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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 229.4.53.O DATA: 21/12/10 TURNO: Vespertino TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD INÍCIO: 14h TÉRMINO: 19h34min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO Hora Fase Orador 15:08 PE DANIEL ALMEIDA 19:26 GE PAES LANDIM Incluídos os seguintes discursos: do Deputado Daniel Almeida proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 180, realizada em 6 de outubro de 2010; do Deputado Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 181, realizada em 7 de outubro de 2010; do Deputado Daniel Almeida proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 189, realizada em 9 de novembro de 2010; do Deputado Luiz Bassuma proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 190, realizada em 10 de novembro de 2010; do Deputado Luiz Bassuma proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 194, realizada em 17 de novembro de 2010; do Deputado Luiz Bassuma proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 203, realizada em 24 de novembro de 2010; do Deputado Marcelo Itagiba proferido na Sessão Extraordinária da Câmara dos Deputados nº 204, realizada em 25 de novembro de 2010; do Deputado Daniel Almeida proferido na Sessão Extraordinária da Câmara dos Deputados nº 204, realizada em 25 de novembro de 2010; do Deputado Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 208, realizada em 30 de novembro de 2010.

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIAREVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 229.4.53.O

DATA: 21/12/10

TURNO: Vespertino

TIPO DA SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

INÍCIO: 14h

TÉRMINO: 19h34min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR PARA REVISÃO

Hora Fase Orador15:08 PE DANIEL ALMEIDA19:26 GE PAES LANDIM

Incluídos os seguintes discursos: do Deputado Danie l Almeida proferido na SessãoOrdinária da Câmara dos Deputados nº 180, realizada em 6 de outubro de 2010; doDeputado Paes Landim proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 181,realizada em 7 de outubro de 2010; do Deputado Dani el Almeida proferido na SessãoOrdinária da Câmara dos Deputados nº 189, realizada em 9 de novembro de 2010; doDeputado Luiz Bassuma proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 190,realizada em 10 de novembro de 2010; do Deputado Lu iz Bassuma proferido na SessãoOrdinária da Câmara dos Deputados nº 194, realizada em 17 de novembro de 2010; doDeputado Luiz Bassuma proferido na Sessão Ordinária da Câmara dos Deputados nº 203,realizada em 24 de novembro de 2010; do Deputado Ma rcelo Itagiba proferido na SessãoExtraordinária da Câmara dos Deputados nº 204, real izada em 25 de novembro de 2010; doDeputado Daniel Almeida proferido na Sessão Extraor dinária da Câmara dos Deputados nº204, realizada em 25 de novembro de 2010; do Deputa do Paes Landim proferido na SessãoOrdinária da Câmara dos Deputados nº 208, realizada em 30 de novembro de 2010.

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CÂMARA DOS DEPUTADOSAta da 229ª Sessão, em 21 de dezembro de 2010

Presidência dos Srs. ...................................................................

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...................................................................

ÀS 14 HORAS COMPARECEM À CASA OS SRS.:

Michel Temer

Marco Maia

Antonio Carlos Magalhães Neto

Rafael Guerra

Inocêncio Oliveira

Odair Cunha

Nelson Marquezelli

Marcelo Ortiz

Giovanni Queiroz

Leandro Sampaio

Manoel Junior

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 229.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 21/12/2010 Montagem: 4171

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I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Manato) - A lista de presença registra na Casa o

comparecimento de 152 Senhoras Deputadas e Senhores Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos

trabalhos.

O Sr. Secretário, o nobre Capitão Assumção, procederá à leitura da ata da

sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. CAPITÃO ASSUMÇÃO , servindo como 2° Secretário, procede à leitura

da ata da sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Manato) - Passa-se à leitura do expediente.

O SR. CAPITÃO ASSUMÇÃO , servindo como 1° Secretário, procede à leitura

do seguinte

III - EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Antes de dar prosseguimento à sessão, esta

Mesa dá conhecimento ao Plenário do seguinte

“Ofício nº 508/2010-CN

Senhor Presidente, comunico a V.Exa. e, por seu

alto intermédio, à Câmara dos Deputados, que esta

Presidência, nos termos do disposto no § 3º do art. 60 da

Constituição Federal, combinado com o art. 85 do

Regimento Comum, convoca sessão solene do

Congresso Nacional a realizar-se dia 22 de dezembro do

corrente, quarta-feira, às dez horas, no Plenário do

Senado Federal, destinada à promulgação da Emenda

Constitucional nº 67, de 2010, que ‘prorroga por tempo

indeterminado o prazo de vigência do Fundo de Combate

e Erradicação da Pobreza’.

Aproveito a oportunidade para renovar a V.Exa.

protestos de apreço e consideração.”

Assina o Senador José Sarney, Presidente do Senado Federal.

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Passa-se ao Pequeno Expediente.

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Deputado Pedro Novais, primeiro orador inscrito, por

permuta com o Deputado Manato.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 229.4.53.O Tipo: Ordinária - CDData: 21/12/2010 Montagem: 4171

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O SR. PEDRO NOVAIS (Bloco/PMDB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, referindo-se a mim, o site www.terra.com.br

publica, há vários dias, tópico da Agência Brasil, nos seguintes termos:

“Na década de 90, ele chegou a ser citado na

Comissão Parlamentar de Inquérito dos Anões do

Orçamento, que investigou fraudes e esquema de desvio

de recursos por meio de emendas parlamentares”.

A propósito, desejo informar, a bem da verdade, que não fiz parte da CPMI do

Orçamento instalada em 19 de outubro de 1993 e encerrada em 21 de janeiro de

1994, nem compareci a nenhuma de suas reuniões, ainda que a elas tenha

assistido.

Não fui acusado por nenhum dos seus membros, nem por Parlamentar ou

outra pessoa que a ela tenha comparecido ou nela tenha trabalhado, nem citado

como acusador, réu, testemunha, indiciado, suspeito, tampouco mencionado ou

referido.

Para confirmar essas afirmações, junto cópia de certidão fornecida pela Mesa

Diretora do Senado Federal, vale dizer, do Congresso Nacional.

Por último, informo não ter sido igualmente referido nem citado, por bem ou

por mal, em nenhum momento daquela CPMI, por qualquer veículo de comunicação

do País — rádio, jornal ou televisão.

Assim sendo, Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que determine a transcrição

deste pronunciamento nos Anais da Casa e a publicação da certidão anexa no

Jornal da Câmara.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Manato) - V.Exa. será atendido.

CERTIDÃO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINA 7)

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Mauro Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, demonstrando inequívoca habilidade política para compor com as forças

partidárias o primeiro escalão governamental, a Presidente eleita, Dilma Rousseff,

anuncia seus Ministros, buscando indicar personalidades identificadas com as suas

diretrizes e aptos a cumprir a nobilitante missão de executar políticas públicas,

capazes de atender aos nossos anseios de desenvolvimento e bem-estar social.

A Comissão de Transição, coordenada por Michel Temer e tendo como

membros Antonio Palocci, José Eduardo Cardozo e José Eduardo Dutra, vem

colaborando intensivamente, oferecendo sugestões à próxima titular do Planalto, a

quem cabe, de forma soberana, concretizar as escolhas, gradualmente anunciadas

pela mídia, com inusitada repercussão em todo o País.

A expectativa de inclusão de Ciro Gomes no rol dos escolhidos passou a ser

acompanhada atentamente pela opinião pública, notadamente no Ceará, todos

confiantes em que o nosso colega terminará por aquiescer às sucessivas consultas,

tendo em vista seu excelente currículo, no qual são especificados a Governadoria do

Estado, o Ministério da Fazenda e o da Integração Nacional, no desempenho dos

quais revelou tirocínio inquestionável e cabal observância de princípios éticos

inafastáveis.

Amigo pessoal daquele ex-Ministro dos Presidentes Lula da Silva e Itamar

Franco, vejo-o como excelente quadro para inserir-se nesse novo contexto,

emprestando o brilho de seu prestígio, comprovado exuberantemente durante

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eleição que o trouxe a esta Casa, no embalo de cerca de 650 mil sufrágios, que o

situaram, proporcionalmente, como o mais votado do País.

As próximas horas serão decisivas para o deslinde da indefinição sob esse

tocante, estando a nossa bancada acompanhando o desenrolar dos fatos

relacionados a essa indicação, cuja repercussão, a concretizar-se, haveria de

recolher os indiscrepantes aplausos dos nossos coestaduanos.

Por sua vez, o Governador Cid Gomes, detentor de postura irrepreensível,

aguarda o despontar de uma alternativa que garanta a nossa unidade federada uma

preeminência à altura da ponderabilidade político-eleitoral que soubemos conquistar,

particularmente na ultima competição democrática.

É a homenagem que presto a Ciro Gomes.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. CAPITÃO ASSUMÇÃO (Bloco/PSB-ES. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para falar sobre o alto índice de

armas ilegais existentes no País, segundo pesquisa divulgada pelo jornal O Globo:

7,6 milhões de armas ilegais.

Infelizmente, nossa Pátria, assim como tantas outras, vive uma onda de

atentados provocados pelo narcotráfico, já instalado no País.

Operações realizadas pela Polícia Federal e pelas polícias estaduais, como a

que ocorreu recentemente no Estado do Rio de Janeiro, são responsáveis pela

apreensão de números consideráveis de armas ilícitas, tanto de baixo calibre quanto

de uso exclusivo das Forças Armadas de diversos países.

Os dados fazem parte do Mapa do Tráfico Ilícito de Armas no Brasil e do

Ranking dos Estados no Controle de Armas apresentados na segunda-feira, 20, pelo

Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, apoiado em estudos realizados em parceria

com a organização não governamental Viva Rio, por meio do coordenador do

projeto, Antônio Rangel Bandeira.

Nas últimas apreensões realizadas no Rio de Janeiro, descobriu-se que a

grande maioria das armas aprendidas é produzida no próprio País. As armas

apreendidas de fabricação estrangeira não chegam a 20% do total.

Significa dizer que o número de armas vendidas no País legalmente, que

caem nas mãos dos marginais, é muito superior ao número de armas advindas das

fronteiras do País.

Acontece que um “João das Couves” qualquer da ONG Viva Rio, metido a

sabichão, apesar de participar de uma organização séria, vem apontar os seus

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canhões para os policiais e bombeiros militares, dizendo que são eles, em parte,

responsáveis pelo repasse de armas legalmente adquiridas aos marginais.

A afirmação do coordenador chega a ser cômica, digna de comédia pastelão

tipo Os Três Patetas. O sabichão diz, em seus devaneios, que militares, por não

terem salário digno, adquirem armamento a preço de fábrica no intuito de revendê-lo

de forma ilegal, “fazendo disso um comércio”.

O que esse coordenador da pesquisa não sabe, ou finge não saber para

aparecer na televisão, representando a sua comédia sem graça, é que o militar,

além de receber treinamento rigoroso, tem de registrar a compra da arma na DAL —

Diretoria de Apoio Logístico, onde constam os dados completos da arma e o seu

número de série. Além disso, o militar pode ser responsabilizado integralmente pela

perda, roubo ou transferência da arma adquirida.

Se ele se diz coordenador da pesquisa, deveria então, antes de fazer uma

afirmação esdrúxula como essa, pesquisar mais o assunto e se informar sobre como

é feita a venda de armamento ao militar e se é tão simples como ele afirma ser.

A ignorância do coordenador da pesquisa é tamanha que não sabe que o

militar é tão responsável pelo armamento adquirido que sofre sanções

administrativas e jurídicas se não zelar por ele. Se não bastasse isso tudo, o regime

disciplinar dos militares é super-rigoroso.

É cômodo jogar a culpa nos trabalhadores de segurança pública pela venda

ilegal de armas, já que o tema do momento é o rombo que os cofres públicos

sofreriam caso a PEC 300 fosse aprovada.

O engraçado, para não dizer triste, é que alegam que militares não precisam

de mais dinheiro, que foram treinados para servir e morrer e, ao mesmo tempo, que

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o País, sem a segurança exercida por esses profissionais, cairia na desgraça da

criminalidade.

A verdade é que a categoria policial está jogada às traças. A afirmação de

que o militar revende armamento é contraditória. O tal coordenador, que mais

parece diretor ou ator de comédia pastelão, afirma que o militar compra a arma pelo

preço de custo para revender a criminosos. Não seria mais fácil se apropriar de

armas apreendidas nas favelas do Rio de Janeiro para revendê-las? Assim o militar

não pagaria sequer o preço de custo, teria as armas de graça para depois vendê-las.

Aliás, para finalizar a triste comédia, façamos o seguinte, adotando a linha de

pensamento do comediante, sem graça por sinal, da ONG Viva Rio: já que policiais

e bombeiros militares adquirem armas para revender no mercado negro, vamos

desarmá-los e equipá-los com tortas de maçã para jogar na cara dos marginais,

fazendo-os rir, e — por que não? —, na cara do arremedo de diretor da já

ultrapassada comédia pastelão.

O Policial, não obstante o baixo salário que percebe ao final do mês, zela pelo

juramento feito no ato de sua posse, tem de ter coragem para enfrentar os

criminosos, dá sua vida pela do filho alheio e, em troca, recebe acusações

infundadas e sem nexo, inconsequentes e que em nada ajudam para a consecução

da paz e harmonia sociais, tão desejadas pelos cidadãos de bem.

É mais fácil dizer que o policial já tem, mesmo ilícitos, meios de conseguir

aumentar a sua renda do que discutir propostas legais de melhoria salarial, como é o

caso da PEC 300. Resgatar a PEC 300 ninguém quer.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra, pela ordem, ao Sr.

Deputado Ilderlei Cordeiro.

O SR. ILDERLEI CORDEIRO (PPS-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, primeiro quero agradecer à

população, que tanto esperava que ontem fechássemos o último discurso desses 4

anos de mandato, mas infelizmente não conseguimos atingir o quorum necessário

para a abertura da sessão. Se Deus quiser hoje, num momento mais oportuno,

porque neste período podemos nos expressar por apenas 1 minuto, nos

manifestaremos. Não há como expressar de coração tudo o que queria para esta

Nação maravilhosa e para o meu querido Estado, que me deu este mandato.

Tive o prazer de ontem estar aqui com o meu filho, Yuri, para ver o grande

discurso que estava preparando, primeiro para honra e glória do Senhor e para o

nosso povo acriano e brasileiro.

Ontem, também, Sr. Presidente, se meu pai estivesse vivo, teria feito 65 anos.

Com certeza, ele também estaria aqui, ouvindo aquele discurso maravilhoso.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Manato) - Obrigado, nobre Deputado.

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Com a palavra, pela ordem, o Deputado Luiz

Couto.

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, solicito seja registrada nos Anais desta Casa nota pública do Conselho

Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e do Cidadão da Paraíba sobre chacina

que aconteceu no Presídio Róger, em que “5 presos provisórios, jovens, com idade

entre 21 e 24 anos, foram executados deixando em alerta mais uma vez os órgãos

públicos e a sociedade paraibana em geral”.

Deixo o meu pedido de providências ao Governo do Estado.

Registro ainda, Sr. Presidente, a matéria Paraíba é o terceiro que mais

“exporta” armas para o crime no Rio. A minha Paraíba exporta armas ainda para

Alagoas, o Distrito Federal, o Maranhão, o Pará e o Piauí. É a lástima da segurança

pública o meu Estado exportar armas para outros Estados.

O SR. PRESIDENTE (Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

NOTA E MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 15 A 15-B)

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre

Deputado Bernardo Ariston.

O SR. BERNARDO ARISTON (Bloco/PMDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é uma satisfação muito grande

usar a tribuna hoje. Quero deixar registrado, neste pouco tempo, os meus

agradecimentos aos colegas que me receberam nesta Casa, aos funcionários que

aqui trabalham e ao povo do Rio de Janeiro que me trouxe por duas vezes à

Câmara Federal.

Infelizmente, não estarei nesta Casa na próxima Legislatura, mas numa outra

missão, com certeza me preparando para um futuro melhor. Quem sabe, na

próxima, não estarei de volta compartilhando com estes colegas maravilhosos as

experiências que vivemos nesta Casa e, evidentemente, podendo ajudar muito para

o desenvolvimento do Brasil.

É uma satisfação muito grande ter passado 8 anos ao lado de colegas

maravilhosos, de pessoas maravilhosas, ter conhecido cada vez mais o Brasil.

Neste momento de despedida, deixo o meu abraço, o meu beijo carinhoso a

todos com quem convive durante este período.

É motivo de muita satisfação ser Deputado Federal pelo Rio de Janeiro e ter

contribuído diretamente com o desenvolvimento do País. Quando cheguei aqui, Sr.

Presidente, há 8 anos, realizei um sonho juvenil. Cheguei a esta Casa e pude

influenciar diretamente no desenvolvimento do nosso Brasil.

Quero aproveitar esses segundos que faltam para fazer voz ao

pronunciamento do colega Pedro Novais, que será, com certeza, o Ministro do

Turismo na próxima Legislatura, nos próximos anos. S.Exa. está sofrendo uma

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perseguição da qual não conseguimos entender o porquê, pois é um homem de

bem, um homem honrado, um homem que nunca teve o seu nome envolvido em

nenhum escândalo nesta Nação e agora está sendo ventilado como partícipe no

escândalo dos “anões” do Orçamento. Essas ilações não contribuem com nada.

Muito pelo contrário, só atrapalham e prejudicam.

Como membro do PMDB, quero fazer essa defesa do nosso Deputado do

Maranhão, um homem de 80 anos de idade, um homem honrado, um homem que

tem muita fibra e que vai contribuir muito para o turismo brasileiro e, por

conseguinte, para o desenvolvimento do nosso País.

Ficam registrados os meus agradecimentos. Foi muito bom participar dos

trabalhos desta Câmara nestes 8 anos. Com certeza, esta Casa pode me aguardar,

porque eu voltarei.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Manato) - Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Com a palavra pela ordem o Deputado

Sérgio Barradas Carneiro.

O SR. SÉRGIO BARRADAS CARNEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

Quero apenas registrar que na semana passada foi aprovado, em caráter

terminativo na CCJ, o Estatuto das Famílias, um projeto elaborado pelo IBDFAM —

Instituto Brasileiro de Direito de Família, que visa retirar todo o Livro IV do Código

Civil e colocar num estatuto próprio todo o Direito Material e Processual do Direito de

Família.

Infelizmente, quando da sua aprovação, uma matéria no site Uol e no jornal

Folha de S.Paulo, distorcendo o projeto, disse que o projeto previa o pagamento de

pensão para amantes.

Eu quero dizer, de público, pela TV Câmara e pelo programa A Voz do Brasil,

que isso não é verdade. Esse projeto tramitou, quanto ao seu mérito, na Comissão

de Seguridade Social e Família, onde estão presentes — todos sabem —

Parlamentares que têm ligações com as diversas igrejas do País, quer sejam

evangélicas, quer sejam católicas. Foi relatado por um ex-padre, o Deputado José

Linhares, e foi aprovado naquela Comissão por unanimidade.

Na CCJ, voltou a sofrer um novo crivo, com a participação decisiva do

Presidente, Relator, Deputado Eliseu Padilha. Dessa forma, não existe no projeto

nenhuma possibilidade de pagamento de pensão ou participação de partilha nos

bens de amantes. A relação de um amante se assemelha à de namorados, ou seja,

não gera efeitos jurídicos. Podem ficar todos os colegas certos de que esse projeto

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traz a melhor qualidade possível para todos que militam no Direito de Família no

Brasil.

Eu me despeço, portanto, desta Casa, Sr. Presidente, desejando a V.Exa. e a

todos os meus colegas um feliz Natal e um Ano-Novo cheio de paz, saúde e muitos

serviços prestados ao povo brasileiro.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra, pela ordem, ao Deputado

Colbert Martins.

O SR. COLBERT MARTINS (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apesar de não ter sido reeleito, eu

não me despeço, porque continuo trabalhando. Estou trabalhando hoje no

Orçamento, para que a minha cidade, Feira de Santana, a Bahia e o Brasil tenham

recursos para cada vez mais se desenvolverem.

Acabei de discutir na Comissão de Orçamento a previsão de 1 bilhão de reais

para o Bolsa Família.

Acho, Sr. Presidente, que devemos imediatamente colocar recursos para o

salário mínimo. É importante que isso seja feito já.

Temos certeza de que a Presidente eleita terá condição, no decorrer do seu

mandato, de corrigir o que for necessário no Bolsa Família. Mas se temos 1 bilhão

de reais como um grande colchão colocado à disposição do Bolsa Família, está na

hora de corrigirmos o salário mínimo, que significa, do ponto de vista do Governo,

maior remuneração para aposentados. Entendo que temos condição de fazer isso.

Pelo PMDB, defenderei essa posição hoje e amanhã. Espero que possamos

avançar nisso e, quem sabe, ter um salário mínimo bastante melhor.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Manato) - Concedo a palavra ao Deputado Edinho Bez.

O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, colegas Parlamentares, um dos últimos temas a serem tratados neste

ano e um dos temas cruciais a serem debatidos no ano de 2011 refere-se ao Código

Florestal. O ano de 2010 chega ao fim, e o processo de reforma do Código Florestal

não caminhou, como esperávamos, para uma solução conciliadora. Depois de um

ano de discussão, o novo Código Florestal foi aprovado na Comissão Especial da

Câmara dos Deputados. O texto altera a legislação há 45 anos em vigor.

É preciso convergirem as discussões acerca desse tema, é preciso

trabalharmos para garantir uma agropecuária e uma agricultura sustentáveis. Um

dos pontos fundamentais a serem resolvidos é a implementação das estratégias de

utilização dos recursos destinados à preservação da biodiversidade, e para isso a

participação do setor privado é fundamental. Também é fundamental que não só

acadêmicos, pesquisadores e cientistas estejam envolvidos nos debates, mas

também representantes da sociedade civil organizada.

Os maiores entraves para a produção de alimentos no Brasil não se devem a

restrições supostamente impostas pelo Código Florestal, mas sim à enorme

desigualdade na distribuição de terras, à restrição de crédito agrícola ao agricultor

que produz alimentos de consumo direto e à falta de assistência técnica para ajudá-

lo a aumentar a sua produtividade.

O Brasil tem área suficiente para a preservação do nosso patrimônio biológico

e para também continuar aumentando a produção de alimentos para o consumo

interno e exportações. Quero deixar esta reflexão para os nobres pares, para que

façamos, na próxima Legislatura, um maior empenho para votar o Código Florestal.

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Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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O SR. CLAUDIO CAJADO (DEM-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muita satisfação que venho a esta tribuna

— nesta que certamente será a penúltima sessão do período legislativo e da Sessão

Legislativa deste nosso mandato —, com a consciência tranquila e certo de que

cumpri com o meu dever, exerci com denodo, com preocupação, com assiduidade e,

modestamente falando, com competência o meu mandato.

Agradeço muito a Deus; agradeço muito a minha família; agradeço muito ao

povo baiano por ter-me reconduzido a mais um mandato, que se iniciará a partir de

primeiro de fevereiro do ano vindouro.

Este foi um ano de conquistas para todos nós. Aproximam-se o Natal, o Ano-

Novo, o réveillon. É momento de analisarmos nossos erros e vermos como podemos

melhorar.

Desejo a todas as colegas e todos os colegas Deputados um feliz Natal e um

próspero Ano-Novo! Que o nosso País tenha, no ano de 2011, crescimento

econômico com justiça social; que as conquistas do atual Governo recrudesçam no

Governo vindouro. O povo brasileiro escolheu seus mandatários, seus governantes.

Cabe agora a cada um de nós, individual e coletivamente, fazer a nossa parte,

honrando os votos que recebemos nas urnas.

Sr. Presidente, feitas essas considerações, desejo a todas as colegas e a

todos os colegas Deputados, a todos os funcionários da Câmara dos Deputados e

às assessorias da nossa instituição, do fundo do coração, um feliz Natal e um

próspero Ano-Novo!

Ao finalizarmos esta Legislatura, deixamos algumas questões em aberto. Na

qualidade de Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, devo dizer que

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atuamos muito em determinados campos, principalmente no que diz respeito às

concessões de serviços públicos — telefonia, energia elétrica, abastecimento de

água — e aos bancos, especialmente cartões de crédito. A defesa do consumidor

como um todo atuou no sentido de mostrar que o Código tem que ser respeitado,

ampliado e divulgado.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, muito nos preocupa, neste momento

em que se iniciam as férias escolares e se aproxima o início do próximo ano, quando

há grande aumento de pessoas em trânsito pelo Brasil, a crise dos aeroportos e das

companhias aéreas no País.

E não há por parte das empresas aéreas — isso ficou claro no debate

conjunto que promovemos com a Comissão de Viação e Transportes — qualquer

preocupação com o contingenciamento, com o plano “B”. Alegam que não há o que

se fazer com relação a problemas climáticos. Mas é diferente a incidência de chuva

da de neve, como a que agora se abate em escala muito maior do que nos anos

passados na Inglaterra e em outros países da Europa. No nosso caso é possível,

sim, se houver aeronaves e equipes de voo reservas, solucionar de forma menos

traumática o problema. Neste momento há um esperado aumento de fluxo de

passageiros, mas não temos planos de contingenciamento. Os postos de check-in

ficam abarrotados porque as companhias aéreas não ocupam todos os guichês. E

as empresas insistem em vender mais passagens do que os assentos existentes

nas aeronaves.

Esse conjunto de situações mostra que as empresas aéreas estão

preocupadas não com o bem-estar dos passageiros, dos consumidores, mas em

vender passagens, em obter receita, sem se preocupar com aquele que deveria ser

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o seu objetivo maior, que é oferecer ao passageiro um transporte aéreo seguro, com

um mínimo de respeito e conforto.

Portanto, esperamos que a ANAC e a INFRAERO punam exemplarmente

essas empresas, porque em 2014 teremos um fluxo infinitamente maior com a

realização da Copa do Mundo e depois, em 2016, com as Olimpíadas. Se até lá não

tivermos a infraestrutura aeroportuária necessária e um melhor desempenho das

companhias aéreas, passaremos um vexame! E não será um vexame para as

empresas, mas para o País, para todos nós. Tenho feito esse alerta na Comissão de

Defesa do Consumidor e em toda a Casa. E renovo agora, possivelmente no meu

último pronunciamento nesta Legislatura, essas observações e esse alerta.

Sr. Presidente, acho que o problema tem solução, mas depende da boa

vontade e do respeito, que estão faltando, das companhias aéreas para com o

consumidor, para com o passageiro. Repito: providências têm de ser tomadas. A

ANAC tem de agir de forma dura — já demonstrou que pode fazê-lo ao punir a TAM

com a suspensão da venda de passagens, e ela imediatamente conseguiu

equacionar o problema. Não foi o clima responsável pelo problema, caso contrário a

ANAC não teria imposto à empresa uma penalidade tão grave.

Portanto, é esse o alerta que faço.

Quero ainda dizer que na próxima Legislatura fiscalizaremos

permanentemente a atuação dessas empresas e exigiremos da ANAC posturas

proativas.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. ZEQUINHA MARINHO (PSC-PA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna nesta oportunidade para aqui

manifestar nossa gratidão a Deus, em primeiro lugar, pelo ano de lutas, pelo ano de

trabalho, pelo ano de batalha eleitoral e por estarmos aqui, vivos, em paz e, graças a

Deus, vitoriosos.

Quero manifestar minha gratidão ao povo do Estado do Pará — homens,

mulheres crianças, jovens —, um povo abençoado, bom, humilde, ordeiro,

trabalhador, companheiro. E o faço porque durante todo o meu mandato — os dois

últimos mandatos, contando com este — este povo foi companheiro, ajudou-nos, o

que com certeza trouxe coisas boas para muita gente. Quero manifestar minha

gratidão ao eleitorado, principalmente àquele que confiou em nós o mandato que

agora se encerra — no mês de janeiro certamente não teremos sessão na Casa, e,

nesta semana, teremos a última oportunidade de aqui estar para nos dirigir, através

desta tribuna, à população. Meus agradecimentos aos eleitores que nos deram o

mandato que ora se encerra. Devo dizer que foi uma experiência muito boa, através

da qual aprendemos, crescemos. Certamente demos aquilo que foi possível, desta

Casa, de Brasília, do Governo Federal, ao nosso Estado, às nossas cidades, às

nossas comunidades. Portanto, agradeço aos eleitores que renovaram nosso

mandato com expressiva votação ocorrida em 3 outubro passado.

Foram 147.615 votos que vieram das mais diversas classes sociais, dos mais

diversos grupos, enfim, de um povo que amamos, consideramos, respeitamos e com

quem temos um compromisso, o de estar lado a lado, de lutar e de buscar

resultados. Estamos aqui exatamente para isso.

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Quero agradecer a todos, aos meus irmãos e à minha família evangélica, que,

nos quatro cantos do Estado, fez o que pôde para nos ajudar. Agradeço também

àqueles que não são evangélicos, mas que entraram de corpo e alma na campanha

e que fizeram, com as próprias mãos, uma campanha que não é fácil em um Estado

tão grande, com distâncias imensas e tremendas dificuldades de locomoção.

A vocês todos a minha palavra de agradecimento, de gratidão e de

reconhecimento por tudo que fizeram.

Quero aqui dizer que, é claro, estou à frente deste mandato, mas ele pertence

a cada um dos senhores que votou, lutou e suou a camisa para renová-lo.

Tenho certeza de que, a partir do ano que vem, com a experiência adquirida

nesses dois primeiros mandatos, seremos muito mais úteis a vocês, ao Estado do

Pará e ao Brasil.

Então, encerro meu pronunciamento muito agradecido a cada um dos meus

amigos, companheiros de partido, companheiros de todos os grupos sociais que

simpatizam conosco, com nosso trabalho e que nos ajudaram. Foi muito bom.

Tenho orgulho de vocês e tenham certeza de que farei tudo o que estiver a

meu alcance para honrar esses votos, essa confiança e produzir muito pelo nosso

Estado, se Deus quiser.

Estamos na semana do Natal e a próxima é a de Ano Novo. Quero desejar a

todo o povo paraense e a todo o povo brasileiro que tenhamos todos um Natal muito

feliz e que o Senhor Jesus Cristo, a razão de ser do Natal, possa estar presente na

vida e na família de todos vocês.

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Desejo, ainda, que o ano que vem seja de prosperidade, de saúde, de paz, de

alegria, de entusiasmo, e que possamos buscar as vitórias, os resultados com toda a

garra e com toda a determinação.

Deixo, finalmente, um abraço fraterno a todas as famílias paraenses e a todo

o meu povo, de norte a sul e de leste a oeste do Estado do Pará.

Que Deus abençoe a todos e que sejamos muito bem sucedidos no ano que

vem!

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Durante o discurso do Sr. Zequinha Marinho, o Sr.

Manato, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a

cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Rômulo

Gouveia, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - A Mesa deseja boas-vindas ao

Deputado Federal Paulo Renato Souza, que retorna à Câmara Federal depois de

deixar o cargo de Secretário de Educação do Estado de São Paulo.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Com a palavra o Deputado Manato.

O SR. MANATO (PDT-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados, é um prazer estar neste plenário no final desta Legislatura. Foi um

ano muito difícil, mas proveitoso.

Mais uma vez passei pelo teste das urnas. Fui reeleito com 60.700 votos na

nossa coligação e estou muito feliz e ansioso por começar o próximo mandato.

Quero agradecer imensamente à população do meu Estado, que me

reconduziu a esta Casa pela terceira vez.

Hoje estou aqui para votar o Orçamento da União. Ainda temos hoje e

amanhã, que será o último dia desta Legislatura, e tenho certeza de que vamos

cumprir a Constituição e deixar aprovado, com muita consciência, para a futura

Presidente, o Orçamento para o próximo ano.

Certamente não é uma peça que representa tudo que queremos, mas atende

a alguns de nossos anseios.

Sr. Presidente, fico triste por não podermos aumentar a contento o valor do

salário mínimo. Algumas pessoas me questionaram por que o nosso aumento foi tão

grande e tão pequeno o do salário mínimo. Devo dizer, em primeiro lugar, que eu

era favorável à correção do salário mínimo pelo índice de 17,8%.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, devo informar que o salário mínimo

aumentou 73% acima da inflação. Então, para aqueles que querem fazer a

comparação entre o percentual de reajuste do salário mínimo e o dos subsídios dos

Deputados, devemos dizer que, se aplicado o mesmo percentual que se utilizou para

atualizar o mínimo, o aumento para os Deputados seria muito maior.

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Então, essas coisas não podem ser feitas dessa forma, no oba-oba. Deve-se

discutir, chegar ao consenso e fazer uma política de recuperação do salário mínimo.

É o que se tem feito até aqui, e que vai perdurar até 2021. Aí, sim, vamos ter a

recuperação ideal do salário mínimo.

Sr. Presidente, falando agora de outro assunto, estive ontem no Município de

Marataízes para a inauguração do Palácio das Águias. Trata-se de um prédio

tombado há vários anos e que existe desde 1890. O Governo do Estado tombou o

edifício e o transformou em biblioteca municipal. É um local muito bonito, que possui

sala de informática, constituindo, enfim, um espaço cultural muito importante para o

litoral sul do nosso Estado e para Marataízes.

Sr. Presidente, sexta-feira, após a diplomação — os Deputados Estaduais,

Deputados Federais, Senadores, suplentes e Governador foram diplomados no dia

17 de dezembro último, em cerimônia muito emocionante — estivemos reunidos

com o Governador Paulo Hartung no Palácio Anchieta.

Em solenidade de despedida, o Governador entregou aos presentes um livro

com resumo do que foi feito nesses oito anos pelo Governo do Estado.

Fiquei muito emocionado ao receber o documento e ver o que era o Espírito

Santo em 2002, até o dia 1º de janeiro de 2003, quando o Governador Paulo

Hartung assumiu, e a transformação por que passou o Estado até a transmissão do

Governo para o novo Governador eleito, Renato Casagrande.

Para os senhores terem uma ideia, o Governo Paul Hartung recebeu o Estado

com três folhas de salários atrasadas, greve na Saúde, greve na Educação, e está

passando o Governo do Estado com 1 bilhão e 400 milhões de reais em caixa. Isso

mostra que o nosso Governador teve um respeito muito grande com o dinheiro

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público, com a coisa pública. E S.Exa. acertou ao continuar no Governo. Paulo

Hartung tinha garantido um mandato de Senador, mas dele abriu mão para fazer a

transição e transmitir o cargo com muita serenidade, saindo do Governo com índice

de aprovação de 90%, igual ou maior que o do Presidente Lula.

Então, um abraço muito carinhoso ao Governador Paulo Hartung e que

Renato Casagrande faça um excelente governo. Que siga na mesma direção do

Governo anterior e dê ao Estado do Espírito Santo o avanço de que ainda precisa.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. ULDURICO PINTO (PHS-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproxima-se do final a presente Legislatura,

iniciada em 2007, na qual foi importantíssimo o trabalho realizado por este

Parlamento. Muitas das matérias aqui aprovadas contribuíram decisivamente para o

desenvolvimento do País. Quero, nesta oportunidade, destacar o significativo

desenvolvimento do setor pesqueiro.

No ano de 2009 foram aprovados nesta Casa os projetos de lei transformados

na Lei nº 11.958 e na Lei nº 11.959. A primeira criou o Ministério da Pesca e

Aquicultura; a segunda dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento

Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras e dá outras

providências.

Outras normas legais aprovadas há mais tempo são também fundamentais

para o setor pesqueiro. Entre elas destaca-se a Lei nº 10.779, de 2003, que concede

ao pescador artesanal o direito ao benefício de seguro-desemprego durante o

período de defeso da pesca.

É visível o crescimento do setor pesqueiro no Brasil, Sr. Presidente, Sras. e

Srs. Deputados! De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Pesca e

Aquicultura, a produção brasileira de pescado — 1.240.813 toneladas, em 2009 —

aumentou 25% nos últimos oito anos. Somente nos últimos dois anos houve um

crescimento de 15,7%. Esse número compreende, além da pesca extrativa, a

aquicultura, que apresentou elevação impressionante: 43,8%! Espera-se que a

produção brasileira de pescado continue crescendo, alcançando 1,43 milhão de

toneladas anuais em 2011.

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O setor pesqueiro nacional esteve estagnado por um longo período. Voltou a

crescer em consequência dos estímulos criados pelo Governo a partir de 2003 e,

mais acentuadamente, a partir de 2007, com a consolidação das políticas públicas

direcionadas ao setor.

Como fruto dessas políticas públicas, o consumo de pescado também se

elevou significativamente no Brasil — 40% em seis anos —, alcançando 9,03

kg/habitante/ano em 2009. Ainda temos muito a crescer nesse aspecto, eis que 12

kg/habitante/ano é o mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde. A

média mundial é da ordem de 16 kg/habitante/ano.

Na Bahia — Estado que tenho a honra de representar nesta Casa —, a

produção de pescado cresceu 57% entre 2006 e 2009, atingindo a marca de 120 mil

toneladas. Com isso, o Estado alcançou a autossuficiência e recuperou o posto de

terceiro maior produtor de pescado do Brasil. Esse crescimento extremamente

significativo decorre da conjugação de esforços dos setores público (federal e

estadual) e privado. A Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária, teve papel decisivo nessa evolução. O primeiro terminal

pesqueiro do Estado está sendo construído em Ilhéus e em seguida virão outros

dois, na Capital e no sul do Estado.

A pesca extrativa marinha cresceu 82% em quatro anos na Bahia. A

organização social do setor foi aprimorada: 105 mil pescadores foram cadastrados,

muitos receberam treinamento, o programa de subsídio ao preço do óleo diesel

marítimo foi efetivado, distribuíram-se instrumentos de navegação e novas

embarcações foram incorporadas à frota pesqueira do Estado.

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A aquicultura continental experimentou crescimento ainda mais expressivo na

Bahia: 150% entre 2006 e 2009. É o resultado da estratégia adotada ao longo

desses anos, que envolveu a produção e distribuição de alevinos, o povoamento de

aguadas públicas, a implantação de tanques-redes em reservatórios hídricos e a

capacitação de aquicultores familiares. O prognóstico de crescimento, nos próximos

anos, é bastante positivo, já que a Bahia tem clima ideal para a atividade e

abundantes recursos hídricos.

O imenso potencial de crescimento do setor pesqueiro na Bahia tem

despertado o interesse de empresários de diversas partes do mundo. Há projeto

para a construção de um estaleiro especializado em embarcações de pesca no

Estado. No ramo da aquicultura, outro grande empreendimento poderá ser instalado

no lago de Sobradinho, abrangendo a produção de alevinos, a engorda e o abate de

tilápias, a produção de ração para peixes e a construção de tanques-redes.

Enfim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os exemplos que acabo de

citar, compreendidos no Estado da Bahia, ilustram o imenso potencial de

crescimento da pesca e da aquicultura em todo o Brasil. É fundamental que se

realizem investimentos e que se promova a evolução tecnológica do setor, inclusive

a ampliação e modernização da frota pesqueira. Para tanto, é preciso haver

financiamento! Os Fundos Constitucionais de Financiamento, o PROFROTA

Pesqueira e recursos de outras fontes devem ser direcionados ao setor.

Nós, Parlamentares, devemos manter-nos atentos à importância da pesca e

da aquicultura e aprovar outros projetos de lei que contribuam para apoiar essas

atividades. Há, nesse sentido, um grande número de matérias em tramitação, nesta

Casa!

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Dentre tantas proposições, gostaria de destacar o PL nº 469, de 2007,

proposto pelo ilustre Deputado Flávio Bezerra, do Ceará, que dispõe sobre o direito

dos pescadores à concessão das terras que ocupam para o desempenho de seu

trabalho. Trata-se de providência importantíssima para garantir a continuidade da

atividade pesqueira — de incomensurável importância social e econômica — em

inúmeras localidades do País, onde a especulação imobiliária ameaça expulsar

pescadores ali instalados há inúmeras gerações. O projeto foi aprovado nas

Comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Agricultura,

Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, pendendo der apreciado de

outras duas Comissões.

São essas, Sr. Presidente, em linhas gerais, as considerações que sobre o

tema gostaríamos de apresentar, nesta oportunidade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria também de me referir a uma

perspectiva muito alvissareira que surgiu recentemente a respeito da vacina contra a

raiva.

Todos conhecem o perigo dessa doença, que provoca a morte quando chega

ao cérebro. A transmissão se dá por contato com saliva de animal infectado, não

somente por mordedura, mas também por arranhadura ou mesmo por lambedura,

com deposição de vírus em mucosas ou pele lesada. No Brasil predomina o ciclo

urbano e o cão é o principal transmissor, seguido dos gatos.

Morcegos hematófagos desempenham papel importante na transmissão em

áreas rurais, pois podem infectar equinos e bovinos, que por sua vez podem se

tornar transmissores.

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De 1980 até 2005 ocorreram no Brasil 1.388 casos, 788 deles na Região

Nordeste.

O programa de controle iniciou-se na década de 70, com a consequente

queda do número de casos, persistindo um padrão estável a partir dos anos 90.

A raiva tem tropismo pelo tecido cerebral, e é importante a aplicação precoce

de vacina ou de imunoglobulinas para evitar que invada o sistema nervoso central, o

que leva à morte praticamente todos os doentes.

A doença tem fases distintas. O período de incubação dura de um a três

meses, no qual o vírus se dissemina pelos nervos periféricos. Na fase prodrômica,

ocorrem sintomas não específicos, como mal-estar, dores de cabeça, vômitos.

Podem ser relatados sintomas como dormência no local de entrada do vírus.

Desenvolve-se a seguir a encefalite, seguindo-se em cerca de duas semanas

o estado de coma e a morte. Na atualidade, não existe tratamento a partir do

momento em que os sintomas começam a aparecer.

Pois bem, a vacina tradicional é feita em até dez doses, e deve ser iniciada

sempre que houver exposição a animal infectado. Porém, também não é eficaz nas

fases mais tardias.

Foram divulgados recentemente resultados de um trabalho que propõe o

emprego de vacina com vírus vivos e atenuados, capazes de produzir uma resposta

imunológica mais poderosa.

A proposta é de empregar apenas uma dose, sendo que os resultados

demonstram que, mesmo o vírus tendo chegado ao sistema nervoso central de

camundongos, sua replicação foi impedida.

Os testes foram feitos com animais saudáveis e imunodeprimidos.

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A equipe pretende realizar agora testes em cães e macacos, antes de ser

cogitado o estudo em humanos. De acordo com os pesquisadores, pelo menos cinco

anos ainda serão necessários para que a nova vacina esteja pronta.

As comunidades científica e médica comemoram a perspectiva de uma vacina

de maior eficácia estar disponível para as vítimas de exposição ao vírus da raiva. A

possibilidade de atuar mesmo em fases tardias da expansão viral é extremamente

bem-vinda.

Contar com uma vacina dotada de maior poder de proteção e de atuação em

fases da doença consideradas irrecuperáveis hoje em dia é uma notícia

extremamente positiva para a saúde pública.

Desejamos em breve poder contar com mais esse recurso para resgatar

doentes dessa patologia tão letal.

Certamente acompanharemos o desenvolvimento desse estudo com muito

interesse.

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. O progresso da ciência pode

tornar real o sonho da imortalidade?

Essa pergunta, que até algum tempo atrás só cabia em obras de ficção,

parece cada vez mais pertinente à medida que as descobertas científicas se

multiplicam, surpreendendo tanto pela rapidez com que os avanços acontecem

como pela complexidade das questões investigadas.

Um interessante artigo a esse respeito foi publicado pelo jornal O Estado de

S. Paulo. No trabalho, intitulado Um passo em direção à imortalidade, o biólogo

Fernando Reinach relata experimento realizado por um grupo de pesquisadores,

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cujo resultado, em sua opinião, constitui “um passo importante nesse sonho tão

humano que é a imortalidade”.

Em linguagem acessível, valorizando o trabalho de divulgação científica num

jornal de ampla circulação, Reinach observa, de início, que existem dois tipos de

imortalidade: a que desejamos, mas estamos longe de atingir, e a que já possuímos,

mas desprezamos.

A imortalidade que sonhamos, acrescenta o biólogo, é a preservação de

nossa mente e de nosso corpo por tempo indeterminado, escapando da morte; a

imortalidade que já possuímos é a das nossas células germinativas, que dão origem

aos milhões de espermatozoides nos homens e às centenas de óvulos nas

mulheres, e que são descendentes diretas das células equivalentes que existiam

nos corpos de nossos pais.

O que o grupo de cientistas fez foi transplantar para células somáticas as

características que tornam imortais as células germinativas, utilizando, no

experimento, pequenos vermes chamados Caenorhabditis elegans.

A ideia surgiu a partir da verificação de que as células dos vermes que viviam

além da média expressavam genes que, normalmente, só eram expressos em

células germinativas.

Primeiro, os cientistas bloquearam a expressão dos genes germinativos nas

células somáticas, e observaram que os animais passavam a envelhecer mais

rapidamente. Depois, fizeram o contrário, aumentando a expressão daqueles genes

nas células somáticas, e, como resultado, os animais passaram a envelhecer

lentamente e a viver mais.

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Com a repetição dos experimentos, foi possível listar os genes que interagem

entre si, conferindo imortalidade às células germinativas.

Reinach considera “impressionante” a descoberta de que as células

somáticas possam ser reprogramadas de modo a aumentar sua longevidade, mas

adverte, com a cautela indispensável a quem aborda temas científicos para o grande

público, que ainda estamos longe de impedir o envelhecimento dessas células.

Além disso, observa que, antes de tentar imortalizar o ser humano, os

cientistas procurarão utilizar a descoberta para retardar o envelhecimento de órgãos

como o cérebro e o coração.

“De passo em passo, talvez seja possível chegar lá”, conclui o articulista,

deixando em aberto a perspectiva de que, um dia, a ciência efetivamente consiga

utilizar a imortalidade que já possuímos para alcançar a imortalidade que

desejamos.

Num campo em que as previsões parecem à primeira vista fantásticas,

inacreditáveis, mas com o passar dos anos acabam se confirmando, já nem se ousa

duvidar. A ciência tem-se mostrado capaz de realizar maravilhas, e é muito bom que

siga investigando e querendo mais, desde que mantidos os princípios éticos

indispensáveis a qualquer pesquisa séria.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Nas últimas décadas o Brasil

concretizou importantes avanços democráticos, com a retomada do Estado de

Direito, a realização de eleições livres e a consolidação das instituições.

Contraditoriamente, porém, neste momento temos um dos mais renomados jornais

do País submetido a um longo período de censura, o que põe em xeque aquelas

conquistas e pode abalar nosso conceito na comunidade internacional.

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No dia 31 de julho do ano passado, o desembargador Dácio Vieira, do

Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, proibiu o jornal O Estado de

S. Paulo de publicar informações obtidas a partir das investigações da chamada

Operação Boi Barrica, e relacionadas a um grupo político brasileiro, que estivessem

sob segredo de justiça. Dessa forma, desde aquele dia o jornal enfrenta uma

restrição ao seu direito de informar, pois qualquer violação à determinação do

desembargador será punida com multa de 150 mil reais.

Censura não é um problema novo, nem assusta O Estado de S. Paulo; muitas

vezes o jornal já sofreu esse tipo de imposição, em momentos conturbados como a

Revolução Paulista de 1924, a Revolução Constitucionalista de 1932, o Estado Novo

de 1937 ou o regime militar de 1964.

Em todas essas ocasiões O Estado reagiu, mesmo que seus diretores

tivessem que suportar a prisão ou o exílio. A propósito, até hoje o jornal diferencia os

seus 135 anos de fundação dos 130 anos de vida independente, recordando que

durante cinco anos esteve sob ocupação da ditadura de Vargas.

Desta vez, entretanto, a censura se dá num período de absoluta normalidade

democrática e a partir de uma decisão judicial equivocada que o jornal, infelizmente,

ainda não conseguiu derrubar. As tentativas feitas junto ao Tribunal de Justiça do

Distrito Federal e dos Territórios e ao Supremo Tribunal Federal esbarraram na

análise de questões técnicas, e não na discussão do mérito. E, enquanto se

debatem filigranas jurídicas, um preceito fundamental da Constituição de 1988 está

sendo descumprido.

Diz o art. 5º, inciso IX, da Carta Magna:

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“É livre a expressão da atividade intelectual, artística,

científica e de comunicação, independentemente de censura ou

licença; “.

Reforça o art. 220, caput:

“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e

a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não

sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta

Constituição.”

O § 1º do mesmo artigo prevê:

“Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço

à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de

comunicação social.”

O § 2º reafirma:

“É vedada toda e qualquer censura de natureza política,

ideológica e artística.”

Ora, Sr. Presidente, não há como analisar a decisão que impede o jornal de

publicar informações verdadeiras, obtidas legitimamente por seus repórteres, sem

levar em conta o que diz o texto constitucional. E o que ele nos diz é que a censura

não pode ser admitida.

Tanta certeza tem O Estado da justeza de sua posição que recentemente

manifestou ao Poder Judiciário o desejo de que o processo seja julgado, apesar do

pedido de desistência da ação. O Estado não se conforma com o arquivamento do

caso, não quer simplesmente empurrar para baixo do tapete a discussão sobre um

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tema extremamente grave; insiste em que o Judiciário faça o julgamento do mérito,

para que seja reconhecido o direito de prestar informações.

Sem dúvida, é isto que devem exigir todos os que prezam o regime

democrático: uma decisão cabal em favor da liberdade de informação. E que seja

rápida, porque nesse caso, como em tantos outros, a Justiça falha quando tarda.

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Retorno à tribuna no fim dos

trabalhos legislativos do segundo semestre absolutamente preocupado com a

recente divulgação de diferentes bases de dados que nos revela que há, no Brasil,

uma verdadeira guerra civil em andamento.

Mais de um milhão de brasileiros foram assassinados no País nos últimos 30

anos! É o que mostra o Ministério da Saúde, a partir dos atestados de óbitos. As

estimativas permitem afirmar que no Brasil, em 2007 e 2008, a média anual de

homicídios girou em torno de 47 mil.

Os dados são muito próximos dos divulgados em janeiro deste ano pela ONG

Human Rights Watch, cujo relatório anual, que traça um panorama das violações

dos direitos humanos no mundo, mostra que aproximadamente 50 mil homicídios

ocorrem a cada ano no Brasil.

Em tempo: nos 11 anos de intervenção na Guerra do Vietnã, nas décadas de

60 e 70, os EUA e seus aliados perderam 54 mil soldados entre os estimados um

milhão a 1,5 milhão de vítimas. Em Angola, para perder algo como dois milhões de

vidas, matou-se por quase quatro décadas, numa das mais ferozes guerras que o

mundo já viu.

Outra radiografia, desta vez do último relatório do Conselho de Direitos

Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou

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Extrajudiciais, divulgado em 2008: o Brasil tem mais do que o dobro da taxa média

de homicídios verificada no mundo.

O Estadão, em artigo do dia 4 de julho, aponta exatamente para essa

estimativa de que no Brasil a taxa anual de homicídios intencionais é de 25,7 mortes

para cada 100 mil habitantes, enquanto — pasmem, Srs. Deputados! — na Palestina

é de quatro e em Israel de 1,8. Nos vizinhos continentais, a taxa da Argentina é de

5,2 e do Chile, de 1,9 para cada grupo de 100 mil habitantes.

Para não me alongar muito, Sr. Presidente, citarei apenas mais uma

pesquisa: estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do UNICEF (Fundo

das Nações Unidas para a Infância) mostra que cidades do entorno das capitais e

polos de desenvolvimento regional registram os maiores índices de homicídios de

adolescentes no País. Nas 267 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes,

homicídios são a causa de 46% das mortes na faixa dos 12 aos 18 anos. O estudo

estima — lamentavelmente — que de cada mil adolescentes brasileiros dois deverão

morrer antes dos 19 anos.

Srs. Deputados, todas essas estatísticas nos colocam na absoluta e

assustadora posição de sociedade mais assassina do mundo contemporâneo!

Infelizmente, vivenciamos uma violência que é reafirmada a cada dia pelos

altíssimos índices urbanos de práticas de crueldade, de assaltos, sequestros,

extermínios, execuções sumárias e arbitrariedades; de violência doméstica, familiar

e contra a mulher. E mais: uma violência que é reafirmada pelas desumanas

condições dos presídios, pela tortura, trabalho forçado, ameaças aos povos

indígenas e camponeses sem terra e, fundamentalmente, pela impunidade. Ou seja,

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o mito de o Brasil ser um país pacífico se confronta com as ruas, o medo, o cotidiano

dos brasileiros.

No meio de tudo isso, de todo esse tumulto, vidas se vão, como se foi a vida

de João Hélio, de seis anos, que morreu após ser arrastado por mais de sete

quilômetros, preso ao cinto de segurança do carro onde estava, no Rio de Janeiro,

vítima de um assalto em 2007; como se foi João Roberto, de três anos, atingido na

cabeça por disparos feitos por policiais militares que perseguiam um carro, também

no Rio de Janeiro, em 2008; como se foi o estudante de Farmácia Higor Bruno, de

23 anos, que foi assassinado em 2009 na porta de uma boate em Goiânia; como se

foi a adolescente de 15 anos Eloá Cristina, assassinada pelo ex-namorado após

sequestro de 100 horas em Santo André, São Paulo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esse aumento do quadro de

ameaças, decorrentes da urbanização intensiva e dos afluxos demográficos aos

grandes centros, e de que resulta uma sociedade brasileira profundamente dividida

em termos de realização dos direitos sociais, constitui o traço da vulnerabilidade

crescente que temos de enfrentar. Penso não ser possível desafiar a gravidade de

que se revestem os problemas da segurança na sociedade brasileira se não se

delimitarem as grandes questões que contribuem para essa escalada; se não se

diagnosticarem as relações causa-efeito; se não se fizerem opções determinadas

quanto às soluções a se desenvolver.

Acredito firmemente que temos de nos preocupar com a cultura do “deixa pra

lá”, do “não tenho nada a ver com isso”; temos que nos preocupar com a cultura de

desprezo pelos valores morais que vai impregnando a sociedade, marcando os

humanos desde os primeiros anos da vida. Mas, principalmente, temos que nos

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preocupar com a cultura da impunidade. A verdade é que a impunidade forma uma

realidade que nos cerca e que está demasiadamente espalhada no contexto em que

vivemos. A verdade é que a impunidade tornou-se uma doença crônica na

sociedade, pois seus principais atores são justamente aqueles que detêm o poder,

quer seja político, estatal ou financeiro.

A impunidade é uma pandemia que se alastra e que causa certo

amortecimento moral na sociedade brasileira. É justamente a impunidade

sistemática que acolhe todos os escândalos recentes do Brasil, do tipo mensalão,

sanguessugas, venda de sentenças, atos secretos, superfaturamento de obras

públicas, fraudes em licitações, “propinodutos” para a obtenção de concessões

públicas e falcatruas assemelhadas.

Srs. Deputados, o Poder Legislativo, na minha opinião, tem feito a sua parte

tentando aprimorar a legislação pátria. Notem que o País tem hoje uma das maiores

legislações penais do mundo. Existe tipificação criminal para tudo! Mas, por mais

que a estrutura normativa seja passível de melhoramentos, a violência pode ser

imediatamente combatida com investimentos na reestruturação da gestão das

instituições de Justiça Criminal do Brasil. Polícias Civil e Militar, Ministério Público,

Poder Judiciário, sistema carcerário e, mais recentemente incluídas no rol de

instituições de segurança, as guardas municipais ainda funcionam de forma pouco

eficiente.

Por isso, é patente que o desafio é grande e nos conclama — todos nós,

Parlamentares; todos nós, cidadãos — a ampliar a discussão sobre o problema

neste segundo semestre. Faço, portanto, um apelo ao nosso Presidente Michel

Temer que coloque, de forma prioritária, esse tema na agenda da Casa.

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Precisamos olhar com carinho para essa complexa via por onde trafega a

qualidade de vida dos cidadãos, pois dela dependem os direitos do homem e a

plena democracia.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. GONZAGA PATRIOTA (Bloco/PSB-PE. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo do Estado de

Pernambuco começa a distribuição de sementes aos produtores rurais. Fiquei feliz

com as chuvas que caíram recentemente no sertão de Pernambuco, trazendo

esperança para o homem do campo em um ano de 2011 melhor, em que possam

plantar e colher uma boa produção para o sustento da família.

Fiquei feliz ao ver estampado na coluna de economia do Jornal do

Commercio que o Governo de Pernambuco começou a distribuição de sementes,

conforme trechos da matéria publicada.

O Governo do Estado, em parceria com Instituto Agronômico de Pernambuco

(IPA), começou a distribuir três milhões de quilos de sementes para a safra 2011 a

agricultores do Agreste e Sertão de Pernambuco. A ação, que faz parte do programa

Terra Pronta, pretende beneficiar mais de 150 mil famílias do interior. A edição deste

ano foi lançada em Araripina, Sertão do Araripe. O investimento total foi de oito

milhões de reais.

Além dos 600 mil quilos de feijão vigna, 600 mil quilos de feijão faseolus e 1,8

milhão de quilos de milho, os trabalhadores receberão o serviço de aração

mecanizada, permitindo mais agilidade no plantio. Os tratores vão preparar 50 mil

hectares de terra. O cronograma de distribuição ainda não foi completamente

traçado, pois vai depender do regime de chuvas de cada região. O início da entrega

vai começar pelo Sertão do Araripe, que abrange 10 municípios, em virtude das

condições técnicas para o plantio, aproveitando as chuvas que têm caído no local.

Foram 88,5 milímetros no último mês, de acordo com o Laboratório de Meteorologia

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de Pernambuco. O Governo do Estado espera ainda mais chuvas para o início de

2011.

O Terra Pronta, Sr. Presidente, chegará este ano a 56 municípios do Sertão e

40 do Agreste. A região do Araripe, do Sertão Central e do Pajeú são as três áreas

onde o programa Terra Pronta tem mais força. Cada agricultor receberá de 20 a 40

quilos de sementes, que vão gerar produção para comercialização. A diversificação

não é maior porque milho e feijão são a vocação da agricultura do sertão.

Alguns municípios do interior chegaram a perder 95% da produção este ano

por causa da estiagem. Para esses casos, o Governo Federal conta com um

programa que garante o sustento dos agricultores prejudicados. É um seguro que

cobre eventuais perdas agrícolas.

Passo a abordar outro assunto. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

atuação do Deputado Geraldo Coelho. Gostaria, neste final de ano em que a

Câmara dos Deputados encerra seus trabalhos, de prestar uma justa homenagem a

um grande homem público pernambucano.

Trata-se do Deputado Geraldo Coelho, que inúmeros serviços tem prestado à

população do nosso querido Estado de Pernambuco.

O Deputado Geraldo Coelho vem de uma família de políticos e

empreendedores que merece todo o respeito do povo pernambucano por sua

história e contribuição para o progresso do Vale do São Francisco.

Nomes como os de Nilo Coelho, José Coelho, Paulo Coelho e Osvaldo

Coelho engrandecem a política pernambucana.

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O desempenho do Deputado Geraldo Coelho, que há 18

anos está na Comissão de Finanças, Orçamento e Tributação da Assembleia

Legislativa de Pernambuco, 16 deles na condição de Presidente, é muito benéfico.

Geraldo atravessou diversos governos à frente da Comissão (Miguel Arraes,

Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos — 1º mandato), sempre se portando com

independência e altivez, engrandecendo o Legislativo Estadual.

É um parlamentar que honra as tradições de Joaquim Nabuco. Ele é

referência de homem público, determinação e coragem, um exemplo de como fazer

política. A nova geração tem muito a aprender com Geraldo Coelho por todos os

serviços prestados a Pernambuco e ao Brasil.

Passo a abordar outro assunto. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

resíduos do aterro sanitário em Petrolina degradam solo e expulsam moradores.

Faço uso desta tribuna para fazer uma denúncia e apelo às autoridades

competentes da área ambiental do Município de Petrolina, do Estado e da União

sobre a situação de dezenas de famílias, que estão vivendo em estado de

calamidade ao lado do aterro sanitário — antigo lixão Raso da Catarina — da

cidade.

O aterro sanitário fica localizado entre os bairros José e Maria, Santa Luzia,

Vila Eulália e Antonio Cassimiro, onde até o ano de 2006 funcionava o lixão do Raso

da Catarina. Os moradores sofriam com a fumaça do lixo que era queimado, o mau

cheiro, a sujeira, as moscas e os urubus que dominavam o local.

A Prefeitura Municipal até que tentou resolver o problema, e até porque

alguns órgãos governamentais condicionaram o repasse de recursos financeiros se

o problema do lixo, dentro da área urbana da cidade, fosse resolvido. Foi ai que

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surgiu o aterro sanitário, sendo inaugurado o sistema de tratamento de efluentes,

localizado na Central de Tratamento de Resíduos de Petrolina — concessionária

que cuida do tratamento do lixo.

O sistema criado tinha como finalidade resolver em definitivo o problema do

lixo depositado no Raso da Catarina, bem como dos moradores dos bairros que

ficam no entorno. O sistema iria tratar as águas do lençol freático que afloram nas

lagoas existentes no Raso da Catarina, visando à recuperação ambiental da área.

Segundo o diretor da CTR, Fabio Lopes, o sistema de efluentes passaria por

uma etapa preliminar composta por gradeamento e caixa de areia, seguida por uma

lagoa aerada e posterior lagoa de decantação. Após o tratamento, o efluente seria

lançado através de emissário no canal de drenagem do bairro Antonio Cassimiro,

localizado a cerca de 1100 metros do local, que iria encaminhar as águas tratadas

para o Rio São Francisco.

Foi ai, Sr, Presidente, que começou o calvário dos moradores do bairro

Antonio Cassimiro, em especial os que residem nas ruas 4, 5 e 6, que a partir

daquele momento começaram a perceber que do solo das ruas e de suas casas

estava minando chorume.

O Presidente da Associação de Moradores do bairro, Ageu Almeida, diz que a

maioria dos imóveis das ruas em questão apresenta comprometimento na estrutura

física, tendo em vista a presença de grandes infiltrações, e que em algumas

residências chegam a medir aproximadamente um metro ou mais tanto na área

interna quanto na área externa.

O Sr. Ageu Almeida diz ainda que as substâncias líquidas de coloração

avermelhada, semelhante a ferrugem, que corre a céu aberto, em plena via pública

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por alguns quarteirões do bairro, é um composto químico e tóxico proveniente da

decomposição do lixo que foi aterrado no antigo Raso da Catarina. A umidade de

aspecto molhado permanente tem ocasionado destruição (morte) em várias

espécies de arvores como cajueiros, mangueiras, goiabeiras, dentre outras.

Sr. Presidente é triste a situação dos moradores daquela localidade, que na

sua grande maioria estão vendo os seus imóveis se acabarem, em especial nas

áreas externas (muros e paredes), onde apresentam grandes aberturas,

ocasionadas pelas infiltrações — segundo eles, a substância de coloração

avermelhada que apareceu nas águas, que causa as infiltrações, é bastante

corrosiva e destroi toda a alvenaria, ferro (portões/grades) e até borracha (pneus de

carro/moto/bicicleta). Muitas casas caíram e outras estão abandonadas devido ao

estado de insalubridade. Mas o problema dos moradores não é só com as moradias

destruídas pela corrosão, é também com a saúde dos seus familiares, que

apresentam problemas de pele e respiratórios.

O Presidente da Associação de Moradores, Ageu Almeida, afirma que já fez

diversas denúncias às autoridades competentes, inclusive participou neste mês de

novembro, na Câmara de Vereadores, de audiência pública onde foi discutido o

assunto. Disse também que procurou o Centro de Tratamento de Resíduos — CTR,

que nega que a fonte do chorume, líquido avermelhado que corre a céu aberto pelas

ruas do bairro, seja do aterro sanitário.

Enquanto isso, a população sofre com a poluição do solo, com as paredes e

muros de suas residências enfraquecidas, caindo aos pedaços.

Sr. Presidente, solidarizo-me com aquelas famílias, que estão sofrendo, e

faço um apelo ao Ilmo. Sr. Prefeito do Município, Julio Lóssio, para que mande

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averiguar com urgência a situação daquelas famílias, que estão sofrendo,

especialmente depois das chuvas que caíram na região, que agravaram o problema.

Solicito, Sr. Presidente, que seja dado conhecimento à CPRH e ao Ministério

Público do Estado em Petrolina, setor de meio ambiente, para que envidem todos os

esforços para ajudar os moradores daquela comunidade.

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O SR. CLEBER VERDE (Bloco/PRB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero nesta oportunidade me referir a evento ocorrido no dia 16 último

no Maranhão — o Tribunal diplomou todos os Deputados Estaduais e Federais,

Senadores, Governadora e Vice-Governador eleitos no Estado.

Cumprimento de forma entusiasmada e especial a corte eleitoral do

Maranhão, a primeira a se dedicar a estudar, analisar e decidir sobre a Lei nº 135.

Cumprimento os juízes da referida corte por terem tido a coragem de interpretar o

direito difuso da Constituição. definindo que a lei não deveria valer naquela

oportunidade.

Assim outros tribunais também fizeram, mas o STF até hoje não se

manifestou nem consolidou uma posição no tocante à Lei nº 135.

Quero cumprimentar toda a Corte pelo trabalho feito com presteza, com

correção, com a rapidez necessária e, acima de tudo, com altivez pela lisura dos

pleitos, o que fez com que no Maranhão o pleito tenha se dado de forma tranquila e

democrática, respeitando, sobretudo, a vontade soberana do povo.

Quero também, Sr. Presidente, cumprimentar os amigos, companheiros e

colaboradores do meu partido, o PRB, de todo o Estado do Maranhão. Fui votado

em 215 Municípios — somente em dois Municípios não obtive votos —, o que

demonstra que o Estado do Maranhão abraçou a nossa candidatura.

Por isso, quero cumprimentar as lideranças dos Municípios, os Prefeitos, ex-

Prefeitos, Vice-Prefeitos, Vereadores, presidentes de partidos e de entidades de

classe que nos apoiaram e nos reconduziram a mais um mandato.

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Diplomado, portanto, agradeço a Deus, em primeiro lugar, aos meus

familiares, que compreenderam cada momento da campanha, especialmente ao

meu filho, Cleber Filho, que está presente prestigiando esta sessão plenária.

Meus amigos, na pessoa do Maurício, colaboraram de forma decisiva para

essa campanha vitoriosa cujo resultado louvo a Deus. Minha diplomação aconteceu

no dia 16 e tomaremos posse no dia 1º de fevereiro. Certamente esse mandato será

dedicado às causas sociais.

Sr. Presidente, não há nada mais relevante para a vida social do que o

sentimento de justiça. Entendo que fazer justiça é acima de tudo garantir, por

exemplo, salário mais digno, mais justo aos aposentados.

Que possamos sensibilizar o Governo para acabar com os índices

diferenciados de reajuste e consolidar aos aposentados índices iguais aos

concedidos ao mínimo aos que ganham acima do mínimo. Afinal de contas, se não

fizermos isso, vamos diminuir o poder de compra dos aposentados.

Discutimos, votamos e aprovamos o projeto que acaba com o fator

previdenciário, ao final vetado pelo Presidente da República. Quando o veto for

submetido a esta Casa, vamos avaliá-lo, derrubá-lo e garantir o fim do fator

previdenciário, que representa um grande prejuízo ao trabalhador quando do ato de

concessão da aposentadoria, algo em torno de 50%.

Sr. Presidente, não é justo que, por conta do fator previdenciário e dos índices

diferenciados de reajustes, os aposentados não possam voltar ao mercado de

trabalho.

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Então, que os aposentados que voltaram ao mercado de trabalho, com a

prerrogativa de suspender o benefício e acrescentar a ele o tempo trabalhado depois

de jubilado da sua aposentadoria.

Temos nesse sentido projeto tramitando na Comissão de Seguridade Social e

Família. Apelamos aos membros daquela Comissão para que possamos levar

adiante o projeto e aprova-lo, porque ele terá grande importância para os

aposentados, considerando-se principalmente os índices diferenciados e o fator

previdenciário, que penalizam os aposentados.

Considero mais do que justo permitir aos aposentados a prerrogativa de

suspender o benefício e acrescentar à aposentadoria o tempo trabalhado após o ato

de concessão, a fim de obter melhores proventos. Os juízes têm se manifestado

favoráveis a esse pleito, dando sentenças favoráveis para determinar que o INSS

assim proceda e garanta esse benefício aos aposentados.

Sr. Presidente, precisamos fazer muito mais pelos aposentados. No mês

passado foi realizado nesta Casa o 1º Congresso Mundial de Aposentados. Tal

evento nos permitiu entender que, mais do que nunca, não apenas aposentados do

Brasil, mas do mundo, clamam por justiça.

Entendo que esta Câmara, composta por 513 Parlamentares diplomados, que

irão tomar posse no dia 1º de fevereiro de 2011, tem o dever de defender os

interesses do povo brasileiro.

De forma especial, Sr. Presidente, não nos esqueçamos de nossos

aposentados, que vêm sofrendo muito ao longo dos anos. Mais do que nunca, eles

precisam do apoio e da solidariedade de cada companheiro nesta Casa.

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Que possamos fazer justiça social, permitindo aos aposentados e

pensionistas a possibilidade de, no futuro muito próximo, continuarem garantindo o

seu poder de compra com justiça, com o equilíbrio das suas contas familiares.

Dessa forma, faremos com que o aposentado tenha garantido efetivamente o

que está preconizado na Constituição.

Quero agradecer de forma especial ao povo do Maranhão, aos meus

familiares, aos amigos, aos companheiros que nos permitiram, no dia 16, receber o

diploma do Tribunal. Esse diploma teve para mim um sabor diferente, Sr. Presidente,

porque eu tive que enfrentar a Justiça. E justiça foi feita em relação ao meu caso,

confirmando a minha elegibilidade. O Tribunal me permitiu ser diplomado, e tomarei

posse nesta Casa no dia 1º.

Portanto, agradeço, em primeiro lugar, a Deus e ao povo do Maranhão. Tenho

certeza de que esse nosso mandato será em favor do povo brasileiro, especialmente

do povo do Maranhão.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Concedo a palavra ao Deputado

Sebastião Bala Rocha.

O SR. SEBASTIÃO BALA ROCHA (PDT-AP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Deputado Rômulo Gouveia, Sras. e Srs. Deputados,

amanhã, deveremos votar no Congresso a peça de ficção chamada Orçamento da

União.

Ao término desta legislatura, mais uma vez me convenço de que temos que

mudar a história da execução orçamentária. Temos que aprovar nesta Casa

matérias que determinem a execução do Orçamento aprovado.

Chegamos até a criar uma frente parlamentar em defesa de um orçamento

transparente, democrático, mas impositivo.

Estamos novamente diante de uma cruel realidade. Prefeitos e Governadores

gastaram recursos próprios para elaborar projetos, e o Governo Federal não

empenha as emendas.

Temos que mudar isso. Minha expectativa é que, no próximo ano,

consigamos aprovar essa mudança, para que o Orçamento seja impositivo.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Com a palavra o Deputado Ivan

Valente.

O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna denunciar mais um triste

episódio de perseguição a trabalhadores quem lutam por seus direitos.

Fomos surpreendidos com a informação de que ocorreram, neste final de ano,

inúmeras demissões de professores e técnicos administrativos do Colégio Integrado

e das Faculdades Integradas de Guarulhos — FIG, como retaliação à greve que os

profissionais de educação realizaram pelo recebimento de salários atrasados,

décimo terceiro e outros direitos que estariam sendo negligenciados.

Os 400 funcionários desta instituição, com o apoio do Sindicato dos

Professores e Professoras de Guarulhos (SINPRO), lutam para chegar a um acordo

que lhes garanta o recebimento daquilo que lhes é de direito. Há algum tempo eles

convivem com atrasos nos salários e até esse momento, pelas informações que nos

foram passadas, não receberam o salário de novembro e nem a última parcela do

13° salário. Por isso os professores iniciaram uma greve no dia 7 de dezembro,

depois de tentativas de negociação que se arrastaram por todo o segundo semestre,

paralisando as atividades do período de recuperação final de alguns alunos, que

estava em andamento naquele momento. A instituição desrespeitou, mais uma vez,

estes profissionais, atribuindo notas e aprovando ou reprovando os alunos que

estavam em recuperação sem qualquer avaliação formal ou consulta aos

professores que acompanhavam esses estudantes.

Na última quinta-feira, em reunião com o sindicato e os trabalhadores, o reitor

assumiu compromisso de que não haveria demissões, promessa que foi quebrada

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logo no dia seguinte, quando tiveram início as demissões, que ocorreram inclusive

no fim de semana, por cartas e telegramas, e atingiram mais de 120 trabalhadores,

entre professores, técnicos e outros profissionais.

Demissões que tiveram como justificativa uma suposta necessidade de

reenquadramento e enxugamento de pessoal, mas que atingiram principalmente

aqueles que se mobilizaram nessa luta. Elas têm a intenção clara de desmobilizar e

intimidar esses trabalhadores.

Não é possível admitir atitudes arbitrárias como essas, só condizentes com

períodos históricos em que prevaleceram regimes de exceção em nosso País; mais

inadmissível ainda é que instituições de ensino, que deveriam ser exemplo de

valorização e preservação da democracia, sejam protagonistas de medidas que

afrontam o livre direito constitucional de organização e manifestação dos

trabalhadores.

Nesse sentido, em nome da preservação do Estado Democrático de Direito, já

solicitamos ao Reitor da FIG, Sr. Ary Baddini, a imediata readmissão dos

profissionais demitidos e a garantia de preservação de todos seus direitos

trabalhistas.

