13
 DESCRIMINALIZAÇÃ O DO ABORTO E MOVIMENTOS FEMINISTAS

Descriminalização Do Aborto e Movimentos Feministas

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Apresentação feita para oficina das Promotoras Legais Populares

Citation preview

DESCRIMINALIZAO DO ABORTO E MOVIMENTOS FEMINISTAS

DESCRIMINALIZAO DO ABORTO E MOVIMENTOS FEMINISTASA legalizao do aborto no Brasil uma das primeiras bandeiras da Segunda Onda do feminismo no pas (ps-1975).Nos anos 80, muitas feministas deram declaraes grande imprensa dizendo: Eu ja fiz um aborto! O que era (e ainda hoje) considerado um ato de coragem.

Retrocesso Uma onda conservadora s cresce na Cmara de Deputados, inclusive com a renovao de parlamentares vinculados aos fundamentalismos, tendo sido criada a frente parlamentar anti-aborto. Atualmente pelo menos 46 ante-projetos que atentam contra os direitos humanos, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres tramitam em diversas comisses. Entre eles: o Bolsa-estupro e o estatuto do nascituroPOR QUE DEFENDER A LEGALIZAO?

A maternidade deve ser uma deciso livre e desejada, uma opo para as mulheres, e no uma obrigao.O aborto o ultimo recurso das mulheres diante de uma gravidez indesejada.A criminalizao do aborto no impede que ele seja realizado nem reduz sua incidncia, mas aumenta em muito as condies de risco de vida para as mulheres, em especial para as mulheres empobrecidas da classe trabalhadora, que no podem pagar por um aborto clandestino que lhes garanta segurana.

Pesquisas indicam que a maioria das mulheres que abortam usam mtodos contraceptivos, tm parceiros fixos, j tem filhos.A ilegalidade do aborto viola os direitos humanos das mulheres, bloqueia o exerccio do direito de decidir, sua autonomia, impe a maternidade obrigatria e fere a dignidade das mulheres.A ilegalidade do aborto construiu e mantm a indstria do aborto clandestino, em detrimento da efetivao da ateno integral, pblica e gratuita sade das mulheres em situao de abortamento.A ilegalidade do aborto leva ao abortamento tardio, com maior sofrimento emocional e riscos de vida para as mulheres.

Legalizar o aborto no brasilEfetivar a proposta de legalizao elaborada pela Comisso Tripartite, instituda em 2005 pela SPM, e que foi aprovada na II Conferencia Nacional de Polticas para Mulheres como a proposta a ser levada ao Congresso:Retirar a prtica de abortamento do cdigo penal, mas deixar como crime o aborto forado. Ou seja, impor e obrigar uma mulher a abortar deve continuar a ser crime, pois uma violncia contra a autonomia das mulheres;Garantir o atendimento ao aborto no SUS e na rede complementar (privada) nos seguintes casos:- at 12 semanas por livre deciso da mulher;- at 20 semanas de gestao em casos da gravidez resultar de violncia sexual,Garantir o aborto ou a antecipao teraputica do parto, conforme o caso, a qualquer momento da gestao em casos de risco de vida da me ou incompatibilidade do feto para com a vida extra-uterina.Garantir equipe multidisciplinar para o atendimento as mulheres que recorrem ao servio de aborto e ps aborto, para acolhimento, informao, orientao com privacidade e respeito a autonomia de deciso das mulheres.

PlebiscitoO Plebiscito um instrumento da democracia direta adequado para tomada de deciso do povo sobre assuntos que afetam o futuro do pas e das comunidades, sua deciso obriga os governantes a cumpri-las. O aborto uma deciso pessoal da mulher, que diz respeito a seu desejo e possibilidade de manter uma gravidez em determinado momento de sua vida. uma deciso de foro ntimo da mulher, que deve ser compartilhada apenas com as pessoas de seu crculo de confiana: mdicos, amigos(as) e familiares. O aborto no uma questo plebiscitria.

