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Adiana Silva
Desempego e População Qualificada
Licenciatura Sociologia
2013/2014
Faculdade de Economia
Universidade de Coimbra
Desemprego e População Qualificada
Trabalho realizado por Adiana Silva no âmbito da Unidade Curricular de Fontes de
Informação Sociológica na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Docentes:
Professor Doutor Paulo Peixoto
Professora Doutora Paula Abreu
Ano Letivo 2013/2014
Imagem da Capa
Título: “Young business woman holding sign Looking for a job”
Autor: Luna Vandoorne
Origem: < http://www.shutterstock.com/pt/pic-125935052/stock-photo-young-
business-woman-holding-sign-looking-for-a-job.html?src=_dXLDAP77jECq7YNqd27ig-
1-0 >
Adiana Silva
Coimbra, 2013
Índice
1. Introdução …………………………………………………………………………………………….…… 1
2. Estado das Artes ………………………………………………………………………………….…….. 2
2.1. Conceito de Desemprego …………………………………………………………………..... 2
2.2. O que leva a População Qualificada Mundial a Emigrar? …………………...... 3
2.3. Portugal: um país de emigração ou imigração ………………………………….…. 6
2.4. Os imigrantes qualificados em Portugal ………………………………………….…... 8
2.5. Políticas de Seleção Migratórias …………………………………………………..….….. 9
2.6. Análise da Taxa de Desemprego …………………………………………………………. 11
3. Descrição Detalhada da Pesquisa ……………………………………………………………... 13
4. Ficha de Leitura ………………………………………………………………………………………… 14
5. Avaliação da Página de Internet ……………………………………………………………….. 25
6. Conclusão ……………………………………………………………………………………………...…. 27
7. Referências Bibliográficas ……………………………………………………………………….… 28
ANEXO 1
Texto de Suporte à Ficha de Leitura
ANEXO 2
Página de Internet Avaliada
Fonte de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica Página 1
1. Introdução
No âmbito da Unidade Curricular de Fontes de Informação Sociológica,
lecionada pelos docentes Paulo Peixoto e Paula Abreu, foi-nos distribuído vários temas
que tínhamos de desenvolver durante todo o semestre e entregar um trabalho final. O
tema que escolhi foi “O Desemprego e a População Qualificada”
A minha escolha sobre este tema deve-se sobretudo ao facto deste tema ser
dos mais abordados da atualidade, visto que não é só Portugal que se encontra em
crise, mas sim a maior parte do mundo. Atualmente não se define desemprego apenas
pelos não qualificados, mas passam também pelos qualificados.
Numa fase inicial vou fazer uma abordagem sobre o conceito desemprego,
falando depois das consequências deste desemprego, ou seja, falar da emigração e das
suas causas, visto que esta é a consequência mais visível do desemprego e falando
também das políticas que conduzem a isto, afinal de contas estas são fatores fortes
que influenciam as decisões das populações para a escolha do país para onde emigrar.
Ainda vou abordar a questão da emigração/imigração no contexto Português,
sendo este o contexto onde me encontro inserido e sendo estes importantes não só
para a identidade de um país, mas para perceber como o país se encontra estruturado.
Para finalizar vou fazer uma pequena abordagem sobre a taxa de desemprego.
Fonte de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica Página 2
2. Estado das Artes
2.1. O Conceito de Desemprego?
O termo desemprego remete-nos logo para a falta de trabalho, para a
desocupação em termos profissionais de um indivíduo. Uma pessoa desempregada é
alguém que faz parte da população ativa (que tem idade para trabalhar), e que anda à
procura de emprego embora sem qualquer resultado. A impossibilidade de trabalhar
contra a vontade da pessoa, pode trazer consequências a nível social, económico e
familiar. Conceito.de (2011), “Conceito de Desemprego” (s.a., 2011).
O desemprego pode ser distinguido de quatro formas: cíclico, estacional,
friccional e estrutural.
O cíclico, acontece quando a economia de um país encontra-se em crise e
existe falta de trabalho durante esse período de recessão. Esse período não costuma
ser extenso, na medida que quando há melhoria na economia essa situação se reverte.
O estacional (ou sazonal) tem a ver com o período das colheitas, onde existe
um maior número variável de procura e de oferta. A agricultura ilustra bem esse tipo
de desemprego (exemplo: época das vindimas), nessa época existe muito trabalho e
quando esta termina, o trabalho acaba e as pessoas voltam para a situação de
desemprego.
O friccional (igualmente chamado desemprego de transição ou de mobilidade),
acontece quando o trabalhador não se encontra satisfeito ou de acordo com as
condições que a entidade patronal lhe apresenta, acabando por se despedir.
O estrutural é o mais grave deles todos, uma vez que existe um desajuste
técnico entre a procura e a oferta de trabalhadores (mão-de-obra disponível no
mercado). Quando isso acontece tem de haver uma intervenção do estado para ajustar
o problema.
Fonte de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica Página 3
2.2. O que leva a População Qualificada Mundial a Emigrar?
Atualmente quando se fala na questão da emigração da população qualificada,
o nosso pensamento remete-nos logo para os jovens licenciados que terminaram o
curso e não conseguem encontrar emprego no seu país, nem na sua área de
especificação ou simplesmente não encontram boas propostas de emprego acabando
por emigrar; estes jovens têm a vantagem de se encontrarem numa idade ativa,
procurando por isso outros países que oferecem melhores condições salariais e de
emprego na sua área do que no seu país de origem.
Num mundo globalizado como é o nosso, é evidente haver migrações, uma vez
que há uma maior abertura no mercado internacional e as pessoas estão à procura de
um outro nível de vida diferente do que tem no seu país de origem. Como é óbvio nem
todos obtêm a mesma sorte. A emigração destas pessoas com este nível de
qualificação nem sempre é bom para os países de origem, porque estes perdem o
capital humano de “alto nível” e a população ativa desaparece, tendo como
consequência o envelhecimento da população e o decréscimo da economia. (Ramos,
2013).
