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Fundação Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Aquidauana CURSOS DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA DISCIPLINA DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA CONTEÚDO: I. DESEMPENHO OPERACIONAL DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS II. PLANEJAMENTO DA MAQUINARIA AGRÍCOLA III. CUSTO OPERACIONAL DE MAQUINARIA AGRÍCOLA Prof. MsC. José Maria do Nascimento (Adaptado de Prof. Dr. Teodorico Alves Sobrinho) Aquidauana/MS Setembro/2011

Desempenho operacional

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Fundação Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Unidade Universitária de Aquidauana

CURSOS DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA DISCIPLINA DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

CONTEÚDO:

I. DESEMPENHO OPERACIONAL DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS

II. PLANEJAMENTO DA MAQUINARIA AGRÍCOLA

III. CUSTO OPERACIONAL DE MAQUINARIA AGRÍCOLA

Prof. MsC. José Maria do Nascimento (Adaptado de Prof. Dr. Teodorico Alves Sobrinho)

Aquidauana/MS

Setembro/2011

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DESEMPENHO OPERACIONAL DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS (Adaptado de Prof. Dr. Teodorico Alves Sobrinho)

1. CONCEITO

Denomina-se desempenho operacional um conjunto de informações que podem ser agrupadas da seguinte maneira:

• Características operacionais: enfoca qualidade e quantidade de trabalho desenvolvido pela maquinaria.

• Características dinâmicas: abrange dados de potência requerida e velocidade de trabalho da maquinaria.

• Características de manejo: estuda os aspectos relacionados com regulagens, manutenção e reparos, entre outros, da maquinaria agrícola.

2. CAPACIDADE OPERACIONAL

A capacidade operacional (C) pode ser definida pela relação:

C = quantidade de trabalho executado ou “produção”

unidade de tempo

Na prática a capacidade operacional tem sido designada erroneamente de “rendimento”, como rendimento do arado, da grade, do trator, etc. Tal designação deve ser evitada pois rendimento ou melhor rendimento operacional em mecanização agrícola designa uma relação entre capacidade de trabalho. Já em Mecânica Agrícola o termo rendimento expressa uma relação útil de trabalho motor, sujo significado é totalmente diferente de capacidade operacional.

A quantidade de trabalho executado pelas máquinas e implementos pode ser avaliados de várias maneiras e, o tempo considerado, sob vários aspectos. Assim distinguem-se vários tipos de capacidade operacional das máquinas e implementos agrícolas, que podem ser assim classificadas:

• De acordo com as dimensões dos órgãos ativos: Capacidade teórica – CT.

• De acordo com o tipo de operação que executam: Capacidade de campo – Cc; Capacidade de produção – Cp; Capacidade de manipulação – Cm.

• De acordo com o tempo considerado: Capacidade efetiva – CE; Capacidade operacional – CO.

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3. CAPACIDADE DE CAMPO

A capacidade de campo (Cc) é aplicada a máquinas e implementos que, para executarem uma operação agrícola, devem deslocar-se no campo, cobrindo determinada área. Assim:

Cc = área trabalhada

unidade de tempo

A Cc pode ser expressa em ha/h ou ha/dia

3.1. Capacidade de campo teórica (CcT)

A CcT está relacionada com a largura de corte e com a velocidade de deslocamento do implemento considerado, podendo ser calculada pela seguinte equação:

CcT = L x v

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CcT = capacidade de campo teórica, em ha/h; L = largura de corte do implemento, em m; v = velocidade de deslocamento, em km/h; e 10 = fator de conversão de unidades.

A largura de corte (L) é medida na projeção, sobre um plano perpendicular à direção de deslocamento da região abrangida pelo conjunto dos órgãos ativos. A velocidade de deslocamento é aquela correspondente ao limite máximo de velocidade sob a qual é possível realizar um trabalho adequado, definida pelo fabricante da máquina.

