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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO EVENTO: Audiência Pública N°: 1383/07 DATA: 30/08/2007 INÍCIO: 10h11min TÉRMINO: 12h04min DURAÇÃO: 01h53min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 01h53min PÁGINAS: 36 QUARTOS: 23 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO – Presidente da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos – AGR. JOÃO MARIA MEDEIROS DE OLIVEIRA – Presidente do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências de Regulação –SINAGÊNCIAS. PAULO RODRIGUES MENDES – Presidente da Associação Nacional dos Especialistas em Regulação – ANER. MARIA CRISTINA DE SÁ OLIVEIRA MATOS BRITO – Presidenta da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Águas – ASÁGUAS. MARÍLIA COELHO CUNHA – Representante da Associação Nacional dos Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANSEVS. JOELSON NEVES MIRANDA – Presidente da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ASANTAQ. RONALDO SERNA QUINTO – Vice-Presidente da ANER. OSVALDO BARBOSA FERREIRA FILHO – Geólogo do DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral. SUMÁRIO: Discussão sobre a gestão de recursos humanos nas agências reguladoras federais, com foco na valorização das carreiras e na melhoria da remuneração dos seus servidores. OBSERVAÇÕES Houve exibição de imagens.

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO · Federal. O Sr. Duvanier, do Ministério do Planejamento, foi convidado para esta audiência pública, e até agora não sabemos

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICOEVENTO: Audiência Pública N°: 1383/07 DATA: 30/08/2007INÍCIO: 10h11min TÉRMINO: 12h04min DURAÇÃO: 01h53minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 01h53min PÁGINAS: 36 QUARTOS: 23

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃOWANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO – Presidente da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos – AGR.JOÃO MARIA MEDEIROS DE OLIVEIRA – Presidente do Sindicato Nacional dos Servidores das Agências de Regulação –SINAGÊNCIAS.PAULO RODRIGUES MENDES – Presidente da Associação Nacional dos Especialistas em Regulação – ANER.MARIA CRISTINA DE SÁ OLIVEIRA MATOS BRITO – Presidenta da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Águas – ASÁGUAS.MARÍLIA COELHO CUNHA – Representante da Associação Nacional dos Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANSEVS.JOELSON NEVES MIRANDA – Presidente da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ASANTAQ.RONALDO SERNA QUINTO – Vice-Presidente da ANER.OSVALDO BARBOSA FERREIRA FILHO – Geólogo do DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral.

SUMÁRIO: Discussão sobre a gestão de recursos humanos nas agências reguladoras federais, com foco na valorização das carreiras e na melhoria da remuneração dos seus servidores.

OBSERVAÇÕESHouve exibição de imagens.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço PúblicoNúmero: 1383/07 Data: 30/08/2007

O SR. PRESIDENTE (Deputado Nelson Marquezelli) - Declaro abertos os

trabalhos da presente reunião da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço

Público.

Bom dia a todos.

Nesta reunião de audiência pública, realizada em decorrência da aprovação

do Requerimento nº 23, de 2007, de autoria dos Deputados Daniel Almeida e

Geraldo Magela, será discutido o tema gestão de recursos humanos nas agências

reguladoras federais, com foco na valorização das carreiras e na melhoria da

remuneração dos seus servidores.

A Exma. Sra. Dilma Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil, nossa convidada,

manda-nos justificativa da impossibilidade de seu comparecimento a esta reunião,

por estar em viagem com o Sr. Presidente da República.

Anuncio o nome dos outros convidados, a quem peço tomem assento à mesa

assim que forem sendo chamados: Sr. Duvanier Paiva Ferreira, titular da Secretaria

de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Sr.

João Maria Medeiros de Oliveira, Presidente do Sindicato Nacional dos Servidores

das Agências de Regulação; Sr. Wanderlino Teixeira de Carvalho, Presidente da

Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos; e Sr.

Paulo Rodrigues Mendes, Presidente da Associação Nacional dos Especialistas em

Regulação. (Pausa prolongada.)

Está presente algum representante do fórum das agências reguladoras?

(Pausa.) Parece-me que ainda não chegou. Se chegar, nós lhe daremos o espaço

necessário.

Concedo a palavra ao Deputado Daniel Almeida, autor do requerimento.

O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Sr. Presidente da Comissão de

Trabalho, de Administração e Serviço Público, Sr. João Maria, Sr. Wanderlino, Sr.

Paulo, senhores convidados, estranho a ausência dos representantes do Governo

Federal. O Sr. Duvanier, do Ministério do Planejamento, foi convidado para esta

audiência pública, e até agora não sabemos das razões de sua ausência. Inclusive,

após o agendamento desta audiência pública, ele informou que compareceria, como

é dever, é obrigação, ao debate para expor a opinião do Governo Federal, do

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço PúblicoNúmero: 1383/07 Data: 30/08/2007

Ministério do Planejamento, relativa a um tema tão relevante e tão expressivo para o

interesse nacional.

Aliás, não é a primeira vez que isso acontece. Na última terça-feira, não

compareceu também o representante do Ministério do Planejamento para debater

assunto de interesse da Polícia Rodoviária Federal.

Portanto, não podemos deixar de protestar e, também, adotar medidas.

Quando esta Comissão convidar representantes do Poder Público para que

abordem assuntos relevantes, precisam ter para com ela a devida consideração.

Devemos, agora, fazer convocações, a fim de que tenhamos a garantia da presença.

A Casa Civil, que também foi convidada, não pôde comparecer. Entendemos

a justificativa que foi dada, mas ela poderia ter encaminhado um representante para

tratar do assunto.

É um tema atual, recorrente o papel das agências reguladoras, seu

fortalecimento e suas atribuições. O Projeto de Lei nº 3.337, de 2004, trata

exatamente do papel das agências reguladoras. Considera o seu funcionamento e a

necessidade que temos de seu fortalecimento.

Não haverá bom cumprimento pelas agências reguladoras de suas

atribuições sem que se fortaleça o que é essencial: gestão de pessoal, capital

humano. É importante que seus servidores sejam valorizados, seja estabelecido

plano de carreiras. Quais são as atribuições? Qual é o deslocamento possível na

carreira de cada servidor das agências reguladoras? Qual é o critério de acesso?

Sem esses mecanismos de gestão de pessoal, não podemos falar do fortalecimento

e do bom cumprimento do papel das agências reguladoras.

Sabemos que há muitos problemas. Os que estão relacionados à ANAC são

apenas um elemento dessa dificuldade que algumas agências têm tido para cumprir

suas atribuições. Já tivemos aqui oportunidade de discutir os problemas

relacionados ao mercado de combustíveis, à área do petróleo, e sempre é verificada

carência de pessoal, de qualificação e de remuneração para que essas pessoas

cumpram suas atribuições. E isso não é diferente na ANVISA, na ANEEL, na

ANATEL. Esse problema afeta todas as agências, afeta a nossa economia, afeta a

concorrência, que deve ser justa, correta, leal e ter boa regulação.

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Então, instituir agência reguladora e não lhe dar estrutura adequada para o

seu funcionamento significa criar mais problemas para o funcionamento da nossa

economia.

Nós da Comissão de Trabalho queremos ter acesso a elementos para

produzirmos um encaminhamento adequado e justo que possa contribuir nessa

interlocução necessária entre o sindicato, entre as entidades que representam os

servidores das agências reguladoras e o Governo Federal. Isso é urgente e precisa

ser tratado com a atenção que o tema merece.

São apenas essas as minhas considerações, Sr. Presidente.

Agradeço aos convidados a presença.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Nelson Marquezelli) - O Deputado Daniel

Almeida, por várias razões, freqüentemente tem procurado fazer com que a

Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público seja um interlocutor,

relativamente ao Governo e a órgãos sobretudo do Governo Federal, a fim de que

haja um bom encaminhamento das reivindicações que merecem a atenção do nosso

País. Parabenizo o Deputado Daniel Almeida pelo desempenho nesta Comissão e

pela dedicação a que tenhamos um País melhor, considerando-se as várias áreas

da nossa administração pública.

Concedo a palavra ao Sr. Wanderlino Teixeira de Carvalho, Presidente da

Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos.

O SR. WANDERLINO TEIXEIRA DE CARVALHO - Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, senhoras e senhores, é com grande satisfação que a Associação

Brasileira de Agências de Regulação — ABAR comparece a esta audiência pública,

porque tratar da gestão de recursos humanos das agências reguladoras é algo

fundamental para regulação.

Antes de entrar no tema propriamente dito, creio que é importante fazer uma

breve introdução sobre o histórico das agências no mundo, considerando as nossas

questões no Brasil.

As agências reguladoras surgiram na Inglaterra, mas tiveram seu grande

desenvolvimento nos Estados Unidos. Há agências nos Estados Unidos que têm

mais de 100 anos de existência e são instituições extremamente relevantes para o

êxito da administração pública norte-americana.

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No Brasil, a regulação é algo novo, como todos sabem. Tem havido muitas

contradições e muitos posicionamentos equivocados relativos à regulação. O

segmento de esquerda, por exemplo, no qual me incluo, tem cometido equívocos

muito grandes sobre a regulação, por considerar que as agências reguladoras são

um instrumento neoliberal. Freqüentemente vemos autoridades, Deputados,

expoentes do Governo dizerem que as agências reguladoras são resultado de

iniciativa neoliberal, que terceirizaram o País, coisas desse tipo. Esse é um engano

muito grande, principalmente no caso de quem se diz de esquerda.

Quem é estudioso do assunto sabe que as agências reguladoras são

resultado de iniciativa socialdemocrata. É uma instituição tipicamente da

socialdemocracia. Trata-se de intervenção no Estado. Não havia como um neoliberal

aceitar intervenção no Estado, porque, conforme a doutrina neoliberal, o capital não

pode sofrer qualquer tipo de interferência. Não pode haver qualquer tipo de peia

para o desenvolvimento do capital. E as agências reguladoras representam uma

intervenção direta do Estado na economia.

Quando Reagan, um dos criadores do neoliberalismo, foi Presidente da

República, tentou acabar com as agências de regulação nos Estados Unidos, e não

conseguiu por causa da importância, do prestígio que essas instituições têm naquele

país.

