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1. Professor Mestre da Faculdade Metropolitana de Manaus – [email protected] 2. Professor Doutor da Universidade Federal do Amazonas – [email protected] 3. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFAM – [email protected] A vivência do diagnóstico em portadores da Síndrome do Intestino Irritável Denys de Paula Almeida¹ Ewerton Helder Bentes de Castro² Hellen Yuki Costa Miwa³ A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um conjunto de manifestações gastrointestina is crônicas ou recorrentes não associadas a qualquer alteração bioquímica ou estrutural conhecida até o momento. Sua etiologia não é bem compreendida e, portanto, não se sabe como uma pessoa passa a apresentar os sintomas. Contudo, seu surgimento afeta consideravelmente a vida do portador: medos, angústias, vergonha, dor. Esta pesquisa intitulada “A vivência do diagnóstico e suas consequências psicológicas em portadores da Síndrome do Intestino Irritável sentidos e significados” teve como objetivo compreender, à luz da Psicologia Fenomenológico-Existencial, como os portadores da Síndrome do Intestino Irritável vivenc ia m essa doença através do significado em seus discursos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas baseadas no método fenomenológico de pesquisa qualitativa com três participantes mulheres da cidade de Manaus onde foi compreendido a partir das falas colhidas em entrevistas áudio-gravadas a relevância da relação médico-paciente, a importância do acolhimento pelo outro sem julgamento e as possibilidades de mudanças positivas a partir do enfrentamento da síndrome na vida das portadoras. Palavras-chave : Síndrome do Intestino Irritável. Diagnóstico. Psicologia Fenomenológico - Existencial.

Denys de Paula Almeida¹ Ewerton Helder Bentes de Castro ...médicas para a situação criava imagens cada vez mais aterradoras. O homem enquanto único que existe no sentido Heideggeriano,

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Page 1: Denys de Paula Almeida¹ Ewerton Helder Bentes de Castro ...médicas para a situação criava imagens cada vez mais aterradoras. O homem enquanto único que existe no sentido Heideggeriano,

1. Professor Mestre da Faculdade Metropolitana de Manaus – [email protected] 2. Professor Doutor da Universidade Federal do Amazonas – [email protected] 3. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFAM –

[email protected]

A vivência do diagnóstico em portadores da Síndrome do Intestino Irritável

Denys de Paula Almeida¹

Ewerton Helder Bentes de Castro²

Hellen Yuki Costa Miwa³

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um conjunto de manifestações gastrointestina is

crônicas ou recorrentes não associadas a qualquer alteração bioquímica ou estrutural conhecida até o momento. Sua etiologia não é bem compreendida e, portanto, não se sabe como uma pessoa passa a apresentar os sintomas. Contudo, seu surgimento afeta consideravelmente a vida

do portador: medos, angústias, vergonha, dor. Esta pesquisa intitulada “A vivência do diagnóstico e suas consequências psicológicas em portadores da Síndrome do Intestino Irritáve l

– sentidos e significados” teve como objetivo compreender, à luz da Psicologia Fenomenológico-Existencial, como os portadores da Síndrome do Intestino Irritável vivenc iam essa doença através do significado em seus discursos. Foram realizadas entrevistas

semiestruturadas baseadas no método fenomenológico de pesquisa qualitativa com três participantes mulheres da cidade de Manaus onde foi compreendido a partir das falas colhidas

em entrevistas áudio-gravadas a relevância da relação médico-paciente, a importância do acolhimento pelo outro sem julgamento e as possibilidades de mudanças positivas a partir do enfrentamento da síndrome na vida das portadoras.

Palavras-chave: Síndrome do Intestino Irritável. Diagnóstico. Psicologia Fenomenológico -

Existencial.

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INTRODUÇÃO

Hoje a Síndrome do Intestino Irritável – distúrbio gastrointestinal sem desordens

fisiológicas – atinge milhões de pessoas (BOHM; GIMENES, 2010), com poucos estudos sobre

as consequências psicológicas da mesma. A revisão bibliográfica sobre o tema mostra uma

escassez nesse foco, seja na Medicina ou na Psicologia, mais preocupadas em amenizar os

sintomas – algo extremamente válido – se esquecem do ser como ele é, como sente e vive,

justificando a importância desse estudo.

A Síndrome do Intestino Irritável (SII), termo introduzido apenas em 1946, antes

chamada por diversos nomes como “cólon irritável”, “cólon espástico”, “colite nervosa”,

“colite funcional” e/ou “diarreia nervosa” (BARCLAY, 2002), assim como os outros distúrbios

funcionais, é diagnosticada pela falta de evidências orgânicas que expliquem os sintomas

apresentados pelo paciente.