3.2. Capacidade de campo efetiva (CcE)

Representa a capacidade de campo efetivamente demonstrada pela máquina no campo, durante o tempo em que os órgãos ativos efetivamente estão em operação, podendo ser calculada pela seguinte equação:

CcE = área trabalhada

tempo de produção

A área trabalhada é medida no campo, diretamente sobre as faixas ou passadas que foram executadas pelas máquinas, durante o tempo de produção. E, o tempo de produção corresponde ao tempo no qual a máquina efetivamente realizou a operação.

A CcE, na prática, sempre resulta menor que a CcT por incluir o efeito de certos fatores de campo, tais como a utilização parcial da largura de corte devido ao efeito de sobreposição entre passadas sucessivas e o uso de velocidades de deslocamento inferiores àquelas que teoricamente poderia desenvolver.

Obs.: Se no campo for medida a largura efetiva de trabalho do implemento (L) e a velocidade média de deslocamento do trator (v), pode-se afirmar que:

CcE = L x v

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3.3. Capacidade de campo operacional (CcO)

A CcO representa a capacidade da máquina durante todo o tempo de jornada de trabalho, incluindo os tempos mortos (acoplamento e desacoplamento das máquinas, regulagens, desembuchamentos, manobras nas cabeceiras, abastecimentos, etc.). Assim:

CcO = área trabalhada tempo máquina

A área trabalhada deve ser medida diretamente no campo. O tempo máquina é um parâmetro que inclui três parcelas: tempo de preparo (Tpe), tempo de produção (Tpr) e tempo de interrupção (Ti).

O Tpe inclui o acoplamento e desacoplamento, manutenção diária, regulagens para entrar em operação, abastecimentos em geral e não se incluem os tempos de deslocamento até as áreas de trabalho. O Tpr corresponde ao tempo em que os órgãos ativos da máquina efetivamente em operação. O Ti inclui manobras nas cabeceiras, desembuchamentos, ajuste ou reparos em operação, reabastecimento e descarga de produtos; excluem-se os tempos parados por causa de chuvas, almoço ou lanche do operador.

4. CAPACIDADE DE PRODUÇÃO

A capacidade de produção (Cp) é aplicada a máquinas móveis ou estacionárias quando o trabalho executado é expresso em termos de peso ou volume de produto que sofreu a ação dos órgãos ativos da máquina por unidade de tempo. Assim:

Cp = peso ou volume de produto que foi trabalhado pelos órgãos ativos

unidade de tempo

A Cp pode ser expressa em L/min, L/h, kg/h ou sc/h

A capacidade de produção pode ser também avaliada pela CpT, CpE e CpO.

5. CAPACIDADE DE MANIPULAÇÃO

A capacidade de manipulação (Cm) é aplicada de forma mais específica para máquinas destinadas a separação de matérias ou máquinas usadas para provocar modificações no estado do produto, tais como beneficiadoras, classificadoras, secadoras, etc. Considera-se o material que entra na máquina e não o que sai como é o caso da Cp. É definida pela relação:

Cm = peso ou volume de produto a ser trabalhado pelos órgãos ativos

unidade de tempo

A Cm pode ser expressa em L/min, L/h, kg/h ou sc/h

De maneira semelhante a capacidade de produção a capacidade de manipulação pode ser também avaliada pela CmT, CmE e CmO.

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6. RENDIMENTO OPERACIONAL

O rendimento operacional, ou “eficiência de campo” é designado pela relação entre capacidade operacionais da mesma natureza. Entre os diversos rendimento o mais importante é o rendimento de campo efetivo ou também denominado de rendimento de campo (Rc) que é calculado pela equação:

Rc (%) = CcO

x 100 CcE

O rendimento de campo é um indicativo das perdas devidas aos tempos mortos. Quanto maior for o rendimento de campo, melhor está sendo aproveitada a capacidade de maquinaria. Para as diversas operações agrícolas, são adotados rendimento de campo médios baseados em dados obtidos em medições feitas em várias regiões, em função do equipamento utilizado e para propriedades de tamanho regular.