As razões que levam a população qualificada de Portugal a emigrar.
“A crise teve um impacto profundo no mercado de trabalho em Portugal. Desde
2008, o país perdeu um em cada sete postos de trabalho, tendo-se verificado grande
parte desta deterioração depois do início do programa de assistência financeira, em
2011. A crise atingiu desproporcionadamente os jovens: a taxa de desemprego no
grupo etário dos 15 aos 24 anos ultrapassou os 37 por cento em Julho de 2013, sendo
superior a 40 por cento entre as mulheres jovens”. (OIT,2013), “Enfrentar a Crise do
Emprego em Portugal: que caminhos para o futuro?”. Lisboa.
Visto que nos encontramos numa recessão e o desemprego tem vindo a
aumentar e também as restrições das políticas públicas de emprego em Portugal,
muitos portugueses optam por procurar no estrangeiro a possibilidade de encontrar
emprego na sua área de especialização (Ramos, 2013).
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Fontes de Informação Sociológica Página 4
O perfil dos emigrantes contemporâneos tem vindo a diversificar-se consoante,
a idade, as razões que os levam a migrar e o seu estatuto profissional, diversificando
assim também as razões que levam a população a emigrar. Neste contexto é muito
abordada a situação migratória dos jovens qualificados, mas em Portugal os dados
relativos aos jovens que atualmente deixam o país são difíceis de contabilizar, porque
o espaço europeu de livre circulação não faz nenhum registo e nem pede nenhuma
identificação às pessoas e isso acaba por prejudicar a identificação do número de
migrantes que entra e sai. Desde 2003 que a INE (Instituto Nacional de Estatística) não
apresenta dados relativos aos movimentos migratórios de saída, só em 2009 é que
volta a ser publicado uma estimativa desses fluxos. Devido às publicações tardias, os
dados relativos à saída dos portugueses tornaram-se incompletos, sendo necessário
que esses dados sejam recolhidos pelos países de acolhimento.
O quadro aqui presente representa os fluxos migratórios mais recentes dos
portugueses, estes são caracterizados pelo crescimento dos novos destinos
migratórios europeus como a Espanha ou o Reino Unido. No mesmo contexto os
principais destinos dos portugueses tende a estagnar-se, como é o caso de França e
Alemanha, ao mesmo tempo outros fluxos voltam a crescer, exemplo de Luxemburgo e
Suíça. Angola e Brasil têm vindo a crescer na procura dos portugueses, uma vez que
esses países se encontram num crescimento económico favorável.
Quadro – Fluxos de entrada de portugueses por principais destinos
Fonte: Observatório permanente da Juventude (2012)
Podemos concluir, que a população que sai do país de origem para procurar
outros países de acolhimento, é divido a situação financeira que o seu país de origem
Fonte de Informação Sociológica
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se encontra, que não é nada favorável e a pouca oportunidade de emprego que existe
face ao seu nível de instrução.
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2.3. Portugal: um país de emigração ou imigração
“De país tradicional de emigração, Portugal verificou, sobretudo depois dos
anos 80 do século XX, simultaneamente uma situação de país de imigração” (RAMOS,
2005,2007).
Nas últimas décadas, tem vindo a registar um maior número de entrada de
cidadãos europeus e de países terceiros que ficam pelo país, superando o número de
portugueses que continuam a emigrar. Portanto, o aumento do número de habitantes
registados entre 1991 e 2001 deveu-se, em larga medida, ao saldo migratório (Instituto
Nacional de Estatísticas).
Gráfico 1 – Proporção de população residente de nacionalidade estrangeira (%) por
local de residência.
Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas (INE)
“A imigração em Portugal encontra-se concentrada em três principais origens
geográficas, Brasil, países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e países da
Europa Central e do Leste…” (Ramos, 2013:91). Em Portugal, durante o ano de 2010 e
2011 houve mais população a sair do que a entrar o que originou um saldo migratório
negativo, uma situação que não se via desde 1993.
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Gráfico 1 – Taxa de Crescimento Migratório
Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas (INE)
Segundo este gráfico, o crescimento migratório apresenta-se acentuadamente
negativo na Região Autónoma da Madeira, sendo que nos Açores também verificamos
em 1993 um crescimento migratório negativo de -0.43, um pouco melhor que na
Madeira. Em 2010 o crescimento migratório não foi negativo, tirando na Região
Autónoma dos Açores.
Como podemos ver, estamos a assistir a uma mudança muito grande no
panorama migratório de muitos países lusófonos. Portugal que foi durante muito
tempo o centro do sistema migratório lusófono, actualmente tem reforçado a sua
condição de emissor para os países de língua portuguesa, como o Brasil e a Angola. O
Brasil, um país de imigrantes, que se torna depois dos anos 1980 país de emigração,
tem atraído novamente os fluxos internacionais. Angola é hoje um dos principais
receptores de imigrantes em África. Com menos importância também Moçambique e
Cabo Verde têm enfrentado novos fluxos de entrada (Ramos, 2013: 92).
Os fluxos migratórios dizem respeito tanto aos países de acolhimento como aos
países de chegada; neste sentido é fundamental potenciar os efeitos positivos das
migrações e diminuir os impactos negativos.
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2.4. Os imigrantes qualificados em Portugal
“A integração é um processo que envolve a adaptação mútua entre os
imigrantes e a população autóctone, implicando uma responsabilidade partilhada que,
para além do governo, central e local, envolve muitos outros atores, incluindo os
próprios imigrantes e seus familiares, ONG, associações, sindicatos, meios de
comunicação social, etc” (Mapa de Boas Práticas, 2007:38).
Portugal tem desperdiçado os imigrantes qualificados. Um em cada cinco
imigrantes consegue emprego consoante às suas qualificações. Segundo o
Observatório da Imigração (OI), esta situação afeta tanto os estrangeiros que vêm para
cá trabalhar como aqueles que vêm estudar. Os mais afetados são os estudantes
africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e os trabalhadores vindos da Europa do
Leste (Neves, 2007).
