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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Niana Franciscatto Pereira TECNOLOGIA BIM APLICADA NO LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS Santa Maria, RS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Niana Franciscatto Pereira

TECNOLOGIA BIM APLICADA NO LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS

Santa Maria, RS

2017

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Niana Franciscatto Pereira

TECNOLOGIA BIM APLICADA NO LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, RS

2017

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Niana Franciscatto Pereira

TECNOLOGIA BIM APLICADA NO LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil.

Aprovado em 11 de Julho de 2017:

____________________________________________________ Rogerio Cattelan Antocheves de Lima, Dr.(UFSM)

(Presidente/Orientador)

____________________________________________________ Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos, Dr. (UFSM)

____________________________________________________ Andre Lübeck, Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS

2017

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Amalia e Mauro, que estiveram sempre

presentes e que nunca permitiram eu desistir dos meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram de alguma maneira para a concretização

deste trabalho. Isso só foi possível pois houve auxílio, compreensão e dedicação de

muitos. De forma especial agradeço:

- a Deus, pela vida e proteção;

- ao meu orientador Rogerio Cattelan Antocheves de Lima, pela oportunidade

concedida, pela confiança em mim depositada, e pelo tempo dedicado a este

trabalho;

- à arquiteta Fernanda Capuano, que não hesitou em ceder seu trabalho, seu

tempo e seus conhecimentos para, assim enriquecer este estudo;

- aos meus pais Amalia e Mauro, pelo apoio e investimento na minha

formação, além do amor, carinho e atenção em todos os momentos;

- ao meu irmão Giórgio, pelo companheirismo e compreensão;

- a toda a minha família, por todo o incentivo;

- aos meus amigos, sempre dispostos a ajudar, por partilharem esse

momento comigo;

- à Universidade Federal de Santa Maria, seu corpo docente e funcionários,

que realizam seus trabalhos com amor e dedicação, contribuindo para a conquista

deste título;

- a todos os professores que passaram por minha vida, pelo o conhecimento

generosamente transmitido;

Enfim, a todos aqueles que fazem parte de minha vida e que torcem por

minhas conquistas.

:

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Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento.

(Érico Veríssimo)

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RESUMO

TECNOLOGIA BIM APLICADA NO LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS

AUTOR: Niana Franciscatto Pereira

ORIENTADOR: Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Devido ao aumento da concorrência no mercado da construção civil, o processo de orçamentação passou a ser mais valorizado pelas empresas. Isso teve por finalidade buscar uma lucratividade satisfatória com os seus empreendimentos. E para que um orçamento seja completo e detalhado de forma a alcançar valores mais próximos possíveis dos reais, é necessário que seja baseado em um levantamento de quantitativos eficiente. Em vista de ser um processo tradicionalmente manual, moroso e suscetível a equívocos, existe a necessidade de introduzir-se mais tecnologia a ele. Dessa forma o Building Information Model (BIM) entra em cena com seus conceitos inovadores e elementos inteligentes que permitem a construção virtual da edificação. Entre outros recursos o BIM tem a capacidade de otimizar a extração de quantidades de um modelo. Baseado em uma revisão bibliográfica a respeito do processo tradicional de orçamentação e sobre os conceitos, classificações e benefícios da tecnologia BIM o presente trabalho, através de um estudo de caso, teve como objetivo principal confirmar a eficiência da tecnologia BIM no levantamento de quantitativos. Ao aplicar-se essa ferramenta em um projeto residencial modelado no software Revit, também se pôde relatar as dificuldades identificadas na realização dessa prática, bem como apontar suas causas. Concluindo então, que embora existam diversas vantagens, os softwares BIM não estão prontos a ponto de tornar o processo de orçamentação automático e totalmente integrado ao modelo, assim o papel do orçamentista ainda é fundamental.

Palavras chave: Construção civil. Orçamento. Levantamento de quantitativos. BIM.

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ABSTRACT

BIM TECHNOLOGY APPLIED TO QUANTITATIVE DATA COLLECTION

AUTHOR: Niana Franciscatto Pereira

ADVISOR: Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Due to the increased competition in the construction market, the budget process has become valued by companies. Such practice is intended to achieve satisfactory profitability in its ventures. For the budget process to be complete and detailed, in order to reach values that are as close as possible to the real ones, it must be based on an efficient quantitative data collection. As known as a traditionally manual, time-consuming and misleading process, there is the need to introduce more technology to it. In this sense, the Building Information Model (BIM) shows up with its innovative concepts and intelligent elements that allow the virtual construction of the building. Among other features, BIM has the ability to optimize the extraction of quantities from a model. Based on a bibliographical review about the traditional budgeting process and about the concepts, classifications and benefits of BIM technology, through a case study, the main objective of this study was to confirm the efficiency of BIM technology for quantitative data collection. Using this tool in a residential project modeled on Revit software, it was also possible to report the difficulties identified in the accomplishment of this practice, as well as to point out its causes. In conclusion, although there are several advantages, BIM softwares are not ready to make the budgeting process automatic and fully integrated with the model, so the role of the budget maker is still of huge importance.

Keywords: Construction. Budget. Quantitative data collection. BIM.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Formas de trocar informações...................................................................30 Figura 2 – Gráfico comparativo entre processos de desenvolvimento de projeto.....39 Figura 3 – Documentação a partir de um modelo projetado em Revit........................44 Figura 4 – Modelo estrutural gerado em Revit............................................................44 Figura 5 – Fachada 3D...............................................................................................47 Figura 6 – Planta Baixa primeiro pavimento...............................................................48 Figura 7 – Planta Baixa segundo pavimento..............................................................49 Figura 8 – Corte AA....................................................................................................50 Figura 9 – Estrutura das paredes de 20 cm................................................................49 Figura 10 – Estrutura de concreto..............................................................................49 Figura 11 – Tabela de quantidade de janelas..............................................................50

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Aspectos que influenciam custos indiretos...............................................19 Quadro 2 - Seis níveis de desenvolvimento LOD e suas definições..........................33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Levantamento de quantitativos.................................................................51 Tabela 2 – Área a ser inserida ao quantitativo de alvenaria seguindo o critério de medição......................................................................................................................54

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................14 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................14 1.2 OBJETIVOS......................................................................................................14 1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................14 1.2.2 Objetivos específicos.....................................................................................15 1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................................15 2 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL.......................................................16 2.1 CUSTO, PREÇO E LUCRO..............................................................................17 2.2 CUSTOS DIRETOS..........................................................................................18 2.3 CUSTOS INDIRETOS.......................................................................................19 2.4 BENEFÍCIO E DESPESAS INDIRETAS............................................................21 2.5 ESTIMATIVA DE CUSTO OU ORÇAMENTO SUMÁRIO.................................22 2.6 ORÇAMENTO ANALÍTICO...............................................................................23 2.7 ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DE UM ORÇAMENTO..................................24 2.7.1 Estudo das condicionantes...........................................................................25 2.7.2 Composição de custos...................................................................................25 2.7.3 Fechamento do orçamento............................................................................25 2.8 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS.........................................................26 2.8.1 Formas.............................................................................................................26 2.8.2 Armação...........................................................................................................26 2.8.3 Concreto...........................................................................................................27 2.8.4 Alvenaria..........................................................................................................27 2.8.5 Revestimentos.................................................................................................27 3 BUILDING INFORMATION MODEL (BIM)......................................................28 3.1 CONCEITOS.....................................................................................................28 3.1.1 Colaboração....................................................................................................28 3.1.2 Modelos BIM.....................................................................................................30

3.1.3 Interoperabilidade...........................................................................................32 3.2 CLASSIFICAÇÕES...........................................................................................33 3.2.1 3D Colaborativo...............................................................................................35 3.2.2 4D Agendamento.............................................................................................35 3.2.3 5D Estimativa...................................................................................................35 3.2.4 6D Sustentabilidade e Manutenção...............................................................35 3.3 PRINCIPAIS VANTAGENS E FUNCIONALIDADES BIM.................................36 3.4 IMPLEMENTAÇÃO BIM....................................................................................39 3.5 USO DA TECNOLOGIA BIM NO PROCESSO DE ORÇAMENTAÇÃO..........41 3.5.1 Exportar quantitativos para um software de orçamentação.......................42 3.5.2 Conexão direta entre componentes BIM e o software de

orçamentação..................................................................................................42 3.5.3 Ferramenta para levantamento de quantitativos.........................................42 3.6 REVIT................................................................................................................43 3.5.1 Projetos de arquitetura...................................................................................43 3.5.2 Projetos estruturais........................................................................................44 3.5.3 Projetos de sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos...........................45 3.5.4 Projetos de construção..................................................................................45 4 ESTUDO DE CASO..........................................................................................46 4.1 METODOLOGIA................................................................................................46 4.2 ESTUDO DE CASO..........................................................................................46

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4.2.1 Descrição do projeto......................................................................................47 4.2.2 Aplicação de ferramenta de levantamento de quantitativos......................50 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................53 5.1 VANTAGENS IDENTIFICADAS........................................................................54 5.2 DIFICULDADES IDENTIFICADAS....................................................................55 5.2.1 Inconsistências nas quantidades de materiais de revestimento...............55 5.2.2 Incompatibilidade com a contratação dos serviços....................................56 5.2.3 Falta de informações......................................................................................57 5.3 PROPOSTAS PARA PROJETOS FUTUROS..................................................58 5.4 PANORAMA DA TECNOLOGIA BIM EM SANTA MARIA................................59 6 CONCLUSÃO...................................................................................................60 7 REFERÊNCIAS.................................................................................................62 ANEXO A- EXEMPLO DE COMPOSIÇÃO UNITÁRIA DE CUSTOS..............65

ANEXO B- FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE UM ORÇAMENTO................66 ANEXO C- MODELO DE TABELA DE ORÇAMENTO ANALÍTICO...............67 ANEXO D- PLANTA BAIXA HUMANIZADA DO PRIMEIRO PAVIMENTO...68 ANEXO E- PLANTA BAIXA HUMANIZADA DO SEGUNDO PAVIMENTO...69

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O cenário econômico atual brasileiro, refletido diretamente na construção civil,

tornou-a mais competitiva e rigorosa. Passou assim a ser exigida mais eficiência das

empresas. Dessa forma, o sucesso dos empreendimentos tornou-se cada vez mais

ligado ao planejamento, estudos de viabilidade e acompanhamentos de qualidade.

Em meio a isso, o orçamento, prática primordial em estudos de viabilidade

econômica, ganhou atenção especial. Porém, para ser precisa e detalhada, a

orçamentação costuma ter como característica ser um processo moroso,

principalmente ao que diz respeito ao levantamento de quantidades. Por isso a

busca por inserir tecnologia e assim otimizar esta área de atuação.

Conforme o livro “Manual de BIM” (EASTMAN et al., 2008) a terminologia

Building Information Model (BIM) é usada há cerca de quinze anos, porém seus

conceitos e metodologias datam de pelo menos trinta anos. Esta tecnologia permite,

entre outras capacidades, que ao modelar-se uma peça arquitetônica, como um

edifício, toda a informação sobre quantidades e propriedades dos componentes seja

automaticamente levantada.

Assim, torna-se inquestionável a tendência de se disseminar pelo mercado da

construção civil por resolver estas problemáticas recorrentes, inclusive o

levantamento de quantitativos.

O presente trabalho mostrará como o conceito BIM e sua prática podem

contribuir com as empresas, tornando seus empreendimentos mais rentáveis,

através de um orçamento preciso e rápido.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O principal objetivo do trabalho é analisar a eficiência do uso da tecnologia

BIM em projetos de construção civil, enfatizando o processo de levantamento de

quantitativos com o fim de uma orçamentação rápida e precisa.