Obs.: Relembrando o que foi dito para CcE, pode-se dizer que:

CcO = L x v

x Rc 10

Na tabela que segue é mostrado, para as diversas operações agrícolas, valores de velocidade efetiva ou operacional média e os respectivos rendimentos de campo.

Operação Velocidade efetiva (km/h) Rc (%) - Aração 5,0 – 6,5 70 – 80 - Escarificacão / subsolagem 5,0 – 6,5 75 – 85 - Gradagem aradora 4,5 – 6,5 70 – 80 - Gradagem niveladora 5,0 – 8,0 75 – 85 - Semeadura-adubação 4,0 – 8,0 50 – 70 - Pulverização 4,0 – 8,0 55 – 75 - Cultivo mecânico 3,0 – 6,0 70 – 90 - Colheita mecânica 3,0 – 6,0 65 – 75 - Distribuidor de calcário (a lanço) 5,0 – 6,0 50 – 60 - Distribuidor de calcário (caminhão) 8,0 – 10,0 90

Exemplo 1: durante a operação de campo um grade niveladora, tipo off-set, de 32 discos de 20 polegadas, obteve os seguintes dados: largura nominal de corte 2,48 m. largura efetiva de corte 2,28 m; velocidade de operação 7,50 km/h; tempo de produção 24 min e área trabalhada 0,90 ha. Determine: (a) capacidade de campo teórica; (b) capacidade de campo efetiva; (c) capacidade de campo operacional.

Exemplo 2: Certo agricultor dispõe de um trator de 61 cv e um arado de 3 discos de 26 polegadas. Se trabalhar a uma velocidade de 5,4 km/h, durante 10 dias, uma jornada diária de 10 horas, que área poderá ser arada?

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PLANEJAMENTO DA MAQUINARIA AGRÍCOLA (Adaptado de Prof. Dr. Teodorico Alves Sobrinho)

1. INTRODUÇÃO

Toda exploração agrícola para ser sólida, técnica e economicamente viável deve ser precedida de um Programa de Produção devidamente elaborado. As exigências preliminares para a elaboração desse programa consiste no seguinte:

- Levantamento detalhado do solo da área a ser explorada; - Conhecimento das práticas culturais próprias de cada exploração agrícola; - Conhecimento do tempo disponível para execução das operações agrícolas.

Para execução de um Programa de Produção Agrícola, é necessário um adequado planejamento de mecanização e este planejamento fundamenta-se basicamente em dois fatores: operações agrícolas a serem realizadas e desempenho operacional da maquinaria. Estes dois fatores, fundamentais para o desenvolvimento do planejamento da mecanização, envolvem:

- Levantamento das operações agrícolas a executar; - Determinação das épocas de realização das operações; - Estimativa do tempo disponível para execução das operações; - Estimativa do ritmo operacional; - Levantamento das características técnicas da maquinaria agrícola a ser utilizada; - Determinação do número de conjuntos motomecanizados;e - Escolha e aquisição das máquinas.

2. LEVANTAMENTO DAS OPERAÇÕES AGRÍCOLAS E DETERMINAÇÃO DAS ÉPOCAS DE EXECUÇÃO

As etapas do trabalho de produção agrícola, denominadas operações agrícolas ocorrem numa seqüência cronologicamente distinta e ordenada. Essas operações agrícolas são caracterizadas segundo o sistema de produção a ser adotado na propriedade. Portanto no desenvolvimento de um Programa de Produção é imprescindível o levantamento das operações a executar, e a determinação das épocas ideais para realização (TABELA 1).

Tabela 1. Gráfico de Gantt de planejamento das operações agrícolas envolvidas na produção de 520 hectares (ha) de milho.

