Darcy Bessone de Oliveira Andrade - Das Sociedades Coligadas e Controladas

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DAS SOCIEDADES COLIGADAS E CONTROLADASDarcy Bessone de Oliveira AndradeProfessor Catedrtico de Direito Comercial da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil.

Direito Comercial vive agora decisivo para os seus destinos.

o

um momento histrico,

Nascido nas corporaes medievais, como um direito de classe, marcadamente subjetivista, procurou, mais tarde, desligar-se da pessoa do comerciante para objetivar-se no ato de comrcio. A era industrial, entretanto, colocando a empl'sa no centro da fenomenilogia econmica, criou condies para novas formulaes, derivadas de revises bsicas. Surgiu, em consequncia, um novo Direito Comercial, como direito da prpria economia e envolvendo os fenmenos da produo e da circulao das riquesas. Muitos j prenunciam a substituio o secular Direito Mercantil pelo Direito da Emprsa. De qualquer modo, certo, todavia, que o carter privatstico do Direito oriundo dos costumes das antigas praas de comrcio italianas perde a nitidez, sob a presso de sua progressiva publicizao ou, para alguns, at mesmo de certa administrativizao, relacionada com a economia dirigida que agora se pratica. Tal evoluo sofre, assim, a influncia saudvel, da compreenso de que, nas atividades produtivas, o social prima sbre o individual. J ningum controverte a predominncia da nota publicisfica no direito falimentar, por exemplo. Envolvendo, em larga nledida, matria processual e penal, desloca-se a falncia do plano do direito privado para o do direito pblico. Logo e con-

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sequentemente, os credores perdem a influncia que antes exerciam to intensamente no desenvolvimento do processo falimental' e, sobretudo, na concordata. Os transportes areos e martimos marcam-se pelo intersse coletivo, relacionando-se com a economia geral e at mesmo internacional. Por isso, mesmo, o Direito Martimo e o Aeronutico no se deixam conter na rea individualista do direito privado. Os problemas de cmbio e o de comrcio exterior repercutem na vida de todo o pas, subtraindo-se decididamente a qualquer pretenso de natureza pri. vatistica. Para desligar a sociedade, principalmente a annima, das efemeras pessoas dos scios, uma doutrina lhe confere carter institucional, vinculando-a Inais emprsa do que aos homens, cada vez mais transitrios na vida empresria..

Em suma, a atual gerao de comercialistas testemunha o histrico momento da desagregao das estruturas jurdicas oriundas de economia artezanal. Mas tambm se orgulha de participar da elaborao de novas dogmticas, que atuaro como componentes de uma disciplina jurdica indita, pelo menos . sob muitos aspectos.. .

o direito da economia moderna que desponta, como obra

do sculo XX, depois da vigncia quase milenar do velho' Direito Mercantil. A economia moderna suscitou combinaes novas. Interessando, antes apenas ordem econmica, agora elas esto a instar por concepes, formas e normas que lhes assegurem condies de funcionamento regular. Dentre elas, vamos isolar, para anlise, as chamadas sociedades coligadas, bem como as controladoras e controladas. Tdas estas, embora no reguladas ainda pelo direito positivo ptrio, al se acham mencionadas (Ver a lei das sociedades por ~.es,ar~. 135, 2.; a lei do impsto de renda; arte 69, pargrafo nico; o regulamento do impsto sbre lucros extraordinrios, arte 8, pargrafo nico; a lei do impsto do consumo, obs. n. 3, letra b, da tab. A)..

A referncia da lei a essa figura nascente opera a transposio do plano econmico para o plano jurdico.

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Torna-se ponto urgente, pois, que o jurista passe a trabalhar sse novo campo. Mas, que uma sociedade coligada? ou uma sociedade controlada? Identificar-se-o, porventura, as duas figuras? Informa Ascarelli que a origem da expresso sociedade co1igada "se encontra no direito italiano, no livro de Messineo, Societ collegate, Padova, 1932" (Problemas das sociedades annimas e Direito Comparado, p. 533, nota I). Trata-se, ao que informa uma apreciao crtica da Rivista deI Diritto commerciale (voI. XXX, parte I, p. 220), de uma "brevssima mo\ nografia", com que Messineo apenas iniciou a indagao jurdica sbre "um terna excessivamente trascurato". Pelo que se v na nota, a mOIlografia, que no conhecemos, cuidou to somente da figura da sociedade em cadeia, da qual, mais tarde, o autor voltaria a falar, no seu manuale di Diritto Civille e Commerciale, ao dizer que ocorre o "collegamento fra societ" quando uma sociedade constitue urna outra, entregando-lhe, para a formao do seu capital, urna parte de suas prprias aes e recebendo, em troca, aes da nova sociedade em nmero superior metade do seu total ( 152, n. 3, e). Evidentemente, no se pode deduzir da descrio de uma espcie to particularizada o conceito da sociedade coligoila. Dois anos depois de Messineo, Vittorio Salandra tentaria, em seu livro "11 diritto delle unioni di impresi (Consorzi e gruppi)", sistematizar o novo tema, formulando-lhe a dogmtica. Preocupou-se, especialmente, o mestre com a descoberta de um elemento comum a tdas as unies de emprsa8, para dle extrair um conceito unitrio. Sups encontr-Io na "costituzione di una organizzazione collettiva tra imprese che conservano Ia propria individualit giuridica avente per oggetto Ia disciplina totale o parciale della loro attivit economica" (n. 23). Dle extraiu o conceito unitrio que procurava, nstes trmos: "le unioni di imprese sono vincoli giuridici stabili, volontari o forzosi, cui gli esercenti una attivit economica che abbia carattere di imprese si sottopongono o vengono sottoporsi neU interessi comune, e il cui oggetto consiste nella disciplina totale o parziale, a mezzo di. una organizzazione collettiva, della

