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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO EVENTO: Seminário Conjunto N°: 1012/09 DATA: 08/07/20 09 INÍCIO: 10h08min TÉRMINO: 13h35min DURAÇÃO: 03h27min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 03h27min PÁGINAS: 66 QUARTOS: 42 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO CLÓVIS FERRAZ - Deputado Estadual pelo Estado da Bahia. JOSÉ PIMENTEL – Ministro de Estado da Previdência Social. MÁRCIO POCHMANN – Presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. PAULO OKAMOTTO – Diretor-Presidente do SEBRAE Nacional. GUILHERME AFIF DOMINGOS – Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo. EDSON LUPATINI JÚNIOR Secretário de Comércio e Serviços do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. JOSÉ TARCISIO DA SILVA – Presidente da Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – COMICRO. VALDIR PIETROBON – Presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas – FENACON. SUMÁRIO: Seminário “Empreendedor Individual como Política Nacional de Inclusão e Formalização.” OBSERVAÇÕES Seminário conjunto entre as Comissões de Finanças e Tributação, de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, de Seguridade Social e Família e de Trabalho, de Administração e Serviço Público, com participação da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal. Houve exibição de imagens. Há orador não identificado.

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO … · Administração e Serviço Público, com participação da Comissão de Assuntos Econômicos do ... Ministro de Estado da

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃOEVENTO: Seminário Conjunto N°: 1012/09 DATA: 08/07/20 09INÍCIO: 10h08min TÉRMINO: 13h35min DURAÇÃO: 03h27minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 03h27min PÁGINAS: 66 QUARTOS: 42

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO

CLÓVIS FERRAZ - Deputado Estadual pelo Estado da Ba hia.JOSÉ PIMENTEL – Ministro de Estado da Previdência S ocial.MÁRCIO POCHMANN – Presidente do Instituto de Pesqui sa Econômica Aplicada – IPEA.PAULO OKAMOTTO – Diretor-Presidente do SEBRAE Nacio nal.GUILHERME AFIF DOMINGOS – Secretário do Emprego e R elações do Trabalho do Estado deSão Paulo.EDSON LUPATINI JÚNIOR – Secretário de Comércio e Se rviços do Ministério deDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.JOSÉ TARCISIO DA SILVA – Presidente da Confederação Nacional das Microempresas eEmpresas de Pequeno Porte – COMICRO.VALDIR PIETROBON – Presidente da Federação Nacional das Empresas de ServiçosContábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícia s, Informações e Pesquisas –FENACON.

SUMÁRIO: Seminário “Empreendedor Individual como Po lítica Nacional de Inclusão eFormalização.”

OBSERVAÇÕES

Seminário conjunto entre as Comissões de Finanças e Tributação, de DesenvolvimentoEconômico, Indústria e Comércio, de Seguridade Soci al e Família e de Trabalho, deAdministração e Serviço Público, com participação d a Comissão de Assuntos Econômicos doSenado Federal.Houve exibição de imagens.Há orador não identificado.

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O SR. APRESENTADOR - Senhoras e senhores, bom dia.

Inicia-se a solenidade de abertura do Seminário O empreendedor individual

como Política Nacional de Inclusão e Formalização. O evento é uma iniciativa das

Comissões de Finanças e Tributação, de Desenvolvimento Econômico, Indústria e

Comércio, de Seguridade Social e Família e de Trabalho, de Administração e

Serviço Público da Câmara dos Deputados, com a participação da Comissão de

Assuntos Econômicos do Senado Federal e com o apoio da Frente Parlamentar

Mista das Micro e Pequenas Empresas e do SEBRAE.

A proposta do seminário é discutir e facilitar políticas que garantam a

aplicação e a disseminação do empreendedor individual. A iniciativa empreendedora

é uma grande conquista que dignifica e estimula brasileiros a continuarem trilhando

um caminho fundamental para o desenvolvimento do País.

Convidamos para compor a Mesa o Exmo. Sr. Presidente da Comissão de

Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Deputado Vignatti; o Exmo. Sr.

Ministro de Estado da Previdência Social, José Pimentel; o excelentíssimo senhor

representante do Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado

Federal, Senador Adelmir Santana; o Exmo. Sr. Presidente da Comissão de

Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados,

Deputado Edmilson Valentim; o Presidente do SEBRAE nacional, Sr. Paulo

Okamotto; o Exmo. Sr. Presidente da União Nacional dos Legislativos Estaduais —

UNALE, o Deputado Estadual Clóvis Ferraz; o Exmo. Sr. Deputado Sérgio Moraes,

Vice-Presidente da Comissão de Trabalho. (Palmas.)

Com a palavra o Exmo. Sr. Deputado Vignatti.

O SR. DEPUTADO VIGNATTI - Senhoras e senhores, bom dia. Quero saudar

todos os presentes, em especial nosso Ministro da Previdência, Deputado José

Pimentel. Quero saudar o Presidente do Conselho Deliberativo do SEBRAE

nacional, Senador Adelmir Santana, representando aqui o Senado Federal e a

Comissão de Assuntos Econômicos do Senado — CAE; o Sr. Paulo Okamotto,

Presidente do SEBRAE nacional; o Presidente da UNALE, e dizer da alegria de tê-lo

aqui. Ele veio da Bahia para cá para prestigiar esse encontro. É importante a

presença da UNALE neste processo. Quero saudar igualmente o Presidente da

Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos

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Deputados, Deputado Edmilson Valentim; o Vice-Presidente da Comissão de

Trabalho; o Secretário Afif Domingos, que está na outra sala; e todos os Deputados

das Comissões, um numeroso grupo de Deputados para um seminário, não é,

Pimentel? Nós que conhecemos esta Casa, estamos vendo que hoje ela está

extremamente representativa aqui. Saúdo as pessoas que estão presentes, permita-

me, na pessoa do Secretário de Desenvolvimento Econômico de Joivinlle, o ex-

Deputado Voltolini, que aqui veio representar muito bem o ex-Deputado Carlito

Merss, Prefeito de Joinville. Saúdo, em nome dos vários Ministérios representados

aqui, Márcia Damo, Secretária de Desenvolvimento Regional do Ministério da

Integração Regional. Com certeza, o empreendedor individual contribui muito com

esse momento da inclusão brasileira.

Primeiro, quero dizer da alegria de podermos realizar esse seminário e

agradecer a todos pela presença, seminário esse em conjunto com a Câmara, o

Senado, várias Comissões afins da Câmara. Nós fizemos várias audiências públicas

tratando de temas que têm a ver conosco. Mas esta é a primeira vez que nós

fazemos um seminário cujo tema é extremamente importante, diria, sem dúvida

nenhuma, um dos mais importantes no Brasil neste momento. Nós construímos no

Parlamento, pari passu com o Governo, a Lei Geral das Micro e Pequenas

Empresas. Essa lei foi uma extraordinária conquista para o Brasil e, com certeza, foi

a reforma tributária para mais de 80% das empresas brasileiras, porque construímos

uma simplificação tributária nacional.

Reformulamos a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas no ano passado;

construímos nessa lei a oportunidade de ter uma simplificação tributária para o

empreendedor mais pobre no Brasil; e demos a ele o nome de micro empreendedor

individual.

Pesquisa qualitativa feita pelo SEBRAE depois, Pimentel, mostrou que, de

micro empreendedor individual, eles não queriam ser chamados, porque era meio

quebrado, meio falido, meia boca.

De fato essa pesquisa, apresentada no Ministério da Previdência, chamou a

nossa atenção, e decidimos chamá-lo de empreendedor individual, que era um

nome um pouco mais pomposo, mais chique, do ponto vista nacional, mais pela

importância que têm, mesmo que 36 mil reais para regiões diferentes do Brasil

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pareçam ser baixo. Nós temos hoje em torno de 10 milhões de pessoas autônomas

nessa situação. Estima-se que há 11 milhões de informais no Brasil e 10 milhões

são autônomos. São pessoas que não conseguem ter uma empresa porque o custo

é alto. A formalização dessas pessoas vai garantir a inclusão social, o direito

previdenciário. Por isso, o Ministério da Previdência tem a responsabilidade da

coordenação desse trabalho, aliás, muito bem feito pelo nosso Ministro, que era

Presidente da Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas antes de ir para

o Ministério da Previdência. Essa frente nos auxiliou nesse processo de construção,

sem dúvida alguma, repito, muito bem feito por parte do Deputado José Pimentel,

até assumir o Ministério da Previdência. Por isso, a coordenação está sob sua

responsabilidade.

Com grande alegria, Pimentel, nós estamos agora trabalhando para garantir a

formalização de no mínimo 1 milhão de pessoas este ano, num trabalho conjunto

com os contadores — e aqui está presente o Presidente da FENACON, Sr. Valdir

Pietrobon — de todo o Brasil nos auxiliando, de forma hábil, articulada, junto com o

SEBRAE, junto com os Governos Municipais e Governos Estaduais. Nós precisamos

muito das Assembleias Legislativas, Sr. Presidente da UNALE. Nós precisamos de

V.Sa. Que todas as Assembleias Legislativas possam ter uma frente parlamentar

para fazer a regulamentação da lei nos Estados. Há Estado que já deixou de cobrar

o 1 real do ICMS, que não precisa ser cobrado, necessariamente, mas foi uma

exigência do COFAZ, naquele momento. Estados, como São Paulo — está aí o

Secretário Afif que depois vai ser debatedor da Mesa também —, já decidiram que

em 6 meses, se não tiver a vistoria por Estado, do ponto de vista da formalização,

haverá uma formalização automática.

Então, experiência igual a essa, nós precisamos disseminar por todos os

Estados. Nós precisamos, também, do apoio dos Prefeitos de todo o Brasil. A

articulação do Prefeito, da Câmara de Vereadores é a articulação junto com a

sociedade local, com as associações de moradores, porque essas pessoas sabem

onde moram os empreendedores individuais, os autônomos, para sua formalização.

Eu tenho dito no Brasil inteiro, nos Municípios, onde a gente tem feito o

debate, que um dos grandes programas sociais do Brasil é o Bolsa Família, não

tenham dúvida. Agora, o grande programa da saída do Bolsa Família, além da

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geração de emprego, mas o maior deles pode ser a formalização de milhões de

brasileiros. Essa vai ser a maior porta de saída do Bolsa Família, não tenham

dúvida, e nós podemos despertar um gigante adormecido de 10 milhões de pessoas

que poderão ser, sim, os futuros micro e pequenos empresários, gerando emprego e

renda, ou mesmo qualificando sua atividade para continuar como empreendedor

individual, mas com uma renda boa. Este, portanto, é o objetivo deste seminário.

Então, declaro, neste momento, aberto este seminário em conjunto com as

várias Comissões do Senado Federal, com a participação ilustre dessas figuras da

Mesa e dos demais debatedores, Deputados e Deputadas presentes, no segundo

momento.

Obrigado. (Palmas.)

O SR. APRESENTADOR - Com a palavra o Exmo. Sr. Ministro de Estado da

Previdência Social, José Pimentel.

O SR. MINISTRO JOSÉ PIMENTEL - Bom dia a todos. Quero dar um forte

abraço no Vignatti, Presidente da Frente Parlamentar da Micro e da Pequena

Empresa e também Presidente da Comissão de Finanças e Tributação; no Adelmir

Santana, companheiro de caminhada e nosso Relator predileto no Senado Federal

sobre essa matéria da micro e da pequena empresa; no Paulo Okamotto, Presidente

do SEBRAE. Registrar que, se não fosse o trabalho do SEBRAE, dificilmente

teríamos conseguido uma unidade em torno do SIMPLES Nacional e, em seguida,

do Microempreendedor individual. Quero dar um forte abraço no Sérgio Moraes,

Vice-Presidente da Comissão de Trabalho — já estivemos conversando sobre esse

tema; no Edmilson Valentim, Presidente da Comissão de Desenvolvimento

Econômico.

Realizamos um excelente seminário sobre o SIMPLES Nacional no Estado do

Rio de Janeiro. Queremos voltar para fazer esse debate sobre o empreendedor

individual.

Quero dar um forte abraço no Clóvis Ferraz, Presidente da UNALE, e dizer

que as Assembleias Legislativas são fortes parceiras nossas na construção do

SIMPLES Nacional e na formalização do MEI; na Dalvanir Mota, cearense e, em

nome dela, saudar as mulheres empreendedoras do Brasil — é a nossa Presidenta

da Federação das Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará; no José

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Tarcísio, Presidente da Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas; no

Valdir Pietrobon, que está fazendo um verdadeiro turismo neste País, no sentido de

divulgar também a micro e pequena empresa; no Carlos Melles, nosso eterno

Presidente que conduziu a discussão sobre o SIMPLES Nacional; no Luiz Carlos

Hauly — às vezes a gente acha que ele tem pouca paciência, mas é uma das

pessoas que tem mais paciência para nos ouvir, conduzir e construir consensos em

torno do SIMPLES Nacional, tem nos ajudado muito —, Relator dessa importante

matéria na Câmara Federal; no Secretário Guilherme Afif Domingos. Em seu nome

quero saudar todos os Secretários aqui presentes e registrar que o seminário feito

em São Paulo, no dia 30, foi excelente — ali, o Sr. Governador José Serra ditou um

decreto que estamos utilizando, ou seja, pagar patente, nas outras palestras como

subsídio para que possamos ajudar nessa regulamentação. Quero dar um abraço no

companheiro Edson Lupatini, nosso Secretário do Ministério da Indústria e

Comércio, parceiro nessa caminhada, e, em nome dele, quero saudar os

representantes do Executivo presentes.

Daqui a pouco, vamos entrar num dos painéis de reflexão e voltaremos

dialogando sobre o empreendedor individual. (Palmas.)

O SR. APRESENTADOR - Com a palavra o Exmo. Sr. Senador Adelmir

Santana.

O SR. SENADOR ADELMIR SANTANA - Bom dia a todos. Eu não vou

nominar aqui todos os senhores presentes. Mais uma vez temos um encontro para

tratar do microempreendedor individual.

Na minha visão, temos uma responsabilidade enorme. Quando da

promulgação da Lei Geral, tivemos a preocupação em ir a todos os Estados,

pedindo que as Câmaras Legislativas se envolvessem com essa divulgação e com a

criação de frentes parlamentares no Poder Legislativo estadual

Hoje a gente estende esse apelo no sentido de que também chegue às

Câmaras de Vereadores. Na verdade, é preciso que essas informações cheguem à

ponta, cheguem efetivamente aos interessados. E aí necessariamente teremos que

ter uma linguagem direta, franca, aberta, simples e de contato permanente com

aqueles que queremos que sejam formalizados. Daí a importância de todos os

Poderes constituídos, das associações de classes, das associações representativas

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desse setor e até mesmo de todos aqueles que têm a preocupação de pôr o País no

trilho certo, no sentido de diminuir o índice de informalidade, que é inaceitável no

Brasil.

Então, minha palavra é no sentido de todos os Deputados, Ministros,

Presidentes de associações, de Câmaras Estaduais, Vereadores, enfim, todos que

estão vinculados a qualquer representação se envolvam no sentido de que

atinjamos o objetivo desejado, que é chegar a esses microempreendedores, que

nem sempre sabem desses acontecimentos, mas que necessariamente têm que ser

informados de que vale a pena a formalização.

Desejo que tenhamos um bom dia de trabalho. Minha saudação é no sentido

de que a gente se envolva cada vez mais com esse processo de informação.

Muito obrigado a todos e sucesso. Palmas.)

O SR. APRESENTADOR - Com a palavra o Exmo. Sr. Deputado Edmilson

Valentim.

O SR. DEPUTADO EDMILSON VALENTIM - Bom dia a todos. Eu também

não vou listar uma por uma das autoridades presentes. Vou saudar nosso Ministro

José Pimentel. Quero registrar que é uma satisfação ser Presidente da Comissão de

Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, no

momento em que discutimos saídas para a crise mundial, momento de fazer com

que nosso País a enfrente, buscando desenvolvimento e geração de empregos.

Lembrar que, nessa jornada da micro e pequena empresa, eu tive a participação —

e vejo aqui o nosso Guilherme Afif — enquanto Constituinte. Incluimos, na

Constituinte de 1988, tratamento diferenciado para a micro e pequena empresa. De

lá para cá é um saga que vem só agregando forças políticas. Hoje, podemos dizer

que, se há poucos consensos no Brasil, alguns são muito importantes, e um deles é

exatamente este, o fortalecimento da micro e pequena empresa. Não há um agente

político, hoje, no Brasil que não entenda a necessidade de fortalecer esse setor,

esse instrumento, que deixou de ser apenas um suporte da economia, para ser

também um alavancador.

É com essa visão, com essa perspectiva, que a Comissão de

Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio participa, junto com a Comissão

de Finanças, com a Comissão de Trabalho, com a Comissão de Seguridade, com

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diversos Parlamentares desta Casa, com o Senado, com o Ministério, com o

Executivo, com a FENACON, com o Ministério da Indústria e com todos aqueles que

podem e devem se comprometer, no sentido de realizar esforços para divulgarmos o

máximo possível as vantagens do microempreendedor individual. Isso vai ter

importante papel no fortalecimento da economia brasileira, na empregabilidade, em

fazer com que possamos ter uma Nação cada vez mais justa, com pessoas

integradas ao sistema formal da economia e fazendo a economia girar. Junto com as

grandes plantas industriais, comerciais e agrícolas, que são aqueles desbravadores

da economia, a micro e a pequena empresa, que vai distribuindo renda, vai também

suportando e alavancando a economia brasileira. Esse é um desafio ao qual hoje,

tenho certeza, agregamos muito força política. É um caminho, a meu ver, sem volta.

Precisamos agora implementar, divulgar, buscar o retorno da sociedade para

continuar aperfeiçoando a legislação das micro e pequenas empresas.

Parabéns para todos nós que participamos deste momento, sabendo que

muito trabalho teremos pela frente.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. APRESENTADOR - Com a palavra o Exmo. Sr. Deputado Sérgio

Moraes, Vice-Presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço

Público.

O SR. DEPUTADO SÉRGIO MORAES - Quero saudar a todos. Quero saudar

toda a Mesa, em nome do Ministro José Pimental.

Venho aqui representando a Comissão do Trabalho — estou aqui

representando o Presidente Sabino Castelo Branco.

Acho que este debate especialmente tem de ser estendido, senhores

participantes e membros da Mesa, à burocracia que o País hoje impõe — travas

mesmo — aos pequenos impedindo-os de crescerem.

Vou dar 2 exemplos.

Primeiro, existe na minha cidade, no Rio Grande do Sul, uma pequena fábrica

montadora de motocicletas elétricas. Há 4 anos que essa pequena empresa vem

tentando uma licença do Governo Federal para gerar cerca de 250 empregos, mas o

Governo Federal vem amarrando e travando o processo, não se sabe a gosto de

quem, ou atendendo a quem.

