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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE DEPRESSÃO NA FAMÍLIA MÁRCIA REGINA DE MORAIS ALMEIDA ORIENTADORA MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE RIO DE JANEIRO JULHO/2009

DEPRESSÃO NA FAMÍLIA MÁRCIA REGINA DE MORAIS … · DEPRESSÃO NA FAMÍLIA ... sentimentos de inutilidade ou culpa e pensamentos sobre morte e suicídio. Todos esses sintomas acabam

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DEPRESSÃO NA FAMÍLIA

MÁRCIA REGINA DE MORAIS ALMEIDA

ORIENTADORA MARIA DA CONCEIÇÃO MAGGIONI POPPE

RIO DE JANEIRO JULHO/2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DEPRESSÃO NA FAMÍLIA

MÁRCIA REGINA DE MORAIS ALMEIDA

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Saúde da Familiar.

RIO DE JANEIRO JULHO/2009

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Supremo Mestre e Senhor, a quem devo o que sou e o que serei no tempo e na eternidade. À professora Maria da Conceição Maggioni Poppe, orientadora da monografia, ao corpo docente do Instituto A Vez do Mestre, aos meus familiares e colegas que contribuíram para a realização desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

A o meu querido esposo Jean Carlos por toda a paciência, aos meus lindos filhos João Pedro e Maria Eduarda pelas alegrias e distrações, familiares e aos

amigos.

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RESUMO

O presente trabalho busca examinar o papel da família no tratamento da Depressão, que é considerada atualmente um dos principais transtornos de nossa época, será analisada a importância da família no processo de diagnostico e no tratamento do individuo com depressão, agindo em conjunto com os profissionais de saúde para o sucesso do tratamento. Esse trabalho foi dividido em três capítulos, onde será tratado o que é a depressão, o que é a família e a importância da saúde da família e de seu suporte para a melhora do paciente.

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METODOLOGIA

O trabalho apresentado desenvolveu-se através de pesquisa

bibliográfica e descritiva, cujo objetivo principal é a descrição das

características de uma determinada população ou fenômeno, estabelecendo as

relações entre as variáveis, tendo como características mais significativas a

utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. A pesquisa ocorreu na

cidade de Brasília/DF, no ano de 2008 com profissionais da área de saúde,

psicólogos, que foram escolhidos aleatoriamente.

Para a obtenção dos dados realizou-se entrevistas com os

profissionais – psicólogos - que atendem pacientes com histórico de

depressão. Na entrevista aplicou-se um questionário contendo perguntas

relacionadas à dinâmica familiar, depressão e tratamento. A análise dos dados

ocorreu buscando as categorias temáticas e subcategorias essenciais para

este trabalho. Além de uma vasta pesquisa bibliográfica dos principais

estudiosos da área os quais afirmam ser primordial a participação da família

durante todo o processo de diagnóstico, tratamento e recuperação do paciente,

pois segundo os mesmos a depressão de um membro da família desestrutura

todos os demais membros da mesma por modificar toda a estrutura familiar.

Segundo Minuchii está estrutura “é o conjunto invisível de

exigências funcionais que organiza as maneiras pelas quais os membros da

família interagem [...] sendo a família um sistema que opera através de padrões

transacionais que estabelecem padrões de como, quando e com quem se

relacionar e estes padrões reforçam o sistema”, sendo assim quando o

individuo doente rompe com essa estrutura existente em seu núcleo todos os

demais sofrem, surgindo a necessidade do tratamento adequado para o

individuo e sua família quando necessário.

O individuo que se encontra deprimido necessita neste

momento de todo o apoio de seus familiares e um tratamento continuo até que

seja restabelecido.

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SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................5

MEDOTOLOGIA..................................................................................................6

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPITULO 1

O que é a Depressão.........................................................................................11

CAPÍTULO 2

Família...............................................................................................................16

CAPÍTULO 3

Saúde da família................................................................................................22

CONCLUSÃO....................................................................................................28

BIBLIOGRAFIA.................................................................................................31

ANEXO I............................................................................................................33

ANEXO II...........................................................................................................36

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INTRODUÇÃO

O tema dessa monografia é a Depressão, considerada

atualmente um dos principais transtornos de nossa época. Depressão é um

estado anormal, em que o deprimido demonstra um sofrimento psicológico, com

interferências em sua vida social e familiar, independente de idade ou sexo.

