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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA Desenvolvimento de um software para a aquisição de dados de sensores usados em ensaios tribológicos PEDRO VICTOR DANTAS DE MENDONÇA NATAL- RN, 2018

Desenvolvimento de um software para a aquisição de dados

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Desenvolvimento de um software para a aquisição

de dados de sensores usados em ensaios

tribológicos

PEDRO VICTOR DANTAS DE MENDONÇA

NATAL- RN, 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Desenvolvimento de um software para a aquisição

de dados de sensores usados em ensaios

tribológicos

PEDRO VICTOR DANTAS DE MENDONÇA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia

Mecânica da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Engenheiro Mecânico, orientado pela

Profª. Juliana Ricardo de Souza.

NATAL - RN

2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Desenvolvimento de um software para a aquisição

de dados de sensores usados em ensaios

tribológicos

PEDRO VICTOR DANTAS DE MENDONÇA

Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso

Profª. Dra. Juliana Ricardo de Souza

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Orientador

Prof. Dr. Jarbas Santos Medeiros

Instituto Federal da Paraíba - Avaliador externo

Engº. Antônio Paulino de Araújo Neto

Avaliador externo

NATAL, 28 de junho de 2018

Agradecimentos

Este trabalho não poderia ser concluído sem a ajuda de diversas

pessoas as quais presto minha homenagem:

Meus pais Zacarias e Silvia, que deram todo o suporte possível para

que eu seguisse o curso que escolhi.

Minha namorada Thaís, por sempre estar ao meu lado e me dando

apoio para seguir em frente.

Minha orientadora, que aceitou me ajudar a realizar esse trabalho e

que também foi uma ótima professora nas matérias que tive o prazer de ser

ensinado por ela.

Meus colegas de turma e amigos da universidade, que estiveram

comigo durante toda a jornada e me ajudaram em diversas dificuldades. Em

especial ao amigo Antônio Paulino, pelos conselhos e apoio na realização

deste trabalho.

A banca de avaliação, pela disponibilidade e atenção.

Ao Grupo de Estudos de Tribologia e Integridade Estrutural (GET) pela

estrutura oferecida, orientações e materiais necessários para a realização

deste projeto.

A UFRN, pela estrutura e oportunidades dados no decorrer de minha

formação para que ela fosse realizada adequadamente.

Mendonça, P.V.D. Desenvolvimento de um software para a aquisição de dados

de sensores usados em ensaios tribológicos. 2018. 40 f. Trabalho de Conclusão

de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Natal-RN, 2018.

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um software

programável para aquisição de dados de sensores, para a aplicação em ensaios

tribológicos. O sistema desenvolvido na plataforma LabVIEW foi feito com

ferramentas que recebem as informações dos sensores para o usuário de modo que

ele tenha a liberdade de controlar seu funcionamento, escolher parâmetros de

entrada que influenciam em como os dados serão aquisitados e visualizar os

resultados recebidos de diferentes formas. Para a validação do programa, foi

realizada uma calibração dos sensores utilizados no ensaio e depois, nas mesmas

condições, o programa foi inicializado, visando realizar comparações e análises de

erros entre os valores obtidos e os esperados. A comparação entre os dados foi feita

com o intuito de verificar a precisão do sistema desenvolvido em LabVIEW, bem

como suas demais funcionalidades. Como resultado foi possível determinar a

eficiência do sistema desenvolvido com o modulo de aquisição utilizado.

Palavras-chave: Aquisição de dados, Sensores, LabVIEW

Mendonça, P.V.D. Development of software for the acquisition of sensor data

used in tribological tests. 2018. 40 p. Conclusion work project (Graduate in

Mechanical Engineering) - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN,

2018.

Abstract

The present work has the objective of developing programmable software for

the acquisition of sensor data for the application in tribological tests. The system

developed in the LabVIEW platform was made with tools that receive information from

the sensors to the user so that he is free to control its operation, choosing input

parameters of how the data will be acquired and visualize the results received in

different ways. For the validation of the program, a calibration of the sensors used in

the test was performed and then, under the same conditions, the program was

started, aiming to make comparisons and analysis of errors between the values

obtained and those expected. The comparison between the data was done in order to

verify the accuracy of the system developed in LabVIEW, as well as its other

functionalities. As a result it was possible to determine the good efficacy of the system

developed with the acquisition module used.