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Na minha região também, pequenos produtores tinham um abatedouro de

carne de avestruz. Hoje, estão parados, não podem abater, porque o Governo

Federal não permite que eles façam a venda para outros Municípios ou para outros

Estados.

Então, não adianta, Sr. Ministro, nós debatermos se ali, na ponta, um entrave

da burocracia vem estancando, paralisando, travando o desenvolvimento dos

pequenos. Eu citei aqui a montadora de motocicletas elétricas, mas hoje o moderno

é a energia renovável, sem poluição etc. Porém, parece-me que o lobby das grandes

vem impedindo que as pequenas possam crescer.

Temos também, Sr. Ministro e demais participantes desta Mesa, de começar

a modificar essa estrutura que tranca o desenvolvimento dos pequenos.

Muito obrigado e estarei pronto para o debate. (Palmas.)

O SR. APRESENTADOR - Com a palavra o Exmo. Sr. Deputado Estadual

Clóvis Ferraz.

O SR. CLÓVIS FERRAZ - Bom dia.

Quero saudar especialmente o Deputado Federal Vignatti, Presidente da

Comissão de Finanças e Tributação e Presidente da Frente Parlamentar da Micro e

Pequena Empresa, e o Ministro da Previdência Social, José Pimentel.

Ao saudá-los, cumprimento todos os participantes desta Mesa.

O Deputado Vignatti, na primeira reunião de que participamos, com

entusiasmo, dinamismo e dedicação, discutiu bastante esse tema, uma das coisas

mais importantes que vem acontecendo hoje neste País.

Este seminário é realmente uma alavancagem, um start, para que possamos

trazer para a legalidade mais de 11 milhões de microempreendedores que estão na

informalidade.

Saúdo aqui todos os Deputados Federais — pedindo licença a meus 2

conterrâneos, Deputados Daniel Almeida e Félix Mendonça —, empresários e

Presidentes de entidades.

A UNALE, entidade que presido e que congrega 1.059 Deputados Estaduais

de todo o País, as 27 Assembleias, tem uma grande responsabilidade: os

Parlamentos estaduais perderam, a partir da Constituição de 1988, as prerrogativas

de legislar. Praticamente não existe nosso poder legiferante, porque não podemos

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legislar sobre matéria tributária, matéria que gera despesa para o Executivo. Só isso

aí nos tira mais de 95% da nossa prerrogativa de legislar.

Depois de discutir isso com o Deputado Vignatti e com representantes do

SEBRAE, nós entendemos que a UNALE tem um papel muito importante a

desempenhar como multiplicador dessas ações, até para que possamos trazer para

a formalidade esses 11 milhões de trabalhadores, o micro e o pequeno, que não têm

condições de alavancar para uma empresa. Ainda mais agora, com o SIMPLES

Nacional e com o empreendedor individual, poderemos trazer esses trabalhadores

para a formalidade, gerando milhões de emprego.

Como disse aqui o Senador Adelmir Santana, tem que haver um mutirão do

Senado, da Câmara, das suas Comissões, das Assembleias Legislativas e das

Câmaras de Vereadores, porque é importante para a formalização nos Municípios.

Hoje, para se ter uma ideia, a adesão nos Municípios é muito baixa.

Na Bahia, meu Estado, apenas 0,96% dos Municípios já aderiram. Então,

precisamos formalizar, e aí os elementos mais importantes são o Poder Público

Municipal, ou seja, as Prefeituras, as Câmaras de Vereadores e as Assembleias,

com seu papel aglutinador neste momento.

Proponho então que, perdida a capacidade de legislar das Assembleias,

sejamos esse elemento aglutinador nos Estados, através das Assembleias

Legislativas, formando frentes parlamentares da pequena e microempresa e do

empreendedor individual.

Podemos fazer isso realizando seminários regionais, com a participação do

SEBRAE e da Frente Parlamentar da Pequena e Microempresa, fazendo um

verdadeiro mutirão por este País, a fim de trazer para a formalidade os pequenos

empreendedores.

Temos essa grande responsabilidade. A UNALE está disposta a unir forças

com os Deputados Federais e com a Frente Parlamentar da Pequena e

Microempresa, com os Senadores, e levar esse tema aos Estados e aos Municípios.

Só assim poderemos fortalecer nosso movimento, exatamente neste momento,

quando o Governo Federal acena com a desoneração da folha de pagamento das

empresas, ou seja, da tributação. Podemos sim trazer um elemento muito importante

com o empreendedor individual.

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Estaremos na UNALE, Presidente Vignatti, unindo forças com esta Casa, a

fim de levar a discussão desse tema a todos os Municípios deste País, e são mais

de 5 mil Municípios. Sinto-me feliz de estar aqui neste momento, consciente da

grande responsabilidade que temos na UNALE.

Irei formalizar uma reunião da Diretoria da UNALE a fim de programar

seminários regionais com as diversas comissões das Assembleias.

Muito obrigado e um abraço a todos. (Palmas.)

O SR. APRESENTADOR - Neste momento, desfaz-se a Mesa de abertura,

permanecendo nela os demais Presidentes das Comissões que participam do

evento e os expositores, o Exmo. Sr. Ministro José Pimentel e o Sr. Paulo Okamotto.

Convidamos ainda o Sr. Márcio Pochmann, Presidente do IPEA. (Pausa.)

Neste momento, passamos a palavra ao Exmo. Sr. Deputado Vignatti, que

conduzirá os trabalhos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Inicialmente — é uma questão

formal — vamos dividir o seminário em 3 momentos. No primeiro momento serão

feitas as exposições; no segundo momento, passaremos a palavra aos debatedores;

e, no terceiro momento, será formada a Mesa para o encerramento. Vamos revezar

a coordenação entre os membros das Comissões.

O Senador Aldemir Santana vai sair agora e, se puder, retornará. Ele tem

outro compromisso. Hoje as Comissões estão funcionando no Senado. Como nesta

Casa há sessão deliberativa, as reuniões foram suspensas.

Muito obrigado, Senador Aldemir Santana.

Inicialmente, queremos convidar, com grande alegria, o Ministro Pimentel,

para fazer sua exposição. V.Exa. poderá usar 15, 20 minutos para sua exposição.

Vamos trabalhar no sentido de todos poderem fazer sua exposição com

tranquilidade. Posteriormente, falará o Sr. Márcio Porchmann e, em terceiro lugar, o

Sr. Paulo Okamotto.

O Ministro Pimentel pode ficar à vontade. Com certeza virão mais pessoas

para assisti-lo. O pessoal da Mesa pode ficar extremamente à vontade, pode sentar

nas cadeiras e retornar depois, para garantir que assistam a exposição do Ministro.

O SR. MINISTRO JOSÉ PIMENTEL - Bom dia a todos.

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Quero dar um abraço no Márcio Pochmann, que chegou no início. Registro a

presença de Valdir Moisés Simão, Presidente do INSS. Em seguida, o Paulo

Okamotto vai nos ajudar nessa reflexão. Um abraço também aos companheiros e

companheiras do Congresso Nacional.

Quero dizer que estou com uma grande saudade desta Casa. Lá se trabalha

tanto quanto aqui, a diferença é que aqui os temas são mais diversificados, logo

temos de estar atentos a uma série de temas. Na Previdência Social, com as

bênçãos de Deus e apoio dos nossos servidores, temos tido muita sorte e

implementado uma série de mudanças com apoio do Congresso Nacional.

Hoje vamos conversar sobre um tema que para nós é muito importante: a

ampliação da cobertura previdenciária.

(Segue-se exibição de imagens.)

Se voltarmos a 1988, veremos que o Constituinte criou o segurado especial,

que é composto pelo agricultor familiar, pelo pescador artesanal, pelo extrativista,

pelas nações quilombolas e pelos povos indígenas. Esse sistema hoje já tem 7

milhões e 800 mil aposentados e pensionistas. A agora, em 2008, o Congresso

aprovou a Lei nº 11.718, que permitiu a universalização da previdência pública para

este setor. Na área urbana foram feitas várias iniciativas: a Lei Complementar nº

123, que criou o SIMPLES Nacional, nos ajudou muito nesse processo; agora, o

empreendedor individual, com a Lei Complementar nº 128, vai nos permitir, além da

formalização, também uma ampliação da cobertura providenciaria significativa de

que estávamos necessitando.

Portanto, nós tivemos a primeira grande preocupação, desde a Constituinte

de 1988, com a regulamentação e a constitucionalização do empreendedor

individual, do micro e pequeno empresário. Tivemos um conjunto de normas, entre

essas a Emenda Constitucional nº 42, que deu um passo significativo, porque

autorizou o Congresso Nacional, através de lei complementar, legislar em nome do

pacto federativo, dos 5.564 Municípios, 26 Estados e o Distrito Federal e também

proibiu o Poder Executivo legislar, através de medida provisória sobre essa matéria.

A competência é exclusiva do Congresso Nacional, por lei complementar. Isso dá

uma segurança jurídica muito forte aos micros e pequenos empreendedores e ao

pacto federativo. A última delas é a Lei Complementar nº 128, de dezembro de 2008

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que, além de aposentar um saco de documentos na Previdência Social e nos

permitir conceder o benefício em até meia hora, também traz o empreendedor

individual. Carlos Melles sempre diz nas palestras que esta é uma santa lei, porque

atende a um conjunto de demandas que estavam presentes na vida da sociedade

brasileira.

Este empreendedor individual, como todos nós aqui, ajudamos a construir.

Ele envolve todos aqueles que têm faturamento bruto ou receita bruta de até 36 mil

reais, podendo ter um empregado.

Este público envolve o comércio e a indústria em geral e o setor de serviços,

o segmento que está no SIMPLES Nacional. Esta lei também permite que o comitê

gestor possa incluir no microempreendedorismo individual setores da prestação de

serviços que não estão contemplados no SIMPLES Nacional, ou seja, na Lei

Complementar nº 123, de 2006.

Este sistema é muito simples. Sua característica é a simplicidade na

formalização. Nós estamos formalizando em até meia hora a REDESIM, uma

reivindicação do pacto federativo, da sociedade brasileira. Desde 1995, 1996,

iniciamos esse conjunto de debates e de regulamentação.

Essa reivindicação foi agora regulamentada e inicia exatamente com o MEI —

microempreendedor individual. Em seguida, as juntas comerciais deverão migrar

seus registros para a REDESIM, e o papel passa a ser integrado, de todo o território

nacional. As juntas terão outras tarefas, a exemplo do planejamento das políticas

públicas no Estado e o conjunto de outras medidas. Passaremos a ter um cadastro

único nacional, diminuindo a burocracia e simplificando a vida dos empreendedores.

O segundo item diz respeito à agilidade, através do Portal do Empreendedor.

A pessoa ali chegando, em 30 minutos, em média, sai com seu CNPJ. Aqui

precisamos do envolvimento de toda a sociedade brasileira: nossas Câmaras de

Vereadores podem perfeitamente criar a sala do empreendedor; nosso Presidente

da UNALE, aqui presente, tem um compromisso com as 26 Assembleias e com a

Câmara Distrital, num conjunto de ações, para nos ajudar nesse processo; as

Prefeituras e Governos Estaduais; o SEBRAE, em especial, é uma ferramenta muito

importante; as instituições do Governo Federal; as entidades; as micro e pequenas

empresas.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Aqui queremos chamar a atenção para um parceiro muito forte nesse

processo, que são os nossos contadores, suas entidades — FENACON, CFC.

Todos estão envolvidos nesse grande mutirão pela formalidade desses 11 milhões

de homens e mulheres que são empreendedores no Brasil.

Outro item se refere à gratuidade. Aqui não se paga 1 centavo na

formalização. É um processo totalmente gratuito.

Outro item muito importante trata de isenção tributária: para o Governo

Federal não tem qualquer tributo, qualquer imposto; para os Governos Estaduais, se

contribuirá com 1 real por mês, apenas para que o Estado mantenha esse cadastro;

se for do setor de serviços, não pagará ICMS, pagará 5 reais a titulo de ISS, imposto

municipal, e terá direito à aposentadoria por idade, salário-maternidade para as

mulheres empreendedoras, auxílio-doença para todos esses trabalhadores, pensão

por morte e auxílio-reclusão. Para ter todos esses benefícios, eles contribuirão com

11% sobre o salário mínimo, que hoje somam 51 reais e 15 centavos.

As entidades dos contabilistas nos ajudaram na elaboração da base de

cálculo. Cada empreendedor desse tem uma economia média de 630 reais — que

pagaria a mais por mês, se fosse nas regras anteriores. Portanto, eles, ao se

formalizarem, comparando com a legislação anterior, têm uma economia, em média,

de 630 reais por mês. Além disso, os contabilistas nos ajudam também sem cobrar

qualquer tarifa, uma forma que as entidades encontraram para nos ajudar nesse

processo.

Segurança jurídica. Nós dizíamos que a competência para legislar é do

Congresso Nacional, exclusivamente, por lei complementar, para dar tranquilidade e

essa segurança jurídica.

Este é o último levantamento que temos sobre os empreendedores informais

no Brasil.

Essa pesquisa foi feita pela PNAD do IBGE de 2007. A de 2008 será

concluída por volta de outubro de 2009. O IBGE deverá divulgá-la. Em 2007, foram

identificados 11 milhões e 63 mil empreendedores individuais na informalidade.

Essas pessoas estão mapeadas por Estado e Município. Também temos no IBGE

seus registros, endereços e suas atividades.

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Existe vinculação também com o mundo formal dos negócios em cada

Estado. Como São Paulo é o maior da economia brasileira, também tem o maior

número. Em seguida vêm Rio de Janeiro e Minas Gerais, com basicamente o

mesmo número. Se olharmos para a economia brasileira, eles também têm

basicamente o mesmo percentual na participação. É uma radiografia bastante

detalhada. Dalvanir, nossa Presidenta no Ceará, já fez um seminário sobre isso.

Temos lá 628.000 empreendedores individuais nessa situação.

Estes são os benefícios previdenciários. Uma vez formalizados, parte deles

não tem carência, a exemplo de pensão por morte e auxílio-reclusão; para salário-

maternidade bastam 10 contribuições; para auxílio-doença e aposentadoria por

invalidez, 12 contribuições; para aposentadoria por idade, 180 contribuições, ao

longo da vida. Não é obrigatório ser sequenciado: pode contribuir 2 anos; se tiver

dificuldade, suspende; volta a contribuir, de maneira que, ao longo da vida, tenha

180 contribuições. É evidente que nós, da Previdência Social, preferimos que

contribua todos os meses, porque nos ajudará a trazer a previdência pública urbana

para ser superavitária, uma das tarefas do planejamento estratégico da nossa

Previdência. Valdir Simão, nosso Presidente, é o coordenador dessas políticas da

previdência pública brasileira.

Este é o quadro da distribuição sobre o empreendedorismo no Brasil, um dos

países que tem o maior índice de empreendedorismo no mundo. Em 2008, criamos

594.440 empresas, sem levar em consideração as filiais. Tivemos várias outras

empresas também criando suas filiais. Esse é um número significativo. Em 2009, ele

será superado. Os indicadores, que já chegaram até junho de 2009, são muito

positivos. Isso demonstra também o fortalecimento do mercado nacional. Esse

segmento é um setor que cresce muito.

Tem um outro fator também. Ascensão social das classes C e D para as

classes médias, através do empreendedorismo.

Este é um balanço até junho de 2009 sobre o SIMPLES Nacional. Em 1996 —

Luiz Carlos Hauly, juntamente com Carlos Melles e tantos outros Deputados —

construímos o SIMPLES Federal, aquela lei primeira. Na época, não tínhamos

autorização constitucional para legislar em nome do pacto federativo. Em 11 anos

chegamos a 1.337.000 empresas formais no SIMPLES Federal, com a Emenda

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Constituição nº 42, de 2003. Em dezembro de 2006 aprovamos a Lei Complementar

nº 123. Em menos de 2 anos já chegamos a 3 milhões 235 mil micros e pequenas

empresas inscritas, formalizadas e homologadas no SIMPLES Nacional.

Aqui aproveito para abrir um parêntese. Hoje, em torno de 60% dos

trabalhadores com carteira assinada estão exatamente aqui no SIMPLES Nacional.

Com os efeitos da crise internacional, que atingiu a economia de todos os países,

diminuiu nossa arrecadação, mas na Previdência Social não tivemos diminuição.

Se pegarmos a arrecadação de maio de 2008, corrigi-la pelo INPC e

compará-la com a arrecadação de maio de 2009, esta foi 8%, em números reais,

acima de maio de 2008, num total de 14 bilhões e 400 milhões de reais. É a maior

série histórica, de 1995 para cá, quando a Previdência adotou uma política de

organização mais forte.

E o mês de junho — e já estamos encerrando a arrecadação — demonstra

que teremos um percentual maior do que o de maio de 2009. Quando se observa de

onde vem esse incremento, verifica-se que a origem é o SIMPLES Nacional. Isso

demonstra o nosso acerto em criar esse sistema.

As 3 milhões e 235 mil empresas estão assim distribuídas no Brasil.

Novamente, acompanha-se o cenário econômico de cada Estado federado. O

Estado de São Paulo com o maior número, 938 mil empresas. E novamente Minas

Gerais e o nosso Rio de Janeiro, com percentuais muito próximos.

É verdade que o Rio de Janeiro merece uma análise mais detida, pois

devemos implementar mais empresas naquele Estado, pois há uma margem

significativa de crescimento. E o nosso Ceará, não podemos nos esquecer, já tem

123 mil micro e pequenas empresas formalizadas.

Um outro item muito importante, que o SIMPLES Nacional trouxe e que

precisamos fortalecer, são as compras governamentais. O pacto federativo comprou,

em 2008, algo em torno de 350 bilhões de reais. E aqui há um espaço significativo

para que os micro e pequenos empresários possam participar, em especial nos

Municípios, com as compras locais, para fortalecer a economia e fazer circular os

recursos na própria localidade.

Os Governos Estaduais podem ajudar muito. E nós também fizemos toda

uma mudança no processo de licitação, para simplificá-lo.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Estas são as empresas junto à União habilitadas a participar do pregão

eletrônico, que é um sistema de licitação. Um total de 350 mil micro e pequenas

empresas se habilitaram e participam das compras junto ao Governo Federal. E

também é um processo que começa junto aos Municípios e os Estados.

O SEBRAE e toda a sua equipe tem feito um trabalho muito forte junto ao

Prefeito e ao empreendedor, com olhar voltado para esse segmento. As entidades

locais têm trabalhado bastante e, no segundo semestre de 2009 e início de 2010,

queremos lançar um olhar muito forte para essa faixa, com políticas de crédito que

estão vindo e um fundo garantidor voltado a alavancar o segmento. Acho que

podemos avançar muito.

E há também a previsão da cédula de crédito do micro e pequeno

empreendedor, que ainda não regulamentamos. É um outro tema que, Paulo

Okamotto, deveríamos inserir na agenda para que pudéssemos regulamentar esse

novo título de crédito que ajudará bastante na alavancagem de novos recursos.

