Decifrando a Convalidação Dos Atos Administrativos

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  • 8/16/2019 Decifrando a Convalidação Dos Atos Administrativos

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    Decifrando a convalidação dos atos administrativos Em 10/02/2016 , Comments

    Ao ler este artigo você vai desvendar e dominar de uma vez por todas esse importante e assunto do

    Direito Administrativo. Ao final, disponibilizo uma lista questões de provas de concursos anteriores pra

    você testar o seu aprendizado.

     Pela experiência de anos em sala de aula, lecionando para candidatos em concursos públicos e estudantes

    de Direito em geral, percebo que o assunto convalidação de atos administrativosé considerado de difícil

    compreenso pelos alunos.

     !alvez por isso muita gente faz uma cara de perdida ao se deparar com esse t"pico pela primeira,

    segunda ou terceira vez... Alguns #$ me confessaram que nunca aprendem isso. %o raro alguém,

    extremamente angustiado, pensa& '(er$ que é isso que Deus quer pra min)a vida*+ risos-

     Para evitar que isso acontea com você, resolvi escrever este artigo para te a#udar a no fazer cara de

    quem c)upou limo ao se deparar com o tema convalidao de atos administrativos na sua prova.

     /as, para que esse artigo0medicamento faa efeito, preciso que você ten)a paciência e leia tudo, até o

    final, o1* Deixe de agonia, estudante2

     3omeando pela definio b$sica, para /aria (4lvia 5anella Di Pietro, convalidao ou saneamento 'é o

    ato administrativo pela qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos 6 data

    em que este foi praticado+.789

     :m termos mais simples, convalidar é corrigir os defeitos leves de um ato administrativo ilícito, a fim de

    que esse ato continue produzindo efeitos #urídicos.

     ; ob#eto da convalidao é o ato administrativo ilícito que apresente defeitos leves, san$veis, que no

    acarretem prejuízo ao interesse público nem dano a terceiros. (" assim é possível a convalidao.

     3aso contr$rio, )avendo pre#uízo ao interesse público ou dano a terceiros, no ser$ possível convalidar

    corrigir- o defeito do ato administrativo. 3aber$ somente anular esse ato.

      A convalidao est$ prevista no art. ?.@BC??, segundo o qual ':m deciso na qual se

    evidencie no acarretarem leso ao interesse público nem pre#uízo a terceiros, os atos que apresentarem

    defeitos san$veis podero ser convalidados pela pr"pria Administrao+.

     %ote que o texto legal menciona que os defeitos san$veis do ato administrativo 'podero+ que é

    diferente de 'devero+- ser convalidados pela Administrao, a partir da an$lise de mérito da autoridade

    competente. Portanto, pelo que se conclui do dispositivo legal, a convalidao éato discricionário, que

    ser$ praticado a partir da an$lise da conveniência e oportunidade de tal medida.

     

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    Por se tratar de ato discricion$rio, cu#a pr$tica envolve no s" a legalidade, mas o mérito administrativo, a

    convalidao s" poder$ mesmo ser privativa da Administração Pública. Ao Poder udici$rio no é

     permitida a an$lise do mérito administrativo, em si, mas tosomente a apreciao de sua legalidade.

     ;bviamente, no estamos falando dos atos administrativos praticados pelo pr"prio Poder udici$rio, pois

    nesse caso este estar$ atuando como Administrao Pública e, naturalmente, poder$ convalidar ou mesmo

    revogar seus pr"prios atos administrativos.

     3om base no que #$ foi dito, no podemos afirmar ao pé da letra que (;/:%!: a Administrao poder$

    convalidar atos administrativos. Eale dizer, excepcionalmente a convalidao pode ser também realizada

     pelo particular, 'quando a edio do ato dependia da manifestao de sua vontade e a exigência no foi

    observada. :ste pode emiti0la posteriormente, convalidando o ato+.7F9

     Gnclusive, essa )ip"tese est$ prevista no H do art. F< da =ei n> ?.@BC??& 'As intimaIes sero nulas

    quando feitas sem observJncia das prescriIes legais, mas o comparecimento do administrado supre sua

    falta ou irregularidade.+

     3omo se trata de restabelecer a legalidade do ato administrativo que contém defeitos leves, a

    convalidao tem efeitos 'ex tunc+, isto é, retroativos& corrige o defeito do ato desde o momento em que

    foi praticado.

     A doutrina costuma apontar os vícios san$veis do ato e, portanto, passíveis de convalidao, os quais

     passaremos a analisar.

     ; primeiro limite 6 faculdade de convalidar atos administrativos é a existência de leso ao interesse

     público ou pre#uízo a terceiros. Gncorrendo em uma dessas situaIes, o único comportamento permitido 6

    Administrao Pública é a anulao do ato administrativo. Ademais, somente o ato administrativo eivado

    de vícios san$veis poder$ ser convalidado, pois os vícios insan$veis devero ser, inarredavelmente, ob#eto

    de anulao.

