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1 INIAV-Elvas - Instituto Nacional de Investigação Agrária, I.P., Estrada de Gil Vaz, Apartado 6, 7351-901 Elvas. ([email protected] ) 2 LIBPhys-UNL e 4 GeoBioTec , Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2829-516 Caparica. 3 Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Beja. R. Pedro Soares, 7800-295 Beja. 5 ICAAM - Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas, Universidade de Évora, Núcleo Mitra, 7006-554 Évora, Portugal. O trigo duro é um cereal de enorme importância na agricultura nacional, no entanto, tem tido um declínio drástico nos últimos anos. A valorização e diferenciação do trigo duro nacional surge assim como uma necessidade. Do ponto de vista de qualidade, vários fatores influenciam o rendimento em sêmolas e/ou a aptidão tecnológica para o fabrico de massas alimentícias. O teor de cinzas é um desses fatores. O teor de cinzas do trigo duro nacional é frequentemente elevado e condiciona o rendimento de extração de sêmolas, conduzindo ainda ao aparecimento de defeitos (pontuações negras) ao nível das massas. É uma importante especificação de qualidade do trigo duro (inferior a 1,9% m.s.) que influencia o seu valor comercial. INTRODUÇÃO OBJETIVOS DEPOSIÇÃO DE ELEMENTOS MINERAIS NO GRÃO DE TRIGO DURO MATERIAL E MÉTODOS 13 genótipos de diferentes proveniências (11 variedades e 2 linhas avançadas do INIAV) foram semeadas em Elvas durante 2017/18 num ensaio delineado em blocos casualisados de 3 repetições, sob regadio. O grão proveniente das diferentes parcelas foi triturado (moinho Tecator Cyclotec 1093) e analisado. O teor de cinzas do trigo foi estimado por incineração de acordo com a norma em vigor 1 . A composição mineral do trigo e das respetivas cinzas foi estimada por fluorescência de dispersão de raios-X de micro-energia -EDXRF (M4 Tornado™, Bruker, Germany) 2 . RESULTADOS Teor de Cinzas 1 NP519:1993, Cereais e Derivados. Lisboa IPQ 5p. 2 Spectrochimica Acta Part B (2018). 141: 7079. A.S. Bagulho 1,4 ; J. Moreira 1 ; N. Pinheiro 1 ; R. Costa 1,5 ; A.S. Almeida 1 ; C. Gomes 1 ; J. Coco 1 ; A. Costa 1 ; J. Dores 3 ; M. Patanita 3,4 ; J. Coutinho 1 ; B. Maçãs 1 ; M. Guerra 2 O GO - Valorização De Trigo Duro De Qualidade Superior para o Fabrico de Massas Alimentícias, tem como principal objetivo encontrar variedades diferenciadas que potenciem massas nacionais de excelente qualidade: Fatores que contribuem para elevado TEOR de CINZAS VARIEDADES com potencial genético de qualidade e baixo teor de cinzas ITINERÁRIO TÉCNICO visando valor de utilização Testar Selecionar Selecionar ? Elevado teor de cinzas do trigo duro nacional O primeiro ano de ensaios foi realizado com o objetivo de testar diferentes genótipos de trigo duro, de modo a verificar se possuem diferenças ao nível do teor de cinzas e composição mineral do grão. Apesar do teor de cinzas de todos os genótipos ser elevado (> 1,8 % m.s), apenas se encontraram diferenças significativas entre algumas variedades (Trimulato e Aventadur). Composição Mineral do Grão e das Cinzas Fig. 1: Teor médio de cinzas dos diferentes genótipos (media das 3 repetições). CONCLUSÕES Ao nível do grão foram detetadas concentrações mais elevadas de potássio (K), fósforo (P), cálcio (Ca) e enxofre (S). Para estes elementos não se detetaram diferenças significativas entre genótipos, com exceção do Ca. Também foram detetadas concentrações residuais de alguns microelementos (< 52 ppm). Nas cinzas (resíduo inorgânico obtido por incineração das amostras de trigo) verificou-se uma enorme concentração dos macroelementos minerais identificados nas amostras de trigo, com exceção do enxofre (S) que praticamente não foi detetado nestas matrizes. O potássio é o elemento mais abundante nas cinzas tal como nos trigos (K > P > Ca), mas não se verificaram diferenças significativas entre genótipos. Fig. 2: Concentração dos principais macroelementos nas amostras de trigo dos diferentes genótipos. Fig. 3: Concentração dos principais macroelementos nas amostras de cinzas obtidas a partir dos trigos dos diferentes genótipos. O genótipo influenciou significativamente o teor de cinzas. A variedade Trimulato foi a que apresentou o menor valor, embora ao nível dos macroelementos minerais não se tenham observado diferenças significativas. O potássio é o elemento mais abundante ao nível do grão e ao nível das cinzas. A estratégia de redução do teor de cinzas no trigo deverá passar por uma melhor compreensão da deposição deste elemento.