Esse é o crescimento das compras governamentais junto às micro e

pequenas empresas. E há outros dados que indicam que está havendo um

crescimento significativo.

Em percentual, nas compras até 80 mil reais, há um tratamento diferenciado,

seja no pregão eletrônico, seja no sistema convencional de licitação voltado aos

micro e pequenos empresários. A partir de 2010, queremos abrir uma outra faixa

aqui, a do empreendedor individual, pois também queremos com eles fazer compras

governamentais.

Aqui a participação de cada Estado-membro. Alguns Estados apresentam

participação mais significativa do que outros, demonstrando exatamente o empenho

do poder local nesse processo.

Aproveito para conversar um pouco sobre a nossa Previdência. Afinal de

contas, queremos incluí-los para atender bem. E nessa forma de melhorar o

atendimento, iniciamos a ampliação da rede de atendimento da Previdência Social.

Em 86 anos chegamos a 1.110 Municípios, mas entre 2009 e 2010 chegaremos a

mais 720 Municípios.

Esse processo só está andando rápido porque fizemos uma parceria com os

Municípios, que estão doando os terrenos. No total, 92% desses 720 Municípios já

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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fizeram a doação do terreno. Estamos licitando e já iniciamos a construção de

algumas dessas unidades.

É realizada um licitação para cada obra. Poderíamos fazer uma única licitação

nacional, mas isso não permitiria que as pequenas empresas participassem do

processo. Optamos em fazer 720 licitações para sermos coerentes com o que

estamos propondo, ou seja, que as micro, pequenas e médias empresas participem.

O Valdir Simão já perdeu os cabelos nesse processo, literalmente — e o Ministro vai

no mesmo caminho. Mas achamos melhor esse procedimento. Dá um pouco mais

de trabalho, mas permite essa participação.

Quero ressaltar que a Lei Complementar nº 128, uma santa lei, permitiu que

aposentássemos um sem-número de documentos, pois passamos a ter o

reconhecimento automático do direito previdenciário. Com isso, o cidadão liga 135,

que é o número do nosso call center, e marca dia e hora para seu atendimento. Em

comparecendo, o cidadão recebe a certidão do seu benefício em meia hora.

Esse sistema possui hoje os dados de todos os vínculos empregatícios de

cada trabalhador e trabalhadora do País, bem como as contribuições mês a mês,

desde julho de 1994. Daí apareceu o primeiro problema, que era exatamente o

conhecimento da vida previdenciária, pois o cidadão, o contribuinte, só tinha

conhecimento da sua vida previdenciária na hora do benefício.

Nas décadas de 70 ou 80, quando nosso sistema de controle ainda não era

tão eficaz, deixamos de processar alguns documentos ou mesmo o empregador

deixou de nos mandar.

A partir de maio deste ano, passamos a liberar o extrato previdenciário. Cada

trabalhador deste País, querendo, em nossas 1.110 agências ou por meio da

Internet, ou ainda os que são correntistas do Banco do Brasil, pode retirar seu

extrato em até 5 minutos. Também estamos trabalhando com a Caixa Econômica

Federal para que a sua rede também seja incorporada.

E por que estamos trabalhando primeiramente com os bancos públicos?

Porque eles são cogestores do CNIS. Em seguida, vamos discutir com as lideranças

partidárias a alteração da legislação, para que todo o sistema financeiro, querendo,

possa também prestar esse serviço. E é totalmente gratuito. Ou seja, cada cidadão

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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tem direito a um extrato na rede bancária, no caso, o Banco do Brasil, sem pagar

qualquer tarifa.

Desde julho deste ano estamos mandando uma carta ao aposentando.

Iniciamos pelas aposentadorias urbanas e por idade. O cidadão recebe uma carta

dizendo que o trabalhador preencheu as condições de sua aposentadoria e que o

valor é tanto. Querendo receber, o aposentado deve ligar para o 135 e marcar o dia

e a hora para receber o benefício.

No mês de agosto estamos mandando o mês de julho. Em janeiro de 2010,

com as bênçãos de Deus e a acolhida do Padre Cícero, queremos também fechar

esse ciclo para o segurado especial.

Essa é a nossa rede de 720 agências. Estamos recuperando 318 agências

existentes, com ênfase para a questão da acessibilidade, pois grande parte de

nossos prédios eram da década de 70. É bom lembrar que trabalhamos com idosos,

pessoas da terceira idade, assim como com os portadores de deficiência. E também

precisamos de aclimatização para atender melhor as pessoas e dar melhores

condições de trabalho aos nossos servidores. Além de tudo, há a questão da

automação, que demandou a troca de toda a tubulação, de todo o sistema.

Aqui temos o nosso planejamento estratégico. Fizemos um planejamento para

uma política de Estado, este dividido em 3 fases: 2009, 2010 e 2011, que é o atual

Plano Plurianual. Mas há os anos de 2012, 2013, 2014, 2015, com um novo Plano

Plurianual, para que o Presidente ou a Presidenta que assumir o Brasil em janeiro

de 2011 encontre uma política de Previdência como política de Estado. E de 2016 a

2050 já há previsões.

E a primeira coisa que nos chama a atenção é a diminuição do tamanho da

família. Em 2003, fui o Relator da reforma previdenciária, às Emendas

Constitucionais nº 41 e 47, e naquele planejamento havia em média 2,3 criança por

mulher. Em 2020, previa-se duas crianças por mulher e, em 2050, 259 milhões de

homens e mulheres no Brasil.

No planejamento estratégico de 2008, a quantidade de crianças caiu 1,8 por

mulher. O que estava previsto para 2020 passou para 2008. A partir de 2025 a

nossa população deixa de crescer e, em 2050, deveremos ter 215 milhões de

homens e mulheres. Portanto, num curto planejamento, de apenas 5 anos, houve

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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diminuição de 44 milhões de pessoas no Brasil, fruto da paternidade responsável, do

debate sobre a política de saúde da família, enfim, desse conjunto de ações.

O Brasil está começando a ter o benefício que outros países tiveram nos anos

de 50 e 60: o bônus demográfico. Com a diminuição do tamanho das famílias, as

pessoas estão gastando menos com saúde, moradia, educação, estão ascendendo

na pirâmide social.

Pelos cálculos que temos feito na Previdência Social, com esse planejamento,

de 2006 em diante, por 30 anos, o Brasil deverá também se beneficiar do bônus

demográfico. Isso abrirá uma janela para replanejar a previdência pública brasileira,

para que as partes urbana e do segurado social, por decisão da sociedade

brasileira, seja superavitária e sempre subsidiada.

Queremos fazer esse debate com o Congresso Nacional, com a sociedade

brasileira, para que possamos ter previdência atuarialmente equilibrada, a parte

urbana, dando segurança a todos nós. No dia de amanhã, alguns terão menos e

outros terão mais cabelos brancos, e todos queremos ter uma velhice saudável e

uma previdência equilibrada.

Deputado Vignatti, obrigado pelo espaço. Peço desculpas por ter extrapolado

um pouquinho o meu tempo. Um bom dia a todos. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Ministro Pimentel.

S.Exa. continuará na Mesa conosco.

Antes de passar ao tema Desafios da Inclusão, que será apresentado pelo Sr.

Marcio Pochmann, Diretor-Presidente do IPEA, informo que as perguntas serão

feitas por escrito e, após a fala dos debatedores, os Deputados poderão fazer seus

questionamentos.

Agradeço ao Sr. Marcio Pochmann a presença, e, de imediato, passo-lhe a

palavra.

O SR. MARCIO POCHMANN - Bom dia a todos.

Nossos cumprimentos por terem aceitado o convite da Comissão de Finanças

e Tributação da Câmara dos Deputados para participar desta fase de reflexão e

análise a respeito da nova legislação que, no nosso modo de ver, altera

substancialmente as possibilidades de inclusão pelo trabalho, de importante parcela

dos brasileiros, que, infelizmente, neste começo de novo século, ainda se encontram

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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à margem e, portanto, excluídos de algo que se imagina possível para toda a

sociedade brasileira.

Desejo ainda cumprimentar os colegas que compõem a Mesa, em especial o

Presidente Vignatti, da Comissão, pelo relevante trabalho de abrir a discussão a

respeito desse tema; o Presidente Okamotto, do SEBRAE, que tem impulsionado

substancial mudança na empresa no que diz respeito à sua relação com pequenas e

microempresas; o Ministro José Pimentel, que, a partir da oportuna exposição,

mostra justamente as importantes transformações no curso da Previdência Social

brasileira.

A nossa exposição visa tratar, de forma muito rápida, dos aspectos referentes

ao processo de inclusão social e em que medida a legislação abre a perspectiva de

romper os enormes obstáculos existentes na sociedade, a fim de que ela se torne

menos excluída.

No nosso modo de ver, o Brasil avança no reagrupamento das condições

técnicas e políticas necessárias para promover novo desenvolvimento econômico,

social e ambiental.

O Brasil não quer ser mais liderado, mas sim liderar, protagonizar novo

projeto de desenvolvimento. Entendemos inclusive que a crise econômica recoloca o

tema desenvolvimento em novas bases. Não há receita a ser seguida. Pelo

contrário. Há algo que precisa ser construído do ponto de vista nacional.

Inegavelmente, isso exige radical transformação no modelo que perseguimos até

então.

(Segue-se exibição de imagens.)

Este gráfico mostra a trajetória percorrida no Brasil a longo prazo, desde a

última crise internacional, em 1929, quando, de forma muito soberana, o País soube

alterar o seu projeto de desenvolvimento que até a década de 1920 estava

basicamente submetido a projeto primário exportador, produtor de bens primários,

que infelizmente impossibilitava abrir-se perspectiva de maior integração e inclusão.

Temos aqui informações referentes à evolução do contingente de

trabalhadores que passaram a estar protegidos pelo sistema de proteção social e

trabalhista, que vem, desde 1923, com a primeira legislação previdenciária

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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introduzida no Brasil, mas que, de certa maneira, ganhou impulso com a instalação

da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943.

É importante dizer que a CLT foi o instrumento criado para algo que

praticamente não existia no País, porque o grosso dos trabalhadores estava no

campo. A presença de trabalhadores urbanos era praticamente residual. Então, ela

se constitui, na verdade, num projeto em perspectiva do desenvolvimento e da

incorporação dos que imaginavam ser majoritários, que seriam os trabalhadores

assalariados. Ou seja, o projeto de 1930 que vigora praticamente até a década de

80 é o de constituição da sociedade salarial. Ele teve muito sucesso, uma vez que,

em 1940, cerca de 13% dos ocupados brasileiros eram protegidos pelo que

correspondia à legislação, ao Direito do Trabalho e de proteção social, no Brasil.

É inegável que há evolução de 1940 a 1980. Em 1980 foi o melhor momento,

e chegamos a ter a metade: a cada 2 ocupados, 1 era protegido. Durante 25 anos,

as condições econômicas no País se alteraram muito, praticamente abandonamos a

perspectiva do crescimento econômico. O Brasil, que precisava crescer de 4% a 5%

ao ano, cresceu menos da metade durante as décadas de 80 e 90, e o mercado de

trabalho brasileiro sofreu profunda alteração na redução do número de assalariados

no total e expansão do desemprego e de postos de trabalhos não assalariados.

Pode-se perceber que basicamente entre 1980 e 2000, houve um movimento

de regressão no sistema de proteção social no Brasil. Somente num período mais

recente, praticamente a partir de 2001, 2002, volta a recuperar o número de pessoas

protegidas, o que nos permite dizer, com base nos dados da PNAD de 2007, que há

50,7% dos ocupados protegidos. Ou seja, em 2007, repete-se quase a mesma

situação que havia em 1980, portanto, há 27 anos.

Chamo a atenção para o seguinte: o que ocorreu no Brasil nos últimos 25

anos implicou regressão no movimento de proteção social e de inclusão que

havíamos perseguido até aquele momento. Mas hoje a realidade é muito diferente.

Dificilmente o País poderá incluir todos pelo trabalho assalariado. Estão em

expansão novas formas de ocupação, e, por isso, a nosso ver, é absolutamente

necessário que sejam criados outros mecanismos de inclusão e de proteção social

que não sejam apenas e tão somente pelo assalariamento. O assalariamento

continuará a ser importante na vida de parcela significativa dos ocupados brasileiros,

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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mas não significa dizer que teremos condições de incorporar um exército de

batalhadores, que têm, na verdade, na sua força física e mental a tentativa de

encontrar renda, mas não pelo assalariamento.

Então, temos aqui uma breve radiografia do que é esse exército de

batalhadores, que são, obviamente, objeto de integração possível pelas mudanças

legais que estão em curso.

Nós estamos falando, fundamentalmente, de pessoas muito próxima a nós: os

eletricistas, os pipoqueiros, os camelôs, os manicuros, os cabeleireiros, os

animadores de festa, os adestradores de animais, os doceiros, as costureiras, os

chaveiros e tantas outras ocupações que se encontram, infelizmente, à margem de

qualquer mecanismo de proteção via o sistema que tínhamos até então.

Nesta temos uma breve evolução do perfil desse segmento entre 1987 e

2007. Eu quero chamar a atenção, em primeiro lugar, para uma mudança profunda,

do ponto de vista de gênero, do que podemos chamar esse microempreendedor.

Na década de 80, por exemplo, tínhamos uma situação relativamente

equilibrada entre homens e mulheres que exerciam esse tipo de atividade. O que

temos 20 anos depois? O predomínio do sexo masculino. As ocupações hoje de

microempreendedores são fundamentalmente do sexo masculino, dois terços

exercidos por homens, um terço exercido por mulheres. Então, houve uma

transformação muito importante nestas duas últimas décadas do ponto de vista de

gênero.

No próximo eslaide vamos ver que essa mudança não foi exclusivamente do

ponto de vista de gênero.

Por setor de atividade econômica.

Nós já tínhamos, na década de 80, praticamente a metade dessas ocupações

vinculadas ao setor terciário, mas o avanço foi significativo nessas duas últimas

décadas, quer dizer, mais de dois terços dos ocupados hoje estão em atividades

terciárias: serviços e comércio. A indústria, que tinha praticamente um quarto dos

ocupados nos anos 80, hoje tem uma posição quase que residual. Portanto,

ocupados vinculados à indústria é uma parcela muito pequena. Praticamente, um

quinto dos ocupados permanece no setor primário: agricultura e pecuária.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Chamamos a atenção para esses aspectos do perfil da atividade porque isso

significa, na verdade, ações diferenciadas. Quer dizer, a política no meio urbano é

uma, a no meio rural é outra.

Nesta, vemos do ponto de vista das raças. O que vamos perceber? Vamos

perceber que hoje, praticamente, o trabalhador vinculado a essas atividades de

empreendedorismo são fundamentalmente pessoas não brancas. São as pessoas

de cor parda, preta, amarela, entre outras. Em 1987, havia praticamente um

predomínio de ocupados brancos, 59%, mas isso se reduziu para menos de 49%,

em 2007. Então, são ocupações em que predominam pessoas não brancas no

período presente.

O próximo eslaide, certamente, chama a atenção para a contribuição desse

exército de batalhadores para a Previdência Social. De 1997 a 2007, aumentou o

contingente e a participação relativa dos empreendedores não contributivos. Em

1987, quase 68% dos ocupados não contribuíam para a previdência. Em 2007, vinte

anos depois, temos quase 85% dos ocupados não contribuintes. Então, agravou-se

a situação desse contingente de empreendedores que, do ponto de vista da

contribuição, ficaram isolados.

O outro gráfico que temos para demonstrar está relacionado à faixa etária.

Tínhamos uma presença bastante significativa do segmento de maior idade, acima

de 55 anos, próximo da faixa da aposentadoria na década de 80 e hoje temos mais

a presença do segmento intermediário, entre 25 e 54 anos. Ou seja, houve,

inegavelmente, nos anos 80 e 90, problemas seríssimos de integração dos jovens

brasileiros pelo mercado de trabalho assalariado e, na verdade, o

empreendedorismo terminou sendo uma válvula de escape para esse segmento

juvenil, de tal forma que 70% dos que exercem atividade de microempreendedor,

empreendedor individual, estão na faixa de 25 a 54 anos.

Este gráfico mostra a distribuição dos rendimentos.

Em 1987, 41% dos ocupados recebiam até 1 salário mínimo. Em 2007, quase

52% recebendo até 1 salário mínimo. Então, houve um achatamento do ponto de

vista da remuneração e isso significou para esse contingente de trabalhadores maior

parcela prisioneira do salário mínimo.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Outro aspecto relevante nessa transformação do microempreendedor

brasileiro está relacionado à escolaridade. Tínhamos, na verdade, até 1987, uma

concentração de trabalhadores empreendedores que eram ou analfabetos ou

haviam iniciado o ensino básico. Praticamente, quase 85% do total dos ocupados

encontravam-se nessa situação: analfabetos ou com escolaridade inicial no atual

ensino básico.

O que chama a atenção no período atual é que 13% dos nossos

empreendedores podem ser considerados analfabetos. Há um peso importante de

trabalhadores ainda com ensino básico, mas cresceu a participação de

empreendedores com maior escolaridade, com o ensino médio completo ou no

ensino superior. Então, temos hoje um contingente mais preparado, diria, em relação

à década de 80, mas isso não veio acompanhado de melhor remuneração.

Que questões gostaríamos de apresentar? Em primeiro lugar, chamar a

atenção para o fato de que esse novo mecanismo de regulação contribui,

inegavelmente, para viabilizar não apenas mais rapidez do ponto de vista da

formalização do empreendimento, mas também abrir a possibilidade de uma

proteção real, efetiva, a esses trabalhadores. No entanto, não há como não deixar

de chamar a atenção para o fato de que se não houver crescimento econômico, se a

economia não crescer 4% ou 5% o esforço regulatório em si não cobrirá o potencial

que está sendo aberto pelas inovações legislativas.

Não há dúvida de que somente o crescimento econômico poderá dar

efetividade a essa perspectiva aberta pela nova legislação, sobretudo porque

parcela significativa desses microempreendedores é vinculada, associada, à renda,

à renda das famílias, à renda das empresas, não são em si geradores de renda.

Eles partem de uma renda dada.

Então, o trabalho de eletricistas, camelôs, manicures, entre outros tantos,

depende de renda derivada. E serão melhores as condições de sua inclusão se

houver, de fato, a expansão econômica sustentada ao longo do tempo e de forma

muito rápida. O baixo dinamismo econômico termina fazendo com que essa inclusão

seja feita de maneira potencial menor.

Chamamos a atenção, por fim, ao analisarmos a formalização e, sobretudo, a

proteção via previdenciária, para o fato de que a contribuição à Previdência, a

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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participação do que temos hoje de mecanismo de proteção social e trabalhista

depende fundamentalmente da elevação e da redistribuição da renda.

