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DESENVOLVENDO UMASEQUÊNCIA DIDÁTICA POR MEIO DO GÊNERO TEXTUAL PUBLICITÁRIO

Autora: VeraLucia Costa Carbonera1 Orientador: José Carlos Aissa2

Resumo:Tendo sido observada durante a prática pedagógica grande dificuldade dos alunos em

lidar com vários gêneros textuais no entendimento e reflexão da língua inglesa como forma de ação no mundo, decidiu-se elaborar e aplicar no Ensino Fundamental Fase II da modalidade da EJA, uma sequência didática com o gênero publicitário partindo de atividades desafiadoras, focando o uso de alguns recursos explícitos ou implícitos presentes nas propagandas. Pretendeu-se com esta Sequência Didática possibilitar aos estudantes que fizessem o uso da língua inglesa em situações significativas; contribuir para a ampliação do conhecimento e reconhecimento na leitura dos índices textuais e contextuais; as implicações da intencionalidade nas estratégias de argumentação utilizadas destacando alguns recursos retóricos e icônicos que caracterizam a linguagem da propaganda. Com a realização da intervenção pedagógica, concluiu-se que, ao final do trabalho, os educandos estavam mais críticos e perceptivos no que tange às diferenças presentes em outras culturas, aos aspectos da linguagem usada em anúncios, a persuasão, tão usada nesse tipo de texto, a organização textual, bem como a observação de aspectos críticos relacionados ao tema.

Palavras-chave: Gênero publicitário. Propaganda. Persuasão. Língua Inglesa.

1 Introdução Este artigo visa apresentar estudo aplicado no ensino fundamental fase II da EJA,

envolvendo atividades de leitura e análise linguística a partir de diferentes textos

publicitários.

A evolução da sociedade é algo incontestável. Assistimos a mudanças na Tecnologia

de informação, as pessoas têm maior acesso aos recursos e bens econômicos

produzidos com a globalização, passam a adquirir produtos importados e nacionais

mais baratos e de melhor qualidade, como eletrodomésticos, carros, roupas,

cosméticos, entre outras inovações. Acompanhando esta evolução, vemos um novo

cenário para o ensino e aprendizagem, especificamente neste trabalho, de língua

1 Pós-graduada em EJA – Educação de Jovens e Adultos e Pós-graduação em Psicopedagogia pela

ESAP - Instituto de Estudos Avançados, graduada em Letras pela UNIOESTE, Professora de Língua

Inglesa do CEEBJA Professora Joaquina M. Branco.

2 Mestre em Literatura Comparada - The Pennsylvania State University – USA, Doutor em Letras pela

UNESP, São Paulo, Professor do Curso de Letras da UNIOESTE, campus de Cascavel.

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estrangeira – língua inglesa. A partir deste fato, propomos outra maneira de trabalhar

o texto em sala de aula, através da teoria de gêneros discursivos.

Na sociedade são diversas as esferas das atividades humanas nas quais

circulam e são produzidos esses diferentes gêneros discursivos.

Eles podem estar presentes em jornais, revistas, slogans, cartazes

informativos, outdoors, internet e outros. Acreditamos que por meio do trabalho com

gêneros discursivos, os alunos terão condições de ler nas entrelinhas, desvelar e

desmistificar as intenções e desenvolver uma fruição estética do seu próprio

pensamento quando em contato com todo e qualquer tipo de texto, pois o conceito

de gênero discursivo não se limita a considerar apenas aspectos estruturais ou

formais do texto. Ele incorpora também elementos de caráter social e histórico,

porque considera a situação de produção de um dado discurso, fundamental à

compreensão e à produção de textos.

Dessa forma, considerando os gêneros como termo de referência para

aprendizagem e as dificuldades detectadas nos alunos em lidar com vários gêneros

textuais no entendimento e reflexão da língua inglesa como forma de ação no

mundo, e acreditando na importância da leitura para formação de cidadãos críticos e

atuantes, optamos por trabalhar com a Sequência Didática do gênero publicitário.

Portanto, esperamos que o aluno, quando em contato com o gênero anúncio

publicitário, amplie a sua visão de mundo, observando as relações de poder e

ideologias que podem estar presentes neste gênero, e conseqüentemente,

transforme as suas atitudes e maneiras de entender um anúncio publicitário.

A produção da Sequência Didática foi teoricamente fundamentada na proposta

de Schneuwly, Noverraz e Dolz (2010). Tomamos ainda como referência a proposta

de Sequência Didática coordenada por Terezinha Costa-Hübes, do Caderno

Pedagógico 01 AMOP. Também observamos as orientações das DCEs, no que diz

respeito ao trabalho com leitura, oralidade, escrita (produção) e análise linguística.

Com o desenvolvimento do projeto, cremos que contribuímos com o

aprimoramento dos alunos em relação a esses eixos da Língua Inglesa. Através da

sequência didática com o gênero publicitário, pudemos explorar o potencial do aluno

quanto a compreensão textual e análise de seus elementos composicionais,

provocando a curiosidade investigativa e a capacidade de análise em relação à

leitura crítica de textos verbais e não-verbais que são produzidos socialmente.