.

Keywords: Data aquisition, Sensors, LabVIEW

Sumário

Agradecimentos

Resumo

Abstract

Sumário

1 Introdução ......................................................................................... 1

1.1 Objetivo ....................................................................................... 3

1.2 Hipótese ...................................................................................... 3

2 Revisão bibliográfica ......................................................................... 4

2.1 Ensaios tribológicos .................................................................... 4

2.2 Termopar .................................................................................... 7

2.3 Célula de carga ......................................................................... 10

2.4 LVDT ......................................................................................... 11

2.5 Aquisição de dados ................................................................... 13

2.5.1 Software de driver ......................................................... 15

2.5.2 Software de aplicação ................................................... 16

2.6 LabVIEW ................................................................................... 16

3 Materiais e metodologia ................................................................... 20

3.1 Materiais utilizados .................................................................... 20

3.1.1 Tribômetro Pino-Disco ................................................... 20

3.1.2 Termopar ...................................................................... 22

3.1.3 Célula de carga ............................................................. 22

3.1.4 Sensor LVDT................................................................. 23

3.1.5 Hardware de aquisição de dados .................................. 24

3.1.6 Software de driver ......................................................... 25

3.1.7 Software de aquisição de dados ................................... 26

3.2 Metodologia .............................................................................. 26

4 Resultados e discussões ................................................................. 31

5 Conclusões ...................................................................................... 37

6 Referências ..................................................................................... 38

7 Anexos ............................................................................................ 41

1

1 Introdução

Segundo Fraden (2010), sensor é frequentemente definido como um

dispositivo que recebe e responde a um sinal ou estímulo e também como “um

dispositivo que converte um fenômeno físico em um sinal elétrico” (WILSON,

2005, p.1). Para Wilson (2005), a primeira década do século XXI vem sendo

rotulada por alguns como a “década do sensor”, com um dramático aumento

em psquisa e desenvolvimento (P&D) de sensores e aplicativos relacionadas a

eles nos últimos anos, e com muitos avanços a serem ainda alcançados.

Isso não vem ocorrendo a toa, pois os processos industriais, que são

variados e abrangem muitos tipos de produtos, exigem um rigoroso controle em

sua fabricação, como, por exemplo, a fabricação dos derivados do petróleo,

produtos alimentícios, a indústria de papel e celulose, etc. Em todos estes

processos é absolutamente necessário controlar e manter constantes algumas

variáveis, tais como: pressão, vazão, temperatura, nível, pH, condutividade,

velocidade, umidade, etc. Os instrumentos de medição e controle, os sensores,

permitem manter constantes as variáveis do processo, objetivando a melhoria

em qualidade, o aumento em quantidade do produto e a segurança. (SENAI,

2003).

Também, para Balbinot e Brusamarello (2007), nos mais diversos

campos de pesquisas em ciências e engenharias, procedimentos de controle,

medições e automação de processos dos mais variados experimentos

tradicionalmente utilizam uma grande gama de sensores, como os de

temperatura, pressão, posição, nível, vazão.

2

Com toda a possibilidade de obtenção de informações, a aquisição de

dados deve ser realizada de forma análoga ao que acontece biologicamente.

Afinal, além dos sensores feitos pelo homem também existem os sensores

naturais, como aqueles encontrados em organismos vivos, que geralmente

respondem com sinais de caráter eletroquímico, isto é, sua natureza física é

baseada no transporte de íons, como nas fibras nervosas (como um nervo

óptico). Nos dispositivos feitos pelo homem, a informação também é

transmitida e processada em forma elétrica, no entanto, através do transporte

de elétrons. Sensores que são usados em sistemas artificiais devem falar a

mesma linguagem que os dispositivos com os quais são interligados (FRADEN,

2010).

Esta linguagem é elétrica em sua natureza e um sensor feito pelo

homem deve ser capaz de responder com sinais onde a informação é

transportada pelo deslocamento de elétrons, ao invés de íons. Assim, deve ser

possível conectar um sensor a um sistema eletrônico através de fios elétricos,

em vez de através de uma solução eletroquímica ou uma fibra nervosa.