Um dado dá uma demonstração do que quero dizer: de todos os ocupados no

Brasil que recebem até meio salário mensal, somente 3,4% contribuem para a

Previdência. Portanto, um dos elementos difíceis, que obstaculizam a participação

da Previdência é a renda existente.

Se pegarmos o segmento que recebe acima de 10 salários mínimos mensais,

83% de todos os ocupados contribuem para a Previdência. Ou seja, há relação

direta entre aumento da renda e vinculação com a Previdência, o que significa dizer,

em última análise, que essa inovação legislativa abre ao Brasil a perspectiva de

construir um novo projeto de desenvolvimento que inclua os esquecidos, que são

absolutamente necessários à vida dos brasileiros.

Mas isso dependerá, a nosso ver, de o Brasil ter o compromisso político de

garantir o crescimento econômico a taxas elevadas, porque, somente assim, a

inclusão será efetiva e verdadeira.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Sr. Marcio

Pochmann.

Ressalto, novamente, que as pessoas que desejarem poderão fazer

perguntas por escrito aos debatedores. Posteriormente, de posse das perguntas,

eles poderão respondê-las antes do encerramento.

Aos Deputados será franqueada a palavra após a fala do Sr. Paulo Okamotto,

Diretor-Presidente do SEBRAE, e dos demais debatedores, caso tenham alguma

observação ou contribuição a fazer.

Convido agora, para fazer sua exposição, o Diretor-Presidente do SEBRAE,

grande aliado da pequena e microempresa bem como desse processo de

formalização nacional, Paulo Okamotto.

O SR. PAULO OKAMOTTO - Bom dia a todos.

Cumprimento nosso grande Ministro da pequena e microempresa no Brasil,

José Pimentel; os Senadores, as Deputadas e os Deputados; o pessoal da

FENACON; a FEMICRO, por intermédio do José Tarcísio; o Secretário do Emprego

e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos; os

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colegas do SEBRAE, uma vez que aqui há vários companheiros dirigentes do

Sistema; todos os nossos parceiros; o Marcio Pochmann, do IPEA.

Vimos que no Brasil há duas leis extraordinárias: a Lei Geral da Micro e

Pequena Empresa e a fantástica Lei do Empreendedor Individual, aprovada agora.

Também é importante registrar que os Parlamentares não somente aprovaram essa

lei, mas muitos estão comprometidos em fazer com que ela seja implementada em

seus Estados e Municípios.

Eventos como esse demonstram não somente a intenção, mas a prática de

construir mais conhecimento sobre nossos empreendedores em todo o Brasil. Então,

está de parabéns o Congresso Nacional por essa iniciativa.

Mais do que isso: ouvimos o companheiro que dirige a instituição que

congrega todos os Deputados Estaduais também se comprometer a fazer o debate

sobre as pequenas e microempresas em todo o Brasil. Isso é muito bom, porque

podemos e devemos entender mais sobre o assunto.

Também tivemos, após a fala do Ministro Pimentel, a exposição fantástica de

Marcio Pochmann. Quantos números, quantas verdades, quantas informações

importantes para construirmos políticas públicas e desenvolver nosso País!

Agora os senhores vão perguntar: “O que o Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas vai fazer?” O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas, conforme a maioria sabe, tem a função legal de apoiar as

pequenas e microempresas brasileiras. Nós tínhamos uma dificuldade: quando

íamos orientar nossos empresários, ao chegarmos a essa grande parcela, não

tínhamos solução para suas dificuldades ou para a formalização. Agora dispomos de

uma legislação que nos permite orientá-los.

O SEBRAE tem clareza da responsabilidade que é transmitir conhecimento e

orientações a esses empreendedores. Os senhores observaram, pela fala do nosso

colega Marcio Pochmann, que grande maioria deles ganham até 1 salário mínimo,

que grande maioria desses empreendedores não são os brancos, que grande

maioria desses empreendedores são homens — fato grave também, e que grande

maioria desses empreendedores dependem de renda. Portanto, são pessoas que

estão no chamado setor terciário, que prestam serviços na comercialização e

dependem de renda.

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Então, nós, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas —

SEBRAE, temos uma responsabilidade muito grande, porque agora, mais do que

nunca, precisamos de conhecimento e metodologia para levarmos tudo o que

sabemos a esses empreendedores. Mas adoramos isso e temos condições de fazê-

lo, pois dispomos de todas as possibilidades para transmitir o conhecimento e fazer

com que tudo melhore.

Nós, do SEBRAE, achamos que, ainda que tais setores dependam de renda,

é possível levar conhecimento a essas pessoas, para que elas sejam mais

competitivas, melhorem sua gestão e se associem. Assim, elas poderão diminuir o

custo para vender seus serviços e produtos.

Acreditamos que é possível adensar essas atividades empresariais existentes

e, com isso, diminuir os custos. Se diminuirmos os custos dos produtos e serviços,

mais pessoas poderão consumir, o que gerará demanda e melhorará o crescimento

do País. Acreditamos nisso; e é com esse espírito que o SEBRAE está trabalhando.

(Segue-se exibição de imagens.)

Apenas para que tomem conhecimento, temos um plano de implantação, com

ações pré-operacionais de abordagem receptiva e ativa. Para começar, o

SEBRAE fará toda a parte de orientação a nossos clientes. Para isso, preparamos

as nossas centrais de relacionamentos e nossos balcões, elaboramos palestras para

os milhares de expositores explicarem o que é isso e também produzimos milhões

de cartilhas — o SEBRAE já produziu, com seus parceiros, 1 milhão de cartilhas em

todo o Brasil.

Estamos percebendo que existem muitas iniciativas. Está aqui o Presidente

da Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas, Deputado Carlos

Melles, que mostrou que o DEM já está fazendo uma cartilha. O PSDB, do Deputado

Luiz Carlos Hauly, também pode fazer isso, assim como os demais partidos. Isso

será uma maravilha, porque iremos ajudar a divulgar.

Afora isso, o SEBRAE desenvolveu um conjunto de soluções costumizadas,

que agora queremos entregar aos nossos empreendedores.

Aqui podem ver o trabalho já feito pelo SEBRAE. Preparamos nossa central

de relacionamento e temos um número gratuito, o 0800-5700800, que será o canal a

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ser utilizado pelos empreendedores para obterem informações sobre isso pelo

SEBRAE, em conjunto com outros parceiros.

Preparamos, pela nossa Universidade Corporativa, um vídeo para todos os

nossos consultores do Brasil, que explica para todo o Sistema o que é e como

funciona o microempreendedor individual.

O portal do SEBRAE também está à disposição do microempreendedor

individual, para orientá-lo e para que ele possa saber os passos que deve dar.

Sabemos que esse quesito será muito complicado, porque o Brasil é muito grande e

a tecnologia, e o serviço disponíveis aos nossos empreendedores são diferenciados.

Há Estados mais preparados para receber essas pessoas, enquanto outros não

estão ainda tão preparados. Mas o nosso pessoal em todo o Brasil está procurando

conversar com órgãos nos Estados, para ver como iremos orientar para chegarem a

esse estado ótimo de formalizarem-se pela Internet, por um único canal de

relacionamento.

Portanto, as nossas abordagens são no sentido de fazer com que as coisas

aconteçam mais. Também sabemos, como já foi mostrado pelo Marcio, que esse

pessoal muitas vezes tem baixa escolaridade. Muitos não tiveram educação formal.

Mas também há quem tenha feito o ensino médio, com uma educação formal mais

elevada.

Em vez de ficarmos esperando as pessoas virem até o SEBRAE, junto com

os contadores, administradores e economistas, faremos uma abordagem mais ativa.

Queremos fazer com que todos os empreendedores que estão nas comunidades,

nas vilas, nas periferias e nas comunidades mais pobres que têm atividade

econômica possam ser objeto de atendimento do SEBRAE presencial.

O que vamos gerar com isso? Vamos gerar muitas informações sobre os

negócios nas comunidades daquela cidade daquela região. Isso é muito bom,

porque, a partir dessas informações, poderemos dar informações sobre o tipo de

negócios e de atividades existem naquele território e com isso contribuiremos para

construir políticas públicas de acesso a crédito, a mercado, a assistência técnica e a

tantas outras coisas que acreditamos podem ser construídas para incentivar a

formalização das pessoas e fazer com que elas contribuam ainda mais com o

crescimento do País. O nosso negócio, então, é fazer muitas parcerias.

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No próximo eslaide veremos, por exemplo, o trabalho com as instituições de

microcrédito, também outra grande possibilidade. Esse pessoal já tem experiência

no atendimento a empreendedores, e queremos fazer parcerias estratégicas com

esse setor, a fim de que, ao chegar a assistência técnica e percebermos que é

necessário o apoio ao crédito, essas pessoas tenham acesso ao serviço financeiro.

Outras instituições também estão trabalhando nisso. A Caixa e o Banco do

Brasil já criaram linhas específicas de financiamento e tarifas especiais para esse

setor. Também acreditamos que é uma forma de incentivar.

Como já disse, vamos contar com os nossos contabilistas. Vamos preparar

todos os contabilistas. A ideia é preparar mais de 15 mil contadores em todo o Brasil

para que as pessoas continuem tendo atendimento sistemático. O que queremos?

Queremos fazer com que os novos clientes do SEBRAE e s instituições parceiras

sejam não apenas formalizados, mas também capacitados, e que virem clientes

permanentes do SEBRAE. Eles são nossos clientes e queremos recebê-los com o

maior carinho, porque acreditamos que as pessoas bem preparadas e capacitadas,

com uma visão da economia brasileira e com muitas informações, poderão ajudar no

desenvolvimento do Brasil.

É isso o que o SEBRAE pretende e é nisso que ele vai trabalhar. Precisamos

de muitas parcerias, tais como essa, para divulgar a boa nova para o Brasil e com

isso fazer a diferença no desenvolvimento.

Eram essas as informações que tínhamos a prestar. Estamos à disposição

dos senhores.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Convido para compor a Mesa o

Secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Sr.

Guilherme Afif Domingos. (Palmas.)

Ressalto que o Afif tem sido um grande aliado do debate sobre a pequena e

microempresa, da área de regulamentação do empreendedor individual e do

processo de negociação.

Convido ainda para comporem a Mesa o Secretário de Comércio e Serviços

do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Sr. Edson Lupatini

(palmas); o Presidente da Confederação Nacional das Microempresas e Empresas

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de Pequeno Porte — COMICRO, Sr. José Tarcisio da Silva, sempre presente

(palmas); o Sr. Valdir Pietrobon, Presidente da Federação Nacional das Empresas

de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e

Pesquisas — FENACON. Ele é um dos grandes aliados. Com certeza sem ele a

formalização não iria tão bem no Brasil. (Palmas.)

Informo aos senhores que as perguntas por escrito serão recolhidas e

dirigidas à Mesa. Assim, os debatedores já poderão dar as devidas respostas.

Depois iremos franquear a palavra aos Deputados, conforme o combinado.

Inicialmente, concedo a palavra ao Sr. Guilherme Afif Domingos, Secretário

do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo.

O SR. GUILHERME AFIF DOMINGOS - Muito obrigado.

Caro e querido amigo Ministro de Estado da Previdência Social, José

Pimentel, quero saudar o meu companheiro e também amigo Vignatti, Deputado

Federal e Presidente da Comissão de Finanças e Tributação.

Saúdo os companheiros Deputados Federais e amigos Guilherme Campos,

Carlos Melles, Luiz Carlos Hauly, Jorginho Maluly, Miguel Corrêa, Geraldo Resende,

Eudes Xavier, Clóvis Ferraz — Deputado Estadual e Presidente da União Nacional

dos Legislativos Estaduais — UNALE, o meu querido amigo Edson Lupatini,

Secretário de Comércio e Serviços, do Ministério do Desenvolvimento, o meu amigo

Paulo Okamotto, Presidente do SEBRAE nacional, o meu amigo José Tarcisio da

Silva, Presidente da Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte — COMICRO, e o Presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas

Aplicadas — IPEA, Marcio Pochmann.

Quero saudar também todo o público presente. Agradeço a V.Exas. o convite

e os cumprimento pela iniciativa de fazer este encontro no Congresso Nacional,

onde a Lei Complementar nº 128 foi aprovada com apenas 1 voto contrário. Foi um

erro, deveria ser por unanimidade.

Estamos exatamente com um tema de absoluto consenso, o que nos permite

trabalhar na mesma orientação e com o mesmo objetivo. Não quero ser repetitivo

diante do que aqui já foi dito. Vou procurar complementar com o desafio de

transformar a lei em realidade, de fazer com que a lei pegue.

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Ouvi atentamente a exposição do ilustríssimo Sr. Marcio Pochmann. Até

gostaria de dar uma pista investigativa, porque, diante do quadro da formalização da

mão de obra ou do aumento da proteção ao trabalhador, temos duas linhas: a de

queda bastante acentuada da formalização após o período constitucional e a de uma

retomada da formalização após a aprovação do SIMPLES. Então, essa é uma linha

para se investigar o que aconteceu em termos de aumento de proteção, porque eu,

como Constituinte, percebia e falava da tribuna: “Cuidado com esse conjunto de

legislação, porque estamos legislando para a elite do sistema econômico brasileiro e

estamos ignorando a base”. Até porque o art. 179 da Constituição não permitiu

tratamento diferenciado no campo trabalhista. Permitiu no campo previdenciário, no

campo creditício, no campo administrativo e tributário, mas não falou do trabalhista.

Aliás, falou, mas foi excluído porque dizia-se que, com isso, os direitos seriam

tirados. Tentávamos provar que temos de dar direito a quem não o tem. De fato,

depois houve esse mergulho da perda de direitos, recuperada pela legislação do

SIMPLES, que facilitou a contribuição previdenciária. Agora, com o Super-SIMPLES,

o número de formalização se traduz num aumento da proteção do trabalhador. Esse

é um ponto em que precisamos nos focar. Hoje já há consenso absoluto sobre a

busca de solução, de que temos de rever muita coisa no campo trabalhista também,

até porque os desiguais precisam ser tratados diferentemente, de acordo com as

suas desigualdades.

Foi o que se instruiu a todos no processo do nosso MEI —

Microempreendedor Individual. Dentro dessa linha, quero trazer um pouco da nossa

experiência. Sou Secretário de Estado do Emprego e Relações do Trabalho, e

incorporamos o empreendedorismo na Pasta do Trabalho até por afinidade com o

tema, em primeiro lugar, e, em segundo, para jogar uma luz sobre a visão

trabalhista, porque a visão trabalhista só foi focada em cima dos atos formais entre

empregadores e empregados. Ignoramos por muito tempo o autoemprego e, ao

fazermos isso, alijamos belíssima parcela de trabalhadores transformados em foras

da lei — não que eles fossem foras-da-lei, mas a lei era fora deles. Nós não fizemos

leis para isso. Só ficamos num processo absolutamente dual: ou é empregador ou é

empregado. E aquele que está por conta própria não existe. Então, esse esforço da

formação do MEI permite-nos agora dar um passo inicial, mas posso dizer-lhes que

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vamos ter ainda muita pedreira pela frente. Ultrapassada a fase inicial, Lupatini,

esperamos que seja ultrapassado o primeiro tropeço, mas isso acontece com os

sistemas nacionais. Quero que contem conosco integralmente para poder

ultrapassá-los.

Agora, precisamos ter consciência da realidade do dia a dia. Não vamos ter

uma explosão, porque enfrentamos, em primeiro lugar, desconfiança desse mesmo

público. Em segundo lugar, concordo plenamente com a afirmação do Dr. Marcio

Pochmann de que o que amplia a possibilidade de trabalho é crescimento, e, num

processo de baixo crescimento, a contribuição à Previdência, que é o peso maior,

está diretamente ligada à renda, e nós estamos trabalhando com um público de

renda muito baixa, em sua maioria próximo ao salário mínimo.

Por que 10% do universo a ser atingido no primeiro ano? Considero para

valer o ano redondo de 2010, porque 2009 é de ajustes. Estamos vendo quantos

ajustes vamos fazer, porque vamos enfrentar, primeiro, um público desconfiado,

extremamente desconfiado da intenção do Estado de trazê-los à formalidade. Isso

me lembra o fundo do mar, quando de repente se vê tanto peixe disfarçado em

pedra, disfarçado em planta, exatamente para não ser devorado. Então, esse é um

mundo disfarçado, escondido. Embora esteja aparente à nossa vista, não é com um

simples sinal de dedo que vamos trazê-los a essa formalidade.

O nosso esforço foi extraordinário? Sim. O que foi feito em termos de

legislação previdenciária, no campo da contribuição, de chegarmos num acordo e

num entendimento com os Estados, com os Municípios, eu acho que está perfeito.

Isso se chama registro para efeito de contribuição, mas existe um outro mundo: o

das licenças — a licença estadual e a municipal. É aí que se mata. E aí temos um

resíduo de ranço burocrático extraordinário, porque fizemos uma pesquisa entre

esses agentes públicos, perguntando: “Como você vê o cidadão?” Já levantamos 4

pontos fundamentais: primeiro, não confiamos; segundo, não acreditamos; terceiro,

não capacitamos; e, quarto, não fiscalizamos.

Então, o conceito é colocar um monte de craca burocrática na hora de

autorizar, porque a burocracia estará salvaguardada. “Está vendo? Eu coloquei

tantos carimbos a tantas exigências”. Dali para frente, cada um faz o que quer. Nós

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tínhamos que mudar esse conceito: confiamos, acreditamos, capacitamos e

fiscalizamos.

Foi esse passo que demos, meu caro Ministro Pimentel, no nosso Estado.

Essa foi a primeira medida do decreto do Governador Serra, baixado no dia 30,

quando tivemos a oportunidade de, naquele grande encontro em São Paulo,

estabelecer uma norma para licenciamento no campo do meio ambiente, da

vigilância sanitária e do corpo de bombeiros.

Essa lei ou esse decreto tratou do princípio de que todas as atividades de

baixo risco classificadas... Nós já temos o que é de baixo e de alto risco. Aliás, até

mandei para o Lupatini como contribuição para essa discussão.

Este cidadão estará automaticamente licenciado quando conseguir o registro

nas áreas do Estado por 6 meses, que a lei prevê como licença provisória. Se,

depois de 6 meses, o Poder Público não compareceu ou não contatou esse cidadão

para uma fiscalização orientadora, ele estará automaticamente licenciado. A lei diz

que eles não podem ter uma fiscalização punitiva. Então, usamos a lei

complementar para a aplicação do princípio. (Palmas.)

Criamos o decurso de prazo reverso, que é o dado ao Poder Público, que

normalmente dá prazo para todo mundo, mas quando é para si é muito

condescendente. Então, estabelecemos esse conceito e queremos levá-lo para a

REDESIM, para a pequena e microempresa na mesma intensidade.