O SINPRO vem atuando junto ao Ministério do Trabalho para tentar reverter

essa situação e garantir os direitos desses trabalhadores, mas até este momento a

única proposta feita pela FIG foi de um inaceitável parcelamento dos atrasados em

20 vezes, e sem qualquer indicativo sobre os demitidos ou mesmo seus direitos

rescisórios.

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Queremos nos solidarizar com os profissionais da FIG e o Sindicato dos

Professores pela luta, colocando-nos a disposição nessa batalha pelos direitos

desses trabalhadores e contra essa absurda perseguição.

Obrigado.

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O SR. VALDIR COLATTO (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero anunciar a decisão do Juiz Federal

Narciso Leandro Xavier Baez de revogar portarias referentes a terras de Araçá, nos

Municípios de Cunha Porã e Saudades, e de Canhadão, no Município de Abelardo

Luz, em Santa Catarina. Trata-se de um grande feito desse corajoso juiz, que

afirmou serem tais terras de agricultores e não de indígenas.

Também quero dizer que o Presidente da República sancionou a Lei nº

12.350/10, originária da Medida Provisória nº 497/2010 e que isenta de PIS/COFINS

indústrias de suínos e aves. Essa medida faz com que pequenas indústrias e

empresas da área possam continuar trabalhando na produção e na exportação. Era

uma reivindicação dos pequenos frigoríficos, uma vez que essa isenção já era dada

no caso da carne bovina.

Com certeza, com essa medida serão mantidos muitos empregos, pois

haverá sustentação para que pequenos frigoríficos continuem abertos.

Queremos parabenizar o Presidente Lula por ter sancionado a importante Lei

12.350/10.

Obrigado, Sr. Presidente.

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A SRA. JÔ MORAES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. JÔ MORAES (Bloco/PCdoB-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Minas Gerais comporta 16% de

toda a maior malha viária do País. São quase 270 mil quilômetros de rodovias,

muitas das quais em péssimas condições de trafegabilidade. Mais de 200 mil

quilômetros nem sequer são pavimentados.

Desses quase 270 mil quilômetros, 7,6 mil são federais, 23,6 mil são

estaduais e 238 mil são municipais. Pude obter esses dados na página oficial do

Governo do Estado de Minas Gerais.

Percorrer as rodovias de meu Estado tem sido uma verdadeira loteria para a

maioria dos motoristas. Atravessá-las para trabalhar, estudar, ir ao médico ou

mesmo ir ao centro de algumas cidades cortadas por estradas tem sido um risco

constante para os moradores do entorno dessas vias. E isso não deveria acontecer

porque pagamos os mais altos impostos, as mais altas tarifas e taxas. Está aí o

DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via

Terrestre), que vem sendo desviado dos mais de 50 milhões de proprietários de

veículos que o pagam. Este ano, além do reajuste, estão cobrando até pela emissão

do bilhete, mais de R$ 4,00.

E nessa conjuntura assistimos a inúmeras mortes de trabalhadores, pais e

mães, estudantes, crianças, idosos, famílias inteiras. Pessoas em idade ativa são

incapacitadas para o trabalho, passando a depender de máquinas e equipes

multidisciplinares para sobreviver. Há mortes, incapacitação e danos evitáveis.

Como as mortes e danos que vêm acontecendo no entroncamento da BR-153 com a

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MG-497, na cidade do Prata. Tudo, segundo moradores da região e familiares das

vítimas, em razão da falta de um viaduto no local. D. Valdelina Bispo Normandia

perdeu o marido, Osvaldo Pereira Normandia. Ele trafegava em sua bicicleta e foi

atropelado e morto por um caminhão em alta velocidade. Um tipo de acidente

comum no trecho, infelizmente. Ela, o marido e o filho moravam no Bairro Progresso,

que é separado do centro da cidade pela rodovia.

Como a maioria das atividades e dos serviços públicos e urbanos está

localizada no Centro, o vaivém de moradores é comum na rodovia. O trânsito de

caminhões em alta velocidade é o item que eleva o risco e a ocorrência de

acidentes, como o que matou Osvaldo no local conhecido como “trevo da morte”.

Srs. Deputados, é preciso que o Ministério dos Transportes, o DNIT e o DER

se unam e definam como prioridade a vida, as pessoas. E que se possa fazer o

traçado das rodovias, dos viadutos e das passarelas sob essa elementar definição.

Carro, caminhões, carretas são secundários. Precisamos evitar mortes e

morbidades. É essa a prioridade.

Basta!

Ilustrando o drama das pessoas, transcrevo aqui carta que recebi da Sra.

Valdelina Bispo Normandia.

“Venho através desta, informar a Vossa Senhoria,

que no dia 08.05.2008, faleceu meu marido OSVALDO

PEREIRA NORMANDIA, sendo que o mesmo no

momento do acidente estava atravessando o Trevo da

rodovia BR 153 no entroncamento com a rodovia MG 497

na cidade de Prata-MG, ele estava de bicicleta e foi

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atropelado por um caminhão que vinha em alta

velocidade.

O referido Trevo não apresenta qualquer

segurança para pedestres ou veículos, prova disso são

vários acidentes que ocorrem no local.

O Escritório do DNIT na cidade de Prata — MG,

sempre diz que o Trevo é bom, mas não consegue

explicar os acidentes e mortes que acontecem no local.

Até o dia da morte do meu marido nós morávamos

no Bairro Progresso, sendo que a rodovia separa o Bairro

do Centro da cidade, onde passam diariamente milhares

de pessoas e veículos, principalmente caminhões em alta

velocidade. Depois da morte do meu marido eu e meu

filho nos mudamos para outro bairro afastado da Rodovia.

O processo criminal ainda está em andamento na

Delegacia para apurar a responsabilidade sobre o

acidente. Dentro em breve irei entrar no Fórum com uma

ação de indenização contra o proprietário do caminhão, o

motorista e o DNIT, sendo que até o presente momento

ninguém me procurou para ver como estou passando por

dificuldades financeiras e psicológicas.

Estou lhe contando a fatalidade que aconteceu na

minha vida, devido a esse acidente, para que vossa

Senhoria interceda no DNIT em Brasília e no Ministério

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dos Transportes e também no DER MG, para que seja

construído um VIADUTO no entroncamento da BR 153

com a MG 497. A rodovia BR 153 está em obras, portanto

está no momento certo de arrumar o péssimo

entroncamento (trevo da morte) como é conhecido por

aqui. Se for construído um VIADUTO no local os

acidentes e atropelamentos vão parar, e as famílias vão

poder continuar juntas, por isso, suplico que entenda meu

sofrimento, e não deixe que mais famílias passem os

momentos difíceis que estou passando.

O número da ocorrência da Polícia Rodoviária

Federal, que relatou o atropelamento do meu marido é

375.440.

Valdelina Bispo Normandia

Prata — MG”

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado

Geraldo Resende.

O SR. GERALDO RESENDE (Bloco/PMDB-MS. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria que esta minha

intervenção hoje fosse recebida muito mais como uma declaração de amor a

Dourados, minha cidade, do que propriamente um pronunciamento. Isso porque a

cidade que me acolheu há mais de 40 anos completou ontem, dia 20 de dezembro,

75 anos de emancipação política e administrativa.

No concerto das cidades brasileiras Dourados é destaque, mesmo sendo tão

jovem politicamente. O desenvolvimento pelo qual passou nestes tão poucos anos é

típico de cidades centenárias, não apenas no Brasil, mas mundo afora. Essa

realidade é consequência de uma conjunção de fatores. O primeiro deles, a

generosidade divina, que ofertou à região uma natureza hospitaleira, tanto no clima

quanto na fertilidade de suas terras e na sua formação geográfica. Dourados tem as

terras mais férteis do País, solo plano, com os chamados campos de vacaria e

cursos de água mansos, porém caudalosos.

O segundo aspecto que levou Dourados ao sucesso atual foi o escol de seus

pioneiros, pessoas que, na primeira quadra do século XX para lá acorreram com o

único objetivo de construir uma nova vida, de crescer e de legar um futuro promissor

a seus descendentes. Para tanto, trabalharam com afinco na lavra da terra e

transformaram a cidade num dos maiores celeiros agrícolas do País. Brasileiros de

todas as regiões para lá acorreram: gaúchos, catarinenses, paulistas, mineiros,

paranaenses, nordestinos. E de outros países também: italianos, japoneses,

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paraguaios, para citar alguns, principalmente após a criação da Colônia Agrícola

Nacional de Dourados pelo Governo de Getúlio Vargas.

Essa miscigenação, aliás, é o caldo que resultou no espírito cordato e

acolhedor do povo douradense, hoje somando uma população oficial de mais de 200

mil habitantes. A ela me somei, com minha família, no final da década de 60, oriundo

da cidade mineira de Córrego d’Anta. E foi lá que, garoto, percorri as vilas e ruas de

uma cidade em efervescência. Vendendo picolés, engraxando sapatos, comerciando

salgados e frutas, ajudava no sustento familiar e começava a entender o mundo.

Com esse entendimento surgia o sonho de estudar e, no futuro, ajudar aquela

cidade que eu via crescer e com ela me desenvolvia física e intelectualmente.

Passaram-se os anos e uma das profissões que aprendi, ainda jovem, foi a de

gráfico, trabalhando inicialmente em jornais e depois em gráficas. Vivia num meio

em que se discutia e se noticiava o momento político da cidade e do País. Formava,

então, minha consciência política e o sonho de estudar Medicina e, com ela, ajudar,

dentro das minhas limitações e possibilidades, nas transformações que o País

requeria. Fui à luta e. após me formar na Universidade Federal do Ceará, voltei a

Dourados para atuar como médico nos postos da periferia, no início da década de

80. Foi ali que, colocando minha profissão a serviço dos mais humildes, nasceu a

vontade de ajudar minha cidade e minha gente de uma forma mais incisiva, por meio

da vida pública.

Em 1992 fui eleito Vereador pela primeira vez em Dourados, sendo reeleito

quatro anos depois e Deputado Estadual em 1998; Secretário Estadual de Saúde

em 2000; Deputado Federal em 2002 e 2006; e agora reconduzido a esse honroso

cargo para o terceiro mandato nesta Casa, com votações sempre crescentes.

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Não poderia, portanto, estar mais feliz. Olhando para o passado, relembro a

minha pequena cidade, porém já cheia de perspectivas; vejo-me atendendo nos

postos de saúde, candidato a Vereador e comemorando a eleição para aquele e os

demais mandatos, chegando até este momento em que saúdo Dourados pelos 75

anos.

Trata-se mesmo de uma relação de amor. O carinho da acolhida àqueles

migrantes mineiros me fez um devoto de Dourados. E a devoção me foi devolvida

com mais generosidade e ainda mais responsabilidade. A esta retribuí com muito

trabalho, realidade que fez com a esmagadora maioria das obras hoje em

andamento em Dourados, e outras ainda em fase de licitação, sejam resultado de

meu trabalho nesta Casa. Isso é prova cabal de que mesmo o furacão político que

se abateu sobre a cidade não arrefeceu meus ânimos, tanto que continuei

viabilizando projetos importantíssimos, que vão refletir em benefícios não apenas

dos douradenses, mas de toda a região da qual a cidade é polo.

O Prefeito responsável pela maior crise política e institucional da história de

Dourados, que acabou preso sob acusações pesadíssimas de corrupção, era um

dos principais algozes de meu trabalho. Sim, declaradamente, ele atrasava ou

engavetava os projetos que arduamente eu conseguia viabilizar por meio do

mandato parlamentar. Muitos deles tinham recursos empenhados há mais de três

anos e somente agora, com a nova administração, é que estão sendo encaminhados

e talvez possam ter início já com a nova administração que irá emergir das urnas no

próximo dia 6 de fevereiro, data marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral para a

escolha do Prefeito que exercerá um mandato tampão de dois anos.

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Poderia elencar aqui uma série de ações, obras e projetos que estão em

andamento ou na iminência de começar, fruto de nossa atuação parlamentar e que

posso considerar como presentes de aniversário a Dourados. Mas a lista seria longa

e o tempo não é suficiente. Apenas, a título de ilustração, cito a construção da UPA,

em andamento; reconstrução da Escola Presidente Vargas (com recursos

empenhados para o início das obras no ano que vem); Instituto da Mulher e da

Criança (em processo de licitação); construção de seis novos postos de saúde (em

andamento); pavimentação asfáltica em diversos bairros (em andamento e em fase

de licitação); construção de três novas praças, que deverão começar nas próximas

semanas; revitalização da principal praça da cidade, a Antonio João (em

andamento); reforma do Hospital da Vida; revitalização da Rua Toshinobu Katayama

(a começar); e construção de duas quadras poliesportivas (em andamento); além de

oito novos postos de saúde, que deverão começar no ano que vem.

Haveria outros projetos a serem citados aqui, porém cito os principais, como

reconhecimento e gratidão por tudo que Dourados tem representado para a minha

vida e de todo o povo da querida cidade. Mas fico com esta lista, na certeza de que

muito ainda faremos por Dourados e Mato Grosso do Sul no ano que se avizinha,

que sem dúvida será um Ano-Novo muito feliz e promissor. Um feliz Natal a todos os

colegas, aos douradenses em especial, enfim, a todos os sul-mato-grossenses e

brasileiros!

Sr. Presidente, agora já me referindo a outro assunto, a pesquisa realizada

pela Confederação Nacional de Municípios, divulgada no dia 13 deste mês, é a

confirmação do que já percebíamos andando pelas ruas dos grandes centros, do

que conferíamos nos meios de comunicação e do que era informado a este

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Parlamentar por lideranças indígenas em meu Estado, Mato Grosso do Sul: o crack

é uma epidemia e já está presente em mais de 70% dos municípios brasileiros.

O levantamento aponta que 98% das 3.950 cidades pesquisadas enfrentam

problemas relacionados ao crack. A droga, que provoca imediata dependência no

momento do primeiro consumo, é o subproduto de outros entorpecentes e é a quarta

substância ilícita mais consumida no País. Como todos sabem, o usuário de crack

pertence às camadas mais pobres da população.

Os dados que sustentam esses alarmantes resultados foram coletados pelas

Secretarias Municipais de Saúde. O mais preocupante é que os órgãos confirmaram

a quase inexistência de ações de recuperação de viciados. Cerca de 90% dos

municípios não executam programas institucionalizados de combate ao crack.

Na outra ponta, mesmo com o anuncio de investimentos de mais de 200

milhões de reais realizados pelo Governo Federal e a divulgação do Plano Integrado

de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, os resultados são tímidos. Com os

números desse geoprocessamento de dados é possível identificar que apenas

3,39% dos municípios fez convênio com o Governo Federal para a implantação do

Plano.

O crack não está mais apenas nas ruas dos grandes cidades, está na zona

rural e, como já havia dito, até nas aldeias indígenas de meu Mato Grosso do Sul.

Acredito que esse Plano não pode ter limitação por número de habitantes,

todos os municípios têm de ter a possibilidade de receber recursos para o combate a

esse mal.

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Atualmente, os poucos municípios que promovem ações contra o crack o

fazem com recursos próprios, ou seja, parte do já combalido orçamento das

administrações municipais está sendo destinada a esse enfrentamento.

Além de um trabalho específico para fiscalizar nossas fronteiras secas e

impedir o tráfico de drogas, é preciso investir em leitos de hospitais e comunidades

terapêuticas; implantar núcleos de apoio à saúde da família e capacitar agentes que

atuam na rede de atendimento a usuários de drogas. As ações têm que contemplar

todas as frentes. Independentemente de haver maior ou menor uso do crack nesse

ou naquele município, a política anti-crack tem que ser para todos.

Faço parte da Comissão Externa encarregada de analisar in loco os efeitos

das políticas antidrogas e do tratamento de usuários de drogas no Brasil e em outros

países. Visitei centros europeus que discutem essas políticas, as propagandas

institucionais, e pude comprovar a participação da sociedade nesse debate.

Estive, na semana passada, na Fazenda Esperança, em Guaratinguetá, no

interior de São Paulo, e pude perceber o brilho nos olhos dos que estão retornando

à sociedade como exemplos de recuperação. Seus corações estavam invadidos

pela esperança. Quero levar essa experiência de religiosos católicos para minha

cidade de Dourados.

Acredito que o combate ao crack deva ser prioridade. O vício em drogas é

caso de saúde pública. Essa patologia cresce de maneira epidemiológica e as ações

devem ser enérgicas e imediatas, para que em um futuro próximo não precisemos

resgatar nossos filhos em “cracolândias” espalhadas por todo o País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PEDRO FERNANDES (PTB-MA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, no último dia 16, em São Luís, capital do Maranhão, houve a diplomação

dos eleitos no último pleito: a Governadora Roseana Sarney, o Vice-Governador

Washington Oliveira, os Senadores Edison Lobão e João Alberto, os Deputados

Federais e Estaduais e os suplentes.

Não pude comparecer ao evento porque já havia assumido vários outros

compromissos, mas foi um momento de afirmação da democracia A diplomação foi

muito comentada em minha cidade e no Estado. Foi uma bela festa, uma festa da

democracia.

O ponto alto da solenidade, Sr. Presidente, foi o discurso do Presidente do

TRE, Desembargador Raimundo Cutrim, a quem quero saudar e a toda a Corte.

Raimundo Cutrim é um homem público que ostenta uma bela carreira. Trata-se de

homem decidido, correto, competente, dedicado e vocacionado à Justiça.

Sr. Presidente, peço que seja transcrito nos Anais desta Casa o discurso do

nobre Desembargador, do qual aproveito para ler um trecho, muito comentado e

aplaudido:

“Peço a permissão dos senhores para chamar

atenção dos parlamentares maranhenses para que

analisem com cuidado o projeto de reforma do novo

Código Eleitoral. Noto que a cada ano as eleições ficam

mais judicializadas, pede-se a permissão da Justiça

Eleitoral para tudo: de uma simples distribuição de

santinhos até para a fixação de placas e cartazes. Vejo

que o processo eleitoral está deixando de ser uma festa

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cívica da democracia, para uma festa de proibições.

Proíbe-se tudo. Proíbe-se ‘showmícios’. Proíbe-se dar

carona. Proíbe-se ao eleitor escolher o domicílio eleitoral.

Proíbe-se até mesmo dar um simplório prato de comida a

um pobre cidadão-eleitor do interior, pois esse prato de

comida pode ser interpretado como moeda de troca de

seu voto, o que é um absurdo.

Pior do que isso, senhoras e senhores, é um pobre

candidato a vereador no interior, que às vezes não tem

condições de comprar um quilo de carne para o sustento

de sua família, ser acusado da prática de abuso de poder

econômico.".

O Desembargador está preocupado com a judicialização das eleições,

principalmente por parte da Justiça Eleitoral. O que deveria ser uma festa

democrática passa a ser uma festa de proibições.

Portanto, chamo a atenção desta Casa para o fato de que piora a cada dia o

processo eleitoral, que é cada vez mais judicializado. Precisamos aprovar nesta

Casa uma legislação nova, moderna, que não deixe dúvida à interpretação do Poder

Judiciário. Assim teremos escolhas mais transparentes e corretas.

Somo-me ao Desembargador Raimundo Cutrim nas suas preocupações.

Quando esta Casa começar a discutir o novo Código Eleitoral, vou propor seja

convidado esse nobre cidadão a vir a esta Casa para, juntamente com outros

homens de leis, discutir a questão eleitoral.

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Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para fazer um apelo ao Banco do

Brasil. Sou autor de indicação ao Ministério da Fazenda, à qual darei entrada agora.

A área de Itaqui-Bacanga, em São Luís do Maranhão, é servida por universidades,

portos e pela Vale do Rio Doce — a Votorantim vai se instalar por agora na região.

Há grandes bairros e uma população com mais de 200 mil habitantes, mas não

existe uma agência do Banco do Brasil.

Estou apresentando indicação ao Ministério da Fazenda, naturalmente

encaminhada ao Banco do Brasil, para que analise nossa sugestão e contemple a

população local com uma agência do banco. Aliás, a área há muito tempo merece

ser transformada em município, mas, por falta de votação de lei complementar que

devolva aos Estados a capacidade de criar municípios, está pendente.

Deixo meu apelo ao Banco do Brasil para que, entendendo que a área de

Itaqui-Bacanga, em São Luís, é uma área portuária e realmente precisa de serviços

bancários, instale ali uma de suas agências.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 76 A 76-D)

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

Deputado Raimundo Gomes de Matos.

O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB-CE. Pela ordem. Sem

revisão do orador.) - Sr. Presidente, inicialmente, enalteço V.Exa., que assumirá a

Vice-Governadoria da Paraíba, Estado vizinho ao nosso Ceará. Sucesso. V.Exa.

demonstrou aqui capacidade de articulação política e administrativa.

Quero comunicar, por meio do programa A Voz do Brasil e da imprensa em

geral, que, a partir de fevereiro, com certeza, a nova Presidente vai estabelecer uma

nova comissão para discutir e normatizar a Emenda Constitucional nº 63, que criou o

piso salarial e o plano de carreira dos agentes comunitários de saúde e dos agentes

de combate às endemias. Com isso, vamos poder concretizar toda a articulação feita

durante os anos de 2009 e 2010 justamente para a normatização dessa categoria,

de grande importância no sistema de saúde do País.

Também gostaria de enaltecer o trabalho da Senadora Serys Slhessarenko,

que vai possibilitar aumento de recursos para a saúde no Orçamento.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Concedo a palavra ao Deputado

Silas Brasileiro, do PMDB de Minas Gerais. S.Exa. dispõe de 5 minutos.

O SR. SILAS BRASILEIRO (Bloco/PMDB-MG. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com satisfação que usamos

hoje esta tribuna para tecer alguns comentários sobre a política social e econômica

do Brasil, suas perspectivas, e fazer um balanço dos últimos anos em que tivemos a

honra de servir à nossa Nação nesta Casa de Leis.

Inicio comentando sobre o sucesso de nosso País desde a implantação do

Plano Real, pois os Governos dos Presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz

Inácio Lula da Silva priorizaram a estabilidade econômica, com a queda da inflação

e o fortalecimento de nossa moeda.

Nos dois mandatos em que o Presidente Lula esteve no comando de nosso

País, ele conduziu com maestria a consolidação desse processo, além de ter

ampliado os programas sociais que reduziram a fome e a miséria e proporcionaram

melhores condições de vida para toda a população, sobretudo as camadas mais

carentes.

Como principais resultados, destacamos a substantiva melhoria dos

indicadores econômicos e sociais, tais como:

- A distribuição de renda, mais justa, com milhões de brasileiros saindo da

linha de pobreza, buscando assim a verdadeira integração social.

- A redução do desemprego para o menor índice da história de nosso País.

- O crescimento da nossa atividade econômica, com utilização mais intensa

de tecnologia e aumento do valor agregado nos produtos exportados.

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- A melhoria da saúde de nossa população, “muito embora ainda precária”,

mas com redução da mortalidade infantil e aumento da expectativa de vida.

- A redução da fome e da miséria pelo aumento da renda do trabalhador e

pelos programas sociais implantados, como o Bolsa Família.

- A liquidação da dívida externa brasileira e a nossa independência em

relação ao FMI.

Além disso, o Brasil chamou a atenção pelo vigor invejável com o qual

atravessou a grave crise financeira mundial.

Para que nosso País continue rumo ao desenvolvimento com justiça social,

acreditamos que a nova composição desta Casa deve levar em consideração o

espírito de união e dar governabilidade à Presidente Dilma. Só assim o Brasil

continuará a trilhar esse caminho de sucesso.

Que haja unidade, principalmente, daqueles partidos que caminharam juntos

nas eleições de 2010. Também devemos contar com o compromisso dos partidos de

oposição em apoiar todas as propostas enviadas a esta Casa de Leis ou por ela

criadas que visem ao bem-estar social de nosso povo e ao crescimento de nossa

Nação.

Por conhecer o trato político do novo Vice-Presidente, Michel Temer, não

duvidamos de que o bom senso vai reinar nesta Casa. Temer é um jurista de rara

qualidade, homem culto, ético e que sabe como ninguém transitar nas diversas

esferas do Congresso, visto ter sido líder do nosso partido e Presidente da Câmara

em diversas legislaturas.

Acredito que o Palácio experimentará uma nova era na relação

Executivo/Legislativo. Com a experiência e o trânsito do nosso Presidente Michel, as

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questões que necessitarem mediação do Governo serão trazidas aos

Parlamentares, respeitando a manutenção da soberania do Legislativo,

independentemente de siglas partidárias, e encaminhadas de imediato. Michel

Temer cada vez mais será uma personalidade de grande destaque político em

nosso País.

Quanto à nossa atuação nesta egrégia Casa, tivemos a oportunidade de

oferecer algumas marcantes contribuições para toda a sociedade brasileira, como a

Relatoria do Estatuto do Idoso, trabalho proposto pelo então Deputado e hoje

Senador Paulo Paim. De 30 artigos iniciais, ampliamos e aprovamos 118 artigos.

Escrever essa peça e vê-la aprovada sem emendas foi extremamente

gratificante. O estatuto brasileiro é considerado uma das legislações mais

avançadas de todo o mundo na luta pela garantia dos direitos dos idosos. Nossos

idosos construíram nossa Nação com amor, perseverança e desprendimento, em um

tempo em que as dificuldades se faziam presentes em todos os aspectos: na

locomoção, na comunicação, na falta de saneamento básico, na ausência de renda.

Enfim, os consideramos verdadeiros heróis, por terem ultrapassado todos esses

obstáculos, escrevendo a nossa história.

O Estatuto do Idoso vem implementar a participação de parcela significativa

do povo brasileiro (os idosos), por intermédio de entidades representativas como os

conselhos, que, por sua vez, seguindo a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, têm

por objetivo deliberar sobre políticas públicas e controlar ações de atendimento,

além de zelar pelo cumprimento dos direitos do idoso, de acordo com o novo

estatuto (art. 7º).

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O grande desafio para este milênio é construir uma consciência coletiva de

forma a que tenhamos “uma sociedade para todas as idades”, com justiça e garantia

plena de direitos.

Outra importantíssima ação de que tivemos a felicidade de participar com

grande trabalho ocorreu nas discussões que antecederam a redação da Lei de

Biossegurança. Tendo presidido a Comissão Especial que culminou com a sua

aprovação, sinto-me gratificado, pois ela é hoje um marco nas questões que

envolvem o desenvolvimento do setor produtivo, através da ciência, da pesquisa e

do conhecimento, e, também, na área da saúde. Como exemplo, citamos a

viabilidade da pesquisa e dos estudos com as células-tronco, que já é a maior

revolução da medicina moderna.

As implicações éticas e legais dessa forma de terapia residem no fato de se

utilizarem embriões humanos como fonte das pesquisas para o tratamento e a cura

de algumas doenças degenerativas, o que exige muita responsabilidade no trato da

questão. Como exemplos, o diabetes tipo 1 e a esclerose lateral amiotrófica, mas

especialmente os processos degenerativos dos tecidos nervoso e muscular, bem

como lesões traumáticas — como as causadas por acidentes na medula espinhal.

Também por intermédio dessas células, em curto espaço de tempo teremos a cura

para a cegueira e para a AIDS.

Enfermidades que antes eram intratáveis ou incuráveis ou lesões até então

tidas como irreversíveis passam a ter a promessa dos estudos referentes à

terapêutica utilizando células-tronco embrionárias.

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O que se percebe após 5 anos da publicação da Lei da Biossegurança (nº

11.105) é o quanto o País avançou no controle e na fiscalização das atividades que

envolvem a engenharia genética.

A partir da publicação da referida lei, que revogou a norma anterior (Lei nº

8.974, de 1995), criou-se um instrumento juridicamente mais seguro, para pesquisa

ou comercialização, quando se trata de liberação de Organismos Geneticamente

Modificados (OGMs).

Em artigo publicado no último dia 12 no jornal Valor Econômico, o mestre em

Direito das Relações Sociais da PUC-SP Celso Umberto Luchesi disse:

“Assim, a conclusão a que se chega é que a atitude

do legislador em publicar a Lei nº 11.105, procurando

desmistificar o tema a respeito da biotecnologia, é digna

de aplauso. Além de ter criado um aparato legal e técnico

permitindo às entidades públicas e privadas devidamente

credenciadas e legalizadas que façam pesquisas e

aumentem o conhecimento do Brasil neste campo, têm

evitado gradativamente, que o país fique em

desvantagem com outros no campo da biotecnologia e da

ciência, sem deixar de lado a cautela com que o tema

deve ser tratado”.

Destaco ainda que, em função de minha origem e de meu trabalho antes de

ter sido eleito Deputado Federal — assumi mandato em 1994 —, tive a oportunidade

de participar ativamente de medidas de apoio ao produtor rural.

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Fui relator da lei que criou o Conselho Deliberativo de Política do Café

(CDPC), e graças à nossa atuação o café foi incluído na Política de Garantia de

Preços Mínimos (PGPM), o que viabilizou diversos programas de sustentação de

preços nas recentes crises atravessadas pela cafeicultura, como as Opções

Públicas de Venda e o PEPRO.

Participei da criação do Consórcio de Pesquisas da Embrapa Café, do

georreferenciamento do parque cafeeiro nacional, em andamento, e da publicação

da Instrução Normativa 16, que dispõe sobre a qualidade técnica do café, o que vai

proporcionar ao brasileiro o consumo de uma bebida agradável ao paladar.

Participei também da criação dos Centros de Inteligência e de Excelência do

Café e do Minas Café — nessa época como Secretário de Estado de Agricultura de

Minas Gerais, no Governo Aécio Neves. Tive participação ativa na liberação das

cartas patentes dos bancos cooperativos BANCOOB e BANCICRED, na inclusão

das cooperativas de crédito como agentes do FUNCAFÉ, na criação da Frente

Parlamentar da Cafeicultura nesta Casa, sendo seu primeiro Presidente. Foram,

dentre várias outras, importantes marcas na cafeicultura brasileira, um legado

deixado por nós aos produtores de café. Temos a consciência de que há muito mais

para ser feito, e isso nos leva, onde quer que estejamos, a continuar trabalhando

para esse segmento, que é o maior gerador de emprego em nosso País e padece de

uma crise permanente pela falta de entendimento entre a iniciativa privada e o

Governo.

Nas crises mais agudas da agricultura brasileira em suas diversas áreas de

produção, fomos um dos interlocutores, sempre presente nas negociações dos

produtores com o Governo.

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Todas as prorrogações de custeio, colheita, estocagem e dação do

FUNCAFÉ, bem como as reprogramações de longo prazo como securitização,

PESA, Pesinha, RECOOP, contaram com nossas propostas e negociações.

Procuramos dar sustentabilidade a quem já produz, com a implantação de

instrumentos de financiamento e custeio pela União e a consequente redução de

juros para o crédito agrícola.

Outra vitória importante foram as alterações aprovadas na Câmara dos

Deputados e mantidas no Senado Federal da Medida Provisória 500, que amplia

prazos para renegociação da Dívida Ativa da União e restabelece o direito dos

mutuários que renegociaram seus débitos e já pagaram a primeira parcela de

voltarem à condição de normalidade.

Trabalho e trabalharei, incansavelmente, para que quando falarmos em

dívidas do produtor rural seja uma citação do passado. A palavra do presente deve

ser renda. Assim, o produtor terá toda a condição de promover seu negócio sem a

necessidade de suporte de terceiros, com o mínimo de riscos e perdas possíveis e

com o foco no retorno financeiro.

Devido a esse trabalho de apoio à atividade rural, tivemos a honra de ser

convidados para servir ao Governo do Presidente Lula, na qualidade de

Secretário-Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na

gestão do Ministro Reinhold Stephanes.

Na Secretaria-Executiva, empreendemos uma importante reforma na

estrutura administrativa do Ministério.

De volta ao Legislativo, lutamos pela desoneração dos tributos incidentes

sobre as proteínas animais e, assim, através de um trabalho incessante,

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conseguimos a isenção na fonte do PIS/COFINS da carne bovina, do charque, do

couro e, agora, da carne de aves e suína. Vamos trabalhar para a inclusão dos

pescados.

A produção de alimentos no Brasil custa mais ao produtor e, por

consequência, ao consumidor, por fatores que incluem falta de infraestrutura

adequada, alta incidência de impostos e legislação trabalhista e social.

Os efeitos da elevada tributação são nocivos ao País e a todos os brasileiros,

sejam eles produtores rurais, empresários da agroindústria ou consumidores,

principalmente aqueles das classes sociais C e D, que têm menos poder aquisitivo

para comprar alimentos.

Para se ter uma ideia de como o mundo trata do tema, e do quanto o Brasil

destoa dos demais países na área tributária sobre alimentos, pesquisa da Fundação

Getulio Vargas — FGV mostra que o Reino Unido não tributa alimentos.

Nos EUA, 34 Estados não tributam alimentos; na Itália, a tributação chega a

no máximo 5%; em Portugal, a 4%. Por isso, a isenção do PIS/COFINS foi o início

de uma grande conquista.

Buscamos ser um elo forte no difícil trabalho de desatar as amarras do

preconceito em relação ao homem do campo, na agricultura familiar ou na

empresarial. Hoje, os agricultores são respeitados e vistos como importante

instrumento de sustentação da cadeia produtiva do agronegócio, na geração de

emprego e no superavit da balança comercial.

Na oportunidade, faz-se necessário parabenizar a Ministra Dilma Rousseff,

Presidente eleita, pela feliz escolha do nome que ocupará o Posto de Ministro de

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Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Ministro Wagner Rossi, que tem

entre as suas atribuições a incumbência de modernizar o Ministério.

Destacamos ainda a nossa luta pela aprovação do Código Florestal, que

agora entra em fase decisiva. Temos a consciência de que não é o projeto que

sonhamos. Contudo, é o que mais se aproxima de nossa realidade e, aprovado com

algumas emendas ou ressalvas, contribuirá, decisivamente, para preservar o meio

ambiente, “que é vida”, e a produção, “que é alimento para mesa dos brasileiros e

para o mundo”.

Queremos também ter o privilégio de falar da propositura que fizemos à

Presidente eleita, Exma. Sra. Dilma Rousseff, de criação do Ministério das Micro e

Pequenas Empresas.

As micros e pequenas empresas são um dos principais pilares de sustentação

da economia brasileira, quer pela sua enorme capacidade geradora de empregos,

quer pelo infindável número de estabelecimentos desconcentrados geograficamente.

Em termos estatísticos, esse segmento empresarial representa 25% do

Produto Interno Bruto (PIB), gera 14 milhões de empregos, ou seja, 60% do

emprego formal no País, e constitui 99% dos 6 milhões de estabelecimentos formais

existentes, respondendo ainda por 99,8% das empresas que são criadas a cada

ano, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE).

Diante dessa realidade, a criação desse Ministério terá o objetivo de regular,

acompanhar e implementar políticas públicas que garantam a sustentabilidade das

micros e pequenas empresas, responsáveis por considerável percentual da criação

de emprego, da distribuição de renda e do crescimento econômico do nosso País.

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Em relação à Presidente Dilma, cabe-nos dizer que se trata de uma mulher

inteligente, capaz, com larga experiência administrativa pelos cargos que já ocupou

e que neste 1º de janeiro dará início a uma nova era na gestão administrativa de

nosso País.

A mulher alcança em nosso Brasil o cargo mais importante que um cidadão

pode atingir. Independentemente do gênero, a competência é que deve estar em

jogo, e isso a Presidente tem de sobra.

Comandou com pulso firme as obras do PAC (Programa de Aceleração do

Crescimento), foi braço direito do Presidente Lula nos momentos mais árduos e de

turbulência do Governo, compareceu a esta Casa sempre que foi convidada e não

fugiu do combate. O bom combate, aquele que só os bem preparados e idealistas

têm a coragem de enfrentar.

Desejamos à Exma. Presidente todo o sucesso, para que nosso Brasil siga os

passos do crescimento e tenhamos uma sociedade mais justa, mais humana, mais

fraterna, um lugar melhor para viver.

Concluo minhas palavras, nobre Presidente, caros colegas, ressaltando o

dom da luta.

A luta por melhores condições de vida dos mais necessitados, a perseguição

do melhor servir, a inquietude ao ver a injustiça e a busca permanente pela

qualidade de vida de todos os brasileiros.

Luta essa que sempre empreendemos em nossa jornada e que caracteriza

grandes personalidades como o nosso Presidente que sai e a nossa Presidente que

chega.

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Em homenagem à história de vida deles, ouso citar, encerrando meu

pronunciamento, um trecho usado pelo Governo nos programas de divulgação

através do rádio, no qual se pergunta: o que é mais importante neste País?

Seu solo rico, seu manancial hídrico, suas florestas naturais, seus campos

verdes, seu cerrado tropical, suas montanhas e vales, sua dimensão territorial,

enfim, sua beleza natural? Sim, tudo isso é maravilhoso, contudo, o mais belo e

encantador em nosso Brasil gigante é a sua gente, o seu povo.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Tem a palavra o Deputado Mauro

Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, neste momento em que V.Exa. preside uma das últimas

sessões da presente Legislatura, exatamente porque está muito próximo o dia em

que terminará o seu mandato, pela assunção da Vice-Governadoria do Estado da

Paraíba, desejo oferecer o meu testemunho de que nesta Casa V.Exa. teve uma

atuação destacada, marcada por presença constante e participação em todos os

debates que se travaram.

Desejo, em nome dos colegas que estão no plenário, saudar a presença de

V.Exa. e sobretudo desejar que a sua atuação no Governo da Paraíba, na condição

de Vice-Governador, seja das mais proficientes.

Se V.Exa., como Presidente da Assembleia, projetou uma imagem de

dignidade, observando princípios éticos inafastáveis, sai desta Casa deixando

saudades, sim, mas oferecendo-nos a absoluta confiança de que no Governo da

Paraíba continuará a sua vida ilibada, atendendo, portanto, aos anseios daquela

comunidade. Vizinho ao nosso Estado, o Ceará, nós nos irmanamos lá em

Cajazeiras, para que juntos trabalhemos em favor do Nordeste do País.

Cumprimento V.Exa., nobre Deputado Rômulo Gouveia.

O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Obrigado, nobres Deputados Mauro

Benevides e Raimundo Gomes de Matos. Espero poder honrar as palavras de

V.Exas.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Com a palavra o Deputado Simão

Sessim.

O SR. SIMÃO SESSIM (PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, registro a realização, ontem, no Rio de Janeiro, na Apoteose do

Sambódromo, palco do grande carnaval carioca, de um grande evento que nos

deixou a todos embevecidos, com a consagração do Presidente Luiz Inácio Lula da

Silva. O povo do Rio de Janeiro, num clima de festa, num ambiente de alegria e de

muita emoção, despediu-se do Presidente Lula, com a presença ilustre do

Governador, do Vice-Governador, Pezão, e do Prefeito da cidade do Rio de Janeiro.

Estavam presentes muitas autoridades e mais de 30 mil pessoas de vários

Municípios.

O povo pôde dar adeus ao Presidente Lula e, ao mesmo tempo, agradecer a

ele por tudo o que fez pelo Rio de Janeiro. Foram investimentos maciços na área de

educação, na área de saúde e, principalmente, na área de segurança pública —

pôde-se realizar, talvez, o melhor modelo de segurança que o Rio de Janeiro

aguardava.

Foi uma festa, Sr. Presidente. Saímos de lá emocionados. O povo do Rio de

Janeiro jamais vai esquecer a parceria consolidada entre o Presidente Lula e o

Governador Sérgio Cabral, redundando em investimentos maciços que deram a

esse povo a alegria de ter sido lembrado depois de tantos e tantos anos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Rômulo Gouveia) - Dando sequência ao Pequeno

Expediente, concedo a palavra ao Deputado Daniel Almeida.

O SR. DANIEL ALMEIDA (Bloco/PCdoB-BA. Sem revisão do orador.) -

DISCURSO DO SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA QUE, ENTREG UE

AO ORADOR PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE

PUBLICADO.

(Discurso a ser publicado na Sessão nº 001, de 03/02/11.)

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O SR. EDMILSON VALENTIM (Bloco/PCdoB-RJ. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Deputado Rômulo Gouveia, fui Relator da Medida Provisória nº 489,

de 2010, que não chegou a ser votada em razão do período eleitoral, bem como sou

Relator da Medida Provisória nº 503, de 2010, que talvez não seja votada amanhã,

devido ao encerramento do ano legislativo.

A Medida Provisória nº 503 caducará no início de março de 2011, portanto, na

minha função de Relator, estou, neste momento, entregando o relatório e o projeto

de lei de conversão, bem como o protocolo de intenções para as Olimpíadas,

assinado pelo Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, pelo

Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Sérgio Cabral Filho, e pelo Prefeito da

cidade do Rio de Janeiro, Sr. Eduardo Paes.

Essa medida provisória consubstancia a Autoridade Pública Olímpica, uma

exigência do Comitê Olímpico Internacional, que foi motivo dos compromissos que

levaram à vitória do Brasil, em especial da cidade do Rio de Janeiro, que representa

o nosso País, ao sediar as Olimpíadas de 2016. Então, o protocolo faz parte desse

processo e desse compromisso.

Ao entregar o relatório, quero exatamente chamar a atenção do Congresso

Nacional para um alerta que faço. Esse protocolo de intenções já foi aprovado pela

Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e está sendo debatido na

Câmara Municipal, para aprovação. Faltará a aprovação do Congresso Nacional,

para que nós possamos dar sequência à organização das Olimpíadas, cuja

realização foi conquistada pelo Brasil em 2 de outubro de 2009.

Para concluir, Sr. Presidente, quero fazer um alerta ao Plenário da Câmara

dos Deputados e às Lideranças do Governo sobre o atraso na organização dos

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Jogos Olímpicos, pois é preciso que esta Casa, no início do ano legislativo de 2011,

tome as devidas providências. Se não aprovarmos esse relatório amanhã, como é o

mais provável, espero que este alerta sirva de referência e ele seja apreciado logo

no início dos trabalhos, em fevereiro de 2011.

Deputado Rômulo Gouveia, muito obrigado pela compreensão.

PARECER A QUE SE REFERE O ORADOR

PARECER APRESENTADO EM PLENÁRIO PELO RELATOR DESIGNADO PARA

MANIFESTAR-SE PELA COMISSÃO MISTA INCUMBIDA DA APRECIAÇÃO DA

MATÉRIA

MEDIDA PROVISÓRIA No 503, DE 2010

(MENSAGENS nºs 00130, de 22/09/2010 - CN e 00566, de 22/09/2010 - PR)

Ratifica o Protocolo de Intenções firmado entre a União, o Estado do Rio de Janeiro

e o Município do Rio de Janeiro, com a finalidade de constituir consórcio público,

denominado Autoridade Pública Olímpica — APO.

Autor : Poder Executivo

Relator : Deputado Edmilson Valentim

I - RELATÓRIO

A Medida Provisória nº 503, publicada no Diário Oficial da União do dia 22 de

setembro de 2010, pretende, de acordo com sua ementa, ratificar “o Protocolo de

Intenções firmado entre a União, o Estado do Rio de Janeiro e o Município do Rio de

Janeiro, com a finalidade de constituir consórcio público denominado Autoridade

Pública Olímpica — APO”. O fundamento legal da providência repousa nos arts. 3º e

5º da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, segundo os quais consórcios públicos

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constituem-se por contratos, cuja celebração condiciona-se à prévia subscrição de

protocolo de intenções obrigatoriamente ratificado por leis ordinárias aprovadas

pelos órgãos legislativos dos entes envolvidos no ajuste.

O instrumento jurídico alcançado pela MP, a ela anexado, estabelece:

a) a denominação do ente decorrente do acordo de vontade dos governos

envolvidos, as pessoas jurídicas habilitadas a integrá-lo e o conceito dos termos

empregados em sua delimitação (cláusulas primeira a terceira);

b) o objetivo e as finalidades do consórcio público, bem como as atividades

indispensáveis ao alcance desses propósitos (cláusula quarta);

c) os critérios para que a União seja ressarcida pelos demais integrantes por

despesas que assuma isoladamente na consecução das intenções contempladas na

constituição do consórcio (cláusula quinta);

d) a adoção, pela APO, de “transparência” em relação aos “critérios de

seleção dos projetos que integrarão a Carteira de Projetos Olímpicos”, impondo-se

que seja priorizado “o atendimento das exigências gerais estabelecidas pelo Comitê

Olímpico Internacional — COI” (cláusula sexta);

e) a sede, o foro, a área de atuação e a caracterização do consórcio,

atribuindo-se-lhe “personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica” e

integrando-o à “administração indireta de cada um dos entes da Federação

consorciados” (cláusulas sétima a nona);

f) os órgãos que constituem o ente a que se refere a MP e diversificados

critérios para sua gestão (cláusulas décima a vigésima terceira);

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g) as decorrências da retirada de apoio ao consórcio antes da data prevista

para seu termo, bem como os mecanismos e prazos para sua dissolução ou

alteração (cláusulas vigésima quarta a vigésima sétima);

h) o regime jurídico a que se submete a APO e os princípios que a vinculam

(cláusulas vigésima oitava e vigésima nona);

i) as condições para que o protocolo mereça ratificação por parte dos entes

consorciados (cláusula trigésima);

j) os requisitos de exigibilidade de seus termos (cláusula trigésima primeira);

k) a vedação para que se descentralizem os serviços públicos praticados pela

APO (cláusula trigésima segunda);

l) a opção preferencial pela solução negociada de eventuais conflitos, em

detrimento do recurso ao Poder Judiciário (cláusula trigésima terceira).

Foram apresentadas três emendas ao diploma sob análise, cujo teor e autoria

podem ser descritos da seguinte forma:

a) apresentada pelo Deputado Fernando Coruja (PPS-SC), a de nº 1 pretende

determinar que seja dada publicidade “dos atos referentes ao Protocolo de

Intenções” abrangido pela MP, encaminhando-se ao Congresso Nacional relatórios

semestrais relativos a esses mesmos atos;

b) subscrita pelo Deputado Geraldo Magela (PT-DF), a de nº 2 acrescenta à

MP os dispositivos constantes da MP 489, de 2010, cujo prazo de vigência expirou

sem que o instrumento fosse analisado pelas Casas Legislativas, além de adicionar

comando destinado a permitir que a União transfira imediatamente recursos ao

comitê organizador dos eventos esportivos previstos para o ano de 2016;

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c) de autoria do Deputado Marco Maia (PT-RS), a de nº 3 resguarda a

vigência dos contratos de concessão de uso de áreas aeroportuárias,

“observando-se os prazos neles estabelecidos”, e permite que sejam adiantadas

“receitas contratuais” ou estabelecidos “novos valores pela exploração da

infraestrutura aeroportuária”, prevendo-se, como contrapartida, a definição de “novos

prazos de duração dos contratos, com vistas a manter o equilíbrio econômico-

financeiro das concessões”.

Cabe registrar que a Medida Provisória nº 489, de 2010, na qual encontra

fundamento o Protocolo de Intenções celebrado entre os entes que constituem a

Autoridade Pública Olímpica, teve seu prazo de vigência expirado em 23 de

setembro de 2010, deixando, portanto, de produzir efeitos, nos termos do § 3º do art.

62 da Constituição Federal. Também cumpre assinalar que transcorreu “in albis”, em

22 de novembro de 2010, o período de dois meses estabelecido pela Carta para que

o Congresso Nacional editasse decreto legislativo visando disciplinar os efeitos

daquele instrumento, razão pela qual as relações jurídicas decorrentes de atos

praticados durante a vigência da MP 489, de 2010, permanecem por ela regidas,

incluindo-se nesse âmbito o Protocolo de Intenções alcançado pela medida sob

crivo.

II - VOTO DO RELATOR

II. 1 – ADMISSIBILIDADE

Uma vez que não houve oportunidade para que a Comissão Mista

encarregada de examinar a matéria se manifestasse a respeito, cumpre à presente

peça opinar, em caráter preliminar, acerca das condições de aceitação da MP e das

emendas que lhe foram oferecidas. Nesse particular, deve ser apurado o

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atendimento aos pressupostos constitucionais, conforme determina o § 5º do art. 62

da Lei Maior.

Os dois primeiros requisitos a serem examinados dizem respeito à verificação

do cumprimento dos imperativos de urgência e relevância exigidos pela Carta

Magna. Considera-se que ambos restaram cumpridos. Existem medidas de ordem

administrativa, que já deveriam estar sendo implementadas, sem as quais os

eventos esportivos de 2014 e 2016 correm o risco de não alcançarem o êxito por

todos esperado, razão pela qual não se pode negar a premência de se aprovar o

Protocolo abrangido pela MP.

De igual modo, não há como deixar de reconhecer a relevância da matéria.

De fato, a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Brasil constitui uma

conquista que causa orgulho ao país. Concorríamos com adversários poderosos e

ainda guardávamos na memória oportunidades em que sequer conseguimos

suplantar a etapa inicial de escolha da sede, mas desta feita surpreendemos o

mundo, conseguindo convencer o Comitê Olímpico Internacional sobre a qualidade

da candidatura brasileira. Agora, parecem existir poucos objetivos mais relevantes

para a Nação do que lograr sucesso na realização dos eventos esportivos com os

quais fomos honrados.

De outra parte, a MP 503 não aborda qualquer dos assuntos expressamente

vedados pelo § 1º do art. 62 da Constituição, assim como não se caracteriza como

reedição proibida da aludida MP 489. Restou assentado, no exame Questão de

Ordem 485, apresentada pelo nobre Deputado Fernando Coruja, que a vedação

inserida no § 10 do art. 62 da Constituição restringe-se à reprodução integral do

texto de medida provisória rejeitada ou não apreciada pelas Casas Legislativas. Não

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é o caso do instrumento de que se cuida, visto que nesta oportunidade se busca

aprovar Protocolo de Intenções, enquanto na MP anterior tinha-se como intuito

autorizar a União a participar do consórcio abrangido pelo aludido documento.

Mesma conclusão se extrai da leitura das emendas apresentadas pelos

nobres Pares. Tratam de assuntos conexos com o objeto do processo legislativo no

qual se inserem e nenhuma delas provoca aumento de despesa. A modificação

proposta pelo Deputado Geraldo Magela também encontra respaldo na questão de

ordem antes referida, em que se examinou justamente a viabilidade de se introduzir

no texto de projeto de lei de conversão, por meio da aprovação de emenda

parlamentar, o conteúdo de medida provisória rejeitada tacitamente pelo Congresso

Nacional.

No que diz respeito aos aspectos orçamentários envolvidos na discussão do

tema, cumpre recordar que foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei nº 12.297,

de 20 de julho de 2010, que concedeu ao Ministério dos Esportes reforço à dotação

que lhe fora prevista para o presente exercício, com o intuito de suprir o órgão de

recursos capazes de prover as necessidades relacionadas aos eventos esportivos.

Tais valores, ainda que não utilizados no corrente ano, permitiram que a proposta

orçamentária encaminhada pelo Poder Executivo à apreciação do Congresso

Nacional contemplasse aquelas verbas, assertiva que se pode efetuar com a devida

convicção, até por se encontrar sob a nossa relatoria, na discussão da Lei de Meios

para o exercício de 2011, a área temática que congrega as atividades de educação,

esporte, cultura, ciência e tecnologia.

Em conclusão, opina-se pela admissibilidade da Medida Provisória e das

emendas que lhe foram oferecidas

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II. 2 - MÉRITO

A caducidade da Medida Provisória nº 489, de 2010, já referida neste parecer,

criou lacuna que precisa ser suprida nesta oportunidade. Ocorre que seus termos

são mencionados no Protocolo de Intenções a que se reporta a MP sob análise,

razão pela qual é preciso adaptá-lo á nova realidade.

Para essa finalidade, reputa-se conveniente invocar dispositivo da Lei nº

11.107, de 2005, cujo conteúdo revela-se perfeitamente adequado ao deslinde da

questão anteriormente mencionada. Trata-se do § 2º do art. 5º daquele diploma, que

permite aos entes consorciados a ratificação parcial dos termos do Protocolo,

condicionando-se a parte repelida à produção de entendimento semelhante por

parte dos demais consorciados, sem prejuízo da efetiva implantação, até lá, do

consórcio, em relação às cláusulas que não sofreram a incidência de ressalvas.

Partindo dessa premissa, o PLV sugerido à matéria retarda apenas a aplicação das

cláusulas que teciam referência à MP 489, permitindo a imediata vigência das

demais.

Sobre o mérito da MP, cabe recordar que, quando o Rio de Janeiro foi

respaldado como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016,

construíram-se condições às quais os realizadores desses eventos deverão curvar-

se, sob pena de se transgredirem compromissos internacionais assumidos em nome

do povo brasileiro pelos que estiveram à frente da empreitada. Entre essas

obrigações, situa-se a de serem adotadas, na preparação dos jogos, medidas

similares às que nortearam a efetivação de acontecimentos de mesma natureza nas

cidades de Barcelona (1992) e Sidney (2000), cujos parâmetros estavam sendo

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obedecidos no âmbito da MP 489 quanto à definição da logística que dará suporte

às Olimpíadas e às Paraolimpíadas previstas para Londres no ano de 2012.

A sistemática alternativa decorria do fato de que diversos preceitos legais

atualmente em vigor destinados a disciplinar as atividades da administração pública

apresentam aspectos que se incompatibilizam com o cumprimento fiel do modelo a

ser seguido na realização dos jogos no Rio de Janeiro. Assim, tornou-se

indispensável excepcionar a aplicação dos comandos jurídicos que se revelem

incompatíveis com aqueles pressupostos, providência que se levou a efeito com a

edição da MP 489, cuja apreciação terminou sendo prejudicada pelo recente

processo eleitoral.

Acerca desse último aspecto, cumpre assinalar que a realização dos Jogos

Olímpicos e Paraolímpicos em solo brasileiro não pode e não deve constituir

bandeira de partidos, nem há de servir para superação de divergências doutrinárias.

Sem prejuízo dos inegáveis méritos das autoridades e pessoas que se envolveram

na discussão do assunto, com especial ênfase na dedicação revelada à causa pelo

Presidente da República, Lula da Silva, pelo Governador do Estado do Rio de

Janeiro, Sérgio Cabral, e pelo Prefeito da cidade que acolherá os jogos olímpicos,

Eduardo Paes, o fato é que as normas sob enfoque só podem merecer exame por

meio de uma abordagem suprapartidária. Não cabe permitir que discussões de

ordem ideológica ou a defesa de interesses menores obscureçam imperativo dessa

ordem.

Voltando-se à discussão da matéria propriamente dita, releva observar que

entre as normas da Lei nº 11.107/05 preservadas pela MP 489 figurava a

necessidade de aprovação de um protocolo de intenções especificamente voltado à

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constituição do consórcio público, por parte dos Poderes Legislativos dos entes

abrangidos pela providência. Em razão do fato, o Poder Executivo federal

encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 7.374, de 2010, por meio do

qual se objetivou cumprir aquela formalidade, mas cuja tramitação, tal como a da MP

489, restou prejudicada pelo calendário eleitoral, tornando-se indispensável a edição

da MP sob análise.

Todavia, a simples aprovação do instrumento revela-se insuficiente para o

alcance dos propósitos aqui visados, visto que se necessita suprir o elenco de

lacunas jurídicas decorrentes da caducidade da MP 489. Parece, em atenção às

preocupações do Deputado Geraldo Magela e com fulcro na solução atribuída à

questão de ordem já aqui mencionada, conveniente restabelecer, na análise da

presente medida provisória, o rol de normas jurídicas aventadas no diploma

antecedente, o qual se contempla no Projeto de Lei de Conversão anexado a este

parecer. Excepcionam-se apenas as expressamente mencionadas no próprio

Protocolo, uma vez que a aprovação de seus termos pelas Casas Legislativas basta

para torná-las compulsoriamente aplicáveis às partes.

Dito isso, não há como prosseguir o exame de mérito da matéria sem que se

teça referência ao fato de que este relator dedicou-se com empenho à construção do

parecer, afinal não apreciado, que seria oferecido à MP 489. Houve, em cada

momento de elaboração daquela peça, a preocupação de colher com muita atenção

observações provenientes de inúmeros interlocutores. Por força dessa metodologia

de trabalho, foram ouvidos, entre outros atores que a seguir serão identificados,

auditores do Tribunal de Contas da União, cujas ponderações foram utilizadas na

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elaboração da proposição alternativa então cogitada e integralmente preservadas na

lei de conversão agora sugerida.

Tal contato revelou-se de suma relevância inclusive para que não se aceite,

no futuro, a acusação de que as regras específicas de procedimentos licitatórios e

contratos administrativos contidas no PLV desvirtuam os princípios que regem a

atuação da Administração Pública. O aval conferido por profissionais integrantes dos

quadros do órgão fiscalizador à correção técnica de alguns comandos inseridos na

lei que resultará da MP concede à sociedade um inegável conforto a esse respeito.

Quando designado para produzir parecer acerca da presente MP, o relator

imbuiu-se da certeza de que não poderiam ser desperdiçados aqueles contatos. E

prontificou-se, até para preservar coerência com a atitude anterior, a discutir a

possibilidade de introduzir aperfeiçoamentos no texto do PLV que apresentara à MP

489, o que se promoveu, nesta oportunidade, por meio de novas discussões com os

órgãos governamentais envolvidos na discussão do tema.

De outra parte, a relatoria também manifesta sua satisfação com o fato de

que o Projeto de Lei de Conversão inserido em anexo contém preocupações

relativas à proteção do meio ambiente, observadas em alguns aspectos do texto

original da MP 489. Esse é outro tópico que se buscou aperfeiçoar, até para que não

se passasse a impressão de que um problema de tanto alcance no meio social seria

menosprezado na realização dos eventos esportivos em boa hora atribuídos ao país.

Também se deve conferir especial atenção a inúmeros contatos mantidos

com representantes da sociedade civil, quando da discussão da MP 489, para que

se obtivesse um texto que contemplasse anseios os mais diversos, naturais e

esperados em um instrumento legislativo com tanta importância. Em relação a isso,

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não há como deixar de destacar um encontro promovido pela FECOMÉRCIO do Rio

de Janeiro no dia 29 de junho de 2010, com a presença de inúmeros segmentos

diretamente envolvidos na realização dos eventos esportivos alcançados pela MP

anterior e pela que atualmente se examina. Naquela ocasião, a relatoria colheu

contribuições extremamente valiosas de setores do empresariado, do comércio, dos

segmentos esportivos e das três esferas de governos que compõem o consórcio ora

proposto, aproveitadas no PLV oferecido à MP 489 e preservadas na nova peça.

Deseja-se registrar, ainda, a interlocução com diversos parlamentares desta

Casa. Demonstrando-se que se trata de matéria que realmente possui caráter

suprapartidário, foi possível receber a colaboração de parlamentares tanto de

situação quanto de oposição. A participação dos dois segmentos, merecendo

menção especial os que apresentaram emendas ao texto da MP 489, constituiu fator

decisivo para que se obtivesse um texto alternativo efetivamente capaz de permitir

que o interesse do país prevalecesse sobre o de grupos.

Com igual ênfase, há que se registrar a preocupação da relatoria com

aspectos atinentes à publicidade dos procedimentos licitatórios. Foram alterados, em

relação ao texto original da MP 489, dispositivos de cuja aplicação poderia resultar o

enfraquecimento daquele imperativo constitucional. Tanto quanto os aspectos

discutidos com a Corte de Contas, atinentes ao controle formal dos gastos públicos

e dos procedimentos voltados a viabilizá-los, a questão faz parte da necessidade de

se conferir absoluta transparência às vultosas despesas que serão realizadas para

viabilização dos eventos esportivos. Buscou-se, quanto a esse tópico, permitir um

rigoroso acompanhamento de tudo que será despendido pelos entes públicos

envolvidos.

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Por fim, há que se deixar anotadas contribuições sem as quais não teriam

sido obtidos os resultados colhidos no Projeto de Lei de Conversão oferecido à

matéria. Alude-se ao precioso empenho e qualidade técnica dos trabalhos

desempenhados pela Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, dos

servidores lotados na Liderança do PCdoB e na Liderança do Governo, assim como

dos Secretários Parlamentares que integram a valorosa equipe do gabinete deste

relator.

Efetuadas tais observações, a relatoria sustenta, no mérito, a necessidade de

aprovação da medida, com os acréscimos antes enumerados, uma vez que as

normas incluídas no PLV a ela oferecido se acomodam aos encargos que deverão

ser cumpridos pelo país. Ainda cabe assinalar que tal postura permitiu o

aproveitamento integral dos propósitos almejados pelas emendas oferecidas à MP.

II. 3 - CONCLUSÃO

Em razão do exposto, vota-se, nos termos do Projeto de Lei de Conversão em

anexo, que modifica inclusive a ementa do instrumento:

I - pela admissibilidade da Medida Provisória nº 503, de 2010, e das emendas

que lhe foram apresentadas;

II - no mérito, pela aprovação da Medida Provisória nº 503, de 2010, e das

três emendas a ela oferecidas, nos termos do Projeto de Lei de Conversão em

anexo.

Sala das Sessões, em de de 2010.

Deputado Edmilson Valentim

Relator

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PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO Nº , DE 2010

Ratifica, com ressalva, o Protocolo de Intenções

celebrado no dia 12 de maio de 2010 entre a União, o

Estado do Rio de Janeiro e o Município do Rio de Janeiro,

destinado à constituição de consórcio público

interfederativo denominado Autoridade Pública Olímpica

— APO, institui regime diferenciado de licitações e

contratos na execução de obras, compras, serviços,

alienação de bens e concursos relacionados à realização

dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, e dá

outras providências.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Ficam ratificados, na forma do Anexo, com a ressalva prevista no § 1º

deste artigo, os termos do Protocolo de Intenções celebrado entre a União, o Estado

do Rio de Janeiro e o Município do Rio de Janeiro, para criação de consórcio

público, sob a forma de autarquia em regime especial, denominado Autoridade

Pública Olímpica — APO.

§ 1º Para os fins do disposto no caput deste artigo, as remissões promovidas

no Protocolo de Intenções à Medida Provisória nº 489, de 12 de maio de 2010, serão

consideradas como alusivas a esta Lei.

§ 2º A efetiva aplicação das cláusulas do Protocolo de Intenções alcançadas

pelo disposto no § 1º deste artigo fica condicionada à aceitação, por parte dos

demais entes consorciados, da alteração dele decorrente.

Art. 2º O Presidente da APO somente perderá o mandato em virtude de:

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I - renúncia;

II - condenação penal transitada em julgado; ou

III - decisão definitiva em processo administrativo disciplinar, assegurados o

contraditório e a ampla defesa.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto nas legislações penal e relativa à

punição de atos de improbidade administrativa no serviço público, será causa da

perda do mandato do Presidente da APO a inobservância dos deveres e proibições

inerentes ao cargo que ocupa, apurada na forma do inciso III do caput deste artigo.

Art. 3º As atas das reuniões do Conselho Público Olímpico serão

obrigatoriamente publicadas nos órgãos oficiais de imprensa dos entes consorciados

ou no sítio da APO junto à rede mundial de computadores, sem prejuízo de sua

divulgação por outros meios de comunicação.

Art. 4º Não se aplica ao Protocolo de Intenções referido no art. 1º desta Lei o

disposto no inciso VIII e no § 1º do art. 4º da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005.

Art. 5º Poderão ser promovidas ou celebrados mediante a utilização do

regime jurídico diferenciado estabelecido nos arts. 6º a 38 desta Lei as licitações e

contratos:

I - necessários à realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016,

constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida pela APO;

II - necessários à realização dos Jogos Mundiais Militares do Conselho

Internacional do Desporto Militar — CISM — Rio 2011;

III - relacionados à infraestrutura aeroportuária necessária à realização da

Copa do Mundo FIFA 2014, a serem definidos pelo Comitê Gestor da Copa do

Mundo FIFA 2014 — CGCOPA 2014, inclusive quando se referirem a obras,

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serviços, aquisição de bens, alienações e concursos efetuados em cidades que

sirvam de apoio às escolhidas como sedes daquele evento esportivo.

Parágrafo único. A adoção do regime diferenciado de que trata o caput deste

artigo deverá constar de forma expressa no instrumento convocatório e resultará no

afastamento das normas destinadas a disciplinar procedimentos correspondentes

constantes da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, quando colidentes com o

referido regime diferenciado.

Art. 6º As licitações e contratações realizadas sob a tutela do regime

diferenciado previsto nesta Lei deverão observar os princípios da legalidade, da

impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da

probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do

julgamento objetivo.

Art. 7º As licitações e contratos de que trata esta Lei observarão as seguintes

diretrizes:

I - padronização do objeto da contratação, relativamente às especificações

técnicas e de desempenho, inclusive e quando for o caso, às condições de

manutenção, assistência técnica e de garantia oferecidas;

II - padronização de instrumentos convocatórios e minutas de contratos,

previamente aprovados pelo órgão jurídico competente;

III - busca da maior vantagem, considerando custos e benefícios, diretos e

indiretos, de natureza econômica, social ou ambiental, inclusive os relativos à

manutenção, desfazimento de bens e resíduos, índice de depreciação econômica e

outros fatores de igual relevância;

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IV - condições de aquisição e de pagamento compatíveis com as do setor

privado, inclusive mediante pagamento de remuneração variável conforme

desempenho;

V - utilização, sempre que for possível, nas planilhas de custos constantes

das propostas oferecidas pelos licitantes, de mão de obra, materiais, tecnologias e

matérias-primas existentes no local da execução, conservação e operação do bem,

serviço ou obra, desde que seja observado o orçamento estimado para a

contratação e não se produzam prejuízos à eficiência na execução do respectivo

objeto.

Art. 8º O procedimento de licitação de que trata esta Lei observará as

seguintes fases, nesta ordem:

I - fase interna;

II - publicação;

III - apresentação das propostas ou lances;

IV - julgamento;

V - habilitação;

VI - recursal; e

VII - encerramento.

Parágrafo único. A fase de que trata o inciso V do caput deste artigo poderá

anteceder as referidas nos inciso III e IV do caput deste artigo mediante ato

motivado, desde que a hipótese esteja expressamente prevista no respectivo

instrumento convocatório.

Art. 9º As licitações deverão ser realizadas, preferencialmente, sob a forma

eletrônica, admitida a presencial.

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Parágrafo único. Nos procedimentos realizados por meio eletrônico, a

administração pública poderá determinar, como condição para sua validade e

eficácia, que os licitantes realizem seus atos em formato eletrônico, mediante o

oferecimento de instrumentos objetivos e transparentes que contenham ferramenta

apta a permitir o acesso fácil e simplificado dos interessados.

Art. 10. Poderá ser estabelecida remuneração variável vinculada ao

desempenho da contratada, de acordo com definições e critérios claros e objetivos

previstos em regulamento.

Art. 11. A administração pública poderá contratar mais de uma empresa ou

instituição para executar o mesmo objeto, justificadamente, desde que isso não

implique perda de economia de escala, quando o objeto da contratação puder ser

executado de forma concorrente e simultânea por mais de um contratado.

Art. 12. Aplicam-se aos processos de contratação abrangidos por esta Lei as

preferências previstas em lei para fornecedores ou tipos de bens, serviços e obras,

bem como as demais normas específicas que disciplinem as compras da

administração pública, a exemplo das contidas nos arts. 44 e 45 da Lei

Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Art. 13. Nas licitações de obras e serviços de engenharia, poderá ser utilizada

a contratação integrada, desde que técnica e economicamente justificado.

§ 1º A contratação integrada compreende a elaboração ou o desenvolvimento

de projeto executivo e a execução de obras e serviços de engenharia, montagem,

testes, pré-operação e todas as demais operações necessárias e suficientes para a

entrega final do objeto, atendendo-se a condições de solidez e de segurança

especificadas no instrumento convocatório.

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§ 2º No caso de contratação integrada:

I - o projeto básico poderá ser simplificado, devendo conter elementos

suficientes para definir o objeto da licitação e para eleição de critérios objetivos de

julgamento das propostas;

II - a administração pública fica dispensada da elaboração de projeto

executivo; e

III - o contrato estabelecerá as condições para o pagamento de remuneração

variável, quando instituída.

§ 3º Caso o projeto básico permita a apresentação de propostas com

metodologias diferenciadas de execução, o instrumento convocatório estabelecerá

critérios objetivos para avaliação e julgamento das propostas.

Art. 14. Nos casos em que a medida seja necessária para a preservação da

segurança da sociedade ou do Estado, a administração pública poderá,

justificadamente:

I - dispensar o procedimento licitatório, nos termos do inciso IX do art. 24 da

Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, observados os procedimentos dele

decorrentes;

II - realizar processo de licitação restrito a pessoas físicas ou jurídicas

pré-qualificadas, nos termos do § 3º do art. 36 desta Lei.

Art. 15. O orçamento previamente estimado para a contratação será divulgado

somente após o encerramento da licitação, ressalvado o disposto nos §§ 1º e 2º

deste artigo.

§ 1º Se o for adotado o critério de julgamento por maior desconto, a

informação de que trata o caput deste artigo constará do instrumento convocatório.

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§ 2º No caso de julgamento por melhor técnica, o valor do prêmio ou da

remuneração serão incluídos no instrumento convocatório.

§ 3º Em qualquer caso, a informação referida no caput deste artigo será

permanentemente disponibilizada aos órgãos de controle interno e externo.

Art. 16. O projeto executivo poderá ser desenvolvido concomitantemente com

a execução das obras e serviços de engenharia, desde que haja autorização

expressa com esse intuito incluída no instrumento convocatório.

Art. 17. O regulamento disciplinará a composição e o funcionamento da

comissão responsável pelo processo de licitação e da comissão de cadastramento.

Parágrafo único. Os membros da comissão de licitação responderão

solidariamente pelos atos praticados pela comissão, salvo se posição individual

divergente estiver registrada na ata da reunião em que houver sido adotada a

respectiva decisão.

Art. 18. É permitida a participação de licitantes sob a forma de consórcio,

conforme estabelecido em regulamento.

Art. 19. O objeto da licitação deverá ser definido de forma clara e precisa,

vedadas especificações excessivas, irrelevantes ou desnecessárias.

Art. 20. No caso de licitação para aquisição de bens, a administração pública

poderá:

I - indicar marca ou modelo, em pelo menos uma das seguintes hipóteses:

a) como decorrência imediata de padronização do objeto;

b) comprovando-se que determinada marca ou modelo comercializados por

mais de um fornecedor constituem os únicos capazes de atender às necessidades

da entidade contratante;

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c) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser melhor compreendida

pela identificação de determinada marca ou modelo aptos a servirem como

referência, situação em que será obrigatório o acréscimo da expressão “ou similar”;

II - exigir amostra do bem na fase de julgamento das propostas ou lances ou

em procedimento de pré-qualificação;

III - solicitar a certificação da qualidade do produto ou do processo de

fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, por qualquer instituição oficial

competente ou entidades credenciadas; e

IV - solicitar, motivadamente, carta de solidariedade emitida pelo fabricante

que assegure a execução do contrato, no caso de licitante revendedor ou

distribuidor.

Art. 21. No regime de execução indireta de obras e serviços de engenharia,

são admitidos os seguintes regimes:

I - empreitada por preço unitário;

II - empreitada por preço global;

III - por tarefa;

IV - empreitada integral; ou

V - contratação integrada.

§ 1º As licitações e contratações de obras e serviços de engenharia adotarão

os regimes de preço global, empreitada integral e contratação integrada.

§ 2º Nos casos de inviabilidade da aplicação do disposto no § 1º deste artigo,

poderá ser adotado outro regime previsto no caput deste artigo, hipótese em que

serão obrigatoriamente inseridos nos autos do procedimento os motivos que

justificam a exceção.

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§ 3º O custo global de obras e serviços de engenharia deverá ser obtido a

partir de custos unitários de insumos ou de serviços menores ou iguais à mediana

de seus correspondentes no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e índices da

Construção Civil — SINAPI, no caso de construção civil em geral, ou na tabela do

Sistema de Custos de Obras Rodoviárias — SICRO, no caso de obras e serviços

rodoviários.

§ 4º Excepcionalmente e desde que justificado, o custo global pode ser

apurado por meio de outros sistemas aprovados pela administração pública, por

publicações técnicas especializadas, por sistema específico que venha a ser

instituído para o setor ou por meio de pesquisa de mercado.

Art. 22. Nas licitações disciplinadas pelo regime diferenciado estabelecido

nesta Lei, poderão ser exigidos requisitos de sustentabilidade ambiental, na forma

da legislação aplicável.

Art. 23. Será dada ampla publicidade aos procedimentos licitatórios e de

pré-qualificação disciplinados por esta Lei, mediante aviso divulgado em sítio

eletrônico oficial centralizado de divulgação de licitações, ressalvadas as hipóteses

de informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do

Estado, devendo ser adotados os seguintes prazos mínimos para apresentação de

propostas, contados a partir da data de publicação do instrumento convocatório:

I - para licitações de bens:

a) três dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento pelo menor

preço ou pelo maior desconto; e

b) dez dias úteis, quando adotados os demais critérios de julgamento; e

II - para licitações de serviços e obras:

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a) quinze dias úteis, quando adotados os critérios de julgamento pelo menor

preço ou pelo maior desconto; e

b) trinta dias úteis, quando adotados os demais critérios de julgamento;

III - para licitações em que se adote o critério de julgamento pela maior oferta:

dez dias úteis; e

IV - para licitações em que se adote o critério de julgamento pela melhor

combinação de técnica e preço, pela melhor técnica ou em razão do conteúdo

artístico: trinta dias úteis.

