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DEFEITO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Módulo II (Contratos em Espécie) do Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor – Aula n. 45 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1

DEFEITO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - Faculdade Legale · Os Tribunais têm decidido: "O ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma forma de compensar o mal causado,

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DEFEITO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOMódulo II (Contratos em Espécie) do Curso de Pós-Graduação em Direito

do Consumidor – Aula n. 45

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA

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Responsabilidade do Fato do Serviço

• Art. 14 do CDC

O fornecedor de serviços responde, independentemente daexistência de culpa, pela reparação dos danos causados aosconsumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bemcomo por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição eriscos.

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Responsabilidade civil

• Fato = defeito no produto ou na prestação do serviço

• Os vícios representam na sistemática do CDC a imputação daresponsabilidade dos danos (contratuais, extracontratuais,patrimoniais) ao fornecedor.

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• Defeito no produto ou na prestação do serviço: é aquele que nãooferece a segurança que o consumidor esperava do produto ouserviço.

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• Atraso no voo – Responsabilidade pelo fato do produto – Artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor

• Direito básico do consumidor: a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.

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Artigo 14 do CDC

• O fornecedor de serviços responde, independentemente daexistência de culpa, pela reparação dos danos causados aosconsumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bemcomo por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçãoe riscos.

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• O transportador, como prestador de serviço que é, está enquadradono art. 14 do CDC, cujo § 3º cuida das excludentes deresponsabilidade (na verdade, tecnicamente, regula as excludentesdo nexo de causalidade). São elas: a) demonstração de inexistência dodefeito (inciso I) e b) prova da culpa exclusiva do consumidor ou deterceiro (inciso II).

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§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quandoprovar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

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Artigo 734 do Código Civil

• O transportador responde pelos danos causados às pessoastransportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendonula qualquer cláusula excludente da responsabilidade"

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• Não há incoerência ou contradição entre esses dois textos legais,porque, quando o Código Civil fala em força maior, está claramente sereferindo ao fortuito externo, isto é, o elemento exterior ao própriorisco específico da atividade do prestador do serviço de transporte.

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• Quando o Código de Defesa do Consumidor afasta a força maior e ocaso fortuito, certamente os está afastando quando os eles dizemrespeito aos elementos intrínsecos ao risco da atividade dotransportador, ou seja, o fortuito interno.

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• A força maior e o caso fortuito interno, é verdade, não podem serantecipados (apesar de possíveis de serem previstos) pelotransportador nem por ele evitado. Todavia, não elidem suaresponsabilidade

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• É o caso, por exemplo, do motorista do ônibus que sofre um ataquecardíaco e com isso gera um acidente: apesar de fortuito e inevitável,por fazerem parte do próprio risco da atividade, não eliminam odever de indenizar. O risco da atividade implica a obrigação impostaao empresário para que ele faça um cálculo, da melhor formapossível, das várias possibilidades de ocorrências que possam afetarseu negócio.

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• É exatamente o caso das ocorrências da natureza, tais comotempestade de nevoeiros, no caso do transportador aéreo. Ainda queo transporte aéreo seja afetado por esse tipo de evento climático, otransportador não pode se escusar de indenizar os passageiros quesofreram danos porque o fenômeno - que, aliás, ocorreconstantemente é integrante típico do risco daquele negócio.

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• Quando se tratar de fortuito externo, está se fazendo referência a umevento, caso fortuito ou força maior, que não tem como fazer parteda previsão pelo empresário na determinação do seu riscoprofissional, porque não pode, de modo algum, ser previsto, como sedá no caso da erupção de um vulcão.

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• Com isso, vem-se entendendo que nas relações de consumo o casofortuito e a força maior não configuram excludentes passíveis desocorrer o fornecedor, portanto, nasce a obrigação legal de reparar osprejuízos advindos na má prestação de serviço (artigo 14, caput, doCDC).

