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  • Direito Constitucional 161

    QUESTES

    1. PRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    01.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/ 2005)O jornal "O Globo" de 10 de dezembro de 2004 noticiou que, na vspera, a Associao dos Magistra-dos Brasileiros (AMB) havia entrado com uma ao direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, contra a criao do Conselho Nacional de Justia, por ser composto de integrantes de fora do Judicirio. A reao dos magistra-dos teria decorrido do ferimento do princpio constitucional da:

    (A) no-interveno.

    (B) cidadania.

    (C) independncia dos poderes.

    (D) livre manifestao do pensamento.

    (E) liberdade do exerccio de qualquer trabalho ou profis-so.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo tem um grau de dificuldade de mdio para alto, j que no se limita a cobrar o conhecimento do texto da Constituio, mas tambm a doutrina do denominado princpio da separao / independncia dos poderes, bem como algum conhecimento de atualidades. Histori-camente, no este o perfil predominante das ques-tes dos concursos do INSS.

    Alternativa correta C. Inicialmente, impor-tante esclarecer qual o alcance do princpio da sepa-rao dos poderes, que significa a diviso funcional do exerccio do poder poltico no mbito interno de cada Estado (pas), atribuindo-se cada funo gover-namental bsica a um rgo independente e espe-cializado.

    A partir das idias de Montesquieu (sec. XVIII), consenso que existem trs funes bsicas a serem desempenhadas pelo Estado: legislativa, executiva e judiciria. Cada rgo responsvel pelo desempenho de uma dessas funes recebe

    a denominao relacionada, qual seja, Poder Le-gislativo, Executivo e Judicirio.

    Assim, ao Poder Legislativo cabe legislar e fis-calizar; ao Poder Executivo, cabe administrar; e ao Poder Judicirio, cabe o papel de julgar.

    Vale, todavia, explicar que, embora as funes atribudas pelo Estado a cada Poder sejam bas-tante ntidas, todos realizam um pouco das fun-es reservadas aos outros, de maneira atpica.

    As funes atpicas de cada Poder (tpicas dos outros) demonstram a inexistncia de exclusivi-dade no desempenho das mesmas, sendo ver-dadeiro mecanismo de controle recproco entre os Poderes. Evita-se, com esse entrelaamento de funes, que um deles sobressaia perante os demais.

    o que o direito americano chama de cheks and balances, conhecido entre ns como sistema de freios e contrapesos.

    Nesse contexto, o art. 2, da Constituio Fe-deral declara que So Poderes da Unio, indepen-dentes e harmnicos entre si, O Legislativo, o Executivo e o Judicirio.

    Fala-se em independncia e harmonia entre os Poderes, ou seja, cada Poder desempenha suas funes de maneira autnoma e independente em relao aos demais Poderes, no havendo que se falar em qualquer relao de subordinao en-tre um e outro.

    Alm disso, essa independncia deve ser perme-ada pela relao de harmonia entre os Poderes, ou seja, as relaes devem se desenvolver com o neces-srio respeito institucional de cada Poder para com os demais.

    Diante de todo o exposto e analisando detida-mente o enunciado da questo, argumentou a AMB (Associao dos Magistrados Brasileiros), na ADI Ao Direta de Inconstitucionalidade, que afrontaria a idia de independncia entre os Poderes a existn-cia de rgo de controle do Poder Judicirio contan-do com a presena de pessoas no-integrantes deste

    Direito Constitucional

    Orman Ribeiro

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    Poder. Tal argumentao, no entanto, no foi acolhi-da pelo STF, que considerou constitucional a criao do CNJ Conselho Nacional de Justia.

    Alternativa A. A no-interveno est prevista pelo art. 4 da Constituio Federal como um dos princpios que regem a Repblica Federativa do Brasil nas suas relaes internacionais. Significa que o estado brasileiro no pode interferir em assuntos internos de outros pases, sob pena de desrespeitar a soberania alheia.

    Alternativa B. Cidadania um dos fundamen-tos da Repblica Federativa do Brasil, conforme o art. 1, II, da CF. Est ligada noo de direitos polticos, em nada se relacionando com o contexto da ques-to.

    Alternativa D. O art. 5, IV, da Constituio Federal, assegura entre os direitos fundamentais do cidado a liberdade de manifestao do pensamento, vedado o anonimato, o que tambm no se relacio-na com o enunciado da questo.

    Alternativa E. O art. 5, XIII, da Constituio Fe-deral, consagra a liberdade para o exerccio de qual-quer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as quali-ficaes profissionais que a lei estabelecer. Por conta deste dispositivo, no julgamento do RE 603583, em 2011, entendeu o STF ser constitucional o exame de ordem, realizado pela OAB Ordem dos Advogados do Brasil entre bacharis em Direito, como condio para o exerccio da advocacia.

    2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

    2.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-VOS

    01. (FCC Tcnico do Seguro Social INSS/2012)A garantia individual adequada para algum que sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua li berdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder,

    (A) o mandado de segurana.

    (B) o habeas data.

    (C) a ao civil pblica.

    (D) o habeas corpus.

    (E) o mandado de injuno.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: A questo tem nvel fcil e tra-ta dos remdios constitucionais, tema sempre co-brado em qualquer concurso. Exige o conhecimento superficial do art. 5 da Constituio Federal.

    Alternativa correta D. A situao menciona-da pelo enunciado se enquadra no quanto previsto pelo art. 5, LXVIII, da Constituio Federal, que trata do habeas corpus. Um dos remdios constitucionais, este instrumento se presta defesa da liberdade de

    locomoo, quando desrespeitada ou ameaada por ilegalidade ou abuso de poder. Pode ser preventivo (quando utilizado diante da simples ameaa) ou re-pressivo / liberatrio (quando utilizado aps o efeti-vo desrespeito ao direito de locomoo).

    Alternativa A. O Mandado de Segurana est previsto no artigo 5, LIX, da CF, e protege direitos lquidos e certos no amparados pelo habeas corpus (liberdade de locomoo) e habeas data (liberdade de informao pessoal). Pode ser impetrado por pes-soas fsicas e jurdicas, exigindo prova documental pr-constituda.

    Alternativa B. O habeas data est previsto no art. 5, LXXII, da CF, e protege especificamente a li-berdade de informao pessoal. Visa assegurar o conhecimento, pelo Impetrante, de informaes pessoais constantes de bancos de dados mantidos por entidades governamentais ou de carter pbico, como tambm retificar tais informaes.

    Alternativa C. A ao civil pblica encontra-se referida pelo art. 129, da CF, e serve para proteger direitos difusos e coletivos, a exemplo do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direitos do consumidor, entre outros pertencentes a coletivi-dades indeterminadas de indivduos.

    Alternativa E. O mandado de injuno cabvel quando a omisso legislativa inviabilizar o exerccio de direitos e liberdades previstas na CF, alm das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania. Est prevista pelo art. 5, LXXI, e um instrumento de controle da inconstitucionalidade por omisso.

    02. (FCC Tcnico do Seguro Social INSS/2012) Cinco amigos, moradores de uma favela, decidem criar uma associao para lutar por melhorias nas condies de saneamento bsico do local. Um poltico da regio, sa-bendo da iniciativa, informa-lhes que, para tanto, ser ne-cessrio obter, junto Prefeitura, uma autorizao para sua criao e funcionamento. Nesta hiptese,

    (A) os cinco amigos no conseguiro criar a associao, pois a Constituio Federal exige um nmero mni mo de dez integrantes para essa iniciativa.

    (B) a informao que receberam est errada, pois a Consti-tuio Federal estabelece que a criao de associaes independe de autorizao.

    (C) aps a criao da associao, os moradores da favela sero obrigados a se associarem.

    (D) o estatuto da associao poder prever atividades para-militares, caso essa medida seja necessria pa ra a prote-o de seus integrantes.

    (E) para iniciar suas atividades, a associao precisar, alm da autorizao da prefeitura, de um alvar ju dicial.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: O tema associaes um dos mais freqentes em meio s questes sobre os di-

  • Direito Constitucional 163

    reitos e deveres individuais e coletivos. Esta questo tem nvel fcil, j que pode ser respondida com o co-nhecimento puro e simples do texto da Constituio Federal (Art. 5, XVII a XXI).

    Alternativa correta B (o comentrio vlido tambm para a alternativa E). O art. 5, XVII, expresso, ao dizer que a criao de associaes no pode estar condicionada prvia autorizao esta-tal, sendo suficiente a manifestao de vontade dos associados. Ademais, o texto constitucional assegura a autonomia para o funcionamento das associaes, sem interferncias estatais.

    Alternativa A. No h na Constituio Federal qualquer exigncia quanto ao nmero mnimo de membros que a associao deva ter, sendo plena-mente possvel a sua criao pelos 05 (cinco) amigos.

    Alternativa C. O texto constitucional expres-so ao dizer que ningum ser obrigado a associar-se ou a permanecer associado (art. 5, XX).

    Alternativa D. A Constituio Federal probe textualmente que a associao atue de maneira pa-ramilitar, ou seja, com armas, utilizando-se de fora, intimidao e ameaa como mecanismos de ao (5, XVII).

    Alternativa E. Vide comentrio alternativa B.

    03.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/ 2005)Anthony S., nascido em Londres, Inglaterra, passou a residir no Brasil e naturalizou-se brasileiro. Restou comprovado que, antes da naturalizao, cometera o crime de furto em seu pas de origem. Em conseqncia, poder sofrer a pena de:

    (A) banimento.

    (B) deportao.

    (C) extradio.

    (D) expulso.

    (E) trabalhos forados.

    COMENTRIOS

    Alternativa correta C. A questo traz uma im-perfeio, j que o enunciado se referiu extradio como pena, o que no est tecnicamente correto. Com efeito, ela pode ser conceituada como a entrega de algum por um pas a outro, mediante solicitao, para viabilizar o seu processamento e eventual conde-nao. O art. 5, LI, da Constituio Federal prescreve que a regra geral a de que brasileiros no podem ser extraditados pelo Brasil, salvo os naturalizados em caso de crime comum, praticado antes da natu-ralizao, ou de comprovado envolvimento em trfi-co ilcito de entorpecentes e drogas afins. Percebe-se que a situao trazida pelo enunciado enquadra-se exatamente na hiptese de extradio de brasileiro naturalizado por crime comum praticado antes da sua naturalizao.

    Alternativas A e E. O banimento e os traba-lhos forados so modalidades de penas expressa-mente vedadas pela Constituio Federal, conforme art. 5, XLVII.

    Alternativas B e D. No se pode confundir a extradio, j conceituada acima, com a deportao ou com a expulso. Deportao a devoluo com-pulsria de um estrangeiro ao seu pas de origem quando estiver no Brasil em condio irregular. No depende de pedido do outro pas. J a expulso a retirada compulsria do estrangeiro do pas, quando este tiver praticado atos que atentem contra a segu-rana nacional, entre outras hipteses.