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1.2.2 Objetivos específicos

Buscar a compreensão de todo o processo tradicional de orçamentação de

obras de construção civil com enfoque no levantamento de quantitativos;

Estudar os conceitos da tecnologia BIM e as diversas formas de sua

utilização para otimizar projetos, com foco no levantamento de quantitativos;

Aplicar a tecnologia BIM em um projeto com o intuito de realizar-se um estudo

de caso;

Realizar análises com o objetivo de validar as vantagens da utilização do BIM

no processo de levantamento de quantitativos e relatar os obstáculos

observados.

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo Knolseisen (2003), um mercado cada vez mais competitivo e

consumidores bastante exigentes requerem de qualquer empreendimento estudos

de viabilidade econômica e um orçamento detalhado, além de acompanhamento

físico-financeiro da obra.

A busca por uma orçamentação precisa, que permita decisões acertadas, é

um dos motivos por que a tecnologia BIM esteja se destacando como uma das

inovações mais promissoras dentro da arquitetura, engenharia e construção. Braga

(2015) listou algumas de suas capacidades como a de gerar quantificação

automática e precisa de materiais; reduzir a variabilidade na orçamentação e

aumentar sua velocidade, permitindo a consideração e análise de mais alternativas

de projeto.

Porém o conceito de BIM é mais abrangente, podendo atuar em todas as

fases de uma obra, inclusive na compatibilização de projetos, prevendo e resolvendo

colisões diagnosticadas anteriormente à construção. Ele torna possível reunir em

um mesmo arquivo eletrônico todos os projetos de modo que as informações sobre

toda a obra estejam acessíveis simultaneamente.

Apesar de todas as soluções que essa tecnologia oferece, ainda é difícil

encontrar escritórios de arquitetura e engenharia que a utilizem. Desse modo é

importante que tal conceito seja amplamente estudado e difundido para que os

processos tradicionais continuem a evoluir.

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2 ORÇAMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Observando a área de engenharia civil, cada vez mais competitiva, com o

mercado reduzido e o surgimento de novas empresas, Dias (2011) ressalta a

importância da preparação correta de um orçamento. Quanto mais experiência é

obtida pelos contratantes maior é a responsabilidade em aplicar os princípios da

engenharia de custo corretamente.

A prática da orçamentação apresenta diversas vantagens e segundo a visão

de Giammusso (1991) podemos considerá-la como uma medida de prudência e

precaução. Ele a entende como ponto de partida de análises como, avaliação de

viabilidade, cronograma de custos e a redução destes, ainda garante o lucro, a

competividade de preço e a atualização de dados. A partir disso é proporcionada

segurança ao se ingressar no mercado, formular preços e assim participar de

concorrências.

O engenheiro explica que é possível reduzir encargos financeiros ao mínimo

através do conhecimento detalhado de custos e das partes que o compõem. Quando

há informações acerca das necessidades de recursos ao longo do tempo da obra

pode-se evitar o excesso ou falta do mesmo, ambos os casos onerosos.

Em contrapartida, o orçamento está relacionado também ao gerenciamento,

conforme Coêlho (2001, p. 20), “[..] é uma das etapas mais importantes na área de

planejamento e controle de custos de um empreendimento.”. Além disso, encontram-

se, no orçamento, todas as informações necessárias para analisar um projeto.

A preparação de um orçamento é imprescindível, para um bom planejamento, pois é com base nele que advém o sucesso de qualquer empreendimento de construção predial. Por outro lado, somente através desse orçamento concluído, podemos prosseguir na execução de trabalhos, tais como: viabilidade técnica- econômica do empreendimento, cronograma físico-financeiro da obra, cronograma detalhado do empreendimento e relatórios para acompanhamento físico-financeiro. (COÊLHO, 2001, p. 21).

Xavier (2008) confirma que o orçamento possui outros objetivos além da

definição do preço final. Ele também contribui diretamente com o planejamento da

obra, pois as quantidades levantadas interferem na escolha de fornecedores e

métodos construtivos.

Segundo Mattos (2006), a técnica orçamentária é basicamente um exercício

de previsão realizado anteriormente à construção efetiva do produto, como um dos

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fatores primordiais para resultados lucrativos. Porém não deve ser considerado um

“jogo de adivinhação”, já que se bem executada produz orçamentos precisos. É

exigido, então, de seu responsável, muito estudo, atenção e habilidade técnica, pois

“[...] envolve a identificação, descrição, quantificação, análise e valorização de uma

grande série de itens [...]. (MATTOS, 2006, p. 22).

Um dos requisitos básicos para um bom orçamentista é o conhecimento detalhado do serviço. A interpretação aprofundada dos desenhos, planos e especificações da obra lhe permite estabelecer a melhor maneira de atacar a obra e realizar cada tarefa, assim como identificar a dificuldade de cada serviço e consequentemente seus custos de execução. (MATTOS, 2006, p. 22).

O autor também se refere a orçamentos mal feitos, com lacunas ou

considerações descabidas , como causadores de frustações de custo e prazo. De

qualquer forma, embora exista o objetivo de estimar custos da forma mais precisa

possível, é impossível fixar o custo verdadeiro do empreendimento de antemão, pois

alguns parâmetros não podem ser determinados com exatidão.

Conforme González (2008), dependendo da disponibilidade de informações e

da finalidade deste estudo, será selecionado um tipo de orçamento. Esta escolha

pode ir de uma estimativa rápida baseada em obras anteriores até um orçamento

detalhado, onde serão discriminadas todas as atividades a serem executadas

alcançando maior precisão.

2.1 CUSTO, PREÇO E LUCRO

Giammusso (1991, p. 14) define: “Custo significa a importância para que se

obtenha um certo bem ou serviço.”, em contrapartida “Preço é o valor a ser pago

para se obter um bem ou serviço.”.

Tradicionalmente, a formação de preço era resultado do somatório da

margem de lucro desejada e do custo do empreendimento. Entretanto, a disputa

pelo mercado, o surgimento de novas tecnologias e processos construtivos

ocasionou a alteração do antigo padrão. Atualmente o preço é ditado pelo mercado

e o lucro passou a depender dele e do custo. A tendência é que as empresas

busquem otimizar seus sistemas reduzindo os seus custos, e assim alcançar

novamente o lucro almejado. (AVILA, LIBRELOTTO, LOPES, 2003)

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González (2008) reafirma que o preço de um empreendimento é igual ao

custo acrescido da margem de lucro, porém em casos de grande concorrência, esse

preço passa a ser dado pelo mercado, e o lucro é obtido através da redução de

custos.

Para Mattos (2006, p. 22), “O fato de haver várias empresas na disputa pelo

contrato impõe ao construtor o dever de garantir que todos os custos sejam

contemplados no preço final, e que ainda assim seja alcançável uma margem de

lucro adequada.”

Lembramos que, face à estabilização de nossa moeda e à elevada concorrência entre as construtoras, é muito importante para as empresas o acerto do orçamento da construção e a minimização do custo. Pois, somente desta forma as empresas prestadoras de serviço de engenharia terão êxito e sairão vitoriosas das licitações, alcançando seu objetivo principal que é o lucro estabelecido na proposta de preço. (DIAS, 2011, p. 11).

Dias (2011) ressalta ainda que o custo da obra varia de acordo com a região,

pois variáveis como mão-de-obra, salários e materiais mudam conforme a

localização, tanto quanto os insumos, que apresentam características sazonais e

variam seus preços com a demanda.

Xavier (2008) lembra também, que o orçamento deve ser conferido após a

sua conclusão. Dessa maneira, obtém-se segurança de que a margem de lucro foi

mantida e que há coerência com o mercado, evitando imprevistos futuros.

2.2 CUSTOS DIRETOS

Dias (2011) afirma que a definição de custos diretos não é exatamente clara.

Segundo ele, ao somar-se o consumo dos insumos facilmente mensuráveis que

ficam incorporados ao produto chega-se ao seu valor. É o caso, por exemplo, de

itens como: escavação, concreto, formas, armação e instalações. O autor sugere

ainda, determinar o custo direto através da planilha de quantidades e preços. Para

isso devem ser considerados todos os serviços levantados pelo orçamentista.

Segundo Coêlho (2001, p. 27), “Os custos diretos são constituídos pela mão-

de-obra, matéria-prima e equipamentos efetivamente empregados no canteiro para

execução dos serviços.”. A mão-de-obra referida é a utilizada para a execução de

algum serviço, não incluindo, por exemplo, atividades de supervisão. Já em relação

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aos equipamentos, são considerados apenas os indispensáveis à realização de uma

tarefa específica.

Para Giammusso (1991), o custo direto está diretamente relacionado à

quantidade de serviços. Já Mattos (2006, p. 29) define como custos “[...] associados

aos serviços de campo.” que “Representam o custo orçado dos serviços

levantados.”.

Braga (2015, p. 30) ainda acrescenta que além de considerar as despesas

com material e mão-de-obra incorporada ao estado físico da edificação, os custos

diretos devem conter “despesas com a administração local, com a instalação do

canteiro de obras, bem como as operações de mobilização e desmobilização.”. E

Tisaka (2006) lembra também que ao calcularem-se os custos de mão-de-obra é

necessário acrescentar todos os encargos sociais: básicos, incidentes e reincidentes

e complementares (alimentação, transportes, EPI e ferramentas), pois são

obrigatórios e determinados pela legislação trabalhista específica.

2.3 CUSTOS INDIRETOS

Mattos (2006) define custo indireto por exclusão, ou seja, é todo custo que

não foi considerado como mão-de-obra, material ou equipamento nas composições

de custos unitários do orçamento ou tudo que não entrou no custo direto da obra.

Isso representa entre 5 a 30% do custo global da construção. No Quadro 1 a seguir

serão apresentados alguns fatores que causam essa oscilação.

Quadro 1 - Aspectos que influenciam custos indiretos

(continua)

Aspecto Como influi

Localização geográfica

Uma obra em local remoto requer muitas despesas com mobilização de pessoal e equipamentos, custos de viagem, aluguel de casas, etc.

Política da empresa

Quantidade de engenheiros e supervisores (mestres e encarregados), faixa salarial adotada, quantidade de veículos à disposição da obra, quantidade de computadores no canteiro, padrão dos barracões de campo, etc.

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Quadro 1 - Aspectos que influenciam custos indiretos

(conclusão)

Fonte: Adaptado de MATTOS (2006, p. 200).

Segundo Dias (2011), o custo indireto provém dos itens de custo difíceis de

mensurar nas unidades de medição de serviços, como por exemplo: engenheiro,

mestre de obra, outras categorias profissionais, veículos de passeio e de carga de

apoio, contas das concessionárias (energia, água, correio, telefone e etc.). Outros

custos indiretos são aqueles considerados mensalmente, ou calculados sobre o

custo total ou sobre o preço final, como administração central, impostos ou juros. Ele

ainda cita os custos indiretos que mais afetam a construção: mobilização e

desmobilização dos equipamentos, de pessoal, de ferramentas e utensílios,

administração local e central, tributos, despesas financeiras, benefício e risco.

Os custos indiretos só apresentam relação com a empresa e nunca com os produtos realizados, e, por tal razão devem ser, evidentemente, divididos entre as várias fases dos custos de construção. Os custos indiretos podem ser classificados em constantes e variáveis. Os constantes, por serem fixos e por não dependerem do volume da obra, são os gastos administrativos pela manutenção do pessoal no que diz respeito, por exemplo, ao pagamento de seus salários, aluguéis de imóveis, taxas e impostos. Os custos indiretos variáveis, uma vez que têm uma relação com o custo da obra, são a mão-de-obra indireta, a energia, a água, o telefone, entre outros. (COÊLHO, 2001, p. 27).