Operações a executar 2007/2008

Ago Set Out Nov Dez Jan Fev 1ªq 2ªq 1ªq 2ªq 1ªq 2ªq 1ªq 2ªq 1ªq 2ªq 1ªq 2ªq 1ªq 2ªq

Gradagem aradora 1ª gradagem niveladora 2ª gradagem niveladora Semeadura-adubação 1º cultivo Pulverização inseticida 2º cult. / adubação cob. Colheita Obs.: Os meses podem ser divididos por quinzenas ou semanas

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3. ESTIMATIVA DO TEMPO DISPONÍVEL PARA EXECUÇÃO DAS OPERAÇÕES

Definidos os períodos nos quais as operações devem ser realizadas, é necessário determinar o tempo de trabalho disponível nos referidos períodos. Isto porque o trabalho em maquinas há interferência de fatores que são incontroláveis do ponto de vista prático e que poderão comprometer todo o Programa de Produção pré-estabelecido, como o caso dos dias de chuva, da jornada de trabalho, entre outros. Este tempo poderá ser obtido, aproximadamente, pela Equação 1.

Td = [N – (ndf + nu)] x Hj, (eq. 1)

Td = tempo disponível no período considerado, em horas; N = número total de dias do período; ndf = número de domingos e feriados; nu = número de dias úmidos úteis; Hj = jornada dos operadores, em horas.

A variável nu poderá ser obtida de tabelas estatísticas ou através de consultas em Estações Experimentais com Regimes Pluviométricos, mais próxima da propriedade.

4. ESTIMATIVA DO RITMO OPERACIONAL

O ritmo operacional (Rm) corresponde à intensidade de trabalho de execução de uma operação. Se obtém através da relação entre a quantidade de trabalho a executar e o tempo disponível, conforma a Equação 2.

Rm = área ou trabalho a executar

(eq. 2) tempo disponível

Após determinar todos os valores do Rm para cada operação agrícola, levam-se os dados obtidos para um quadro, para evitar possíveis erros e facilitar os cálculos (TABELA 2).

Tabela 2. Estimativa do tempo disponível (Td) em horas (h) e ritmo operacional (Rm) em ha/h para produção de 520 ha de milho.

Operações a executar N ndf nu Hj Td Rm

Gradagem aradora 45 8 6 10 310 1,677

1ª gradagem niveladora 15

2ª gradagem niveladora 15

Semeadura-adubação 15

1º cultivo 15

Pulverização inseticida 15 – –

2º cult. / adubação cob. 15

Colheita 15

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5. LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA MAQUINARIA AGRÍCOLA A SER UTILIZADA

A partir de folhetos, catálogos e manuais de operação de implementos e máquinas agrícolas obtêm-se informações da: largura de trabalho; número de órgãos ativos; velocidade de operação efetiva; potência disponível ou requerida para operação, etc. Estas informações devidamente tabuladas facilitarão a definição do número de conjuntos motomecanizados.

6. DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE CONJUNTOS MOTOMECANIZADOS

Na prática o Rm corresponde à capacidade operacional que o conjunto motomecanizado deve apresentar para realizar determinada operação agrícola. Assim pode-se escrever que:

Rm = CcO (eq. 3)

Assim tem-se que:

Rm = L x v

x Rc (eq. 4) 10

Como o Rm é conhecido, assim como a velocidade e o rendimento de campo (Rc) de cada operação são valores pré-determinados, o único valor desconhecido da equação 3 passa a ser L (largura de corte do equipamento). A partir do cálculo da largura de corte do implemento, necessário para realizar a operação agrícola no ritmo operacional estimado, determina-se o número de conjuntos motomecanizados para realização daquela operação.

Exemplo: Para grade aradora:

1,677ha/h = L x 5,5 km/h

x 0,75 10

L = 4,07 m

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7. ESCOLHA E AQUISIÇÃO DAS MÁQUINAS

Após a determinação do número de conjuntos de máquinas a serem utilizadas, ver Tabela 3, o passo final é a escolha e aquisição das máquinas e implementos agrícolas.