§ 1º Com a finalidade de aumentar a competitividade e a efetividade do

respectivo processo, a licitação poderá ser divulgada diretamente aos fornecedores,

cadastrados ou não, e deverá ser publicada:

I - no Diário Oficial da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município,

ou em jornal diário de grande circulação; e

II - em sítio eletrônico centralizado de divulgação de licitações ou mantido

pelo ente encarregado do procedimento licitatório junto à rede mundial de

computadores.

§ 2º No caso de licitações cujo valor não ultrapasse R$ 1.500.000,00 (um

milhão e quinhentos mil reais) para obras ou R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta

mil reais) para bens e serviços, inclusive de engenharia, fica dispensada a

publicação prevista no inciso I do § 1º deste artigo.

§ 3º As eventuais modificações no instrumento convocatório exigem a

divulgação nos mesmos prazos de divulgação original, exceto quando a alteração

não comprometer a formulação das propostas.

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Art. 24. Nas licitações poderão ser adotados os modos de disputa aberto e

fechado.

Parágrafo único. Os modos de disputa de que trata o caput deste artigo

poderão ser combinados, conforme dispuser o regulamento.

Art. 25. O regulamento disporá sobre as regras e procedimentos de

apresentação de propostas ou lances, observado o seguinte:

I - no modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão suas ofertas por

meio de lances públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes, conforme o

critério de julgamento adotado;

II - no modo de disputa fechado, as propostas apresentadas pelos licitantes

serão sigilosas até a data e hora designados para que sejam divulgadas;

III - nas licitações de obras ou serviços de engenharia, após o julgamento das

propostas, o licitante vencedor deverá reelaborar e apresentar à administração

pública as planilhas com indicação dos custos, bem como do detalhamento das

Bonificações e Despesas Indiretas — BDI, com os respectivos valores adequados

ao lance vencedor.

§ 1º Poderão ser admitidos, nas condições estabelecidas em regulamento:

I - a apresentação de lances intermediários; e

II - o reinício da disputa aberta, após a definição da melhor proposta e para a

definição das demais colocações, sempre que existir uma diferença de pelo menos

dez por cento entre o melhor lance e o do licitante subsequente.

§ 2º Consideram-se intermediários os lances:

I - iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando adotado o julgamento pelo

critério da maior oferta;

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II - iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando adotados os demais

critérios de julgamento.

Art. 26. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de julgamento:

I - menor preço ou maior desconto;

II - melhor combinação de técnica e preço;

III - melhor técnica ou conteúdo artístico;

IV - maior oferta; ou

V - maior retorno econômico.

§ 1º O critério de julgamento será definido com base nas características do

objeto da licitação, conforme disposto nesta Lei e no regulamento.

§ 2º O julgamento das propostas será efetivado pelo emprego de parâmetros

objetivos definidos no instrumento convocatório.

§ 3º O julgamento pelo menor preço ou maior desconto considerará o menor

dispêndio para a administração pública, atendidos os parâmetros mínimos de

qualidade definidos no instrumento convocatório.

§ 4º Os custos indiretos, relacionados às despesas com manutenção,

utilização, reposição, depreciação e impacto ambiental, entre outros fatores, poderão

ser considerados para a definição do menor dispêndio, sempre que objetivamente

mensuráveis, conforme dispuser o regulamento.

§ 5º O julgamento por maior desconto utilizará como referência o preço global

fixado pelo instrumento convocatório.

§ 6º No caso de obras ou serviços de engenharia, o percentual de desconto

apresentado pelos licitantes deverá incidir linearmente sobre os preços de todos os

itens do orçamento estimado constante do instrumento convocatório.

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§ 7º O julgamento pela melhor combinação de técnica e preço deverá avaliar

e ponderar as propostas técnicas e de preço apresentadas pelos licitantes, mediante

a utilização de parâmetros objetivos de definição, avaliação e ponderação

obrigatoriamente inseridos no instrumento convocatório.

§ 8º O critério de julgamento a que se refere o § 7º deste artigo será utilizado

quando a avaliação e ponderação da qualidade técnica das propostas que

superarem os requisitos mínimos estabelecidos no instrumento convocatório forem

relevantes aos fins pretendidos pela administração pública e destinar-se-á

exclusivamente a objetos:

I - de natureza predominantemente intelectual, de inovação tecnológica ou

técnica; ou

II - que possam ser executados com diferentes metodologias ou tecnologias

de domínio restrito no mercado, pontuando-se as vantagens e qualidades que

eventualmente forem oferecidas para cada produto ou solução.

§ 9º É permitida a atribuição de fatores de ponderação distintos para valorar

as propostas técnicas e de preço, sendo o percentual de ponderação mais relevante

limitado a setenta por cento.

§ 10 O julgamento pela melhor técnica ou conteúdo artístico considerará

exclusivamente as propostas técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes

com base em critérios objetivos previamente estabelecidos no instrumento

convocatário.

§ 11 O critério de julgamento referido no § 10 deste artigo poderá ser utilizado

para a contratação de projetos, inclusive arquitetônicos e de engenharia, trabalhos

de natureza técnica, científica ou artística.

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§ 12 O julgamento pela maior oferta será utilizado no caso de contratos que

gerem receita para a administração pública.

§ 13 Quando utilizado o critério de julgamento mencionado no § 12 deste

artigo, os requisitos de habilitação poderão ser dispensados no todo ou em parte,

conforme dispuser o regulamento.

§ 14 No julgamento pela maior oferta, poderá ser exigida a comprovação do

recolhimento de quantia a título de garantia, como requisito de habilitação, conforme

dispuser o regulamento.

§ 15 Na hipótese do § 14 deste artigo, caso o licitante vencedor não efetive o

pagamento devido no prazo estipulado, perderá o valor da entrada em favor da

administração pública.

§ 16 O julgamento pelo maior retorno econômico considerará as propostas de

forma a selecionar a que proporcionará maior economia decorrente da execução do

contrato para a administração pública e será utilizado exclusivamente para a

celebração de contratos de eficiência.

§ 17 O contrato de eficiência terá por objeto a prestação de serviços, que

pode incluir a realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de

proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de despesas correntes,

sendo o contratado remunerado com base em percentual da economia gerada.

§ 18 Na hipótese do § 16 deste artigo, os licitantes apresentarão propostas de

trabalho e de preço, conforme dispuser o regulamento.

§ 19 Nos casos em que não for gerada a economia prevista no contrato de

eficiência:

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I - a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida será

descontada da remuneração da contratada;

II - se a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida for

superior à remuneração da contratada, será aplicada multa por inexecução

contratual no valor da diferença; e

III - a contratada sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções cabíveis caso a

diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida seja superior ao

limite máximo estabelecido no contrato.

Art. 27. Serão desclassificadas as propostas que:

I - contenham vícios insanáveis;

II - não obedeçam às especificações técnicas especificadas no instrumento

convocatório;

III - apresentem preços manifestamente inexequíveis ou permaneçam acima

do orçamento estimado para a contratação;

IV - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando solicitada; ou

V - apresentem desconformidade insanável com outras exigências do

instrumento convocatório.

§ 1º A verificação da conformidade das propostas poderá ser feita

exclusivamente em relação à proposta mais bem classificada.

§ 2º A administração pública poderá realizar diligências para aferir a

exequibilidade das propostas.

§ 3º No caso de obras e serviços de engenharia, para efeito de avaliação da

exequibilidade e de sobrepreço, serão considerados exclusivamente o preço global e

os preços unitários considerados relevantes, conforme dispuser o regulamento.

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Art. 28. Em caso de empate entre duas ou mais propostas, observado o

disposto no art. 3º da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991, e no art. 3º da Lei nº

8.666, de 21 de junho de 1993, serão utilizados os seguintes critérios de desempate,

nesta ordem:

I - disputa final, em que os licitantes empatados poderão apresentar nova

proposta fechada em ato contínuo à classificação;

II - a avaliação do desempenho contratual prévio dos licitantes, desde que

exista sistema objetivo de avaliação instituído; e

III - sorteio.

Art. 29. Definido o resultado do julgamento, a administração pública poderá

negociar condições mais vantajosas com o licitante mais bem classificado.

Parágrafo único. A negociação poderá ser feita com os demais licitantes,

segundo a ordem de classificação inicialmente estabelecida, quando o preço do

primeiro colocado, mesmo após a negociação, for desclassificado por permanecer

acima do orçamento estimado.

Art. 30. Serão observadas as seguintes regras de habilitação:

I - poderá ser exigida dos licitantes a declaração de que atendem aos

requisitos de habilitação;

II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação apenas pelo

licitante vencedor, exceto no caso de inversão de fases;

III - no caso de inversão de fases, só serão recebidas as propostas dos

licitantes previamente habilitados;

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IV - em qualquer caso, os documentos relativos à regularidade fiscal poderão

ser exigidos em momento posterior ao julgamento das propostas, apenas em

relação ao licitante mais bem classificado.

Art. 31. Salvo no caso de inversão de fases, o procedimento licitatório terá

uma fase recursal única, que se seguirá à habilitação do licitante vencedor.

Parágrafo único. Na fase recursal serão analisados os recursos referentes ao

julgamento das propostas ou lances e à habilitação do licitante vencedor.

Art. 32. Dos atos da administração pública decorrentes da aplicação do

regime especial de licitação de que trata esta Lei, caberão:

I - pedidos de esclarecimento e impugnações ao instrumento convocatório no

prazo mínimo de:

a) até dois dias úteis antes da data de abertura das propostas, no caso de

licitação para aquisição ou alienação de bens; ou

b) até cinco dias úteis antes da data de abertura das propostas, no caso de

licitação para contratação de obras ou serviços;

II - recursos, no prazo de cinco dias úteis contados a partir da data da

intimação ou da lavratura da ata, contra:

a) o ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessados;

b) o ato de habilitação ou inabilitação de licitante;

c) o julgamento das propostas;

d) a anulação ou revogação da licitação;

e) o indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração

ou cancelamento;

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f) rescisão do contrato, nas hipóteses previstas no inciso I do art. 79 da Lei nº

8.666, de 1993; e

g) aplicação das penas de advertência, multa, declaração de inidoneidade,

suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com

a administração pública;

III - representações, no prazo de cinco dias úteis contados a partir da data da

intimação, contra atos a que não caiba recurso hierárquico.

§ 1º Os licitantes que desejarem apresentar os recursos de que tratam as

alíneas “a”, “b” e “c” do inciso II do caput deste artigo deverão manifestar

imediatamente a sua intenção de recorrer, sob pena de preclusão.

§ 2º O prazo para apresentação de contrarrazões será o mesmo do recurso e

começará imediatamente após o encerramento do prazo recursal ou após efetivada

a intimação obrigatória dos demais licitantes, se ocorrer posteriormente.

§ 3º É assegurada aos licitantes vista dos elementos indispensáveis à defesa

de seus interesses.

§ 4º Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei, excluir-se-á o dia do

início e incluir-se-á o do vencimento.

§ 5º O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que

praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5

(cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado,

devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis,

contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.

Art. 33. Exauridos os recursos administrativos, o processo licitatório será

encerrado e encaminhado à autoridade superior, que poderá:

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I - determinar o retorno dos autos para saneamento de irregularidades que

forem supríveis;

II - anular o procedimento, no todo ou em parte, por vício insanável;

III - revogar o procedimento por motivo de conveniência e oportunidade; ou

IV - adjudicar o objeto e homologar a licitação.

Art. 34. Aplicam-se aos contratos administrativos submetidos ao regime

decorrente da aplicação desta lei as seguintes normas:

I - as modificações determinadas pelas entidades internacionais de

administração do desporto aos projetos básicos e executivos das obras e

serviços referentes aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, desde que

homologadas pelo Comitê Olímpico Internacional ou pelo Comitê Paraolímpico

Internacional, conforme o caso, equipar-se-ão às possibilidades de alterações

contratuais previstas no art. 65, inciso I, alínea “a” da Lei 8.666, de 21 de junho de

1993, não lhes sendo aplicáveis os limites previstos no § 1º desse dispositivo;

II - é facultado à administração pública, quando o convocado não assinar o

termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e

condições estabelecidos:

a) revogar a licitação, independentemente da aplicação das cominações

previstas na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e no art. 35 desta Lei; ou

b) convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação,

obedecidas as condições ofertadas por estes, desde que o respectivo valor seja

inferior ao orçamento estimado para a contratação, inclusive quanto aos preços

atualizados de conformidade com o instrumento convocatório, ou;

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III - na hipótese do inciso XI do art. 24 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, a

contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento de bens, em

consequência de rescisão contratual, observará a ordem de classificação dos

licitantes e as condições por estes ofertadas, desde que não seja ultrapassado o

orçamento estimado para a contratação;

IV - na hipótese do caput do art. 57 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993,

caso as obras a serem realizadas estejam previstas no Plano Plurianual, os

contratos poderão ser firmados pelo período nele compreendido; e

V - na hipótese do inciso II do art. 57 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, os

contratos celebrados pelos entes públicos responsáveis pelas atividades descritas

no art. 5º desta Lei poderão ter sua vigência estabelecida até a data da extinção da

APO.

Parágrafo único. O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica a

modificações de projetos básicos ou executivos discrepantes dos termos

inicialmente estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional ou pelo Comitê

Paraolímpico Internacional com o intuito de acomodá-los ao respectivo conteúdo.

Art. 35. Ficará impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito

Federal ou Municípios, pelo prazo de até cinco anos, sem prejuízo das multas

previstas no instrumento convocatório e no contrato, e das demais cominações

legais, o licitante que:

I - convocado dentro do prazo de validade da sua proposta não celebrar o

contrato;

II - deixar de entregar a documentação exigida para o certame ou apresentar

documento falso;

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125

III - ensejar o retardamento da execução do objeto da licitação sem motivo

justificado;

IV - não mantiver a proposta;

V - fraudar na execução do contrato; ou

VI - comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal.

Parágrafo único. A aplicação da sanção de que trata o caput deste artigo

implicará ainda o descredenciamento do licitante, pelo prazo referido no caput deste

artigo, dos sistemas de cadastramento dos entes federativos que compõem a APO,

bem como da empresa Brasil 2016.

Art. 36. São procedimentos auxiliares das licitações regidas pelo disposto

nesta Lei:

I - pré-qualificação permanente;

II - cadastramento;

III - sistema de registro de preços; e

IV - catálogo eletrônico de padronização.

§ 1º Os procedimentos de que trata o caput deste artigo obedecerão a

critérios claros e objetivos definidos em regulamento.

§ 2º Considera-se pré-qualificação permanente o procedimento anterior à

licitação destinado a identificar:

I - fornecedores que reúnam condições de habilitação exigidas para o

fornecimento de bem ou a execução de serviço ou obra nos prazos, locais e

condições previamente estabelecidos; e

II - bens que atendam às exigências técnicas e de qualidade da administração

pública.

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§ 3º O procedimento de pré-qualificação ficará permanentemente aberto para

a inscrição dos eventuais interessados.

§ 4º A administração pública poderá realizar licitação restrita aos pré-

qualificados, nas condições estabelecidas em regulamento.

§ 5º A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, contendo alguns ou todos

os requisitos de habilitação ou técnicos necessários à contratação.

§ 6º A pré-qualificação terá validade de no máximo um ano, podendo ser

atualizada a qualquer tempo.

§ 7º Os registros cadastrais poderão ser mantidos para efeito de habilitação

dos inscritos em procedimentos licitatórios e serão válidos por um ano, no máximo,

podendo ser atualizados a qualquer tempo.

§ 8º Os registros cadastrais serão amplamente divulgados e ficarão

permanentemente abertos para a inscrição de interessados.

§ 9º Os inscritos serão admitidos segundo requisitos previstos em

regulamento.

§ 10 A atuação do licitante no cumprimento de obrigações assumidas será

anotada no respectivo registro cadastral.

§ 11 A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou cancelado o registro

do inscrito que deixar de satisfazer as exigências de habilitação, ou as estabelecidas

para admissão cadastral.

§ 12 O Sistema de Registro de Preços especificamente destinado às

licitações de que trata esta Lei reger-se-á pelo disposto em regulamento.

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§ 13 Poderá aderir ao sistema referido no § 12 deste artigo qualquer órgão ou

entidade responsável pela execução das atividades contempladas no art. 5º desta

Lei.

§ 14 O registro de preços observará, entre outras, as seguintes condições:

I - efetivação prévia de ampla pesquisa de mercado;

II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em regulamento;

III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle e atualização periódicos

dos preços registrados;

IV - definição da validade do registro;

V - inclusão, na respectiva ata, do registro da totalidade dos licitantes que

aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais ao do licitante vencedor na

sequência da classificação do certame, assim como o registro dos licitantes que

mantiverem suas propostas originais.

§ 15 A existência de preços registrados não obriga a administração pública a

firmar os contratos que deles poderão advir, sendo facultada a realização de

licitação específica, assegurada ao licitante registrado preferência em igualdade de

condições.

§ 16 O Catálogo Eletrônico de Padronização de Compras, Serviços e Obras

consiste em sistema informatizado, de gerenciamento centralizado, destinado a

permitir a padronização dos itens a serem adquiridos pela administração pública que

estarão disponíveis para a realização de licitação.

§ 17 O catálogo referido no § 16 deste artigo poderá ser utilizado em

licitações cujo critério de julgamento seja a oferta de menor preço ou de maior

desconto, e conterá toda a documentação e procedimentos da fase interna da

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128

licitação, assim como as especificações dos respectivos objetos, conforme disposto

em regulamento.

Art. 37. Para a execução de atividades pertinentes ao disposto no art. 5º desta

Lei, os órgãos e entidades da administração pública poderão contratar diretamente,

dispensada licitação, a Empresa Brasileira de Legado Esportivo S.A — BRASIL

2016.

Parágrafo único. A relação comercial entre a BRASIL 2016 e os órgãos e

entidades da administração direta e indireta da União, do Estado do Rio de Janeiro e

do Município do Rio de Janeiro, bem como a APO, dar-se-á por meio do

estabelecimento de contratos de prestação de serviços.

Art. 38. É vedada a contratação direta, sem licitação, de pessoa jurídica na

qual haja administrador ou sócio com poder de direção que mantenha relação de

parentesco, inclusive por afinidade, até o terceiro grau civil com:

I - detentor de cargo em comissão ou função de confiança que atue na área

responsável pela demanda ou contratação

II - autoridade hierarquicamente superior no âmbito de cada órgão ou

entidade da administração pública.

Art. 39. Até que a APO defina a Carteira de Projetos Olímpicos, aplica-se,

excepcionalmente, o disposto nesta Lei às contratações decorrentes do inciso I do

art. 5º desta Lei, desde que sejam imprescindíveis para o cumprimento das

obrigações assumidas perante o Comitê Olímpico Internacional e o Comitê

Paraolímpico Internacional, e sua necessidade seja fundamentada pelo contratante

da obra ou serviço.

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Art. 40. As despesas com pessoal e com a execução de obras e serviços

vinculadas à Carteira de Projetos Olímpicos, à realização dos Jogos Mundiais

Militares do CISM — Rio 2011 e ao aprimoramento da infraestrutura aeroportuária

exigida pela Copa do Mundo de 2014 serão disponibilizadas no sítio mantido pela

Controladoria-Geral da União junto à rede mundial de computadores, para pleno

conhecimento e acompanhamento da sociedade.

Art. 41. A APO enviará ao Congresso Nacional relatório semestral de suas

atividades, bem como calendário de ações a cumprir, para acompanhamento dos

prazos estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional e pelo Comitê

Paraolímpico Internacional.

Art. 42. Os contratos de concessão de uso de áreas aeroportuárias para o

desenvolvimento de atividades comerciais e de serviços celebrados até a data de

edição desta Lei poderão ser prorrogados até o final da realização dos Jogos

Paraolímpicos, independentemente dos prazos neles previstos.

Parágrafo único. Com o objetivo de fomentar o aumento da capacidade da

infraestrutura aeroportuária para a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos

Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, a administração aeroportuária poderá

negociar com as concessionárias em atividade o adiantamento de receitas

contratuais ou o estabelecimento de novos valores pela exploração da infraestrutura

aeroportuária, bem como a modernização dos estabelecimentos alcançados dentro

do padrão exigido, oferecendo como contrapartida novos prazos de duração dos

contratos, com vistas a manter o equilíbrio econômico-financeiro das concessões.

Art. 43. O Poder Executivo federal regulamentará o disposto nesta Lei.

Art. 44. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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130

Sala das Sessões, em de de 2010.

Deputado Edmilson Valentim

Relator

ANEXO

PROTOCOLO DE INTENÇÕES

Protocolo de intenções que entre si firmam o

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o

Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral

Santos Filho, e o Prefeito do Município do Rio de Janeiro,

Eduardo da Costa Paes, com a finalidade de constituir

consórcio público, nos termos da Medida Provisória nº

489, de 12 de maio de 2010, para planejar e coordenar a

atuação dos três entes federados na preparação e

realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

Considerando que, em 2 de outubro de 2009, a cidade do Rio de Janeiro foi

escolhida para sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, após vencer

processo eleitoral do Comitê Olímpico Internacional;

Considerando que a referida eleição decorreu dos esforços conjuntos do

Governo Federal, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Prefeitura da Cidade

do Rio de Janeiro, dos esportistas, das entidades desportivas nacionais e da

sociedade civil, tendo a candidatura brasileira apresentado as inúmeras garantias

exigidas para sediar os eventos;

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Considerando que, entre as garantias apresentadas, consta a criação de

ente que integre os esforços dos governos federal, estadual e municipal para a

coordenação dos serviços públicos, implementação e entrega de toda a

infraestrutura necessária à organização e à realização dos referidos Jogos, que se

traduz na criação de entidade interfederativa, na forma de consórcio público,

denominada Autoridade Pública Olímpica — APO;

Considerando que a APO será a instituição responsável pela aprovação e

monitoramento das obras e dos serviços que compõem a Carteira de Projetos

Olímpicos, ou seja, todos os projetos que, de alguma forma, tenham repercussão

sobre os compromissos assumidos pelo Brasil junto ao COI; e

Considerando que os aludidos projetos serão, por força do presente

instrumento, previamente submetidos à APO, que, por sua vez, atuará para garantir

as entregas com a qualidade necessária, nos prazos pactuados e observando os

custos projetados;

Resolvem os representantes legais da União, do Estado do Rio de Janeiro e

do Município do Rio de Janeiro subscrever o presente protocolo de intenções,

composto pelas disposições que se seguem

CLÁUSULA PRIMEIRA - DA DENOMINAÇÃO

O consórcio público previsto neste protocolo de intenções será denominado

AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA — APO e regido conforme o disposto na

Medida Provisória nº 489, de 12 de maio de 2010, e, subsidiariamente, pela Lei nº

11.107, de 6 de abril de 2005.

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CLÁUSULA SEGUNDA - DOS ENTES CONSORCIADOS

Subscrevem o presente instrumento de cooperação e de associação, visando

à constituição futura do contrato de consórcio público interfederativo, denominado

Autoridade Pública Olímpica — APO:

I - o Município do Rio de Janeiro (“Município”), pessoa jurídica de direito

público interno, inscrita no CNPJ sob nº 02.709.449/0001-59, com sede na Cidade

do Rio de Janeiro, neste ato representado por seu Prefeito;

II - o Estado do Rio de Janeiro (“Estado”), pessoa jurídica de direito público

interno, inscrita no CNPJ sob nº 42.498.600/0001-71, com sede na Cidade do Rio de

Janeiro, neste ato representado por seu Governador;

III - a União (“União”), pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no

CNPJ sob nº 02.961.362/0001-74, com sede em Brasília, Distrito Federal, neste ato

representado pelo Presidente da República.

CLÁUSULA TERCEIRA - DAS DEFINIÇÕES

Para os fins deste protocolo de intenções, serão observadas as seguintes

definições:

I - Jogos — Edição dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, que serão

realizados na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2016;

II - COI — Comitê Olímpico Internacional, entidade internacional de

administração dos esportes olímpicos, com sede em Lausanne, na Suíça,

proprietária dos direitos sobre os Jogos Olímpicos;

III - COMITÊ RIO 2016 — Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016,

entidade privada sem fins lucrativos reconhecida pelo COI, criada com o fim

específico de realizar a organização dos Jogos;

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IV - BRASIL 2016 — empresa pública constituída com base no disposto na

Medida Provisória nº 488, de 12 de maio de 2010, com o fim de prestar serviços à

APO e aos órgãos e entidades originalmente responsáveis pela execução das

atividades que compõem a Carteira de Projetos Olímpicos;

V - Matriz de Responsabilidades — documento vinculante que estipula as

obrigações de cada um dos seus signatários para com a organização e realização

dos Jogos;

VI - Consórcio Público — pessoa jurídica formada exclusivamente por entes

da Federação, na forma da Medida Provisória nº 489, de 2010, e da Lei nº 11.107, de

2005, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a realização de

objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com

personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica;

VII - Contrato de Rateio — contrato por meio do qual os entes consorciados

comprometem-se a fornecer recursos financeiros para a realização das despesas do

consórcio público;

VIII - Carteira de Projetos Olímpicos — conjunto de obras e serviços

selecionados pela APO como essenciais à realização dos Jogos Olímpicos e

Paraolímpicos de 2016.

CLÁUSULA QUARTA - DO OBJETIVO E DAS FINALIDADES

A APO tem por objetivo coordenar a participação da União, do Estado do Rio

de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro na preparação e realização dos Jogos

Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, especialmente para assegurar o cumprimento

das obrigações por eles assumidas perante o COI para esses fins e, notadamente:

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I - a coordenação de ações governamentais para o planejamento e entrega

das obras e serviços necessários à realização dos Jogos;

II - o monitoramento da execução das obras e serviços referentes aos

Projetos Olímpicos;

III - a consolidação do planejamento integrado das obras e serviços

necessários aos Jogos, incluindo os cronogramas físico e financeiro e as fontes de

financiamento;

IV - o relacionamento dos entes consorciados com o COMITÊ RIO 2016 e

demais entidades esportivas, nacionais e internacionais, responsáveis por

modalidades olímpicas e paraolímpicas nos assuntos relacionados à organização e

realização dos Jogos;

V - o planejamento referente ao uso do legado dos Jogos, com proposição de

soluções sustentáveis sob os aspectos econômico, social e ambiental;

VI - a definição de padrões técnicos relativos à segurança, ao meio ambiente,

à sustentabilidade, acessibilidade, responsabilidade social e cultural que orientem a

elaboração dos projetos e a execução de ações, exclusivamente nos aspectos

relativos aos Jogos e que estejam compatíveis com as normas estabelecidas pelos

órgãos responsáveis;

VII - a elaboração e atualização da Matriz de Responsabilidades junto aos

consorciados e ao COMITÊ RIO 2016, visando definir obrigações das partes para a

realização dos eventos, em face das obrigações assumidas perante o COI;

VIII - a homologação prévia dos termos de referência, projetos básicos e

executivos relativos à preparação e realização dos Jogos com a estrita finalidade de

verificar se atendem aos compromissos assumidos junto ao COI, a serem

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contratados pelos entes consorciados, inclusive por seus órgãos e entidades da

administração direta e indireta, nos casos de utilização do regime de licitações e

contratos para as obras e serviços dispostos na Medida Provisória nº 489, de 2010;

IX - a interlocução, nos casos de impasses relacionados à execução de obras,

com órgãos de controle, de licenciamento ambiental e demais órgãos envolvidos.

Parágrafo primeiro - Para a consecução de seu objetivo e de suas finalidades,

poderá a APO exercer as seguintes atividades:

I - realizar estudos técnicos e pesquisas, elaborar e monitorar planos, projetos

e programas;

II - firmar convênios, contratos e acordos de qualquer natureza;

III - excepcionalmente, contratar, manter ou executar obras e serviços

referentes à Carteira de Projetos Olímpicos, preferencialmente, por meio da empresa

BRASIL 2016 ou mediante convênio com um dos entes consorciados, nos casos

previstos no parágrafo segundo, inclusive por meio do regime previsto na Medida

Provisória nº 489, de 2010;

IV - decidir sobre a transferência da responsabilidade sobre projetos

integrantes da Carteira de Projetos Olímpicos que forem justificadamente

comprovados como de elevado risco de não entrega pelo ente consorciado no prazo

necessário à realização dos Jogos;

V - adquirir e administrar bens, móveis e imóveis;

VI - atuar na proteção da propriedade intelectual e das marcas relacionadas

aos Jogos, utilizando-se dos meios jurídicos adequados;

VII - exercer outras competências necessárias à fiel execução de seus

objetivos e finalidades, desde que sejam compatíveis com o seu regime jurídico.

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Parágrafo segundo - Em caráter excepcional, poderá a APO, por decisão

unânime do Conselho Público Olímpico, assumir o planejamento e a execução de

obras ou de serviços sob a responsabilidade dos órgãos e das entidades da

administração direta ou indireta dos entes consorciados, desde que a medida se

justifique para a adimplência das obrigações contraídas perante o COI para a

realização dos Jogos.

Parágrafo terceiro - Para a consecução do disposto no parágrafo segundo, a

APO sub-rogar-se-á em todos os direitos e obrigações decorrentes de

procedimentos licitatórios em curso, contratos ou instrumentos congêneres,

permanecendo o ente originariamente competente responsável pelo ressarcimento

dos custos incorridos.

Parágrafo quarto - A APO poderá realizar novas licitações, contratações ou

celebração de convênios para a execução das obras e serviços previstos no

parágrafo segundo, caso seja imprescindível para assegurar o cumprimento das

obrigações assumidas perante o COI.

Parágrafo quinto - Na hipótese do parágrafo quarto, a APO contratará,

preferencialmente, a Empresa Brasileira de Legado Esportivo S.A — BRASIL 2016.

Parágrafo sexto - No caso da transferência de responsabilidade de obras e

serviços na forma do parágrafo segundo, o respectivo ente consorciado ficará

obrigado ao ressarcimento à APO de todos os prejuízos causados, tais como custos

de execução das obras e operação de serviços, multas rescisórias e encargos

financeiros.

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CLÁUSULA QUINTA - DO RESSARCIMENTO DAS DESPESAS ASSUMIDAS

Na hipótese prevista no parágrafo terceiro da Cláusula Quarta, a União,

observado o devido processo legal, com fundamento no art. 160, parágrafo único,

inciso I, da Constituição, poderá reter quotas dos respectivos fundos de participação

dos demais entes consorciados até o pagamento do crédito.

CLÁUSULA SEXTA - DA CARTEIRA DE PROJETOS OLÍMPICOS

A APO deverá dar transparência aos critérios de seleção dos projetos que

integrarão a Carteira de Projetos Olímpicos, priorizando o atendimento das

exigências gerais estabelecidas pelo COI.

CLÁUSULA SÉTIMA - DA SEDE DA APO

A APO terá sede e foro no Município do Rio de Janeiro, localizado no Estado

do Rio de Janeiro.

Parágrafo único - A APO poderá manter escritório de representação na cidade

de Brasília, Distrito Federal, ou, excepcionalmente, em qualquer localidade

relacionada à preparação e realização dos Jogos.

CLÁUSULA OITAVA - DA ÁREA DE ATUAÇÃO

A APO terá como área de atuação o Estado do Rio de Janeiro.

Parágrafo único - Excepcionalmente, a APO poderá atuar em outros Estados,

no Distrito Federal e Municípios da Federação, com vistas à preparação e realização

dos Jogos.

CLÁUSULA NONA - DA NATUREZA JURÍDICA

A APO terá a forma de associação pública, com personalidade jurídica de

direito público e natureza autárquica, integrando a administração indireta de cada

um dos entes da Federação consorciados.

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CLÁUSULA DÉCIMA - DOS ÓRGÃOS DE GESTÃO

São órgãos da APO:

I - o Conselho Público Olímpico;

II - a Presidência;

III - o Conselho de Governança;

IV - o Conselho Fiscal;

V - a Diretoria Executiva.

Parágrafo único - Os estatutos da APO definirão a estrutura dos órgãos

referidos nesta cláusula e poderão criar outros órgãos.

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DO CONSELHO PÚBLICO OLÍMPICO

A APO terá como instância máxima o Conselho Público Olímpico, órgão de

natureza colegiada e permanente, constituído pelos Chefes dos Poderes Executivos

da União, do Estado do Rio de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro, ou por

representantes por eles designados, cada um com direito a um voto.

Parágrafo primeiro - O Conselho Público Olímpico reunir-se-á ordinariamente

uma vez a cada seis meses ou, extraordinariamente, por convocação de seu

Presidente ou dos demais membros.

Parágrafo segundo - As reuniões do Conselho Público Olímpico serão

instaladas com a presença dos representantes dos três entes consorciados, e suas

decisões serão tomadas por unanimidade, exceto nas hipóteses previstas na

Cláusula Vigésima Quarta.

Parágrafo terceiro - A aprovação e modificação dos estatutos da APO dar-se-

ão por deliberação do Conselho Público Olímpico, na forma do parágrafo segundo,

especialmente convocado para este fim.

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Parágrafo quarto - O Conselho Público Olímpico será presidido pelo

representante da União, conforme disposto na Medida Provisória nº 489, de 2010.

Parágrafo quinto - Compete ao Conselho Público Olímpico:

I - aprovar e modificar os estatutos da APO;

II - aprovar a proposta de orçamento da APO;

III - aprovar a Carteira de Projetos Olímpicos;

IV - nomear os membros do Conselho de Governança e do Conselho Fiscal; e

V - decidir sobre o disposto no inciso IV do parágrafo primeiro e no parágrafo

segundo da Cláusula Quarta.

Parágrafo sexto - O disposto no inciso III do parágrafo quinto não dispensa as

homologações prévias previstas no inciso VIII da Cláusula Quarta e, observada a

legislação vigente:

I - a necessidade de previsão orçamentária, aprovada pelo legislativo de cada

ente, relativa às despesas com a infraestrutura e serviços acordados; e

II - a adoção das medidas necessárias, no âmbito da responsabilidade de

cada ente, para a contratação de operações de crédito ou de outras fontes de

recursos.

Parágrafo sétimo - A decisão a que se refere o inciso V do parágrafo quinto

deverá ser precedida da adoção, por parte da APO, de medidas preventivas, tais

como a indicação ao ente consorciado dos projetos com elevado risco de

inexecução no prazo acordado, bem como sugestão de soluções alternativas que

podem ser adotadas.

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - DA PRESIDÊNCIA E DA REPRESENTAÇÃO

LEGAL DA APO

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O Presidente da APO será escolhido pelo Presidente da República e por ele

nomeado, após aprovação pelo Senado Federal, nos termos do art. 52, inciso III,

alínea “f”, da Constituição, e cumprirá mandato de quatro anos, permitida a

recondução.

Parágrafo primeiro - O cargo de Presidente da APO deverá ser ocupado por

cidadão de reputação ilibada e elevado conceito no campo de especialidade do

cargo.

Parágrafo segundo - Incumbe ao Presidente a representação legal da APO,

bem como a coordenação e superintendência de suas atividades, na forma disposta

nos estatutos.

Parágrafo terceiro - As atribuições de representação legal da APO poderão

ser delegadas ao Diretor Executivo, no todo ou em parte, por ato específico do

Presidente, cuja eficácia dependerá de publicação na imprensa oficial.

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - DO CONSELHO DE GOVERNANÇA

O Conselho de Governança é órgão permanente da APO, de natureza

colegiada.

Parágrafo primeiro - O Conselho de Governança é composto pelos seguintes

membros:

I - o Presidente da APO, que o presidirá;

II - o Diretor Executivo;

III - cinco representantes do Governo Federal, indicados pelo Ministro de Estado

do Esporte;

IV - dois representantes da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, indicados por

seu Prefeito;

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V - dois representantes do Governo do Estado do Rio de Janeiro, indicados por

seu Governador;

VI - um representante da sociedade civil, indicado pelo Conselho Público

Olímpico;

VII - um representante do COMITÊ RIO 2016, por ele indicado.

Parágrafo segundo - As decisões emanadas do Conselho de Governança

serão tomadas pela maioria de seus membros.

Parágrafo terceiro - O Presidente do Conselho de Governança votará apenas

nos casos em que houver empate.

Parágrafo quarto - Compete ao Conselho de Governança:

I - submeter ao Conselho Público Olímpico o planejamento estratégico,

financeiro e orçamentário da APO;

II - aprovar a alienação ou a oneração de bens da APO;

III - submeter ao Conselho Público Olímpico a proposta de Carteira de

Projetos Olímpicos;

IV - submeter ao Conselho Público Olímpico relatórios sobre casos em que

estejam ocorrendo situações excepcionais que possam comprometer o cumprimento

dos cronogramas, orçamentos, qualidade das entregas, entre outros;

V - aprovar o regimento interno, o regulamento de pessoal e o código de

conduta do quadro de pessoal da APO;

VI - aprovar o percentual máximo de cargos e funções, previstos no Anexo I, a

serem ocupados durante o exercício seguinte, em conformidade com a demanda de

trabalho e o estágio de organização do evento, bem como os critérios e requisitos

para sua ocupação;

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142

VII - decidir sobre outros temas de governança e administração destinados a

preservar e cumprir a missão institucional da APO;

VIII - apreciar a prestação de contas da Diretoria Executiva, ouvido o

Conselho Fiscal;

IX - dispor sobre procedimentos internos para a contratação de bens e

serviços nos quais intervenha a APO;

X - deliberar sobre a conveniência e a oportunidade acerca do momento e da

quantidade de pessoal a ser contratado, de acordo com o disposto no parágrafo

oitavo da Cláusula Décima Oitava.

Parágrafo quinto - O Conselho de Governança poderá convidar

representantes das áreas de interesse dos Jogos para expor sobre situações

específicas sempre que julgar conveniente.

Parágrafo sexto - Os membros do Conselho de Governança, exceto o Diretor

Executivo, além do reembolso obrigatório das despesas de locomoção e estada,

necessárias ao desempenho da função, receberão o valor mensal de R$ 2.200,00

(dois mil e duzentos reais), devido somente nos meses em que ocorrer reunião do

colegiado.

Parágrafo sétimo - A forma de convocação das reuniões, bem como o

funcionamento do Conselho de Governança serão previstos nos estatutos.

CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - DO CONSELHO FISCAL

O Conselho Fiscal, de caráter permanente e colegiado, é o organismo de

fiscalização econômico-financeira da APO e compõe-se de cinco membros, eleitos

pelo Conselho Público Olímpico.

Parágrafo primeiro - Compete ao Conselho Fiscal:

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I - fiscalizar os atos dos dirigentes da APO e verificar o cumprimento dos seus

deveres legais e estatutários;

II - opinar sobre a prestação de contas da Diretoria Executiva, fazendo

constar do seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou

úteis à deliberação do Conselho de Governança;

III - opinar sobre as propostas a serem submetidas ao Conselho Público

Olímpico e ao Conselho de Governança, relativas a matérias orçamentárias,

financeiras e patrimoniais;

IV - exercer as demais atribuições que lhe sejam estabelecidas pelos

estatutos.

Parágrafo segundo - A forma de convocação das reuniões, bem como o

funcionamento do Conselho Fiscal serão previstos nos estatutos.

Parágrafo terceiro - A APO estará sujeita às normas e aos procedimentos de

controle externo da administração pública, na forma da legislação aplicável.

Parágrafo quarto - Os estatutos disporão acerca dos mecanismos internos de

auditoria, controladoria e correição.

Parágrafo sexto - Os membros do Conselho Fiscal, além do reembolso

obrigatório das despesas de locomoção e estada necessárias ao desempenho da

função, receberão o valor mensal de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais), devido

somente nos meses em que ocorrer reunião do colegiado.

CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - DA DIRETORIA-EXECUTIVA

A Diretoria-Executiva será composta pelo Diretor-Executivo e seis diretores.

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Parágrafo primeiro - O Diretor-Executivo e os demais diretores serão

indicados e nomeados pelo Presidente da APO, cabendo ao primeiro a direção do

órgão.

Parágrafo segundo - Compete à Diretoria-Executiva:

I - propor ao Conselho de Governança as diretrizes fundamentais de

organização administrativa da APO;

II - submeter ao Conselho de Governança o percentual máximo de cargos e

funções, previstos no Anexo I, a serem providos durante o exercício seguinte, em

conformidade com a demanda de trabalho e o estágio de organização dos Jogos,

bem como os critérios e requisitos para sua ocupação;

II - publicar, em meio oficial, a estrutura regimental e o quadro demonstrativo

de cargos e funções da APO;

III - divulgar, no início de cada exercício, os nomes dos ocupantes dos cargos

e funções na estrutura da APO, por meio da imprensa oficial e do sítio do consórcio

na rede mundial de computadores — INTERNET.

IV - administrar a APO, tomar as providências adequadas à fiel execução das

diretrizes e deliberações do Conselho Público Olímpico e do Conselho de

Governança, observadas as competências dos órgãos superiores;

V - submeter ao Conselho de Governança as propostas de plano plurianual e

de orçamento anual da APO;

VI - praticar todos os atos necessários à execução da receita e da despesa;

VII - exercer a gestão patrimonial;

VIII - cooperar e interagir com o COMITÊ RIO 2016;

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IX - tomar todas as providências que repute necessárias ao bom

funcionamento da APO;

X - delegar competência aos diretores para decidirem, isoladamente, sobre

questões incluídas nas atribuições da Diretoria Executiva;

XI - delegar poderes a diretores e servidores para autorização de despesas,

estabelecendo limites e condições;

XII - praticar outros atos que lhe tenham sido delegados pelas instâncias

superiores da APO.

Parágrafo terceiro - Os estatutos detalharão as funções e atribuições do

Diretor-Executivo e dos demais diretores.

CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - CRITÉRIOS PARA REPRESENTAÇÃO

Os entes consorciados autorizam a APO a representá-los perante órgãos ou

entidades da administração, direta ou indireta, e outros entes da Federação nos

assuntos pertinentes ao objeto e finalidades daquele Consórcio Público.

CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - DA INTEGRAÇÃO DE OPERAÇÕES

Os entes consorciados manterão conjuntamente na estrutura da APO centrais

unificadas de integração das operações de tráfego, transporte e segurança pública

necessárias à organização e realização dos Jogos, observada a competência legal

de cada ente.

CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - DA CONTRATAÇÃO DE PESSOAL

A contratação de pessoal pela APO se dará por tempo determinado, na forma

do inciso IX do art. 37 da Constituição, sendo o recrutamento sujeito a prévia

aprovação em processo seletivo simplificado, conforme o regime da Lei nº 8.745, de

9 de dezembro de 1993.

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Parágrafo primeiro - Para consecução de seu objetivo e de suas finalidades,

fica a APO equiparada às pessoas jurídicas referidas no art. 1º da Lei nº 8.745, de

1993, com vistas à contratação de pessoal técnico e administrativo por tempo

determinado.

Parágrafo segundo - Considera-se como necessidade temporária de

excepcional interesse público a contratação de pessoal técnico e administrativo por

tempo determinado, imprescindível à preparação e realização dos Jogos.

Parágrafo terceiro - As contratações dispostas no caput serão realizadas pelo

prazo de até três anos, admitidas sucessivas prorrogações do contrato, desde que o

prazo total não ultrapasse a data de extinção prevista para a APO.

Parágrafo quarto - Não se aplicam à APO os prazos a que alude o art. 4º da

Lei no 8.745, de 1993.

Parágrafo quinto - O nome dos contratados por tempo determinado e a

denominação dos respectivos cargos temporários serão divulgados na imprensa

oficial e no sítio da APO na rede mundial de computadores — INTERNET.

Parágrafo sexto - A APO poderá, ainda, exercer suas atividades com pessoal

cedido de órgãos e entidades da administração pública federal e dos demais entes

federados.

Parágrafo sétimo - A APO poderá requisitar servidores dos entes

consorciados para nela terem exercício, não podendo exceder a vinte por cento de

seu quantitativo total de servidores.

Parágrafo oitavo - O Conselho de Governança decidirá sobre a conveniência

e oportunidade acerca do momento para a realização do processo seletivo

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simplificado e da quantidade de pessoal a ser contratado em cada exercício

financeiro.

Parágrafo nono - O Conselho de Governança apreciará e aprovará a proposta

de contratação temporária a cada exercício, considerando os perfis e quantitativos e

sua adequação às necessidades da APO e aos limites orçamentários definidos para

as despesas com pessoal temporário.

Parágrafo décimo - A remuneração dos profissionais contratados deverá

observar os valores fixados na administração pública federal para cargos com

atribuições semelhantes ou considerar valores de mercado, caso não haja referência

na administração pública.

Parágrafo décimo primeiro - Fica vedada a cessão de empregados da

BRASIL 2016 à APO para atividades de apoio administrativo.

Parágrafo décimo segundo - Os contratados pela APO, na forma do caput

desta Cláusula, são segurados obrigatórios da Previdência Social, como

beneficiários do Regime Geral de Previdência Social disposto na Lei nº 8.213, de 24

de julho de 1991.

CLÁUSULA DÉCIMA NONA - DOS CARGOS COMISSIONADOS E DAS FUNÇÕES

GRATIFICADAS

Ficam criados, para exercício exclusivo na APO, os cargos Comissionados de

Presidente da APO — CPAPO, de Diretor-Executivo — CDE, de Diretor-Técnico —

CDT, de Superintendente — CSP, de Supervisor — CSU e de Assessoria — CA, e

as Funções Técnicas — FT, constantes do Anexo I.

Parágrafo primeiro - A remuneração dos cargos e funções é definida no

Anexo II.

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Parágrafo segundo - Os ocupantes dos cargos e funções previstos no caput

desta Cláusula serão segurados obrigatórios da Previdência Social, como

beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, disposto na Lei nº 8.213, 1991,

ressalvado o caso de servidores estatutários eventualmente cedidos ou

requisitados.

Parágrafo terceiro - Os cargos comissionados de Diretor, de Superintendente,

de Supervisor e de Assessor são de livre nomeação e exoneração pelo Presidente

da APO, até o limite fixado no orçamento anual da APO.

Parágrafo quarto - O cargo de Diretor-Executivo deverá ser ocupado por

cidadão de reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo

de especialidade do cargo, devendo ser escolhido e nomeado pelo Presidente da

APO.

Parágrafo quinto - O servidor ocupante de cargo efetivo, o militar ou o

empregado permanente de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, dos

Municípios ou do Distrito Federal investido nos cargos a que se refere o caput desta

Cláusula poderá optar por uma das remunerações a seguir discriminadas,

observado o limite previsto no art. 37, inciso XI, da Constituição:

I - do cargo comissionado, do cargo efetivo, do posto ou graduação, ou do

emprego; ou

II - a remuneração do cargo efetivo, do posto ou graduação, ou do emprego,

acrescida do percentual de quarenta por cento do respectivo cargo em comissão.

Parágrafo sexto - As FT são de ocupação privativa de servidores cedidos ou

requisitados de órgãos e entidades da administração pública federal e dos demais

entes federados.

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Parágrafo sétimo - O servidor designado para ocupar FT perceberá a

remuneração do cargo efetivo, acrescida do valor da função para a qual foi

designado.

Parágrafo oitavo - O Conselho de Governança deverá divulgar anualmente o

percentual máximo de cargos e funções a serem ocupados durante o exercício

seguinte, em conformidade com a demanda de trabalho e o estágio de organização

dos Jogos.

Parágrafo nono - Ato do Diretor-Executivo da APO divulgará, no início de

cada exercício, o nome dos ocupantes dos cargos e funções na estrutura da APO,

por meio da imprensa oficial e do sítio do consórcio na rede mundial de

computadores — INTERNET.

CLÁUSULA VIGÉSIMA - DO REGIME DA ATIVIDADE FINANCEIRA

A execução das receitas e das despesas da APO obedecerá às normas de

Direito Financeiro dos entes consorciados aplicáveis às entidades públicas.

Parágrafo único. Todas as demonstrações financeiras serão publicadas no

sítio da APO na rede mundial de computadores — INTERNET.

CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

Os entes da Federação consorciados respondem subsidiariamente pelas

obrigações da APO.

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - DAS RELAÇÕES FINANCEIRAS COM

OS CONSORCIADOS

A administração direta ou indireta de ente da Federação consorciado somente

entregará recursos à APO quando houver assumido a obrigação de transferi-los por

meio de contrato de rateio.

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Parágrafo primeiro - As despesas da APO serão custeadas pelos três entes

consorciados, conforme contrato de rateio a ser estabelecido.

Parágrafo segundo - O contrato de rateio deverá considerar o ressarcimento

dos custos de que trata o parágrafo terceiro da Cláusula Quarta.

Parágrafo terceiro - Caso não haja o pagamento da parte devida no contrato

de rateio pelo ente consorciado, a União, com fundamento no art. 160, parágrafo

único, da Constituição, poderá reter quotas dos respectivos fundos de participação

dos demais entes consorciados até o adimplemento do respectivo crédito.

CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - DOS CONVÊNIOS

A APO fica autorizada a celebrar convênios, protocolos, termos de

cooperação ou outros tipos de avenças conveniais com entidades públicas ou

privadas, visando o desenvolvimento de atividades institucionais ou de cooperação

compatíveis com suas finalidades.

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - DO RECESSO

A retirada de ente consorciado da APO antes da extinção dependerá de lei

específica.

Parágrafo único. Os bens destinados à APO pelo consorciado que se retirar

não serão revertidos ou retrocedidos, excetuadas as hipóteses de:

I - decisão do Conselho Público Olímpico tomada com o voto de, pelo menos,

dois entes consorciados; e

II - expressa previsão no instrumento de transferência ou alienação.

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - DAS HIPÓTESES DE EXCLUSÃO

São hipóteses de exclusão do ente consorciado:

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I - a não inclusão, pelo ente consorciado, em sua lei orçamentária ou em

créditos adicionais, de dotações suficientes para suportar as despesas a serem

assumidas por meio de contrato de rateio, nos termos do planejamento anual ou

plurianual da APO;

II - a subscrição de protocolo de intenções para a constituição de outro

consórcio público com finalidades iguais ou, a juízo da maioria do Conselho Público

Olímpico, assemelhadas ou incompatíveis; e

III - a existência de motivos graves, reconhecidos, em deliberação

fundamentada da maioria dos membros do Conselho Público Olímpico.

Parágrafo primeiro - A exclusão prevista no inciso I ocorrerá após prévia

suspensão, período em que o ente consorciado poderá se reabilitar.

Parágrafo segundo - Os estatutos estabelecerão o procedimento

administrativo para a aplicação da pena de exclusão, respeitando o direito à ampla

defesa e ao contraditório.

Parágrafo terceiro - A aplicação da pena de exclusão dar-se-á por meio de

decisão da maioria dos membros do Conselho Público Olímpico.

Parágrafo quarto - O procedimento previsto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro

de 1999, será aplicado subsidiariamente.

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEXTA - DA EXTINÇÃO E DO PRAZO DE DURAÇÃO

A APO será extinta em 31 de dezembro de 2018 ou, antes, por decisão

unânime dos membros do Conselho Público Olímpico.

Parágrafo primeiro - O Conselho Público Olímpico, por decisão unânime,

poderá alterar o prazo de duração da APO, prorrogando-o por, no máximo, dois

anos.

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Parágrafo segundo - Até seis meses antes da extinção da APO, o Conselho

Público Olímpico decidirá sobre a responsabilidade de cada ente pelas obrigações

remanescentes do consórcio.

Parágrafo terceiro - Até que haja a decisão de que trata o parágrafo segundo,

os entes consorciados responderão, solidariamente, pelas obrigações

remanescentes, garantido o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou

daqueles que deram causa à obrigação.

Parágrafo quarto. Com a extinção da APO, o pessoal cedido ou requisitado

retornará aos seus órgãos de origem, e os contratos de trabalho de pessoal serão

automaticamente extintos.

Parágrafo quinto - Na destinação do legado dos Jogos poderá a APO,

mediante decisão de seu Conselho de Governança, transferir, doar ou destinar seus

bens a qualquer órgão ou entidade que integre a administração de ente da

Federação consorciado.

CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - DA ALTERAÇÃO DO CONTRATO DA APO

A alteração do contrato que institui a APO dependerá de instrumento

aprovado pelo Conselho Público Olímpico, ratificado mediante lei por todos os entes

consorciados.

CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - DO REGIME JURÍDICO

A APO será regida pela Medida Provisória nº 489, de 2010 e,

subsidiariamente, pelo disposto na Lei Federal nº 11.107, de 6 de abril de 2005.

Parágrafo único - Em caso de omissão das normas referidas no caput ,

aplicam-se à APO, no que couberem, as disposições da Lei Federal nº 10.406, de 10

de janeiro de 2002, relativas às associações civis.

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CLÁUSULA VIGÉSIMA NONA - DOS PRINCÍPIOS

Aplicam-se à APO os princípios constitucionais e legais que regem a

administração pública e, em especial:

I - o respeito à autonomia dos entes federados consorciados, de modo que o

ingresso ou a retirada da APO dependem apenas da vontade de cada um dos entes

consorciados, sendo vedado que lhe sejam atribuídos incentivos para ingresso;

II - a solidariedade, em razão da qual os entes consorciados se comprometem

a não praticar qualquer ato, omissivo ou comissivo, que venha a prejudicar a boa

execução e realização dos Jogos;

III - a transparência, permitindo o acesso de cada um dos entes consorciados

a qualquer reunião ou documento;

IV - a eficiência, permitindo que todas as decisões tomadas pela APO sejam

explícita e previamente fundamentadas e que demonstrem sua viabilidade e

economicidade.

CLÁUSULA TRIGÉSIMA - DA RATIFICAÇÃO E DO CONTRATO DE CONSÓRCIO

PÚBLICO

Somente será considerado consorciado o ente da Federação subscritor do

protocolo de intenções que o ratificar integralmente por meio de lei.

Parágrafo único. Após a ratificação mediante lei de cada um dos entes

consorciados, o presente protocolo converter-se-á automaticamente em contrato de

consórcio público.

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CLÁUSULA TRIGÉSIMA PRIMEIRA - DA EXIGIBILIDADE

Quando adimplente com suas obrigações, qualquer ente consorciado é parte

legítima para exigir o pleno cumprimento das cláusulas previstas no presente

protocolo.

CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA - DA GESTÃO ASSOCIADA DE SERVIÇOS

PÚBLICOS

Não haverá gestão associada de serviços públicos e não serão concedidos,

permitidos ou autorizados serviços públicos pela APO.

CLÁUSULA TRIGÉSIMA TERCEIRA - DA PUBLICIDADE

O presente protocolo de intenções deverá ser publicado na imprensa oficial

de cada um dos entes consorciados.

Parágrafo único - A publicação do protocolo de intenções poderá ser feita de

forma resumida, desde que indique o local e o sítio da rede mundial de

computadores — INTERNET em que poderá ser obtido seu texto integral.

CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUARTA - DA RESOLUÇÃO CONSENSUAL DE

CONFLITOS

Os entes da Federação consorciados devem dar preferência à resolução de

conflitos por mecanismos consensuais, tais como a conciliação e a mediação, na

forma a ser definida nos estatutos da APO.

E, por estarem de acordo, os entes federados partícipes assinam o presente

protocolo de intenções, em três vias, de igual teor e forma, para os devidos fins de

direito.

ANEXO I

QUADROS DE CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES GRATIFICADAS DA

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AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA

CARGOS DE DIREÇÃO EXECUTIVA - PRESIDENTE E CDE

DESCRIÇÃO QUANTITATIVO

CPAPO 1

CDE 1

CARGOS DE DIREÇÃO TÉCNICA - CDT

DESCRIÇÃO QUANTITATIVO

CDT 06

CARGOS DE SUPERINTENDÊNCIA - CSP

DESCRIÇÃO QUANTITATIVO

CSP 29

CARGOS DE SUPERVISÃO - CSU

DESCRIÇÃO QUANTITATIVO

CSU 92

CARGOS DE ASSESSORIA - CA

DESCRIÇÃO QUANTITATIVO

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CA I 35

CA II 20

CARGOS DE FUNÇÃO TÉCNICA GRATIFICADA - FT

DESCRIÇÃO QUANTITATIVO

FT I 100

FT II 100

FT III 100

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157

ANEXO II

QUADRO DE REMUNERAÇÃO DOS CARGOS COMISSIONADOS E

GRATIFICAÇÃO POR FUNÇÃO DA AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA

CARGOS COMISSIONADOS E FUNÇÕES

TÉCNICAS GRATIFICADAS

VALOR

REMUNERATÓRI

O

CPAPO R$ 22.100,00

CDE R$ 21.000,00

CDT R$ 20.000,00

CSP R$ 18.000,00

CSU R$ 15.000,00

CA I R$ 15.000,00

CA II R$ 18.000,00

FT I R$ 1.000,00

FT II R$ 3.000,00

FT III R$ 5.000,00

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O SR. PAULO RENATO SOUZA (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, gostaria, em primeiro lugar, de saudar V.Exa., que também se despede

desta Casa, pela Presidência dos trabalhos.

Quando nos afastamos da Câmara, acho que é dever nosso prestar contas do

trabalho que realizamos enquanto afastados. Portanto, eu não poderia deixar de

fazer este pronunciamento ao voltar à Casa.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno a esta Casa depois de servir

ao Governo de São Paulo por 1 ano e 8 meses como Secretário da Educação dos

Governadores José Serra e Alberto Goldman e quero prestar contas aos meus pares

do trabalho que lá realizei e dos resultados que alcançamos.

O Governador Serra realizou a maior transformação de que se tem notícia em

nosso País na área de educação. Isso ganha relevância ainda maior porque as

transformações mais profundas e duradouras devem necessariamente ocorrer no

âmbito dos Estados e dos seus Municípios, que são os gestores das redes de

ensino básico. Além disso, as dimensões do Estado de São Paulo transformam sua

rede de escolas públicas numa das maiores do mundo. Essa transformação foi obra

dos três Secretários que o serviram, mas com o mesmo programa e uma equipe

técnica que se manteve à frente dos programas ao longo de todo o período.

O foco de todas as ações foram os alunos e a melhoria da aprendizagem. O

eixo central foi o currículo do Estado, um conjunto gigantesco de materiais

produzidos por nossas equipes técnicas e distribuídos a professores e alunos com

claras orientações de como ensinar e de como aprender os conteúdos de cada

disciplina em cada série do ensino básico. Essa foi a maneira que o Estado

encontrou — inspirado no que já ocorre há muito tempo nas escolas privadas —

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para superar de forma rápida e eficaz o problema que é sobejamente conhecido da

deficiência na formação de professores em nosso País.

A partir do currículo, foi possível definir metas de aprendizagem para cada

escola e cada segmento de ensino. O alcançar dessas metas passou a ser a base

para o pagamento do bônus anual a professores e servidores da Secretaria. Sem

dúvida, o bônus por resultado é hoje o maior programa de remuneração variável que

existe no mundo e beneficiou apenas em 2010 mais de 210 mil funcionários. Essa é

uma política que vem sendo discutida em muitos países desenvolvidos para produzir

resultados positivos na educação. São Paulo pode orgulhar-se de estar à frente de

seu tempo nesse particular.

Ao assumir a Secretaria, pude acrescentar uma nova dimensão a tudo isso,

criando a avaliação de professores do Estado, também baseada nos conteúdos do

nosso currículo. A avaliação de professores tem hoje várias dimensões em São

Paulo. De um lado, criou-se o Exame de Professores Temporários, realizado já pelo

segundo ano consecutivo e com a participação de mais de 340 mil professores que

desejam alistar-se como professores substitutos no Estado. Todos os professores do

Estado, efetivos ou temporários, tiveram de mostrar em provas seus conhecimentos

das disciplinas que lecionam.

A segunda providência foi a redefinição da carreira do professor, pela qual os

integrantes do quadro do magistério estadual a partir de agora podem quase

quadruplicar sua remuneração inicial ao longo de suas carreiras. A chamada

promoção por mérito pode ser alcançada mediante análise da vida funcional —

assiduidade e permanência na mesma escola — e um exame de promoção com

critérios muito exigentes a ser oferecido a cada ano. Já neste ano de 2010, 44.500

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integrantes do quadro do magistério estadual passaram a ganhar 25% a mais em

sua remuneração, e outros tantos devem ter o mesmo benefício em suas carreiras

em 2011 e nos anos subsequentes. Enquanto o bônus por resultados é um prêmio

ao trabalho coletivo da escola, a promoção pelo mérito é o reconhecimento ao

esforço individual do professor, sendo um benefício que se incorpora à sua

remuneração, inclusive para efeitos de aposentadoria.

Finalmente, promovemos uma mudança radical nos concursos de ingresso

para o quadro do magistério. Doravante, o ingresso na carreira se dá com o exame

de seleção tradicional e mais a aprovação em um curso de preparação, oferecido

pela Escola de Formação de Professores de São Paulo, que também criamos. O

curso é totalmente voltado para a sala de aula que os professores deverão encontrar

em nossa rede e, novamente, baseado nos conteúdos do currículo do Estado.

No último domingo, 10 mil professores se submeteram ao exame final do

primeiro curso de formação oferecido pela escola — 250 mil professores

participaram do concurso inicial. O curso foi realizado totalmente a distância, feito

através da Internet em 14 disciplinas diferentes entre os meses de agosto e

dezembro.

Na última quinta feira, dia 16 de dezembro, inauguramos, juntamente com os

Governadores Serra e Goldman, o prédio da sede dessa escola, que já se

transformou na “Universidade Corporativa” da educação do Estado de São Paulo,

concentrando sob sua responsabilidade todos os cursos de formação continuada

para professores, diretores, supervisores e pessoal de apoio das escolas, todos eles

tendo como base nosso currículo estadual.

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Tive a fortuna de obter ainda na vigência de meu mandato como Secretário os

primeiros reconhecimentos públicos nacionais e internacionais pelo trabalho

desenvolvido nos últimos 4 anos no Estado de São Paulo e por isso presto aqui

minhas homenagens ao Governador José Serra. Nas avaliações nacionais, através

do último IDEB, São Paulo melhorou e está entre os primeiros colocados entre os

Estados em todos os segmentos de ensino, o que ganha maior relevância à luz das

dimensões de nossa rede e principalmente da abrangência social muito superior à

dos demais Estados, em especial no ensino médio. Internacionalmente, a recente

divulgação dos dados do PISA, da OCDE, mostra que nosso País avançou na

qualidade da educação e que São Paulo o fez a um ritmo ainda maior.

Esses avanços mereceram registro — que peço seja transcrito nos Anais

desta Casa — extremamente favorável ao Brasil e ao Estado de São Paulo,

especificamente, no último número da prestigiosa revista inglesa The Economist,

que, após elogiar várias políticas de nosso Estado, destaca: “Se o Brasil atingir a

meta que estipulou, será por ter conseguido difundir práticas inovadoras em todas as

regiões do país”.

Sr. Presidente, colegas Deputados e Deputadas, encerro meu mandato com

um chamamento ao povo brasileiro e aos nossos governantes de todos os níveis

federativos. É preciso que a sociedade brasileira como um todo abrace e mantenha

por muitos anos um verdadeiro Pacto Nacional pela Qualidade Educativa. Esse

pacto deveria abranger todos os segmentos da sociedade brasileira e estar focado

integralmente em um único objetivo: a melhoria da qualidade da educação brasileira

medida pelos indicadores de aprendizagem de nossos alunos. É preciso olhar para a

escola e o seu funcionamento. Mais recursos são necessários para a educação; é

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preciso aumentar o investimento público em todos os níveis; é preciso remunerar

bem os professores e demais profissionais da educação. Entretanto, se tudo isso

fizermos sem vincular mais recursos e salários à melhoria da qualidade educativa,

estaremos apenas colocando mais recursos para os mesmos resultados. Esta Casa

já perdeu oportunidades nesse sentido quando aprovou, por exemplo, o piso

nacional de salário para os professores sem qualquer exigência adicional ou

contrapartida. Nessa hora decisiva para a educação de nosso País, quando é

preciso consolidar e ganhar velocidade nos avanços, é preciso pensar como

verdadeiros estadistas: resistir tenazmente ao populismo e ao corporativismo que

grassam no setor educacional e pensar em primeiro lugar nas crianças e nos jovens

e na construção de seu futuro, que será o futuro do Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Obrigado, Deputado Paulo Renato

Souza.

Durante o discurso do Sr. Paulo Renato Souza, o

Sr. Rômulo Gouveia, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno, deixa a cadeira da presidência, que é ocupada

pelo Sr. Ilderlei Cordeiro, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno.

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 163 A 163-B)

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O SR. FERNANDO CHIARELLI - Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO CHIARELLI (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, gostaria de me congratular com o Deputado Paulo Renato

Souza pelo seu discurso e dizer, paulista que sou, que o Estado de São Paulo é

muito grato pela atuação de V.Exa. à frente da Secretaria da Educação.

A perda é, talvez, irreparável, pois a grandeza de estadista de V.Exa. rareia

nos dias de hoje.

Muito obrigado, em nome de todo o povo paulista, pela atuação de V.Exa.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Com a palavra o Deputado Moacir

Micheletto.

O SR. MOACIR MICHELETTO (Bloco/PMDB-PR. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que nos trás hoje a esta

tribuna é o estrangulamento da comercialização das duas últimas safras de trigo,

produto tão essencial à mesa do nosso consumidor e considerado de segurança

alimentar. Não é exagero afirmar que esse segmento vive um apagão na área

comercial. Antes, porém, de falar sobre a real situação dos nossos produtores de

trigo, vamos apresentar alguns dados dessa cultura para melhor avaliação desta

Casa.

Dados levantados pela EMBRAPA revelam que a área disponível para o

cultivo de trigo no País está avaliada em 5 milhões e 200 mil hectares, o que daria

para colher cerca de 12 milhões e 500 mil toneladas. Este volume de produção

atenderia o mercado interno e, ainda, geraria excedentes exportáveis que

ultrapassariam 2 milhões e 500 mil toneladas.

Na safra 2010/11, foram plantados cerca de 2 milhões e 100 mil hectares,

cultivo muito aquém da área disponível. A produção estimada para a safra é de 5

milhões e 600 mil toneladas de cereal de boa qualidade. Este volume atende em

torno de 54% do consumo interno. Estima-se que o plantio de trigo nesta safra

envolva cerca de 150 mil propriedades, 154 mil empregos diretos e algo próximo a

um milhão de pessoas.

Neste ano, o mercado interno deverá consumir cerca de 10 milhões e 500 mil

toneladas e importar em torno de 5 milhões e 500 mil, mais da metade do consumo

previsto. O excesso de importação, devido a condições favorecidas, vai formar no

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mercado interno um estoque de passagem de 2 milhões e 400 mil toneladas. Este

excedente, em sua maior parte, ficará nas mãos dos triticultores ou de suas

cooperativas, sem perspectiva de comercialização.

Devido à infraestrutura de armazenagem de grãos no País ser deficiente, os

excedentes de trigo ocupam os armazéns destinados a outros produtos e

pressionam para baixo os preços recebidos pelos agricultores. Além disso, oneram o

custo de comercialização da safra de verão e obrigam o produtor descapitalizado a

recorrer ao mercado financeiro para obter capital de giro e assim continuar na

atividade.

Atualmente, o preço recebido pelo triticultor está abaixo do preço mínimo e do

custo de produção. As indústrias moageiras continuam dando prioridade pela

compra do trigo no mercado externo. A dificuldade de comercialização da atual safra

repete a situação conjuntural que aconteceu na safra anterior. Destaca-se, nesta

safra, que o trigo é de melhor qualidade e nem por isso existe interesse da maioria

das indústrias pela demanda do nosso trigo.

O Brasil tem hoje tecnologia e condição de competitividade para produzir

trigo e suprir grande parte de suas necessidades, mas perde estas vantagens a

partir do momento que o trigo sai da porteira da propriedade. Isso por questão de

logística, distorção nos preços externos devido a subsídios e valorização da nossa

moeda. Existe divergência de interesses entre o setor produtivo e o setor de

beneficiamento do trigo. Caminha-se para uma tragédia, ou seja, é a criatura

(indústria) matando o criador (produtor).

O parque moageiro nacional caracteriza-se por ser de grande porte e na sua

maioria pertencente a grandes grupos, muitos deles multinacionais. Foi instalado

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ainda na época que a política do trigo era estatizada. A maioria das unidades está

localizada próxima aos portos, operando com cerca de 40% de ociosidade.

É importante destacar aqui que as indústrias moageiras preferem suprir sua

demanda com trigo importado do que ficar garimpando a compra do cereal nas

regiões produtoras, devido a muitas facilidades. Entre elas destaco neste

pronunciamento as seguintes:

1) - adquirir sempre em quantidades maiores (navios) e padronizadas;

2) - demandar menor estocagem porque sempre tem oferta no exterior ao

longo do ano, enquanto a produção nacional se concentra entre os meses de agosto

a dezembro;

3) - financiamento externo com prazos maiores e juros menores;

4) - a moeda nacional está valorizada favorecendo a importação;

5) - alguns Estados não produtores de trigo ao industrializarem o cereal

oferecem prazos no recolhimento do ICMS quando o trigo vem do exterior, porque o

recolhimento do imposto (ICMS 17%) para eles é maior se comparado com o trigo

nacional (ICMS 5%);

6) - a infraestrutura de transporte rodoviário, ferroviário e marítimo é cara e

ineficiente. A cabotagem está reservada a empresas brasileiras e cobram frete mais

caro do que o praticado por navios estrangeiros; e

7) - remessa de divisas para o exterior

Srs. Parlamentares,

A Lei 8.096, de 1990, que desregulamentou e desestatizou a comercialização

do trigo no País, definiu que: "O Governo Federal estabelecerá as cláusulas de

salvaguardas necessárias à competitividade da triticultura e indústria nacional".

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Mas, na prática, a sua regulamentação não aconteceu ainda e o trigo passou

a ser uma cultura subordinada às leis de mercado. Assim, o triticultor brasileiro ficou

totalmente dependente do distorcido mercado externo e dos grandes grupos

econômicos que também dominam a indústria moageira nacional.

Como reflexo disto, podemos ver que o País, em determinados anos, enfrenta

desabastecimento e elevação dos preços ao consumidor do nosso pão de cada dia,

do macarrão, da bolacha, do bolo, enfim, dos derivados de trigo. Este cenário revela

uma frágil situação em termos de segurança alimentar, tal como aconteceu em

2007, quando o Brasil importou 7 milhões de toneladas. Nos dois últimos anos,

enfrentamos uma situação inversa, o mercado interno enfrenta problemas com

excedentes de produção, mas o consumo de trigo importado continua alto, em torno

de 5 milhões de toneladas, devido às vantagens comerciais e financeiras como já foi

visto. As compras do trigo nacional acontecem mais em operações de pequeno

volume realizadas pelas unidades moageiras de pequeno porte situadas próximas

às regiões de produção.

Este descontrole, entre a oferta e a demanda no mercado interno, fez com

que os produtores cobrassem do Governo intervenção para escoar a produção e

adotasse normas para defender a renda do triticultor por meio dos instrumentos da

Política de Garantia de Preços Mínimos. É que os preços recebidos pelo produtor de

trigo permaneceram abaixo do mínimo fixado pelo Governo nas duas últimas safras.

Neste aspecto, a ação governamental mostrou-se ineficiente e descoordenada.

Uma prova disso é que Governo brasileiro, neste mês de novembro, liberou

cerca de R$49 milhões para a compra de trigo pelo preço mínimo ainda da safra

passada. Estes recursos são para concretizar aquisições que não haviam sido

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realizadas no tempo oportuno, que iria até junho/2010. O Governo alegava falta de

recursos para quitar compromissos assumidos pela compra, cujos documentos

exigidos já haviam sido entregues até abril passado para que a operação fosse

realizada. Isto corrige, ainda que tardiamente, parte de um calote que os triticultores

receberam na última safra.

Depois de uma atuação marcante do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi,

foi assinada neste mês uma portaria interministerial que libera R$300 milhões para

auxiliar no escoamento dos estoques excedentes da nova safra, 2010/2011, até

então sem perspectiva de comercialização. Vale observar que esta medida está

saindo com três meses de atraso, pois deveria ter sido tomada ainda no mês de

agosto, quando começou a comercialização da safra. Estes recursos se destinam à

realização de leilões através do Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para as

indústrias moageiras de trigo e comerciantes de cereais e também atenderá

operações via o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (PEPRO). Apesar

dessas medidas tomadas neste mês e da ocorrência de problemas com o clima no

hemisfério norte, que elevou as cotações nas bolsas do exterior em mais de 50%, o

preço recebido pelo produtor permaneceu abaixo do preço mínimo.

Esta liberação de recursos gera certa expectativa de alívio aos produtores

que estão finalizando a colheita, mas o resultado das medidas tomadas sobre a

renda dos triticultores ainda não pode ser avaliado, uma vez que as perspectivas de

comercialização não são animadoras. Muitos deles estão vendendo a safra a preços

abaixo do garantido pelo Governo, situação que se torna desesperadora para todos

aqueles que necessitam liquidar empréstimos. Repito: as indústrias moageiras

continuam preferindo o produto importado e refratárias à compra da produção

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interna.

Lembramos que em abril de 2008 o Ministério da Agricultura lançou o Plano

Nacional de Trigo. Entre as medidas de apoio ao setor, destacavam-se o reajuste

de 20% no preço mínimo para a safra 2008/2009; a ampliação do limite de

financiamento para custeio das lavouras de sequeiro para R$ 400 mil por produtor,

um reajuste de 33%; e a possibilidade de contratação de Empréstimo do Governo

Federal (EGF) durante todo o ano, e não apenas no período de safra.

