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Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de carbono- epóxido sob solicitações de modo I Gabriel Ferreira Dias Dissertação do MIEM Orientador: Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura Coorientador: José Augusto Gonçalves Chousal Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica setembro de 2012

Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

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Page 1: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de carbono-

epóxido sob solicitações de modo I

Gabriel Ferreira Dias

Dissertação do MIEM

Orientador: Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura

Coorientador: José Augusto Gonçalves Chousal

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

setembro de 2012

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Page 3: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

i

Resumo

O estudo de juntas adesivas tem sido tema de investigação ao longo dos últimos anos. Uma

das razões pela qual o estudo das juntas adesivas tem sido tão importante, tem a ver com a

necessidade de definir modelos de previsão de resistência das mesmas. Uma abordagem

recente consiste no uso de modelos de dano coesivos, que requerem a definição das leis

que melhor permitem simular o comportamento à fratura das juntas.

Na presente dissertação é estabelecido um método experimental que permite a definição da

lei coesiva para solicitações de modo I em juntas coladas com substratos de carbono-

epóxido e adesivo de epóxido. O método é aplicado ao ensaio Double Cantilever Beam

(DCB) para a obtenção da lei coesiva sob solicitações de modo I. O aspeto fundamental da

experimentação relaciona-se com a medição rigorosa do deslocamento relativo na

extremidade da fenda, também denominado de Crack Opening Displacement (COD). Para

tal, foi utilizado um método ótico denominado Correlação Digital de Imagem (CDI), e mais

especificamente com recurso ao sistema comercial ARAMIS.

Numa segunda parte do trabalho, já com os valores experimentais obtidos foi utilizado o

método Compliance Based Beam Method (CBBM) para obter a energia de fratura em modo I

( ), e posteriormente definir a forma da lei coesiva que mais se adequa às leis coesivas

obtidas experimentalmente.

O procedimento foi validado numericamente, recorrendo ao software ABAQUS®. Para isso

aproximaram-se leis coesivas trapezoidais às obtidas experimentalmente. Estas leis

trapezoidais foram usadas nas simulações numéricas com o objetivo de comparar as

respetivas curvas força-deslocamento ( ) com as experimentais. Adicionalmente,

obtiveram-se também as leis coesivas resultantes dos resultados numéricos. Em ambos os

casos (curvas e leis coesivas) observou-se uma excelente convergência entre os

resultados numéricos e experimentais o que valida o procedimento proposto.

Page 4: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

ii

Abstract

The study of adhesive joints has been the subject of research over the past few years. One

of the reasons why this study is so important is the need to develop a method to predict the

strength of the adhesive joints. A recent approach is the use of cohesive damage models,

which require the definition of laws that better simulate the fracture behavior of joints.

In this work an experimental method to define the cohesive law in pure mode I in adhesive

joints with adherents of carbon-epoxy and epoxy adhesive was established. The method is

applied to the Double Cantilever Beam (DCB) test to obtain a cohesive law in pure mode I.

The fundamental aspect of these tests is based on the accurate measurement of relative

displacement at the crack tip, also known as Crack Opening Displacement (COD). The

experimental procedure is carried out using Digital Image Correlation (DIC) method with the

ARAMIS system.

The Compliance Based Beam Method (CBBM) is used to obtain the strain energy release

rate ( ), and define the shape of the cohesive law that fits better to the experimental

cohesive laws.

The procedure was numerically validated using the ABAQUS® software. For this, trapezoidal

cohesive laws were approximated to the experimental laws. These trapezoidal laws were

used in numerical simulations with the aim of comparing the respective load-displacement

( ) curves with the experimental curves. Cohesive laws resulting from the numerical

results were additionally obtained. In both cases ( curves and cohesive laws) there was

an excellent convergence between the theoretical and experimental results which validates

the proposed procedure.

Page 5: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

iii

Agradecimentos

Ao Prof. Marcelo Moura orientador da presente dissertação, pela sua dedicação, paciência

e disponibilidade para ajudar nos momentos mais complicados. Grande parte da conclusão

da dissertação devo-a a ele.

Ao Prof. José Chousal coorientador desta dissertação, pela sua dedicação e ajuda na

compreensão sobre os métodos de correlação de imagem necessários para a realização do

trabalho.

Ao Eng.º Filipe Chaves pela sua enorme disponibilidade e orientação no fabrico dos

provetes assim como na ajuda com todo o software informático necessário para a validação

dos métodos experimentais. Foi sem dúvida uma das pessoas mais importantes para a

realização da dissertação, e por isso estar-lhe-ei sempre grato.

Ao Eng.º Miguel Figueiredo diretor do Laboratório de Ensaios Tecnológicos (LET) e ao

Eng.º Rui Silva pela disponibilidade e ajuda prestada nos ensaios experimentais assim

como na flexibilidade da realização dos mesmos.

Ao Prof. José Xavier pela disponibilidade em emprestar o equipamento necessário para a

realização dos ensaios experimentais assim como a sua ajudar e dedicação no tratamento

de dados obtidos experimentalmente.

À Eng.ª Dimitra Ramantani e Eng.ª Victória Fernandez pelo fornecimento de material

necessário para o fabrico dos provetes, e também pelos conselhos para um melhor fabrico

dos mesmos.

À Eng.ª Célia Novo pela disponibilidade e flexibilidade das instalações do INEGI

respetivamente ao uso da máquina de corte.

Ao companheiro Rui Fernandes por estar presente ao longo de todo o trabalho assim como

pela ajuda prestada sempre nos momentos mais difíceis.

À Sara Oliveira por toda a sua ajuda e apoio prestados na realização da presente

dissertação.

Page 6: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de
Page 7: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

v

Índice

Resumo ......................................................................................................................... i

Abstract ........................................................................................................................ ii

Agradecimentos ............................................................................................................iii

Lista de Figuras ........................................................................................................... vii

Lista de Tabelas .......................................................................................................... xi

Lista de Símbolos e Abreviaturas ................................................................................ xiii

1. Introdução ............................................................................................................. 1

2. Revisão Bibliográfica ............................................................................................. 3

2.1. Adesivos e juntas adesivas ............................................................................. 3

2.2. Critérios baseados na Resistência de Materiais.............................................. 3

2.3. Critérios baseados na Mecânica da Fratura .................................................... 4

2.4. Modelos Coesivos .......................................................................................... 6

2.5. Determinação de leis coesivas utilizando diferentes metodologias ................. 7

2.6. Correlação Digital de Imagem ....................................................................... 14

3. Metodologia utilizada .......................................................................................... 17

3.1. Modelo de dano coesivo trapezoidal ............................................................. 17

3.2. Ensaios de Fratura ....................................................................................... 21

3.2.1. Compliance Based Beam Method .......................................................... 22

4. Validação numérica ............................................................................................. 25

5. Materiais e Métodos Experimentais..................................................................... 29

5.1. Geometria dos provetes ................................................................................ 29

5.2. Propriedades dos materiais .......................................................................... 30

5.3. Produção dos provetes ................................................................................. 31

5.3.1. Preparação dos substratos .................................................................... 32

Page 8: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

vi

5.3.2. Fabrico das fitas e calços calibrados ..................................................... 33

5.3.3. Preparação do molde e colagem dos provetes ...................................... 35

5.3.4. Cura dos provetes ................................................................................. 37

5.3.5. Acabamento das superfícies .................................................................. 38

5.3.6. Colagem dos cubos metálicos ............................................................... 39

5.4. Aplicação do padrão speckle às superfícies laterais dos provetes ................ 41

5.5. Medição dos provetes ................................................................................... 42

5.6. Ensaio dos provetes ..................................................................................... 43

6. Resultados experimentais ................................................................................... 47

6.1. Aplicação do método de Correlação Digital de Imagem ................................ 50

6.2. Aplicação do método CBBM ......................................................................... 53

6.3. Definição da Lei Coesiva .............................................................................. 55

7. Análise numérica ................................................................................................. 59

8. Conclusões ......................................................................................................... 65

9. Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 67

Bibliografia .................................................................................................................. 69

Anexos ........................................................................................................................ 75

Anexo A .................................................................................................................. 75

Anexo B .................................................................................................................. 76

Anexo C .................................................................................................................. 78

Page 9: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

vii

Lista de Figuras

Figura 1 - Modos de rotura de juntas adesivas [5] ............................................................................................. 5

Figura 2 - Modos de deformação de uma camada de adesivo de espessura [16] ............................................. 7

Figura 3 - Representação esquemática do COD e da ZPF ................................................................................... 8

Figura 4 - Lei coesiva trapezoidal σ(w) utilizada por Yang et al. [11] ................................................................... 9

Figura 5 - Provete DCB solicitado em modo I [16] .............................................................................................11

Figura 6 - Provete DCB solicitado à flexão através de momentos aplicados nas suas extremidades [22] ............12

Figura 7 - Equipamento utilizado no ensaio DCB por Biel [30] ...........................................................................13

Figura 8 - Padrão speckle .................................................................................................................................14

Figura 9 - Variação do estado inicial (imagem de referência) para o estado deformado (imagem deformada) [42]

.......................................................................................................................................................................15

Figura 10 - Modelo coesivo trapezoidal para modo I ........................................................................................17

Figura 11 - Elemento de interface de 6 nós. A separação na vertical entre os nós homólogos é artificial e foi

considerada para melhor visualização. .............................................................................................................17

Figura 12 - Representação esquemática do provete DCB ..................................................................................21

Figura 13 - Representação esquemática da aplicação de diferentes carregamentos em função de diferentes

comprimentos de fenda iniciais num provete DCB [7] ......................................................................................23

Figura 14 - Representação esquemática da obtenção do fator de correção do comprimento de fenda inicial

[7] ...................................................................................................................................................................24

Figura 15 - Representação esquemática da ZPF e do conceito de comprimento de fenda equivalente ..............24

Figura 16- Pormenor da malha utilizada nos provetes DCB (ABAQUS®) evidenciando o diferente refinamento

utilizado ..........................................................................................................................................................25

Figura 17 – Pormenor dos elementos de interface e da pré-fenda (ABAQUS®)..................................................25

Figura 18- Pormenor dos braços do provete DCB .............................................................................................26

Figura 19 - Modelo computacional do provete DCB não deformado (ABAQUS®) ...............................................27

Figura 20 - Modelo computacional do provete DCB deformado (ABAQUS®) .....................................................27

Figura 21 - Pormenor da propagação da fenda (ABAQUS®)...............................................................................27

Figura 22- Curva numérica ....................................................................................................................28

Figura 23 – Curva-R numérica ..........................................................................................................................28

Figura 24- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva numérica ............................................................28

Page 10: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

viii

Figura 25 – Comparação entre a lei coesiva obtida e a trapezoidal inserida no modelo numérico ..................... 28

Figura 26 – Representação esquemática dos provetes DCB .............................................................................. 29

Figura 27 - Formato comercial dos adesivos ARALDITE® 2015 e ARALDITE® 2021 ............................................. 31

Figura 28 - Placa de carbono-epóxido / substratos cortados............................................................................. 32

Figura 29 - Representação esquemática da localização dos calços .................................................................... 33

Figura 30 - Fabrico do calço frontal (lâmina) demonstrado por Carbas [65] ...................................................... 34

Figura 31 - Fabrico do calço frontal (Teflon®) ................................................................................................... 34

Figura 32 - Molde de aço ................................................................................................................................. 35

Figura 33 - Colocação dos substratos inferiores no molde ................................................................................ 36

Figura 34 - Colocação do calço traseiro nos substratos ..................................................................................... 36

Figura 35 - Contacto por basculamento [66] .................................................................................................... 37

Figura 36- Prensa INTOCO® ............................................................................................................................. 38

Figura 37 – Acabamento da superfície lateral de um provete DCB .................................................................... 38

Figura 38 - Fixação dos cubos nos substratos superiores .................................................................................. 39

Figura 39 - Fixação dos cubos nos substratos inferiores ................................................................................... 40

Figura 40 - Desalinhamento dos cubos metálicos ............................................................................................. 40

Figura 41 - Aplicação de tinta branca mate à zona de interesse do provete ...................................................... 41

Figura 42 - Padrão speckle aplicado à zona da pré-fenda num provete DCB ..................................................... 41

Figura 43 - Aspeto final de um provete DCB ..................................................................................................... 42

Figura 44 - Aspeto final dos seis provetes DCB ................................................................................................. 42

Figura 45 - Equipamento utilizado para a realização do ensaio DCB.................................................................. 43

Figura 46 -Sistema ARAMIS a) .......................................................................................................................... 44

Figura 47 -Sistema ARAMIS b).......................................................................................................................... 44

Figura 48- Montagem do sistema ARAMIS para a captura de imagens durante o ensaio ................................... 45

Figura 49 - Realização do ensaio experimental ................................................................................................. 45

Figura 50 – Curvas dos ensaios DCB ...................................................................................................... 47

Figura 51 - Sequências de imagens do padrão speckle do ensaio T_2 ............................................................... 48

Figura 52 - Sequências de imagens do padrão speckle do ensaio L_2 ............................................................... 49

Figura 53 - Escolha do ponto inicial no padrão speckle. Incorreta (Esq), Correta (Dir) ....................................... 50

Figura 54 - Representação esquemática dos pontos de análise na medição do COD ......................................... 51

Figura 55- COD de diferentes pontos de medição em função de ................................................................... 52

Figura 56 - COD em função de dos provetes DCB .......................................................................................... 52

Figura 57- Curva experimental do provete T_1 ..................................................................................... 53

Page 11: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

ix

Figura 58 – Curva-R experimental do provete T_1 ............................................................................................53

Figura 59- Curva experimental do provete T_2 ......................................................................................54