A SII se caracteriza por ser um “transtorno intestinal funcional caracterizado por

alteração no hábito intestinal, associado à dor e/ou desconforto abdominal. É frequente que se

acompanhe de inchaço, distensão e alterações na defecação” (WORLD

GASTROENTEROLOGY ORGANIZATION, 2009), sendo frequente principalmente em

mulheres jovens, mas alcançando pessoas de todas as idades (BOHM, GIMENES, 2010) e

ocorrendo apenas no período de vigília.

É uma síndrome crônica que também apresenta os seguintes sintomas

gastrointestinais: urgência evacuatório, sensação de evacuação incompleta, presença de muco

nas fezes e distensão abdominal (PASSOS, 2006), náuseas, alteração na forma das fezes,

intolerância alimentar e outros. Encontram-se ainda presentes manifestações extra digestivas

comuns, tais como: alteração de humor, irritabilidade, insônia, cefaleia, fadiga, tontura,

enxaqueca, sudorese e outros (BARCLAY, 2002).

Diversos autores (BARCLAY, 2002; FUKUDO, 2011; LONGSTRETH;

THOMPSON; CHEY; HOUGHTON; MEARIN; SPILLER, 2006; GERSON; GERSON;

AWAD; DANCEY; POITRAS; PORCELLI; SPERBER, 2005; LEVY; OLDEN; BRADLEY;

FRANCISCONI; DROSSMAN; CREED, 2006) colocam como um dos fatores mais

importantes para um bom prognóstico e consequente alívio da sintomatologia da Síndrome do

Intestino Irritável o estabelecimento de uma boa relação médico-paciente, onde seja possível

desmistificar medos e ansiedades quanto à evolução patológica, suas origens ou qualquer outra

dúvida que venha a surgir, contribuindo diretamente com a qualidade de vida na nova situação

do portador.

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É neste ponto que a atual pesquisa buscou compreender melhor os fenômenos do pós-

diagnóstico, a fim de criar novos conhecimentos que permitam uma relação melhor entre

médicos, pacientes e familiares. Buscou-se, então, conhecer o sentido e a vivência dos

portadores da Síndrome do Intestino Irritável através do escopo teórico da Psicologia

Fenomenológico-Existencial, procurou dar possibilidades de um melhor enfrentamento,

melhorando o prognóstico, além de servir como material para melhorar a relação médico -

paciente.

Assim, seu objetivo principal foi compreender o significado da vivência da Síndrome

do Intestino Irritável em portadores e seus objetivos específicos foram investigar as

consequências psicológicas da Síndrome do Intestino Irritável, entender o sentido dado pelos

portadores à síndrome no período anterior ao diagnóstico e buscar as interferências na vida dos

portadores no pós-diagnóstico da SII.

Torna-se necessário ressaltar que pesquisar acerca da experiência de vida signif ica

adentrar o mundo vivido da pessoa. Assim, optei por lançar mão do referencial teórico da

Fenomenologia que possui como pressuposto fundamental a descrição e compreensão do vivido

a partir da fala, do discurso.

METODOLOGIA

Para realização dos objetivos propostos escolheu-se uma metodologia de caráter

qualitativo onde se buscou mais do que agregar relatos similares, compreender os sentidos que

se encontravam dentro das falas dos entrevistados.

Partindo do modelo fenomenológico de pesquisa, as entrevistas foram realizadas com

3 (três) mulheres portadoras da SII que foram diagnosticadas em consultórios particulares, na

faixa de 20 a 24 anos e que aceitaram participar da pesquisa de forma voluntária, assinando o

termo de consentimento livre e esclarecido. As entrevistas foram iniciadas com a seguinte

questão norteadora: "Gostaria que você descrevesse para mim como foi para você o momento

em você recebeu o diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável, o que foi que sentiu ao

receber a notícia”.

