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LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELA COORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS - CEDI DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009 Aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 e outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea "a", da Constituição, DECRETA: Art. 1º Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH- 3, em consonância com as diretrizes, objetivos estratégicos e ações programáticas estabelecidos, na forma do Anexo deste Decreto. Art. 2º O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguintes eixos orientadores e suas respectivas diretrizes: I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil: a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento transversal das políticas públicas e de interação democrática; e c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação; II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos: a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório; b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central do processo de desenvolvimento; e c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos; III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto de desigualdades: a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena; b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação; c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência: a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança pública; b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança pública e justiça criminal;

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LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELACOORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS - CEDI

DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009

Aprova o Programa Nacional de DireitosHumanos - PNDH-3 e dá outrasprovidências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere oart. 84, inciso VI, alínea "a", da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, objetivos estratégicos e ações programáticasestabelecidos, na forma do Anexo deste Decreto.

Art. 2º O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguintes eixosorientadores e suas respectivas diretrizes:

I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e sociedade civil:a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como

instrumentob) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento

transversal das políticas públicas e de interação democrática; ec) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em

Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitoramento de suaefetivação;

II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com

inclusão social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamenteresponsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discriminatório;

b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central doprocesso de desenvolvimento; e

c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como DireitosHumanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de direitos;

III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto dedesigualdades:

a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, indivisívele interdependente, assegurando a cidadania plena;

b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seudesenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito deopinião e participação;

c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; ed) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à

Violência:a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de segurança

pública;b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema de segurança

pública e justiça criminal;

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c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade eprofissionalização da investigação de atos criminosos;

d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na erradicaçãoda tortura e na redução da letalidade policial e carcerária;

e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de proteção daspessoas ameaçadas;

f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal, priorizando aaplicação de penas e medidas alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistemapenitenciário; e

g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo,para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos;

V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Humanos:a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da política nacional

de educação em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de direitos;b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e dos Direitos

Humanos nos sistemas de educação básica, nas instituições de ensino superior e nasinstituições formadoras;

c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como espaço dedefesa e promoção dos Direitos Humanos;

d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no serviçopúblico; e

e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso àinformação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; e

VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como Direito

Humano da cidadania e dever do Estado;b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção pública da

verdade; ec) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com promoção do

direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia.Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos responsáveis nele

indicados, envolve parcerias com outros órgãos federais relacionados com os temastratados nos eixos orientadores e suas diretrizes.

Art. 3º As metas, prazos e recursos necessários para a implementação doPNDH-3 serão definidos e aprovados em Planos de Ação de Direitos Humanosbianuais.

Art. 4º Fica instituído o Comitê de Acompanhamento e Monitoramento doPNDH-3, com a finalidade de:

I - promover a articulação entre os órgãos e entidades envolvidos naimplementação das suas ações programáticas;

II - elaborar os Planos de Ação dos Direitos Humanos;III - estabelecer indicadores para o acompanhamento, monitoramento e

avaliação dos Planos de Ação dos Direitos Humanos;IV - acompanhar a implementação das ações e recomendações; eV - elaborar e aprovar seu regimento interno.§ 1º O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3 será

integrado por um representante e respectivo suplente de cada órgão a seguir descrito,indicados pelos respectivos titulares:

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I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,que o coordenará;

II - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência daRepública;

III - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial daPresidência da República;

IV - Secretaria-Geral da Presidência da República;V - Ministério da Cultura;VI - Ministério da Educação;VII - Ministério da Justiça;VIII - Ministério da Pesca e Aqüicultura;IX - Ministério da Previdência Social;X - Ministério da Saúde;XI - Ministério das Cidades;XII - Ministério das Comunicações;XIII - Ministério das Relações Exteriores;XIV - Ministério do Desenvolvimento Agrário;XV - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;XVI - Ministério do Esporte;XVII - Ministério do Meio Ambiente;XVIII - Ministério do Trabalho e Emprego;XIX - Ministério do Turismo;XX - Ministério da Ciência e Tecnologia; eXXI - Ministério de Minas e Energia.§ 2º O Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da

República designará os representantes do Comitê de Acompanhamento eMonitoramento do PNDH-3.

§ 3º O Comitê de Acompanhamento e Monitoramento do PNDH-3 poderáconstituir subcomitês temáticos para a execução de suas atividades, que poderão contarcom a participação de representantes de outros órgãos do Governo Federal.