Então, no caso do Brasil, não pode o Governo ter o receio de, como se

houvesse um desvio ideológico, apoiar as agências reguladoras como se estivesse

apoiando uma instituição neoliberal. Elas têm caráter tipicamente socialdemocrata, e

o Governo se esforça para cumprir e seguir uma agenda socialdemocrata.

Gostaria de falar algo sobre a ABAR.

(Segue-se exibição de imagens.)

É uma associação que defende os interesses das agências reguladoras,

federais, estaduais e municipais. Esse é o nosso objetivo, a nossa missão.

Atualmente temos 30 filiadas, sendo 5 agências nacionais e 25 agências estaduais e

municipais — 21 estaduais e 4 municipais.

Outro equívoco que também tem havido no processo regulatório do Estado

sobre a economia é o entendimento de que agência reguladora é um instrumento de

defesa dos consumidores. Não é diretamente um órgão de defesa do consumidor.

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Para isso existem os órgãos tradicionais de defesa dos consumidores. As agências

seguem aquele triângulo, elas têm de mediar os conflitos entre o Estado, os

operadores e os consumidores. Este é o papel principal delas: realizar uma

mediação relativamente aos conflitos que naturalmente existem na economia entre

os usuários, os operadores dos serviços públicos e o Estado.

O papel das agências reguladoras também é normatizar as leis, decretos

presidenciais que tratam sobre serviços públicos. Elas transformam esses

dispositivos legais em resoluções, principalmente de cunho técnico, que facilitam o

melhor desenvolvimento da economia.

Elas têm ainda o papel de fiscalização, que é extremamente importante, e de

autuação, se necessário, com sanções contra os operadores.

Outorga de concessões. Muitas agências outorgam concessões, outras não.

Mas é também um papel importante das agências.

Outro papel importantíssimo das agências é mediar os conflitos entre os

usuários e os operadores. Em sessões de mediação, procuram fazer com que sejam

resolvidos conflitos resultantes da relação entre esses 2 agentes da economia sem

que haja necessidade de ação administrativa ou judicial.

São atribuições conferidas pela lei de criação das agências, de alta

complexidade, responsabilidade e relevância social.

Entro agora diretamente na questão dos recursos humanos das agências. O

nosso quadro de pessoal é diferenciado. Existem n especialidades, n profissões. A

regulação é algo tipicamente multidisciplinar. Atuam na área advogados,

engenheiros, economistas, administradores, médicos, farmacêuticos. Várias

profissões estão envolvidas no processo de regulação.

A realidade das agências no Brasil, principalmente no caso das federais, que

sofrem mais do que as agências estaduais e municipais, diz respeito sobretudo à

questão do contingenciamento orçamentário. A principal fonte de renda das

agências são as taxas de regulação e fiscalização. Infelizmente o Governo tem feito

uma confusão, tem considerado que a taxa é um imposto. A taxa não é um imposto.

Pela Constituição do País, as taxas só podem ser aplicadas naquele objetivo para o

qual elas foram criadas. Então, julgamos que o Poder Executivo comete realmente

uma ilegalidade ao contingenciar as agências.

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Outro problema que enfrentam as nossas agências é a inexistência de

autonomia financeira, devido até a essa questão do contingenciamento. Elas têm

dificuldade de tratar das suas finanças livremente. Os cortes orçamentários causam

enormes prejuízos às políticas de treinamento e capacitação. Esse

contingenciamento tem trazido como conseqüência a falta de treinamento dos

nossos reguladores, a demora em se ter uma remuneração inadequada. Se as

agências pudessem dispor de suas taxas, de suas fontes de recursos, que são

superavitárias em relação ao quadro hoje, elas poderiam realizar a fiscalização de

maneira muito melhor, muito mais eficiente e, conseqüentemente, poderiam

remunerar seus servidores de forma muito mais efetiva, muito mais condizente com

a necessidade das agências reguladoras.

Outro problema das agências reguladoras é a demora na indicação dos

dirigentes. Às vezes, quando termina o mandato do dirigente, ocorre uma situação

absurda: a agência fica sem poder deliberar, por falta de dirigente.

No que se refere à questão dos recursos humanos, nos Estados há leis

próprias, com regime jurídico do Estado. De acordo com as leis estaduais,

geralmente os reguladores são funcionários do Estado. Já no âmbito federal, isso

não acontece. Há os servidores do Quadro Efetivo, regidos pelas Leis nºs 9.996, de

2000; 10.871, de 2004; 10.768, de 2003; e 11.292, de 2006, e do Quadro Específico.

Se a União seguisse os Estados, cujos servidores, no caso, compõem os quadros

de carreiras de Estado, possivelmente seriam bem menores estes problemas que

vemos hoje: desmotivação, saída de funcionários. As pessoas fazem concurso, e

rapidamente prestam concursos para outros órgãos que oferecem vencimentos

maiores. Elas desfalcam, assim, as agências reguladoras federais.

Esse capital humano precisa estar em permanente atualização, para reduzir

ao máximo a assimetria de informações entre o órgão regulador e as empresas

reguladas.

Um problema sério da regulação no mundo inteiro é a captura. Uma agência

reguladora não pode ser capturada nem pelo Estado, nem pelo Governo, nem pelos

operadores, nem pelos usuários. A diretoria, eventualmente, é capturada; porém,

muito mais grave do que a captura da diretoria é a captura dos funcionários, dos

servidores. E baixos salários levam eventualmente a esse desvio. Isso é

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extremamente preocupante. Enquanto os servidores não tiverem salários

condizentes com a realidade, estarão sujeitos a que os operadores os capturem.

Estudo do Banco Mundial apontou que a remuneração dos servidores das

agências reguladoras federais está aquém do valor adequado, comparando-se com

os de outras carreiras de Estado. Ora, nada mais típico de uma carreira de Estado

do que os servidores de uma agência reguladora federal. Se ela própria é uma

instituição de Estado, por que os seus funcionários, seus servidores não são

considerados como integrantes de carreira de Estado, sendo que vários outros na

Administração Pública Federal o são? É uma contradição enorme.

Estudo da AMCHAM também indicou que a remuneração dos servidores das

agências é inadequada. Essa situação vem provocando grande perda para as

agências e evasão relativamente ao quadro de pessoal, todos os dias. Perdem-se

servidores. Além disso, como eu já afirmei, eles ficam desestimulados.

Levantamento realizado pelo sindicato dos servidores das agências aponta

que o vencimento básico dos reguladores está defasado, e as gratificações não

estão regulamentadas, em desacordo com a lei, piorando ainda mais o clima

organizacional. A existência de inúmeras carreiras nas agências com salários

distintos vem prejudicando os trabalhadores que fazem a regulação federal.

Pergunta-se: como vamos fortalecer as agências sem valorizar os seus servidores?

Tem-se agora o Programa de Aceleração do Crescimento — PAC, que

representa uma esperança importante para a retomada do desenvolvimento no País.

O PAC não prosperará se não houver uma regulação boa. A iniciativa privada, um

fator importante para o PAC, não investirá no setor de infra-estrutura se não houver

fortalecimento da regulação federal. Essa é uma questão extremamente relevante.

Outro fator relevante é o decreto de criação do Conselho de Desenvolvimento da

Regulação. Mas a remuneração dos servidores é inadequada, defasada. É uma

contradição: querem estabelecer esse fortalecimento por meio do PAC, no entanto

não se criam condições nas agências para se dar o suporte necessário à regulação

no País. Há servidores desestimulados, sem um plano de capacitação adequado,

falta regulamentação dos dispositivos das leis sobre recursos humanos, a evasão de

servidores é alta.

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O regulador deve ser bem remunerado e valorizado, sob pena de ele, como já

falei, ser capturado. Vários funcionários públicos são capturados, devido ao

problema de salários. Conhecemos muito bem esse problema da corrupção de

funcionários públicos nas diversas esferas, seja federal, seja estadual, seja

municipal. É assim em todas as partes do mundo nas quais as agências reguladoras

são fortes e valorizadas pelos Poderes constituídos. Onde a regulação frutificou, na

Inglaterra e principalmente nos Estados Unidos, os empregados das agências têm

salários condizentes com os cargos.

Esperamos que a experiência relacionada às agências de regulação no Brasil

não acabe ou não caia no descrédito, por não contar com os mecanismos

adequados relativamente a essa questão dos recursos humanos.

O capital humano dessas agências precisa ser premiado. A ABAR apóia a

proposta de subsídio. Foi uma proposta concreta da ABAR. Apoiamos a proposta de

subsídio idealizada pelo sindicato das agências, por representar uma proposta

factível, isonômica e robusta. É preciso uma solução permanente e não paliativa.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Nelson Marquezelli) - Chegou algum

representante da Casa Civil? (Pausa.) Ainda não veio.

Chegou algum representante da Secretaria de Recursos Humanos do

Ministério do Planejamento? (Pausa.) Também não veio ainda.

Concedo a palavra ao Sr. João Maria Medeiros de Oliveira, Presidente do

Sindicato Nacional dos Servidores das Agências de Regulação — SINAGÊNCIAS.

O SR. JOÃO MARIA MEDEIROS DE OLIVEIRA - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, companheiros de trabalho das agências reguladoras, inicialmente

gostaria de parabenizar o Deputado Daniel Almeida pela iniciativa e a Comissão por

ter acatado a sugestão de realizar este debate. Para nós trabalhadores e muitas

vezes desassistidos por parte do Governo e dos órgãos do Poder Executivo, que

deveriam valorizar mais a interlocução com os servidores, o Deputado Daniel

Almeida tem sido um escape nessas discussões.

Reconhecemos que esta Casa, especificamente esta Comissão, tem tratado

de temas importantíssimos para a vida funcional de várias categorias do serviço

público. Vemos este espaço como um espaço de fortalecimento das propostas e da

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luta dos servidores para tentar corrigir as distorções, que nem deveriam existir.

Lamentavelmente, os trabalhadores só conseguem algumas coisas com muita luta e

apoios importantes, como o que há nesta Comissão e nesta Casa.

O SINAGÊNCIAS realizou assembléia nacional em fevereiro, com

representação de trabalhadores de todo o País e de todas as agências, em que tirou

proposta para fortalecer todas as carreiras das agências reguladoras. Como

ferramenta para esse fortalecimento, é necessário apoio nos diversos setores da

sociedade. Identificamos a Câmara dos Deputados, esta Comissão, entre outros

setores — imprensa, opinião pública, sociedade civil organizada —, como um

espaço para mostrarmos as propostas e sensibilizar o Governo no que diz respeito à

correção de alguns equívocos que vêm ocorrendo freqüentemente com as agências

reguladoras.