Estavam previstas ainda a criação de uma Linha Especial de Crédito (LEC)

para comercialização com taxas de juros de 6,75% ao ano e a garantia de R$1,2

bilhão do crédito rural. Com essas ações, o Governo reafirmava seu

comprometimento em empenhar-se no apoio à produção e à comercialização do

trigo, diminuindo a dependência externa do País em relação ao cereal. Na ocasião,

nota distribuída pelo Ministério da Agricultura exultava que "o reajuste dos preços

mínimos, a níveis que garantam preço ao produtor e que sustentem a formação da

renda da atividade, foi um sinal claro nesse sentido". Ledo engano. Os produtores se

sentem agora lesados.

Sras. e Srs. Deputados, em abril de 2007, coordenamos uma audiência

pública na Comissão de Agricultura desta Casa e, na ocasião, constatamos o

problema enfrentado pela triticultura nacional e o cenário de insegurança alimentar

do trigo no Brasil. E contrapondo a isso, mostramos o descaso que a cultura do trigo

estava recebendo no contexto da política agrícola nacional.

Naquela oportunidade, apesar da nossa manifestação e também dos

produtores pedindo amparo para a triticultura nacional, nada de novo ou importante

aconteceu em atendimento às nossas propostas e aos pleitos mostrados no

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documento que elaboramos com a denominação de Carta do Trigo. Entretanto,

vimos, nos últimos anos, o Ministro da Fazenda preocupado com o controle da

inflação devido à elevação dos preços dos alimentos. Contudo, em pleno momento

da colheita do trigo ele se manifestou pela redução das alíquotas do imposto de

importação para estimular as compras externas e reduzir os preços internos dos

alimentos, apesar de aqui existir excedentes de produção. Se tal acontecer, será

uma decisão inoportuna e inconsequente.

Em vez de reduzir a alíquota do imposto de importação, que hoje é de 10%

para os países fora do MERCOSUL e zero para os países que fazem parte deste

acordo, propusemos reduzir o custo de produção e transporte e que também fossem

eliminados os tributos PIS e COFINS sobre os alimentos básicos, onde se inclui

também o trigo, que representa algo da ordem de 9,25% do custo do produto

acabado. Estas medidas, sim, seriam uma efetiva contribuição ao aumento do

consumo interno, com reflexos na renda do consumidor e do produtor e ainda sobre

o nível de emprego.

Vale lembrar que as autoridades econômicas, nas últimas safras, nunca

deram, no tempo oportuno, qualquer estímulo para que os triticultores brasileiros

pudessem vender sua produção a preços superiores aos custos de produção. Os

nossos produtores comercializaram suas safras com prejuízos e muitas vezes, por

falta de compradores, tiveram que vender o cereal, mesmo sendo de boa qualidade,

para produção de farinha, para ração animal, após longos meses de estocagem e

muitas despesas.

O triticultor brasileiro só consegue receber um preço superior ao mínimo e

melhorar sua renda quando adversidades climáticas prejudicam a produção no

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Hemisfério Norte. Este fenômeno é entendido pelo triticultor, nos últimos tempos,

como "o único instrumento ou política agrícola" que contribui para a melhoria de sua

renda.

O baixo interesse da política agrícola interna em apoiar a produção nacional

ficou demonstrado na fixação dos parâmetros da política agrícola da safra 2010/11:

no final do mês de junho deste ano, quando a nova safra já estava em fase de

desenvolvimento, por razões desconhecidas, nem todos os parâmetros da política

estavam definidos, a exemplo do valor do preço mínimo. Os triticultores acreditavam

que nunca lhes faltaria o apoio necessário do Governo e por isso deveria ser

mantido o preço mínimo da nova safra igual ao fixado para a safra anterior ou até

melhorado aquele valor.

Vejam só: para surpresa dos triticultores, o Governo, inexplicavelmente, e fato

nunca antes ocorrido, reduziu o preço mínimo da nova safra de trigo em 10% em

relação ao aplicado na safra anterior. Vale observar que esta redução do preço

mínimo aumenta em torno de 5%, se for incorporada na análise a perda relativa à

inflação dos 12 meses da safra. Com isso, a queda real do preço mínimo da atual

safra, em relação à safra anterior, atinge cerca de 15% e não cobre os custos de

produção, indicando que a produção interna e a renda do triticultor deveriam ser

reduzidas. Registramos aqui que o nosso Ministro Wagner Rossi foi voto vencido

nessa decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Lutamos contra esta intempestiva decisão governamental que nos deixou

indignados. Na verdade, funcionou como uma ducha de água fria, desestímulo e

falta de compromisso com o setor. Em relação às culturas de inverno, o trigo é a

principal atividade. Por isso, entendemos que a política anual ou Plano Safra de

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Inverno deveria priorizar a recuperação da renda e emprego no campo, através de

salvaguardas contra a concorrência predatória e garantia efetiva de preço mínimo,

que refletiria na incorporação de tecnologia e aumento da produção e da

produtividade.

Durante o ciclo das culturas de inverno, por falta de incentivo, permanecem

ociosas vastas áreas, mão de obra e equipamentos agrícolas que estão sempre

ocupados no período de verão e que poderiam ser mais utilizados. A rotação de

cultura comum no meu Estado, o Paraná, poderia ser melhor aproveitada, gerando

renda, serviços e postos de trabalho, pois lá se cultivam cerca de 1 milhão e 300 mil

hectares, com uma colheita avaliada em 3 milhões de toneladas. Mas, infelizmente,

o País prefere importar e gerar emprego no exterior.

O Brasil deveria ter como meta garantir que, no mínimo, 60% da demanda

interna de trigo fosse atendida com produção própria. É verdade que existem

compromissos a serem cumpridos no âmbito do MERCOSUL. Sabemos que o

Governo argentino, que é o nosso principal fornecedor de trigo em grão e farinha,

luta para que não seja imposta restrição na sua venda externa do produto ou

derivados com maior valor agregado. Não entendo o porquê de não se debater aqui

a nossa autossuficiência na produção de um alimento tão vital para a mesa do nosso

consumidor.

Por isso, julgo importante que algumas medidas, que por sinal não requer

gastos por parte do Governo, sejam estudadas e implementadas, tais como:

1) - Não permitir a entrada de trigo estrangeiro no Brasil, na época de colheita

e comercialização de safra nacional. Período de: início agosto até o final do ano,

este período do ano enquadra como de entressafra na Argentina;

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2) - Manter maior controle sobre as negociações com os países do

MERCOSUL;

3) - Manter as alíquotas da TEC — Tarifa Externa Comum do trigo para

países não membros do MERCOSUL em 35%; e

4) - Estruturar uma política plurianual para gerar mais empregos e renda para

as culturas de inverno.

Assim, a sociedade como um todo precisa conhecer melhor o problema

enfrentado atualmente pela triticultura brasileira e o cenário de insegurança vivido

pelo setor, quanto à instabilidade de sua renda e prejuízos causados na sua

atividade. Verifica-se que quando as normas da política de garantia de preços

mínimos não são cumpridas, transparece a pequena importância que a cultura de

inverno recebe na política agrícola nacional, apesar de ser considerado um produto

de segurança nacional no contexto do abastecimento interno de alimentos.

Para contornar os problemas de logística e comercial, que refletem no custo

de produção, transporte e comercialização, é conveniente que exista interesse e

ação integrada por parte dos agentes públicos e privados. Só dessa forma poderiam

ser estabelecidas metas e cultivada, nas próximas safras, uma área de 3 milhões de

hectares de trigo e com isso obter produção superior a 7 milhões de toneladas, que

atenderiam 60% da demanda. Assim, poderiam ser gerados empregos, sem

necessidade de novos investimentos e utilizando apenas os fatores de produção das

culturas de verão que ficam ociosos no período de inverno, como disse

anteriormente.

Por isso, uma política especial de incentivo, fundamentada em interesses

sociais, econômicos e ambientais das regiões e do País, deveria ser implementada

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para que também no inverno a área agrícola, mão de obra e demais fatores de

produção pudessem ser ocupados.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, entendemos que o agronegócio trigo

deve ser tratado como uma política de Estado, não apenas de um governo.

Pelas características peculiares do trigo e sua importância diária na

alimentação da população brasileira é fundamental que se atribua à triticultura

nacional um tratamento diferenciado do que se costuma conceder a outros produtos

agrícolas regidos pelas leis de mercado. A cultura do trigo necessita de uma atenção

especial que minimize a frágil situação de segurança alimentar a que o País está

submetido. Para isso é preciso que se formule uma política com o objetivo de

recuperar renda e emprego no período de inverno, através do crescimento da

rentabilidade, da produção e da produtividade do trigo no Brasil.

É inevitável, pois, concluir que, em vez do Governo editar medidas que

venham desestimular a produção e reduzir a renda dos triticultores, deveria, isto sim,

adotar medidas que venham aumentar a renda do produtor com vistas à redução do

custo de produção, do transporte interno e da comercialização. Deveria também

adotar salvaguardas, já previstas na Lei nº 8.096, de 1990, contra os subsídios

concedidos ao trigo pelos países desenvolvidos, de onde importamos, ou evitar a

valorização exagerada da nossa taxa de câmbio, que tanto tem prejudicado a renda

daqueles que vivem no campo e dele vivem.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. RÔMULO GOUVEIA (PSDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uso esta tribuna para registrar o lançamento de

mais uma obra do ex-Vereador, ex-Deputado Estadual, ex-Deputado Federal, ex-

Senador, ex-Governador ou simplesmente como gosta de ser chamado, do poeta,

Ronaldo Cunha Lima.

Trata-se do livro de poesias intitulado de Velas Enfunadas — Poemas à

Beira-Mar, lançado no último dia 15 de dezembro, no Solar do Conselheiro, em João

Pessoa, Paraíba, que foi prefaciado pelo grande jornalista José Nêumanne Pinto. O

livro reúne 71 poemas que têm o mar como cenário. Destes poemas, mais da

metade são sonetos, em cuja métrica Ronaldo se mostra muito à vontade.

Ronaldo, cuja bela história já tive oportunidade de enaltecer em vários

pronunciamentos, é membro da Academia Campinense de Letras, onde ingressou

em 11 de março de 1994, saudado que foi pelo saudoso acadêmico Amaury

Vasconcelos.

Em 2004, Ronaldo Cunha Lima foi indicado para ocupar uma cadeira na

Academia Paraibana de Letras (APL). Ronaldo lançou, entre outros livros: 50

canções de amor e um poema de espera, 1955; Livro dos tercetos - Em defesa da

língua portuguesa (discurso no Senado Federal, 1998); 3 seis, 5 setes, 4 oitos e 3

noves - grito das águas (discurso no Senado Federal, 1999); A seu serviço II, 1999;

A seu serviço III, 2000; Roteiro sentimental - fragmentos humanos e urbanos de

Campina Grande, 2001; e Breves e leves poemas, 2005.

Quem melhor fala sobre o teor dessa nova obra do poeta Ronaldo é o

jornalista Tiago Germano, em artigo publicado na edição do dia 15 de dezembro do

Jornal da Paraíba, o qual transcrevo abaixo, não sem antes parabenizar o autor por

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mais esse belo livro, que só enriquece as letras e as artes de nosso Estado:

"Ronaldo Cunha Lima lança nesta quarta-feira o

livro 'Velas Enfunadas'

De Homero a Camões, o mar e sua mitologia

sempre serviram de inspiração para poetas ao longo dos

séculos. Na vida de Ronaldo Cunha Lima, que lança

nesta quarta-feira (15), em João Pessoa, o livro Velas

Enfunadas — Poemas à Beira-Mar (Ideia, 2010), às 19h,

no Solar do Conselheiro, o mar é uma inspiração que

banha paragens antigas, como a sua infância de menino

do Brejo. 'Era ainda muito garoto quando vim estudar em

João Pessoa e peguei o bonde para ir à praia de Tambaú

ver o mar. Aquele era um espetáculo que me

emocionava', disse o poeta em entrevista ao JORNAL DA

PARAÍBA — como não podia deixar de ser — concedida

à beira-mar, na casa em que veraneia na praia de

Camboinha.

Com prefácio de José Nêumanne Pinto, sertanejo

que capta com precisão poética o encantamento do

pequeno guarabirense diante do 'mundão de água que

humilha a escassez da aguinha mijada das cacimbas da

infância', o livro reúne 71 poemas que têm o mar como

cenário. Destes poemas, mais da metade são sonetos,

em cuja métrica Ronaldo se mostra muito à vontade.

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'Minha praia é o soneto', brinca o poeta, que se exercita

entre quartetos e tercetos desde a adolescência: 'Já se

disse que o soneto é a carteira de identidade do poeta. Eu

tirei a minha muito cedo, embora até hoje ache uma via

difícil'.

Escritos em intervalos de mais de dez anos, alguns

poemas que compõem Velas Enfunadas são testemunhos

da passagem de Ronaldo por praias do Brasil e até de

Cuba, onde esteve quando era Governador da Paraíba.

Varadero, um paraíso caribenho de águas quentes, se

une a Camboinha, Tambaú, Tabatinga, Cabo Branco e

Copacabana como 'musas difusas e profusas' do poeta,

que rascunhou este livro ao pé da rede: 'Costumava

alugar casas em lugares diferentes para veranear.

Acordava, então, pela manhã, fazia um passeio pela praia

e escrevia estes poemas na varanda, no embalo da rede'.

Sonetando Drummond — Leituras também não lhe

faltaram nessas temporadas contemplando as ninfas

marítimas. 'Sempre recebo muitos livros de presente, e

muitos livros também para prefaciar', conta. 'Mas sempre

gosto de voltar aos meus poetas prediletos, como

Augusto dos Anjos'. Foi numa dessas visitas aos seus

versos preferidos que Ronaldo Cunha Lima chegou a um

poeta de Minas Gerais, Estado que até hoje guarda os

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restos mortais do filho do carbono e do amoníaco. O

mineiro Carlos Drummond de Andrade não apenas fez

companhia ao leitor como também deu ao autor a ideia de

um novo livro, que já está escrito e será lançado no

próximo ano: Sonetando Drummond. Nele, Ronaldo

Cunha Lima rearranja em sonetos, versos consagrados

como os de No meio do caminho.

Se ele se sentiu intimidado em intervir na obra de

um dos grandes mestres da língua portuguesa? 'Já

começo o livro falando do meu medo em mexer em

Drummond, que tem versos fechados, que se bastam',

afirma.

Também para o próximo ano estão programados

os lançamentos de sua biografia, de um livro com seus

'causos' e de um álbum com imagens e poemas.

A biografia, que será publicada em março de 2011

com o título provisório de A Trajetória de um Vencedor, é

uma retrospectiva de sua carreira política sob a ótica do

historiador José Octávio. Ronaldo Espirituoso, seu livro de

'causos', é uma parceria com Nivaldo Magalhães, poeta

da cidade de Esperança que compilou histórias inusitadas

narradas em seus encontros. Já o álbum é fruto de uma

colaboração com o fotógrafo Cácio Murilo, que traduziu

em imagens o que Ronaldo procurou expressar em

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versos.

Repousando à beira-mar, deixamos o poeta

prestes a içar velas para novas expedições literárias.

'2011 será um ano muito produtivo', diz o navegante,

mirando o futuro com seu astrolábio.

Tiago Germano - Jornal da Paraíba - Edição

15.12.2010"

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Quero registrar que na tarde

do último dia 14 de dezembro, no plenário da Assembleia Legislativa, ocorreu a

sessão solene de entrega do título de Cidadão Paraibano aos publicitários José

Maria de Andrade e Jurandir Pinteiro Miranda.

O Deputado Ricardo Barbosa, autor da propositura, enfatizou a excelência

profissional dos dois homenageados, já plenamente inseridos no meio publicitário e

na vida dos paraibanos. Para ele, Jurandir e José Maria são "Dois mestres da

criação, que tanto trabalham em favor da produção publicitária paraibana. Muitas

campanhas políticas passaram pelo talento de José Maria e pela competência de

Jurandir Miranda".

Durante a solenidade bastante prestigiada, pró-representantes de todos os

segmentos sociais paraibanos, um fato marcante ocorreu. O Deputado Ricardo

Barbosa, emocionado, não concluiu o seu discurso de saudação e cedeu o restante

do seu tempo ao ex-Governador Cássio Cunha Lima, para que o mesmo o fizesse.

Na ocasião, Cássio Cunha Lima, agradeceu a deferência, por ser amigo dos novos

cidadãos paraibanos, e disse que ao discurso de Ricardo faltou apenas realçar o

caráter e a retidão dos homenageados.

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Os agraciados com a importante honraria de Cidadão Paraibano também

usaram da palavra para agradecer a significativa homenagem prestada pela Casa

de Epitácio Pessoa.

Inicialmente, José Maria disse que se sentia grato pela homenagem e que

"Há vinte anos, a Paraíba me recebeu de braços abertos, sem nem perguntar o meu

sobrenome. A Paraíba é o meu lugar, é meu porto seguro; essa é a minha terra. E

não foi a natureza que escolheu, mas o coração que me acolheu".

Em seguida, o publicitário Jurandir Miranda agradeceu a cidadania

conquistada, por decisão unânime dos Deputados paraibanos. Em suas palavras,

anotou que: "Há mais de vinte anos vivo na Paraíba, terra que escolhi para morar

pela hospitalidade de seu povo, pela beleza de suas terras. Entre amigos, estou

hoje. E, por isso, abro o meu coração e minha alma para expressar minha alegria,

meu agradecimento por esta grande homenagem que, antes de tudo, é um presente

antecipado de Natal".

José Maria é natural de Massapé (CE), onde iniciou sua trajetória profissional,

com destaque para o trabalho exercido como correspondente da revista Veja, no

Ceará, e também como diretor da sucursal da mesma revista naquele Estado.

Jurandir Miranda nasceu em Águas Belas (PE). Ambos trabalharam em uma

grande agência de publicidade do Nordeste, de onde saíram para fundar a hoje

conceituada Mix de Comunicação, com sede em João Pessoa.

Quero me associar a essa justa homenagem prestada pela Assembleia

Legislativa da Paraíba, por iniciativa do Deputado Ricardo Barbosa, a Jurandir

Miranda e José Maria, pelas qualidades humanas e profissionais desses novos

paraibanos, aos quais parabenizo.

Muito obrigado.

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O SR. LUIZ BITTENCOURT (Bloco/PMDB-GO. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o poeta modernista espanhol

Antonio Machado, em um de seus mais primorosos textos, alerta o caminhante de

que não há o caminho, porque o caminho, segundo ele, "se faz ao andar".

Ao ocupar a tribuna da Câmara dos Deputados para me despedir da Casa,

faço com convicção do dever cumprido, certo de que o caminho que trilhei nos

longos anos de mandato popular foi o do trabalho, da responsabilidade e da

correção, sobretudo honrando a confiança em mim depositada por Goiás e os

goianos.

A minha palavra, antes e acima de tudo, é de gratidão. Venho de uma família

humilde e trabalhadora. Desde cedo aprendi a cultuar os valores da honestidade, da

verdade e da justiça. Cresci acompanhando e admirando figuras humanas, que

ousaram romper as relações de atraso e lançaram as sementes da transformação

social e econômica. Chegar à Câmara dos Deputados e aqui permanecer por três

mandatos consecutivos representando o povo goiano foi um grande desafio, que

enfrentei inspirado no exemplo de trabalho e dignidade do meu saudoso pai, José

Luiz Bittencourt, cuja lembrança trago sempre viva comigo, e de minha mãe

Veneranda Cabral Bittencourt, com quem ainda hoje me aconselho, buscando

sempre ouvir sua opinião.

Por isso, agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de poder servir

ao meu Estado e ao meu País neste Parlamento, pelo qual dedico profundo respeito

e classifico como fundamental à democracia no Brasil. Por mais imperfeito que seja,

por mais defeitos que apresente, o Congresso Nacional foi, é e continuará sendo o

grande fiador da governabilidade e o ponto de equilíbrio necessário ao bom

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funcionamento das instituições.

Obrigado pelo aprendizado permanente do diálogo e do debate, sempre na

busca constante do entendimento. Porque esta é a Casa da convivência das

diferenças, do confronto civilizado das ideias, da superação dos impasses, mas,

sobretudo, da produção de consensos. Agradeço pelo privilégio de compartilhar da

argúcia e da lucidez de homens e mulheres de elevado espírito público, cuja

convivência fez-me rever conceitos e a enxergar o mundo de forma mais ampla e

menos dogmática.

Nestes 12 anos como Deputado Federal, testemunhei manifestações

extraordinárias de inteligência e amor à causa pública. Manifestações que

cristalizaram em mim a percepção de que a ética e a devoção ao bem comum não

são monopólio de partidos nem de ideologias, mas, sim, resultado da transigência,

da virtude, do compromisso com os valores democráticos.

O Congresso Nacional, disse certa vez o jurista Afonso Arinos de Melo

Franco, é feito à imagem e semelhança do povo brasileiro. Por isso mesmo, tem os

méritos e deméritos da própria natureza humana.

Os políticos em geral, notadamente no âmbito do Poder Legislativo, têm sido

alvo de duras críticas. Críticas que em boa parte procedem. A sociedade tem direito

de ser rigorosa na cobrança de decoro e transparência de seus representantes. Mas

há que separar o joio do trigo, até para que a cobrança seja justa. Se há aqueles

que agem com irresponsabilidade e desrespeitam quem os elegeu protagonizando

escândalos de corrupção há também quem se comporta com decência, fazendo do

mandato popular um instrumento de conquistas coletivas. Aqui, desta tribuna, na lida

diária das demandas políticas, vivenciei momentos de vitória e de derrota, de alegria

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e de tristeza, mas jamais de desânimo.

Aprendi que política não deve ser feita com radicalismo e que sempre deve

ser dado espaço para a tentativa da convergência e da conciliação. A minha decisão

de não concorrer à reeleição decorreu do esgotamento de uma fase da minha vida.

Depois de mais de 20 anos disputando mandatos, chegou a hora de dedicar mais

atenção ao convívio da família.

Tenho a consciência tranquila de que sempre procurei dar o melhor dos meus

esforços no cumprimento das funções públicas que exerci. Como Deputado Estadual

por duas vezes, Presidente da Assembleia Legislativa, Secretário de Estado e agora

Deputado Federal por três legislaturas, encaminhei soluções, viabilizei obras e

apresentei centenas de projetos e proposições para melhorar a qualidade de vida da

nossa população.

Na Câmara dos Deputados, atuei com determinação desde 1999 no

aprofundamento da discussão sobre questões capitais para o País, em especial para

ampliar e democratizar as conquistas da cidadania. Trabalhei muito em áreas como

defesa do consumidor, saúde, educação, cultura, transportes, segurança pública,

tributação, preservação do meio ambiente e políticas de incentivo à ciência e

tecnologia, entre outras.

Na Comissão de Defesa do Consumidor, na qual sempre me mantive titular,

fui autor e ajudei a aprovar iniciativas importantes que melhoraram as relações de

consumo no Brasil, sempre com o enfoque de proteger o lado do consumidor da

ganância das empresas. Como Vice-Presidente da CPI dos Medicamentos,

colaborei para a introdução dos remédios genéricos no mercado nacional. Também

fui responsável por abrir no País o debate sobre a tarifa obrigatória da telefonia fixa,

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uma das mais caras e injustas do mundo, o que atraiu a ira das operadoras

telefônicas multinacionais.

Quando atuei como membro da Comissão Mista de Orçamento, também

ajudei, com a nossa bancada, Deputados e Senadores na ampliação substancial de

recursos e investimentos do Governo Federal em nosso Estado. Projetos

estruturantes e importantes, como a duplicação das BRs-153 e 060, a recuperação e

a melhoria de nossas rodovias federais, a retomada das obras do Aeroporto de

Goiânia, a construção do Hospital das Clínicas da UFGO, o Centro de Lazer e

Excelência de Goiânia, recursos para as maiores cidades do Estado — Goiânia,

Anápolis e Aparecida de Goiânia —, recursos para as cidades do Entorno de

Brasília, por meio da RIDE. Aumentamos muito os investimentos nas entidades e

nos hospitais filantrópicos, que prestam incalculável serviço social a nossa

população, além de direcionar projetos em diversas áreas — saúde, educação,

saneamento básico, moradias, programas sociais, segurança pública, etc.

Asseguramos recursos para os 246 Municípios do Estado de Goiás, priorizando o

nosso foco no desenvolvimento socioeconômico e na melhoria da qualidade de vida

dos goianos. Conseguimos colocar Goiás na décima posição entre os Estados que

mais recebem verbas do OGU.

Empenhei-me muito pela exclusão de Goiás do horário de verão, cuja medida

revela-se inócua em nosso Estado e causa grandes transtornos e prejuízos à

população, principalmente à saúde das crianças e dos idosos devido à alteração do

relógio biológico. A minha luta contra o horário de verão alcançou praticamente o

apoio unânime dos goianos. Infelizmente, a insensibilidade dos tecnocratas do

Governo Federal faz com que a medida ainda prevaleça em Goiás, apesar da

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reprovação amplamente majoritária da população.

As iniciativas de que participei no plano nacional fizeram-me conhecedor das

enormes e ricas possibilidades do País. Estou hoje plenamente convencido de que o

Brasil é muito maior do que seus problemas. A continuada estabilidade econômica,

iniciada nos governos de Itamar Franco e FHC, mantida de forma amadurecida pelo

Governo Lula, produziu um cenário substantivamente positivo para a economia

brasileira. O Brasil mudou e, felizmente, mudou para melhor, o que se traduz com

clareza na inclusão de milhões de brasileiros ao mercado de consumo.

Ainda carecemos, contudo, de uma reforma tributária que promova a

desoneração dos setores produtivos, reduza o número de impostos e alivie a pesada

carga fiscal que sufoca o País. Os Governos FHC e Lula não tiveram vontade

política para fazer prosperar a reforma tributária, que, nos últimos anos, contou com

inúmeros projetos em Comissões Especiais no Congresso Nacional, uma das quais

integrei ao lado dos então Deputados Germano Rigotto, Mussa Demes, Virgílio

Guimarães, Antonio Palocci, entre tantos outros.

O mesmo desinteresse do Governo registra-se também com relação à

reforma política, necessária não só para disciplinar a questão eleitoral, como

também para modernizar o nosso sistema político, que é arcaico e permissivo em

relação à influência do poder econômico. Defendo o financiamento público de

campanha, a adoção do voto distrital misto e o fortalecimento dos partidos políticos.

Sem isso, não haverá avanço político no País.

Espero, com muita fé e otimismo, que o futuro Governo Dilma promova as

reformas que o Brasil tanto almeja para prosseguir crescendo na direção do

desenvolvimento sustentável.

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Faço hoje a minha despedida das funções de Deputado Federal, mas não da

política. Seguirei sempre contribuindo com Goiás e com o Brasil de outras formas,

especialmente no debate qualificado de ideias. É com esse sentimento de amor à

causa pública e valorização do Parlamento, como instituição fiadora da

governabilidade, que manifesto a minha crença nos valores da democracia e

reafirmo a minha gratidão pelo muito que pude aprender nesta Casa.

Quero fazer um agradecimento às lideranças políticas do meu querido do

Estado de Goiás — Prefeitos, Vice-Prefeitos, Vereadores e líderes municipais — que

acreditaram no meu projeto político e sempre apoiaram minha luta no Congresso

Nacional.

Agradeço também aos dedicados servidores do meu gabinete e demais

colaboradores da minha equipe de trabalho, sempre a postos para desempenhar o

serviço de assessoramento com eficiência e agilidade.

Obrigado aos funcionários da Câmara dos Deputados cuja atenção nunca me

faltou. Agradeço, por fim, aos colegas Parlamentares, com quem muito aprendi. Sou

muito grato a todos.

Muito obrigado.

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O SR. NELSON BORNIER (Bloco/PMDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, causa-nos espécie a maneira como se falta

à verdade neste País exibindo números maquiados que não condizem com a

realidade, embora sejam oficiais.

Como se não bastasse o descompasso entre os números oficiais e a

realidade no dia a dia de cada brasileiro, estamos diante de perspectivas sombrias,

tendentes a elevar ainda mais nossa preocupação com o futuro do País, na medida

em que as famílias brasileiras ampliaram o consumo de itens como alimentos,

bebidas e produtos de higiene neste ano, mas isso foi sustentado pelo aumento do

endividamento.

O que vemos, Sr. Presidente, é um Brasil tomado pela extrema pobreza, que

antes atingia só as periferias e agora aflige as grandes cidades.

É certo que o Produto Interno Bruto não pode ser indicador dos mais

confiáveis de saúde econômica de uma nação. E é certo também que, no caso do

Brasil, menos ainda.

O fato é que começamos a empobrecer em termos de nossa riqueza global

comparada, fato preocupante. Observamos também que a distribuição desta não

melhorou. Continua de mal a pior, está péssima, no fundo do poço. Mas o que ainda

não se viu é que, também em termos absolutos, empobrecemos. Nosso PIB diminui

em comparação com o PIB dos outros, que também cai ano após ano, com relação

ao que significava no ano anterior.

A escalada desenfreada da recessão assume proporções de verdadeiro

estrangulamento, enquanto os números mostrados pelos técnicos da área

econômica nos dão uma realidade virtual. Só que não se sabe em que se baseiam

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esses pesquisadores, que não consultam o bolso do povo, muito menos as gôndolas

dos supermercados.

A grande verdade, Sr. Presidente, é que não há a menor perspectiva de

melhora, apesar das estatísticas oficiais que procuram mostrar o contrário.

São estas considerações, Sr. Presidente, que trago novamente a esta tribuna,

para que os homens de governo abram os olhos, vejam a realidade com as cores

em que é pintada e saiam da fantasia para o realismo que o momento exige.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. LEONARDO MONTEIRO (PT-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Município de Governador Valadares, em

Minas Gerais, comemorou em grande estilo no último dia 10 de dezembro, o Dia

Internacional dos Direitos Humanos e os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência

Contra as Mulheres. A data celebra a adoção, em 1948, na França, pela

Organização das Nações Unidas — ONU, da proclamação da Declaração Universal

dos Direitos Humanos que nasceu em resposta às barbáries praticadas pelo

nazismo contra judeus, comunistas, ciganos, homoafetivos e negros. Também em

memória a milhares de inocentes mortos em Hiroshima e Nagasaki.

O evento foi realizado no auditório da 43º Subseção da Ordem dos

Advogados do Brasil -OAB/MG e promovido pelo Conselho Municipal de Defesa dos

Direitos Humanos, que tem como Presidente o Delegado da Polícia Civil de

Governador Valadares, Dr. Marcos Alencar, e pela Coordenadoria Municipal da

Mulher, que possui como coordenadora a psicóloga Damaris Siqueira Silva.

Logo, quero parabenizá-los pela iniciativa juntamente com a Dra. Beatriz Dias

Coelho, advogada, professora da Universidade Vale do Rio Doce, membro do

Conselho Municipal de Defesa dos Direitos Humanos e também representante da

OAB/MG no evento, que levou a comunidade valadarense, principalmente o corpo

discente da UNIPAC, a refletir sobre a importância dos direitos humanos em todos

os aspectos e em especial no que tange ao combate à violência contra a mulher.

A primeira palestrante, Dra. Michely Marques Vendramine, advogada,

pesquisadora de temas que abordam a abolição inobservada da escravatura, com

vários artigos publicados nas revistas jurídicas do País, como Consulex, Justilex e

revista Raça Brasil e também assessora do meu mandato, abordou o tema Os

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Direitos Humanos no Cenário Nacional e em Governador Valadares/MG,

conscientizando todas e todos os presentes sobre "a relevância de comemorar não

só no dia 10 de dezembro, mas em todos os dias, as grandes conquistas que os

direitos humanos proporcionaram a toda humanidade e a importância de continuar a

lutar por mais promoção da igualdade em todos os aspectos". Haja vista, Sr.

Presidente, que a partir do surgimento da Declaração Universal dos Direitos

Humanos, que visa resguardar a integridade física, psíquica e moral do ser humano,

foi um grande avanço, pois impulsionou a criação de inúmeros tratados

internacionais voltados para a proteção dos direitos fundamentais, entre eles a

Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a

Mulher.

Esta, por sua vez, senhoras e senhores, ratifica o princípio da igualdade

presente em nossa Constituição Federal, equiparando a igualdade entre homens e

mulheres, pois até certo tempo, inclusive em nosso País, apenas os primeiros é que

usufruíam de alguns direitos — o direito a voto é um exemplo.

Com propriedade, a palestrante ainda avalia os direitos humanos no

ordenamento jurídico brasileiro. Diz estar muito bem amparado, uma vez que conta

com o subsídio do Ministério da Justiça, o qual instituiu a Secretaria Nacional dos

Direitos Humanos, que, por intermédio do Ministro Paulo de Tarso, tem promovido

inúmeras políticas públicas em defesa dos direitos humanos em todo território

brasileiro.

Já em Governador Valadares, o direito humano voltado para a proteção da

mulher "possui efetividade", uma vez que o Conselho Municipal de Defesa dos

Direitos Humanos desenvolve atividades e acompanhamentos concomitantemente

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com a Delegacia de Mulheres, que, além de escopo, de fato amparam mulheres

vítimas da violência doméstica. Minha admiração e meu apreço, ao Dr. Marcos

Alencar, pela excelência na realização desses trabalhos.

O também palestrante Dr. Clériston Lopes de Amorim, Delegado da Polícia

Civil, com atendimento específico a mulheres, explanou brilhantemente e relatou o

seu dia a dia: O Papel da Polícia Civil na Defesa da Mulher.

Como cidadão, sempre aspirei em ajudar meu semelhante e hoje, como

Deputado Federal, os meus mandatos são voltados para a promoção de políticas

públicas capazes de amparar os hipossuficientes em geral, entre eles, mulheres,

idosos, crianças e negros. Contudo, comprometo-me, no próximo mandato, a dar

maior ênfase aos movimentos sociais, uma vez que estes "são a voz do povo a

clamar por democracia e justiça".

Ao cumprimentar nossa palestrante, o delegado de polícia se referiu a minha

assessora como "a advogada das minorias", o que de fato é uma realidade, pois o

nosso mandato se preocupa principalmente com os que são considerados minorias

e que, na realidade, são maioria e pilar de nossa Nação.

Encerro minha fala homenageando a farmacêutica Maria da Penha Maia

Fernandes, inspiradora da lei que hoje representa o anjo da guarda de todas as

mulheres, principalmente as que são vítimas de violência. Com muita dedicação e

senso de justiça, essa guerreira mostrou para a sociedade a importância de se

proteger a mulher da violência sofrida no ambiente mais inesperado, seu próprio lar,

e advinda do alvo menos previsto, seu companheiro, marido ou namorado. Assim, a

Lei nº 11.340 foi sancionada pelo nosso Presidente Lula, em 7 de agosto de 2006, a

qual é plenamente constitucional, haja vista, como comprova a obra de Norberto

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Bobbio: "os princípios constitucionais são como vitrines, pois por si sós não

exteriorizam o direito material; logo, a necessidade de ser promulgada lei específica

para emanar a efetividade deste direito". É a realidade do princípio da igualdade,

presente no art. 5º de nossa Constituição Federal, o qual apenas observa a

igualdade entre os seres humanos e não a igualdade de gênero. Logo a

necessidade de leis, como a chamada Maria da Penha, que visam, de fato,

promover a justiça e a igualdade em nosso Estado Democrático de Direito.

Muito obrigado.

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O SR. JORGE KHOURY (DEM-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, durante 35 anos de vida pública — 9 anos

servindo à administração pública do meu Estado, a Bahia; 6 anos de mandato

eletivo municipal, servindo como Prefeito ao meu Município de Juazeiro, e 20 anos

servido de mandato eletivo federal, como Deputado Federal, servindo ao meu País,

o Brasil — tive a oportunidade de ver e ouvir o povo, ser visto e ser ouvido por ele,

graças à importante atuação dos meios de comunicação.

Se tal ação foi influente num período, muito mais ainda nestes últimos 25

anos — maior período democrático do nosso País.

Como a maior certeza de uma democracia é a liberdade de imprensa, desejo,

neste instante, congratular-me com tantos homens e tantas mulheres que dedicaram

e continuam dedicando o seu labor ao elevado ofício de bem informar, bem sugerir,

bem criticar, bem divertir, bem educar, bem exercer a sublime missão de assegurar

a voz àqueles que não são ouvidos e, às autoridades constituídas, a oportunidade

de receber os reclamos e ou elogios do seu povo.

Parabenizo a imprensa livre deste País, pois ela representa, sem dúvida, o

pilar principal da estrutura democrática.

O cerceamento das ações dos órgãos de comunicação representa o

retrocesso, o arbítrio, a escuridão.

Os homens e as mulheres que representam a imprensa livre são tão

responsáveis quanto os agentes políticos do nosso País pelos 25 anos de

democracia.

Estes 25 anos de democracia deveriam ser muito mais festejados, para que

possamos assegurar a comemoração dos 50 anos, 100 anos e tantos outros. Só

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assim poderemos ter a certeza de que autoritarismo nunca mais!

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Esta é a última vez que volto à

tribuna desta Casa, a Câmara dos Deputados, como Parlamentar representante do

povo no Congresso Nacional.

Retorno à planície com a mesma legitimidade com que cheguei ao planalto —

pela vontade democrática do povo.

Aqui estou há 20 anos, por cinco mandatos consecutivos, sempre defendendo

os interesses do meu País e do meu Estado, a Bahia. Participo, com orgulho, da

mais verdadeira representação do povo brasileiro: esta Casa.

Infelizmente, tem faltado firmeza no Parlamento em algumas oportunidades.

Insistentes períodos de autoritarismo impediram que já tivéssemos a maioridade

necessária para que acertássemos mais do que errássemos. No entanto, muito de

positivo que resultou nos avanços em nosso País se deve ao Congresso Nacional,

em especial à Câmara dos Deputados.

O maior responsável pela permanência do regime democrático é, sem dúvida,

um Parlamento forte, livre e altaneiro. Ainda nos falta atingir esse patamar na sua

plenitude. No entanto, isso começa a firmar-se.

Os atuais 25 anos de democracia ininterrupta, sem nenhum atropelo

autoritário, já demonstram que estamos chegando lá. Considero-me, com muito

orgulho e modéstia, um dos que contribuíram para a conquista desse marco.

Há 35 anos, encontro-me na vida pública: 9 anos servindo ao meu Estado, a

Bahia, na administração pública; 26 anos com mandatos eletivos (6 anos como

Prefeito da minha Juazeiro e 20 anos como Deputado Federal).

Aqui chegando, em 1991, dediquei-me à luta pelo fortalecimento dos

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Municípios — nada que os Municípios possam fazer, os Estados ou a União farão

melhor —, bem como pela consolidação da agricultura irrigada no Vale do São

Francisco, no semiárido nordestino, atividade econômica, testada e comprovada

com êxito. No entanto, ainda muito falta e não será atingido caso continuem tratando

os desiguais de forma igual.

Nem a agricultura irrigada do São Francisco nem a cacauicultura baiana terão

um final justo se a área econômica do Governo Federal continuar dando esse

tratamento que exclui essas regiões do Brasil desenvolvido.

Após exercer a função de Secretário de Indústria, Comércio e Mineração da

Bahia, deparei-me com a desigualdade socioeconômica entre o Sul e o Sudeste com

o restante do País. Desigualdade não só injusta, mas sobretudo cruel e perversa.

Dediquei-me ao tema, chegando até a Presidência da Comissão de Finanças

e Tributação, criando um Grupo de Trabalho de Irrigação na Comissão da

Agricultura, atualmente Coordenador do Nordeste na Frente Parlamentar da

Fruticultura.

Os Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste continuam lutando para atrair

investimentos por meio dos incentivos fiscais que os irmãos do Sul e Sudeste

chamam de guerra fiscal e que, na verdade, nada mais é do que a luta pela compra

de emprego para o nosso povo.

Tal sangria se vê com muito mais clareza no que se refere ao tratamento

dado às micro e pequenas empresas que, a despeito de representarem 99% da

categoria em âmbito nacional, 20% do PIB e 40% dos empregos gerados vivem à

míngua. A luta da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa precisa

avançar com a aprovação do aprimoramento da lei geral, que gostaríamos fosse

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este ano. No entanto, a mesma, além de ter sido achatada, foi sendo deixada para

2011.

A minha passagem como Primeiro Secretário de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos da Bahia me deu a oportunidade de conhecer melhor e entrar fundo nas

questões ambientais que, como costumo dizer, seriam bem mais fáceis de serem

resolvidas com bom senso: o "não pode" trocado pelo "como pode"; a busca do

entendimento entre o ambientalista sim e o ruralista sim, mas não entre o

ambientalista radical e o ruralista retrógrado. Com a visão do desenvolvimento

sustentável chegaremos rapidamente à economia verde.

Foi assim que dediquei este mandato à Coordenação do Grupo de Trabalho

da Água da Frente Parlamentar Ambientalista, à Coordenação de Meio Ambiente da

Bancada do Nordeste, à Comissão Mista de Mudanças Climáticas, à Delegação do

Brasil no V Fórum Mundial de Águas (em Istambul), à Delegação do Brasil na COP

15 (em Copenhague), até a Presidência da Comissão de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável (em 2010).

Como Relator, pudemos contribuir para o avanço da nossa legislação acerca

do tema, especialmente com a aprovação, por unanimidade, do relatório do marco

regulatório do PSA — Programa Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais no

Brasil.

Quando Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco,

conhecemos melhor e continuamos lutando pela revitalização hidroambiental da

Bacia do São Francisco (que nada tem a ver com o que se chama hoje de

revitalização "socioeconômica" da Bacia).

O ano internacional da biodiversidade (2010) serviu de alerta, aqui e em

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Nagoya, para a necessidade de avaliarmos com rapidez os avanços da legislação

nacional, a fim de que busquemos conhecer as nossas espécies da flora e da fauna.

Se a mudança do clima nos preocupa (vejam resultados COP 16, em

Cancún), em especial o bioma amazônico, muito mais ainda deve ser a atenção dos

brasileiros e desta Casa para o bioma mais fraco, a caatinga. Aí, sim, o nosso

semiárido tão difícil de se viver, poderá virar árido — impossível de conviver.

O Brasil, como o mais megadiverso dos 17 países dessa categoria, não

conhece nem 10% do que os Estados Unidos da América, que é um país pobre sob

o ponto de vista da biodiversidade, pois já têm cadastradas mais de 60 milhões de

espécies.

Considero 2010 um ano importante sob o ponto de vista da legislação

ambiental. Começamos com a aprovação da lei que cria o Plano Nacional de

Resíduos Sólidos e encerramos com a aprovação (na Comissão de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável) do projeto de lei que trata do Programa de

Pagamento por Serviços Ambientais e o REED +, entre outros.

Ao longo destes 20 anos, avançamos muito. Destaco a implantação da 6ª

Superintendência Regional da CODEVASF — Companhia de Desenvolvimento dos

Vales do São Francisco e do Parnaíba, em Juazeiro, vindo a dar assistência em todo

Submédio São Francisco baiano. A alteração da abrangência para a regional e da

atuação para Multicampi, da Universidade Federal, transformando-se em

Universidade Federal do Vale do São Francisco — UNIVASF, com o Campus de

Juazeiro, entre outros, coroa essa expressa conquista.

Como disse Fiódor Dostoiévski, "ninguém jamais se tornou universal sem

conhecer e amar a própria aldeia".

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Aqui cheguei graças à generosidade do meu povo (da minha Juazeiro, da

minha região, da minha Bahia). Só ele teria a legitimidade de levar-me de volta do

planalto à planície.

Nesta despedida, conclamo todos os Parlamentares para que continuem

firmes cultivando o "sentimento de amor à Pátria, respeito às instituições

democráticas, crença na família e fé em Deus".

Volto à planície com o sentimento do dever cumprido. Se faltei, foi para

comigo e com a minha família, jamais com o meu povo, com o povo brasileiro.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. VANDER LOUBET (PT-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sem sombra de dúvida, saúde, habitação,

educação, emprego e segurança pública são as questão mais graves que afligem a

população brasileira, frequentemente entrelaçadas entre si.

Fixando nossa atenção apenas na segurança pública, salta aos nossos olhos

que a maior parte dos delitos decorre, direta ou indiretamente, do tráfico de drogas,

ainda que a intensidade deles varie de um lugar para outro.

É um cancro que consome a sociedade moderna, cujas metástases se

espraiam, permeando todas as classes sociais, matando, destruindo famílias,

corrompendo, dilapidando forças de trabalho, corroendo o tecido social, causando

enormes prejuízos aos indivíduos, ao povo e aos Estados brasileiros.

Para os que ainda resistiam em enxergar a verdadeira dimensão do comércio

de drogas ilícitas, a chamada guerra contra o tráfico que explodiu, esses dias, nos

morros do Rio de Janeiro, deixou evidente o poder de fogo e a capacidade de

produção e comercialização dessas drogas, particularmente a maconha e a cocaína.

Sem desprezar as fontes internas que alimentam a delinquência, deixamos as

perguntas: De onde vem parcela considerável do armamento pesado que se viu?

Qual a origem da cocaína e seus derivados e de parte da maconha ilegalmente

encontrados?

Vem de países amigos vizinhos, no papel de grandes produtores de drogas e

de atravessadores de armas e munições, como é sabido por todos.

Junte-se a isso o contrabando, o descaminho, o furto de veículos

motorizados, o abigeato, a biopirataria, o furto de riquezas minerais, o tráfico de

seres humanos e outros delitos transnacionais, a unir a criminalidade de lá e cá,

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provocando desencontros entre países vizinhos.

Não bastasse, a permeabilidade das nossas fronteiras garante a rota de fuga

de criminosos comuns em busca do abrigo transfronteira.

Portanto, Sr. Presidente, é possível concluir que parcela do desassossego de

que padece a população brasileira passa, em grande parte, pelas conexões do

crime, organizado ou não, com países que são nossos vizinhos, estando a exigir

ações coordenadas e a colaboração entre governos e autoridades policiais, isso

para não dizer também entre seus Poderes Judiciários e Legislativos.

Nesse sentido, descontadas as peculiaridades, a União Europeia poderia ser

tomada como exemplo de integração e colaboração entre poderes e instituições de

diferentes países no combate à criminalidade.

Essa união construída no Velho Continente está assentada sobre três pilares:

o conjunto das três Comunidades Europeias, como o primeiro pilar, com um viés

nitidamente econômico; a Política de Defesa e Segurança Comum, como o segundo

pilar, de natureza militar; e a cooperação policial e judicial entre os Estados-

membros, como terceiro pilar, destacando-se as agências que o compõem: o

EUROPOL, a EUROJUST e a CEPOL.

O EUROPOL, o Escritório Europeu de Polícia, composto por representantes

das autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da lei — polícia, alfândega,

serviço de imigração e outros —, busca aperfeiçoar a efetividade e a cooperação

entre os países na prevenção e na luta contra o crime organizado em escala

internacional, promovendo a cooperação técnica, o acompanhamento das

tendências gerais no crime organizado e das técnicas para combatê-lo e o

intercâmbio de informações; tudo isso visando conter o tráfico de drogas ilegais, de

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veículos, de seres humanos e de substâncias radioativas e nucleares, alcançando,

ainda, combate às redes ilegais de imigração, à pornografia infantil, ao terrorismo e

às fraudes envolvendo moedas e outros modos de pagamento.

A EUROJUST, a Unidade Europeia de Cooperação Judiciária, por sua vez, é

a agência que fomenta e aperfeiçoa a coordenação entre as autoridades

competentes quanto às investigações e às atuações judiciais nos países-membros,

facilitando a prestação de ajuda judicial mútua e a execução de petições de

extradição. Em suma, auxilia investigadores e integrantes do Ministério Público a

trabalhar em conjunto na luta contra a criminalidade transnacional, tendo papel

fundamental no intercâmbio de informação e na extradição.

A CEPOL, a Academia Europeia de Polícia, reúne altos funcionários dos

serviços de polícia de toda a Europa, buscando promover a cooperação

transnacional na luta contra a criminalidade e na manutenção da ordem e da

segurança pública, promovendo cursos, seminários e conferências.

Não se propugna aqui pela cópia pura e simples do modelo adotado na

Europa, mas para países que já se irmanam no MERCOSUL e na UNASUL,

vertentes de integração econômica e militar respectivamente, não é demais buscar

inspiração nas agências de cooperação policial e judicial daquele continente, vez

que reside aí um autêntico calcanhar de aquiles a fragilizar os países da América do

Sul no campo da segurança pública.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, as medidas que propugnamos no

plano internacional deverão, naturalmente, ser acompanhadas de inúmeras outras

dentro das nossas fronteiras.

Reforço da presença policial e alfandegária nas fronteiras, sem descurar de

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igual medida quanto às Forças Armadas. Também a criação de uma polícia

especializada no controle e fiscalização das fronteiras é uma ideia que não deve ser

descartada.

Apoio logístico e tecnologia são outros elementos que devem estar presentes

na contenção da criminalidade transfronteiriça, sendo absolutamente imprescindível

que os VANT — Veículos Aéreos Não-Tripulados, recém-adquiridos para a Polícia

Federal justamente para o patrulhamento das fronteiras, sejam colocados em efetiva

operação.

No bojo de toda a nossa fala, pretendemos, em última instância, caracterizar

a necessidade de irmanar instituições policiais e judiciais brasileiras e de países

amigos, integrando e coordenando esforços e ações para aumentar a sinergia contra

o crime organizado, não só no plano doméstico, mas, principalmente, contra a

delinquência que lança seus tentáculos através das fronteiras.

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O SR. ANTONIO BULHÕES (Bloco/PRB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não poderíamos deixar de comparecer a

esta tribuna para saudar o atleta brasileiro, em razão do transcurso de seu dia, 21 de

dezembro. Como um dos países que mais produziu atletas notáveis em tantas

modalidades, temos obrigação de prestigiar não apenas o atleta profissional, mas

também o atleta amador, já que a disseminação das práticas esportivas é

determinante para a descoberta de novos talentos e fundamental para a saúde

mental e física da juventude, em todas as gerações.

Nossa homenagem tem por objeto todos os esportistas, aí incluído o atleta

propriamente dito, ou seja, aquele que pratica uma das modalidades de atletismo,

quais sejam, as corridas, os saltos e as provas de arremesso. Criadas e

reconhecidas oficialmente na Antiguidade Clássica, tais modalidades desfrutam de

prestígio especial, como se verifica pela repercussão que obtêm nos Jogos

Olímpicos contemporâneos e nos campeonatos nacionais e internacionais, que se

realizam periodicamente. De todo modo, o 21 de dezembro ficou consagrado ao

atleta lato sensu, isto é, ao desportista em geral, qualquer que seja a modalidade do

esporte.

A homenagem é importante porque traz à tona a relevante questão do

incentivo ao esporte brasileiro, como parte integrante dos investimentos do Estado

em educação e cultura. Não será demais insistir no fato de que o esporte contribui

de modo especial na formação física, cívica e moral do indivíduo, na medida em que

desenvolve qualidades essenciais ao bom desenvolvimento pessoal e às relações

em sociedade.

De fato, o atleta está constantemente empenhado na superação dos próprios

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limites, em razão do que precisa desenvolver a disciplina, a humildade, a paciência

e, quando for o caso, o espírito de equipe. O atleta bem preparado será, portanto,

não apenas uma pessoa fisicamente saudável, mas também equilibrada e

persistente, com grande noção de responsabilidade perante si mesma e perante seu

grupo. Nessa medida, o esporte participa de modo fundamental na formação integral

de crianças e jovens, oferecendo, inclusive, perspectivas profissionais.

Nos últimos anos, o Brasil tem investido mais no esporte, mas ainda estamos

distantes dos patamares ideais. A formação das chamadas categorias de base tem

de fato sido incrementada, e não apenas em nosso esporte principal, o futebol.

Basta observar, por exemplo, o desempenho de nossos atletas no voleibol. Hoje,

temos os mais disputados campeonatos nacionais do mundo, com equipes de alto

nível, de onde vêm saindo os jogadores que fazem de nossas seleções masculina e

feminina as melhores da atualidade — ostentando medalhas de prata e ouro

olímpico e dezenas de títulos internacionais.

Trata-se do resultado positivo de um processo que se vem intensificando e

que promete aumentar a participação brasileira nos pódios das grandes competições

mundiais. E não são poucos os benefícios que se apresentarão, desse modo, à

sociedade brasileira. Em tempos de violência e consumo desenfreado de drogas, a

juventude menos favorecida deverá encontrar no esporte não apenas a saúde física

e mental, mas também a via de reconhecimento que lhe falta no ambiente

doméstico, na escola ou na comunidade. Por outro lado, além da profissionalização

de um número crescente de atletas, assistiremos ao desenvolvimento generalizado

de valores cruciais, como o respeito às regras, o respeito ao adversário, a

responsabilidade frente ao grupo, a vontade sadia de crescer.

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Essa a maneira, pois, que encontramos de homenagear o atleta brasileiro,

pelo transcurso de seu dia; esperando que o esporte se torne, cada vez mais,

prioridade nos investimentos em educação. Que os nomes mais gloriosos do esporte

brasileiro de todos os tempos, como Pelé, Ronaldo, Kaká, Gustavo Kuerten,

Maureen Maggi, Hortência, Paula, Daiane dos Santos, os irmãos Hypólito, Cesar

Cielo, Giba e Falcão, entre tantos e tantos outros, sirvam de exemplo à juventude

brasileira e de estímulo às autoridades competentes, para que o esporte seja cada

vez mais valorizado e incentivado entre nós.

Muito obrigado.

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O SR. CARLOS BRANDÃO (PSDB-MA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje as Prefeituras de toda a região tocantina

do Maranhão estão de portas fechadas em protesto contra o veto presidencial sobre

a divisão igualitária de royalties do pré-sal.

Desde que esse projeto entrou na pauta de discussões da Câmara, defendo

divisão entre todos os Estados da Federação.

Em setembro de 2009, durante uma manifestação que reuniu mais de 80 mil

pessoas no Rio de Janeiro, quando o Governador do Estado, Sérgio Cabral, chorou

por causa da aprovação no Congresso Nacional da emenda dos Deputados

Federais Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e Humberto Souto (PPS-MG), que modifica o

modelo de distribuição de royalties do petróleo e passa a distribuir de forma igual,

entre todos os Estados e Municípios, os recursos provenientes da exploração do

petróleo, tanto no pré-sal quanto na camada atual de exploração, estava aqui

comemorando uma sábia decisão do Congresso.

Essa é a medida correta para reparar um erro cometido com os demais

Estados, que não se desenvolveram tanto quanto os demais produtores. Digo e

repito que esse choro do Governador do Rio, em 2009, é pouco perto do choro que

o Nordeste derrama até hoje pelo atraso e por concentração de pobreza. Agora,

choramos mais ainda quando vemos um presidente nordestino vetar a divisão

igualitária de royalties, uma ferramenta para o desenvolvimento de todo o País.

Atualmente, a compensação financeira é maior para os Estados e Municípios

onde há a produção de petróleo. A União fica com quase 40% do bolo. Cerca de

52% ficam nos locais onde há a extração, divididos entre Estado e Município. O

restante, quase 8%, fica entre os demais Estados e Municípios.

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Esse não é o desejo da população. Fica nossa solidariedade a todos os

Municípios maranhenses que passam por graves dificuldades financeiras, sem

solução imediata.

Muito obrigado.

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O SR. JOVAIR ARANTES (PTB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a denominada PEC do Divórcio, promulgada em

13 de julho deste ano, trouxe radicais e necessárias mudanças na forma de extinguir

o vínculo matrimonial: o casamento.

A modificação mais patente se deu no sentido de consagração do princípio da

autonomia da vontade aplicado às relações conjugais e na abolição da culpa.

A obrigatoriedade de prévia separação judicial entre os casais era uma ofensa

à autonomia da vontade dos indivíduos envolvidos numa relação. Esse instituto de

separação era, no mínimo, imprestável e sem razão de ser na atualidade.

A manutenção de um vínculo apenas na esfera judicial, quando no patamar

afetivo e factual deixou de existir, é efeito de uma legislação ultrapassada, que não

mais se admitia nos tempos modernos em que vivemos.

Quando da edição do Código Civil de 1916, o direito das famílias era

enraizado na doutrina católica e em ideias patrimonializantes das relações pessoais,

pois não permitia a dissolução do casamento em vida. Era a materialização do

axioma de que o que Deus uniu o homem não separa.

Mas mesmo assim, isso não impedia os indivíduos de se desligarem da

relação matrimonial e refazerem a vida afetiva com o vínculo denominado

concubinato, aplicável, à época, a todas as relações extramatrimoniais. Mesmo sem

que houvesse a regularização dessas uniões no plano legislativo, elas se faziam

presentes no plano factual, pois era a autonomia da vontade das pessoas. Esses

liames afetivos eram desprotegidos no âmbito jurídico, sendo tratados — quando

muito — como meras sociedades de fato.

E assim veio a Emenda Constitucional nº 9, de junho de 1977, que admitia

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dissolução do casamento, desde que com prévia separação por mais de 3 anos.

A sociedade moderna vem tentando mudanças constantes, e com a chegada

da Constituição de 1988 houve um grande avanço nessa seara, pois diminui o lapso

temporal das separações judiciais para 1 ano, e a criação de um novo meio de

dissolução do casamento por meio do divórcio direto, cujo prazo era de 2 anos de

separação de fato, sem a necessidade da separação judicial.

Existiu, ainda, a Lei nº 7.841, de 1989, que espelhando na Constituição,

colocava fim à curiosa situação na qual os indivíduos só poderiam divorciar-se uma

única vez. Como afirmam os estudiosos do Direito de Família, Cristiano Chaves de

Farias e Nelson Rosenvald, tal limite ocasionava uma estranha situação: "se uma

pessoa divorciada viesse a convolar núpcias com uma pessoa ainda solteira, não

seria possível a dissolução deste casamento, violando frontalmente a liberdade

daquele que nunca havia se divorciado antes".

O Código Civil de 2002 trouxe basicamente o que a Lei do Divórcio já trazia,

ou seja, o vínculo matrimonial poderia ser dissolvido apenas pela morte ou pelo

divórcio, e finalmente, em 2007, veio a Lei nº 11.441, que passou a possibilitar, por

meio de escritura pública feita em cartórios, a separação e o divórcio extrajudiciais,

evitando despesas e agilizando com maior rapidez.

Como aconteceu há mais de três décadas no Brasil, o divórcio direto promete

ser uma das maiores conquistas civis do País, pois evita papeladas, ganha tempo e

economiza despesas. Antes era lento, burocrático e minucioso, mas agora a

separação de casais é rápida, instantânea e direta.

Alguns representantes do Senado da República fizeram severas críticas à

Emenda do Divórcio Imediato, como é o caso de Marcelo Crivella. O Senador, do

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PRB do Rio de Janeiro, acredita que a lei vai gerar um "casa descasa" constante no

Brasil, algo que não contribui com a sociedade.

Em contrapartida, o Senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás,

argumenta que nenhuma norma legal pode obrigar os casais a se manterem unidos,

a separação deve ser algo fácil, possível e sem burocracia.

A separação judicial é um instituto anacrônico, sustentado por um discurso

religioso. A separação era um atraso na vida daqueles que queriam se divorciar,

sem contar que acabava fomentando discussões sem fim em relação à questão da

culpa sobre o fim do relacionamento, estimulando as brigas que todos nós já

conhecemos.

O Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família — IBDFAM, Rodrigo

da Cunha Pereira, diz que a separação de corpos, por exemplo, foi valorizada com

as novas regras, já que continua sendo possível tirar o cônjuge de casa quando

houver motivos suficientes para isso, desde que comprovada a responsabilidade

pelo ato.

A advogada Gladys Maluf Chamma entende que a criação de duas etapas

para o casal se separar foi instituída para agradar, sobretudo à Igreja, que era contra

a lei na época, em 1977. Com o tempo, descobriu-se que raramente os casais

querem retomar o matrimônio. Essa emenda é positiva por isso, porque não tinha

mais sentido manter essas duas etapas. E se os cônjuges reconciliarem-se e

entenderem de casar-se novamente, continuam podendo. Assim é mister reafirmar o

entendimento, perfilhado pela especialista em Direito de Família, Maria Berenice

Dias, de que, esse suposto benefício da separação é "deveras insignificante". Como

a autora afirma, "mais prático e barato — além de mais romântico — é celebrar novo

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casamento, que até gratuito é".

Ironicamente, ou curiosamente, a única exigência para pedir o divórcio agora

é estar casado. Pode casar-se hoje e divorciar-se amanhã, desde que não tenha

mais o sentimento de afeição entre o casal.

Para a grande maioria dos operadores do Direito, a separação judicial já é

uma peça de museu. Entretanto, ainda existe uma corrente que entende que se o

casal quiser separar-se, pode, pois seria um procedimento opcional ou facultativo,

argumentando que o texto constitucional apenas eliminou o lapso temporal de 2

anos de separação de fato ou 1 ano de separação de direito para a obtenção do

divórcio.

Nós somos da corrente que entende que o divórcio instituído pela Emenda nº

66 é o melhor para o casal, pois elimina de vez as audiências, interrogatórios, as

perícias, os pareceres, as testemunhas, as sentenças e os recursos, tudo que

invade a privacidade do casal, que deve firmar-se apenas pela sua vontade, que

passa a ser um valor garantido pelo sistema jurídico, e o Estado intervém muito

menos na vida privada dos indivíduos.

Antes mesmo da promulgação da PEC do Divórcio, a culpa pelo rompimento

do vínculo matrimonial já vinha perdendo espaço dentro dos julgamentos modernos

do Direito brasileiro. Nos dias atuais, o cônjuge culpado pela separação pode ter a

guarda dos filhos, assim como a partilha não está condicionada à culpa, e até

mesmo direito a alimentos pode ter aquele que for culpado pela separação. A

dissolução do casamento não está condicionada à culpa.

Entendemos, finalmente, que a PEC do Divórcio surgiu para acabar com

estruturas antigas e empedernidas de velhos conceitos que já há muito foram

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superados, trazendo felicidade pessoal àquele que quer romper um relacionamento

que não mais tem satisfação por ele, e que agora tem uma aceleração rápida para

solucionar os casos de separação no Brasil, fugindo dos velhos dogmas enraizados,

e consagrando o princípio da liberdade e da autonomia da vontade que devem estar

presentes tanto à hora de constituir um relacionamento como quando desejar

romper uma relação conjugal.

É uma modificação positiva muito importante para as famílias brasileiras.

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Gostaria de registrar minha

preocupação, como cidadão e como Parlamentar representante da população, com

a segurança pública em nosso País, mais precisamente em relação aos recentes

episódios ocorridos no Estado do Rio de Janeiro.

As recentes ações do Governo Estadual, em parceria com o Governo Federal,

surtiram grandes efeitos e levaram a ações de sucesso contra o tráfico de drogas e

a marginalidade. É louvável tal atitude, mas sabemos que não é o suficiente para

extirpar todas as mazelas causadas pela marginalidade do tráfico de entorpecentes.

As ações do Governo, se não estiverem aliadas à consciência social de cada

um de nós da população, infelizmente, nunca serão suficientes para eliminar toda

cadeia de venda e consumo das drogas.

É imprescindível que todos se conscientizem de que sem demanda não há

mercado, ou seja, sem o consumo não haveria metade da violência que vivenciamos

hoje, que é abastecida pela guerra de domínio de pontos de venda de drogas.

Juntamente com a droga estão as aquisições de pesados armamentos para a

manutenção do poderio dos traficantes.

É triste constatar que na alta sociedade o consumo de drogas é feito em

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festas badaladas, dentro de grandes mansões, ou seja, no conforto de muitos lares,

que seguem totalmente alheios aos trágicos episódios de violência. Quem consome

drogas alimenta, diretamente, toda essa violência, abastece de armas os traficantes

que quando não matam nossas crianças inocentes as aliciam para o crime, também

ou tão brutalmente tirando-lhes a inocência.

A matéria de capa da revista ISTOÉ, da primeira semana de dezembro/2010,

aborda exatamente esse tema, trazendo como matéria de capa dessa edição:

Consumo: a parte mais difícil da luta contra as drogas. O texto, assinado por

Francisco Alves Filho e Débora Rubin, retrata outra face do tráfico de drogas, o

sombrio mundo do consumo de entorpecentes da classe média alta, como no trecho

extraído a seguir:

"Enquanto emissoras de tevê exibiam na quarta-

feira, 1º, as toneladas de drogas apreendidas no

Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o

escritor J., 57 anos, assistia às imagens envolto em

fumaça. Sentado na poltrona de seu confortável

apartamento no Leblon, na Zona Sul, ele fumava mais um

dos cigarros de maconha que volta e meia costuma

acender. 'Uso desde os 19 anos', conta. Apesar da

distância que o separa das favelas onde a polícia

expulsou os traficantes, J., assim como outros usuários, é

apontado pelas autoridades como um dos financiadores

da gigantesca engrenagem das facções criminosas."

Todos nós somos responsáveis pela redução dos índices de violência e crime

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no País. Não é correto culpar apenas as autoridades, não é honesto deixar de fazer

nossa parte.

Vivemos em um Estado Democrático de Direito, orgulhamo-nos muito dessa

conquista, mas é preciso lembrar que um dos pilares da democracia é a participação

popular, que não é consolidada apenas cobrando melhorias e fiscalizando a

aplicação de recursos, também é fomentada quando cada um de nós abraçamos a

luta contra a criminalidade, quando fazemos nossa parte na busca por paz social.

Logo, é correto concluir: é preciso empreender a luta contra o tráfico também nos

lares brasileiros que, com seu consumo, abastecem os bolsos dos traficantes e

impulsionam a violência, a aquisição de armamentos ilegais e a morte de muitos

inocentes.

Vamos juntos fazer a diferença para consolidarmos o Brasil como um país de

todos.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Passa-se ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Para uma breve intervenção, de 1

minuto, concedo a palavra, pela ordem, ao Deputado Luiz Couto.

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez o Presídio do Róger, em João

Pessoa, volta a ser palco de execuções e chacinas de apenados. A última ocorreu

na tarde deste domingo (19).

Na última quinta-feira (17), foi denunciada a existência de um túnel de

aproximadamente 50 metros, relato que recebi das mãos da Pastoral Carcerária e

de entidades dos direitos humanos na Paraíba. Pois bem. No último domingo (19),

as primeiras informações dão conta de que os crimes, num total até agora

confirmados de cinco detentos, teriam sido cometidos por outros apenados,

motivados por vingança, já que as vítimas teriam sido as mesmas que denunciaram

a existência do referido túnel.

Um dos executados foi o detento conhecido como Nícolas, acusado da morte

do soldado Virgínio, executado por engano em lugar de um cadete. Posteriormente,

esse cadete também foi assassinado. Esse apenado estava apontado como dedo-

duro ou cabueta da história do túnel descoberto. A partir daí teve início a rebelião

que culminou com a execução dos cinco apenados. Os nomes dos apenados

executados são: Nicolas Vieira da Costa, Leandro Mota de Oliveira, André Ferreira

dos Santos, Reginaldo Sousa Alves e Roberto da Silva Oliveira.

Sr. Presidente, registro neste momento minha preocupação com a situação

de absoluto descontrole e desgoverno que acorre no interior do sistema

penitenciário da Paraíba como um todo e, especialmente, no Presídio do Róger,

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onde recorrentemente se registram fatos dessa natureza. Em menos de duas

semanas, duas ações de execução e chacina só neste mês de dezembro.

O fato é que há uma situação preocupante dentro daquela unidade prisional.

Hoje, a maioria dos apenados são presos provisórios e uma pequena parcela,

aproximadamente 30%, é composta de presos condenados. Isto tem criado

dificuldades dentro do sistema e nos processos de execução penal.

Some-se a isso a ingerência política dentro do Presídio do Róger, onde

exonera-se e nomeia-se diretor, e as denúncias de corrupção e vantagens pessoais

continuam. E o que é mais grave, envolvendo a atual direção do Presídio do Róger.

O que nos preocupa de fato é que a tensão continua e mais apenados podem

pagar com a própria vida. Há acordos de pistolagem e execução contratados de

dentro do presídio, onde matadores como Ninão e Fernando Pestinha estão lá

dentro comandando. Tudo com o conhecimento do Juiz das Execuções Penais e do

próprio GOE (Grupo de Operações Especiais) que parecem ficar indiferentes aos

acontecimentos.

Um certo capitão por nome Sérgio, que já foi diretor do Presídio Sílvio Porto e

do PB1 em Jacarapé, comandou a ação da última quinta-feira (17), intitulando-se “o

demônio” que culminou com a execução de presos. No último domingo (19), dos

cinco apenados executados, alguns tiveram orelhas e línguas cortadas e decepadas.

Esta situação muito nos preocupa pelo total descontrole da situação e nos

coloca em alerta, pois o massacre e a chacina, que igualmente ocorreu em 2007,

continuam dentro do Presídio do Róger.

Estarei levando esta preocupação ao futuro Ministro da Justiça e ao futuro

Governador Ricardo Coutinho, para juntos enfrentarmos esta grave situação.

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Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para registrar nos Anais da Casa

matéria publicada pela revista CartaCapital, intitulada A tortura na quadratura do

círculo.

Muito obrigado.

Era o que tinha a dizer.

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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220

(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 220 A 220-B)

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Concedo a palavra ao Deputado

Cláudio Diaz. S.Exa. dispõe de 25 minutos.

O SR. CLÁUDIO DIAZ (PSDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, dizem que a sorte é uma encruzilhada onde preparação e

oportunidade se encontram. Concordo plenamente com essa afirmação, pois tive a

sorte de ser escolhido para este Grande Expediente já ao apagar das luzes deste

ano legislativo. Eis o momento adequado. A ocasião se oferece para a minha

despedida, neste encerramento das atividades parlamentares.

Estando nesta Casa desde 2006, agradeço ao destino por me ter permitido

conviver com tantas lideranças, de diferentes partidos, provenientes dos quatro

cantos do País, em um ambiente de diversidade e democracia.

A minha trajetória política começou no extremo sul do País, na cidade de Rio

Grande, mais especificamente no Superporto de Rio Grande, onde militava na

juventude do PMDB e de onde, em 1988, saí para fundar o PSDB — o primeiro do

meu Estado —, partido pelo qual assumi dois mandatos de Vereador na histórica

Câmara de Vereadores da minha cidade, a mais antiga do Rio Grande do Sul e a

terceira mais antiga do Brasil. Foi com a experiência no Legislativo Municipal que

chequei à Câmara dos Deputados.

Deputado Rômulo Gouveia, seu aparte está concedido. Sei da premência do

seu tempo e da urgência do nosso Vice-Governador eleito da Paraíba.

O Sr. Rômulo Gouveia - Deputado Cláudio Diaz, primeiro quero agradecer-

lhe a generosidade de, logo no início do seu pronunciamento, conceder-me um

aparte. Em seguida, quero dizer que perdem o Brasil e esta Casa, mas o Rio Grande

do Sul não, porque, como dizia o grande paraibano José Américo, ninguém se perde

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na volta, e V.Exa. volta a caminhar outros caminhos, a exercer outras atividades,

sem perder o amor e o compromisso para com o Brasil e o Rio Grande do Sul. Na

condição de seu companheiro de partido posso testemunhar o extraordinário

companheiro, o atuante Deputado e o amigo solidário, mas, acima de tudo, aquele

que fez tudo para honrar o mandato que exerce nesta Casa até o final de janeiro.

Então, cumprimento V.Exa., dou-lhes os parabéns, extensivos a todos os

companheiros do PSDB do Rio Grande do Sul, que V.Exa. preside, e também à sua

família e a todos os seus amigos. Fica o meu abraço fraterno e a alegria de ter

V.Exa. como companheiro e, acima de tudo, como amigo, irmão. Um grande abraço.

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Obrigado, Deputado Rômulo Gouveia. Com certeza,

a Câmara dos Deputados perde um grande Deputado, V.Exa., mas o Estado da

Paraíba ganha um Vice-Governador extraordinário. Sucesso nessa caminhada,

Rômulo.

Senhoras e senhores, iniciei a vida política e vim ao PSDB baseado no

exemplo de alguns grandes homens. Sem dúvida, entre tantos, eu não poderia

deixar de citar, Sr. Presidente, o exemplo que nos deus Mário Covas. E, a seu

exemplo, eu quero dizer que entre todos os deveres políticos a que me subordino,

como dizia Mário Covas, o mais importante é “ajudar a recuperar a felicidade deste

povo”. Eu entrei na política para tentar colaborar com a melhor qualidade da

sociedade brasileira.

Foi por este motivo que me orgulho de, representando o Estado do Rio

Grande do Sul, ter garantido R$ 75 milhões no Plano Plurianual, emenda aprovada

no início desta Legislatura, para a ampliação da estrutura do cais do Porto Novo do

Rio Grande, segundo maior deste País. Orgulho-me também de ter assegurado

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recursos, na Comissão de Viação e Transportes, da qual sou Vice-Presidente, para

a travessia a seco entre os Municípios de Rio Grande e São José do Norte.

Da mesma forma, com a minha colaboração, na condição de representante

do povo gaúcho em Brasília, dezenas de Municípios da metade sul, para não dizer

centenas, e de outras regiões do Estado passaram a receber recursos do

Orçamento Geral da União. Parte deles já foi empenhado — embora sendo eu de

oposição, a dificuldade de ser oposição em um governo que nos trata como inimigo

é muito grande, mas conseguimos alguns recursos substanciais —, permitindo que

várias cidades tenham condições de promover melhorias em diversas áreas, como é

o caso de Rio Grande, onde a recuperação do cais oeste do Porto Velho, conhecido

popularmente como Rincão da Cebola, já é realidade.