    04.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/ 2005)Os tratados e convenes internacionais so-bre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congres so Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s (aos):

    (A) leis complementares.

    (B) leis ordinrias.

    (C) emendas constitucionais.

    (D) decretos legislativos.

    (E) decretos-leis.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: A hierarquia dos tratados in-ternacionais tem sido tema freqente em concursos pblicos, sobretudo aps o advento da emenda constitucional n 45/2004, que acrescentou ao art. 5 da Constituio Federal o 3.

    Alternativa correta C (os comentrios servi-ro para todas as alternativas). A partir da Emen-da Constitucional n 45/2004, um grupo especfico de tratados internacionais, celebrados pelo Brasil, passou a ter hierarquia de emenda constitucional. Trata-se daqueles que tiverem por assunto DIREITOS HUMANOS e forem aprovados por 3/5 dos membros da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, em dois turnos em cada Casa (mesmo procedimento de aprovao das emendas constitucionais). o que prev expressamente o art. 5, 3, da CF. Os tratados que versarem sobre outros temas, segundo enten-dimento prevalente do STF, tero hierarquia de leis ordinrias.

    05.(Cespe Analista do Seguro Social INSS/2008)Em relao aos institutos do direito adquirido, da coisa julgada e do ato jurdico perfeito, julgue os itens a seguir, de acordo com o entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF).

    1. O princpio constitucional segundo o qual a lei nova no prejudicar o ato jurdico perfeito no se aplica s nor-mas infraconstitucionais de ordem pblica.

    2. As leis interpretativas que geram gravames so aplic-veis a fatos ocorridos a partir de sua entrada em vigor, mas no a situaes sujeitas ao domnio temporal exclu-

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    sivo das normas interpretadas, sob pena de violao ao ato jurdico perfeito.

    3. O direito aposentadoria regido pela lei vigente ao tempo da reunio dos requisitos da inatividade, inclu-sive quanto carga tributria incidente sobre os proven-tos.

    4. Os servidores pblicos de autarquias que promovem interveno no domnio econmico tm direito adqui-rido a regime jurdico.

    5. As normas constitucionais originrias podem alcanar fatos consumados no passado, se expressamente assim dispuserem, no podendo ser oposta coisa julgada, nem ato jurdico perfeito.

    6. As normas que alteram padro monetrio e, devido a essa alterao, estabelecem critrios de converso de valores se aplicam de imediato, no podendo a existn-cia de ato jurdico perfeito se opor a elas.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo tem um grau de dificuldade alto, j que demanda no somente o co-nhecimento do texto constitucional, mas tambm a doutrina e jurisprudncia do STF.

    1 Assertiva: Est errada. O art. 5, XXXVI, da Constituio Federal, protege o ato jurdico perfeito contra qualquer espcie de lei. Portanto, no dado lei, independentemente do tema por ela tratado, desrespeitar atos jurdicos perfeitos.

    2 Assertiva: Est correta. A regra geral esta-belecida pela Constituio Federal a de que a lei no pode retroagir no direito brasileiro, j que isso geraria, quase sempre, ofensa a direitos adquiridos, atos jurdicos perfeitos e coisa julgada. Todavia, em se tratando leis interpretativas, ou seja, que surgem com o objetivo de esclarecer a correta interpretao de outras leis j existentes, nada impede que estas retroajam, desde que isto no gere a aplicao de penalidades / gravames em decorrncia de fatos passados.

    3 Assertiva: Est errada. A carga tributria que incide sobre os proventos de aposentadoria pode ser alterada por legislao posterior, sem que isso gere qualquer ofensa a direito adquirido, ato jurdico per-feito ou coisa julgada. Esta a posio do STF, que considerou constitucional a EC 41/2003. Tal norma criou a contribuio para os aposentados pelo re-gime de previdncia social dos servidores pblicos, o que hoje se encontra previsto no art. 40, 18, da Constituio Federal.

    4 Assertiva: Est errada, j que o STF pacificou o entendimento de que no existe direito adquirido a regime jurdico (RE-AGR 403922/RS Relatora Mi-nistra Ellen Gracie).

    5 Assertiva: Est errada. As normas constitu-cionais originrias so aquelas inseridas no texto constitucional pelo Poder Constituinte Originrio, por ocasio da elaborao da Constituio. Este poder

    tem por uma de suas caractersticas principais o fato de ser ilimitado juridicamente, razo pela qual no se pode invocar direito adquirido, ato jurdico perfeito ou coisa julgada em face de uma nova Constituio.

    6 Assertiva: Est correta. Para o STF, no existe direito adquirido a padro monetrio (RE 114982/RS Relator Min. Moreira Alves).

    06.(Cespe Analista do Seguro Social INSS/2008) Em 2007, Lcio requereu aposentadoria por tem-po de servio perante o INSS por ter atingido a idade m-nima exigida para o benefcio e 35 anos de contribuio. O INSS indeferiu o requerimento porque no considerou o perodo trabalhado em XY Comrcio Ltda., tempo de servio reconhecido e anotado na carteira de trabalho de Lcio por fora de sentena trabalhista transitada em julgado. Ante tal indeferimento, o trabalhador solicitou ao INSS cpia do processo administrativo em que constava o indeferimento ou certido circunstanciada de inteiro teor do processo, mas o servidor que o atendeu recusou-se a lhe fornecer a docu-mentao solicitada.

    Considerando essa situao hipottica, julgue os seguin-tes itens.

    1. direito de Lcio o recebimento da certido, que deve retratar fielmente os fatos ocorridos no processo de requerimento de aposentadoria.

    2. Na hiptese em questo, Lcio poder impetrar man-dado de segurana para obter a certido.

    3. Na situao descrita, Lcio poderia ter seu pedido de aposentadoria atendido caso no obtivesse resposta nos 30 dias subseqentes ao requerimento, pois a omis-so do INSS em responder a pleito de aposentadoria em perodo superior a 30 dias implica o deferimento da pre-tenso.

    COMENTRIOS

    1 Assertiva: Est correta, j que o direito de obter certido em reparties pblicas, para a defesa de direitos ou para o esclarecimento de situaes de interesse pessoal, encontra-se expressamente asse-gurado pelo art. 5, XXXIV, da Constituio Federal.

    2 Assertiva: Est correta, j que o direito de certido lquido e certo, podendo ser amparado pelo mandado de segurana, como previsto expres-samente pelo art. 5, LIX, da Constituio Federal.

    3 Assertiva: Est errada. No h previso de deferimento tcito do pedido, em razo do silncio da Administrao Pblica, quer na Constituio ou em qualquer outra lei. Por isso, na hiptese levan-tada pela questo, o pedido de aposentadoria no seria deferido automaticamente.

    2.2. DIREITOS SOCIAIS

    07.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/ 2005)No incio de dezembro de 2004 foi entregue pelo Ministro do Trabalho ao Presidente da Repblica uma proposta de recomposio do salrio-mnimo. A idia, como noticiaram os jornais, criar um conselho que ser respons-

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    vel pela elaborao de uma poltica permanente de reajuste do mnimo, de acordo com o crescimento da economia, com a arrecadao da Previdncia e a execu o oramentria da Unio.

    Os reajustes peridicos do salrio-mnimo so, atual-men te, assegurados:

    (A) de forma expressa, pela Constituio Federal.

    (B) de forma expressa, pela legislao previdenciria.

    (C)de forma tcita, por regra programtica, na Constitui o Federal.

    (D) pela CLT, de forma expressa e anual.

    (E) pelo Decreto do Presidente Getlio Vargas, que o insti-tuiu.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo tem um nvel bastante simples, j que requer o conhecimento do texto da Constituio puro e simples.

    Alternativa correta A (os comentrios serviro para as demais alternativas, que tratam do mesmo tema). O art. 7, da Constituio Federal, traz uma lis-ta de direitos sociais pertencentes aos trabalhadores urbanos e rurais, entre os quais o direito ao salrio mnimo (inciso IV), com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo.

    08.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/ 2005)A Constituio da Repblica Federativa do Brasil assegura, entre os direitos dos trabalhadores, o direi-to de ao quanto aos crditos resultantes das relaes de trabalho com prazo prescricional de ______ anos para os trabalhadores urbanos e _______ anos para os trabalhado-res rurais, at o limite de ______ anos aps a extino do contrato de trabalho.

    Preenche corrretamente as lacunas acima a opo:

    (A) 3 - 2 - 2

    (B) 4 - 3 - 3

    (C) 5 - 2 - 2

    (D) 5 - 3 - 3

    (E) 5 - 5 - 2

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo tem nvel bastan-te baixo de aprofundamento. Requer do candidato apenas o conhecimento do texto da Constituio, sem qualquer aluso a doutrina ou jurisprudncia.

    Alternativa correta E (os comentrios servi-ro para todas as alternativas, por tratarem exa-tamente da mesma situao). Segundo o art. 7, XXIX, da CF, um dos direitos sociais dos trabalhado-res urbanos e rurais o direito de ao, quanto aos crditos resultantes das relaes de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-dores urbanos e rurais, at o limite de dois anos aps a extino do contrato de trabalho. No h diferen-a no prazo prescricional de 5 (cinco) anos entre os

    trabalhadores urbanos e rurais, como sugeriram as outras alternativas da questo.

    2.3. NACIONALIDADE

    09.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/ 2005) Andr L. nasceu na semana passada no Brasil, filho de Antoine L. e Marie L., que so franceses e re-sidem h cinco anos em uma capital brasileira, onde Antoi-ne exerce as funes de cnsul da Frana. Andr, segundo a Constituio da Repblica Federativa do Brasil, automa-ticamente, :

    (A) brasileiro nato, pela aplicao da regra do jus solis.

    (B) brasileiro nato, pela aplicao do chamado fator de nas-cimento.

    (C)brasileiro naturalizado, pela aplicao da regra do jus san-guinis.

    (D) estrangeiro, pela aplicao da exceo da regra do jus solis.

    (E) estrangeiro, pela aplicao da regra do jus solis combi-nada com a do jus sanguinis.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Temos aqui uma questo com nvel mdio, j que requer tanto o conhecimento do texto constitucional quanto conhecimentos de dou-trina. Chama-se de nacionalidade o vnculo jurdico que une a pessoa ao Estado, tornando-a parte inte-grante do seu povo. No Brasil, existem dois tipos de nacionalidade: a originria / primria (brasileiros na-tos) e a derivada / secundria / adquirida (brasileiros naturalizados). A diferena bsica que a nacionali-dade originria alcanada j no momento do nas-cimento, ao passo em que a derivada adquirida em outro momento ao longo da vida, por meio de um procedimento denominado naturalizao.