Nesse sentido cremos ter contribuído também para a formação de leitores mais

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críticos em relação às realidades sociais e para a interação ativa dos alunos em

situações comunicativas diversas.

No decorrer deste artigo, apresentaremos síntese do embasamento teórico que

orientou a proposta pedagógica, bem como relato propriamente dito da aplicação da

Sequência Didática e da experiência com o Grupo de Trabalho em Rede (GTR).

2 Ensino de Língua Inglesa a partir da perspectiva interacionista

Faremos aqui uma síntese sobre gêneros, sobre a importância da leitura, da

escrita e análise linguística no trabalho com os gêneros e sobre a sequência didática

do gênero publicitário. Assim, procuramos desenvolver um trabalho que responda à

orientação dada nas DCEs:“propõe-se que a aula de Língua Estrangeira Moderna

(Língua Inglesa) constitua um espaço que o aluno reconheça e compreenda a

diversidade linguística e cultural, de modo que se envolva discursivamente e

perceba possibilidades de construção de significados em relação ao mundo em que

vive”.(PARANÁ, 2008, p. 53).

2.1 Gêneros textuais e discursivos

Entendemos que o ensino da Língua Inglesa deve contribuir na formação de

alunos críticos e transformadores através do estudo de texto que permita explorar as

práticas da leitura, da escrita e da oralidade. Portanto, é essencial que o aluno tenha

contato com o maior número de textos existentes, uma vez que todas as formas de

conhecimento e de interação social passam pela linguagem. Entendemos, segundo

(Bakhtin 1988), que a Língua Estrangeira (Língua Inglesa), deve contemplar os

discursos sociais que a compõem, ou seja, aqueles manifestados em forma de

textos diversos efetivados nas práticas discursivas.

Para o autor, é de importância fundamental o estudo dos enunciados e dos

gêneros do discurso, pois o texto é entendido como uma unidade de sentido pode

ser verbal ou não - verbal. Ele é a materialização de um enunciado e é entendido

como unidade contextualizada da comunicação verbal (Bakhtin, 2003).

Desse modo, é importante que os alunos tenham consciência e clareza de que há

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várias formas de produção e circulação de gêneros em nossa cultura e em outras, e

a sua função social, pois assim mais facilmente poderão interagir por meio desse

gênero.

Assim sendo, o gênero torna-se instrumento na prática de ensino da Língua

Inglesa e se concretiza como uma nova condição de produção do conhecimento,

conforme avaliam Schneuwly e Dolz (2010). Segundo os autores, “o trabalho com

gêneros de textos como ferramentas para uma ação pode possibilitar ao agente agir

adequadamente com a linguagem em diferentes situações. (Schneuwly e Dolz,

2010, p.67).

A aprendizagem da linguagem se dá, precisamente, no espaço situado entre

as práticas e as atividades de linguagem. Nesse lugar, produzem-se as

transformações sucessivas da atividade do aprendiz, que conduzem à construção

das práticas de linguagem e os gêneros textuais, por seu caráter genérico,é um

termo de referência intermediário para essa aprendizagem (SCHNEUWLY; DOLZ.

2010, p. 64)

Entendemos, segundo os autores, que os gêneros podem, assim, ser

considerados um megainstrumento que fornece um suporte para atividade, nas

situações de comunicação, e uma referência para os aprendizes.

Ainda na opinião de Schneuwly (2010), os gêneros constituem um ponto de

referência concreto para os alunos como objeto de ensino e aprendizagem. Segundo

o autor, os gêneros podem ser considerados entidades intermediárias, permitindo

estabilizar os elementos formais e rituais das práticas. Assim,o trabalho sobre os

gêneros dota os alunos de meios de analise das condições sociais efetivas de

produção e de recepção dos textos (SCHNEUWLY, 2010).

Gênero textual, por sua vez, é um “tipo específico de texto de qualquer natureza,

literário ou não, oral ou escrito, que possui: uma função específica, uma organização

retórica mais ou menos típica e é inserido em um determinado contexto” (MEURER

& MOTTA-ROTH, 2002, p. 18).

O contexto existe no texto. Por isso, é necessário que o estudo da língua

esteja relacionado ao contexto em que ela é usada, tendo em vista quem produz e

quem lê/ouve textos, quando e onde esses textos circulam socialmente.

Marcuschi (2008) entende a noção de gênero textual como forma de ação

social, e não apenas como entidade linguística formalmente construída. Com base

nessa definição devemos considerar como gênero construções escritas, orais,

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verbais e não-verbais, pois, “hoje, gênero é facilmente usado para referir uma

categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem

aspirações literárias” (MARCUSCHI, 2008, p. 147). E, ainda:

Os gêneros caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas,

cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais;

mas isso não quer dizer que a forma deve ser desprezada. Os gêneros textuais são

“fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social”

(MARCUSCHI, 2003, p. 19).

Entendemos, em conformidade com o autor, que “a análise de gêneros engloba uma

análise do texto e do discurso e uma descrição da língua e visão da sociedade,

ainda tenta responder a questões de natureza sociocultural no uso da língua de

maneira geral“(MARCUSCHI, 2008, p.149).