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"RESPONSABILIDADE CIVIL - TRANSPORTE AÉREO – Cancelamento de voo na hora doembarque - Prestação de serviço inadequada em razão dos transtornos suportados pelaautora, decorrentes do cancelamento do voo - Responsabilidade objetiva - A existência dedefeitos na aeronave não pode ser excludente da responsabilidade da companhia aérea,porquanto, sua manutenção deve ser prévia e constante - Falha na prestação do serviço -Sentença mantida quanto à lide principal – Afastamento da condenação daapelante/denunciada quanto à condenação da verba sucumbencial na lide secundária -Hipótese em que não houve resistência de sua parte - Aceitação da condição comolitisconsorte da companhia aérea - Recurso parcialmente provido."(Apelação n° 9158704-17.2007.8.26.0000, 19a Câmara de Direito Privado, Rei. Des. MARIO DE OLIVEIRA, j .30/08/2011).

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“Ação de indenização por danos morais - Transporte aéreo Atraso de voo internacional -Responsabilidade civil objetiva - Indenização - Aeronave que atrasa em virtude de defeitosapresentados - Alegação de que o evento ocorreu em razão de caso fortuito e força maiorInadmissibilidade. Manutenção que deve ser prévia e constante. O atraso de voointernacional decorrente de defeitos na aeronave não pode ser considerado como casofortuito, uma vez que a manutenção dessa deveser prévia e constante. Desta forma, édevida indenização aos passageiros, em razão da responsabilidade objetiva da companhiaaérea - Recurso parcialmente provido” (Apelação 0009880-67.2009.8.26.0562; 14ªCâmarade Direito Privado)

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Os Tribunais têm decidido: "O ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma

forma de compensar o mal causado, e não deve ser usado como fonte de enriquecimento ou

abusos, dessa forma a sua fixação deve levar em conta o estado de quem recebe e as

condições de quem paga” (TACIV SP RT vol. 744/255) e ainda no corpo do julgado constante

do mesmo Tribunal, na RT vol. 745/287 colhe-se os seguintes destaques, falando-se sobre o

dano moral: "deve ser fixado, prudentemente pelo Juiz considerando a personalidade da

vítima (situação familiar e social, reputação)gravidade da falta, dolo e culpa e personalidade

do ofensor

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PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO MANEJADO SOB A ÉGIDE DO NCPC. AÇÃO DE

RESTITUIÇÃO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO. ATRASO DE PASSAGEIRO. PERDA DO VOO DE IDA. CANCELAMENTO AUTOMÁTICO DA

PASSAGEM DE VOLTA. PRÁTICA COMERCIAL ABUSIVA. RESPONSABILIDADE DA COMPANHIA AÉREA PELOS DANOS MATERIAIS E MORAIS.

PRECEDENTES. VALOR INDENIZATÓRIO FIXADO EM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.

DECISÃO MANTIDA. MULTA DO ART. 1.021, § 4º, DO NCPC. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO, COM IMPOSIÇÃO DE MULTA. 1. Aplica-se o

NCPC a este julgamento ante os termos do Enunciado Administrativo nº 3, aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos

recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os

requisitos de admissibilidade recursal na forma do novo CPC. 2."A previsão de cancelamento unilateral da passagem de volta, em razão do

não comparecimento para embarque no trecho de ida (no show), configura prática rechaçada pelo Código de Defesa do Consumidor, nos

termos dos referidos dispositivos legais, cabendo ao Poder Judiciário o restabelecimento do necessário equilíbrio contratual" (Resp n.

1.669.780/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Terceira Turma, DJe 17/9/2018). 3. A fixação do dano moral deve atender aos

princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, de modo a evitar o indesejado enriquecimento do autor da indenizatória sem, contudo,

ignorar o caráter preventivo e repressivo inerente ao instituto. Caso em que a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) se mostra apta e

suficiente a cumprir o dúplice caráter repressivo/reparatório da medida. 4. Em razão da improcedência do presente recurso, e da anterior

advertência em relação a incidência do NCPC, incide ao caso a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do NCPC, no percentual de 3% sobre o valor

atualizado da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito da respectiva quantia, nos termos do § 5º

daquele artigo de lei. 5. Agravo interno não provido, com imposição de multa. (AgInt no AREsp 1336618/RJ, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO,

TERCEIRA TURMA, julgado em 29/04/2019, DJe 02/05/2019)