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suddeta attivit, che viene esercitata individualmente" (obr. cit., n. 25). O prprio Salandra salientara, entretanto, a manifesta dificuldade de se reunirem em um nico conceito jurdico fenmenos to vrios como so todos aqules que produzem unies de emprsas (obr. cit., n. 19). Em magnfico artigo doutrinrio, de crtica a essa tentativa de conceituao unitria, considerou Tullio Ascarelli que no haveria apenas dificuldades em reunir em um conceito nico fenmenos to diversos: haveria, sim, evidente impossibilidade de determinar-se um conceito capaz de abranger os consrcios e os grupos, categorias que se prestam a numerosas subdivises. Admitiu que as duas ordens de fenmenos apresentam notveis afinidades do ponto de vista econmico, comportando, inclusive, formas internledirias, de transio. Mas, de outra parte, tambm certo, acrescentou Ascarelli, que, se os consrcios visam disciplinar a recproca concorrncia dos empresrios que dles participam, os grupos se organizam para concorrer com outros grupos ou emprsas isoladas, valendo-se de formas que aparentemente asseguram autonomia s emprsas que os integram. Essa diferna de objetivos impede, no sentir do jurista, a elaborao de um conceito nico que abrace os grupos e os consrcios ("Le unioni di imprese ", in Rivista del Diritto Commerciale, voI. XXXIII - parte I, p. 152). Dispensamo-nos da anlise do conceito formulado por Salandra e da impugnao oposta por Ascarelli, porque no a definio da unio das emprsas, mas, sim, a coligao ou o contrle de sociedades que nos preocupa. A emprsa, corno atividade econmica organizada, pode, com efeito, ser exerci da por pessoa fsica (firma individual) como por pessoa jurdica {sociedade mercantil). Esta, a sociedade, urna forma de estrutu rao jurdica do agente ou empreendedor e se destina principalmente a separar patrimnios e campos de responsabilidade (Ver Mrio Casanova - Estudios sobre Ia teoria de Ia hacienda mercantil - Trad. de Navas, n. 14). No seria correto, pois, identificar-se o problema da unio de emprsas, assunto predoD;linantemente econmico, com o da coligao ou contrZede 8Qciedades,que questo eminentemente jurdica. Os as-

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pectos de um e de outro tema so obviamente diversos. Convm deix-Ios logo discriminados, inclusive como meio de determinao e delimitao do objeto da presente palestra, na qual no se incluem as atividades econmicas realizadas atravs dos ca1'teis, t1'uste ou kozerns. Limita-se sse objeto matria especificamente jurdica. Entenda-se, porm, -que, com a presente delimitao, no pretendemos negar carter jurdico a certas relaes decorrentes das unies de e1np1'sas, to penew trantemente analisadas por Vittono Salandra. Desejamos to somente restringir o tema ao seu enunciado. Voltemos, porm, ao problema da coligao. sse trmo tem sido usado para indicar um gnero, do qual o c.ontrle seria espcie, o que quer dizer que, havendo contrle, haveria coligao, mas tambm vpoderia haver coligao - sem que existisse -cont1'le.

Com razo, salienta Salandra, em um outro livro (Manuale di Diritto Commerciale, voI. I, p. 283), que "i due concetti non ,sono identici, perche il collegamento pua esistere anche in condizioni di parit", enquanto que "il cosidetto controllo implica Ia dominazione di una societ su di un'altra". A relao de gnero e espcie no se compadece, supomos, com o-nosso direito positivo. A lei das sociedades por aes fala em "sociedades controladas ou coligadas" (art. 135, 2.), - no incluindo as primeiras (como espcie) nas segundas (como gnero). Leis tributrias (art. 69, da lei do mpsto de renda, e art. 8, pargrafo nico, do regulamento do impsto de consumo) , ainda mais nitidamente, excluem tal relao, pois que, mencionando" as firmas ou sociedades coligadas, bem comn as controladoras e controladas", deixam certo que estas no so espcies daquelas, isto , das coligadas. Alis, lexicamente, o vocbulo coligao, do latim colligatio, significa aliana de vrias pessoas, confederao, envolvendo a idia de reciprocidade. Quando uma sociedade- controlada por outra, caracteriza-se a sujeio, a dependncia, a posi~

o verticalmente inferiQr.

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Passa-se do terreno da reciprocidade, ou da paridade~ para o da hierarquia. A sociedade controladora acionista da controlada. O acionista no coligado da sociedade, poder s-Io apenas dos demais acionistas. Se, pelo menos no nosso direito, sociedades coligadas e as controladas ponto urgente conceitu-Ias, inclusive sultem os elementos discriminatrios so figuras diversas as e controladoras, torna-se para que do conceito re~ das duas categorias.