§ 4º O Comitê convidará representantes dos demais Poderes, da sociedadecivil e dos entes federados para participarem de suas reuniões e atividades.

Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os órgãos do PoderLegislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público, serão convidados a aderir aoPNDH-3.

Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7º Fica revogado o Decreto nº 4.229, de 13 de maio de 2002.

Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188º da Independência e 121º daRepública.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVATarso GenroCelso Luiz Nunes AmorimGuido MantegaAlfredo NascimentoJosé Geraldo Fontelles

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Fernando HaddadAndré Peixoto Figueiredo LimaJosé Gomes TemporãoMiguel JorgeEdison LobãoPaulo Bernardo SilvaHélio CostaJosé PimentelPatrus AnaniasJoão Luiz Silva FerreiraSérgio Machado RezendeCarlos MincOrlando Silva de Jesus JuniorLuiz Eduardo Pereira Barretto FilhoGeddel Vieira LimaGuilherme CasselMárcio Fortes de AlmeidaAltemir GregolinDilma RousseffLuiz Soares DulciAlexandre Rocha Santos PadilhaSamuel Pinheiro Guimarães NetoEdson Santos

ANEXO.............................................................................................................................................Eixo Orientador IV:Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à ViolênciaPor muito tempo, alguns segmentos da militância em Direitos Humanos mantiveram-sedistantes do debate sobre as políticas públicas de segurança no Brasil. No processo deconsolidação da democracia, por diferentes razões, movimentos sociais e entidadesmanifestaram dificuldade no tratamento do tema. Na base dessa dificuldade, estavam amemória dos enfrentamentos com o aparato repressivo ao longo de duas décadas deregime ditatorial, a postura violenta vigente, muitas vezes, em órgãos de segurançapública, a percepção do crime e da violência como meros subprodutos de uma ordemsocial injusta a ser transformada em seus próprios fundamentos.Distanciamento análogo ocorreu nas universidades, que, com poucas exceções, não sedebruçaram sobre o modelo de polícia legado ou sobre os desafios da segurança pública.As polícias brasileiras, nos termos de sua tradição institucional, pouco aproveitaram dareflexão teórica e dos aportes oferecidos pela criminologia moderna e demais ciênciassociais, já disponíveis há algumas décadas às polícias e aos gestores de paísesdesenvolvidos. A cultura arraigada de rejeitar as evidências acumuladas pela pesquisa epela experiência de reforma das polícias no mundo era a mesma que expressavanostalgia de um passado de ausência de garantias individuais, e que identificava na idéiados Direitos Humanos não a mais generosa entre as promessas construídas pelamodernidade, mas uma verdadeira ameaça.Estavam postas as condições históricas, políticas e culturais para que houvesse um fossoaparentemente intransponível entre os temas da segurança pública e os DireitosHumanos.

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Nos últimos anos, contudo, esse processo de estranhamento mútuo passou a serquestionado. De um lado, articulações na sociedade civil assumiram o desafio derepensar a segurança pública a partir de diálogos com especialistas na área, policiais egestores. De outro, começaram a ser implantadas as primeiras políticas públicasbuscando caminhos alternativos de redução do crime e da violência, a partir de projetoscentrados na prevenção e influenciados pela cultura de paz.A proposição do Sistema Único de Segurança Pública, a modernização de parte dasnossas estruturas policiais e a aprovação de novos regimentos e leis orgânicas daspolícias, a consciência crescente de que políticas de segurança pública são realidadesmais amplas e complexas do que as iniciativas possíveis às chamadas "forças dasegurança", o surgimento de nova geração de policiais, disposta a repensar práticas edogmas e, sobretudo, a cobrança da opinião pública e a maior fiscalização sobre oEstado, resultante do processo de democratização, têm tornado possível a construção deagenda de reformas na área.O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e osinvestimentos já realizados pelo Governo Federal na montagem de rede nacional dealtos estudos em segurança pública, que têm beneficiado milhares de policiais em cadaEstado, simbolizam, ao lado do processo de debates da 1ª Conferência Nacional deSegurança Pública, acúmulos históricos significativos, que apontam para novas e maisimportantes mudanças.As propostas elencadas neste eixo orientador do PNDH-3 articulam-se com tal processohistórico de transformação e exigem muito mais do que já foi alcançado. Para tanto,parte-se do pressuposto de que a realidade brasileira segue sendo gravemente marcadapela violência e por severos impasses estruturais na área da segurança pública.Problemas antigos, como a ausência de diagnósticos, de planejamento e de definiçãoformal de metas, a desvalorização profissional dos policiais e dos agentespenitenciários, o desperdício de recursos e a consagração de privilégios dentro dasinstituições, as práticas de abuso de autoridade e de violência policial contra gruposvulneráveis e a corrupção dos agentes de segurança pública, demandam reformas tãourgentes quanto profundas.As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, nesse contexto, as contribuiçõesoferecidas pelo processo da 11ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos e avançamtambém sobre temas que não foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3 parte doacúmulo crítico que tem sido proposto ao País pelos especialistas e pesquisadores daárea.Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a necessidade de ampla reforma no modelo depolícia e propõe o aprofundamento do debate sobre a implantação do ciclo completo depoliciamento às corporações estaduais. Prioriza transparência e participação popular,instando ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de dados, assim como àreformulação do Conselho Nacional de Segurança Pública. Contempla a prevenção daviolência e da criminalidade como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo eindicando a necessidade de profissionalização da investigação criminal.Com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carcerária,confere atenção especial ao estabelecimento de procedimentos operacionaispadronizados, que previnam as ocorrências de abuso de autoridade e de violênciainstitucional, e confiram maior segurança a policiais e agentes penitenciários. Reafirmaa necessidade de criação de ouvidorias independentes em âmbito federal e, inspirado emtendências mais modernas de policiamento, estimula as iniciativas orientadas porresultados, o desenvolvimento do policiamento comunitário e voltado para a solução deproblemas, elencando medidas que promovam a valorização dos trabalhadores em