    Alternativa correta D (os comentrios ser-viro para todas as alternativas). A Constituio Federal adota dois critrios para a determinao da nacionalidade nata brasileira: o jus solis (territoriali-dade) e o jus sanguinis. O jus solis leva em conta o local / territrio do nascimento e est consagrado no art. 12, I, a, da CF, que prev que so brasileiros natos todos os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que es-tes no estejam a servio de seu pas. Portanto, basta nascer em solo brasileiro para que uma pessoa seja nata, com a nica exceo dos filhos de pais estran-geiros (ambos) que estejam aqui (pelo menos um deles) a servio do seu pas, como o diplomata. Foi exatamente a hiptese levantada pelo enunciado da questo. Por outro lado, o jus sanguinis leva em conta a filiao e, portanto, o sangue do indivduo. Por este critrio, o indivduo ser nato no por ter nascido em solo brasileiro, mas sim por ter sangue brasileiro (j que o pai ou a me brasileiro), mesmo tendo nascido no estrangeiro. Assim, a Constituio determina que so tambm brasileiros natos os nas-

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    cidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasi-leira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil, ou ainda os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Fede-rativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasi-leira (art. 12, I, b e c).

    2.4. DIREITOS POLTICOS

    10.(Cespe Analista do Seguro Social INSS/2008) Em relao a direitos polticos, cada um dos itens subsequentes apresenta uma situao hipottica seguida de uma assertiva a ser julgada.

    1. Jean Carlos nasceu na Frana, filho de pai brasileiro e me francesa, e, durante muitos anos, teve dupla cidada-nia. Em determinado momento, resolveu adotar unica-mente a cidadania francesa e, para tanto, abriu mo da nacionalidade brasileira. Entretanto, atualmente, tendo resolvido voltar a viver no Brasil, Jean Carlos pretende candidatar-se a cargo eletivo. Nessa situao, ele no poder faz-lo, pois a perda da nacionalidade brasileira em razo da opo manifestada pelo indivduo para aquisio da nacionalidade francesa traz como conse-qncia a extino dos direitos polticos no Brasil.

    2. Antnio, servidor pblico, foi condenado por impro-bidade administrativa em decorrncia de ato ilcito praticado no rgo em que estava lotado. Logo aps a sentena transitada em julgado, Antnio candidatou-se a deputado estadual. Nessa situao, a candidatura de Antnio pode ser impugnada pois a condenao por improbidade administrativa implica suspenso tempo-rria dos direitos polticos.

    3. Um grupo que rene lideranas comunitrias, empre-srios, estudantes e sindicalistas decidiu fundar partido poltico com atuao nacional. Concluda a elaborao dos documentos iniciais, representantes desse grupo dirigiram-se ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o objetivo de registrar os estatutos da nova agremiao para a organizao dos diretrios regionais. Nessa situa-o, o registro no TSE ainda no pode ser efetivado, pois, de acordo com a Constituio Federal, o partido deve, primeiro, adquirir personalidade jurdica, no caso, de direito pblico.

    COMENTRIOS

    1 Assertiva: est correta. A nacionalidade brasileira uma das condies de elegibilidade, se-gundo o art. 14, 3, da Constituio Federal, alm do pleno exerccio dos direitos polticos, alistamento eleitoral, domiclio eleitoral na circunscrio, filiao partidria e idade mnima de trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Repblica e Senador, trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz, dezoito anos para Vereador. Portanto, em regra, quem no possuir nacionalidade brasileira no poder candidatar-se a

    cargo eletivo. A alternativa analisada refere-se a um francs, deixando claro que ele no mais possui na-cionalidade brasileira. Portanto, no poder ser can-didato.

    2 Assertiva: Est correta. A improbidade ad-ministrativa uma das causas de suspenso dos direitos polticos, conforme o art. 15, IV, c/c art. 37, 4, da Constituio Federal. Quem tiver os direitos polticos suspensos deixar de preencher uma das condies de elegibilidade, que o pleno exerccio dos direitos polticos, como se viu nos comentrios assertiva anterior. Portanto, a candidatura poder ser impugnada.

    3 Assertiva. Est errada. De fato, o registro dos estatutos do novo partido poltico no TSE Tribu-nal Superior Eleitoral s poder ser realizado aps a aquisio da sua personalidade jurdica, conforme a previso do art. 17, 2, da CF. No entanto, esta personalidade jurdica no ser de direito pblico, como afirmado. Ao contrrio, o cdigo civil brasileiro (Lei n 10.406/2002), no seu art. 44, estabelece que os partidos polticos so pessoas jurdicas de direito privado.

    2.5. PARTIDOS POLTICOS

    11.(Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/2005) livre a criao, fuso, incorporao e extino de partidos polticos, resguardados a soberania nacional, o regime de mocrtico, o pluripartidarismo, os di-reitos fundamentais da pessoa humana e observado, entre outros, o preceito de:

    (A) acesso oneroso televiso.

    (B) funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

    (C) prestao de contas Justia Estadual.

    (D) possibilidade de recebimento de recursos financeiros de entidade estrangeira.

    (E) estatutos com autonomia, sem o estabelecimento de fidelidade partidria.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo tem um nvel f-cil, j que se limita a transcrever o texto da Constitui-o. Partidos Polticos so pessoas jurdicas de direito privado, criadas com o objetivo de participar da vida poltica nacional, pela busca da conquista do poder poltico.

    Alternativa correta B. O art. 17, da Constitui-o Federal, consagra o princpio da ampla liberda-de partidria, que significa a liberdade de criao, fuso, incorporao e extino de partidos polticos, resguardados a soberania nacional, o regime demo-crtico, o pluripartidarismo e os direitos fundamen-tais da pessoa humana. Segundo a CF, devem ain-da ser observados os seguintes preceitos: o carter nacional, a proibio de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou

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    de subordinao a estes, prestao de contas Jus-tia Eleitoral e o funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

    Alternativa A. O mesmo art. 17, no seu 3, assegura aos partidos polticos o acesso gratuito ao rdio e televiso, na forma da lei, permitindo-lhes a divulgao de suas ideias e propostas.

    Alternativa C. Como se viu nos comentrios alternativa B, a CF exige que os partidos polticos prestem contas justia eleitoral, e no estadual, como afirmado pela questo.

    Alternativa D. Tambm nos comentrios alternativa B, ficou claro que a CF probe expressa-mente que os partidos polticos recebam recursos de entidade estrangeira.

    Alternativa E. Ao contrrio do que afirmou a questo, segundo a CF, normas de fidelidade e dis-ciplina partidria devero constar dos estatutos dos partidos polticos, por expressa determinao do art. 17, 1, da CF.

    3. ORGANIZAO DO ESTADO.

    3.1. REPARTIO CONSTITUCIONAL DE COMPE-TNCIAS

    01.(Cespe Analista do Seguro Social INSS/2008)No que concerne autonomia e competncia de estados e municpios, assim como competncia da Unio, julgue os itens que se seguem.

    1. Os estados podem, por meio de lei, anistiar seus servido-res de ilcitos penais praticados contra a administrao pblica estadual.

    2. Na repartio vertical de competncias, a teoria dos poderes remanescentes assegura aos municpios as competncias legislativas que no sejam reservadas Unio ou aos estados.

    3. constitucional lei municipal que disponha sobre a fixa-o do tempo mximo que o pblico pode esperar por atendimento em agncias bancrias localizadas em seu territrio.

    4. Os municpios com mais de 1 milho de habitantes podem, por meio de lei complementar, criar seus conse-lhos de contas.

    5. As comisses parlamentares de inqurito so conse-qncia do sistema de freios e contrapesos adotado pela Constituio Federal.

    COMENTRIOS

    1 Assertiva: Est errada. Segundo a Constitui-o, somente a Unio tem competncia para legislar sobre direito penal e, em especial, a concesso de anistia. o que determinam os arts. 22, I, c/c 48, VIII. Portanto, lei estadual tratando do tema seria incons-titucional e, portanto, invlida.

    2 Assertiva: Est errada. Competncias rema-nescentes / residuais / subsidirias so aquelas que

    no esto indicadas expressamente pela Constitui-o Federal, sendo estabelecidas por excluso. Esto referidas pelo art. 25, 1, e pertencem aos Estados. Ao contrrio do que afirmou a assertiva, os Munic-pios possuem competncias expressas, e no rema-nescentes, que esto elencadas no art. 30 da CF.

    3 Assertiva: Est correta, com base na jurispru-dncia consolidada do STF. O tribunal j decidiu que tema de interesse local a fixao, por lei municipal, de prazo razovel para o atendimento dos cidados nas agncias bancrias (RE 251.542/SP, rel. Min. Celso de Mello, 01.07.2005). Considerando que os Munic-pios tm competncia para legislar sobre assuntos de interesse local, conforme previso expressa do art. 30, I, da Constituio Federal, a lei seria plena-mente constitucional.

    4 Assertiva: Est errada. O art. 31, 4, da Cons-tituio Federal, probe expressamente a criao pe-los Municpios de Conselhos de Contas Municipais, independentemente da sua populao. importante salientar que os Tribunais de Contas dos Municpios (TCMs), existentes em alguns Estados brasileiros, so rgos do Estado e no dos Municpios. As excees so os Municpios de So Paulo e Rio de Janeiro, que possuem tribunais de contas municipais (rgos do Municpio) desde antes do advento da atual Consti-tuio, que continuaram a existir.

    5 Assertiva: Est correta. Chama-se de sistema de freios e contrapesos a existncia de mecanismos de controle recproco entre os trs poderes, a partir da teoria da Separao dos Poderes. Neste contex-to, as CPIs Comisses Parlamentares de Inqurito so criadas pelo Poder Legislativo com poderes de investigao prprios das autoridades judiciais, e so instrumentos de fiscalizao / controle do Poder Executivo.

    3.2. ADMINISTRAO PBLICA.

    02. (FCC Tcnico do Seguro Social INSS/2012)Cargos pblicos, segundo a Constituio Federal,(A) so preenchidos apenas por candidatos aprovados em

    concurso pblico de provas e ttulos.

    (B) podem ser acumulados, inclusive de forma remune rada, na hiptese de serem dois cargos de profes sor com outro, tcnico ou cientfico, desde que haja compatibi-lidade de horrios.

    (C) impedem que o servidor pblico civil exera o direito livre associao sindical.

    (D) em nenhuma hiptese so acessveis a estran geiros.

    (E) proporcionam estabilidade ao servidor nomeado em carter efetivo, aps trs anos de efetivo exerccio e mediante avaliao especial de desempenho por co mis-so instituda para essa finalidade.

  • 168 Orman Ribeiro

    COMENTRIOS

    Nota do autor: A questo trata do tema Ad-ministrao Pblica, que cobrado em concursos tanto em Direito Constitucional quanto em Direito Administrativo. Para as questes da disciplina Di-reito Constitucional, suficiente que o candidato conhea e esteja familiarizado com os arts. 37 a 41 da Constituio Federal. J em Direito Administrati-vo, as questes podem cobrar tambm a legislao comum sobre o tema, a exemplo das leis 8.666/93 (Lei de Licitaes), 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Pblicos Civis da Unio), entre outras.