(FRADEN, 2010)

Após a aquisição de dados realizada eletronicamente, por meio de um

hardware adequado, é preciso que eles sejam expostos e registrados em

tempo real, para que o operador ou monitor dos processos ou experimentos

possa analisar seu andamento e estudar as causas de diversos fenômenos.

Nesse contexto, o presente trabalho se trata do desenvolvimento de um

software para a aquisição de dados de sensores usados em ensaios

tribológicos. Em comparação com os sistemas tradicionais de medição

analógica, os sistemas de aquisição de dados com base em computadores

pessoais exploram a capacidade de processamento, produtividade, sistemas

de visualização e recursos de conectividades dos computadores padrão da

indústria (NATIONAL INSTRUMENTS, 201-?a). Com isso, segundo National

Instruments (201-?a), se tem um sistema de medição mais poderoso, flexível e

de melhor custo-benefício.

3

1.1 Objetivo

O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um software para

aquisição de dados de sensores de temperatura, posição e força, que ofereça

para o usuário uma interface interativa para a definição de parâmetros

desejados e diferentes modos de visualização e registro de seus resultados,

para a aplicação em ensaios tribológicos.

1.2 Hipótese

O programa desenvolvido neste trabalho apresentará resultados de

medições condizentes com a realidade e de fácil visualização e interação do

usuário.

4

2 Revisão bibliográfica

Neste capítulo, são descritos as características mais relevantes que

envolvem o projeto. Primeiramente, apresentam-se as principais características

dos tribômetros e seu campo de estudo; em seguida, a definição e a explicação

do funcionamento dos sensores utilizados. Na sequência, são retratados os

aspectos mais importantes no que diz respeito a conexão e transmissão de

dados para o software. Por fim, apresenta-se o programa utilizado para a

produção do aplicativo a que se refere o trabalho.

2.1 Ensaios tribológicos

Na definição de Radi et al. (2007): “o tribômetro é um equipamento

versátil para medição de propriedades de atrito e desgaste de combinações de

materiais e lubrificantes sob condições específicas de carga, velocidade,

temperatura e atmosfera”. Como diz Seabra et al. (2015), para se fazer a

caracterização tribológica de pares de materiais usando um tribômetro, é

necessário controlar variáveis do ensaio como a carga normal aplicada, a

velocidade de deslocamento, as condições ambientais, de lubrificação, e outras

que sejam relevantes e que influenciam a interação entre as superfícies. Em

suma, os tribômetros são os dispositivos usados para a realização de ensaios

tribológicos.

Provavelmente um dos primeiros tribômetros foi inventado por

Leonardo da Vinci – um dos mestres da renascença (SINATORA, 2005). É

esquematicamente mostrado na Figura 1 alguns tribômetros por ele

desenvolvidos, onde, segundo Alves (2014), serviu pra encontrar a força de

atrito em a) em superfícies horizontais e inclinadas; (b) considerando o efeito

da área aparente; (c) utilizando uma polia; e (d) considerando o torque num

cilindro. :

5

Figura 1 - Tribômetro de Da Vinci

Fonte: Sinatora (2005)

Leonardo da Vinci mostrou com seus tribômetros que a força de

atrito era proporcional à forma de reação normal (força de atrito é o produto do

coeficiente de atrito pela força normal), bem como independente da área de

contato, conforme sabemos nos dias de hoje. Como consequências de seus

estudos, conseguiu estabelecer a importância de lubrificantes para diminuir a

força de atrito (SINATORA, 2005)

Dentre os vários tipos de arranjos de tribômetros que existem na

atualidade, como os mostrados na Figura 2, dois dos métodos mais usados

para ensaios tribológicos são, segundo Seabra et al. (2015), os métodos linear

e o rotativo. O linear consiste em deslizar um apalpador sobre uma amostra, ou

vice-versa, em linha reta e consequentemente é gerada uma força de atrito. E o

rotativo consiste em usar corpo de contato em forma de anel que se faz rodar

em torno de seu eixo e em que é aplicada uma pressão de contato P sobre a

amostra.

.