Para a análise dos dados utilizou-se as orientações de Martins e Bicudo (1994): a)

Leitura integral de cada entrevista com o objetivo de compreender a linguagem do participante

e consequentemente sua visão do todo. Neste momento não se buscou ainda qualquer

interpretação do que foi exposto, sem tentativas de identificação de quaisquer atributos ou

elementos ali contidos; b) Foi realizada a releitura atenta de cada entrevista, com a finalidade

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de discriminação de unidades de significados dentro da perspectiva do pesquisador. Foi feita

uma análise seguindo critérios psicológicos, sendo, assim, diretamente relacionado à atitude,

disposição e perspectiva do pesquisador diante da questão norteadora; c) Diante das afirmações

significativas, houve uma postura reflexiva e imaginativa para expressar o que se intuiu dentro

delas mesmas, buscando-se expressar o discurso nelas contido por trás da fala (BRUNS,

TRINDADE, 2007, p.87), mais diretamente; d) Deverão ser sintetizadas todas as unidades de

significado transformadas em uma proposição consistente, referentes à experiência dos sujeitos.

A análise individual de cada entrevista de acordo com o método fenomenológico de

pesquisa explicitado anteriormente resultou na percepção de unidades de significados, “trechos

da fala do entrevistado em que é possível perceber um significado atribuído por ele à vivênc ia ”

(BRUNS; TRINDADE, 2007, p. 90), no caso aqui específico, a vivência do diagnóstico da

Síndrome do Intestino Irritável e suas consequências. Essas unidades não se dão a priori na fala

ouvida e transcrita, mas aparecem, sim, dentro da visão de mundo do pesquisador quando este

se procura se colocar dentro das situações relatadas (IDEM).

O trabalho foi preciso quanto às questões éticas, considerando na íntegra a resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde – CNS – do Ministério da Saúde do Brasil em sua

versão atualizada em 2012 que em seu item VIII afirma que “toda pesquisa envolvendo seres

humanos deverá ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa” (BRASIL,

2012, p.11) – CEP. Para tal, o projeto foi enviado inicialmente para apreciação na Plataforma

Brasil com o intuito de ser avaliado pelo CEP da Fundação Universidade do Amazonas,

recebendo então parecer favorável de acordo com o parecer consubstanciado de número

195.466.

DESENVOLVIMENTO

Após o processo de construção das estruturas que permeiam as unidades de

significado, foram construídas seis categorias de análise aqui apresentadas separadas

meramente por questões didáticas, já que de forma alguma devem ser entendidas

separadamente, mas sim como parte única e integral da vivência das portadoras da SII

entrevistadas:

• “Antes eu não sabia, tava no escuro...”: A vivência da Síndrome do Intestino

Irritável começa muito antes da sua nomeação pelo diagnóstico. Os sintomas frequentes trazem

à pessoa uma série de dúvidas e medos sobre o seu real quadro;

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• “...aquilo tem a cara de uma doença, mas pode não ser...”: Diante do

desconhecido a figura do médica ganha uma importância ímpar de desvelar aquilo que se está

procurando entender. A relação médico-paciente influencia fortemente a relação paciente-

síndrome;

• "...é legal me dar atenção...": Os sentimentos que brotam após o diagnóstico

da SII são vários, divergentes e convergentes, uma mistura peculiar que possibilita uma re-visão

do próprio ser daquele que os possui;

• “Será que foi por isso mesmo?”: As particularidades da Síndrome do Intestino

Irritável de ser diagnóstica após o descarte de todas as outras opções e o não encontro de

qualquer afecção fisiológica colocam nas costas dos portadores uma dúvida inicial sobre sua

veracidade. Diferente de outros quadros patológicos, o diagnóstico de uma doença/síndrome

que é crônica transporta o portador não somente ao seu estado atual, mas o convoca para uma

reflexão daquilo que foi, é e será o seu ser-no-mundo;

• "...parecer que você, ah, é uma coisa rara...": O tabu da fala sobre as questões

que envolvem o processo digestório isolam a Síndrome do Intestino Irritável a um pequeno

grupo de pessoas aos quais os portadores se permitem falar. A aparente unicidade do caso

fragiliza a comunicação para um melhor enfrentamento, ainda que quando estabelecidos laços

de confiança com amigos, parentes, companheiros e médicos, isso possa virar um

potencializador da resiliência necessária para continuar a vida com qualidade;

• "...eu tenho que servi-lo...": Diante de todas as características apontadas para

o quadro sintomatológico o portador se vê inicialmente diante de um corpo que não controla,

um corpo que lhe é estranho.

“Antes eu não sabia, tava no escuro...”

A Síndrome do Intestino Irritável, caracterizada por uma disfunção contínua que altera

o hábito intestinal causando dor, diarreia, constipação, inchaços e outros vários sintomas como

descritos na revisão teórica deste trabalho, começa a mudar a vida do seu portador normalmente

de maneira repentina e misteriosa. Pelo fato do seu diagnóstico ser feito a partir da eliminação

das demais possibilidades patológicas com causas possíveis de serem detectadas nos exames

clínicos, o paciente passa por um longo processo de angústia, alheio às suas reais condições,

estabelecendo-se um campo fértil para criação de fantasias que dessem conta das suas primeiras

experiências.