O mercado de trabalho português não reconhece estes imigrantes como
qualificados, e estes têm muita dificuldade em ver as suas habilitações a serem
validadas. Para que isso aconteça têm que passar por vários processos que exigem
muita documentação. E visto que estes têm urgência em arranjar emprego, uma vez
que fugiram das dificuldades do seu país, aceitam qualquer emprego abaixo das suas
qualificações, porque no seu país não teriam essas regalias salariais que têm no país de
acolhimento. “ Portugal já desperdiçou uma primeira vaga de imigrantes qualificados
(os de Leste), mas há outras vagas que estão à espera desse reconhecimento (os
brasileiros) ” (Góis apud Neves, 2007).
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2.5. Políticas de Seleção Migratórias
Maria Ramos citando RUGY (2000): “A imitação é um fenómeno que se tornou
estrutural na Europa, devido a várias transformações: passagem, de uma imigração de
trabalho a uma imigração de trabalho permanente; acréscimo da diversidade étnica;
aceleração da concentração urbana da imigração; redução da população em idade
ativa; necessidades específicas de trabalhadores”.
“A livre circulação dos trabalhadores na União Europeia (UE) é uma das
liberdades fundamentais consagradas pelo Tratado da CE (Ramos, 2013:91) ”.
Nos países como a Austrália, Canadá, Nova Zelândia… a seleção da população
migrante é feita com base nas competências linguísticas, experiência profissional, nível
de instrução, idade. Em outros países, como na União Europeia, o patrão é que escolhe
o imigrante, mas não tem números concretos a admitir. Se as autorizações de trabalho
são escassas num período de maior procura, os movimentos irregulares começam a
aumentar. Os Estados dos países controlam e dividem os migrantes internacionais em
diferentes categorias. Se numa categoria abandonam os critérios raciais ou étnicos, na
outra a categoria as políticas de seleção prestam mais atenção nos critérios
económicos, sociais e humanitários, tendo em conta as qualificações, o conhecimento
da língua, a posse de capital ou as previsões acerca da capacidade de adaptação do
migrante. Atualmente têm dado foco a imigrantes altamente qualificados, incluindo a
utilização de sistemas baseadas em pontos como a Dinamarca, Reino Unido e Países
Baixos.
Os países facilitam a entrada de especialistas consoante as suas necessidades,
associando assim a definição de uma política de imigração à situação real do mercado
de trabalho. Portugal para atrair população qualificada, facilita o seu regime de
concessão de autorizações de residência a investigadores, ou alunos do ensino
superior ou outras entidades que exerçam atividades altamente qualificadas,
nomeadamente as empresas.
Na União Europeia (EU) existem países tradicionais de imigração como a
Alemanha, a França, o Reino Unido, os Países Baixos, entre outros. Nesses países as
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políticas são mais restritivas, principalmente no que diz respeito aos não diplomados.
Nos outros países de imigração mais periféricos, as estratégias de abertura seletiva
desenvolvem-se em maior ou menor escala em relações aos países centrais da zona
euro (Ramos, 2013:91).
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2.6. Análise da Taxa de Desemprego
Taxa de Desemprego - Taxa que permite definir a percentagem da população
desempregada em relação ao total da população activa. (INE).
Quadro 1 – Desemprego registado (Nº) por Sexo e Grupo etário; Anual
Fonte: INE, 2009
Segundo os dados deste quadro, em Portugal no ano de 2009 existiam cerca de
524674 desempregados, sendo que os Homens representavam 248237 e as mulheres
276437.
Gráfico 1 - Taxa de desemprego: total e por sexo (%) - Portugal
Fonte:PORDATA (1983 a 2011)
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Gráfico 2 – Taxa de Desemprego em Portugal.
Fonte: Eurostat (2013)
Como podemos verificar nestes dois gráficos a taxa de desemprego tem vindo a
subir de forma gradual. Em 2012 a taxa era cerca de 15,7 (%) e actualmente a taxa é de
16,3, o que significa que não tem havido melhorias. Também podemos verificar que
Portugal comparado com a Grécia e a Espanha está numa melhor situação, uma vez
que estes apresentam uma taxa de desemprego muito superior a Grécia (27.6 %) e a
Espanha (26.6 %).
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3. Descrição Detalhada da Pesquisa
Para a realização do trabalho recorri a várias fontes que me ajudaram a concluir
o meu trabalho, livros internet e um artigo da Revista Inter-Legere, cujo título é
“Globalização e Multiculturalismo”, utilizei este último uma vez que foi o texto de
suporte para a minha ficha de leitura e contêm muita informação acerca do tema do
“Desemprego e a População Qualificada”. Foi uma parte importante para a realização
deste trabalho final.
Os principais livros que me serviram de fonte foram: “ Mapa de Boas Práticas:
Acolhimento e Integração de Imigrantes em Portugal” e a dissertação de mestrado de
Joana Gomes de Almeida “Percursos Alternativos: Transições Empreendedoras”.
Ambas ajudaram de forma diferente, a primeira ajudou-me a perceber a integração
dos migrantes nos países de acolhimento e o comportamento dos países para com
eles. O segundo livro ajudou-me a observar e a analisar as soluções que as pessoas
arranjam para inovar e arranjar soluções no mercado de trabalho contornando a
situação de desemprego.
Da internet utilizei um artigo do jornal Diário de Noticias, que achei bastante
interessante para perceber porquê de Portugal desperdiçar população qualificada
oriunda dos países de Leste e do Brasil. Recolhi alguma informação na Revista Crítica
das Ciências Sociais nº 92. Também utilizei o site do INE e do PORDATA, para procurar
gráficos e dados relativos ao tema. Para encontrar toda esta informação pesquisei no
motor de busca Google.com e Google Académico, o que me facilitou a localização dos
documentos.