Figura 60 – Curva-R experimental do provete T_2 ............................................................................................54

Figura 61- Curva experimental do provete L_2 ......................................................................................54

Figura 62 – Curva-R experimental do provete L_2 ............................................................................................54

Figura 63- Curva experimental do provete L_3 ......................................................................................54

Figura 64 – Curva-R experimental do provete L_3 ............................................................................................54

Figura 65- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva experimental do provete T_1 .............................56

Figura 66 – Ajuste da lei trapezoidal à lei coesiva experimental do provete T_1 ................................................56

Figura 67- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva experimental do provete T_2 .............................56

Figura 68 – Ajuste da lei trapezoidal à lei coesiva experimental do provete T_2 ................................................56

Figura 69- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva experimental do provete L_2 ..............................56

Figura 70 – Ajuste da lei trapezoidal à lei coesiva experimental do provete L_2 ................................................56

Figura 71- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva experimental do provete L_3 ..............................57

Figura 72 – Ajuste da lei trapezoidal à lei coesiva experimental do provete L_3 ................................................57

Figura 73- Comparação de todas as leis coesivas experimentais obtidas ...........................................................57

Figura 74 – Comparação de todas as leis trapezoidais definidas .......................................................................57

Figura 75- Comparação entre a curva numérica e experimental e do provete T_1 ................................59

Figura 76 - Comparação entre a curva-R numérica e experimental do provete T_1 ..........................................59

Figura 77- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva numérica do provete T_1 ...................................60

Figura 78 – Comparação entre a lei coesiva numérica, experimental e trapezoidal do provete T_1 ...................60

Figura 79- Comparação entre a curva numérica e experimental do provete T_2 ...................................60

Figura 80 - Comparação entre a curva-R numérica e experimental do provete T_2 ..........................................60

Figura 81- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva numérica do provete T_2 ...................................60

Figura 82 - Comparação entre a lei coesiva numérica, experimental e trapezoidal do provete T_2....................60

Figura 83- Comparação entre a curva numérica e experimental do provete L_2 ....................................61

Figura 84 - Comparação entre a curva-R numérica e experimental do provete L_2 ...........................................61

Figura 85- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva numérica do provete L_2 ....................................61

Figura 86 - Comparação entre a lei coesiva numérica, experimental e trapezoidal do provete L_2 ....................61

Figura 87- Comparação entre a curva numérica e experimental do provete L_3 ...................................61

Figura 88 - Comparação entre a curva-R numérica e experimental do provete L_3 ..........................................61

Figura 89- Aplicação do polinómio de 6º grau à curva numérica do provete L_3 ....................................62

Figura 90 - Comparação entre a lei coesiva numérica, experimental e trapezoidal do provete L_3 ....................62

Page 12: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

x

Figura 91 – Rutura coesiva do provete T_1 ...................................................................................................... 78

Figura 92 - Rutura coesiva do provete T_2 ....................................................................................................... 78

Figura 93 – Rutura coesiva do provete L_2 ....................................................................................................... 78

Figura 94 - Rutura coesiva do provete L_3 ....................................................................................................... 78

Page 13: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

xi

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Propriedades da lei coesiva trapezoidal utilizados na validação numérica .............................. 26

Tabela 2 - Dimensões do provete DCB................................................................................................... 29

Tabela 3 – Propriedades elásticas do carbono-epóxido [12] .................................................................. 30

Tabela 4 - Propriedades mecânicas do adesivo ARALDITE® 2015 [66] .................................................... 30

Tabela 5 - Propriedades mecânicas do adesivo ARALDITE® 2021 ........................................................... 31

Tabela 6 – Dimensões efetivas dos seis provetes DCB ........................................................................... 43

Tabela 7 - Distancia ao plano de colagem dos diversos pontos iniciais escolhidos .................................. 51

Tabela 8 - Taxa Critica de Libertação de Energia em modo I dos provetes DCB ...................................... 55

Tabela 9 - Propriedades e características do adesivo ARALDITE® 2015 obtidas experimentalmente ....... 58

Tabela 10 - Valores obtidos da lei coesiva trapezoidal para os provetes DCB ......................................... 58

Tabela 11 – Valor de dos substratos de carbono-epóxido ................................................................. 62

Tabela 12 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais de ......................................... 62

Page 14: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de
Page 15: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

xiii

Lista de Símbolos e Abreviaturas

Comprimento de fenda

Comprimento de fenda equivalente

Comprimento de fenda inicial

Largura do provete

Flexibilidade

D Matriz Diagonal

Módulo de Young

E Matriz dos parâmetros de rigidez interfacial

Módulo de flexão equivalente

Módulo de Young na direção x

Parâmetro de dano em modo I

Taxa de Libertação de Energia (no domínio elástico)

Taxa de Libertação de Energia em modo I (no domínio elástico)

Taxa Crítica de Libertação de Energia em modo I (no domínio elástico)

Módulo de corte no plano xy

Espessura de substrato

I Matriz Identidade

Energia de Fratura (no domínio plástico)

Energia Crítica de Fratura (no domínio plástico)

Energia de Fratura em modo I (no domínio plástico)

Energia Crítica de Fratura em modo I (no domínio plástico)

Comprimento do provete

Momento fletor

Força

Fator de intensidade de tensão em modo I

Espessura de adesivo

Energia elástica de deformação

Esforço transverso

Deslocamento relativo em modo I

Page 16: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

xiv

Vetor dos deslocamentos relativos em modo I

Deslocamento relativo de início de dano em modo I

Deslocamento relativo correspondente ao início de amaciamento de tensões em

modo I

Deslocamento relativo de rotura em modo I

Tensão de tração

Tensor das tensões

Tensão local em modo I

Tensão de corte

Coeficiente de Poison

Coeficiente de Poison no plano xy

Deformação específica

Deslocamento

Fator de correção de comprimento de fenda

Rotação dos braços do provete

ALT Adhesive Layer Theory

CBBM Compliance Based Beam Method

CBT Corrected Beam Theory

CCM Compliance Calibration Method

CDI Correlação Digital de Imagem

COD Crack Opening Displacement

CZM Cohesive Zone Model

DCB Double Cantilever Beam

DBT Direct Beam Theory

FEUP Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

FFT Fast Fourirer Transform

LET Laboratório de Ensaios Tecnológicos

LVDT Linear Voltage Differential Transformer

MEF Métodos dos Elementos Finitos

ZPF Zona de Processo de Fratura

4PB Four Point Bending

Page 17: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

1

1. Introdução

A utilização de materiais compósitos reforçados com fibras de carbono tem vindo a

aumentar na indústria, nomeadamente na indústria aeronáutica e aeroespacial. As

excelentes características de resistência, peso e rigidez específicas deste tipo de materiais

proporcionam vantagens competitivas, quando comparados com os materiais metálicos de

alta resistência, usados regularmente em todas as aplicações em que estas características

são exigidas.

Um dos problemas mais prementes dos materiais compósitos relaciona-se com os

processos de ligação entre componentes estruturais diferentes. As ligações aparafusadas e

rebitadas apresentam desvantagens relativamente às juntas coladas relacionadas com a

execução da furação e com o acréscimo de peso. As juntas coladas apresentam uma

distribuição de tensões mais uniforme, têm um bom comportamento quando sujeitas a

cargas cíclicas, adaptam-se melhor na junção de superfícies irregulares e são de fácil

execução. Todavia, a sua aplicação em estruturas é ainda limitada devido à falta de

confiança dos projetistas no seu desempenho. Este aspeto está relacionado com a falta de

modelos de previsão da resistência que permitam prever com rigor o seu comportamento

mecânico. Recentemente, os modelos de dano coesivos têm vindo a demonstrar a sua

potencialidade como modelos de previsão do comportamento mecânico de juntas coladas.

Todavia estes modelos requerem o estabelecimento prévio de uma lei coesiva que está

intrinsecamente associada ao comportamento do material e da estrutura.

Nesta dissertação é apresentado um método que permite a obtenção da lei coesiva

experimental de um provete Double Cantilever Beam (DCB) solicitado em modo I com

substratos de carbono-epóxido e adesivo de epóxido.

Foram fabricados e ensaiados vários provetes DCB, sendo registados os valores da força

( ) e do deslocamento ( ) durante os ensaios. Para a obtenção da lei coesiva experimental

de uma junta colada foi necessário medir o deslocamento relativo na extremidade da fenda

, também denominado de Crack Opening Displacement (COD). Para tal, foi utilizado um

método ótico denominado Correlação Digital de Imagem (CDI), recorrendo ao sistema

comercial ARAMIS para obter os respetivos valores de COD.

Page 18: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

2

Com os resultados experimentais obtidos, calculou-se a energia de fratura ( ) e as

respetivas curvas-R de todos os ensaios considerados válidos. Para tal, usou-se o método

Compliance Based Beam Method (CBBM). Posteriormente, definiu-se a forma da lei coesiva

que mais se adequa às leis coesivas obtidas experimentalmente, sendo necessário recorrer

a polinómios de 6º grau para caracterizar as curvas , que, por derivação, dão origem

às leis coesivas experimentais.

Com recurso ao software ABAQUS® e aos elementos coesivos o procedimento

experimental foi validado numericamente. Para tal foi utilizada a forma da lei coesiva que

mais se adequa às leis coesivas experimentais (lei trapezoidal), assim como as

características e propriedades do adesivo e dos substratos. Esta lei trapezoidal foi usada

nas simulações numéricas com o objetivo de comparar as cuvas e as curvas-R

numéricas e experimentais. Por fim, a lei coesiva numérica foi comparada com a

experimental e com a trapezoidal adotada para cada provete.

A presente dissertação encontra-se estruturada da seguinte forma:

no capítulo 2 é feita uma pequena revisão bibliográfica sobre o atual estado de arte;

no capítulo 3 é apresentado e explicado o modelo de dano coesivo utilizado, sendo

também descrito o ensaio de fratura DCB, assim como o método utilizado na obtenção

da energia de fratura (CBBM);

no capítulo 4 é efetuada uma validação numérica através do software ABAQUS®, da

obtenção de uma lei coesiva pela metodologia apresentada no capítulo 3;

no capítulo 5 são apresentados e caracterizados os materiais utilizados. É também

detalhada o processo de fabrico dos provetes DCB a utilizar nos ensaios, assim como

apresentados os equipamentos e as técnicas experimentais utilizadas nos ensaios

realizados;

no capítulo 6 é efetuada a análise dos resultados experimentais, sendo aplicada a

metodologia apresentada no capítulo 3 para determinar a energia crítica de fratura,

assim como as leis coesivas experimentais;

no capítulo 7 são apresentados resultados numéricos, baseados nos resultados

obtidos experimentalmente no capítulo 6. Ambos os resultados são comparados neste

capítulo;

por fim, nos capítulos 8 e 9 são apresentadas respetivamente as conclusões deste

trabalho e as sugestões para futuros trabalhos.

Page 19: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

3

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Adesivos e juntas adesivas

As ligações entre diferentes componentes têm sido alvo de estudo ao longo dos anos.

Atualmente, quando se pretende fazer uma ligação entre dois materiais, não se tem em

consideração apenas os métodos clássicos como a soldadura e as ligações aparafusadas,

mas pondera-se também a eventual aplicação de adesivos estruturais. A utilização de juntas

simples, o reduzido peso, a ausência de furos ou marcas de soldadura, os custos de fabrico,

etc, têm sido alguns dos fatores que têm contribuído para o aumento da aplicação de juntas

adesivas nos diferentes tipos de indústrias, desde as indústrias com tecnologia de ponta

como a aeronáutica e aeroespacial, assim como nas indústrias mais comuns, como é o caso

das indústrias de mobiliário e de calçado.

As juntas adesivas são normalmente compostas por substratos de elevada rigidez (metais,

madeira, compósitos), ligados através de adesivos capazes de transmitir tensões entre

substratos. Possuem diversas vantagens, como uma boa capacidade de absorção de

vibrações, uma boa capacidade de vedação e de ligação de peças complexas, capacidade

de união de diferentes materiais, e um bom acabamento em relação a outros processos de

ligação.

Com uma maior utilização de juntas adesivas na indústria, torna-se necessário desenvolver

critérios de resistência capazes de prever e melhorar o comportamento e desempenho

mecânico destas ligações.

Existem três tipos de critérios para prever a resistência de uma junta adesiva: Resistência

dos Materiais, Mecânica da Fratura e Modelos Coesivos.

2.2. Critérios baseados na Resistência de Materiais

Os critérios de Resistência dos Materiais baseiam-se na análise de tensões e/ou

deformações da estrutura [1]. Na análise de estruturas reais e complexas o recurso a

métodos numéricos como o Método dos Elementos Finitos (MEF) permite conhecer o campo

de tensões e deformações de uma junta. Estes métodos, no entanto, apresentam limitações

relacionadas com a presença de singularidades que levam a que os resultados obtidos

Page 20: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

4

através do MEF dependam do refinamento de malha não propiciando uma convergência de

resultados. Este tipo de problemas pode ser minimizado recorrendo a alguns critérios como

o Critério da Tensão Pontual [2], onde as medições das tensões são realizadas a uma

determinada distância da singularidade e o Critério da Tensão Média [3], onde é

considerada uma média de tensões ao longo de uma distância pré-definida.

2.3. Critérios baseados na Mecânica da Fratura

A Mecânica da Fratura tem em conta os defeitos presentes no material, defeitos esses que

podem existir devido a um mau processo de fabrico ou ocorrer durante o funcionamento da

estrutura. A Mecânica da Fratura permite assim criar programas de Engenharia capazes de

definir o nível de aceitação de determinados defeitos de um material, podendo pequenos

defeitos em determinadas geometrias serem mais prejudiciais do que em outras.