No entender de Ascarello, haver coligao quando uma so.. ciedade fr scia de outra (Problema das sociedades annimas e direito comparado, p. 354). A insuficincia do trao caracterstico salta aos olhos menos argutos. Bastaria que uma sociedade fsse titular de uma parcela mnima do capital de outra para que se verificasse a coligao! No ,preciso dizer mais para evidenciar-se a incorreo do conceito. Salandra, referindo-se coligao "in condizioni di parit ", diz que ela pode ocorrer "tra due societ che possiedono reciprocamente una parte delle rispettive azioni o tra due societ che concludono un patto de reciproca partecipazione agli atili" (Manuale, voI. I, p. 283). A reciprocidade apontada pelo comercialista nos dois casos que figura. Mas, primeiro, isto , no referente participao recproca nos capitais das duas sociedades, tambm no precisa o autor qual o gru da participao que seria suficiente para configurar-se a coligao. A chave do problema talvez se encontre na tripartio dos grupos proposta por Vito (I sindicati industriali - Cartelli e gruppi), para quem les podem resultar da participao financeira de uma sociedade em outra, da unio pessoal produzida pela unidade de gesto ou da conveno entre duas ou mais sociedades. N o primeiro caso (participao financeira), o problema do gru ser decisivo. A participao somente produzir uma situao nova, inte;ressando ao direito, quando ela fr suficiente para assegurar participante o contrle da sociedade que R sofra, porque, ento, situar-se-o em planos superpostos as duas entidades, uma na condio de controladora e a outra co,~

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DASSOCIDAbs tiGAbAS c

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mo controlada. Antes do ponto decisivo, entretanto, a participao ser apenas um fato, sem consequncias jurdicas especficas. A unidade de gesto, por Vito denominada de unio pessoal, freqnte nos grupos financeiros. Sendo os mesmos os grandes acionistas de vrias sociedades, les, dispondo do poder de prover os orgos diretivos de tdas elas, escolhem pessoas afilladas por um mesmo pensamento, obtendo, assim, uma gesto uniforme ou unitria. Nsse caso, no h uma sociedade controladora de outras, situadas em planos inferiores, mas sociedades dispostas em um s plano e com o comando substancialmente unificado, a despeito da autonomia formal ou simplesmente aparente. A p'aridade e a reciprocidade so traos encontradios na espcie. As sociedades so, por isso mesmo, coligadas, sob a gide de um destino econmico comum, que precisamente o do grupo financeiro por elas formado. Pode-se atingir resultado idntico atravs da conveno que, como instrumento normativo, vincule vrias sociedades no tocante a intersses que lhes sejam comuns. Formam-se, assim, os chamados consrcios. Ainda aqui, no haver domnio de uma sociedade por outra, mas paridade e reciprocidade entre as pactuantes. Haver coligao, portanto. O contrle produz relao vertical, hierarquica, enquanto que a coligao suscita relao horizontal, porque recproca e paritria. Entendidas assim, sob o aspecto conceitual, as duas figuras, logo se apresenta uma outra questo: ser o assunto do intersse apenas do economista ou tambm est a reclamar a ateno do jursta? Uma resposta singela poderia ser dada indagao: se a lei menciona as sociedades coligadas e as controladas, ela mesma as inclue no mundo jurdico. No se tratar, ento, de simples fatos econmicos, com efeitos apenas na esfera interna de um determinado sujeito, mas, sim, de atos que, interessando a vriais esferas patrimoniais, produzem relaes jurdicas. Aprofundando a anlise, logo se percebe, ainda um fato por si mesmo suficiente para atrair a ateno do jurista: a for-

bARCYBESSON~ OLiv~tftAAN'nRAD h

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rna jurdica, nas coligaes e contrles societrios, no corresponde substncia que se prope a revestir, porque, se formaln1ente as sociedades se apresentam autonomas, substancialmente elas se integram, unificam-se, formam um grupo. Ontologimente, no se discriminam. H mais de vinte anos, Carnelutti, tratando do novo problema da coligao e do cont1'le societrios, observava que o "controllo di Iegalit formale" no era suficiente para salvaguardar os fins visados pela lei. Sugeria que le fsse completado atravs do "controllo della legalit sostanziale" ("Excesso di potere nelle deliberazioni dell'assemblea delle anonime", in Rivista deI Diritto Commerciale, voI. XXIV parte I p. 176). O mesmo pensan1ento inspirou o artigo de crtica ao livro de Ren David - "La protection des minorits dans les socits par actions" - de autoria de Tullio Ascarelli e publicado em 1930 ("sulIa protezione delle minorange nelle societ per azioni", in Rivista deI Diritto Cormerciale, voI. XXVIII, parte I, p. 735). EnTico Finzi, logo depois, em 1932, viria integrar-se na corrente carnelutiana, observando que "la persona societ ha un'autonomia soltanto formaIe; sostanzialmente e schiava, merc l'asservimento degli aministratori, della societ dominante". Registrando que uma s vontade domina e guia o todo, pergunta: "deve prevaIere Ia pluralit formaIe o l'unit sostanziale?" Rematando, Finzi ainda considerou que, se a concentrao industrial exprime necessidade econmica, "Ia igiene delle societ non costituisce necessit minore" ("Societ controIlate", in Rivista deI Dirito Commerciale, voI. XXX, parte I, p. 462). Em 1935, Salandra tambm se mostrava sensvel ao problema, notando que uma legislao obsoleta concebeu a annima "atomisticamente e democraticamente come societ di iguali, mentre Ia 101"0 vera natura e oligarchica o addirittura autocratica". o carter prevaIentemente formalistico do ordenamento jurdico ignora essas realidades subjacentes ("I diritti degli azionisti di minoranza nelIe societ controllate", in Rivista deI piritto Commerciale, voI. XXXIII, parte 11, p. 352). Ainda no mesmo ano, erguia-se a autorizada voz de Cesare Vivante, propugnando por uma nova construo jurdi-