Concluindo a análise da descrição detalhada da pesquisa, posso afirmar que o
acesso à informação disponível acerca do meu tema de trabalho foi muito acessível e
não tive grandes dificuldades para o alcançar.
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Fontes de Informação Sociológica Página 14
4. Ficha de Leitura
Título da publicação: Globalização e Multiculturalismo
Autora: Maria da Conceição Pereira Ramos
Local onde se encontra:
http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0CC4QFj
AB&url=http%3A%2F%2Fufrn.emnuvens.com.br%2Finterlegere%2Farticle%2Fdownloa
d%2F4166%2F3400&ei=mm1qUqvQH8uR7AbJ-
YDwDw&usg=AFQjCNHzUVpWfg3_qpsqJQnqVu0N3kjr9w&bvm=bv.55123115,d.ZGU
Data de publicação: Julho a Dezembro 2013
Editora: Revista Inter-Legere(ISSN 1982-1662)
Número: 13: Politicas Públicas, Teorias e Experiências
Data de leitura: Outubro 2013
Nº de páginas: 75-101
Área Científica: Ciências Sociais
Assunto: As migrações internacionais.
Palavras-chave: Globalização, Multiculturalismo, Migração Internacional, Diversidade
Cultural.
Observações: A mobilidade humana, tem vindo a ser um fenómeno crescente,
originando grandes fluxos migratórios internacionais, que influenciam globalmente as
sociedades nas suas estruturas políticas, sociais, culturais e educacionais.
Resumo/ Argumento: O artigo em análise aborda o tema da Globalização e do
Multiculturalismo. Como diz Maria da Conceição Pereira Ramos “as migrações
internacionais têm sido um fator importante nas mudanças sociais a nível mundial e
neste Portugal contemporâneo”, colocando novos desafios à forma como os estados e
o processo de integração europeia e mundial podem e devem responder
à globalização e ao multiculturalismo.
Fonte de Informação Sociológica
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Estrutura
Introdução/ Apresentação:
O presente artigo, escrito pela Professora Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos
Universidade do Porto (UP) – Faculdade de Economia (FEP) e Centro de Estudos para
as Migrações e Relações Interculturais (CEMRI), trata do tema da Globalização e
Multiculturalismo, como já referido anteriormente, apresentando sete subtemas
(sendo que o sétimo é conclusivo), com diferentes abordagens temáticas.
Estas sete temáticas incidem essencialmente na mobilidade humana e como isso
influencia as sociedades internacionalmente. O aumento da mobilidade humana a
nível mundial coloca questões relacionadas com a soberania dos Estados, a
governação, a educação, a consciência social, as novas formas de regulação mundial e
de construção europeia (RAMOS, 2002; 2005b). A autora ao escrever o artigo baseou-
se em vários dados estatísticos referentes na sua maioria às migrações e à
globalização.
Desenvolvimento/Síntese:
1º A globalização humana e a mundialização das migrações – forte reforço da
feminização e da qualificação dos fluxos recentes
Com a globalização humana e a mundialização das migrações, as sociedades
multiculturais tem vindo a constituir um desafio aos direitos da cidadania e à
integração de populações migrantes, estando a diversidade cultural no centro do
desenvolvimento humano (PNUD 2004). Com esses fatores o “multiculturalismo”
generalizou-se como forma de designar as “diferenças culturais num contexto
transnacional. A globalização desenvolveu-se a partir dos anos 80 do século XX e
trouxe vantagens para a economia mundial, para o mercado de trabalho e maior
facilidade de movimentação da população entre vários países (Ramos, 2008b). Existem
três pilares da mundialização e as migrações fazem parte dela, para além das trocas
internacionais e o movimento de capitais. De acordo com as Nações Unidas, existem
224 milhões de migrantes, cerca de 3% da população mundial, e metade são mulheres
(PNUD, 2009). Como afirma Castles (2005), as migrações internacionais são uma das
principais forças de transformação social em todas as regiões do mundo.
Fonte de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica Página 16
Nas últimas décadas temos visto o aumento das migrações internacionais, como
também a maior procura de emprego feminino no estrangeiro. As mulheres estão
fortemente representadas na mobilidade do trabalho, algumas em setores mais
qualificados, outros em setores menos qualificados (trabalhos tradicionalmente
femininos), e com uma grande independência económica. “A importância das
mulheres migrantes no trabalho doméstico é uma realidade (SALAZAR, 2001; COX,
2006), visível também nas imigrantes portuguesas na Europa (Ramos, 2009a). Este
aumento de procura de mulheres nestes setores domésticos, acaba por fazer com que
elas sacrifiquem as suas próprias famílias, para poderem tomar conta de outras com o
objetivo de dar melhores condições à família, o que King e Ribas-Mateos denominam
de “cadeia global de prestação de cuidados”.
A migração internacional das mulheres têm sido a principal característica da nova era
das migrações, e segundo um relatório da OCDE “Jobs for immigrants”, de 2008,
Portugal tem o maior número da taxa de empregabilidade feminina no estrangeiro.
Estas mulheres por vezes correm diversos riscos nesses empregos, umas por
discriminação e a desvalorização do sexo, outras acabam por se tornar mercadoria
sexual uma vez que estão tão desesperadas por trabalho e perdem a noção dos
perigos eminentes.
Nos últimos anos, houve um aumento significativo da imigração temporária, do
trabalho sazonal e transferências entre empresas, e por outro lado diminui a imigração
permanente, uma vez que nos encontramos em crise e existe um acentuado aumento
de desemprego, principalmente de imigrantes (OCDE, 2009, 2010).
Com o aumento da procura de trabalho, dos avanços tecnológicos e da globalização,
várias empresas optam pela mão-de-obra qualificada e novas estratégias de
competitividade, acabando por desvalorizar os trabalhadores manuais não
qualificados. “Segundo as tendências verificadas para os países da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), as migrações com fins de emprego
qualificado representam uma parte crescente da mobilidade internacional”, bem como
o aumento de estudantes estrangeiros, principalmente na Europa e a tendência à
“fuga de cérebros”.