Existem dois tipos de citérios da Mecânica da Fratura. O critério que se baseia no conceito

do fator de concentração de tensões ( ) e que é definido em modo I como:

(1)

em que é um factor adimensional que depende da geometria e da distribuição de carga,

, a tensão remota aplicada na direção perpendicular à direção da fenda e o

comprimento da fenda. A propagação da fenda ocorre quando atinge o seu valor critíco,

ou seja:

(2)

Ao contrário do parâmetro , que depende da geometria da peça e da fenda, é uma

propriedade mecânica e intrínseca do material.

O critério energético baseia-se nos conceitos de taxa de libertação de energia de

deformação (no domínio elástico), assumindo que a propagação do dano ocorre quando a

taxa de libertação de energia de deformação na extremidade do defeito ( ) iguala a taxa

crítica de libertação de energia de deformação ( ) que é uma propriedade intrínseca do

material [4].

Page 21: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

5

A taxa de libertação de energia é obtida pela expressão

(3)

onde representa o trabalho das forças exteriores, a energia interna de deformação e

a área da fenda propagada.

Em estados planos o fator de intensidade de tensão em modo I ( ) para materiais

isotrópicos relaciona-se com a taxa de libertação de energia através das seguintes

expressões:

i) Para estado plano de tensão

(4)

ii) Para estado plano de deformação

(5)

onde representa o módulo de Young do material e o coeficiente de Poisson. Estas

relações são também válidas para os valores críticos de e ( e )

A propagação de uma fenda pode ocorrer em diferentes modos (Figura 1). Em modo I,

quando esforços de tração induzem a abertura da fenda e em modo II e III, onde a frente da

fenda é sujeita a esforços de corte.

Figura 1 - Modos de rotura de juntas adesivas [5]

Page 22: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

6

Autores como Kinloch [6], mostram que para a previsão da resistência das juntas o conceito

da taxa de libertação de energia possui vantagens em relação ao critério que se baseia no

conceito do fator de concentração de tensões. De facto, a taxa de libertação de energia tem

um significado físico importante, enquanto que a determinação de , nem sempre é fácil,

nomeadamente no caso da propagação da fenda se dar junto a uma interface. Embora a

utilização do conceito da taxa de libertação de energia possa parecer sempre vantajosa, tem

também os seus problemas, nomeadamente no que toca ao modo em que uma junta é

solicitada, pois se em materiais isotrópicos as fendas tendem a propagar-se em modo I, em

materiais ortotrópicos e em juntas coladas, a propagação ocorre muitas vezes em modo

misto (I + II). A Mecânica da Fratura possui também algumas desvantagens na previsão da

resistência de juntas adesivas, devido à necessidade de definição prévia de uma pré-fenda,

que por vezes é de difícil localização numa estrutura real. Para ultrapassar as limitações

inerentes aos critérios baseados na Resistência dos Materiais e na Mecânica da Fratura

surgem os Modelos Coesivos que se descrevem em seguida.

2.4. Modelos Coesivos

A aplicação de Modelos Coesivos tem sido frequente nos últimos anos, nomeadamente no

que toca ao estudo da resistência de juntas adesivas. Estes modelos têm a grande

vantagem de combinar metodologias da Resistência dos Materiais e da Mecânica da Fratura

na previsão do comportamento dos materiais e mais objetivamente das juntas adesivas.

Problemas como refinamentos de malha ou necessidade de consideração de uma pré-fenda

num material são assim ultrapassados. Uma das grandes vantagens destes modelos é a

capacidade de simular a iniciação e a propagação do dano, não sendo necessário um

defeito inicial no material e a propagação do dano ocorre sem a intervenção do utilizador [7].

Os modelos de dano coesivo também denominados por CZM´s (Cohesive Zone Models)

baseiam-se numa relação entre as tensões e os deslocamentos relativos entre as faces da

frente de fenda, ou por outras palavras, o alongamento da camada de adesivo de maneira

a traduzir uma gradual degradação das propriedades do material. Conforme o

comportamento do material, podem ser ajustados diferentes CZM´s ou diferentes leis

coesivas à relação acima mencionada [8-13]. A diferença entre os vários modelos está na

forma das leis coesivas, e nos parâmetros utilizados para caracterizar essas leis. Uma das

vantagens dos CZM´s é que podem ser incorporados na análise de elementos finitos para

caracterizar o comportamento à fratura de vários materiais e estruturas, incluindo juntas

Page 23: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

7

adesivas. Vários métodos baseados nos CZM´s são utilizados para simular numericamente

os problemas de fratura interfacial de juntas coladas. Um método simples assume que a

camada de adesivo utilizada numa junta adesiva é modelada por elementos finitos de

interface [14,15], que incluem a lei coesiva implementada na análise numérica. Neste

método toda a camada de adesivo é substituída por uma série de elementos de interface

que possibilitam a simulação do comportamento e da propagação de um defeito no material.

Estes elementos são introduzidos nos planos mais propícios à iniciação e propagação da

fissura, que numa junta adesiva pode ocorrer no interior do adesivo ou junto à interface do

adesivo com o aderente.

2.5. Determinação de leis coesivas utilizando diferentes metodologias

Uma junta estrutural pode ser solicitada em tração e em corte. As variáveis presentes numa

camada de adesivo são assim a tensão de tração ( ), o deslocamento relativo na direção

normal à camada de adesivo ( ), a tensão de corte ( ), e o deslocamento relativo de corte

( ) (Figura 2).

Figura 2 - Modos de deformação de uma camada de adesivo de espessura [16]

Numa camada de adesivo que contenha uma fenda ou uma pré-fenda o alongamento na

extremidade da fenda é comummente designado por COD (Crack Opening Displacement).

O COD procura caracterizar a capacidade de o material se deformar, antes da propagação

da fenda, medindo o afastamento das duas faces da fissura na vizinhança na sua

extremidade (Figura 3). A região danificada existente na vizinhança da extremidade da

fenda é denominada de Zona de Processo de Fratura (ZPF) (Figura 3).

Page 24: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

8

Figura 3 - Representação esquemática do COD e da ZPF

Considerando a camada de adesivo uma entidade estrutural, autores como Anderson e

Stigh [16] propõem que a metodologia do estudo da camada de adesivo seja denominada

de Adhesive Layer Theory (ALT). Um dos critérios para a validação desta teoria será que a

ZPF deverá ter uma dimensão elevada quando comparada com a espessura do adesivo ( .

O comprimento da ZPF, depende de alguns fatores como a espessura da camada de

adesivo, a ductilidade do adesivo e a geometria do provete, como demonstram Cavalli e

Thouless [17]. Os mesmos autores concluíram que o comprimento da ZPF deverá ser da

mesma ordem de magnitude da altura dos substratos, no caso de o provete ser solicitado

em modo I. Em modo II o tamanho da mesma deverá ser substancialmente maior que a

altura dos substratos [18]. A ALT tem sido utilizada em simulações numéricas por diversos

autores através do uso do método de elementos finitos [19-22]. Uma lei coesiva retrata a

relação entre e em modo I, ou e em modo II. Esta relação pode ser obtida por

métodos inversos ou métodos diretos.

Page 25: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

9

Método Inverso

Yang et al. [11] determinaram a relação entre e recorrendo a um método inverso. Estes

autores solicitaram um provete DCB através da aplicação de momentos nos braços do

provete (Figura 6), levando a que os substratos se deformassem plasticamente. Um modelo

trapezoidal foi utilizado para representar a relação entre e (Figura 4)

Figura 4 - Lei coesiva trapezoidal σ(w) utilizada por Yang et al. [11]

Os parâmetros e do modelo utilizado são considerados parâmetros dominantes e são

obtidos através de um ajuste entre as curvas numéricas e experimentais, sendo os

restantes parâmetros considerados de menor importância, escolhidos como e

. Neste tipo de metodologia é assumido que a camada de adesivo garante a

relação entre e na interface dos dois substratos.

Anderson e Stigh [16] utilizam também um método inverso na determinação dos parâmetros

coesivos de uma camada de adesivo dúctil, utilizada num provete DCB. A lei obtida

pode ser dividida em três partes. Inicialmente a tensão aumenta proporcionalmente ao

deslocamento relativo (comportamento elástico da camada de adesivo), até um determinado

limite de tensão. Em seguida, verifica-se um patamar de tensão constante correspondente

ao comportamento plástico do adesivo. Por fim, a lei termina com uma curva parabólica.

Anderson e Stigh [16] demonstram também no seu trabalho uma dependência da lei

obtida, com a espessura da camada de adesivo utilizada.

Averiguar se a relação entre e é ou não uma propriedade da camada de adesivo tem

sido motivo de estudo ao longo dos anos. Neste contexto, Cavalli e Thouless [17]

compararam a resistência de uma camada de adesivo obtida através de experiências

Page 26: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

10

realizadas com aderentes cuja deformação ocorre em regime elástico e regime plástico. A

energia crítica de fratura obtida nos ensaios com aderentes que se deformam elasticamente

é superior à energia crítica de fratura obtida nos ensaios com aderentes que se deformam

plasticamente. Visto a área da curva representar a energia crítica de fratura, então

pode-se afirmar que a curva é também dependente do comportamento dos substratos

[23].

Alguns métodos clássicos baseados na teoria de vigas, como o Compliance Calibration

Method (CCM), Direct Beam Theory (DBT) incluem o comportamento dos substratos,

durante um ensaio DCB. Estes ensaios possuem algumas vantagens, como a sua

simplicidade e possibilidade de obtenção da resistência à fratura de um provete através da

utilização da teoria de vigas. A monotorização do comprimento de fenda durante o ensaio, e

a não consideração da energia dissipada na ZPF, são algumas das desvantagens dos

métodos citados. de Moura et al. [24] propõem um método (aplicado em solicitações de

modo I) capaz de superar todas as desvantagens acima mencionadas. O método denomina-

se Compliance Based Beam Method (CBBM). Através da utilização do método CBBM, de

Moura et al. [24] obtêm uma lei coesiva trapezoidal em puro modo I para uma camada

de adesivo dúctil, utilizando provetes DCB. A lei é implementada em elementos finitos de

interface. Através da aplicação do método CBBM o valor da energia crítica de fratura é

facilmente obtido a partir das curvas-R. Os restantes parâmetros da lei coesiva trapezoidal

são obtidos através de um método inverso, procedendo a algumas iterações para a

obtenção de um bom ajuste entre as curvas numéricas e experimentais.

de Moura et al. [25] utilizaram o método CBBM na definição de um modelo de dano coesivo

aplicado a estruturas de madeira, solicitadas em modo I. Os parâmetros da lei coesiva

bilinear são também obtidos através de um método inverso, utilizando para isso uma

estratégia de otimização baseada num algoritmo genético, cujo objetivo é o ajuste da curva

numérica com a experimental, minimizando o erro entre ambas.

Apesar da utilização de métodos inversos na definição das leis originar bons

resultados, é necessária a definição prévia dos parâmetros definidores de uma lei a

utilizar, sendo também necessário definir previamente um intervalo de valores possíveis

para esses parâmetros. Alternativamente, a lei coesiva pode ser obtida por medição direta.

Neste caso, é necessário o registo do valor do alongamento da camada de adesivo ao

longo do ensaio DCB.

Page 27: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

11

Método Direto

Para determinar experimentalmente a relação entre e , Olsson e Stigh [26] estudaram

um provete DCB solicitado em modo I (Figura 5).

Figura 5 - Provete DCB solicitado em modo I [16]

Através da medição do deslocamento relativo da camada de adesivo , da força e da

rotação dos braços do provete , a relação entre e é obtida através da seguinte fórmula

(6)

onde diz respeito à largura do provete. O fator 2 na equação deve-se ao facto de o

provete ser constituído por dois substratos. Esta fórmula deriva da teoria de Euler-Bernoulli

para vigas elásticas. Métodos experimentais e respetivos resultados são apresentados por

Stigh e Andersson [27].

A relação entre e também pode ser obtida a partir da equação de energia em

função de .

(7)

o que permite obter a lei coesiva por derivação da equação anterior

(8)

Page 28: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

12

Outro tipo de abordagens foram realizadas para medir a relação entre e . Sørenson [22]

utiliza uma metodologia diferente, não solicitando um provete DCB com forças nas suas

extremidades mas sim com momentos, como se pode observar na Figura 6.

Figura 6 - Provete DCB solicitado à flexão através de momentos aplicados nas suas extremidades

[22]

onde representa o momento fletor aplicado. Neste caso o Integral pode ser medido

continuamente durante a realização do ensaio através da seguinte equação (estado plano

de deformação):

(9)

representando e o modulo de Young e o coeficiente de Poisson, e espessura e

largura dos substratos, respetivamente. Com este procedimento é necessário medir os

momentos aplicados e o deslocamento relativo . No seu estudo Sørenson utiliza um

adesivo de poliuretano, juntamente com substratos de aço. A mesma metodologia é utilizada

por Jacobsen e Sørenson [28] e Fernberg e Berlung [29] para materiais compósitos.

Cuidadosas medições da geometria dos provetes assim como das propriedades elásticas

dos substratos, são necessárias neste tipo de abordagens. A desvantagem deste método

prende-se com a necessidade de desenvolver um dispositivo especial para a aplicação de

momentos fletores ao provete DCB.

Biel [30] determinou experimentalmente a relação entre e de uma junta adesiva

solicitada em modo I através do uso de provetes DCB. Para a medição de , Biel utilizou

dois LVDT (Linear Voltage Differential Transformer) colocados junto às camadas exteriores

dos substratos (Figura 7).