    Alternativa correta E. Segundo o art. 41 da Constituio Federal, a garantia da estabilidade so-mente adquirida aps 03(trs) anos de efetivo exer-ccio pelos servidores pblicos ocupantes de cargo efetivo, provido atravs de concurso pblico. No referido dispositivo constitucional, h ainda a regra de que condio para a aquisio da estabilidade a criao de uma comisso especial de avaliao do servidor.

    Alternativa A. Embora a regra seja a de que so-mente os aprovados em concursos pblicos podero ocupar cargos pblicos, a Constituio prev algu-mas excees, a exemplo dos cargos em comisso, de livre nomeao e livre exonerao. Estes podero ser ocupados por pessoas de fora da administrao pblica, conforme o art. 37, II e V.

    Alternativa B. O art. 37, XVI, da Constituio Federal, estabelece como regra a impossibilidade de acumulao remunerada de cargos pblicos, com algumas poucas excees, vlidas apenas se houver compatibilidade de horrios. Entre elas, existe a pos-sibilidade de acumulao de dois cargos de profes-sor, ou a acumulao de um cargo de professor com outro, tcnico ou cientfico. No possvel, portanto, a acumulao de trs cargos pblicos, sendo dois de professor e outro tcnico ou cientfico, como afirmou a alternativa.

    Alternativa C. O direito livre associao sin-dical est expressamente assegurado pela Constitui-o Federal ao servidor pblico civil, conforme o art. 37, VI.

    Alternativa D. Estrangeiros tambm podem ocupar cargos pblicos no Brasil, na forma da lei, conforme o previsto pelo art. 37, I, da Constituio Federal.

    3.2.1. SERVIDORES PBLICOS

    03. (Cespe Analista do Seguro Social INSS/2008)Com base nos princpios constitucionais que regem os servidores pblicos, julgue os itens subseqentes.

    1. O servidor que ocupa apenas cargo temporrio de livre nomeao e exonerao, ao se aposentar, estar sujeito ao regime geral de previdncia social.

    2. possvel, para efeitos de aposentadoria, a contagem em dobro do tempo de servio prestado s Foras Arma-das por pessoa que ingressou no servio pblico, com 21 anos de idade, em 1. de janeiro de 1999.

    3. O comportamento omissivo do presidente da Repblica no que se refere deflagrao do processo legislativo para a reviso geral de vencimento dos servidores pbli-cos no implica o dever de a Unio indenizar por perdas e danos.

    4. A parcela correspondente ao cargo comissionado acres-cida ao vencimento de servidor que tambm ocupa cargo efetivo integra a base de clculo de sua contribui-o previdenciria.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Embora esta questo esteja na parte de Direito Constitucional, ela se relaciona com o Direito Administrativo, por envolver o conhecimen-to da legislao especfica.

    1 Assertiva: Est correta. De fato, a Constitui-o Federal estabelece que, ao ocupante de cargo em comisso ou cargo temporrio, ser aplicado o RGPS Regime Geral de Previdncia Social, por ex-pressa determinao do art. 40, 13.

    2 Assertiva: Est errada. A contagem em dobro do tempo de servio s Foras Armadas s poss-vel em operaes de guerra (o art. 103, 2, da Lei 8.112/90), o que no foi mencionado pela questo. Esta se referiu a tempo de servio, e no de con-tribuio, hiptese em que tambm estaria errada, mas por outro fundamento. que o art. 40, 10, da CF, acrescentado em 15 de dezembro de 1998, pela emenda constitucional n 20, probe expressamente qualquer forma de contagem de tempo de contri-buio fictcio.

    3 Assertiva. Est correta. O STF possui posio consolidada no sentido de que no se configura o dever de indenizar na hiptese de omisso legisla-tiva decorrente da falta de deflagrao do processo legislativo para a reviso geral de vencimento dos servidores pblicos (RE 424584/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Joaquim Bar-bosa, 17.11.2009. (RE-424584)).

    4 Assertiva: Est errada. A base de clculo para a contribuio previdenciria do servidor p-blico efetivo apenas o valor da sua remunerao, que, segundo o art. 41, da Lei 8.112/90, abrange a soma do vencimento (valor base) com as vantagens pecunirias permanentes institudas por lei. Como a parcela correspondente ao cargo comissionado no tem natureza permanente, j que tais cargos so de livre nomeao e exonerao, no faz parte da remu-nerao e, portanto, no integra a base de clculo da contribuio previdenciria.

  • Direito Constitucional 169

    4. PODER LEGISLATIVO.

    4.1. PROCESSO LEGISLATIVO

    01. (Cesgranrio Analista Previdencirio INSS/2005)Um Deputado Federal conseguiu aprovar no Congresso Nacional projeto de sua iniciativa concedendo determina dos benefcios aos idosos, ainda no previstos na le gislao em vigor. O projeto de lei foi encami-nhado ao Presidente da Repblica para sano e decorreram vinte dias sem qualquer soluo. O silncio do Presidente da Repblica, no caso, importa em:

    (A) veto total.

    (B) veto parcial.

    (C) sano expressa.

    (D) sano tcita.

    (E) promulgao expressa.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo tratou do Proces-so Legislativo, tema sempre cobrado em concursos. A sano significa a manifestao de concordncia do Presidente da Repblica em relao aos termos do projeto de lei, ao passo em que o veto significa a sua discordncia em relao ao projeto.

    Alternativa correta D (os comentrios ser-viro para as demais alternativas). Ao tratar do processo legislativo das leis complementares e or-dinrias, a Constituio Federal estabelece, no art. 66, que os projetos aprovados pelo Congresso sero submetidos sano ou veto pelo Presidente da Re-pblica no prazo de quinze dias teis. Passado esse prazo e no havendo manifestao expressa de sua parte, o silncio importar sano, que, por decorrer do silncio, ser chamada de sano tcita.

    5. TRIBUTAO E ORAMENTO

    5.1. LIMITAES DO PODER DE TRIBUTAR

    01.(Cespe Analista do Seguro Social INSS/2008)Considerando o entendimento jurisprudencial do STF, julgue os itens seguintes, que versam sobre as limita-es constitucionais ao direito de tributar.

    1. A fundao pblica mantenedora da Universidade de Braslia tem imunidade tributria em relao a taxa de limpeza pblica instituda pelo Distrito Federal.

    2. possvel que tratado internacional incorporado ao ordenamento brasileiro conceda iseno de imposto sobre circulao de mercadorias e prestaes de ser-vios de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicao (ICMS) sobre veculos importados.

    3. A imunidade tributria concedida a jornais no alcana a tinta utilizada para a impresso.

    4. A contribuio social criada por lei publicada em 20 de dezembro de determinado ano somente poder ser exi-gida em 1. de janeiro do ano seguinte.

    5. As medidas necessrias ao esclarecimento dos consumi-dores acerca dos impostos que incidam sobre mercado-rias e servios devem ser determinadas por lei.

    COMENTRIOS

    Nota do autor: Esta questo, embora tenha sido cobrada na prova de direito constitucional, est relacionada com o direito tributrio e tratou do tema limitaes constitucionais ao poder de tributar, ou seja, artigos 150 e 151, da Constituio Federal.

    1 Assertiva: Est errada. A imunidade tribut-ria referida, que de fato abrange as fundaes, diz respeito apenas aos impostos, no contemplando as taxas, que so outra modalidade de tributo. o que prev o art. 150, VI c/c 2, da Constituio Federal.

    2 Assertiva: Est correta. O art. 150, III, da Constituio Federal, probe a Unio de estabele-cer isenes tributrias em relao aos tributos da competncia dos outros entes federativos, como o caso do ICMS, que da competncia dos Estados. Tal proibio visa proteger a autonomia de cada ente federativo, caracterstica elementar da Federao. A questo se refere, no entanto, a tratados interna-cionais, que so celebrados pelo pas, ou seja, pela Repblica Federativa do Brasil, e no pela Unio em nome prprio. Ela atua como mero instrumento do pas, j que age em nome deste. Portanto, os trata-dos internacionais que eventualmente estabeleam isenes tributrias para quaisquer dos entes federa-tivos so possveis e no geraro qualquer afronta s suas autonomias.

    3 Assertiva: Est correta. Esta assertiva merece toda a nossa ateno. Refere-se imunidade tribut-ria prevista no art. 150, VI, d, da Constituio Federal, ou seja, est proibida a instituio de impostos, pela Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal, obre livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso. Teve a Constituio o claro objetivo de es-timular a propagao cultural como instrumento de desenvolvimento e evoluo da sociedade. Em 2008, poca em que a prova foi aplicada, entendia o STF que a imunidade em questo somente se referia a filmes e papis fotogrficos necessrios publicao de jornais e peridicos (Smula 657). Ocorre que, no ano de 2011, a corte decidiu que a imunidade refe-rida deve ser interpretada ampliativamente, abran-gendo produtos, maquinrios e insumos (Recurso Extraordinrio 202.149/RS), o que parece ser uma tendncia jurisprudencial. Da porque nos parece que o gabarito da assertiva, nos dias atuais, teria que ser ERRADA, j que as tintas usadas na impresso so um insumo imprescindvel confeco do livro, abrangidas, portanto, pela imunidade.

    4 Assertiva: Est errada. As contribuies so-ciais somente podem ser cobradas aps 90 dias da data da publicao da lei que as houver institudo, por fora do art. 195, 6, da Constituio Federal.

  • 170 Orman Ribeiro

    5 Assertiva: Est correta. A assertiva pratica-mente transcreve o art. 150, 5, da Constituio Federal, que prescreve que A lei determinar me-didas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e servios.

    DICAS

    1. PRINCPIOS FUNDAMENTAIS:

    O art. 2, da CF, declara que So Poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judicirio. So comuns questes de prova reproduzindo este texto, mas trocando as palavras independentes e/ou harmnicos por autnomos.

    No ttulo I da Constituio Federal (Dos Princpios Fundamentais), importante ficar atento aos fundamentos da Repblica Federativa do Brasil, presentes no art. 1, I a V. Veja o quadro:

    Os fundamentos da Repblica Federativa do Brasil so cinco pilares que vo nortear a interpretao e aplicao de todas as outras normas da Lei Maior. Portanto, se irra-diam por todas as suas outras partes.

    Fundamentos

    A soberania

    A cidadania

    A dignidade da pessoa humana

    Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

    O pluralismo poltico

    2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

    2.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-VOS

    O banimento, tambm chamado de degredo, significa obrigar um brasileiro a deixar o pas, o que inadmissvel em tempos de democracia.