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ca que tome em considerao todo o grupo econmico, na sua constituio e no seu exerccio, e sugerindo, ainda, a formulao de uma "disciplina legislativa in corrispondenza com questa funzione unitaria animata dallo scopo de regolare col1ettivamente Ia produzione" ("La societ finanziarie - holding - e Ia loro responsabilita ", in Rivista deI Diritto Commerciale, vo1. XXXIII, parte I, p. 593). sses pronunciantes traduzem a inquietao dos juristas em face do artificialismo a que novos fenmenos econmicos conduziram encanecidas formas jurdicas. Todos registram que os instrumentos formais j no servem s novas realidades substanciais. Impem-se, por isso mesmo, outras elaboraes. A poltica legislativa, em face do problema, tem variado de pas para pas. De algum modo, ela sofre a influncia das concepes autoritrias ou liberais informativas dos respectivos regImes. De um modo geral, entretanto, admite-se que a nlatria afeta o intersse coletivo e, em consequncia, encontra espao no direito pblico, pelo menos sob certos aspectos. So enfse especial aQ intersse coletivo, as leis que, no se contentando comas sanes civis, recorrem ainda s sanes de carter penal. Convm considerar, porm, que quase sempre as leis repressivas preocupam-se mais com os abusos do poder econmico, caracterizados atravs dos carteis, tnlstes e kozerns, no punindo, entretanto, as coligaes ou controles de sociedades que no envolvam tais abusos. Referindo-se ao contedo econmico dos acrdos ou arranjos e abstendo-se de disposies sbre as formas jurdicas que assumam, essas leis no apresentam aspectos de maior intersse para a dissertao que estamos fazendo. Nsse caso, incluem-se: a) - a common law anglo-saxonea, que desde 1600 combate os monoplios, bem como a lei inglsa de 1948; b) - o Sherman Act americano (1890), que reprime os trusts e demais expedientes destinados a restringir- o comrcio ou o trfico entre os diferentes Estados Olicom naes estrangeiras; c)

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a legislao

francesa

(lei Cha-

pelier -

1791, Cdigo-Penal 1810, modificado por lei de 1926) ;

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a legislao alem (1923, 1930 e 1933) ; e) - a legisla italiana (leis ns. 834, de 1932, e n. 163, de 1934) ; f) - a lei argentina n. 11.210, etc.'d)

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Mais de perto falariam ao tema certas leis estaduais americanas (New York - 1811, Illinois - 1840, Maryland - 1806 e Pensilvnia - 1874) que, reproduzindo principio da common law, estabeleceram que, salvo o caso de autorizao legislativaespecial, uma corporation no podia ser acionista de outra ou que, ao contrrio, autorizaram expressamente a tomadapor uma sociedade de aes de outra.

(New Jersey

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1892 e

1899, seguida por outros Estados). Tambm impem-se aquia meno do Clayton Act (1914) que proibiu a uma sociedade

tornar-se acionista de outra, quando a tomada. das aes importe em restrio concorrncia ou crie monoplio e, ainda, estabeleceu que nenhuma pessoa pode ser, simultneamente, diretor ou funcionrio de mais de um banco ou companhia de tr'ust, quando .reunidas certas condies. Os preceitos dessas leis, meramente autorizativos ou proibitivos, no fornecem, porm, elementos que possam ser teis contruo jurdica ou disciplina legislativa do assunto, sugeridos por Vivante. O terreno baldio. Tudo est por construir. Apenas convm assinalar que a tendncia de combate indiscriminado s combinaes societrias ora em exame deixou-se substituir pela inclinao, agora generalizada, no sentido de distinguir entre os expedientes abusivos e os legtimos ou, pelo menos, tolerveis, para cingir-se a represso to somente aos primeiros. No direito brasileiro, prpria referncia de algutl1as leis (lei das sociedades por aes, lei do impsto de renda, regulamento do impsto de lucros extraordinrios, lei do imp&to do consumo) s sociedades coligadas e controladas as torna legitimas. Como reminicncia histrica, cabe recordar o decreto-lei11.7.666, de 22 de junho de 1945, que declarava contrrios aos