Page 29: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

13

Figura 7 - Equipamento utilizado no ensaio DCB por Biel [30]

Neste trabalho obtiveram-se bons resultados com o uso de LVDT’s. No entanto, os

substratos utilizados na medição são substratos de aço. O aço é um material isotópico que

possui um módulo de Young elevado ( ) quando comparado com o módulo de

Young de um adesivo dúctil , levando assim a que as medições do deslocamento

relativo obtidas por Biel [30] no seu trabalho correspondessem praticamente ao

deslocamento relativo do adesivo. Com a utilização de materiais compósitos,

nomeadamente um material carbono-epóxido que possui um módulo de Young de

na direção paralela à direção de alongamento do adesivo, uma medição deste tipo leva a

que sejam registados valores de deslocamento relativo do adesivo e também dos

substratos, visto ambos os materiais possuírem um módulo de Young da mesma ordem de

grandeza na direção paralela à carga aplicada no provete DCB.

Apesar de existirem muitos estudos sobre a relação entre e de uma camada de adesivo

sujeita a esforços de tração utilizando o método do integral , a medição de alguns

parâmetros durante a realização dos ensaios em modo I não é fácil, nomeadamente a

medição de valores de necessários no caso de aplicação do método ligado à equação (6)

ou a imposição de momentos fletores necessários no caso de aplicação do método

ligado à equação (9). Outro tipo de medição de deslocamento relativo do adesivo pode ser

usado, nomeadamente medições obtidas através do uso de correlação de imagem que se

detalha em seguida.

Page 30: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

14

2.6. Correlação Digital de Imagem

Medir o deslocamento e deformação de materiais sujeitos a diferentes tipos de esforços,

sempre foi algo bastante utilizado na avaliação das propriedades dos materiais, na

determinação da sua resistência, e na análise de parâmetros relacionados com a fratura dos

mesmos. Várias técnicas óticas como a interferometria Moiré [31], a holografia [32], e a

interferometria speckle [33] têm vindo a ser utilizadas com esse objetivo.

Um dos grandes inconvenientes das várias técnicas de interferometria prende-se com o

facto de a superfície a analisar, sofrer deslocamentos elevados durante a realização de

ensaios, levando assim a uma descorrelação de imagens obtidas [34]. Técnicas óticas como

a Correlação Digital de Imagem (CDI) não possuem esse tipo de limitações. Esta técnica foi

inicialmente desenvolvida por Sutton et al. [35,36,37] e Bruck et al. [38]. A CDI é um método

ótico de medição que utiliza um algoritmo de correlação matemática para calcular os

deslocamentos das superfícies exteriores dos objetos sujeitos a cargas mecânicas. A

técnica consiste em capturar imagens consecutivas através do uso de uma câmara digital,

durante o período de deformação do material. Para aplicar esta metodologia, o material

necessita de ser previamente preparado, sendo necessário aplicar um padrão aleatório

(normalmente denominado de padrão speckle) na superfície de interesse do objeto

(Figura 8).

Figura 8 - Padrão speckle

Após o objeto ser iluminado por uma fonte de luz não coerente, é registada uma imagem do

padrão speckle antes da aplicação de carga, denominada imagem de referência. Em

seguida, são registadas sucessivas imagens durante a deformação do objeto (imagens

deformadas). Todas as imagens deformadas registadas apresentam o mesmo padrão de

speckle, com diferentes graus de deformação relativamente à imagem de referência. Para

se obterem boas medições alguns cuidados devem ser tidos em conta [39,40]. Em seguida,

sub-imagens são escolhidas do padrão speckle da imagem de referência sendo

Page 31: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

15

posteriormente comparadas por correlação com as sub-imagens presentes nas imagens

obtidas para diferentes estados de deformação.

Sendo uma função discreta que define os níveis de cinzento dos pixeis da imagem

de referência e dos pixeis da imagem final [41], a relação entre ambas as funções

é definida por

(10)

onde e , representam o campo de deslocamentos (Figura 9) das várias sub-imagens.

Figura 9 - Variação do estado inicial (imagem de referência) para o estado deformado (imagem

deformada) [42]

Através da correlação entre a sub-imagem pertencente à imagem de referência e as sub-

imagens da sua transformada (imagens deformadas), são assim obtidos os valores dos

deslocamentos. As imagens comparadas são correlacionadas através da utilização de um

algoritmo capaz de relacionar as duas funções discretas e .

Em 1989 Bruck et al. [38] utilizaram um algoritmo baseado no método Newton-Raphson

(NR) com correção parcial diferencial. Desde então vários autores têm vindo a utilizar e a

otimizar o algoritmo NR [43,44,45], reduzindo a sua complexidade e estendendo a sua

aplicabilidade. Apesar de ser bastante usado, este algoritmo de correlação de imagem

acarreta um elevado esforço computacional. Isto deve-se ao facto de o algoritmo baseado

no método Newton-Raphson ser um algoritmo numérico não linear de otimização que requer

uma estimativa inicial para convergir com precisão e rapidez [46]. A estimativa inicial para

cada ponto de cálculo é feita através da realização de um simples mas demorado

Page 32: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

16

procedimento de pesquisa de deslocamentos dentro do intervalo de interesse da imagem

deformada [38,46]. O processamento baseado na FFT (Fast Fourier Transform) fez surgir a

técnica como a correlação espacial de imagem, que consiste em efetuar a correlação no

domínio das frequências [47,48]. O recurso à FFT nas técnicas mencionadas anteriormente

permite reduzir o tempo de processamento. Nas últimas décadas, os métodos de correlação

de imagem têm sido desenvolvidos e melhorados, tornando comum softwares comerciais

como VIC2D [49] e ARAMIS que se encontram disponíveis no mercado.

A CDI tem vindo a ser largamente aplicada em diversos campos [50,51]. Recentemente,

diversas metodologias têm sido desenvolvidas utilizando o método de CDI para estudar e

caracterizar o comportamento à fratura de diversos materiais [52,53]. Alguns dos estudos de

fadiga envolvem a análise de fendas, nomeadamente na definição de fatores de intensidade

de tensão e na medição de COD [54-57]. Mekky e Nicholsen [56] utilizaram o método de

CDI para medir experimentalmente o valor COD de laminados de Ni/Al2O3 durante a

realização de testes de tensão uniaxiais e testes Four Point Bending (4PB). Nunes e Reis

[57] mediram também o valor de COD num compósito de fibras de vidro reforçadas com

argamassas poliméricas, sujeitas a um ensaio de flexão em três pontos. No presente

trabalho o método de CDI será utilizado para medir o valor de COD na extremidade de uma

pré-fenda efetuada num provete DCB solicitado em modo I. Para realizar as medições de

COD foi utilizado o equipamento comercial ARAMIS.

Page 33: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

17

3. Metodologia utilizada

3.1. Modelo de dano coesivo trapezoidal

Na caracterização à fratura de adesivos dúcteis, a utilização de modelos de dano

trapezoidais é mais adequada que os modelos de dano triangulares (modelos bastante

utilizados). Efetivamente, o comportamento dúctil do adesivo é melhor simulado através da

consideração de um patamar na lei coesiva (Figura 10) que traduz o seu comportamento

plástico.

De seguida é apresentado um modelo de dano coesivo trapezoidal adequado para simular o

comportamento de adesivos dúcteis em modo I que relaciona as tensões locais ( e o

alongamento da camada de adesivo ( ). Este modelo é implementado no software

ABAQUS® através de elementos finitos de interface [14,15] de 6 nós com espessura nula

(Figura 11) compatíveis com os elementos planos de 8 nós do ABAQUS®. A implementação

deste modelo no ABAQUS® é feita através da ferramenta disponível e designada por USER

SUBROUTINES.

Figura 10 - Modelo coesivo trapezoidal para modo I

Figura 11 - Elemento de interface de 6 nós. A separação na vertical entre os nós homólogos é

artificial e foi considerada para melhor visualização.

Page 34: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

18

As tensões no elemento finito de interface são calculadas através de

(11)

sendo um vetor de deslocamentos relativos entre os pontos homólogos pertencentes às

superfícies superior (top) e inferior (bot) do elemento finito de interface em coordenadas

locais. Este vetor pode ser definido como:

(12)

ou

(13)

onde os índices I e II representam as direções locais correspondentes aos modos I e II,

respetivamente. representa uma matriz diagonal, contendo os parâmetros de rigidez que

são definidos através da relação entre o módulo de elasticidade do adesivo e a sua

espessura.

Da resistência dos materiais, quando um material é solicitado à tração no regime elástico,

sabe-se que

(14)

Sabendo que antes da iniciação do dano em juntas coladas o comportamento do material é

inteiramente elástico, a tensão no tramo inicial é definida como

(15)

onde representa o módulo de elasticidade do adesivo e a espessura do mesmo. No caso

das juntas coladas solicitadas em Modo I, o valor da deformação é dado pela relação

. Nesta equação o rácio representa a rigidez interfacial governada pelo módulo do

adesivo e a sua espessura.

Os elementos finitos de interface incluem o modelo de dano coesivo para simular o dano e a

propagação do mesmo. Considerando um modelo de puro modo I a equação (11) é valida

antes da iniciação do dano que ocorre quando o valor de , que representa a resistência

local do material, é atingido (Figura 10).

Page 35: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

19

Deste modo, o valor de pode ser obtido a partir da equação (15)

(16)

Na Figura 10 o ponto de coordenadas é considerado um ponto de inflexão, que

dita o fim do comportamento elástico do adesivo e a iniciação do dano. Em seguida, surge

um patamar de estabilização de tensão, que corresponde ao comportamento plástico do

adesivo e que termina no ponto de coordenadas . Por fim, o valor de decresce

até um valor nulo de tensão (zona de amaciamento de tensões), que pode ser representado

pelas coordenadas .

O comportamento da lei coesiva desde o ponto até ao ponto simula a

progressão do dano e a energia libertada numa zona coesiva junto à ponta da fenda. Esta

zona é conhecida como a Zona de Processo de Fratura (ZPF) e pode ser definida como a

zona onde o material sofre dano de diferentes maneiras, como plasticidade e iniciação de

micro fendas. Numericamente, este tipo de comportamento é implementado através de um

parâmetro de dano cujo valor varia de zero (material não danificado) até um (rotura

completa) à medida que o material se deteriora [58]. A lei respetiva escreve-se

(17)

onde é uma matriz identidade e uma matriz diagonal que contém o parâmetro de dano

em modo I . No patamar de tensão o parâmetro é definido como

(18)

e, no tramo de amaciamento de tensões ,

(19)

onde é o deslocamento relativo corrente. Como se considera um modelo de puro modo I,

as tensões de corte são desprezáveis e podem ser abruptamente anuladas aquando do

início do dano em modo I.

Page 36: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

20

O deslocamento corresponde ao momento da perda total de rigidez do adesivo e pode

ser obtido assumindo que a rotura ocorre quando a energia libertada iguala a energia crítica

de fratura em modo I, definindo assim como a área da lei coesiva trapezoidal

(20)

o que origina

(21)

Para o deslocamento corrente , a energia associada pode ser calculada por

(22)

que após derivação origina

(23)

Esta equação permite a obtenção da lei coesiva em modo I, representativa do

comportamento à fratura da junta colada.

Page 37: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

21

3.2. Ensaios de Fratura

O ensaio Double Cantiliver Beam (DCB) é o mais utilizado para a caracterização à fratura

em modo I, nomeadamente de juntas coladas [16,59,60]. Os provetes DCB são constituídos

por dois braços de igual comprimento ( ), espessura ( ) e largura ( ). No caso de juntas

coladas, o adesivo encontra-se entre os substratos e possui uma espessura ( , sendo

considerado um comprimento de fenda inicial ( ) desde a zona onde é aplicada a

solicitação até à extremidade da pré-fenda presente no adesivo, como se pode constatar na

Figura 12.

Figura 12 - Representação esquemática do provete DCB

À medida que o provete é solicitado em abertura (modo I) são registados os valores da força

, do deslocamento ( ) e do comprimento de fenda de modo a calcular o valor da

energia crítica de fratura ( ). Métodos como Compliance Calibration Method (CCM) e

Corrected Beam Theory (CBT) são bastante utlizados para determinar o valor de [58].

Estes métodos dependem da medição do comprimento de fenda durante a realização do

ensaio, o que acarreta algumas dificuldades. Dependendo do adesivo nem sempre se

consegue observar a extremidade da fenda. Propagações instáveis de fenda foram

observadas experimentalmente por Bader et al. [59] e Ducept et al. [61]. Todas estas

ocorrências levam a que nem sempre se obtenha uma boa monotorização do comprimento

de fenda durante o ensaio.

Devido ao adesivo estudado ser um adesivo dúctil a ZPF desenvolvida à frente da

extremidade da fenda leva a que nessa zona ocorram fenómenos como plasticidade e

iniciação de micro fendas, como já tinha sido referido anteriormente. Estes fenómenos

dificultam a localização da extremidade da fenda durante o ensaio. Por outro lado, a energia

dissipada na ZPF deve ser tida em consideração. Para ultrapassar todas estas dificuldades

Page 38: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

22

utiliza-se o Compliance Based Beam Method (CBBM) proposto por de Moura el al. [24],

método este dependente do valor de flexibilidade durante o ensaio e baseado no

conceito de fenda equivalente e na Teoria de Vigas de Timoshenko.