    Acerca dos tratados internacionais celebrados pelo Brasil, questo polmica reside na anlise da hierarquia daqueles que versarem sobre direitos humanos, mas no forem aprovados por 3/5 (trs quintos) dos membros da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, em 2 (dois) turnos em cada Casa. Embora haja entendimentos divergentes, hoje o STF entende que os mesmo possuem sta-tus supra legal, ou seja, esto hierarquicamente superiores aos demais tratados e leis infraconsti-tucionais, sem, contudo, possurem hierarquia de emendas constitucionais.

    Veja a ilustrao abaixo:

    CF/88: Emendas Constitucionais e Tratados Internacionais sobre Direitos Humanos, aprovados por 3/5 dos membros de cada casa do Congresso Nacional.

    Tratados sobre Direitos Humanos no aprovados pelo proce- dimento das ECs

    Tratados sobre outros temas + legislao infraconstitucional.

    Costuma-se chamar de remdios constitucionais os instrumentos postos pela Carta Magna dis-posio dos cidados para solucionar situaes de eventual desrespeito a direitos fundamentais. So os seguintes:

    REMDIO CONSTITUCIONAL FINALIDADE

    Habeas Corpus (Art. 5, LXVIII)

    Proteo da liberdade de loco-moo

    Habeas Data (Art. 5, LXXII)

    Proteo da liberdade de infor-mao pessoal

    Mandado de Segurana

    (Art. 5, LXIX e LXX)

    Proteo de direitos lquidos e certos, exceto locomoo e in-formao pessoal

    Ao Popular (Art. 5, LXXIII)

    Fiscalizao do Poder Pblico quanto aos valores moralidade administrativa, patrimnio pbli-co, patrimnio histrico / cultural e meio ambiente

    Mandado de Injuno

    (Art. 5, LXXI)

    Controle da inconstitucionalida-de por omisso, quando a falta de lei inviabilizar o exerccio de direitos previstos pela CF

    Direito de Petio (Art. 5, XXXIV, a)

    Formulao de pedido ao Poder Pblico denunciando ilegalidade ou para a defesa de direitos

    Direito de Certido

    (Art. 5, XXXIV, b)

    Esclarecimento de situao de interesse pessoal em reparties pblicas ou para a defesa de di-reitos

    Quase todos os remdios constitucionais so uti-lizados perante o Poder Judicirio, assumindo a forma de processos judiciais. As excees so o Direito de Petio e o Direito de Certido, am-bos utilizados perante a Administrao Pblica, no sendo aes judiciais.

    A maior parte dos direitos elencados pelo art. 5 da CF possui aplicabilidade imediata, ou seja, no

  • Direito Constitucional 171

    dependem de leis regulamentadoras para que produzam seus efeitos essenciais.

    Os direitos fundamentais possuem as seguintes caractersticas;

    a) Relatividade no existem direitos fundamen-tais absolutos na Constituio, j que o exerccio de qualquer direito estar sempre limitado aos direitos alheios;

    b) Imprescritibilidade so imprescritveis, j que esto sujeitos a prazos para o seu exerccio;

    c) Historicidade possuem carter histrico, j que foram sendo consolidados ao longo de toda a evoluo histrica das sociedades mundiais;

    d) Irrenunciabilidade no se pode renunciar a um direito fundamental, embora o seu titular possa resolver no exerc-lo, hiptese em que o direito continuar sua disposio. A renncia seria irretratvel e definitiva;

    e) Inalienabilidade no so passveis de negocia-o. No se pode vender um direito fundamental;

    f) Indisponibilidade so indisponveis, j que ningum pode dispor de um direito fundamental alheio.

    Pessoa jurdicas (inclusive as de direito pblico) podem ser titulares de direitos fundamentais, desde que compatveis com sua natureza (Ex. di-reito de informao perante rgos pblicos).

    Estrangeiros no-residentes no pas tambm so titulares de direitos fundamentais no Brasil.

    2.2. DIREITOS SOCIAIS

    Quase todos os direitos sociais surgiram no mo-mento histrico do Estado Social (fim do sculo XIX e incio do sculo XX), cuja principal carac-terstica era o fato de praticar atos de interven-o nas relaes sociais privadas, ao contrrio do Estado Liberal (sculo XVIII). Por tal razo, o contedo dos direitos sociais positivo, ou seja, consistem em aes do Estado em benefcio dos cidados.

    O art. 7 da Constituio Federal, que elenca os direitos sociais referentes ao trabalhador, no es-tabelece qualquer distino entre trabalhadores urbanos e rurais. Portanto, ambos possuem os mesmos direitos ali anunciados.

    O art. 7, nico, da CF, elenca os direitos sociais assegurados categoria dos trabalhadores do-msticos, o que sempre cobrado em provas de concursos. Veja o quadro a seguir:

    DIREITOS SOCIAIS ASSEGURADOS AOS TRABALHADORES DOMSTICOS (ART. 7, NICO):

    IV salrio mnimo, fixado em lei, nacionalmente unifica-do, capaz de atender a suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sa-de, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia so-cial, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim;

    VI irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo coletivo;

    VIII dcimo terceiro salrio com base na remunerao integral ou no valor da aposentadoria;

    XV repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

    XVII gozo de frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais do que o salrio normal;

    XVIII licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de cento e vinte dias;

    XIX licena-paternidade, nos termos fixados em lei;

    XXI aviso prvio proporcional ao tempo de servio, sendo no mnimo de trinta dias, nos termos da lei;

    XXIV aposentadoria;

    E mais a integrao Previdncia Social.

    O art. 8 da Constituio prev a criao de sindi-catos representativos dos interesses das diversas categorias profissionais, estando assentado que a lei no pode exigir autorizao do Estado para tal criao. De igual modo, uma vez criado, o sindica-to ter autonomia para regrar sua prpria rotina e para estabelecer suas prprias prioridades, sendo vedado ao Estado interferir no seu funcionamento.

    O direito de greve dos trabalhados da iniciativa privada est previsto no art. 9, da CF, e j foi de-vidamente regulamentado pela Lei n 7.783/89. Conforme entendimento do STF, esta norma vem sendo usada, por analogia, para reger a greve do setor pblico, prevista no art. 37, VII, da CF, e ain-da no regulamentada por lei.

    2.3. NACIONALIDADE Ateno para a relao de cargos privativos de

    brasileiros natos, tema sempre presente em con-cursos. Veja o quadro:

    CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS (ART. 12, 3, DA CF):

    I de Presidente e Vice-Presidente da Repblica;

    II de Presidente da Cmara dos Deputados;

    III de Presidente do Senado Federal;

    IV de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

    V da carreira diplomtica;

    VI de oficial das Foras Armadas;

    VII de Ministro de Estado da Defesa

  • 172 Orman Ribeiro

    O art. 103-B, 1, da CF, estabelece que o Presidente do STF Supremo Tribunal Federal ser o Presidente do CNJ Conselho Nacional de Justia. Por consequncia, correto afirmar que o cargo de Presidente do CNJ tambm privativo de brasileiro nato.

    Na mesma linha de raciocnio, o art. 119, nico, da CF, estabelece que o Presidente e o Vice-Presidente do TSE Tribunal Superior Eleitoral devem ser escolhidos, necessariamente, entre Ministros do STF. Portanto, so tambm cargos privativos de brasileiros natos.

    Nacionalidade

    Brasileiro Nato Nacionalidade

    Originria (nascimento)

    Jus solis ou territorialidade

    Nascidos no Brasil, ainda que de pais

    estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas

    Naturalizao Ordinria

    Brasileiro Naturalizado Nacionalidade Secundria (ato de vontade ao longo

    da vida)

    Jus sanguinis

    Nascidos no estran-geiro de pai ou me brasileiro, desde que sejam registrados em repartio brasileira

    competente ou venham a residir no Brasil e

    optem, em qualquer tempo, depois de atin-gida a maioridade, pela nacionalidade brasileira

    Concedida a estrangei-ros que, na forma da lei, adquiriram a nacionali-

    dade brasileira

    Nascidos no estran-geiro, de pai ou me brasileira, desde que

    qualquer deles esteja a servio do Brasil

    Concedida a pessoas originrias de pases de lngua portuguesa com

    residncia por 1 ano ininterrupto no Brasil e

    idoneidade moral.

    Naturalizao Extraordinria

    Concedida ao estran-geiro residente no Pas h mais de 15 (quinze)

    anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira

    2.4. DIREITOS POLTICOS:

    O Art. 14, 3, da CF, elenca as condies de elegibilidade, sempre cobradas em provas de concursos. Veja o quadro:

    Condies de Elegibilidade

    Nacionalidade brasileira

    Idade mnima exigida para cada cargo

    Pleno exerccio dos direitos polticos

    Alistamento eleitoral

    Filiao partidria

    Domiclio eleitoral na circunscrio

  • Direito Constitucional 173

    Vamos memorizar a idade mnima exigida para cada cargo eletivo:

    35 anos

    Presidente da Repblica

    Vice-Presidente da Repblica

    Senador

    30 anos Governador de Estado e DF

    Vice-Governador de Estado e DF

    21 anos

    Deputado Federal

    Deputado Estadual ou Distrital

    Prefeito

    Vice-Prefeito

    Juiz de Paz

    18 anos Vereador

    O art. 14, 4, da CF, traz as inelegibilidades abso-lutas, que so situaes que retiram do indivduo a possibilidade de se eleger para qualquer cargo poltico. Trata-se dos inalistveis (estrangeiros e conscritos) e dos analfabetos.

    Os analfabetos e os maiores de dezesseis e me-nores de dezoito anos possuem o alistamento eleitoral e o voto facultativos, conforme o dis-posto no art. 14, 1, da CF. Portanto, possuem a cidadania ativa (direito de votar), mas no possuem a cidadania passiva (direito de serem votados).

    Os chefes de Poder Executivo (Presidente da Re-pblica, Governadores de Estados, do Distrito Fe-deral e Prefeitos) podem ser reeleitos uma nica vez para o perodo imediatamente subseqente (art. 14, 5, da CF). O mesmo no se aplica aos Deputados, Senadores e Vereadores, para os quais no h qualquer limite constitucional quan-to quantidade de reeleies consecutivas.

    Alm das inelegibilidades trazidas pela Consti-tuio Federal, o art. 14, 9, permite expressa-mente que lei complementar traga outros casos, a fim de proteger a moralidade administrativa e a probidade para o exerccio do mandato, consi-derada a vida pregressa do candidato. Foi o que ocorreu com o advento da lei da ficha limpa (LC 135/2010).

    O art. 15 da Constituio Federal expressamente veda a cassao de direitos polticos, mas permi-te a sua perda ou suspenso, nas seguintes hip-teses:

    PERDA DOS DIREITOS POLTICOS

    SUSPENSO DOS DIREI-TOS POLTICOS

    I cancelamento da na-turalizao por sentena transitada em julgado;

    II incapacidade civil ab-soluta;

    IV recusa de cumprir obrigao a todos imposta ou prestao alternativa, nos termos do art. 5, VIII;

    III condenao criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

    -V improbidade adminis-trativa, nos termos do art. 37, 4.