Bronchart (1999, 103) afirma que “a apropriação dos gêneros é um mecanismo

fundamental de socialização de inserção prática nas atividades comunicativas

humanas”, o que permite dizer que os gêneros textuais operam, em certos

contextos, como forma de legitimação discursiva, já que se situam numa relação

sócio-histórica com fontes de produção que lhes dão sustentação além da

justificativa individual.

Bakhtin defende que toda enunciação envolve a presença de pelo menos duas

vozes, a voz do eu e a do outro. Para esse filósofo, não há discurso individual, no

sentido de que todo discurso se constrói no processo de interação e em função de

outro. E é no espaço discursivo criado na relação entre o eu e o outro que os

sujeitos se constituem socialmente.

Analisando o capítulo Os “Gêneros do Discurso”, de Bakthin(2003), concluímos

que para ele, os gêneros do discurso resultam em formas-padrão “relativamente

estáveis” de um enunciado, determinadas sócio-historicamente. O autor refere que

só nos comunicamos, falamos e escrevemos, através de gêneros do discurso. Os

sujeitos têm um infindável repertório de gêneros e, muitas vezes, nem se dão conta

disso. Até na conversa mais informal, o discurso é moldado pelo gênero em uso. Tais

gêneros nos são dados, conforme Bakhtin (2003, p.282), “quase da mesma forma

com que nos é dada a língua materna, a qual dominamos livremente até

começarmos o estudo da gramática” há que se considerar que, a habilidade no uso

dos gêneros está diretamente relacionada ao domínio que temos em relação a eles,

ou seja, quanto maior for esse domínio, mais facilidade teremos em empregá-los de

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forma usual e adequada nas situações comunicativas em que estivermos inseridos.

Bakhtin afirma que, é grande o número de pessoas que apresentam um amplo

conhecimento em relação a uma determinada língua, sentem-se pouco potentes em

algumas situações por não dominarem os gêneros de dadas esferas. Para o autor, é

a própria vivência em situações comunicativas e o contato com os diferentes

gêneros do discurso que exercitam a competência lingüística do produtor de

enunciados. É esta competência dos interlocutores que auxilia no que é ou não

aceitável em determinada prática social, sugerindo que quanto mais experiente for o

sujeito, mais hábil será na diferenciação dos gêneros e no reconhecimento do

sentido e da estrutura que o compõe.

Nessa visão, é importante que os alunos tenham consciência de que há várias

formas de produção e circulação de textos em nossa cultura e em outras, de que

existem diferentes práticas de linguagem no âmbito de cada cultura, e que essas

práticas são valorizadas também de formas diferentes nas distintas sociedades. O

trabalho com a Língua Estrangeira Moderna (Língua Inglesa) fundamenta-se na

diversidade desses gêneros textuais e busca alargar a compreensão dos diversos

usos da linguagem, bem como a ativação de procedimentos interpretativos

alternativos no processo de construção de significados possíveis pelo leitor.

2.2 Algumas considerações sobre o anúncio publicitário x persuasão

A mensagem publicitária para ser eficiente tem a necessidade de difundir

determinada marca criando-lhe uma imagem clara e duradoura. Para Citelli (1985),

essa mensagem precisa ser correta para persuadir o consumidor a preferir uma

marca em detrimento de outra, motivando-o a comprar o produto. Portanto,

despertar a atenção, o interesse, o desejo de compra, levando o receptor a comprar

o produto é o objetivo principal do emissor. Para isso, a propaganda para produzir

resultados positivos, deve cumprir corretamente a sua função de comunicar e

informar. Isso significa que se devem levar em conta os seguintes aspectos: se

causou impacto e despertou o interesse; se despertou o desejo de possuir o produto

ou serviço; se incutiu credibilidade e levou à compra.

Ainda, segundo o autor, publicidade não é só uma modalidade original da

consciência das coisas. Descrita através de uma estética do mundo cotidiano ou de

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uma forma poética da matéria manufaturada, é também um excitador do apetite dos

diversos produtos de consumo. Para isso ela se apoia em três funções básicas:

difundir determinada marca, produto ou serviço, associando-a a uma imagem

pretendida, cuja finalidade é despertar o interesse do público alvo; persuadir o

receptor, convencendo-o e criando uma preferência; motivar o consumidor, levando-

o à ação de compra, através da credibilidade.

Outra forte razão para a formalização desses itens descritivos é o fato de eles

terem um papel na dimensão argumentativo-persuasiva dos anúncios. Uma vez

trabalhados, tais elementos podem ajudar a garantir uma melhor compreensão da

forma de organização e disposição dos anúncios publicitários.

Podemos comentar outros aspectos também importantes para a composição

de um anúncio publicitário. Observamos uma grande variedade de elementos

tipográficos em comparação à articulação linguística entre as diferentes partes de

um anúncio. Geralmente, são compostos de imagem, marca do produto, slogan,

pequenos textos e informações gerais, como endereço, telefone etc. O uso de

imagens e/ou um personagem pretende ajudar a transmitir a mensagem desejada.