Senador, Deputado e Governador Albano Franco, a palavra é sua, meu

amigo.

O Sr. Albano Franco - Deputado Cláudio Diaz, não poderia, nesta

oportunidade, deixar de me associar ao seu pronunciamento, principalmente pela

marca que V.Exa. deixa no Congresso Nacional, especificamente na Câmara dos

Deputados. O Deputado Cláudio Diaz honrou e dignificou o Estado do Rio Grande

do Sul nesta Casa, principalmente porque teve a coragem de tomar medidas muitas

vezes antipolíticas, para defender os interesses do Estado e do partido. A sua

coragem cívica e o seu espírito público ficaram marcados entre todos os seus

companheiros. Então, eu não poderia, neste instante, deixar de registrar o seu

trabalho, o seu exemplo, a sua referência de amigo, companheiro, Parlamentar,

cidadão gaúcho e membro do nosso partido. V.Exa. registrou uma marca

espetacular, do gaúcho autêntico, sério, que serviu realmente de exemplo aos seus

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companheiros de bancada do PSDB. Que Deus continue a iluminá-lo e a protegê-lo

para V.Exa., na política, continuar sendo uma referência para todos nós. Perde o Rio

Grande do Sul, perde o Brasil um homem como Cláudio Diaz, neste momento, no

Congresso Nacional.

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Obrigado, Deputado Albano Franco. Com certeza,

esses elogios que tocam a minha alma são frutos da nossa amizade.

O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. permite, Deputado?

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Deputado.

O Sr. Mauro Benevides - Nobre Deputado Cláudio, a exemplo do nosso

eminente colega Albano Franco, que também deixará esta Casa, eu desejo saudar

V.Exa. e oferecer o meu testemunho de que o seu desempenho neste plenário e nas

Comissões foi irreparável, foi exemplar, atuando sempre dentro de princípios éticos

inafastáveis. Então, a nossa convivência me permitiu exatamente aferir esse espírito

público que V.Exa. tem demonstrado na sua trajetória de representante do povo do

Rio Grande do Sul nesta Casa. Cumprimento V.Exa. por este fato e me regozijo de

tê-lo como colega durante esta Legislatura, o que muito me enobrece e me faz

admirar as suas excepcionais qualidades de homem público.

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Muito obrigado. Eu fico muito honrado e feliz em

ouvir essas palavras.

O Sr. Vieira da Cunha - Deputado Cláudio Diaz, estou inscrito também.

V.Exa. me honraria com um aparte?

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Meu colega do Rio Grande do Sul, Deputado do

PDT, por favor, Vieira da Cunha.

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O Sr. Vieira da Cunha - Deputado Cláudio Diaz, nós, seus conterrâneos,

sabemos as causas que impediram V.Exa. de renovar o seu mandato. Foram

condições políticas adversas, uma conjuntura difícil que impediu que

comemorássemos juntos a nossa reeleição. De maneira alguma foi a falta de

trabalho, de dedicação e de reconhecimento do povo gaúcho ao desempenho que

V.Exa. teve no exercício nesta Casa do mandato de Deputado Federal. Aliás, apesar

da expressiva votação que obteve, não conseguiu, é verdade, a cadeira. Mas tenho

certeza de que este discurso é um até breve, porque num período muito próximo

V.Exa. estará novamente honrando um mandato nesta Casa. Eu não poderia deixar

aqui de prestar esta justíssima homenagem para demonstrar meu reconhecimento

ao desempenho de V.Exa. Certamente, a bancada gaúcha ficará muito mais pobre

sem a sua presença, mas, repito, tenho certeza de que, pela expressiva votação que

V.Exa. teve, em breve voltará ao nosso convívio, e o Rio Grande do Sul voltará a

estar muito bem representado com a presença ativa e dinâmica de V.Exa. neste

plenário. Meus cumprimentos pelo mandato bem exercido! Tenho certeza de que

V.Exa. volta ao Rio Grande com a consciência tranquila de quem cumpriu

exemplarmente o seu dever. Muito obrigado.

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Ao Deputado Mauro Benevides e a V.Exa., Vieira,

quero dizer que fico muito agradecido pela bondade. Importante, Vieira, na política é

que a vitória se recebe com humildade e a derrota com altruísmo.

Busquei, Sr. Presidente, durante o meu mandato, manter-me atento às

demandas da população do Rio Grande. Por isso, liderei movimentos importantes na

Câmara dos Deputados para cobrar o início das obras de duplicação da BR-392,

entre as cidades de Pelotas e Rio Grande, rodovia fundamental para a produção

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gaúcha, uma vez que dá acesso ao segundo maior porto do País. Para tanto,

trabalhei de forma permanente com a bancada gaúcha. Agendei audiências no

Ministério dos Transportes e na Agência Nacional de Transportes Terrestres, além

de ter buscado, no Tribunal de Contas da União, soluções para as pendências do

projeto, como as licenças ambientais, permitindo, dessa forma, a liberação do

mesmo. Isso representava a integração do Rio Grande como um todo.

Paralelamente, participei ativamente das Comissões de Agricultura e de

Viação e Transportes, a qual tive a honra de ser eleito Vice-Presidente, trabalhando

numa época de prováveis transformações em que os debates e as votações

estavam voltados para propostas que devem contribuir para a modernização da

infraestrutura de transportes do País, a fim de melhorar os serviços, gerar empregos

e ajudar a atender às demandas da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos

de 2016.

Outra importante experiência nesta Casa foi a minha participação na

Vice-Presidência da Representação Brasileira no Parlamento do MERCOSUL, onde

apresentei voto contrário à adesão da Venezuela ao Bloco. Esta minha posição,

Presidente, foi uma tentativa de alerta à postura antagônica e de enfrentamento do

Governo Hugo Chávez, que, na minha opinião, pode acabar dificultando a

implementação de uma política comercial pragmática pelo Bloco, tendo em vista que

as decisões do MERCOSUL têm de ser adotadas por consenso.

Esclareço mais uma vez que o meu voto contrário ao Protocolo de Adesão

não representou, Sr. Presidente, um ato de desconsideração ao povo venezuelano.

Antes de tudo, significou um convite de desconsideração de um ato que vem sendo

permanentemente feito contra esse povo pela ditadura do Sr. Chávez.

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Quero declarar de forma inequívoca o meu compromisso com os valores

democráticos, que espero que aquele país retome.

Sr. Presidente, senhoras e senhores, esta é a beleza do Parlamento: o debate

franco, o diálogo aberto. Faço política de ideias — respeito quem pensa diferente e

me honro de ter amigos entre aqueles que defendem ideias opostas às minhas. Sou

apaixonado defensor da democracia, e ela se concretiza em cada embate ideológico

que deve ocorrer neste plenário.

Como incansável defensor do espírito democrático venho hoje falar da minha

preocupação com os rumos da nossa política. Hoje o Brasil vive, a meu ver,

momento de extremo perigo para a segurança de suas instituições. Estamos

caminhando, de forma célere, para uma espécie de ditadura de partido único.

Utilizando-me de expressão cara ao nosso Chefe do Executivo, lamento saber

que “nunca antes na história do nosso País” um presidente da República, eleito de

forma democrática, declarou a necessidade do extermínio de um partido político.

Não me recordo de ter acompanhado, Sr. Presidente, desde o restauro do Estado de

Direito, um processo de caça aos membros dos partidos oposicionistas como o que

vivemos agora. Experimentamos uma espécie de vendeta o que vivemos agora.

Experimentamos, nas próprias liberações das nossas emendas, clara perseguição,

como se as emendas parlamentares dos partidos de oposição não estivessem a

serviço do povo brasileiro.

Lembro também, Sr. Presidente, dos direitos da Minoria. E a imprensa e o

povo brasileiro esquecem da nossa ação quando houve o caos aéreo, na CPI do

Apagão Aéreo. Tivemos que nos socorrer do Supremo Tribunal Federal para

conseguir restabelecer os direitos da Minoria. Isso é profundamente antidemocrático.

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Não é isso que se espera de um governo eleito democraticamente. Mas parece que

o que acontece neste País passa batido, ninguém se lembra, ninguém lê jornal

antigo e tampouco se lembra das dificuldades que vivemos, do trabalho permanente,

em vez de fazer o trabalho parlamentar, na defesa ou na tentativa de votar medidas

provisórias que normalmente careciam de urgência e relevância.

Venho aqui lembrar o profético alerta do saudoso Senador Jefferson Péres

para os riscos da mexicanização da política brasileira. O Senador amazonense

sabiamente nos advertia sobre a tentativa de pasteurização da política e da

imposição de força hegemônica baseada na troca de favores e cargos em que a

corrupção e o compadrio prevaleciam na gestão pública.

A oposição deve existir em qualquer regime que se queira ser democrático. E,

no Brasil, mesmo contando com número bem menor de Parlamentares no

Congresso Nacional, a Oposição conseguiu aperfeiçoar algumas propostas de

origem governista. Melhorou os projetos que regulam a exploração do petróleo,

estendendo os benefícios dessa riqueza com a distribuição dos royalties do pré-sal

entre todos os Estados brasileiros e não apenas entre aqueles que produzem

petróleo. Graças ao trabalho da Oposição, 5% do Fundo Social do pré-sal poderão

ser utilizados para custear o aumento dos benefícios de aposentados que ganham

mais que um salário mínimo.

Ter feito parte dessa bancada de oposição muitas vezes heroica, combativa e

competente, é motivo de orgulho. Uma oposição que, com a ajuda da própria base

governista, forçou o Presidente Lula a sancionar o reajuste de 7,7% para os

aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

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Da mesma forma, Lula se viu obrigado a vetar o fim do fator previdenciário e

assumir definitivamente sua condição de inimigo dos direitos da classe trabalhadora

brasileira. De modo que, o Brasil encerra esta era Lula com dois presidentes da

República, um presidente real, sovina, que despreza aposentados, policiais militares

e bombeiros que lutam pela aprovação da PEC 300 e um presidente idealizado,

criado em laboratórios de marketing.

Para nós, da Oposição, essa dicotomia ganha contornos ainda maiores com a

divulgação do balanço final dos 4 anos do Programa de Aceleração do Crescimento

— PAC. Nele, o Governo alardeia o sucesso do programa, lançado no começo de

2007. Mas o balanço de realizações continua sendo inflado com dados sobre

financiamentos habitacionais, que segundo o portal Contas Abertas, carregam 48%

dos resultados do PAC. Sem considerar, Sr. Presidente, a monstruosa e impagável

dívida interna, que traz enormes dificuldades à nova gestão. Sem considerar a

monstruosa dívida com a previdência e não se vê movimentos para solucioná-la. Vê-

se pessoas morrendo em corredores hospitalares com o incalculável rombo na

saúde, e não se vê nenhum movimento a não ser a tentativa de recuperar um

imposto, que eu me nego a dizer e que este Congresso conseguiu exterminar.

Como bem frisou recente editorial do jornal O Estado de S. Paulo, o resultado

pode ser apreciável para um banco imobiliário, mas o PAC sempre foi apresentado

como grande programa de investimentos em infraestrutura, um dos mais ambiciosos

da história do Brasil.

O mais lamentável é que os parcos recursos efetivamente destinados aos

investimentos em infraestrutura estão sofrendo graves distorções na sua aplicação.

Estados que, historicamente, sempre contribuíram com o desenvolvimento nacional

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e que pleiteiam recursos para a manutenção de sua produtividade, sofrem

discriminação de ordem ideológica em função de serem governados por partidos de

oposição. Tem que se denunciar! A Oposição tem de fazer esse papel.

Espero que a próxima Legislatura — não com minha presença — continue a

fazer este trabalho, para o bem do povo brasileiro: tirar as vendas, Deputado Carlos

Sampaio, dos olhos de alguns, que se negam a ver os graves problemas que

vivemos, em nome de não sei o quê, mas de algo grave que caminha por trás disso

tudo, as distorções, em que os Estados heroicamente sobrevivem com parcos

recursos repassados e os governantes têm o dever da gestão do povo, assim sendo

com os Prefeitos.

Vou utilizar como exemplo o meu Estado do Rio Grande do Sul. O jornalista

Polibio Braga destacou, com muita propriedade, em nota postada no dia 13 de

dezembro último, que, apesar de toda a retórica oficial, a grande verdade é que os

Estados governados pelos que não fazem parte da base do Governo foram tratados

de maneira discriminatória pelo Governo Lula. Torço para que o próximo Governo

trate os entes federados e as Prefeituras com igualdade, pois todos são brasileiros.

A prova mais oceânica da discriminação é a lista de 1.104 obras de

infraestrutura em execução no Brasil neste momento. Sobre o investimento total

previsto para a conclusão das 1.104 obras, R$ 290 bilhões, somente R$1,3 bilhão

será aplicado no Rio Grande do Sul — Estado rico, exportador —, o que nos coloca

em 18º lugar no País, atrás de Estados pequenos. Isso é discriminatório, Sr.

Presidente! Sofremos por ter um governo que não é da base de sustentação, por ter

a Governadora Yeda Crusius.

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Mesmo com tal tratamento, o Rio Grande do Sul, depois de cerca de 50 anos

de deficits acumulados e crescentes até o nível do investimento zero, voltou a

crescer, graças a seus próprios esforços, dando exemplo cabal da forma de bem

governar.

Com o saldo de R$ 3,6 bilhões que devem estar no Caixa Único do Rio

Grande do Sul no último dia do ano de 2010, a Governadora Yeda Crusius deverá

ser a gestora que mais recursos deixou disponíveis para o sucessor, desde a

criação do SIAC. Além disso, o Governo deverá ser entregue, Deputado Carlos

Sampaio, com pagamentos em dia, com suficiente resultado fiscal para o pagamento

da dívida do Estado, com deficit zero e diversas obras em andamento.

Com o PSDB e a Governadora Yeda, voltou o Rio Grande do Sul a crescer e

a ter capacidade para novas operações de crédito. A atual situação permite que o

próximo Governo possa buscar até US$ 1,8 bilhão em financiamentos externos, pois

o Rio Grande do Sul tem situação suficientemente consistente para tomar esses

recursos.

Nos 4 anos, o Governo gaúcho enfrentou a perda de receitas devido ao fim

das alíquotas majoradas de ICMS, uma crise mundial que fez caírem as receitas,

redução nas transferências da União e períodos de estiagem. Porém, graças às

medidas de modernização da receita e ao incremento da economia gaúcha, o ICMS

deverá ter crescimento nominal de 60% entre os anos de 2007 e 2010,

compensando essas perdas.

Sofremos um ataque permanente, com raiva, com ódio, com absoluta

desconsideração à democracia ou, quem sabe, discriminação de gênero, pelo fato

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de a Governadora ser uma mulher, nós conseguimos estabelecer novo patamar de

gestão e futuro para o Rio Grande do Sul.

Já pelo lado da despesa, a opção do Governo Yeda foi cortar as chamadas

despesas discricionárias e melhorar a eficiência da máquina. Assim, foi possível

fazer o ajuste fiscal ao mesmo tempo em que se aumentavam os gastos nas áreas

sociais, o pagamento de precatórios e os investimentos. Para o funcionalismo, o

gasto com pessoal cresceu 39% no período. Houve regularização dos pagamentos

da chamada Lei Britto, novas contratações, reformas em carreiras e retomada do

pagamento de precatórios e RPVs, que devem ultrapassar a soma de R$1 bilhão no

período, beneficiando mais de 60 mil pessoas.

Pagamos os precatórios, que há 20 anos não eram pagos, e, acima de tudo,

demos um novo rumo ao Rio Grande.

Sr. Presidente, o que aconteceu em 4 anos no Rio Grande do Sul foi uma

grande virada, num dos maiores e mais rápidos esforços de ajustamento fiscal já

ocorrido no Brasil, partindo de uma projeção de deficit de R$ 2,4 bilhões, em 2007,

para um resultado positivo acumulado de mais de R$ 1 bilhão em resultados

orçamentários. Considerando-se o superavit primário, o Governo gaúcho aproxima-

se de R$ 6 bilhões de resultado, tendo atingido índices nunca antes alcançados na

história do Rio Grande do Sul.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em âmbito nacional, infelizmente, o

atual modelo administrativo adotado pelo Governo Lula de aparelhamento da

máquina pública para barganhar apoio no Congresso, que marcou os primeiros 4

anos do Governo, no episódio conhecido como mensalão, persistiu durante os

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últimos 4 anos. A ampliação significativa dos gastos públicos, com a contratação de

apadrinhados políticos e o aumento do número de Ministérios, prosseguiu à custa de

um aumento permanente da carga tributária, penalizando aposentados com a

manutenção do fator previdenciário.

De acordo com o editorial do jornal Correio Braziliense, para bancar a

gastança deste Governo, a Receita Federal não dá trégua aos trabalhadores. Cada

um dos 23,5 milhões de contribuintes deste País pagou R$ 700 em Imposto de

Renda, de janeiro a novembro deste ano. Nos últimos 15 anos, a defasagem entre a

inflação e a correção da tabela do Imposto de Renda já está na casa do 64%.

A verdade é que, do alto de sua incontestável popularidade, o atual

Presidente poderia ter sido um grande estadista. Poderia ter feito as reformas de

que o Brasil precisava — a política, pela qual este Congresso lutou, a tributária que

desejamos, as reformas previdenciária e trabalhista. O atual Governo, com ampla

maioria nesta Casa, não permitiu as votações. Poderia ter-se comprometido com a

missão de livrar para sempre o Brasil de personagens que hoje militam no Governo,

execrados pelo povo brasileiro, e engrenagens que teimam em travar o nosso

avanço. Para isso, teria todo o nosso apoio. Mas não o fez. Preferiu seguir o

caminho fácil do poder pelo poder.

Diferentemente de nós do Rio Grande do Sul, o Governo Federal, sem fazer o

dever de casa, manda a conta para o trabalhador. A fim de atingir metas fiscais e

amenizar a estagnação da arrecadação tributária, a Presidenta eleita, agora tenta

recriar a CPMF.

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Ironicamente, essa foi a primeira grande medida anunciada pela mãe do PAC

e do pré-sal, mas a Oposição não vai aceitar o retrocesso. Os Governadores do

PSDB e da Oposição, eleitos e reeleitos, vão atender ao clamor popular. Já

anunciaram que não vão permitir a volta de um imposto que não era socialmente

justo.

Ademais, qualquer tentativa de recriação da CPMF hoje nada mais seria do

que um evidente estelionato eleitoral, vindo de uma candidata eleita que se

comprometeu com o Brasil em diminuir a carga tributária e erradicar a pobreza.

Nunca é demais lembrar que nós do PSDB sempre alertamos para o

descontrole dos gastos do Governo, dos riscos à política de superavits e à

desobediência aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Da mesma forma,

criticamos a expansão do crédito como única política de promoção do

desenvolvimento sustentado. Apesar de negar tais fatos durante a campanha, a

Presidenta eleita já dá sinais de que reconhece a gravidade do problema,

confirmando o nosso diagnóstico, feito pela Oposição e principalmente pelo PSDB.

Por essas e outras razões, reforço a minha crença no Poder Legislativo, no

PSDB e nos ideais da social-democracia. Este Congresso sempre foi pródigo em

colaborar com o Governo Federal nas propostas legislativas, e assim deve ser. As

oposições sérias não devem tecer armas de forma irresponsável, devem aprovar o

que for bom para o País, sem, entretanto, abrir mão do seu papel, do seu dever, de

fiscalizar os rumos da República, de forma independente e democrática.

Senhoras e senhores, mantenho a minha certeza de que não há melhor

aliado do que um adversário digno, alguém que critique e denuncie os erros, mas

também dê apoio nos momentos em que estiverem em jogo os reais interesses do

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País. Alguém que inclusive possa dizer, aos aliados de ocasião, aquilo que o

governante gostaria de dizer, mas não pode. Um opositor que não venda seu apoio

nem seu silêncio em troca de cargos e favores. Este foi o papel que busquei

desempenhar, junto com meus pares do PSDB.

Portanto, quero dizer a todos os meus pares, companheiros Deputados e

Deputadas Federais, que levo muitas lembranças e a certeza de que a convivência e

a troca de experiências com outros Deputados e Senadores e funcionários desta

Casa, tanto em Brasília quanto no Rio Grande do Sul, foi enriquecedora e decisiva

para os novos desafios que me esperam. Meu agradecimento sincero a todos os

que me apoiaram ao longo destes 4 anos.

Esperamos, Sr. Presidente, que o próximo governo se preocupe menos em

aparecer nas grandes manchetes da nossa mídia e se dedique de corpo e alma a

efetivamente criar as condições macroeconômicas que propiciem ambiente favorável

ao investimento privado, este sim, o maior indutor do desenvolvimento econômico e

da geração de empregos.

Espero, ainda, que a Presidenta Dilma, comprometa-se, definitivamente, com

os valores da nossa República, entendendo que divergências ideológicas são

legítimas e esperadas em um ambiente democrático, não entendendo tais

divergências como um crime de lesa-majestade, pois o Brasil é maior e mais

importante que nossas ambições pessoais.

Por fim, Sr. Presidente, quero encaminhar meu muito obrigado a todo o povo

gaúcho, que me concedeu a suprema honra de representá-lo nessa eleição,

colocando-me como primeiro suplente do PSDB, com 80 mil votos. Agradeço pelas

mensagens de apoio, pelos abraços, pelos apertos de mão e pelo respeito ao povo

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gaúcho, em especial, ao povo da metade sul do meu Estado. Nisso consiste minha

herança política, meu capital de honra.

Senhoras e senhores, meu orgulho é representar uma gente digna, que só

exige que sigamos coerentes com nossos ideais.

Ao meu povo, só tenho que repetir as palavras do Apóstolo Paulo: “Combati o

bom combate, acabei a corrida, guardei a fé”.

Muito obrigado, Sr. Presidente Ilderlei Cordeiro, Sr. Deputado Carlos

Sampaio.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Parabéns, Deputado, Cláudio Diaz.

Parabenizo também o Deputado Vicentinho Alves, meu grande amigo, que

assumirá o importante cargo de Senador e se encontra aqui com a esposa e os

filhos.

Parabéns ao Senador Vicentinho Alves, de Tocantins, um grande amigo.

É a última vez que assumo a Presidência desta sessão. É uma honra muito

grande ter sido Deputado Federal e ainda mais assumir a Presidência de uma Casa

tão importante, com caros colegas, com os quais fiz amizades grandiosas. Tive o

prazer de disputar a suplência da Mesa, recebendo 264 votos. Agradeço de coração

a todos que confiaram em mim.

Vim de uma cidade pequena e grande ao mesmo tempo. Pequena porque a

nossa cidade tem pouco menos de 80 mil habitantes. Grande porque tem um

coração grande, no meio da Amazônia, com pessoas magníficas, uma população

maravilhosa.

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É um Estado maravilhoso, que acolheu tão bem a minha família, e pelo qual

meu pai foi Deputado Federal. Para mim é uma honra estar aqui hoje como

Deputado Federal.

Minha família — meu filho, que me acompanha aqui hoje, e minha esposa —

para mim é a melhor coisa que Deus me deu na vida.

Um grande abraço.

Passo a palavra ao querido amigo Carlos Sampaio.

O Sr. Carlos Sampaio - Sr. Presidente, ao mesmo tempo em que

cumprimento V.Exa. e sua família, peço vênia para dar um abraço no amigo Cláudio

Diaz. S.Exa. sabe o quanto foi imprescindível na bancada do PSDB e bem sabe o

quanto foi imprescindível para a pacificação do nosso partido no Rio Grande do Sul.

Sabemos todos dos ganhos que a Governadora Yeda Crusius trouxe, ganhos

inéditos para o Rio Grande do Sul. S.Exa. também foi um dos pilares que possibilitou

o avanço na linha do pagamento do funcionalismo, do décimo terceiro e em recursos

para o próximo Governo. S.Exa., além de excelente Parlamentar, é um amigo

inestimável. Tenho certeza absoluta, Deputado Cláudio Diaz, que V.Exa. voltará

rapidamente para esta Câmara, porque o Rio Grande do Sul e nossa bancada

precisam de V.Exa. Registro, ao final, que tenho muito orgulho de ser seu amigo.

Um forte abraço de coração.

O SR. CLÁUDIO DIAZ - Quero agradecer a todos as palavras dirigidas à

minha pessoa, agradecer aos meus familiares, aos amigos. Tenho honra de servir o

Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Obrigado, Deputado Cláudio Diaz.

Parabéns.

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O SR. PRESIDENTE (Ildernei Cordeiro) - Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado Mauro Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a solenidade de

diplomação, na última sexta-feira, da Presidente Dilma Rousseff e do Vice Michel

Temer, com a presença do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi acontecimento

significativo para a nossa vida democrática, após a manifestação expressiva das

urnas de 3 de outubro, refletindo a vontade cívica dos brasileiros.

Embora em ato formal, sob a Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski, o

magno evento despertou as atenções de todos os nossos compatrícios, pressurosos

em identificar, na nova gestão, a busca das mesmas ideias que caracterizaram as

últimas duas gestões, quando o Brasil cresceu, ponderavelmente, posicionando-se

entre as maiores potências do universo, a ponto de inserir-se entre os chamados

emergentes.

Ainda atenta à composição de seu Ministério, a nova titular do Planalto

procurou oscilar interesses antagônicos das forças políticas, aproveitando aqueles

que, a seu juízo, possam contribuir para o cumprimento de políticas públicas

capazes de solucionar problemas cruciais, os quais ainda permanecem entre nós,

notadamente nas áreas da saúde, educação e infraestrutura.

No Ceará, a diplomação ocorreu na passada quarta-feira, sob a presidência

do Desembargador Ademar Bezerra, o qual, ao abrir os trabalhos, proferiu cintilante

improviso, destacando a “fase auspiciosa de democratização por que passava a

Nação brasileira, na plenitude do Estado Democrático de Direito, alçada com a Carta

de 5 de outubro de 1988.

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Regozijo-me por haver sido contemplado com a obtenção do 11 mandatos

legislativos, numa longa trajetória que teve a assinalá-la a permanente preocupação

de corresponder à confiança de meus conterrâneos.

Ao Governador Cid Gomes e ao seu Vice, Domingos Filho, aos Senadores

Eunício Oliveira e José Pimentel e aos representantes na Câmara dos Deputados e

da Assembleia Legislativa caberá a tarefa de apoiar iniciativas do Poder Executivo

que reflitam os justos anseios de nossa comunidade.

Quanto a mim, Sr. Presidente, tudo farei para, nesta nova legislatura, manter-

me fiel àquelas mesmas diretrizes que me permitiram, na década passada, chegar

às culminâncias do Congresso Nacional, exercendo a Presidência do Senado e da

própria instituição parlamentar a que pertencemos.

Estaremos atentos aos novos e fascinantes desafios da vida pública, no novo

cenário que ora descortinamos.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Concedo a palavra à Deputada

Janete Capiberibe, do PSB do Amapá, que é também uma grande guerreira naquela

tão importante região da Amazônia.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE (Bloco/PSB-AP. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, faço um pronunciamento de protesto, de

desabafo e, de certo modo, de uma inaceitável despedida.

Nesta legislatura, aprovamos leis que considero importantes para fortalecer o

poder popular e consolidar a democracia, motivos pelos quais entrei na vida política

quando estudante secundarista no final da década de 60. (A oradora se emociona.)

Sr. Presidente, acho que vou deixar... (Pausa.)

A SRA. LUIZA ERUNDINA - Companheira...

O SR. RODRIGO ROLLEMBERG - Deputada Janete, peço a V.Exa. um

aparte.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Parabéns, Deputada Janete.

Conceda V.Exa. um aparte aos nobres colegas e, com certeza, irá recuperar sua

garra.

A SRA. LUIZA ERUNDINA - Requeiro a V.Exa. um aparte.

O SR. RODRIGO ROLLEMBERG - Deputada Janete, um aparte.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Concedo um aparte ao Líder do meu

partido, Deputado Rodrigo Rollemberg, eleito Senador.

O Sr. Rodrigo Rollemberg - Minha prezada amiga, companheira de luta, que

tanto honra os quadros do Partido Socialista Brasileiro e o povo do Amapá, sua

emoção e sua indignação são absolutamente compreensíveis a esta Casa e a todo o

povo brasileiro que quer ver justiça neste País. Considero-me com pouco tempo de

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vida pública, Deputada Janete. Apenas em 1990, ou seja, 20 anos atrás, disputei

minha primeira eleição. Mas, nesses 20 anos, nunca vi maior injustiça na política do

que a cometida contra V.Exa. e contra o Senador João Alberto Capiberibe. É uma

injustiça dupla, porque V.Exa. e o Senador Capi, como carinhosamente o

chamamos, foram cassados e injustamente acusados. Recentemente, a Folha de

S.Paulo publicou uma série de notícias mostrando aquelas testemunhas que

disseram ter tido, na ocasião, seus votos comprados por 26 reais. Na verdade,

essas testemunhas foram compradas. Isso é absolutamente inadmissível. E o povo

do Estado do Amapá, mais uma vez, de forma cristalina, demonstrou sua vontade,

ao eleger Governador Camilo Capiberibe, ao eleger novamente o Senador

Capiberibe e ao elegê-la a Deputada Federal proporcionalmente mais votada de

todo o País. Mas ainda acredito que a Justiça maior, o Supremo Tribunal Federal, irá

reverter essa decisão e fazer com que prevaleça a vontade do povo do Amapá, para

que aquela população seja representada nesta Casa pela Deputada Janete, e no

Senado pelo Senador João Capiberibe. Lembro ao Plenário que V.Exas.

introduziram a transparência na gestão pública. E se há uma contribuição que este

Parlamento deu ao País, no último ano, foi a aprovação da Lei da Transparência, de

autoria do Senador João Capiberibe, a qual obriga a colocação na Internet em

tempo real de todas as contas dos Governos Federal, Estadual e Municipal dos

Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Saiba, Deputada Janete, que o povo do

Amapá tem orgulho de V.Exa., que a bancada socialista tem orgulho de V.Exa., que

as pessoas de bem deste País têm orgulho de V.Exa. e do Senador Capiberibe. E

que nós ainda alimentamos a convicção de que o Supremo Tribunal Federal fará

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justiça, devolvendo-lhes o mandato. Um grande abraço, Deputada Janete

Capiberibe,

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Muito obrigada, Deputado Rodrigo

Rollemberg.

Ouço o Deputado Domingos Dutra.

O Sr. Domingos Dutra - Obrigado, Deputada Janete, receba minha

solidariedade. V.Exa. é uma injustiçada, o Senador Capiberibe é um injustiçado. Os

dois foram cassados com provas forjadas. Os dois mandatos foram cassados sob a

acusação de terem comprado dois votos por 26 reais, baseado em testemunhas

fraudadas. Agora os dois foram cassados sem processo, sem terem cometido uma

falha durante o processo eleitoral, com base numa interpretação da Justiça Eleitoral.

Isso é um absurdo! Digo a V.Exa. que sua indignação e de todos nós não pode ser

apenas contra a Justiça Eleitoral, mas contra esta Casa. E, diante do

estabelecimento de uma fidelidade partidária, baseada numa resolução do TSE, até

hoje o Congresso Nacional não teve coragem de regulamentar a matéria. Agora o

TSE e o STF resolvem dar a interpretação que bem entendem sobre uma lei

elaborada por nós. Eu nunca tinha visto uma pessoa ser punida duas vezes pelo

mesmo fato. Eu, na condição de advogado, aprendi na universidade que uma

pessoa não pode ser punida duas vezes pelo mesmo fato, pois V.Exa. e o Senador

Capi foram cassados duas vezes pelo mesmo fato. Essa última cassação de V.Exa.

é absurda. Primeiro, porque não há processo — V.Exa. não pôde se defender de

nada. Segundo, porque baseada simplesmente numa interpretação feita a partir de

um fato passado pelo qual V.Exa. havia sido injustamente punida. Portanto, receba a

nossa solidariedade, principalmente porque sabemos que por trás de tudo isso, que

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vai garantir a vaga para o terceiro colocado, está uma figura que faz mal ao Amapá,

ao Maranhão e ao Brasil, que é o Presidente do Senado, Senador José Sarney. Por

trás de tudo isso, Deputada Janete, está o dedo do Senador Sarney, que maltrata o

Maranhão, maltrata o Amapá e envergonha o Brasil. Mais uma vez, minha

solidariedade a V.Exa., Deputada Janete.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada pelo aparte, Deputado Domingos

Dutra.

Peço desculpas à Deputada Luiza Erundina, a quem deveria ter inicialmente

concedido um aparte. Daí por que concedo a V.Exa. todos os minutos para que se

pronuncie.

A Sra. Luiza Erundina - Agradeço a V.Exa. o aparte, companheira.

Compreendo a emoção que a envolve e a atinge. A companheira não deve

explicações a ninguém. Sua história de vida, sua história política, seu compromisso

com a democracia, assim como do Capi, nosso companheiro, ficarão registrados na

história deste País, pois V.Exas. viveram o exílio, a tortura e todo o tipo de

perseguição política exatamente pelo compromisso com a democracia. Essa

democracia ainda incipiente, insuficiente, imperfeita explica por que nosso sistema

político está falho, cheio de defeitos, serve à perseguição daqueles que não têm

compromisso com a democracia. Viveram exatamente para os seus próprios

interesses, particularmente naquela região do País, o Amapá, com aquela oligarquia

política que se beneficia de favores e das imperfeições do sistema político para fazer

uma política desqualificada, perseguindo os adversários. A companheira e o

companheiro Capi não têm que se explicar, não devem se sentir de alguma forma

diminuídos em sua imagem, na sua trajetória, no seu compromisso de vida.

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Certamente, temos de denunciar a judicialização do processo político. Política se

resolve com política, não é com a lei, não é com a Justiça, que nem sempre faz

justiça quando está em jogo uma questão política, que precisa ser tratada, resolvida

e encaminhada no âmbito da política, do debate político, da democracia. Não é com

punições, nobre Deputada, punindo duas vezes por um mesmo crime, que não foi

crime! Como se admite que companheiros que deram a vida pela democracia,

passaram anos no exílio, tiveram seus filhos fora do Brasil, como é aceitável a

versão de que teriam comprado dois votos por 26 reais? Isso é ridículo! Isso não

teria consistência em nenhum lugar do mundo. Então, é absolutamente revoltante.

Nós queremos aqui nos somar à companheira e ao povo do Amapá. Não foram

apenas vocês dois que tiveram seus mandatos cassados. O povo do Amapá teve

seus mandatos cassados. O povo do Amapá teve a sua soberania desrespeitada. A

democracia sai arranhada com essa punição dupla de que o companheiro e a

companheira estão sendo vítimas, de uma Justiça que não faz justiça e de uma

sociedade que ainda não avançou no seu nível de consciência política, de

organização e participação política para evitar que situações semelhantes ainda

ocorram em pleno século XXI em nosso País. Estamos juntas, nobre companheira,

estamos juntas defendendo a justiça que tem que se fazer ao povo do Amapá e, por

tabela, aos dois dignos representantes daquele Estado, que são a companheira

Janete Capiberibe e o companheiro Senador João Alberto Capiberibe. Contem

conosco. Se necessário, vamos às ruas esclarecer à população a verdade desses

fatos. Como é que o povo elege a companheira pela segunda vez? A companheira

está cumprindo seu mandato. Como não reconhecer o outro mandato que o povo do

Amapá acaba de conferir-lhe da forma mais democrática, transparente e soberana,

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como tem sido a condução dos dois companheiros na militância política, não só

naquele Estado, mas no País inteiro e fora do Brasil? Vocês são respeitados na

Europa. A França os admira, sua referência de governo é elogiada no mundo todo. É

uma vergonha para o Brasil ter esses dois companheiros, essas duas lideranças

políticas destratadas, desrespeitadas, perseguidas por uma oligarquia local que não

tem grandeza, não tem seriedade, não tem compromisso real com a democracia

nem com a soberania popular. Conte conosco, companheira. Estamos a postos na

defesa da soberania popular, dos mandatos que soberanamente o povo daquele

Estado lhes conferiu duas ou mais vezes. Então, não tem que se atingir,

companheira; não se emocione; levante sua cabeça e diga: “É o povo que me trouxe

aqui. Só o povo é quem tinha o direito de me tirar daqui”. É isso que precisamos

dizer com toda força do nosso coração e da nossa mente. Conte conosco,

companheira!

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Muito obrigada, companheira Deputada

Luiza Erundina. Quero dizer à Deputada Emília Fernandes, ao Deputado Júlio

Delgado, à Deputada Alice Portugal, ao Deputado Ribamar Alves e ao Deputado

Gonzaga Patriota que vou conceder o aparte a cada um de V.Exas. No final, esses

pronunciamentos serão incorporados ao meu discurso na Câmara Federal.

Com a palavra o Deputado Júlio Delgado.

O Sr. Júlio Delgado - Peço antecipadamente, Deputada Janete Capiberibe,

que o Presidente estenda o tempo para que possamos fazer desta sessão e das

palavras da Deputada Janete Capiberibe a revolta desta Casa contra algumas

decisões. Dizem que decisão da Justiça não se discute, cumpre-se. Cumprir é uma

coisa, indignar-se é outra, Deputada Janete Capiberibe. O povo do Amapá, por mais

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de uma vez, deu a V.Exa. e ao Senador Capi os mandatos e retornou a V.Exas.,

com votação maciça, os mandatos com esta eleição. Agora vem a Justiça e não

obedece a vontade popular. O detentor do nosso mandato é a vontade popular.

Alguns não reconhecem que V.Exa., no exercício do mandato atual, não está

podendo ocupar a tribuna, como Deputada Federal, e não pode ser reconduzida

com a votação mais expressiva, proporcionalmente, deste País. A população do

Amapá lhe deu a maior votação proporcional deste País, mas não querem

reconhecer a vontade popular. Eu quero dizer que, com relação a isso, depende de

posturas desta Casa e de nós, legisladores, assim como no que diz respeito à

reforma política e outras reformas que temos de fazer. Agora mesmo, estamos

vendo a falta de autoridade. Todos os Governadores de Estados se viram, com

relação à recomposição de seu secretariado, em função da decisão de uma liminar.

Os TREs de todos os Estados do Brasil, na última semana, nos diplomaram com

relação às coligações estabelecidas. Ora, se existe uma coligação, como é que não

vai se abrigar a ordem sequente da obrigação? Nós somos um poder, Deputada

Janete, e temos de exercê-lo com a autoridade que temos e a autoridade de

reconhecer seu Estado do Amapá não só através de seu filho Governador, mas do

nosso amigo Senador Capiberibe. A V.Exa. o reconhecimento acima e supremo de

que nós temos que dar e legitimar um mandato que é de V.Exa. Por isso não

poderiam nunca cassar o seu mandato em função de V.Exa., neste momento, e em

função de decisão já cumprida, estar no plenário da Câmara dos Deputados fazendo

o seu pronunciamento. A nossa solidariedade, a nossa amizade, a nossa luta para

reverter o mandato à Deputada Janete Capiberibe e ao Senador João Capiberibe.

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Parabéns a V.Exa.! Deixo a nossa indignação, o nosso protesto e a nossa presença

solidária a V.Exa. Muito obrigado.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Muito obrigada, Deputado Júlio Delgado.

Concederei o aparte à Deputada Alice Portugal, depois às Deputadas Ana

Arraes, Sandra Rosado, Emília Fernandes, aos Deputados Ribamar Alves, Gonzaga

Patriota. Enfim, todos aqueles que estão se solidarizando comigo neste momento

usarão o meu tempo nesta tribuna.

Concedo o aparte à Deputada Alice Portugal.

A Sra. Alice Portugal - Deputada, sempre Deputada, eleita e reeleita pelo

seu povo do Amapá, Janete Capiberibe, quero neste momento lhe passar toda a

solidariedade. Nós, da bancada feminina, temos aqui oito anos de vivência com

V.Exa., uma Deputada brilhante, dedicada, que constrói o seu mandato em cima das

causas populares, diretamente trazida das ruas e das veredas do seu Estado. A

Deputada Janete Capiberibe é defensora das parteiras do País, defensora da causa

indígena, flor do Amapá, porque a senhora não foi transplantada para o Amapá, a

senhora trás as opiniões e os desejos daquele povo para esta Casa. Então, não será

uma atitude absolutamente desvairada. Ficha limpa, sim, transparência, sim, mas

não há dois pesos e duas medidas. Milhões fora do País foram perdoados. Uma

acusação, cujas testemunhas comprovadamente foram compradas por 26 reais,

acabou com os mandatos da senhora e do Senador Capiberibe. Quero aqui me

perfilar na solidariedade desse inconformismo, atitude de quem respeita a Justiça,

mas, ao mesmo tempo, não se curva diante das suas imperfeições. E é fundamental

persistir na luta. Quero me colocar à sua disposição. Com certeza a Liderança do

meu partido assim também se perfilará, porque somos do mesmo mundo da

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senhora, do mundo da luta, do trabalho, dos que perderam a liberdade, dos que

deixaram a sua terra, e, no desterro, passaram a levantar a bandeira do retorno

anistiado, da defesa de toda a liberdade de opinião. E justo o casal Capiberibe,

embaixador da luta pela anistia e da defesa da livre opinião, é que sofre, na

democracia adolescente, esse absurdo equívoco do Poder Judiciário. Minha

solidariedade, meu apreço, minha homenagem e reconhecimento da sua

importância nesta Casa legislativa para o Amapá e, acima de tudo, para o Brasil.

Vamos seguir em frente, vamos à luta porque este lugar aqui é seu; o povo lhe deu,

e só ele poderá lhe tirar.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Queria que os apartes fossem mais

breves, porque há outros oradores no Grande Expediente, e a Ordem do Dia já vai

começar, pois já existe presença suficiente na Casa. E ainda vou conceder mais um

tempo, com certeza, à nossa Deputada Janete Capiberibe. Então, sejam mais

breves.

O SR. RIBAMAR ALVES - Sr. Presidente, é praticamente uma despedida.

Não é uma despedida, mas praticamente um estupro causado à Deputada Janete.

Eu já vi outros Deputados se despedirem aqui e ficarem com o tempo liberado. Os

outros Presidentes deixaram que eles falassem à vontade. Então, nada mais justo

do que deixar que todos consigam fazer um aparte ao discurso da Deputada, em

solidariedade a esse estupro cometido contra o mandato dela.

O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - O Deputado Albano Franco também

está se despedindo e ele tem que pegar o avião daqui a pouco. Então, nós estamos

aqui numa correria e a Ordem do Dia já vai começar.

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A Sra. Emília Fernandes - Deputada Janete, nós reconhecemos o adiantado

da hora, mas não podemos nos furtar de participar deste momento em que V.Exa.

está na tribuna. Deputada Janete, companheira, amiga, guerreira, uma das grandes

e exemplares mulheres deste País e do mundo, receba a nossa solidariedade. Nós

sabemos o quanto ainda a política precisa avançar. Sabemos o quanto ainda a

democracia precisa se fortalecer. Quantos ainda, no Congresso Nacional, deveriam

estar em casa ou em outros lugares cercados por quatro paredes. Mas eles estão

aqui. V.Exa., na sua trajetória, na sua luta, na sua determinação e no seu exemplo,

junto com o nosso querido e respeitado ex-Governador, Senador Capiberibe, receba

a solidariedade de nós, mulheres, que tanto lutamos para que tivéssemos mais

representantes nesta Casa. Conseguimos avançar elegendo uma Presidenta do

Brasil, mas aqui nesta Casa não conseguimos avançar no número de

Parlamentares. A injustiça, a difamação, a calúnia e o preconceito ainda existem e

são muito fortes, principalmente em relação às mulheres. Ontem, a violência era

dirigida à Deputada Erundina; nessa última campanha, vimos a violência, a agressão

à nossa Presidenta Dilma. Hoje, V.Exa. receba de nós, mulheres lutadoras sociais,

mulheres da educação, toda a nossa solidariedade, o nosso reconhecimento e o

nosso abraço. Não estaremos nesta Casa, mas a nossa luta é nas ruas, estradas,

florestas e nos campos. Onde houver um lutador social precisando das mulheres

lutadoras tenho certeza de que V.Exa. também estará presente. O meu abraço, o

meu aplauso, o meu reconhecimento.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada Deputada Emília Fernandes.

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Eu gostaria de solicitar ao Presidente da Mesa que converse com o Deputado

Albano Franco para que seja cedido 1 minuto às Deputadas Sandra Rosado e Ana

Arraes e aos Deputados Ribamar Alves e Gonzaga Patriota.

É muito importante para o avanço da democracia no nosso País, Deputado

Albano Franco e Presidente desta sessão.

A Sra. Ana Arraes - Deputada Janete Capiberibe, estamos aqui em nome do

povo de Pernambuco, do nosso partido, Partido Socialista Brasileiro, em

solidariedade e inconformados com o ato que cassou, por duas vezes, mandatos

democráticos que saíram das urnas, da vontade popular, do povo do Amapá. Vimos

aqui também em nome da história, de uma história da época da ditadura, do casal

que foi exilado na África e lá deu a sua contribuição aos povos africanos que

precisavam de pessoas com experiência e que sabiam da luta popular. Por isso,

Janete, não reconhecemos uma sentença duas vezes sobre um caso inexistente,

sobre uma suposta sentença, sobre um suposto crime. Temos a confiança de que o

Supremo Tribunal Federal fará justiça, porque o povo do Amapá já fez, confirmando

e reconfirmando o seu mandato e o do Senador Capiberibe. Receba o nosso abraço,

a nossa solidariedade e o nosso inconformismo. Conte conosco!

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada.

Passo a palavra imediatamente ao Deputado Ribamar Alves; em seguida, à

Deputada Sandra Rosado.

O Sr. Ribamar Alves - Deputada Janete, eu, que privo da sua amizade,

juntamente com o Senador Capiberibe e sua família, que conheço a sua realidade

no Amapá, onde 30% da população é de maranhenses — já estive lá em vários

momentos de luta de vocês, tentando levar o melhor para o seu Estado — fico

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insatisfeito. Não posso deixar de dizer do repúdio que tenho à atitude do STF em

cassar mandatos populares e a essa judicialização ridícula que está havendo na

política do Brasil com o sistema eleitoral. Foram punidos duas vezes por crimes que

não cometeram! É aquela história: um raio não cai no mesmo lugar duas vezes, mas

no Amapá caiu, pela segunda vez, e sobre um casal democrata, que lutou tanto pela

liberdade deste País, mas hoje tem sua liberdade cerceada justamente por aqueles

que não deveriam fazê-lo. Quero me solidarizar à sua luta e me colocar à

disposição, juntamente com todos os Democratas do Maranhão e os 30% de

maranhenses que tem o Amapá. Um grande abraço. Seja feliz. Com certeza,

haveremos de vencer juntamente com o Senador Capiberibe. Um grande abraço,

Deputada!

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada, Deputado Ribamar.

Passo imediatamente a palavra à Deputada Sandra Rosado.

A Sra. Sandra Rosado - Deputada Janete, quero também lhe trazer minha

palavra de apoio e solidariedade e dizer a V.Exa. e ao Brasil que o único poder que

não se pode questionar é o do povo — e é esse poder que está sendo questionado

injustamente. Quero aqui dizer que todos nós que fazemos o Poder Legislativo, o

Poder Judiciário ou o Poder Executivo podemos ser questionados, mas o povo do

Amapá deu sua resposta elegendo V.Exa. e o Senador Capiberibe. Por isso, nós

não podemos aceitar. Quero dizer que o povo do Amapá foi questionado, mas

respondeu à altura, elegendo tanto Janete Capiberibe como também o Senador

Capiberibe e o jovem Governador Capiberibe. Resposta maior que ecoou pelo Brasil

não pode cair no vazio. Tenho certeza, Deputada, de que V.Exa. não está se

despedindo; V.Exa. está desabafando, porque as injustiças não podem ser

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guardadas, elas devem ser levadas para que todas as pessoas escutem, para que

todas as pessoas possam refletir. Tenho certeza de que no dia 1º de fevereiro nós

estaremos aqui para, mais uma vez, junto com os companheiros e companheiras do

Partido Socialista Brasileiro, lutar na trincheira. A justiça vai ser feita. O povo não

merece esse verdadeiro massacre de alguns que pensam que o poder não tem

limite. Tem limite, sim, e V.Exa. voltará como Deputada, o Senador Capiberibe será

Senador, se Deus quiser, e também Camilo fará o governo da justiça no Amapá.

Quero agradecer e, mais uma vez, em nome do meu Rio Grande do Norte, de

mulheres corajosas, dizer a uma mulher do Amapá: “Siga em frente, siga a sua luta

que o Brasil agradecerá”. Muito obrigada.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada, Deputada Sandra Rosado.

Eu quero registrar a presença do Senador Cristovam Buarque, que fez um

belo pronunciamento em favor da democracia há uns dez dias. (Palmas.)

Entendi, pelo sinal que o Presidente me fez, que o Deputado Gonzaga

Patriota, a Deputada Jô Moraes e o Deputado Valtenir Pereira ainda se

manifestarão, antes do encerramento do meu pronunciamento.

O Sr. Gonzaga Patriota - Deputada Janete Capiberibe, V.Exa., o seu marido,

João Capiberibe, e a sua família se confundem com aquelas pessoas humildes do

Amapá. V.Exa. já demonstrou isso através da grande votação nesses últimos

mandatos — a Deputada mais votada proporcionalmente do Brasil. Estou fazendo

essa análise por força do meu diploma de advogado; assim como o fez o Prof.

Cristovam. Não entendo essas decisões do Tribunal Superior Eleitoral. Espero que o

Supremo possa resolver esse impasse. Como é possível que V.Exa. no mandato

anterior tenha podido tomar posse, e aqui esteja? Que Justiça é esta que impede

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que nesse mandato V.Exa. assuma? Ora, dessa maneira não dá! Então, também

temos que fazer a reforma do Poder Judiciário. Receba a minha solidariedade, o

meu apoio, e fique certa de que o Supremo vai fazer justiça. V.Exa. e o povo do

Amapá estão sendo injustiçados!

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada, Deputado.

Concedo um minuto para a Deputada Jô Moraes.

A Sra. Jô Moraes - Deputada Janete, o tempo não nos permite expressar

toda a indignação que toma o nosso coração; o tempo não nos permite expressar

toda a admiração que temos por esta mulher corajosa, que saiu daquela mata e veio

honrar o seu Estado aqui. Só quero dizer que V.Exa. não se está despedindo, mas

dizendo “até breve”. Até porque, mais uma vez, o povo do Amapá lhe trará de volta,

e a justiça se fará.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Obrigada, Deputada Jô Moraes, pelo aparte.

Para encerrar, ouço o aparte do companheiro, o Deputado Valtenir Pereira,

por um minuto.

O Sr. Valtenir Pereira - Deputada Janete Capiberibe, quero aqui expressar a

minha solidariedade por esse momento difícil por que passam V.Exa. e o Senador

João Capiberibe. Essa injustiça que se apresentou contra V.Exa., tirando-lhe o

mandato em 2002, não pode prevalecer. Tenho certeza de que o Supremo Tribunal

Federal haverá de corrigir essa grande injustiça que estão fazendo com V.Exa. e

com o povo do Amapá. É uma perda muito grande para esta Casa e para o Senado

Federal cassar a Deputada Janete Capiberibe e do Senador João Capiberibe.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Deputada Janete Capiberibe, peço

que conclua o seu pronunciamento, pois o Deputado Albano Franco falará em

seguida.

A SRA. JANETE CAPIBERIBE - Sr. Presidente, quero agradecer ao

Deputado Albano Franco, que se está despedindo desta Casa, por nos conceder

vários minutos do seu tempo.

Aos companheiros e companheiras Parlamentares que se pronunciaram,

quero dizer que hoje vou voltar para o meu Estado, à meia-noite, e amanhã estarei

em um ato público que o meu partido está realizando, juntamente com a população

do meu Estado, em função dessa aberração jurídica. Vou levá-los comigo, e o povo

do meu Estado escutará cada uma e cada um dos Srs. Parlamentares. Então, o

povo, o Senador João Capiberibe e eu estaremos fortalecidos. Essa é uma luta por

mais democracia.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, como dizia, nesta legislatura,

aprovamos leis que considero importantes para fortalecer o poder popular e para

consolidar a democracia.

A Lei Complementar nº 131, de 2009, a Lei Capiberibe, que obriga a

transparência em todas as contas púbicas, está em vigor desde maio deste ano, é

uma ferramenta importante para combater a corrupção e foi a primeira lei.

Embora tenha passado pouco tempo no Senado por ter sido injustamente

cassado, o autor é o Senador João Alberto Capiberibe, duas vezes Governador do

Amapá.

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A segunda é a Lei nº 12.340, de 2009, que institui a materialização do voto

eletrônico, permitindo a auditoria e ampliando a segurança e a confiança no sistema

eletrônico de votação, instrumento da nossa escolha democrática.

São leis embasadas no fortalecimento do poder dos cidadãos e cidadãs, na

segurança, transparência e confiabilidade que devem ter os serviços públicos.

Duas vezes Governador, os Governos de Capiberibe no Amapá ficaram

marcados pela lisura. Ao contrário do governo que termina agora, marcado por

inúmeras operações da Polícia Federal, que redundaram na prisão do ex-

Governador e de sua mulher e na prisão do Governador atual, do Secretário de

Segurança, do Secretário de Educação e de três Secretários de Saúde.

Até mesmo as suspeitas inverídicas levantadas por nossos adversários eram

investigadas e os responsáveis por qualquer ato de corrupção eram afastados e

punidos.

O Governo ficou marcado pelas suas políticas intensas de desenvolvimento

sustentável, inclusão e justiça social, combate à corrupção e ao tráfico de drogas.

Os Indicadores de Desenvolvimento Humano evoluíram consideravelmente,

colocando-nos entre os Estados com melhor qualidade de vida no País.

Hoje, sob o comando do grupo do Senador Sarney, o Amapá vive tempos

difíceis, onde escândalos se sobrepõem a escândalos.

Na Assembleia Legislativa, Deputados são investigados por receber 450 mil

reais em diárias no período de apenas seis meses.

O Prefeito da capital, preso no último sábado acusado de manter esquemas

de corrupção na Prefeitura, está detido na Polícia Federal em Brasília. Esse mesmo

Prefeito, Roberto Góes, teve o registro de candidatura cassado seis vezes por juízes

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singulares no Amapá, acusado de compra de votos e abuso do poder econômico.

Mas os processos de Góes estão aqui no Tribunal Superior Eleitoral sob a relatoria

da Ministra Carmen Lúcia, que há dois anos não os julga.

A Ministra Carmen Lúcia é a relatora do processo contra João Capiberibe,

com quem ela não usou da mesma protelação, pois determinou a cassação do

registro de sua candidatura há apenas dois dias das eleições.

Vejam só como são tratados dois representantes de causas tão diferentes. De

um lado, João Capiberibe, um homem íntegro, que dedica sua vida a melhorar a

vida do povo, autor da Lei da Transparência, Senador cassado duas vezes sob a

ridícula acusação de comprar dois votos por 26 reais; de outro lado, o Prefeito

Roberto Góes, preso por corrupção pela Polícia Federal, mas que mantém intactos

seus direitos políticos.

Faço questão de registrar parte do meu trabalho parlamentar. Sou autora da

Lei nº 11.970, de 2009, de combate e prevenção ao escalpelamento que vitimam as

mulheres ribeirinhas da Amazônia.

Fiz uma emenda no FUNDEB para que as crianças de zero a três anos

possam receber recursos federais nas creches; projeto para incluir servidores dos

Municípios do ex-território do Amapá nos quadros da União; e outro para o seguro-

desemprego para os catadores de açaí e castanha na entressafra.

Nossas propostas, nossa atuação política, nossa vida dedicada a servir a

sociedade são diametralmente opostas ao que deve ser o conceito de ficha suja. No

entanto, fomos nós, neste ano, quase os únicos enquadrados como tal pelo TSE.

Em maio de 2004, o Brasil assistiu ao Tribunal Superior Eleitoral produzir

decisões contrastantes. O TSE se reuniu para julgar o meu caso e o do Senador

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João Capiberibe. A acusação contra nós era de comprar dois votos por R$26, pagos

em duas prestações. A primeira prestação e R$6 teria sido paga antes das eleições

e o restante, R$20 em duas notas de R$10, teria sido pago após as eleições. A

única prova da suposta transação seriam os depoimentos de duas testemunhas. Por

quatro votos a dois, eu e João Capiberibe, perdemos os mandatos.

Dois dias depois, o TSE voltou a julgar um caso de crime eleitoral. O então

Governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, do PMDB, era acusado de desviar

cerca de R$40 milhões de dinheiro público para sua campanha. O TSE resolveu

absolvê-lo. Foram cinco votos a um.

O Ministro Carlos Velloso foi o relator dos dois casos. No processo contra

mim e João Capiberibe, ele convenceu os colegas de que havia provas suficientes

para a condenação. No caso de Roriz, o Ministro Carlos Velloso entendeu que

embora os indícios fossem fartos, não havia prova. Nos autos do processo, havia

centenas de notas fiscais, fotografias e documentos apreendidos em duas empresas

privadas que, conforme a denúncia do Ministério Público, receberam dinheiro do

Governo do Distrito Federal e financiaram a campanha que reelegeu Roriz.

Agora, a Ministra Carmen Lúcia reproduz o mesmo julgamento contraditório

com os fatos, como fez o Ministro Velloso em 2004, e nos tira mandatos legítimos

dados pelo voto do eleitor amapaense.

Toda a acusação que nos enquadra na Lei da Ficha Limpa é uma grande

farsa. Na época, o Ministério Público do Amapá recusou-se a oferecer denúncia

contra nós. Fomos inocentados pelo TRE do Amapá. No entanto, eu e o Senador

João Capiberibe fomos condenados pelo Tribunal Superior Eleitoral à perda dos

nossos mandatos.

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Segundo a acusação contra nós, o dinheiro para comprar votos teria saído de

um montante muito maior, R$365 milhões que teriam sido desviados do Governo do

Estado do Amapá. Uma investigação da Polícia Federal desmontou mais essa farsa.

João Capiberibe foi inocentado pela Justiça Federal em 2005.

Como muitos de vocês sabem, o Senador Capiberibe e eu tivemos nossos

mandatos cassados no processo movido pelo PMDB do Senador Sarney. Os

advogados que nos acusaram eram da mesa do Senado, quando o Senador Sarney

era o Presidente da Casa. E o maior beneficiado pela cassação de Capiberibe é o

PMDB, pois em 2002 — e novamente em 2011 — Gilvam Borges, um Senador sem

votos para ser eleito, pôde assumir a vaga que os eleitores deram a Capi no

Senado.

Tal disparate chegou ao ponto de o promotor aposentado, Deputado

Constituinte e professor da Universidade Federal da Paraíba, Agassiz Almeida,

comparar o Caso Capiberibe com o Caso Dreyfus, da França do século XIX.

Leio trecho do artigo:

“Depois da cassação do senador João Capiberibe e

de sua esposa Janete, arrancados do Congresso

Nacional por trama urdida nos porões da oligarquia

sarneysista e nos corredores e gabinetes do Senado

Federal, como podemos olhar a justiça quando se

desvendou que tudo foi forjado através da paga delituosa

a falsas testemunhas? Que enorme farsa!

As veias do Amapá e do país estão a sangrar.

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Aos dias 17, 18 e 19 de novembro, reportagem do

jornal ‘Folha de São Paulo’ estarrece a nação. Lá está

estampado com as tintas do abominável o plano macabro

da cassação do senador Capiberibe. E o mais grave: este

quadro torna-se cretinamente kafkiano. Nas últimas

eleições de 3 de outubro, esse condenado sem crime é

consagrado nas urnas pelo eleitorado do Amapá,

elegendo-se senador.

O que se assiste estarrecido? O TSE, em nome

dessa lei da ficha limpa, desconhece e afronta a decisão

do povo não legitimando a segunda vitória desse valoroso

homem público, cuja história engrandece a nação.

Até onde alcança a insensatez? Certas decisões

dessa superior corte eleitoral estão a assumir a dimensão

de um caso Alfred Dreyfus, oficial do exército francês

supliciado ao degredo na ilha do Diabo, Guiana Francesa.

Que infame julgamento de devastadora injustiça!”

Sr. Presidente, colegas Parlamentares, não é preciso elencar as biografias de

políticos conhecidos e outros nem tanto para se concluir que os julgamentos feitos

sob o pretexto da tal Ficha Limpa não acontecem sob a mesma lei que aprovamos

no Congresso Nacional, que recebeu meu voto favorável e da maioria absoluta dos

senhores.

Os julgamentos que se vê também não são os julgamentos que queriam ver

aqueles cidadãos e cidadãs que se mobilizaram para coletar milhões de assinaturas;

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os movimentos sociais, as entidades de classe, os sindicatos, as igrejas — cuja

extensa lista mereceria ser lida aqui para lembrá-los do seu objetivo — agora

perderam a vez e a voz nos jornais, rádios, TVs, e nos tribunais.

Os julgamentos não seguem sequer o raciocínio da lógica jurídica.

Perpetua-se, por eles, o jaguncismo de punir adversários políticos ou os que

desagradam a elite do sistema. E o favor de beneficiar aqueles que dela fazem

parte.

Nossos adversários políticos, no Amapá, grande parte deles presos

recentemente na Operação Mãos Limpas da Polícia Federal por crimes que

rasparam os cofres do Governo do Estado e levarem a população à miséria, riem-se,

pois parte deles foi diplomada e assumirá mandatos a partir de 1º de fevereiro.

O que eles fazem contra nós — e surpreendentemente encontram guarida no

TSE — é tentar nos nivelar a eles, por baixo, o que só é benéfico aos maus políticos,

aos políticos corruptos, àqueles que fazem dos cargos meios para usurparem os

cofres públicos e os direitos dos cidadãos e cidadãs.

Já em 2000, o então Deputado Marcos Rolim registrou na Comissão de

Direitos Humanos a trama que os adversários de Capiberibe armavam contra sua

vida pelas suas posições políticas e sua dureza contra o crime.

Quando, em 1971, defendíamos a democracia, fomos presos e tivemos que

fugir do País por que a organização do Estado era uma ditadura capitalista militar,

que sustentava os interesses da elite agrária, industrialista e rentista. Não é muito

diferente hoje.

Substituem-se as armas de fogo e da força pelas armas jurídicas.

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Fomos cassados na ditadura, e agora somos seguida e injustamente

cassados em pleno regime democrático.

No julgamento recente, no TSE, o Ministro Marco Aurélio afirmou que estava

sendo negado o registro de candidatura a Capiberibe por conta de seu patronímico.

Isto é, negava-se o mandato a Capiberibe por ele ser Capiberibe, e por tudo o que

representa na história do Amapá e do País; na resistência à ditadura, na

democratização, no combate à corrupção no Amapá, no desafio de implantar o

desenvolvimento sustentável.

Não há outros motivos para negar nossos registros, como não havia qualquer

outro motivo para a cassação dos nossos mandatos em 2004 se não o que significa

para o Amapá, para o Brasil e para a democracia o nome Capiberibe.

Aos eleitores do Amapá estão sendo negados seus votos, por que ousam

votar em políticos que propõem um Estado, políticas públicas e uma sociedade

diferentes do que querem alguns coronéis, como o Sr. José Sarney faz no Maranhão

e estendeu para o Amapá.

Neste final de semana, fui chamada por uma eleitora que queria desabafar.

Disse que não vai mais votar em ninguém, por que pela segunda vez consecutiva o

TSE impõe eleitos que não foram os escolhidos pelo voto dos eleitores.

Vamos confiar que o Supremo Tribunal Federal possa reverter esta decisão,

que soa para a sociedade brasileira e mundial como a perpetuação de uma injustiça

cometida pelo TSE.

Acreditamos na possibilidade de ser respeitado o voto soberano, livre,

democrático do eleitor amapaense, que se pôs acima das campanhas difamatórias

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feitas diuturnamente contra nós pelos rádios, jornais e TVs dos nossos adversários

políticos.

Acreditamos na possibilidade de ser respeitado o voto dos nossos eleitores

que não cederam à compra de votos e aos presentes eleitoreiros, apesar da

situação de miséria imposta pelo grupo político que desmantelou o Amapá e que nos

quer ver fora da política.

Acreditamos que o STF reverta a decisão do TSE, não por nós,

individualmente, nem por nossa história, mas por conta dos milhares de eleitores

que no exercício livre e soberano da sua cidadania fizeram de mim a Deputada

Federal mais votada e de Capiberibe um Senador da República para representá-los

no Congresso Nacional.

Agradeço aos colegas Parlamentares pelo trabalho que desempenhamos

neste mandado. Acredito que terei meus votos e o mandato do eleitor do Amapá

reconhecidos pelo STF, como o terá o Senador Capiberibe, e retornaremos, em

breve, ao Congresso Nacional.

Aos eleitores do Amapá, muito obrigada por acreditar na nossa história e no

nosso trabalho, apesar de toda a trama de confusão e mentira que tentam impingir

como verdade julgada.

A confiança, a vontade e a crença de cada um de vocês de tornar o Amapá

um lugar melhor para viver continuam nos motivando. Não vamos desistir da luta.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação de meu

pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa.

Muito obrigada. (Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Deputada Janete Capiberibe,

parabenizo V.Exa. pelo seu discurso, assim como parabenizo os nobres colegas que

a apartearam.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Concedo a palavra pela ordem ao

Sr. Deputado Marcelo Itagiba.

O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, entrei para esta Casa como

Deputado Federal eleito com 70 057 votos, após uma carreira de quase 30 anos no

Departamento de Polícia Federal, onde tive a oportunidade de trabalhar nas cidades

do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Brasília.

Sempre atuando contra o crime organizado e contra o tráfico de drogas, dirigi

a Inteligência do Departamento de Polícia Federal para todo o País durante quase 3

anos e estive à frente da Superintendência da Polícia Federal no meu Estado do Rio

de Janeiro.

Posteriormente, fui Secretário de Segurança Pública do Rio e promovi uma

série de ações para colocar o crime organizado, tanto o tráfico de drogas quanto as

milícias, no seu devido lugar, ou seja, acuado pelo Estado.

Realizei as operações Asfixia, Pressão Máxima e Inteligência, Massa e Força,

levando as polícias do Rio a bater todos os recordes, até hoje não superados, de

apreensão de armas e prisão de criminosos. Com a inteligência bem empregada,

retiramos de circulação as chamadas 80 lideranças do tráfico de drogas.

Na minha gestão como Secretário de Segurança do Rio, as estruturas de

trabalho das polícias foram modernizadas, com a compra, então inédita, de

armamentos modernos, coletes à prova de balas, veículos blindados, lanchas,

helicópteros, novas delegacias e batalhões da PM, além de um aumento real de

17% para todos os policiais e bombeiros, inclusive os aposentados.

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Após lutar por quase 30 anos contra os criminosos e ver muitos deles

voltarem às ruas, após terem sido presos em investigações que, em alguns casos,

levaram até alguns anos, decidi tentar me tornar Deputado Federal, para ajudar na

produção de leis mais rigorosas contra os criminosos.

Com 70.057, votos cheguei a esta Casa e, nos 4 anos do meu mandato,

defendi o Estado do Rio de Janeiro, lutei por medidas voltadas para o crescimento

econômico do Brasil e dignifiquei a atividade parlamentar.

Aqui nesta Casa, discuti os grandes temas de interesse da sociedade

brasileira, votei contra a prorrogação da CPMF e a favor do Ficha Limpa, presidi a

Comissão Parlamentar de Inquérito das Escutas Telefônicas e apresentei propostas

destinadas a manter os criminosos mais tempo na cadeia.

A CPI das Escutas Telefônicas, em seus 14 meses de funcionamento, deu

uma contribuição histórica ao Brasil, ao revelar à sociedade as obscuras

irregularidades, as ilegalidades e os crimes que estavam sendo cometidos dentro da

chamada caixa-preta dos grampos.

A CPI chamou a atenção da Nação para os riscos que estavam sendo

oferecidos contra os direitos individuais garantidos pela nossa Constituição Federal

a todos os cidadãos brasileiros.

Além disso, as autoridades competentes, diante da gravidade dos fatos

trazidos à luz pela CPI, começaram a tomar as devidas providências para combater

o que passou a ficar conhecido como “grampolândia”. Prova disso é que, após a

CPI, houve uma redução significativa do volume de interceptações telefônicas, cuja

aplicação indiscriminada estava banalizando um instrumento de fundamental

importância de combate ao crime organizado e ao crime de colarinho branco.

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Em meu mandato, busquei a igualdade entre todos. Propus por meio de uma

PEC o fim do foro privilegiado, para que todas as autoridades dos Poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário, sem exceção, sejam julgadas pelos mesmos

juízes de primeira instância aos quais todos os cidadãos brasileiros são submetidos.

Propugnei também pelo fim da prisão especial. Nada justifica prisão especial

para aqueles que são detentores de cargo ou diploma.

Apresentei proposta para que aqueles que têm mais instrução, por possuírem

mais discernimento, recebam penas superiores às daqueles que tiveram menos

chance de estudar. Aquele que tem mais escolaridade tem mais juízo e sabe mais.

Portanto, deve arcar com as consequências mais pesadas. Essa é uma forma

também de se fazer a igualdade.

Outras iniciativas legislativas que julgo importantes tramitam nesta Casa,

como a PEC pela qual proponho a reestruturação do sistema repressivo penal

brasileiro. Sugiro atribuição específica às guardas municipais, para que elas saibam

qual é a sua atividade e tenham seu trabalho exercido em defesa da sociedade.

As guardas municipais ficariam responsáveis por cuidar dos atos chamados

antissociais, levando os infratores imediatamente à presença de um juiz, para uma

rápida punição, com duas possibilidades de pena: serviços à comunidade ou até

mesmo multa pecuniária.

A reestruturação do sistema repressivo penal implicaria, ainda, um Código

Penal enxuto, com somente o que é verdadeiramente violência: a violência praticada

contra os cofres públicos, pelos corruptos do Estado; a violência praticada contra as

pessoas; a violência do crime do colarinho branco, que muitas vezes não tira

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sangue, mas sangra toda uma população com esquemas de propinas, de corrupção

e de manipulação dos mercados.

Nessa reestruturação, as investigações dos crimes realmente graves

continuarão a cargo das Polícias Civis e da Polícia Federal, naquilo que for da sua

competência.

Neste momento em que se finda o meu mandato, não poderia deixar de citar

também a minha luta para que este Governo não retire aquilo que foi concedido ao

Estado do Rio de Janeiro e aos Municípios produtores de petróleo. Inclusive,

impetrei um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal para impedir o

saque dos cofres públicos do meu Estado e dos demais Estados produtores.

Tomei essa medida porque o projeto de lei voltado para a transformação do

sistema de concessão para o de partilha não poderia sequer ter tramitado nesta

Casa, pois tinha como base o Fundo de Participação dos Estados, considerado

inconstitucional pelo STF.

Aqui nesta Casa lutei, incansavelmente, pela aprovação da Proposta de

Emenda à Constituição nº 300. O texto aprovado acabou não sendo aquele que nós

idealizamos como necessário, a fim de dar dignidade aos policiais militares, aos

bombeiros e também aos policiais civis, que, aliás, foram por mim incluídos na

Comissão Especial para que também tivessem seu piso reconhecido.

De qualquer forma, mesmo não tendo sido o texto ideal, conseguimos

aprovar, em primeiro turno, o projeto em defesa daqueles que dão o seu sangue no

dia a dia, em defesa de cada um de nós que vivemos neste País.

Mas o Governo do PT impediu que votássemos em segundo turno a PEC

300, numa demonstração clara do seu desinteresse pela melhoria do sistema de

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segurança pública do País e pelo reconhecimento dos profissionais que arriscam a

vida para proteger a sociedade brasileira.

Quero falar, ainda, sobre uma questão que me parece também fundamental:

o Ficha Limpa. No ano passado, propus um projeto de lei, em que, a partir da

condenação de primeiro grau, o indivíduo não poderia voltar à vida pública.

Durante quase 30 anos exerci o cargo de delegado, mas, quando ingressei,

por concurso público, nos quadros do Departamento de Polícia Federal, fui obrigado

a apresentar todas as certidões negativas para poder exercer minha atividade.

Não entendo por que aqueles que pretendem representar o povo brasileiro

não têm a obrigatoriedade de ter a sua ficha limpa. É por isso que apresentei um

projeto nesse sentido, mais duro do que esse que foi aprovado.

Entendo que ficha limpa é uma necessidade fundamental. Não há procurador,

não há representante que possa representar quando não traz em si as condições

para fazê-lo, e as primeiras condições devem ser aquelas de caráter ético e moral.

Foram muitas as iniciativas legislativas que tomei neste meu mandato, das

quais duas foram transformadas em lei: o Dia Nacional da Imigração Judaica e o

reconhecimento da Feira Nordestina de São Cristóvão como Patrimônio Cultural

Imaterial do Brasil.