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hAs scbAD~SLiGA)As

intrsses da economia nacional, "a incorporao, fuso, transformao, associao ou agrupamento de emprsas comerciais, industriais ou agrcolas, ou a concentrao das respectivas cotas, aes ou administrao nas mos de uma emprsa ou nas lllos de uma pessoa ou grupo de pessoas~', desde que de tais atos resultasse ou pudesse resultar elevao de preos, restrio, cerceamento ou supresso da liberdade econmica de. outras emprsas ou influncia no mercado de modo favorvel ao estabelecilnento de um monoplio (art. 1., V). Criou o mesmo decreto-lei a Comisso Administrativa de Defesa Econmica (CADE), que poderia decretar a interveno" em tdas as emprsas envolvidas nos atos ou fatos julgados contrrios economia nacional" (art. 3.). A Exposio de Motivos do aludido diploma indicou, como fontes de suas disposies, a legislao americana anti-trust e, ainda, leis do Canad, da Austrlia, da Alemanha, da Sucia, da Noruega e da Nova Zelndia. O decreto-lei TI. 7.666, baixado quando se achava mais acsa a luta contra o regme de 1937, foi arguido de inoportuno e suspeito. O novo regme, antes que le fsse aplicado, o revogou (decreto-lei n. 8.167, de 9-11-1945). N o ano seguinte, a Constituio de 1946, nessa parte sob a influncia do eilto deputado e antigo Ministro da Justia que referendara o decreto-lei n. 7.666, o Sr. Agamenon Magalhes, trouxe uma formula ampla de impugnao ao abuso do 1)oder econmico, ao dispor: "A lei reprimir tda e qualquer forma de abuso do poder econmico, inclusive as unies ou agrupamentos de emprsas individuais ou sociais, seja qual fr a sua natureza, que tenham por fim dominar os mercados nacionais, eliminar a concorrncia e aumentar arbitrriamente os lucros" (art. 148). Logo depois, o mesmo deputado Agamenon Magalhes ofel'ecia Cmara o projeto de lei, que tomou o ~. 122, destinado a regular e reprimir os abusos do poder econmico. O autor do projeto definiu o seu pensamento sbre o tema em vrias oportuniqades, especialmente na conferncia que, em 22 de junho de 1942, proferiu no Clube Militar (Revi~ta Forense, 124/601).

bAkcy BSSON OLIVEiRAANDRAD D

ltiS

o projeto sofreu combate enrgico, fundado principalmente na alegao de que uma economia sub-desenvolvida, como a brasileira, no oferecia ainda condies para a ocorrncia de fenmenos de concentrao econmica, prprios do supercapitalisrno vigente em outros pases (Vide o parecer emitido pelo Deputado Aldo Sampaio na Comisso de Indstria e Comrcio - in Revista Forense, 122/592). O projeto no se converteu em lei. Mais tarde, em 1955, sob o n. 3, le voltou a ser oferecido Cmara, agora pelo Deputado Paulo Magalhes. Organizada, para o estudo do assunto, uma Comisso Especial, esta tomou alguns depoimentos a respeito, principalmente, da existncia de prticas monopolsticas no pas e da forma mais eficiente de combat-Ias. Foram ouvidos o economista Alexandre Kafka, o Professor H ermes Lima e o penalista Nelson Hungria. Em seguida, o relator, Deputado Adato Lcio Cardoso, aps analisar vrios aspectos do grave problema, ofereceu um substitutivo. O documento reputa crime de abuso do poder econmico "os atos de compra e venda de acervos de emprsas comerciais, industriais e agrcolas ou de cesso e transferncia das respectivas cotas, aes, ttulos ou direitos, com o fim de controlar a poltica econmica da vendedora ou da compradora, ou de emprsas dependentes de uma ou outra, ainda que na ausncia de acrdos diretos entre os interessados e desde que tais atos tenham por fim a prtica dos abusos previstos nesta lei ", bem como a incorporao, fuso, associao ou agrupamento, sob qualquer forma, de emprsas comerciais, industriais ou agrcolas, ou a concentrao das respectivas cotas, aes ou administrao nas mos de uma emprsa ou grupo de emprsas, ou ns mos de uma pessoa ou grupo de pessoas, com o fim de praticar qualquer dos atos de abuso do poder econmico definidos nesta lei" (Dirio do Congresso Nacional, de 19-3-1'957,p. 1.190). O projeto ainda tramita na Cmara dos Deputados. Antes da promulgao da Constituio vigente, a lei sbre os crimes contra a economia popular (decreto-lei n. 869, de 18-11-1938) havia declarado criminoso o fato de algum "promover ou participar de consrcio, convnio, ajuste, aliana ou fuso de capitais com o fim de impedir ou dificultar, para o efeito de aumento arbitrrio de lucros, a concorrncia em ma-

