de risco de incêndio; b) a

distância máxima a percorrer

de 15 m da área de risco de

incêndio até o extintor.

3 Saídas de Emergência Resolução Técnica CBMRS

n.º 11 – Parte 01/2016 –

Saídas de Emergência, e suas

atualizações

4 Hidrante Urbano Resolução Técnica CBMRS

n.º 16/2017 – Hidrante

Urbano, e suas atualizações

Fonte: CBMRS (2017).

Não é possível ter certeza absoluta contra a ocorrência de um incêndio, mas se

todas as medidas de segurança forem tomadas, sua probabilidade de ocorrência poderá

ser minimizada. A seguir serão apresentados aspectos relacionados ao incêndio, aos

meios ativos e passivos, bem como à resistência ao fogo dos elementos construtivos.

2.2. AÇÃO TÉRMICA (INCÊNDIO)

De acordo com Costa (2008), a ação térmica nas edificações ocasiona um aumento

brusco de temperatura dos elementos estruturais, que por sua vez causa transformações

físico-químicas, redução da resistência e do módulo de elasticidade dos materiais, e por

ventura, o surgimento de esforços solicitantes adicionais, provenientes das restrições a

deformações que tenham origem dessa ação. A ação térmica é descrita pelo autor como o

fluxo de calor dissipado por radiação e convecção, que é causado pela diferença de

temperatura entre os componentes da estrutura e os gases quentes do ambiente do

incêndio.

No processo de radiação, o calor flui por propagação de onda, de um corpo com

alta temperatura para outro com baixa, e em um compartimento, é originado dos gases

quentes das chamas e paredes, que estão aquecidas. Na convecção, o calor flui,

subsequente da diferença de densidades entre os gases de diferentes temperaturas no

ambiente que está em chamas. Esses gases se movimentam e acabam tocando as estrutura

e, assim, é transferido o calor. Em situação de incêndio, a ação térmica é excepcional e

deve ser considerada no projeto estrutural (COSTA, 2008).

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Na estrutura, o calor passa por cada molécula do material, no caso do concreto, se

propaga pela elevação gradual de temperatura ao logo da seção do elemento, originando

assim, elevados gradientes térmicos. No aço, a propagação do calor ocorre com maior

rapidez, e as altas temperaturas tendem a se uniformizar pelas barras das armaduras,

devido a sua pequena seção (COSTA, 2008).

2.2.1. Caracterização de um incêndio

De acordo com Costa e Silva (2006), o incêndio pode ser modelado por meio de

curvas temperatura-tempo; elas associam a elevação da temperatura em função do tempo

de duração do incêndio, permitindo estimar a máxima temperatura dos gases quentes no

ambiente em chamas. Um incêndio real apresenta as seguintes fases:

• Ignição: é o início da inflamação (t=0), caracterizado por temperaturas

relativamente baixas que não implicam em riscos à estrutura e, principalmente à vida

humana (KIRCHHOF, 2004). Esta fase é também chamada de pré-flashover.

• Fase de aquecimento: Após a fase de ignição, a temperatura aumenta

rapidamente devido à superfície de toda carga combustível presente no ambiente entrar

em ignição. Nesse instante, ocorre o aumento brusco da temperatura denominado

flashover ou instante de inflamação generalizada. Após a ocorrência do flashover, a

temperatura dos gases eleva-se rapidamente, caracterizando a fase de aquecimento, até

boa parte do material combustível se extinguir (KIRCHHOF, 2004).

• Fase de resfriamento: após a queima de todo o material combustível, há

redução gradativa da temperatura dos gases no ambiente. Devido à inércia térmica, a

temperatura no elemento estrutural continuará a aumentar por alguns minutos, havendo,

portanto, um pequeno “atraso” no início do resfriamento da estrutura. (PURKISS, 1996

apud COSTA E SILVA, 2006).

Cada cenário de incêndio possui suas particularidades em relação à duração,

intensidade, risco, entre outros. Os fatores que determinam a variabilidade de um incêndio

em relação a outro são a carga de incêndio (material combustível presente no

compartimento), a geometria do compartimento (ambiente restrito por paredes, pisos,

recuos, etc., que restringe a propagação do incêndio para a vizinhança), o grau de

ventilação (representada pelas aberturas do compartimento), a característica dos materiais

de compartimentação (resistência térmica dos materiais que constituem os elementos de

vedação no compartimento em chamas), etc. (COSTA E SILVA, 2006).

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2.2.2. Curvas de incêndio

COSTA e SILVA (2006) descrevem que para facilitar a determinação da ação

térmica nas estruturas, modelos matemáticos de incêndio foram formulados para

descreverem a variação da temperatura do compartimento em função do tempo do

sinistro. A relação temperatura x tempo é representada pelas “curvas temperatura-tempo”

ou “curvas de incêndio”, as quais podem ser padronizadas (curva incêndio-padrão) ou

parametrizadas pelas características do cenário do incêndio (curvas naturais).

De acordo com SILVA (1997), denomina-se incêndio natural, o modelo para o

qual se admite que a temperatura dos gases respeite às curvas temperatura-tempo naturais,

construídas a partir de ensaios (ou modelos matemáticos aferidos a ensaios) de incêndios

que simulam a real situação de um compartimento em chamas (Figura 1). Para tal,

modela-se o incêndio, considerando a variação da quantidade de material combustível, o

grau de ventilação do compartimento em chamas, etc. Admite-se por simplicidade que o

incêndio se inicia no instante do “flashover” (SCHLEICH, 1994 apud SILVA, 1997).

Figura 1 - Curva de incêndio natural

Fonte: SILVA (1997 p. 4).

No entanto, KIRCHHOF (2004) menciona que devido as dificuldades em se

estabelecer a curva "Temperatura x Tempo" de um incêndio natural, justificada pela

grande variabilidade dos fatores mencionados anteriormente, a norma ABNT NBR

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14323:2013 - “Dimensionamento de estruturas de aço e de estruturas mistas aço-concreto

de edifícios em situação de incêndio”, por simplificação, disponibiliza ao usuário

equações para o dimensionamento com base em um método simplificado, juntamente

com uma curva padronizada denominada de " Incêndio-Padrão".

Segundo Costa e Silva (2006), o incêndio-padrão é o modelo de incêndio

idealizado para análises experimentais, admitindo-se que a temperatura dos gases quentes

no compartimento em chamas obedeça às curvas padronizadas. Na ausência de dados

realísticos, as curvas padronizadas podem ser consideradas em função temperatura da

atmosfera do ambiente compartimentado. O comportamento das curvas Incêndio-Padrão

está ilustrado na Figura 2.

Figura 2 - Elevação padronizada da temperatura

Fonte: SILVA (1997 p. 5).

As curvas-padrão possuem apenas o ramo ascendente, com a temperatura dos

gases crescente em relação ao tempo, independente da influência das características do

ambiente e da quantidade de material combustível (SILVA, 1997). Portanto, as curvas-

padrão não representam uma situação real de incêndio, uma vez que as características do

cenário do incêndio podem variar de um compartimento para o outro (COSTA, 2002,

COSTA E SILVA, 2003). No entanto, elas são usadas para facilitar os ensaios em série

de elementos construtivos para avaliar a sua resistência a fogo (COSTA E SILVA, 2006).

A ABNT NBR 14323:1999 recomenda que a equação 1 seja adotada para a

elevação padronizada de temperatura em função do tempo. Esta equação representa a

relação temperatura-tempo apresentada na norma ISO 834:1975 - "Fire resistance tests -

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elements of buiding construction". A Figura 3 ilustra a curva incêndio-padrão ISO 834

(1975).

Figura 3 - Curva de incêndio padrão ISO 834

Fonte: SILVA (2012, p 39).

𝜃𝑔 = 345𝑙𝑜𝑔10(8𝑡 + 1) + 𝜃𝑔,0 (1)

Onde:

θg = temperatura dos gases no instante t (°C);

t = tempo (minutos);

θg,0 = temperatura dos gases no início do aquecimento (°C), geralmente admitida

20°C.

2.3. PROTEÇÃO ATIVA E PASSIVA

Para a garantia da segurança contra incêndio, é de suma importância a utilização

de diversos mecanismos de proteção, que podem ser divididos em meios ativos e passivos.

Os meios ativos, adquirem importância pois auxiliam na detecção e alerta de um incêndio,

de modo que os ocupantes de uma edificação tenham tempo e consigam ficar seguros. Os

meios passivos são relacionados ao sistema construtivo e funcionam de modo a não

propiciar a propagação do fogo para além do local onde se iniciou (SEITO et al., 2008).

