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CAPÍTULO 2 Conhecer a situação: o primeiro passo para sair das dívidas E-BOOK COMO SE PREPARAR PARA A NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS Dona Cleusa de Jesus tinha uma lição de casa: anotar todos os gastos pessoais e familiares em uma folha frente e verso. A tarefa havia sido atribuída ao final de uma palestra de educação financeira da qual ela tinha participado. Quinze dias depois, ela integra outra atividade, desta vez, uma orientação financeira pessoal prestada pela psicóloga Marinalva Gonçalves Requião. Não consegui pôr nada no papel A dificuldade de listar as despesas é bastante comum e tem causas distintas: falta de tempo, correria, esquecimento e, na maioria das vezes, medo de enxergar concretamente a realidade. O ditado popular “o que os olhos não veem o coração não sente” traduz bem a peça pregada pelo cérebro para evitar o contato com algo que nem sempre é prazeroso. No entanto, conhecer a situação financeira é o primeiro passo para quem quer sair do endividamento e mudar sua trajetória de vida, preparando-se para realizar seus sonhos. Isso é, justamente, o que a dona Cleusa está buscando. Leia aqui a sua história. É o que propõe a dra. Marinalva Gonçalves Requião, que integra as equipes do Programa de Ambulatorial dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP e da Associação Viver Bem, parceira do SerasaConsumidor na orientação a consumidores endividados. Ela ensina alguns truques para superar a resistência ao controle do orçamento pessoal. Confira. diz, logo ao chegar. Então, mãos à obra!

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CAPÍTULO 2Conhecer a situação: o primeiro passo para sair das dívidas

E-BOOK COMO SE PREPARAR PARA A NEGOCIAÇÃO DE DÍVIDAS

Dona Cleusa de Jesus tinha uma lição de casa: anotar todos os gastos pessoais e familiares em uma folha frente e verso. A tarefa havia sido atribuída ao final de uma palestra de educação financeira da qual ela tinha participado. Quinze dias depois, ela integra outra atividade, desta vez, uma orientação financeira pessoal prestada pela psicóloga Marinalva Gonçalves Requião.

Não consegui pôr nada no papel

A dificuldade de listar as despesas é bastante comum e tem causas distintas: falta de tempo, correria, esquecimento e, na maioria das vezes, medo de enxergar concretamente a realidade. O ditado popular “o que os olhos não veem o coração não sente” traduz bem a peça pregada pelo cérebro para evitar o contato com algo que nem sempre é prazeroso. No entanto, conhecer a situação financeira é o primeiro passo para quem quer sair do endividamento e mudar sua trajetória de vida, preparando-se para realizar seus sonhos. Isso é, justamente, o que a dona Cleusa está buscando. Leia aqui a sua história.

É o que propõe a dra. Marinalva Gonçalves Requião, que integra as equipes do Programa de Ambulatorial dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP e da Associação Viver Bem, parceira do SerasaConsumidor na orientação a consumidores endividados. Ela ensina alguns truques para superar a resistência ao controle do orçamento pessoal. Confira.

““

diz, logo ao chegar.

Então, mãos à obra!

Não arredonde Guarde os comprovantes de todos os produtos e serviços que comprar diariamente, não importa o valor. Aí estão incluídos, por exemplo, o cafezinho, remédios, manicure e aquela passada rápida no mercado. “Pedir a nota fiscal é um direito e um dever do consumidor. Este gesto básico pode fazer toda a diferença”, reforça a psicóloga.

Esse é um jeito de evitar esquecimentos ou de arredondar as contas para baixo. No final do dia, junte os recibos e reserve alguns minutos para anotar e somar os gastos realizados.

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Tenha um caderno ou planilha só suaPara fazer seu orçamento, uma boa opção é usar uma planilha, no computador ou impressa, na qual você possa inserir tanto as receitas quanto as despesas. Veja aqui um exemplo.

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Se preferir usar um caderno para fazer seu orçamento, anote em folhas separadas:

Rendimento: salário mensal (líquido), bicos, aluguel ou pensão dos filhos (caso receba).

Despesas da casa: o valor do aluguel ou prestação da casa, condomínio, IPTU, água, luz, gás, telefone e internet.

Prestações: de lojas, financiamentos e empréstimos, incluindo o consignado, que é descontado no holerite, e as prestações a vencer na fatura do cartão de crédito.

Alimentos e bebidas: além da compra do mês, marque tudo o que comprar no dia a dia na padaria, feira ou no açougue.

Saúde: planos de saúde e odontológico (inclua na lista mesmo que sejam descontados na folha de pagamento), consultas e medicamentos.

Transporte: trem, metrô, ônibus, taxi e automóvel (gasolina, estacionamento, seguro, IPVA, consertos, etc.).