Gostaria de citar mais algumas iniciativas importantes, dentre muitas, como:

enquadramento no crime de racismo de todos aqueles que pregarem a negação do

Holocausto e outros Crimes contra a Humanidade, com a finalidade de promover e

propagar o racismo; redução da idade de ingresso na maioridade penal; tipificação

do crime de sequestro-relâmpago no Código Penal; unificação das polícias

estaduais; emprego de algemas em todos os presos, sem quaisquer privilégios para

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os que detêm maior poder econômico; obrigatoriedade do exame criminológico no

preso ao ingressar no sistema e no momento em que pleitear a progressão de

regime; tipificação como crime hediondo para o porte de arma de uso restrito;

vedação do efeito suspensivo aos recursos extraordinário e especial; o início do

cumprimento da pena a partir da confirmação da sentença pela segunda instância; e

alteração na lei que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas,

para que haja a previsão de pena de prisão para quem não cumprir a pena

alternativa.

E, também, o projeto de lei que regulamenta a profissão de taxista e acaba

com a figura do explorado diarista; o que garante o registro de legitimação de posse

para que as pessoas que moram em áreas de risco sejam devidamente indenizadas

em caso de remoção e tenham prioridade nos projetos governamentais de

habitação; a defesa da reintegração dos 12 mil soldados especialistas demitidos da

Aeronáutica; a garantia de salários dignos para os militares de todas as patentes das

três Forças Armadas; a isenção do Imposto de Renda para militares inativos e

pensionistas; a isenção de tarifa de pedágio os veículos automotores de duas rodas;

a regulamentação profissional das artes marciais e o reconhecimento da SAARA,

área de comércio popular do Rio de Janeiro, e do jiu-jítsu como Patrimônios

Culturais Imateriais do Brasil.

Esse foi um resumo do trabalho que desenvolvi em meu mandato como

Deputado Federal.

Deixo esta Casa consciente de que muito aprendi no debate travado com os

meus pares na defesa de ideias e ideais. Muito aprendi com a discussão de teses,

algumas vitoriosas, outras não.

Mas, em momento algum, deixei de combater o bom combate e guardei a fé.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Deputado Arnaldo Faria de Sá,

V.Exa. tem a palavra para uma breve intervenção.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, só quero deixar registrada a minha indignação com a

Comissão de Orçamento, que não está concedendo aumento para os aposentados

que ganham mais de um salário mínimo nem ampliando o salário mínimo para além

de 540 reais.

Espero que esta Casa, quando for votar na sessão do Congresso o

Orçamento, lembre-se de que foi aumentado o salário de todos os Parlamentares e

que, portanto, ela tem que aumentar também o salário dos aposentados e

pensionistas, que há muito tempo estão com seus benefícios defasados em 70%,

80%.

Espero que esta Casa tenha vergonha no momento em que for votar essa

questão do Orçamento e que se lembre do que ganha um aposentado e do que

ganha um pensionista. O reajuste do salário mínimo deve ser o mesmo para

aposentados e pensionistas, bem como deve ser para aqueles que também ganham

mais de um salário. Essa é a grande reclamação. Portanto, que todos os

Parlamentares tenham a mesma consciência na hora da votação: se tem que ganhar

bem o Parlamentar, tem que ganhar melhor ainda o aposentado e o pensionista.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Ilderlei Cordeiro) - Para dar continuidade ao Grande

Expediente, com a palavra o Deputado Albano Franco, por 25 minutos.

O SR. ALBANO FRANCO (PSDB-SE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo esta tribuna quando se aproxima o final

do mandato de Deputado Federal que o povo do meu Estado a mim conferiu. Este é

um momento singular, pois me sinto de certa forma confortado.

Durante os últimos 4 anos, mantive com todos os eminentes colegas um

relacionamento cordial e respeitoso. Cumpri minhas obrigações parlamentares com

dedicação, fiz inúmeros pronunciamentos, emiti uma série de pareceres a projetos

que chegaram à minha apreciação.

Tive a honra de presidir a Comissão de Turismo e Desporto. Fui Vice-

Presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.

Também presidi a Comissão Especial sobre a Crise, na área da indústria, na qual

trabalhei ao lado do eminente Relator Deputado Pedro Eugênio e dos demais

integrantes, visando oferecer proposições e sugestões ao Governo Federal para o

enfrentamento das questões mais sérias que atingiram o Brasil e a sua economia

nos últimos anos.

Lutei, durante esse tempo, defendendo os interesses do Brasil, do Nordeste e

de Sergipe. Em vários discursos, abordei a necessidade de uma reforma fiscal

urgente e necessária, voltando minhas atenções para a precária infraestrutura

brasileira — rodoviária, portuária, aeroportuária e ferroviária —, e muitas vezes fiz

observações sobre a questão das elevadas taxas de juros praticadas no Brasil.

Dediquei-me com todo o afinco e fiz desta tribuna veemente apelo ao Exmo.

Sr. Presidente da República para que examinasse com os seus respectivos

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Ministros a possibilidade de instalação em Sergipe de uma usina nuclear, mais

precisamente no Rio São Francisco, entre o meu Estado e o de Alagoas,

aproveitando a vazão da Hidrelétrica de Xingó, as linhas de transmissão existentes e

a situação geográfica no meu Estado. Procurei justificar de maneira técnica e

econômica a sua viabilidade.

De forma incansável, pleiteei uma refinaria de petróleo para Sergipe, um dos

Estados mais ricos nesse mineral e que tem muito a contribuir para a Nação com

esse produto.

Defendi como pude o agronegócio, o pequeno agricultor rural, particularmente

o do meu Estado, e pedi atenção para os citricultores brasileiros, solicitando apoio

do Governo Federal, inclusive para uma possível anistia de suas dívidas.

O Sr. Mauro Benevides - V.Exa. me permite um aparte, nobre Deputado

Albano Franco?

O SR. ALBANO FRANCO - Com o maior prazer e satisfação, concedo um

aparte ao eminente Deputado, Senador, Presidente, meu amigo, Deputado Mauro

Benevides.

O Sr. Mauro Benevides - Nobre Deputado Albano Franco, no momento em

que V.Exa. na formalização do seu discurso apresenta as despedidas do Congresso

Nacional, V.Exa. que foi um excelente Senador e tem sido, sem dúvida, um brilhante

Deputado Federal, eu me permito aparteá-lo para destacar a conduta exemplar que

V.Exa. teve no Parlamento brasileiro. Como seu colega que fui no Senado Federal e

agora também como companheiro neste plenário, eu me sinto no dever imperioso de

propiciar este testemunho absolutamente sincero e autêntico quanto à conduta

irrepreensível que V.Exa. teve como representante do povo sergipano tanto na outra

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Casa do Parlamento, quanto no plenário da Câmara dos Deputados. Portanto,

V.Exa. pode deixar o Parlamento por 2 ou 3 anos, pode inclusive disputar qualquer

outro mandato eletivo, mas levará sempre o cabedal de reconhecimento dos seus

pares nesta Casa, onde V.Exa. teve realmente um cumprimento exemplar das

tarefas inerentes ao mandato que lhe foi outorgado pelo povo daquele Estado

nordestino. Cumprimento-o, pois, com a maior efusão, certo de que V.Exa., onde

estiver, haverá de dignificar a vida pública brasileira que aqui esteve espelhada nos

seus votos, nas suas decisões e em pronunciamentos como o da tarde de hoje.

Meus cumprimentos a V.Exa.

O SR. ALBANO FRANCO - As palavras de V.Exa. me sensibilizam e até me

emocionam, principalmente porque partem de um homem público como Mauro

Benevides, a quem a história do Ceará, do Nordeste e do Brasil tanto deve.

Amigo e colega de meu pai — assim como D. Regina, amiga de minha mãe

—, Deputado Mauro Benevides, o que ouvi de V.Exa. mostra que estou com minha

consciência tranquila, exatamente por ser V.Exa. um homem exemplar, uma

referência para todos nós do Congresso Nacional. Jamais esquecerei as palavras de

V.Exa.

Que Deus continue a iluminá-lo!

Muito obrigado, de coração, meu amigo, Deputado, Senador e Presidente

Mauro Benevides.

O Sr. Marcelo Itagiba - Solicito um aparte a V.Exa., ilustre Deputado,

Governador e Senador Albano Franco.

O SR. ALBANO FRANCO - Com o maior prazer, Deputado Marcelo Itagiba.

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O Sr. Marcelo Itagiba - Talvez na condição de o mais carioca dos sergipanos

ou o mais sergipano dos cariocas, V.Exa. pontifica nesses dois Estados como

alguém que sempre representou — e não apenas esses dois Estados — o povo

brasileiro de forma digna, inteligente e correta. E V.Exa. é uma bússola para todos

aqueles que desejam praticar a boa política. É o homem da luta e o homem da

conciliação; é o homem empreendedor que, no Governo do seu Estado, criou a

diferença necessária não só para a sua região, mas para o Nordeste brasileiro.

Como empresário, V.Exa. foi um dos maiores que aquela região já teve; como

Presidente da Confederação, um dos grandes líderes; como Senador, um grande

Parlamentar; e, como Deputado, V.Exa. foi aquele que serviu de guia para nós mais

novos que para cá viemos, com a sua orientação sempre clara, precisa, na busca

dos objetivos comuns de um Brasil melhor. Quero cumprimentar V.Exa., que está

apenas se ausentando por um período, em função não de deficiência do seu

mandato, mas em função da deficiência de um partido que não soube apoiá-lo de

forma correta para a vitória merecida que o povo do seu Estado desejava. Por isso,

quero aqui, em meu nome e de todos aqueles que convivem com V.Exa. no Estado

do Rio de Janeiro, apresentar os meus respeitos, a minha admiração e, com certeza,

esperando o seu retorno o mais breve possível a esta Casa.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Marcelo Itagiba, tive o privilégio de

conhecer V.Exa. nesta Casa, através do seu trabalho, do seu espírito público e,

muitas vezes, da sua coragem cívica em alguns pronunciamentos e em algumas

posições.

Devo dizer que V.Exa. muito me gratifica aqui e agora ao dizer palavras

referentes ao meu trabalho, ao meu desempenho, à minha história como líder

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empresarial, como empreendedor. Tudo isso me torna um homem mais feliz nesta

tarde. Jamais esquecerei ter ouvido de Marcelo Itagiba o que ouvi.

Que Deus continue a abençoá-lo, doutor, Deputado, cidadão Marcelo Itagiba!

E todos sabem que realmente amamos o Rio de Janeiro.

O Sr. Arnaldo Faria de Sá - Concede-me V.Exa. um aparte?

O SR. ALBANO FRANCO - Pois não, Deputado Arnaldo Faria de Sá.

O Sr. Arnaldo Faria de Sá - Deputado Albano Franco, quero cumprimentar

V.Exa., a quem conheci nesta Casa na época da Constituinte. V.Exa. foi Senador,

fez um brilhante trabalho pelo seu Estado, e certamente sua ausência no Congresso

Nacional será muito sentida. Tenho certeza de que o trabalho feito, o qual

acompanhei mais amiúde na época da Constituinte, é ímpar, pois V.Exa. era

Presidente da CNI àquela época e sempre esteve presente, lutando, nunca tentando

tripudiar sobre o direito dos trabalhadores, buscando sempre contemporizar,

encontrando saídas e alternativas. Sem dúvida alguma, quero dar o testemunho da

importância e do valor que teve para esta Casa o Deputado, Senador e Governador

Albano Franco.

O SR. ALBANO FRANCO - Como é bom ouvir V.Exa., Deputado Arnaldo

Faria de Sá, que, como poucos, conhece o Regimento desta Casa; como poucos,

com bravura, luta em favor dos trabalhadores; como poucos, luta em favor dos

aposentados, sempre procurando ter coerência na sua vida pública.

Realmente, V.Exa. acompanhou o nosso trabalho, o nosso esforço, inclusive

conciliador, na época da Assembleia Nacional Constituinte. E hoje é um incentivo

ouvir o que acabo de ouvir de V.Exa., irrequieto como é, mas respeitado nesta Casa,

em São Paulo e no Brasil.

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Eu agradeço, de coração, o seu aparte, Deputado Arnaldo Faria de Sá.

Ouço, com o maior prazer, o nobre Deputado Vanderlei Macris.

O Sr. Vanderlei Macris - Deputado Albano Franco, V.Exa. tem sido, ao longo

da sua presença nesta Casa, uma referência para todos nós. Eu estou concluindo

meu primeiro mandato no Parlamento brasileiro, vindo de sete mandatos como

Deputado Estadual. E, lá de São Paulo, já podíamos sentir a presença da sua

liderança não só aqui na Câmara, mas no Senado e também quando foi Governador

do seu Estado. Nós, que somos do mesmo partido, Deputado Albano Franco, temos

muita honra em conviver com V.Exa., uma referência permanente em nosso partido,

especialmente para as ações no Congresso Nacional. Tive oportunidade de ser seu

colega na Comissão de Desenvolvimento Econômico, onde V.Exa. defende as

causas do Brasil, as causas dos brasileiros, as causas da indústria brasileira.

Aprendi muito com V.Exa. Deixo aqui o meu abraço a V.Exa., que faz o discurso não

de encerramento de suas atividades, mas de uma breve pausa que dá no

Parlamento brasileiro, para depois continuar na sua trincheira, colaborando e

ajudando o nosso País. Parabéns a V.Exa. pela manifestação e até breve, Deputado

Albano Franco. Receba o nosso abraço com o maior carinho.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Vanderlei Macris, conheci V.Exa. nesta

Casa, acompanhando os seus trabalhos, o seu posicionamento, a sua lealdade com

o partido e com os interesses de São Paulo e do Brasil. Também reconheço sua

solidariedade, através de gestos aos seus colegas, inclusive a Albano Franco.

Quero dizer que V.Exa. aqui tem o apreço e o respeito dos seus colegas.

Inclusive, quando se tratava de assuntos ligados à área da indústria têxtil, V.Exa.

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sempre foi o maior defensor desse setor, representando Americana e toda a sua

região.

Então, agradeço realmente as palavras de V.Exa., na certeza de que V.Exa.

vai continuar trabalhando em favor de São Paulo e do Brasil, agora com um filho

eleito Deputado Estadual por São Paulo.

Parabéns! E que Deus continue a iluminar seu belo trabalho, meu amigo, meu

companheiro, meu correligionário, Deputado Vanderlei Macris!

Concedo um aparte ao Deputado Guilherme Campos.

O Sr. Guilherme Campos - Deputado Albano Franco, primeiro, quero

agradecer ao Deputado, Governador, Senador e Presidente da CNI a possibilidade

de nosso convívio neste mandato. Seu exemplo, sua competência, seu poder de

conciliação, de sempre tirar o que há de bom na divergência, enfim, em tudo isso

sempre procurei me espelhar. A convivência com sua pessoa só me fez bem.

Existem pessoas que passam e são esquecidas. O senhor passa aqui pelo

Congresso, e seu exemplo jamais será esquecido. É alguém que marcou sua

presença aqui na Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, e com certeza

logo volta. Não temos dúvida. Sua vida partidária, política e eleitoral não acabou.

Sua figura é muito importante para o Congresso e para o País.

Que você tenha vida longa, com muita saúde e com esse vigor que lhe é

peculiar. Muito obrigado pela oportunidade de ter convivido com V.Exa.

O SR. ALBANO FRANCO - Muito obrigado, Deputado Guilherme Campos.

Posso atestar que V.Exa. é um dos melhores quadros que conheci nesta Casa,

principalmente pelo acompanhamento do seu trabalho nas Comissões, sempre no

interesse de São Paulo e do Brasil, inclusive com dificuldades muitas vezes de

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compreensão por parte de alguns colegas de outros partidos. E V.Exa. sempre se

conduziu firme, mas ao mesmo tempo elegante e hábil. Sou testemunha do trabalho

de V.Exa.

Então, as palavras ditas por V.Exa. me gratificam e me incentivam a continuar

na vida pública, defendendo sempre os interesses de Sergipe e do Nordeste do

Brasil. É uma obrigação nossa fazer esse trabalho, e nós fizemos, por diversas

vezes, unidos e juntos, em favor do Brasil.

E quero lhe dizer que fiquei muito feliz em ter um colega como o Deputado

Guilherme Campos. Que Deus o proteja e continue a iluminá-lo nesse trabalho

bonito que V.Exa. vai continuar fazendo em favor de São Paulo e do Brasil! Muito

obrigado, Deputado.

Deputado Alceni Guerra, ouço V.Exa. com o maior prazer. Depois, os

Deputados Silvio Costa e Gerson Peres.

O Sr. Alceni Guerra - Deputado Albano Franco, a vida é boa quando nos dá

a oportunidade de agradecer publicamente a presença de alguma pessoa na nossa

vida. Quero agradecer a presença de V.Exa. na minha vida, ensinando-me tantas

coisas, desde a Constituinte. E me lembro da Comissão de Sistematização, do

plenário, da presença constante de V.Exa., arguindo-nos, ensinando-nos, dando-nos

aquele conhecimento que V.Exa. tinha do mundo empresarial e que nós não

tínhamos. Depois de tantos anos, Deputado Albano Franco, convivendo com V.Exa.,

quero agradecer a Deus por ter tido essa oportunidade de conviver com uma pessoa

tão extraordinária, com um Deputado tão efetivo e uma figura humana que Sergipe

deu ao Brasil. Só me recuso, Deputado Albano Franco, a aceitar a presença de

V.Exa. na tribuna, nesta tarde, para uma despedida. V.Exa. tem o dever de

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continuar. Cabeças como a de V.Exa. precisam continuar. E eu faço este apelo a

V.Exa.: que continue. Não faça dessa tribuna, hoje à tarde, o local de uma

despedida definitiva — apenas um até breve, Deputado Albano Franco.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado, Ministro, cidadão, amigo Alceni

Guerra, como Deus é muito bom comigo! Poder ouvir de Alceni Guerra, do Deputado

Alceni Guerra o que eu ouvi! V.Exa. sabe do apreço, da admiração pela sua

sensibilidade, pelo seu espírito público, pelo seu lado humanístico. Muito do que foi

feito na área da saúde se deve ao Ministro, ao político, ao homem público Alceni

Guerra. Está aí o SUS, estão aí todos esses programas idealizados por V.Exa.

Então, como é bom! Deus está me permitindo ouvir um aparte de Alceni

Guerra, o que muito me emociona, me gratifica, me dignifica. Que Deus continue a

iluminá-lo e me permita que eu continue amigo de V.Exa.

Muito obrigado, de coração, Deputado Alceni Guerra.

Ouço o meu companheiro, amigo Silvio Costa, Deputado Federal do Estado

de Pernambuco — o irrequieto Deputado Silvio Costa, por quem tenho o maior

respeito.

O Sr. Silvio Costa - Deputado Albano Franco, eu nunca vi um nome

combinar tanto com uma pessoa. V.Exa. é profundamente franco com os amigos,

V.Exa. é profundamente franco no debate das ideias, V.Exa. é profundamente franco

quando defende o seu Estado. Sinceramente, todos os apartes feitos nesta Casa

fluíram francamente do coração. V.Exa é uma pessoa profundamente querida e

respeitada nesta Casa. V.Exa é um exemplo maior da forma de fazer política. V.Exa.

já tem algumas estradas na vida pública. E, em todas as estradas por que V.Exa.

passou, tenho certeza de que não teve nenhum catabil. V.Exa. deixa sim um grande

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vazio nesta Casa: o vazio do debate; o vazio, acima de tudo, da confraria; o vazio de

um debate, olhando para um País mais justo, que não seja demagogo. V.Exa.

efetivamente faz política como a arte maior. A política, acima de tudo, foi sim

inventada por Deus, mas eu também poderia dizer que ela foi inventada pelo diabo.

Quando a política é feita com mais educação para as pessoas, com mais emprego,

com respeito, com dignidade às pessoas, essa é a parte que Deus inventou. Agora,

quando a política é feita de uma forma menor, de uma forma efetivamente não

republicana, essa é a parte que o diabo inventou. Pois V.Exa. sempre fez a política

que Deus inventou. E eu tive o privilégio de conviver nesta Casa com Albano

Franco, Senador de Sergipe, Governador de Sergipe, Deputado Federal e, acima de

tudo, um homem respeitado nesta Casa. Trago aqui um abraço do seu amigo

pessoal, Armando Monteiro Neto, eleito Senador por Pernambuco, que infelizmente

não pôde estar aqui hoje, por compromissos inadiáveis em Pernambuco. Beijo no

coração e sucesso.

O SR. ALBANO FRANCO - V.Exa. sabe como admiro o polêmico Deputado

Silvio Costa, que, nesta Casa, tomou diversas posições, mas sempre pensando no

espírito público. E também faço questão de dizer que o que me aproximou de V.Exa

foram dois amigos — o Senador Armando Monteiro Neto, e o amigo, também de

coração, Ministro José Múcio Monteiro. Foi através desses dois amigos que me

aproximei, nesses anos todos, de V.Exa. Admiro V.Exa., inclusive hoje avô, pai

generoso de Silvinho. V.Exa. é um defensor de Pernambuco. Agradeço as palavras

de coração, Deputado Silvio Costa. Continuarei tendo admiração e respeito pelo

trabalho de V.Exa. e pela nossa continuada amizade. Muito obrigado.

Deputado Gerson Peres.

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O Sr. Gerson Peres - Deputado Albano Franco, não sei se o saúdo como

amigo ou como Parlamentar. A minha vida conta ponto pelo apoio e solidariedade

que V.Exa. sempre emprestou a ela. É um dos meus maiores amigos, que me honra

e honra também toda a atividade que eu tenho pautado ao lado de V.Exa. Juntos, na

Constituinte, pude conhecê-lo mais ainda. Ativo, é donatário de inúmeras emendas

em favor do Brasil e do seu Estado na Constituição Federal. Fora de lá, à frente da

Confederação Nacional da Indústria, V.Exa. foi um dos maiores deles. Conseguiu

fortalecer todas as federações dos Estados brasileiros e ampliou a distribuição das

unidades operacionais da educação profissional pelo Brasil afora. V.Exa. não está

se despedindo, porque Sergipe cometeu um lapso ao não o ter devolvido à Câmara

Federal ou ao Senado da República, pois sempre V.Exa. honrou com dignidade e

com amor a terra onde nasceu. Receba deste seu mais modesto amigo,

companheiro de vida e de luta, as nossas felicitações, não pela despedida, mas

apenas pela breve demora, pelo breve retorno no próximo pleito. Estas Casas — o

Senado e a Câmara — não podem prescindir da presença de V.Exa. como um dos

maiores colabores das atividades e do desenvolvimento legislativo em favor do povo

brasileiro e do povo sergipano. Um grande abraço e meus cumprimentos.

O SR. ALBANO FRANCO - Muito obrigado, Deputado Gerson Peres.

Conheci V.Exa. quando eu era Presidente da Confederação Nacional da

Indústria, e V.Exa., o administrador, era Diretor Regional do Departamento Regional

do SENAI no Pará. Já naquela época, comecei a admirá-lo pela competência,

habilidade, espírito público e eficiência, trazendo resultados para a nossa instituição.

V.Exa. nesta Casa também sempre foi — por um dever de justiça, tenho de

reconhecer — um dos maiores defensores do sistema. Então, a nossa amizade

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prosperou cada vez mais, com V.Exa. indo a Sergipe e eu indo ao Pará, sempre

convivendo e ouvindo do também advogado e cidadão alguns conselhos, algumas

ponderações.

Então, eu fico muito feliz em ouvir o aparte do meu amigo Gerson Peres. Que

Deus continue a iluminá-lo e abençoá-lo.

Concedo um aparte ao Deputado Carlos Sampaio, Carlão.

O Sr. Carlos Sampaio - Carlão, com muito orgulho. Amigo Deputado Albano

Franco, na esteira do que disse o Ministro Alceni Guerra, acho que todos nós temos

de agradecer a V.Exa. a oportunidade que nos deu de conviver no dia a dia com o

colega e o amigo Albano Franco. Digo a V.Exa. que na vida pública vivemos muitos

desprazeres, mas vivemos prazeres que são incomensuráveis. Um deles, diria, foi o

fato de conviver com V.Exa. e com seus amigos. Ao ir a Sergipe, nós percebemos

claramente, Deputado, amigo e Senador Albano Franco, o carinho e a admiração

que os amigos lhe têm. Muitos são os que preferem não dizer que são amigos de

um político, tal a história desse político. Com V.Exa. ocorre o inverso: todos se

orgulham, em Sergipe, de dizer que são seus amigos, todos de orgulham de dizer da

relação íntima que V.Exa. mantém com eles, uma relação afetuosa, de amigo, uma

relação solidária. V.Exa. se preocupa com o ser humano. Não tive o privilégio de

conviver com o empresário, mas tive o privilégio de conviver com o Parlamentar.

Mas o maior privilégio foi conhecê-lo como amigo, conhecer a alma boa, a pessoa

de bem que é o amigo Albano Franco. Saiba V.Exa., como disse há pouco, que eu

tenho muito orgulho, mas muito orgulho mesmo, de dizer que sou amigo do sempre

Deputado e Senador Albano Franco.

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O SR. ALBANO FRANCO - Feliz o homem público que ouve um aparte do

Deputado Carlos Sampaio, do homem do Ministério Público, do jurista, do advogado,

do Parlamentar que eu tanto admiro. Quero agradecer a V.Exa. as palavras

generosas.

Seguindo o conselho do meu bom amigo Arnaldo Jardim, todos agora terão

direito a aparte. E eu ficarei aqui para agradecer-lhes.

Ouço o Deputado Fábio Ramalho.

O Sr. Fábio Ramalho - Meu caro Albano Franco, amigo, irmão, não tenho

nem palavras para agradecer a alegria que foi conhecê-lo e aprender com V.Exa.

muita coisa boa, muita sabedoria. V.Exa. é um homem realmente admirável, um

homem amigo. Cada um de nós aqui vai ter sempre a sua presença. V.Exa. não está

indo, vai ficar aqui conosco. V.Exa. não está despedindo-se, está dando um até

breve. Eu tenho certeza de que V.Exa. estará presente aqui sempre, em cada um

dos seus amigos e amigas e sobretudo no coração de todos nós. Obrigado por tudo.

Que Deus o ajude. Pode ter certeza de que V.Exa. mora no coração de todos nós.

O SR. ALBANO FRANCO - Concedo um aparte ao meu conterrâneo, o

eminente Deputado Mendonça Prado.

O Sr. Mendonça Prado - Deputado Albano Franco, eu não poderia perder

esta sessão, este momento para cumprimentá-lo. Quero dizer que V.Exa. representa

bem o Estado de Sergipe na Câmara dos Deputados e representa mais ainda:

representa uma família, que, no Estado de Sergipe, tem importância fundamental,

tem importância na economia e na geração de empregos. V.Exa. tem uma história

de serviços prestados como Presidente da Confederação Nacional da Indústria,

como Governador do Estado, enfim, com toda a sua biografia. V.Exa. sempre

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trabalhou para o desenvolvimento e progresso do nosso Estado. Quero

cumprimentá-lo neste instante e dizer a V.Exa. que deve manter-se firme,

trabalhando pelo desenvolvimento do Brasil e do nosso querido Estado.

O SR. ALBANO FRANCO - Ouço o Deputado Valadares Filho.

O Sr. Valadares Filho - Deputado Albano Franco, meu querido amigo,

querido colega, quero dizer a V.Exa. que agora, no final de minha participação nesta

primeira legislatura, uma das coisas que mais me marcou foi a amizade que construí

com V.Exa. Eu fiz parte da Comissão de Turismo e Desporto, que foi presidida por

V.Exa. Por tudo o que representa para nosso Estado e para nosso País, seja como

homem público, seja como pai, seja como amigo, V.Exa. sem dúvida é um exemplo

em tudo o que faz. Eu tenho certeza de que um homem como o Dr. Albano Franco

não faz aqui uma despedida, não dá um adeus, mas sem dúvida um até breve.

Conte sempre conosco, Dr. Albano Franco. O povo de Sergipe e do Brasil

reconhece tudo aquilo que V.Exa. faz por ele.

O SR. ALBANO FRANCO - Ouço o Deputado Humberto Souto.

O Sr. Humberto Souto - Eminente Deputado Albano Franco, nesta Casa as

pessoas se notabilizam por alguma razão: uns se notabilizam porque são grandes

oradores; outros se notabilizam porque são homens de compromisso, homens que

trabalham; outros se notabilizam pela dedicação; outros se notabilizam pela fé, pela

esperança de um Brasil melhor, demonstrando isso em seus pronunciamentos;

outros se notabilizam por seu procedimento. Para felicidade de todos nós, V.Exa. se

notabilizou nesta Casa por todo esse elenco de sentimentos que o invadem sempre

no desempenho da função de Parlamentar, quer seja como Deputado, quer seja

como Governador, quer seja como Senador. Mas o que me impressiona muito em

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V.Exa, além de todas essas qualidades, essas virtudes, é o caráter, é a

personalidade, é o homem limpo, o homem de que o Brasil precisa. Nós estamos

vivendo um momento muito ruim na política brasileira, a desmoralização completa

dos políticos, a desmoralização completa dos poderes. Entristece a nós todos ver

um homem como V.Exa. se afastar da vida pública, do Congresso Nacional por ter

perdido uma eleição. O Brasil precisa de V.Exa., Deputado Albano Franco. V.Exa.

deve continuar perseguindo o desejo e a vontade de servir ao seu País, ao seu

Estado e a todos os brasileiros. Quero cumprimentá-lo e agradecer a oportunidade

de ter convivido tantos anos com V.Exa. Conheci seu pai nesta Casa, e depois

V.Exa. Posso testemunhar o exemplo que V.Exa. sempre deu. Exemplo de

dignidade, de comportamento, de respeito à coisa pública. Isso é fundamental para

que o Brasil possa resgatar a imagem do político brasileiro. Parabéns, Albano

Franco.

O SR. ALBANO FRANCO - Ouço o Deputado Arnaldo Jardim.

O Sr. Arnaldo Jardim - Muito obrigado, caro Deputado e amigo Albano

Franco. Aqui foi decantado o Parlamentar. E isso foi muito bem feito por todos que

aqui se pronunciaram. E o seu testemunho também foi muito eloquente. Aqui foi

também referenciado o homem do Executivo, o Governador. Aqui se falou do

capitão da indústria, ousado, empreendedor, que comandou a CNI durante muito

tempo. Eu quero falar do amigo Albano Franco. Uma das coisas mais prazerosas

que pude ter no meu primeiro mandato legislativo aqui, que se encerra também

neste período, foi conviver com V.Exa., Deputado Albano Franco. Lembro como se

fosse hoje o primeiro momento em que V.Exa. falou de sua mãe, D. Gina, ainda

lúcida e acompanhando sua trajetória. E V.Exa., quando se referia a ela, falava em

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voltar ao seio materno para renovar as energias. E quantas vezes o experiente, o

lidado em tantas coisas desafiadoras fazia com que isso viesse à tona de uma forma

muito relevante! Se fosse ressaltar o privilégio de ser seu amigo, quando muitas

vezes tive de lhe confidenciar dúvidas e pedir conselhos, falaria do espírito de

jovialidade que marcou sempre a sua trajetória, a disposição de buscar novos

caminhos, a disposição de se renovar, de se atualizar de forma permanente. Eu o

respeito, admiro e saúdo por isso. E tenho certeza de que V.Exa. tem muito ainda a

fazer por seu Sergipe, por nosso Parlamento e pelo País.

O SR. ALBANO FRANCO - Ouço o conterrâneo e amigo Deputado Otavio

Leite.

O Sr. Otavio Leite - Grande amigo e querido companheiro Senador,

Governador e Deputado Albano Franco, também fiz questão de me associar a esse

conjunto expressivo de colegas que aqui vêm trazer o reconhecimento ao seu

trabalho como homem público. A sua dedicação é plena desde os instantes nos

quais V.Exa. tratava dos interesses de Canindé de São Francisco, no interior de

Sergipe, até aqueles importantes instantes em que se discutiam políticas públicas

para o turismo brasileiro, quando eu tive o privilégio de ser presidido por V.Exa. na

qualidade de titular da Comissão de Turismo e Desporto desta Casa. Eu não tenho

dúvidas de que aqui todos nós, do fundo da nossa consciência, mas também com a

segurança que oferecem os nossos corações, trazemos de boa vontade e de forma

aberta o nosso testemunho, a nossa alegria de saber que V.Exa. prossegue firme,

trabalhando, dedicando-se aos grandes interesses nacionais. Aqui nesta Casa as

portas hão de estar sempre abertas, como as do nosso partido, ouvindo o seu

conhecimento, a sua sabedoria, a sua experiência. Portanto, eu quero trazer aqui

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também a minha reverência especial a este grande brasileiro, Sr. Presidente, que

aqui homenageamos neste instante, o nosso amigo Deputado Albano Franco. Que

Deus o ilumine, porque ainda há uma trajetória muito grande à sua frente, e nela

estará sempre ali, dedicando-se com disciplina, com organização, com plena

capacidade para oferecer ao Brasil uma contribuição da lavra, da estatura do seu

conhecimento. Um grande abraço. Estejamos sempre juntos.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Paes Landim.

O Sr. Paes Landim - Meu caro Senador Albano Franco, V.Exa., prezado

amigo, foi Governador de Sergipe, Senador, Deputado, Presidente da Confederação

Nacional da Indústria. A sua senhora foi Ministra de Estado, a D. Leonor Franco.

Mas o Albano Franco sempre foi o mesmo, em qualquer posição, em qualquer

cargo. Um homem simples, um homem modesto, um homem lúcido, mas sobretudo

um gentleman por natureza. Quem conheceu o seu pai — e eu tive o privilégio de

conhecer o velho Augusto Franco; aliás, a última vez que eu o vi foi no aniversário

de 15 anos de sua filha — sabe-o um homem que se fez por conta própria,

sacrificou-se, foi um grande empreendedor. Quem teve um pai como V.Exa. teve,

como Augusto Franco, ou da planície ou do planalto, sabe que, com a sua têmpera,

o seu caráter, a sua disposição de combate era a sempre a mesma. Um grande

abraço. V.Exa. prestou um grande serviço ao Brasil, meu caro Albano, e tenho

certeza de que continuará prestando, seja que lugar estiver ocupando.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Edinho Bez.

O Sr. Edinho Bez - Cada um dos presentes deveria ter 30 minutos, no

mínimo, para falar sobre o Deputado Albano Franco. Por isso serei breve.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Vou deixar V.Exa. falar. Até gostaria

que V.Exa. tivesse 1 ou 2 horas para falar, pelo mérito, inclusive, das palavras que

ouvi com relação ao nosso Deputado Albano Franco.

Eu hipoteco solidariedade total ao que está sendo dito a todo momento.

Porém, temos que continuar o nosso Expediente. Então, eu pediria a cada colega

que ainda vai se manifestar que o fizesse por um tempo um pouco menor.

Tudo aquilo que foi dito até agora é exatamente a expressão do homem, do

Deputado, do Senador, do pai de família, daquele que nos deu exemplo até agora.

Eu acho muito bom que isto aconteça: pessoas como o Deputado Albano Franco

ouvirem o que está sendo dito pelos colegas. Isso é uma grande alegria.

Eu tenho satisfação de estar presidindo a sessão e de estar ouvindo as

manifestações. Mas tenho que fazer essa interrupção e pedir a compreensão dos

colegas. Desculpe-me, Deputado Albano. V.Exa. merece tudo isso e muito mais.

Deputado Edinho Bez, a palavra está com V.Exa.

O Sr. Edinho Bez - Serei breve, Sr. Presidente. Vou reiterar que o ideal seria

que cada um tivesse, no mínimo, 30 minutos para contar um pedacinho da história

de Albano Franco. V.Exa. é uma pessoa querida, competente; é uma pessoa amiga.

V.Exa. não mede esforços para ajudar os companheiros amigos. Por isso, para

compensar a falta de tempo que eu tenho e os colegas também, fica registrado aqui

o meu compromisso: farei um pronunciamento, do Deputado Edinho Bez, para

enaltecer V.Exa. e, em especial, chamar a atenção desta Casa para a falta que

V.Exa. fará. Mas, com certeza, estará acompanhando e colaborando, e nós

estaremos de braços abertos, sempre à disposição do Albano Franco. Temos

orgulho de V.Exa. Muito obrigado.

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O SR. ALBANO FRANCO - Deputado e Vice-Governador eleito Rômulo

Gouveia.

O Sr. Rômulo Gouveia - Serei breve, Albano, para dizer que Deus tem sido

muito generoso comigo. Acompanhei de perto e de longe a sua trajetória. A Paraíba

é muito grata a Albano Franco: a sede da Federação das Indústrias, o centro de

couro e calçado, o cidadão paraibano que ainda tem o título a receber; mas eu

conheci o lado humanista, o lado amigo, o lado solidário. Todas as vezes que

qualquer companheiro desta Casa precisou do seu apoio, pôde contar com V.Exa. O

tempo é curto. Fica aqui o meu abraço, o meu carinho, a minha admiração e o

orgulho de ter V.Exa. como um dos grandes amigos. A Paraíba e o Brasil devem

muito a V.Exa.

A Sra. Jô Moraes - Deputado Albano Franco?

O SR. ALBANO FRANCO - Com a palavra a Deputada Jô Moraes.

A Sra. Jô Moraes - Nestes 30 segundos que me foram concedidos, quero

dizer a V.Exa. que o que mais me levou a admirá-lo foi a sua capacidade de

convivência democrática. Conheci V.Exa. quando o Prefeito de Aracaju, do meu

partido. Em solenidade oficial, agradeci a V.Exa. a contribuição que havia dado.

V.Exa., um grande empresário, um homem que tinha na sua história determinados

conflitos com meu partido, teve a grandeza de apoiá-lo, porque aquilo era bom para

o povo de Aracaju. E é exatamente por essa grande dimensão de V.Exa., da

convivência democrática, que eu quero cumprimentá-lo.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado José Carlos Aleluia.

O Sr. José Carlos Aleluia - Minha voz não está me favorecendo o discurso.

Por isso, não farei um discurso. Como vizinho de Sergipe, um Estado que considero

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irmão da Bahia, como seu amigo e admirador, quero lhe dizer aqui que vejo em

V.Exa. um grande conciliador, Parlamentar que vai fazer falta pela sua capacidade

de conciliação e pela sua fraternidade. O povo de Sergipe certamente vai precisar

muito de V.Exa. no futuro. Espero que marchemos juntos, sempre juntos, porque

V.Exa. é um daqueles de quem gosto de estar ao lado. Um abraço!

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Odair Cunha.

O Sr. Odair Cunha - Deputado Albano Franco, venho cumprimentá-lo pela

grandeza de pessoa humana que V.Exa. é. Eu o conheci nesta Casa, disputamos

temas importantes, e V.Exa. sempre agiu com muita fineza e uma gentileza ímpar.

Muito obrigado pelos momentos de convivência que tivemos nesta Casa. Tenho

certeza de que V.Exa. nos fará grande falta tanto pelas características políticas que

possui, como também pelas características pessoais e humanas.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado conterrâneo Eduardo Gomes.

O Sr. Eduardo Gomes - Governador Albano Franco, Senador Albano Franco,

Deputado Albano Franco e, acima de tudo, amigo Albano Franco. A nossa

homenagem na tarde de hoje é justiça ao povo de Sergipe e ao povo do Brasil, que

teve em V.Exa. um grande personagem de desenvolvimento do nosso País. Eu

tenho certeza absoluta de que viveremos grandes momentos juntos, afinal de contas

nem o Brasil nem Sergipe abrirão mão da sua competência, da sua amizade, da sua

honradez e da forma como V.Exa. ajudou todos os colegas nesta Casa. Fica a

gratidão de um sergipano, de um amigo e de um tocantinense que tem grande

admiração pelo homem público brasileiro Albano Franco.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Júlio Delgado.

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O Sr. Júlio Delgado - Deputado Albano Franco, eu só vim aqui dizer a V.Exa.

que estava conversando com os colegas sobre um termo mais correto que

traduzisse a atuação de V.Exa. como representante do setor produtivo,

posteriormente como Senador, Governador, Deputado: campeão. V.Exa. é um

campeão, sabe muito bem preservar os amigos, sabe defender interesses. V.Exa.

deixará saudade e não está se despedindo, sabemos disso, mas continuará entre

nós participando da vida pública do País. Está dando um descanso merecido do

mandato, mas continuará atuando e certamente voltará para representar o valoroso

povo sergipano. Eu tenho a honra de ter convivido com V.Exa., aprendido com

V.Exa. e, acima de tudo, de poder considerá-lo um grande representante e um

espelho para todos nós. V.Exa. é um verdadeiro campeão. Parabéns!

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Alberto Fraga, que honra Sergipe no

Congresso Nacional e em Brasília.

O Sr. Alberto Fraga - Muito obrigado, meu querido amigo. Eu, como seu

conterrâneo e um visitante naquele Estado que deve muito a V.Exa., quero pedir-lhe

que tenha um afastamento muito breve da vida pública. Nós políticos sofremos muito

com a execração pública, mas as pessoas sérias não podem se deixar abater — e

V.Exa. é uma dessas pessoas. A vida pública necessita de homens do quilate de

V.Exa. Portanto, além de parabenizá-lo, quero dizer-lhe que o Estado de Sergipe

muito lhe deve e muito precisa do seu retorno. Estaremos 4 anos afastados, mas

peço-lhe que não abandone a vida pública porque precisamos de políticos decentes,

como é o caso de V.Exa. Parabéns.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputada Angela Amin, com a palavra.

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A Sra. Angela Amin - Sr. Presidente, Deputado e Senador Albano Franco,

nós tivemos a oportunidade de conhecê-lo como Senador, Deputado e Presidente

da CNI, quando Santa Catarina viveu um dos momentos mais difíceis da sua

história. Na companhia do Presidente da Federação das Indústrias do nosso Estado

e saudoso amigo, o Dr. Bernardo Wolfgang Werner, o senhor conseguiu conduzir a

corrente de solidariedade de todo o Brasil e também internacional em favor de todos

os catarinenses. Eu também não poderia deixar de fazer este registro de gratidão da

gente catarinense e daquele nosso amigo, que nos deixou no ano passado. Quero

dizer que V.Exa. deixa, nesta Casa do Congresso Nacional, uma marca inigualável

no Brasil, de homem público, de trabalhador, de amigo e de quem entende, sem

dúvida, o que são a vida pública e a vida política. Neste momento, nós nos

despedimos juntos desta Casa, por isso gostaria de deixar-lhe o meu abraço, na

qualidade de catarinense e colega desta Casa, como também minha gratidão, minha

amizade e, sem dúvida alguma, minha solidariedade. Um abraço de gratidão.

O SR. ALBANO FRANCO - Deputado Félix Mendonça.

O Sr. Félix Mendonça - Aqui estamos, Deputado Albano Franco, para dizer

que a Bahia, o nosso Estado querido, e Sergipe formam um só corpo e uma só

alma. Sentimos que Sergipe tem sido sempre um esteio no desenvolvimento do

Nordeste, principalmente com a participação dos Francos. O seu pai, Augusto

Franco, foi uma figura excepcional na política de Sergipe e V.Exa. tem sido um

paradigma para o Parlamentar e para a civilização política do Nordeste: o daquele

que instrui os jovens e conduz a nossa política para servir ao Estado que

representamos e ao nosso povo. Não se pode falar na história de Sergipe de forma

alguma sem citar Augusto Franco e Albano Franco, este grande companheiro que se

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despede por enquanto, pois voltará sem dúvida, para continuar a serviço da política

do nosso Sergipe.

O SR. ALBANO FRANCO - Sr. Presidente, peço-lhe apenas mais 2 minutos.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado, vou conceder a V.Exa. 2

minutos para que possa concluir seu pronunciamento.

O SR. ALBANO FRANCO - Solicito a V.Exa. que seja transcrito o nosso

pronunciamento, pois todo ele não foi lido aqui.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Vou conceder a V.Exa. 2 minutos e

estou determinando que seja considerado lido o seu discurso na integralidade e que

dele se tire cópia.

O SR. ALBANO FRANCO - Não vou poder agradecer nem registrar

nominalmente os quinze colegas que tiveram oportunidade de me apartear, mas

quero realmente agradecer a todos de coração.

Lembro à Deputada Angela Amin o amor que o Dr. Esperidião tinha pelo

hospital, que nós, juntamente com o Bernardo Werner, sempre ajudamos.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, considero-me um homem feliz. Deus é muito

bom comigo, conforme já tinha dito, quando ouvi as palavras do Deputado e Ministro

Alceni Guerra. Muito obrigado, de coração, a todos os senhores.

Continuando, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, apresentei

proposições sobre os seguintes assuntos:

Proposta de Emenda à Constituição nº 150, de 2007, que assegura aos

Estados e Municípios compensação financeira pela exploração econômica de

recursos minerais radioativos e materiais nucleares para a geração de energia

elétrica; Projeto de Lei nº 6.900, de 2010, que desonera dos tributos federais todos

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os medicamentos diretamente utilizados no tratamento de diabetes e hipertensão

arterial e dá outras providências; Projeto de Lei nº 7.043, de 2010, que altera a Lei nº

8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da

Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração

Pública e dá outras providências; Projeto de Lei nº 7.225, de 2010, que dispõe sobre

a criação de Zona de Processamento de Exportação — ZPE no Município de

Itabaiana, no Estado de Sergipe; Projeto de Lei nº 7.226, de 2010, que proíbe a

importação de frutas cítricas para consumo in natura sem a devida certificação por

órgão de vigilância sanitária e dá outras providências; e Projeto de Lei nº 7.285, de

2010, que isenta do Imposto de Importação as lâmpadas fluorescentes (CFLs) e/ou

diodos (LEDs) e dá outras providências).

Tive a honra de ter sido indicado pela Liderança do PSDB e designado pela

Presidência da Câmara dos Deputados para, em missão oficial, representar esta

Casa nas Olimpíadas de Pequim em 2008; na 97ª Conferência da OIT em Genebra,

Suíça, no ano de 2008, e na 98ª Conferência da OIT, também em Genebra, na

Suíça, em 2009; na visita à Assembleia da República Portuguesa em Lisboa e à

Assembleia Nacional Francesa, em Paris, em 2010; no Fórum Parlamentar Ibero-

Americano em Buenos Aires, Argentina, em 2010, e na 65ª Assembleia Geral das

Nações Unidas em Nova Iorque, Estados Unidos.

Assim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, por dever, presto com esta

síntese a conta da minha modesta atuação no Parlamento brasileiro nestes últimos 4

anos, toda ela pautada com seriedade, ética e compromisso com os interesses do

Brasil, de Sergipe e do seu povo.

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Meu trabalho foi realizado graças ao apoio que tive da Comissão Diretora da

Casa, dos seus presidentes e membros, principalmente da atual Mesa e do atual

Presidente Michel Temer, a quem agradeço sensibilizado o tratamento cordial e a

atenção cavalheira, que sempre me distinguiu.

Aproveito para desejar a S.Exa. que continue sendo, na Vice-Presidência da

República, este político completo, competente, hábil, pacificador, prudente e acima

de tudo um incansável defensor do Brasil.

Ao meu Líder, Deputado João Almeida, deixo a certeza de que saio da

Câmara levando comigo uma admiração profunda por sua combatividade e pela

forma como conduziu a nossa bancada, tendo sucedido, nesta árdua missão, os

eminentes Deputados Antonio Carlos Pannunzio e José Aníbal.

Agradeço nesta oportunidade a todos os Deputados e Senadores desta

Legislatura, com quem me relacionei de forma respeitosa e extremamente cordial.

Aos incansáveis funcionários da Câmara dos Deputados, das atividades meio

e fim, ao Sr. Diretor-Geral, Dr. Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida; ao Sr.

Secretário- Geral da Mesa, Dr. Mozart Vianna de Paiva, ao Chefe de Gabinete da

Liderança do PSDB, Sr. Adriano de Aquino, e à Consultoria Legislativa da Casa,

pelo seu elevado valor intelectual e técnico; aos abnegados servidores do meu

gabinete, que fizeram de tudo para que eu cumprisse fielmente o mandato de

Deputado Federal que o povo de minha terra me conferiu, dirijo de coração o meu

muito obrigado.

Reafirmo, nesta hora, que o resultado do último pleito não vai modificar minha

história, impedir minha caminhada ou alterar meu compromisso de continuar

trabalhando pelo Brasil e pelo desenvolvimento de Sergipe com justiça social.

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Que Deus proteja a todos nós, aos eleitos e à Nação brasileira, hoje e

sempre.

Era o que eu tinha a dizer.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado Albano Franco, quero dizer a

V.Exa. que esta Presidência hipoteca solidariedade a tudo o que foi dito com

referência a V.Exa., extremamente merecido pelo trabalho que desenvolveu na vida

pública.

A Presidência determina que sejam extraídas cópias de todas as

manifestações aqui feitas e que sejam entregues a V.Exa., para que as leve para a

sua Sergipe e possa divulgar o respeito que esta Casa e os Deputados têm pelo

nobre Deputado.

Durante o discurso do Sr. Albano Franco, o Sr.

Ilderlei Cordeiro, § 2° do art. 18 do Regimento Int erno,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Marcelo Ortiz, 1º Suplente de Secretário.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra pela ordem à Sra.

Deputada Angela Amin.

A SRA. ANGELA AMIN (PP-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, gostaríamos de registrar, nesta nossa despedida, uma síntese do nosso

trabalho durante este período legislativo.

Trabalhamos com muito empenho, fazendo com que pudéssemos superar

nossas fraquezas e dificuldades. Com muita dedicação, procuramos representar o

povo catarinense e o povo brasileiro nas Comissões de Educação, Ciência e

Tecnologia e, em especial, de Desenvolvimento Urbano.

Deixamos aqui, Sr. Presidente, a síntese do nosso trabalho e nossa gratidão

aos colegas da Câmara dos Deputados, ao nosso partido e ao povo catarinense,

que nos deu a segunda oportunidade de aqui estarmos.

Retornamos ao nosso Estado, mais especificamente, à Universidade Federal

de Santa Catarina, onde, após as eleições, tivemos oportunidade de fazer a prova

para o curso de doutorado. Retornamos à universidade para nos aperfeiçoarmos em

Engenharia e Gestão do Conhecimento, especificamente em Gestão Pública, para

que, em uma nova oportunidade, possamos, com mais conhecimento, representar o

povo da nossa terra.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao encerrar meu mandato de

Deputada Federal, desejo fazer três registros singelos e sinceros.

Em primeiro lugar, quero agradecer a generosidade do povo catarinense, que

em 2006 me conferiu a confiança indispensável para aqui chegar pela segunda vez.

Ao encerrar este mandato, tenho a consciência de que superei limitações pessoais e

políticas para estar sempre ao lado das grandes e justas lutas do nosso Estado e da

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nossa gente, sem perder de vista os sonhos do nosso País. Nas questões

relacionadas a educação, ciência e tecnologia, saúde, infraestrutura, transporte

público e mobilidade urbana, além do atendimento a atingidos por catástrofes

climáticas, geração de oportunidades, cooperativismo, agricultura e outras, procurei

atuar com obstinação e transparência.

Contribuí para a valorização da bancada catarinense, através do nosso Fórum

Parlamentar, que tive a honra de coordenar neste período que se encerra. Na

condução dos trabalhos, busquei, junto com os demais Parlamentares, atender de

forma justa e igualitária às necessidades das mais diversas regiões do nosso

Estado.

Tive nesta Legislatura, em especial, a oportunidade de coordenar a avaliação

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, quando do seu décimo

aniversário de instituição, e aprovar o Projeto de Lei nº 3.971, de 2008, fruto desse

trabalho, que garante ensino superior a todos os profissionais da educação. Vale

dizer que tal projeto é de extrema importância para que alcancemos patamares de

excelência na educação de nossas crianças.

Pude também coordenar os trabalhos da Comissão Especial que apreciou o

Projeto de Lei nº 694, de 1995, do qual fui Relatora. Conquistamos com esse

trabalho uma grande vitória, pois, após 15 anos sem qualquer avanço nesta Casa

Legislativa, enfim aprovamos a política nacional de transporte público e mobilidade

urbana.

Merece destaque ainda outro importante projeto de minha autoria: o Projeto

de Lei nº 3.062, de 2008, que propõe isentar do pagamento do pedágio os

proprietários de veículos que morem ou trabalhem no Município onde se localiza a

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respectiva praça. Ora, é inconcebível que o morador do Município tenha que arcar

com o ônus do pedágio toda vez que se deslocar para desempenhar suas tarefas

corriqueiras.

Tive ainda a honra de conduzir os trabalhos da Comissão de

Desenvolvimento Urbano em 2008. Como Presidente de tão importante Comissão

temática, desempenhei minhas atribuições de forma a serem analisados, votados e

aprovados 20 projetos de lei que versavam sobre as mais diversas áreas abrangidas

pela Comissão, como, por exemplo, mobilidade, habitação e desenvolvimento

urbano.

Não poderia deixar de agradecer a todos os que colaboraram para o bom

desempenho deste mandato. Agradeço não apenas à minha família, aos servidores

do meu gabinete e aos integrantes da imprensa, mas a todos que, através de

sugestões, propostas, críticas contribuíram para aprimorar conceitos e ações.

Finalmente, quero reiterar minha fé e meu compromisso com a política, com a

República e com a democracia. Aprendi e acredito que “a tirania depende do poder

que tenha e do medo que inspire para sobreviver; a monarquia depende da honra do

rei; a democracia republicana depende das virtudes cívicas e morais”.

Vou me dedicar a estudar, já que me submeti a provas e fui admitida para

participar do doutorado em EGC (Engenharia e Gestão do Conhecimento) da nossa

cinquentenária Universidade Federal de Santa Catarina — UFSC. Vou procurar,

enfim, preparar-me ainda mais para ser útil ao aperfeiçoamento da gestão pública.

Creio que este será um bom caminho para melhorar minha capacidade de

servir e dar energia e atualidade aos meus ideais e meus sonhos.

Feliz Natal e venturoso 2011 a todos!

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Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputada Angela Amin, V.Exa. receba

desta Casa todo o reconhecimento pelo trabalho que prestou a ela e ao povo

brasileiro.

Eu posso afirmar, pelo tempo em que estive aqui com V.Exa. — pois conheço

V.Exa. e conheço a sua forma de administrar —, com todo o respeito ao povo

catarinense e ao Governador eleito, que Santa Catarina perdeu muito e perdeu

duplamente, pois V.Exa. deixa de ser Deputada e não será a Governadora daquele

Estado.

Santa Catarina perde muito. É lógico que isso não significa nada em contrário

à eleição que ocorreu em Santa Catarina, mas, como eu a conheço, não poderia

deixar de dizer que, se V.Exa. tivesse tempo suficiente para se manifestar, da forma

como teve o Deputado Albano Franco, esta Casa estaria repleta de Parlamentares a

lhe dizer “Muito obrigado!” pelo que V.Exa. fez não só para Santa Catarina, mas

para o Brasil.

A Presidência determina que se consigne este fato.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Ilderlei Cordeiro.

O SR. ILDERLEI CORDEIRO (PPS-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, primeiramente, quero

agradecer a Deus por ter me dado este dia maravilhoso e a oportunidade de estar

aqui, como Deputado Federal, e hoje fazer meu último discurso deste mandato. Para

mim, isso é uma honra.

Muitas matérias defendi, Sr. Presidente, como as 30 horas de jornada

semanal e o aumento salarial para os enfermeiros, as Propostas de Emenda à

Constituição nºs 300 e 308 e a PEC dos agentes comunitários de saúde. Além disso,

houve 14 projetos de minha autoria. Apresentei ainda vários requerimentos — 62 no

total —, nos quais pedi coisas realmente importantes para nosso Estado e nosso

País. Fiz 215 pronunciamentos e relatei 22 projetos nesta Casa.

Tudo isso, fora os recursos que destinei ao meu e a outros Estados, para

ajudar a engrandecê-los cada vez mais. É o caso dos recursos destinados à compra

de caminhões, barcos e tratores; à inclusão digital; à construção de quadras de

esportes e de postos do INSS; à reforma da Santa Casa da minha cidade, Cruzeiro

do Sul; à recuperação de ruas; à implantação de redes de água não só dentro da

cidade, como também em outras cidades do interior; à construção do centro de

multiuso; ao Projeto Cidadão; à construção do estádio de futebol na minha cidade,

de Marechal Taumaturgo e de Porto Walter; à compra de medicamentos e de

implementos hospitalares; à realização de eventos culturais; à Universidade Federal

do Acre; à reforma de escolas; à construção da estrada para o Pacífico, pela qual

também lutei muito; à construção de pontes sobre o Rio Branco; à BR-364; à

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construção de hospital, presídio e posto de saúde em Brasileia; à Defensoria Pública

e ao Ministério Público; à Câmara Municipal de Rio Branco.

Enfim, Sr. Presidente, muitas coisas fiz, como vários colegas daqui também

fizeram, lutaram, trabalharam. Mas, meu irmão, não adianta tanto lutarmos, se não

tivermos algo importante na nossa vida, de que o povo brasileiro também precisa.

Algumas pessoas reconhecem, algumas pessoas já viram, algumas estão

acreditando, vendo e reconhecendo o que é fundamental. Nós estamos trabalhando,

lutando. Na época de campanha, não há dia nem hora para trabalhar, assim como

acontece no decorrer do mandato. Às vezes, deixamos de estar um pouco em casa,

com a família, com amigos, mas não adianta lutarmos tanto, porque, ainda assim,

muitos criticam a nossa atuação. Muitos dos nossos irmãos brasileiros olham para

os políticos do Brasil e só os criticam.

Mas quero dizer para o povo brasileiro que eu me sinto honrado por ser

Deputado Federal. Eu me sinto honrado pelos 4 anos de mandato que estou

finalizando, porque fiz tudo o que pude para ter o reconhecimento das pessoas que

votaram em mim e também das que não votaram.

Quero dizer, de coração, que não adianta só criticar os políticos do Brasil.

Vamos também enfrentar o desafio, vamos nos colocar à disposição para concorrer

a eleições, porque o Brasil só vai mudar, primeiro, com Deus no coração — está

bem claro, meu irmão, em João 17:3: “Conheceis o nosso Senhor, nosso Deus,

como único verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem enviaste”. Se não tivermos Deus no

coração, meu irmão, não vamos poder fazer o Brasil e o mundo diferentes —, e,

depois, se você decidir também ser candidato. Pode começar se candidatando a

presidente da associação dos moradores do seu bairro ou a Vereador ou mesmo a

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Presidente da República, como fez a nossa Presidenta Dilma, que nunca exerceu

nenhum mandato, mas apresentou seu nome para disputar a Presidência da

República e vai fazer, se Deus quiser, um bom governo, porque o povo brasileiro a

escolheu.

Mas, meu irmão, não adianta, como eu disse, ter tudo isso. Está bem claro na

Bíblia, em I Coríntios 13, versículos 1-8:

“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos

anjos, se não tivesse amor, seria como bronze que soa ou

como címbalo que retine. Ainda que eu tivesse o dom de

profetizar e de conhecer todos os mistérios e toda a

ciência, e ainda que tivesse toda a fé a ponto de

transportar montes, se não tivesse amor, nada seria; e

ainda que eu distribuísse todos os meus bens entre os

pobres e ainda que eu entregasse o meu próprio corpo

para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me

aproveitaria. O amor é paciente, é benigno, o amor não

arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não

se conduz inconvenientemente, não procura seus

interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não

se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor

jamais acaba.”

Meus irmãos, temos que confiar, porque, se não buscarmos Deus para

habitar nosso coração, nosso Brasil vai precisar muito de nós.

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Quero agradecer, Sr. Presidente, a todos aqueles que votaram em mim e

também aos que não votaram, porque pude fazer tudo o que foi preciso. Agradeço a

vários amigos: Joel, Neli; Dona Teresinha e seus filhos; Osmiro e família; José

Maria, Railda e seus familiares, como a Naide; Nasser e toda a sua família; Omar;

Nivaldo; Paulinho e família; Dadá e família; Loro e família; Jardson e toda a sua

família, incluindo seus pais; Caboco e sua família; Nilton; Marceli; Tarsito; Liziane e

seus familiares...

O SR. GLADSON CAMELI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Um minuto. Há um Deputado falando.

Um minuto. V.Exas. me desculpem, mas não posso permitir que interrompam o

orador que está na tribuna!

Vou pedir a V.Exa., Deputado Ilderlei Cordeiro, que conclua, porque, se for

citar todos os que votaram em V.Exa., que foi bem votado, nós vamos sair daqui

amanhã cedo. Eu entendo a sua posição. V.Exa. está deixando a Casa, onde fez um

trabalho maravilhoso. Porém, vamos ter um problema muito grave com os outros

Deputados se eu não cumprir o Regimento. Mas merece V.Exa. todo o meu aplauso

e o reconhecimento pelo trabalho que desenvolveu.

O SR. ILDERLEI CORDEIRO - Sr. Presidente, como eu disse, foram muitos

os amigos que me ajudaram.

Todos os que atrapalharam a minha vida, tanto política quanto pessoal, bem

como os que atrapalharam a minha família, eu já perdoei. Eu já os perdoei,

independentemente de quem sejam, porque mais sábio é o homem que perdoa

aqueles que tentam prejudicar a sua vida, tanto familiar quanto pública.

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Agradeço aos meus familiares, em especial ao meu avô, que está aqui; aos

meus tios, que foram importantes na minha vida, na minha campanha. Agradeço a

meu pai, que foi Deputado Federal e, se estivesse vivo, com certeza estaria aqui,

cumprindo outros mandatos. Se estivesse vivo, ontem teria completado 65 anos. Ele

honrou esta Casa como Deputado Federal. Para mim, é uma honra ter o meu pai, a

minha mãe e os meus irmãos.

Quero fazer um agradecimento especial à minha sogra, ao meu sogro e a

todos os familiares da minha esposa, e outro, ainda mais especial, à minha esposa,

porque, depois que tomamos a importante decisão de nos casar, ficou bem claro:

“Eis porque deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se unirá a sua mulher, e se

tornarão os dois uma só carne”. Tive o prazer de conhecer a minha esposa, uma

pessoa maravilhosa, a quem não tive oportunidade de dar o devido valor enquanto

estive na vida pública. (O orador se emociona.) Mas agora sei. Depois que conheci

Jesus, comecei a valorizar em primeiro lugar Deus, e em segundo, minha família.

Depois que saímos da casa do pai e da mãe, a nossa próxima família é a

formada com esposa e os filhos. Meu filho está aqui hoje, o que para mim é uma

honra também. Muito obrigado.

V.Exas. podem ter certeza de que não me arrependo nem por um minuto da

decisão que tomei de conhecer primeiro Jesus e reconhecer que minha esposa e

meu filho tanto ficaram me esperando em casa, sabendo que tinham um pai e um

marido para tomar conta da casa e ser o esteio da família. Agradeço a eles por isso.

Agradeço também a todos os colegas. Tive 264 votos na eleição para a Mesa.

Não consegui ser eleito, mas consegui ter uma votação em que poucos acreditaram.

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Mas agradeço de coração a V.Exas. Sinto-me honrado por cada voto que me deram

e pelas amizades que construí nesta Casa.

Um grande abraço a Deus e a V.Exas. (Palmas.)

O SR. ARNALDO JARDIM - Sr. Presidente, peço a palavra pela Liderança do

PPS.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Já vou dar a palavra a V.Exa.

Deputado Ilderlei Cordeiro, isso é assim mesmo. Poucos reconhecem o

mérito dos outros. Mas tenha certeza absoluta de que, pelo trabalho que V.Exa.

desenvolveu aqui e vai desenvolver novamente, vai voltar para esta Casa.

V.Exa. é jovem. Estou com 76 anos de idade e também não fui reeleito, mas

podem me esperar, porque disputarei as próximas eleições. (Risos.)

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO - De novo!?

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - De novo! E, vejam, posso não

encontrar muitos de V.Exas. Já “levei muita gente de pé para a frente para a rua do

parque” — esta é uma expressão da minha cidade, porque a porta do cemitério fica

no final da rua, e lá havia um parque. Então, quando alguém diz que vai “levar de pé

para a frente para a rua do parque” é porque o cidadão foi para o outro mundo.

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO - Que Deus o abençoe!

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Amém! Que Deus abençoe V.Exa.

também.

O SR. ILDERLEI CORDEIRO - Sr. Presidente, concluindo meu

pronunciamento, quero agradecer a todos os servos do Senhor neste Brasil que

meditam, seguem e levam a palavra do Senhor. Alguns irmãos, pastores, bispos,

apóstolos e missionários, como Giles, Jair, Adonias, Rômulo, Marcelo, João e outros

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da minha congregação. Irmão Angelo, Carlos, José, da Igreja Assembleia de Deus;

Irmã Auxiliadora e Vanderlei, da Igreja Deus e Amor; irmão Carlos e sua esposa,

Gilson e Rogéria, da Igreja Batista Peniel; irmão Marinho, da primeira Igreja Batista;

irmão José, da Casa da Benção, irmão Carlos, de Plácido de Castro, irmão Arnaldo

Barros, irmãos Carlos e Ageu, da Igreja Batista da Fé, irmão que Deus está usando

muito, o ex-famoso “fanta lá da lagoa”. Irmão Adriano, da sede da Universal de

Brasília; irmãos Marcio e Melo, da congregação Cristã do Brasil; irmão Mariano, da

Igreja Batista do Bosque.

Quero agradecer a todos de Cruzeiro do Sul, professores e colegas de sala

de aula dos colégios onde estudei; todos os colegas Deputados e Senadores.

Parabéns aos colegas que voltaram reeleitos. Cumprimento também aqueles

que não conseguiram, pois só em colocarem seus nomes para a disputa são

vitoriosos.

Agradeço ao colega Alírio Neto, Deputado Distrital; aos colaboradores

Vaterlucio e Genésia Campelo e familiares; Francisco Azevedo e familiares; Mariano

Maciel e Samuel, Wilson Nascimento, Fernando e Eliza Stambassi e familiares.

Amigos de Brasília, Marlon e Flávia e familiares, Júnior e familiares, o

Geovane, o Leão, a Tininha, o Francisco Tocantins, o Felipão e familiares.

Aos familiares dos amigos que faleceram, Ziady, Nicoleu, Ramid, Antão,

Cláudio Nobre, Maurício nobre, Agê, Capitão Mário, Braz Correia, Braz da Beth, Sr.

Assen e esposa, Edmilson Cabeçote, minha avó Chiquinha, bisavó Joaninha e tio

Cordeiro.

Todos os que votaram e aqueles que também não votaram mais

reconheceram tudo o que fiz e estou fazendo pelo nosso Acre e nosso País e

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algumas pessoas que fazem ou fizeram parte da minha vida: Deus e Jesus Cristo,

Joel a Neli e seus filhos, dona Terezinha e filhos, Osmiro e família, Ze Maria a Railda

e familiares como a Naide, Nasser e família, Omar e família ,Nivaldo e família,

Paulinho e família, Dadai e família, Loro e família, Jardson e família, pai e mãe,

Caboco e família, Nilton e família, Marcelli e família, Tarcito a Liziane e familiares,

Andriola e família, Manoel, o Jairo e família, Manoel Albano e família, Muniz e

família, Cirlei, Wanda, Fernanda, Nete, Clemilda, Graça e familiares, Didi, Claudio

Magaiver, Erik, Emilio, Rondson, Beto Sat, Getulinho e família, Sr Luis Carlos e

família, Iara e família, Aruza e família, Dimi e família, Fana e família, Sr. Mario

Candido o Alisson e família, Alfredo e família, Armedio e família, Guadalupe e

família, Manu, Assen, Tião, Sandrinho, Ercinho e familiares, Normando Negreiros e

sua nova esposa e familiares, Arnisio Correia e familiares, Sebastião, Mario, Neto

Correia e familiares, Francisco Monteiro e familiares, Junior do Epitacio e familiares,

meu padrinho Ademir Messias e familiares, Sr. Dedé, o Zinho e familiares, toda a

família Babary, família Sarah, família Melo, Plinio Bandeira e familiares, Paulo, o

Dadau, o Rai, a Ana, o Marcos e familiares, Marcos Soares e familiares, Cleilson, o

Neto do mercantil, o Almir e família, Wially e família, Adamar e familiares. Frederico

Felipe ajudou também, e saiba que já te perdoei, maromba, o Jorginho, o Italo, o

Deiner, Dj Wagner e seus familiares, Heitor Pereira e familiares, Birico e família,

todos os candidatos a estaduais que me ajudaram, Uchoa da gráfica, Machado do

posto e família, Queroga e família, Dr. Matoni, a Dra. Joana e familiares, todos os

amigos que estavam na frente de cada Município me ajudando, D. Nonata o Sr.

Dourado e familiares, Dorian, o Bubu, o Faca, o Pepe, o Bebe e seus familiares,

Renilson e familiares, Junior da Paris Dakar e família, Ivan de Porto Acre e o Ivan de

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Acrelândia, Rivelino de Santa Rosa do Purus, Ze Elias, de Xapuri, Nandi e o Landi,

de Thaumaturgo, Ado e o Airton, de Porto Walter, Junior, o Zete, o Mite, de Mâncio

Lima, Sr. Waldir, D. Jandira e familiares, Cecilia, Tiberio, Geovana e seus familiares,

meu avô Silverio, Maria e seus filhos, a Janaina, meu avô Theonidas e minha avó

Guiomar, meu tio Altevir, Lacy e filhos, tia Graciete o Teo e filhos, tia Geneilda,

Claudio e Claudinho, Claudinha e Jesus Cauan, tia Geni e filhos, tio João, Rosana e

filhos, tia Salete, Mazinho e filhos, tio Ademarzio, Rute e filhos, tio Amarildo e filhos,

tia Maria José, Verica e filhos, tio Venirzio, Angela e filhos, tia Magarete, Jonilson e

filhos, tio Jandres e filhos, tia Gadie, tia Elinete, Jonas e filhos, tio Telmar, Taiana e

filho, tio Rudilei, Camila e Guilherme, tio Felix, Graçinha e filhos, grande Vereador,

tio Leo, Maria e familiares, tio Leoson e familiares, tio Nelson e familiares, tio Batista

e familiares, tio Ademir e familiares, tio Agenor e familiares, tio Nego e familiares, tia

Iris e familiares, tia Marlis e familiares, tia Laci e familiares, tia Eunice e familiares, tia

Nercilia e familiares, Robson do tio Leo, primo Leonirsio, tia Francisca, Toinho e

familiares, tio Pami e familiares, tia Madalena e familiares, e tia Nazaré e familiares.

Meus irmãos Ildelcleide e o meu sobrinho Marcelo; Ildemar, Ciele e meus

sobrinhos Junior, Del, Reliane, Luana, Ilmara, e os meus sobrinhos Tiago e Artur,

Ildemara e Herven, e meus sobrinhos Natalia e o sempre Henrique, Irlândio, Elionete

e meus sobrinhos Ildson, Igor, Iagor e Amanda, Irlândia e José Ribamar, e meus

sobrinhos Amanda, Ricardo, Ildefonço Filho e Michele, e meus sobrinhos Ian e Iasyf.

Meu cunhado Junior e minhas sobrinhas Jesica e Julia, minha cunhada Cintia,

serva do senhor, meu querido sogro Joaquim Guerra Terças, o “juquinha”, muito

obrigado; minha eterna sogra Maria de Jesus Gonçalves Terças, a” Graçinha”,

sempre mãe, não quer nunca o mal para os seus filhos. A senhora está nos

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ajudando muito, mas entregue tudo na mão de Deus, em especial a sua vida, pois

tudo será glorificado em seu devido tempo. Amo vocês.

A minha maravilhosa esposa que Deus me deu, Janaína Verbena Terças

Rodrigues. Em Efésio 5:31, está dito: “Eis por que deixara o homem o seu pai e a

sua mãe e se unira a sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne”. E meu amor,

o que nasce é o que se planta. Então, não esqueça o que Deus tem para nós. Eu te

amo por tudo o que você fez, por ter paciência, por cuidar do que é nosso. Está em

João 16:20 e 21: “Em verdade, em verdade, eu vos digo que chorareis e vos

lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se

converterá em alegria.” A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a

sua é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo

prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem. Então, meu amor, obrigado

pelo Iury Terças Rodrigues, pois ele é muito especial para nós, e em nome de Jesus

logo teremos mais outros para glorificar a nossa família e para a glória do nosso

Senhor Jesus Cristo.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - V.Exa. pediu a palavra pela liderança?

O SR. ARNALDO JARDIM - Sim.

O SR. GLADSON CAMELI - Em seguida, o Deputado Gladson Cameli.

O SR. ARNALDO JARDIM (PPS-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Deputado Marcelo Ortiz, querido amigo de todos nós, quero dizer da

satisfação, orgulho mesmo, do PPS por termos convivido com o Deputado Ilderlei

Cordeiro, jovem lutador, batalhador.

O Ilderlei sempre se distinguiu nesta Casa por ser de relacionamento fácil e

amplo. E sempre se distinguiu na bancada por ser dos mais dedicados, que sempre

propunha novos desafios.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado, um momento, por gentileza.

Estou sendo informado de que V.Exa. não é Líder. E se V.Exa. não é Líder, com

todo o respeito, não pode pedir a palavra pela Liderança. Eu tenho aqui uma lista de

pessoas para falar.

V.Exa. é Líder? (Pausa.) Estou perguntando: V.Exa. é o Líder do partido?

O SR. ARNALDO JARDIM - Eu fui até a mesa e falei com o Deputado

Marcelo Ortiz, pedi que logo depois do Deputado Ilderlei Cordeiro eu pudesse, em

nome da Liderança, fazer um agradecimento relativo à trajetória do Deputado.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Sim. Eu disse a V.Exa. que lhe daria 1

minuto.