Conforme Giammusso (1991, p. 14), o custo indireto “É a soma dos custos de

materiais e serviços necessários mas não aplicados diretamente na realização do

empreendimento. Exemplo: administração, cópias de plantas etc.”. Para o autor não

existe proporcionalidade entre o custo indireto e a quantidade de serviços

levantados.

Aspecto Como influi

Prazo As despesas administrativas são proporcionais à duração da obra.

Complexidade Obras com elevado grau de dificuldade tendem a exigir mais supervisão de campo e suporte externo (consultoria).

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2.4 BENEFÍCIOS E DESPESAS INDIRETAS (BDI)

Na visão de Mattos (2006), o importante é que todos os custos estejam

presentes em um orçamento, seja dentro dos custos diretos ou dos custos indiretos.

Uma planilha de serviços completa, com a maior quantidade possível de itens, termina por reduzir muito a quantidade de itens de custo indireto. [...] isso não alterará o custo total da obra, mas terá impacto direto sobre o BDI. (MATTOS, 2006, p. 208).

Para ele, BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) representa o quociente da

divisão do custo indireto (acrescido do lucro) pelo custo direto da obra, ou seja,

todos os custos indiretos são diluídos sobre os custos diretos. É o fator que deve ser

aplicado sob os itens de custo direto para a determinação do preço de venda e

engloba: despesas indiretas de funcionamento da obra, custo da administração

central, custos financeiros, fatores imprevistos, impostos e lucro.

Dias (2011, p. 141) esclarece que o BDI é “[...] o percentual relativo às

despesas indiretas que incidirá sobre os custos diretos [...]”, pois é necessário que

todos os custos que um serviço demanda estejam presentes nos seus preços

unitários.

Conforme Giammusso (1991), se o BDI representar efetivamente os custos

indiretos reais da obra, os preços resultantes trarão maior segurança financeira para

a empresa, desde que não sejam muito baixos ou muito altos a ponto de não serem

competitivos. Ele especifica que, se o contrato for realizado pelo preço global, o BDI

é incluído no preço total, em contrapartida, se a modalidade de contratação for por

preço unitário o BDI é acrescido em cada um deles.

Mendes e Bastos (2001, p. 26) apresentam uma fórmula para calcular-se o

BDI. A taxa a ser acrescida a parcela de custos diretos é representada pelas

parcelas de custos indiretos (incluindo seguros, riscos e imprevistos), despesas

financeiras e lucro, divididos por uma parcela de impostos conforme a fórmula 1.

BDI =

(1 + X)(1 + Y)(1 + Z)

(1 − I)− 1 (1)

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Onde:

X = Taxa da somatória das despesas indiretas, exceto tributos e despesas

financeiras;

Y= Taxa representativa das despesas financeiras;

Z= Taxa representativa do lucro;

I= Taxa representativa da incidência de impostos.

2.5 ESTIMATIVA DE CUSTO OU ORÇAMENTO SUMÁRIO

Conforme Goldman (1986, p. 79), “O orçamento da obra é uma das primeiras

informações que o empreendedor deseja conhecer ao estudar determinado projeto.

[...] já que, em função de seu valor, o empreendimento estudado será viável ou não.”

Goldman ressalta, porém, que apesar disso, é recorrente empresas realizarem

estudos de viabilidade antes mesmo de os projetos arquitetônico e complementares

estarem concluídos, sem especificações técnicas e de acabamento definidas. Assim

um orçamento detalhado de qualidade torna-se inviável, neste caso procuram-se

alternativas para obterem-se informações a cerca do custo da obra. Para tal,

executa-se o chamado orçamento por estimativa.

“A estimativa de custos é uma avaliação expedita feita com base em custos

históricos e comparação com projetos similares.” (MATTOS, 2006, p. 34). Estas são

elaboradas com base em indicadores genéricos e tradicionais. No caso de

edificações, geralmente é usado o custo do metro quadrado construído, sendo o

Custo Unitário Básico (CUB) o mais utilizado.

O CUB/m² representa o custo da construção por unidade de área equivalente

para diferentes casos, inclusive para cada um dos padrões de especificação e está

fundamentado na Lei 4.591/64. De acordo com o item 3.9 da Norma Brasileira ABNT

NBR 12.721:2006, o seu conceito é o seguinte:

Custo por metro quadrado de construção do projeto-padrão considerado, calculado de acordo com a metodologia estabelecida em 8.3, pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil, em atendimento ao disposto no artigo 54 da Lei nº 4.591/64 e que serve de base para avaliação de parte dos custos de construção das edificações.

Através dessa norma são definidos os critérios de coleta, cálculo e os pesos

dos insumos representativos de acordo com os padrões de qualidade utilizados. Os

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Sindicatos da Indústria da Construção de todo o país pesquisam mensalmente os

valores de: salários, materiais de construção, despesas administrativas e aluguel de

equipamentos. Esses dados são recolhidos de construtoras, fornecedores da

indústria e do comércio. Entretanto, alguns custos não são considerados na

composição de custos unitários básicos. Por exemplo: fundações, elevadores,

ajardinamento e rebaixamento de lençol freático.

Cabe a cada Sindicato Estadual de Construção civil, calcular e divulgar o

valor do CUB para cada estado brasileiro. E é através dele, multiplicado pela área

equivalente de construção que se obtém o orçamento sumário. Segundo Goldman

(1986), as áreas reais da obra podem variar o padrão de especificação, por

exemplo, estacionamentos e as salas dos apartamentos apresentam custos

diferentes por m2. Nesse caso são estabelecidos critérios para transformar as áreas

reais de padrões diferentes em áreas equivalentes (menores ou maiores), para tal

são usados coeficientes (ABNT – NBR 12721, 2006).

Segundo Dias (2011), a estimativa de custo não deve ser utilizada em

propostas comerciais e contratações. Ela é apropriada apenas em etapas iniciais,

quando os projetos não estão todos finalizados e não são conhecidas todas as

informações necessárias para a elaboração de um orçamento completo.

2.6 ORÇAMENTO ANALÍTICO

“O orçamento analítico constitui a maneira mais detalhada e precisa de se

prever o custo da obra. “ (MATTOS, 2006, p. 42). Para Mattos (2006), o objetivo

desse tipo de orçamento é alcançar o valor mais próximo possível do custo real.

Para tal é necessário efetuar-se composições de custos e rigorosa pesquisa de

preços e insumos. Para cada serviço é produzida uma composição de custos

unitários, onde é levada em consideração a mão-de-obra, material e equipamento

necessários para a referida execução (ANEXO A).

Goldman (1986, p. 53) ressalta que “O orçamento detalhado da obra é, sem

dúvida, a mais importante ferramenta para o planejamento e acompanhamento dos

custos da construção.” O autor lista a documentação necessária para sua

elaboração: projeto arquitetônico completo, projeto de cálculo estrutural, projeto de

instalações e memorial descritivos das especificações técnicas e de acabamentos

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da obra, através dos quais é possível realizar o levantamento dos quantitativos de

cada serviço.

As composições de custos foram desenvolvidas no sentido de agilizar e facilitar o trabalho do orçamentista. As composições permitem calcular todas as quantidades e custos dos insumos componentes de uma atividade, apenas com base no levantamento das quantidades do serviço em projeto e nos preços unitários dos insumos. (GOLDMAN, 1986, p. 53).

Segundo Mattos (2006), em um orçamento analítico não só os custos dos

serviços, ditos diretos, devem ser considerados, além desses, os custos que não

são aplicados efetivamente na edificação. Para obter-se um orçamento preciso e

coerente, deve-se computar também valores referentes à manutenção do canteiro

de obras, taxas, equipes técnicas e administrativas, por exemplo.

Dias (2011) reforça que ao se definir a obra por um projeto básico, é possível

alcançar-se de 20 a 30% de erro, se relacionado ao projeto executivo. Assim o

orçamento apenas será elaborado de forma responsável e justa, se for baseado em

um projeto executivo completo, que contemple todas as disciplinas necessárias para

a construção da referida edificação. Também é importante haver especificações

consolidadas a respeito de serviços e materiais.

Para Dias (2011), a experiência do orçamentista é fundamental ao

desenvolver seu produto. Além da ciência de custos, são necessários

conhecimentos profundos acerca do tipo de obra orçada, segurança do trabalho,

questões ambientais e trabalhistas.

2.7 ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DE UM ORÇAMENTO

Segundo Xavier (2008), para concretizar um orçamento, é necessário passar

pelo estudo de condicionantes, pela elaboração dos custos e, então, pela

determinação do preço final. Giammusso (1991, p. 15) resume:

Para orçar um empreendimento é necessário o conhecimento da quantidade de serviços e dos seus preços unitários. O empreendimento é dividido em grupos de atividades afins denominadas fases ou etapas. No caso da construção civil, são as fases ou etapas construtivas. Cada etapa, por sua vez, é desdobrada em serviços cujos custos ou preços unitários são calculados a partir dos insumos – materiais, equipamentos e mão-de-obra que o constituem. As quantidades e natureza dos serviços são fornecidas pelo projeto executivo – no qual se inclui o memorial descritivo, ou especificações – e pelas normas técnicas. O valor assim obtido é o custo

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direto total que, acrescido do custo indireto e do lucro, fornece o preço de venda ou de comercialização do empreendimento, no caso construção.

Mattos (2006) esquematiza as três grandes etapas para a elaboração de um

orçamento que serão tratadas a seguir e resumidas em um fluxograma (ANEXO B).

2.7.1 Estudo das condicionantes

A partir de um projeto são realizadas a leitura e a interpretação da obra,

identificando o método construtivo e o grau de dificuldade a ser enfrentado. Também

é importante a tomada de conhecimento a cerca da natureza do contrato, no que se

refere a prazos, penalidades, critérios de medição, documentação requerida entre

outros. Além disso, é recomendável nesta etapa a realização de visita técnica ao

local da obra, pois assim é possível levantar dados como as condições das vias de

acessos, disponibilidade de materiais, equipamentos e mão de obra na região.

2.7.2 Composição de custos

São identificados todos os serviços requeridos pela obra, e em seguida é

realizada a quantificação de cada um desses serviços (ANEXO C). O levantamento

de quantitativos é feito a partir das dimensões encontradas no projeto. Os custos

diretos são discriminados nas composições de custos, normalmente unitários,

constituídas pela quantidade dos insumos necessários para cada serviço. Através da

relação completa de serviços, são coletados os preços de mercado para os itens de

custo direto e indireto. Por fim define-se o percentual de encargos trabalhistas.

2.7.3 Fechamento do orçamento

Nesta etapa é determinada a lucratividade que se deseja alcançar, levando

em consideração limitantes como concorrência e risco. Também é calculado o BDI

que deve ser aplicado sobre os custos diretos. Para finalizar o construtor pode

realizar o desbalanceamento da planilha com o fim de melhorar a situação

econômica do contrato.

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2.8 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS

Segundo Coêlho (2001), os profissionais especialistas na área de engenharia

de custos devem apresentar conhecimento e segurança ao realizar esses

levantamentos, pois um bom orçamento será resultado da quantidade de materiais e

serviços a serem executados. Os responsáveis técnicos, normalmente, possuem

uma metodologia própria para calcular as quantidades dos serviços, o que leva a

variações de resultados entre diferentes orçamentistas. Observa-se também que

estas oscilações são maiores quando são realizadas muitas estimativas por não se

dispor de projetos completos.

Alguns autores como Mattos (2006) e Giammusso (1991) apresentam alguns

processos de levantamento de quantitativos para os principais serviços presentes na

construção civil.