Segundo a ABNT NBR14432:2001 - "Exigências de resistência ao fogo de

elementos construtivos de edificações - Procedimento”, proteção ativa é o tipo de

proteção contra incêndio que é ativada manual ou automaticamente, em resposta aos

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estímulos provocados pelo fogo e é composta basicamente das instalações prediais contra

incêndio. Já a proteção passiva é o conjunto de medidas incorporado ao sistema

construtivo do edifício, sendo funcional durante o uso normal da edificação e que reage

passivamente ao desenvolvimento, não estabelecendo condições propícias à sua

propagação. É composta por compartimentação horizontal e vertical, rotas de fuga e a

resistência ao fogo dos elementos construtivos, entre outros. (SILVA, 2012).

2.3.1. Compartimentação

Silva (2014) cita que para que a probabilidade de ocorrência de um incêndio seja

reduzida, caso ele se inicie, é importante garantir que o fogo não se propague, por meio

de compartimentação da edificação, ou seja, dividir a edificação vertical ou

horizontalmente, de forma a separar as partes, seja por paredes ou lajes, de materiais

capazes de limitar a ação do fogo.

De acordo com a IT CBPMESP n°9:2011 – “Compartimentação horizontal e

compartimentação vertical”, compartimentação tem a função básica de impedir a

propagação da fumaça e das chamas em um incêndio. Esta é essencial para garantir a

segurança das rotas de fuga da edificação, além de permitir o acesso do corpo de

bombeiros ao combate ao incêndio. A compartimentação pode ser horizontal, com a

utilização de paredes corta-fogo, ou vertical, com a utilização de lajes, confeccionadas

com materiais capazes de resistir ao fogo, com o intuito de impedir que o fogo se alastre

para outras partes da edificação.

A mesma instrução técnica especifica que a compartimentação vertical é

constituída dos seguintes elementos construtivos ou de vedação: entrepisos corta-fogo,

enclausuramento de escadas e poços de elevador, selos corta-fogo, cortina corta-fogo,

entre outros. As figuras 4 e 5 apresentam modelos de compartimentação vertical.

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Figura 4 - Modelo de compartimentação vertical (verga-peitoril)

Fonte: IT CBPMESP n°9:2011.

Figura 5 - Modelo de compartimentação vertical (abas)

Fonte: IT CBPMESP n°9:2011.

Rodrigues (2009), em estudo realizado com auxílio do software Fire Dynamic

Simulator analisou o comportamento de diferentes tipos de sistema contra incêndio e

pânico em compartimentação vertical. A partir de seu estudo, concluiu que muitos fatores

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influenciam na propagação de chamas como a geometria de aberturas e a configuração

do pé-direito.

Ainda, a IT CBPMSP n°9:2011 apresenta os elementos necessários para uma

compartimentação horizontal: paredes corta-fogo, portas corta-fogo, vedadores corta-

fogo, registros corta-fogo (impedem a passagem de fumaça em dutos de ventilação), selos

corta-fogo (isolam os shafts do incêndio) e afastamento horizontal entre aberturas. A

Figura 6 ilustra um exemplo de compartimentação horizontal.

Figura 6 - Modelo de compartimentação horizontal

Fonte: IT CBPMESP n°9:2011.

Ainda, a IT CBSP n°9:2011 apresenta limites de área para compartimentação

horizontal, isto é, o tamanho máximo que uma área compartimentada deve ter. Esses

valores dependem das características da edificação e são apresentados no Quadro 2.

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Quadro 3 - Área máxima de compartimentação horizontal

Fonte: IT CBPMESP n°9:2011.

Segundo a mesma Instrução Técnica, aberturas situadas em fachadas paralelas,

coincidentes ou não, pertencentes a áreas de compartimentação horizontal distintas dos

edifícios situados no mesmo lote ou terreno, devem estar distanciadas de forma a evitar a

propagação do incêndio por radiação térmica. A Figura 7 ilustra a distância para fachadas

paralelas.

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Figura 7 - Distância entre edificações com fachadas paralelas

Fonte: IT CBPMESP n°9:2011.

De acordo com a IT CBPMESP nº7:2011 - “Separação entre edificações

(isolamento de risco) ”, a distância representada na Figura 7 deve atender a equação 2 a

seguir.

𝐷 = 𝛼. 𝑙. 𝛽 (2)

Onde:

D = distância mínima entre fachadas;

l = menor dimensão da fachada de superfície radiante. Se não houver

compartimentação vertical, esse comprimento será de toda a fachada da edificação, senão,

será adotada a fachada do pavimento;

β = distância adicional de segurança, que será de 1,5m em municípios que

possuam Corpo de Bombeiros com viaturas de combate e 3m para municípios que não

possuem;

α = índice das distâncias de segurança, encontrado de acordo com o Quadro 3.

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Quadro 4 - Índice para distâncias de segurança

Fonte: IT CBPMESP nº7:2011.

2.4. RESISTÊNCIA AO FOGO

De acordo com a ABNT NBR 14432:2000, a resistência ao fogo é definida como

uma característica que um elemento construtivo possui de resistir a ação do fogo,

garantindo seu isolamento, estanqueidade e segurança estrutural.

A ABNT NBR 5628:2001 - “Componentes Construtivos estruturais–

determinação da resistência ao fogo” trata dos métodos de ensaio para a determinação da

resistência ao fogo de elementos construtivos, analisando o tempo que as amostras,

expostas a uma simulação de incêndio, satisfazem as exigências contidas na mesma. São

condições quanto às temperaturas máxima e média que não podem ser ultrapassadas na

face não exposta ao fogo; quanto à estanqueidade da amostra e quanto à resistência

mecânica. Já a ABNT NBR 10636:1989 - "Paredes divisórias sem função estrutural -

determinação da resistência ao fogo" apresenta os métodos de ensaio para a determinação

da resistência ao fogo de paredes e divisórias sem função estrutural que é caracterizada

pela sua capacidade de manter a estabilidade (deve manter-se íntegra sem apresenta

colapso), a estanqueidade (deve impedir a passagem de chamas e gases quentes) e

isolamento térmico (deve resistir à transmissão de calor, impedindo que as temperaturas

na face não exposta ao fogo superem determinados limites).

De acordo com a ABNT NBR 5628: 2001, para caracterizar isolamento, o

elemento construtivo deve ter a capacidade de impedir a ocorrência, na face que não está

exposta ao fogo. Acréscimos de temperatura menores que 140ºC, na média dos pontos,

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ou maiores que 180ºC, em qualquer ponto de medida. Em termos práticos, a estrutura tem

que evitar a passagem de calor que possa dar início a um incêndio no compartimento que

não está em chamas.

A ABNT NBR 5628:2001 define que um elemento construtivo estanque tem a

capacidade de impedir a ocorrência de rachaduras e aberturas, em que através delas

possam passar chamas e gases quentes que possam ignizar um chumaço de algodão. Com

relação ao requisito resistência mecânica, a norma define que deve ser considerado

inutilizado o componente que apresentar ruptura ou deslocamento transversal maior que

o estipulado.

Outro ponto importante a ser discutido diz respeito ao conceito de Tempo

Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) e Tempo de Resistência ao Fogo (TRF). De

acordo com COSTA (2008), na prática emprega-se a curva padrão- para facilitar os

cálculos, embora haja uma dificuldade operacional: a curva temperatura-tempo do

elemento construtivo não apresenta a temperatura máxima, Figura 8. Tal inconsistência

pode ser solucionada de forma fictícia, ao arbitrar-se um “tempo” em que ocorre a

temperatura máxima. Esse tempo é conhecido como TRRF e é encontrado em normas

técnicas.

Figura 8 - Temperatura no elemento construtivo com base na curva incêndio-padrão

Fonte: COSTA e SILVA (2003).

A ABNT NBR 14432:2001 - “Existência de resistência ao fogo de elementos

construtivos de edificações - Procedimento” define o Tempo Requerido de Resistência ao

Fogo (TRRF) como sendo “o tempo mínimo de resistência ao fogo de um elemento

construtivo quando sujeito ao incêndio-padrão”. A resistência ao fogo é estabelecida em

função da resistência dos elementos construtivos isolados em resistir à ação do fogo por

um determinado período de tempo. Deve-se ter claro que o TRRF é um parâmetro de

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projeto e não representa o tempo de duração do incêndio, tempo de desocupação ou

tempo-resposta do corpo de bombeiros ou brigada de incêndio (Costa, 2008).

Já o TRF é o tempo máximo em que o elemento construtivo pode manter sua

função, segundo critérios de resistência ao fogo: estabilidade estrutural ou

compartimentação. A segurança contra incêndio será satisfatória quando o TRF for maior

ou igual ao TRRF (COSTA, 2008).