Esperávamos que nesta audiência, além dos representantes que estão aqui

discutindo, estivessem os da Casa Civil e do Ministério do Planejamento.

Lamentavelmente, ainda não estão presentes.

É importante que haja nesta Mesa alguém representando o Fórum de

Recursos Humanos das Agências Reguladoras, que vivencia o dia-a-dia

relativamente a essas dificuldades. Sugerimos inclusive que fosse convidado.

Talvez, até o final desta audiência, ainda chegue alguém. Esperávamos que já

estivesse aqui.

Em linhas gerais, a ABAR já discorreu brilhantemente sobre boa parte dos

temas que devemos buscar. Essa associação tem sido uma aliada dos

trabalhadores das agências, porque tem a função de fortalecer o marco regulatório

no País e, conseqüentemente, fortalecer o Brasil e toda a sua sociedade.

(Segue-se exibição de imagens.)

Neste quadro, apresentamos alguns pontos: quem somos e um breve

histórico. Vou pular as partes iniciais e ir direto à situação do Brasil hoje, porque

esses temas a ABAR já abordou de maneira brilhante.

Atualmente, no Brasil, há 10 agências reguladoras federais e outras tantas

estaduais e municipais. Algumas dessas agências, cerca de 5, foram criadas no final

da década passada; as demais, em 2000, 2001 e 2002. Apontamos, na condição de

reguladores, de quem vivencia o cotidiano das agências, algumas dificuldades para

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que elas possam trabalhar e desenvolver seu papel. A autonomia financeira é uma

delas. A ABAR já tratou desse tema importante.

O contingenciamento tem dificultado o bom trabalho das agências

reguladoras, inclusive, em algumas situações, causando incapacidade de exercer a

fiscalização. Ano passado, a ANATEL chegou a suspender a atividade de campo

porque não havia dinheiro para pagar diária. Isso é um absurdo. A ANVISA

estabelece uma hierarquização, a fim de definir para onde vai o regulador; nem

sempre tem recursos para pagar as despesas referentes à viagem. Além disso —

aproveito a oportunidade para denunciar isto —, impõe aos seus reguladores que

viajem em finais de semana, em vôo de madrugada, sem compensar o horário. O

indivíduo sai do Brasil para ir à China, do outro lado do mundo. Só o fuso horário o

deixa em condições difíceis de saúde. Ao voltar, no outro dia, tem que estar na

agência às 8h, como se tivesse ficado em casa no período. Isso é um absurdo! E

quando vai, porque o contingenciamento, muitas vezes, nem permite que o

regulador desempenhe bem seu papel.

Independência técnica e decisória. A agência tem que se consolidar como um

ente do Estado em condições de, realmente, regular o mercado. Leia-se que

mercado não é quem produz; segundo o Aurélio, é quem produz e compra. O

mercado deve ter os 2 lados da moeda. Às vezes falamos de mercado, e o

entendimento é de que a agência só se preocupa com quem produz. A agência tem

que trabalhar com quem está produzindo e com quem está consumindo. Se a

agência não for capaz de fazer essa identificação, vamos criar um ambiente em que

o setor produtivo não vai ter como escoar, repassar e vender sua produção ou fazer

com que os usuários se sintam bem para consumir aquele produto.

A independência é importantíssima. Temos visto em várias situações

interferências, tanto dos Ministérios quanto de outros setores do Estado, para tentar

sobrepor decisões das agências. Obviamente, nós do sindicato não defendemos que

a agência seja o ambiente de formulação política de regulação. Formulação política

cabe aos Ministérios, ao Governo. À agência cabe fazer a regulação com isenção, a

fim de dar as garantias de que a economia brasileira precisa para crescer. A agência

deve ter autonomia nesse sentido.

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Essas dificuldades todas inviabilizam que a agência desempenhe bem o seu

papel, que é o de garantir a estabilidade regulatória, conforme está aí.

As agências não nasceram do nada. A primeira agência brasileira, em tese,

foi o Departamento Nacional de Produção Mineral, criado em 1934, já como

resultado da necessidade de que a indústria de mineração, a maior delas, passasse

a ser de capital brasileiro, e de uma empresa privada, mesmo com investimento

público também. Isso mostra que era necessário se fortalecer o marco regulatório no

País. O DNPM hoje luta para se transformar em agência reguladora e sair da

condição de departamento nacional. Conta, no caso, com o nosso apoio.

As agências não nasceram do nada, foram fruto da transformação de diversos

setores que já exerciam a regulação. Por exemplo, a ANATEL surgiu praticamente

da fusão do Departamento Nacional de Telecomunicações — DENTEL, que tinha

em sua composição os diversos servidores que faziam a fiscalização, com a

TELEBRÁS, a empresa que congregava o Sistema Nacional de Telecomunicações.

A ANVISA surgiu da transformação da Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária,

que, até 31 de dezembro de 1998, era Secretaria e, a partir daquela data, virou, por

medida provisória, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Estou dando apenas

esses 2 exemplos para não ir além.

Em conseqüência desse processo, como, ao nascerem as agências, não se

pensou em criar uma carreira de Estado, sólida, para a regulação — como outros

órgãos fizeram ao se transformar —, as agências tiveram que trazer os servidores

que já trabalhavam na área para fazer parte do quadro. Essa discussão não se deu

por iniciativa do Poder Executivo, foi um movimento que os trabalhadores realizaram

em 1997 e 1998, que resultou na absorção desses companheiros que trabalhavam

na regulação ao longo do tempo e ficaram nas agências, no denominado Quadro

Específico.

Esse quadro é composto pelos profissionais que estão hoje na nova carreira,

mas com o cargo efetivo da época, de acordo com sua formação: médico,

engenheiro, advogado, farmacêutico, enfermeiro. Estou vendo no plenário

integrantes da nova carreira e da antiga carreira. Vejo especialistas, analistas,

técnico em regulação, técnico administrativo, e vejo também médico, engenheiro,

advogado, agente de saúde, agente administrativo, farmacêutico, integrantes do

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quadro antigo, e inclusive uma companheira que nos costuma vacinar nos

aeroportos, a Risilda.

O Quadro Efetivo foi primeiramente desenhado pela Lei nº 9.986, como

declarou muito bem o representante da ABAR — já disse tudo a ABAR; se pararmos

por aqui, já está bem, porque ela praticamente já falou tudo. O Quadro Efetivo, pela

Lei nº 9.986, na sua origem, já trouxe um problema difícil de administrar, que era o

vínculo.

Ora, se quero ter um regulador forte, como vou conceder a ele o regime

jurídico da CLT? Naturalmente, nós, que fazíamos a luta sindical, nos anos 80, 90 e

2000, já vendo essa falha, fizemos um grande movimento para que essa nova

carreira, em que a maioria dos companheiros estão — refiro-me às carreiras de

regulação novas, conforme a Lei nº 10.871 —, se transformasse em carreira

estatutária. Mas é importante ressaltar que a Lei nº 9.986, mesmo trazendo essa

dificuldade, trouxe uma vantagem que a Lei nº 10.871, no Governo Lula, não

manteve, que era a isonomia plena entre todos os servidores dessa carreira. Pela

Lei nº 9.986, regime celetista, e todo mundo tinha a mesma remuneração. Pela Lei

nº 10.871, regime estatutário, mas passou-se a tratar diferentemente os quadros

dessa nova carreira: analista diferente de especialista; técnico de regulação

diferente de técnico administrativo. Entendemos que isso é uma falha e, obviamente,

estamos lutando para corrigi-la.

Toda essa questão gerou algumas dificuldades no gerenciamento de recursos

humanos das agências. Eu esperava que alguém do RH das agências falasse sobre

isso. Nesse caso, eu também passaria a bola.

Particularmente, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, companheiros aqui

presentes, hoje eu jamais gostaria de ser gerente de recursos humanos de uma

agência reguladora, apesar de, em grande parte da história da minha vida, ter

trabalhado como gerente no serviço público. Gerenciar hoje a área de recursos

humanos das agências reguladoras é um grande desafio, por causa do próprio

Governo, que não ajuda, não resolve esses problemas.

Não conseguimos, às vezes, fazer com que o próprio servidor fique motivado

a desenvolver bem seu papel. Costumo dizer que, no serviço público, o chefe não

pode ser apenas um chefe, tem de ser um líder. Na empresa privada, se o chefe não

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gosta do trabalho de alguém, pode demitir a pessoa. No serviço público, o servidor

tem estabilidade. Por isso, o chefe tem de trabalhar como líder naquele processo,

para convencer sua equipe a dar o máximo de si, mas, para isso, tem de haver

ferramentas. E, às vezes, as ferramentas disponibilizadas pelo Governo e pelo

Estado não ajudam nesse trabalho.

Por exemplo, o maior problema, na nossa visão, são as distorções

remuneratórias, entre as carreiras novas e as antigas, entre as demais carreiras e as

outras que exercem fiscalização e regulação no País. Ora, Sr. Presidente, as

agências reguladoras hoje, juntando-se o quadro novo com o quadro antigo, não têm

mais de 5.500 servidores. Fazer um reajustamento que alcance um contingente

desse tamanho não vai quebrar o Estado brasileiro, e vai motivar o setor de

regulação, para que desenvolva um bom trabalho.

E por que não se resolve isso? Gostaria que os representantes do Governo

tivessem aqui para responder essa pergunta. Eu queria saber por que não se

resolve isso. Se aplicarmos a receita da arrecadação de apenas uma das 10

agências, já se alcança, de sobra, durante 10 anos, o valor não dessa despesa, mas

desse investimento — boa parte dos administradores públicos acha que investir em

servidor para que ele realize um bom trabalho é despesa, e não é despesa, é

investimento.

Outro detalhe é a morosidade na regulamentação de alguns itens da lei. Ora,

já está sendo concedida a um regulador concursado recentemente — os antigos já

contam com suas carreiras bem organizadas e definidas, que têm menos distorções

do que as novas, mas precisam também de algumas correções — uma

remuneração frágil, e ainda não se regulamentam itens que podem ajudá-lo.