O gênero anúncio publicitário se torna algo natural e simples, presente na

vida social e individual dos sujeitos, por meio de uma linguagem simbólica carregada

de força e de poder. .A linguagem visual ou escrita de acordo com o gênero, sempre

provocará uma ação e uma reação.

2.3 Linguagens x persuasão

Falar em persuasão implica de algum modo, retomar certa tradição do

discurso clássico, na qual podem ser lidas muitas das formulações que marcaram

posteriormente os estudos de linguagem. Essa recuperação do espaço cultural e

lingüístico do mundo clássico são necessárias, visto que a preocupação com o

domínio da expressão verbal nasceu entre os gregos. E não poderia ser diferente,

pois, praticando certo conceito de democracia, e tendo de exporem publicamente

suas ideias, ao homem grego cabia manejar com habilidadeas formas de

argumentação. Começa-se a estudar a linguagem não enquanto “língua”, mas

enquanto “discurso”.

Ou seja, cabe à retórica mostrar o modo de constituir as palavras visando a

convencer o receptor acerca de dada verdade. Isso nos revela a existência de graus

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de persuasão: Alguns mais ou menos visíveis, outros mais ou menos mascarados.

Generalizando um pouco a questão, é possível afirmar que o elemento persuasivo

está colado ao discurso como a pele ao corpo. Este trabalho tomou como

pressuposto a idéia de que a persuasão se acha inscrita sistematicamente no interior

do discurso. É muito difícil rastrearmos organizações discursivas que escapem à

persuasão; talvez a arte,algumas manifestações literárias, jogos verbais, um ou

outro texto marcado pelo elemento lúdico e,sobretudo, o uso de boas imagens.

Independentemente da sua profissão, a persuasão é necessária para todos e

quaisquer seres humanos, pois todos nós gostamos, queremos e precisamos ser

entendidos e compreendidos. Mas, como desenvolver a persuasão?

O elemento básico da persuasão é você exercer a empatia; perceber como o

outro é, como se sente e como está; enfim, sintonizar-se com quem você quer

persuadir. A empatia é o ponto básico sobre o qual pode se exercer e construir a

persuasão.

A persuasão também é importante no relacionamento entre empresa/produto

e consumidor. Ela se faz importante tanto na obtenção de novos consumidores

como no relacionamento com os que já consomem dado produto ou marca.

Persuadir não é convencer, no sentido que conhecemos, ou seja, explicar

pormenorizadamente, detalhadamente, cansando a pessoa que nos escuta.

Persuadir é conhecer o ponto em que a pessoa a ser persuadida está, e o ponto

onde você quer levá-la.

A propaganda persuade através da linguagem, sobretudo através das figuras

de estilo, as quais são muito exploradas no texto publicitário para convencer um

receptor a adquirir e a utilizar o produto anunciado. A linguagem comunica por meio

de códigos, signos, imagens, pela escrita ou oralidade. Porém sua função básica

não é apenas comunicar, mas convencer e persuadir. Na propaganda, a linguagem é

usada de maneira expressiva, de modo a “chamar a atenção” do consumidor,

visando sensibilizar o público pela beleza da argumentação. Assim, são técnicas de

persuasão o uso de slogan, textos, a empatia e, sobretudo, o uso de boas imagens.

2.3 Sequências didáticas: uma proposta de implementação do projeto com o

gênero publicitário

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Faremos aqui um breve comentário sobre a Sequência Didática, sobre o

gênero publicitário e sobre o trabalho com as propagandas no ensino de Língua

Inglesa.

2.3.1 Sequência Didática

Com base nesta definição de gêneros apresentaremos, a seguir, alguns dos

aspectos a serem considerados na construção do modelo didático de gênero e

faremos também considerações sobre o desenvolvimento de uma sequência

didática.

Schneuwly, Noverraz e Doz (2010, p. 82) propõem que é possível ensinar a

escrever textos e a exprimir-se oralmente em situações públicas escolares e

extraescolares. Uma proposta como esta tem sentido, sem que cada produção se

transforme, necessariamente, num objeto de ensino sistemático. Esses conjuntos de

atividades escolares organizadas em torno de um gênero textual oral ou escritas,

segundo os autores seguem o seguinte esquema:

- Apresentação da situação (esse momento visa expor aos alunos um projeto de

comunicação bem definido, fornecendo a eles todas as informações necessárias

para que o conheçam e clareza quanto a aprendizagem de linguagem a que o

projeto está relacionado, ou seja, apresentação da proposta por meio de um

determinado gênero selecionado para atender a uma necessidade comunicativa);

-Produção inicial (momento em que os alunos tentam elaborar sua primeira

produção oral ou escrita, e, assim, revelam para si mesmos e para o professor as

representações que têm dessa atividade, ou seja, é o diagnóstico para que o

professor verifique o conhecimento prévio do aluno);

- Módulos de atividades (a partir do diagnóstico abordado na produção inicial, o

professor trabalhará os problemas que apareceram na primeira produção, e dará aos

alunos os instrumentos necessários para superá-los);

- Produção final (é nesse momento que o aluno tem a possibilidade de pôr em

prática as noções e os instrumentos elaborados separadamente nos módulos. Essa

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produção permite, também, ao professor realizar uma avaliação somativa).