2.8.1 Formas

É importante a disponibilidade do detalhamento das diferentes peças,

somente assim o orçamentista pode estimar com precisão a quantidade de todos os

elementos necessários. Os principais componentes utilizados são: chapa

compensada (resinada, plastificada), sarrafo, prego e desmoldante. Mattos (2006)

sugere que pregos sejam estimados a uma taxa de 0,20 a 0,25kg/m² e desmoldante

a uma taxa de 0,10 litros por metro quadrado de forma.

2.8.2 Armação

Através de informações encontradas no projeto estrutural como

comprimentos, bitola e quantidade de aço é possível calcular a massa necessária e

assim estimar o serviço de armação. É usual acrescentar 10% no peso total de aço

para incluir as prováveis perdas, porém essa adição não deve ser repetida na

composição de custos. Giammusso (1991) propõe um consumo de 0,02 a 0,03Kg de

arame por quilo de aço para as amarrações. Além disso são contabilizados de 5 a

10% sobre o valor total, referentes a adicionais como espaçadores e distanciadores.

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2.8.3 Concreto

O concreto em todas as peças estruturais (sapatas, pilares, vigas, lajes,

reservatórios, cortinas, etc.) será medido em metros cúbicos.

2.8.4 Alvenaria

Para a obtenção da área de alvenaria na obra, pode-se simplesmente

multiplicar o perímetro pelo pé-direito (descontando a altura de vigas). Também

costuma-se utilizar critérios de medição para essas quantificações. Assim quando

houver aberturas são descontados apenas a área que exceder 2m², em caso de

vãos menores de 2m² não são feitos descontos, além disso, os vãos devem ser

analisados um a um. A partir da área de parede a ser levantada pode-se calcular a

quantidade de blocos e argamassa necessários. Essas quantidades dependerão das

dimensões do bloco e da espessura das juntas horizontais e verticais.

2.8.5 Revestimentos

A quantificação de chapisco, emboço, reboco, revestimentos cerâmicos e em

gesso estão diretamente relacionadas à área de alvenaria e podem ser calculadas

em volume quando contabilizadas as suas espessuras. Giammusso (1991)

especifica que para cada metro quadrado de chapisco, emboço e reboco são

necessários, respectivamente, 0,5cm³, 2,0cm³ e 0,05cm³ de material.

Estes revestimentos costumam ser quantificados considerando os mesmos

critérios de medição da alvenaria. Também é comum contabilizar, além da área em

m², os metros lineares de quinas, sendo 1 metro linear igual a 0,5m² para reboco,

emboço e azulejo sem canto lixado, ou 1metro linear igual a 1m² em casos de

azulejo com canto lixado.

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3 BUILDING INFORMATION MODEL (BIM)

Segundo Catelani (2016a), embora o termo BIM seja considerado novo,

tecnologias similares já têm sido aplicadas em indústrias que demandam maiores

investimentos no desenvolvimento de projetos e especificações. Esse é o caso de

indústrias que apresentam grande complexidade logística ou a repetição de um

mesmo projeto.

Por definição, BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimento, desde a concepção e a conceituação de uma ideia, para a construção de uma edificação ou instalação (ou da constatação da necessidade de construir algo), passando pelo desenvolvimento do projeto e incluindo a construção, e também após a obra pronta, entregue e ocupada, no início da sua fase de utilização. Neste último caso, os modelos BIM poderão ser utilizados para a gestão da própria ocupação e para o gerenciamento da manutenção. (CATELANI, 2016a, p. 23).

Catelani (2016a) também cita que uma das razões que dificulta o

entendimento da definição de BIM, pode-se dizer, é a sua grande abrangência. Além

disso, existe certa resistência para sua implementação, pois requer novas formas de

realizar processos, utilizando agora modelos e não mais apenas desenhos.

[...] a passagem do processo tradicional de desenvolvimento de projetos para uma metodologia BIM requer mudanças de paradigma. [...] O BIM, assim, não constitui uma mudança de ferramenta. Ele constitui sim, prioritariamente uma evolução na filosofia de trabalho. (MATTOS, 2014).

Conforme Eastman et al. (2008) através da tecnologia BIM é possível

construir um modelo virtual da edificação de forma precisa, contendo a geometria

exata e todas as informações importantes para a sua construção. Assim, quando

utilizada de maneira apropriada, essa tecnologia atua integrando os processos de

projeto e construção, de maneira a facilitar e produzir construções de qualidade mais

elevada, além de reduzir custos e prazos.

3.1 CONCEITOS

3.1.1 Colaboração

Segundo Campestrini (2015, p. 26), “Colaborar é contribuir com as melhores

soluções para um objetivo compartilhado, obtendo-se o melhor de cada um dos

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profissionais envolvidos em um projeto.”. A colaboração relacionada ao BIM está

ligada a informações, pois é por meio dela e em função dela que se dá a interação

dos profissionais. Uma das formas de ocorrer essa troca de conhecimentos é

quando um profissional depende da informação de outro para seguir o trabalho. Por

exemplo, um projetista de instalações elétricas depende do projeto arquitetônico que

lhe foi enviado anteriormente. Mas esse processo pode ocorrer também ao longo do

desenvolvimento destas informações. Como essa troca é muito grande, e todas as

soluções necessárias são baseadas nela, existe cuidado para que ocorra de forma

precisa, tanto a sua geração quanto a sua manipulação.

Durante a fase de projeto, o trabalho colaborativo é realizado entre as equipes de projeto, os consultores de engenharia e os especialistas técnicos. Esse trabalho consultivo envolve o fornecimento de informações apropriadas relativas ao projeto do empreendimento, seu uso e contexto para que tais especialistas procedam com a revisão e o recebimento de feedback/aviso/solicitações de alterações, etc. A colaboração às vezes envolve solução de problemas entre equipes, em que cada participante entende apenas parte do problema inteiro. Tradicionalmente, essas colaborações se baseiam em desenhos, fax, chamadas telefônicas e encontros presenciais. A mudança atual para documentos e desenhos eletrônicos oferece novas opções para a transferência eletrônica de arquivos, troca de e-mails e conferências pela web com modelos e revisão de desenhos online. (EASTMAN et al. pág. 172, 2008).

Catelani (2016c) lembra que é comum ouvir-se que o BIM viabiliza o trabalho

colaborativo, porém esta não é uma condição fácil de ser alcançada. No contexto da

construção civil, existem várias empresas e tipos de profissionais diferentes

envolvidos em um projeto, sendo que cada uma deles é responsável por uma

pequena parte dos processos. Dessa maneira, a colaboração realmente é alcançada

no momento em que as interações ocorrem de maneira bidirecional, ou seja, quando

são viáveis as importações e exportações das informações através dos diversos

modelos relacionados às diferentes disciplinas.

Além disso, Catelani (2016c) ressalta que ao trabalhar-se com BIM, é

imprescindível que anteriormente sejam desenvolvidas premissas e diretrizes,

organizadas, documentadas e compartilhadas com todos os envolvidos. Desse

modo serão determinadas as atividades de cada um, em que momento serão

realizadas e o sequenciamento que devem seguir. Devem, ainda, serem listadas e

detalhadas as informações que serão trocadas, de modo a definir de que maneira

isso ocorrerá. Entretanto estas regras e diretrizes nem sempre serão suficientes para

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garantir que todos os profissionais estejam cientes delas e utilizando-as de maneira

adequada. Neste caso são necessários esforços específicos a fim de assegurar o

desenvolvimento das atividades e o seu sucesso.

3.1.2 Modelos BIM

Para Catelani (2016a, p. 58), “Um modelo de informação (Modelo BIM) é uma

representação digital multidimensional das características físicas e funcionais de

uma edificação ou instalação.”. Usualmente, cada disciplina envolvida na construção

de uma edificação é representada por um modelo BIM próprio. Entretanto existe

uma relação lógica entre eles em concordância com a ideia de trabalho colaborativo,

de modo que o trabalho desenvolvido por um profissional seja aproveitado por

outros envolvidos. Nesse viés, o modelo BIM pode ser utilizado para auxiliar a troca

de informações, é o chamado “modelo federado”, conforme a Figura 1.

Figura 1 – Formas de trocar informações

Fonte: CATELANI (2016a, p. 58).

Catelani (2016a) explica que os modelos 3D BIM são construídos a partir de

objetos virtuais, paramétricos e inteligentes correspondentes aos elementos da

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futura construção real. Esses objetos são compostos por informações sobre

geometria, modelo, normas atendidas, materiais entre outros.

Além das informações integradas aos objetos virtuais BIM, também é possível inserir e gravar novo dados nos próprios objetos, que funcionam como contêineres ou pastas de arquivo. Então, por exemplo, pode-se gravar num objeto virtual BIM que corresponda a um equipamento a data que foi iniciada sua operação, o nome da empresa que o instalou, quando termina seu prazo de garantia, e assim por diante. Esse recurso possibilita a criação de modelos BIM com propósitos específicos, por exemplo, para funcionarem como um banco de dados estruturado para a gestão da manutenção. (CATELANI, 2016a, p. 66).

Conforme Eastman et al. (2008), a tecnologia BIM está presente apenas em

ferramentas capazes de criar modelos que:

a) contenham dados em 3D com atributos de objetos, ou seja, além de

serem bons para visualizações gráficas, também apresentem inteligência

em relação aos objetos, colaborando com a integração e análises do

projeto;

b) trabalhem com inteligência paramétrica, sendo possível definir e alterar

posicionamento e proporções dos objetos;

c) não requeiram associações com arquivos CAD (Computer-Aided Design)

2D;

d) permitam que ao serem alteradas dimensões em uma vista

automaticamente todas as outras sejam atualizadas.

“Um modelo computacional tem como objetivo ser uma base de dados sólida,

em cima da qual são modeladas (geradas) informações para alimentar a equipe

colaborativa.”(CAMPESTRINI, 2015, p. 67). Campestrini (2015) vê uma grande

vantagem em existir um modelo que centralize as informações em um banco de

dados único, a confiança tal que essa forma de trabalhar traz, visto que todos os

profissionais são responsáveis por sua alimentação.

Dessa maneira, o conteúdo passa a ser mais preciso e a quantidade de

informações maior, o que apenas contribui para decisões mais assertivas e melhora

a qualidade dos resultados.

Com modelos computacionais como base para a modelagem da informação da construção, consegue-se realizar desde projetos compatibilizados fisicamente e com quantitativos precisos, até desenvolver projetos de alto desempenho, como projetos de edificações altas executadas em dias recordes. (CAMPESTRINI, 2015, p. 69).

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Na visão de Campestrini (2015), os modelos computacionais referentes à

construção civil são chamados Modelos Integrados ou Modelos BIM e têm a

capacidade de simular, complementar e/ou validar cálculos matemáticos, assim

como modelos físicos. Dessa forma, através de modelos virtuais, reconstruir ou

remodelar tornam-se atividades relativamente simples, o que mais uma vez resulta

em maiores informações. Assim esse rico conjunto de dados modelados é utilizado

pela equipe colaborativa para, então, criar soluções e tomar decisões, indo ao

encontro dos objetivos das empresas.

3.1.3 Interoperabilidade

De acordo com Campestrini (2015), o modelo BIM é um conjunto de vários

modelos distintos, como modelos de arquitetura, de estruturas, de planejamentos e

de custos. Para que a integração entre eles tenha êxito, a empresa costuma

desenvolver um padrão de modelo. Contudo, no momento que mais empresas e

profissionais atuem em um mesmo projeto, e cada uma delas disponha de um

padrão diferente, ou ainda, utilize um software diferente para tal, existirá certa

dificuldade de integração entre eles.

Para Campestrini (2015), a interoperabilidade atua no sentido de reunir todos

estes modelos em um único. Para isso, cada um deles deverá ser desenvolvido

seguindo uma padronização única. Nesse sentido foi criada uma linguagem padrão

internacional que permite que softwares diferentes realizem trocas de modelos,

colocando em prática a interoperabilidade, que é chamada Industry Foundation

Classes (IFC).