Por isso, já encerrando, meu caro Vignatti —não quero ocupar muito o tempo

—, quero dizer que o nosso desafio é grande.

No Estado de São Paulo, já mapeamos e fizemos um estudo com a FIPE, no

qual os nossos números estão divergindo um pouco dos que estão colocados no

PNAD. A nossa estimativa é de 3 milhões e 200 mil empreendedores do alto

emprego no Estado de São Paulo. Para se ter noção, é toda a população do Uruguai

escondida lá dentro.

Já mapeamos Município por Município e demos o número estimado. Ao

fazermos isso, chamamos os Prefeitos e fizemos uma grande caravana com a meta

de 10% por Município. Essa meta é quase um estímulo, uma competição

intermunicipal, porque para ela já chamamos os contadores, por intermédio do

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SESCON, meu caro Pietrobon, o SEBRAE e o SESCON e trabalhamos juntos. Além

do Prefeito empreendedor, temos que criar a ideia do Prefeito formalizador.

Vamos tirar o cavalo da chuva. Não é o SEBRAE, nem o Estado, nem a União

que chegam a eles. Quem chega a eles é o Prefeito, é a Prefeitura. Nós não

conseguimos chegar exatamente porque eles são identificados em cada vila, em

cada bairro, em cada favela. Os agentes sociais têm que fazer esse trabalho de

rastreamento, exatamente para poder identificar e convidá-los a entrar nesse

mundo, porque a formalização lhes dá acesso ao crédito.

Finalmente, está correta a visão do nosso amigo Okamotto, do SEBRAE,

sobre o microcrédito. No nosso Estado, temos o Banco do Povo, que já emprestou,

em 10 anos, 600 milhões de reais a mais de 200 mil mutuários. A nossa perda é de

1,2%. Ao lançarmos o programa, colocamos mais de 120 milhões adicionais para

usar o crédito como instrumento de atração para a formalidade.

Recebemos o Sr. Mohammad Yunus, criador do microcrédito no mundo,

ganhador do Prêmio Nobel da Paz e criador do Grameen Foundation, em

Bangladesh, para a comemoração dos 10 anos do Banco do Povo. Ele disse algo

muito importante para meditarmos: “A crise financeira mundial levou à maior

concentração bancária da nossa história”. Hoje, no Brasil, em rede, nós só temos 6

bancos, 2 estatais e 4 privados em rede, o resto não existe mais.

O Dr. Yunus me disse: “Dr. Afif esses grandes bancos são como navios

petroleiros: muito bons para andar em alto-mar, mas não conseguem entrar nas

corredeiras nem nas margens onde está o nosso povo”. Portanto, vamos ter que

enfrentar o desafio do microcrédito com o novo conceito institucional e não podemos

deixar para depois a matéria do crédito dentro dessa legislação. Acho que agora é

urgente, exatamente porque os grandes terão condições muito mais privilegiadas de

chegar que os pequenos. E é esse o nosso desafio desbravador.

Essa é a nossa contribuição.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Agradeço ao Sr. Guilherme Afif

Domingos.

Passo a palavra ao Secretário de Comércio e Serviços do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sr. Edson Lupatini.

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Estamos muito ansiosos com a formalização sobre os problemas que

ocorreram. Creio ser bom termos uma abordagem sobre essa questão, além do

trabalho que vem desenvolvendo neste momento.

O SR. EDSON LUPATINI JÚNIOR - Muito obrigado, Sr. Deputado.

Cumprimento o Ministro José Pimentel, o Deputado Vignatti, o Secretário

Guilherme Afif Domingos, o Marcio Pochmann, o Okamotto, o José Tarcisio da

COMICRO e os demais Parlamentares e as demais autoridades.

Penso que, entrando um pouco na área da implementação, se trata de um

sistema muito grande e complexo. Como foi dito, esse sistema envolve órgãos do

Governo Federal, dos Governos Estaduais e das Prefeituras. Se pensarmos que há

5.563 Municípios e que cada um deles tem quatro, cinco órgãos de licenciamento,

vamos verificar que estamos tratando com mais de 20 mil órgãos.

Constituímos o Comitê Gestor da REDESIM, com 10 membros e uma

presidência. Dentro desses 10 membros estamos exatamente bem equilibrados em

termos de representação nacional, estadual e municipal, seja da área tributária, seja

da área creditícia, seja da área de desenvolvimento.

O que é importante ressaltar, acho que pela experiência que adquirimos

dentro de instalação de sistemas integrados, é que todo sistema quando é colocado

no ar tem sim alguns ajustes e aperfeiçoamentos a serem feitos. É o que estamos

fazendo. Estamos agindo de forma rápida, com todos os parceiros, com a ajuda dos

Governos Estaduais, dos órgãos federais, do SEBRAE e estamos conseguindo, sim,

implantar o sistema, de forma gradual, eficaz e segura. Até porque sabemos, de

acordo com os dados estatísticos que temos, que a grande procura ainda é pelo

portal, para que o empreendedor possa buscar informações e, daquelas

informações, discutir com seus contadores, discutir com o SEBRAE, com o Banco do

Brasil, com a Caixa Econômica Federal, com os próprios Municípios, no âmbito das

Prefeituras, a melhor forma de enquadrar-se como empreendedor individual.

Foi dito por diversas pessoas que a grande procura vai existir — entendo isso

como verdadeiro — a partir do momento em que o empreendedor começar a fazer o

peso do que significa formalizar e não formalizar. Na hora em que ele identificar bem

que o custo da formalidade é muito menor do que o da informalidade, não tenho

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dúvida de que ele, aí sim, vai começar a buscar mais para poder se enquadrar como

empreendedor individual.

No âmbito do Comitê Gestor da REDESIM, já divulgamos e publicamos uma

portaria do Ministro Miguel Jorge, nomeamos os membros efetivos, depois fizemos 3

resoluções nomeando membros suplentes do Comitê Gestor, o Regimento Interno

do Comitê Gestor e, principalmente, como funciona o empreendedor individual.

O que queremos é trazer aos senhores a tranquilidade de que estamos

trabalhando com celeridade. E detalhe: o importante é que não estamos trabalhando

sozinhos. O fruto da parceria de todos os órgãos, que estamos vendo aqui

representados, tem dado significativos avanços para que possamos, de fato, deixar

o nosso cidadão empreendedor elevar sua autoestima, sair do seu registro em até

meia hora. Acreditamos que isso vai acontecer. A evolução é no sentido de que

essas medidas vão aumentar o número desses empreendedores. Com a redução

desse tempo — tenho fé nisso —, para o próximo ano, iniciaremos não só para o

empreendedor, mas também para todas as pequenas e microempresas, além das

demais empresas, algo em torno de 2% do total das nossas empresas no Brasil.

Portanto, entendo que estamos encontrando soluções desde a implantação

do MEI, que estamos identificando a partir de uma máxima citada pelo Secretário

Afif: a do jardim japonês. Como é feito o jardim japonês? Se eu estiver errado, ajude-

me Secretário Afif. Prepara-se o local onde será feito o jardim, depois fazem os

caminhos de acordo com as trilhas feitas pelas pessoas. A partir desse momento, os

caminhos estarão identificados e, então, faz-se a pavimentação e a urbanização.

Espero continuar contando com a ajuda que temos tido do Ministro Pimentel.

S.Exa. tem sido muito contundente e eficaz. Da mesma forma o Sr. Paulo Okamotto.

O Ministro Miguel Jorge tem-nos dado bastante apoio para que, de fato,

possamos chegar e implementar na plenitude esse projeto tão importante para o

País.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Obrigado, Secretário Edson

Lupatini.

Quero fazer também um agradecimento aos veículos de comunicação desta

Casa, ao jornal, à rádio, à agência de comunicação e à TV Câmara, que está

fazendo toda a filmagem deste evento, tendo em vista que há sessão hoje, senão

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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estaria sendo transmitido ao vivo. Esse debate será reproduzido em todo o Brasil

como tem sido feito com esse tipo de evento que tem sensibilidade muito grande

pelos órgãos de comunicação da Casa.

Passo a palavra ao Sr. José Tarcisio da Silva, Presidente da Confederação

Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte — COMICRO.

O SR. JOSÉ TARCISIO DA SILVA - Saúdo o Exmo. Sr. Ministro José

Pimentel, o Deputado Vignatti, Presidente da Comissão, os Srs. Parlamentares, o

Sr. Secretário Afif Domingos, o Secretário Lupatini, o Sr. Presidente do SEBRAE,

Paulo Okamotto, o Superintendente do SEBRAE de Pernambuco, Sr. Nilo, e, por

intermédio dele, todos os superintendentes e diretores do SEBRAE presentes, o

Presidente do IPEA, Marcio Pochmann, o Sr. Presidente da FENACON, Sr. Valdir

Pietrobon, e todas as senhores e todos os senhores presentes.

Estamos comemorando a nova lei que cria o empreendedor individual. Sou

um grande entusiasta.

Não sei se o Marcio Pochmann se lembra de que, em 2005, fizemos um

grande evento em Caruaru, Pernambuco, e ele foi um dos palestrantes. Havia um

estudo sobre a informalidade. O Presidente Paulo Okamotto também estava

presente nesse evento. Reunimos 1.500 pessoas de todo o Brasil para discutirmos a

informalidade em um lugar onde havia o maior número de informais no País, a

região do agreste de Pernambuco — Caruaru, Santa Cruz, Toritama e cidades

vizinhas.

A partir daí, a discussão se estendeu, e hoje estamos aqui comemorando

uma lei vigente. Há mais de 11 milhões de informais, quase 3 vezes o número de

formais. No nosso entendimento, os informais não estão assim porque querem. A

circunstância é que os levam a ser informais. O desemprego, em primeiro lugar; a

carga tributária, em segundo lugar.

Neste momento, há uma grande revolução no País ao tentar trazê-los para a

formalidade. O maior atrativo para que os trabalhadores informais passem para a

formalidade não é o CNPJ; ainda é a Previdência Social.

A maioria deles, como já foi dito, não ganha mais que 1 salário mínimo por

mês e não tem a proteção do Estado. Se houver óbito, como fica a família?

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A maioria deles mora em barracos nas favelas, debaixo dos viadutos. Na

realidade, são pessoas excluídas que precisam da atenção do Estado. A inclusão

deles na Previdência Social é de fundamental importância.

O segundo atrativo é o CNPJ, é poder estar com o tabuleiro na cabeça sem

temer o rapa das Prefeituras das grandes cidades, o que constantemente acontece.

O cidadão tem de ter a carteirinha de empreendedor, de trabalhador que ganha o

pão honestamente e com suor. É por isso que sou entusiasta do empreendedor

informal.

Para que haja uma grande demanda para a formalidade é preciso informação,

principalmente. Essa informação não deve ser feita pela televisão, pelo Governo,

mas pelo segmento que o representa em seu lugar, na periferia onde ele se

estabelece, ou nas ruas onde ele atua como ambulante. Ele precisa de informação

das pessoas que têm acesso e o linguajar dele.

Não adianta noticiar na televisão: “O Governo está convidando”. O Secretário

Afif já disse da desconfiança. E são, de verdade, desconfiados em relação ao que

vem pela frente: “Eu vou ter um registro, ter um CNPJ, a Receita Federal vai me

identificar, a Secretaria de Fazenda vai me identificar. E se eu for pego e a minha

mercadoria for tomada? O que vai ser de mim?” É isso o que pensam.

Tenho fé nisso. Há a disposição do SEBRAE em todo o território nacional,

com a parceria da FENACON. Presidente Paulo Okamotto, quero anunciar a

parceria das nossas instituições de microempresa. Onde houver uma associação,

Dalvani e Moacir, mesmo que seja na boca do poeirão, no Ceará, estaremos juntos.

O Ministro Pimentel já citou o seu nome em nossos eventos no Ceará. E é a

FEMICRO que vai ter credibilidade para dizer a esse pessoal: “Venham para a

formalidade, porque é bom”. E o primeiro que for para a formalidade e achar que é

bom vai ser o garoto-propaganda para os demais. É assim que a coisa vai

acontecer.

Tenho certeza, Secretário Afif, de que a demanda pelo ingresso para a

formalidade vai ser maior do que imaginamos. O microcrédito tem de vir associado a

isso.

Sr. Ministro Pimentel, vamos colocar o Fundo de Amparo ao Trabalhador à

disposição desse pessoal. Não é muito dinheiro, não. São 2 mil, 3 mil, 4 mil reais. E

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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que não seja um microcrédito com juros altos, extorsivos, de 4% ou 5% ao ano,

apesar de, às vezes, eles pagarem a agiota de 8% a 10%. Se há recurso oficial e

juros de 2% — que é muito alto ainda, pelo menos isso é pagável —, certamente,

isso também será um grande atrativo para a formalidade.

Tenho uma preocupação, Sr. Ministro, e quero externá-la. Preocupo-me com

os excluídos do Super-SIMPLES. Quando a microempresa é excluída do Super-

SIMPLES, os impostos tornam-se praticamente impagáveis, porque se há 2 ou 3

funcionários, vai para a normalidade. Como fica a situação? Muitas vezes ele se

programou, montou aquela estratégia, incluiu a empresa no Super-SIMPLES, a

Previdência Social estava incluída no SIMPLES, e, de repente, vai ter de pagar

quase 31% entre Previdência e contribuições sociais etc. Ele não vai pagar. E se ele

atrasar 1 mês, acabou. Sabe o que vai acontecer? Ele vai para a informalidade.

Portanto, quero fazer um apelo para o Ministro, o Deputado Vignatti e o

Governo no sentido de que revejam com todo carinho a situação dos que estão

excluídos do Super-SIMPLES.

O Governo concedeu isenção de IPI ao setor automobilístico, o que é

interessante e muito bom para sanar a crise. Os valores relativos aos

microempresários hoje excluídos do Super-SIMPLES é bem menor. Então, pelo

menos vamos parcelar a dívida em 8 ou 10 meses, vamos reincluir esse pessoal no

Super-SIMPLES. Esse é o apelo da COMICRO.

A nossa Confederação é humilde — digo humilde porque ela não tem

recursos, não tem compulsório, mas tem o coração maior do que o mundo; pessoas

nela se incluem porque acreditam nas associações e nas federações de trabalho e

não perguntam o que vão ganhar para ser sócio, mas como podem contribuir para a

associação ser mais forte e ter benefícios. É esse modelo de representação que

pregamos e que queremos para a microempresa no País.

Quero colocar essa humilde Confederação — posso falar pelo Moacir, da

Bahia, pelo Dalvani , do Ceará, pelo Reginaldo, da Paraíba, e de tantos outros — à

disposição do MEI para estar em parceria com o SEBRAE nacional, com os

Governos, com as Prefeituras. Se não houver uma associação no Município, haverá

uma liderança, alguém que é acreditado, que é do meio. Se nós conversarmos,

poderemos fazer reuniões e trazer pessoas para o auditório, levando informações,

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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reivindicações e problemas que porventura existam na comunidade, dando

conhecimento, Secretário Lupatini, ao Ministério do Desenvolvimento, ao

Parlamento, a esta Casa — a quem só tenho a agradecer pelo avanço que tem

constantemente oferecido ao País, por meio da luta pela pequena e microempresa

—, ao Ministro Pimentel e ao Governo como um todo.

O nosso espírito é de colaboração para somar, para que este País amanhã

não tenha de dizer que tem mais 10 milhões de informais, mas, sim, para ter o

orgulho de dizer que os informais estão todos na formalidade. Os microempresários

de hoje serão os pequenos, os médios e os grandes empresários de amanhã.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito bem, José Tarcisio.

Passo a palavra ao Sr. Valdir Pietrobon, Presidente da Federação Nacional

das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias,

Informações e Pesquisas — FENACON .

O SR. VALDIR PIETROBON - Bom dia a todos.

Querido Sr. Ministro Pimentel, a quem tenho dado o título de cidadão da

formalização, pelo trabalho que tem feito neste País para formalizar as empresas,

Deputado Vignatti, demais participantes da Mesa, quero, em nome da FENACON,

agradecer pelo convite de participar deste evento.

Muitos podem perguntar o que a FENACON tem a ver com a REDESIM e

com a Lei Geral, e eu diria que tem tudo, porque 99% das empresas brasileiras são

pequenas, médias e micro e estão dentro das empresas contábeis. Então nós

atendemos, orientamos, abrimos, fechamos, formalizamos, legalizamos, falamos

com esses empresários o dia inteiro, sabemos de tudo o que elas passam. Não

tenho dúvida de que somos como o padre. Inclusive, eles nos falam da vida pessoal

quando têm problema. É o que acontece no nosso dia a dia.

Embora esse percentual de 99% das empresas não representam tanto em

relação à questão tributária, representam, entretanto, 60% de todo o trabalho formal

deste País. A grande maioria dos microempreendedores, 11 milhões de

microempresas, está na informalidade e só não vai para a formalidade por causa da

forte burocratização. Precisamos trabalhar muito para resolver esse problema.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Espero que com o Comitê do REDESIM a desburocratização chegue para realmente

simplificar.

A Lei Geral veio para fazer história neste País. Para nós, ela é realmente a

reforma tributária de 99% das empresas brasileiras. Havia no Brasil 1 milhão e 337

mil empresas brasileiras no SIMPLES. Fizemos um convênio com o SEBRAE,

desbravamos este País por 409 Municípios e conseguimos elevar esse número para

3 milhões e 175 mil, quando o próprio Ministro sabia que a previsão era para

aproximadamente 2 milhões de empresas. Então, praticamente quase conseguimos

dobrar esse número.

Vendo o Tarcisio falar, notei que é preciso, urgentemente, reajustar os atuais

valores. Criou-se a micro com o limite de 3 mil. Tudo bem. Mas precisamos pensar

logo em reajuste, da mesma forma as empresas que estão no SIMPLES, senão,

quando chegar novembro, elas atingem os 2 milhões e 400 mil reais, ela não fatura

mais, ela deixa para faturar em janeiro do ano seguinte. Por que isso? Temos de

reajustar urgentemente esses valores.

E agora nos deparamos com o maior projeto de inclusão social que já se criou

neste País: o MEI. E as empresas contábeis estão obrigadas, por lei, a legalizá-las e

fazer a primeira declaração de imposto de renda gratuitamente. Eu falo das

empresas contábeis que optaram pelo SIMPLES nacional. Isso consta do texto da

lei. Precisamos disso. Há 18.095 empresas contábeis existentes no SIMPLES

espalhadas pelo País. No Portal do Empreendedor, portaldoempreendor.gov.br., tem

a relação, Estado por Estado e cidade por cidade, de onde estão essas leis. Está

também no site da FENACON.

Nós estamos fazendo uma lista das empresas optantes, cartazes, um guia

prático. Os senhores devem ter recebido as apostilas que já distribuímos. Vai

constar do site da FENACON um guia prático, com todas as perguntas e respostas

que vêm chegando diariamente para atender melhor essas pessoas.