Por exemplo, a Gratificação de Desempenho de Atividade de Regulação —

GDAR era para ter sido regulamentada até 20 de novembro de 2004, mas só foi

regulamentada em 2006. A própria lei disse ao Poder Executivo que ele tinha 180

dias para resolver o problema, e ele levou 2 anos e meio para fazer isso? A GDAR

impôs um grande prejuízo aos servidores que fizeram concurso, na primeira hora,

para as agências.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a promoção e a progressão até hoje

não foram regulamentadas. Há servidor que prestou concurso há 2 anos e meio e

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ainda está na primeira etapa, não pode passar de um nível para o outro porque o

Governo, morosamente, não regulamentou a promoção e a progressão.

Ora, se não tem competência para fazer, passe para nós, redigimos esse

decreto e no outro dia ele estará valendo. Não se pode impor um prejuízo a quem

está trabalhando hoje, dando a sua vida, a sua alma para defender a regulação

federal.

Essas são algumas das questões que entendemos precisam ser corrigidas de

imediato. Por exemplo, o vencimento básico inferior ao vencimento das demais

carreiras é uma situação complicada existente no quadro antigo.

Vou concluir essa parte das distorções. A redução da atualização técnica e

treinamento ocorre até por conta do contingenciamento.

Evasão de recém concursados das agências. Há agência em que ocorre até

40% de evasão em algumas carreiras. Isso, realmente, causa um caos na área de

recursos humanos.

Distorções de pessoal do quadro como um todo, por exemplo — não sei se o

tempo permitirá que tratemos de tudo o que se refere a esse assunto. Distribuições

inadequadas de CCTs, uma gratificação privativa das carreiras novas e antigas. O

que vemos é que algumas agências juntam essas CCTs para criarem cargo de livre

nomeação. Isso, mais uma vez, impõe ao servidor da Casa um certo mal-estar,

porque dificulta sua ascensão dentro da instituição. Isso é ruim para todo mundo.

Vou adiantar alguns quadros.

A origem da carreira nova já foi muito bem mencionada pela ABAR e não vou

ficar repetindo a mesma coisa. Por exemplo, na carreira nova há 2 componentes:

Gratificação de Desempenho e Gratificação de Qualificação. A Gratificação de

Qualificação até hoje não foi regulamentada, e nem se fala. Nas mesas de

negociação, é um assunto que o Governo não quer colocar na pauta. Já cansamos

de cobrar isso. Seria uma forma de dar um diferencial para o servidor que está

melhor preparado.

Temos doutores entre os que acabaram de fazer concursos. E temos

doutores entre os antigos também, inclusive fora do País. Há alguns com doutorado

na Alemanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos. A Gratificação de Qualificação

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poderia ser uma ferramenta para bonificar esse pessoal, para motivá-los de forma

geral.

Para consertar tudo isso, o SINAGÊNCIAS aprovou, Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, na sua assembléia, a luta pelo fortalecimento das carreiras das

agências, transformando-as, definitivamente, em carreira de Estado. E em carreira

de Estado entendemos que não pode haver remuneração composta por vencimento

básico, por gratificação disso ou gratificação daquilo, porque gratificação nem

sempre se consegue incorporar à aposentadoria. Da forma como está hoje a nova

carreira, um especialista em regulação pode-se aposentar com cerca de 3 mil reais.

Ele passou a vida toda ganhando 8, 9, 10 mil, com tudo pago direitinho, e na

aposentadoria tem uma queda significativa em seu vencimento. Obviamente, o

Governo pretende criar uma aposentadoria complementar, mas até agora também

não disse nada sobre o assunto.

Entendemos que o caminho seria criar uma carreira de Estado, um novo

formato. Nossa proposta é transformar as carreiras em uma nova carreira; carreira

de regulador federal de nível superior, que se pudesse contar com os hoje analistas

e especialistas integrantes dessa carreira, transformando o instituto da remuneração

em subsídio. Inclusive, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal acabaram de

conquistar isso no ano passado. Se eles, com todo o respeito, são imprescindíveis

para o Estado, por que o regulador não é?

Já pensou em um fiscal da ANATEL que tem de subir, no Rio de Janeiro, nos

mais diversos recantos, para desativar uma rádio pirata que, na verdade, pertence a

alguém que comanda aquela área? E o pior: ele não pode ir com a polícia para

dar-lhe proteção, porque se for com a polícia ele vira alvo. Ele vai ter que ir só e, às

vezes, disfarçado. Como não posso dizer que esse cidadão está a serviço do

Estado? Então, pelo menos, tenho que lhe dar a remuneração e as garantias de que

precisa. Se hoje esse cidadão, digamos, um técnico em regulação ou um

especialista em regulação, sofre um acidente qualquer, recebe uma bala perdida e

fica deficiente — que Deus não permita que isso aconteça com nenhum de nossos

companheiros —, como fica a sua família? E ele, com a atual estrutura de

remuneração, que garantia tem? Ele fica com 2 mil, 906 reais, com a GDAR

congelada na última avaliação — se conseguir, porque dizem que a média são 5

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anos — e vai passar fome. Esse cidadão que estava a serviço do Estado vai passar

fome. Não podemos permitir isso.

Nossa proposta é exatamente esta: transformar essa estrutura em subsídio

que dê a ele as garantias necessárias para que desenvolva bem seu papel, com

isenção e sem risco de captura pelo setor regulado, como bem abordou a ABAR.

Em linhas gerais, é isso. Trabalhamos uma emenda Parlamentar de Plenário,

a partir da iniciativa, mais uma vez, do companheiro Deputado Daniel Almeida, que

está sendo assinada pelas Lideranças de todos os partidos para ser apresentada ao

Projeto de Lei nº 3.337, de 2004, propondo que o Poder Executivo traga para esta

Casa esse debate sobre a carreira de Estado para as agências reguladoras federais.

Era isso que tinha inicialmente a apresentar.

Muito obrigado pela tolerância em relação ao tempo. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Nelson Marquezelli) - Concedo a palavra

agora o Sr. Paulo Rodrigues Mendes, Presidente da Associação Nacional dos

Especialistas em Regulação.

O SR. PAULO RODRIGUES MENDES - Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, senhoras e senhores, em primeiro lugar, cumprimento aqui parceiros de

luta, como o Presidente do SINAGÊNCIAS, Sr. João Maria Medeiros, e o

representante da ABAR, Sr. Wanderlino Teixeira Carvalho.

Gostaria de expressar que as intenções da ANER — Associação Nacional

dos Especialistas em Regulação estão em perfeita harmonia com as manifestadas

aqui, com apenas algumas observações importantes para clarificar a forma como

isso pode ser feito.

Em primeiro lugar, entendemos que a postura do Dr. Wanderlino Teixeira

Carvalho foi perfeita no que diz respeito à função de uma agência reguladora, a

forma como a atuação da agência reguladora intermedeia um triângulo de interesse

tão díspares quanto o interesse do consumidor que quer comprar o melhor produto

pelo valor mais barato possível; do empresário que quer produzir o produto mais

simples possível pelo menor custo; e do Governo, que quer ter o controle sobre essa

atividade.

A função de uma agência reguladora é independente, autônoma e capaz de

conhecer, primeiro, a tecnicidade desses produtos ou serviços. Há também a

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questão da capacitação dessa agência — estamos assistindo, neste momento, ao

episódio que está sendo amplamente divulgado na mídia em relação à crise aérea

—, da função dos diretores de uma agência reguladora, da sua autonomia, da sua

capacidade de permanecer no cargo livre de pressões.

Há uma dificuldade, em geral, da sociedade, da mídia, de compreender o

porquê de uma agência reguladora, o porquê da independência, o porquê da

necessidade de se dar estabilidade regulatória não só à atividade econômica, como

também à estrutura de uma agência.

O Dr. Wanderlino disse uma frase muito apropriada. Não há como termos

uma regulação estável se não temos uma estabilidade nos quadros dessa agência

reguladora. A agência reguladora não é um robô, um mecanismo. Ela é composta de

gente. E os quadros das agências reguladoras, ao longo de sua história, não tiveram

a devida atenção por parte não deste Governo, mas dos governos que atuaram no

sentido da regulação.

Quero aqui manifestar que reconhecemos historicamente o esforço feito pelos

servidores que hoje congregam o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências

Nacionais de Regulação no sentido das lutas históricas que vieram a fazer o corpo

da estrutura das agências.

Creio que, como especialista em regulação que somos, vamos trabalhar mais

em cima das carreiras criadas pela Lei nº 10.871, de 2004, denominada Lei Geral

das Carreiras das Agências Reguladoras Federais, que pretende, a exemplo de

grandes carreiras de Estado — chamo atenção para as carreiras do chamado ciclo

de gestão, ciclo de fiscalização composto basicamente pelos auditores fiscais,

congregando a antiga Receita Federal e os auditores da Previdência...

Uma dessas carreiras é a do TCU, que é um exemplo. Apesar de não ser

ligado diretamente ao Executivo, é ligado ao Legislativo e propõe um trabalho de

seriedade no trato da coisa pública. Essa postura de independência, de autonomia,

valorização, realidade de carreiras harmonizadas é fundamental para o bom

funcionamento de uma agência.

Chamo atenção para a seguinte característica. A agência tem que ter no

corpo de cada servidor a imagem de credibilidade e capacitação técnica e seriedade

no trato da questão regulatória.

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Quando um servidor é mal remunerado, é muito difícil enxergar isso nos seus

olhos. Quando temos, dentro de uma agência reguladora, um elenco muito grande,

uma salada de frutas — vamos dizer, de uma forma mais intuitiva — de relações, de

vínculos e de origens, há efetivamente uma grande dificuldade de se ter condição de

harmonizar uma estrutura de capacitação, crescimento profissional, aproximação

dessas pessoas a uma etapa de operação uniforme.

A ANER defende que os quadros que estão sendo criados dentro das

agências, o quadro específico e o quadro efetivo têm que ter a mesma harmonia

remuneratória. Concordamos com o aspecto proposto pelo sindicato de se trabalhar

através da remuneração por subsídio. Quando você trabalha com gratificações, o

servidor que precisa ser avaliado e mensurado pela gratificação está sujeito a

pressões por parte da estrutura da própria agência. Ele pode ser pressionado pela

necessidade de obter aquele resultado, para não fazer de uma forma que seria

talvez a tecnicamente ideal. O subsídio dá autonomia a esse servidor. Então,

concordamos com essa postura.