DIRETRIZES Alterar a legislao punitiva do aborto (Cdigo Penal de 1940) para que o aborto deixe de ser considerado crime; Respeitar autodeterminao reprodutiva das mulheres: no maternidade compulsria. Sim maternidade livre, voluntria e desejada; Assegurar que todo hospital da Rede Pblica coloque em prtica a regulamentao do Ministrio da Sade que d direito mulher a fazer o aborto nos casos previstos em lei, pois a maternidade um direito, e no pode ser resultante de um ato de violncia; Que o Estado garanta a Poltica de Sade Integral e Universal para as mulheres possibilitando o pleno, exerccio de seus direitos sexuais e direitos reprodutivos, em especial, a efetivao do direito das mulheres de decidir se querem ou no engravidar e, no caso de uma gravidez indesejada, poder interromp-la no Servio Pblico; Implantar em toda a Rede Pblica o Programa de Ateno Integral Sade da Mulher (PAISM); Ampliar a sensibilizao de profissionais de sade para garantia do aborto previsto em lei; Ampliar divulgao da Norma Tcnica "Ateno Humanizada ao Abortamento" produzida pelo Ministrio da Sade em 2005, que se trata de um guia para apoiar gestores/profissionais de sade e introduzir novas abordagens no acolhimento e na ateno para com as mulheres em processo de abortamento (espontneo ou induzido), buscando, assim, assegurar a sade e a vida.

ESTATUTO DO NASCITUROO texto prev que nascituros tero direitos anlogos aos das pessoas nascidas.

ConsequnciasA exposio de mulheres investigao criminal em casos de aborto espontneo (o artigo 23 prev a penalizao do aborto culposo, ou seja, no intencional) a impossibilidade de acesso a tratamentos mdicos que ameacem a viabilidade da gestao (como o caso de quimioterapias para pacientes de cncer)Feministas que defenderem a descriminalizao do aborto estariam sujeitas a processo criminal por apologia, de acordo com o artigo 28PARECER DA COMISSO DE TICA DA oabNo caminho inverso ao reconhecimento da liberdade e autonomia das mulheres, o projeto pretende impor compulsoriamente a maternidade em caso de risco de vida e sade das mulheres, justamente as nessas circunstncias, em que a gestao deveria resultar de uma escolha livre, responsvel e informada. Pelo projeto, h uma clara ponderao pr-feto que novamente reconduz a mulher condio anloga de uma incubadora, sem autonomia, tornando-a objeto e lhe retirando a dignidade humana que lhe garantida no art. 1, III, da Constituio brasileira, pois nem se fez a ressalva de que o disposto no art. 10 no se aplica no caso de prejuzos vida e sade da gestante, de forma imediata ou futura, ou nos casos de incompatibilidade com a vida extrauterina

A proposta atropela princpios tico-jurdicos e constitucionais, derroga leis existentes, e destri conquistas duramente obtidas, como a admisso de pesquisa com clulas tronco, alm de ignorar os direitos fundamentais das mulheres e legitimar a violncia contra a mulher, ao se propor que elas sejam pagas pelo Estado para terem um filho gerado por estupro. Por todo o exposto, o Projeto de Lei 478/2007 (Estatuto do Nascituro), seus apensos e o substitutivo revelam graves inconstitucionalidades e no se mostram adequados juridicamente como poltica social, devendo ser integralmente rejeitados.

Alm de representar gastos pblicos mal investidos, esse projeto contraria as demandas de reconhecimento de famlias constitudas por casais no heterossexuais, por priorizar o parentesco biolgico e por abrir prerrogativas de proteo social para embries congelados.Projetos de Lei como o do Estatuto do Nascituro contribuem para a manuteno de uma mentalidade reacionria de que as mulheres no so capazes de lidar com as tragdias que lhes abatem, como uma gravidez de risco ou resultante de violncia sexual, devendo ser tuteladas pelo Estado.Viola a Constituio brasileira, afronta a laicidade do Estado, renega avanos cientficos e tecnolgicos que podem beneficiar milhares de pessoas com a pesquisas embrionrias e pe em risco a vida de qualquer pessoa que tenha um tero e que possa engravidar, inclusive jovens, menores de idade, que j esto em perodo frtil.