O humor do deprimido é quase sempre de tristeza ou de

angústia, uma irritabilidade constante acompanhada freqüentemente de

ansiedade. Uma sensação de medo também pode estar presente, perda do

interesse por atividades que antes lhe eram agradável, alteração do sono,

alteração do apetite, perda do interesse sexual, sensação de abandono,

desesperança, também são sinais da depressão. Podendo o indivíduo

diagnosticado com depressão apresentar desleixo com a sua aparência física,

um estado de prostração, pessimismo e dores de cabeça e problemas

digestivos.

Como as pessoas são diferentes, esses sintomas variam. As

causas podem ter origem em fatores genéticos, histórico familiar,

medicamentoso, uso de drogas (incluindo álcool). Algumas situações de vida,

como stress, situação econômica, desemprego, rompimento de

relacionamentos afetivos, podem levar a uma fase depressiva. Assim como um

luto, a perda de alguém querido pode provocar também uma fase depressiva,

mas que com o passar do tempo e tratamento adequado, ameniza e permite ao

indivíduo voltar às suas atividades e ao convívio social.

O estado depressivo mais elevado pode gerar no deprimido

pensamento de inutilidade, culpa, pessimismo, e em seu estado mais grave

ocasionar idéias de suicídio. Nesse momento, é importante relembrar que o

indivíduo está doente, e que essa doença tem tratamento medicamentoso,

psicoterápico, ou os dois associados. Os indivíduos deprimidos por encontrar-

se em um estado de prostração e baixa auto-estima, não confiam que um

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tratamento psicoterápico possa melhorar seu quadro, se recusando a ouvir uma

orientação familiar ou profissional. Nessa situação a família também é afetada,

causando sensações de frustração, culpa, raiva, incapacidade, etc.

Quanto mais a família conhecer sobre a depressão, mais fácil

fica a compreensão de que o comportamento do indivíduo são sintomas de uma

doença, evitando falsas interpretações sobre a personalidade do deprimido.

Essa atitude de compreensão conciliada com firmeza auxilia os familiares a não

gerarem reações agressivas ou raivosas diante da situação. À vontade de

ajudar das pessoas próximas ao deprimido, deve estar vinculada ao

entendimento do quadro depressivo. Algumas terapias, aconselhamentos

familiares, ou grupos de apoio, podem colaborar no entendimento dos aspectos

da depressão e numa comunicação mais eficaz. A família ou pessoas mais

próximas podem colaborar com o deprimido, procurando ter um relacionamento

normal, demonstrando afeição, respeito, oferecendo incentivos, elogios, e

atividades, não censurando o outro por seu comportamento depressivo,

devendo levar a sério comentários sobre pensamentos suicidas muito

freqüentes nos pacientes deprimidos.

Esse momento pode ser uma oportunidade para os familiares e

as pessoas mais próximas, chegarem a uma melhor compreensão das suas

próprias forças e fraquezas, e do que pode propiciar uma maior integração no

grupo formador da mesma. Junto com esses familiares e as pessoas mais

próximas e com o apoio de um profissional, a depressão vai sendo curada,

através de um processo mais adequado e menos sofrido, para o deprimido e

sua família.

A monografia encontra-se dividida em três capítulos.

No primeiro capítulo, enfatiza-se o que é a depressão?

Etiologia, sintomas, causas, suicídio, e tratamento.

No segundo capítulo abordou-se o conceito de família segundo

os principais autores pesquisados, qual a importância do relacionamento

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familiar na depressão, quem é afetado na depressão, como a depressão afeta o

comportamento e os relacionamentos, como estabelecer estratégias para toda

a família e como o membro da família pode ajudar o seu ente deprimido.

O terceiro capítulo trata sobre a saúde da família e como o

individuo deprimido altera a estrutura e os relacionamentos da mesma.

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“O mundo da gente está coberto pela neblina triste que sai de um lugar secreto da alma. Tudo fica sem sentido. A chegada da manhã é um sofrimento: como o dia é cumprido! O corpo se

arrasta, pedindo que as horas passem, que chegue logo a hora de dormir. Pena que todo adormecer seja seguido por um acordar. O deprimido deseja não acordar.

Rubem Alves.

Capitulo 1 - O que é a Depressão?

Segundo Knapp a depressão é um dos transtornos psiquiátricos

mais comuns, com distribuição universal, e constitui um grande problema de

saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o grau de

incapacitação devido aos transtornos depressivos é maior do que em outras

doenças crônicas e recorrentes, como hipertensão, diabetes melito, artrite ou

dor lombar crônica. Calcula-se que, até o ano de 2020, a depressão será a

segunda causa de incapacitação no mundo, atrás apenas da doença

coronariana isquêmica, não escolhe gênero, classe social, raça ou idade.