3.2.1. Compliance Based Beam Method

Para solicitações de modo I a energia elástica de deformação ( do provete (Figura 12)

devido aos efeitos de flexão e de corte é dada pela seguinte expressão

(24)

sendo o momento flector, e as propriedades elásticas de um material ortotrópico,

módulo de Young e módulo de corte respetivamente, a largura do provete, o momento

estático de 2ª ordem da secção reta de cada substrato e a tensão de corte ao longo da

espessura de cada braço do provete, sendo dada pela expressão

(25)

onde é igual a metade da espessura do substrato , e o esforço transverso em

cada braço do provete . Através do teorema de Castigliano os deslocamentos

podem ser escritos como

(26)

Esta equação constitui uma aproximação baseada na Teoria de Vigas de Timoshenko,

permitindo assim relacionar a flexibilidade do provete com a evolução do

comprimento de fenda ao longo do ensaio.

Page 39: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

23

No entanto a teoria das vigas não contabiliza a influência que fenómenos como

concentração de tensões na ponta da fenda e rotações dos substratos na extremidade da

mesma. De facto, a obtenção da equação (26) pressupõe que os substratos são vigas

encastradas na extremidade da fenda, o que na realidade não se verifica. Outro fator não

contemplado na equação (26) é a presença do adesivo. Para ultrapassar o efeito dos

referidos fatores, de Moura et al. [24] propuseram a definição de um módulo de flexão

equivalente em vez do uso de , módulo esse que incorpora todos os fenómenos acima

mencionados e que é definido a partir da equação (26) recorrendo às condições iniciais

( )

(27)

sendo um factor de correcção do comprimento de fenda inicial obtido através da

regressão linear

. Este parâmetro pode ser determinado experimentalmente ou

numericamente, bastando para isso carregar o provete com diferentes comprimentos de

fenda iniciais (Figura 13), para poder obter assim, para cada valor de , o respetivo valor de

flexibilidade . Este procedimento permite definir uma regressão linear com os

pontos obtidos.

Figura 13 - Representação esquemática da aplicação de diferentes carregamentos em função de

diferentes comprimentos de fenda iniciais num provete DCB [7]

Page 40: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

24

Figura 14 - Representação esquemática da obtenção do fator de correção do comprimento de fenda

inicial [7]

Figura 15 - Representação esquemática da ZPF e do conceito de comprimento de fenda equivalente

Por outro lado, deve ser considerado um comprimento de fenda equivalente durante a

propagação da fenda, para incluir os efeitos da ZPF na extremidade da fenda (Figura 15). O

comprimento de fenda equivalente pode ser calculado através da equação (26),

considerando em vez de , como função do valor da flexibilidade do provete, registada

durante o ensaio, sendo . A solução da equação cúbica pode ser

obtida recorrendo ao software MATLAB® (ver anexo A). A energia de fratura em modo I

pode ser assim obtida a partir da equação de Irwin-Kies [62]

(28)

que origina

(29)

Page 41: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

25

4. Validação numérica

No presente capítulo pretende-se apresentar e validar numericamente o método utilizado

(CBBM), assim como a lei coesiva trapezoidal apresentada. Para tal, recorreu-se ao

software ABAQUS® e a uma rotina de utilizador em Fortran que inclui o código do modelo

coesivo trapezoidal incluído nos elementos de interface utilizados. No ficheiro de entrada de

dados do ABAQUS® (extensão INP) encontram-se todos os dados referentes ao problema

em questão, entre eles:

Elementos dos substratos

Para reproduzir os substratos do provete DCB foram utilizados elementos planos

quadráticos isoparamétricos (CPE8). Em cada substrato foram utilizados 17313 nós e 1308

elementos com as dimensões dos substratos utilizados na parte experimental. Nem todos os

elementos possuem o mesmo tamanho, tendo sido utilizada uma malha mais refinada na

zona da fissura (Figura 16), onde se encontram os elementos de interface.

Figura 16- Pormenor da malha utilizada nos

provetes DCB (ABAQUS®) evidenciando o

diferente refinamento utilizado

Figura 17 – Pormenor dos elementos de

interface e da pré-fenda (ABAQUS®)

Extremidade da pré-fenda Elementos de Interface

Page 42: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

26

Elementos de interface

Os elementos de interface (Figura 11) já mencionados anteriormente possuem espessura

nula (despreza-se a espessura do adesivo), são constituídos por seis nós e são

caracterizados por dez propriedades. Foram utilizados 300 elementos de interface que

estabelecem a ligação entre os substratos utilizados (Figura 17) e permitem simular a

iniciação e a propagação do dano durante a solicitação do provete DCB em modo I. As suas

propriedades dizem respeito aos parâmetros da lei coesiva trapezoidal utilizada (Tabela 1),

assim como às características do adesivo utilizado ( )

Tabela 1 - Parâmetros da lei coesiva trapezoidal utilizados na validação numérica

[MPa] [mm] [mm] [mm] [N/mm]

40 0,004 0,007 0,015 0,35

Propriedades elásticas dos substratos

As propriedades elásticas dos substratos encontram-se no Capitulo 5.

Condições de fronteira

Na Figura 18, encontram-se numerados os nós aos quais foram aplicadas condições de

fronteira. O nó 1 encontra-se encastrado e o nó 36001 apenas se pode mover na direção y

Figura 18- Pormenor dos braços do provete DCB

Page 43: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

27

Resultados

Os resultados do programa dizem respeito aos valores registados durante a simulação do

ensaio. A reação segundo y no nó 1 (Figura 18) permitiu determinar o valor da força

aplicada ( ). Foram também registados os deslocamentos segundo y no nó 36001,

conseguindo obter assim o valor de . Registaram-se ainda os valores de deslocamento

segundo y nos nós localizados na extremidade da pré-fenda inicial, tanto no nó pertence ao

substrato inferior como no nó pertence ao substrato superior. Através da subtração de

ambos os valores de deslocamentos foi possível determinar o valor de COD (

Na Figura 19 encontra-se esquematizado o modelo de elementos finitos do provete DCB. À

medida que a simulação decorre os braços do provete vão-se afastando, até que a tensão

instalada no primeiro ponto de integração que se encontra na extremidade da pré-fenda,

iguala a tensão . O processo de amaciamento ocorre com sobrecarga dos pontos de

integração posteriores, repetindo-se o processo até um valor limite de deslocamento

definido pelo utilizador. Na Figura 20 pode-se observar a forma do provete DCB deformado

e, mais em pormenor na Figura 21, a separação dos braços do provete em consequência da

abertura dos elementos de interface considerados.

Figura 19 - Modelo computacional do provete DCB não deformado (ABAQUS®)

Figura 20 - Modelo computacional do provete DCB deformado (ABAQUS®)

Figura 21 - Pormenor da propagação da fenda (ABAQUS®)

Page 44: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

28

numérico

Com os dados obtidos da simulação traçou-se a curva do ensaio (Figura 22). Através

do método CBBM e recorrendo à equação (29), obtiveram-se os valores de . O valor do

fator de correção do comprimento de fenda inicial ) necessário para a definição de

(Equação 27), foi determinado considerando diferentes valores de (60, 65, 70 mm) e os

correspondentes valores de flexibilidade , obtendo-se assim uma regressão linear

que permitiu obter . Com os valores de e traçou-se a curva-R (Figura 23).

Para a obtenção da lei coesiva numérica (Equação 23), traçaram-se as curvas de

acordo com a equação (22). Recorrendo a uma regressão polinomial de 6ª ordem da curva

1 (Figura 24) obteve-se a lei coesiva numérica, por derivação do polinómio ajustado. A

lei coesiva resultante foi comparada com a lei coesiva trapezoidal inserida no modelo

numérico, tendo-se verificado uma boa concordância entre ambas (Figura 25), o que valida

o procedimento proposto.

1 As equações dos polinómios de 6º grau ajustados às curvas , utilizadas na obtenção das leis

coesivas presentes neste trabalho, encontram-se no Anexo B.

Figura 22 – Curva numérica Figura 23 – Curva-R numérica

Figura 24 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva numérica

Figura 25 – Comparação entre a lei coesiva

obtida e a trapezoidal inserida no modelo

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100 110

0 1 2 3 4 5 6 7

P [

N]

𝛿 [mm]

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

62 64 66 68 70 72

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

JI = -3E+11w6 + 2E+10w5 - 3E+08w4 + 2E+06w3 - 1817,6w2 + 5,2646w

R² = 0,9998

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,004 0,008 0,012 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei coesiva numérica

Lei Trapezoidal

Page 45: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

29

5. Materiais e Métodos Experimentais

5.1. Geometria dos provetes

Para a realização dos ensaios de fratura em modo I foram fabricados seis provetes DCB. A

geometria dos mesmos encontra-se representada na Figura 26, sendo que as respetivas

dimensões se encontram na Tabela 2.

Figura 26 – Representação esquemática dos provetes DCB

Tabela 2 - Dimensões do provete DCB

140 mm

25 mm

- 60 mm

2,7 mm

0,2 mm

Devido ao material utilizado nos substratos e à sua reduzida espessura (2,7 mm) não é

viável a execução de furos para solicitar em modo I, ao contrário do que acontece quando

os substratos são de aço. Deste modo, torna-se necessário recorrer a outra abordagem,

optando por colar com adesivo, cubos de alumínio com um furo passante no seu centro,

localizados na extremidade dos provetes como se pode verificar na Figura 26.

Cubos metálicos

Page 46: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

30

5.2. Propriedades dos materiais

Na produção dos provetes DCB foram utilizados quatro materiais diferentes. Os substratos

dos provetes utlizados são de material compósito de carbono-epóxido constituídos por 18

camadas de fibras de carbono unidirecionais [0º] com 0,15 mm de espessura com as

propriedades mecânicas apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3 – Propriedades elásticas do carbono-epóxido [10]

O adesivo escolhido para unir ambos os substratos é um adesivo estrutural dúctil com a

designação ARALDITE® 2015, fornecido pela empresa Suiça HUNTSMAN. É um adesivo

epóxido, comercializado em cartuchos de 200 ml de pasta bi-componente, sendo bastante

utilizado na união de substratos metálicos e compósitos. Possui um tempo de aplicação

após mistura dos seus componentes (pot life) de 30-40 minutos a uma temperatura de 25º C

e um tempo de cura de 10 h a 23º C ou 35 mim a 70º C, segundo dados obtidos pela

empresa HUNTSMAN. Na Tabela 4 encontram-se algumas das suas propriedades

mecânicas, obtidas a uma temperatura de cura de 23º C.

Tabela 4 - Propriedades mecânicas do adesivo ARALDITE® 2015 [63]

ARALDITE® 2015

Módulo de Elasticidade 2000 MPa

Resistência ao Corte 18 MPa

Coeficiente de Poisson 0,3

Foi também utilizado outro adesivo estrutural com o nome de ARALDITE® 2021, igualmente

fornecido pela empresa Suiça HUNTSMAN, para colar os blocos de alumínio aos substratos.

Este adesivo também ele de epóxido é fornecido em cartuchos de 50 ml e pasta bi-

Page 47: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

31

componente. É bastante utilizado em juntas adesivas com substratos metálicos, compósitos

e plásticos e possui uma excelente resistência química. Tem um pot life de apenas 2-3

minutos a uma temperatura de 25ºC e um tempo de cura de 18 min a 23º C ou 5 mim a

40ºC, segundo dados obtidos pela empresa HUNTSMAN. Na Tabela 5 encontram-se

algumas das suas propriedades mecânicas, obtidas a uma temperatura de cura de 23ºC

Tabela 5 - Propriedades mecânicas do adesivo ARALDITE® 2021

ARALDITE® 2021

Módulo de Elasticidade 2300 MPa

Resistência ao Corte 22 MPa

Na Figura 27 pode-se observar a formato comercial dos adesivos utilizados.

Figura 27 - Formato comercial dos adesivos ARALDITE® 2015 e ARALDITE® 2021

5.3. Produção dos provetes

Em seguida encontra-se explicado detalhadamente todo o processo de produção dos

provetes para a realização dos ensaios DCB, produção essa realizada no laboratório de

adesivos das instalações da FEUP.

Page 48: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

32

5.3.1. Preparação dos substratos

Os substratos de carbono-epóxido, utlizados nos seis provetes fabricados foram obtidos de

uma placa de dimensões 300x300x2,7 mm3. O primeiro passo consiste em lixar toda a placa

de ambos os lados com uma lixa P-80 para remover todos os óxidos, gorduras e impurezas,

que se encontravam nas superfícies das placas. Este procedimento demorou cerca de uma

hora. O passo seguinte foi cortar doze barras da placa com as dimensões dos substratos a

utilizar nos provetes, recorrendo para isso a uma máquina de corte nas instalações do

INEGI. Durante o corte foi necessário ter bastante cuidado com a largura do substrato (25

mm) pois a largura do provete é um parâmetro utilizado na equação (29) elevado ao

quadrado, ao contrário do comprimento do substrato que não entra na equação (29), sendo

esse comprimento apenas o necessário para garantir uma propagação estável da fenda.

Foram conseguidos substratos com diferenças máximas de 0,31 mm entre medições

realizadas nas extremidades, algo bastante satisfatório pois a serra de corte utilizada

possuía alguma folga e o batente utilizado era de ajuste manual, sendo assim difícil garantir

o paralelismo entre a serra de corte e as superfícies dos substratos a cortar. Foram cortados

12 substratos de dimensões 140x25x2,7 mm3 mais 2 com as mesmas dimensões para

precaver algum inconveniente.

Figura 28 - Placa de carbono-epóxido / substratos cortados

Page 49: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

33

Após a operação de corte foi necessário proceder à secagem dos provetes, pois no corte foi

utilizada água como líquido de refrigeração. Para isso recorreu-se à prensa Intonco® (Figura

36), colocando todos os substratos no interior da mesma durante 30 min a uma temperatura

de 50ºC.