Determinados elementos exigem um valor mínimo de TRRF, que independe da

edificação e são determinados pelo tipo de ocupação e pela altura da edificação, de acordo

com o Quadro 4. De acordo com a ABNT NBR 9077:2001 – “Saída de emergência em

edifícios”, a altura da edificação é a medida entre o ponto que representa a saída de nível

de descarga até o piso do último pavimento tipo.

Para as saídas de emergência, no Rio Grande do Sul, o CBMRS exige que seja

utilizada a RT nº11 – parte 01/2016.

Quadro 5 - Tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF)

Fonte: IT CBPMESP nº08:2011.

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28

3 PROPRIEDADES DO CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

3.1. INTRODUÇÃO

Pierin et al. (2014) citam que os principais materiais utilizados na prática da

construção civil, tais como aço, concreto armado, madeira, alumínio, quando aquecidos,

sofrem degradação das suas propriedades mecânicas. Quando ocorre uma situação de

incêndio, os elementos estruturais perdem grande parte da sua capacidade portante.

Costa e Silva (2002) explicam que dentre todos os materiais que podem ser

utilizados, pode-se dizer que o mais consagrado nacional e internacionalmente, é o

concreto armado. Algumas de suas características mais atrativas são sua

incombustibilidade, condutividade térmica baixa, não liberação de gases tóxicos ao ser

submetido ao fogo, e baixo fator de massividade em seus elementos estruturais, dessa

forma, em situação de incêndio as estruturas de concreto são consideradas seguras.

O concreto armado possui bom desempenho quando comprimido e, pela

solidariedade entre o aço e o concreto, pode ser considerado um material “homogêneo” à

temperatura ambiente. Quando submetido a temperaturas superiores a 100 °C, essa

característica de material “homogêneo” se perde na medida em que a temperatura

aumenta, isso devido às transformações químicas, físicas e mineralógicas da sua matriz,

conforme mostrado na Figura 9 (COSTA, 2008).

Segundo Sousa e Silva (2015), deve-se conhecer as propriedades térmicas do

material, para que seja feita a análise de estruturas submetidas a elevadas temperaturas,

em especial a massa específica, o calor específico, a condutividade térmica e a expansão

térmica, sendo as três primeiras citadas de suma importância.

Além das propriedades térmicas, é necessário conhecer também as propriedades

mecânicas do material, especialmente as resistências à compressão e à tração, o módulo

de elasticidade e as relações tensão-deformação. Usualmente, os modelos matemáticos

que representam as propriedades mecânicas dos materiais em função do aumento da

temperatura são obtidos por meio de resultados experimentais ou modelagens numéricas

(COSTA, 2008).

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Figura 9 - Transformações físico-químicas do concreto endurecido ao ser submetido as

altas temperaturas

Fonte: COSTA (2008).

3.2 Propriedades térmicas e mecânicas do concreto

3.2.1 Massa específica

Segundo Sousa e Silva (2015), para o intervalo 20 °C ≤ θ ≤ 150 °C, a massa

específica do concreto depende dos seus agregados e de sua umidade. Sob temperatura

elevada, a massa específica muda devido à perda de umidade e à expansão térmica do

material.

A ABNT NBR 15200:2012 e o Eurocode 2 - Part 1:2004 apresentam as equações

(3) a (6), aplicável aos concretos de densidade normal com agregados silicosos ou

calcáreos, para o intervalo de 20 °C ≤ θ ≤ 1200 °C.

𝜌𝑐,𝜃 = 𝜌𝑐, se 20 °C ≤ θ ≤ 115 °C (3)

𝜌𝑐,𝜃 = 𝜌𝑐 [1 − 0,02 (𝜃−115

85)], se 115 °C ≤ θ ≤ 200 °C (4)

𝜌𝑐,𝜃 = 𝜌𝑐 [0,98 − 0,03 (𝜃−200

200)], se 200 °C ≤ θ ≤ 400 °C (5)

𝜌𝑐,𝜃 = 𝜌𝑐 [0,95 − 0,07 (𝜃−400

800)], se 400 °C ≤ θ ≤1200°C (6)

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30

Onde:

ρc = massa específica do concreto de densidade normal à temperatura ambiente

[kg/m³];

ρc,θ = massa específica do concreto de densidade normal em função da temperatura

θ [kg/m³].

A equação (3) tem sido questionada por conta de a redução de até 12% da massa

específica do concreto de densidade normal quando em situação de incêndio, ser

considerada exagerada (COSTA, 2008). Na prática, tem-se observado que a redução da

massa específica é menor do que a apontada pelo Eurocode 2 – Part 1:2004 e também,

pelo impacto da variação da massa específica sobre as propriedades térmicas do concreto

ser muito pequeno. Por isso, a massa específica do concreto submetido a altas

temperaturas pode ser considerada com valor constante e igual ao do concreto em

temperatura ambiente. (SCHLEICH, 2005 apud COSTA, 2008).

A norma ABNT NBR 6118:2014 recomenda utilizar, nos projetos de estruturas

de concreto, massa específica igual a ρc = 2400 kg/m³ para as análises térmicas das seções

dos elementos de concreto armado e igual a ρc = 2500 kg/m³ para o cálculo do peso

próprio dos elementos de concreto de seção com armaduras.

3.2.2 Calor específico

O calor específico do concreto próximo aos 100°C se eleva de forma súbita devido

à evaporação da água livre. Esse pico é chamado de cp,top, situando-se entre 100 °C e 115

°C. O valor de cp,top varia de acordo com a umidade do concreto. Tanto a ABNT NBR

15200:2012 quanto o Eurocode 2 – Part 1:2004 recomendam que o calor específico seja

obtido por meio das equações (7) a (10).

𝐶𝑝,𝜃 =900, para 20 °C ≤ θ ≤ 100 °C (7)

𝐶𝑝,𝜃 = 900 + (𝜃 − 100), para 100 °C ≤ θ ≤ 200 °C (8)

𝐶𝑝,𝜃 = 100 − (𝜃−200

2), para 200°C ≤ θ ≤400 °C (9)

𝐶𝑝,𝜃 =1100, para 400 °C ≤ θ ≤ 1200 °C (10)

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31

Onde:

𝐶𝑝.𝑡𝑜𝑝 = 900, para umidade de 0%, em peso;

𝐶𝑝.𝑡𝑜𝑝 = 1470, para umidade de 1,5%, em peso;

𝐶𝑝.𝑡𝑜𝑝 = 2020, para umidade de 3,0%, em peso;

Cp,θ = calor específico por unidade de massa do concreto de densidade normal em

função da temperatura θ [J/kg °C];

Cp,top = valor de pico do calor específico por unidade de massa do concreto em

função da umidade de equilíbrio do concreto e da temperatura θ [J/kg °C].

Para estruturas de concreto armado, o teor de umidade U ≤ 4% (em peso) é mais

representativo, enquanto 4% < U ≤ 10% é mais representativo para estruturas mistas de

aço e concreto (COSTA, 2008).

3.2.3 Condutividade térmica

A condutividade térmica do concreto está diretamente ligada com as propriedades

dos agregados, mas também é influenciada pela porosidade da pasta de cimento

(BAZANT; KAPLANT, 1996 apud COSTA, 2008; CALLISTER JÚNIOR, 2002 apud

COSTA, 2008). A condutividade do concreto de densidade normal com agregado silicoso

ou calcário pode ser determinada, para 20 °C ≤ θ ≤ 1200 °C, pela equação (11), que é

correspondente ao valor mínimo adequado às estruturas de concreto A equação (11) é

recomendada pela norma ABNT NBR 15200:2012 e pelo Eurocode 2 – Part 1:2004.

𝜆 = 1,36 − 0,36𝜃𝑐

100+ 0,0057(

𝜃𝑐

100) ² (11)

Onde:

λ = condutividade térmica do concreto de densidade normal com agregado silicoso

ou calcário (W/m °C);

θ = temperatura do concreto (°C).

O valor mínimo da condutividade térmica deve ser considerado 1,3 W/m °C.

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32

3.2.4 Alongamento térmico

O alongamento específico do concreto de densidade normal com agregado silicoso

é calculado pelas equações (12) e (13) segundo a ABNT NBR 15200:2012 e o Eurocode

2 – Part 1:2004.

𝛥𝑙

𝑙= −1,8𝑥10−4 + 9𝑥10−6𝜃 + 2,3𝑥10−11𝜃³, para 20 °C ≤ θ ≤ 700 °C (12)

𝛥𝑙

𝑙= 14𝑥10−3, para 700 °C ≤ θ ≤ 1200 °C (13)

Onde:

l = comprimento da peça de concreto a 20°C;

∆l = alongamento do elemento de concreto provocado pela variação de

temperatura;

θ = temperatura do elemento (°C).