    2.5. PARTIDOS POLTICOS

    Partidos polticos so agrupamentos de indiv-duos, unidos por uma mesma ideologia poltica, que se organizam juridicamente para a participa-o na vida poltica do pas. Tm como objetivo a propagao de idias e a conquista do poder poltico.

    No Brasil, no possvel a existncia de candida-turas avulsas, razo pela qual se costuma afirmar que os partidos polticos possuem o monoplio das candidaturas.

    Possuem natureza jurdica de direito privado, como determina a Lei n 9.096/95, que regula-menta sua organizao e funcionamento, logo no seu art. 1:

    Art. 1 O partido poltico, pessoa jurdica de direito privado, destina-se a assegurar, no interesse do regime democrtico, a autenticidade do sistema representati-vo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituio Federal.

    Existem trs modelos possveis de organizao partidria: Unipartidarismo, Bipartidarismo e Plu-ripartidarismo.

    A) Unipartidarismo o modelo poltico em que h um partido poltico nico. Tpico de regimes autoritrios, em que s se admite um partido, que defende e divulga a ideologia do grupo pol-tico dominante.

    B) Bipartidarismo Modelo em que h dois gran-des partidos polticos, com programas bem de-finidos e distintos, e que se revezam na titula-ridade do poder poltico. Este modelo admite a presena de outros partidos polticos, mas sem qualquer representatividade poltica. Ex. EUA

    C) Pluripartidarismo ou Multipartidarismo o modelo onde existe o princpio da ampla liberda-de partidria, que admite a co-existncia de in-meros partidos polticos, representantes de todas as correntes poltico-ideolgicas da sociedade. Adotado no Brasil em decorrncia direta do art. 1, V (pluralismo poltico).

  • 174 Orman Ribeiro

    3. ORGANIZAO DO ESTADO

    3.1. REPARTIO CONSTITUCIONAL DE COMPE-TNCIAS

    So 04 (quatro) os componentes da Federao brasileira: Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal, todos dotados de autonomia poltico--administrativa.

    A autonomia poltica e administrativa confere s entidades componentes da Federao brasileira uma trplice capacidade: auto-governo (possi-bilidade de eleger os prprios representantes polticos), auto-administrao (possibilidade de administrar sua prpria engrenagem administra-tiva) e auto-organizao (possibilidade de fazer leis prprias).

    Ateno para o fato de que as entidades compo-nentes da Federao brasileira inclusive a Unio possuem apenas autonomia, e no soberania, que atributo da Repblica Federativa do Brasil (nome oficial do Estado Brasileiro).

    A Unio (dotada de autonomia), que pessoa jurdica de direito pblico interno, no pode ser confundida com o Estado brasileiro (dotado de soberania), que pessoa jurdica de direito pbli-co externo.

    Ateno tambm ao fato de que os Territrios no fazem parte desta composio poltico-ad-ministrativa, pois eles, quando existentes, inte-gram a Unio. No so, portanto, componentes autnomos da Federao brasileira.

    Os arts. 21 a 24 da Constituio trazem as compe-tncias da Unio. A palavra competncia empre-gada pela Constituio no sentido de atribuio para tratar de certo assunto.

    Qualquer competncia pode ter diferentes carac-tersticas. Veja o resumo a seguir:

    a) Competncias exclusivas: so as que nunca per-mitem delegao (transferncia). Ex: art. 21.

    b) Competncias privativas: so as que permitem delegao, mas s nas hipteses previstas ex-pressamente pela Constituio. Ex: art. 22.

    c) Competncias legislativas: so as que consis-tem em fazer leis. Ex: arts. 22 e 24.

    d) Competncias administrativas ou materiais: so as que consistem na prtica de atos de natu-reza administrativa ou poltica, e no de natureza legislativa. Ex: Arts. 21 e 23.

    e) Competncias comuns: So as que pertencem ao mesmo tempo Unio, aos Estados, Munic-pios e Distrito Federal e que possuem natureza administrativa. Esto elencadas no art. 23.

    f) Competncias concorrentes: So as que perten-cem ao mesmo tempo Unio, aos Estados e ao

    Distrito Federal e que possuem natureza legislati-va. Esto elencadas no art. 24.

    muito freqente a cobrana em concursos do art. 30, da Constituio Federal, que elenca as competncias dos Municpios:

    I legislar sobre assuntos de interesse local;

    II suplementar a legislao federal e a estadual no que couber;

    III instituir e arrecadar os tributos de sua competncia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuzo da obriga-toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

    IV criar, organizar e suprimir distritos, observada a le-gislao estadual;

    V organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, os servios pblicos de interes-se local, includo o de transporte coletivo, que tem car-ter essencial;

    VI manter, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, programas de educao infantil e de ensino fundamental;

    VII prestar, com a cooperao tcnica e financeira da Unio e do Estado, servios de atendimento sade da populao;

    VIII promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano;

    IX promover a proteo do patrimnio histrico-cul-tural local, observada a legislao e a ao fiscalizadora federal e estadual.

    3.2. ADMINISTRAO PBLICA

    Os princpios bsicos da administrao pblica encontram-se previstos no art. 37, da Constitui-o Federal, e so os seguintes:

    a) LEGALIDADE Chamado tambm de legalidade administrativa, uma decorrncia do princpio do Estado de Direito. Significa que a Administrao Pblica deve realizar suas atividades com a estrita observncia da lei. O administrador pblico no pode praticar qualquer ato que no esteja auto-rizado pela lei, sendo ela o seu limite. Trata-se de uma garantia do cidado contra atos arbitrrios que poderiam ser praticados pelo detentor do poder, se no estivesse limitado pela lei. Note que a lgica do princpio da legalidade adminis-trativa invertida em relao legalidade aplica-da aos particulares. Para estes a lei tem o papel de proibir, e no o de autorizar. J para o Poder Pblico, a lei surge para autorizar, e no para proi-bir. Se para o particular a regra a liberdade, para a Administrao Pblica a regra a proibio.

    b) IMPESSOALIDADE O princpio da impesso-alidade parte da premissa de que a atuao da

  • Direito Constitucional 175

    Administrao Pblica deve visar o interesse de toda a coletividade, e no de algum em parti-cular. Por isso, no se concebem atos pessoais, dirigidos a algum em particular. Os atos do Po-der Pblico devem, ao contrrio, beneficiar direta ou indiretamente a todos. Ademais, quando um agente pblico pratica um ato administrativo, no se tem um ato praticado pela pessoa, mas sim pelo Poder Pblico, atravs da pessoa. O agente apenas um instrumento. Por tal razo, a CF probe que, na publicidade oficial do Poder Pblico, constem nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal da autorida-de ou agente pblico, para que os mesmos no capitalizem para si vantagens pessoais a partir de algo que fazem na qualidade de instrumentos do Estado.

    Art. 37. 1. A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar no-mes, smbolos ou imagens que caracterizem pro-moo pessoal de autoridades ou servidores pbli-cos.

    c) MORALIDADE Este princpio impe a obser-vncia de princpios ticos no desempenhar da atividade administrativa. No se admite a imorali-dade, a falta de tica, a deslealdade nos atos pra-ticados pelo poder pblico. Detalhe importante o fato de que tambm os particulares que este-jam se relacionando com o Poder Pblico esto submetidos a este princpio.

    d) PUBLICIDADE O princpio da publicidade tem como principal objetivo assegurar a transparn-cia da atividade administrativa. Parte da premissa de que o agente pblico lida com interesses de toda a coletividade, da resultando o seu dever de portar-se com a mais absoluta transparncia, possibilitando aos administrados, cidados em geral, o conhecimento pleno de todas as condu-tas administrativas. Por isso no se admite a exis-tncia de segredos entre os atos praticados pela Administrao, salvo em situaes excepcionais, autorizadas pela prpria Constituio ou pela lei, e que tambm visam proteger o interesse pbli-co. Em decorrncia deste princpio, a maior parte dos atos administrativos s tem validade e efic-cia aps a sua publicao, normalmente feita no Dirio Oficial, a partir do que se presume o seu conhecimento pelos cidados.

    e) EFICINCIA O ltimo dos princpios previstos no art. 37 da Constituio, caput, o da eficin-cia, que impe a realizao da atividade admi-nistrativa com presteza, agilidade, modernidade, perfeio e rendimento funcional. Como diz Hely Lopes Meirelles, o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta em

    ser desempenhada apenas com legalidade, exi-gindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da co-munidade e de seus membros. Relaciona-se dire-tamente com a maneira de atuao dos agentes pblicos e com o modo de organizao, estrutu-rao e disciplina da Administrao Pblica.

    Tais princpios so conhecidos como L.I.M.P.E., em razo das suas iniciais, e so muito cobrados em concursos. Alm deles, outros princpios tam-bm regem a administrao pblica, muitos dos quais encontram-se implcitos no texto constitu-cional ou na legislao especfica.

    4. PODER LEGISLATIVO

    4.1. PROCESSO LEGISLATIVO

    O artigo 59, da Constituio Federal, traz a lis-ta das espcies normativas primrias, assim chamadas por decorrerem diretamente do texto maior:

    a) Emendas constituio;

    b) Leis complementares;

    c) Leis ordinrias;

    d) Leis delegadas;

    e) Medidas provisrias;

    f ) Decretos legislativos;

    g) Resolues.

    Entre tais modalidades de norma jurdica, apenas as emendas constituio possuem hierarquia superior, no se podendo cogitar de diferena hierrquica entre as demais.

    As emendas constituio so aprovadas pelo qurum de 3/5 (trs quintos) dos membros da Cmara dos Deputados e do Senado Federal, em dois turnos em cada Casa. No se submetem sano ou veto do Presidente da Repblica, o que somente ocorre no processo legislativo das leis complementares e ordinrias.

    Aps aprovadas pelo Congresso Nacional, as emendas constituio so promulgadas pelas mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal.

    Conforme entendimento pacificado pelo STF, no h diferena de hierarquia entre leis comple-mentares e leis ordinrias, apesar da diferena no qurum exigido para aprovao, j que aquelas requerem maioria absoluta e estas requerem apenas maioria simples.

    A diferena entre ambas est no campo material e no no campo hierrquico. Com efeito, os te-mas de lei complementar esto expressamente indicados pela CF (ex. art. 93), ao passo em que

  • 176 Orman Ribeiro

    a lei ordinria tratar de todos os outros temas legais.

    As medidas provisrias so elaboradas pelo Presi-dente da Repblica, com fora de lei, em casos de urgncia e relevncia. Por possurem nature-za legislativa, significam, portanto, o exerccio de funo atpica pelo Poder Executivo.