IFC é um formato de arquivo orientado a objetos 3D, aberto, público, neutro e padronizado, que possui uma aspiração bastante ampla e ambiciosa (embora ainda não tenha alcançado) de cobrir cada aspecto do projeto, contratação, fabricação, construção, montagem, operação e manutenção na indústria da construção civil. O formato de arquivo IFC é certificado pela ISO (16739:2013) e é utilizado para viabilizar a interoperabilidade e o trabalho colaborativo na plataforma BIM. [...] As informações que são relevantes e específicas para as diferentes disciplinas (Arquitetura, Estruturas, Instalações, etc.) podem ser fácil e rapidamente filtradas e identificadas na base de dados IFC. (CATELANI, 2016c, p. 77).

Eastman et al. (2008) acrescenta que a interoperabilidade evita que

informações já geradas sejam replicadas, tornando o fluxo de trabalho suave,

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favorecendo a automatização. Assim não só as atividades mostram-se

colaborativas, mas também as ferramentas que as auxiliam.

3.2 CLASSIFICAÇÕES

Para conseguir atingir a capacidade de resolver todos os problemas de uma

construção ainda em seu projeto, e não mais no canteiro de obra, como é corriqueiro

ocorrer, o modelo BIM deve possuir um grau de desenvolvimento e detalhamento

elevado. Segundo Ramos e Marafon (2016), neste contexto, existe a definição de

LOD (Level of Developement), ou seja, grau de desenvolvimento. Originalmente

classifica os modelos de 100 a 500 conforme o processo de evolução do projeto.

Catelani (2016a) afirma que o LOD esclarece o grau de confiabilidade do

modelo no momento que for usado por outros profissionais, estabelecendo também

limites para sua utilização. O Quadro 2 a seguir apresenta a definição dos níveis de

desenvolvimento distintos segundo a Associação Brasileira dos Escritórios de

Arquitetura - AsBEA (2015).

Quadro 2- Seis níveis de desenvolvimento LOD e suas definições

(continua)

Nível Definição

LOD 100

Modelagem geral da edificação, incluindo, indicativo de áreas, alturas, volumes, localização/orientação; pode ser modelado em três dimensões ou representado por outros dados bidimensionais. Em termos gerais, caracteriza-se como o Estudo Preliminar Arquitetônico, no qual o ambiente é identificado dentro do Estudo de Massa da Edificação. Não é necessária uma maior precisão de uso, equipamentos, portas e janelas.

LOD 200

As categorias do Modelo (paredes, janelas, coberturas...) são modelados como sistemas generalizados ou conjuntos com quantidades aproximadas, tamanho, forma, localização e orientação. Em termos gerais, caracteriza-se como o Anteprojeto Arquitetônico, no qual o ambiente é melhor identificado com suas características de uso, fechamentos e equipamentos.

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Quadro 2- Seis níveis de desenvolvimento LOD e suas definições

(conclusão)

Nível Definição

LOD 300

As categorias são modeladas como conjuntos específicos precisos em termos de quantidade, tamanho, forma, acabamento, localização e orientação. Informações não geométricas podem ser acrescidas ao modelo. Em termos gerais caracteriza-se como Projeto Básico e Projeto Executivo com o detalhamento Arquitetônico em 2D (Alguns consideram a fase de detalhamento em 2D como LOD 350).

LOD 400

As categorias são modeladas como conjuntos específicos, e são precisas em termos do tamanho, forma, localização, quantidade, orientação; inclui completo sistema de montagem, fabricação e informações detalhadas. Em termos gerais, pode-se considerar o projeto totalmente em BIM 3D, no qual os elementos apresentados no projeto seguem o mais real possível a ser executado com todas as características técnicas do fabricante de cada especialidade.

LOD 500

O modelo pode ser usado para manter, alterar e adicionar elementos para retratar o projeto, conforme executado como conjuntos construídos reais (as built) e precisos em termos de tamanho, forma, localização, orientação e as quantidades. Em termos gerais, trata-se de um documento para ser usado durante o uso da edificação com objetivos de manutenção, substituição e administração de todas as instalações prediais.

Fonte: adaptado de AsBEA-RS (2015, p. 99-101).

Como já visto, a tecnologia BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de uma

obra, da sua concepção até a sua manutenção com o uso. Desse modo foram

desenvolvidas classificações que situam a sua abrangência no que se refere às

dimensões atingidas conforme os conceitos já apresentados. Do ponto de vista de

Campestrini (2015) as dimensões de um modelo estão relacionadas à maneira como

foi elaborado e, por consequência, a natureza de dados que é possível obter-se a

partir dele.

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3.2.1 3D Colaborativo

Na ideia de Mattos (2014), “O BIM 3D consiste na consolidação dos projetos

da obra em um mesmo ambiente virtual, em três dimensões e com todos os

elementos necessários para sua caracterização e posicionamento espacial.”. A partir

desse modelo é possível identificar incompatibilidades espaciais e também obter

informações a respeito dos materiais utilizados. Azhar (2011) acrescenta que esses

modelos podem ser usados pela equipe para a detecção de problemas, auxiliando

na comunicação e melhorando a confiança entre os envolvidos.

3.2.2 4D Agendamento

Quando é acrescentado a um modelo informações sobre prazos,

sequenciamento, número de equipes e produtividade obtém-se um modelo 4D.

(CAMPESTRINI, 2015). Conforme Mattos (2014), com o BIM 4D, os elementos

gráficos são relacionados com o cronograma, e assim é viável observar o avanço

físico da obra. Nakamura (2014) complementa explicando que, quando a variável

tempo é acrescida ao modelo 3D ocorre uma aproximação do BIM com os canteiros

de obras. Assim os responsáveis pelo planejamento podem tomar decisões a partir

das informações sobre a evolução da construção ou possíveis atrasos.

3.2.3 5D Estimativa

O BIM 5D acrescenta às informações anteriores a dimensão custo, desse

modo todos os elementos do projeto ficam relacionados ao orçamento, ou seja,

qualquer modificação de dimensão é atualizada no orçamento. (MATTOS, 2014).

Rocha (2011) esclarece que a extração de quantitativos se dá de forma automática,

isto é, a partir do modelo paramétrico, o software fornece listas de materiais, áreas e

volumes. Segundo Campestrini (2015), com esses levantamentos é possível obter

informações como o custo das atividades e as curvas ABC.

3.2.4 6D Sustentabilidade e Manutenção

A maioria dos autores considera a manutenção parte do BIM 6D que diz

respeito as características da edificação pronta.

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Quando se deseja obter informações sobre o uso da edificação, então programa-se um modelo a ser chamado de modelo BIM 6D. Esse recebe informações sobre a validade dos materiais, os ciclos de manutenção, o consumo de água e energia elétrica, entre outros. O modelo BIM 6D contendo essas informações poderá ser usado para extrair informações de custos de operação e manutenção da edificação. (CAMPESTRINI, 2015, p. 75).

Mattos (2014) também define o BIM 6D. Para ele, essa sexta dimensão se

relaciona ao ciclo de vida da edificação. Através dele é possível gerenciar

informações como: garantia dos equipamentos, planos de manutenção, dados de

fabricantes e fornecedores e custos de operação.

3.3 PRINCIPAIS VANTAGENS E FUNCIONALIDADES BIM

Conforme Eastman et al. (2008), embora os custos para sua implementação

sejam grandes, o BIM possui a capacidade de fornecer novos benefícios, com

ganhos de produtividade que valem a pena. “Os ganhos com o BIM passam pela

melhoria da qualidade e do fluxo de informações durante um projeto e em fomentar

a melhoria na tomada de decisão pela equipe envolvida.”.(CAMPESTRINI, 2015, p.

87).

Catelani (2016a) listou 19 benefícios resultantes da implementação da

tecnologia BIM:

a) os modelos 3D permitem a perfeita visualização do projeto, facilitando a

sua compreensão e também possibilitam que incompatibilidades

geoespaciais entre elementos sejam identificadas de maneira automática.

Essa tecnologia funciona de modo que qualquer modificação no modelo é

refletida automaticamente para toda a documentação gerada a partir dele,

o que garante que permaneça totalmente atualizada;

b) torna-se possível ensaiar a obra no computador, isto é, o planejamento 4D

possibilita estudar as etapas da construção, modelar o processo de

construir e testar diferentes soluções. Assim mais informações são

obtidas, criando melhores condições para os responsáveis tomarem

decisões, garantindo a qualidade da edificação;

c) a partir de um modelo BIM, consegue-se extrair quantitativos

automaticamente. Existe precisão e agilidade neste processo, que ainda

pode ser vinculado ao planejamento das atividades;

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d) simulações e ensaios virtuais, que não eram possíveis a partir de

documentos (CAD), agora podem ser executados. As análises baseadas

em modelos BIM podem ser de natureza energética, térmica e estrutural,

por exemplo;

e) esses modelos aplicam a chamada clash detection, funcionalidade

responsável por detectar interferências entre os elementos de modo

automático;

f) os objetos são paramétricos e inteligentes, ou seja, contêm informações e

se adaptam a alterações de outros elementos automaticamente. Essa

característica contribui para a confiança do modelo, além de garantir sua

consistência;

g) a tecnologia BIM facilita o planejamento e consequentemente a construção

de empreendimentos mais complexos, com prazos apertados, logísticas

desafiadoras ou tipos construtivos singulares;

h) a industrialização e pré-fabricação torna-se viável, visto que a precisão dos

projetos não permitem imprevistos. As ferramentas de detecção de

interferências e de ensaio dos modelos agregam confiança e

previsibilidade ao projeto;

i) softwares BIM trabalham também com outras tecnologias como técnicas

de captura da realidade. Assim, essas informações são lidas e

identificadas, e a partir delas podem-se projetar modificações. Nesse caso

o BIM é essencial para que as vantagens dessa nova tecnologia sejam

aproveitadas com todo o seu potencial;

j) empresas que aderem ao BIM melhoram as suas imagens frente ao

mercado, como exemplos de liderança e inovação. E assim a indústria da

construção civil, conhecida por ser tradicionalista, está se modernizando

através do BIM de maneira considerada rápida, o que pode ser notado em

várias partes do mundo;

k) o uso de ferramentas BIM permite realizar análises de construtibilidade, ou

seja, estudar e determinar um sequenciamento para a montagem de

instalações, quando necessário. Isso costuma ocorrer quando existem

muitos tipos de instalações previstas em um mesmo espaço;

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l) aplicando recursos de sombreamento, iluminação, localização ao modelo

cria-se imagens renderizadas de alta qualidade e definição. Essas

maquetes eletrônicas também agregam valor ao produto;

m) utiliza-se recursos para destacar versões distintas de um modelo. Com um

código de cores são diferenciados os elementos modificados, incluídos ou

excluídos;

n) estes softwares consideram as medidas do ser humano para garantir o

acesso em áreas de instalações para futuras manutenções. Levam-se em

conta as condições mínimas de segurança e também o uso de

ferramentas;

o) existe a possibilidade de agrupar elementos de um modelo para

determinar informações comuns, como os nomes das empresas

responsáveis por mais de um componente. Assim controla-se facilmente a

programação das atividades que pode ser visualizada também no modelo;

p) componentes dos modelos com informações específicas são rastreados e

controlados. Desse modo é possível localizar elementos, que, por

exemplo, já foram produzidos ou que contenham erros de execução.