Porém, os especialistas entrevistados, apontam que 80% dos pacientes com

depressão são do sexo feminino e 20% do sexo masculino.

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“a depressão é considerada atualmente um dos principais

transtornos de nossa época. Quando se pergunta como um

indivíduo desenvolve a depressão, não se pode pensar em uma

causa específica, pois como a maioria dos problemas humanos,

é mais adequado falar em multifatores que se inter-relacionam e

geram, como respostas, alguns comportamentos que o

indivíduo apresenta em seu meio. Sabe-se que a depressão

pode ser influenciada, na sua etiologia e manutenção, por

fatores biológico-genéticos, psicológicos e sociais”

(BAPTISTA, 2001)

As causas que desencadeiam um quadro depressivo podem ser

por fatores fisiológicos: desequilíbrio ou diminuição do nível de substancias

química (neurotransmissores: serotonina e noradrenalina) ou dos sinais que

estas transportam para o cérebro, outras doenças, o uso de certos

medicamentos e a ingestão excessiva de álcool ou drogas, podem também

contribuir para o desenvolvimento da doença da depressão. Já os fatores

sociais vão desde um divórcio, perda de um ente querido, dificuldades

financeiras, inicio de um novo emprego, doença na família, estresse no trabalho

entre outros.

Não existe apenas um tipo de depressão como é visto pelos

leigos em geral, mas sim vários níveis:

Depressão reativa: resultado de algum acontecimento

traumático ou de uma série de problemas que elevam o nível de estresse.

Depressão crônica: as pessoas vivenciam um tipo de estado

depressivo mais prolongado quando enfrentam continuas dificuldades em lidar

com o estresse, com a baixa auto-estima ou atitudes prejudiciais desenvolvidas

durante a infância.

Depressão endógena: está ligada a mudanças bioquímicas no

cérebro.

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Depressão maníaca-depressiva: consiste em ciclos que

alternam mania e depressão, os episódios variam em duração e gravidade,

geralmente duram de poucas semanas a alguns meses.

Depressão secundária: associada a uma doença médica.

A pessoa acometida pela depressão apresenta no geral por

vários meses os seguintes sintomas, humor deprimido, a perda de interesse, de

prazer e de energia, o cansaço marcante após esforços leves. As limitações

impostas pela depressão, os sofrimentos que esta doença traz os custos sociais

e de saúde elevados, aliados ao fato de apenas uma pequena parcela das

pessoas acometidas pela depressão ter acesso ao diagnóstico e aos

tratamentos adequados, fazem com que este agravo à saúde se intensifique,

levando, muitas vezes, as pessoas a um estado de cronificação e incapacidade,

até o desmantelamento familiar.

“Os transtornos do humor constituem um grupo de condições

clínicas caracterizadas pela perda do senso de controle e uma

experiência subjetiva de grande sofrimento, podendo-se

observar perda de energia e interesse; humor deprimido;

diminuição do desejo em realizar tarefas que antes causavam

prazer (anedonia); problemas relacionados ao sono; perda de

energia ou fadiga constante; dificuldade de concentração e

diminuição na habilidade de pensar, além de dificuldades em

tomar decisões; perda de apetite; baixa auto-estima;

sentimentos de inutilidade ou culpa e pensamentos sobre morte

e suicídio. Todos esses sintomas acabam por comprometer a

vida social, profissional e interpessoal do indivíduo” (APA, 1994;

Kaplan e Sadock, 1993).

Na pesquisa realizada a maior parcela dos pacientes 78%

encontra-se na faixa etária dos 30 aos 39 anos, onde 45% possuem nível

superior completo, característica que nos leva a acreditar que o fator econômico

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desse grupo e seu maior nível de escolaridade os beneficiem na busca de um

tratamento mais rápido e adequado.

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A depressão está associada a uma incapacitação social

importante, assim como a uma grande utilização de serviços de saúde não

especializados, o que retarda o diagnóstico, curso, prognóstico, tratamento,

cura e/ou reabilitação do paciente. Nesse sentido, a depressão deve merecer

uma atenção maior da saúde pública. A falta de tratamento adequado e de

atenção à saúde nos estados depressivos tem evidenciado e refletido uma

conseqüência desastrosa no ambiente familiar, pois prejudica os

relacionamentos de forma qualitativa e quantitativa gerando um desequilíbrio e

desestabilização do grupo ao qual o deprimido encontra-se inserido, podendo

inclusive se não tratado levar o deprimido ao suicídio.