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segurança pública. Contempla, ainda, a criação de sistema federal que integre os atuaissistemas de proteção a vítimas e testemunhas, defensores de Direitos Humanos ecrianças e adolescentes ameaçados de morte.Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda reforma da Lei de Execução Penalque introduza garantias fundamentais e novos regramentos para superar as práticasabusivas, hoje comuns. E trata as penas privativas de liberdade como última alternativa,propondo a redução da demanda por encarceramento e estimulando novas formas detratamento dos conflitos, como as sugeridas pelo mecanismo da Justiça Restaurativa.Reafirma-se a centralidade do direito universal de acesso à Justiça, com a possibilidadede acesso aos tribunais por toda a população, com o fortalecimento das defensoriaspúblicas e a modernização da gestão judicial, de modo a garantir respostas judiciaismais céleres e eficazes. Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça em matéria deconflitos agrários e urbanos e o necessário estímulo aos meios de soluções pacíficas decontrovérsias.O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamentalmente, propostas para que o Poder Públicose aperfeiçoe no desenvolvimento de políticas públicas de prevenção ao crime e àviolência, reforçando a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, esustentando que a democracia, os processos de participação e transparência, aliados aouso de ferramentas científicas e à profissionalização das instituições e trabalhadores dasegurança, assinalam os roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar nocaminho da paz pública..............................................................................................................................................

Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível, ágil e efetivo, para oconhecimento, a garantia e a defesa dos direitos.

Objetivo estratégico I:Acesso da população à informação sobre seus direitos e sobre como garanti-los.

Ações programáticas:a)Difundir o conhecimento sobre os Direitos Humanos e sobre a legislação

pertinente com publicações em linguagem e formatos acessíveis.Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência da Repúblicab)Fortalecer as redes de canais de denúncia (disque-denúncia) e sua articulação cominstituições de Direitos Humanos.Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repúblicac)Incentivar a criação de centros integrados de serviços públicos para prestação deatendimento ágil à população, inclusive com unidades itinerantes para obtenção dedocumentação básica.Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;Ministério da Justiçad)Fortalecer o governo eletrônico com a ampliação da disponibilização de informaçõese serviços para a população via Internet, em formato acessível.Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República

Objetivo estratégico II:Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas jurídicas paraproteção dos Direitos Humanos.