Despesas com os filhos/netos: mensalidade e transporte escolar, material, lanche, uniforme, aulas de esporte, remédios e mesada.

Gastos pessoais: o que você gastou com cursos, roupas e outros artigos de uso pessoal, presentes para amigos ou parentes, celular, academia, cabelereiro, roupas, higiene pessoal e outras.

Atividades de lazer: restaurante, cafeteria, bar, cinema, teatro, compras em bancas e livrarias, viagens e outros passeios que fizer.

Tarifas bancárias: o valor cobrado pelo banco para manter sua conta corrente, além de DOC e outros serviços extras, que também são cobrados.

Despesas com animais: banho, remédios, veterinário, etc.

Despesas com cartão de crédito: o ideal é separar tudo que você paga no cartão entre as categorias acima, assim você sabe exatamente onde seu limite foi gasto. Porém, algumas pessoas preferem apenas anotar o valor total da fatura na sua planilha ou caderno. Você decide como quer registrar a informação, só não esqueça de incluir todas as despesas nessa conta!

Confira também as dicas da cartilha do orçamento da Serasa Consumidor.

Guarde dinheiro, mesmo que tenha dívidasNo dia do pagamento, separe um valor possível, digamos R$ 50,00, e deposite na poupança. E deixe o dinheiro lá: faça de conta que ele não existe. Se você fizer isso todo mês, em um ano terá aproximadamente R$ 620,00 guardados, considerando o rendimento*. Em cinco anos, terá R$ 3.500,00. * rentabilidade de 0,5% ao mês

Diga NÃOPor receio de dizer não, algumas pessoas entram em dificuldades financeiras. Algumas vezes, por medo do que o outro vai pensar. Outras, porque o outro pode ficar magoado.

“E se ficar?”, pergunta Marinalva. O truque, diz a psicóloga é dizer SIM para você, para seus direitos, seus sonhos e tudo o que pretende realizar.

Um exemplo: você mora em uma casa alugada e o imóvel apresentou um problema, exigindo uma reforma. Esse gasto deve ser assumido pelo proprietário e não pelo inquilino.

Troque os serviços por outros mais em contaFaça uma varredura nos serviços que contrata para eliminar duplicidade. Um caso bem comum é manter um serviço de provedor de internet junto com a conta do telefone fixo e, ao mesmo tempo, ter wi-fi. Ou pagar uma conta alta de telefone, com a cobrança de linha e do serviço de discagem. “Há opções mais em conta, basta pesquisar. O consumidor tem o direito de escolher o prestador de serviços”, destaca Marinalva.

Dê responsabilidade aos filhosNa ânsia de dar conta de tudo, as mães e os pais acabam bancando os gastos de filhos adultos que moram com eles. Diga não para essa situação: eles devem contribuir com as despesas da casa, além de assumir seus próprios gastos e decisões. Quando os pais fazem tudo pelos filhos, eles acabam convencidos de que não têm capacidade de resolver seus problemas sozinhos e se acomodam.

No caso das crianças e adolescentes, converse sobre a situação financeira da família e defina o valor que poderá ser gasto com lanches e mesadas, por exemplo. Esse limite é importante para você e para o futuro dos filhos, pois eles se sentirão úteis participando das decisões familiares e contribuindo para suas conquistas.

Aprender a dizer não para os filhos é uma lição fundamental, na qual todos ganham. Os pais, pois conseguem economizar para realizar seus próprios sonhos e até mesmo para melhorar as condições da família; e os filhos, pois desenvolvem autonomia e aprendem a importância de conquistar seus objetivos com seu próprio esforço, valorizando ainda mais suas realizações.

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Não tenha vergonha de pedir ajudaNão fique constrangido de conversar com seus pais, irmãos e filhos sobre sua situação financeira. Isso acontece, principalmente, quando outras pessoas da família são bem-sucedidas e você está endividado. Considere que são justamente essas pessoas, por meio de sua experiência e recursos, que podem ajudar você a se reorganizar. Converse, explique o cenário, peça ajuda e demonstre seu comprometimento para resolver a situação.

No caso dos filhos, tenha em mente que sua experiência pode ajudá-los a não cometer os mesmos erros no futuro.

Cuide da sua saúde psicológica Há uma série de questões envolvidas no endividamento e muitas delas podem ter fundo psicológico. Se você não pode bancar um acompanhamento terapêutico, há uma série de serviços especializados, alguns ligados a universidades, que podem dar suporte nesse momento. Um exemplo é o Programa de Ambulatorial dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP, que lida com o consumo compulsivo. Há também grupos de autoajuda, os Devedores Anônimos. Informe-se sobre a existência desses serviços em sua cidade. Faça o teste e veja se você é um comprador compulsivo.

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