De acordo com a realidade dos nossos alunos(EJA), optamos por adaptar a

sequência didática conforme a proposta apresentada no caderno pedagógico da

AMOP (2007), sob a orientação da professora Terezinha Costa-Hübes. A professora

propõe que se trabalhe primeiramente o reconhecimento do gênero através de

pesquisa e análise linguística de propagandas que já circulam na sociedade na

língua materna e na língua inglesa, estabelecendo uma relação entre as

propagandas apresentadas (AMOP, 2007).

Adaptada por Costa-Hübes, a SD segue o seguinte esquema:

- Apresentação da situação de comunicação;

- Módulo de reconhecimento do gênero;

- Produção inicial;

- Módulos de atividades;

- Produção final

Foi pensando, sobretudo no desenvolvimento da criticidade e percepção nos

alunos, que propusemos trabalhar com esse gênero e acreditamos que os objetivos

ensejados foram alcançados. Com o trabalho proposto, pudemos ajudar o aluno a

dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe assim, escrever ou falar de

maneira mais adequada numa dada situação de comunicação, bem como ampliar

seus conhecimentos linguísticos-discursivos, a fim de que interagisse com o texto

publicitário, visando à formação de leitores críticos e transformadores.

Conseqüentemente, criamos oportunidades para que os alunos percebam a

interdiscursividade, as condições de produção dos diferentes discursos, das vozes

que permeiam as relações sociais e de poder, conforme consta nas Diretrizes

Curriculares (PARANÁ, 2008, p. 61).

2.3.2. O trabalho com a propaganda no ensino de Língua Inglesa

Por ser um dos gêneros textuais a que temos fácil acesso, o qual circula em

jornais, revistas, outdoors, televisão, rádio dentre outros veículos, entendemos ser

adequada à abordagem da propaganda no ensino fundamental fase II (EJA), o que

viabilizaria a ampliação dos conhecimentos já adquiridos.

Ao analisarmos vários textos desse gênero, observamos que a publicidade

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explora nossas necessidades, identifica nosso ego por meio de estratégias

específicas de manipulação própria que vão desde o conjunto de

característicaslingüísticas (como a seleção lexical), a polissemia, elementos do

contexto de produção e do plano discursivo por meio de textos verbais e não

verbais. São questões que geraram boa discussão em sala de aula, na perspectiva

de os alunos se tornarem leitores mais proficientes.

A aplicação do projeto Desenvolvendo uma sequência didática por meio do

gênero textual publicitário pode ainda viabilizar ao aluno uma forma dele interagir e

compreender o mundo a sua volta e de realizar atividades que contribuam para o

desenvolvimento de sua formação ativa e crítica na sociedade, nessa perspectiva as

Diretrizes Curriculares da Educação Básica reforçam que:

A riqueza e a variedade do gênero do discurso são infinitas e o trabalho com

a Língua Estrangeira Moderna fundamenta-se na diversidade desses gêneros

textuais e busca alargar a compreensão dos diversos usos da linguagem. Nessa

visão, é importante que os alunos tenham consciência de há várias formas de

produção e circulação de textos em nossa cultura e em outras, de que existem

diferentes práticas de linguagem no âmbito de cada cultura, e que essas práticas

são valorizadas também de formas diferentes nas distintas sociedades. (PARANÁ,

2008, p. 58)

Dessa forma, entendemos que, quando falamos em ensino-aprendizagem

de línguas, conforme Gimenez (2004), é indispensável decorrermos sobre os

aspectos políticos educacionais e culturais existentes hoje em nosso meio,

superando assim uma visão de ensino de LEM apenas como meio para se atingir

fins comunicativos, que restringem as possibilidades de sua aprendizagem como

experiência de identificação social e cultural, ao postular os significados como

externos aos sujeitos.

2.4 Relato de experiência da implementação pedagógica e preposição do GTR

Apresentaremos agora os relatos da Implementação Pedagógica feita na

escola, assim como a preposição do GTR (Grupo de Trabalho em Rede).

2.4.1 Implementação Pedagógica

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Primeiramente, o projeto de Intervenção Pedagógica foi apresentado à

direção, aos professores, à equipe pedagógica e agentes educacionais I e II do

CEEBJA (Centro de Educação Básica Professora Joaquina M. Branco), com o

objetivo de socializar o projeto a ser trabalhado na escola e o seu desenvolvimento.

Em seguida, apresentamos o projeto aos alunos do Ensino Fundamental Fase

II, nessa etapa de apresentação da situação, conversamos com os mesmos sobre

os objetivos (o que se pretende) com o ensino da Língua Inglesa por meio desse

gênero e verificamos assim o que os alunos já conhecem sobre o gênero

selecionado por meio dos seguintes questionamentos: O que é publicidade, onde ela

está presente, para quem são direcionadas, com que objetivos elas são geralmente

produzidas, quem as produz, de quais recursos se utilizam para chamar a atenção

do consumidor e por que é importante ler propagandas? A partir desses

questionamentos e das respostas dadas, instigamos os conhecimentos prévios dos

alunos acerca do gênero, focando o desenvolvimento sócio-histórico do gênero,

seus usos e funções, questionando sobre a circulação do mesmo em várias esferas

sociais que não a escola.