Estamos fechando um convênio com o SEBRAE para atender

aproximadamente uns 15 mil contabilistas, para que voltemos a fazer o que fizemos

por ocasião da criação da Lei Geral, no sentido de que tenhamos encontros

estaduais para avaliar tudo isso. Vamos dar maior suporte ao MEI. Eu penso assim:

“Legalizou. E daí? Estou legalizado. E daí?” Então estamos fazendo uma cartilha

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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para que possamos orientar, a partir deste momento, os microempreendedores, para

que possam fazer esse trabalho.

Ninguém mais do que nós, da FENACON, acreditamos nesse projeto. Não

tenham dúvidas de que acreditamos. Vão passar por nossas mãos toda a

legalização dessas pessoas. Estamos totalmente preparados para isso. E o que nos

causa um pouco de preocupação é esse sistema, Lupatini, porque estamos sendo

consultados e não há mais o que falar para esse pessoal. Há muitas pessoas

simples, e temos que lhes dizer que isso vai entrar.

Precisamos, urgentemente, ter um cronograma de entrada desses Estados.

No meu Paraná, em Santa Catarina, há escritórios contábeis... Em Chapecó, há 50

pessoas na lista, na fila, esperando, mas não posso fazer.

Precisamos dar um retorno, o mais rápido possível, de quando esse sistema

vai entrar. Eu sei que em São Paulo, no Rio e em Minas, deve entrar antes, mas

esperamos o cronograma o mais rápido possível.

Creio que este é o momento de reavaliarmos o papel dos órgãos

registradores de empresa neste País. Está na hora de reavaliarmos, inclusive,

darmos uma olhada, modernizarmos, porque realmente estamos notando que, por

mais que queiramos criar empresas no País, chega a hora que não temos estrutura

para isso. Como vamos criar emprego? Estou falando isso com total conhecimento.

Então, realmente, está na hora de reavaliarmos todos esses órgãos pelos

quais se abrem empresas neste País. Não estou aqui dizendo juntas, mas

principalmente Prefeituras, que têm o gargalo todo ali, para que possamos, então,

fazer com que empregos sejam criados. Sem empresas não se criam empregos.

Nós temos que começar a pensar em estender um tapete vermelho aos

empresários que abrem empresas neste País, porque são todos heróis. Por isso

muitos estão indo para a informalidade. Demoram 60 ou 90 dias para se abrir uma

empresa, não digo todas, já foi muito pior, mas automaticamente a pessoa vai para a

informalidade. Ela desanima e vai montar a empresa dela. Nesse período, ela já está

trabalhando, ela já está atendendo. E, aí, simplesmente, ela fica na informalidade.

Contem com a FENACON. Nós das empresas contábeis brasileiras estamos

sempre à disposição.

Obrigado. (Palmas.)

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Valdir, da

FENACON.

Há 2 Deputados presentes que apresentaram requerimentos. Se quiserem

usar da palavra, terão preferência. Nosso amigo Carlos Melles é autor do

requerimento, subscrito pelos Deputados Vignatti e Hauly, na Comissão de Finanças

e Tributação.

Com a palavra nosso querido Deputado Carlos Melles. (Palmas.)

O SR. DEPUTADO CARLOS MELLES - Boa tarde a todos.

Os autores do requerimento e eu cumprimentamos o Presidente Vignatti por

esta sessão de instalação oficial do MEI nesta Casa.

Faço uma referência ao Ministro Pimentel, que é a âncora desse nosso

processo. Digo que Pimentel, Hauly, Vignatti, um grupo de companheiros e eu

trouxemos a Lei Geral para ser debatida em 2004, lastreada pelo SEBRAE. Aí,

lembro do Silvano, faço referência ao Paulo Okamotto, Presidente do SEBRAE, ao

Bruno e toda a equipe do SEBRAE que está aqui, à Andreia e companhia limitada e

aos companheiros Tarcisio e Valdir Pietrobon. Não saberíamos fazer esse trabalho

se não fosse o apoio, a companhia e a parceria dos senhores.

Faço referência especial ao Sérgio Patelli, que, com competência e esforço,

tem dado um grande apoio. Uma referência muito especial ao Secretário Guilherme

Afif, que traz a lembrança mais remota desse esforço, desde 1988, e já antes, para a

consolidação dos pequenos e microempresários no País.

Cumprimento os Deputados Estaduais, na pessoa do Botolini, e também os

Deputados Federais. Todos os bons projetos da Câmara têm a mão do Deputado

Mendes Thame, não só dos pequenos e microempresários, mas também os do MEI.

Diria muito especialmente aos companheiros Deputados Federais e

Senadores e aos que nos visitam que quando o Ministro José Pimentel fala na lei

santa, ou santa lei, realmente está falando de uma lei histórica para o Brasil. Temos

3 milhões e 300 mil pequenas empresas inscritas. Trezentas e cinquenta mil

empresas — 10% delas são muito pequenas ainda — estão fazendo grande

movimento nos âmbitos municipal, estadual e federal como fornecedoras do Estado.

Essa lei e esse pequeno empresário têm espaço especialmente perante o

microempreendedor.

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Também plagiando e reforçando o que disseram Afif Domingos e Ministro

José Pimentel, o homem nasceu para ser livre. Ser empreendedor, ser ativo, ser

ousado é da natureza do homem. É interessante. Curiosamente, o homem não

gosta muito de ser empregado. Ele gosta de ser chamado de companheiro, de

parceiro de equipe, enfim, das mais variadas maneiras. O homem nasceu para ser

livre e autônomo.

Venho do movimento cooperativista e nele identifico a primeira autonomia do

homem, onde 1 vale 1. É uma sociedade onde o homem é mais livre. Quanto ao

microempreendedor, ou empeendedor individual, entendo a provocação que o

Estado deveria fazer diante de todas essas dificuldades. O Lupatini disse que havia

4, 5 licenças e que há cinco mil e tantos Municípios. Confesso que temos muito

respeito e admiração pelo Bolsa-Família. Começamos com o Bolsa-Família, com o

Fundo de Combate à Pobreza. Mas eu teria muito mais entusiasmo em ter a Bolsa-

Empreendedor. Tenho falado muito sobre isso. É preciso que se dê esse estímulo

pelo menos por 6 meses ou 12 meses para ver a cara desse nosso povo, dessa

nossa gente, descobrir esse fundo do mar a que o Secretário Afif se referiu. E é

dessa forma que vamos continuar.

Instalamos hoje, Presidente Vignatti, a nossa subcomissão, cujo Presidente é

o Deputado Pepe Vargas, Vice-Presidente o nosso sempre Deputado Luiz Carlos

Hauly. Eu sou o Relator. É uma equipe, aqui não há quadros. A liderança nesse

processo é sempre do Ministro Pimentel, é sempre do SEBRAE, é sempre do Valdir,

da COMICRO, com o Zé Tarcisio, é sempre de V.Exas., que comandam o nosso

trabalho aqui.

Encerro dizendo que foi e tem sido um dos trabalhos mais gratificantes que

nós como Parlamentares estamos realizando na vida deste Congresso.

Muito obrigado e parabéns a todos os senhores. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito bem, Deputado Carlos

Melles.

Passo a palavra a um dos autores do projeto de lei tanto da Lei Geral como

da reformulação, Deputado Mendes Thame.

O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Deputado

Vignatti, Sras. e Srs. Deputados, conferencistas, prezados amigos que compartilham

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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conosco esse bom momento, inicialmente, gostaria de fazer duas observações de

caráter mais geral.

A primeira é que a finalidade da ação política é melhorar a vida das pessoas.

Se a política não melhorar a vida de ninguém, ela não servirá para nada,

transformar-se-á em uma grande farsa. Precisamos votar leis e ter ações

político-administrativas que de fato melhorem a vida das pessoas.

A segunda observação é que quando vim para cá, há mais de 20 anos,

portanto, tenho 5 mandatos, um ex-Deputado da minha cidade, chamado Francisco

Salgot Castillon, me deu um conselho: “Você vai para Brasília, vai ser Deputado,

como eu fui duas vezes Deputado Estadual, e vai ter opção de se dedicar a

determinados assuntos, a dedicar o seu tempo, que é o fator mais escasso de que

dispomos, mais até do que recursos — todos nós temos apenas 24 horas por dia e

parte desse tempo ainda é despendido para dormir, para se alimentar, para tomar

banho, coisas das quais não podemos nos furtar — a coisas específicas que afetam

poucas pessoas ou a coisas que afetam muitas pessoas”. Eu argumentei: “Dê-me

um exemplo”. Ele disse: “Você pode ficar especialista em legislação que regula as

relações entre donos de estaleiros e armadores — vai beneficiar 6 famílias de um

lado, 6 famílias de outro e os trabalhadores — ou você pode se dedicar à

Previdência, a assuntos ligados aos trabalhadores, aos aposentados, a pessoas que

necessitam de uma proteção legal para melhorar a vida. São os mais carentes, são

aqueles que normalmente estão desprotegidos ou fora da lei, porque a lei não

chegou a eles” — como tão bem disse o nosso extraordinário Secretário Guilherme

Afif Domingos.

Nós procuramos fazer isso. Tive o privilégio de ser autor do Projeto nº 02,

primeiro a receber apensados. Inúmeros outros projetos, até muito melhores, muito

mais consubstanciados do que o meu, acabaram todos...

(Não identificado) - Trinta e dois projetos.

O SR. DEPUTADO ANTONIO CARLOS MENDES THAME - Trinta e dois. Em

um trabalho extraordinário desta Casa, liderados por uma Comissão que sempre foi

das mais importantes, a Comissão de Finanças e Tributação, mas que durante a

gestão do Deputado Vignatti ficou à mercê da sua competência, da sua

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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extraordinária visão, do seu denodo, da sua perseverança e do seu trabalho. Sem

dúvida, a mais importante Comissão desta Casa. (Palmas.)

Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentá-lo pelo extraordinário trabalho.

Que orgulho para todos nós termos um companheiro como V.Exa. na nossa Casa!

Mas esse trabalho é fruto de uma engenharia política extraordinária, que uniu

o José Pimentel, esse extraordinário Ministro, os Deputados Carlos Melles, Luiz

Carlos Hauly, Pepe Vargas, enfim, inúmeros Deputados. É difícil citar todos os

nomes. Mas o fato é que fizemos uma lei que ajuda as pessoas. Aliás, se me

permitem, quero dar uma posição pessoal: acredito que nos últimos 20 anos só

tivemos uma reforma tributária digna desse nome, o resto — o que vem aí, o que foi,

as tentativas que fizemos — é uma luta, é uma partilha dos tributos entre os entes

federados. Como União, Estados e Municípios brigam para ver quem fica com a

parte maior e o contribuinte não se senta à mesa de discussão, a tendência dessas

reformas é aumentar a carga fiscal em cima do contribuinte. A única reforma fiscal

digna desse nome que ocorreu nos últimos 20 anos foi a instituição do SIMPLES e

depois do Super-SIMPLES, do SIMPLES nacional. Essa foi uma efetiva reforma

fiscal, uma reforma tributária. Depois, essa lei, que cria o microempreendedor

individual, amplia as atividades que podem inscrever-se no SIMPLES, cria a

Sociedade de Propósito Específico para facilitar as compras conjuntas e, mais ainda,

permite que no Super-SIMPLES créditos se possam transferir aos clientes. É uma

grande revolução! Queremos que ela continue.

É claro — Guilherme Afif analisou muito bem aqui, ele vem fazendo um

trabalho invejável —, gostaríamos que em todos os outros Estados tivéssemos um

secretário especificamente voltado, com tanta dedicação, ao alcance dessa lei para

melhorar realmente a eficiência e conseguir resultados.

É possível que haja a necessidade de alguns ajustes. Também achamos que

podemos ampliar o Super-SIMPLES. Ampliá-lo estendendo, aumentando, subindo o

teto, para incluir mais empresas. São aquelas que estão no SIMPLES que

empregam, que são as grandes empregadoras. É assim no mundo inteiro: as

pequenas empresas são as que mais empregam.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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No mundo desenvolvido o número de empresas chega a quase 10% da

população. É assim na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão: quase

10% do número de empresas, todas somadas.

No Brasil, se fosse assim, teríamos 19 milhões de empresas. Se cada uma

criasse um emprego, seriam 19 milhões de pessoas empregadas. Mas quantas

temos? Sete, oito milhões de empresas, Ministro José Pimentel! Faltam milhões que

poderão ser criadas.

É um imenso desafio fazer leis que de fato ajudem nosso povo, para

transformar este imenso Brasil, onde tivemos o privilégio de nascer, de país rico em

nação rica na qualidade de vida do nosso povo.

Meus parabéns!

Meus cumprimentos a todos. (Palmas prolongadas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado. Essa foi a fala

emocionada de quem contribuiu para esse processo, Deputado Mendes Thame, que

novamente é autor de projeto que tramita na Casa.

É importante ter presente que hoje de manhã instalamos subcomissão na

Comissão de Finanças e Tributação, apesar de já haver Frente Parlamentar que

trate do tema. O Deputado Pepe Vargas é o Presidente, o Deputado Luiz Carlos

Hauly é o Vice-Presidente e Carlos Melles, o Relator.

Uma das questões já encaminhada com a Adriana é fazer uma coletânea de

todos os projetos que tramitam na Casa, a fim de, no início de agosto, discuti-los

com a devida propriedade e merecimento e ver como negociar com o Governo.

Concedo a palavra, para sua saudação, ao Deputado Eudes Xavier, do

Ceará, também autor do requerimento.

Estão inscritos ainda os Deputados Luiz Carlos Hauly, autor do requerimento,

Gervásio Silva e Pepe Vargas.

O SR. DEPUTADO EUDES XAVIER - Bom dia a todos.

Minhas saudações à Mesa.

Temos referência positiva sobre o Ministro José Pimentel. Por sermos do

mesmo Estado, temos organizado muitos sentimentos em relação a esse tema.

Vou ser mais prático, Deputado Vignatti, mas quero manifestar duas

preocupações.

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A primeira se refere ao mundo do trabalho. Na minha opinião, todos os

lavadores de carro e os borracheiros que vivem no mundo do trabalho têm uma

categoria, uma referência na vida: o trabalho.

Portanto, devemos sempre associar à categoria trabalho e desenvolvimento e

renda. Na minha opinião, fundamental para nós que queremos um outro universo

que não sejam as relações capitalistas de mais valia e exploração de um sobre o

outro, fadadas ao fracasso para o mundo. A crise nos mostra a insustentabilidade de

um modelo que muitas vezes trata as pessoas como mercadorias.

A segunda se refere ao crédito. Acho que temos uma dívida social em relação

às experiências de oportunidades que o Brasil tem. Nesta Mesa senti falta, embora

tenha outra visão, do Prof. Paul Singer, que tem um trabalho importantíssimo, um

tema, na minha opinião, que dialoga bastante com essas experiências: a economia

solidária. Diversas experiências de crédito, que são invisíveis e que muitas vezes

são combatidas pelo grande sistema financeiro, devem ter um diálogo permanente

com esse tema.

Nesta Casa há um projeto da Deputada Luiza Erundina, o Projeto nº 93, de

2007, que está sob a minha Relatoria. Esse projeto não vai para frente exatamente

por falta de visão combinada entre nós. Eu digo entre nós porque temos o desejo de

aprovar este projeto, combinado com o Governo, que regulamenta as finanças

solidárias, as experiências dos bancos comunitários que ajudam na produção e na

comercialização. Acho que esse também é um desafio para dialogarmos com a

Frente. Tenho certeza de que esse é um esforço coletivo para desenvolver o Brasil,

o trabalho e a renda.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Aceito o desafio, Deputado Eudes

Xavier. O Deputado Pepe Vargas domina muito bem esse assunto. Como Prefeito,

S.Exa. ajudou a construir uma importante experiência solidária de crédito na região

da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul. Com certeza, essa experiência é

importantíssima para o microcrédito brasileiro.

Tem a palavra o nosso amigo Deputado Luiz Carlos Hauly.

O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY - Bom dia a todos.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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É uma alegria estar aqui, Deputado Vignatti, Ministro José Pimentel, Marcio

Pochmann, Presidente do IPEA, nosso Vice-Ministro, Secretários de Estado, todas

as pessoas já devidamente nominadas, o SEBRAE, que tem sido o nosso grande

parceiro junto com o MDIC nessa luta.

Ouvindo as palestras dos outros me vêm à mente muitas coisas na

formulação da palavra.

Dos meus 36 anos de vida pública, 18 anos e meio foram no Congresso

Nacional. Eu me considero utopista. Sonhamos com as mudanças, com um país

ideal, solidário, fraterno, desenvolvido, próspero. Sonhamos com o Brasil como uma

das maiores nações do mundo. Como disse o meu amigo Mendes Thame, o Brasil é

rico, mas o povo ainda não participa dessa riqueza.

Trabalhamos as relações do Estado com a sociedade. Se o velho Karl Marx

soubesse da voracidade do Estado, cuja arrecadação chega a 40% do Produto

Interno Bruto, talvez ele tivesse tido uma concepção um pouco diferente de quem é

quem na ordem econômica das nações. As nações de bem-estar têm grandes

arrecadações porque oferecem grande quantidade de benefícios: previdenciário,

social, educação, saúde de qualidade ao seu povo. Nós estamos no meio do

caminho. Damos, mas não damos tudo que é devido. Fazemos uma educação

pública, mas ainda não temos a qualidade necessária e não atendemos a todos.

Não temos o tempo integral na escola pública de primeiro e segundo graus no Brasil.

E não temos oferta pública para todos os que desejam cursar a universidade,

principalmente os que não têm renda.

A nossa luta, do ponto de vista da eficiência do Estado, é muito grande,

Deputado Pepe Vargas. Tem que sempre torná-lo eficiente. Para isso o Estado se

apropria da receita e tem que investir mais. Se ele investe mais, significa que vai

gerar mais infraestrutura, mais condição de riqueza para a sociedade.

Sempre penso que dos instrumentos que temos, se se fizesse um modelo

ideal do sistema tributário, não haveria mais que 3 tributos no Brasil. Para substituir

a previdência patronal, colocaria a contribuição da movimentação financeira. Se com

0,38 arrecadaríamos, hoje, 50 bilhões, com o dobro, 0,76 arrecadaríamos o que é

necessário. Nenhuma empresa pública, nenhum trabalhador pagaria nenhum

centavo na parte patronal. (Palmas.) Na parte do empregado, entendo que a sua

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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contribuição seja como um Imposto de Renda previdenciário do que ele poupa para

o futuro da sua vida, e o Estado lhe ofereceria aposentadoria, pensão e todos os

benefícios.