Tabela 3. Número de conjuntos motomecanizados para produção de 520 ha de milho. 1. IMPLEMENTOS Quantidade Características técnicas

Grade aradora 2 Grade aradora 20 discos de 26” de diâmetro, com largura de corte de 2190 mm (massa de 1523 kg)

Grade niveladora Grade niveladora 36 discos de 20” de diâmetro, com largura de corte de 3310 mm (massa de 977 kg)

Semeadora-adubadora Cultivador-adubador Pulverizador Colhedora

2. TRATORES Quantidade Características técnicas Trator 1 Trator 4 x 2 Simples de 80 cv de potência no motor Obs.: Para determinação da potência do motor do(s) trator(es) usar os conhecimentos anteriores de tração de máquinas e

implementos agrícolas.

A escolha de conjuntos motomecanizados é tarefa complexa, considerando-se o número de fatores que devem ser observados. Não obstante, trata-se de uma decisão criteriosa que não deve ser tomada unicamente com base em folhetos ou informações de fabricantes. Deve-se, antes de qualquer decisão, observar os seguintes aspectos:

• marca e modelo, associados com assistência técnica garantida; • características de desempenho operacional da maquinaria, observadas através de relatórios oficiais de ensaios;

• demonstração de campo, parâmetro que permitirá a avaliação das características operacionais, dinâmica e de manejo dos conjuntos motomecanizados.

Escolhido e selecionado os conjuntos motomecanizados, o próximo passo é adquiri-los. A elaboração do plano de aquisição engloba:

• analise e julgamento, assistência técnica e peças de reposição, treinamento de pessoal, etc.; e

• previsão de desempenho econômico dos conjuntos ou custo do trabalho executado pelos diferentes conjuntos motomecanizados.

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CUSTO OPERACIONAL DE MAQUINARIA AGRÍCOLA (Adaptado de Prof. Dr. Teodorico Alves Sobrinho)

1. INTRODUÇÃO

A determinação do custo de utilização da maquinaria agrícola é indispensável para avaliar a incidência das operações mecanizadas sobre o custo total de produção de uma determinada cultura.

O custo operacional é função do preço de aquisição, que varia de acordo com o tipo, a marca e modelo, do uso e da vida útil de cada maquinaria.

2. VIDA ÚTIL E USO DAS MÁQUINAS

A vida útil corresponde ao tempo, em horas ou em anos, em que a máquina proporciona serviço, dentro de suas características de produtividade. Isto é, corresponde ao tempo em que decorre entre a sua aquisição e sua rejeição como “sucata”. O número de horas de trabalho que uma máquina pode operar durante um ano vem a ser sua disponibilidade anual. Normalmente em um ano temos 300 dias úteis de trabalho descontando-se domingos, feriados, etc. Trabalhando-se oito horas por dia, teremos 2400 horas de tempo disponível. Entretanto, como a agricultura está sujeita a uma série de fatores adversos, o tempo de 2400 horas poderá ser reduzido para o máximo de 2000 horas.

O melhor uso das máquinas está condicionado à distribuição irregular dos serviços durante o ano. Uma detalhada programação do uso das máquinas é fator essencial para reduzir o custo de operação das mesmas. Na elaboração da programação do uso, deve-se levar em conta: área disponível; culturas a serem exploradas; condições climáticas e época do ano; potência dos tratores; sua manutenção e a dos implementos. Apresentamos a seguir uma tabela de valores de vida útil, para as principais máquinas e implementos.