Pode-se obter tabelas e relatórios detalhados, desde que essas

informações tenham sido inseridas aos elementos;

q) o modelo BIM funciona como base de dados para futuras atividades de

manutenção após o encerramento da construção. É considerado um local

adequado para reunir informações como, por exemplo, fabricante, modelo

e número de série de um equipamento instalado;

r) equipamentos de fabricação automática podem extrair e utilizar

informações de dimensões, por exemplo, contidas no modelo BIM para

produzir componentes com o melhor aproveitamento possível;

s) verificações de locações e níveis são conferidas facilmente com base nas

informações referenciadas em um modelo BIM. Para avaliar possíveis

erros e distorções utiliza-se equipamentos do tipo estação total.

Pode-se observar na Figura 2, que quanto antes as soluções são

encontradas, maior é a capacidade de alterar-se os custos referentes àquela

modificação.

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Figura 2 – Gráfico comparativo entre processos de desenvolvimento de projeto

Fonte: Catelani (2016a, p. 55).

Campestrini (2015) esclarece que ao desenvolver empreendimentos

utilizando a tecnologia BIM, existe uma concentração de decisões na fase preliminar

e detalhamento de projeto e consequentemente a minimização de custos nas

demais fases.

3.4 IMPLEMENTAÇÃO BIM

Segundo Catelani (2016b), a implementação do BIM nas empresas deve

ocorrer a partir de um projeto formal, atendendo à boa prática. Devem ser definidos

os objetivos de estabelecer essa migração, a visão global e os detalhes da

implementação, desde as fases iniciais de um trabalho.

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O plano deverá definir o escopo da implementação BIM no projeto, identificar os fluxos dos processos para as atividades BIM, estabelecer os intercâmbios de informações entre várias partes e descrever a infraestrutura que será necessária para que a empresa possa realmente suportar a implementação do projeto. (CATELANI, 2016b, p. 20).

Catelani (2016b, p. 20) ainda lista os valores que devem ser alcançados pela

equipe de projeto quando se desenvolve um Plano BIM:

a) todas as partes envolvidas deverão entender e comunicar com clareza os objetivos estratégicos da implementação do BIM no projeto;

b) as diferentes áreas e empresas envolvidas deverão entender seus papéis e responsabilidades no processo de implementação;

c) a equipe deverá ser capaz de desenvolver um processo de execução bem adequado para as práticas negociais de cada um dos seus membros e fluxos de trabalho organizacionais típicos;

d) o plano deverá definir recursos adicionais, treinamentos e outras competências necessárias para garantir sucesso na implementação da plataforma BIM para as utilizações pretendidas;

e) o plano deverá fornecer um referencial para descrever o processo para futuros participantes que possam ser adicionados ao projeto;

f) os departamentos de compras deverão ser capazes de definir uma linguagem de contratação que garanta que os participantes no projeto cumpram as suas obrigações;

g) o plano inicial deverá fornecer metas que permitam o acompanhamento da progressão ao alongo da implementação do projeto.

Conforme a AsBEA (2015), é fundamental que os profissionais envolvidos no

projeto de implementação tenham conhecimento a respeito do BIM, por isso é

aconselhável um treinamento inicial vinculado ao software escolhido. É necessária

também a formação de uma equipe de implantação ou a seleção de um líder (BIM

Manager) que terá por responsabilidade aprofundar o conhecimento em BIM e

adequar o uso da ferramenta ao escritório.

Um bom plano de implementação envolve a certeza de que a gerência (e outros membros-chave da equipe) adquiriu o completo entendimento de como o BIM pode dar suporte a processos de trabalho específicos. (EASTMAN et al., 2008, p.239).

Na visão de Eastman et al. (2008) o custo da construção de um modelo é

estimado em 0,1% do custo da construção real. Esse investimento tende a ser

superado pelas economias referentes à redução de prazos e erros, exploração de

mais opções construtivas e melhorias na colaboração entre os profissionais

envolvidos.

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Eastman et al. (2008) apresentam algumas diretrizes para a implementação

de BIM especificamente no suporte ao levantamento de quantitativos. Para ele o

BIM pode fornecer apenas uma pequena parcela dos dados necessário para um

orçamento, como um ponto inicial. Assim, ainda é indispensável o papel do

orçamentista. Também ressalta que o nível de detalhamento do levantamento

depende das informações inseridas ao modelo. E por fim explica que para obter-se

sucesso com a adoção dessa tecnologia, os profissionais precisarão desenvolver

métodos para a padronização de elementos e atributos.

3.5 USO DA TECNOLOGIA BIM NO PROCESSO DE ORÇAMENTAÇÃO

Considerando o que foi estudado anteriormente, é indiscutível a necessidade

de otimizar processos e modernizar atividades tradicionais e morosas, como é o

caso da orçamentação. A tecnologia BIM vem ao encontro dessa exigência, atuando

principalmente na maneira como são extraídos os quantitativos de um projeto.

De acordo com Santos (2009), a utilização do BIM acaba reduzindo a

variabilidade dentro do orçamento além de proporcionar maior rapidez na sua

elaboração. Através da possibilidade de levantar quantidades de forma automática,

alcança-se a condição de exploração de um maior número de alternativas e

soluções. Santos (2009) também lembra o fato de que qualquer modificação no

projeto 3D é atualizada instantaneamente em todo o modelo, assim como as tabelas

de quantitativos.

O modelo permite ainda que sejam inseridas todas as informações necessárias para o gerenciamento de uma construção. Da mesma forma, possibilita a leitura dos quantitativas de materiais, propiciando, portanto, que os orçamentos tornem-se mais confiáveis. (AsBEA-RS, 2015, p. 20).

Pode-se extrair listas de quantitativos de um modelo BIM em qualquer fase do

projeto, segundo a visão de Eastman et al. (2008). Nas primeiras etapas é possível

estimar custos a partir do custo unitário por metro quadrado e conforme o

desenvolvimento do projeto alcança-se maior grau de detalhamento e precisão. “É

possível tomar decisões de projeto envolvendo custos mais bem informadas usando

o BIM do que um sistema baseado em papel.”. (EASTMAN et al., 2008, p. 18).

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Eastman et al. (2008) acrescenta que esperar até o projeto estar completo

para então orçá-lo pode acarretar no cancelamento do empreendimento ou em corte

de custos e assim redução da qualidade. Se forem elaboradas estimativas no

decorrer do desenvolvimento do projeto, usufruindo da tecnologia BIM, existem

maiores possibilidades de antecipar as intercorrências e considerar outras soluções.

Além disso, deixa claro, que a facilidade para levantar quantitativos dos modelos não

substitui o orçamentista. Afinal, as ferramentas BIM ainda não são capazes de

avaliar as condições que impactam custos. O profissional deve então, optar por uma

entre três maneiras de utilizar o BIM na extração de quantidades.

3.5.1 Exportar quantitativos para um software de orçamentação

Grande parte das ferramentas BIM oferece a capacidade de extrair e

quantificar elementos de um modelo. Também disponibilizam recursos que

viabilizam esses quantitativos serem exportados para planilhas ou banco de dados

externos. Contudo, dessa metodologia pode exigir que a modelagem siga algum

padrão compatível.

3.5.2 Conexão direta entre componentes BIM e o software de orçamentação

É possível utilizar uma ferramenta BIM para vincular o modelo a um plug-in de

orçamentação. Como as composições incluem às atividades integrantes da

construção, “O orçamentista pode usar regras para o cálculo da quantidade desses

itens com base nas propriedades do componente ou fornecer dados não extraídos

do modelo de informação da construção manualmente.” (EASTMAN et al.,2008, p.

218).

Pode-se incluir informações como mão-de-obra, equipamentos, materiais,

gastos de tempo e os custos relacionados. Ao fim, todos esses dados poderão

auxiliar o planejamento da obra, gerando um modelo 4D, caso estejam vinculados

ao modelo BIM.

3.5.3 Ferramenta para levantamento de quantitativos

A terceira opção é utilizar uma ferramenta específica de levantamento de

quantitativos, voltada para as necessidades do orçamentista, que importe as

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informações do modelo BIM. Desse modo o profissional não necessita conhecer os

recursos da ferramenta BIM. A combinação entre recursos manuais e automáticos

oferece condições para a realização de todos os levantamentos e verificações que

um orçamento exige.

3.6 REVIT

O Revit é um software que utiliza a tecnologia BIM para planejar, projetar,

construir e gerenciar edificações. Baseado em modelos inteligentes dispõe de

recursos que permitem o trabalho colaborativo entre esquipes. (AUTODESK, 2017).

De acordo com Eastman et al. (2008) o Revit é o software BIM mais

conhecido no mercado. Considerado relativamente simples de utilizar, apresenta

seus recursos em uma interface bem pensada. Também possibilita intervenções

simultâneas no mesmo modelo. E segundo Catelani (2016c), como produto da

empresa norte-americana Autodesk, é destinado principalmente para o segmento de

edificações.

Essa plataforma oferece recursos específicos para a elaboração de projetos

de arquitetura, de estruturas, de construção e de sistemas: mecânicos, elétricos e

hidráulicos. A seguir serão abordadas algumas características de cada um deles

segundo Autodesk (2017).

3.6.1 Projetos de arquitetura

Utilizando um mesmo software pode-se desenvolver um projeto desde sua

ideia conceitual até a documentação para construção (Figura 3).

O Revit tem a capacidade de gerar plantas de piso, elevações, cortes,

tabelas, vistas 3D e renderizações a partir de um único modelo constituído de

elementos inteligentes.

É possível realizar análises de desempenho, incluindo estimativas de custo,

durante todo o período de projeto, desde o início do processo até o fim da

construção. Além disso, a plataforma permite compartilhar o mesmo modelo com

outras equipes, otimizando a coordenação entre elas.

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Figura 3 – Documentação a partir de um modelo projetado em Revit

Fonte: AUTODESK (2017).

3.6.2 Projetos estruturais

A partir do Revit criam-se modelos inteligentes de estrutura, exemplificados

pela Figura 4, vinculados à diferentes elementos da construção. Também é possível

utilizar a ferramenta 3D para modelar armaduras de concreto e extrair tabelas de

dobras dos elementos e detalhamentos de aço e concreto.

Figura 4 – Modelo estrutural gerado em Revit

Fonte: AUTODESK (2017).

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Outra possibilidade é integrar o modelo físico da estrutura desenvolvido no

Revit com outros aplicativos de análise e projeto. Esse intercâmbio bidirecional

permite que alterações em um programa sejam atualizadas no outro.

3.6.3 Projetos de sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos

Ao utilizar-se o software, projetam-se sistemas mecânicos, elétricos e

hidráulicos em concordância com os modelos arquitetônico e estrutural. Fica

garantida a precisão através do uso de informações consolidadas e coordenadas do

modelo inteligente.

O Revit oferece ferramentas de interferência entre projetos. Desse modo

torna-se fácil visualizar e corrigir incompatibilidades. Além disso, é possível planejar

detalhadamente a fabricação e instalação desses sistemas. Outro benefício é a

documentação, que inclui os componentes arquitetônico e estrutural atualizados.

3.6.4 Projetos de construção

Através do Revit analisa-se a viabilidade do empreendimento antes do início

da construção. Também se obtém maiores informações sobre como os meios,

métodos e materiais se relacionam.

O software permite coordenar informações entre o escritório e o canteiro de

obras, favorecendo a comunicação, o controle de qualidade e a produtividade na

construção.

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4 ESTUDO DE CASO

4.1 METODOLOGIA

Este trabalho foi elaborado primeiramente através de uma revisão

bibliográfica sobre os conteúdos envolvidos no processo da orçamentação,

englobando as vantagens que esta prática proporciona na construção civil.

Enfatizou-se o levantamento de quantitativos e a necessidade de otimizar este

processo.