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“...eu fiquei assim, fiquei com medo de que fosse algo mais sério, né?

Que fosse uma recorrência da infecção, sei lá, uma coisa séria mesmo.” (Patti Smith)

Dentro das três mulheres entrevistadas essa angústia se mostrou muito clara nas falas.

Normalmente associados a coisas passageiras e corriqueiras, os sintomas da SII aumentavam o

medo progressivamente por não cessarem. Com a falta de busca médica relatada nos três casos

na época do aparecimento, estes apenas aumentavam, causando mais dor, desconforto e

vergonha para elas. Se antes sintomas simples e tratáveis com facilidade, a falta de razões

médicas para a situação criava imagens cada vez mais aterradoras. O homem enquanto único

que existe no sentido Heideggeriano, único ente com a possibilidade de se questionar (BRUNS,

TRINDADE, 2007) através de tudo que está aí, cria e recria o seu viver em correspondência

com aquilo que lhe surge:

“...Primeiro porque eu recebi esse diagnóstico, como eu disse, foi um alívio, porque eu achei que seria algo pior. Eu achei que poderia ser

nódulos nos ovários...essas coisas... câncer...” (Joan Jett)

Quando os sintomas não cessam e o medo alcança níveis muito altos, a procura por

uma razão remete as portadoras às mãos dos médicos.

“...aquilo tem a cara de uma doença, mas pode não ser...”

O desconhecido apresentado convoca ao eu-mundo das portadoras a figura médica

onde esperam encontrar não somente respostas para as dúvidas que tem diante da vivência algo

desconhecido, mas também a solução para um corpo que não mais se vê como aquele que se

via antes. Mais do que isso, diversas pesquisas (BARCLAY, 2002; FUKUDO, 2011;

LONGSTRETH, THOMPSON, CHEY, HOUGHTON, MEARIN, SPILLER, 2006; GERSON,

GERSON, AWAD, DANCEY, POITRAS, PORCELLI, SPERBER, 2005; LEVY, OLDEN,

BRADLEY, FRANCISCONI, DROSSMAN, CREED, 2006) apontam que uma relação de real

cuidado e empatia estabelecida pelo profissional de saúde colabora em muito com um bom

prognóstico e uma melhora da qualidade de vida dos sujeitos. No entanto, ao mesmo tempo em

que o discurso apresentado traz sentimento de alívio ao saber do diagnóstico final – uma

síndrome que não evolui para algo considerado pior, não dando “cura, mas sim tratamento... ”

(Janis Joplin) – é confrontado com uma decepção com aquele em que se confiou:

“...eu me senti um pouco perdida, assim, porque o médico não me

informou muita coisa. Ele me deu um panfleto e falou “Você tem isso aqui. É comum, lê esse panfleto, você não pode comer pão, não pode

tomar refrigerante, não pode comer farinha, é isso, se informa aí”.

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Então foi muito... tive que procurar na internet o que eu podia e não

podia comer...” (Joan Jett)

A gama de mudanças necessárias na vida cotidiana do portador da SII, além da

necessidade de uma boa adesão ao tratamento solicitam do médico um cuidar autêntico.

Heidegger afirma que o homem está sempre atraído pelo que existe, mas que se relaciona de

forma diferente com os utensílios, em um sentido de preocupação, e com os outros homens, no

sentido de uma “atenção cuidadosa com o outro” (MENEZES JR., 1987, p.23 apud BRUNS,

TRINDADE, 2007, p. 83). Ao não olhar às portadoras da síndrome com um real sentido de

cuidado, o médico estabelece uma relação inautêntica, marcada pela impessoalidade (SALES,

2008), deixando de vê-las enquanto outros seres, cheias de potencialidades apesar do seu quadro

sintomatológico, e estabelecendo uma relação utilitária que não responde às necessidades

afetivas que se colocavam naquele momento único da vida delas.

“Uma coisa que a gente repara muito nos médicos, principalmente

aqueles que já estão acostumados numa rotina de trabalho, é... bem pesada, né? Por exemplo, ah, vê uma coisa, aquilo tem a cara de uma doença, mas pode não ser, né?” (Patti Smith)

Mesmo Patti Smith, que não apresentou na sua fala essa decepção quando do seu

diagnóstico, apresenta ao final da entrevista o discurso da importância de uma maior

sensibilidade e cuidado por parte dos médicos na hora de lidar com pacientes com Síndrome do

Intestino Irritável.