Abordamos também a importância de sabermos o modo pelo qual os textos

se organizam, para quê cada um deles servem e quais as intenções que estão por

traz do que eles dizem, pois assim saberemos como transitar pelas diversas

situações de fala adequando seu linguajar à variante exigida em dado

momento/situação e que em propagandas são usadas diferentes técnicas de

persuasão para convencer, persuadir o leitor a fazer algo ou seja a consumir o

produto anunciado. Após o reconhecimento do gênero publicitário nessa abordagem

inicial, os alunos tomaram conhecimento de como se desenvolveria o trabalho em

sala, para quem seriam as propagandas produzidas na etapa final e qual seria o

suporte das mesmas.

Após essa discussão inicial, questionamos os estudantes acerca de quais

propagandas eles veem em seu cotidiano e que estão em voga no momento.

Pedimos que apontassem alguns exemplos observados em outdoors e na televisão.

Posteriormente foram distribuídas aos alunos propagandas de folders, jornais e

revistas com o intuito de tomar mais intimidade com o gênero na língua materna e na

língua inglesa, analisando, observando e comentando sobre os elementos que nelas

aparecem como: cores, imagens, repetições, pequenos textos, títulos, subtítulos, uso

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do negrito, marca do produto, slogan etc. Tais conhecimentos constituem, pois, os

conhecimentos prévios de cada estudante e que devem ser por nós considerados.

Na aula seguinte, foram distribuídas cópias do poema EU ETIQUETA, de

Carlos Drummond de Andrade, após a leitura e reflexão, os alunos expuseram sua

opinião sobre o tema consumismo, gerando assim uma boa discussão em torno

desse assunto. Foi uma aula muito proveitosa, os alunos puderam perceber o

quanto as propagandas influenciam em tudo o que consumimos e se surpreenderam

com tantas informações e descobertas em relação ao gênero estudado.

Em seguida, foi trabalhada com os alunos a análise de uma propaganda do

McDonald’s, somente a imagem, por meio da TV pendrive. Foi estimulado um

debate com a turma acerca do texto imagético que compõe esta propaganda e

indagações como: o que é publicidade? Onde a publicidade está presente? Quais

publicidades você costuma ver? Onde? Quais as características comuns entre elas?

Quais as publicidades que te chamam mais a atenção? Qual o propósito ao se

produzir publicidade?

Depois da análise e leitura de vários textos do gênero, apresentamos a

seleção de alguns textos publicitários redigidos na língua inglesa para estudá-los

mais especificamente quanto ao contexto de produção, ao conteúdo temático, a

construção composicional etc. Os alunos se envolveram intensamente com esta

atividade, pois nesse momento já estavam familiarizados com o gênero.

Foi dada ênfase às técnicas de leitura que os auxiliam na construção de

sentido dos textos publicitários, procurando sempre demonstrar aos alunos aspectos

importantes para a composição do anúncio publicitário, fazendo com eles

percebessem durante a leitura das propagandas a grande variedade de elementos

tipográficos em comparação à articulação lingüística entre as diferentes partes de

um anúncio, que são geralmente compostos de imagem, marca do produto, slogan

pequenos textos e informações gerais, como endereço, telefone, etc. Destacamos

os mecanismos do Skimming e Scanning, para que fossem utilizados no processo

de leitura dos textos.

Também destacamos os elementos textuais, como a coesão, que fornece a

“amarração” do texto, para que não se perca o sentido do mesmo. Os pronomes,

assim como os adjetivos e os cognatos, foram trabalhados em várias atividades,

ressaltando a importância desses elementos tão presentes nessa tipologia textual.

Durante as atividades, alguns alunos apresentavam dificuldades em desenvolvê-las,

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então era proposto que fizessem em duplas ou em pequenos grupos, para que

assim socializassem seus conhecimentos.

Na sequência, partimos então para a atividade de listening, onde os alunos

puderam assistir as duas propagandas na TV multimídia. No decorrer das atividades

os alunos analisaram as imagens, o conteúdo e a música presentes nas

propagandas. Após essa análise, cópias da letra das músicas, Only you and Happy

Day, foram distribuídas aos alunos para que fizessem inferências a partir do seu

conhecimento de mundo para a compreensão da letra e a associação da mesma

com as imagens da propaganda. Para auxiliar nos trabalhos eles circulavam os

cognatos, as palavras e expressões que já conheciam. Como tarefa, eles deveriam

assistir a outras propagandas cuja trilha sonora fosse uma música na língua inglesa,

observando qual a relação entre as imagens e a letra da música, esse resultado foi

socializado com todos em sala de aula.

Na aula seguinte, usando a criatividade e imaginação, os alunos partiram

para elaboração de propagandas na língua inglesa como produção final em forma de

folders, cartazes e convites, onde deveriam divulgar um evento da escola que

constasse no calendário escolar.

Todos os alunos fizeram a sua produção, individual ou em duplas. Alguns

estudantes apresentaram dificuldades nessa etapa do projeto,mas no grande grupo

as informações e o conhecimento eram compartilhados a todo momento,

concretizando assim o envolvimento de todos nessa etapa do trabalho.