Queria apresentar este documento, que foi deixado aqui na mesa da

Comissão e está disponível no site da ANER. Ele está em formato PDF e é possível

ser acessado por todos.

Nesse aspecto, o que precisamos defender em relação às carreiras que foram

objeto de concurso realizado a partir de 2002, na ANA, e depois nas demais

agências? Gradativamente, vêm sendo ocupados os cargos efetivos por meio das

carreiras que são distintas em nível técnico e nível médio, nível médio e nível

superior, em que temos o técnico de regulação, o técnico administrativo, o analista

de administração e o especialista em regulação.

Há carreiras de nível médio que são discriminadas, pela Lei nº 10.871, de

2004, de uma forma que consideramos negativa por possibilitar que pessoas que

sentam, muitas vezes, lado a lado, pessoas que têm capacitação semelhante sejam

tratadas de forma diferenciada. A ANER entende que isso não é salutar para uma

agência reguladora, pois cria instrumentos de atrito entre esses servidores.

Os servidores que provieram de vários órgãos foram estabelecidos no quadro

específico e sofreram várias correções que consideramos positivas. Estivemos

juntos com o SINAGÊNCIAS na criação da carreira do quadro especial, que hoje é

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denominado quadro específico em todas as agências reguladoras, e também na

criação de gratificação para as carreiras de área administrativa, porque a lei não

previa uma gratificação compatível com os especialistas.

O entendimento é que a transformação disso em uma carreira que trabalhe

com harmonização entre essas várias nuanças é salutar, vai trazer uma

pró-atividade, um reconhecimento maior. E não é para o serviço de cada servidor,

mas para o serviço da sociedade.

Hoje se vê, por exemplo, o auditor da Receita Federal. O nome auditor da

Receita Federal impõe um respeito pelo seu grau de conhecimento, pela sua

capacitação. Existe a Escola Superior de Administração Fazendária, que é voltada

para essas carreiras do Ministério da Fazenda. Não temos no Brasil uma iniciativa

de Governo no sentido de uma escola nacional de regulação. Essa é uma luta da

ANER. E esses valores não devem reverter em favor dos indivíduos, mas da

sociedade, que vai confiar numa decisão de uma agência reguladora.

A ocupação dos cargos das agências reguladoras precisa ser mais técnica.

Há hoje uma grande quantidade de cargos de livre nomeação de pessoas que

provêm de qualquer área da sociedade brasileira. Presenciamos hoje a situação da

ANAC, que está sendo questionada na mídia. Eu, pessoalmente, em nome da

ANER, tenho participado de debates e de inserções na mídia em defesa da posição

da diretoria de uma agência e não das pessoas que estão ali dentro.

A responsabilidade da Presidência da República e do Senado Federal na

escolha dos nomes e na sabatina desses nomes é fundamental. Eles são

co-responsáveis pelo desempenho de um diretor de agência reguladora.

Temos quadros formados dentro das agências reguladoras. Por que o

Governo não prioriza que os responsáveis pela regulação de um setor da economia

sejam escolhidos dentro dos quadros das agências reguladoras?

São essas as questões que a ANER traz a V.Exas. Gostaria que quem tiver

oportunidade acessasse esse documento, que trabalha bem detalhadamente essas

condições, historia toda a evolução do serviço público e faz uma comparação entre a

maneira como a sociedade e o Governo tratam os quadros das agências

reguladoras e a maneira como tratam as demais carreiras de Estado.

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Investimos no que acreditamos; cada um de nós, em nossas casas, em

nossas atividades cotidianas. O Governo não deixa de ser a resposta da sociedade.

O Presidente Lula foi eleito com 60% da aceitação da sociedade brasileira. Pedimos

ao Presidente Lula, à Casa Civil e ao Ministério do Planejamento que se lembrem de

todas as palavras que estão sendo ditas pelos companheiros João Maria e pelo Dr.

Wanderlino; que leiam os jornais, ouçam os comentaristas econômicos e aqueles

que querem investir no País. Todos vão dizer: Governo, as agências têm de ser

independentes, não podem ser contingenciadas. Os servidores dessas agências têm

que ser capacitados, têm de estar atualizados em relação aos setores que são

alavancas de crescimento, alavancas tecnológicas.

Não podemos ter na ANATEL alguém que não conheça todas as novas

tecnologias que estão sendo implantadas, como a TV digital, as novas bandas de

celulares, as novas iniciativas de aperfeiçoamento da comunicação, que possuem

uma velocidade extraordinária. Nós não podemos ter na ANVISA uma pessoa que

não entenda do assunto e não esteja apta para conhecer o que há de bom e ruim

nos lançamentos farmacêuticos em todo o mundo para cuidar das novas doenças

enfrentadas pela sociedade. Não podemos ter na ANVISA técnicos mal capacitados

em aeroportos e portos de fronteira que possam não interpretar bem a chegada de

uma doença como a gripe aviária, uma nova febre ou uma nova doença provinda de

um outro continente gerada por vírus ou por outro vetor.

Temos que ter a preocupação — isso é importante para cada um de nós, para

nossos filhos, para nossas famílias — no sentido de que nessas agências

reguladoras tenham pessoas felizes e bem remuneradas, harmonizadas entre si,

sem conflitos e sem revanchismos por questões de políticas de capacitação, de

avaliação de servidores e de diferença salarial entre uns e outros. Todas essas são

preocupações que temos que ter.

Publicamente, quero fazer uma proposta aos Parlamentares que estão aqui

conosco. O Deputado Daniel Almeida é um lutador nessa área. Já tivemos algumas

oportunidades de tentar ter um contato pessoal com S.Exa. Ainda não tivemos essa

honra, mas quero reiterar, neste momento, que gostaríamos de ter a oportunidade

de conversar com S.Exa. Quero também citar a Deputada Andreia Zito, que nos

ajudou bastante a chegar aqui e poder dizer estas palavras a todos.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Dr. Paulo, V.Sa.

tem mais um minuto para concluir.

O SR. PAULO RODRIGUES MENDES - Concluirei.

Neste instante, gostaria de conclamar as entidades representantes de

trabalhadores a unirem esforços com a ANER, sem hierarquias, sem maiores e

menores, para que pautas comuns fossem defendidas em grupo, representando o

pensamento de toda a estrutura de servidores das agências, em favor da sociedade

brasileira.

Agradeço esta oportunidade. Estamos à disposição para quaisquer

esclarecimentos e ações.

Obrigado. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Concedo a palavra

à Dra. Maria Cristina, da Agência Nacional de Águas. S.Sa dispõe de 3 minutos.

A SRA. MARIA CRISTINA DE SÁ OLIVEIRA MATOS BRITO - Gostaria, em

primeiro lugar, de agradecer o gentil convite do Presidente, visto que não

constávamos do programa.

Sou servidora da Agência Nacional de Águas e Presidente da Associação

dos Servidores da Agência Nacional de Águas, a primeira agência a ter seu quadro

efetivo concursado pelas chamadas novas carreiras.

Acho muito conveniente que a Comissão de Trabalho da Câmara federal faça

uma audiência pública para saber dos problemas dos recursos humanos das

agências.

Como estou falando em nome da Associação dos Servidores da ANA, posso

falar de alguns problemas que temos lá e também de algumas conclusões de caráter

geral, dentro dos meus pequenos 3 minutos.

Como a ANA foi a primeira das agências reguladoras que teve a carreira com

concurso, a nova carreira, temos uma história bem antiga. Entramos em fins de 2003

e temos uma previsão de quadro, mas não foi completada sequer a metade desse

quadro. Então, um dos problemas que temos é que o Ministério do Planejamento

não autoriza concurso e, quando autoriza, o faz em conta-gotas, com 30, 35 vagas.

Por isso, não temos sequer a metade do quadro de carreira. Em função disso, a

ANA tem poucos analistas administrativos e tem, em seu quadro, quase 300

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terceirizados, não para as carreiras de especialistas, mas para as carreiras

administrativas. É uma coisa grave e o Governo tem que tomar providências no

sentido de extinguir esse processo de terceirização nas agências reguladoras.

Um outro problemas foi citado pelos colegas. Trata-se da composição salarial.

Parte dos salários são em vencimento e parte em gratificação. Esse é um problema

muito grave para nós. Defendemos que os salários sejam dos servidores e não parte

dele em gratificações, porque gratificação pode ser retirada e trazer problemas no

futuro.

Outra questão é o problema da distribuição dos cargos técnicos, também já

relatado aqui. No caso da ANA isso tem crescido na carreira, mas os cargos

técnicos são importantes. Chamaria atenção dos Srs. Deputados para o fato de que

o Projeto de Lei nº 3.337 amplia os CCTs para fora dos quadros das carreiras das

agências. Isso é preocupante e gostaria que, na discussão, fosse levado em conta.

Por fim, como tenho pouco tempo para falar, já que os Deputados estão

discutindo o Projeto de Lei nº 3.337, muito me preocupa que a discussão das

regulações se dê de forma tão genérica. Parece que a única preocupação é com a

estabilidade ou não dos dirigentes das agências. Esse é apenas um pequeno

problema. As agências precisam ter um corpo técnico competente, forte, com

formação suficiente e salários suficientes, porque as diretorias são transitórias e os

corpos técnicos são definitivos. Então, é importante que isso seja levado em conta e

que seja discutida não somente a questão das diretorias das agências, mas o

caráter regulatório.

A regulação não surgiu com as agências reguladoras. Elas regulam coisas

diferentes, não regulam somente mercado. No caso da ANA, nós regulamos o uso

de um bem de domínio público nacional, que é a água. Portanto, o caráter de

regulação não é só sobre mercado. É sobre bens e, às vezes, sobre serviços. A

regulação é como o Estado regulamenta essas coisas, não é só o mercado.

Chamo atenção para isso porque, no caso da ANA, não regulamos serviços e,

em suma, não regulamos o mercado, mas detemos o poder de concessão, de

outorgas para o uso da água e temos também o papel executivo. Então, existem

algumas diferenças de papel, e é preciso que a lei das agências também se detenha

nessa discussão.