‘’O suicídio, fato que pode ocorrer em até 15% dos estados

depressivos, e a dependência de drogas encontram-se entre as

possíveis condições das depressões não tratadas.’’ (LAFER;

ALMEIDA, 2000).

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“Quando conseguimos entender o quanto nossos atos impensados egoístas podem magoar quem amamos (e nos ama), estamos prestes a entender por que ainda não alcançamos a

felicidade plena de um relacionamento a dois ou em família.”

Lou de Oliver.

Capítulo 2 – Família

Algumas Características da Família

A família é considerada o primeiro núcleo socializador do

individuo, é ela responsável pela formação do individuo e sua inserção na

sociedade. Representa um grupo social primário que influencia e é influenciado

por outras pessoas e instituições, Rivière define a família como “estrutura social

básica, que se configura pelo entrejogo que constitui o modelo natural de

interação em grupo”, já segundo Soifer “a família é caracterizada por um núcleo

de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo

mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços

consanguineos”, sendo assim cabe a esse núcleo nutrir e manter o controle,

posssibilitando segurança e satisfação de seus membros.

“Alguns teóricos, tal como Bowen (1978), consideram a marca

familiar tão determinante que o nível de autonomia individual

pode ser previsto muito cedo, mesmo na infância. Igualmente, o

curso da historia futura do individuo pode ser previsto à base do

nível de diferenciação dos pais e do clima emocional

predominante na família de origem [...] (ANDOLFI, cit.)

Atualmente as famílias têm passado por grandes mudanças,

principalmente influenciadas pelas transformações no mundo como o mercado

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de trabalho, a economia, os avanços tecnológicos, as transformações políticas

e culturais.

A família brasileira tem se modificado drasticamente nas últimas

décadas, principalmente com a entrada da mulher no mercado de trabalho,

maior nível intelectual, liberação sexual, que culminou em novos modelos de

relações afetivas e de relacionamentos, onde o modelo antigo, casamento e

família padrão têm sido substituídos por relações abertas e independentes.

Segundo alguns autores, a família pode ser descrita como uma

junção de crenças nucleares, trazidas por seus progenitores, formando

premissas e diretrizes na gênese de regras que orientam a criança e/ou o

adolescente. A família é um grupo natural que através do tempo tem

desenvolvido padrões de interação.

“A estrutura familiar é constituída por esses padrões de

interação, que por sua vez governam o funcionamento dos

membros da própria família, delineando sua gama de

comportamentos e facilitando sua interação” (Minuchin e

Fishiman, 1990).

As famílias que apresentam resistência há mudanças

geralmente apresentam um maior grau de incidência de conflitos entre os

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indivíduos que a compõe, pois no processo de crescimento, individualização e

diferenciação de um componente do grupo faz com que o mesmo sofra

retaliação dos demais para que ele se adéqüe novamente as regras vigentes do

grupo.

“[...] a família pode ser descrita como sendo um processo no

qual ocorre o desenvolvimento psicológico do indivíduo, de um

estado de fusão / indiferenciação para um estado de separação

/ individualização cada vez maior. Este ciclo é determinado não

apenas por estímulos biológicos e pela interação psicológica,

mas também por processos interativos no interior do sistema

familiar. Igualmente, o curso da história futura do indivíduo pode

ser prevista à base do clima emocional predominante na família

de origem (Andolfi, Angelo, Menghi e Nicolo-Corigliano, 1984).

Porém, segundo Baptista nem sempre a família é bastante

flexível para proporcionar este desenvolvimento, de acordo com as mudanças

das contingências que ocorrem em seu núcleo, por haver em seus membros

papéis já definidos e inflexíveis, o que vem por ocasionar em um dos indivíduos

do grupo as reações adversas que podem levá-lo ao quadro depressivo.

Toda a família é afetada quando um membro da família

encontra-se deprimido, pois com as mudanças no comportamento e humor do

individuo, torna-se difícil o processo de interação do grupo, o que acaba por

induzir o grupo familiar em seu todo a sofrer as conseqüências da doença e

conseqüentemente procurarem ajuda médica/terapeuta para o individuo que se

encontra doente.