O alongamento específico do concreto de densidade normal com agregado

calcário é calculado pelas equações (14) e (15), recomendada apenas pelo Eurocode 2 –

Part 1:2004.

𝛥𝑙

𝑙= 18𝑥10−3(𝜃 − 20), para 20 °C ≤ θ ≤ 700 °C (14)

𝛥𝑙

𝑙= 12𝑥10−3, para 700 °C ≤ θ ≤ 1200 °C (15)

3.2.5 Resistência à compressão do concreto a altas temperaturas

Silva (2012), fala que conforme a temperatura aumenta, a resistência à

compressão o concreto diminui, e ainda que o concreto com agregado silicoso possui pior

comportamento ao fogo. A redução da resistência à compressão do concreto é dada pela

equação 16:

𝑓𝑐,𝜃 = 𝐾𝑐,𝜃𝑓𝑐,𝑘 (16)

Onde:

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33

fck = resistência característica do concreto à compressão em temperatura ambiente

(MPa);

fck,θ = resistência característica do concreto à compressão à temperatura elevada θ

(MPa);

kc,θ = coeficiente de redução da resistência à compressão do concreto em função

da temperatura θ (adimensional). Os valores deste coeficiente estão presentes no Quadro

5.

Quadro 6 - Valores do coeficiente de redução da resistência à compressão em função da

temperatura para agregados silicosos e calcários

Fonte: CEN (2004) apud Sousa e Silva (2015).

Lima (2005) concluiu em seu estudo que as propriedades do concreto, tanto macro

quanto microestruturais são afetadas pelas altas temperaturas, independente da

composição do material. O autor determinou que a temperatura crítica, onde há sensível

redução de características mecânicas se dá na faixa de 400 a 600°C. Ainda, salienta que

a compacidade do concreto é afetada tanto para resistência convencional quanto alta

resistência.

O mesmo autor encontrou resultados mais favoráveis aos concretos de alta

resistência quanto à relação resistência a compressão e módulo de deformação em relação

aos concretos convencionais. Ficou evidenciado durante o estudo que a norma ABNT

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34

NBR 15200 indica fatores adequados para estimar as propriedades do concreto em

situação de incêndio, o que destaca a importância das normas vigentes.

3.2.6 Resistência à tração

Em temperaturas elevadas, assim como em temperatura ambiente, a resistência à

tração é comumente desprezada. Mas para situações em que ela deve ser considerada,

pode-se considerá-la igual à resistência à tração em temperatura ambiente, para

temperaturas de até 100°C. Além dessa temperatura, pode-se estimar a resistência à tração

pelas equações (17) e (18), de acordo com o Eurocode 2 – Part 1:2004.

𝑓𝑐𝑡,𝜃 = 𝑓𝑐𝑡, para θ ≤ 100 °C (17)

𝑓𝑐𝑡,𝜃 = [1 − (𝜃−100

500)] 𝑓𝑐𝑡, para 100 °C ≤ θ ≤ 600 °C (18)

Onde:

fct,θ = resistência a tração do concreto à temperatura elevada θ (MPa);

fct = resistência a tração do concreto à temperatura ambiente (MPa).

A propriedade de resistência à tração adquire importância uma vez que o

desenvolvimento de fissuras surgirá na direção paralela à superfície, quando o somatório

das tensões atuantes ultrapassar a resistência à tração do material. Esse processo é

acompanhado por uma repentina liberação de energia seguida de uma ruptura violenta na

região próxima à superfície aquecida (KIRCHHOF, 2010).

3.2.7 Relação tensão-deformação

A ABNT NBR 15200:2012 e o Eurocode 2 – Part 1:2004 indicam para a

representação do diagrama tensão-deformação do concreto a temperaturas elevadas, a

equação (19).

𝜎𝑐,𝜃 = 𝑓𝑐,𝜃3(

𝜀𝑐,𝜃𝜀𝑐1,𝜃

)

2+(𝜀𝑐,𝜃𝜀𝑐1,𝜃

)³ (19)

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35

Onde:

σc,θ = tensão à compressão do concreto à temperatura elevada θ (MPa);

fc,θ = resistência à compressão do concreto à temperatura elevada θ (MPa);

εc,θ = deformação linear específica do concreto em função da temperatura θ

(adimensional);

εc1,θ = deformação linear específica correspondente à resistência à compressão do

concreto à temperatura elevada θ (adimensional).

3.3 Propriedades térmicas e mecânicas do aço

Para análise térmica de uma estrutura de concreto armado, as propriedades

térmicas do aço são irrelevantes, pois a área das barras de aço é muito pequena para

desenvolver gradientes de temperaturas significativos na seção do aço (COSTA, 2008).

A seguir serão apresentadas as propriedades térmicas que regem o comportamento do

material frente às altas temperaturas.

3.3.1 Massa específica

A massa específica do aço é considerada independente da temperatura, pois ele

possui uma estrutura microcristalina bem definida e estável a altas temperaturas, com

valor constante e igual a ρs = 7850 kg/m³.

3.3.2 Calor específico

O calor específico do aço pode ser determinado por meio das equações (20) a (23)

do Eurocode 2 – Part 1:2004.

𝑐𝑎,𝜃 = 425 + 7,73𝑥10−1𝜃 − 1.69𝑥10−3𝜃² + 2,22𝑥10−6𝜃³ (20)

𝐶𝑎,𝜃 = 666 − (13002

𝜃−738), para 600 °C ≤ θ ≤ 735 °C (21)

𝐶𝑎,𝜃 = 545 − (17820

𝜃−731), para 735 °C ≤ θ ≤ 900 °C (22)

𝐶𝑎,𝜃 = 650, para 900 °C ≤ θ ≤ 1200 °C (23)

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36

Onde:

Ca,θ = calor específico por unidade de massa do aço em função da temperatura θ

(J/kg/°C).

Para modelos simples de cálculos, o calor específico do aço pode ser considerado

independente da temperatura, constante e igual a Ca = 600 J/kg /°C (CEN, 2004

SCHLEICH, 2005 apud COSTA, 2008).

3.3.3 Condutividade térmica

Para o cálculo da condutividade térmica do aço, o Eurocode 4:2005 recomenda as

equações (24) e (25).

𝜆𝑎,𝜃 = 54 − 3,33𝑥10−2𝜃, para 20 °C ≤ θ ≤ 800 °C (24)

𝜆𝑎,𝜃 = 27,3, para 800 °C ≤ θ ≤ 1200 °C (25)

Onde:

λa,θ= condutividade térmica do aço em função da temperatura θ (W/m/°C).

3.3.4 Alongamento térmico

O alongamento específico do aço estrutural e de armaduras para concreto é

calculado pelas equações (26) a (28) (CEN, 2004).

𝛥𝑙

𝑙= −2,416𝑥10−4 + 1,2𝑥10−5𝜃 + 0,4𝑥10−8𝜃², para 20 °C ≤ θ ≤ 750 °C (26)

𝛥𝑙

𝑙= 11𝑥10−3, , para 750 °C ≤ θ ≤ 860 °C (27)

𝛥𝑙

𝑙= −6,2𝑥10−3 + 2𝑥10−5𝜃 , para 860 °C ≤ θ ≤ 1200 °C (28)

Onde:

l = comprimento do aço a temperatura de 20°C;

∆l = alongamento do elemento de aço provocado pela temperatura;

θ = temperatura do elemento (°C).

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37

3.3.5 Resistência ao escoamento do aço e módulo de elasticidade da armadura passiva e

ativa às altas temperaturas

Com ao aumento da temperatura, a resistência ao escoamento do aço na armadura

passiva decresce, e pode ser obtida pela equação 29.

𝑓𝑦𝑘,𝜃 = 𝐾𝑠,𝜃𝑓𝑦𝑘 (29)

Onde

fy,k = resistência característica do aço de armadura passiva em situação normal;

Ks = o fator de redução da resistência do aço na temperatura θ (valores

apresentados no Quadro 6.

Quadro 7 - Coeficientes de redução para a resistência da armadura passiva, para a

resistência da armadura ativa e para o módulo de elasticidade em função da

temperatura segundo a ABNT NBR 15200:2012

Fonte: ABNT (2012), CEN (2004) apud Sousa e Silva (2015).