Do ponto de vista da carga tributária em cima da atividade econômica, do

consumo, sem dúvida alguma, nós trabalhamos pelo fortalecimento da

microempresa nesse caos tributário. Eu estou há 18 anos e meio fazendo o mesmo

discurso tributário e vinha aperfeiçoando. Quando chegou a 2002, o meu

amadurecimento econômico-tributário coincidiu com a ascensão do Lula, do PT, ao

Governo. Ou seja, o meu conhecimento amadureceu em 2002. Não foi antes. Eu

tinha a mesma cabeça complexa de manter ICM, essa parafernália. Eu rompi com

aquele modelo clássico e parti para um modelo entre os sistemas americano e

europeu. Evidentemente concorremos com a China, nação que não tem nenhum

pudor de utilizar mão de obra sem previdência, sem direitos trabalhistas. Tributo não

existe na China; é muito pequeno. Então, não temos competitividade com eles.

Hoje existem as cooperativas. Eu apoio e trabalho pelo cooperativismo, que é

uma forma de enfrentar o capitalismo selvagem. Eu apoio a microempresa porque é

a forma de se enfrentar o capitalismo selvagem e preparar esta Nação. Hoje somos

20% do PIB, 3,2 milhões microempresas e mais 11 milhões de autônomos, que

estamos começando a formalizar, que daria aproximadamente os 10% de que se

fala.

Imaginem 50% da economia brasileira nas mãos de micro e pequenos

empresários! Nós seríamos uma imensa classe média, forte e próspera.

A terceira vertente, Deputado Vignatti, é a questão da sociedade anônima, do

mercado de capitais. Eu trabalho pela sociedade anônima, pelos minoritários, pela

transparência, porque no futuro todas as grandes empresas do mundo vão pertencer

aos trabalhadores através da sua participação direta nas ações dessas empresas. É

a socialização do capital via mercado de capitais. De certa maneira, poucos estão

hoje se beneficiando dessa imensa riqueza do mercado de capitais, mas poderá ser

muito maior no futuro.

Nós temos as demandas das categorias não atendidas. Nós estamos lutando

por aquelas categorias que não foram incluídas no SIMPLES — não é, Ministro

Pimentel? Nós estamos lutando. Um dia haveremos de convencer ou mudamos

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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tudo. Vamos lutar para aumentar o teto de 2.400 para 3.600. Claro, o sistema da

microempresa é progressivo: quanto menor, ele está melhor acolhido; quanto maior,

menos acolhido, até chegar ao lucro presumido. Nós temos, então, o Super-

SIMPLES, o MEI — Microempreendedor Individual, o lucro presumido e o lucro real.

Um dia vamos unificar tudo isso. Não deveria ter nenhum tributo para nenhum tipo

de empresa, mas sim pagar Imposto de Renda sobre o lucro. Nós cobramos de

forma indireta.

Afif, com toda a honestidade, acho que se deve analisar o ICMS, maior

arrecadação de São Paulo, que voltou a 34%. Sempre esteve entre 33% e 35%.

Com 10 itens da economia arrecada-se 100% do ICMS. Não precisa tributar 400 mil

itens.

Faz-se uma realocação de carga tributária e acaba-se com a parafernália do

Fisco, com a guerra fiscal na hora, com a sonegação, com a nota calçada, com a

nota paralela, com o contencioso judicial e administrativo, enfim, com todos os

problemas. É uma questão de visão. Eu enxergo dessa maneira.

“Ah, mas vai atingir o setor eletrointensivo!” É só realocar a carga do setor

eletrointensinvo.

Estou aproveitando e fazendo um pouco de jurisprudência, porque se o Afif

puder discutir com o Governador de São Paulo — não essa discussão tributária que

está aqui — em cima do ICMS, poderemos fazer mudanças importantes no Brasil: o

Super-SIMPLES, o empreendedor individual, mexer no ICMS e a contribuição

previdenciária por meio de um imposto de movimentação financeira.

Ministro Pimentel, é uma mudança radical. Tenha certeza de que, com isso,

vamos gerar milhões de empregos, acabar com o oportunismo e outras práticas

ruins no Brasil. Vamos mudar o foco completamente.

Desde que o Ministro Pimentel assumiu a Pasta, só tivemos ganhos.

Estão de parabéns, portanto, nosso grande patrono, o SEBRAE, e a Câmara,

com o Deputado Vignatti. Vivemos realmente um momento muito energizado,

“laborgênico” — de gerar emprego e atuar contra o “laborcida”, contra o que mata

emprego.

Um grande abraço a todos. (Palmas.)

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Não sei qual é a maior paixão do

Deputado Hauly, mas, com certeza, a questão tributária e o debate sobre a questão

tributária é uma das maiores. S.Exa. é muito apaixonado por essa questão. É

importante informar para o Brasil que o Governador Requião comprou a pauta

relativa à questão do ICMS, que o Deputado Hauly vinha discutindo há muito tempo,

e hoje o Paraná é um Estado que desonera, inclusive, a pequena e microempresa

até R$30 mil reais de faturamento/mês, tem a menor perda industrial do Brasil e a

menor média tributária de ICMS do Brasil, e tem arrecadado bem. Isso é importante

para servir de referência.

Tenho divulgado um pouco essa questão do Paraná, do Governador Requião,

e a discussão que o Deputado Hauly fez no plano estadual e de oposição. De fato,

S.Exa. mostrou essa coerência a importância de se discutir as coisas

republicanamente.

O Paraná contribuiu muito para esse debate, que serve, inclusive, para nós,

na Comissão de Finanças e Tributação, junto com outras Comissões,

aprofundarmos o debate do modelo arrecadatório, que, muitas vezes, contradiz o de

outros Estados, para fazermos esse diálogo positivo também com o Brasil e

obtermos a compreensão da Receita Federal, do CONFAZ e dos outros setores que

discutem o tema.

Passo a palavra ao Deputado Gervásio Silva, do Estado de Santa Catarina,

Coordenador do Fórum Parlamentar Catarinense, pedindo brevidade.

O SR. DEPUTADO GERVÁSIO SILVA - Meu caro Deputado Vignatti,

companheiro de bancada de Santa Catarina, por intermédio de V.Exa. saúdo toda a

Mesa, em especial, o Secretário Guilherme Afif Domingos, a quem conheço desde

1987, quando fomos fundadores do Partido Liberal. Naquela época, eu que sou

contador, e tive escritório de contabilidade, também fundei em Santa Catarina — e

há catarinenses aqui presentes, a exemplo do ex-Deputado Eni Voltolini — a AMIP,

a Associação dos Micro e Pequenos Empresários do Estado, em 1987.

Mas eu vou ser muito breve, Deputado Vignatti, atendendo ao seu pedido.

Quero, objetivamente, abordar 2 fatos que aconteceram recentemente, para,

em seguida, dizer qual é o grande desafio. É verdade que temos um grande avanço.

Sou Relator, na Comissão de Meio Ambiente, de projeto de lei do querido e saudoso

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Deputado Max Rosenmann, que permite ao pequeno e microprodutor rural fazer o

manejo do palmito na sua propriedade. Pedi à Assessoria um parecer favorável à

matéria e o recebi em forma de substitutivo, segundo o qual essa pequena

propriedade, para fazer o manejo do palmito, deveria ser georreferenciada. Ora,

como vamos pedir georreferenciamento para quem tem 2, 3, 5 alqueires de terra?

Seria necessário vender a propriedade para fazer o georreferenciamento.

Segundo fato: fui procurado por um pequeno empresário de Santa Catarina,

dono de uma transportadora, que teve um de seus 5 caminhões apreendido pelo

IBAMA. E apreendido indevidamente. Para ajudá-lo, fui ao IBAMA. E qual foi a

resposta que eu recebi? A de que estavam apreciando processos que já estavam ali

há 2 anos e que esse teria de entrar na fila. E o veículo ficou apreendido. Resultado:

a pequena empresa teve de recorrer ao Judiciário. O processo levou um ano, mas

houve a liberação do caminhão.

Relato esses 2 fatos, porque quero fazer um apelo aos colegas

Parlamentares. Para que tudo o que foi dito aqui tenha êxito, temos de ter em mente

uma só coisa: a necessidade de simplificação. Está na hora, Deputado Vignatti, de,

com a ênfase com que trabalhamos na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, no

Super-SIMPLES, enfrentarmos a indústria da burocracia no País. Porque, se não

simplificarmos e não matarmos a indústria da burocracia, certamente não teremos

êxito nessa inclusão que pretendemos.

Ficam a minha sugestão, o meu apelo e o meu desejo de ser parceiro nessa

caminhada. Vamos montar uma comissão e discutir como formatar isso.

Mas, Ministro José Pimentel, não vamos fazer a inclusão de um

empreendedor individual, um borracheiro, o dono de pequeno restaurante ou de

pequena pousada, seja lá o que for, se exigirmos que ele se registre ou se licencie

em meia dúzia de órgãos paralelos. E lembro o Ministro Hélio Beltrão, que começou

esse trabalho, mas não o concluiu. Ou matamos a burocracia no Brasil,

simplificamos e ampliamos a base tributária, e, assim, o nosso discurso de

diminuição da carga tributária vai ter eco, ou vamos ficar desse jeito. É claro que o

corporativismo é nosso maior inimigo, e o corporativismo do aparelho arrecadador

está sendo inimigo do Brasil com essa ação.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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No dia em que tivermos a coragem de diminuir a burocracia, de superar esse

obstáculo e enfrentar esse desafio, vamos chegar às estatísticas apresentadas pelos

que me antecederam, principalmente, pelas belas palavras do meu querido amigo e

correligionário do PSDB, Deputado Mendes Thame. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Obrigado, Deputado Gervásio

Silva.

O último orador é o Deputado Pepe Vargas, que acabou de assumir a

Presidência da Subcomissão Especial das Micro e Pequenas Empresas na

Comissão de Finanças e Tributação. Em seguida, vamos para as considerações

finais da Mesa e respostas às perguntas apresentadas.

O SR. DEPUTADO PEPE VARGAS - Sr. Presidente, Deputado Vignatti,

como o tempo é curto, saúdo todos os integrantes da Mesa indistintamente por

intermédio de V.Exa. e do Ministro José Pimentel.

Sou Deputado de primeira legislatura, assumi em fevereiro de 2007. E o

primeiro projeto de lei que protocolei na Câmara dos Deputados tinha relação com a

Lei Geral da Microempresa. A lei havia sido sancionada em dezembro de 2006,

entretanto, por um equívoco, foi vetado um dispositivo que falava sobre o Sistema

Nacional de Garantia de Crédito. Protocolei um projeto de lei que, em última

instância, retornava ao texto o que havia sido vetado. Desde então, passei a

conhecer esses companheiros Deputados que, ao longo dos anos, têm se

debruçado sobre esse assunto.

Tenho aprendido muito, primeiro, com nosso grande companheiro José

Pimentel, que, na Lei Complementar nº 126, resgatou o Sistema Nacional de

Garantia de Crédito na Lei Geral. E tenho aprendido com colegas, como Luiz Carlos

Hauly, Carlos Melles, Vignatti e outros Deputados que integram a Comissão de

Finanças e Tributação, como Alfredo Kaefer, Guilherme Campos e Eudes Xavier,

que têm trabalhado a questão da economia solidária, do microcrédito. De fato, nesta

Casa há pessoas que estudam muito vários temas.

Quero, então, agradecer aos companheiros os ensinamentos que me têm

dado.

Como foi dito aqui, instalamos hoje, pela manhã, a Subcomissão Permanente

das Micro e Pequenas Empresas no âmbito da Comissão de Finanças e Tributação.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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E os colegas me honraram com a indicação para Presidente. O Deputado Carlos

Melles é o Relator, e o Deputado Luiz Carlos Hauly, o Vice-Presidente.

Combinamos hoje de manhã uma pauta de trabalhos segundo a qual vamos

procurar fazer a avaliação e o acompanhamento da implantação da Lei Geral nos

Estados e Municípios, tanto quanto possível.

Para tanto, desde já, queremos convidar para uma reunião, no início de

agosto, representantes de todas as entidades envolvidas, como é o caso do

SEBRAE, do Ministério da Previdência, do Ministério da Fazenda, enfim todos os

órgãos interessados, para começarmos essa avaliação. Vamos fazer um

levantamento das matérias sobre o assunto em tramitação neste momento na

Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Eu diria que avança com bastante rapidez a ideia de que é sempre necessário

aperfeiçoar a legislação com a inclusão de novos setores. Começa-se a discutir a

ampliação do teto de enquadramento. E há todo um conjunto de temas que

provavelmente ensejarão aperfeiçoamentos legislativos no segundo semestre.

Também vamos fazer um debate de acompanhamento quanto à definição do

estatuto do fundo garantidor. Não falamos muito, hoje pela manhã, sobre isso, mas

acho que essa questão é fundamental.

Está nesta Casa a medida provisória que cria o fundo garantidor para dar

garantia de crédito às pequenas e microempresas. O SEBRAE tem um trabalho de

longo tempo sobre isso, que mostra que uma das principais dificuldades das micro e

pequenas empresas — e, com certeza, também do empreendedor individual — é o

acesso ao crédito, porque elas não têm garantias reais para oferecer ao sistema

financeiro. Com o fundo garantidor, poderemos ter uma importante ferramenta de

acesso ao crédito. E queremos acompanhar esse debate.

Fizemos ontem inclusive, por iniciativa do Deputado Vignatti, uma reunião

com o Secretário Nelson Machado a respeito dessa questão. E vamos procurar

também debater isso. Aliás, por iniciativa minha e do Deputado Vignatti, propusemos

a realização de audiência pública para debater a garantia de crédito, juntamente

com a discussão do microcrédito, para avançarmos no processo de acesso ao

crédito no nosso País.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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É importante que se diga que o SEBRAE fez uma chamada pública para

incentivar a constituição de sociedades de garantia de crédito pelo País.

Quando fui Prefeito do Município de Caxias, tive oportunidade, em parceria

com o Estado do Rio Grande do Sul, com outras Prefeituras da região e com o setor

produtivo, de criar uma associação de garantia de crédito, diria até pioneira no País,

que vai além do conceito de microcrédito e que funciona há algum tempo, mas que

pode ser muito alavancada com essa questão do fundo garantidor.

Então, prezado Presidente Vignatti, quero parabenizar todos os que têm feito

essa construção, e agora, com o Microempreendedor Individual, vamos dar um

passo bastante avançado, não só na formalização do trabalhador por contra própria,

mas também numa das questões mais importantes: a inclusão previdenciária. E

essa é outra área em que muito temos aprendido com o Ministro Pimentel.

A Subcomissão está à disposição de todas as senhores e senhores, assim

como a Comissão de Finanças e Tributação.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Deputado Pepe

Vargas.

Quero fazer um breve registro dos Deputados que estiveram presentes: da

Comissão de Finanças e Tributação, que fazem maior presença aqui, os Deputados

Aelton Freitas, Armando Monteiro, Pedro Eugênio, Pepe Vargas, Ricardo Barros,

Rodrigo Rocha Loures, Alfredo Kaefer, Arnaldo Madeira, Carlos Melles, Félix

Mendonça, Guilherme Campos, Ilderlei Cordeiro, Júlio Cesar, Luiz Carlos Hauly,

João Dado, Silvio Costa, João Bittar e Zonta; da Comissão de Seguridade Social,

Arnaldo Faria de Sá, Elcione Barbalho, Fátima Pelaes, Geraldo Resende, Antonio

Bulhões, Raimundo Gomes de Matos, Dr. Talmir, Cleber Verde, Andreia Zito,

Jorginho Maluly, Capitão Assumção, Edmilson Valentim, Miguel Corrêa, Nelson

Meurer e Daniel Almeida; da Comissão de Trabalho; Eudes Xavier, Fernando

Nascimento, Roberto Santiago, Sérgio Moraes e Edinho Bez. E também passaram

por aqui os Deputados Paulinho e Maurício Rands. Portanto, um grupo de 43

Deputados, além do Senador Adelmir Santana, que é Vice-Presidente da Frente

Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa e Presidente do Conselho

Deliberativo do SEBRAE nacional.

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Tendo em vista o adiantado da hora, não vou mais abrir falas aos Deputados

que se inscreveram em razão do adiantado da hora e também da agenda dos

nossos convidados. Minhas desculpas a todos por isso.

Passo, então, a palavra aos expositores, que, nas considerações finais,

poderão responder às perguntas apresentadas por escritas pelo público.

Posso começar por quem acabou fazendo a última fala, o Sr. Paulo Okamoto,

Presidente do SEBRAE.

O SR. PAULO OKAMOTO - Obrigado, Deputado Vignatti, aproveito para me

despedir de V.Exas. Vou tentar responder a duas perguntas. Primeira: “como o

SEBRAE vai levar capacitação nos municípios bem distantes? Como vamos chegar

lá para levar capacitação aos empreendedores individuais?”

O SEBRAE é uma instituição que está presente em todo o Brasil, tem mais de

800 postos de atendimentos. Temos 4.500 funcionários. O SEBRAE conta com uma

carteira de quase 10 mil consultores. Entretanto, isso não será suficiente para fazer

com que as orientações e a capacitação cheguem a todos os municípios. Vamos,

como eu já disse, promover convênios com escritórios de contabilidade, que serão

capacitados pelo SEBRAE, com metodologia SEBRAE, para fazer esse atendimento

em todos os municípios. E também colocaremos à disposição toda a parte de

tecnologia, educação a distância, call center, portal e coisas desse tipo. Mas, com o

Microempreendedor Individual, vamos gastar muita energia para fazer o atendimento

presencial, continuado. Vamos usar os contadores. São mais de 15 mil contadores

que vamos treinar. Os contadores estão presentes em todo o País e, portanto,

podem atender a essas pessoas.

Também há uma pergunta sobre o fato de que há locais, como o Distrito

Federal, onde a legislação, digamos assim, não permite a criação de empresa na

residência.

A Lei Geral da Micro e Pequena Empresa tem esse espírito de facilitar, de dar

um tratamento diferenciado. Nesses Estados ou nos Municípios onde não existe

esse tratamento diferenciado, com lei específica que permita o funcionamento de

certas atividades na residência, é preciso construir na Câmara Municipal essa

legislação, para fazer com que isso seja entendido e permitido. E também nós

contamos com a ajuda dos Parlamentares, das entidades de classe para fazer isso.

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Muito obrigado pela atenção. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Obrigado, Dr. Paulo Okamoto pela

presença.

Vamos inverter a ordem das falas, porque o Presidente da UNALE tem uma

viagem e quer que o Ministro José Pimentel responda a uma pergunta, antes de ele

sair. A pergunta é a primeira da lista de perguntas do Ministro Pimentel.

Desde já, agradeço ao Presidente da UNALE a presença.

Com a palavra o Ministro Pimentel.

O SR. MINISTRO JOSÉ PIMENTEL - Primeiro, quero agradecer à Comissão

o convite e registrar que o Presidente da UNALE, Deputado Clóvis Ferraz, que foi

também Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, nos indaga como construir

o SIMPLES rural. Aliás, o Deputado Carlos Melles é o grande animador desse

debate sobre o SIMPLES rural que estamos travando na Casa.