6

Figura 2 – Diferentes tipos de tribômetros

Fonte: Farias (2005)

Neste trabalho, foram usados sensores acoplados a um tribômetro

pino-disco, que usa o método rotativo. Sobre seu funcionamento, para

Nanovea (2013, p.3) pode ser descrito como:

[...] um indentador plano ou esferico que é colocado na amostra de teste com um força precisamente conhecida. O penetrador (um pino ou uma bola) é montado em uma alavanca rígida, projetada como um transdutor de força sem atrito. À medida que a placa se move em movimento rotacional, as forças friccionais resultantes atuando entre a esfera ou pino e a placa são medidas por deflexões muito pequenas do braço, usando um sensor de strain gage. Os valores da taxa de desgaste para o pino e a amostra também podem ser calculado a partir do volume de material perdido durante uma corrida de fricção específica. Este método simples facilita a determinação e estudo do comportamento de atrito e desgaste de quase todos os estados sólidos combinação de materiais, com tempo variável, pressão de contato, velocidade, temperatura, umidade, lubrificação, etc.

7

Figura 3 – Tribômetro Pino-Disco

Fonte: Nanovea (2013)

A escolha do uso desse tipo de tribômetro se relaciona com os

sensores que neles estão inseridos: o sensor de temperatura termopar, o

sensor de posição LVDT e o sensor de força célula de carga.

2.2 Termopar

Um termopar é um dispositivo para medir a temperatura com base em

efeitos termoelétricos. É um circuito formado por dois condutores de metal

diferentes, unidos por seus extremos e entre cujas uniões há uma diferença de

temperatura, o que provoca uma força eletromotriz. (ALZATE RODRÍGUEZ;

MONTES OCAMPO; SILVA ORTEGA, 2007).

8

O funcionamento de um termopar ocorre a partir de três efeitos físicos,

como diz Beckwith, Marangoni e Lienhard V (2006): O primeiro é o efeito

Seebeck, que consiste no fato de que quando dois metais diferentes de unem

por meio de duas junções, uma força eletromotriz é gerada entre elas, força

cuja quantidade varia conforme os diferentes metais. O segundo é o efeito

Peltier, que causa aquecimento ou resfriamento nas juntas entre dois metais

quando uma corrente elétrica (gerada pela força eletromotriz) flui através delas.

E o terceiro é o efeito Thomson, que diz que existe uma tensão elétrica entre

dois pontos que estão em temperaturas diferentes em um condutor (no caso,

nas extremidades dos dois metais diferentes).

A Figura 4 mostra o esquema de medição da temperatura T1 de uma

chama, com um termopar de dois condutores diferentes (ferro e constantan,

uma liga metálica), tendo uma temperatura de referencia T2, sendo

representada como a temperatura de gelo. Dessa forma, percebe-se que a

temperatura é deduzida da tensão gerada V1.

Figura 4 – Esquema de medição de temperatura com um termopar

Fonte: Alzato Rodríguez; Montes Ocampo e Silva Ortega (2007)

9

Segundo Silva (2006), os termopares são extremamente atrativos

devido ao seu baixo custo e a amplitude de temperaturas que é capaz de

medir, além do fato de que, pela sua simplicidade, pode trabahar em diversas

condições de temperatura e pressão. Sua maior dificuldade seria a exatidão,

pois são difíceis obter diferenças de temperatura inferiores a 1ºC. Com base na

utilização e nos conhecimentos mais comuns dos dias de hoje, existem 8 tipos

de termopares: S, R, B , J, K, N, T, E, com cada tipo sendo formado por metais

diferentes e com aplicações diferentes.

Tabela 1 - Tipos de termopares e suas faixas de utilização

Tipo de Termopar Faixa de utilização (°C)

T -200 a 350

J -40 a 750

E -200 a 900

K -200 a 900

S 0 a 1600

R 0 a 1600

B 600 a 1700

N -200 a 1200

Fonte: Thomazini e Albuquerque (2011)

De acordo com Thomazini e Albuquerque (2011), nas últimas décadas

foram realizados muitos esforços para o desenvolvimento das técnicas de

medição de temperatura utilizando termopares, com a introdução de muitos

materiais de termoelementos novos para temperaturas mais altas.