Para o aço submetido à tração, considera-se que ele atinja o patamar de

escoamento em situação de incêndio para εy,θ = 2%. Para as armaduras comprimidas,

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38

deve-se compatibilizar a deformação do aço com a do concreto. Portanto, dificilmente o

aço atingirá 2% e, dessa forma, o redutor da tensão máxima atingida deve ser diferente.

Assume-se, por simplicidade, que a tensão máxima é igual àquela correspondente à

deformação plástica residual de 0,2% (SILVA, 2012).

A resistência ao escoamento do aço da armadura ativa decresce com o aumento

da temperatura, podendo o valor característico ser obtido pela equação (30) e o valor de

cálculo pela equação (31) (CEN, 2004).

𝑓𝑝𝑦𝑘,𝜃 = 𝐾𝑝,𝜃𝑓𝑝𝑦𝑘 (30)

𝑓𝑝𝑦𝑑,𝜃 = 𝑓𝑝𝑦𝑘,𝜃 (31)

Onde:

fpyk,θ = resistência característica a tração do aço protendido à temperatura elevada

θ [MPa];

Kp,θ = coeficiente de redução da resistência à tração do aço protendido em função

da temperatura θ [adimensional];

fpyk = resistência característica a tração do aço protendido em temperatura

ambiente [MPa];

fpyd,θ = resistência de cálculo a tração do aço protendido à temperatura elevada θ

[MPa].

Os valores do coeficiente de redução da resistência à tração do aço protendido em

função da temperatura θ são encontrados no Quadro 7, para fios e cordoalhas, e no Quadro

8, para barras.

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39

Quadro 8 - Valores dos parâmetros para o diagrama tensão-deformação de fios e

cordoalhas

Fonte: CEN (2004).

Quadro 9 - Valores dos parâmetros para o diagrama tensão-deformação de barras

protendidas

Fonte: CEN (2004).

3.3.6 Módulo de elasticidade

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40

O módulo de elasticidade do aço também diminui com o aumento da temperatura.

Essa redução é estimada por meio do coeficiente ksE,θ. O módulo de elasticidade do aço

submetido a altas temperaturas é dado pela equação (32) (CEN, 2004).

𝐸𝑠,𝜃 = 𝐾𝑠𝐸,𝜃𝐸𝑠 (32)

Onde

Es,θ = módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em situação elevada;

KEs,θ = fator de redução do módulo de elasticidade do aço na temperatura θ;

Es = módulo de elasticidade do aço de armadura passiva em situação normal.

Para armadura ativa, que também tem redução do seu módulo de elasticidade

conforme há aumento da temperatura, a equação é representada a seguir.

𝐸𝑝,𝜃 = 𝐾𝐸𝑝,𝜃𝐸𝑝 (33)

Onde:

Ep,θ = módulo de elasticidade do aço protendido à temperatura elevada θ (Mpa);

kEp,θ = coeficiente de redução do módulo de elasticidade do aço protendido em

função da temperatura θ (adimensional);

Ep = módulo de elasticidade do aço protendido em situação normal (Mpa).

3.3.7 Relação tensão-deformação

O diagrama tensão-deformação do aço a temperaturas elevadas pode ser elaborado

a partir das equações (34) a (43) (CEN, 2004), é está ilustrado na Figura 10.

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41

Figura 10 - Diagrama tensão-deformação do aço a temperaturas elevadas

Fonte: CEN (2004).

𝜎𝑠,𝜃 = 𝜀𝑠,𝜃𝐸𝑠,𝜃, para 0 ≤ 𝜀𝑠,𝜃 < 𝜀𝑝,𝜃 (34)

𝜎𝑠,𝜃 = 𝑓𝑝,𝜃 − 𝑐 +𝑎

𝑏√𝑎2 − (𝜀𝑦,𝜃 − 𝜀𝑠,𝜃)², para 𝜀𝑝,𝜃 ≤ 𝜀𝑠,𝜃 < 𝜀𝑦,𝜃 (35)

𝜎𝑠,𝜃 = 𝑓𝑦𝑘,𝜃, para 𝜀𝑦,𝜃 ≤ 𝜀𝑠,𝜃 < 𝜀𝑡,𝜃 (36)

𝜎𝑠,𝜃 = 𝑓𝑦𝑘,𝜃 [1 − (𝜀𝑠,𝜃−𝜀𝑡,𝜃

𝜀𝑢,𝜃−𝜀𝑡,𝜃)], para 𝜀𝑡,𝜃 ≤ 𝜀𝑠,𝜃 < 𝜀𝑢,𝜃 (37)

𝜎𝑠,𝜃 = 0, para 𝜀𝑠,𝜃 > 𝜀𝑢,𝜃 (38)

𝑎2 = (𝜀𝑦,𝜃 − 𝜀𝑝,𝜃) (𝜀𝑦,𝜃 − 𝜀𝑝,𝜃 +𝑐

𝐸𝑠,𝜃) (39)

𝑏2 = 𝑐(𝑒𝑦,𝜃 − 𝑒𝑝,𝜃)𝐸𝑠,𝜃 + 𝑐² (40)

𝑐 =(𝑓𝑦𝑘,𝜃−𝑓𝑝,𝜃)²

(𝜀𝑦,𝜃−𝜀𝑝,𝜃)𝐸𝑠,𝜃−2(𝑓𝑦𝑘.𝜃−𝑓𝑝,𝜃) (40)

𝜀𝑝,𝜃 =𝑓𝑝,𝜃

𝐸𝑠,𝜃 (41)

𝜀𝑦,𝜃 = 0,02 (42)

𝑓𝑝,𝜃 = 𝑘𝑝,𝜃𝑓𝑦,𝜃 (43)

Onde:

fyk,θ = resistência ao escoamento do aço na temperatura elevada θ [MPa];

fyk = resistência ao escoamento do aço a temperatura de 20°C [MPa];

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fp,θ = resistência correspondente ao limite de proporcionalidade do aço na

temperatura θ (Mpa);

kp,θ = redutor do limite de proporcionalidade;

Es,θ = módulo de elasticidade do aço na temperatura θ (Mpa).

Os parâmetros εs,θ e εu,θ dependem da classe de resistência do aço.

Para CA-60 εs,θ=5% e εu,θ= 10%

Para CA-25 e CA-50 εs,θ=15% e εu,θ= 20%

Para as armaduras passivas, os digramas tensão deformação podem ser calculadas

pela mesma equação, apenas substituindo:

𝜀𝑝,𝜃 por 𝜀𝑝𝑝,𝜃, 𝜀𝑠,𝜃 por 𝜀𝑠𝑝,𝜃, 𝜀𝑦,𝜃 por 𝜀𝑝𝑦,𝜃, 𝜀𝑡,𝜃 por 𝜀𝑝𝑡,𝜃, 𝜀𝑝,𝜃 por 𝜀𝑝𝑝,𝜃, 𝜀𝑢,𝜃 por

𝜀𝑝𝑢,𝜃, 𝐸𝑠,𝜃 por 𝐸𝑝,𝜃, 𝑓𝑝,𝜃 por 𝑓𝑝𝑝,𝜃 e 𝑓𝑦𝑘,𝜃 por 𝑓𝑝𝑦𝑘,𝜃.

3.4 SPALLING NO CONCRETO

O termo spalling é definido no Boletim Técnico 118 da Construction Industry

Research and Information Association (CIRIA) como a perda gradativa de camadas ou

pedaços da superfície de um elemento estrutural, que pode se manifestar de forma

violenta ou não, quando esse é exposto a uma rápida elevação de temperatura, como é o

caso da ocorrência de incêndios em obras civis (MALHOTRA, 1984 apud KIRCHHOF,

2010).

Existem muitos tipos de spalling, dentre eles (FIB 2007 apud Klein Junior 2011):

• Spalling dos agregados;

• Spalling explosivo;

• Spalling superficial;

• Spalling por delaminação;

• Spallling de canto;

• Spalling após o resfriamento.

Klein Junior (2011) ainda diz que não existe divisão clara entre os tipos de

spalling, e que em um único incêndio podem ser vistos vários, ou até mesmo todos os

tipos de spalling. Geralmente, os três primeiros citados aparecem nos instantes iniciais do

incêndio, e os outros três mais para o final, e sua extensão e severidade variam bastante.

A tabela 1, mostra os fatores que influenciam nos diversos tipos de spalling.

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43

Tabela 1 - Fatores que influenciam na ocorrência dos diversos tipos de spalling

Fonte: Khoury (2006) apud Klein Junior (2011).