5.3.2. Fabrico das fitas e calços calibrados

Para garantir uma espessura constante de adesivo de 0,2 mm assim como uma pré-fenda

no início do adesivo, recorreu-se a fitas calibrados de diferentes espessuras, colocadas

propositadamente na extremidade traseira do provete e na zona frontal de aplicação do

adesivo (Figura 29)

Figura 29 - Representação esquemática da localização dos calços

Na produção do calço traseiro foi utilizada uma fita de aço calibrado de 0,2 mm de

espessura. Na produção do calço frontal foram utilizadas duas abordagens diferentes, pois o

objetivo deste calço é garantir a espessura do adesivo (0,2 mm) assim como criar a pré-

fenda. Sendo a introdução da pré-fenda algo que origina algumas dificuldades, optou-se por

utilizar dois métodos diferentes. Um dos métodos é proposto por Lee et al. [64] e consiste

em realizar um calço com uma lâmina de 0,1 mm de espessura no meio e duas fitas

calibradas de 0,05 mm de espessura. Este método encontra-se bem esquematizado por

Carbas [65], na Figura 30, onde, inicialmente, se procede ao corte de duas fitas de aço

calibrado, aplicando cianoacrilato numa face da fita. De seguida, cola-se a lâmina à fita, e

aplica-se novamente cianoacrilato na lâmina. Por fim cola-se a lâmina superior, deixando

apenas uma pequena parte da lâmina de fora de maneira a garantir a pré-fenda inicial,

garantindo assim um calço com 0,2 mm de espessura.

Page 50: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

34

Figura 30 - Fabrico do calço frontal (lâmina) demonstrado por Carbas [65]

Apesar de o método apresentado anteriormente, ser um método bastante utilizado na

introdução de pré-fendas em juntas coladas, possui uma desvantagem que se prende com o

facto de a lâmina possuir uma espessura (0,1 mm) e um raio de curvatura na sua ponta que

não pode ser considerado desprezável, algo que teoricamente uma fenda não possui. Assim

sendo, optou-se por realizar um outro tipo de calço frontal, com recurso a folhas de Teflon®,

de espessura 25 μm. Como se pode observar na Figura 31 cortou-se uma fita de aço

calibrado com 0,1 mm de espessura, aplicando ao longo da mesma pequenas gotas de

cianoacrilato. Em seguida, à medida que se colocava o Teflon® pré-tensionado em cima da

fita, ia-se garantindo uma boa colagem com recurso a uma espátula, evitando assim ao

máximo enrugamentos da fina camada de Teflon®. Por fim voltou-se a aplicar pequenas

gotas de cianoacrilato na folha de Teflon®, e recorrendo ao mesmo procedimento garantiu-

se um calço com 0,2 mm de espessura e uma fina camada de Teflon® pré-tensionada no

seu interior, assegurando assim a pré-fenda.

Figura 31 - Fabrico do calço frontal (Teflon®)

No que diz respeito à introdução da pré-fenda metade dos provetes foram fabricados com o

método da lâmina e a outra metade com o recurso a folhas de Teflon®.

Page 51: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

35

5.3.3. Preparação do molde e colagem dos provetes

Na produção dos provetes foi utilizado um molde de aço, disponível no Laboratório de

Adesivos da FEUP. O molde utilizado (Figura 32) tem capacidade para seis provetes de 25

mm de largura, o que determinou a largura dos provetes. O bloco inferior do molde possui

pinos de guiamento que garantem o alinhamento dos substratos. O bloco superior é

ajustado ao bloco inferior com a ajuda de dois pernos roscados em lados opostos do

mesmo.

Figura 32 - Molde de aço

Antes da colocação dos substratos no molde foi necessário proceder à sua limpeza. Esta foi

efetuada com recurso a folhas de papel embebidas em acetona, removendo-se assim a

sujidade e os restos de adesivos que se encontravam no mesmo. Para o adesivo não aderir

ao molde e aos calços durante o fabrico e cura dos provetes, foi necessário aplicar

desmoldante a ambos. Colocou-se então o molde e os calços na prensa Intoco® até este

atingir uma temperatura próxima dos 50ºC de maneira a aumentar a velocidade de reação

de cura do desmoldante. Com o molde a 50ºC aplicou-se, com o auxílio de um pincel, o

desmoldante FREKOTE® 770-NC da LOCTITE® por toda a superfície do molde e dos

calços. Foram feitas várias passagens de maneira a abranger todas as superfícies em

contacto com o adesivo.

Page 52: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

36

Após uma correta e cuidadosa limpeza do molde procedeu-se ao fabrico dos provetes DCB.

Os substratos dos seis provetes foram limpos com acetona e colocados no bloco inferior do

molde, entre os pinos de guiamento, garantindo o encosto dos substratos ao pino de topo

(Figura 33). Em seguida, foram colocados os calços traseiros (Figura 34) e frontais nas

respetivas posições.

Figura 33 - Colocação dos substratos inferiores no

molde

Figura 34 - Colocação do calço traseiro nos

substratos

O adesivo ARALDITE® 2015 foi então introduzido numa pistola própria que pressiona a

resina e o endurecedor de modo a serem expelidos por um bico de mistura, permitindo

assim regular a deposição do adesivo no provete. A deposição do adesivo foi efetuada sob a

forma de linhas ao longo do comprimento do provete. Com o auxílio de uma espátula foram

feitas algumas passagens sobre o adesivo para evitar porosidades no mesmo. A aplicação

de adesivo junto ao calço traseiro foi bastante cuidadosa, tentando evitar que este não se

movesse e que o adesivo não se espalhasse para cima do mesmo, pois este calço garante

a espessura da camada de adesivo. O mesmo cuidado se teve junto ao calço frontal, sendo

que neste caso foi necessário garantir adesivo por cima e por baixo da lâmina e do Teflon®,

tendo sempre o cuidado de evitar o enrugamento do Teflon®. Em seguida colocou-se o

substrato superior, estabelecendo-se o contacto por basculamento (Figura 35) de maneira a

evitar a formação de porosidades e vazios na camada de adesivo.

Page 53: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

37

Figura 35 - Contacto por basculamento [66]

Após o contacto, o excesso de adesivo acabou por sair pelas faces laterais dos provetes.

Para evitar que no molde os adesivos de diferentes provetes entrassem em contacto uns

com os outros, resolveu-se colocar pequenas folhas de Teflon® entre os provetes. Por fim,

colocou-se o bloco superior do molde com o auxílio dos pernos de guiamento fechando

assim o molde, seguindo-se o processo de cura.

5.3.4. Cura dos provetes

A cura dos provetes foi efetuada no interior da prensa INTOCO®, existente no Laboratório

de Adesivos (Figura 36). Foi então colocado dentro da prensa o molde de aço com os 6

provetes no seu interior. Foi exercida uma pressão de 1270 Pa no molde com a intenção de

estabelecer um bom contacto entre os substratos e os calços, assim como garantir a

espessura pretendida da camada de adesivo (0,2 mm).

Sabendo que o fabricante recomenda um tempo de cura do adesivo de 10 h a 23ºC e

estando a prensa num ambiente cuja temperatura varia entre os 18ºC e os 23ºC, o tempo de

cura escolhido foi de 18 h.

Page 54: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

38

Figura 36- Prensa INTOCO®

5.3.5. Acabamento das superfícies

Finalizado o processo de cura, retirou-se o molde do interior da prensa. Removendo alguns

dos pinos de alinhamento do molde com o auxílio de um punção e um martelo foi possível

retirar os seis provetes do molde. Com o auxílio de um alicate, foram removidos os calços

dos provetes. Esta tarefa foi de fácil execução devido à camada de desmoldante

previamente aplicada. Em seguida foi necessário remover o excesso de adesivo dos

provetes, tendo sido utilizada uma barra de alumínio e uma lixa P-80, tendo sempre o

cuidado de não remover fibras do substrato. Na Figura 37 pode-se observar o acabamento

das superfícies laterais de um dos provetes produzidos.

Figura 37 – Acabamento da superfície lateral de um provete DCB

Page 55: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

39

5.3.6. Colagem dos cubos metálicos

Terminado o acabamento das superfícies laterais dos provetes foi necessário passar à

colagem dos cubos de alumínio nos substratos superiores e inferiores, sendo utilizado para

esse fim o adesivo ARALDITE® 2021, devido à sua elevada resistência, ductilidade e

reduzido tempo de cura. Para este procedimento começou-se por aplicar um tratamento

superficial à zona dos substratos onde iriam ser colocados os cubos assim como aos

próprios cubos, pois estes tinham sido utilizados anteriormente e ainda possuíam alguns

vestígios de adesivo. Para esse tratamento superficial foi utilizada uma lixa P-80. O próximo

passo consistiu em inserir os seis provetes alinhados para a colagem dos blocos, tendo o

cuidado de colocar uma folha de Teflon® entre os substratos de maneira a evitar que o

adesivo escorresse e colasse os braços do provete. Em seguida, o cartucho do adesivo

ARALDITE® 2021 foi introduzido numa pistola própria. Neste caso, ao contrário do que

aconteceu com a colagem dos substratos não foram utilizados bicos de mistura devido ao

reduzido pot life do adesivo (2-3 min), acabando a mistura por se fazer manualmente com o

auxílio de uma espátula. A deposição do adesivo nos substratos foi efetuada com o auxílio

de uma espátula, sendo que inicialmente apenas foram colados cubos metálicos nos

substratos superiores. Para posicionar os cubos e impedir qualquer movimento espúrio,

foram utilizados seis grampos na fixação dos seis provetes (Figura 38).

Figura 38 - Fixação dos cubos nos substratos superiores

Page 56: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

40

Passados 30 min, tempo suficiente para a cura do adesivo, foram colados os cubos

metálicos aos substratos inferiores. O procedimento utilizado foi o mesmo, sendo que neste

caso os grampos utilizados fixavam o cubo metálico colado no substrato superior e o cubo

metálico colado no substrato inferior (Figura 39).

Figura 39 - Fixação dos cubos nos substratos inferiores

Após 30 min foram removidos os grampos e verificou-se que alguns dos cubos não ficaram

alinhados (Figura 40), o que já seria previsível pois o alinhamento tinha sido feito

manualmente, sendo que a pressão exercida pelos grampos nos cubos metálicos enquanto

o adesivo ainda se encontrava num estado pastoso também contribuiu para tal facto.

Sublinhe-se no entanto que os desalinhamentos verificados foram, na maioria dos provetes,

muito pequenos não se perspetivando influência marcante na obtenção de puro modo I na

frente de fenda.

Figura 40 - Desalinhamento dos cubos metálicos

Page 57: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

41

5.4. Aplicação do padrão speckle às superfícies laterais dos provetes

Concluída a produção dos provetes foi necessário pintar as suas superfícies laterais,

nomeadamente junto à pré-fenda para a medição do COD durante os ensaios

experimentais. Foram então pintadas (na zona da pré-fenda) ambas as superfícies laterais

de todos os provetes com uma tinta branca mate (opaca). Foram aplicadas várias camadas

garantindo que a zona em questão ficasse totalmente branca (Figura 41).

Figura 41 - Aplicação de tinta branca mate à zona de interesse do provete

Após a secagem da tinta branca, foram aplicadas várias passagens de tinta preta, de

maneira a criar um padrão regular na zona de interesse. Para tal, recorreu-se a um

aerógrafo Iwata CM-B, com um diâmetro de saída de 0,18 mm. A aplicação de ambas as

tintas criou assim um padrão speckle como se pode observar na Figura 42.

Figura 42 - Padrão speckle aplicado à zona da pré-fenda num provete DCB

Page 58: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

42

Em seguida apresenta-se o aspeto final dos provetes.

Figura 43 - Aspeto final de um provete DCB

Figura 44 - Aspeto final dos seis provetes DCB

5.5. Medição dos provetes

Produzidos seis provetes, foi necessário passar à sua numeração, tendo o cuidado de

diferenciar quais os que possuíam uma pré-fenda iniciada pelo método da lâmina e pelo

método do Teflon®. Assim, os três provetes cuja pré-fenda foi iniciada com uma folha de

Teflon® possuem a designação de T_1, T_2 e T_3. O mesmo princípio aplica-se aos

provetes cuja pré-fenda foi iniciada com uma lâmina, sendo designados por L_1, L_2 e L_3.

Na Tabela 6 encontram-se as dimensões efetivas dos seis provetes.

Page 59: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

43

Tabela 6 – Dimensões efetivas dos seis provetes DCB

Provete

[mm]

[mm]

[mm]

[mm]

T_1 140,50 24,81 59,45 2,66

T_2 139,93 24,74 60,80 2,68

T_3 140,11 24,82 59,30 2,66

L_1 140,72 24,83 59,75 2,69

L_2 140,53 24,81 60,55 2,66

L_3 140,36 24,74 60,48 2,62

5.6. Ensaio dos provetes

A realização dos ensaios DCB decorreu no Laboratório de Ensaios Tecnológicos (LET). Foi

utilizada uma máquina servo-hidráulica MTS 810, equipada com uma célula de carga de

1KN. Para solicitar os provetes em modo I, recorreu-se a uns pernos metálicos de 3 mm de

diâmetro, para materializar a flexão dos substratos (Figura 48). A máquina de ensaios

encontra-se ligada a um computador de aquisição de dados, registando assim o tempo, a

carga aplicada e o deslocamento do apoio dos provetes através de um LVDT (Figura 45).