MAQUINARIA Vida útil Uso anual

anos horas horas 1. Arados 9 2.700 300

2. Grades 9 2.100 250 3. Semeadoras-adubadoras 8 1.600 200 4. Cultivadores-adubadores 10 2.000 200

5. Pulverizadores 8 2.000 250 6. Colhedoras 10 2.500 250 7. Tratores 10 10.000 1.000

8. Carretas agrícolas 8 2.000 250 9. Roçadoras 10 1.600 160 10. Colhedoras de forragem 10 2.000 200

11. Ancinhos 10 2.000 200 12. Enfardadoras 10 2.000 200

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3. CUSTO HORÁRIO DA MAQUINARIA AGRÍCOLA

Para facilitar o cálculo do custo horário total por unidade de tempo (R$/h), este é subdividido em: custos fixos e custos variáveis.

3.1. Custos Fixos – CF (R$/h)

São aqueles que não são diretamente relacionados com a quantidade de uso. Neste item estão incluídos: amortização ou depreciação, juros sobre capital, seguro e taxa de uso do abrigo ou alojamento.

a) Depreciação ou amortização (D). É a perda em valor e capacidade de trabalho conseqüente do obsoletismo, do desgaste natural, dos danos acidentais, do mau emprego, da ferrugem e corrosões e da exposição ao tempo. A redução é considerada do ponto de vista da importância (valor) que deve ser reservada cada ano, para recuperar o custo ou capital inicial empregado na aquisição de uma máquina no final de sua vida útil.

Constitui o maior fator no custo horário. Pode ser estimada por um dos seguintes métodos: valor estimativo (valor das trocas), da linha reta (linear), porcentagem anual constante (saldos decrescentes) e soma dos dígitos (dos números naturais).

O processo mais simples e amplamente utilizado para se determinar o custo anual da depreciação é o método da linha reta ou linear. O custo da depreciação por ano é dado pela seguinte equação:

D = valor de aquisição – valor de sucata

vida útil (horas)

Para o valor de sucata costuma-se adotar 10% do valor da máquina nova.

b) Juros sobre capital (J). O processo mais utilizado é o de juros sobre o capital inicial médio, pois o capital empregado poderia reverter-se em juros em outras utilizações. Assim, considera-se o capital médio rendendo ao ano uma taxa de juros (usualmente se usa um valor em torno de 6 %), que deverá se distribuído pelo número de horas de utilização da máquina.

Desse modo, para se reduzir o custo horário de trabalho do trator com juros, deve-se elevar ao máximo o número de horas de utilização do mesmo, o qual deverá ter uma larga aplicação.

Assim podemos calculá-lo como:

J = (custo inicial + valor de sucata) x taxa de juros

2 x uso anual (horas)

c) Seguro (S). O capital utilizado na aquisição do trator deve ser protegido, prevendo-se a sua restituição total, com a possível perda do trator através de incêndios, acidentes ou outras causas quaisquer.

Esta proteção é dada pelo seguro da máquina, que representa a cota de seguros, a qual é calculada na base de 1 a 2% do capital assegurado ou outro seguro corrente, o qual deverá ser distribuído pelo número de horas de uso por ano.

S = custo inicial x taxa de seguro

uso anual (horas)

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d) Abrigo ou alojamento (A). A maquinaria agrícola, nas propriedades, ficam abrigados em galpões, devendo-se por isso, considerar como custos fixos uma cota de alojamento. Essa cota, corresponderá aos juros do capital utilizado na construção do galpão e sua conservação por ano.

As taxa de alojamento pode variar com a região, local, tipo de construção e tamanho do galpão, o que se faz, para simplificação deste cálculo é considerar como cota anual a taxa de 0,5 a 2% do capital inicial.

A = custo inicial x taxa de alojamento

uso anual (horas)

e) Concluindo: O valor dos Custos Fixos (CF) é obtido pela soma dos valores calculados de: Depreciação + Juros + Seguro + Alojamento.

3.2. Custos Variáveis – CV (R$/h)

São custos oriundos do trabalho da máquina,e só aparecem quando a mesma está sendo utilizada. Corresponde aos gastos com combustíveis, lubrificantes, reparo e manutenção e salário do operador.

a) Combustível: pode ser estimado das seguintes maneiras: por determinação local pelo próprio usuário ou pela carga média a que o trator é submetido em trabalho, através de boletins de ensaio de tratores.