Klein Junior (2011) explica que o spalling de natureza violenta é o explosivo. Ele

ocorre geralmente na primeira meia hora do incêndio, ocorrência se dá da expulsão da

água de forma explosiva, de concreto que pode ter a espessura de 25mm a 100mm. Dentre

os fatores que atuam, influenciando na sua ocorrência, estão: resistência, idade e

permeabilidade do concreto, taxa de aquecimento e intensidade dos gradientes térmicos

na seção transversal, tipo e tamanho dos agregados, teor de umidade do concreto,

presença de fissuras, dente outros, e ainda pode ocorrer de duas maneiras, pela pressão

nos poros ou pela pressão térmica e podem ocorrer separadas ou ao mesmo tempo,

dependendo da seção transversal, características dos materiais e teor de umidade do

concreto.

O mesmo autor comenta que o spalling causado pela pressão dos poros tem como

fatores de influência, a permeabilidade do concreto, a saturação inicial e a taxa de

aquecimento. Para os elementos que compõem uma edificação, essa pressão que ocorre

nos poros deve ser avaliada em conjunto com as tensões térmicas e de carregamento, para

ver se há ou não possibilidade de spalling explosivo. Ele pode ser descrito em sua fase

inicial, pelo aumento de temperatura que faz com que aumente a pressão nos poros, e

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permite que ela passe para zonas mais frias, e esse vapor preenche os poros dessa região,

fazendo com que aumente mais a pressão, pois o vapor não tem mais onde penetrar.

Klein Junior (2011) cita que o spalling pelas tensões térmicas ocorre devido a

tensões que se desenvolvem pelas altas taxas de aquecimento, pois gera gradientes de

pressão que induzem tensões de compressão, nas proximidades da face aquecida, e de

tração nas faces quentes. Essas tensões de compressão podem ser aumentadas pelo

carregamento, e se juntam às tensões térmicas. Esse tipo é muito raro de acontecer, pois

os níveis de carregamento não são suficientes para chegar aos estados limites.

O processo termomecânico ou mecanismo de tensão térmica está diretamente

associado aos gradientes de deformação térmica que ocorrem na estrutura. As tensões

térmicas podem se manifestar de forma isolada ou se superpor com o mecanismo de

poropressão na ocorrência do lascamento explosivo (KIRCHHOF, 2010).

Ainda, Klein Junior (2011) comenta que nos estados combinados ocorrem os dois

fenômenos descritos anteriormente, e faz com que fissuras apareçam internamente, se

desenvolvendo paralelamente à superfície, quando essa soma de tensões supera a

resistência do concreto.

Klein Junior ainda acrescenta que a ocorrência do spalling pode reduzir

significantemente os níveis de segurança das edificações em situação de incêndio, e tem

como principais consequências fazer com que as armaduras fiquem expostas diretamente

ao fogo, além da redução da seção transversal do elemento fazer com que a peça perca

capacidade resistente, fazendo com que as tensões sejam transferidas para as peças de aço

e concreto remanescentes.

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45

4 ASPECTOS RELACIONADOS À NORMA BRASILEIRA ABNT NBR

15200:2012

4.1. BREVE HISTÓRICO DE NORMAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO NO

BRASIL

De acordo com Simões (2005), até 2001, estruturas de concreto não eram

avaliadas quanto ao risco de sua função estrutural quando submetidas a uma situação de

incêndio, até a revisão da norma brasileira ABNT NBR 6118:2001 - “Projeto de

Estruturas de Concreto - Procedimento”, que trata do dimensionamento das estruturas de

concreto armado e de seu anexo “Estruturas de concreto em situação de incêndio”. Em

2003, com a nova revisão, o texto anexo à norma que tratava de situação de incêndio, foi

suprimido, dessa forma, a ABNT NBR 6118:2003 trata apenas de dimensionamento de

estruturas de concreto armado, originando uma nova norma específica para o caso de

situação de incêndio. Assim, foi publicada no final de 2004 a ABNT NBR 15200 –

“Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio”, a primeira norma nacional

que trata especificamente do concreto armado em situação de incêndio elaborada a partir

do EUROCODE 2 – “Design of concrete structures – Part 1-2 General rules – Structural

fire design” e adaptada à realidade brasileira, considerando os produtos e a experiência

no Brasil, conforme citado em seu prefácio. Esta norma foi revisada e teve sua segunda

edição lançada em 2012, devido à necessidade de atualização em relação aos avanços

tecnológicos na área de segurança contra incêndio, e alguns ajustes referentes a

procedimentos da prática à área de projetos (Revista Pini – Publicação em 23/05/2012).

As últimas e mais relevantes mudanças na área de projetos em situação de

incêndio se deram em função do incêndio da Boate Kiss. Com esse cenário, a readaptação

e elaboração das normas técnicas, bem como readaptações das legislações vigentes se

tornaram quase que imediatamente necessárias, em resposta ao ocorrido.

De acordo, com Costa et al. (2016), no que diz respeito à segurança de estruturas

em situação de incêndio, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) coloca à

disposição a ABNT NBR 14432:2001 - “Exigências de resistência ao fogo de elementos

construtivos e edificações - Procedimento”, ABNT NBR 14323:2013 - “Projeto de

Estruturas de Aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de

incêndio”, ABNT 15200:2012 - “Projeto de estruturas de concreto em situação de

incêndio” e baseadas nessas normas é que os Corpos de Bombeiros de diversos estados

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46

elaboram suas Instruções Técnicas, de modo a evidenciar as exigências que se fazem

cumprir pelos seus decretos estaduais.

A ABNT NBR 14432:2001 mostra em seu escopo as medidas a serem tomadas

para que os elementos estruturais e de compartimentação, que compõe os edifícios, em

situação de incêndio, consigam evitar o colapso estrutural. Com esses requisitos atendidos

corretamente, a estrutura deve ser estanque e isolada por um período de tempo suficiente

para possibilitar a fuga das pessoas que ocupam a estrutura, em condições de segurança;

permite que as operações de combate a incêndio sejam realizadas com segurança, e que

os danos às edificações vizinhas e públicas sejam minimizados.

ABNT NBR 14323:2013, em seu escopo, descreve os requisitos necessários ao

dimensionamento de estruturas mistas, que estejam resguardadas pela ABNT NBR

8800:2008 – “Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de

edifícios” e pela a ABNT NBR 14762:2010 - “Dimensionamento de estruturas de aço

constituídas por perfis formados à frio”, de acordo com sua aplicabilidade, além de

estarem de acordo com ABNT NBR 14432:2001 ou legislação brasileira vigente, e é

baseada no método dos estados limites.

Silva e Fakury (2000) explicam que com a utilização dessa norma ABNT

14323:2013, desde que seja conhecida a temperatura atuante em cada elemento, é possível

verificar a segurança estrutural em situação de incêndio. Para que seja possível avaliar a

temperatura de cada elemento, utilizam-se expressões conhecidas de transferência de

calor, fornecidas pela norma, que são aplicadas à curva temperatura-tempo do incêndio.

Também é possível por meio desta, determinar a temperatura crítica de cada elemento

estrutural.

Finalmente, a ABNT NBR 15200:2012 – “Projeto de Estruturas de concreto em

situação de incêndio” que em seu escopo estabelece os critérios que devem ser atendidos

em situação de incêndio de acordo com os tempos requeridos de resistência ao fogo pela

ABNT NBR 14432:2001, e que deve ser aplicada nas estruturas de concreto calculadas

conforme a ABNT NBR 6118:2014 – “ Projeto de estruturas de concreto –

Procedimento”. A ABNT NBR 15200:2012 será descrita no item a seguir.

4.2. A NORMA BRASILEIRA NBR 15200:2012

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Conforme mencionado anteriormente, a norma brasileira NBR 15200:2012 –“

Projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio – Procedimento” é a norma

vigente para estruturas de concreto armado sob ação de incêndio, e foi elaborada a partir

do Eurocode 2 – Design of concrete structures – Part 1-2 General rules- Structural fire

design (2004). Foi elaborada no Comitê Brasileiro de Construção Civil (ABNT/CB-02) e

pela Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto Simples, Armado e Protendido (CE-

02: 124.15), e tem como objetivo estabelecer critérios para o projeto de estruturas de

concreto em situação de incêndio e demonstrar o seu atendimento.

O funcionamento da ABNT NBR 15200:2012 é baseado na “correlação entre o

comportamento dos materiais e da estrutura em situação normal, com o que ocorre em

situação de incêndio” (ABNT NBR 15200, 2012, p.5).

O item 5 da ABNT NBR 15200:2012 descreve quais os requisitos e objetivos

gerais que são: limitar o risco à vida humana, à vizinhança e à própria sociedade, e da

propriedade exposta ao fogo. Esses objetivos são considerados atingidos se a estrutura

demostrar que mantém as funções de corta-fogo e suporte, sendo assim, devem ser

verificadas sob combinações excepcionais de ações no Estado Limite Último (ELU).