DEPOSIÇÃO DE ELEMENTOS MINERAIS NO GRÃO DE ......triturado (moinho Tecator Cyclotec 1093) e analisado. O teor de cinzas do trigo foi estimado por incineração de acordo com a norma

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Page 1: DEPOSIÇÃO DE ELEMENTOS MINERAIS NO GRÃO DE ......triturado (moinho Tecator Cyclotec 1093) e analisado. O teor de cinzas do trigo foi estimado por incineração de acordo com a norma

1INIAV-Elvas - Instituto Nacional de Investigação Agrária, I.P., Estrada de Gil Vaz, Apartado 6, 7351-901 Elvas. ([email protected])

2 LIBPhys-UNL e 4 GeoBioTec , Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2829-516 Caparica.

3 Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Beja. R. Pedro Soares, 7800-295 Beja.

5ICAAM - Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas, Universidade de Évora, Núcleo Mitra, 7006-554 Évora, Portugal.

O trigo duro é um cereal de enorme importância na agricultura nacional, no

entanto, tem tido um declínio drástico nos últimos anos. A valorização e

diferenciação do trigo duro nacional surge assim como uma necessidade.

Do ponto de vista de qualidade, vários fatores influenciam o rendimento em

sêmolas e/ou a aptidão tecnológica para o fabrico de massas alimentícias. O

teor de cinzas é um desses fatores.

O teor de cinzas do trigo duro nacional é frequentemente elevado e

condiciona o rendimento de extração de sêmolas, conduzindo ainda ao

aparecimento de defeitos (pontuações negras) ao nível das massas. É uma

importante especificação de qualidade do trigo duro (inferior a 1,9% m.s.) que

influencia o seu valor comercial.

INTRODUÇÃO

OBJETIVOS

DEPOSIÇÃO DE ELEMENTOS MINERAIS NO GRÃO DE TRIGO DURO

MATERIAL E MÉTODOS

13 genótipos de diferentes proveniências (11

variedades e 2 linhas avançadas do INIAV) foram

semeadas em Elvas durante 2017/18 num ensaio

delineado em blocos casualisados de 3 repetições,

sob regadio.

O grão proveniente das diferentes parcelas foi

triturado (moinho Tecator Cyclotec 1093) e

analisado.

O teor de cinzas do trigo foi estimado por

incineração de acordo com a norma em vigor1.

A composição mineral do trigo e das respetivas

cinzas foi estimada por fluorescência de dispersão

de raios-X de micro-energia -EDXRF (M4

Tornado™, Bruker, Germany)2.

RESULTADOS

Teor de Cinzas

1 NP519:1993, Cereais e Derivados. Lisboa IPQ 5p. 2 Spectrochimica Acta Part B (2018). 141: 70–79.

A.S. Bagulho 1,4; J. Moreira1; N. Pinheiro1; R. Costa1,5; A.S. Almeida1; C. Gomes1; J. Coco1; A. Costa1; J. Dores3; M. Patanita3,4; J. Coutinho1; B. Maçãs1; M. Guerra2

O GO - Valorização De Trigo Duro De Qualidade Superior para o Fabrico de

Massas Alimentícias, tem como principal objetivo encontrar variedades

diferenciadas que potenciem massas nacionais de excelente qualidade:

Fatores que contribuem para elevado TEOR de CINZAS

VARIEDADES com potencial genético de qualidade e baixo teor de cinzas

ITINERÁRIO TÉCNICO visando valor de utilização

Testar

Selecionar

Selecionar

? Elevado teor de cinzas do

trigo duro nacional

O primeiro ano de ensaios foi realizado com o objetivo de testar diferentes

genótipos de trigo duro, de modo a verificar se possuem diferenças ao nível do

teor de cinzas e composição mineral do grão.

Apesar do teor de cinzas de todos os genótipos ser elevado (> 1,8 % m.s),

apenas se encontraram diferenças significativas entre algumas variedades

(Trimulato e Aventadur).

Composição Mineral do Grão e das Cinzas

Fig. 1: Teor médio de cinzas dos diferentes genótipos (media das 3 repetições).

CONCLUSÕES

Ao nível do grão foram detetadas concentrações mais elevadas de potássio (K),

fósforo (P), cálcio (Ca) e enxofre (S). Para estes elementos não se detetaram

diferenças significativas entre genótipos, com exceção do Ca. Também foram

detetadas concentrações residuais de alguns microelementos (< 52 ppm).

Nas cinzas (resíduo inorgânico obtido por incineração das amostras de trigo)

verificou-se uma enorme concentração dos macroelementos minerais

identificados nas amostras de trigo, com exceção do enxofre (S) que

praticamente não foi detetado nestas matrizes.

O potássio é o elemento mais abundante nas cinzas tal como nos trigos (K > P >

Ca), mas não se verificaram diferenças significativas entre genótipos.

Fig. 2: Concentração dos principais macroelementos nas amostras de trigo dos diferentes genótipos.

Fig. 3: Concentração dos principais macroelementos nas amostras de cinzas obtidas a partir dos trigos dos diferentes genótipos.

O genótipo influenciou significativamente o teor de cinzas. A variedade

Trimulato foi a que apresentou o menor valor, embora ao nível dos

macroelementos minerais não se tenham observado diferenças significativas.

O potássio é o elemento mais abundante ao nível do grão e ao nível das cinzas.

A estratégia de redução do teor de cinzas no trigo deverá passar por uma

melhor compreensão da deposição deste elemento.