Figura 45 - Equipamento utilizado para a realização do ensaio DCB

Teflon®

Lâmina

Page 60: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

44

Para medir o valor do COD ao longo do ensaio dos seis provetes recorreu-se ao sistema

comercial ARAMIS. O sistema ARAMIS é um sistema ótico de medição de deformações,

que regista várias imagens do material deformado durante os ensaios. O sistema compara

posteriormente as imagens registadas com uma imagem inicial de referência e calcula os

deslocamentos e deformações do objeto em questão. As deformações podem ser medidas

em 2D ou 3D, sendo que nos ensaios realizados apenas uma medição 2D tem interesse. O

sistema utilizado é constituído por um sensor equipado com dois holofotes de luzes

polarizadas, uma câmara que pode usar diferentes lentes, conforme a área a medir ou a

distância da lente à superfície do material. O sensor é apoiado num tripé, e possui um

controlador que comanda as câmaras, a iluminação do ensaio e a gravação de imagem

(Figura 46). O sistema possui um PC equipado com o sofware ARAMIS DIC-2D v.6.0.2

(Figura 47).

Figura 46 -Sistema ARAMIS a) Figura 47 -Sistema ARAMIS b)

Após montado o sistema ARAMIS, foi posicionado em frente à máquina de ensaios todo o

sistema da Figura 46 de maneira a capturar o padrão speckle criado no provete a ensaiar

(Figura 48). Foi utilizada uma câmara Baumer FWX20 de 1624 x 1236 Pixeis com uma lente

capaz de capturar imagens retangulares de 7 x 5 mm2.

Para possibilitar a sincronização dos valores registados na máquina de ensaios ( e e as

imagens obtidas ao longo do ensaio, conectou-se a máquina de ensaios ao sistema de

aquisição de dados do ARAMIS, o que permitiu registar o valor da força no momento da

Page 61: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

45

captura de uma imagem. Após a calibração do sistema foram iniciados os ensaios dos seis

provetes (Figura 49) em condições ambientais normais ( ). Foi aplicada

uma velocidade de ensaio de 1 mm/min, sendo as fotos capturadas pela câmara do sistema

ARAMIS com uma frequência de 0,5 Hz. Na captura de imagens os primeiros provetes

deslocaram-se significativamente, o que levou a uma desfocagem das imagens registadas,

impossibilitando assim uma futura análise das mesmas. A resolução de tal problema foi

possível recomeçando o ensaio com uma pré-carga entre os 20 N e 30 N. Este problema

deveu-se ao facto de os provetes se encontrarem apenas apoiados pelos cubos metálicos à

máquina de ensaios, sendo que estes como já foi demonstrado não se encontravam

perfeitamente alinhados, assim como os seus furos. Foram realizados os seis ensaios

registando-se todos os valores necessários e previstos no procedimento experimental.

Figura 48- Montagem do sistema ARAMIS para a captura de imagens durante o ensaio

Figura 49 - Realização do ensaio experimental

Page 62: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de
Page 63: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

47

6. Resultados experimentais

Foram registados os valores de força e de deslocamento ao longo dos ensaios DCB,

obtendo-se assim as curvas para todos os testes considerados válidos.

Figura 50 – Curvas dos ensaios DCB

Apenas quatro ensaios foram considerados válidos. Dois com a fenda iniciada através de

uma folha de Teflon® e outros dois com a fenda iniciada através do método da lâmina. Em

ambos os ensaios ocorreram ruturas coesivas (ver Anexo C). Devido ao facto de os ensaios

começarem com uma uma pré-carga entre os 20 N e 30 N, não foi possível obter medições

de valores de força nem de deslocamento inferiores ao valor de pré-carga aplicado em cada

ensaio, sendo necessário fazer um ajuste às curvas apresentadas na Figura 50,

ajuste esse baseado na linearidade resultante do comportamento elástico da junta adesiva.

Na Figura 50 constata-se que à medida que a carga aplicada aumenta, o deslocamento

medido aumenta na mesma proporção (regime elástico), até cerca dos 3,5 mm de

deslocamento. Daí em diante, verifica-se a existência de alguma não linearidade até se

atingir o valor máximo da força ( ), o que se explica pelo desenvolvimento da zona de

processo de fratura na frente de fenda. Na vizinhança de a energia armazenada no

provete iguala a energia necessária para a propagação da fenda ( . A partir desse

momento inicia-se um regime de propagação autossemelhante da fenda caracterizada pela

diminuição gradual da carga aplicada com o aumento do deslocamento aplicado.

Através do sistema ARAMIS foram obtidas várias sequências de imagens do padrão speckle

de todos os ensaios. Nas figuras 51 e 52 apresenta-se uma sequência de seis imagens

desde o início do ensaio até à propagação de fenda, dos ensaios T_2 e L_2.

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [N

]

𝛿 [mm]

T_1 T_2 L_2 L_3

Page 64: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

48

Teflon®

Figura 51 - Sequências de imagens do padrão speckle do ensaio T_2

Page 65: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

49

Lâmina

Figura 52 - Sequências de imagens do padrão speckle do ensaio L_2

Page 66: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

50

6.1. Aplicação do método de Correlação Digital de Imagem

Recorrendo às imagens obtidas pelo padrão speckle de todos os ensaios, obtiveram-se os

valores de COD para os quatro provetes em estudo, utilizando o método de correlação

digital de imagem. Através do software do sistema ARAMIS criou-se um projeto de medição,

com todas as imagens capturadas ao longo do ensaio (para cada provete).

Inicialmente, foi definida uma área no padrão speckle da primeira imagem capturada, sendo

essa área tida como a área de referência. Após definida esta imagem, foi necessário

identificar os pontos iniciais na área escolhida. Na Figura 53, encontra-se demonstrada a

diferença entre uma escolha incorreta (padrão inadequado devido à região de cor uniforme

com dimensão assinalável) e uma escolha correta do ponto inicial.

Figura 53 - Escolha do ponto inicial no padrão speckle. Incorreta (Esq), Correta (Dir)

Com o ponto escolhido, o software faz uma análise dos diferentes estágios de deformação

do provete. O estágio zero corresponde ao momento em que a primeira imagem é obtida

(imagem de referência) e o último corresponde à deformação final. Na passagem do estágio

zero para o estágio um, o software compara a imagem atual com a imagem de referência e

calcula o deslocamento entre os dois pontos escolhidos próximos da extremidade da fenda

(COD). O mesmo procedimento é repetido para todos os estágios obtendo-se assim os

valores de COD ao longo do ensaio. Na Figura 54 pode-se observar um exemplo de um par

de sub-imagens iniciais escolhidas na imagem de referência de um dos provetes e as suas

respetivas posições num dos estágios mais avançados. Os pontos centrais das sub-imagens

escolhidas são usados na monotorização dos deslocamentos.

Page 67: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

51

O sistema possui também um procedimento de pós-processamento de dados de maneira a

reduzir ruídos ou outro tipo de perturbações presentes na análise de resultados.

Figura 54 - Representação esquemática dos pontos de análise na medição do COD

Foram obtidos valores de COD para dez diferentes pares de pontos iniciais. Na Tabela 7 é

apresentada a distância de cada par de pontos ao plano de colagem.

Tabela 7 - Distância ao plano de colagem dos diversos pontos iniciais escolhidos

Ponto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Distância

[mm]

0,132 0,264 0,396 0,528 0,660 0,792 0,924 1,056 1,188 1,320

Na Figura 55 apresenta-se a diferença de resultados obtidos para três pontos escolhidos,

podendo concluir-se que a diferença entre os extremos2 (par de pontos 2 e 10) é bastante

pequena. De qualquer modo, optou-se por utilizar os valores obtidos nos pontos mais

próximos da fenda (par 2), devido ao facto de nas simulações em ABAQUS®, ser também

obtido o valor do COD nos nós mais próximos da extremidade da pré-fenda.

2 Foi tomado o par de pontos 2 como os mais próximos da fenda, devido ao facto de o par 1 estar

demasiado próximo da fenda, o que inviabilizou nalguns casos a obtenção dos valores de COD para esse par.

Page 68: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

52

Figura 55 – COD de diferentes pontos de medição em função de

Na Figura 56, mostram-se os valores de COD obtidos nos diferentes ensaios válidos,

podendo constatar-se que nos provetes com uma pré-fenda iniciada com uma lâmina o valor

de COD tende a aumentar mais cedo do que os provetes com uma pré-fenda iniciada com

uma folha de Teflon®.

Tal como nas curvas , também os valores de COD necessitaram de ser corrigidos,

devido ao facto de apenas existirem imagens a partir de valores de deslocamento acima dos

0,8 mm. Mais uma vez recorreu-se à linearidade inicial da curva , para fazer a

correção.

Figura 56 – COD em função de dos provetes DCB

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5

w [m

m]

𝛿 [mm]

2

5

10

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0 1 2 3 4 5

w [m

m]

𝛿 [mm]

T_1

T_2

L_2

L_3

Page 69: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

53

6.2. Aplicação do método CBBM

Com os valores obtidos das curvas , foi possível traçar as curvas-R, recorrendo para

isso ao método CBBM (Equação 29), calculando o valor de , (equação A.3 (Anexo A)),

para todos os provetes. De referir que na equação (29) é uma das variáveis, sendo esse

valor obtido pela equação (27), onde é necessário definir o valor do fator de correção do

comprimento de fenda inicial ). Este parâmetro foi determinado numericamente, sendo

necessário obter uma curva numérica, capaz de reproduzir a mesma rigidez inicial da

curva experimental de cada ensaio. Subsequentemente, consideraram-se diferentes

valores de e determinaram-se os correspondentes valores de flexibilidade , o que

permitiu estabelecer uma regressão linear que permitiu calcular o valor de

para cada provete. Os tratamentos de dados que se seguem foram realizados com a ajuda

da ferramenta Microsoft Excel®.

Provete T_1

Figura 57 – Curva experimental do provete

T_1

Figura 58 – Curva-R experimental do provete

T_1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

60 65 70 75 80

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

Page 70: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

54

Provete T_2

Provete L_2

Provete L_3

Figura 59 – Curva experimental do provete

T_2

Figura 60 – Curva-R experimental do provete

T_2

Figura 61 – Curva experimental do provete

L_2

Figura 62 – Curva-R experimental do provete

L_2

Figura 63 – Curva experimental do provete

L_3

Figura 64 – Curva-R experimental do provete

L_3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

0,25

0,27

0,29

0,31

0,33

0,35

0,37

0,39

65 66 67 68 69 70

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

62 67 72 77 82

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100 110

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

60 65 70 75 80 85 90

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

Page 71: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

55

Na curva-R no provete T_1 (Figura 58), observa-se inicialmente um aumento do valor da

energia de fratura, para um mesmo valor de , encontrando-se o provete em regime

elástico. A partir do momento em que a energia armazenada no provete iguala a energia

crítica necessária para dar início à propagação da fenda ( ), o comprimento de fenda

equivalente ( ), começa a aumentar, ocorrendo a propagação da fenda real, para um valor

sensivelmente constante de que é . No provete T_2 (Figura 60) verifica-se o mesmo

comportamento, com a diferença de que o aumento do valor da energia de fratura inicial não

se verifica para um valor constante de . Nas curvas-R dos provetes L_2 (Figura 62) e L_3

(Figura 64) verifica-se um ligeiro aumento de , seguindo-se uma estabilização do mesmo,

durante a propagação autossemelhante da fenda. Apenas no patamar de estabilização se

pode obter o valor de , devendo-se o aumento de ao efeito “blunt”, provocado pela pré-

fenda iniciada com a lâmina, pois a extremidade da lâmina apresenta um raio de curvatura

finito, o que requer uma maior energia para que a propagação ocorra. Este efeito é espúrio e

a energia de fratura foi considerada como sendo a do patamar de estabilização da curva-R.

Na Tabela 8 encontram-se os valores de experimentais obtidos dos gráficos acima

apresentados

Tabela 8 - Energia crítica de fratura em modo I dos quatro provetes DCB testados

Provete T_1 T_2 L_2 L_3

[N/mm] 0,39 0,37 0,35 0,29

6.3. Definição da Lei Coesiva

Para a obtenção da lei coesiva experimental dos provetes, calculada através da equação

(23), foi necessário obter as curvas para todos os provetes. Foram ajustados

polinómios de 6º grau para definir as equações das curvas obtidas. Com as equações

definidas, aplicou-se a equação (23) obtendo-se as leis coesivas experimentais dos

provetes. Para a realização de simulações numéricas com elementos coesivos procedeu-se

ao ajuste de leis trapezoidais às leis coesivas experimentais.

Page 72: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

56

Provete T_1

Provete T_2

Provete L_2

Figura 65 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva experimental do provete T_1

Figura 66 – Ajuste da lei trapezoidal à lei

coesiva experimental do provete T_1

Figura 67 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva experimental do provete T_2

Figura 68 – Ajuste da lei trapezoidal à lei

coesiva experimental do provete T_2

Figura 69 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva experimental do provete L_2

Figura 70 – Ajuste da lei trapezoidal à lei

coesiva experimental do provete L_2

JI = -2E+11w6 + 1E+10w5 - 3E+08w4 + 3E+06w3 - 5893,1w2 + 10,454w R² = 0,9994

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 0,005 0,01 0,015 0,02

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Coesiva

Lei Trapezoidal

JI = -2E+11w6 + 1E+10w5 - 3E+08w4 + 3E+06w3 - 4708,3w2 + 10,89w

R² = 0,9991

0 0,05

0,1 0,15

0,2 0,25

0,3 0,35

0,4 0,45

0,5 0,55

0 0,005 0,01 0,015 0,02

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Coesiva

Lei Trapezoidal

JI = 3E+10w6 - 3E+09w5 + 1E+08w4 - 2E+06w3 + 17874w2 - 27,124w

R² = 0,9987

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Coesiva

Lei Trapezoidal

Page 73: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

57

Provete L_3

Figura 71 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva experimental do provete L_3

Figura 72 – Ajuste da lei trapezoidal à lei

coesiva experimental do provete L_3

Em seguida apresentam-se todas as leis coesivas experimentais obtidas assim como as leis

coesivas trapezoidais definidas para todos os provetes.