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tria de produo, transporte ou comrcio" (art. 2., 111), bem como Hexercer funes de direo, administrao ou gerncia de mais de uma emprsa ou sociedade do mesmo ramo de indstria ou comrcio com o fim de impedir ou dificultar a concorrcia" (Art. 2, VIII). sses, textos, que a ,atual lei sbre crimes contra a economia popular reproduziu (lei n. 1521, de 26 de dezembro de 1951), inspiraram-se em preceitos, parcialmente semelhantes, do Clayton Act americano (1914). Tais normas, como excelentemente demonstrou o j urisconsulto Anto de Morais (Revista Forense, 121/45), somente se opem s combinaes societrias quanto estas se realizem com o fim de impedir ou dificultar a concorrncia e para e efeito de aumento arbitrrio de lucros, elementossses indispensveis caracterizao do crime. A represso penal, preocupando-se especialmente com os abusos do poder econmico que lesem os intersses populares, sita-se no plano do direito pblico. Outros aspectos das aludidas combinaes, especialmente as que envolvam os intersses dos acionistas ou do Fisco, atraem a ateno do Direito Comercial e do Direito Tributrio. Dles, ainda que sumriamente, vamos nos ocupar dentro em pouco. Antes, porm, torna-se oportuno o exame da fisionomia jurdica de tais combinaes. Messineoviu na sociedade controlada uma simulao, tendo por objeto menos O'ato cOl1stitutivo do que os efeitos da sociedade, porque, embora existindo a sociedade, os efeitos dela seriam fictcios, j que a sociedade-filha, sem liberdade real de movimentos, constituiria apenas uma projeo ilusria da sociedade-me. Faltar-lhe-ia, em suma ,vontade prpria. Paola Greca entende que, se llfessineo admite a realidade do ato constitutivo e, portanto, a existncia do ente, o s fato de sofrer ste uma influncia externa no pode convert-Io em sirnulado, nem mesmo quanto aos efeitos to somente ("Le societ di como do i il negozio indiretto" - In Rivista del Diritto Commerciale, voI. XXX parte I, p. 757). .Melhor, no tocante ao assunto, parece ser a posio de Tllia Ascarelli, que descobre em tais arranjos societrios uma

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forma de negcio indireto, que ocorre quando as partes recorrem a um determinado tipo de negcio jurdico no para alcanarem o escpo que lhe peculiar, mas, sim, para obterem resultados que normalmente no so prprios da estrutura jurdica adotada (Ver "Contratto misto, negozio indiretto, negozio mixto curo donatione - ln Rivista del Diritto Commerciale,

vaI. XXVIII, parte II, p. 462, e tambm o citado artigo doutrinrio de Paolo Greco). Especialmente na holding pura, a sociedade, assumindo um papel puramente financeiro, no se destina a exercer atividade prpria. Existe apenas para governar outros entes societrios, o que no prprio das sociedades. Valem-se, assim, os fundadores de sociedades controladoras de uma forma jurdica para alcanarem resultados diferentes daqule que normalmente se destinam a produzir. Trata-se,- assim, de tpico negcio indireto. Problema relevante o da proteo minoria, em face dos expedientes que estamos analisando. Convm considerar, entretanto, que le no se apresenta apenas nas sociedades coligadas e controladas. Ocorre sempre que um grande acionista, um grupo majoritrio ou um sindicato de acionistas domirie a sociedade, dispondo de meios para govern-Ia mais sob a inspirao dos prprios intersses do que segundo as convenincias do intersse social ou da totalidade dos acionistas. O caso extremo de domnio da vida societria , sem dvida, o das sociedades que, pela concentrao das aes nas mos de um s acionista, se tornem fictcias. Mas logo passou a causar preocupaes uma outra espcie, prxima da sociedade fictcia, que a sociedade annima dita de comodo. Nesta, embora permanea o nmero mnimo de scios exigido pela lei, a participao dles no capital social, excetuada a do grande acionista, to reduzida que substancialmente a sociedade de um s acionista. Isso ocorre na holding company, arranjo fundado na concentrao das aes da sociedade-filha nas mos da sociedade-me. A mesma concentrao se verifica nas 80ciedadesde economia rnixtat com a diferena de quet nste caso, o controlador

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um ente pblico, no havendo, portanto, sociedade controladora. A questo da proteo minoria s nos interessa, no momento, sob um aspecto, a saber: o do sacrifcio dos intersses da minoria por efeito de deliberaes da maioria inatacveis do ponto de vista formal. ste, o problema novo, pois que, quando se violam os textos legais ou estatutrios de proteo mino-. ria, a soluo se encontra com facilidade no direito tradicional. Carnelutti, considerando que o instituto da sociedade sita-se na zona de confinao do direito privado e do direito pblico, convida o jurista a alargar o horizonte visual, para fora do campo estrito do direito privado procura de luzes que aclarem o tema da proteo minoria. Lembra que assim que se procede sempre que se passa da rea dos intersses individuais para a dos intersses dos grupos. Convm, ento, paragonar o regime das impugnaes das assemblias gerais das annima~ com certas formas anlogas que pululam no territrio do direito pblico ou nas zonas que com ste confinam. A distino entre contrle de legitimidade e contrle de mrito, estabelecida pelos juspublicistas, inclue-se entre as solues que podem ser teis dilucidao do assunto. certo que a maioria comanda, mas tambm certo que a lei lhe concede sse poder no intersse da prpria sociedade, vista como um ente unitrio, no em benefcio de uma de suas parcialidades, mesmo que esta seja a majoritria. Um administra tivista, prossegue o mestre genial, no se contentaria, ao examinar uma deciso da maioria, apenas com o fato de ser ela obra da maioria. Habituado a operar com o conceito do excesso de poder, decorrente do contrle de legitimidade, cuidaria logo de aprofundar a investigao, para virificar se o ato, embora revestindo a forma estabelecida pela lei, no derivou de um fim oposto ao visado pela lei, sendo, as.. sim, formalmente legal, mas substancialmente ilegal. Aparentemente investigaria a convenincia do ato, o que prprio do contrle de mrito, mas, na realidade, o exame do mrito seria apenas um meio para descobrir o fim do ato e verificar se le colide com o fim querido pela lei, ocorrendo, na afirmativa, um vcio de legitimidade. O excesso de poder uma specie8 de viola-