Por fim, após os trabalhos prontos, cada um divulgou a propaganda do

evento para sala, e em seguida foram expostos em um mural na entrada da escola,

e em pontos estratégicos, onde todos pudessem visualizar as propagandas.

Ressaltamos aqui que houve um grande interesse dos alunos nessa etapa

de produção final, pois puderam colocar em prática os conhecimentos adquiridos

acerca do gênero textual em estudo (propaganda) e o consumismo, e a

intencionalidade que norteia esse gênero. Apesar das dificuldades os alunos

estavam motivados a desenvolver as atividades propostas, sempre com a

intervenção da professora e o empenho deles. Acreditamos que conseguimos

superar, ainda que parcialmente, algumas dessas dificuldades, especialmente em se

tratando do gênero publicitário, alcançando os objetivos propostos. Enfim, os

resultados foram gratificantes e animadores.

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2.4.2 Relatos sobre o GTR (Grupo de Trabalho em Rede) O objetivo do GTR era promover a discussão e socialização do Projeto de

Intervenção Pedagógica Desenvolvendo uma sequência didática por meio do gênero

textual publicitário, assim provocar debate sobre a Produção Didático-Pedagógica e

a Implementação do Projeto.

Na Temática I, as cursistas participaram do Fórum de forma bem dinâmica,

interagindo com coerência, confrontando as ideias e ampliando-as sobre o tema

proposto.

Dessa forma, expuseram suas contribuições e analisaram de forma crítica os

objetivos, a justificativa e a fundamentação teórica, sempre fazendo referências às

DCEs. Enfatizaram que é de suma importância o incentivo à reflexão sobre o papel

da Língua Inglesa na sociedade, pois possibilitará aos estudantes o uso da mesma

em situações significativas. Houve total participação por parte das cursistas, suas

colocações foram eficientes e sempre incentivadoras quanto da contribuição do

projeto para nossas práticas, pois trata de um gênero textual que está sempre

presente em nossa realidade, que são as propagandas, como uma modalidade de

leitura persuasiva.

Assim, o projeto prevê uma prática pedagógica nas aulas de Língua Inglesa

centrada na integração entre o conteúdo e a realidade concreta, criando situações

de comunicação oral e escrita no uso da língua, dando condições para que os

alunos ao utilizarem a língua, realizem ações significativas, permitindo-lhes assim

escrever ou falar de maneira mais adequada numa dada situação de comunicação

e, sobretudo, conhecer os artifícios utilizados.

Em suas observações discorreram que o projeto estava pertinente, e em

conformidade com o que é proposto pelas Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Paraná.

Na temática II, apresentamos a Produção Didático-Pedagógica e as cursistas

expuseram suas opiniões quanto à pertinência do material e a viabilidade de

aplicação ao referido público.

Todas consideraram relevante o material e elogiaram o gênero

discursivo/textual escolhido, pois segue a linha teórico-metodológica presente nas

DCEs. Através da sequência didática com o gênero propagandas, o professor

pode explorar o conhecimento prévio dos alunos estabelecendo uma relação com

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as propagandas na Língua Inglesa, promovendo discussões e análise de alguns

aspectos utilizados como: análise morfológica, o conhecimento prévio dos alunos,

as técnicas de persuasão, o reconhecimento dos cognatos, construção do

conhecimento sobre a função do grau dos adjetivos e pronomes presentes na

propaganda, onde os alunos colocaram em práticasua criticidade para ser ou não

influenciado pelo apelo, aprendendo assim a ler um texto de forma mais crítica,

tornando o aprendizado da Língua Inglesa mais atraente, contextualizado e

significativo. Dessa maneira, explicitaram que a produção didático-pedagógica é

pertinente e contribui com a educação pública do Estado do Paraná, em especial

para Educação de Jovens e Adultos que tanto buscam na escola um espaço em que

possam desenvolver a capacidade de pensar, ler, interpretar e reinventar o seu

mundo, por meio de atividades reflexivas, considerando o projetoviável para ser

implementado na escola, contribuindo assim com a prática pedagógica dos

educadores.

Na temática III (fórum 3), relatamos as ações e os resultados da

implementação do projeto e a tarefa era opinar e refletir sobre os resultados que

apresentamos. O grupo concluiu que o projeto foi bem aplicado e de forma

organizada, pois a Sequência Didática favorece diversas etapas de trabalho

contribuindo para a aprendizagem. Consideraram um ponto relevante, o

conhecimento da intencionalidade do texto, pois ao desenvolver no aluno

capacidade de uma leitura crítica, contribuímos para sua liberdade de opinião,

podendo assim identificar o objetivo real de uma propaganda, um discurso político e

outras formas de comunicação. Enfatizaram também a forma como foi conduzida as

atividades propostas, por meio da utilização dos recursos tecnológicos, como a TV

multimídia para exibição de vídeos, o laboratório de informática para pesquisa e

digitação das produções dos alunos, pois a utilização desses instrumentos

despertam um maior interesse e motivação aos alunos, levando-os,

consequentemente a obter um melhor rendimento escolar.