A importância da família no processo de diagnóstico e no

tratamento do individuo com depressão, agindo em conjunto com os

profissionais de saúde para o sucesso do tratamento deve estar aberto para

que quando necessário, venham os seus demais membros a saírem do papel

de acompanhantes do doente e passem a condição de co-pacientes através da

realização de uma terapia da família, visto que em muitos casos para a cura do

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paciente torna-se necessário a cura da família.

“A terapia familiar está fundamentada no fato de que o homem

não é um ser isolado. Ele é um membro ativo e reativo de

grupos sociais [...], o que experiência como real depende de

componentes tanto internos como externos” (Minuchin, 1982,

p.12).

Muitas vezes verifica-se que o problema está na adaptação do individuo depressivo as regras de seu núcleo familiar, onde atualmente principalmente nesse momento de novas reformulações no conceito de família não ficam claras para seus membros a importância da diferenciação dos níveis de autoridades que devem existir dentro do núcleo familiar, faltando aos indivíduos à aprendizagem de saber negociar em situações da vida no momento em que ele estiver em uma condição desigual de poder, seja no seu núcleo familiar ou externo.

No momento em que o individuo recebe o apoio psicoterapêutico, faz uso quando necessário de antidepressivos, e concomitante recebe o apoio de seus familiares o processo para sua recuperação torna-se mais efetivo e eficiente.

Segundo os psicólogos entrevistados, a maioria dos pacientes78% não resiste em realizarem a terapia, daí a importância de seus familiares acompanharem quando necessário e incentivá-los a prosseguir com o tratamento.

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Entre as diversas abordagens terapêuticas, a mais trabalhadana pesquisa para o tratamento da depressão foi à cognitiva comportamental (56%), seguida pela psicanálise (11%) e o psicodrama (11%).

“A terapia cognitiva comportamental é uma abordagem estruturada, diretiva, ativa, de prazo limitado, usada para tratar uma variedade de transtornos psiquiátricos [...]. Ela sefundamenta na racionalidade teórica subjacente de que o afeto e o comportamento de um indivíduo são em grande parte determinado pelo modo como ele estrutura o mundo” (Beck, 1967, 1976)

A terapia cognitiva comportamental busca trabalhar no

indivíduo as distorções cognitivas que o leva a conclusões equivocadas mesmo

quando sua percepção da situação está acurada, por isso na terapia busca-se

corrigir essas distorções do pensamento, trabalhando com o paciente para que

ele aprenda a identificar e modificar seus pensamentos automáticos, as

emoções provocadas por esses pensamentos, seu comportamento, além de

buscar novas alternativas mais funcionais, de pensar e ver o mundo,

construindo estratégias para enfrentamento e prevenção a recaídas. Dessa

forma o individuo passa a treinar e a modificar o seu comportamento diante de

novas situações que podem levá-lo a mais um momento depressivo.

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Já o uso das medicações aumenta a concentração mental e

reduzem emoções dolorosos e/ou excitação fisiológica (apetite, sono), diminui o

pensamento distorcido ou irracional. Na pesquisa realizada os profissionais

afirmam que 56% dos pacientes por eles atendidos resistem ao uso de

medicação no tratamento.

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Capítulo 3 – Saúde da família

A saúde física e emocional dos membros da família ocupa um

papel muito importante no funcionamento e na dinâmica familiar, uma vez que

as pessoas estão interconectadas e são dependentes umas das outras.

“[...] a família é um sistema ativo em constante transformação,

ou seja, um organismo complexo que se altera com o passar do

tempo para assegurar a continuidade e o crescimento

psicossocial de seus membros componentes [...]” (ANDOLFI et

al., 1984, p.18).

Ao ocorrer qualquer alteração de saúde em um desses

membros, todos os demais serão afetados, e a unidade familiar, como um todo,

sofrerá alterações, ou seja, a família influencia a saúde e bem-estar dos seus

membros, mas pode sofrer as influências da saúde, do bem-estar e do mal

estar dos seus membros. (BRASIL, 2001, p. 14-16). Identificar como é a vida

dos membros na família, que padrões de solidariedade se desenvolvem no

interior do universo familiar e como estes podem contribuir para o processo de

cuidado, cura ou recuperação de um de seus membros são fatores relevantes.

Diante de tais considerações, a família não pode ser vista

apenas como aquela que cumpre as ações determinadas por profissionais de

saúde. Ao reconhecer o papel da família em responder pela saúde de seus

membros, o profissional deve considerar as dúvidas, opiniões e atuação da

família na proposição de suas ações e promover o contexto familiar para

desencadear as mudanças e estratégias, propiciando seu encorajamento para

lidar com o seu familiar doente.