     %essa lin)a, o vício na competncia poderá ser convalidado desde que não se trate competncia

    exclusiva.

     Kuando a lei define uma determinada competência como sendo passível de execuo por uma única

    autoridade, temos a competência exclusiva. De modo diverso, quando o exercício da competência possa

    ser delegado a outra autoridade, temos a competência privativa.

     Letomando a questo da convalidao, podero ser convalidados atos administrativos praticados por

    agente público incompetente, desde que no se trate de competência exclusiva.

     Para exemplificar o sobredito, cogitemos a )ip"tese de um /inistro de :stado demitir um servidor

     publico integrante dos quadros do /inistério correspondente. (egundo a =ei n> .88FC?M, o ato de

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    demisso no Poder :xecutivo Nederal é o ato que compete ao Presidente da Lepública art. 8B8-, mas que

     pode ser delegado a outras autoridades O o que no ocorre no nosso caso )ipotético.

     %essa situao, temos um ato administrativo praticado com vício na competência. Daí, o que pode ser

    feito é o Presidente da Lepública, uma vez que concorde com o ato de demisso praticado pelo /inistro,

    ratificar a demisso com efeitos retroativos, convalidando o vício na competência de que padecia o ato

     punitivo.

     Alguns autores, a exemplo da professora /aria (4lvia 5anella Di Pietro, costumam abordar a matéria

    com a seguinte terminologia&79

    a- A incompetência em razo do sujeito, que é aquela em que o ato é praticado por su#eito que no era

    competente para tal, mas a quem poderia ter sido mais no foi- delegada a matéria, pode ser ob#eto de

    convalidaoQ

     b- A incompetência em razo da mat!ria, que ocorre quando a matéria s" pode ser ob#eto de deliberao

     por um único agente público e, portanto, insuscetível de delegao por parte deste, no pode ser

    convalidada.

     Kuanto 6 finalidade, entende0se impossível a convalidação quando o vício residir nesse defeito do ato

    administrativo por ser impossível que um ato praticado com vistas ao atendimento exclusivo de interesse

     particular possa, posteriormente, conformar0se ao interesse público.

     ; vício na forma pode ser  convalidado, desde que não se trate de forma essencial " validade do ato.

     Kuando a lei, ao dispor sobre determinado ato administrativo, estabelece expressamente a forma de que

    ele se revestir$ temos a forma essencial. De maneira mais sintética, a forma essencial é aquela que est$

     prevista expressamente em lei como a única possível para aquele ato administrativo. Kuando )$

    inobservJncia dessa exigência, o ato no est$ su#eito 6 convalidao, mas somente 6 anulao. :xemplo

    disso é o edital, como instrumento convocat"rio para a escol)a de trabal)o técnico na modalidade de

    licitao concurso art. FF, H BR, =ei nR .SSSC?-.

     Por outro lado, quando a lei no estabelece exatamente a forma de um determinado ato, passa0se ento 6

    forma no essencial, e nesse caso, )avendo vícios, poder$ ser este convalidado pela Administrao.

    :xemplo disso é um ato administrativo expedido sob a forma de 'ordem de servio+, quando a forma

    apropriada seria a 'instruo normativa+. %essa situao, mantém0se os efeitos da 'ordem de servio+,

    convalidando0se retroativamente o vício na forma ao convertê0la em 'instruo normativa+.

     :m relao ao motivo do ato administrativo, o que se tem é o seguinte& ou é verdadeiro ou é falso, ou

    existiu ou no existiu. Portanto, o ato administrativo praticado com vício no motivo não pode ser

    convalidado, )a#a vista que no é possível a correo do motivo em momento posterior 6 pr$tica do ato O

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    se assim fosse, o agente público que praticou o ato ilicitamente fabricaria os motivos que dessem ao ato

    aparência de legalidade.

     Por fim, o defeito quanto ao objeto,em tese, também não ! passível de convalidação, a no ser que o

    ob#eto se#a plúrimo, que ocorre quando num mesmo ato )$ diversas providências administrativas. (endo

    uma delas inv$lida, esta é retirada, mantendo0se as demais.7B9

     :xemplifique0se com o ato de promoo de A e T por merecimento. Posteriormente, verifica0se que T

    no possui os requisitos para essa espécie de promoo. Assim, retira0se do ato a parte que determina a

     promoo de T, mas mantém a parte que promove A. %ote que estamos tratando de ob#eto plúrimo, pois

    se o ob#eto for singular a correo no ser$ possível, cabendo nesses casos a anulao.

     :m resumo fica assim& a convalidao s" poder$ acontecer quando incidir sobre acompetncia não

    exclusiva, a forma não essencial ou o objeto plúrimo. Por excluso, fora dessas )ip"teses, a

    convalidao no ser$ possível.

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