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Pretendemos fazer, no fim do mês de novembro, o Fórum das Associações

de Servidores das Agências Reguladoras. Pretendemos realizar um debate sobre

essa questão da regulação. O que é, qual é o papel do Estado na regulação ao

longo do tempo e qual deve ser o nosso papel como reguladores.

Por fim, agradeço ao Sr. Presidente da Mesa por ter nos cedido, tão

gentilmente, esse espaço.

Obrigada. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Concedo a palavra

à Dra. Marília Cunha, representante da Associação Nacional dos Servidores da

ANVISA. V.Sa. dispõe de 3 minutos.

A SRA. MARÍLIA COELHO CUNHA - Sr. Presidente, também agradeço esta

oportunidade. Sou especialista em regulação sanitária, sou servidora da ANVISA,

sou farmacêutica e tenho 25 anos de trabalho no setor de saúde pública.

Srs. Deputados, primeiramente, gostaria de dizer que a ANVISA veio do

antigo Departamento de Vigilância Sanitária, criado por D. João VI. É considerada,

pela organização Mundial de Saúde, como uma das melhores e maiores barreiras

sanitárias do mundo. A Organização Mundial de Saúde considera a barreira sanitária

brasileira melhor do que a dos Estados Unidos.

As pessoas aqui se lembram quando foi informado pela IstoÉ, há uns 10 ou

15 anos, que a cólera chegaria ao Brasil e mataria 3 milhões de habitantes. Foi

graças à barreira sanitária que isso não aconteceu. Os servidores antigos da

ANVISA — médicos, mestres, doutores, farmacêuticos e enfermeiros — que estão

nas PAFs dos portos e aeroportos, garantindo a segurança das mercadorias que

entram e saem do Brasil, é que dão esse tom para o País.

A vigilância sanitária tem um papel fundamental nesse ponto, porque garante

no mercado internacional a ida dos produtos brasileiros para fora do Brasil e também

a importação desses produtos.

Quis levantar esse aspecto porque fica difícil para mim falar de outras

agências. A ANVISA tem muitos problemas nas áreas de registro e inspeção de

medicamentos, mas quis mostrar a importância que hoje tem a regulação federal,

não só como regulação de mercado, mas como regulação de controle dos serviços e

regulação como um papel do Estado na defesa da sociedade brasileira. A regulação

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não pode existir apenas para garantir contratos com as empresas multinacionais,

mas para servir para garantir a segurança e a qualidade de vida do povo brasileiro.

Nós, do sindicato — pertenço ao Sindicado dos Servidores das Agências

Reguladoras e à ANSEVS —, entendemos assim. Defendemos também a proposta

dos servidores novos, porque os servidores antigos das agências têm uma carreira

de Estado; os novos, não. Por isso, defendemos a reestruturação das carreiras das

agências, segundo a Lei nº 11.358, que é a carreira de Estado, para mostrar que a

regulação, o controle regulatório no País não é uma questão de Governo, mas de

Estado: fiscalizamos, inspecionamos, normatizamos, regulamos. Por isso,

precisamos ser considerados carreiras de Estado.

Tudo o que o Sr. João Maria falou sobre o problema do servidor novo, que

não tem absolutamente nenhuma segurança, é muito sério, e esse regulador bem

formado, se continua com este salário de 2 mil e 900 reais, acaba sendo capturado

pelo setor regulado. É uma questão da vida, as pessoas precisam ser bem

remuneradas. Por isso a importância da reestruturação das carreiras.

Segundo a Lei nº 11.358, transformar essa nova carreira em carreira de típica

de Estado é fundamental.

Agradeço imensamente ao Deputado Daniel Almeida, que tem sido um

batalhador nessa luta pelo fortalecimento, pelo reconhecimento da importância dos

servidores, do corpo técnico das agências reguladoras, e ao Presidente da Mesa,

por abrir este espaço para a Associação dos Servidores da Vigilância Sanitária.

(Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Concedo a palavra

ao Dr. Joelson Miranda, Presidente da Associação dos Servidores da ANTAQ. V.Sa.

dispõe de 3 minutos.

O SR. JOELSON NEVES MIRANDA - Bom-dia, Sr. Presidente, a quem

agradeço a oportunidade, demais membros da Mesa, Srs. Parlamentares, senhores

assessores, colegas das agências reguladoras, serei breve. Venho ratificar uma

certa indignação por não estarem aqui presentes representantes do Ministério do

Planejamento e da Casa Civil.

Lamento também a ausência do debate, no PL nº 3.337, de questões

importantes, como a autonomia financeira das agências reguladoras. Se

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observarmos o referido projeto de lei, veremos que ele traz cerca de 3 páginas, de

umas 15 ou 20, que tratam apenas de procedimentos de reuniões de diretoria e

deixam de fora questões que deveriam ser debatidas nesta Casa junto com a

sociedade.

Sobre essa dificuldade posso relatar, inclusive, dificuldades financeiras que

vivemos hoje na ANTAQ, a ponto de o Superintendente de Administração e

Finanças ter de ir ao Ministério do Planejamento ainda este ano, fechando o primeiro

semestre, para pedir liberação de recursos para que fosse possível realizar viagens

para serem feitas fiscalizações.

Dificuldades como essa também inviabilizam o concurso público da ANTAQ.

Há quase 6 meses a diretoria da agência pediu liberação de vagas para o

preenchimento do quadro. Essa não-liberação faz com que hoje não tenhamos, por

exemplo, unidades administrativas regionais em vários Estados que têm importante

papel no âmbito de portos, da navegação interior e marítima.

Essa dificuldade financeira faz com que nosso orçamento para capacitação

de pessoal seja apenas de 450 mil reais, o que, como resultado, faz com que uma

agência que caminha para 2 anos do seu primeiro novo concurso (já existiu um

quadro específico, como aqui foi esclarecido) ainda não tenha um servidor cursando

uma pós-graduação, uma especialização, um mestrado ou doutorado.

Ratifico a idéia de que hoje somos mal remunerados. Não entendo uma

distorção salarial se compararmos, por exemplo, como ciclo de gestão. Não estou

defendendo a idéia de que deveríamos ser inclusos nessa categoria, mas não

entendo essa diferenciação salarial de um analista administrativo, com todas as

suas gratificações, se alcançar 100% da parte individual, institucional, receber 4 mil

reais, um especialista ficar em torno de 6 mil reais e um especialista desse ciclo de

gestão beirar 8 mil reais.

Tendo em vista a complexidade das atividades, o caráter técnico, me assusta

a imprensa hoje discutir capacidade técnica dos diretores sem discutir a capacidade

técnica do quadro de servidores. Como vamos reter esses bons servidores se não

tivermos uma remuneração compatível com suas atividades?

Era isso. Agradeço, mais uma vez, a oportunidade. Colocamo-nos à

disposição para debates mais aprofundados.

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Obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Com a

concordância do Deputado Daniel Almeida e atendendo a pedido do Presidente,

Deputado Nelson Marquezelli, concederemos a palavra a 3 pessoas que dela

queiram fazer uso. Depois, passaríamos a palavra aos Deputados.

Com a palavra o Sr. Ronaldo, por 2 minutos.

O SR. RONALDO SERNA QUINTO - Sou da ANATEL e Vice-Presidente da

ANER. Só queria reafirmar o que foi dito na mesa e dizer que a questão

remuneratória nas agências realmente é muito complicada, está gerando um nível

de evasão absurdo e essa evasão não está permitindo que se crie uma

habitualidade regulatória, vamos dizer assim. As pessoas estão entrando e saindo

das agências muito rapidamente. O Governo gasta muito dinheiro com concurso, o

servidor não esquenta a cadeira nas agências e logo em seguida sai. E pior: sai para

ocupar um cargo público no próprio Governo. Isso é um absurdo.

Outra questão é com relação à capacitação. Os servidores nas agências

precisam ser capacitados. A capacidade regulatória, a qualidade regulatória

depende de capacitação. Servidor não capacitado regula mal. O PL nº 3.337 não

aborda essa questão, e isso é premente. Sem capacitação servidor regula mal, isso

precisa ser dito.

Enfim, era isso que tinha a dizer.

Obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Com a palavra o

Sr. Osvaldo Barbosa, por 2 minutos.

O SR. OSVALDO BARBOSA FERREIRA FILHO - Sou geólogo do

Departamento Nacional de Produção Mineral — DNPM. O DNPM é um órgão da

Administração Direta, do Ministério de Minas e Energia, e como entidade reguladora

acredito que é o mais antigo da República. Foi criado em 1934, e desde então faz

concessão mineral, fiscaliza a concessão mineral, regula a concessão mineral,

estabelecendo tamanhos de áreas; faz todo o acompanhamento do processo de

uma concessão mineral.

A demanda dos servidores do DNPM é a sua transformação, de fato e de

direito, numa agência reguladora, afinal, já fazemos regulação há muito tempo. Em

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1994, fomos transformados em uma autarquia, no aguardo de que as outras

agências fossem criadas, uma vez que a mineração já é privada desde então.

Portanto, aguardamos que fossem criadas outras agências reguladoras para

aquelas áreas que estavam sendo privatizadas.

Para se ter uma lembrança de que o DNPM já faz isso há muito tempo, basta

saber que as concessões de petróleo eram feitas pelo DNPM, bem como as

concessões de água, o que fazemos até hoje.

Era esse o meu recado. Não esqueçam deste detalhe importante, que é a

transformação do DNPM numa agência reguladora de direito.

Obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Com a palavra o

Deputado Daniel Almeida.

O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Sr. Presidente, Deputado Sabino

Castelo Branco, agradeço a V.Exa. Cumprimento os convidados, os representantes

de entidades, associações e agências reguladoras que aqui se manifestaram.

Sr. Presidente, quem não pôde comparecer a este debate perdeu a

oportunidade de ter contado com argumentos sólidos e números muito contundentes

que evidenciam a necessidade de tratarmos de forma adequada esse tema.

Caminhamos para completar 10 anos de instituição desse modelo das

agências reguladoras. Em certos momentos, fez-se este debate: se era uma tese, se

atendia a objetivos neoliberais, conservadores, progressistas etc. Mas isso já ficou

para trás. O atual Governo, ao assumir, produziu um debate em torno dessa

questão. Esta Casa, inclusive, realizou e continua realizando alguns debates para

tratar do assunto. Mas o próprio Governo concluiu, numa comissão que formou, que

as agências têm um papel importante, têm espaço, são realmente necessárias.