    Embora a Constituio no o diga expressamen-te, a doutrina e a jurisprudncia atuais conver-gem para o entendimento de que os Governado-res de Estado e do Distrito Federal, bem como os Prefeitos Municipais, tambm podero editar me-didas provisrias, se as respectivas constituies estaduais e leis orgnicas municipais e distrital trouxerem tal previso.

    To logo sejam editadas, as medidas provisrias devero ser submetidas ao Congresso Nacional, que ter o prazo de 60 (sessenta) dias para anali-s-las, prorrogveis uma nica vez por igual per-odo. Sendo aprovadas, sero convertidas em leis ordinrias. Sendo rejeitadas, perdero a vigncia / eficcia com efeitos retroativos data da edio (ex tunc), hiptese em que dever o Congresso Nacional editar um decreto legislativo, no prazo de 60 (sessenta) dias, para disciplinar as relaes jurdicas constitudas durante o tempo em que a MP foi vlida.

    Se o prazo para anlise da MP pelo Congresso Nacional expirar, sem que tenha havido a con-cluso da sua anlise, ela perder sua eficcia pelo decurso de prazo, tambm com efeitos ex tunc, devendo o Congresso, do mesmo modo e em igual prazo (60 dias), editar decreto legislativo disciplinando as relaes jurdicas formadas du-rante o tempo em que a MP foi vlida.

    SMULAS APLICVEIS

    1. DIREITOS E GARANTIA FUNDAMENTAIS

    1.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-VOS

    STF Vinculante 1. Ofende a garantia constitucional do ato jurdico perfeito a deciso que, sem ponderar as cir-cunstncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficcia de acordo constante de termo de adeso institu-do pela Lei Complementar 110/2001.

    STF Vinculante 11. S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da pri-so ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado.

    STF Vinculante 14. direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados em procedimento investi-gatrio realizado por rgo com competncia de pol-cia judiciria, digam respeito ao exerccio do direito de defesa.

    STF Vinculante 21. inconstitucional a exigncia de depsito ou arrolamento prvios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

    STF Vinculante 25. ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquer que seja a modalidade do depsito.

    STF Vinculante 28. inconstitucional a exigncia de depsito prvio como requisito de admissibilidade de ao judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crdito tributrio.

    STF 654. A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5, XXXVI, da Constituio da Repblica, no invocvel pela entidade estatal que a tenha editado.

    STF 395. No se conhece de recurso de "habeas cor-pus" cujo objeto seja resolver sobre o nus das custas, por no estar mais em causa a liberdade de locomoo.

    STF 692. No se conhece de "habeas corpus" contra omisso de relator de extradio, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova no constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.

    STF 693. No cabe "habeas corpus" contra deciso condenatria a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infrao penal a que a pena pecuniria seja a nica cominada.

    STF 694. No cabe "habeas corpus" contra a imposio da pena de excluso de militar ou de perda de patente ou de funo pblica.

    STF 266. No cabe mandado de segurana contra lei em tese.

    STF 267. No cabe mandado de segurana contra ato judicial passvel de recurso ou correio.

    STF 268. No cabe mandado de segurana contra deci-so judicial com trnsito em julgado.

    Smula N 269: O mandado de segurana no substi-tutivo de ao de cobrana.

    Smula N 270: no cabe mandado de segurana para impugnar enquadramento da Lei 3780, de 12/7/1960, que envolva exame de prova ou de situao funcional complexa.

    Smula N 271: Concesso de mandado de segurana no produz efeitos patrimoniais em relao a perodo pretrito, os quais devem ser reclamados administrativa-mente ou pela via judicial prpria.

    Smula N 429: A existncia de recurso administrativo com efeito suspensivo no impede o uso do mandado de segurana contra omisso da autoridade.

    Smula N 430: Pedido de reconsiderao na via admi-nistrativa no interrompe o prazo para o mandado de segurana.

    Smula N 510: Praticado o ato por autoridade, no exer-ccio de competncia delegada, contra ela cabe o man-dado de segurana ou a medida judicial.

    Smula N 512: No cabe condenao em honorrios de advogado na ao de mandado de segurana.

  • Direito Constitucional 177

    Smula N 623: No gera por si s a competncia ori-ginria do Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurana com base no art. 102, I, "N", da Constituio, dirigir-se o pedido contra deliberao admi-nistrativa do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.

    1.2. DIREITOS SOCIAIS Smula Vinculante 4 Salvo nos casos previstos na

    Constituio, o salrio mnimo no pode ser usado como indexador de base de clculo de vantagem de servidor pblico ou de empregado, nem ser substitudo por deci-so judicial.

    1.3. DIREITOS POLTICOS STF Vinculante 18. A dissoluo da sociedade ou do vn-

    culo conjugal, no curso do mandato, no afasta a inele-gibilidade prevista no 7 do artigo 14 da Constituio Federal.

    2. ORGANIZAO DO ESTADO

    2.1. REPARTIO CONSTITUCIONAL DE COMPE-TNCIAS STF Vinculante 2. inconstitucional a lei ou ato norma-

    tivo estadual ou distrital que disponha sobre sistemas de consrcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

    STF 647. Compete privativamente Unio legislar sobre vencimentos dos membros das polcias civil e militar do Distrito Federal.

    STF 722. So da competncia legislativa da Unio a definio dos crimes de responsabilidade e o estabeleci-mento das respectivas normas de processo e julgamento.

    STF Vinculante 3. Nos processos perante o Tribunal de Contas da Unio asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ou revogao de ato administrativo que beneficie o inte-ressado, excetuada a apreciao da legalidade do ato de concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso.

    STF 6. A revogao ou anulao, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, no produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, ressalvada a competncia revisora do Judicirio.

    STF 347. O Tribunal de Contas, no exerccio de suas atri-buies, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Pblico.

    STF 653. No Tribunal de Contas estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia Legislativa e trs pelo chefe do Poder Execu-tivo estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministrio Pblico, e um ter-ceiro sua livre escolha.

    2.2. ADMINISTRAO PBLICA Smula Vinculante 13: A nomeao de cnjuge, com-

    panheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afini-dade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nome-ante ou de servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unio, dos

    Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, compreen-dido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

    2.2.1. SERVIDORES PBLICOS Smula Vinculante n 5: A falta de defesa tcnica por

    advogado no processo administrativo disciplinar no ofende a Constituio.

    Smula Vinculante 16. Os artigos 7, IV, e 39, 3 (reda-o da EC 19/98), da Constituio, referem-se ao total da remunerao percebida pelo servidor pblico.

    3. PODER LEGISLATIVO

    3.1. PROCESSO LEGISLATIVO STF 651. A medida provisria no apreciada pelo Con-

    gresso Nacional podia, at a EC 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficcia de trinta dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edio.

    4. TRIBUTAO E ORAMENTO Smula 657: a imunidade prevista no art. 150, VI, "D", da

    Constituio Federal abrange os filmes e papis fotogrfi-cos necessrios publicao de jornais e peridicos.

    STF Vinculante 30. inconstitucional lei estadual que, a ttulo de incentivo fiscal, retm parcela do ICMS perten-cente aos municpios.

    Smula Vinculante 31: inconstitucional a incidncia do Imposto sobre Servios de Qualquer Natureza ISS sobre operaes de locao de bens mveis.

    Smula Vinculante 32: O ICMS no incide sobre aliena-o de salvados de sinistro pelas seguradoras.

    INFORMATIVOS APLICVEIS

    1. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

    1.1. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETI-VOS ADPF e interrupo de gravidez de feto anencfalo

    O Plenrio julgou procedente pedido formulado em arguio de descumprimento de preceito fundamental ajuizada, pela Confederao Nacional dos Trabalhadores na Sade CNTS, a fim de declarar a inconstitucionali-dade da interpretao segundo a qual a interrupo da gravidez de feto anencfalo seria conduta tipificada nos arts. 124, 126 e 128, I e II, do CP. ADPF 54, rel. Min. Marco Aurlio, 12.4.12. Pleno. (Info 661, 2012)

    RE-RG 607.107-MG. Rel. Min. Joaquim Barbosa

    Possui repercusso geral a discusso sobre a hiptese de violao do direito constitucional ao trabalho no caso de suspenso da habilitao de motorista profissional condenado por homicdio culposo na direo de veculo automotor. (Info 652, 2012)

    Art. 33, 2, da Lei 11.343/06 e criminalizao da Mar-cha da Maconha

    Dar interpretao conforme a Constituio ao 2 do art. 33 da Lei 11.343/06, com o fim de dele excluir qualquer significado que ensejasse a proibio de manifestaes

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    e debates pblicos acerca da descriminalizao ou da legalizao do uso de drogas ou de qualquer substncia que leve o ser humano ao entorpecimento episdico, ou ento viciado, das suas faculdades psicofsicas. ADI 4274, rel. Min. Ayres Britto, 23.11.11. Pleno. (Info 649, 2011)

    Associao de moradores e cobrana de mensalidade a no associados

    Conforme dispe a Constituio, ningum estaria com-pelido a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei e, embora o preceito se referisse a obri-gao de fazer, a concretude que lhe seria prpria apa-nharia, tambm, obrigao de dar. Por no se confundir a associao de moradores com o condomnio disciplinado pela Lei 4.591/64, descabe, a pretexto de evitar vantagem sem causa, impor mensalidade a morador ou a propriet-rio de imvel que a ela no tenha aderido. RE 432106, rel. Min. Marco Aurlio, 20.9.11. 1 T. (Info 641, 2011)

    Foro privilegiado e princpio da isonomia

    O art. 100, I, do CPC no afronta o princpio da igualdade entre homens e mulheres (CF, art.5, I), tampouco a iso-nomia entre os cnjuges (CF, art. 226, 5). RE 227114, rel. Min. Joaquim Barbosa, 22.11.11. 2 T. (Info 649, 2011)

    Foro privilegiado e princpio da isonomia

    Ao longo de mais de 2 dcadas de vigncia da Constitui-o, a doutrina e a jurisprudncia alinhar-se-iam segundo 3 concepes distintas acerca do dispositivo em discus-so, que preconizariam: a) a sua no-recepo; b) a sua recepo; e c) a recepo condicionada s circunstncias especficas do caso, em especial levando-se em conta o fato de a mulher se encontrar em posio efetivamente desvantajosa em relao ao marido. Asseverou-se no se cuidar de privilgio estabelecido em favor das mulheres, mas de norma que visaria a dar tratamento menos gra-voso parte que, em regra, se encontrava e, ainda hoje se encontraria, em situao menos favorvel do ponto de vista econmico e financeiro. Assim, a propositura da ao de separao judicial no foro do domiclio da mulher seria medida que melhor atenderia ao princ-pio da isonomia. RE 227114, rel. Min. Joaquim Barbosa, 22.11.11. 2 T. (Info 649, 2011)