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Ações programáticas:a)Implementar o Observatório da Justiça Brasileira, em parceria com a sociedade civil.Responsável: Ministério da Justiçab)Aperfeiçoar o sistema de fiscalização de violações aos Direitos Humanos, por meiodo aprimoramento do arcabouço de sanções administrativas.Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;Ministério da Saúde; Ministério da Justiça; Ministério do Trabalho e Empregoc)Ampliar equipes de fiscalização sobre violações dos Direitos Humanos, em parceriacom a sociedade civil.Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência da Repúblicad)Propor projeto de lei buscando ampliar a utilização das ações coletivas para proteçãodos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, garantindo a consolidaçãode instrumentos coletivos de resolução de conflitos.Responsável: Ministério da Justiçae)Propor projetos de lei para simplificar o processamento e julgamento das açõesjudiciais; coibir os atos protelatórios; restringir as hipóteses de recurso ex officio ereduzir recursos e desjudicializar conflitos.Responsável: Ministério da Justiçaf)Aperfeiçoar a legislação trabalhista, visando ampliar novas tutelas de proteção dasrelações do trabalho e as medidas de combate à discriminação e ao abuso moral notrabalho.Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Justiça; SecretariaEspecial de Políticas para as Mulheres da Presidência da Repúblicag)Implementar mecanismos de monitoramento dos serviços de atendimento ao abortolegalmente autorizado, garantindo seu cumprimento e facilidade de acesso.Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheresda Presidência da República

Objetivo estratégico III:Utilização de modelos alternativos de solução de conflitos.

Ações programáticas:a)Fomentar iniciativas de mediação e conciliação, estimulando a resolução de conflitospor meios autocompositivos, voltados à maior pacificação social e menor judicialização.Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento Agrário;Ministério das Cidadesb)Fortalecer a criação de núcleos de justiça comunitária, em articulação com os Estados,o Distrito Federal e os Municípios, e apoiar o financiamento de infraestrutura e decapacitação.Responsável: Ministério da Justiçac)Capacitar lideranças comunitárias sobre instrumentos e técnicas de mediaçãocomunitária, incentivando a resolução de conflitos nas próprias comunidades.Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência da Repúblicad)Incentivar projetos pilotos de Justiça Restaurativa, como forma de analisar seuimpacto e sua aplicabilidade no sistema jurídico brasileiro.Responsável: Ministério da Justiçae)Estimular e ampliar experiências voltadas para a solução de conflitos por meio damediação comunitária e dos Centros de Referência em Direitos Humanos,

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especialmente em áreas de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e comdificuldades de acesso a serviços públicos.Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;Ministério da Justiça

Objetivo estratégico IV:Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.

Ações programáticas:a)Propor a ampliação da atuação da Defensoria Pública da União.Responsável: Ministério da Justiçab)Fomentar parcerias entre Municípios e entidades de proteção dos Direitos Humanospara atendimento da população com dificuldade de acesso ao sistema de justiça, combase no mapeamento das principais demandas da população local e no estabelecimentode estratégias para atendimento e ações educativas e informativas.Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência da Repúblicac)Apoiar a capacitação periódica e constante dos operadores do Direito e servidores daJustiça na aplicação dos Direitos Humanos voltada para a composição de conflitos.Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência da Repúblicad)Dialogar com o Poder Judiciário para assegurar o efetivo acesso das pessoas comdeficiência à justiça, em igualdade de condições com as demais pessoas.Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos daPresidência da Repúblicae)Apoiar os movimentos sociais e a Defensoria Pública na obtenção da gratuidade dasperícias para as demandas judiciais, individuais e coletivas, e relacionadas a violaçõesde Direitos Humanos.Responsável: Ministério da JustiçaObjetivo estratégico V:Modernização da gestão e agilização do funcionamento do sistema de justiça.Ações programáticas:a)Propor legislação de revisão e modernização dos serviços notariais e de registro.Responsável: Ministério da Justiçab)Desenvolver sistema integrado de informações do Poder Executivo e Judiciário edisponibilizar seu acesso à sociedade.Responsável: Ministério da Justiça

Objetivo estratégico VI:Acesso à Justiça no campo e na cidade.

Ações programáticas:a)Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e mediação de conflitosfundiários urbanos, garantindo o devido processo legal e a função social da propriedade.Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidadesb)Propor projeto de lei voltado a regulamentar o cumprimento de mandados dereintegração de posse ou correlatos, garantindo a observância do respeito aos DireitosHumanos.Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades; Ministério doDesenvolvimento Agrário

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c)Promover o diálogo com o Poder Judiciário para a elaboração de procedimento para oenfrentamento de casos de conflitos fundiários coletivos urbanos e rurais.Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério da Justiça; Ministério doDesenvolvimento Agráriod)Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicialdas demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiênciacoletiva com os envolvidos, com a presença do Ministério Público, do poder públicolocal, órgãos públicos especializados e Polícia Militar, como medida preliminar àavaliação da concessão de medidas liminares, sem prejuízo de outros meiosinstitucionais para solução de conflitos.Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Justiça

Eixo Orientador V:Educação e cultura em Direitos Humanos..........................................................................................................................................................................................................................................................................................