Figura 73 – Comparação de todas as leis

coesivas experimentais obtidas

Figura 74 – Comparação de todas as leis

trapezoidais definidas

JI = -2E+12w6 + 5E+10w5 - 6E+08w4 + 3E+06w3 - 3764,8w2 + 10,927w

R² = 0,9978

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Coesiva

Lei Trapezoidal

0

10

20

30

40

50

60

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

T_1

T_2

L_2

L_3

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

T_1

T_2

L_2

L_3

Page 74: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

58

Pela observação da Figura 73, verifica-se que três das quatro leis coesivas experimentais,

possuem um patamar de tensão ( , bastante idêntico ao contrário da lei coesiva

experimental do provete L_2, podendo este fenómeno estar relacionado com o declive inicial

da curva , o que leva a obter um valor de de adesivo superior aos restantes como se

pode constatar na Tabela 9. Na Tabela 10 estão apresentados os valores obtidos da lei

coesiva trapezoidal adotada para todos os provetes e observa-se que o valor de

(alongamento correspondente à rotura total do adesivo) dos quatro provetes é bastante

idêntico, com exceção do provete L_3 que é inferior aos restantes. Tal situação deve-se ao

facto de o valor de do provete ser também inferior aos restantes, pois a área do trapézio

adotado para cada lei coesiva é igual ao valor .

Tabela 9 - Propriedades e características do adesivo ARALDITE® 2015 obtidas experimentalmente

Provete T_1 T_2 L_2 L_3 Média

[MPa] 2055 2078 2800 2158 2273

[N/mm] 0,20 0,20 0,17 0,21 19,5

Tabela 10 - Valores obtidos da lei coesiva trapezoidal para os provetes DCB

Provete T_1 T_2 L_2 L_3 Média

[MPa] 45 44 37 42 42

[mm] 0,00437 0,00423 0,00225 0,00409 0,00374

[mm] 0,00760 0,00750 0,00580 0,00810 0,0073

[mm] 0,01411 0,01360 0,01509 0,00956 0,01309

[N/mm] 0,390 0,374 0,345 0,291 0,350

Page 75: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

59

7. Análise numérica

Com recurso ao software ABAQUS® e aos elementos coesivos procedeu-se à simulação

dos quatro provetes DCB para validação do procedimento experimental. Para tal, foram

utlizadas as características e propriedades do adesivo ARALDITE® 2015, assim como as

propriedades elásticas do carbono-epóxido (Tabela 3), e os valores apresentados na Tabela

10, que caracterizam a lei coesiva a utilizar. A metodologia utilizada para obter os resultados

numéricos encontra-se descrita no Capítulo 4.

Nas Figuras 75, 76, 79, 80, 83, 84, 87 e 88 comparam-se as curvas numéricas e

experimentais assim como as curvas-R para os quatro provetes. Constata-se que, de um

modo geral as curvas , assim como as curvas-R obtidas numericamente reproduzem

bastante bem as curvas experimentais de todos os provetes.

Provete T_1

Figura 75 – Comparação entre a curva

numérica e experimental e do provete T_1

Figura 76 – Comparação entre a curva-R

numérica e experimental do provete T_1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

Experimental

Numérico

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

60 65 70 75 80

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

Experimental

Numérico

Page 76: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

60

Provete T_2

Figura 77 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva numérica do provete T_1

Figura 78 – Comparação entre a lei coesiva

numérica, experimental e trapezoidal do provete

T_1

Figura 79 – Comparação entre a curva

numérica e experimental do provete T_2

Figura 80 – Comparação entre a curva-R

numérica e experimental do provete T_2

Figura 81 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva numérica do provete T_2

Figura 82 – Comparação entre a lei coesiva

numérica, experimental e trapezoidal do provete

T_2

JI = -3E+11w6 + 2E+10w5 - 3E+08w4 + 3E+06w3 - 3114,6w2 + 6,906w

R² = 0,9999

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0 0,005 0,01 0,015 0,02

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

10

20

30

40

50

60

70

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Trapezoidal Lei Coesiva Experimental Lei Coesiva Numérica

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7

P [

N]

𝛿 [mm]

Experimental

Numérico

0,25

0,27

0,29

0,31

0,33

0,35

0,37

0,39

66 67 68 69 70

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

Experimental Numérico

JI = -3E+11w6 + 2E+10w5 - 4E+08w4 + 3E+06w3 - 3743,5w2 + 7,3943w R² = 0,9998

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0 0,005 0,01 0,015 0,02

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

10

20

30

40

50

60

70

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Trapezoidal Lei Coesiva Experimental Lei Coesiva Numérica

Page 77: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

61

Provete L_2

Figura 83 – Comparação entre a curva

numérica e experimental do provete L_2

Figura 84 – Comparação entre a curva-R

numérica e experimental do provete L_2

Figura 85 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva numérica do provete L_2

Figura 86 – Comparação entre a lei coesiva

numérica, experimental e trapezoidal do provete

L_2

Provete L_3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

Experimental

Numérico

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

62 67 72 77 82

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

Experimental Numérico

JI = 3E+10w6 - 2E+09w5 + 9E+07w4 - 2E+06w3 + 13487w2 - 10,792w

R² = 0,9994

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

10

20

30

40

50

60

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Trapezoidal Lei Coesiva Experimental Lei Coesiva Numérica

Figura 87 – Comparação entre a curva

numérica e experimental do provete L_3

Figura 88 – Comparação entre a curva-R

numérica e experimental do provete L_3

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

100 110

0 1 2 3 4 5 6 7 8

P [

N]

𝛿 [mm]

Experimental

Numérico

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

60 65 70 75 80 85 90

J I [N

/mm

]

aeq [mm]

Experimental Numérico

Page 78: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

62

Nos provetes L_2 e L_3 é visível o efeito “blunt” em ambas as curvas, observando-se no

entanto uma boa aproximação entre valores experimentais e numéricos, principalmente nas

curvas-R, aquando da estabilização do valor de . Através das curvas , foi possível

determinar o valor de de todos os provetes, devido ao comportamento elástico do

material no início da curva. Os valores obtidos de , dos quatro provetes encontram-se na

Tabela 11.

Tabela 11 – Valor de dos substratos de carbono-epóxido

Provete T_1 T_2 L_2 L_3 Média

[GPa] 103,6 108,2 112,9 131,2 114,0

O valor de , obtido das curvas-R numéricas reproduz com rigor o valor de obtido nas

curvas-R experimentais, considerando o método CBBM. A diferença entre valores é

apresentada na Tabela 12.

Tabela 12 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais de

[N/mm]

T_1 T_2 L_2 L_3

Experimental 0,390 0,374 0,345 0,291

Numérico 0,396 0,377 0,348 0,296

Erro [%] 1,5 0,8 0,9 1,7

Figura 89 – Aplicação do polinómio de 6º grau à

curva numérica do provete L_3

Figura 90 – Comparação entre a lei coesiva

numérica, experimental e trapezoidal do provete

L_3

JI = -3E+12w6 + 7E+10w5 - 7E+08w4 + 3E+06w3 - 1012,6w2 + 3,8969w R² = 0,9998

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01

J I [N

/mm

]

w [mm]

0

10

20

30

40

50

60

70

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014 0,016

σ [M

Pa]

w [mm]

Lei Trapezoidal Lei Coesiva Experimental Lei Coesiva Numérica

Page 79: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

63

As leis coesivas numéricas foram obtidas pelo mesmo método utilizado na determinação

das leis coesivas experimentais. Verificou-se uma boa concordância entre ambas e também

com as respetivas leis coesivas trapezoidais adotadas para cada provete, com exceção do

provete L_3 (Figura 90). De facto, neste provete, apesar da lei coesiva numérica possuir

uma forma próxima da lei coesiva experimental, os seus valores de declive inicial e de

tensão máxima são ligeiramente superiores aos valores da lei coesiva obtida

experimentalmente, o que leva a que a mesma possua um valor de inferior ao esperado.

Page 80: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de
Page 81: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

65

8. Conclusões

Na presente dissertação apresentou-se uma nova metodologia para obtenção de leis

coesivas de juntas adesivas com substratos de carbono-epóxido ligados através de uma fina

camada ( de adesivo dúctil (ARALDITE® 2015) sob solicitações de modo I. Para

obtenção das leis recorreu-se ao ensaio Double Cantilever Beam (DCB), habitualmente

utilizado na caracterização de materiais à fratura em modo I.

Através da definição de uma lei coesiva ( ), é possível prever o comportamento de uma

junta colada. Neste trabalho as leis coesivas experimentais foram obtidas através do método

direto. Foi utilizado o método ótico denominado Correlação Digital de Imagem (CDI) para

medir experimentalmente o valor do alongamento do adesivo junto à extremidade da pré-

fenda (COD), recorrendo-se para isso ao equipamento comercial ARAMIS.

Para a obtenção da energia de fratura ( dos provetes considerados válidos (quatro),

recorreu-se ao método Compliance Based Beam Method (CBBM). Este método considera a

energia dissipada na Zona de Processo de Fratura (ZPF) e evita a monitorização do

comprimento de fenda ( ) durante a realização os ensaios, que se revela uma tarefa árdua

de executar com o requerido rigor.

Com a obtenção dos valores experimentais de e , foram traçadas as curvas de

todos os provetes, tendo sido aproximados polinómios de 6º grau para definir as equações

matemáticas das mesmas. Através da derivação destas curvas, obtiveram-se as leis

coesivas experimentais que, tendo em consideração a forma obtida, levou ao

ajuste de leis trapezoidais com boa aproximação. Estas leis trapezoidais foram usadas na

simulação numérica dos ensaios DCB realizados com recurso ao software ABAQUS® e aos

elementos coesivos com o objetivo de validar o processo experimental.

Verificou-se que as curvas força-deslocamento ( ), assim como as curvas-R obtidas

numericamente, reproduzem bastante bem as respetivas curvas experimentais de todos os

provetes, sendo necessário contornar o efeito de “blunt” nos provetes cuja pré-fenda foi

introduzida com uma lâmina. Observou-se ainda que os valores de correspondentes aos

patamares das curvas-R obtidos numericamente reproduzem com rigor os valores

experimentais, obtendo-se um erro máximo de 1,7 % entre ambos.

Page 82: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

66

As leis coesivas obtidas numericamente foram comparadas com as experimentais e com as

leis trapezoidais inseridas na simulação numérica, verificando-se de um modo geral um bom

ajuste entre ambas.

Pode-se assim concluir que o procedimento descrito é adequado para a obtenção de leis

coesivas de juntas coladas de material compósito sob solicitações de modo I. Realce para

dois aspetos aplicados neste trabalho e que são inovadores neste contexto:

utilização de um método de fenda equivalente que contabiliza a energia dissipada na

ZPF e evita a pouco rigorosa monitorização do comprimento de fenda durante o

ensaio;

utilização da CDI na medição do COD.

Estes dois itens revelaram-se fundamentais e permitem aos projetistas uma obtenção mais

expedita das leis coesivas que constituem uma ferramenta adequada para o projeto de

juntas coladas nestes materiais.

Page 83: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

67

9. Sugestões para trabalhos futuros

Após a realização do presente trabalho, verifica-se que algumas das metodologias utilizadas

podem ser melhoradas. Neste contexto, sugerem-se as seguintes tarefas a desenvolver em

trabalhos futuros:

Iniciação da pré-fenda através de um inserto de Teflon®, (método explicado no

presente trabalho) em vez da iniciação da pré-fenda através da utilização de uma

lâmina;

Utilização de uma pré-força no ensaio dos provetes DCB em modo I, na medição do

COD através do método de correlação digital de imagem;

Utilização da mesma frequência no registo dos valores e medidos

experimentalmente e das imagens do padrão speckle capturadas durante o ensaio

pela camara do sistema ARAMIS;

Utilização de um veio retificado ( 3 mm) com bainhas separadoras na colagem dos

cubos metálicos, que impeçam o escorregamento dos cubos na direção transversal

aos bordos do provete, aquando do aperto dos grampos.

Utilização de uma metodologia diferente na análise de resultados. Este aspeto é de

particular importância dado que se constatou que o polinómio de 6º grau apresenta

algumas dificuldades na reprodução completa das curvas . Sugere-se em

alternativa o método dos polinómios de menor grau por tramos da curva , que

terá de ser otimizado neste contexto.

Page 84: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de
Page 85: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

69

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Page 91: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

75

Anexos

Anexo A

A equação (26) pode ser expressa como,

(A1)

onde os coeficientes , e são, respectivamente

(A2)

Usando o software MATLAB e considerando apenas a parte real da solução, obtém-se

(A3)

sendo

(A4)

Page 92: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

76

Anexo B

Equações dos polinómios de 6º grau ajustados às curvas

Curva numérica (Figura 24)

Curva experimental do provete T_1 (Figura 65)

Curva experimental do provete T_2 (Figura 67)

Curva experimental do provete L_2 (Figura 69)

Curva experimental do provete L_3 (Figura 71)

Curva numérica do provete T_1 (Figura 77)

Page 93: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

77

Curva numérica do provete T_2 (Figura 81)

Curva numérica do provete L_2 (Figura 85)

Curva numérica do provete L_3 (Figura 89)

Page 94: Definição de uma lei coesiva para juntas coladas de

78

Anexo C

Figura 93 – Rutura coesiva do provete L_2 Figura 94 - Rutura coesiva do provete L_3

Figura 91 – Rutura coesiva do provete T_1 Figura 92 - Rutura coesiva do provete T_2