Essas funções, também estão compreendidas em um conjunto maior de requisitos gerais

de proteção ao incêndio, sendo elas: reduzir o risco de incêndio, controlar o fogo nos

estágios iniciais, limitar a área exposta ao fogo (compartimento corta-fogo), facilitar a

operação contra incêndio e evitar a ruína prematura.

A ABNT NBR 15200:2012 ainda exige que as edificações de grande porte, ou que

possuem maior carga de incêndio, devem atender exigências mais severas para cumprir

os requisitos gerais. Seus projetos devem favorecer a prevenção e proteção contra

incêndio, reduzindo o risco de incêndio e sua propagação.

4.2.1 Ação correspondente ao incêndio

A ABNT NBR 15200:2012, descreve que uma ação correspondente a um incêndio

pode ser representada através de um intervalo de tempo em que a estrutura em questão

esteja exposta ao incêndio-padrão (ABNT NBR 14432, 2001), que é definido como

TRRF. O calor que durante esse tempo é transmitido à estrutura gera, em cada elemento,

uma distribuição de temperatura diferente, em função de sua forma, e de sua exposição

ao fogo, processo esse que causa a redução da resistência dos materiais e de sua

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capacidade estrutural. Também ocorrem novos esforços solicitantes, que provem de

alongamentos axiais restringidos e de gradientes térmicos (ABNT NBR 15200:2012).

Costa (2008) menciona que a verificação para situação de incêndio só acontece

nos estados limites últimos (ELU), que são aqueles associados ao colapso estrutural ou

ruínas estruturais que são caracterizadas por perda de equilíbrio, deformações excessivas

que acabam em rupturas e perda de estabilidade). Para a situação de incêndio, a ação

excepcional a ser considerada é a térmica. A equação 44 descreve como considerar as

ações em situação de incêndio (ABNT NBR 6118, 2014).

𝑆𝑑,𝑓𝑖 = ∑ 𝛾𝑔𝑖 . 𝐹𝐺𝑖,𝑘 + 𝐹𝑄,𝑒𝑥𝑐𝑚𝑖=1 + 𝛾𝑞 . ∑ 0,7. 𝜓2𝑗. 𝐹𝑞𝑗,𝑘

𝑛𝑗=1 (44)

Onde:

Sd,fi é o valor de cálculo das combinações últimas excepcionais;

FGi,k é o valor característico das ações permanentes;

FQ,exc é o valor da ação excepcional considerada;

Fqj,k é o valor característico das ações variáveis para a ação excepcional;

γgi é o coeficiente de ponderação das ações permanentes para a ação excepcional;

γq é o coeficiente de ponderação das ações variáveis para a situação excepcional;

ψ2j é o fator para a ação quase permanente, no caso incêndio, que multiplicado

por 0,7.

No Quadro 9 são representados os coeficientes de ponderação utilizados para

determinar o valor da ação excepcional de incêndio.

Quadro 10 - Coeficientes de ponderação das ações para combinações últimas

Fonte: NBR 8681 (2004).

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Quadro 11 – Fatores de combinação e de redução para as ações variáveis em edifícios

Fonte: NBR 8681 (2003).

Para que seja garantida a segurança estrutural, o valor calculado dos efeitos das

ações (Sd,fi) deve ser menor que o valor de cálculo da capacidade resistente (Rd).

No próximo item, serão apresentados os métodos de verificação do

dimensionamento de estruturas de concreto em situação de incêndio, conforme a norma

ABNT NBR 15200:2012, de uma forma geral. Sousa e Silva (2015) destacam, que as

informações apresentadas para o dimensionamento dos elementos (vigas, lajes e pilares),

pela ABNT NBR 15200:2012 são válidas para elementos em concreto com resistência

característica à compressão fck ≤ 50 MPa e submetidas ao incêndio-padrão e exigem que

os TRRFs, sejam previamente calculados pela ABNT NBR 14432:2001 e as estruturas de

concreto, conforme os procedimentos da ABNT NBR 6118:2014 que tem como base a

correlação dos materiais a 20º C (considerada temperatura ambiente).

4.2.2 Métodos de resolução propostos pela norma

4.2.2.1 Simplificado

O Método simplificado é baseado em três hipóteses e é importante salientar que

ele não garante a função corta-fogo. (ABNT NBR 15200, 2012), sendo elas:

O cálculo das solicitações de cálculo pode ser feito conforme a equação

(45).

𝑆𝑑,𝑓𝑖 = 0,7 ∙ 𝑆𝑑 (45)

Onde:

Sd,fi = Solicitações de cálculo em situação de incêndio;

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Sd = Solicitações de cálculo em situação normal.

Considerando o tempo de exposição ao fogo, conforme o TRRF, o esforço

resistente calculado, em situação de incêndio, para cada tipo de elemento, pode ser

calculado com base na distribuição da temperatura obtida para sua seção transversal,

distribuição essa que pode ser calculada com programas de computador específicos, a

partir do fluxo de calor determinado (anexo F da norma).

Desde que seja adotado para o concreto e para o aço a resistência média

em situação de incêndio, os esforços resistentes podem ser calculados para situação

normal, pelos critérios estabelecidos na ABNT NBR 6118:2014. Essa resistência média

é obtida distribuindo a perda total de resistência do concreto ou das armaduras, na parte

comprimida da seção de concreto e na armadura total, respectivamente. Como opção,

pode-se utilizar métodos que considerem a seção em situação de incêndio reduzida, sendo

assim é necessário pesquisar métodos na literatura para simular corretamente essa

redução.

Segundo Klein Júnior (2011), deve-se ressaltar que a expressão do Método

Simplificado foi obtida por meio de ajuste de curvas, de forma que não tem base em

qualquer condição de equilíbrio. Seus resultados estão muito ligados aos dados usados na

calibração do método. Assim, o campo de aplicação do Método Simplificado restringe-

se, para cada variável, aos valores avaliados experimentalmente. O Método Simplificado

não pode ser extrapolado com segurança para casos além dos seus limites de validade,

pois os resultados podem ser bastante imprevisíveis e discrepantes.

Após realização de trabalho com ensaios experimentais, Castro et al. (2005)

concluíram que uma das principais desvantagens do método simplificado consiste em sua

limitação no uso das seções transversais. Isso acontece, pois o método fica dependente de

curvas isotérmicas presentes em literatura estrangeira, uma vez que é adaptado de norma

estrangeira, cujas seções não são usuais no Brasil.

4.2.2.2 Tabular

Neste método, basta que a estrutura atenda as dimensões mínimas apresentadas

nas tabelas, que são em função do tipo de elemento estrutural, do seu TRRF, sempre

respeitando as limitações indicadas. As dimensões mínimas não devem ser inferiores às

impostas na ABNT NBR 6118:2014. Essas dimensões mínimas consideradas (bmin)

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(Figura 11 e 12) são normalmente: largura das vigas, espessura de lajes, seções

transversais de pilares e tirantes, e principalmente, a distância entre o eixo da armadura

longitudinal e da face de concreto que estará exposta ao fogo (c1) (Figura 11). É apenas

considerada a armadura longitudinal nesse critério, pois os ensaios mostram que em

situação de incêndio, as peças de concreto rompem, geralmente, por flexão ou flexo-

compressão, e não por cisalhamento (ABNT NBR 15200, 2012).

Figura 11 - Valor de c1 e b para seção retangular

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15200 (2012).

Figura 12 - Largura b para diferentes tipos de seção

Fonte: ABNT NBR 15200 (2012).

A seguir são representadas as dimensões mínimas para cada tipo de elemento

estrutural, segundo a ABNT NBR 15200:2012.

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Quadro 12 - Dimensões mínimas para vigas biapoiadas

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

Quadro 13 - Dimensões mínimas para vigas contínuas ou vigas de pórticos

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

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Quadro 14 - Dimensões mínimas para lajes simplesmente apoiadas

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

Quadro 15 - Dimensões mínimas para lajes contínuas

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

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Quadro 16 - Dimensões mínimas para lajes lisas ou cogumelo

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

Quadro 17 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas simplesmente apoiadas

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

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Quadro 18 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas contínuas em, pelo menos, uma

das bordas

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

Quadro 19 - Dimensões mínimas para lajes nervuradas armadas em uma só direção

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

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Quadro 20 - Dimensões mínimas para pilares com uma face exposta ao fogo

Fonte: ABNT NBR 15200:2012.