10

2.3 Célula de carga

Células de carga são, na visão de Thomazini e Albuquerque (2011),

estruturas mecânicas, planejadas para receber esforços e deforma-se dentro

do regime elástico para que foram planejadas. Essa deformação é capaz de

gerar um sinal de saída linear e compatível com a carga aplicada. De acordo

com Muller et al. (2010), células de carga são utilizadas para mensurar carga,

força e torque e que, quando usadas adequadamente, são sensores confiáveis

e precisos. São amplamente utilizadas na industria médica, automotiva, de

manufatura, farmacêutica, robótica e em laboratórios de pesquisas.

Segundo Barbosa et al. (2004), o funcionamento de um célula de carga

é baseada na variação ôhmica (variação da resistência) sofrida por um

extensômetro elétrico de resistência ou strain gauges, quando este é

submetido a deformações. Essa variação da resistência elétrica decorre do

estreitamento da seção transversal do extensômetro. Uma vez identificada a

variação ôhmica dos extensômetros, é possível, por meio de relações de

calibração e/ou dados fornecidos pelo fabricante da célula de carga, avaliar as

tensões e/ou forças a que a mesma está submetida.

Para Muller et al. (2010), essa variação ôhmica por vezes trazem

problemas por serem muito pequenas e de difícil medição. Objetivando

minimizar esses efeitos, os extensômetros de uma célula de carga de strain

gauges são colocados num circuito de ponte de Wheatstone, como exposto na

Figura 5. A medida dessa variação é indireta e realizada através da diferença

de voltagem no centro da ponte. A ponte de Wheatstone pode ser formada por

1, 2 ou 4 extensômetros, e no último caso é chamada de ponte completa ou

full-bridge.

11

Figura 5 – Circuito formando uma ponte de wheatstone completa

Fonte – Tacuna System (201-?)

Desenvolvimentos futuros dentro de células de carga e outros sensores

de força provavelmente incluirão tecnologia sem fio para transmissão de dados

digitalizados em distâncias curtas (WILSON, 2005). Segundo Tacuna Systems

(201-?), também espera-se o desenvolvimento das células de cargas em

miniatura, mais precisas, portáteis e leves, de forma que possam ser

incorporadas dentro de materiais e até mesmo do corpo humano. Elas podem

ajudar a melhorar a medicina moderna sendo utilizadas em membros artificiais

robóticos, por exemplo, que podem criar dedos que possam sentir a pressão e

enviar esses dados para o cérebro para que o usuário possa responder.

2.4 LVDT

Segundo Wilson (2005), um Transdutor de Deslocamento Variável

Linear, comumente conhecido como LVDT (Linear Variable Differential

Transformer) é um confiável e preciso equipamento eletromecânico usado para

mensurar distancias lineares, muito usado em indústrias como robótica,

aviação e manufatura computadorizada.

12

Para Vemuri e Sullivan (2016, p. 1): “os sensores de posição LVDT

são comumente usados para medir posição dos componentes móveis em uma

máquina, como válvulas de controle em sistemas hidráulicos e superfícies de

controle de aeronaves”. LVDTs são populares por seu design robusto e

internamente sem atrito, o que torna esses transformadores um ótimo ajuste

para medição de posição em condições ambientais diversas. Para Balbinot e

Brusamarello (2010) eles também são conhecidos por terem boa precisão,

linearidade, alta resolução e durabilidade aproximadamente ilimitada.

A construção física de um LVDT consiste em um núcleo de material

magnético móvel que está envolto por três bobinas que compreendem o

transformador estático, como exposto na Figura 6a. Uma das bobinas é o

enrolamento primário e as outras duas são as bobinas secundárias, estando os

três enrolamentos envolvidos por um mesmo tubo isolante (THOMAZINI;

ALBUQUERQUE, 2011).

Figura 6 – Estrutura de um LVDT

Fonte – Maître (2015)

13

Como explica Balbinot e Brusamarello (2010), o seu princípio de

funcionamento baseia-se na variação da indutância mútua entre o primário e

cada um dos secundários quando o núcleo se move. Quando o primário é

alimentado por uma tensão AC, cria-se um campo magnético, que, segundo a

lei de Faraday, produz um fluxo magnético entre a bobina primária e as

secundárias. Esse fluxo promove tensões induzidas que, na posição central,

em cada secundário são iguais. Quando o núcleo se move dessa posição,

muda-se o fluxo magnético e também as tensões induzidas, de modo que a

tensão de uma bobina secundária aumenta e a outra diminui do mesmo valor.