O SR. ARNALDO JARDIM - Isso.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Mas, como V.Exa. disse que queria

falar como Líder, eu fui avisado pela Mesa.

Eu vou dar, então, 1 minuto para V.Exa. falar.

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O SR. ARNALDO JARDIM - Muito obrigado, Sr. Presidente.

A palavra é clara para agradecer muito a V.Exa., Deputado Ilderlei, por este

período de convivência que tivemos aqui. Tenho certeza de que o Acre tem em

V.Exa. a melhor tradição da boa política daquele glorioso Estado, porque sabemos

que a sua trajetória política só se iniciou e terá sequência, não tenho dúvida disso,

de maneira reorganizada, fundamentada.

V.Exa. teve a delicadeza de, com esses princípios, agora reafirmar novas

convicções a todos nós — uma verdadeira reorientação de vida. V.Exa. deu o seu

testemunho, que comove a todos nós, com o mesmo afinco com que pensou na

integração da região amazônica, na mineração nas regiões indígenas, no

desenvolvimento de matérias de infraestrutura, com que diligenciou no setor de

saúde e de infraestrutura para o seu Estado.

V.Exa. foi capaz de, muitas vezes, remar contra a corrente, enfrentar as

diversidades e está muito temperado. E nós temos a certeza de que V.Exa.,

brevemente, terá no seu Estado novas responsabilidades e estará de volta ao

Congresso Nacional, mantendo a boa tradição política que sempre honrou.

Breve retorno, querido Ilderlei Cordeiro.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o que começou em um discurso

descontraído do atual Presidente e da futura ocupante do cargo, em sua primeira

entrevista coletiva à imprensa, tomou contornos de realidade com o apoio explícito

de 13 Governadores eleitos para a recriação da CPMF. Espertos, o presente e o

futuro do Executivo Federal esquivaram-se do ônus de bancar mais esse “engodo

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arrecadatório” no Congresso Nacional, deixando clara a disparidade entre o que é

de interesse do Planalto — aumentar a arrecadação — e o de que realmente a

Nação precisa: uma verdadeira reforma tributária.

O roteiro da sequência desse filme B não preza pelo ineditismo, é o mesmo

utilizado há 3 anos, quando a CPMF foi extinta no Congresso Nacional. Por trás de

um motivo dito “nobre”, de aumentar os investimentos na área da saúde, reside a

sanha arrecadatória de um Governo que se acostumou com a gastança

desenfreada, o constante desequilíbrio das contas públicas e a falta de vontade

política para debater a fundo a redução de uma das maiores cargas tributárias do

planeta.

Volto a afirmar agora: o Governo não perdeu 1 centavo de receita com o fim

da CPMF.

Pelo contrário, ao aumentar a cobrança de outros impostos, como o IOF, a

carga tributária da União aumentou de 23,9% do PIB (Produto Interno Bruto), em

2007, para 24,1% do PIB em 2008. No ano passado, caiu para 23,4% do PIB, em

virtude da crise global e das desonerações pontuais concedidas a alguns setores da

economia.

Todavia, este ano voltou a subir. A carga total, com impostos dos Estados e

Municípios, subiu de 33,9% do PIB, em 2007, para 34,4% do PIB em 2008, e,

apesar do recuo no ano passado, o percentual deve fechar 2010 nos mesmos

patamares de 2008.

O Projeto de Lei Complementar 306, que regulamenta a Emenda

Constitucional 29, está pronto para ser votado pela Câmara dos Deputados. Ele

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define os percentuais que os três entes da Federação devem aplicar em saúde —

União, 10% da receita corrente; Estados, 12% da arrecadação; e Municípios, 15%.

No mesmo texto está previsto a volta do imposto do cheque, agora com o

nome de Contribuição Social sobre a Saúde. A CSS teria alíquota de 0,10% sobre

toda a movimentação financeira, e a previsão de receita é de mais de R$ 15 bilhões

ao ano.

Desde a aprovação da Emenda 29, em 2000, os gastos do Governo Federal

com a saúde passaram a ser corrigidos pela variação nominal do PIB. Isso elevou o

orçamento da área de R$ 22,7 bilhões, em 2000, para R$ 69,9 bilhões em 2009,

com crescimento real de 54,6% (deflacionado pelo IPCA).

O problema é que esse recurso não é repassado integralmente para Estados

e Municípios. Segundo investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), entre

2007 e 2008, o Tesouro Nacional subtraiu quase R$ 1 bilhão do mínimo que devia

alocar para o orçamento da saúde.

Enquanto isso, as Prefeituras têm empenhado mais de 15% das receitas e o

mesmo acontece em muitos Estados. Nesse sentido, a pressão dos Governadores e

Prefeitos, apesar de legítima, diante da sua responsabilidade em melhorar o

atendimento à população, não encontra respaldo do ponto de vista de receitas.

Podemos discutir, no âmbito da Câmara dos Deputados, outras maneiras de

custear os investimentos necessários, principalmente quanto à obrigatoriedade dos

repasses federais para o setor da saúde, mas passar o chapéu para a população

pagar a conta é ser cúmplice de um governo perdulário.

A sociedade precisa reeditar a mobilização bem sucedida da opinião pública

que reuniu mais de 1 milhão de assinaturas pelo fim da CPMF em 2007. Já existe,

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inclusive, um site, http://www.xocpmf.com.br, com links para outras redes sociais,

onde todos podem se organizar e expressar o seu repúdio. Vamos dar um basta na

farra com os nossos impostos.

Ressuscitar a CPMF é apenas um atalho mais fácil para continuar

aumentando as receitas, mesmo cientes de que o País está exaurido de tantos

impostos que oneram a produção, minam a competitividade dos nossos produtos e

sentenciam o brasileiro a trabalhar 5 meses do ano apenas para pagar impostos.

Passo a outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Em verso e

prosa, nossas belezas naturais são cantadas mundo afora, revelando um potencial

turístico formidável, mas ainda pouco aproveitado pela maioria dos brasileiros.

Apesar do recente incremento nos embarques domésticos, impulsionado pela

concorrência entre empresas aéreas e rodoviárias, pelo aumento do número de

agências especializadas e pelo chamado turismo de negócios, ainda sofremos com

infraestrutura aeroportuária precária, concentração de destinos, falta de

investimentos e de mão de obra qualificada para atender a crescente demanda.

Essa preocupação só aumenta à medida que nos aproximamos da realização

de dois grandes eventos esportivos, a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016.

No sentido de nos prepararmos para organizar com competência o principal

evento esportivo do mundo e receber os visitantes com qualidade, foi elaborado

pelas principais entidades e lideranças do setor o documento referencial Turismo no

Brasil 2011-2014. Nele, constam os principais desafios que a iniciativa pública e a

privada terão para preparar o turismo brasileiro para a Copa do Mundo de 2014.

O estudo aponta para a consolidação do turismo como produto de consumo

do brasileiro. Estima que os desembarques domésticos saltem dos 56 milhões,

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registrados em 2009, para 73 milhões em 2014. Projeta também a geração de 2

milhões de empregos formais e informais de 2010 a 2014. A entrada de divisas

internacionais deverá crescer 55% no mesmo período, subindo de R$ 6,3 bilhões

para R$ 8,9 bilhões no ano de realização da Copa no Brasil.

A elaboração do documento foi coordenada por um comitê gestor, formado

por representantes do Ministério do Turismo (MTUR), da EMBRATUR, do Conselho

Nacional de Turismo e do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de

Turismo (FORNATUR). O trabalho contou com apoio de consultores da Fundação

Getulio Vargas (FGV) e utilizou indicadores do IBGE, do Banco Central, do

Ministério do Trabalho e Emprego e da INFRAERO, entre outros. O documento foi,

posteriormente, encaminhado a todos os candidatos à Presidência da República.

Entretanto, não basta estimular a demanda internacional e doméstica, sem

antes zelar por um crescimento sustentável, respeitando-se as raízes culturais

brasileiras e o seu patrimônio histórico e artístico, no sentido de tornar a atividade

turística em um grande vetor de crescimento econômico e social, gerador de

emprego e renda para a população.

Afinal, uma política publica bem sucedida na área de turismo pressupõe

atitudes e ações de intersetorialidade, de ação obrigatoriamente conjunta e

integrada do próprio Governo e do setor privado.

Junto com a CNTUR (Confederação Nacional do Turismo), na qual destaco a

liderança do seu Presidente, Nelson de Abreu Pinto, tenho me empenhado na busca

por linhas de financiamento específicas para a capacitação da mão de obra; garantia

de acesso das diferentes classes sociais; estímulo à sinergia entre hotéis,

restaurantes e meios de transporte; desenvolvimento de novos destinos sob o foco

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socioambiental. Todas estas são premissas para que o turismo se torne, finalmente,

uma das principais atividades econômicas do País.

Mais um assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. A queda do

superavit da balança comercial é um sintoma de que algo não vai bem na economia

nacional, podendo colocar em risco o legado de estabilidade deixado pelo Plano

Real e, pior, comprometer o setor industrial. Resultado dessa equação perversa:

desemprego, aumento da dependência do capital estrangeiro, comprometimento dos

investimentos prioritários, surtos inflacionários, alta variação cambial, só para citar

alguns. Trata-se de um suicídio anunciado, pois, uma vez estabelecido o processo

de desindustrialização, este não pode ser facilmente revertido.

Digo isso analisando o ritmo de expansão do PIB desde 2007, que traz

evidências de que esse processo já começou, tais como: menor participação no PIB

(Produto Interno Bruto), baixa inovação tecnológica, mau desempenho nas

exportações (muito abaixo dos outros países emergentes) e perda do mercado

interno para produtos importados.

Alguns, mais afoitos, podem argumentar que o incremento das importações

pode contribuir para conter surtos inflacionários resultantes do aumento da demanda

interna, além de estimular a concorrência e a produtividade nacional. Entretanto, é

bom lembrarmos que o nosso setor industrial não compete em pé de igualdade com

as empresas estrangeiras, diante da alta carga tributária (34,7% do PIB), dos

gargalos em transporte e logística, da excessiva burocracia estatal, da precariedade

da educação que tanto compromete a qualificação da mão de obra, da valorização

excessiva do real frente às moedas estrangeiras e da falta de investimentos em

inovação tecnológica, entre outras mazelas.

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Apesar da perspectiva de crescimento do PIB nacional da ordem de 7% este

ano, sabemos que esse ritmo não se sustenta. Compromisso tem quem não pensa

apenas em festejar, mas quem tem cuidado em zelar pelo futuro. Afinal, preferimos

as formigas às cigarras. Estimativas apontam para um recuo de 4,5% nos próximos

anos.

Para quem não confia em estimativas, basta observar os dados oficiais, entre

1995 e 2009, em que o crescimento médio do País ficou em 2,9%. Nossa

participação relativa na produção mundial caiu de 3,1% em 1995 para 2,9% em

2009. A China saltou de 5,7% para 12,5%, enquanto a Índia foi de 3,2% para 5,1%.

Há tempos, venho defendendo a necessidade de repensarmos o atual modelo

econômico, que não atende mais a necessidade premente de crescermos de

maneira sustentável e duradoura. Trocando em miúdos, ele está baseado no tripé:

câmbio flutuante-superavit primário-metas de inflação. Trata-se de um modelo

estritamente monetarista, que se utiliza de altas taxas de juros para segurar a

demanda interna e se escora na sanha arrecadatória e no baixo investimento para

gerar superavit primário, o que sepulta qualquer chance de um crescimento

econômico mais vigoroso.

Precisamos de um projeto nacional de desenvolvimento com ênfase na

educação, capaz de tornar o Estado mais eficiente, avançar na geração de bens de

maior valor agregado e estimular a poupança interna e o investimento; um projeto

que, independentemente das administrações e colorações partidárias, seja capaz de

nos preparar para os desafios que virão com a exploração do pré-sal, a realização

da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016 e deixe um legado de espírito público para as

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futuras gerações, fazendo com que o “gigante adormecido” chamado Brasil se

levante e ocupe um lugar de destaque na economia global.

Mais um assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. O Brasil parou em

frente à TV para assistir à ação policial-militar de invasão do Complexo do Alemão e

da Vila Cruzeiro. Diferentemente de outras incursões que pouco ou nada alteraram a

relação de tolerância, conivência e cumplicidade existente entre os agentes públicos

e a marginalidade, desta vez as forças de segurança demonstraram planejamento,

inteligência, integração e cuidado para evitar mortes de inocentes, o que possibilitou

o apoio dos moradores.

Toneladas de entorpecentes, armas e munições, carros e motos, casas com

piscinas e modernos eletroeletrônicos evidenciaram uma vida de luxo dos

traficantes, construída na base do terror e da ausência de quase 3 décadas do poder

público nessas localidades, consideradas as regiões mais pobres da cidade do Rio

de Janeiro.

Agora, são treze as comunidades que contam com as chamadas Unidades de

Polícia Pacificadora (UPPs). Todavia, existem cerca de mil comunidades no Rio.

Quero acreditar que este é apenas o começo de uma solução definitiva e não

apenas um alívio imediato para os mais de 20% da população carioca que vivem

nessas localidades, às margens do poder público, subjugados por traficantes ou

milicianos, condenados à miséria, ao desemprego e a falta de condições mínimas de

sobrevivência.

É o que revelam dados do Centro de Políticas Sociais (CPS), da Fundação

Getulio Vargas, com base no Censo de Comunidades de Baixa Renda feito pelo

Governo fluminense em 2009. A renda per capita mensal do Complexo do Alemão é

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de R$ 176,90 e a da Rocinha é de R$ 220, diante de uma média de R$ 615 das 30

regiões administrativas do Município do Rio. No Alemão, vivem 30% de miseráveis

que ganham até R$ 145 mensais.

Essa baixa remuneração está diretamente ligada ao quesito educação. A

Rocinha registra o menor nível de escolaridade do Rio, de 5,08 anos completos de

estudos. O Complexo do Alemão ocupa o segundo lugar nesse ranking, com 5,36

anos de estudo. A proporção de pessoas com curso universitário é de 2,75%, quase

dez vezes menor que no resto da cidade. Chega a alarmantes 92% o percentual de

crianças de até 3 anos de idade do Complexo do Alemão que nunca frequentaram

uma creche.

Na ausência de políticas públicas de transferência de renda, tipo Bolsa

Família, fica evidente que a média de 80,6% do rendimento em cinco grandes

comunidades — Jacarezinho, Maré, Complexo do Alemão, Rocinha e Cidade de

Deus — é fruto do trabalho de seus moradores. O índice de desemprego nessas

localidades chega a 19,1%, ante os 9,9% nos bairros ricos.

Portanto, mais do que saudar a atuação das forças de segurança, é preciso

destacar que a verdadeira luta não se resume à ocupação territorial dessas

localidades, mas é necessária a invasão de cidadania por meio de serviços públicos

essenciais garantidos pela nossa Constituição, como educação, saúde, lazer,

transporte, saneamento básico, programas habitacionais, ou seja, ações capazes de

oxigenar a economia local e empreender novas oportunidades.

O show midiático colocou a capital carioca em evidência. Todavia, não

podemos esquecer que a dura realidade nas comunidades não é exclusividade dos

cariocas. Trata-se de um reflexo da desigualdade social encontrada em todas as

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regiões do Brasil, que demandam, mais do que políticas de transferência de renda, a

presença do Estado para prover serviços públicos capazes de alterar a realidade

deste gigante adormecido. O caso do Rio demonstra que é possível sonhar com um

futuro que é de todos nós brasileiros.

Mais um assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Em meio à reta

final das eleições, percorri o Estado de São Paulo, visitando Municípios,

encontrando lideranças, conhecendo entidades, mobilizando pessoas sobre a

importância de contarmos com representantes públicos éticos, atuantes e

compromissados com o interesse público. Nessas minhas andanças, pude perceber

um movimento silencioso, que ganha força a cada dia, demonstrando que a

cidadania se exerce não apenas na hora do voto consciente, mas principalmente

pelas atitudes cotidianas de cada um de nós. Falo do trabalho voluntário.

A incapacidade do Estado de suprir as necessidades básicas de seus

cidadãos, principalmente dos menos favorecidos, levou a sociedade a assumir

tarefas que antes eram consideradas exclusivas do Estado. Assim, organizações

não governamentais e entidades filantrópicas substituem o Estado naquilo em que

ele é insuficiente para prover a população, e, para tanto, essas entidades

necessitam de pessoas dispostas a trabalhar, não por dinheiro, mas pela satisfação

de ajudar o próximo, por solidariedade.

Antes, a atividade voluntária era restrita aos serviços religiosos, cujo intuito de

ajudar está ligado à caridade cristã. Entretanto, ser voluntário vai além, pois busca

sempre a satisfação de um ideal, que pode ser espiritual ou uma causa social ou

ambiental.

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Por isso, quando acompanho APAEs, organizações sociais religiosas, a Casa

de Apoio à Criança com Câncer São Vicente de Paulo, clubes da terceira idade,

movimentos de defesa do consumidor, o trabalho de voluntários nas santas casas, a

atitude da SOS Mata Atlântica, além de me emocionar, vejo que por trás dessas

experiências bem sucedidas existe o voluntário contemporâneo, engajado,

participante e consciente. Em ações mais permanentes e em ações pontuais e

esporádicas.

Ao analisar os motivos que mobilizam em direção ao trabalho voluntário,

descobrem-se dois componentes fundamentais: o de cunho pessoal, a doação de

tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática, e

o social, a tomada de consciência dos problemas ao enfrentar a realidade, o que

leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa.

A maioria das entidades beneficentes no Brasil ainda são muito pequenas e

não têm programas de voluntariado. Qualquer pessoa pode ser voluntária,

independentemente do grau de escolaridade ou idade. O importante é ter boa

vontade e responsabilidade.

Pesquise uma perto da sua casa ou trabalho. Veja se a área de atuação da

entidade está de acordo com a sua intenção de trabalho e depois da escolha

marque um dia para conhecê-la pessoalmente. Se não der certo com a primeira

entidade, não desista. Há muita gente precisando da sua ajuda.

Tente outra vez. Sinta como a entidade funciona e do que ela necessita.

Talvez tenha que pesquisar um pouquinho e sugerir uma tarefa. Seja humilde. O fato

de estar ajudando os outros não significa que será paparicado e que seu trabalho

não possa ser criticado. O trabalho voluntário exige o mesmo grau de

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profissionalismo que em uma empresa, senão maior. Existem regras a seguir, por

mais meritória a causa, e não desanime se nem todos vibrarem e baterem palmas

para o seu trabalho.

No dia 5 de dezembro comemorou-se o Dia Internacional do Voluntário para o

Desenvolvimento Econômico e Social. Pessoa engajada em construir uma

sociedade mais humana, mais justa e baseada na cooperação. Vamos arregaçar as

mangas, doar um pouco do nosso tempo, carinho e atenção às causas sociais.

Mais um assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. A cidade de

Ribeirão Preto, do interior paulista e principal polo de produtor de etanol do País, foi

palco de um momento histórico para o setor sucroalcooleiro. Diante de governantes,

empresários, jornalistas e políticos, teve início a construção de um etanolduto que

ligará a região a Paulínia, maior polo de refino do Estado.

Trata-se de mais um passo no caminho rumo à liderança mundial no setor de

biocombustíveis, possibilitando, através de melhor planejamento, estabilidade e

previsibilidade da produção, atendermos à atual e à futura demanda (interna e

externa).

Fruto de uma parceria entre Governo e iniciativa privada (exemplo, PPPs), a

obra tem como objetivo solucionar um dos grandes gargalos da nossa produção, o

custo para escoar o etanol, que hoje responde por 10% do custo total de produção,

segundo a ABAG (Associação Brasileira de Agribusiness).

Pelo trecho de 202 quilômetros, que custará R$ 800 milhões, devem passar

12 milhões de metros cúbicos de etanol/ano. Essa é a primeira etapa de uma obra

que deve passar por regiões produtoras como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e o

Rio de Janeiro. No total, serão 850 quilômetros, que devem passar por 45 cidades, a

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um custo médio superior a R$ 5,6 bilhões, e que terão como destino final o Porto de

São Sebastião, São Paulo. Quando estiver pronto, o etanolduto terá capacidade

para escoar 21 milhões de metros cúbicos do biocombustível.

Concomitantemente, o setor sucroenergético nacional vive a expectativa de

que o Congresso dos EUA possa cortar os subsídios à produção de etanol de milho

e as tarifas de importação, que somados chegam a US$ 6 bilhões e vigoram há 3

décadas, o que praticamente inviabiliza as exportações do nosso combustível verde-

amarelo para o maior mercado consumidor do mundo. Atualmente, nosso etanol

paga 2,5% sobre o valor comercializado e mais US$ 0,54 por galão (3,8 litros).

Ao mesmo tempo, dados da Agência de Proteção Ambiental dos EUA

(Environment Protection Agency — EPA) mostram que oito usinas brasileiras já

podem exportar etanol para lá, pois já cumpriram as exigências burocráticas

adotadas como parte do RFS (Renewable Fuel Standard), um conjunto de normas

socioambientais que regula a produção e a utilização de biocombustíveis no país.

Em paralelo ao esforço da nossa diplomacia em abrir novos mercados para o

etanol, via combate de sobretaxas adotadas pelos países desenvolvidos, os

trabalhos em prol da elevação das exportações de biocombustíveis caminham em

outra frente: a transformação do combustível em commodity. Para tanto, o Governo

e entidades representativas do setor têm se empenhado em exportar a tecnologia,

para produção de etanol em países da América do Sul, da América Central e da

África.

A ação já rende frutos. Casos como o do Instituto Agronômico de Campinas

(IAC), que, nos próximos 5 anos, receberá em torno de US$ 1,5 milhão da empresa

mexicana Piasa e do Governo do Estado de Veracruz para realizar estudos de

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adaptação de novas variedades de cana-de-açúcar naquele país, e do Arranjo

Produtivo Local do Álcool (APLA), em Piracicaba, São Paulo, que somente este ano

já contabiliza US$ 6 milhões em vendas de equipamentos agrícolas para a Costa

Rica, Cuba e a Venezuela, principalmente, além de estimar oportunidades de

negócios de US$ 261 milhões em outros países, estão se tornando cada vez mais

frequentes.

Além disso, vale destacar a parceria entre o Governo do Estado de São Paulo

e a Prefeitura de Piracicaba para a construção do Parque Tecnológico de Piracicaba

(PTP), que terá até oito laboratórios, uma incubadora de empresas, universidade e

centros de pesquisa, instalados em uma área de 680 mil metros quadrados. Os EUA

e a Suécia planejam enviar grupos de pesquisadores para desenvolver trabalhos

conjuntos com cientistas brasileiros na planta piloto de tecnologias para etanol

celulósico do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioediesel (CTBE),

em Campinas, São Paulo.

O fracasso da reunião das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas —

COP 15 pode ter, momentaneamente, refreado o entusiasmo de alguns quanto o

estabelecimento de um mercado global de biocombustíveis, mas a realidade é

cristalina: produzimos o combustível renovável mais competitivo e ambientalmente

correto do mundo, temos experiência de quase 40 anos na produção e uso em larga

escala, dispomos de terras abundantes (principalmente pastagens degradadas) e

clima propício, além de dominarmos a melhor tecnologia de produção.

Nos últimos 8 anos, a safra de cana-de-açúcar dobrou, a produção de açúcar

subiu 70% e a de etanol mais do que dobrou, com ganhos de produtividade e

elevação do volume de exportações, que registraram crescimento de 402%,

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evoluíram de 60 milhões de litros para 3,2 bilhões de litros, enquanto os embarques

de açúcar subiram de 12 milhões de toneladas para 24 milhões de toneladas,

registrando um crescimento de 88%. Tudo isso em meio a grandes expectativas de

expansão nos mercados, interno e externo, uma crescente concentração no setor

sucroenergético, com fusões e aquisições, além da reestruturação financeira de toda

a cadeia produtiva, após quase 2 anos de preços retraídos.

Diante desse quadro, fica evidente que as demandas ficaram mais

complexas, pois o setor sucroenergético se tornou estratégico para o País. Por isso,

o Legislativo terá um papel fundamental na elaboração e na aprovação de propostas

que sejam capazes de alicerçar o crescimento sustentável dessa atividade

econômica. Para tanto, defendo as seguintes propostas:

- Acabar com a insegurança causada pelo novo Código Florestal;

- Garantir a warrantagem como um instrumento anual, com recursos

orçamentários garantidos, para evitar grandes oscilações de preços no período da

entressafra;

- Fortalecer as comercializadoras e rever a atual estrutura de comercialização

que penaliza o produtor;

- Estabelecer um tratamento tributário diferenciado para os biocombustíveis,

com: alíquota nacional de ICMS; IPI diferenciado; uso da CIDE como imposto

ambiental e regulatório;

- Estabelecer a bioeletricidade como fonte energética prioritária em

complementariedade à energia hídrica.

Ninguém discute as excelentes perspectivas para o nosso setor

sucroenergético. Afinal, temos as melhores condições geográficas, climáticas,

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culturais, econômicas e tecnológicas. Portanto, o papel do Brasil pode ser — e será

— extraordinário, e estamos nos preparando para isso.

Entretanto, para que as expectativas de mercado se confirmem, empresas,

Governos e o setor produtivo precisam estar atentos para as novas exigências de

um mercado em formação: comercialização eficiente, respeito às normas

socioambientais e investimentos permanentes em pesquisa e desenvolvimento.

Mais um assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Os projetos de

eficiência energética podem ser a segunda maior fonte de energia, atrás apenas da

hidroeletricidade, nos próximos 20 anos. Não bastasse esse potencial estratégico, o

uso eficiente de energia proporciona o uso mais inteligente dos recursos financeiros,

preserva o meio ambiente e favorece a sustentabilidade do ciclo de negócios de

energia. Todavia, faltam-nos políticas públicas capazes de “premiar a eficiência” e

fazer deslanchar esse mercado promissor.

O Plano Decenal no horizonte de 2019, elaborado pela Empresa de Pesquisa

Energética (EPE) destaca que os projetos de conservação de energia já respondem

pela economia de 23,3 terawatts-hora, volume suficiente para poupar a construção

de uma usina com capacidade de gerar 4.800 megawatts.

Se considerada a demanda total por energia, que inclui também o consumo

de combustíveis, a economia pode ser ainda maior. A EPE calcula uma conservação

de 4,5% da demanda global esperada para 2019 com os projetos de eficiência

energética. Isso equivale a 257 mil barris de petróleo.

O Brasil nunca teve uma política de eficiência energética de longo prazo,

principalmente voltada para o setor industrial, responsável por 40,7% de toda a

energia consumida no País. Enquanto a soma dos consumos de energia dos setores

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residencial, comercial e público responde por 15,8% do total consumido, justamente

os setores mais bem atendidos pelos programas federais.

Essa mudança de foco pode estar em curso, diante da expectativa em torno

do Plano Nacional de Eficiência, que está sendo gestado no Ministério de Minas e

Energia (MME) e que para ser para valer deve incluir propostas de linhas de

financiamento vantajosas.

As maiores oportunidades de economia de energia dentro da indústria se

concentram nas modernizações dos fornos, que respondem por 62,12% das

oportunidades de eficiência energética do setor, seguidas pelas reformulações nas

caldeiras e nos sistemas motrizes.

Coordenador dos trabalhos sobre o tema dentro da Comissão de Minas e

Energia da Câmara dos Deputados, há tempos estamos empenhados na elaboração

e na aprovação da Política Nacional de Eficiência Energética. Entre as premissas

destaco:

- Associação de ações de eficiência energética a ganhos ambientais;

- Elaboração de programas federais específicos para o setor industrial;

- Estruturação e difusão de dados que permitam maior segurança nas

decisões;

- Criação de instrumentos de fomento para a realização de diagnósticos de

instalações industriais;

- Apoio a contratos de performance com ESCOs (Empresas de Serviço de

Energia);

- Estímulo às PPPs (Parcerias Público-Privadas) para pesquisa e

desenvolvimento de equipamentos e processos industriais eficientes;

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- Promoção dos chamados contratos de performance com o setor público;

- Aquecimento do mercado de green buildings (prédios sustentáveis);

- Etiquetagem de produtos/empresas como critério para orientar as

concessões de financiamentos/isenções fiscais pelo setor público.

- Criação das “usinas virtuais” e de um mercado de contratos de ganho em

eficiência energética;

- Adoção dos Municípios Energoeficientes;

- Utilização do poder de compra do Estado para privilegiar produtos/empresas

que estejam compromissadas com a eficiência energética.

Em suma, disseminar projetos de energia eficiente é o melhor caminho para

aumentar a competitividade do nosso País, além de proporcionar redução de

emissão de poluentes e de impactos ambientais e sociais, fazendo com que a

eficiência energética possa, finalmente, desempenhar um papel estratégico na

nossa matriz energética.

Mais um assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. O Brasil vive um

momento de desenvolvimento que há muito tempo não testemunhávamos. Alçado à

condição de potência emergente, tornou-se o destino de investimentos volumosos.

Uma nova realidade que se reforçou com a definição de que sediará os dois maiores

eventos esportivos do mundo, Copa e Olimpíadas, e com a expectativa de

exploração da camada do pré-sal. Tudo isso diante da precariedade da nossa

infraestrutura nos leva a um “país a construir”. Todavia, esse crescimento tem um

tendão-de-aquiles: a falta de mão de obra qualificada, principalmente de

engenheiros.

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O engenheiro é reconhecidamente o profissional do desenvolvimento. Nossos

jovens profissionais, em geral, saem dos cursos sem a contextualização dos

conhecimentos que receberam, como, por exemplo, as solicitações de um projeto

em equipe, com resultados, medidas de desempenho, orçamentos e exposição a

tecnologias e práticas, etc.

Para tentar equacionar esse deficit de profissionais, instituições de ensino,

empresas e entidades de classe estão buscando estabelecer parcerias com o

objetivo de qualificar melhor os nossos engenheiros.

O Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo prepara a criação de

um instituto de ensino superior voltado para as necessidades da indústria, com

cursos de graduação, pós, mestrado e doutorado. Segundo seu Presidente, Murilo

Pinheiro, “o objetivo não é concorrer com as universidades, mas estabelecer uma

escola de inovação, com poucos alunos e focada na qualidade dos cursos”.

Também existe um grupo formado por construtoras e incorporadoras que se

organiza para criar uma faculdade corporativa de cursos de curta duração, que “visa

complementar a formação que não é dada nas universidades”, segundo o

Vice-Presidente do SECOVI-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), Alberto

Borges.

Na mesma direção vai o CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia de São Paulo), a partir do estabelecimento de convênios

com entidades de classe para promover cursos de reciclagem.

A própria POLIUSP, por meio do Diretor José Roberto Cardoso, já apontou a

necessidade de reestruturação da sua grade curricular, no sentido de proporcionar

aos estudantes a experiência de “trabalhar em equipes multiprofissionais, de

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estarem abertos para um mundo em que a prática da inovação é a palavra de

ordem”.

Não bastasse o desafio na formação dos nossos engenheiros, ainda há o

problema de deficit no número de profissionais formados para atender a crescente

demanda.

Na Coreia do Sul, 26% de todos os formandos são engenheiros. No Japão,

19,7%. Mesmo o México, país com indicadores semelhantes aos brasileiros, hoje

tem 14,3% de formandos nessa área. Na China, eles somam 40%.

Calcula-se que sejam necessários de 80 a 100 mil formados por ano para

atender essa nova demanda — um contraste e tanto se levarmos em conta que

contamos com apenas 30 mil engenheiros que se formam anualmente.

Todavia, não basta ampliarmos as vagas sem qualquer controle, através de

cursos muitas vezes inadequados e de qualidade duvidosa. Essa ampliação precisa

estar respaldada por políticas públicas estáveis e um planejamento de curto, médio

e longo prazo, no qual o Governo teria o papel de indutor de grandes projetos

estruturais para o País, por meio de uma política nacional de desenvolvimento.

No papel de engenheiro politécnico, lembro o dia 11 de dezembro, em que

comemoramos o Dia do Engenheiro. Ressalto que, para sermos capazes de tirar do

papel as obras anunciadas e alavancarmos o crescimento esperado, precisamos de

um ser humano capaz de realizar esse trabalho com competência e qualidade: o

nosso engenheiro.

O último assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Foi realizado pela

FIESP, em São Paulo, o 9º Congresso Brasileiro da Construção —

CONSTRUBUSINESS 2010.

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Lá, foi apresentado importante estudo sobre desafios na área da construção.

Além de uma avaliação e da sugestão de políticas públicas e de legislação que

possam alicerçar o crescimento sustentado desse setor, grande gerador de

emprego, fundamental para o crescimento do País.

Esse estudo certamente é extremamente valioso para a construção de um

melhor futuro para o nosso País.

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O SR. GLADSON CAMELI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GLADSON CAMELI (PP-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Deputado Ilderlei Cordeiro, somos da mesma cidade e fomos criados juntos.

Nascemos em Cruzeiro do Sul. E hoje, meu amigo, eu quero parabenizá-lo pelo

brilhante trabalho que V.Exa. realizou durante os quatro anos em que foi Deputado

Federal. Se eu fosse dizer tudo de positivo que V.Exa. quis levar para o nosso

Estado, eu não calaria tão cedo.

Mas quero dizer-lhe que isto é só um até logo. Com certeza brevemente V.Exa.

estará de volta à política, e este seu amigo estará do seu lado.

Muito obrigado por tudo. As palavras que V.Exa. pronunciou nessa tribuna

servem de exemplo para muitos de nós que estamos aqui ouvindo-o. Que Deus o

abençoe, que Deus lhe proporcione o melhor Natal do mundo e um próspero Ano

Novo.

Muito obrigado, meu amigo. V.Exa. é um irmão. Que Deus o abençoe.

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O SR. JOSÉ MAIA FILHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ MAIA FILHO (DEM-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador) - Sr.

Presidente, pedi a palavra para homenagear o grande colega, o grande amigo

Ilderlei Cordeiro. Votei em S.Exa. na eleição para a Mesa. Apesar de ter sido um dos

mais votados, não foi eleito em razão da legislação. Sua história é muito bonita. O

Presidente talvez não a conheça em detalhes, mas Ilderlei Cordeiro optou por não

se candidatar à reeleição, apesar de saber que teria uma reeleição teoricamente

tranquila. Decidiu seguir os caminhos que Deus colocou em seu coração. Tornou-se

homem de Deus, decidiu viver a vida para servir a Deus. Deixará, assim, de servir ao

povo brasileiro nesta Casa. Sei que o amigo está feliz, está realizado. Isso me deixa

também feliz. Desejo-lhe muita sorte na vida e a toda sua família no Acre, que, com

certeza, vai recebê-lo de braços abertos.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado Félix Mendonça...

O SR. NELSON TRAD - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NELSON TRAD (Bloco/PMDB-MS. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, é um aparte, se o orador me permitir, porque eu estou há

cinco horas esperando. Estou inscrito e muitos já falaram, além daqueles que não se

inscreveram. E eu estou inscrito para dizer-lhes adeus. Cumpri e honrei minha

missão nos 20 anos que estive aqui, e deixo uma ficha consagrada por todos.

Portanto, só espero que meus filhos, que vêm para cá na qualidade de assistentes,

participem efetivamente, porque eles foram eleitos Deputados Federais.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado, eu gostaria que V.Exa.

ocupasse mais tempo. V.Exa. tem direito a isso. Eu teria a satisfação de ouvi-lo,

Deputado Nelson Trad.

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O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Deputado Nelson Trad tem razão. É só olhar as listas de inscrição e

observar como está sendo conduzida a sessão nessa parte de temas livres no

período do Grande Expediente e V.Exa. verá que ele tem razão. Eu também estou

aqui há muito tempo aguardando para falar, e na Mesa ainda há mais dois.

Então, vamos seguir a ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - V.Exa. tem razão. Mas eu chamei os

Deputados pela ordem e outros interferiram. É muito difícil fazer esse controle, cortar

a palavra do Deputado. V.Exa. viu que alguém pediu a palavra na qualidade de

Líder. Quando me comunicaram que não se tratava de Líder, fiz a observação.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o nobre Deputado Dr.

Rosinha.

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero abordar um tema que diz respeito ao

Parlamento do MERCOSUL.

O protocolo que constituiu o Parlamento, em uma de suas disposições

transitórias, estabelece duas fases de transição. Uma, 206/2010, e a outra,

2010/215. Ali está explícito que na primeira fase deveria haver eleições diretas. As

eleições diretas não foram realizadas porque não foi possível negociar a

proporcionalidade, ou seja, quantos Parlamentares teria o Brasil a partir de 2011.

Não houve negociação porque o Paraguai não chegou a um acordo com o Brasil.

Não foi possível fazer eleições em 2010, o que significa que na próxima fase devem

ser indicados Parlamentares que têm mandato de Deputado Federal ou de Senador

para que indiretamente assumam até que tenhamos eleições diretas.

No protocolo não há nenhum — nenhum! — artigo que estabeleça que deva

ser indicado quem não tem mandato. Ou tem mandato de Deputado Federal ou de

Senador e é escolhido pelo Congresso Nacional, ou tem mandato popular, é eleito

pelo povo.

E na Câmara dos Deputados e no Senado da República há um grupo

minoritário de Deputados Federais e Senadores que não foram eleitos ou reeleitos e

que agora se articulam para serem indicados para o Parlamento do MERCOSUL.

Isso é um casuísmo! É um casuísmo que nos envergonhará! Envergonhará

esta Casa: Envergonhará o Congresso Nacional! Não podemos permitir que quem

não tem mandato popular assuma um Parlamento. Isso só existe em período de

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ditadura militar. Na ditadura militar brasileira foram designados Senadores biônicos.

Com essa exceção, não há possibilidade.

Portanto, Srs. Deputados, o nosso Congresso, ao se reunir, tem de fazer esse

debate, aprovar ou não aprovar uma resolução na qual vai designar seus

Parlamentares. Agora, não podemos indicar para o Parlamento do MERCOSUL

homens e mulheres que não foram aprovados pela lei eleitoral, que não foram

eleitos.

Deputado Valdir Colatto, os que não foram eleitos ganham um prêmio, vão

para o Parlamento do MERCOSUL. Os que foram eleitos ganham a culpa...

(O microfone é desligado.)

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Dr. Rosinha: o que faço agora, depois

de sua observação, concedo-lhe um minuto a mais? V.Exa. decide. Concedo?

O SR. DR. ROSINHA - V.Exa. pode conceder-me até mais cinco minutos,

para manter coerência com o tratamento que deu aos demais.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Mas V.Exa. disse que era incoerente.

O SR. DR. ROSINHA - Solicito a V.Exa. mais um minuto, porque...

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Mas V.Exa. já está com a palavra.

O SR. DR. ROSINHA - Deveria ser por cinco minutos.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - V.Exa. já está falando.

O SR. DR. ROSINHA - Eu deveria ter o tempo de cinco minutos, mas V.Exa.

só me concedeu três minutos. Eu só tive três minutos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com o resultado das eleições, os que

foram rechaçados pelas urnas querem agora ganhar um prêmio: o Parlamento do

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MERCOSUL. E os que foram às urnas e conquistaram a eleição vão ser agora, pela

vontade daqueles, punidos.

Não podemos permitir isso porque depõe contra o MERCOSUL, depõe contra

o Parlamento do MERCOSUL, depõe contra todos os Estados membros do

MERCOSUL. E o Brasil, pela responsabilidade que tem no MERCOSUL, não pode

fazer isso.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Obrigado, Deputado, por ter cumprido

o horário, pela gentileza de permitir que outros falem, mesmo que o tenham deixado

falar antes.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o

Deputado Paes Landim.

O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Pela ordem.) - Sr. Presidente, dia 17 passado

houve a diplomação dos eleitos do meu Estado, o Piauí, pelo Tribunal Regional

Eleitoral. Não pude ali comparecer porque fui a Palmas, Capital de Tocantins,

assistir à posse do Bispo Dom Pedro Brito, da minha querida diocese de São

Raimundo Nonato, que foi designado Arcebispo daquela bela Capital de Tocantins.

Na oportunidade, parabenizo o Tribunal Regional Eleitoral do meu Estado

pela maneira com que se houve nas eleições, graças à determinação do seu

eminente e culto Presidente, Raimundo Eufrásio Alves Filho, que conduziu com

muita firmeza e inteligência o pleito eleitoral, coadjuvado por todos os seus colegas

do Tribunal, destacando-se, sobretudo, o Corregedor Eleitoral, Dr. Haroldo Rehem,

que com muita postura e com muita seriedade comandou não só a fiscalização do

pleito eleitoral, mas também a própria apuração, com impressionante rapidez.

Também aproveito para elogiar o quadro administrativo do TRE do Piauí, na

pessoa da Dra. Silvani Maia, a sua diretora-geral.

Por último, deixo meus aplausos ao Sr. Procurador-Geral, o jovem, corajoso e

firme Dr. Marco Aurélio Adão, que tem prestado inestimável contributo à

transparência dos pleitos eleitorais no meu Estado.

Portanto, Sr. Presidente, peço a V.Exa., em homenagem ao Tribunal Regional

Eleitoral do meu Estado, a transcrição nos Anais da Casa do discurso do Presidente

daquele egrégio Tribunal, o Dr. Raimundo Eufrásio Alves Filho. Lamento não ter tido

oportunidade de receber em mãos o discurso também pronunciado, na acosião, pelo

Procurador Dr. Marco Aurélio Adão.

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Muito obrigado.

DISCURSO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 342 A 342-H)

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, a nobre

Deputada Fátima Bezerra.

A SRA. FÁTIMA BEZERRA (PT-RN. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -

Sr. Presidente, venho à tribuna dizer da alegria de hoje ter sido designada pelo

Deputado Vanhoni, Presidente da Comissão de Educação e Cultura, Relatora do

Projeto de Lei nº 8.035, que tem por objetivo instituir o Plano Nacional de Educação

para os próximos 10 anos, de 2011 a 2020.

O Presidente Lula enviou o projeto de lei a esta Casa na sexta-feira passada.

É importante ressaltar que o projeto já passou por amplo e bom debate em todo o

País. É bom lembrar que o PNE chega a esta Casa com grande respaldo popular,

uma vez que a proposta foi inclusive debatida em um dos maiores fóruns da

educação brasileira, a Conferência Nacional de Educação — CONAE.

No entanto, devido à natureza e à importância do projeto, do Plano para os

destinos do País, para o presente e o futuro da educação brasileira, desde já digo

que faremos um amplo debate na Comissão de Educação e Cultura. Até porque,

como a Comissão é de mérito, é o local mais adequado para darmos continuidade

ao debate.

Sr. Presidente, assim que começarem os trabalhos legislativos do próximo

ano, vou reunir-me com todos os membros da Comissão para estabelecer um plano

de trabalho e criar sub-relatorias a fim de aprofundarmos a análise das mais

variadas dimensões do Plano, tais como: acesso ao ensino superior, educação

básica — e na educação básica se inclui a creche, o ensino fundamental —, ensino

médio, ampliação do ensino profissionalizante, combate ao analfabetismo,

financiamento da educação e política de gestão.

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No que diz respeito ao financiamento, destaco as propostas contidas no

Plano, uma delas de elevar o gasto em educação, que hoje gira em torno de 5% do

PIB, para 7%. Esse assunto certamente merecerá amplo debate.

Por fim, destaco a remuneração do magistério e a formação do docente.

Temos de aproveitar o debate do PNE para estabelecer uma política de educação

continuada e garantir a todos os professores o curso superior. E mais: estabelecer

metas para formação profissional em nível de pós-graduação e elevar o piso salarial

do magistério.

Sr. Presidente, Deputado Marcelo Ortiz, sinto-me muito honrada na condição

de professora que dedicou toda sua vida à luta em defesa da educação. Dedicar-

me-ei ao máximo para fazer um bom trabalho na Comissão e oferecer ao País um

Plano Nacional de Educação que contribua cada vez mais para a afirmação do

Brasil como solidária e generosa Nação.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Pela ordem, concedo a palavra ao

Deputado Fernando Chiarelli.

O SR. FERNANDO CHIARELLI (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, povo do Brasil, não se passa um dia sem uma infâmia para

se contar no País. Este é o País das infâmias feitas ao meio-dia, sob a luz do sol.

Machado de Assis já dizia que não é a ocasião que faz o ladrão; a ocasião faz

o furto. O ladrão nasce feito!

Todos viram no painel, outro dia, aquele montão de gente votando a matéria

do bingo, todos comendo nas mãos de traficante. O Brasil viu todo o mundo aqui

votar o próprio salário no painel. Uma vergonha para todos nós! Uma vergonha para

o Parlamento!

E o que é pior: agora, com essa história do Orçamento, a infâmia vem de

caminhão. Nada de aumento para o salário do trabalhador; vai ter aumento o saco

de feijão. E está satisfeito o povo! Vão tirar não sei quantos milhões da educação. E

esse Governo deve tirar mesmo, porque se for educado o povo vai botar fogo no

País, botar fogo na Presidência da República, no Supremo, no Congresso, botar

fogo em tudo, em face da palhaçada que está sendo feita.

Lá vem o Orçamento! E no Orçamento há um montão de dinheiro para a

cesta básica, para o famoso Bolsa Família, que nada mais é do que a destruição de

uma raça de Leônidas, a destruição de uma raça de Zaratustra, a destruição de uma

raça de bandeirantes que somos nós brasileiros, transformados todos em pedintes.

Estão aí bilhões, bilhões, bilhões e mais bilhões para ensinar o povo a pedir esmola.

Pois é, a traição já está feita. Nem 50 anos de governo vão consertar 16 anos

de desgoverno.

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A imprensa deveria pegar no pé não só daqueles que votaram em favor do

aumento. Onde estava o Sr. Dimas Ramalho, do Ministério Público? Passou ao

largo! Onde estava o Líder da Oposição, o tal de Nogueira? Passou ao largo! Olhem

que gente covarde! E a covardia, já dizia Shakespeare, é o mais baixo dos

sentimentos.

Lamento, Brasil. Este é o Congresso. Essas são as instituições. Como dizia

Neruda: “Nada, nada o protege”.

(Texto escoimado de expressão, conforme arts. 17, inciso V, alínea “b”, 73,

inciso XII, e 98, § 6º, do Regimento Interno.)

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Determino à Secretaria que retire do

pronunciamento do nobre Deputado a expressão citada. Isso não é expressão que

possa ser usada.

O SR. FERNANDO CHIARELLI - Imponho embargos. Foi expressão usada

por Rui Barbosa.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - V.Exa. não tem direito à palavra. Estou

falando. Espero que V.Exa. me respeite, como respeito V.Exa.

O SR. FERNANDO CHIARELLI - Estou impondo embargos.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - V.Exa. falou, eu fiquei ouvindo. Agora,

V.Exa. tem de esperar a minha conclusão.

Que se retire a expressão.

O SR. FERNANDO CHIARELLI - Imponho embargos.

O SR. PRESIDENTE - Esta é a decisão da Presidência. Se V.Exa. for

contrário, V.Exa. pode recorrer.

O SR. FERNANDO CHIARELLI - Recorro.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o nobre Deputado

Edinho Bez.

O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, meus colegas Parlamentares, tenho a satisfação de registrar nesta

tribuna o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Companhia Nacional de

Abastecimento — CONAB, em especial na Superintendência de Armazenamento e

Movimentação de Estoque — SUARM, na figura do Superintendente catarinense

Milton Libardoni, engenheiro conhecidíssimo nosso, e aqui como testemunha está o

Deputado Valdir Colatto.

Tive a grata surpresa de receber em meu gabinete um exemplar da

publicação em que consta a construção do armazém graneleiro erguido pela

CONAB na unidade armazenadora de Uberlândia, Minas Gerais, recém-inaugurado

por S.Exa. o Sr. Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A referida

publicação retrata as etapas da construção, importante para o desenvolvimento

daquela região.

Com a nova unidade armazenadora, a cidade mineira terá o maior complexo

de armazenamento da CONAB no País, com capacidade total para 242 mil

toneladas, sendo 218 mil para produtos agrícolas a granel e 24 mil para produtos

ensacados e industrializados. O objetivo é atender à demanda de produtores do

Triângulo Mineiro e formar estoques reguladores de milho, soja, trigo e arroz da

região com maior produção, principalmente em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso,

Mato Grosso do Sul e Rondônia. Por nossa conta, incluiria também Santa Catarina,

onde vem aumentando esse segmento.

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Cumprimento o Presidente da CONAB, Sr. Alexandre Magno Franco de

Aguiar, e toda a sua equipe, que vem fazendo um excelente trabalho, no que tange

à gerência das políticas agrícolas e de abastecimento, visando assegurar o

atendimento das necessidades básicas da nossa sociedade.

Agradeço ao Superintendente, Engenheiro Milton Libardoni a atenção, por ter

enviado o material expressivo e ter vindo conversar comigo pessoalmente, em meu

gabinete. Parabenizo essa Superintendência pela supervisão dessa obra tão

vultosa, que merece destaque, e não só essa obra em Uberlândia, mas também o

trabalho que vem sendo desenvolvido em todo o País, especialmente no meu

Estado de Santa Catarina.

As coisas boas devem ser relatadas e divulgadas para que mantenhamos a

esperança do povo brasileiro. Obviamente as coisas erradas devem ser punidas e

as coisas boas enaltecidas. Por isso faço este pronunciamento. Conheço muito bem

nosso Superintendente Milton Libardoni; como eu disse, é um catarinense que, junto

com toda a sua equipe e o Presidente, vêm fazendo um trabalho de resultado

excelente frente à CONAB, para todo o Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o nobre Deputado Valdir

Colatto.

O SR. VALDIR COLATTO (Bloco/PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupamos a tribuna no apagar das

luzes desta Legislatura para dizer que com certeza este foi um ano de muito

trabalho, de muita luta, mas ficaram pendentes muitas questões estruturantes,

digamos assim, que temos de buscar solucionar no plenário da Câmara dos

Deputados, no Congresso Nacional.

Está aí o Orçamento para ser votado. O Orçamento precisa ser respeitado.

Entendo que o Executivo tem mais de 95% de seus recursos aplicados por

tecnocratas, e quando esta Casa faz emendas para distribuir esses recursos e

descentralizá-los nós Deputados acabamos fazendo papel de bandidos porque

levamos recursos para os nossos agricultores, para os postos de saúde, para as

pontes, para as estradas, para os asfaltos dos nossos Municípios. Deveria haver

realmente a determinação de que as emendas têm força de lei e precisam ser

executadas. O Executivo tem de respeitar isso. Do contrário fica a questão: vota-se

o Orçamento, ou não se vota o Orçamento? Vale ou não vale?

Recebemos do Ministério da Agricultura informação de que R$ 300 milhões

em máquinas foram entregues aos Prefeitos, mas eles não podem usá-las porque

não pagaram, e as empresas não podem retomar os equipamentos porque já

pagaram impostos, já faturaram. Há empresas quebrando e há Prefeituras sem

poder trabalhar com as máquinas. Um caos!

Faço um apelo desta tribuna no sentido de que o Governo pague essas

emendas já autorizadas pela Caixa Econômica, e faça também o empenho das

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emendas de 2010 para que os nossos Deputados possam atender aos Prefeitos.

Não se trata de dinheiro dos Deputados, mas dos Estados e dos grandes e

pequenos Municípios deste País.

Esperamos que emendas para ações estruturantes sejam empenhadas e

executadas a partir de 2011. Refiro-me à questão fundiária, à questão ambiental —

e o nosso Código Ambiental não foi votado, porque não foi aprovado o requerimento

de urgência para sua tramitação, quando precisamos tanto dar ao País uma lei que

realmente venha compatibilizar o cuidado com o meio ambiente com a questão da

produção!

É o apelo que fazemos a todos os Deputados que retornam a esta Casa: que

realmente se debrucem sobre essas questões fundamentais, que esta Casa enfrente

esses problemas e busque as soluções, porque a sociedade brasileira espera

decisões, espera resultados, espera que façamos a nossa parte.

Deixo um abraço a todos aqueles que nos ajudaram este ano, a esta Mesa,

aos funcionários, a todos os que nos apoiaram no processo legislativo de 2010 e a

todo o Brasil.

Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado Valdir Colatto, esperamos

que sejam empenhadas as emendas de 2010, porque o Governo até hoje cumpriu

tão bem sua palavra! Ele tem liberado as emendas. E nós esperamos que ele

termine, o Governo, em 31 de dezembro, cumprindo exatamente aquilo que é

destinado aos Municípios, primordialmente aos Municípios que mais necessitam da

participação do Governo Federal. Por isso, comungo com sua palavra.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra, pela ordem, à

Deputada Jô Moraes.

A SRA. JÔ MORAES (Bloco/PCdoB-MG. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, caros Deputados, queridas Deputadas, venho a esta

tribuna solidarizar-me com a diretora de vídeo do Teatro Oficina Uzyna Uzona, Sra.

Elaine César. E o faço num gesto também de solidariedade ao diretor José Celso

Martinez.

Em recente ato da Justiça, a diretora de vídeo Elaine César teve retirada a

guarda de seu filho de três anos. E teve indevidamente apropriado todo o

equipamento, toda a memória em DVDs que registra os 50 anos da história do

Teatro Oficina.

Sem dúvida alguma, o Diretor José Celso Martinez expressou-se de forma

violenta e com grande indignação ao reparar a injustiça feita por essa instância

judicial, que não compreende a dimensão e o que representam a cultura e o teatro.

Disse o diretor José Celso Martinez:

“Casos violentos como este só se comparam à

censura durante o regime militar e mostram que os juízes

e os procedimentos das Varas de Infância são da idade

média.”

José Celso Martinez denuncia, em um dos trechos:

“Porque um ex-marido ciumento, totalmente

perturbado, teve acolhidos por autoridades da Vara da

Família, para esta praticar uma ação absolutamente anti-

democrática, para não dizer nazista, todos seus pedidos

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mais absurdos de ex-marido ególatra, doente, de arrancar

o filho do convívio da Mãe, acusando Elaine de trabalhar

num “Teatro Pornográfico” e para lá levar o filho: o Teatro

Oficina. Fez oficiais de justiça sequestrarem os HD’s

deste Teatro, com um texto de uma obscenidade rara,

para procurar cenas de pedofilia e práticas obscenas que

Elaine e seu atual marido, o ator Fred Stefen, do Teatro

Oficina, teriam cometido com o filho de Elaine, o menino

Theo.” (sic.)

Esse absurdo, essa absoluta incongruência da Justiça paulista tem de ser

retificada, não só por agredir uma mãe que cuidava e zelava de seu filho, chegando

a ponto de estar na UTI por não aguentar a cena da retirada de Theo, mas também

pelo fato de terem se apropriado de toda a riqueza dos 50 anos do Teatro Oficina

que estava com Elaine César.

Por isso, sem dúvida nenhuma, faço um apelo à Justiça paulista para que

devolva esse filho a essa mãe e também todo o acervo do Teatro Oficina. Não é

justo que tripudiem com a cultura como nessa decisão do juiz.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE A ORADORA

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 353 A 353-M)

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Alberto Fraga.

O SR. ALBERTO FRAGA (DEM-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero mais uma vez saber por que os jornais dão grande ênfase à

ONG Viva Rio.

O Presidente da ONG Viva Rio, pelo que sei, ganha muito dinheiro não sei de

que ONG do exterior, mas volta e meia surge com pesquisas no mínimo inusitadas,

para não dizer descredenciadas. Segundo ele, existem 16 milhões de armas no

Brasil; digo ao Presidente da ONG Viva Rio que ele está mentindo. Ele está

chutando! Ninguém, na verdade, sabe quantas armas existem no País. O que se

sabe é que as fronteiras não são policiadas, e por isso entra grande quantidade de

armas contrabandeadas no Brasil; basta vermos as armas apreendidas no Morro do

Alemão. E lá percebe-se claramente que é mentira o que diz o Presidente da ONG

Viva Rio: 80% dessas armas não são produzidas no Brasil. É mentira! As armas que

estão no morro não foram compradas nem adquiridas no comércio regular do País.

Esse cidadão recebe dinheiro não sei de quem para atacar a indústria bélica

nacional, indústria essa que orgulha os brasileiros e detém 30% do mercado de

armas curtas nos Estados Unidos. E parece que ele quer acabar com as fábricas no

Brasil, quer fechá-las. Pois olhe, Sr. Rubem César, eu quero dizer-lhe que seus

relatórios foram desmascarados quando do referendo das armas. O senhor perdeu!

Perderam o senhor, a Globo, os artistas do Brasil e o Presidente Lula. A população

brasileira decidiu não desarmar o cidadão de bem. Vamos parar com essa coisa! E

agora o senhor volta novamente com o discurso de desarmar o cidadão de bem?

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Houve um referendo popular, no qual a votação foi muito superior à da Presidente

eleita Dilma Rousseff. Portanto, não tem de descredenciar esse resultado, não!

Volta e meia esse cidadão aparece de novo, financiado por alguém de fora,

para tentar acabar com o mercado de armas no Brasil. Digo, com muita clareza e

experiência no ramo, que hoje a indústria brasileira só vende armas para a polícia.

Não vende armas para cidadão. Vamos parar de dizer bobagem! E todo dia o Jornal

Nacional mostra uma notícia e apresenta o Sr. Rubem César como especialista em

segurança pública. Mas onde é que esse rapaz se credenciou como especialista em

segurança pública? Eu dediquei 26 anos da minha vida a essa área e não conheço

nada de segurança pública; e esse cidadão vem posar de dono da verdade?! É um

mentiroso! Um dia nós ainda vamos desmascará-lo e mostrar quem é que financia a

ONG Viva Rio.

O povo brasileiro já decidiu: quem precisa ser desarmado neste País é

bandido. O cidadão de bem tem o direito, ganhou nas urnas o direito de ter sua arma

dentro da sua casa. O resto é balela!

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o Deputado Marcos

Antonio.

O SR. MARCOS ANTONIO (Bloco/PRB-PE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu quero neste momento

agradecer a Deus pela vida dos colegas nesta Casa, dos funcionários, enfim, de

todos aqueles que de forma direta ou indireta participam deste elenco.

Quero, neste momento, Sr. Presidente, não dizer que seja porcaria, nem

pouca vergonha; não vou usar esse termo, mas quero dizer que é desrespeitoso. E

faço um apelo ao Presidente Marco Maia, ao Líder do Governo, a todos os

Deputados, ao Ministro Padilha, e não só ao Ministro do Turismo, mas também aos

titulares dos vários Ministérios, porque na verdade ficamos numa situação delicada

no meu Estado. Sou Deputado em Pernambuco, e estamos com as mãos atadas. As

emendas de 2010 ficaram contingenciadas, principalmente as do turismo, mas não

só; também as da infraestrutura, as da saúde etc. Os Prefeitos vêm para Brasília

numa busca louca por recursos, e entendem realmente a situação do Ministério, mas

o Executivo não faz a sua parte.

E eu sou Deputado da base, eis a questão! O desrespeito não é só à minha

pessoa, como também aos outros Deputados. Então, não de forma desagradável,

não acusando o Executivo, quero fazer um apelo ao Presidente Lula no sentido de

que tenha consciência de que nós estamos aqui fazendo o nosso dever. O povo do

Estado cobra, dizendo que seu Deputado não faz nada! Os Prefeitos ficam

chacoalhando os Deputados, dizendo que eles não fazem nada! Os Municípios não

têm recursos; mas como podemos garantir-lhes recursos se as nossas emendas são

contingenciadas? Então, é uma situação desrespeitosa!

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Faço um apelo a esta Câmara: de antemão, quero agradecer aos colegas da

Casa, a todo o pessoal do futebol, ao Deputado Marcelo Ortiz, pelo carinho e pelo

respeito que tenho por V.Exa., que sabe da minha admiração pela sua pessoa, ao

Deputado Júlio Delgado, enfim, a todos os Deputados, mas gostaria que fosse

resolvida exatamente essa questão, essa coronilha de Deputado de lutar por um só

ideal, porque não é mole, não é fácil terminar 2010 com emendas contingenciadas.

E há a intenção de limar todos esses recursos. Inclusive já foram cortados R$ 3

bilhões ou mais do Orçamento de 2011. Portanto, estamos numa situação delicada.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado Marcos Antonio, saiba que

este Presidente também tem admiração por V.Exa. Agradeço a V.Exa. a

manifestação. Concordo plenamente com V.Exa. quando diz que as verbas

primordialmente destinadas aos Municípios devem ser liberadas. Os Municípios

aguardam a possibilidade dessa aplicação. Nós Deputados sabemos que existem

Municípios que para terem uma quadra coberta ou alguma coisa melhor na saúde

dependem do Governo Federal. Essas verbas devem ser liberadas, sem dúvida

alguma. É o que esperamos.

Deixo a nossa manifestação. Que seja oficiada ao Governo Federal, para que

possamos atender aos nossos Deputados, mas primordialmente aos nossos

Municípios.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Marçal Filho.

O SR. MARÇAL FILHO (Bloco/PMDB-MS. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu gostaria de registrar

da tribuna desta Casa que ontem foi aniversário de emancipação político-

administrativa da minha cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, que

comemorou seus 75 anos.

Tivemos a oportunidade de receber o Secretário de Desenvolvimento da

Região Centro-Oeste, o Sr. Carlos Henrique, do Ministério da Integração Nacional,

ocasião em que foram realizadas assinaturas de convênios, beneficiando não só

Dourados, mas toda a região da Grande Dourados, a região sul do Mato Grosso do

Sul.

Quero publicamente agradecer ao Secretário pela disponibilidade de estar lá,

presente nos festejos do aniversário de Dourados, atendendo a um convite

formulado por mim. Pedi que ele comparecesse porque simbolicamente foi muito

importante a sua presença, para a assinatura convênios que beneficiam

principalmente a cidade de Dourados no dia do seu aniversário, uma cidade que

passou por inúmeros contratempos políticos neste ano. Inclusive haverá eleições

para Prefeito, marcadas para o início do mês de fevereiro de 2011, apesar dos

percalços que tivemos neste ano que está prestes a se findar.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria também de utilizar este

tempo que me resta para chamar a atenção das Lideranças de todos os partidos

políticos para a questão do salário mínimo e da aposentadoria, para que a Comissão

de Orçamento se debruce sobre esse tema e procure ouvir as pessoas,

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principalmente as envolvidas na questão do salário mínimo, as centrais sindicais, os

sindicatos, os trabalhadores de forma geral, que precisam de um aumento melhor. É

perfeitamente possível aprovar a proposta de R$ 580,00 e o repasse desse reajuste

para a aposentadoria, para que os aposentados tenham no ano que vem melhores

condições. É possível atender a isso. Basta que o Governo demonstre sensibilidade

nesta hora e possa fazer com que o repasse chegue ao trabalhador e ao

aposentado, ao inativo.

Já tivemos uma luta neste ano em favor do aposentado e obtivemos uma

grande vitória no plenário da Casa, mas gostaríamos de contar com a sensibilidade

dos Líderes, principalmente os da base do Governo, no sentido de que entendam

que o Governo Lula pode encerrar o seu mandato com chave de ouro, fazendo com

que esses trabalhadores tenham esse benefício. Há uma equipe de transição

trabalhando; o futuro Governo vai continuar o trabalho que o atual Governo iniciou.

Nesse encontro de contas, é perfeitamente possível dar um aumento salarial melhor

do que aquele que o Governo atual está propondo.

Espero que os aposentados e pensionistas sejam lembrados e que esse

aumento seja repassado integralmente, para que em 2011 não tenhamos que lutar

novamente e apresentar aqui um projeto contra a vontade da equipe econômica do

Governo, para que o aposentado realmente obtenha esse benefício. Não

precisamos falar aqui de toda a luta que os aposentados vêm fazendo e de toda a

defasagem salarial que tiveram ao longo do tempo, defasagem que agora pode ser

gradativamente recuperada.

Muito obrigado, Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra ao Deputado

Virgílio Guimarães, e gostaríamos de ouvir depois o nosso Deputado Luiz Sérgio.

Deputado, nós tivemos a satisfação de ver, por meio dos jornais, que V.Exa. deverá

ocupar o Ministério de Relações Institucionais; eu acho que caso isso se consolide

como verdade esta Casa vai ganhar muito, os Deputados vão ganhar muito, pois

V.Exa. sempre foi um Deputado que deu a todos nós a liberdade do convívio, da

comunicação, e tem conhecimento de como esta Casa vive, do que sofrem os

Deputados, muitas vezes, quando têm necessidade de buscar alguma coisa nas

relações institucionais, ainda que eu não tenha queixa dos nossos integrantes que

até agora ocuparam a Secretaria de Relações Institucionais. Gostaria de ouvir que

isso é verdade, Deputado Luiz Sérgio.

Perdão, Deputado Virgílio, por eu ter-me antecedido a V.Exa. Talvez V.Exa.

até vá dizer algo a esse respeito, mas eu não poderia deixar de fazê-lo. Tem V.Exa.

todo o tempo necessário para seu o pronunciamento.

A palavra está com o Deputado Virgílio Guimarães.

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente Marcelo Ortiz, agradeço a V.Exa. Eu estava, neste momento,

conversando com o nosso colega, e acreditamos todos nós no futuro Ministro da

Secretaria de Relações Institucionais. Esperamos o anúncio oficial a ser feito pela

Presidente eleita. De pronto, associo-me inteiramente a V.Exa. Nosso companheiro

Luiz Sérgio brilhou na condição de Parlamentar, na condição de Prefeito de Angra

dos Reis, na condição de Líder nesta Casa, e tenho certeza de que dará

continuidade ao seu trabalho na SRI, assim como tenho certeza de que todos nós

estaremos prontos para colaborar.

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Mas, Sr. Presidente, assumi esta tribuna para falar um pouco sobre a escolha

de outro Ministro, no caso Ministro do Supremo Tribunal Federal, nossa Suprema

Corte, que o Presidente Lula não fez e provavelmente a Presidenta eleita Dilma fará.

Peço que V.Exa. me dê tempo, em função dos descontos para as justas e merecidas

homenagens ao companheiro Luiz Sérgio.

É preciso que tenhamos atenção, Sr. Presidente, para os critérios que devem

levar a essa escolha, e inclusive para discutir as propostas de alteração da

legislação para tal. Quero dizer, Sr. Presidente, que evidentemente um Ministro da

Suprema Corte precisa ser alguém com alto conhecimento jurídico, precisa ter

formação moral ilibada, todas essas características, mas não podemos perder de

vista que os Poderes são todos eleitos, direta ou indiretamente. Reza o art. 1º da

nossa Constituição, em seu parágrafo único, que “Todo o poder emana do povo, que

o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente” — nesse caso, por

meio de plebiscitos e referendos. Veja bem, Sr. Presidente: todo o poder. Não é

quase todo o poder, e sim todo o poder emana do povo, inclusive o Judiciário.

Os três Poderes emanam do povo, o Executivo e o Legislativo pelo voto direto

e o Judiciário pela escolha que é feita por aquele foi eleito pelo povo; portanto, esse

Poder também é eleito, indiretamente. Dessa forma, Sr. Presidente, é justo o que

sempre ocorreu em outros países do mundo. Se o povo escolhe um governo

conservador nos Estados Unidos, ele escolhe ministros de reputação ilibada, de alto

conhecimento jurídico, mas com afinamento doutrinário com o governo eleito; a

Corte torna-se mais conservadora. É assim nos Estados Unidos, foi assim no Brasil,

no Governo Fernando Henrique, no Governo Collor e em outros Governos: a

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Suprema Corte sempre é escolhida pelo Presidente da República, eleito pelo povo

no período democrático e referendado pelos Parlamentares eleitos pelo povo.

Por isso, Sr. Presidente, é inadequada a proposta de mudança, de querer que

os Ministros sejam escolhidos pela carreira, se todo o poder emana do povo. Não é

quase todo. O Poder Judiciário emanaria da sua própria corporação? Não! A

legislação é correta, porque respeita a Constituição. A Suprema Corte, órgão do

Judiciário, também é Poder. Os Poderes são independentes e harmônicos entre si,

mas têm de guardar também inteiro afinamento com a vontade expressa pelo povo

nas urnas.

Portanto, Sr. Presidente, vamos colocar o pé no chão. Esperamos que a

Presidenta Dilma faça boas escolhas, nomeando alguém de moral ilibada, de

conhecimento jurídico, mas sem qualquer constrangimento, com o pensamento

voltado para o ponto de vista da doutrina, e não para o ponto de vista da obediência.

Como os Poderes são independentes e harmônicos entre si, terá de ser alguém

afinado com a vontade que emanou das urnas, a vontade do povo brasileiro, no

sentido de construir uma nova sociedade seguindo o rumo que vem sendo tomado,

o da justiça social, rumo que será seguido pelo novo Legislativo eleito e pela

Presidenta Dilma.

Então, viva o Judiciário que também tenha afinamento com o povo brasileiro,

ao lado da competência e da absoluta lisura comportamental!

Era o que eu queria dizer, Sr. Presidente, agradecendo-lhe a contribuição que

me deu, estando já ao seu lado o Deputado Luiz Sérgio, a quem deixo aqui meus

efusivos cumprimentos, desejando-lhe uma feliz gestão à frente da Secretaria de

Relações Institucionais. Contem comigo.

E tenho dito.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra o nobre Deputado Silvio

Costa.

O SR. SILVIO COSTA (PTB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Srs. Deputados, provavelmente amanhã será a última sessão deste ano,

e nós temos diante de nós, Deputado Arnaldo Madeira, uma eleição para Presidente

da Casa. O companheiro Marco Maia é candidato à Presidência.

Lamentavelmente, alguns debates que na minha opinião são importantes não

estão ocorrendo. Por exemplo, acho que o próximo Presidente desta Casa

realmente tem de criar uma Comissão para mudar o nosso Regimento. Veja,

Deputado Paulo Bornhausen, o Regimento da Câmara realmente deixa a desejar. É

até esdrúxulo! Por exemplo, pode haver candidato avulso à Presidência da Casa;

para o cargo mais importante da Casa pode haver candidato avulso, mas para os

demais cargos tem de ser respeitada a proporcionalidade. Isso só para citar um

exemplo.

Eu acho que o Regimento tem de ser revisado, repensado. Então, cabe esse

debate agora, na eleição do Presidente.

Outro debate, Sr. Presidente, que é antigo nesta Casa mas nunca se teve a

coragem de enfrentar realmente, é o Orçamento impositivo, para que sejam

respeitadas as emendas individuais. Há oposição e há governo em todo país

democrático. Tem de haver oposição, pessoas que façam oposição, prefeitos da

oposição, e esses prefeitos também precisam de recursos. Mas a maioria dos

Deputados da Oposição nesta Casa não conseguem que sejam empenhadas as

suas emendas! Inclusive parte dos da base do Governo também.

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O Orçamento impositivo é, portanto, um debate que é fundamental que o

novo Presidente assuma.

Outra questão importante nesta Casa é a ditadura dos Líderes. Acho,

sinceramente, que o próximo Presidente poderia adotar o critério de uma agenda

mensal. E, com todo o respeito aos Líderes, às vezes alguns Líderes vão para a

reunião e combinam votar determinado projeto sem discutir antes com os seus

liderados. Portanto, seria importante também rediscutir a função dos Líderes.

Deputado Giovanni Queiroz, já que vamos eleger um Presidente no próximo

dia 2 de fevereiro, acho que deve haver um debate. De repente o candidato é o

Deputado Marco Maia, e não há nenhum debate nesta Casa. O que propõe o futuro

Presidente? A hora de fazer o debate é esta, porque, sinceramente, esta Casa,

fórum central dos debates no País, há muito tempo deixa a desejar perante a opinião

pública. Aqui não se faz debate. Esta Casa está tornando-se o local em que,

infelizmente, ficamos só dizendo sim ou não ao Poder Executivo.

É preciso que a Câmara recupere um pouco da sua altivez.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Paulo Bornhausen, para uma Comunicação de Liderança, pelo DEM.

O SR. PAULO BORNHAUSEN (DEM. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Srs. Deputados, amanhã vamos dedicar o dia a votar o Orçamento

da União.

O Orçamento da União, Sr. Presidente, é a peça mais importante do regime

democrático. Nós, no Brasil, ainda temos muito a aperfeiçoar, na votação do

Orçamento. Há que se chegar ao Orçamento impositivo. Como lembrava o nobre

Líder João Almeida, é a única lei do Brasil que não é nem precisa ser cumprida;

mas, mesmo assim, a votação no dia de amanhã é fundamental para que possamos

encerrar esta Legislatura com os nossos deveres constitucionais cumpridos.

Quero aproveitar esta fala de Líder — provavelmente a última fala como Líder

do Democratas — para fazer um breve relato daquilo que imagino que tenha sido a

passagem deste ano e dos últimos quatro anos: os trabalhos, as conquistas, as

dúvidas e talvez as perdas que tivemos ao longo deste tempo.

Tivemos grandes lutas que foram batalhas cívicas da Oposição com o

Governo, em torno de ideias e projetos que passaram, muitos deles, em votações de

matérias constitucionais, outros em votações de leis complementares, outros em

votações de leis ordinárias. E quero ressaltar, da parte do Democratas, a grande

conquista que foi a discussão de algo muito maior do que apenas um imposto: a

cidadania e a justiça fiscal que foram alcançadas na discussão da CPMF, da

renovação de um imposto provisório, renovação que vinha sendo feita ao longo dos

anos e que teve sua correção constitucional aqui, nesta Casa, quando nós

debatemos democraticamente, o tempo inteiro, as questões voltadas à justiça fiscal.