Fonte de Informação Sociológica
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A crescente mobilidade, abre caminho para mais informação, conhecimento e
comunicação. Os estudantes internacionais constituem um potencial número de
trabalhadores qualificados nos países da OCDE, sendo que o número de estudantes
internacionais duplicou a partir do ano 2000, tendo sido desenvolvido programas de
mobilidade de estudantes como o ERASMU, INOV contato. Os principais destinos para
esses estudantes são os EUA, o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Austrália. “As
taxas de permanência dos que ficam no país de acolhimento variam entre os 15% e os
35%, com uma média de 21% (OCDE, 2010).
Os países menos desenvolvidos têm vindo a sofrer, com o que a autora Maria da
Conceição Pereira Ramos chama de “brain drain” ou “êxodo de competências nos
países desenvolvidos, uma vez que os países “pobres” não tem condições para
empregar o seu pessoal mais qualificado, estes acabam por ir à procura de países que
tenham melhores condições e que lhes façam melhores propostas que o seu país de
origem, assim, os países interessados optam por tomar “medidas para facilitar o
recrutamento de trabalhadores estrangeiros qualificados e altamente qualificados”
(DOCQUIER et al., 2005; DUMONT et al., 2005).
Em Portugal, com a crise instalada e a falta de emprego, as pessoas qualificadas que
não conseguem emprego na sua área ou não tem boas propostas de emprego, acabam
por ir para fora à procura de trabalho na sua área e melhores condições.
Para as empresas que contratam estas pessoas altamente qualificadas, é uma enorme
vantagem, no que toca a mobilidade dos trabalhadores, na diversidade cultural e na
competitividade.
A migração das pessoas altamente qualificadas, pode ter as suas vantagens e
desvantagens, para os países recetores é uma vantagem porque desenvolve a
“sociedade global do conhecimento”, e para os países de origem é uma desvantagem
uma vez que perdem o capital humano e no que diz respeito à consolidação e reforço
da sociedade civil.
Fonte de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica Página 18
2º Múltiplas Culturas e Cidadanias, Redes Sociais, Diáspora e Transnacionalismo
Migrante
A diáspora é um agregado cultural, é um espaço físico e social onde as pessoas
emigradas de outro país perpetuam a cultura trazida do país de origem. Esta permite
um maior desenvolvimento dos mercados e das relações culturais, económicas,
políticas e sociais entre os diversos países.
As migrações internacionais desenvolvem a prática transnacional dos migrantes e das
crescentes comunidades transnacionais. Isso faz com que os migrantes estabelecem
várias relações com o país de acolhimento e o país de origem, criando “espaços sociais
que atravessam as fronteiras geográficas, culturais e políticas (PORTES, 1999)”. Dando
um exemplo: “Um português que emigra para França, e abre um café onde só fornece
produtos portugueses e a maioria dos frequentadores são portugueses, isso é uma
forma de perpetuar a sua origem e criar laços culturais com o país de acolhimento”.
O Transnacionalismo dos migrantes é visível através dos intercâmbios culturais,
económicos, desportivos e escolares, desenvolvendo assim uma ligação material e
simbólica com o país de origem e relações sociais de elementos de produção e
reprodução de identidade, valores de pertença.
“Com a transnacionalização do capital e das empresas, a mobilidade do trabalho, a
globalização das migrações e o desenvolvimento dos meios de transporte, de
comunicação, tecnológicos e de conhecimento, o trabalhador migrante é cada vez
mais um cidadão transnacional” (RAMOS, 2008b, p. 14)
É importante realçar a “relação entre o multiculturalismo e as dinâmicas económicas e
políticas da globalização”. A relação entre elas é sobre a redução das desigualdades
sociais, a conceção dos direitos humanos, a possibilidade de serem concebidos em
termos multiculturais, as novas conceções de cidadania, a criação de políticas sociais.
Os residentes dos Estados-Nações cada vez mais detêm regalias, como as cidadanias
múltiplas. O número de cidadãos estrangeiros que tem acesso aos mesmos direitos
que um cidadão nacional tem crescido, ou, ainda, em algumas comunidades de
migrantes sofrem de discriminação e exclusão.
Fonte de Informação Sociológica
Fontes de Informação Sociológica Página 19
Com a dupla cidadania, os migrantes acabam por ter maior facilidade de
movimentação no país de acolhimento.
Com a sequência do processo migratório e com as ligações que existem entre os locais
de destino e os locais de origem dos migrantes, as redes sociais começam a crescer e a
servir também como forma de minimizar os riscos na migração internacional. Estas
servem para manter as ligações familiares, culturais com o país de origem.
As redes sociais, uma vez que estão espalhadas por todo o mundo criam diferentes
iniciativas culturais e económicas que conduzem à criação de mercado de trabalho a
longa distância, o aumento das atividades dos migrantes e a transferência das suas
poupanças para o país de origem. Segundo (MARTIN, 2007), as mulheres têm maior
capacidade de poupança, e contribuem para as remessas enviadas para o país de
origem, as quais trazem vantagens para este, no plano social, educativo, sanitário e
bem-estar das famílias. Em Portugal esse impacto financeiro da imigração teve mais
visibilidade nos países como o Brasil, a Ucrânia e a Moldávia, onde foram canalizados
os volumes mais significativos das remessas dos imigrantes nos últimos anos (Banco de
Portugal in RAMOS, 2007b).
3º Mobilidade Internacional e Diversidade na Educação - Políticas Públicas de
Valorização de Competências Interculturais
“Os atuais fluxos migratórios evidenciam o fenómeno da crescente diversidade cultural
das sociedades recetoras.” Portugal um país tradicional de emigração verificou, depois
dos anos 80 do século XX, um aumento da imigração (RAMOS, 2005a, 2007b). Portugal
tornou-se num país de trabalho globalizado e numa dinâmica migratória muito
complexa. Os migrantes que mais procuram este país para acolhimento são os
brasileiros, os ucranianos e os cabo-verdianos (INE/SEF). Os brasileiros são os
primeiros a receber o estatuto de nacionalidade e os vistos de estudos. Eles estão
espalhados em diversas universidades do país.