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É fundamental a participação dos familiares durante o processo

de tratamento dos indivíduos diagnosticados depressivos, pois as fases de

instabilidade, caracterizadas por confusão e incerteza, marcam a passagem

para um novo equilíbrio funcional (Andolfi, cit.), sendo necessário ao grupo

como um todo uma maior tolerância e busca de um conhecimento mais

aprofundado em relação à doença, para isso torna-se fundamental um

acompanhamento médico psiquiátrico onde o paciente em boa parte dos casos

faz uso medicamentoso, concomitante a psicoterapia individual e/ou familiar

para que sejam tratados os problemas e sintomas que levaram ao individual a

depressão, além de trabalhar estratégias e comportamentos frente à depressão.

Fato comprovado pelos profissionais de saúde do Distrito Federal que

responderam ao questionário dessa pesquisa, ser de extrema importância o

tratamento médico com o uso de antidepressivos associada à psicoterapia.

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As famílias tratadas pelos profissionais da saúde entrevistados

e que foram responsáveis pelo preenchimento dos questionários são formadas

de 56% do que consideramos família padrão (pai, mãe e filhos) e 44% de pais

divorciados. Os psicólogos afirmam que em 67% dos casos em que não existe

o apoio da família durante o tratamento ocorre o abandono por parte do

paciente.

Segundo os dados acima verifica-se como o suporte familiar ao

paciente é imprescindível para sua recuperação.

Os familiares devem encarar a depressão como uma doença e

livrar-se dos “pré-conceitos” que pairam sobre este problema, escutar o

paciente quando este procurá-lo, ficar atento as queixas, ouvir, ser

compreensivo, estar presente, observar se o paciente está comparecendo as

sessões e consultas, se está fazendo uso da medicação e incentivar mudanças

de hábitos (alimentação, exercícios físicos, vida social), motivá-lo por suas

melhoras diárias, aceitar e incentivar o tratamento e informar-se a respeito da

doença e seus sintomas, definir os papéis - não permitir que o familiar

depressivo se vitimize - entre outros e quando solicitado participar da terapia,

são atitudes que os familiares devem adquirir afim de ajudar no processo de

tratamento de seu familiar que se encontra deprimido

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Em diversos estudos realizados verifica-se a interligação do

sucesso do tratamento do paciente e a participação familiar durante o processo,

pois com as informações corretas sobre a doença, seu tratamento, acolhida e

suporte emocional dos familiares e amigos é o caminho para a reabilitação do

paciente.

Pode-se definir o suporte familiar como o auxílio ou assistência

do grupo ao qual o paciente está inserido, como exemplo temos a valorização

das atitudes, conselhos, carinho, contatos físicos entre outros

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O suporte familiar, segundo Parker (1979) pode dividir-se em

duas classes, de acordo com a relação familiar estabelecida entre seus

membros, pai, mãe e filhos, são elas:

a) a dimensão carinho versus rejeição e indiferença.

b) super proteção ou controle versus a permissão para a

autonomia.

O suporte familiar é considerado ótimo, quando existem no

grupo altos níveis de carinho e permissão para autonomia e independência,

deste modo o suporte familiar objetiva atenuar e equilibrar os eventos

estressantes que fogem da rotina de vida do paciente. Verificamos que existe

uma pré-disposição dos pacientes que não possuem este suporte familiar a

manter-se depressivo por um período maior que os que o possuem, pois

tendem há apresentar uma maior insatisfação em relação ao meio ao qual faz

parte, diferente dos outros que possuem um sentimento de bem-estar social.

“De acordo com Birtchnell (1988), uma das hipóteses mais

prováveis provindas da aprendizagem, sobre o suporte familiar

e a depressão, é que relacionamentos pobres na infância e

adolescência (pouco afeto provindo dos pais, estimulação,

comunicação etc.) contribuem de forma significativa para a

aquisição de personalidades vulneráveis, os quais auxiliam na

propensão para a depressão e modelos insatisfatórios de

relacionamentos” (BAPTISTA,cit.)

Podemos inferir diante dessa pesquisa que existe uma relação

entre o desenvolvimento da depressão maior em indivíduos que não obtiveram

um suporte familiar adequado de seus pais, seja pelos mesmos também

passarem ou já ter dito no passado um momento depressivo.