Silva (2007) cita que as tabelas apresentadas na NBR 15200:2004 (mantidas na

versão de 2012), consideram situações limites que conduzem a valores antieconômicos

para a maioria das situações. Assim, propõe em seu artigo uma alternativa válida para

situações mais comuns, induzindo a valores mais econômicos e precisos, se comparados

à da norma.

4.2.2.3 Avançado

Segundo o EN 1994-1-2:2005, onde o método tabular ou modelos simplificados

não são aplicáveis, é necessário usar um método com base em análise avançada ou um

método com base em ensaios experimentais. Modelos avançados de cálculo, em geral,

têm por base modelos numéricos para solução do problema e são fundamentados no

comportamento da estrutura em situação de incêndio. Modelos de análise térmica devem

ter por base os fundamentos da transferência de calor. Para análise mecânica os modelos

devem seguir os princípios da análise estrutural levando em conta os efeitos da

temperatura (CALDAS, 2008).

Souza Junior (2004) define modelo avançado de cálculo como uma abordagem

mais racional que avalia os riscos da edificação fazendo uso de ferramentas

computacionais. Assim, avalia-se de forma mais real o comportamento da estrutura sob

condições de incêndio.

Segundo a ABNT NBR 15200:2012, o uso de programas para a determinação da

distribuição e temperatura e verificação do isolamento pode ser aceita se eles

considerarem adequadamente a distribuição da temperatura na edificação. A norma ainda

cita que quando necessário atender aos requisitos de estanqueidade, podem ser feitos

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ensaios experimentais do elemento que deve ter função corta-fogo. Porém os métodos

avançados de cálculo devem levar em consideração, no mínimo:

Rigorosamente a combinação excepcional das ações em situação de

incêndio, com base na ABNT NBR 8681:2003;

O acréscimo dos efeitos das deformações térmicas restringidas aos

esforços solicitantes de cálculo, desde que sejam calculados por modelos não lineares,

capazes de considerar as grandes redistribuições de esforços que ocorrem;

Os esforços resistentes devem ser calculados levando em consideração as

distribuições de temperatura, conforme o TRRF;

Os cálculos das distribuições de temperatura e resistência devem respeitar

a ABNT NBR 6118:2014.

Caldas (2008) desenvolveu diversos modelos numéricos para análise de

comportamento de elementos estruturais em situação de incêndio, que se revelaram

adequados para análise de estruturas. Os resultados foram comparados com valores

numéricos e experimentais encontrados em literatura, com base no método avançado de

dimensionamento. Assim, os modelos desenvolvidos podem ser utilizados para análise

avançada com objetivo de estudar soluções de projeto ou comportamento de estruturas.

O modelo avançado (elementos finitos ou diferenças finitas) quando comparado a

modelos simplificados (expressões de norma), pode apresentar discrepâncias de valores.

Isso acontece pois nos modelos simplificados há muitas aproximações introduzidas,

normalmente a favor da segurança. Porém, quando o modelo avançado de cálculo é

utilizado, em geral, as temperaturas obtidas são maiores que as de modelos simplificados

(FRANSSEN E ZAHARIA, 2006 apud CALDAS, 2008).

4.3 COMPARATIVO ENTRE ABNT NBR 6118:2014 E ABNT NBR 15200:2012

A ABNT NBR 6118:2014 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, é a

norma que rege quase que com totalidade as estruturas de concreto de obras civis que são

executadas, hoje em dia, mas que também deve ser complementada por outras normas,

dependendo da estrutura a ser construída. Ela já está em sua a terceira edição, e substituiu

a versão anterior de 2007. Foi elaborada pelo Comitê Brasileiro da Construção Civil

(ABNT/CB-02), pela Comissão de Estudos de Estruturas de Concreto – Projeto e

Execução (CE-02:124.15). É uma norma que sofreu ampla revisão desde a sua concepção

e muitas contribuições para que chegasse ao nível em que se encontra hoje. Possui grande

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extensão e abrangência e apresenta todos os parâmetros necessários para se construir uma

estrutura segura. Em seu escopo, a ABNT NBR 6118:2014 diz que “Esta norma não

possui requisitos exigíveis para evitar os estados-limites gerados por certos tipos de ação,

como sismos, impactos, explosões e fogo” e indica que para em situação de incêndio é

necessário consultar a ABNT NBR 15200:2012.

Ajala et al. (2016) comentam que a maior diferença ABNT NBR 15200:2012 e a

ABNT NBR 6118:2014 é que a primeira recomenda um dimensionamento mais arrojado,

que preza mais a segurança. Reina (2010) relata que muitos profissionais da área

relacionam erroneamente a NBR 15200:2012 com as exigências de resistência ao fogo

pré-estabelecidas segundo a NBR 14432:2001, sendo que o principal objetivo da NBR

15200:2012 é estabelecer critérios que evitem o colapso estrutural e atendam aos

requisitos de estanqueidade, estabilidade e isolamento, além de limitar o risco da ruína

prematura da estrutura, permitindo a fuga dos usuários e as operações de combate e

controle do incêndio.

É imprescindível que a estrutura seja compartimentada de modo a evitar que o

fogo se propague além do local de origem e que mantenha a capacidade de suporte e

estabilidade global da edificação, assim como a de cada elemento que a compõe.

Garantindo essa função evita-se o colapso global e/ou local progressivo (REINA, 2010).

Ainda sobre as diferenças, de objetivos, a ABNT NBR 6118 (2014, p81), esclarece

que “o objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações em uma estrutura,

com a finalidade de efetuar verificações de estados limites últimos e de serviço”, ao passo

que a ABNT NBR 15200 (2012, p1) reforça o seu principal objetivo, que é definir “os

critérios de projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio e a forma de

demonstrar o seu atendimento”. Os Quadros 20 e 21 representam os principais pontos

relacionados à ABNT NBR 6118:2014 e a ABNT NBR 15200.

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Quadro 21 - Síntese da ABNT NBR 6118:2014

Fonte: Ajala et al. (2016).

Quadro 22 - Síntese da ABNT NBR 15200:2012

Fonte: Ajala et al. (2016).

Assim, pode-se deferir que, para um dimensionamento adequado em situação de

incêndio, deve-se utilizar ambas normas, visto que são complementares.

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5 CONCLUSÃO

Após realização deste estudo, conclui-se que a segurança de estruturas quanto à

situação de incêndio é uma área muito importante e complexa, uma vez que o fogo é um

fenômeno afetado por muitos parâmetros. Dessa forma, não é possível se obter a certeza

absoluta contra a ocorrência de um incêndio, o que incentiva o estudo do comportamento

de estruturas e medidas de prevenção e combate a incêndio cabíveis ao projetista.

Com esse trabalho, ficou mais claro que a responsabilidade de um engenheiro vai

muito além dos parâmetros construtivos de uma obra, podendo impactar em vidas

humanas. Isto é, no caso de ocorrência de um sinistro, o projetista da edificação deve

garantir que ocorra o mínimo impacto na estrutura. Ainda que o homem não seja capaz

de controlar o fogo, pode diminuir seus efeitos em edificações. Isto é, engenheiros que

obedeçam aos requisitos mínimos exigidos em normas e instruções técnicas, podem

impactar positivamente no caso de ocorrência de incêndio em edificações. Portanto, o

projeto de uma edificação para que haja segurança em situação de incêndio, deve levar

em consideração muitos fatores, que passa basicamente pela aplicação correta das normas

e legislações, instruções técnicas que imperam sobre esse assunto, e além disso, pela

fiscalização dos órgãos competentes.

Cada evento é diferente do outro e há sempre a probabilidade de ocorrência de

alguma situação extraordinária, mas a soma de todos os requisitos, desde que sejam

corretas as suas aplicações, fazem com que haja uma redução da probabilidade de

ocorrência de um incêndio. Além disso, ao obedecer às exigências quanto a segurança

contra incêndio, projeta-se uma estrutura que possibilite em que seus usuários possam,

caso ocorra a situação de incêndio, ter melhores condições de evadir do local, evitando

quaisquer fatalidades.

Mesmo que os engenheiros já formados não tenham tido em sua graduação

disciplinas voltadas para segurança contra incêndio, as normas e instruções devem ser

seguidas. Espera-se que com a nova lei que torna obrigatório o tema em cursos de

engenharia, ocorram menos tragédias envolvendo fogo, e, caso ocorra um incêndio, que

as edificações sejam eficientes, de acordo com o exigido em norma, permitindo a fuga

dos usuários e não alastramento do incêndio. Espera-se que este trabalho ajude estudantes

e engenheiros a compreender as normas referentes à situação de incêndio no

dimensionamento de estruturas, de forma que edificações sejam melhor projetadas em

relação a segurança contra incêndio.

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