A multiculturalidade na sociedade portuguesa tem repercussões na população escolar.
Nas Universidades portuguesas existem muitos estrangeiros, e estes representam 10%,
sendo a maioria brasileiros, mas também espanhóis e italianos vindos através do
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programa Erasmus (Agência Nacional PROALV – Programa aprendizagem ao longo da
vida). A Universidade do Porto (UP) é a mais internacional das Universidades
portuguesas, onde estudaram 3465 jovens de 98 nacionalidades (11% do total de
estudantes). Esta Universidade tem sido uma grande referência para muitos
estudantes estrangeiros, que estudam no Porto e voltam para o seu país de origem,
transmitindo aos seus “colegas” mais novos que entraram no programa de Erasmus a
virem estudar para esta, tudo devido a sua qualidade de ensino e a sua grande
hospitalidade.
A educação é um forte motor de integração, para as famílias imigradas no país de
acolhimento. O número de alunos migrantes tem crescido acentuadamente,
representando um número significante no total dos alunos em 13 países da OCDE.
Muitos desses estudantes que se encontram em situação de migração, tendem a ter
um nível de desempenho muito menor, e tudo isso é a consequência do baixo nível de
qualificação dos pais, a falta de acesso aos materiais, a duração do tempo de
permanência no país de acolhimento e a língua. Para a resolução desses problemas, as
políticas públicas tentam melhorar o desempenho escolar, a língua do país de
acolhimento, que é um fator crucial. Os sistemas escolares, ajudam na integração
social e cultural, uma vez que isso é um fator importante, devido às desigualdades
culturais em minorias étnicas. Nos países tradicionais de imigração na Europa, já são
tomadas estas medidas de integração dos alunos migrantes. Em Portugal o Ministério
da Educação tomou uma iniciativa com o objetivo de ajudar os filhos de pais
estrangeiros ou emigrantes, “através do Secretariado Coordenador dos Programas de
Educação Multicultural, que veio a chamar-se de Entreculturas, estrutura que hoje faz
parte do Alto Comissariado para a Integração e o Diálogo Intercultural (ACIDI).
Apesar de todas essas ajudas, os alunos migrantes nem sempre valorizam a educação e
isso origina fenómenos de “desqualificação profissional, desperdício de cérebros e
desigualdade de oportunidades, o que constitui não só uma perda de recursos
humanos valiosos, mas também um risco para a coesão.
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4º Necessidade da Gestão Intercultural Face à Diversidade no Trabalho e na
Sociedade – Combate à Discriminação pela igualdade de oportunidades.
As mulheres migrantes têm sido um agente de mudança e de desenvolvimento nos
países para qual imigram, aumentando o nível de consumo, a mão-de-obra,
promovendo um crescimento económico favorável.
O migrante é um portador do agente de cultura, uma vez que a transporta para o país
de acolhimento criando novas visões para essa sociedade em termos culturais. A
aceleração da urbanização nas últimas décadas e a mobilidade das pessoas, aumentou
o contato entre as culturas, colocando desafios importantes em termos económicos e
sociais à gestão da diversidade cultural, à comunicação intercultural e à formação (N.
RAMOS, 2008, 2011). A imigração e a diversidade cultural, colocam vários desafios a
nível mundial e à construção europeia, o que leva a repensar as políticas de educação
e do trabalho.
Existem fatores decisivos para a integração do migrante no país de acolhimento como,
o trabalho, a educação, as competências linguísticas e multiculturais, e a dupla
nacionalidade. A facilidade de acesso à cidadania dos homens e das mulheres, é uma
mais-valia para minimizar as desigualdades e evitar a polarização (Conselho da Europa,
2004, in RAMOS et al, 2009).
“Os níveis de formação, informação e redes sociais são importantes para a
participação transnacional dos migrantes…”. Os migrantes que adquirem a dupla
cidadania têm maior facilidade no mercado de trabalho, sendo mais notável nos
imigrantes de países com baixo rendimento e do sexo feminino (OCDE, 2010). Esta
melhoria deve-se a menor existência de obstáculos no mercado de trabalho, maior
mobilidade e menos discriminação.
Alguns migrantes que não são naturalizados, acabam por ser afetados em termos
profissionais, uma vez que não podem exercer cargos públicos, nem usufruírem de
empregos que lhes garantam um bom salário.
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Com a crise e o desemprego a crescer, a discriminação laboral por género, a etnia, e a
xenofobia têm crescido nos países da OCDE e desde então o desemprego dos
estrangeiros tem vindo a diminuir.
A discriminação tem duas diretivas da União Europeia: a discriminação direta e
indireta. Alguns trabalhadores migrantes sofrem de numerosos níveis de
discriminação, sendo vítimas de tráfico humano, de desigualdade salarial entre os
colegas do país de acolhimento e da cor ou da etnia.
Os emigrantes representam um número significativo no trabalho temporário, com
menor estabilidade de emprego. As mulheres nascidas no estrangeiro, acabam por ter
melhor estatuto num trabalho que os homens, uma vez que estes se encontram em
grande escala na construção civil. Assim, uma vez que os imigrantes são colocados na
economia informal, eles acabam por perder algumas regalias sociais.
5º Políticas Seletivas de Imigração e Regulação dos Fluxos Numa Europa Globalizada.
Mobilidade do Trabalho e Estratificações Sociais.
A imigração de trabalhadores, e a sua livre circulação nos países da União Europeia
(UE), apresenta benefícios para os países recetores uma vez que melhoram a sua
economia, contribuem para o crescimento demográfico, e têm acesso a mão-de-obra
barata. Contudo, estes países também já começam a limitar a receção dos
trabalhadores, na medida em que a população ativa aumenta e cresce o medo do
desemprego, da transformação cultural, o aumento de etnias diversificadas nos
centros urbanos do país. Para os países de origem acaba por ser desvantajoso, porque
a população ativa desaparece, o país começa a tornar-se envelhecido e a população
absoluta vai diminuindo.