Portanto, não há mais nenhuma discussão a esse respeito.

Ajustes em relação ao funcionamento e às atribuições das agências estão

sendo feitos. É um processo natural da dinâmica da economia e da sociedade.

O Projeto de Lei nº 3.337, de 2004, busca abordar o aspecto do

funcionamento e das atribuições das agências. Verificou-se aqui alguns elementos

que poderiam e deverão ser incorporados a esse debate que está em curso nesta

Casa sobre o referido projeto, especialmente no que diz respeito à autonomia

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financeira das agências reguladoras. Devemos ter como foco saber o que é

necessário para fortalecermos as agências reguladoras. Esse é o debate que temos

de fazer.

Quando discutíamos a LDO –– sou membro da Comissão de Orçamento ––,

apresentamos emendas com o objetivo de evitar o contingenciamento das agências

reguladoras. Fica evidente que muita coisa não é feita. O desenvolvimento de alguns

setores está inibido, emperrado, em função da impossibilidade de essas agências

atuarem.

Conversava muito com o Diretor-Geral da Agência Nacional de Petróleo,

Haroldo Lima, e S.Sa. falava da angústia diante dos limites impostos. Mas isso não é

diferente em outras agências.

Pelos argumentos e dados que temos disponíveis, sabemos que os

funcionários das agências são técnicos, são pessoas altamente qualificadas, porém,

em número insuficiente e sem segurança para exercerem suas atividades, para

melhor se qualificarem, se dedicarem e se empenharem de forma mais efetiva, com

maior segurança, no trabalho que devem realizar.

Acho muito rico e produtivo este debate que aqui realizamos.

Indago aos componentes da Mesa o seguinte: por que não tivemos aqui a

presença do Governo Federal? Mais uma vez, protesto, lamento e afirmo que nós,

desta Comissão, não devemos nos acomodar, não devemos aceitar isso como algo

natural. Isso é um desrespeito à Comissão, a todas as entidades aqui convidadas e

à sociedade brasileira! Aqui estamos tratando de um assunto que diz respeito a

regular bens, serviços, mercados, em atividades tão fundamentais e essenciais. É o

protesto que faço aqui, no aguardo das medidas que serão adotadas.

Indago, ainda, sobre como estão sendo feitas as tratativas, como o Governo

tem recebido essas demandas. Senti que há certa unidade entre os especialistas

das entidades, principalmente os da SINAGENCIAS, com os quais tenho

conversado muito –– inclusive, foram eles que sugeriram a realização desta

audiência pública.

Sr. Paulo, estamos com os gabinetes abertos para o diálogo com todos os

setores. Aliás, o meu gabinete está sempre aberto ao diálogo. E sempre recebo as

pessoas nos corredores, neste ambiente meio caótico, em função do funcionamento

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da Casa. Geralmente, atendemos mal as pessoas porque o tempo nos pressiona em

virtude da agenda e atividades múltiplas que se acumulam. Apesar de não termos

nenhuma dificuldade em dialogar –– o que não é nada demais; é nossa obrigação —

essa é uma tarefa muito difícil. Mas sempre estamos dispostos a dialogar.

Indago o seguinte a V.Sas.: como isso tem sido feito? O Governo tem

recebido essas demandas? Aliás, conhece o conteúdo dessas demandas, dessas

proposições aqui expostas? Tem tido dificuldade nessa relação?

Eu, que tenho acompanhado o tratamento que é dado a outras categorias,

percebo que sempre se fala em criação de grupos de trabalho para materializar o

conteúdo dessas proposições. Como isso está sendo feito no setor? Há avanço

nessa direção, ou está tudo emperrado?

Enfim, eram essas questões que eu gostaria de saber. E já que não temos

aqui a presença dos representantes que deveriam esclarecer sobre este assunto,

indago como poderemos, nesta Comissão, contribuir?

Sr. Presidente, sugiro que ouvíssemos os demais Deputados, e, ao final, os

membros da Mesa nos respondessem em conjunto.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Passo a palavra ao

Deputado Edinho Bez.

O SR. DEPUTADO EDINHO BEZ - Sr. Presidente, colegas Parlamentares,

senhores convidados, demais representantes de entidades presentes, inicio minhas

palavras parabenizando a todos por esta reunião, pela grande oportunidade que

temos tido de ouvir as pessoas que sentem na pele, porque convivem e conhecem

os problemas. Isso é fundamental para nós, Parlamentares.

Sou membro da Comissão Mista de Orçamento e Vice-Líder do PMDB.

Conforme disse o Deputado Daniel Almeida –– inclusive, fazemos coro ao que

S.Exa. disse ––, nos esforçamos para evitar o famoso contingenciamento, que já

conhecemos na vida pública.

Cumprimento a todos que falaram, cada um com sua maneira, com sua

característica e forma de pensar. Enfim, todas as manifestações foram importantes.

Mas quero, sem discriminar quem quer que seja, destacar o Sr. João Maria

Medeiros de Oliveira pela maneira sentimental como se manifestou. Isso é muito

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importante para nós, políticos. Político que não tem sensibilidade não deve ser

político. Acima de tudo, temos que saber o que os segmentos da sociedade

desejam e o que nós, na qualidade de Deputados, podemos representar. Mas os

meus cumprimentos são extensivos a todos.

Foi dito aqui que os servidores das agências reguladoras correm risco, o que

é verdade, porque têm a função de fiscalizar. Porque existem interesses locais. De

repente, eles, como brasileiros, como servidores responsáveis pelo exercício das

suas funções, no cumprimento da lei, no dever da legislação, no intuito de

observarem as irregularidades, esbarram com interesses de Deputados, de

prefeitos, de fazendeiros, de empresários.

Sei que isso é verdadeiro, porque amigos meus trabalham em áreas diversas

de fiscalização. Precisamos enaltecer as pessoas sérias, corretas, os bons

profissionais, porque existe hoje no País uma inversão de valores: o corrupto, aquele

que se vende, acaba se dando bem. Não sei se a consciência desse realmente está

se dando bem. Mas precisamos premiar, valorizar as boas pessoas. Anteontem, fiz

um pronunciamento citando o caso recente no futebol brasileiro, sobre as

irregularidades ocorridas na arbitragem. O que tange à má-fé, prefiro deixar de lado.

Mas precisarmos, sim, de capacitar os bons profissionais, dentre os quais juízes e

auxiliares, para evitar essa desesperança que toma conta dos torcedores brasileiros.

E aproveito a oportunidade para lembrar o caso da árbitra-auxiliar Ana Paula –– sem

querer descaracterizar a mulher. Aliás, sempre falo que a mulher representa 50% da

relação; o homem, 50%. Ou seja, um precisa do outro. Isso faz parte da minha

filosofia, que acredito como verdadeira. Mas essa árbitra cometeu alguns erros,

eliminando times para não ganharem títulos; e a partir desse momento virou notícia.

E o engraçado é que continua dando entrevistas até hoje. E quanto aos bons

árbitros?! E quanto àqueles que trabalham direito? Esses não aparecem, não são

enaltecidos. É isso que quero dizer a todos vocês, bons profissionais, pessoas

sérias que vestem a camisa do Brasil, que têm orgulho de ser brasileiro: não se

arrependam de ser assim. Precisamos resgatar, o mais rápido possível, a dignidade

e a honradez daquelas pessoas que se dedicam a seu trabalho com eficiência e

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honestidade. Para isso, precisamos começar as ações. O Supremo Tribunal já deu

um exemplo. Nós, que estávamos desacreditando da Justiça, que já não

acreditávamos em mais nada, agora vemos que a Justiça começa a resgatar essas

coisas. Não estamos condenando ninguém aqui — não é isso. Tomara que todos

sejam absolvidos. Porém, temos que apurar se houve erros. Se houve, que sejam

penalizados. Mas, se agiram certo, temos que dar oportunidade para que digam que

estavam corretos.

Concordo com as reivindicações dos demitidos, que é idêntica às dos

anistiados, pois vários trabalhadores foram demitidos injustamente. Mas concordo

com a posição do atual Governo. Sei que ele tem boa vontade de resolver essas

questões, porque participo das reuniões –– faço parte da base do Governo,

representando o PMDB. E noto má vontade em termos de velocidade, que é um

negócio maluco! Se não formos firmes, persistentes, acabamos desistindo,

desanimando. Falta coragem para fazer a coisa andar. Há demitidos da Rede

Ferroviária Federal de Tubarão, na minha Santa Catarina, Estado que represento no

Congresso Nacional, que estão passando fome. Há ano e meio participamos de

reuniões e mais reuniões, e até agora nada. Ainda ontem, nos reunimos novamente.

A próxima reunião, que seria em junho, foi repassada para agosto. Hoje termina o

mês de agosto e ainda essa questão continua pendente, porque um entrou de férias,

o outro que carimba não apareceu, e as coisas vão se arrastando. Por esse motivo,

estou enaltecendo o valor desta reunião.

Devo dizer, Sr. Presidente, que gostei muito desta audiência pública. Aliás,

precisamos nos reunir mais, porque assim acabarão chamando a nossa atenção.

Esta reunião é para ouvir todos os senhores. Temos que receber sugestões. É

preciso que cada um nos passe o seu sentimento, e que nós, na qualidade de

representantes do povo, tentemos ajudar na medida do possível. O Deputado não

tem o poder da decisão; ela é governamental. No entanto, temos o poder, com a

força que temos, na qualidade de representantes de povo no Congresso Nacional,

de tomarmos posição e agirmos em conformidade.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que também é importante definirmos tarefas,

critérios e fazermos planejamento. Muitas vezes, procuramos o Governo, o Ministro,

mas é preciso que saibamos o que estamos fazendo ali — e que nos digam o que

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estamos fazendo de errado. É que o homem público tem tantas obrigações –– a

exemplo de nós, não é Sr. Daniel? ––, que às vezes algumas coisas escapam.

Quando tratamos de determinados assuntos, como a saúde, a educação, os

transportes, é necessário que haja um acompanhamento de toda essa

representatividade aqui presente, principalmente quanto a uma série de detalhes.

