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12 | REVISTA ABCFARMA | OUTUBRO/ 2011 TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO FOTOS: DIVULGAÇÃO Dermatologia O verão está logo aí, animando as pessoas que detestam frio e cultuam o Rei Sol. Mas é a temporada que gera mais preocupação (e trabalho) para dermatologistas e oncologistas. A radiação solar, embora produza um tom de pele que se tornou padrão de beleza num pais tropical como o nosso, também é o principal fator de risco para o envelhecimento precoce e, o que é pior, o câncer de pele. Por isso, nesta época do ano, os especialistas reforçam suas advertências contra os excessos do sol e dão dicas sobre a melhor forma de aproveitar o verão sem se queimar. Nesta matéria, o dermatologista Luiz Roberto Terzian formula para ABCFARMA uma espécie de receita de sol com saúde COM SAÚDE

Dermatologia: Sol com saúde

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Matéria da Revista ABCFARMA sobre Dermatologia: Sol com saúde

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Page 1: Dermatologia: Sol com saúde

12 | Revista ABCFARMA | OUtUBRO/ 2011

textO: CeLsO aRNaLDO aRaUJOfOtOs: DivULgaçãO

Dermatologia

O verão está logo aí, animando as pessoas que detestam frio e cultuam o Rei Sol. Mas é a temporada que gera mais preocupação (e trabalho) para dermatologistas e oncologistas. A radiação solar, embora produza um tom de pele que se tornou padrão de beleza num pais tropical como o nosso, também é o principal fator de risco para o envelhecimento precoce e, o que é pior, o câncer de pele. Por isso, nesta época do ano, os especialistas reforçam suas advertências contra os excessos do sol e dão dicas sobre a melhor forma de aproveitar o verão sem se queimar. Nesta matéria, o dermatologista Luiz Roberto Terzian formula para ABCFARMA uma espécie de receita de sol com saúde

COM SAÚDE

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COM SAÚDE

A radiação solar é um elemento vital para o metabolismo humano, mas só quando “usado” com modera-ção. Sem a devida proteção, os raios solares se transformam em armas de destruição da pele – provocando lesões que vão de rugas a tumores. Mas, num país como o nosso, com milhares de quilômetros de praia, onde a pele bronzeada conta pon-tos em favor de um padrão de esté-tica e de uma aparência de saúde,

excessos são inevitáveis. A verdade é que as pessoas se expõem ao sol muito mais do que deveriam. Para o Dr. Luiz Terzian, médico dermato-logista e cirurgião especializado em câncer de pele, esse tom bronzeado, do ponto de vista científico, não é bonito – porque representa a reação do organismo à agressão solar. “O bronzeado é uma espécie de escudo de proteção que a pele forma para se defender dos raios de sol. Esse ins-

tinto de defesa se processa de duas maneiras: produção de pigmentos escuros e reação inflamatória, na forma de vermelhidão e bolhas”. No primeiro caso, uma pele bronzeada. No segundo, aquelas queimaduras que estragam as férias. Sendo im-possível convencer as pessoas de que pele bronzeada não é sinônimo de saúde, resta buscar proteção má-xima, combinando bom senso com produtos disponíveis na farmácia.

Antes de ir à praia ou à piscina em pleno sol de verão, é bom conhe-cer um pouco da “ficha técnica” do astro-rei. Entre outras emissões, o sol tem dois tipos principais de radiação: os raios Ultravioleta A (UVA) e os Ul-travioleta B(UVB). Os raios UVA têm

um comprimento de onda maior e se mantêm constantes enquanto durar a claridade solar – digamos, das 6 da manhã às 7 da noite, no horário de verão. Esses raios solares incidem sobre camadas um pouco mais pro-fundas da pele e, quando não existe

a proteção adequada, podem induzir à formação de câncer de pele, sobre-tudo os do tipo basocelular (o mais comum) e o temível melanoma. Já os raios UVB têm comprimento de onda menor e se concentram em torno do horário do meio dia – das 10 às 2 da

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tarde. “Queima” mais do que os do tipo A, causam mais ardor na pele e podem destruir mais células epidér-micas – estão mais relacionados ao câncer tipo espinocelular. Aqui, o Dr. Terzian aproveita para colocar cer-tos conceitos no devido lugar:

*Os raios UVB têm incidência mais superficial e, sozinhos, não causam tanto fotoenvelhecimento e manchas de pele como quando asso-ciados aos UVA. Em tese, por serem

mais longos e incidirem o dia intei-ro, os raios UVA teriam um potencial cancerígeno maior. Mas é preciso lembrar, observa Terzian, que a ra-diação solar é cumulativa – e no pico do meio dia, quem se expuser ao sol vai pegar o auge dos dois tipos de raio, o A e o B, potencializando o risco. Protetores solares são indis-pensáveis. Os solares convencionais conferem proteção exclusivamente contra os UVB. Só os produtos mais

avançados têm um espectro de pro-teção mais amplo, cobrindo também os raios UVA – e convém conferir isso na embalagem. As substâncias que protegem contra a radiação UVA não têm ainda um parâmetro padronizado – como a pele averme-lhada, considerada referência para o FPS contra os raios B (ver abaixo). Por isso, vale a regra do bom senso: aproveite o Rei Sol com moderação.

Decifrando o FPS do protetor solar

* Em tese, o número associado ao FPS de cada protetor solar significa que o usuário do produto poderia se expor ao sol, sem ficar vermelho, tantas vezes o tempo de sol suficiente para avermelhar sua pele se não estivesse usando o protetor. Por exemplo: uma pessoa que, sem nenhuma proteção, ficaria vermelha de sol em 20 minutos, estaria protegida 300 minutos (ou cinco horas) se usasse um produto com FPS 15, ou seja, 15X 20 minutos. Mas o Dr. Terzian faz uma ressalva importantíssima: todos os estudos foram feitos com base no uso de 2 gramas de produto para cada centímetro quadrado de pele. Levada ao pé da letra, essa dosagem significa usar um tubo de protetor de 50 gramas para apenas duas aplicações, a cada dois dias de sol, o que, na prática, é quase inviável – a pessoa teria que ir à praia com uma grossa camada de creme. “O estudo não reflete absolutamente o cotidiano das pessoas”, pondera ele. Com a quantidade de protetor normalmente usada, o nível de proteção cai exponencialmente. No fim das contas, recomenda o Dr. Terzian, não convém usar toda a “cota” de sol que o FPS teoricamente permite – sobretudo as pessoas com pele do tipo 1, de cabelos e olhos claros, que sempre se queimam e nunca se bronzeiam. Os especialistas se preocupam, na verdade, com o exagero na exposição solar: “Na prática, o risco de câncer de pele pode ser maior entre pessoas que ficam 4 ou 5 horas expostas ao sol com uma fina camada de protetor do que entre pessoas sem nenhuma proteção que ficam na praia apenas uma hora”.

Por dentro dos protetores

Os produtos com FPS superior a 30 contêm, além da proteção química, uma barreira física à radiação solar – como óxido de zinco ou dióxido de titânio. São produtos indicados sobretudo para crianças, que, além de terem a pele mais delicada, costumam ficar mais tempo expostas ao sol e são mais rebeldes a uma repassada do protetor – que é essencial a cada duas ou três horas, principalmente depois de contato com água. Existem, aliás, protetores mais resistentes à água (4 horas de eficiência mesmo após o mergulho) n