[.,.] a inautenticidade atinge também o domínio do encontro, pois, nesta condição, o outro não é alguém que faz parte do mundo do ser, portanto, não faz parte de seu cuidado, privando o homem de suas possibilidades, a vida inautêntica contribui para o estado de queda do ser humano, assim, o existir, passa a ser um constante estado de não-compromisso, isto é, deixar-se viver no tempo que passa. (SALES, 2008, p.566).

A vivência do diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável e as formas com que o

ser vai desenvolver para enfrentar essa nova realidade se mostram intimamente ligadas a essa

postura médica.

"...é legal me dar atenção..."

Ainda que a experiência vivida na hora do diagnóstico da síndrome tenha se dado de

forma inautêntica no se relacionar com o médico no caso de Janis Joplin e Joan Jett, onde o

cuidado solicitava mais atenção, isso não impediu que questionamentos e sentimentos

relacionados surgissem:

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“Primeiro foi um alivio porque eu já sentia dor há mais de um ano. Na

verdade mais que isso porque ia e voltava, né? Então foi um alivio ter um diagnóstico e tentar tratar né?” (Joan Jett)

O alívio, apontado em todas as entrevistas, remete à primeira categoria relacionada ao

medo diante do desconhecido. A possibilidade de se ter alguma patologia mais greve como o

câncer relativiza o impacto do diagnóstico da síndrome por situar o portador dentro de um

quadro não-evolutivo para algo que possa levar à morte.

“...aí quando eu soube do diagnóstico eu digo “bom, pelo menos não é tão grave quanto eu imaginava, é uma coisa que dá pra lidar...”

(Patti Smith)

Medo e alívio estão diretamente ligados à questão da própria da existência humana: a

morte enquanto única certeza (BRUNS, TRINDADE, 2007). Se isso nos torna ser de

possibilidades diante da finitude que é propriamente humana, volta à consciência diante de uma

doença. Os sentimentos de medo e alívio vivenciados pelas portadoras entrevistadas estão

diretamente ligados ao temor do fim.

“Será que foi por isso mesmo?”

No entanto, o sentimento de alívio por um diagnóstico que, sim, causa desconfortos na

vida das portadoras, mas não tem a gravidade imaginada anteriormente é confrontado com a

dúvida se aquilo que se usou para nomear essa nova vivência é verdadeiro.

“Será mesmo que eu tenho isso?”, assim, “será mesmo?”, eu sou da opinião de que “Eu tenho, tudo bem”, mas eu vou buscar uma segunda

opinião só pra ter certeza, vou fazer um exame só pra ter certeza, tu entende? (...) Então assim, eu acredito que eu tenho essa síndrome pela

boca de um médico, mas eu não sei a partir de outro, talvez ele tenha uma outra opinião” (Janis Joplin)

As provas concretas e observáveis a que todos estão acostumados a ver diante de um

adoecimento não se fazem presentes para o portador da SII, restando a ele a dúvida se aquilo

que lhe foi designado realmente corresponde ao que ele possui. Existe dentro do discurso

apreendido uma esperança de que possa ser outra coisa, que possa sumir.

Outro ponto importante de ser salientado é a forma como as portadoras entrevistadas

lidam com o fato de terem sido diagnosticadas com uma síndrome crônica. Aqui a diferença

dos discursos de Joan Jett e Janis Joplin que convivem há menos tempo com a síndrome do que

Pattie Smith é grande, mostrando que enquanto seres de possibilidades mesmo um quadro

patológico pode ser rearranjado de forma positiva para uma vida boa.

“...eu acho que é mais pra, não sei, é mais pra ter certeza pra eu ficar mais calma e “não, realmente, eu tenho que tirar isso da cabeça que

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não é nada demais” e pronto, e assim, até mesmo pra fazer um exame

e perceber que está tudo bem ali dentro ou que de repente eles percebem que tem uma alteração aqui e tal, entendeu, tipo isso...” (Janis Joplin)

Se ainda existem dúvidas, seja da veracidade do diagnóstico ou do fato dele ser de uma

síndrome crônica, as entrevistadas começam a reformular suas vidas de acordo com essa nova

realidade que se apresenta, transformando e sendo transformadas. Importante comentar como

as três entrevistadas falaram de depressões, ansiedades e/ou problemas familiares no tempo que

precede o surgimento do diagnóstico e de como hoje enfrentam esses problemas de outra forma.