Em vários ensaios chegou-se a conclusão de que o consumo real médio horário encontrado em trabalhos de campo diversos durante o ano, pode ser considerado como aproximadamente igual ao consumo com 50% da potência efetiva.

Assim, considerando que, pelos boletins de ensaios, o consumo específico de motores a diesel varia de 0,180 a 0,240 L/cv.hora pode-se concluir que para um trator de 100 cv de potência seu consumo seria, então, de 9 a 12 L/h, de acordo com a carga submetida.

Determinado o consumo horário, o cálculo do custo operacional do fator combustível é feito multiplicando o consumo (L/h) pelo valor do combustível (R$/L).

b) Lubrificantes: os custos dos óleos lubrificantes e graxas deve ser levado em consideração para tratores, colhedoras automotrizes e motores estacionários. Para efeito de orientação, alguns autores recomendam que o total gasto com lubrificantes seja em média de 20% do custo do combustível.

c) Reparos e manutenção: estes custos variam grandemente conforme o tipo de equipamento. Inclui materiais e mão-de-obra utilizada em consertos, manutenção e ajustes. São estimados em 100 a 150% em relação ao custo inicial, para tratores e colhedoras, e 50 a 60% do custo inicial, para implementos. O custo horário é calculado dividindo o valor encontrando (usando-se as percentagens) pela vida útil em horas.

d) Salário do operador: este custo é estimado dividindo-se o salário anual do operador por 1000 horas.

e) Concluindo: O valor dos Custos Variáveis (CV) é obtido pela soma dos valores calculados de: Combustível + Lubrificantes + Reparos + Salário do operador.

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3.3. Custo Horário da maquinaria – Ch (R$/h)

O custo total horário da maquinaria, será o resultado da soma dos valores obtidos em (TABELA 4):

Ch (R$/h) = CF (R$/h) + CV (R$/h)

No cálculo do custo horário da maquinaria, os itens a serem levados em consideração variam de acordo com a máquina e implemento em questão. No caso de arados, grades e outras máquinas menores o seguro poderá ser omitido, uma vez que os riscos de acidentes e incêndios são menores. O custo referente a abrigo deve ser considerado apenas no cálculo para o trator, podendo ser omitido para os demais implementos. O custo referente ao item mão-de-obra deve ser relativo ao operador do trator.

Tabela 4. Custo horário (Ch) em R$/h da maquinaria agrícola utilizada na produção de 520 ha de milho.

MAQUINARIA CF

(R$/h) CV

(R$/h) Ch

(R$/h) Trator (80 cv) Grade aradora 20 x 26” Grade niveladora 36 x 20” Semeadora de precisão (4 linhas) Cultivador com cobertura (4 linhas) Pulverizador, tanque de 600 L Colhedora, 4 linhas de milho

Tabela 5. Custo operacional (R$/ha) para produção de 520 ha de milho

Operações a executar Ch conj. (R$/h)

Nº conj.

Rm (ha/h)

CUSTO OPERACIONAL (R$/ha)

Gradagem aradora (Trator + grade aradora) 2 1,677 1ª gradagem niveladora (Trator + grade nível.) 2ª gradagem niveladora (Trator + grade nível.) Semeadura-adubação (Trator + semeadora) 1º cultivo (Trator + cultivador) Pulverização inseticida (Trator + pulverizador) 2º cult. / adubação cob. (Trator + cultivador) Colheita (Colhedora)

Custo Operacional Total (R$/ha) Obs.: CUSTO OPERACIONAL = (Ch conjunto x Nº conjuntos) / Rm

Por fim resta calcular o Custo da Mecanização (R$) para Implantação dos 520 ha de milho, obtido da seguinte forma:

Custo Mecanização (R$) = Custo Operacional Total (R$/ha) x Área (ha)