No fórum Vivenciando a prática, as cursistas tiveram a oportunidade mais

uma vez, de acrescentar ou sugerir atividades que julgassem apropriadas ao tema

trabalhado. Todas demonstraram a preocupação em sugerir atividades pertinentes e

relevantes especificamente no que tange ao gênero propaganda e principalmente de

acordo com o que propõem as DCEs. Em todas as interações e contribuições, as

cursistas ressaltaram a importância de ser trabalhado um gênero que faz parte do

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dia a dia dos alunos, despertando neles não só a atenção a este tópico mas também

o desenvolvimento da criticidade e a percepção quanto a intencionalidade desse

gênero.

Em todas as etapas do GTR, as cursistas participaram de forma eficaz, seus

comentários foram de encontro ao assunto abordado, colaborando assim para a

aplicação do projeto.

Acreditamos que o GTR tenha atingido sua meta, haja vista o total

desempenho por parte dos participantes. Todas foram muito presentes em suas

contribuições e discussões, suas sugestões foram muitas significativas, com

argumentos coerentes em relação ao tema trabalhado. Quando participamos do

GTR, trocamos experiências com nossos colegas e ampliamos nossos estudos, e

isso é fundamental para a melhoria de nosso trabalho. As discussões em grupo,

mesmo de forma indireta, proporcionam aos participantes novos conhecimentos.

Assim acreditamos que neste GTR tenha acontecido um partilhar de

conhecimento e experiências e que é nessa interação, troca de experiências, que

buscamos e tentamos alcançar os objetivos traçados desde o início do nosso

trabalho.

3 Considerações finais

Tendo em vista o objetivo deste artigo, que é apresentar os resultados obtidos

com a aplicação do projeto de intervenção pedagógica na escola intitulado

Desenvolvendo uma sequência didática por meio do gênero textual publicitário, bem

como o referencial teórico que o fundamentou, cremos que este trabalho atingiu sua

proposta inicial de maneira satisfatória.

Durante a implementação da Unidade Didática, observou-se que o fato de os

alunos apresentarem dificuldades acentuadas em Língua Inglesa não foi empecilho

para que se empenhassem em analisar os textos do gênero publicitário com

criticidade, nem comprometeu a realização do projeto, já que com a intervenção do

professor como aquele que mostra e facilita os caminhos da aprendizagem a todo o

momento como já relatamos e com o interesse e empenho dos alunos envolvidos na

execução de todas as atividades resultaram em um ótimo aproveitamento, o que

culminou, a nosso ver, em uma abordagem significativa do gênero selecionado.

Observou-se ainda que os alunos, outrora apáticos, e passivos se sentiram

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motivados a participar mais efetivamente das aulas de língua inglesa e que é

possível, com a aplicação do material didático, contribuir para a formação de leitores

mais críticos capazes de perceber a linguagem como forma ativa de ação sobre o

mundo dotada de intencionalidade, e, em consequência, de compreender

criticamente as realidades sociais, interagindo em situações significativas em língua

inglesa.

Percebeu-se que a maioria apreciou o trabalho, considerando-o interessante,

diferente e atrativo, mostrando-se empenhados, apesar de suas limitações.

Concluiu-se ainda que a implementação da Unidade Didática contribuiu para o

enriquecimento dos aspectos voltados para a vida pessoal dos alunos, pois as

propagandas fazem parte do nosso dia a dia, e a partir dos estudos e análise,

poderão perceber e ler um texto de uma forma mais crítica e consciente e não se

deixando convencer ou moldar por essa ou aquela propaganda.

Com o desenvolvimento do projeto, conforme as ações relatadas neste artigo,

cremos que o objetivo de elaborar um material didático que pudesse contribuir para

a melhoria do ensino de Língua Inglesa no Ensino Fundamental da modalidade EJA

foi alcançado de maneira satisfatória. Dessa forma, acreditamos também que

contribuímos com o aprimoramento dos alunos, criando oportunidades para que os

mesmos percebessem a interdiscursividade, as condições de produção dos

diferentes discursos, contemplando a construção de significados por meio do

engajamento discursivo, com o foco na abordagem crítica de leitura.

Nesse sentido, colaboramos também para a formação de leitores mais críticos

e atuantes.

Entendemos que o papel do professor é ser um contínuo investigador, focado

na busca de novos conhecimentos e elaboração de materiais pedagógicos pautada

nas DCEs, permitindo assim a flexibilidade para incorporar especificidades e

interesse dos alunos, colaborando para que os alunos reconheçam e compreendam

as diversidades linguísticase culturais na Língua Inglesa, percebendo que a relação

entre o uso da língua, da comunicação, da cultura, das questões políticas e da

pedagogia não se separam e fazem parte do mundo em que estão inseridos, sendo

capazes de se posicionar criticamente no mundo em que vivem.

Vale lembrar que o prazer em aprender é o caminho da construção de novos

hábitos e atitudes. O indivíduo criativo é um ser importante para que as

transformações na sociedade aconteçam, pois é ele quem faz descobertas, inventa

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e promove mudanças. Nesse contexto, certamente teremos sempre novos leitores,

novas leituras.

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