“...às vezes não é não, como você falou, não é nem por questão de você pensar na crise, você pensa “Po, tão gorduroso”, você começa a se acostumar, seu paladar se acostuma com coisas mais leves, com

alimentos saudáveis. (...) hoje eu às vezes dou meus vacilos, fico sem tomar o remédio, não sei o que e mesmo assim não sinto sintomas né,

então é, melhorei bastante, fiquei bem melhor. (...) Mas como o tempo, era aquilo que te falei, com o tempo que foi melhorando, aí já vai, come uma coisa que não era tão boa para comer, aí vai comendo, aí não sei

o que, aí uma vez na vida esquece uma hora, mas assim (risos), hoje eu sei exatamente qual é tipo de alimento que mais me desencadeia uma

crise, entendeu?” (Patti Smith)

Porém, mais do que somente ocasionar uma mudança de rotina nas portadoras da

síndrome, esse movimento carrega não somente mudanças estritamente ligadas à SII, mas

resultam em uma transformação do próprio viver que sai da inautenticidade para a

autenticidade, deixando o presente não de lado, mas em um espaço conjunto do que foi-é-será

enquanto ser-no-mundo. As mudanças saem da esfera própria da patologia para ocasionar uma

modificação holística do ser:

“...eu procurei... é... terapia, mas não por conta da síndrome, por conta de outros fatores psicológicos mesmo, até da ansiedade. E junto com isso foi, e com o tratamento medicamentoso eu fui melhorando (...)

ajudou muito até porque controlando a ansiedade, controlando essas coisas eu consegui controlar bem mais o quadro clínico.”

(Patti Smith)

A angústia do pré e pós diagnóstico possibilita “perceber a si como principal referência

para seu existir no mundo e não o exterior” (BRUNS, TRINDADE, 2007).

"...parecer que você, ah, é uma coisa rara...":

Apesar do título dessa categoria não parecer, falaremos aqui das relações interpessoais

estabelecidas após o diagnóstico da Síndrome do Intestino Irritável. A citação é de uma fala de

Pattie Smith ao externalizar seu sentimento ao comentar do contato para participar dessa

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pesquisa unida da experiência de ter passado por tudo com o apoio e imagem do seu pai, ele

também portador da síndrome:

“Porque... eu, até então, parecia que era só comigo, assim, entendeu? Eu nunca tinha escutado falar, não é uma coisa muito comum, mas assim, nunca tinha escutado nenhum relato parecido e... e quando eu

soube que ele também era portador e tudo mais, a gente conversou eu me senti um pouco mais aliviada, né? Até porque ele ter mais

experiência, ter se tratado e tudo mais, então eu já me senti bem melhor, bem melhor do que parecer que você, ah, é uma coisa rara que você tem, não é bom.” (Patti Smith)

A possibilidade de falar, trocar experiências, estar-aí com o outro, serve como

potencializador de fatores resilientes que facilitam uma nova interpretação para aquilo que se

vive com a síndrome.

Ainda que a vergonha inicial de comentar sobre os sintomas que se sentem, as poucas

pessoas a quem é entregue a confiança de saber aquilo que se quer esconder dão um apoio

emocional e psicológico para que a portadora consiga lidar com suas dificuldades, vergonhas,

agonias e mudanças que tal condição demanda.

“Como eu criei essa intimidade com ela foi muito mais fácil confiar nas outras pessoas, assim, falar a respeito, porque ela não me julgou nem

nada, criou uma base de confiança que eu posso falar com outras pessoas que elas não vão me julgar nem nada, “Olha, eu to só com uns

barulhos no estômago, tudo bem? Às vezes acontece”, “Ah, fica tranquila”, foi mais fácil falar... (...) ...me ajudou, ela me ajudou a falar sobre as coisas com as outras pessoas, entendeu? “Fala, não sei o que,

conversa e tal”, então, é... estou mais aberto para as outras pessoas...”

(Joan Jett)

A experiência da síndrome mostrou-se nos discursos marcada por uma vergonha dos

sintomas apresentadas que pouco a pouco vai sendo relativizada, principalmente quando é

possível ter uma pessoa que se possa confiar suas angústias relacionadas aos sintomas e àquilo

que se vivencia. Como falamos anteriormente, a figura do médico deveria fazer parte desse

grupo de pessoas que possibilitam despertar e fortalecer a resiliência dentro daqueles que

sofrem por suas condições. Essa base formada por amigos próximos, família e namorados e

namoradas foi compreendida como um, se não o, dos fatores mais fundamentais para um bom

prognóstico, aceitação da condição crônica e melhora na vida em geral.