Os trabalhadores imigrantes no país de acolhimento tem vindo a exercer as profissões
que os nacionais não querem uma vez que estes consideram ter muita qualificação
para tal. Neste contexto, os trabalhadores migrantes raramente conseguem ter um
bom estatuto profissional no país de acolhimento, pois dificilmente conseguem subir
na hierarquia profissional.
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A forma como é desvalorizada a procura de trabalhadores migrantes em diversos
setores nos países de imigração, contribui para a imigração ilegal, para o tráfico dos
mesmos e para os abusos de exploração no trabalho a que estão sujeitos. Na Europa
existem alguns programas de regularização dos trabalhadores estrangeiros migrantes.
Segundo a autora, em alguns países a seleção de trabalhadores, é feita com base nas
suas competências linguísticas, experiência profissional, nível de instrução, idade… Em
Portugal para atrair a mão-de-obra altamente qualificada, a lei nº 23/2007 simplifica o
regime de concessão de autorização de residência a estudantes de ensino superior e a
investigadores.
6º O Direito à Mobilidade e a Sociedade do Conhecimento. O Direito a Migrar como
um Direito Humano Fundamental
A deslocalização industrial é um fenómeno relativamente recente, que potencializa a
mundialização, uma vez que promove fenómenos migratórios entre regiões com
diferentes níveis de desenvolvimento.
Contudo, o fenómeno migratório ocorre essencialmente para os países mais
desenvolvidos, pelo que se torna necessário criar políticas comuns na gestão dos fluxos
migratórios no combate ao tráfico de pessoas e na integração de imigrantes e
minorias.
Nesse sentido são necessários novos instrumentos de políticas migratórias, com base
em direitos humanos, capazes de assegurar uma eficaz gestão das migrações,
estabelecendo políticas apropriadas para o emprego, segurança social, educação, e
formação profissional.
Nos últimos anos, nomeadamente na Europa, tendo em conta o contexto atual de
crise, as políticas migratórias foram afetadas por medidas restritivas e algumas delas,
visaram que os imigrantes desempregados, não renovassem as autorizações de
residência temporária, fornecendo ajuda no regresso e foram também reduzidas
algumas cotas. A mobilidade tornou-se um privilégio de classes, favorecendo aqueles
que tem meios para a mobilidade em detrimento dos que são condenados à
mobilidade dos lugares onde habitam.
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Pontos Fortes e Fracos do Documento:
Um dos pontos que considero forte no artigo, é quando a autora faz referência ao
direito à cidadania dos migrantes, mostrando reconhecimento e valorização pelas
migrações. Outro aspeto fundamental consiste no papel dos migrantes, enquanto
portadores e agentes da cultura, permitindo a abertura de novas visões para as
culturas recetoras. O ponto menos positivo que encontrei, refere-se ao facto do artigo
apresentar diferentes abordagens tornando a informação por vezes um pouco
repetitiva.
Conclusão
O sétimo (7º) subtema conduz-nos à conclusão deste artigo. Assim, podemos afirmar
que os fluxos migratórios dizem respeito tanto aos países de acolhimento como aos
países de chegada; neste sentido é fundamental potenciar os efeitos positivos das
migrações e diminuir os impactos negativos, promovendo o codesenvolvimento, isto é,
promovendo laços que reúnam os migrantes, os governos e outras instituições
públicas e privadas, dotando os migrantes de capacidade de circular e dominar tanto o
contexto do país de origem, como do país de acolhimento.
Este artigo fez-me refletir sobre a globalização e o multiculturalismo, o aumento da
migração, a forma como as diversidades culturais tem crescido acentuadamente e o
papel que nós cidadãos temos no meio de toda esta problemática.
Recursos de Estilo e Linguagem:
A utilização da linguagem formal e cuidada é evidente, e tende a utilizar diversos
dados estatísticos.
Principais Autores Citados ou eventuais identificados no texto:
CASTLES, S.; DUMONT, J.C.; KORMANE.; PORTES, A.; RAMOS, M. Pereira.; RAMOS,
Natália; MIRANDA, N.;RUGY, A.; Boaventura de Sousa Santos, sociólogo, professor
catedrático na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e diretor do Centro
de Estudos Sociais (CES) e do Centro de Documentação 25 de Abril e também
coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa.
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5. Avaliação da Página de Internet
A página de internet que escolhi avaliar foi o PORDATA, uma vez que o utilizei
algumas vezes para me poder apoiar e informar-me acerca de vários dados
estatísticos. O PORDATA é um serviço público de informação estatística criado pela
Fundação Francisco Manuel dos Santos. Nesta página podemos encontrar várias
estatísticas e indicadores sobre os mais diversos aspetos de Portugal e da Europa.
Esta página de internet é uma página acessível, pois foi feita com o objetivo de
alcançar todo o tipo de público, pensado nas pessoas interessadas em conhecer mais
sobre os Municípios de Portugal, Portugal e a Europa. Em relação a amplitude do site,
posso dizer que cobre todas as dimensões relativas ao tema desde a População, a
Educação, a Proteção Social e a Saúde (estes são os principais temas que se pode
encontrar em cada um dos separadores). O grau de profundidade é bom, na medida
que este site trata todos os temas que referi anteriormente e outros com muito
detalhe, pois quando estive á procura de população migrante de Portugal e da Europa
encontrei taxas de migrações internacionais como, os fluxos migratórios
internacionais, aquisições de nacionalidade, a percentagem da população estrangeira e
a taxa bruta de emigração e imigração. Também encontrei os movimentos da
população tais como, os saldos anuais (total natural migratório), as percentagens do
saldo natural e migratório na variação populacional anual e a taxa bruta de
crescimento migratório. O período de tempo que este site cobre não é suficiente para
o tipo de trabalho que estive a elaborar, pois apenas apresenta dados estatísticos e eu
necessitava de alguns conceitos. O formato da página é adequado para imprimir “O
site está otimizado para uma resolução mínima de 1024x768. As versões de browsers
suportadas são: Internet Explorer 8, Firefox 6, Chrome 15 ou superiores”.