Precisamos de mais funcionários?! Vamos dar um basta a isso, promovendo

concursos públicos por este Brasil afora. Isso ocorre no âmbito das Prefeituras, dos

Governos Estaduais, até do Governo Federal. Precisamos, comprovadamente, de

mais funcionários. Faça-se concurso. Mas, depois, se chamam apenas 20%, os

demais aprovados, mas que não foram chamados a tomar posse, ficam ligando para

o Deputado: “Meu filho passou no concurso. Quando vai ser chamado?” É uma

perda de tempo generalizada, por falta de critério mais rigoroso nesse sentido. Quanto à vigilância sanitária aqui citada, muitos não têm noção de sua

importância. Falo como representante de Santa Catarina, exportador da área

alimentícia. Sei das exigências internacionais. Precisamos de pessoas na ANVISA

que sejam qualificadas, preparadas e motivadas. Do contrário, é só prejuízo para o

Brasil. Vejam o que ocorre na área portuária. Produtos exportados para a Rússia

retornaram ao Brasil em função da vigilância sanitária. São aspectos

importantíssimos, como foram hoje apresentados.

Parabenizo os senhores e ponho-me à disposição, juntamente com o

Deputado Daniel Almeida e outros colegas.

Apresentei vários projetos, como outros colegas, requerimentos,

pronunciamentos e iniciativas, que não foram deste Deputado, mas resultado de

reuniões como esta. São iniciativas que surgiram de conversas nos aeroportos, nos

escritórios das bases. Muitas sugestões acabam se transformando em soluções. É

isso que queremos.

Colocamo-nos à disposição e parabenizamos V.Exas. por esta audiência

pública.

Muito obrigado. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Antes de encerrar

os trabalhos, agradeço a presença de todos, em especial dos nossos convidados.

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Comunico que haverá reunião ordinária deliberativa dia 5 de setembro, às 10

horas, neste plenário, para apreciação da Pauta nº 27/2007.

Concedo a palavra, pela ordem, ao Deputado Daniel Almeida.

O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Sr. Presidente, pensei que ainda

haveria um momento para os convidados. Fiz uma indagação, e talvez fosse

conveniente ouvir a resposta, antes de V.Exa. encerrar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - V.Exa. fez

indagação a todos? A resposta pode vir dos convidados que estão à Mesa?

O SR. DEPUTADO EDINHO BEZ - Sr. Presidente, pela ordem. É apenas

uma frase. Não posso deixar de registrar e cometer uma injustiça. Parabenizo o

Deputado Daniel Almeida, que está à frente disso tudo, que vem lutando e brigando

pela causa. Estamos sendo parceiros de S.Exa. Sempre é preciso que alguém puxe.

E S.Exa. é um dos puxadores nessa área.

O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Estou aprendendo com V.Exa.

O SR. PAULO RODRIGUES MENDES - Agradeço.

Deputado, a pergunta é com relação ao tratamento que o Governo nos tem

dado. O Governo nos escuta muito por telefone, especialmente a ANER. Audiências

com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão não se realizam desde o

início deste ano. A regulamentação da GDAR demorou 770 dias. A regulamentação

da Gratificação de Qualificação está demorando, ainda não foi regulamentada,

depois de 1.174 dias. Nossa possibilidade de negociar é muito tênue. Às vezes, nos

recebem, conversamos, mas não se progride no assunto. No Ministério, na

Secretaria de Recursos Humanos, há uma pasta com inúmeros pedidos, mas ainda

sem atendimento.

Este é meu depoimento, mais uma vez trazendo a necessidade de que o

Governo tenha mais interesse por seus servidores.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Deputado Daniel

Almeida, V.Exa. está satisfeito? Ou ainda tem alguma pergunta?

O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Sr. Presidente, gostaria de ouvir a

opinião do Sr. João Maria Medeiros e, se for possível, fazer uma sugestão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Pois não.

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O SR. JOÃO MARIA MEDEIROS - No debate com os servidores das

agências, há uma mesa permanente de negociação com o Governo. Normalmente,

abrimos um processo de negociação para 2 anos. O Governo já entende: no

primeiro ano, esperamos que se resolva na negociação; e, se não resolver, o

segundo ano é greve, algo que não é bom para ninguém — nem para nós,

trabalhadores, nem para o Governo nem para a sociedade, as empresas, o setor

produtivo etc.

Temos percebido que a mesa de negociação não funciona como deveria. Os

interlocutores não têm poder de decisão, que, por sua vez, remetem os assuntos a

seus superiores. Há uma grande divergência de opiniões no âmbito do Governo, de

forma que, muitas vezes, o entendimento feito numa mesa não se configura em fato,

realmente, no âmbito do Poder Executivo, para que se resolva o problema. Das

negociações anteriores, há inúmeras pendências. Estamos cobrando o compromisso

das pendências assumidas, que o Governo cumpra sua parte, para podermos entrar

num debate mais forte: nossa proposta para 2007.

A mesa é uma ferramenta importante, mas ela tem que dar resultados.

Senão, cai no descrédito, o que fica complicado para o próprio Governo e para

encontrarmos uma solução que não seja o movimento, a mobilização.

Dando um exemplo rápido, sabendo da dificuldade de negociação, o

SINAGENCIAS defende arduamente a unidade da categoria. Todas as associações,

inclusive a ANER, na condição de associação, não de sindicato, devem participar

dos debates com as demais associações e com o SINAGENCIAS, porque temos

que lutar juntos. Se estivermos divididos, vai ser perfeito para o Governo fatiar da

forma que quiser.

Uma das ferramentas de pressão são os atos públicos. Ao meio-dia, vamos

fazer um ato público, em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,

já indignados com a ausência do Governo nesta Mesa, cobrando que se resolva

nossas reivindicações. Na próxima quinta-feira, o ato público será no Rio de Janeiro,

na Cinelândia, juntamente com a presença de outras entidades, como o sindicato

dos aeroviários, que estão sofrendo com a questão da crise aérea. Refiro-me ao

Sindicato da Infra-estrutura Aeroportuária. Estamos chamando todos eles para

participarem desse ato público.

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Com relação ao ato público de Brasília, queremos que cada liderança se

apresente, use da palavra e dê sua opinião, para que o Governo e a sociedade

entendam que é preciso fortalecer o canal de negociações, o que evita a greve, algo

que não queremos. Mas, se não tiver jeito, a categoria está preparada para esse

momento.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Concedo a palavra

ao Sr. Paulo Rodrigues Mendes.

O SR. PAULO RODRIGUES MENDES - Sr. Presidente, tenho um comentário

em relação às palavras do companheiro João Maria Medeiros. A ANER está se

transformando numa entidade sindical, aprovada pelos especialistas em regulação

das agências, em função de que o foco de atuação seja mais produtivo, porque a

representatividade de múltiplos segmentos tem criado dificuldades, por haver

diferenças muito grandes entre os pleitos e as necessidades de muitos segmentos.

A unicidade sindical determina que uma categoria tenha apenas 1 sindicato. A

ANER sindical é o Sindicato Nacional dos Especialistas em Regulação das Agências

Reguladoras Federais.

Estamos unidos e sempre dispostos a articularmos e trabalharmos juntos em

prol do desenvolvimento de todas as carreiras das agências.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Antes de encerrar,

concedo a palavra ao Deputado Daniel Almeida.

O SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA - Sr. Presidente, abstraindo as

discussões sobre a organização sindical, também sou sindicalista, sei que essas

coisas acontecem. Não entro no mérito, porque cada um tem argumentos e razões.

Mas é sempre muito importante construir unidades. Pelo que pude perceber nas

intervenções, há um grande grau de unidade em torno dos elementos centrais do

tema.

Sugiro que, neste final de audiência pública, assumamos o compromisso, em

nome da Comissão, de procurar o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

e a Casa Civil, na tentativa de mediar esse entendimento, fazer contato direto com o

Ministro. Se isso não for possível encaminharemos daqui requerimentos de

convocação das pessoas que não estiveram aqui hoje. Mas acho que não será

necessário.

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Page 37: DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO · Federal. O Sr. Duvanier, do Ministério do Planejamento, foi convidado para esta audiência pública, e até agora não sabemos

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço PúblicoNúmero: 1383/07 Data: 30/08/2007

O importante é que tenhamos, o que é absolutamente natural, normal e de

direito de ter, interlocução com as pessoas que estão com a responsabilidade de

decidir. Então, que ficasse entre nós essa decisão. É muito importante que nesse

contato, que é a abertura dos espaços, haja um grau de unidade sobre o que vai ser

encaminhado, para não haver dificuldades ou barreiras para essa interlocução. Não

cabe à Comissão decidir sobre o conteúdo do que vai ser negociado, mas é óbvio

que isso pode ser um elemento de argumento e justificativa do Governo para

protelar e dificultar a busca desse entendimento.

Deixo esta sugestão aqui e, mais uma vez, coloco o nosso mandato à

disposição. Proponho, se a Comissão desejar dessa forma, fazer os

encaminhamentos em nome da Comissão; e, além disso, que possamos mobilizar

outras lideranças da Casa, lideranças de diversos partidos para constituir uma

comissão mais ampla que possa extrapolar o ambiente desta Comissão. Na

Comissão temos a presença de todos os partidos, de todas as forças políticas, mas

sempre identificamos algumas lideranças que, por alguma razão ou outra,

dedicam-se mais, envolvem-se mais nesses temas. Então, vamos trazê-las, a fim de

que contribuam conosco, formando uma comissão mais abrangente.

Quero saudar a todos e dizer da disposição que esta Comissão terá para

colaborar para que haja um bom entendimento.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Sabino Castelo Branco) - Deputado Daniel

Almeida, quero dizer que esta Presidência acata sua sugestão, e V.Exa. pode

apresentá-la em nome da Comissão de Trabalho. Queremos parabenizar e

agradecer a V.Exa., como representante do povo como sempre tem sido nesta

Casa, lutador pelos interesses dos trabalhadores, que a nossa Comissão do

Trabalho está à disposição de todos os senhores.

Vamos encerrar a nossa audiência pública, convocando nova reunião para o

dia 5 de setembro, às 10 horas da manhã, neste plenário, para apreciação da Pauta

nº 27/2007.

Está encerrada a reunião.

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