As mudanças sociais e, principalmente familiares, que estão

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ocorrendo atualmente e o aumento das informações que o individuo lida

diariamente, principalmente com os meios de comunicação e a internet,

relações banalizadas, isolamento, economia, enfim, uma sociedade acelerada

contribui para o aumento e a prevalência da depressão. Claro que esses não

são os únicos fatores, mas devem-se levar mais a sério o papel que a família

desempenha na vida de toda a espécie humana.

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Conclusão

Este tema despertou o meu interesse após verificar nos

atendimentos uma melhora acentuada nos pacientes que a família participava

de forma mais ativa ao tratamento, não se contentando apenas a medicação e

dando maior importância à psicoterapia para tratar a origem dos problemas, que

em sua maioria são emocionais. Cabe ressaltar que a depressão tem atingido

cada vez mais pessoas no mundo e que provavelmente será a doença do

século XXI que mais afastará as pessoas de sua vida social.

Daí verifica-se a importância de trabalhos e pesquisas desse

tema para uma maior divulgação dos seus sintomas, causa e tratamentos

disponíveis nos dias atuais, além de demonstrarmos que existe hoje tratamento

para os indivíduos acometidos por ela, e a importância da família para o

desenvolvimento desse processo.

A terapia dos indivíduos que se encontro acometidos pela

depressão deve ser difundido entre toda a sociedade visto que essa doença

nos dias atuais é a que mais tem crescido na sociedade e embora muitas vezes

as pessoas procurem um atendimento médico para sanar os sintomas físicos

decorrentes dela, tratam os sintomas, mas relegam as causas. Cabe também

uma maior interação entre os diversos segmentos da medicina para que o

paciente que venha apresentando sintomas depressivos seja encaminhado

para o psiquiatra e o psicólogo, afim de que ele tenha um atendimento e

entendimento do que está sofrendo.

O psicoterapeuta ao iniciar o contato com o seu paciente deve

também preocupar-se em desmistificar o seu papel e a forma de tratamento

adequado para o paciente, através de um diálogo aberto e um contato maior

com a família do paciente, afim de que sendo necessário para o

prosseguimento da terapia, possa contar com o apoio e participação efetiva da

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família durante o tratamento.

Os familiares devem ser informados que no inicio de um

tratamento, geralmente é necessário a associação entre a terapia e a

medicação, pois possibilita uma melhora na concentração mental, reduz

emoções dolorosas e/ou excitação fisiológica, diminui os pensamentos

distorcidos ou irracionais, facilitando assim a psicoterapia. Em contrapartida

nota-se que com a realização da psicoterapia ocorre em pacientes que resistem

ao uso da medicação, uma maior aderência à medicação, pois a terapia ajuda

aos pacientes a melhor compreender e lidar com a doença, e facilita a retirada

da medicação quando desejado.

Os profissionais entrevistados citam a necessidade dos

familiares desenvolverem atitudes como saber escutar, encarar a depressão

como uma doença e se livrar dos preconceitos que pairam sobre esta ela,

ficarem atento as queixas, serem compreensivos, estarem presentes,

observarem se o paciente está comparecendo as sessões e consultas, se

realmente está fazendo uso da medicação, e principalmente incentivar

mudanças de hábitos (alimentação, exercícios físicos, vida social) do paciente.

Falta ainda hoje por parte dos representantes governamentais

uma estratégia e um serviço público de saúde que atendam todas as camadas

da sociedade, que em sua maioria por sua baixa escolaridade e rendimentos

financeiros escassos, não tem acesso a um tratamento adequado do seu

quadro depressivo. Dados esses comprovados nas diversas pesquisas e

estudos realizados nas últimas décadas e comprovada nos dados em anexo

sobre a condição financeira das pessoas que procuram tratamento em sua

grande maioria em clínicas particular. Além disso, devemos nos preocupar em

desmistificar a figura de que quem procura o atendimento psiquiátrico e realiza

a psicoterapia é “louco”, sendo isso possível através do atendimento para

todos.

Por fim cabe a nós profissionais da saúde desenvolver da

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melhor forma possível o nosso trabalho, possibilitando uma melhor qualidade

de vida aos nossos pacientes e seus familiares.

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98932001000200007&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1414-9893.

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Anexo I

Questionário

Curso: Especialização Saúde da Família – Universidade Cândido Mendes

Aplicador (a): Márcia Regina de Morais Almeida

Prezado Psicólogo:

Gostaria de solicitar o preenchimento desse questionário visando a sua colaboração na coleta de dados referentes à pesquisa Depressão x Família, que busca analisar a importância do relacionamento familiar no tratamento da depressão.