Outro assunto abordado foi o Building Information Model, os seus principais

conceitos, funcionalidades, além dos benefícios dessa nova tecnologia. Por fim,

apresentou-se uma visão geral do software BIM que foi utilizado para o estudo de

caso seguinte.

Para tal estudo, utilizou-se uma bibliografia baseada em livros, normas,

artigos, monografias, dissertações, entre outros. Procurou-se confrontar a visão de

diferentes autores e justificar a escolha do assunto estudado.

Em seguida à revisão bibliográfica, optou-se por desenvolver um estudo de

caso com o intuito de verificar a capacidade de uma ferramenta BIM de facilitar o

processo de extração de quantitativos. Para tal foi selecionado um projeto

residencial, modelado no software Revit da Autodesk. Este foi cedido por uma

arquiteta local.

Então foi possível observar e descrever todas as dificuldades e limitações

encontradas para utilizar essa tecnologia. Também se pôde analisar a qualidade dos

resultados obtidos e relatar as vantagens constatadas. Ainda se propuseram formas

para usufruir de maneira mais completa os conceitos do BIM. Para finalizar realizou-

se uma entrevista com a arquiteta já citada, com o objetivo de compreender a

realidade do BIM em Santa Maria.

4.2 ESTUDO DE CASO

Buscou-se realizar um estudo de caso com o intuito de ilustrar a eficiência

que o processo de levantamento de quantitativos alcança com a utilização da

tecnologia BIM.

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Estão presentes neste capítulo as etapas de pesquisa, os recursos utilizados,

informações sobre o empreendimento estudado e sua autoria, além de uma análise

dos resultados encontrados.

A pesquisa iniciou com a procura por empresas e profissionais que

trabalhassem com algum software BIM em Santa Maria- RS e que colocassem em

prática seus conceitos e benefícios. A escolha do software da Autodesk, Revit,

ocorreu baseada nos estudos realizados previamente, e conforme a disponibilidade

de projetos.

4.2.1 Descrição do projeto

O projeto elaborado em Revit, Figuras 5, 6, e 7, selecionado para o estudo de

caso foi cedido por uma arquiteta de Santa Maria. A residência será localizada na

mesma cidade, no condomínio horizontal Morada do Lago, em zona urbana.

Figura 5 - Fachada 3D

Fonte: Projetista Fernanda Capuano

Conforme a profissional, a edificação foi projetada para atender as

necessidades de um casal, sem pretensão de ter filhos. Para tal, previram-se dois

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dormitórios, sendo um deles uma suíte máster no pavimento superior, e o outro para

hóspedes no pavimento inferior. Indo ao encontro da preferência dos clientes pelo

lazer, planejou-se: espaço gourmet, biblioteca e uma grande área social com pé

direito duplo. Além disso, entre outras exigências, havia uma grande piscina com

20m de raia, que exigiu estudos de insolação. Também havia a necessidade de

utilizar móveis já existentes. As plantas humanizadas podem ser encontradas nos

ANEXOS D e E.

Figura 6 – Planta baixa primeiro pavimento

Fonte: Projetista Fernanda Capuano.

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Figura 7 – Planta baixa segundo pavimento

Fonte: Projetista Fernanda Capuano.

A obra possui um total de 278m², dispostos 180m² no primeiro pavimento e

98m² no segundo pavimento, com altura total de 9,50m (Figura 8). A obra será

construída em um terreno de 20 metros de frente por 40m.

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Figura 8 – Corte AA

Fonte: Projetista Fernanda Capuano.

A profissional disponibilizou apenas o projeto arquitetônico da residência, ou

seja, um projeto ainda em fase inicial com detalhamentos genéricos. O modelo

possuía informações sobre localização, volumes, áreas e alguns materiais, porém a

maioria das especificações ainda não estavam consolidadas.

4.2.2 Aplicação de ferramenta de levantamento de quantitativos

Para a utilização do software, primeiramente foi necessário dedicar tempo ao

seu estudo, incluindo cursos online e workshops. Em seguida se fez necessário

incluir no modelo informações que antes não existiam, pois não havia sido elaborado

com o objetivo de extrair quantidades.

Como visto anteriormente, o modelo BIM é uma maneira de construir a

edificação virtualmente. Desta maneira, o levantamento de quantitativos apenas será

detalhado e assim eficiente, quando houver o maior número possível de

informações.

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Este foi o caso das paredes, por exemplo, havia sido utilizada uma parede

genérica de 20 cm em todo o projeto, em que não constavam os materiais a serem

usados. Para extrair quantidades de área e volume de alvenaria, argamassa para

chapisco, argamassa para emboço, argamassa para reboco e tinta, mudou-se a

estrutura dessa parede. Foram acrescentadas oito camadas a ela, sem modificar a

sua espessura total, conforme Figura 9.

Figura 9 - Estrutura das paredes de 20cm

Fonte: Arquivo pessoal

O projeto também não continha previsão das estruturas de pilares e vigas,

necessária para estimar-se o volume de concreto que a edificação iria requerer. Em

função disso, essas peças foram incluídas ao modelo (Figura 10) de forma

discriminada, pensando na extração de quantidades posterior. Também foi inserida

uma espessura de um contra piso de 4cm.

A partir dessas alterações, foram extraídas tabelas através do recurso

“levantamento de material”. Essa ferramenta foi aplicada para obter-se quantidade

de concreto, alvenaria, chapisco, emboço, reboco, pintura, revestimento cerâmico,

contrapiso e esquadrias (Figura 11).

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Figura 10 – Estrutura de concreto

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 11 - Tabela de quantidade de janelas.

Fonte: Arquivo Pessoal

As tabelas obtidas traziam todas as informações discriminadas que foram

agrupadas para uma melhor visualização. Também foi necessário selecionar apenas

as informações desejadas.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado obtiveram-se tabelas de quantidades para cada tipo de

elemento, as quais foram extraídas para o software Excel para posterior orçamento

através de um arquivo de texto (.txt). Nesse caso, optou-se por aplicar o método de

exportar quantitativos para um software de orçamentação apresentado no item 3.4.1.

Para melhor apresentação, as informações foram agrupadas e resumidas na

Tabela 1, já utilizando a unidade utilizada nas fichas de composição de custos.

Tabela 1- Levantamento de quantitativos

(continua)

MATERIAL UNIDADE QUANTIDADE

Estrutura

Concreto pilares m³ 9,92 Concreto vigas m³ 16,37 Concreto lajes m³ 100,81

Paredes

Alvenaria-tijolo m² 786,00 Chapisco m² 1569,00 Emboço m² 1569,00 Reboco m² 1569,00 Pintura m² 1573,00 Revestimento cerâmico m² 73,00 Concreto aparente m³ 54,38 cortina de vidro m² 71,00

Piso

Contrapiso m² 450,00 Piso cerâmico m² 25,00

Piso parquet m² 86,00 Cimento queimado m² 83,00 Piso garagem m² 51,00 Piso externo m² 288,00

Janelas

200x120/100 un 5,00 180x120/100 un 1,00 120x80/160 un 1,00 120x60/160 un 3,00 80x200/20 un 1,00 100x60/160 un 1,00 pano de vidro 7m² un 2,00 pano de vidro 8m² un 1,00

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Tabela 1- Levantamento de quantitativos

(conclusão)

MATERIAL UNIDADE QUANTIDADE

Portas

interna 80x210 un 3,00 interna 70x210 un 4,00 externa 80x220 un 4,00 vidro 74x244 un 1,00 vidro 76x244 un 2,00 vidro 97x219 un 1,00 garagem 500x240 un 1,00 garagem/vidro 500x240 un 1,00

correr 70x210 un 1,00 Fonte: Autora.

Através da aplicação prática dessa tecnologia, identificaram-se diversas

vantagens sobre o uso de uma ferramenta BIM para a elaboração de projetos, em

especial, neste caso, na extração de quantitativos. Porém para resultados rápidos e

satisfatórios existem exigências que acabaram revelando algumas dificuldades que

também serão relatadas a seguir.

5.1 VANTAGENS IDENTIFICADAS

Tornou-se incontestável a agilidade obtida na etapa de levantamento de

quantitativos de um orçamento, pois o software disponibiliza essas informações após

poucos comandos de forma exata e praticamente automática. Dessa forma, a

principal vantagem identificada foi a redução de tempo nesse processo. Além disso,

eliminou-se a possibilidade de equívocos do profissional responsável, recorrentes

quando esse trabalho é realizado manualmente.

Além disso, desfrutou-se de outros benefícios que a plataforma oferece:

a) confiabilidade de que as informações de quantitativos estão sempre

atualizadas conforme o que foi modelado;

b) certeza de que as modificações em qualquer vista são refletidas para todo

o modelo;

c) especificações concentradas em um único ambiente;

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d) simplicidade ao estudar diferentes alternativas construtivas como auxílio

para tomada de decisão, por exemplo, sobre revestimentos;

e) facilidade de visualização e identificação dos elementos e seus

parâmetros;

f) possibilidade de agregar valor ao projeto, ao entregar análises como

estudos lumínico, de insolação e de quantitativos.

5.2 DIFICULDADES IDENTIFICADAS

Apesar de o processo de levantamento de quantidades ser extremamente

rápido e fácil com o auxílio da tecnologia BIM, para chegar-se a esse ponto são

necessários investimentos anteriores. Neste estudo, especificamente, foram

verificadas falhas principalmente nas etapas iniciais, durante a modelagem, e ainda

que pudessem ser corrigidas, refletiram falta de exatidão aos quantitativos.

5.2.1 Inconsistências nas quantidades de materiais de revestimento

Ao analisarem-se os resultados da extração de quantidades do modelo,

puderam-se constatar algumas inconsistências. Embora tenha sido contabilizada

uma área de revestimento cerâmico nas paredes de 73m², as áreas de reboco e

pintura continuaram iguais às áreas de emboço e chapisco. Isso não representa a

realidade, tendo em vista que são dispensados reboco e pintura onde será instalado

revestimento cerâmico. Assim seria necessária a criação de um tipo diferente de

parede.

Também não existiu uma distinção entre revestimentos argamassados

internos e externos, que seria interessante, pois comumente são precificados de

maneira diferente. Assim como, foram contabilizadas, em um único valor, a parte

interna e externa do contrapiso. Além disso, contatou-se que haveria a necessidade

de separar as quantidades por pavimento, referentes às fases da execução da obra

pois é assim que o orçamento é elaborado.

Outra questão observada é que as paredes (alvenaria e revestimentos) foram

modeladas de uma maneira que se sobrepõem às peças estruturais de vigas e

pilares. Dessa maneira a quantidade de revestimentos argamassados está correta,

enquanto a alvenaria deveria apresentar área menor.

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Vale ressaltar, então, que o excesso de confiança que essa tecnologia

proporciona pode prejudicar o desenvolvimento do orçamento, pois ainda é

necessário verificar as informações inseridas, bem como analisar os resultados

extraídos.

5.2.2 Incompatibilidade com a contratação dos serviços

Como estudado previamente, tradicionalmente os levantamentos de

quantitativos devem considerar critérios de medição, assim como as composições de

custos.

Observou-se que o BIM calcula apenas a área real dos materiais. No caso da

alvenaria são descontados os vãos inteiros o que não reflete a prática usual. O

mercado e modo de contratação desse serviço exigem uma diferenciação quanto às

quantidades de material e mão-de-obra, pois a execução do acabamento das

aberturas demanda maior tempo. Assim costuma-se descontar apenas a área

excedente a 2m² em cada vão.

Buscando resolver essa questão, embora de certa forma tenha sido perdida

parte da automaticidade desejada, foi facilmente programada no software Excel uma

tabela para calcular a área de alvenaria que deveria ser adicionada ao quantitativo

BIM (Tabela 2). Para isso utilizou-se as informações extraídas sobre as esquadrias e

assim foi possível obter quantidades compatíveis com o critério de medição.