Ao avaliar a qualidade do texto, posso afirmar que o português é acessível e
não apresenta qualquer dificuldade. A página em avaliação pode ser consultada em
duas línguas: Português e Inglês (sendo o inglês uma língua universal). O site baseia-se
em várias fontes e entidades e as principais são o Eurostat e o INE (Instituto Nacional
de Estatísticas). As últimas atualizações feitas a página foram realizadas no mês de
Dezembro na semana passada 5-12-2013 e podemos encontrar isso na página inicial
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no lado direito no quadro de Indicadores em Destaque. O site é apelativo, utilizando
cores como o azul e branco, e dando cores diferentes a cada um dos separadores
(vermelho, verde e azul).
No que toca ao critério de recuperação da informação, o site não disponibiliza
qualquer ferramenta para tal. Esta página é fiável, na medida que foi organizada pela
Fundação Francisco Manuel dos Santos, não aplica qualquer tipo de critério de preço e
qualquer utilizador que queira visitar o site não necessita de adquirir qualquer tipo de
software.
A página pode ser encontrada neste endereço: http://www.pordata.pt/Home.
Realizei a avaliação mais técnica da acessibilidade do site e o resultado foi de nível AA:
http://achecker.ca/checker/index.php .
Concluindo, esta página de internet foi muito útil para o trabalho que realizei,
pois ajudou-me a compreender melhor os dados estatísticos e aprofundar as minhas
dúvidas durante a realização do trabalho. Contém informações muito relevantes para
quem queira saber mais acerca de dados estatísticos e é um site muito bem
organizado.
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6. Conclusão
Ao concluir este trabalho, posso afirmar que adquiri diversos conhecimentos
acerca do tema do trabalho “Desemprego e População Qualificada”. Sendo este um
fenómeno mundial e cada vez mais presente no nosso dia-a-dia, deu para perceber o
porquê do fenómeno do desemprego fazer tantos “danos” na população e destrutura
tantas famílias. Com a existência do desemprego o fenómeno da mobilização mundial
tem vindo a aumentar e tem posto em causa a soberania dos Estados. A população
qualificada procura melhores condições de vida e melhores salários e por vezes
encontra barreiras que não permitem melhorar a nível pessoal ou profissional. A
emigração já não tem sido vista como um “bicho-de-sete-cabeças para quem quer algo
para além daquilo que o seu país lhe oferece, pois sabem que irão alargar os
horizontes e conseguir melhores condições de trabalho.
Por outro lado, Portugal sendo um país com uma enorme escassez de emprego,
o Empreendedorismo é palavra-chave, mas para isso é necessário haver um
investimento e oferta de condições para que o país possa crescer, e acima de tudo a
população qualificada queira permanecer nos país.
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7. Referências Bibliográficas
Instituto Nacional de Estatíticas (s.d) “Indicadores”. Acedido a 28 Novembro de 2013,
disponível em:
<http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=00
00610&contexto=bd&selTab=tab2>.
Mapa de Boas Práticas (2007) Mapa de Boas Práticas: Acolhimento e Integração de
Imigrantes em Portugal. Lisboa: Organização Internacional para as Migrações.
Neves, Céu (2007) “Portugal desperdiça imigrantes qualificados”. Diário de Noticias, 13
de Novembro. Acedido em 21 de Novembro de 2013, disponível em
<http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=988966>.
Machado, Igor José de Renó (2011), “Políticas de imigração e controle de estrangeiros
em Portugal”. Revista Crítica de Ciências Sociais, 92, 125-145.
PORDATA (s.d.) “Indicadores”. Acedido em 28 de Novembro de 2013, disponível em:
<http://www.pordata.pt>.
Ramos, Maria da Conceição Pereira (2013) “Globalização e Multiculturalismo”. Revista
Eletrónica Inter-Legere, 13. ISSN 1982-1662.
S.A. (2011), “Conceito de Desemprego”. Acedido em 21 de Novembro de 2013,
disponível em <http://conceito.de/desemprego>.
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Imagens:
Gráfico 1 – Proporção de população residente de nacionalidade estrangeira (%) por
local de residência: Fonte: INE, Censos – séries históricas (1991-2001) – acedido a 28-
11-2013
Quadro 1 - Fluxos de entrada de portugueses por principais destinos:
http://www.opj.ics.ul.pt/index.php/novembro-2012
Gráfico 1 – Taxa de Crescimento Migratório:
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=000
0610&contexto=bd&selTab=tab2
Gráfico 1 - Taxa de desemprego: total e por sexo (%) – Portugal:
http://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+desemprego+total+e+por+sexo+%28percen
tagem%29-550
Gráfico 2 – Taxa de Desemprego em Portugal:
https://www.google.com/search?q=Taxa+de+Desemprego+em+Portugal.&ie=utf-
8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a
Quadro 1 – Desemprego registado (Nº) por Sexo e Grupo etário; Anual:
http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_indicadores&indOcorrCod=000
1231&contexto=bd&selTab=tab2
Search job. Newspaper with advertisments, glasses and phone:
http://www.shutterstock.com/pt/pic-134935040/stock-photo-search-job-newspaper-
with-advertisments-glasses-and-phone-d.html?src=5oQ4a1ZPswIOD5m06m6WGA-1-4
Fonte de Informação Sociológica
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Anexo 1 – Texto de Suporte à Ficha de Leitura
Ramos, Maria da Conceição Pereira (2013) “Globalização e Multiculturalismo”. Revista
Eletrónica Inter-Legere, 13. ISSN 1982-1662.
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Anexo 2 – Página de Internet Avaliada