1. Qual o sexo da maior parte de seus pacientes atendidos com sintomas ou diagnóstico de depressão (Cite um percentual aproximado):

( ) Masculino ___ ( ) Feminino ___

2. Existe uma faixa etária com maior incidência de depressão:

( ) Não.

( ) Sim. Qual?

( ) crianças (5 a 10 anos) ( ) de 30 a 39 anos

( ) adolescentes (11 a 16 anos) ( ) de 40 a 49 anos

( ) de 17 a 19 anos ( ) de 50 a 59 anos

( ) de 20 a 29 anos ( ) maior de 60 anos

3. Qual o nível de escolaridade predominante de seus pacientes:

( ) Ensino Fundamental incompleto ( ) Superior incompleto

( ) Ensino Fundamental completo ( ) Superior completo

( ) Ensino Médio incompleto ( ) Outros. Quais?_________________

( ) Ensino Médio completo

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4. Qual o nível de escolaridade dos progenitores da família (Caso de dependentes)?

4.1 Pai: 4.2 Mãe:

( ) Sem escolaridade ( ) Sem escolaridade

( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) 2º grau completo ( ) 3º grau incompleto ( ) 3º grau incompleto

( ) 3º grau completo ( ) 3º grau completo ( ) Fez mestrado ou doutorado ( ) Fez mestrado ou doutorado

5. Qual a média salarial dos seus pacientes com depressão?

( ) menos de um salário mínimo ( ) de 6 a 10 salários mínimos

( ) de 1 a 2 salários mínimos ( ) Superior a 10 salários mínimos

( ) de 3 a 5 salários mínimos

6. O tratamento mais indicado para o individuo diagnosticado com depressão é:

( ) somente tratamento médico com uso de antidepressivos

( ) somente a psicoterapia

( ) tratamento médico com uso de antidepressivos e psicoterapia

7. A medicação é indicada para todos os pacientes que iniciam o tratamento contra a depressão? ( ) Não ( ) Sim.

8. Quando há indicação de psicoterapia, qual a abordagem terapêutica mais indicada? ___________________________________________________________________

9. A psicoterapia é indicada normalmente para:

( ) Somente o paciente (INDIVIDUAL)

( ) O paciente e o conjugue (CASAL)

( ) O paciente e um familiar (FAMILIAR)

( ) O paciente e outros. Quais __________________

10. Existe uma relação entre o sucesso do tratamento e o apoio familiar?

( ) Não ( ) Sim. Cite ___________________________________________

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11. Quando é solicitada a presença de familiares na terapia eles geralmente:

( ) Comparecem prontamente

( ) Resistem

( ) Não comparecem

12. Qual a estrutura das famílias de seus pacientes atendidos? ( ) Família padrão (pai e mãe) ( ) Pais divorciados ( ) Outros: ___________________________________________________________

13. Os pacientes diagnosticados com depressão resistem ao uso da medicação? ( ) Não. ( ) Sim. _________________________________________ 14. Os pacientes diagnosticados com depressão resistem à psicoterapia? ( ) Não. ( ) Sim. _________________________________________ 15. Existe relação entre o abandono ao tratamento e o apoio que o paciente recebe da família? ( ) Não ( ) Sim. __________________________ 16. Cite as atitudes que os familiares devem desenvolver para apoiar o tratamento de um familiar depressivo:____________________________________________________________

MUITO OBRIGADO POR SUA COLABORAÇÃO!

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Anexo II

Tabulação do Questionário aplicado

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16. Cite as atitudes que os familiares devem desenvolver para apoiar o tratamento de um familiar depressivo

• Encarar a depressão como uma doença e se livrar dos pré-conceitos que pairam sobre este problema.

• Escutar.

• Entender o que é a depressão.

• Informar-se o máximo possível sobre a doença.

• Ficar atento as queixas, ouvir, ser compreensivo, estar presente, observar se o paciente está comparecendo as sessões e consultas, se está fazendo uso da medicação e incentivar mudanças de hábitos (alimentação, exercícios físicos, vida social).

• Motivação.

• Aceitação do tratamento e informar-se a respeito da doença e seus sintomas.

• Definições dos papéis - não permitir que o familiar depressivo se vitimize - entre outros

• Colaborar e entender que a depressão é uma doença e não uma encenação do paciente.