Em junho do ano passado, foi aprovada aqui a Lei nº 11.918, que já atende a

uma boa parte do que o senhor aqui pondera, mas não estão totalmente

contempladas as atividades rurais, no Microempreendedor Individual e nem no

SIMPLES Nacional. Aqui há uma agenda sobre isso em que a Frente Parlamentar

está trabalhando e falta esse outro braço para completarmos o SIMPLES Nacional.

Portanto, está na agenda, e o Deputado Carlos Melles é o nosso patrono, é o “fado

padrinho” desse debate.

Foram várias as perguntas. Parte delas vou levar para implementar no

Ministério da Previdência; outras vou tentar responder rápido aqui. Uma delas diz

respeito à limitação a um único empregado. Como isso ficaria?

O Microempreendedor Individual é o primeiro degrau do SIMPLES Nacional.

Portanto, tem-se o primeiro degrau até R$36 mil; em seguida, o segundo degrau vai

até R$120 mil; o terceiro até R$240 mil; e o último deles até R$2,4 milhões. Esse

sistema tem uma vantagem, porque permite ao empreendedor crescer sem precisar

de um novo CNPJ ou de uma outra forma de condução. Portanto, com um

empregado, quando se multiplica o que se desembolsa com esse empregado mais a

renda da sua família, não comporta nos R$36 mil.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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O SEBRAE nos ajudou muito nesse debate, que foi fruto de uma série de

questionamentos, e conseguimos, com a Fazenda, chegar a esse desenho. É

evidente que o SEBRAE queria um pouco mais, queria 2 empregados.

Outra pergunta é sobre se existe algum cronograma para que os Estados

regulamentem a questão do alvará provisório. O que fizemos foi incluir na Lei Geral

e no Microempreendedor Individual o alvará provisório e a possibilidade de, nesse

período haver a regulamentação e, ao mesmo tempo, pressão sobre as Câmaras de

Vereadores e as Assembleias Legislativas, para que se evolua seguindo o exemplo

do Estado de São Paulo, em que se tem a decadência contra o Estado e a favor do

cidadão e do empreendedor. É um bom desenho em que queremos trabalhar.

Será possível outras empresas contempladas pelo SIMPLES migrarem para o

empreendedor? Ou seja, aquelas empresas que já são formais e cuja receita bruta

anual é de até R$36 mil. Se ela tiver a intenção de migrar para o MEI, não há

nenhum impedimento. A legislação permite, em janeiro de 2010.

É possível o Empreendedor Individual contribuir com valor para se aposentar

acima de 1 salário mínimo? É possível, sim. Agora, nessa situação, a contribuição

passa a ser 20%. Suponhamos que alguém contribua 5 anos sobre 1 salário mínimo,

com essas regras, venha a crescer e, no sexto ano, queira contribuir com valores

maiores e resgatar esse período. Também é assegurado a essa pessoa o direito de

retroagir ao primeiro mês e contribuir com valor maior sobre essa diferença e

aproveitar toda a contribuição. Portanto, existe a chamada portabilidade do sistema

básico da Previdência de 1 salário mínimo para valores maiores.

Aqui há umas 5 ou 6 perguntas sobre o mesmo tema. Vou ler apenas uma: “A

Previdência terá recursos para os novos benefícios?”. Sim, estamos montando um

sistema solidário, em que a sociedade contribui como um todo, o valor que essas

pessoas contribuem não é suficiente para garantir o seu benefício, mas o Estado faz

a complementação. Nossa intenção é a de que todo homem e toda mulher tenha

uma cobertura previdenciária. E o Prof. Marcio Pochmann tem trabalhado muito

esses temas. É um grande esforço.

Há aqui uma série de outras perguntas, mas, como o tempo está corrido, fica

como referência para o Ministério da Previdência trabalhar. Em outro momento, volto

e respondo.

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Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Ministro José

Pimentel. Obrigado, Sr. Clóvis Ferraz, Presidente da UNALE, que se despede neste

momento, em razão do horário de sua viagem.

Antes de passar a palavra ao Sr. Marcio Pochmann, Presidente do IPEA,

lembro que, hoje, o SEBRAE também requisitou junto ao IPEA um estudo sobre a

Lei Geral. E estamos ansiosos pelos resultados desse estudo, que vai ajudar, a

partir dos meses de agosto e setembro, no trabalho de reformulação da lei, vamos

dizer assim. Vamos ter dados científicos mais aprofundados a partir da pesquisa e

do conteúdo, que a colaboração do IPEA sempre nos dá como referência.

Poderemos até fazer modificações que não tenham só o apelo político, mas uma

consistência real e necessária.

Com a palavra o Sr. Marcio Pochmann.

O SR. MARCIO POCHMANN - Obrigado, Deputado.

De certa maneira, essa parceria está sendo feita não apenas com o Poder

Executivo. O IPEA, nos últimos 2 anos, fez mais de 80 convênios com diferentes

organismos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, justamente no intuito de

assessorar e disponibilizar informações ao gestor público, ao legislador, para que ele

possa tomar decisões melhor embasado e com conhecimento da realidade. Então,

nosso objetivo é justamente oferecer análises referenciadas, circunstanciadas, não

apenas para a sociedade, mas, sobretudo, para aqueles que têm responsabilidade

de produzir leis e executar a política.

Quanto às questões aqui formuladas, quero agradecer aos senhores e

começar pela primeira, formulada em nome da Confederação Nacional do Comércio,

a respeito de como seria o compromisso político para o crescimento da renda.

De fato, este é um tema muito interessante. Infelizmente, em virtude do

tempo, não vou ter condições de avançar, mas queria chamar a atenção para o fato

de que, em meu modo de ver, na condição de economista, a decisão econômica não

é estritamente técnica. Quer dizer, ela pressupõe, na verdade, uma articulação

política, um compromisso com o crescimento econômico.

Tivemos esse compromisso, que durou quase 50 anos, entre a chamada

Revolução de 30 até a crise da dívida externa, de 1981 a 1983. Independente do

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regime político — tivemos autoritarismo e democracia nesse período —, havia um

compromisso com o crescimento econômico. Infelizmente, com a crise da dívida

externa, esse compromisso político desapareceu e, lamentavelmente, a ênfase se

deu mais na lógica do curto prazo, e, de certa maneira, a preocupação com o

desenvolvimento ficou no segundo plano. Ganhou mais ênfase, inclusive, a questão

da estabilidade monetária. Inegavelmente, isso é importante para que haja

crescimento econômico, mas é insuficiente, principalmente, no período mais recente,

em que se está forjando um compromisso maior em defesa da economia nacional.

Podemos verificar esse aspecto inclusive nas medidas adotadas frente à crise

internacional no Brasil. A contaminação da crise internacional vem sendo enfrentada

no Brasil com políticas anticíclicas que, desde os anos 80, não eram adotadas.

Quando havia uma crise, como ocorreu em 98/99, em 90/92, em 81/83, as políticas

adotadas eram políticas de aumento da tributação, de elevação de juros. Não havia

aumento do salário mínimo, não havia programa de transferência de renda. Enfim,

medidas que hoje estão sendo adotadas num outro sentido, como o de redução de

tributos, de redução dos juros e de elevação das transferências de renda para a

base da pirâmide social.

Esse compromisso político precisa ser firmado. Precisamos de uma maioria

política em nome desse compromisso e da expectativa de crescimento, do contrário,

talvez não tenhamos êxito no médio e longo prazos.

O segundo ponto diz respeito à redução do custo do fator trabalho, se isso

implica a possibilidade de aumento de emprego.

Eu diria que, do ponto de vista estático, o repasse da redução do custo

trabalho para o preço é objeto para outro debate. Isso porque, quanto mais

competitiva a economia, quanto mais houver liberdade de competição,

possivelmente mais a redução do custo trabalho é repassada para o preço, mas

quanto mais oligopolizada, quanto mais concentrada a economia, em geral, menor é

o repasse para o preço. Estamos agora acompanhando inclusive as desonerações

que ocorreram, e parte dessas desonerações não foram repassadas para o preço.

Isso é uma demonstração do quanto a nossa economia, infelizmente, não tem uma

competição perfeita.

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Quero chamar a atenção para o fato de que não podemos olhar apenas e tão

somente o custo trabalho ou o salário, o custo de contratação como custo da

empresa. De fato, é um custo, mas também é renda. Então, temos de analisar do

ponto de vista dinâmico. A redução do custo trabalho pode significar mais

competição para a empresa, mas pode também, por outro lado, significar menos

consumidores para os seus produtos.

Por fim, um questão da assessora da UNALE Valesca Riviéri a respeito da

nossa avaliação sobre a capacidade de aquele que recebe até 1 salário mínimo, no

caso, o microempreendedor, vir a contribuir para a Previdência Social. Os dados

disponíveis mostram que dos que recebem 1 salário mínimo no Brasil, do ponto de

vista dos assalariados, somente um terço deles contribui para a Previdência social.

Ou seja, mais de dois terços não contribuem. Não há dúvida de que, dado o quadro

que temos hoje, muitas vezes, o rendimento do empreendedor de até 1 salário

mínimo está misturado com a contabilidade do próprio negócio, e, de certa maneira,

há uma grande dificuldade de ele vir a contribuir para a Previdência. Mas, do ponto

de vista dinâmico, ou seja, na medida em que tivermos uma expansão econômica,

não há dúvida de que esse empreendedor que está com remuneração de até 1

salário mínimo terá condição de ampliar o seu negócio, na medida em que a

economia cresça e, portanto, vir a se integrar como contribuinte da Previdência

Social.

Muito obrigado pela oportunidade. Parabéns a todos que ajudaram a construir

este momento. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Sr. Marcio

Pochmann, pela colaboração.

O Ministro José Pimentel tinha um compromisso às 13h30min, por isso,

precisou acelerar um pouco e, assim como o Sr. Paulo Okamoto, saiu pedindo

escusas e agradecendo o convite.

Com a palavra, para as considerações finais, o Sr. Guilherme Afif Domingos,

que irá também responder as perguntas que, porventura, houver.

O SR. GUILHERME AFIF DOMINGOS - Existe uma pergunta, Sr. Presidente,

e vou direto à resposta. A pergunta é da Sra. Dalvani Mota, da FEMICRO/Ceará:

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“Qual o tipo de tratamento a Prefeitura de São Paulo dará aos camelôs que não

estão cadastrados na Prefeitura e se encontram no MEI?”

Logicamente, não sou a pessoa oficialmente credenciada para falar sobre a

Prefeitura de São Paulo, porque cada Prefeitura vai poder estabelecer a sua política.

Mas, extraoficialmente, posso falar pelo conhecimento, até porque, nessa matéria,

acabo sendo um assessor informal do Prefeito Gilberto Kassab. Conversamos muito

sobre isso.

Talvez a cidade de São Paulo é que tenha o maior conflito. Como todas as

regiões metropolitanas, São Paulo convive com o conflito do ambulante na rua.

Tentativas foram feitas para resolver a situação, inclusive há 10 anos. E, na

condição de Presidente da Associação Comercial — acho que o Marcio participava

da gestão da Prefeita Marta — parti para a ideia dos centros populares de compra, o

shopping do ambulante, uma coisa muito simples, mas absolutamente organizada.

Nesse ponto, porém, esbarramos totalmente com o problema da formalização do

ambulante. Era possível organizá-los, mas não formalizá-los: eles eram fora da lei

porque não havia uma lei para eles.

Então, à medida que temos a possibilidade de formalizá-los, que o sistema de

licenciamento foi absolutamente simplificado, está na hora de partir para a

organização desses ambulantes nesses shoppings, mas levando em conta o conflito

existente, pois normalmente o ambulante está na rua de maior circulação. A cidade

de São Paulo tem uma característica muito específica: 34% dos deslocamentos das

pessoas na cidade são feitos a pé, e só fizemos política de transporte para veículo,

seja individual, seja coletivo, esquecendo o pedestre. E esse pedestre utiliza 10%

das vias públicas da cidade de São Paulo — são 3 mil quilômetros lineares.

Logicamente, onde há maior concentração de pedestres há maior concentração de

ambulantes. Resultado: o pedestre anda na rua porque a calçada está ocupada pelo

ambulante.

Então, temos de formular a política do pedestre, fazer a recuperação dessas

calçadas, como direito das pessoas de se locomoverem, e organizar o ambulante

exatamente nos pontos de confluência. E onde são esses pontos de confluência?

Exatamente nas estações de transporte coletivo. Então, a Prefeitura de São Paulo, a

partir da regulamentação e da formatação da lei que formaliza esse ambulante,

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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agora passa a organizar exatamente esses centros populares de compra, que têm

até um nome registrado: Popcenter, se não me engano, na EMURB, que nós até

ajudamos a formalizar nesse sentido.

Então, está na hora de partirmos para a organização do ambulante, até

porque a lei exige, embora o ambulante não precise emitir nota fiscal, que ele tenha

a nota fiscal de compra, como maneira efetiva de evitar que o ambulante seja agente

distribuidor de mercadoria roubada, contrabandeada ou pirateada.

Então, esse conceito de organização vai nos ajudar muito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Muito obrigado, Sr. Afif Domingos,

pela presença.

Passo a palavra agora para a conclusão ao Presidente da FENACON

nacional, Sr. Valdir Pietrobon.

O SR. VALDIR PIETROBON - Sr. Presidente, agradeço à Comissão o convite

para estar aqui e coloco os 18.095 empresários contábeis deste País à disposição

de todos. Quero também fazer um pedido, porque está na hora de o MDIC ter uma

Secretaria especializada em micro e pequenas empresas. E os microempresários

merecem ter uma Secretaria especializada o mais breve possível.

Obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Passo a palavra ao Sr. José

Tarcísio da Silva para suas considerações finais.

O SR. JOSÉ TARCÍSIO DA SILVA - Sr. Presidente, quero agradecer a

V.Exa. o convite e parabenizá-lo pela sua iniciativa. Agradeço a todos os

Parlamentares que vêm trabalhando em benefício da microempresa ao longo do

tempo. E cito aqui o Deputado Sílvio Torres, que também foi um dos que trabalhou

bastante, o Deputado Hauly, o Deputado Melles, V.Exa., Deputado Vignatti, e o

Senador Adelmir Santana.

Enfim, agradeço muito ao Congresso Nacional. Estamos apenas começando

uma luta em benefício da micro e da pequena empresa, as coisas estão começando,

passo a passo, para atender aquilo que a microempresa objetiva.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - Passo a palavra, para suas

considerações finais, ao Vice-Presidente da Frente Parlamentar Mista da Micro e

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Pequena Empresa e Presidente do Conselho Deliberativo do poderoso SEBRAE

nacional, Senador Adelmir Santana.

O SR. SENADOR ADELMIR SANTANA - Boa tarde a todos.

Estive aqui na abertura, mas precisei me ausentar participar, no Senado, de

sabatina com o futuro Procurador-Geral da República, mas tenho certeza que

tivemos uma manhã proveitosa com os expositores que por aqui passaram.

Não tenho nenhuma pergunta, só tenho a dizer que é uma luta que vem de

longe em defesa da micro e da pequena empresa, e nós temos de fazer chegar essa

figura do Microempreendedor Individual lá na ponta. Para isso, devemos usar todos

os recursos disponíveis, as instituições de classe, os Parlamentares federais,

estaduais, os vereadores e todas as entidades de classe porque, do contrário, se

não tivermos uma linguagem clara, dirigida, simples, que eles entendam, não vamos

alcançar os nossos objetivos. E tenho certeza de que vai haver essa linguagem, pois

o SEBRAE, com a capilaridade que tem, está empenhado nisso e as entidades de

classe cada vez mais se conscientizam dessa necessidade.

Esperamos, sinceramente, que, no decorrer desse primeiro ano, pelo menos

1 milhão desses pequenos empreendedores entrem para a formalidade. Com isso,

vamos diminuir a pirataria e uma série de outras coisas e melhorar a assistência

previdenciária do Estado brasileiro.

Parabéns a todos e felicidades para os nossos encontros futuros e a nossa

marcha permanente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Vignatti) - O segundo semestre, Senador

Adelmir Santana, promete muito trabalho para nós da Frente Parlamentar e das

Comissões afins do Congresso Nacional, seja a CAE, seja a de Finanças e

Tributação, seja a de Desenvolvimento Econômico, seja a do Trabalho, sejam outras

que têm envolvimento com o tema, tanto na discussão dos projetos em tramitação

nesta Casa, daquilo que ficou fora no ano passado e que já era para estar inclusive

contemplado na melhoria das tabelas de ascensão, como na correção da tabelas e

outras questões que vamos negociar e tratar, com certeza, com a Receita Federal.

Quero fazer um agradecimento aos autores do requerimento de realização

deste evento — Deputados Carlos Melles, Luiz Carlos Hauly, Miguel Corrêa, Geraldo

Resende e Eudes Xavier e o Senador Adelmir Santana.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Outros Eventos - SeminárioNúmero: 1012/09 Data: 08/07/2009

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Este seminário foi extremamente proveitoso e chamou a atenção da Casa e

da mídia nacional. Agora, temos uma grande missão, que é, de fato, trabalhar no

envolvimento da sociedade brasileira na formalização do Microempreendedor

Individual.

Comungo da mesma ideia do Dr. Guilherme Afif Domingos de que se não

envolvermos o Prefeito nesse processo não vamos garantir a formalização, porque a

Prefeitura e os Vereadores têm condição de dialogar de forma direta com o público

interessado.

O Prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, no primeiro dia de sua gestão,

montou um balcão do empreendedor — infelizmente o sistema não estava no ar —,

porque queria que o seu fosse o município que proporcionalmente iria formalizar

mais gente, inclusive no primeiro mês. Mas como começou por Brasília...

E já dei o recado para o MDIC, que aqui está representado pelo Secretário

Edson Lupatini, para que não esqueça de Santa Catarina, que quer estar entre os

primeiros no que diz respeito a essa formalização. Já iniciamos o trabalho no

Estado, embora não tão articulado com o Secretário do Trabalho do Estado.

Estamos fazendo isso com os Prefeitos de Santa Catarina, e há um apelo de

S.Exas. nesse sentido, porque cada um também soma lá o ISS. E há a

movimentação econômica, que é maior do que o ISS que a Prefeitura vai arrecadar,

de R$5,00, em razão da nota de consumo que essas pessoas vão pegar. Isso dá

transparência ao movimento econômico e também à arrecadação municipal,

deixando, de certa forma, muito mais transparente o enfrentamento à pirataria.

Sem nominar, agradeço a todos os presentes. Obrigado a todo mundo que

articulou, ajudou a sustentar este seminário e fez o trabalho — a Assessoria da

Comissão, o SEBRAE, os membros da Frente Parlamentar da Micro e Pequena

Empresa.

Muito boa tarde a todos e um bom almoço. (Palmas.)