Depreende-se destas falas uma das características fundamentais do ser-no-mundo, o

Cuidado (HEIDEGGER, 2002). Um cuidado que está expresso na relação com as pessoas mais

próximas a si mesmas, vivenciam o ser-com em toda a sua plenitude, haja vista que os laços

estão fundamentados na confiança, no estar-aí-com-o-outro. Forghieri (2004) revela que este

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aspecto representa o mundo humano, aquele que diz respeito ao encontro e convivência da

pessoa com seus semelhantes. Afinal, existir é originariamente ser-com-o-outro.

"...eu tenho que servi-lo..."

Por último nessa apresentação das categorias coloco a dualidade entre sujeito-objeto

representada no corpo que não obedece, no corpo ao qual se subjuga. A dificuldade de lidar

com uma corporeidade que se modifica daquilo que se acostumou desde o nascimento até o

surgimento dos sintomas que inicialmente fogem completamente do controle das portadoras até

que suas formas de enfrentamento mostrem o que deve ser feito para voltar a ser uno com si.

“Você se sente de certa forma debilitado, né? Então, é complicado,

saber que uma situação às vezes foge do seu controle ali, é complicado...” (Patti Smith)

Os discursos depreendidos das falas apresentadas demonstram que mesmo dentro de

um quadro estabilizado como é o caso de Patti Smith conforme exposto anteriormente que

apesar do diagnóstico mais recente já consegue manter uma vida normal apesar da síndrome,

ocorre uma cisão do ser e do corpo do ser, como se este último fosse um ente separado do ente

humano. Não são as portadoras que os controlam, mas na verdade o contrário. Podemos ainda

apontar para a diferença entre os dois discursos e suas diferenças temporais em relação à

síndrome. Enquanto a primeira situa sua relação com o corpo como uma quase debilitação, a

segunda o entende como mestre a quem deve servir.

Sendo o corpo fenomenológico o corpo que eu sou, reconheço, nele, a capacidade de

assumir significados, de comunicar-se. Para a abordagem fenomenológica, é inquestionável o

poder de comunicação do corpo. Tal poder se revela como uma potência aberta a significaçõ es

e se manifesta como corpo vivido ou corpo próprio.

Para a fenomenologia, o corpo próprio indica, exatamente, tal possibilidade concreta

de ser, de se expressar e de se comunicar com o mundo, sendo este o fundamento da

intersubjetividade: por meu corpo me expresso mundanamente e ao mesmo tempo sou

consciência da existência do outro. Para Merleau-Ponty (2011), corpo e afetividade estão

ligados, na medida em que o corpo é o lugar de comunicação com os outros e com as coisas.

Tal perspectiva nos remete, mais uma vez, à distinção entre corpo próprio e corpo objeto

[...] não se trata do “corpo objeto” da anatomia e da fisiologia; esse corpo que podemos

pôr a distância considerando-o precisamente como um sistema obediente às leis físicas

e fisiológicas. Na verdade, este corpo não esgota o significado do corpo; não é falso,

mas não é toda a verdade do corpo (p. 239).

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Posso, portanto, afirmar que o meu corpo é, antes de tudo, o corpo que eu sou, não o

corpo que eu tenho. Dotado de sentido e significado, capaz de se expressar e de se comunicar.

Assim, o corpo, nesta perspectiva, é uma ressonância de nosso ser-no-mundo.

Após essa exposição daquilo que foi compreendido do que está anterior à própria fala,

iremos sintetizar e colocar algumas considerações que permitam não somente sumarizar as

informações aqui apresentadas, mas dentro do possível estabelecer formas não estanques de

como lidam e como outros profissionais e pacientes podem lidar com a Síndrome do Intestino

Irritável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme comentei anteriormente, as pesquisas relacionadas à Síndrome do Intestino

Irritável, dentro da revisão literária feita, mostraram um foco maior nas duas extremidades do

processo: a etiologia do quadro sintomatológico e/ou nas formas de tratamento possíveis para

uma melhor qualidade de vida. Mesmo dentro dos trabalhos relacionados à Psicologia essa

característica se repetiu. Com essa monografia espero abrir um novo olhar sobre o fenômeno

do ser portador da SII, compreendendo possíveis formas de experiência dentro do surgimento

dos primeiros sintomas, o anúncio do diagnóstico e o viver com essa síndrome crônica.