DARCY BESSONE DE OLIVEIRA ANDRADE

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o da lei, ainda que de apurao mais sutH, porque dependente da determinao do fim da lei e do fim do ato, para confront-los. Nota ainda Carnelutti que a lei pode conceder poderes ao homem para a defesa dos prprios inter8se8 ou para a defesa de intersses alheio8, distinguindo-se, em consequncia, ospad1'es-direitos e os podres-deveres. O acionista conta com ambos, mas, sendo a assemblia um orgo da sociedade, no dos acionistas individualmente, o acionista, ao deliberar em assemblia, est investido de um poder-dever para votar no intersse de outra pessoa, que a sociedade. Por isso mesmo, a maioria no pode orientar-se pelo prprio intersse, mas, sim, pelo intersse da totalidade dos acionistas, quer dizer: da sociedade. Se sotope sse intersse ao prprio, comete exceS80 de poder e, cometendo-o, viola a lei, por desrespeito ao fim do que ela persegue. Pode, portanto, o acionista arguir a ilegitimidade do ato, com base no vcio do exceS80 oude8vio de poder (" Excesso di potere nelle deliberazioni dell assemblea anonime - In Rivista deI Diritto Commerciale, vol. XXIV, parte I, p. 176). A tese carnelutiana foi aceita, com algumas modificaes secundrias, por A8carelli (" Sul1a protezione delIe minoranze nelIe societ per azioni - in Rivista deI Diritto Commerciale, voI. XXVIII, parte I, p. 735), FerT'i (" Excesso di potere e tutela delle minoranze"

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in Rivista deI Diritto CommerciaIe, voI. XXXII, par-

te I, p. 723) e outros. Tambm encontrou impugnaes, opostas por Scorza ("L' excesso di potere come causa di invalidit delle deliberazione d'assemblea delle anonime" - in Rivista deI Diritto CommerciaIe, voI. XXXI, parte I, p. 645), Landi ("il cosi detto accesso di potere nelle societ anonime" - in Rivista deI Diritto CommerciaIe, voI. XXXV, parte I, p. 131), Salandra (" I diritti degli azionisti de minoranza nel1e societ controllate" - in Rivista deI Diritto CommerciaIe, voI. XXXIII, parte 11, p. 352) e outros. Objetam sses doutores que a teoria do exce880 de poder est intimamente ligada a predominncia do intersse pblico no campo do direito pblico, no comportando transposies para o do direito privado. Acrescentam que o intersse da sociedade livremente definido pela assemblia geral, porque s sse orgo pode apreciar as convenincias econmicas da emprsa. O controle de legitimidade, proposto por

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Carnelutti, dizem por fim, autorizaria o juiz a intrometer-se em assuntos que s os prprios interessados poderiam condu- . zir de modo satisfatrio. Atravs, inclusive, da anlise da jurisprudncia francsa, Ren David ("La protection des minorites, dans les socites par action"), percorrendo outros caminhos, chegou a concluses no muito distantes das propostas por Carnelutti., afirmando que o scio vota como orgo social e exerce, ao faz-Io, . funo social, pelo que deve ter em vista o intersse da sociedade, com o qual h de conformar-se o intersse dle prprio. Vivante, insurgindo-se tambm contra o abuso de poder cometido pela controladora, ao converter a controlada em instrumento de sua prpria vontade, com o sacrifcio dos intersses dos acionistas da ltima, pretende encontrar na teoria da . culpa a base jurdica para o ressarcimento dos prejuzos decorrentes ("Le societ finanziare

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holdings

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e Ia 101'0 res-

ponsabilit" in Rivista deI Diritto Commerciale, voI. XXXIII, parte I,p. 593). Referindo-se a um mandato de 1naioria, conferido pelos fundadores e subscr~tores dos estatutos aos acionistas, Saverio Janneentende que os poderes dos mandatrios so restritos s deliberaes vantajosas para o intersse social. A delegao no de carter absoluto e deve exercer-se de ba f. Podem ser reprimidos, pois os abusos cometidos pela maioria ("il diritto delle minoranze nelle societ anonime" - ln Rivista deI Diritto Commerciale, voI. XXVIII, parte I, p. 78). No necessrio alongar mais a pesquisa. As opinies referidas trazem uma nota constante: a preocupao de encontt'ar-se um meio tcnico idoneo para resguardar os intersses da minoria, tambm quando as decises da maioria, embora formalmente perfeitas, se mostrem substancial1nente ilegtifilas, como sucede no caso de soluo adotada em proveito da t'ontroladora e desatenta aos intersses dos acionistas minoritrios. A separao formal dos patrimnios e das responsabilidades das sociedades coligadas, ou controladoras e cQntrQlada~, constitue outra fonte de graves dific~ldades.

bA:kY 13ESSON~}): OLIVElaA.