Tabela 2 – Área a ser inserida ao quantitativo de alvenaria seguindo o critério de

medição

(continua)

TIPO ABERTURAS ÁREA QUANTIDADE DESCONTOS ÁREA

INSERIDA

janela

200x120/100 2,40 5,00 2,00 10,00 180x120/100 2,16 1,00 0,16 2,00 120x80/160 0,96 1,00 0,00 0,96 120x60/160 0,72 3,00 0,00 2,16 80x200/20 1,60 1,00 0,00 1,60 100x60/160 0,60 1,00 0,00 0,60 pano de vidro 7m² 7,00 2,00 10,00 4,00 pano de vidro 8m² 8,00 1,00 6,00 2,00

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Tabela 2 – Área a ser inserida ao quantitativo de alvenaria seguindo o critério de

medição

(conclusão)

TIPO ABERTURAS ÁREA QUANTIDADE DESCONTOS ÁREA

INSERIDA

porta

interna 80x210 1,68 3,00 0,00 5,04 interna 70x210 1,47 4,00 0,00 5,88 externa 80x220 1,76 4,00 0,00 7,04 vidro 74x244 1,81 1,00 0,00 1,81 vidro 76x244 1,85 2,00 0,00 3,71 vidro 97x219 2,12 1,00 0,12 2,00 garagem 500x240 12,00 1,00 10,00 2,00 garagem/vidro 500x240 12,00 1,00 10,00 2,00 correr 70x210 1,47 1,00 0,00 1,47

TOTAL: 38,2843 54,26 Fonte: Autora.

Pode-se observar que a área descontada indevidamente pelo software BIM

representa 6,5% do que deveria ter sido levantado, uma quantidade considerável

que causa variações no orçamento.

O mesmo pode ser feito em relação a revestimentos argamassados e

cerâmicos. Entretanto não foi encontrada uma solução prática para considerar um

segundo critério de medição, referente às quinas, em que se contabiliza 1 metro

linear igual a 0,5m² ou 1 metro linear igual a 1m² quando os cantos são lixados.

Neste caso seria necessária quantificação manual. Porém é possível adiantar que o

acréscimo seria ainda maior que o que ocorreu na alvenaria.

5.2.3 Falta de informações

O projeto deve ser modelado desde o seu início contendo todas as

informações possíveis e exatamente como será construído. Isso acaba demandando

um tempo maior nas etapas iniciais.

No caso estudado, os elementos eram em sua maioria genéricos, suficientes

para documentação, e assim não existiam as especificações indispensáveis para

extração de quantitativos detalhados. Um exemplo é a estrutura de concreto que não

se fazia necessária nessa etapa do projeto, porém a sua presença acabou por

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modificar a disposição das paredes, alterando quantidades. Por outro lado, por não

haver projeto estrutural, não foi possível inserir ao modelo armaduras. Já as formas

não foram modeladas também por falta de recursos do software.

É válido ressaltar que a partir de um projeto arquitetônico é possível obter-se

apenas um orçamento resumido, ou seja, uma estimativa de custos. Nessa fase,

muitos elementos ainda não foram consolidados, inclusive o tamanho das peças de

concreto. Além disso, não se costuma incluir sistemas elétricos e hidrossanitários e

seus componentes complementares. Em suma essa falta de informações prejudica a

elaboração de um orçamento analítico.

Por fim, notou-se certa dificuldade para manter a planilha de quantidades

externa ao software BIM atualizada com as tabelas produzidas por ele. Ou seja, a

cada modificação no modelo, as tabelas de quantidades precisavam ser novamente

extraídas para a planilha Excel.

5.3 PROPOSTAS PARA PROJETOS FUTUROS

Propõe-se para os próximos projetos, para que a tecnologia BIM seja melhor

aproveitada, inserir ao modelo desde o início, todas as especificações consolidadas,

evitando o retrabalho. Ressalta-se, por exemplo, informações como materiais e

espessuras dos mesmos. E dessa forma, modelar a edificação realmente como será

construída, com cada tipo de elemento discriminado, considerando a extração de

quantitativos futuramente. Ou seja, é preciso buscar maneiras de inserir os

elementos de modo que as quantidades levantadas reflitam a realidade da obra.

Além disso, se o levantamento de quantitativos for realizado após os projetos

complementares (elétrico e hidrossanitário) e estrutural estarem finalizados, o

mesmo poderá apresentar um número maior de elementos. Desse modo, terá

capacidade de basear um orçamento detalhado e mais eficiente com uma maior

certeza de seus valores.

Essas sugestões têm como propósito que um número maior de recursos

oferecidos pelo software possa ser utilizado, aprofundando o uso do BIM e suas

dimensões, agregando valor aos projetos.

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5.4 PANORAMA DA TECNOLOGIA BIM EM SANTA MARIA

Em entrevista com a autora do projeto estudado, buscou-se entender melhor

como era a situação da utilização dos conceitos BIM e suas práticas na cidade de

Santa Maria.

A arquiteta revelou ter entrado em contato com o software BIM ainda no início

da faculdade, cursada na mesma cidade, e como esse se mostrava muito vantajoso

em relação ao CAD 2D, normalmente usado, decidiu aprofundar seus

conhecimentos em Revit. Então realizou um curso em Porto Alegre- RS e estudou

sozinha através de vídeoaulas. Atualmente, já ministra aulas particulares para

estudantes de arquitetura.

Ela explica que todas as ferramentas de desenho encontradas no CAD 2D

estão presentes no Revit, embora ao limitar-se a elas, não se pratica o BIM. Essa

nova tecnologia oferece recursos que vão muito além do desenho, traz uma nova

maneira de pensar e projetar, introduzindo a visão de volume que a arquitetura

necessita. Além disso, afirmou que já realizou através dessas ferramentas, diversas

análises, como o estudo de insolação georreferenciado citado, estudos lumínicos e

de fases em seus projetos. Porém tem interesse ainda em praticar a colaboração

quando houver oportunidade. Também iniciou por meio desse trabalho os estudos

de levantamento de quantidades, que pretende utilizar nos seus próximos projetos.

Outra pretensão da profissional é utilizar o software BIM para modelar os

sistemas complementares, pois vê grandes benefícios ao concentrar os diferentes

projetos em um mesmo modelo, sempre atualizado.

Pela experiência que adquiriu ao estudar BIM e por trabalhar nesse meio, a

arquiteta afirma com convicção que, em Santa Maria, poucos profissionais adotaram

essa tecnologia, e em grande maioria arquitetos. Para ela, o BIM é uma grande

tendência, embora exista grande resistência para sua implementação, assim como

ocorreu com o CAD 2D. Ela conta que mesmo seus professores em alguns

momentos mostraram-se relutantes em relação ao novo software. E por isso ressalta

que as universidades deveriam incentivar mais seus alunos a buscarem a formação

mais atualizada possível.

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6 CONCLUSÃO

O levantamento de quantitativos de um projeto representa uma etapa morosa

da orçamentação, além de estar sujeito a equívocos uma vez que é um processo

tradicionalmente manual. Visto que as empresas necessitam cada vez mais

segurança de que a margem de lucro de seus empreendimentos seja alcançada, a

eficiência na extração de quantitativos e consequentemente no orçamento é

relevante.

Dessa forma, tecnologias inovadores tendem a serem implementadas, como

é o caso do Building Information Model (BIM). Esses novos conceitos significam uma

maneira diferente de pensar e projetar, facilitando, também, a extração de

quantitativos.

O presente trabalho incluiu inicialmente uma revisão bibliográfica sobre o

processo de orçamentação, seus benefícios, tipos, etapas e conceitos. Em seguida

apresentou-se o BIM, através de sua definição abrangente, classificações,

vantagens, funcionalidades e então sua aplicação no levantamento de quantidades.

Posteriormente, realizou-se um estudo de caso a partir de um projeto

residencial modelado em software BIM (Revit). Para aplicar-se o recurso de extração

de quantitativos que a plataforma oferece, foi necessário incluir ao modelo

informações que antes não se faziam presentes, por tratar-se de um projeto

arquitetônico sem especificações. Logo após, foi possível obter-se tabelas com

dados de área e volume dos materiais desejados.

Em suma, esse estudo foi capaz de ilustrar o potencial que o BIM tem de

atuar otimizando a elaboração de orçamentos através da extração automática e

atualizada de quantitativos, desde que os modelos sejam produzidos também com

esse fim. Essa tecnologia é capaz de reduzir a variabilidade, velocidade e equívocos

durante essa etapa da orçamentação.

Embora possam ser contornadas com modificações na maneira de modelar

bem como através de padronizações, foram identificadas falhas no decorrer desse

estudo. Entre elas pode-se destacar: inconsistências nas quantidades de materiais

de revestimento, incompatibilidades com a contratação dos serviços e falta de

informações. Foi constatada a necessidade de aperfeiçoar os processos para que as

planilhas externas ao software BIM permaneçam integradas ao modelo. Assim o

papel do orçamentista permanece fundamental para engenharia de custo,

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adequando os dados adquiridos aos orçamentos bem como analisando os

elementos que impactam custo.

Também foi observada a atual situação do BIM em Santa Maria. Pôde-se

verificar que poucos profissionais têm aderido à tecnologia, apesar de essa

representar o provável futuro da construção civil. Dessa forma, existe a necessidade

de estudar e difundir esse assunto, inclusive nas universidades e assim formar

arquitetos e engenheiros melhor preparados para a concorrência do mercado de

trabalho.

Por fim, conclui-se que os objetivos desse trabalho foram atingidos, visto que

os conhecimentos sobre esse relevante assunto foram aprofundados, visando o

desenvolvimento da construção e engenharia.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A- EXEMPLO DE COMPOSIÇÃO UNITÁRIA DE CUSTOS

FICHA DE COMPOSIÇÃO DE CUSTO UNITÁRIO

Descrição do serviço: Tapume (m²) Construtora: Resp. Técnico: Cálculo: Local: Ficha nº: Visto: Data: Última alteração: Código:

DESCRIÇÃO UNIDADE COEFICIENTE CUSTO

UNITÁRIO MATERIAL MÃO-DE-OBRA

a) Mão-de-obra

Ajudante h 1,00 1,20 1,20

Carpinteiro h 0,50 1,58 0,79

b) Material

Barrotes (3"x3") m 2,50 2,50 6,25

Tábuas m² 2,00 5,60 11,20

Pregos kg 0,10 2,00 0,20

c) Encargos sociais (123%)

2,45

Total sem BDI 17,65 4,44

Total geral sem BDI

22,09

Total com BDI 19,59 4,93

Total geral com BDI 24,52

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ANEXO B – FLUXOGRAMA DAS ETAPAS DE UM ORÇAMENTO

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ANEXO C – MODELO DE TABELA DE ORÇAMENTO ANALÍTICO

PLANILHA PARA O CÁLCULO DO ORÇAMENTO ANALÍTICO DO CUSTO DA CONSTRUÇÃO

Construtora: Visto:

Empreendimento: Responsável Técnico: U.F.:

Telefone: Data: CEP:

Proprietário: Localização do imóvel: Total de folhas:

ITEM DESCRIÇÃO

UN

IDA

DE

QU

AN

TID

AD

E

PREÇO UNITÁRIO

PREÇO POR SERVIÇO

PREÇO TOTAL

% ORÇ.

MA

TER

IAL

O-D

E-O

BR

A

TOTA

L

Total com BDI:

Total sem BDI:

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ANEXO D – PLANTA BAIXA HUMANIZADA DO PRIMEIRO PAVIMENTO

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ANEXO E – PLANTA BAIXA HUMANIZADA DO SEGUNDO PAVIMENTO