Entendo que a compreensão de um fenômeno enquanto formas de expressão do ser

não pode ser limitado, por isso espero que esse trabalho possa servir como referência para outros

que possam investigar esse fenômeno, ainda que com diferentes e ricos olhares.

As entrevistas das três participantes, todas mulheres jovens como é mais comum

dentro da população de portadores (BOHM, GIMENES, 2010), demonstrou primeiramente a

importância de uma maior aproximação do médico não somente na hora da clínica, mas também

em um sentido preventivo que aumente o acompanhamento médico junto das pessoas. Junto ao

medo e a angustia de sofrer por algo que não se conhece – ponto primordial de base de

sustentação para o portador da síndrome, saber de forma clara que não possui ou possa vir a ter

alguma doença grave ou evolutiva – está a falta de hábito em se investir na saúde própria até

que os sintomas sejam incômodos demais.

Mas é importante salientar que a forma com que o médico anuncia essa nova forma de

ser para as entrevistadas tem grande influência no caminho que o tratamento irá tomar, podendo

ser facilitador para uma maior aceitação da síndrome e desenvolvedor de uma maior qualidade

de vida ou justamente o contrário – mais dúvidas e fantasias sobre aquilo que se tem ou mesmo

se a síndrome é mesmo real.

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A forma com que o médico se encontra com as pacientes tem muito a influenciar, mas

pode-se observar que não é fator único para um bom prognóstico. O ser-no-mundo está em

constante contato com o outro e é ao ser permitido que ele se expresse de maneira autentica

sem julgamentos que a confiança para buscar uma vida boa, apesar da síndrome, surge. É nesse

momento que os laços familiares, os amigos mais íntimos e os companheiros de

relacionamentos amorosos apresentam papel fundamental, servindo como facilitadores dessa

resiliência frente ao sofrimento encontrado, além de servirem como imagem a ser refletida em

outros ambientes e com outras pessoas não tão próximas.

No entanto, mais do que uma fonte de dor e embaraços a ser superada, a Síndrome do

Intestino Irritável se mostrou na pesquisa como um ponto de apoio para que as portadoras

pudessem voltar os olhos para si novamente, indo, mas não se limitando a questões de uma

alimentação mais saudável, realização de exercícios físicos e uma rotina mais regrada, como

também a busca por soluções para problemas como depressões, ansiedades e uma abertura

gradativamente maior para com o outro.

A necessidade de parar para olhar o próprio corpo que no início foge do seu controle

apresenta uma chance única de se repensar o próprio ser e suas formas de vivência, muitas vezes

percebidas nos discursos como inautênticas. A volta para si transforma o que antes se

configurava enquanto lamento em uma virada positiva na vida das entrevistadas até deixar de

ser algo especial em seus cotidianos para virar mais uma característica que as forma e as

representa, diferenciando-as das outras pessoas como uma pessoa usa óculos por sua condição

de visão particular.

Espero terminar essa monografia com algumas respostas para aqueles que encontram

no seu mundo a Síndrome do Intestino Irritável – portadores, amigos, familiares, médicos,

companheiros, estudiosos e outros – sem a pretensão de esgotar o assunto, visto que na verdade

quero que essa forma de pesquisa que busca deixar as pessoas dizerem sobre os sentidos por

elas dados dentro das suas experiências únicas – seja de base fenomenológica ou não – aumente

para possibilitar novos conhecimentos que precisam ser abarcados pelo fazer acadêmico e

posteriormente apropriados pelas pessoas da questão.

Enquanto portador da Síndrome do Intestino Irritável posso relatar o quanto essa

pesquisa me abriu a mente para tantas formas de entendê-la que não via antes, mas também

como me possibilitou um novo caminho dentro do meu próprio fazer profissional enquanto

futuro psicólogo que logo serei.

A discussão secular entre a distância do sujeito para seu objeto de pesquisa me parece

cada vez mais uma utopia secular a ser esquecida, pelo menos dentro das ciências que trabalham

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com o homem e tem seus fenômenos como foco. Mergulhar em um assunto que duplamente me

implica – sendo ser-no-mundo e portador da síndrome, coisas que separo aqui apenas por

questões didáticas visto que fazem parte de uma unidade – somou a toda minha formação

acadêmica adquirida durante os seis anos no curso de Psicologia uma necessidade de ver de

maneira a entender cada ser como único, mas diretamente conectado aos outros em um eterno

vir a ser em que todos fomos jogados na vida.

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