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spera-se pelas leis naturais que ohomem nasça, cresça e se desenvolvacumprindo seu ciclo vital. Almeja-seque o ser humano consiga, ao longoda vida, a elaboração para as suas
perdas, seus lutos, para preservar o seu mais pre-cioso dom. No entanto, não é raro encontraralguém angustiado e preocupado, perdendo partede sua beleza e de sua plenitude, podendo chegar auma doença mental, física, e, em casos extremos, osuicídio.
Segundo o psiquiatra Álvaro Ramos, a idade tam-bém está relacionada às taxas de suicídio, sendo
que a maioria dos casos ocorre na faixa dos 15 aos44 anos. Doenças físicas, tais como câncer, epilep-sia e AIDS ou doenças mentais, como alcoolismo,drogas, depressão e esquizofrenia, são fatores rela-cionados ao aumento das taxas.
O suicídio na juventudeConsidera-se o suicídio como a terceira causa de
morte entre os indivíduos dos 15 aos 24 anos, logodepois dos acidentes de trânsito e do homicídio.Estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que50% das tentativas de suicídio entre os adolescentessão realizadas como conseqüência do mau ambi-
LETÍCIA COUTO, MARINA VIEIRA, MICHELLE ZAJD E THIAGO LUCAS
Das crises de tristezaà morte intencional
A indesejada das gentes 49
A fuga de dificuldades emocionais vem elevandoas taxas de suicídio
ente familiar, que provoca uma desorganização napersonalidade em desenvolvimento na criança, edesequilibra de forma contínua o seu sistema ner-voso central.
Da perda da auto-estima à depressão: amaior vilã dos suicidas
“Não se pode esquecer que o suicídio não é nadamais que uma saída, uma ação, um término de con-flitos psíquicos”, disse Sigmund Freud, o pai da psi-canálise, em um dos seus primeiros estudos sobre ocaso. Responsabilidades de ordem material comochefes de família em ruína monetária, jogadore sdemasiado pressionados para o pagamento dassuas dívidas, e sem controle, transportam as mentesdesorientadas sem mecanismos de defesa à fuga, àsresponsabilidades existenciais, ao sofrimento e sen-tem que só lhes resta o recurso dam o rt e .
Segundo o relato de M.S., uma se-nhora que já tentou cometer o suicí-dio por três vezes, mas preferiu não seidentificar, o ato era sempre uma so-lução extrema para as maiores crisesde depressão.
– A minha fuga era o suicídio. Nãosei como não pensava no meu filho, mas achavaque só a morte solucionaria aquela minha tristezaprofunda.
Centro de Valorização da Vida (CVV)Em 1962, em São Paulo, foi fundado o Centro de
Valorização da Vida (CVV), em decorrência doaumento do suicídio nas grandes metrópoles, tendocomo objetivo a prevenção ao ato, através do apoioemocional oferecido por voluntários às pessoasangustiadas, solitárias ou mesmo sem vontade deviver. O CVV é reconhecido como Entidade deUtilidade Pública Federal e conta com 2.500 volun-tários e 57 postos distribuídos pelo Brasil, que estãogratuitamente à disposição de todos que sentemsolidão, angústia, desespero e desejam desabafar.
Segundo Rafael Alves Santos, voluntário do CVV,quando uma pessoa liga para desabafar, ela falasobre o que sente necessidade, conduzindo a li-gação.
– Elas falam de suas perdas, seja a da saúde, doa m o r, do s t a t u s, dos ganhos e deseus sentimentos relacionados aelas. As pessoas que verbalizamclaramente a idéia suicida são pou-cas. Poder desabafar reduz a poten-cialidade do ato, diz ele.
C h o ros excessivos, auto-mutila-ções, transgressões de leis e impul-sividade são alguns dos sintomas de
alguém que pode vir a se suicidar e, port a n t o ,devem ser tratados por profissionais especia-lizados.
Julho/Dezembro 200450
� Segundo as indicações da Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), o Brasilocupa o 70º lugar mundial em número de suicídios.� Mundialmente, o suicídio é a sétima causa mortis na população adulta. � Dados da O.M.S. mostram que ocorre um suicídio em alguma parte do pla-neta a cada 40 segundos.� Nos países bálticos e na Europa Oriental, cerca de 40 pessoas em cada 100 milse matam a cada ano. � Estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas tentem o suicídio a cada ano.� A região com menor incidência de suicídios é a América Latina. � Segundo dados da O.M.S., a incidência de suicídios no Brasil, em 2003, foi de6,6 por 100 mil entre homens e 1,8 em cada 100 mil no caso das mulheres.� Entre 1993 e 2003, 12.805 pessoas cometeram suicídio por armas de fogo no Brasil.
Suicídio: alguns números
“Poder desabafarreduz a
potencialidadedo ato”
Rafael Santos
Quino