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Eu não tenho dúvidas de que essa foi uma conquista da sociedade, dos

democratas, de todos aqueles que acreditam que nós temos de fazer algo mais para

o brasileiro que não apenas questões pontuais. Deixo para a próxima Legislatura a

discussão do projeto de justiça fiscal para os pobres, que nada mais é do que

desonerarmos, para quem ganha até três salários mínimos, a carga fiscal embutida

no salário, que ultrapassa os 50%; precisamos de mecanismos de compensação,

mas essa foi realmente uma conquista do Parlamento.

Votamos aqui leis importantes, como a questão do petróleo. Na minha

opinião, de forma equivocada, este Parlamento passou um cheque em branco para

o Executivo de plantão, tirando o sistema que foi implantado e que levou o Brasil à

autossuficiência, as licitações públicas, abertas e transparentes das áreas de

exploração de petróleo, para um regime de concessão que vai ser feito de partilha.

Ora, onde há transparência, que é o tonus vitalis da democracia, onde se joga a luz

é onde se conseguem as grandes conquistas; infelizmente, o atual Governo apaga a

luz da transparência num setor primordial para o desenvolvimento tecnológico e para

o desenvolvimento industrial do nosso País.

Tivemos muitos debates que se sobrepuseram a questões partidárias. Com a

crise que se abateu no mundo, nós discutimos aqui temas e medidas importantes

que, tenho certeza absoluta, ajudaram o Brasil a melhorar hoje e no futuro. Para

mim, o balanço da Legislatura foi positivo. Acredito que tenha sido. Aqui também

tivemos a convivência democrática e pacífica das partes, daqueles que representam

os segmentos da sociedade e que têm ideias e pensamentos às vezes divergentes,

mas convergem todos na direção de melhorar o Brasil, com espírito público, para

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que possamos viver em um País mais justo, que tenha condições de ver no futuro

que o mérito e que os valores são fundamentais para que a sociedade possa evoluir.

Eu não tenho dúvidas de que nós fizemos aqui o possível. A Liderança do

Democratas congratula-se com todas as Lideranças de todos os partidos desta Casa

pelo trabalho difícil, pelo trabalho extenuante, que muitos imaginam que é feito só

neste plenário ou nas Comissões, mas que cada um de nós Deputados e Deputadas

faz nos seus Estados, na sua base, principalmente debatendo com a sociedade,

recebendo opiniões, recebendo pedidos e fazendo com que as demandas possam

vir para cá e traduzam-se aqui em projetos de lei que sejam bons para o País.

Desejo ao futuro Governo que tenha sucesso, porque, independentemente do

partido que está no Poder, o que vale é o Brasil, o que vale é a vida dos brasileiros.

Desejamos à Oposição, nós do Democratas, do PSDB, do PPS, e outros que vão

juntar-se a nós ao longo da caminhada, muita luz para que continuemos fazendo o

principal, que é sustentar o regime democrático...

(O microfone é desligado.)

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Eu vou pedir a V.Exa. que encerre,

porque estou numa situação difícil. Tenho que encerrar a sessão.

O SR. PAULO BORNHAUSEN - Perfeito. Farei com todo o prazer o

encerramento.

Nós precisamos desta convivência democrática. Que as instituições sejam

preservadas, que tenhamos liberdade total de imprensa, que a Internet continue

sendo um grande caminho para todos os brasileiros na informação, que a opinião

seja livre, que o Brasil continue trilhando o caminho da liberdade. Nós da Oposição

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estaremos aqui vigilantes, e temos certeza de que o Governo também vai fazer a

sua parte.

Desejo, finalmente, um Feliz Natal a todos os brasileiros, a V.Exa., Sr.

Presidente, e a todos aqueles que vão retornar à Casa. Aos que não vão, que seja

apenas um até breve; que possam voltar em outras Legislaturas, para que o Brasil

disponha de pessoas de espírito público elevado.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Feliz Natal para V.Exa. também.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra ao nobre Deputado

Fernando Ferro, para uma Comunicação de Liderança, pelo PT. Peço a V.Exa. que,

se assim concordar, fale por cinco minutos em vez de nove, porque há outros

colegas inscritos e poderemos não ter condições de dar-lhes a palavra. Fica a

decisão para V.Exa.; se puder encerrar antes...

O SR. FERNANDO FERRO - Com muita tolerância nós negociamos.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Está bom. Obrigado.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, quero primeiro registrar a reunião que

fizemos há pouco no Colégio de Líderes. Por acordo, foi confirmado o nosso esforço

de votar a Lei Orçamentária Anual até amanhã. Isso é importante para que esta

Casa possa concluir seus trabalhos e oferecer uma peça orçamentária à próxima

gestão. Que nós tenhamos condições de concluir os trabalhos num momento em

que a Casa vive um ataque sério, promovido em função do aumento salarial aqui

praticado.

Eu acho que esta Casa às vezes peca muito por ações, mas também por

omissões. E eu não gostaria de omitir minha palavra, até porque todos nós temos

recebido muitas críticas dos editoriais de jornais, dos editorialistas, sobre esse

assunto. Figuras as mais variadas esmeram-se em fazer uma crítica dura ao

aumento de salário aqui patrocinado.

É óbvio que esse aumento, comparado ao salário mínimo, é algo

incompreensível para o cidadão comum, mas eu gostaria que se pudesse, nesta

Casa, refletir sobre um certo tipo de debate hipócrita que aqui se faz em relação ao

salário de Parlamentares. As pessoas às vezes não sabem que um Ministro do

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Governo neste País ganha R$ 8 mil, ou que o Presidente da República ganha R$ 12

mil, e um juiz ganha R$ 26.700,00. Esta Casa aprovou o processo de equiparação

de salários entre os Três Poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, para que

possa haver também essa correspondência, essa isonomia mínima entre os

Poderes, para que não haja privilégio entre eles.

É fato conhecido e reconhecido que o aumento salarial provocou essa gritaria

toda, com razão, em função de ter sido da ordem de 60%. Mas passamos quatro

anos sem reajuste nesta Casa. Não é fácil justificar o que aqui foi praticado, mas

quero dizer que nós do Partido dos Trabalhadores debatemos o tema na Liderança e

defendemos uma posição em favor do reajuste, da reposição inflacionária do

período. Assinamos, portanto, o requerimento de urgência para a votação, e não nos

escusamos, não nos afastamos da decisão. Assumimos o nosso compromisso.

Enfrentamos as críticas tal como se fôssemos detentores de salários exorbitantes.

Na verdade, um Deputado do Partido dos Trabalhadores recebe um salário líquido,

com essa correção, da ordem de R$ 13 mil. É esse o salário que vai caber ao

Parlamentar do Partido dos Trabalhadores. Nós não o consideramos algo de

exorbitância, como muitos querem fazer crer, inclusive alguns editorialistas e

jornalistas cujos salários, sabemos, chegam a R$ 100 mil, R$ 150 mil, R$ 200 mil

por mês.

Há muita hipocrisia, muito cinismo por aí, e muita covardia por parte desta

Casa ao não se defender, ao não apresentar as suas razões para justificar o

reajuste. Acho que pior seria o fechamento desta Casa, mesmo porque quando se

fechou o Congresso, quando se desmoralizou e se desqualificou esta Casa, os

resultados foram os piores possíveis. Esta Casa foi fechada na época da ditadura,

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quando pretenderam dar fim à democracia, à liberdade e ao direito de expressão.

Portanto, devemos ter a coragem de também enfrentar este debate, que para muitos

é inaceitável, e para outros é até um motivo de fuga.

Não quero ficar à margem deste debate por omissão. Inclusive em breve vou

trazer minhas razões sobre esse tema. E peço a esta Casa que não se acovarde e

procure explicar o que fez, porque é o melhor caminho. Não deve a Câmara dos

Deputados silenciar e fugir deste debate.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Concedo a palavra ao Deputado Chico

Alencar, para uma Comunicação de Liderança, pelo PSOL.

O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, servidores da Casa, todos os que

acompanham esta derradeira sessão da Legislatura, do ponto de vista exclusivo da

Câmara dos Deputados, pois nada votaremos hoje nem amanhã, devo dizer que é

bom mesmo que nada se vote, porque as últimas votações foram feitas de

afogadilho, no atropelo, sem a reflexão necessária. E isso é um pouco usual neste

apagar das luzes, o que nos leva a situações um pouco sombrias, inclusive em

relação não propriamente à remuneração do Parlamentar, mas aos gastos da

Câmara, que, como em qualquer instância do Poder Público, devem ter absoluta

transparência e austeridade, e no caso de majoração obedecer a um tratamento

isonômico com o dos demais setores do serviço público e das categorias que fazem

o País prosperar. Esse deve ser o critério.

É evidente que as condições para o exercício do mandato parlamentar, ou da

Presidência da República, ou da alta magistratura, têm de ser boas, como de fato

são, e devem ter esse elemento de dignificação. Agora, muitas vezes ficamos de

costas para a sociedade.

Quero, Sr. Presidente, registrar aqui a posição do PSOL sobre o Orçamento,

que continua com um problema estrutural: destinam-se mais de 35% do total do

Orçamento de 2011 para o pagamento de juros e serviços da dívida! Portanto, esse

é um Orçamento guilhotinado pelo compromisso com o grande capital financeiro

transnacional, e esse não é um caminho de desenvolvimento sustentável, profundo,

gerador de emprego e renda e de distribuição de riqueza.

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Também temos a visão clara de que a prioridade absoluta é a educação. E o

Plano Nacional de Educação foi lançado pelo Governo, pelo Ministro Haddad, que

até de maneira muito educada me ligou para dizer que ali estava algo de que íamos

gostar, mas o de que gostaríamos mesmo seriam os 10% do PIB para a educação

de imediato. Essa é uma proposta antiga e jamais realizada. E 7% é pouco, em face

da urgência da educação para que este País avance de fato.

Também a saúde pública está um caos, o mesmo ocorrendo com a

mobilidade humana nas grandes cidades, nas nove regiões metropolitanas do Brasil,

onde o direito à propriedade acaba estimulando a especulação imobiliária e

prejudicando a qualidade de vida de tanta gente, neste País cada vez mais urbano.

Portanto, temos gargalos e problemas profundos, e quero deixar registrada esta

posição do PSOL sobre a Lei Orçamentária.

Quanto às expectativas em relação ao Governo — e expectativa é diferente

de esperança —, esperamos que o Auto de Natal do grande João Cabral de Melo

Neto possa refletir-se na Câmara, no Senado, nos Executivos do Brasil e dos

Estados e inclusive no Supremo Tribunal Federal, em nossa Justiça: “Belo como

caderno novo quando a gente principia; belo como a coisa nova na prateleira então

vazia”, mas não com esquema oligárquico.

Obrigado.

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ORADOR

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(INSERIR DOCUMENTO DETAQ DE PÁGINAS 374 A 374-A)

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Durante o discurso do Sr. Chico Alencar, o Sr.

Marcelo Ortiz, 1º Suplente de Secretário, deixa a cadeira

da presidência, que é ocupada pelo Sr. Uldurico Pinto, §2º

do art. 18 do Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Uldurico Pinto) - Com a palavra, pela ordem, o nosso

ilustre e brilhante Deputado Jorge Khoury, da Bahia, pelo tempo de um minuto,

porque encerraremos a sessão às 19 horas.

O SR. JORGE KHOURY (DEM-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito este minuto concedido a mim pela

Mesa para trazer um abraço de despedida aos meus colegas desta Casa após 20

anos de mandato — foram cinco mandatos na Câmara dos Deputados.

Quero falar da satisfação que tive em poder, ao lado das Deputadas e dos

Deputados que compõem a Câmara dos Deputados, servir a meu País, buscando

cada vez mais dedicar a minha vida e o meu esforço para o engrandecimento e

desenvolvimento da nossa Pátria.

Volto ao meu Estado exatamente pela mesma forma que cheguei: pela

legitimidade do povo que me trouxe até aqui.

Concluo minhas palavras agradecendo aos dirigentes, funcionários e a todos

que me ajudaram, ao longo desses 20 anos de exercício de mandato de Deputado

Federal, a cumprir meu dever para com o meu País e para com o meu povo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Durante o discurso do Sr. Jorge Khoury, o Sr.

Uldurico Pinto, § 2° do art. 18 do Regimento Intern o, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Marcelo

Ortiz, 1º Suplente de Secretário.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, a nobre

Deputada Janete Rocha Pietá.

A SRA. JANETE ROCHA PIETÁ (PT-SP. Pela ordem.) - Sr. Presidente

Marcelo Ortiz, Deputados e Deputadas, neste encerramento do ano legislativo, em

primeiro lugar, quero agradecer a todos os funcionários da Casa, a todos os

brasileiros e brasileiras que nos estão assistindo. Neste momento em que o Brasil

inteiro comemora as festas natalinas e a entrada do novo ano, quero desejar à

nossa Presidente Dilma Rousseff um bom início de ano e dizer que esta Casa em

muito contribuirá para que seu trabalho possa ser dinamizado, tendo em vista que

nós vamos votar o Orçamento.

Eu também gostaria de dizer que nesse Orçamento — é de suma importância

destacar isto para a população que nos está assistindo, aquela que mais precisa de

apoio — a Comissão Mista ampliará os recursos do Bolsa Família, podendo com

isso ampliar o número de beneficiados. Na minha cidade muitas famílias já são

atendidas, mas muitas ainda precisam ser atendidas. Além disso, considero que nós

teremos de ver com carinho o aumento do valor do salário mínimo e dos proventos

dos aposentados.

Também quero registrar a grande notícia de que no Brasil foram criadas

138.247 vagas de trabalho com carteira assinada no mês de novembro. É

importante ressaltar que não se trata apenas de um presente de Natal que apareceu

de surpresa; esse é o resultado do compromisso do Governo do Presidente Lula

com o crescimento e a inclusão. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, com

base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados — CAGED, em

novembro foram criadas 1,576 milhão de vagas formais, o segundo melhor resultado

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da série. Com o resultado de novembro o País acumula 2,544 milhões de vagas

formais criadas no ano, um recorde histórico para os 11 primeiros meses do ano. O

melhor resultado em período equivalente anterior, de 2,107 milhões de empregos

com carteira assinada, foi apurado em 2008.

O desempenho do mercado formal superou a meta de geração de empregos

estipulada pelo Governo para este ano, que é de 2,5 milhões de vagas. Desde o

início do Governo Lula em 2003 já foram criados 15,068 milhões de empregos com

carteira assinada, de acordo com o Ministério do Trabalho. Repito que essa feliz

estatística não é resultado do acaso, muito pelo contrário, e sem dúvida é uma das

melhores notícias que as trabalhadoras, os trabalhadores, suas famílias, toda a

sociedade, enfim, poderia receber, nesta época de festejos de fim de ano. É o

melhor dos legados que poderiam ser deixados para o futuro Governo da Presidente

Dilma Rousseff. O Brasil cresceu e continuará crescendo.

Como Líder e coordenadora da bancada feminina, eu gostaria de ressaltar,

nestes segundos que me restam, que no próximo mandato a bancada feminina

estará empenhada para votar a PEC 590, da Deputada Luiza Erundina, que garante

a participação de Deputadas na Mesa Diretora da Câmara.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Tem a palavra, pela ordem, o

Deputado Luiz Couto.

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, V.Exa. pode informar-nos se haverá ou não Ordem do Dia nesta

sessão?

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Não, não haverá Ordem do Dia. Estou

para encerrar a sessão.

O SR. LUIZ COUTO - Está bem, obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Eu pedi ao Presidente que alguns

Deputados pudessem falar, e S.Exa. permitiu. Estou sendo rigoroso no tempo por

causa disso.

Deputada Janete Rocha Pietá, desculpe-me. V.Exa. viu que eu tentei de

todas as formas fazer com que V.Exa. pudesse falar.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Domingos Dutra.

O SR. DOMINGOS DUTRA (PT-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero mais uma vez falar de um assunto que

interessa a todo o País. Refiro-me ao exame de ordem da Ordem dos Advogados do

Brasil.

No último exame da Ordem, cerca de 92% dos bacharéis em Direito foram

reprovados. Isso motivou uma série de ações judiciais, e inclusive algumas liminares

já foram concedidas por juízes federais que acataram o argumento de que o exame

da Ordem dos Advogados é inconstitucional.

Há algum tempo fiz um requerimento à Comissão de Educação de realização

de um grande debate, a fim de ouvir a Ordem, uma instituição respeitada,

representantes da UNE, representantes das universidades brasileiras e

representantes dos bacharéis em Direito para esclarecermos uma série de questões

nebulosas sobre o exame feito pela Ordem dos Advogados do Brasil. Considero que

há exageros neste exame. Verificamos que, primeiro, a taxa de inscrição para fazer

o exame da Ordem é mais cara do que a taxa para participar de qualquer concurso

público no Brasil; segundo, que as pessoas que passam em uma etapa e vão para a

etapa seguinte são obrigadas a repetir todo o processo, quando o natural seria

aproveitar a etapa em que esses bacharéis lograram êxito; terceiro, que a prova é de

um rigor muito maior do que as de qualquer concurso público realizado no País;

quarto, que há pegadinhas, perguntas capciosas, e dá para notar que são feitas

justamente com o fim de colocar obstáculos para que esses bacharéis em Direito

obtenham o diploma.

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Há um projeto de lei na Câmara que acaba com o exame da Ordem pronto

para ser votado. A Ordem dos Advogados é contrária. Eu tenho minhas críticas, mas

não tenho posição firmada sobre a extinção do exame. Temos de fazer um grande

debate para esclarecer a situação e encontrar um meio termo. O que não pode

acontecer é promover-se um exame que mais parece uma forma de evitar que os

bacharéis em Direito obtenham sua carteira da OAB. Acho que, antes de colocar

uma barreira para esses bacharéis não obterem sua inscrição na entidade de classe,

temos de questionar os cursos jurídicos neste País. Por que não se questiona...

(O microfone é desligado.)

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - A Presidência pede desculpas ao

Deputado Domingos Dutra. Infelizmente, não podemos conceder mais tempo.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Uldurico Pinto.

O SR. ULDURICO PINTO (PHS-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estou vindo aqui pela última vez neste

mandato na qualidade de Deputado Federal.

Posso dizer que tenho toda a responsabilidade pelo resultado dessa eleição a

que eu concorri. Sou um homem de várias derrotas e vitórias. Não venho aqui alegar

o famoso escândalo do “vírus dorminhoco” que os hackers do Brasil dizem estar no

sistema das urnas eletrônicas, aquele vírus que acorda na hora em que se liga o

sistema, totaliza, e 5 minutos depois se autodestrói. O País inteiro comenta sobre

esse “vírus dorminhoco”, mas, como eu já disse, não venho aqui para falar do “vírus

dorminhoco”, Sr. Presidente, e sim para agradecer aos colegas Parlamentares, à

Mesa Diretora, ao pessoal do meu gabinete, aos 40.999 eleitores do extremo sul da

Bahia pelos votos que tive a honra de receber, aos aposentados, aos agentes

comunitários de saúde, ao pessoal dos cursos técnicos federais, aos trabalhadores,

sobretudo os trabalhadores rurais, e aos estudantes universitários do Estado da

Bahia.

Lutei, lutei, e peço perdão ao povo baiano por não ter conseguido vencer a

eleição. Venho hoje agradecer a toda a sociedade, muito carinhosamente aos

funcionários do gabinete, repito, e a todos aqueles que acompanharam nossa luta

na condição de Deputado Federal neste País. Participei de várias Comissões, de

muitos projetos, elaborei mais de duas centenas de discursos, participei de reuniões,

lutei, lutei, lutei! E hoje estou aqui agradecendo a todos os colegas e a todos os

eleitores do meu Estado da Bahia pela luta e pelo apoio que obtive, na condição de

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Presidente do Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos Humanos e também de

Presidente da Frente Parlamentar de Apoio e Desenvolvimento da Biotecnologia.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados vim a esta Casa pela primeira vez com

a honrosa missão de ajudar a escrever a atual Constituição. Despeço-me agora de

meu terceiro mandato, agradecendo a meus eleitores, ao povo baiano e aos

brasileiros em geral a oportunidade que tive de trabalhar aperfeiçoando as leis

complementares e ordinárias. E esse trabalho não teria sido possível sem a

competência, lealdade e atividade dos funcionários de meu gabinete, aos quais mais

uma vez agradeço.

E como Presidente da Frente Parlamentar para o Apoio e Desenvolvimento

de Biotecnologia agradeço também o trabalho e o apoio aos meus colegas

Parlamentares que a compõem, especialmente ao Senador Renato Casagrande,

vice-presidente da Frente e hoje Governador eleito do Espírito Santo. Foram os

meus colegas que, nesta e em Legislaturas anteriores, consolidaram o Estado de

Direito, no mais longo período democrático da história nacional.

Nos últimos quatro anos fui titular da Comissão de Desenvolvimento

Econômico, Indústria e Comércio e da Comissão de Desenvolvimento Urbano. Na

Comissão de Direitos Humanos e Minorias fui titular e suplente. Seja nas

Comissões, seja neste plenário, orgulho-me de ter participado da feitura das bem

sucedidas Lei do Empreendedor Individual, Lei das Escolas Técnicas Federais, Lei

da Pesca e muitas outras, entre os 106 projetos de lei e proposições apresentados

por mim. Fui Relator de 25 projetos de lei de meus colegas Deputados e pronunciei

217 discursos. Muitas das proposições que elaborei, assim como muitos dos

pronunciamentos, fundamentaram-se nos preceitos do desenvolvimento sustentável,

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isto é, na possibilidade de gerar emprego e renda de forma crescente, sem prejuízos

ao meio ambiente.

Participei de algumas Comissões Especiais, como a da PEC que torna a

alimentação um direito social; trabalhei também nas PECs relativas ao plano de

carreira dos agentes de saúde e à remuneração dos advogados públicos. As

Comissões que trataram das sociedades indígenas, do pré-sal e da criação de

empregos públicos na Fundação Nacional de Saúde também receberam a nossa

colaboração.

É difícil escolher, entre dezenas, os projetos de lei que mais me orgulham.

Aleatoriamente, posso citar o projeto de implantação da Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri, e também o projeto de criação da Universidade

Federal do Extremo Sul da Bahia, com campi em várias cidades da região.

Deixo para os futuros legisladores a decisão sobre projetos que apresentei e

que ainda tramitam, como o que institui o Fundo Nacional de Emprego e

Solidariedade, o que altera o sistema tributário nacional e os que criam pisos

salariais para enfermeiros, odontólogos, agentes de saúde e agentes de combate a

endemias. Muitos desses projetos aguardam pareceres ou decisão de recursos

apresentados por colegas. Espero que os Deputados Federais a serem empossados

em 2011 aproveitem o nosso trabalho, aperfeiçoando-o no que for possível.

Senhoras e senhores, depois deste mandato, assim como antes de minha

vida na política institucional, permanecerei um cidadão atento para as questões

relativas às instituições republicanas do Estado brasileiro. A Constituição que

ajudamos a aprovar permite a participação ativa da sociedade civil organizada, como

exemplifica a chamada Lei da Ficha Limpa, projeto de iniciativa popular. Deixo o

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mandato, portanto, mas não o ativismo político, e volto à Bahia pronto para

aproveitar a mudança de perspectiva para de lá observar esta Casa com um olhar

diferenciado, mais crítico e objetivo.

E como Presidente do Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos Humanos —

IBRA continuarei, nas ruas e praças deste País, defendendo os direitos humanos e

as liberdades individuais. Mesmo sem o mandato de Deputado Federal, estarei à

disposição. Podem contar comigo.

Meus agradecimentos ao povo brasileiro.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Paulo Piau.

O SR. ZONTA - Sr. Presidente, até que o Deputado Paulo Piau chegue,

gostaria que V.Exa. me permitisse fazer um breve registro.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Pois não.

O SR. ZONTA (PP-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

ontem, por decisão unânime da egrégia Câmara de Vereadores, tivemos a honra de

receber em Campos Novos, celeiro do agronegócio catarinense, o título de cidadão

daquele Município.

Foi uma honra muito grande, dada a importância histórica de Campos Novos,

por tudo aquilo que o Município representa, também por ser o berço do

cooperativismo, Deputado Paulo Piau, no oeste de Santa Catarina, pois em Campos

Novos há várias cooperativas.

Portanto, quero aqui externar meu agradecimento aos Vereadores Adavilson

Telles e Cirilo Rupp pela iniciativa, assim como a todos os Srs. Vereadores, a toda a

comunidade, ao povo de Campos Novos, por nos dar essa distinção.

Obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o

Deputado Paulo Piau.

O SR. PAULO PIAU (Bloco/PMDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Srs. Deputados, ocupo a tribuna neste final de Legislatura para

agradecer primeiramente a Deus por nos ter protegido durante todo este período.

Agradeço também ao povo de Minas, ao generoso povo mineiro, e de uma maneira

muito especial ao povo das cidades que me acolheram durante a campanha

eleitoral.

Sr. Presidente, cumprimento todos aqueles que passaram por esta

Legislatura. Alguns não vão voltar por opção, outros porque não conseguiram seu

intento no processo eleitoral. De qualquer maneira, todos contribuíram muito para o

engrandecimento desta Casa e do povo brasileiro.

Quero também cumprimentar o Presidente Lula por seu Governo. O

Presidente termina seu mandato com mais de 80% de aprovação de seu Governo e

com quase 90% de aprovação pessoal como Presidente da República. Isso significa

que agradou ao povo brasileiro.

Cumprimento a Presidenta Dilma Rousseff, os Governadores eleitos, e de

maneira muito especial o Governador de Minas, uma pessoa do bem, o Prof.

Anastasia, e também os Deputados Federais, Estaduais e Senadores eleitos por

Minas, destacando Aécio Neves e Itamar Franco, que com certeza vão contribuir

muito para o desenvolvimento do Legislativo brasileiro.

Quero também dizer, Sr. Presidente, que todos nós podemos ajudar a

construir um Brasil melhor. E construir um Brasil melhor significa planejar, executar,

ter mais ética nas ações de Governo e principalmente caminhar nas reformas.

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Falamos de reformas, Sr. Presidente, porque há necessidade de ajustes. E

queremos focalizar a chamada reforma político-partidário-eleitoral. Essas eleições

mostraram que não há mais como continuar o processo do jeito como está. Estamos

degradando o processo eleitoral brasileiro. A política partidária dá um mau exemplo

a todas as outras eleições brasileiras — eleições de sindicatos, de cooperativas, de

associações de bairros, comunitárias, rurais etc. Enfim, o processo eleitoral-

partidário tem de dar um bom exemplo.

Por isso mesmo venho aqui advogar que devemos ter um partido único em

todo o Brasil, com relação à verticalização; ou seja, é preciso acabarmos com a

chamada coligação proporcional (a majoritária evidentemente é necessária),

instituirmos o financiamento público de campanha e o voto em lista e — por que não

dizer? — também analisarmos bastante o voto distrital.

Quanto à reforma tributária, já deixo consignado que devemos discutir a

Contribuição Social da Saúde, que possivelmente substituirá a CPMF. Mas devemos

discuti-la no bojo da reforma tributária, e não isoladamente. Na reforma trabalhista

temos de discutir a terceirização, e na previdenciária temos tratar dos aposentados.

Enfim, Sr. Presidente, quero dizer que o que não conseguiu o Presidente

Fernando Henrique Cardoso em oito anos de Governo o Presidente Lula também

não fez: avançar nas reformas. Mas nós temos a esperança de que a Presidenta

Dilma Rousseff vai liderar o processo e fazer com que o Congresso Nacional possa

efetivamente promover as reformas de que este País tanto precisa.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Cleber Verde.

O SR. CLEBER VERDE (Bloco/PRB-MA. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Nobre Deputado Marcelo Ortiz, alegra-me muito vê-lo presidir os trabalhos

na tarde de hoje.

Quero aproveitar esta oportunidade, quando estão praticamente findando os

trabalhos desta Casa — talvez seja esta a última sessão —, para fazer um registro

que considero extremamente importante. Trata-se do registro de uma passagem

bíblica, o Salmo 37, que ensina: “Entrega teu caminho ao Senhor; confia n’Ele e o

mais Ele fará”. E Lucas diz também: “Não há impossíveis para as promessas de

Deus”.

Digo isso, Sr. Presidente, porque, diante da fé no meu trabalho, em tudo que

realizei, e de tudo que passei no recente processo eleitoral, só posso louvar a Deus

pela vitória de estar aqui, por ter sido diplomado no dia 16 de dezembro e por poder

voltar a esta Casa no dia 1º de fevereiro para tomar posse e continuar o trabalho em

favor do Brasil, e especialmente do povo do Maranhão.

De forma especial, louvo a Deus por este mandato e agradeço ao povo do

Maranhão, pois tenho certeza de que esse Estado passa por um momento muito

especial, com a descoberta de gás natural nos Municípios de Matões e Santo

Antônio dos Lopes, uma grande reserva de gás natural, que traz a perspectiva de

um grande desenvolvimento para aquela região, e com a refinaria Premium, que

está sendo construída no Maranhão, uma das obras de maior volume de recursos do

Brasil, talvez da América Latina.

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Portanto, o Maranhão vai passar por um momento de transformação, e tenho

certeza de que o seu povo, que me conduziu a esta Casa, há de ter momentos

melhores, oportunidades melhores para que possa progredir e o Estado possa sair

da situação em que se encontra hoje.

Quero, nesta oportunidade, desejar a todos os maranhenses e a todo o povo

brasileiro um feliz Natal, um feliz Ano Novo. Que Deus possa estar reinando sobre

esta Casa, sobre este Parlamento, sobre este Congresso, sobre o Brasil e o mundo,

trazendo-nos mais paz, saúde e prosperidade. E que possamos ter fé e convicção

de que dias melhores virão, graças ao trabalho, à obstinação, acreditando acima de

tudo que nosso trabalho nesta Casa terá um sentido prático na vida do povo

brasileiro.

Que ao votarmos, ao fazermos os devidos encaminhamentos, possamos

dedicar nosso mandato e tudo que fizermos aqui em favor exatamente da justiça.

Entendo, Sr. Presidente, que não há nada mais relevante para a vida social do que a

formação do sentimento de justiça.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Germano Bonow.

O SR. GERMANO BONOW (DEM-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, cumprimento V.Exa. e lembro a visita que fizemos, há alguns dias, à

sua cidade, Guaratinguetá, quando tivemos oportunidade de ver o excelente

trabalho que Frei Hans realiza em suas três comunidades terapêuticas. Trata-se de

um trabalho que vem sendo feito há mais de 25 anos, um trabalho de retaguarda na

luta contra as drogas no País.

Além das três comunidades terapêuticas de Guaratinguetá existem mais de

cinquenta no País, inclusive três em meu Estado. Faço mais uma vez, Deputado

Marcelo Itagiba, o registro desse belíssimo trabalho de Frei Hans.

Quero também fazer um importante registro. No próximo dia 31 de dezembro

encerra-se meu mandato no Parlamento do MERCOSUL. Por resolução desta Casa,

o mandato não foi renovado. Vai haver, portanto, no próximo mês de janeiro, um

vazio. E a nova representação brasileira deverá ser escolhida, do meu ponto de

vista, entre os Parlamentares desta Casa e do Senado, até que a população

brasileira possa escolher seus representantes no MERCOSUL.

Aliás, um trabalho que fizemos em Montevidéu durante estes quase quatro

anos foi pleitear que o Parlamentar do MERCOSUL seja eleito pelo povo brasileiro.

É muito complicado, é difícil nós passarmos 27, 28 dias do ano no Brasil e dois ou

três dias em Montevidéu tratando das questões referentes ao MERCOSUL. A

resolução que ampliou a representação brasileira foi aprovada pelo Parlamento do

MERCOSUL em Assunção, no início do ano passado, mas somente agora, há um

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ou dois meses, os Executivos dos países que compõem o MERCOSUL, Paraguai,

Uruguai, Argentina e Brasil, assinaram o aval.

Portanto, nós já temos condições de eleger os 37 Parlamentares brasileiros. É

lógico que dependemos de uma legislação nacional, dependemos de que isso seja

organizado no País inteiro, de que a comunidade brasileira saiba o que é o

MERCOSUL, o que é o Parlamento do MERCOSUL, e possa escolher os seus

representantes. Ouvi ainda há pouco o Deputado Rosinha, aqui na tribuna, falar da

importância de que o Parlamentar seja eleito, seja como representante do

Congresso Nacional, seja por eleição direta. É esse o meu pensamento também.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Edinho Bez.

O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, gostaria apenas de fazer o registro de uma discussão que tivemos

hoje com várias lideranças, uma discussão para a qual, a partir do ano que vem,

precisamos dar prioridade. Trata-se das reformas — a reforma da previdência, a

reforma trabalhista, a reforma tributária e a reforma política.

Tenho dito que a reforma política é a reforma das reformas. Não é possível

continuarmos com o falido, arcaico e corrupto sistema eleitoral brasileiro. Agora a

campanha virou individual; não é mais campanha de partido político. E aí, quem tem

dinheiro ou é corrupto leva vantagem.

Nós precisamos ter a coragem de priorizar essa reforma. Estou feliz, pois nas

discussões que tivemos hoje com várias lideranças, à unanimidade, o pessoal

entende que não é mais possível continuarmos com o atual sistema político.

É o registro que gostaria de fazer, apelando para os nobres colegas, para

aqueles que se elegeram e para aqueles que poderão ajudar-nos, manifestando-se

diretamente de suas bases.

Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Com a palavra, pela ordem, o nobre

Deputado Marcelo Itagiba.

O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Deputado Marcelo Ortiz, eu gostaria em primeiro lugar de me congratular com

V.Exa. pelo brilhante desempenho que teve, na qualidade de Parlamentar, nesta

Legislatura. V.Exa. com certeza fará muita falta a esta Casa, porque sempre esteve

presente nas grandes discussões com inteligência e com vontade.

Mas eu gostaria de chamar atenção para uma questão que me vem causando

espécie, Sr. Presidente. A palavra “hipocrisia” tem sido utilizada no meu Estado pelo

Governador a todo momento. Ele chama de hipócritas aqueles que condenam o uso

das drogas, porque ele é a favor da liberação das drogas; ele chama de hipócritas

aqueles que são contra o aborto, porque é, como se declarou, favorável ao aborto,

ou seja, ao homicídio do nascituro; ele chama de hipócritas aqueles que são contra

a legalização da contravenção!

Acho que hipocrisia muito pior é aquela acobertada por uma dose de cinismo

do Governador do Estado do Rio de Janeiro, porque na verdade sabemos que a

contravenção que ele pretende legalizar está por trás das milícias e do crime

organizado no meu Estado.

Sabemos que a vida é o bem maior, por isso não podemos concordar com o

aborto; e na questão das drogas, se estamos combatendo as drogas, se estamos

combatendo os traficantes, como podemos fazer o discurso da liberação dessas

substâncias entorpecentes que aniquilam a nossa juventude?

Então, acho que a palavra correta para ser utilizada no Rio de Janeiro não é

“hipocrisia”, e sim “cinismo”, porque na verdade é cínico quem defende a tese da

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liberação das drogas, da liberação da contravenção que é a criminalidade

organizada, e quem defende a morte do nascituro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. ALCENI GUERRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Tem V.Exa. a palavra por um minuto,

pois estamos no horário de encerrar a sessão.

O SR. ALCENI GUERRA (DEM-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, permita-me V.Exa. recordar um fato importante na minha trajetória

política.

Junto com V.Exa., há poucos dias, visitando a Fazenda da Esperança, em

Guaratinguetá, de Frei Hans Stapel, ouvi-o dizer, com sua larga experiência no

assunto, que precisamos ter um sistema em todo o Brasil de combate a essa

tragédia que é o uso do crack. Em 98% dos Municípios brasileiros há usuários de

crack. Por isso, eu gostaria de fazer um apelo a V.Exa., à Casa, aos Deputados, no

sentido de que o relatório final do Deputado Germano Bonow, da Comissão Externa,

seja adotado na íntegra pela Câmara, para que possamos apresentar à sociedade, à

Nação brasileira, uma ferramenta, um instrumento de trabalho em relação a essa

tragédia nacional que estamos vivendo, diante do crescimento do consumo de crack

no Brasil. Faço este apelo a V.Exa.

E permita-me concluir dizendo que V.Exa. fará falta para Guratinguetá nesta

Casa, e fará falta para nós na política, porque V.Exa. é um exemplo de homem

público. Faço votos de que a afirmação que V.Exa. fez aqui, de que daqui a quatro

anos estará concorrendo novamente às eleições para Deputado Federal, concretize-

se, e assim possamos ter V.Exa. de volta a esta Casa, Deputado Marcelo Ortiz.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Obrigado a V.Exa. pelas palavras. E

quero dizer que o trabalho feito por Frei Hans é louvável mesmo. E o desejo de

V.Exa. também é o meu desejo. Se Deus continuar dando-me a saúde com que me

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tem abençoado e disposição de trabalhar pelo nosso País, para minha cidade

Guaratinguetá e para a região, V.Exa. pode ter certeza que estarei concorrendo

novamente para daqui a quatro anos voltar a este Plenário. Foi muito para mim estar

aqui. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado Paes Landim, eu vou dar a

V.Exa, desculpe, com todo o respeito, três minutos, não mais, porque tenho de

encerrar a sessão.

O SR. PAES LANDIM - Um minuto será só para...

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Um minuto? Então, um minuto.

O SR. PAES LANDIM - Não, quatro minutos, porque um será dedicado a

V.Exa.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Obrigado.

O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

DISCURSO DO SR. DEPUTADO PAES LANDIM QUE, ENTREGUE AO

ORADOR PARA REVISÃO, SERÁ POSTERIORMENTE PUBLICADO.

(Discurso a ser publicado na Sessão nº 001, de 03/02/11.)

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Quero agradecer a V.Exa.

Rapidamente, quero usar da palavra para agradecer a V.Exa. e aos Deputados que

o antecederam as palavras que foram dirigidas a mim, e dizer que deixo este

Congresso mas aprendi muito aqui. Quando vim para cá, achei que com a minha

idade teria pouco a aprender. Estou há oito anos aqui nesta Casa, onde conheci

aqui pessoas maravilhosas e aprendi bastante, principalmente na CCJ, com os

juristas que lá encontrei e com as pessoas dedicadas à área social. Enfim, tudo isso

foi muito bom para mim.

Foi muito bom também levar as pessoas para conhecerem minha região e o

Vale da Tecnologia. Quando estivemos em São José dos Campos, testemunhei a

admiração dos Deputados, que jamais haviam entrado numa fábrica de aviões como

a EMBRAER, que é uma maravilha. Quem a visitou jamais imaginara que teria a

possibilidade de ver algo assim no Brasil. E há muitas outras fábricas lá, como a

Mectron, a HTA, a BASF e a Lipper, além de empresas do Vale do Paraíba; enfim,

aquilo ali é o Vale da Tecnologia, mas, ao mesmo tempo em que é o Vale da

Tecnologia, é também a região que abriga a cidade da Padroeira do Brasil, Nossa

Senhora da Aparecida, e minha cidade de Guaratinguetá, onde nasceu Frei Galvão,

o primeiro santo brasileiro.

Tenho certeza absoluta de que cumpri meu dever, e não fiz nada mais do que

era minha obrigação. Despeço-me de V.Exas., pois não volto para o próximo

mandato, mas tenham certeza de que estarei por aqui e, se Deus continuar a me

ajudar, como tem feito até hoje, dando-me saúde suficiente para trabalhar da forma

como trabalho, vou candidatar-me novamente, pois quero voltar a esta Casa. Acho

que este Congresso, esta Casa, a Câmara, e o Senado fazem muito para o País. Foi

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o que nós fizemos, e tenho certeza de que os Deputados que estarão aqui nos

próximos quatro anos continuarão trabalhando pelo nosso País.

Desejo a todos um feliz Natal e um bom ano de 2011. Quero cumprimentar os

funcionários desta Casa pela dedicação que demonstram. Durante todo o tempo em

que estive aqui, muitas vezes procurei, de todas as formas, protegê-los, pelo mérito

que eles têm.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Deputado Nilson Mourão, V.Exa. queria

falar? Eu peço-lhe que seja o mais rápido possível, porque estou encerrando a

sessão.

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, com o consentimento de V.Exa., eu gostaria de fazer um breve registro.

Com muito pesar, registro no plenário da Casa o abrupto falecimento do meu irmão

mais novo. Aos 45 anos de idade, ele não resistiu a um transplante de rins. Na

última terça-feira foi submetido a um transplante de rins na Beneficência Portuguesa

de São Paulo, mas não resistiu e partiu para a eternidade. Quero, portanto, registrar

seu nome nesta Casa: José Nivardo Mourão.

Meu irmão partiu para a eternidade com 45 anos de idade. É o registro que

faço, com muito pesar, Sr. Presidente. Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - O registro está feito. Receba da

Presidência todo o nosso pesar. Infelizmente, isso acontece. Nós estamos aqui, mas

somos frágeis. A única coisa que não conseguimos realmente evitar é a morte. Que

ele esteja no reino e na paz de Deus.

O SR. NILSON MOURÃO - Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Então, terminando o que eu dizia,

passei aqui oito anos, e aprendi muito. Pensei que aqui eu não aprenderia

praticamente nada. Achei que sabia tudo, pois trazia 50 anos de advocacia e havia

sido diretor de faculdade por 30 anos.

Eu quero agradecer a todo o povo da minha região que votou em mim,

embora não tenha tido a possibilidade de me eleger. Gostaria de voltar para proteger

meu povo novamente, mas posso dizer tranquilamente que fiz muitos amigos aqui, e

por isso eu tenho certeza absoluta de que, numa necessidade, vou poder socorrer-

me dos colegas que estarão aqui. Muito obrigado por tudo.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Apresentação de proposições .

Os Senhores Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-

lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SRS.:

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VI - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Nada mais havendo a tratar, vou

encerrar a sessão, lembrando que amanhã, quarta-feira, dia 22 de dezembro, às 10

horas, haverá sessão solene do Congresso Nacional no plenário do Senado Federal,

para promulgação da Emenda Constitucional nº 67, de 2010.

Conforme acordado entre o Sr. Presidente e os Srs. Líderes, amanhã deixará

de ser realizada sessão ordinária da Câmara dos Deputados para que o Congresso

Nacional aprecie o Orçamento Geral da União.

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O SR. PRESIDENTE (Marcelo Ortiz) - Está encerrada a sessão.

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(Encerra-se a sessão às 19 horas e 34 minutos.)

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA NO

PERÍODO DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO O RDINÁRIA

DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 180, REALIZADA EM 6 DE O UTUBRO DE

2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. DANIEL ALMEIDA (Bloco/PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito esta oportunidade para

agradecer a cada um dos 135.817 eleitores da Bahia que me reconduziram a um

terceiro mandato na Câmara dos Deputados. É com grande alegria que vejo meu

trabalho reconhecido por tantos eleitores de meu Estado.

Creio que isso se deva a eu estar envolvido num projeto político vitorioso, o

projeto político conduzido por Lula, o qual terá continuidade com a confirmação, no

segundo turno, da vitória da Presidenta Dilma. Igualmente vitorioso tem sido o

projeto político da Bahia, onde reelegemos o Governador Jaques Wagner e

elegemos 2 Senadores que compuseram a aliança, além de 22 Deputados Federais

e mais de 35 dos 63 Deputados Estaduais.

Portanto, quero agradecer a todos que se envolveram na nossa campanha,

aos Prefeitos e Vereadores, às lideranças do interior do Estado e a toda a Bahia.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO

DESTINADO AO GRANDE EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA

DOS DEPUTADOS Nº 181, REALIZADA EM 7 DE OUTUBRO DE 2010 —

RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

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O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.

Deputados, o dia 3 de outubro, dia da eleição para Presidente da República,

Governadores e Parlamentares do nosso País, foi a data também dos 20 anos da

unificação da Alemanha.

A Alemanha, como sabemos, Sr. Presidente, foi dividida em dois países,

resultado dos escombros da Segunda Guerra Mundial: na parte ocidental, a

República Federal Alemã, que é democrática, mas de certa maneira conta, na sua

fundação, com a presença de tropas americanas, francesas e inglesas; no lado

oriental, a República Democrática Alemã, de orientação soviética, comunista, de

partido único.

O que foi fantástico do processo da unificação alemã, Sr. Presidente, é que

na Constituição da República Federal da Alemanha, conhecida como a Constituição

de Bonn, de 1949, cujo mestre idealizador foi o famoso chanceler Konrad Adenauer,

figura histórica que se dispensa neste momento descrever, já se previa que essa

mesma Constituição da parte ocidental da Alemanha seria um dia aplicada a toda a

Alemanha, reunificada, é claro, com o consentimento daqueles cidadãos alemães

que ficaram na parte oriental, na chamada RDA.

De repente, Sr. Presidente, como sabemos, o povo alemão, o povo da parte

oriental, depois dos acontecimentos no Leste Europeu, da própria crise decadencial

da antiga União Soviética, dos movimentos da Polônia, da Hungria, resolveu destruir

o chamado Muro de Berlim, o muro em torno de Brandemburgo, cidade que

conheço, aliás, somente graças a uma música genial do grande Johann Sebastian

Bach, Concerto de Brandemburgo.

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Pois bem, houve aquela noite histórica da destruição do Muro de Berlim e a

operação para a unificação da Alemanha veio a se realizar quase um ano depois,

em 3 de outubro de 1990.

Berlim era a capital da República Democrática Alemã, e Bonn era a Capital da

Alemanha Ocidental. Depois da reunificação, Berlim voltou à sua grandeza de

grande capital europeia, a capital da Alemanha, da Alemanha que então nasceu,

uma Alemanha europeia que renunciava aos sonhos visionários de uma Europa

alemã. E nesse sentido, Sr. Presidente, não podemos deixar aqui de aplaudir a

figura exponencial do então Chanceler Helmut Kohl. Foi ele o grande negociador

com o então líder soviético, o Presidente Mikhail Gorbachev, e nessas tratativas

Helmut Kohl até sacrificou a própria Alemanha Federal pelo bem da unidade do povo

alemão, dando à União Soviética recursos para ajudá-la a conter a crise por que

passava, naquele momento de desintegração do seu próprio sistema político,

econômico e social, e ao mesmo tempo compensando a própria União Soviética —

ou melhor, naquele momento já era a Rússia — com a saída dos soldados russos da

Alemanha Oriental.

Cerca de 300 mil soldados russos estavam estacionados na Alemanha

Oriental, uma presença maciça do então exército soviético. E como receber de volta

essa população, familiares com problema de hospedagem, de escolas? A Alemanha

Federal então bancou essa retirada, ajudando a Rússia, para que a unificação alemã

fosse efetivada. Esse foi o grande papel de Helmut Kohl, que foi também o grande

construtor da unidade europeia, contra a vontade e o ciúme de líderes europeus

como François Mitterrand, que tinha receio da Alemanha unificada. Mas a Alemanha

mostrou sua vocação europeia.

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Helmut Kohl foi, portanto, um grande inspirador também da União Europeia,

que se concretizou com a unidade da Alemanha.

É evidente, Sr. Presidente, que com 20 anos a nova Alemanha ainda é muito

jovem, em idade primaveril, o leste alemão rico e prospero, a Alemanha comunista

pobre, cheia de problemas, com algumas suntuosas obras de fachada, mas o povo

em condições precárias. A Alemanha Federal teve de fazer sacrifícios. Quase US$ 3

trilhões foram investidos pela República Federal da Alemanha na parte oriental do

país, para tentar soerguer a devastada economia comunista da antiga RDA,

sacrificando o contribuinte europeu, o contribuinte da Alemanha Ocidental. O

processo encontra obstáculos, pois as crises de relacionamento entre as antigas

partes oeste e leste ainda persistem. Mas o quadro é auspicioso, um quadro que só

a democracia pode produzir: hoje a Alemanha está unificada, graças ao

envolvimento do povo alemão, por contra própria e pelo esforço de entidades

religiosas da Alemanha Oriental, de entidades civis, igrejas, púlpitos. E o que é mais

fantástico: a democracia hoje é uma realidade inconteste em toda a Alemanha.

E a atual Primeira-Ministra alemã, a governante, a chanceler alemã que se

encontra à frente do Governo alemão é Angela Merkel. De onde ela veio? Ela era

uma professora da Alemanha comunista. Seus valores eram ocidentais, espirituais e

democráticos, mas ela vivia cerceada, na Alemanha Oriental comunista, e hoje é a

líder de toda a Alemanha unificada. Basta isso para consagrarmos o espírito alemão,

a grandeza alemã, a visão da unificação alemã, responsável pela unidade europeia.

A Embaixada da Alemanha em Brasília comemorou ontem à noite os 20 anos

da unidade alemã, e eu estive presente lá. Foi bonito ver que o embaixador alemão

fez questão de que se executasse ali, além do hino alemão — e do nosso Hino

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Nacional, para marcar a amizade entre o Brasil e a Alemanha —, o hino da União

Europeia, mostrando que a Alemanha é parte da Europa. Sabemos que o hino da

União Europeia consagra nada mais, nada menos do que uma das sinfonias do

genial Beethoven.

Essa é a Alemanha moderna, que está conseguindo superar a crise de 2009,

e é hoje um grande instrumento de paz no mundo, um grande instrumento de

consolidação dos valores democráticos no mundo inteiro.

Sr. Presidente, hoje, pela passagem dos 20 anos da unificação alemã, eu não

poderia deixar de me congratular com o grande povo alemão pela sua unidade, que

vai gerar mais prosperidade para a Alemanha, para o leste europeu, para a Europa e

para o mundo inteiro.

Sr. Presidente, quero também falar hoje de um problema importante e de

certa maneira internacional, que diz respeito à nossa grande Empresa Brasileira de

Aeronáutica S.A. — EMBRAER.

O Brasil ainda não se deu conta de que a EMBRAER é a nossa ponta de

lança, orgulho da tecnologia brasileira, destaque no mundo inteiro. Seus aviões

trafegam em todos os céus deste planeta. No Canadá, na Inglaterra, na Europa, nos

Estados Unidos, todos viajam com aviões fabricados pela EMBRAER. Vai-se daqui a

Lisboa em avião da TAP, mas lá a aviação regional, para todos os países da

Europa, é feita por aeronaves da EMBRAER.

No Brasil a aviação regional engatinha. A EMBRAER engatinha, patina, não é

devidamente prestigiada, incentivada nem subsidiada pelo próprio Governo. Mas ela

é o nosso grande trunfo. Precisamos de uma aviação regional que seja, neste País

continental, o instrumento principal da nossa política aeronáutica.

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Sr. Presidente, há cerca de 10 anos eu viajava para Petrolina, em

Pernambuco, e havia voos diários para lá com o jato 145 da EMBRAER. Hoje

acabou essa aviação regional. Quanto à VARIG eu não sei, mas as grandes

companhias sufocam as pequenas que tentam fazer voos regionais. Elas querem

compensar sua incompetência na disputa do mercado internacional com fatias do

nosso próprio mercado nacional. Com isso destroem o espírito da aviação regional,

que poderia ter na EMBRAER o grande suporte tecnológico deste País.

Agora mesmo, Sr. Presidente, vejo que a revista MexicoNow mostra como o

México, que não tem uma EMBRAER, procura incentivar sua aviação. Pois bem, na

edição da MexicoNow publicada e distribuída durante a feira aeronáutica de

Farnborough, na Inglaterra, realizada em julho, o governo mexicano mostrou as

conquistas daquele país no processo de adensamento de sua cadeia aeroespacial.

Destaca, por exemplo, que o número de empregos gerados no setor cresceu 300%

em menos de uma década. Em plena crise financeira global, entre os anos de 2008

e 2010, o México atraiu mais de US$ 2,5 bilhões em investimentos apenas para o

segmento aeronáutico. Ainda mais importante: as empresas mexicanas estão

transformando-se, produzindo conjuntos mais complexos, com maior valor

agregado, conquista vital para a sustentabilidade comercial dessa cadeia de valor.

A política mexicana de incentivo ao crescimento da participação dessa cadeia

no valor global do setor aeroespacial, de acordo com dados do início da década

passada sobre os resultados auferidos em pouco menos de 20 anos, constitui

indicação expressiva do que o Brasil poderia conquistar nessa área se também

contasse com políticas públicas capazes de proporcionar às empresas que integram

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a base de fornecimento do setor aeroespacial nacional condições de competição em

pé de igualdade com fabricantes do exterior.

Em várias entrevistas constantes nas páginas da revista MEXICONOW há

pouco aludida constata-se a preocupação das autoridades mexicanas de

proporcionar aos investidores do setor um ambiente propício ao desenvolvimento de

negócios no sofisticado e competitivo mercado aeroespacial global, com as

seguintes medidas: investimentos em capacitação e qualificação de pessoal;

eliminação de entraves burocráticos; registro tributário que elimina assimetrias com

respeito a fornecedores de outros países; acesso ao crédito em condições

competitivas. Trata-se das mesmas bandeiras de luta das empresas e entidades

representativas da indústria aeroespacial brasileira, que têm o apoio de muitos

Parlamentares e autoridades do Executivo.

Se, por um lado, a localização próxima dos Estados Unidos e do Canadá, os

dois maiores mercados para esse setor, constitui um inegável fator de atratividade

para o México, por outro lado o Brasil conta com atrativos de peso, começando por

abrigar uma das principais fabricantes de aviões comerciais de todo o mundo, a

EMBRAER, além de dispor de mão de obra de elevada qualificação, reconhecida

pela sua qualidade, responsabilidade e conhecimento cultural aeronáutico,

acumulado ao longo da década.

Não posso deixar de ressaltar a importância do Instituto Tecnológico de

Aeronáutica de São José dos Campos, o ITA. É um orgulho tecnológico do Brasil, a

mais importante escola de engenharia espacial da América Latina, orgulho do Brasil,

repito, e responsável com certeza pela criação da EMBRAER, pela inteligência

sofisticada e pela tecnologia que emprestou para a criação da empresa.

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Devemos enxergar, portanto, Sr. Presidente, no exemplo mexicano uma fonte

de estímulo para que avancemos ainda mais nesse setor do Brasil, implantando e

consolidando uma cadeia de suprimentos, de equipamentos e serviços competitivos,

em escala global, responsável pela criação de milhares de novos empregos de

elevada qualificação e ao mesmo tempo importante fonte de divisas para o País.

Sr. Presidente, aqui, mais uma vez, protesto, diante do absurdo que é o Brasil

não ter uma aviação regional. As autoridades da ANAC, da INFRAERO, enfim, não

se preocupam com esse aspecto. Se desenvolvermos a aviação regional, teremos a

maior aviação regional do mundo. Nossa EMBRAER poderia fornecer os aviões, que

são orgulho do Brasil no mundo inteiro, e precisam ser nossa referência em todos os

quadrantes do Brasil, do Oiapoque ao Chuí. Nós não podemos dar passos tímidos

na aviação regional.

Sr. Presidente, recordo que durante 50 anos seguidos houve praticamente

voos diários de Teresina a São Luís, inicialmente nos DC-3 da Cruzeiro do Sul,

depois em aviões comerciais modernos. De repente, há cerca de 10 anos, essa

aviação desapareceu. Para ir a São Luís, que fica a 20 ou 30 minutos de Teresina,

tem-se de ir a Fortaleza ou a Brasília, para depois voltar a São Luís. Veja que

absurdo! Eu poderia citar aqui vários voos similares. Para ir de Teresina a Recife ou

a Salvador, tem-se de passar por Brasília. Para ir de Teresina a Manaus, tem-se de

passar por Brasília. Isso é um absurdo! Só no Brasil existe uma aviação desse nível,

uma aviação anticompetitiva, antitecnológica, sem qualificação de mão de obra,

porque não se valoriza o nosso grande produto: a EMBRAER.

Sr. Presidente, há poucos dias, depois de 10 anos, resolveram regularizar a

aviação São Luís-Teresina. Sabe qual é o horário de voo, Sr. Presidente? Uma hora

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da manhã, para ir a São Luís e três horas da manhã para voltar. É uma maneira de

evitar que essas pequenas empresas de aviação regionais, como a Azul, disputem

mercado com as grandes companhias.

Sr. Presidente, isso não tem cabimento! Precisamos pensar no consumidor,

na grandeza do Brasil, na grandeza da EMBRAER. Quanto mais se fortalecer a

EMBRAER, quanto mais possibilitarmos que aviões da EMBRAER transitem por

todo o céu do Brasil, mais, neste grande País continental, divisas haverá, mais

empregos, mais tecnologia, mais inovação tecnológica na aviação.

Sr. Presidente, essa é uma antipolítica pública que deveríamos combater

aqui, porque a EMBRAER tem de ser o símbolo do que há de mais moderno e

sofisticado, em termos de ciência e tecnologia no Brasil.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA NO

PERÍODO DESTINADO AO GRANDE EXPEDIENTE DA SESSÃO OR DINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 189, REALIZADA EM 9 DE NOVE MBRO DE 2010

— RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. DANIEL ALMEIDA (Bloco/PCdoB-BA. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vencida a batalha principal no

âmbito da política este ano, a disputa para a Presidência da República, queremos

cumprimentar a Presidente eleita, Dilma Rousseff, que obteve uma diferença de 12

milhões de votos sobre o segundo colocado, tendo votação expressiva em cada uma

das regiões do Brasil, ganhando na maioria delas, com maior destaque para a vitória

alcançada no Nordeste.

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Vencida essa batalha, cumprimentando a Presidente eleita, desejando-lhe

êxito na montagem da sua equipe, na continuidade e na ampliação dos programas

que o Governo Lula tem desenvolvido, na expansão de ações na infraestrutura, na

economia, nas áreas sociais e no desenvolvimento do nosso País, cabe a esta

Casa, no período de transição até a posse da Presidente eleita, 2 meses, tratar de

questões fundamentais para o País.

Devemos ter a preocupação e a responsabilidade de dar conta da aprovação

do Orçamento para 2011, aproveitando esse período para fazer um Orçamento que

esteja ajustado às necessidades do Brasil, bem como de completar a votação do

pré-sal.

Não podemos permitir que investimentos programados para a exploração do

petróleo sejam adiados e leilões continuem paralisados. É preciso definir o marco

regulatório e assegurar as condições para que o pré-sal seja explorado, para que

essa riqueza extraordinária esteja a serviço do Brasil e dos brasileiros,

particularmente voltada para investimentos na área da educação e de ciência e

tecnologia.

É preciso tratarmos do salário mínimo e do reajuste dos aposentados. Esse é

um tema que está em debate na sociedade. As centrais sindicais estão participando

de um ambiente de negociação que tem sido muito próspero e produtivo na

sociedade brasileira, com envolvimento do Governo e participação do Congresso

Nacional, que vai deliberar sobre a matéria posteriormente. É útil, é conveniente que

possamos começar a participar desse ambiente de negociação antes de a matéria

chegar ao Congresso Nacional, para que tenhamos melhores condições de deliberar

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sobre ela ainda este ano, garantindo, com maior segurança, reajuste para o salário

mínimo e para os aposentados a partir de 1º de janeiro.

É importante darmos um aumento real para o salário mínimo. Com base no

critério adotado anteriormente do PIB de 2 anos antes, não teremos aumento real. É

importante termos aumento real. Quero crer que há um compromisso da Casa.

Também precisamos buscar entendimento para tratarmos da PEC 300,

compromisso das bancadas, das Lideranças, do Presidente da Casa. Devemos

continuar dialogando com o Governo para deliberar sobre a PEC 300, que é uma

angústia...

(O microfone é desligado.)

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO LUIZ BASSUMA N O PERÍODO

DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 190, REALIZADA EM 10 DE NOV EMBRO DE

2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. LUIZ BASSUMA (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente Inocêncio Oliveira, no dia de hoje, na cidade de Fortaleza, Capital do

Ceará, aconteceu um fato da mais alta relevância: depois de acatar denúncia da

sociedade civil e após a investigação de mais de 1 ano do Ministério Público, ação

da Polícia Federal fechou uma clínica clandestina de aborto, a maior do Ceará, que

operava na clandestinidade há muitos anos e que matou, pela indústria do aborto,

mais de 50 mil vidas de crianças ao longo desse tempo.

Então, louvo a atitude e a coragem do Ministério Público do Ceará e lembro

que esta Casa, desde 2008, tem uma CPI aprovada, requerida por mais de 200

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Parlamentares, para apurar a indústria do aborto no País e a omissão do Governo

Federal, por nada fazer em relação a isso. A CPI não entra em operação porque os

partidos não indicam seus Deputados.

Obrigado, Sr. Presidente.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO LUIZ BASSUMA N O PERÍODO

DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 194, REALIZADA EM 17 DE NOV EMBRO DE

2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. LUIZ BASSUMA (PV-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, participei de uma audiência pública, na última sexta-feira,

na cidade de Fortaleza, no Ceará. Essa audiência foi convocada pelo Ministério

Público do Ceará devido a uma ação investigativa importante que durou sete meses.

Ao ser provocado pela sociedade civil organizada através do MOVIDA, o Ministério

Público do Ceará realizou investigações sobre o funcionamento de uma grande

clínica especializada em abortos clandestinos, na cidade de Fortaleza.

Durante sete meses o eficiente e sigiloso trabalho investigativo do Ministério

levantou provas contundentes da prática criminosa do aborto, resultando na primeira

semana de novembro no fechamento da clínica, na prisão de seus proprietários e

dirigentes e na abertura de vários processos criminais.

Estima-se que em mais de 20 anos de operação a clinica tenha realizado

mais de 40 mil abortos.

Em 2008, situação semelhante ocorreu no Mato Grosso do Sul onde uma

grande clinica de aborto foi fechada em Cuiabá.

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É fundamental, Sr. Presidente, que este bom exemplo seja seguido por outros

Estados do Brasil. Existe, nessa questão, uma omissão inexplicável e criminosa de

todas as esferas do Governo (Federal, Estadual e Municipal), que convive com essa

prática criminosa sem investir em políticas publicas de planejamento familiar e de

prevenção à gravidez indesejada.

Tenta-se há 20 anos legalizar o aborto no Brasil, sendo que em 2005 e 2007

conseguimos impedir esse retrocesso no Congresso Nacional, graças à atuação da

Frente Parlamentar e da mobilização da sociedade civil.

A cada ano a ciência vem avançando e consolidando a tese defendida há

séculos por quase todas as religiões de que a vida começa no momento da

fecundação. Em 2002, a humanidade conseguiu decifrar o novo código genético

mostrando que o óvulo recém fecundado já possui o DNA do novo ser humano que

entre 10 e 12 semanas de gestação estará completamente formado. Num pequeno

corpo de cerca de 5 cm e algumas gramas já funcionam os pulmões, o coração, os

rins, o fígado, o cérebro e o sistema nervoso de uma criança que já exercita suas

emoções na relação com sua mãe.

O Estado do Ceará está de parabéns pelo bom exemplo que contribuiu para a

diminuição da principal matriz da violência do planeta Terra, onde aproximadamente

45 milhões de aborto são realizados todos os anos. Um holocausto silencioso

responsável pelo maior psiquismo de violência, pois trata-se de um dos crimes mais

hediondos onde uma criança é assassinada sem direito a qualquer defesa e com o

consentimento dos próprios pais.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO LUIZ BASSUMA N O PERÍODO

DESTINADO À ORDEM DO DIA DA SESSÃO ORDINÁRIA DA CÂM ARA DOS

DEPUTADOS Nº 203, REALIZADA EM 24 DE NOVEMBRO DE 20 10 —

RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. LUIZ BASSUMA (PV-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente Inocêncio Oliveira, há um paradoxo profundo na atualidade brasileira.

Hoje, no meu Estado da Bahia, um jornal estampa o assassinato de uma criança de

10 anos de idade, morta pela violência. Salvador é hoje a capital mais violenta do

Brasil. Essa menina de 10 anos, que foi usada em propaganda nas eleições deste

ano para ajudar a eleger o Governador Jaques Wagner, do PT, foi assassinada com

uma bala perdida num dos bairros mais violentos de Salvador, o Nordeste de

Amaralina.

Esse mesmo jornal, no mesmo dia, estampa o Governador Jaques Wagner

aqui em Brasília liderando uma reunião de Governadores para pedir ao Presidente

da Casa, Michel Temer, para não votar a Proposta de Emenda à Constituição nº

300, razão de tanta mobilização e de tanta discussão neste plenário nos últimos

meses.

É um paradoxo, portanto, difícil de ser entendido pela população.

No meu Estado da Bahia, nas eleições deste ano, ficou explícita a falência da

política de segurança pública no Brasil como um todo, especialmente na Bahia, onde

vivo, e a necessidade de se rever completamente o sistema.

É claro que a violência tem múltiplos fatores; está ligada a desigualdades

sociais, a uma série de questões. Mas a segurança deve começar sempre por um

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respeito àquelas pessoas que devem dedicar o melhor de si para proporcionar o

mínimo de segurança à sociedade.

Esse bairro de Salvador, onde trabalho há muitos anos com minha esposa —

há mais de 30 anos realizamos lá um trabalho voltado para a educação de crianças

muito pobres — e onde o tráfico de drogas impera, no passado, chegou a ser objeto

de um projeto piloto de segurança, movido por uma ideia interessante da

comunidade.

(O Sr. Presidente faz soar as campainhas.)

O SR. PRESIDENTE (Inocêncio Oliveira) - Lamento profundamente, nobre

Deputado.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO MARCELO ITAGIB A NO

PERÍODO DESTINADO A BREVES COMUNICAÇÕES DA SESSÃO

EXTRAORDINÁRIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 204, REAL IZADA EM 25

DE NOVEMBRO DE 2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REV ISÃO:

O SR. MARCELO ITAGIBA (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Deputado Inocêncio Oliveira, em primeiro lugar, gostaria de dizer da

importância de vê-lo na Presidência dos trabalhos desta sessão, os quais V.Exa.

sempre conduz com muita propriedade. Espero que a próxima legislatura mais uma

vez reconheça esse valor implícito em V.Exa. e o reconduza à Mesa, devido a sua

experiência e capacidade.

Gostaria de me solidarizar com o Cel. Paes de Lira, da gloriosa Polícia Militar

do Estado de São Paulo, que aqui fez uma crítica pontual e correta.

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Quero dizer àqueles que compõem a Comissão de Direitos Humanos, da qual

também faço parte, que a primeira barreira de defesa de direitos humanos da

população e da sociedade são as forças policiais, que contêm e devem conter a

barbárie, como, por exemplo, a que estamos vendo ser praticada na cidade do Rio

de Janeiro.

Mas não venho aqui, Sr. Presidente, apenas para a crítica que faço, de forma

reiterada, ao Governador do Rio de Janeiro pela má condução de algumas situações

no que diz respeito à segurança pública. Até porque a população do Rio de Janeiro

é sabedora de que a primeira milícia organizada naquele Estado está presente em

todas as esquinas, que é a milícia da contravenção. Ou seja, para que ela esteja

funcionando, tem de haver pelo menos a possibilidade de estar presente com

bombas explodindo nas ruas, matando pessoas em atentados. Essa contravenção

só funciona porque o Estado do Rio de Janeiro permite.

Mas eu vou dar a solução para o problema. E já venho falando sobre a

solução para o problema que estamos enfrentando no Rio de Janeiro há mais de 7

anos, desde a época em que fui Superintendente da Polícia Federal naquele Estado.

Há a necessidade premente de que as Forças Armadas se integrem ao esforço da

Polícia Militar e da Polícia Civil do Rio de Janeiro nesse combate.

Permitiu-se que grupos se instalassem e tomassem conta do Complexo do

Alemão e do Complexo da Rocinha. Isso foi permitido, foi autorizado; isso foi

integrado, inclusive, com as próprias obras do PAC.

Chegou a hora de botarmos os fuzileiros navais, que são as tropas

profissionais, a brigada paraquedista e as Forças Especiais do Exército para

cercarem essas duas localidades, entrarem, desarmarem e prenderem os

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criminosos, em conjunto com o COT da Polícia Federal e com as Polícias Militar e

Civil do nosso Estado.

Essa é a forma de trabalhar. Esse é o momento de se fazer o enfrentamento,

porque as armas que se encontram na mão desses criminosos são de calibre

restrito, armas que estão sob o controle das Forças Armadas, subtraídas, muitas

vezes, de dentro dos quartéis. Para tanto, há legitimidade para agir. Eu escrevi um

artigo no jornal O Globo, há alguns anos, justamente sob esse título: Legitimidade

para Agir. Então, o momento é agora.

Se há inteligência na polícia do Rio de Janeiro, ela deve saber onde estão

localizados os bandidos no Complexo do Alemão e no Complexo da Rocinha. Agora

é fazer o cerco, entrar, desarmar e prender. E aqueles que confrontarem a polícia

tombarão, porque essa foi a opção que vieram a fazer a partir do momento em que

enfrentaram as forças de resistência da sociedade brasileira.

Portanto, minhas senhoras e meus senhores, vamos ao combate! Vamos, de

peito aberto, enfrentar a criminalidade no Estado do Rio de Janeiro!

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO DANIEL ALMEIDA NO

PERÍODO DESTINADO A BREVES COMUNICAÇÕES DA SESSÃO

EXTRAORDINÁRIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 204, REAL IZADA EM 25

DE NOVEMBRO DE 2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REV ISÃO:

O SR. DANIEL ALMEIDA (Bloco/PCdoB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero cumprimentar o Ministério da Educação, do nosso Governo do

Presidente do Lula, que, na segunda-feira da próxima semana, entregará cerca de

50 campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.

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Oito dessas novas unidades serão entregues na Bahia: quatro já na segunda-

feira, em Seabra, Irecê, Camaçari e Jequié, sendo que as demais — em Feira de

Santana, Paulo Afonso, Jacobina e Ilhéus — estão finalizando as obras e estarão

em funcionamento no início do ano que vem.

Portanto, quero parabenizar o Ministério por essa grande iniciativa de

fortalecimento da educação profissional no nosso País.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. DEPUTADO PAES LANDIM NO PERÍODO

DESTINADO AO PEQUENO EXPEDIENTE DA SESSÃO ORDINÁRIA DA

CÂMARA DOS DEPUTADOS Nº 208, REALIZADA EM 30 DE NOV EMBRO DE

2010 — RETIRADO PELO ORADOR PARA REVISÃO:

O SR. PAES LANDIM (PTB-PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a

PETROBRAS patrocinou um espetáculo cultural que engrandece a sua história:

música clássica em pleno sertão de Pernambuco, da Bahia e do Piauí, em parceria

com algumas Prefeituras.

Em São Raimundo Nonato, tive a oportunidade de assistir ao concerto da

Orquestra Sinfônica de Teresina, que já vinha de Juazeiro da Bahia, conduzida pelo

grande maestro Aurélio Melo. O concerto se deu em plena catedral de São

Raimundo Nonato, visto que foi o bispo Dom Pedro que para ali fez o convite da

apresentação e conseguiu, por meio da PETROBRAS, que o Município vivesse um

momento de glória, ao presenciar a Orquestra Sinfônica de Teresina, um orgulho do

Estado, encantar a população de São Raimundo. Pessoas que nunca ouviram,

possivelmente, uma música clássica, vibraram, emocionaram-se com a sinfonia de

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Beethoven, por exemplo, e, no final, quando a soprano da orquestra cantou músicas

religiosas junto com todos da igreja.

Sr. Presidente, a PETROBRAS está prestando um serviço silencioso, silente,

da maior relevância para este País, porque poucos instrumentos são tão educativos

como a música clássica. Ela sublima os instintos, dá uma perspectiva de vida

enriquecida, enriquece a alma, o espírito daqueles que a escutam, que a ouvem e

mostra como o nosso povo é sábio e sensível, desde que oportunidades lhe sejam

dadas.

Quero parabenizar o maestro Aurélio Melo, uma figura fascinante do meu

Estado, que poderia estar brilhando em qualquer parte deste País, pela sua paixão,

pela sua competência, pelo entusiasmo que imprime ao conjunto da orquestra e, ao

mesmo tempo, aos assistentes.

Dom Pedro Brito, que acaba de ser promovido por Sua Santidade, o Papa

Bento XVI, a Arcebispo de Palmas, deu a São Raimundo Nonato esse grande

presente. Foi uma pena a catedral — a programação foi dentro da catedral — não

poder conter todos da cidade que desejavam presenciar aquele belo espetáculo

musical, que vai marcar época na história cultural de São Raimundo Nonato. Dom

Pedro, esse homem bom, esse grande bispo, sobre o qual falarei em breve nesta

Casa, deu um grande presente a São Nonato. Ele fez um gesto que realmente

engrandece a história do seu bispado em São Raimundo Nonato.

Sr. Presidente, parabenizo a PETROBRAS e apelo para que continue a

realizar promoções dessa natureza, porque engrandece a sua história, a sua

trajetória cultural, deixa o Brasil mais perto da sua dinâmica empresarial, sobretudo

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nos longínquos sertões, e dá um contributo fantástico para a educação musical,

intelectual, enfim, artística das comunidades mais distantes do nosso País.

Espero, no ano próximo, da Orquestra Sinfônica de Teresina — aqui quero

parabenizar o eminente Prefeito, Elmano Férrer, pelo estímulo dado a ela —, novas

programações, para enriquecer o acervo cultural dos nossos sertões, despertando

vocações musicais latentes. Pessoas que não tiveram oportunidade se sentem

despertadas quando presenciam um espetáculo magnífico como o oferecido pela

Orquestra Sinfônica de Teresina, que honra o Piauí, porque também participou de

programações no Ceará, em Pernambuco, na Bahia, engrandecendo, portanto, a

própria história do nosso Estado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.