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DECRETO Nº 1.904, DE 13 DE MAIO DE 1996* Revogado pelo Decreto nº 4.229, de 13 de maio de 2002.

Institui o Programa Nacional de DireitosHumanos - PNDH.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere oart. 84, inciso IV, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituído o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH,contendo diagnóstico da situação desses direitos no País e medidas para a sua defesa epromoção, na forma do Anexo deste Decreto.

Art. 2º O PNDH objetiva:I - a identificação dos principais obstáculos à promoção e defesa dos diretos

humanos no País;II - a execução, a curto, médio e longo prazos, de medidas de promoção e

defesa desses direitos;III - a implementação de atos e declarações internacionais, com a adesão

brasileira, relacionados com direitos humanos;IV - a redução de condutas e atos de violência, intolerância e discriminação,

com reflexos na diminuição das desigualdades sociais;V - a observância dos direitos e deveres previstos na Constituição,

especialmente os dispostos em seu art. 5°;VI - a plena realização da cidadania.

Art. 3º As ações relativas à execução e ao apoio do PNDH serão prioritárias.

Art. 4º O PNDH será coordenado pelo Ministério da Justiça, com aparticipação e apoio dos órgãos da Administração Pública Federal.

Parágrafo único. Cada órgão envolvido designará uma coordenação setorial,responsável pelas ações e informações relativas à execução e ao apoio do PNDH.

Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entidades privadaspoderão manifestar adesão ao PNDH.

Art. 6º As despesas decorrentes do cumprimento do PNDH correrão à contade dotações orçamentárias dos respectivos órgãos participantes.

Art. 7º O Ministro de Estado da Justiça, sempre que necessário, baixaráportarias instrutorias à execução do PNDH.

Art. 8º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 13 de maio de 1996; 175° da Independência e 108º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

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Nelson A. Jobim

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DECRETO Nº 4.229, DE 13 DE MAIO DE 2002* Revogado pelo Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009.

Dispõe sobre o Programa Nacional deDireitos Humanos - PNDH, instituídopelo Decreto nº 1.904, de 13 de maio de1996, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere oart. 84, inciso VI, alínea "a", da Constituição,

D E C R E T A :

Art. 1º. O Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH, instituído peloDecreto nº 1.904, de 13 de maio de 1996, contém propostas de ações governamentaispara a defesa e promoção dos direitos humanos, na forma do Anexo I deste Decreto.

Art. 2º. O PNDH tem como objetivos:I - a promoção da concepção de direitos humanos como um conjunto de

direitos universais, indivisíveis e interdependentes, que compreendem direitos civis,políticos, sociais, culturais e econômicos;

II - a identificação dos principais obstáculos à promoção e defesa dos diretoshumanos no País e a proposição de ações governamentais e não-governamentaisvoltadas para a promoção e defesa desses direitos;

III - a difusão do conceito de direitos humanos como elemento necessário eindispensável para a formulação, execução e avaliação de políticas públicas;

IV - a implementação de atos, declarações e tratados internacionais dosquais o Brasil é parte;

V - a redução de condutas e atos de violência, intolerância e discriminação,com reflexos na diminuição das desigualdades sociais; e

VI - a observância dos direitos e deveres previstos na Constituição,especialmente os inscritos em seu art. 5º.

Art. 3º. A execução das ações constantes do PNDH será detalhada emPlanos de Ação anuais, na forma do Plano de Ação 2002, que consta do Anexo II desteDecreto.

Art. 4º. O acompanhamento da implementação do PNDH será deresponsabilidade da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério daJustiça, com a participação e o apoio dos órgãos da Administração Pública Federal.

Parágrafo único. Cada órgão envolvido na implementação do PNDHdesignará um interlocutor responsável pelas ações e informações relativas àimplementação e avaliação dos Planos de Ação anuais.

Art. 5º. O Secretário de Estado dos Direitos Humanos expedirá os atosnecessários à execução do PNDH.

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LEGISLAÇÃO CITADA ANEXADA PELACOORDENAÇÃO DE ESTUDOS LEGISLATIVOS - CEDI

Art. 6º. As despesas decorrentes do cumprimento do PNDH correrão à contade dotações orçamentárias dos respectivos órgãos participantes.

Art. 7º. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º. Fica revogado o Decreto nº 1.904, de 13 de maio de 1996.

Brasília, 13 de maio de 2002; 181º da Independência e 114º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSOMiguel Reale Júnior

ANEXO I..........................................................................................................................................................................................................................................................................................