ANfi1tAD:

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Substancialmente, os patrimnios pertencem a um mesmogrupo, que os governa de modo uniforme e unitrio. Mas formalmente les so, separadamente, das vrias sociedades integradoras do grupo. Consequentemente, em face de terceiros, h auton01nia patrimonial, no repercutindo no patrimonio de uma sociedade as responsabilidades assumidas pelas demais. A posio das coligadas e das controladoras , assim, mais segura do que a dos scios solidrios, que respondem pelas dividas sociais e se submetem aos efeitos da falncia da sociedade. Isso significa que os resultados positivos aproveitam ao grupo, que, no obstante, podem, mediante certos arranjos, subtrair-se aos riscos e s perdas, ainda quando estas repercutem em patrimnios alheios. No caberia nesta dissertao a indicao casustica das numerosas dificuldades prticas que podem decorrer da contrdio interna dos grupos, produzida pela pluralidade formal das sociedades ao lado da unidade substancial ou econmica das emprsas. Apenas como exemplos, algumas podem ser lembradas: a) - conservao do comando nas sociedades em cadeia, a despeito da reduo progressiva do capital da controladora; 1.' b) prej uizo dos acionistas minoritrios ou dos.

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4

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credores resultante da aquisio do patrimnio de uma sociedade por outra coligada ou de arranjos que concentrem as perdas em uma delas; c)

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emprstimo a diretor da controladorapela sociedade controlada (art. 119, pargrafo ninico, do decreto lei n. 2.627) ;negociao de aes da controladora atravs

d)

e) """..

de sociedades controladas (art. 15, do mes.. mo decreto-lei); subscrio recproca de aes por diver8as sociedades;

162f)

DAs SOCIEDADES ctGADA

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constituio de sociedade controlada, para nela descarregar a controladora obrigaes suas.

Em direito fiscal, tambm as combinaes em exame podem engendrar embaraos. A lei do impsto de renda dispe que" as firmas ou sociedades coligadas, b~m como as controladoras e as controladas, devero apresentar declarao em separado, quanto ao resultado de sua atividade" (art. 69, pargrafo nico). Idntica disposio consta do regulamento do impsto sbre lucros extraordinrios (art. 8., pargrafo nico). O art. 19, 2. do mesmo regulamento, dispe ainda que, "no caso das coligadas, controladoras ou controladas, o lanamento ser feito em nome de ca.

da uma delas".Atende-se, nessas normas, autorwmia formal das ~ociedades, com abstrao de sua unidade econmica ou substancial, base do grupo que integram. A lei inglsa, para efeito tributrio, trata como uma sociedade nica as sociedades agrupadas quando a sociedade-me possa 9070 das aes das sociedades-filhas. Nos Estados Unidos, a controladora deve fazer uma declarao nica, abrangendo as controladas. Como notam Tullio Ascarelli,' Rubens Gomes de Souza e Joo Batista Pereira de Almeida Filho ("Lucros extraordinrios e impsto de renda", p. 222), a diversidade jurdica das sociedades, economicamente unidas, pode propiciar ao contribuinte oportunidade prtica de fraudes, dificilmente reprimiveis enquanto, em homenagem ao aspecto formal, forem consideradas autonomas e patrimonialmente distintas. No poderiamos alimentar a pretenso de oferecer uma soluo para o novo problema suscitado pela economia moderna, de tipo capitalista. Julgamos que prestaramos algum servio colocando o as~ sunto em pauta, porque, entre ns, medocre a ateno que.

~

se lhe tem dedicado.

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Aspiramos principalmente a provocar o debate do tema, pata que os caminhos se iluminem, espancando-se as trevasque agora o envolvem. .

DRCYB~SSONE Lt~tk NDRAb DE

l

Repitamos aqui a alta palavra de Vivante, a propsito da nova realidade que est a desafiar a argcia do jurista: "Probabilmente si former per qpera deIl'esperienza e del1a dottrina una nuova constrazione giuri dica che prenda in considerazione l'intero gruppo economico nessa sua costituzione e nel suo esercizio; forse si former una nuova disciplina legislativa in corrispondenza con. questa funzione unitaria, animata dallo scopo di regolare coIlettivamente Ia produzione. Si imporr alIora probabilmente aI gruppo una sppeciale denomninazione che non sia queIla og. gi imposta alIe anonime, ad evitare una pericolosa confusione fra le singole societ che esercitano un'industria, e quelIa centrale che si occupa deI finanziamento e deI regolamento di tutto quelIe comprese nel gruppo; si dar aI gruppo una sol direzione, si former anche un solo bilancio, eguali i benefici distribuibili fra gli azionisti reggruppati, un solo e totale controllo" (" Le societ finanziarie - holdings - e Ia loro responsabilit" - in Rivista deI Diritto Commerciale, voI. XXXIII, parte I, p. 593). Eis a algumas sugestes de um eminentssimo comercialis-:, ta. Podero elas constituir-se em ponto de partida. O contedo econmico do novo fenmeno vem sendo analisado pelos economistas, principalmente nste sculo e em consequncia da importncia que le assumiu na Amrica do Norte e em relao prpria economia mundial. A sua projeo no plano jurdico, entretanto, no tem atraido as atenes com idntica intensidade. Vivante profeca uma nova construo jurdica e uma nova disciplina legislativa como obra da experincia e da doutrina. Melhor diria, talvez, por meio de uma doutrina trabalhada pela experincia.,,#.;

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Ento, So Paulo, onde se concentram e se desenvoivem as

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foras produtivas mais importantes do pas, o campo natural e espontneo da experincia e da doutrina consequente. ns-

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DAS SOCIEDADES COLIGADAS,", ~, . .,', '_'.~.~M .'~. ... ,,_~~~,."'~.,.-