    Liberdades fundamentais e Marcha da Maconha

    O exerccio dos direitos fundamentais de reunio e de livre manifestao do pensamento devem ser garanti-dos a todas as pessoas, para dar, ao art. 287 do CP, com efeito vinculante, interpretao conforme a Constituio, de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalizao da defesa da legalizao das drogas, ou de qualquer substncia entorpecente especfica, inclu-sive atravs de manifestaes e eventos pblicos. A mera proposta de descriminalizao de determinado ilcito penal no se confundiria com ato de incitao prtica do crime, nem com o de apologia de fato criminoso. A defesa, em espaos pblicos, da legalizao das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, no sig-nificaria ilcito penal, mas, ao contrrio, representaria o exerccio legtimo do direito livre manifestao do pen-samento, propiciada pelo exerccio do direito de reunio. ADPF 187, rel. Min. Celso de Mello, 15.6.11. Pleno. (Info 631, 2011)

    Quebra de sigilo bancrio pela Receita Federal

    Conforme disposto no inc. XII do art. 5 da CF, a regra a privacidade quanto correspondncia, s comunica-es telegrficas, aos dados e s comunicaes, ficando a exceo a quebra do sigilo submetida ao crivo de rgo equidistante o Judicirio e, mesmo assim, para efeito de investigao criminal ou instruo processual penal. Conflita com a CF norma legal atribuindo Receita Federal parte na relao jurdico-tributria o afasta-mento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. RE 389808, rel. Min. Marco Aurlio, 15.12.10. Pleno. (Info 613, 2011)

    Registro profissional de msico em entidade de classe

    Nem todos os ofcios ou profisses podem ser condicio-nadas ao cumprimento de condies legais para o seu exerccio. A regra a liberdade. Apenas quando houver potencial lesivo na atividade que pode ser exigida inscrio em conselho de fiscalizao profissional. A ati-vidade de msico prescinde de controle. Constitui, ade-mais, manifestao artstica protegida pela garantia da liberdade de expresso. RE 414426, rel. Min. Ellen Gracie, 1.8.11. Pleno. (Info 634, 2011)

    AgRg-AI 675.276-RJ. Rel. Min. Celso de Mello

    O exerccio regular do direito de crtica, que configura direta emanao da liberdade constitucional de manifes-tao do pensamento, ainda que exteriorizado em entre-vista jornalstica, no importando o contedo cido das opinies nela externadas, no se reduz dimenso do abuso da liberdade de expresso, qualificando-se, ao con-trrio, como verdadeira excludente anmica, que atua, em tal contexto, como fator de descaracterizao do intuito doloso de ofender. (Info 623, 2011)

    Autorizao do uso de algemas e Smula Vinculante 11

    2. Na espcie vertente, o juiz Reclamado apenas auto-rizou o uso de algemas, sem, contudo, determin-lo, e deixou a deciso sobre a sua necessidade, ou no, dis-crio da autoridade policial que efetivamente cumpriria o mandado de priso, tendo em vista as circunstncias do momento da diligncia, acentuando a necessidade de acatamento da Smula Vinculante 11. Rcl 7814, rel. Min. Crmen Lcia, 27.5.10. Pleno. (Info 588, 2010)

    Compartilhamento de dados sigilosos e rgos admi-nistrativos fiscais

    Concluiu-se que o compartilhamento [com a Receita Federal de informaes obtidas por meio de quebra de sigilo bancrio do investigado] para compor a instruo de procedimento administrativo fiscal feriria a clusula constitucional do devido processo legal, que poderia implicar nulidade de eventual crdito tributrio que viesse a ser constitudo. Registrou-se, por fim, que, ainda que a remessa das informaes bancrias do investigado Receita Federal pudesse agilizar a soluo do procedi-mento fiscal instaurado contra ele, a obteno das provas deveria necessariamente obedecer ao que determina o art. 6 da LC 105/01. Inq 2593 AgR, rel. Min. Ricardo Lewan-dowski, 9.12.10. Pleno. (Info 612, 2010)

    Dbito alimentar e priso civil

    A priso civil teria que ser aplicada a situaes nas quais, de fato, servisse de estmulo para o cumprimento da obrigao. HC 106709, rel. Min. Gilmar Mendes, 21.6.11. 2 T. (Info 632, 2011)

  • Direito Constitucional 179

    PSV: priso civil de depositrio infiel

    O Tribunal acolheu proposta de edio de Smula Vin-culante com o seguinte teor: ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquer que seja a modalidade do depsito. PSV 31, 16.12.09. Pleno. (Info 572, 2010)

    HC100.888-SC. Rel. Min. Ayres Britto

    1. O Plenrio do STF fixou o entendimento de que s possvel a priso civil do responsvel pelo inadimple-mento voluntrio e inescusvel de obrigao alimentcia (inc. LXVII do art. 5 da CF). 2. A norma que se extrai do inc. LXVII do art. 5 da CF de eficcia dctil ou restrin-gvel. Pelo que podem as duas excees nela contidas ser relativizadas por lei, quebrantando, assim, o rigor da priso civil por dvida. O Pacto de San Jos da Costa Rica, passando a ter como fundamento de validade o 2 do art. 5 da CF, prevalece como norma supralegal em nossa ordem jurdica interna e, assim, prepondera sobre lei ordinria que admita a priso civil por dvida. No norma constitucional falta do rito exigido pelo 3 do art. 5, mas a sua hierarquia intermediria de norma supralegal autoriza afastar regra ordinria brasileira que possibilite a priso civil por dvida. (Info 578, 2010)

    1.2. DIEITOS SOCIAIS

    AI-RG 853.275-RJ. Rel. Min. Dias Toffoli

    Servidores pblicos e direito de greve. Anlise da legali-dade do ato que determinou o desconto dos dias para-dos, em razo da adeso a movimento grevista. Discus-so acerca do alcance da norma do art. 37, VII, da CF. Matria passvel de repetio em inmeros processos, a repercutir na esfera de interesse de milhares de pessoas. Repercusso geral reconhecida. (Info 663, 2012)

    ADPF e vinculao ao salrio mnimo

    O art. 16 da Lei 7.394/85 deve ser declarado ilegtimo, por no recepo, mas os critrios estabelecidos pela referida lei devem continuar sendo aplicados, at que sobreve-nha norma que fixe nova base de clculo, seja lei federal, editada pelo Congresso Nacional, sejam convenes ou acordos coletivos de trabalho, ou, ainda, lei estadual, edi-tada conforme delegao prevista na LC 103/00. 3. Con-gelamento da base de clculo em questo, para que seja calculada de acordo com o valor de dois salrios mnimos vigentes na data do trnsito em julgado desta deciso, de modo a desindexar o salrio mnimo. Soluo que, a um s tempo, repele do ordenamento jurdico lei incompat-vel com a Constituio atual, no deixe um vcuo legisla-tivo que acabaria por eliminar direitos dos trabalhadores, mas tambm no esvazia o contedo da deciso profe-rida por este STF. ADPF 151 MC, red. p/ac. Min. Gilmar Men-des, 2.2.11. Pleno. (Info 614, 2011)

    ADPF e vinculao ao salrio mnimo

    O salrio mnimo, nos termos do art. 7, IV, da CF, haveria de ter valor nico, j que as necessidades vitais bsicas do trabalhador e de sua famlia no variariam de acordo com a regio do pas, no sendo possvel, assim, que cada Estado-membro o fixasse por lei prpria. Por outro lado, em relao ao piso salarial, o inc. V desse mesmo dispo-sitivo constitucional, ao se referir respectiva extenso e complexidade, agasalharia a considerao do prprio tra-

    balho desenvolvido. ADPF 151 MC, red. p/ac. Min. Gilmar Mendes, 2.2.11. Pleno. (Info 614, 2011)

    Salrio mnimo e decreto presidencial

    O princpio da reserva de lei para a fixao do salrio mnimo (CF. Art. 7, IV), no impede que a lei em ques-to (Lei 12.382/2011) contenha a definio legal e formal do salrio mnimo, a fixao do seu montante em 2011 (art. 1) e a forma de sua valorizao, no sentido de sua quantificao para perodos subsequentes (at 2015). Aduziu-se que esse diploma no esgotara a sua preceitu-ao e adotara critrios objetivos para valer no intervalo de 2012 a 2015, segundo ndices estipulados pelo Con-gresso Nacional (variao do ndice Nacional de Preos ao Consumidor INPC, calculado e divulgado pelo IBGE, acumulada nos 12 meses anteriores ao ms do reajuste). O legislador retirara do Presidente da Repblica qualquer discricionariedade relativa frmula para apurao do quantum a ser adotado, bem como no que concerne possibilidade de reviso ou de compensao de supostos resduos. ADI 4568, rel. Min. Crmen Lcia, 3.11.11. Pleno. (Info 646, 2011)

    2. ORGANIZAO DO ESTADO

    2.1. ADMINISTRAO PBLICA

    ADI e criao de cargos em comisso

    O Tribunal declarou a inconstitucionalidade do art. 5, caput, e pargrafo nico; art. 6; das Tabelas II e III do Anexo II e das tabelas I, II e III do Anexo III; e das expres-ses atribuies, denominaes e especificaes de cargos contidas no art. 8 da Lei tocantinense 1.950/08, que, ao dispor sobre a organizao da estrutura bsica do Poder Executivo, criou mais de 35 mil cargos em comisso. Entendeu-se que a norma impugnada teria desrespeitado os princpios da proporcionalidade, ante a evidente desproporo entre nmero de cargos de provimento em comisso e os de provimento efetivo, e da moralidade administrativa, alm de no observar o disposto no art. 37, V, da CF, haja vista que grande parte dos cargos criados referir-se-ia a reas eminentemente tcnicas e operacionais, no se revestindo de natureza de chefia, direo ou assessoramento, o que estaria a burlar, por conseguinte, a exigncia constitucional do concurso pblico (CF, art. 37, II). ADI 4125, rel. Min. Crmen Lcia, 9 e 10.6.10. Pleno. (Info 590, 2010)

    2.1.1. SERVIDORES PBLICOS

    Informativo 568/2009: Responsabilidade Civil do Estado e Omisso Legislativa 2

    A Turma concluiu julgamento de recurso extraordinrio em que servidores pblicos federais, sob a alegao de ofensa ao art. 37, X, da CF, com a redao dada pela EC 19/98, pretendiam obter indenizao do Estado, em vir-tude de no haverem sido contemplados com a reviso geral anual, instituda por aquela Emenda, no perodo compreendido entre o seu advento e o termo inicial da vigncia da Lei 10.331/2001, que estabeleceu a mencio-nada reviso ao funcionalismo pblico v. Informativo 404. Por maioria, desproveu-se o recurso ao fundamento de que os requisitos necessrios caracterizao da res-ponsabi