O resultado é uma saída de tensão diferencial Vo, como exposto na Figura 6b,

que varia linearmente com a posição do núcleo. O LVDT, portanto, é um sensor

que detecta deslocamentos pelo movimento do núcleo magnético.

2.5 Aquisição de dados

“Sistemas de aquisição é o processo de medição de um fenômeno

elétrico ou físico, como tensão, corrente, temperatura, pressão ou som, com o

uso de um computador” (NATIONAL INSTRUMENTS, 201-?a). Segundo

Instrumatic (2011), esses sistemas vêm sendo desenvolvidos para muitos

campos de atuação, tanto industriais como científicos. O seu objetivo é

apresentar ao observador os valores das variáveis ou parâmetros que estão

sendo medidos. Eles são importantes para alcançar níveis maiores de

qualidade, redução dos custos, maior desempenho de produção e promover a

excelência operacional.

Um sistema de aquisição de dados deve, portanto, medir, analisar e

validar as informações adquiridas do mundo real. Dessa forma, esses sistemas

devem apresentar uma arquitetura onde os elementos se comunicam, se

entendem e interajam entre si. Essa arquitetura é basicamente dividida em três

partes: sensor, dispositivo DAQ (Data Aquisition) e computador, como se pode

observar na Figura 7:

14

Figura 7 – Sistema de aquisição de dados

Fonte – National Instruments (201-?a)

Os sensores transformam um fenômeno físico em sinais elétricos que

uma vez detectados variam de acordo com os parâmetros físicos que estão

sendo monitorados, e devem ser acondicionados para fornecer sinais

apropriados ao hardware de aquisição de dados (INSTRUMATIC, 2011).

Segundo Instrumatic (2011), os circuitos e ou elementos de

acondicionamento de sinais tratam e otimizam os sinais para que eles se

tornem apropriados aos hardwares de aquisição. Neste trabalho, o hardware

DAQ atua como a interface entre um computador e sinais do mundo exterior.

Ele funciona basicamente como um dispositivo que digitaliza sinais analógicos

de entrada de forma que um computador possa interpretá-los. Como mostra

National Instruments (201-?b), os elementos de condicionamento de sinais

presentes no dispositivo DAQ usado neste trabalho, o NI-USB 6009 são:

multiplexagem, uma técnica para poder ler diversos sinais utilizando um único

equipamento de medição, de forma que ele lê os sinais de uma entrada

analógica por vez; amplificação, para aumentar a resolução de sinais de baixa

intensidade, como os dos termopares; conversor analógico/digital ou conversor

AD, que tem como função converter o sinal de entrada de natureza analógica

vinda do sensor para um valor digital, para que possa ser lida pelo computador;

e a entrada analógica first-in-first-out (FIFO), que permite a conversão e

armazenamento de múltiplos sinais para que nenhum dos dados se percam em

leituras de um número inifinito de amostras.

15

Figura 8 – Estrutura de condicionameto de sinais do NI-USB 6009

Fonte – National Instruments (201-?b)

Uma vez acondicionados e trabalhados na forma desejada, de acordo

com National Instruments (201-?a), um computador com software programável

controla a operação do dispositivo DAQ, sendo usado para o processamento,

visualização e armazenamento de dados de medição. Num sistema DAQ, há

dois tipos de softwares:

2.5.1 Software de driver

O software de driver permite que o software de aplicação interaja com

um dispositivo DAQ. Ele simplifica a comunicação com o dispositivo DAQ,

abstraindo comandos de hardware de baixo nível e a programação no nível do

registro (NATIONAL INSTRUMENTS, 201-?a).

16

2.5.2 Software de aplicação

O software de aplicação ou o software do ambiente de

desenvolvimento é aquele que promove a interação entre o usuário e o

computador na aquisição, análise e apresentação dos dados da medição. Ele é

um programa pré-construído, com funções predefinidas, ou um ambiente

destinado ao desenvolvimento de aplicações com funções variadas. Aplicações

produzidas são muitas vezes usadas para automatizar diversas funções de um

dispositivo DAQ, executar algoritmos de processamento de sinais e exibir

interfaces de usuário customizadas. (NATIONAL INSTRUMENTS, 201-?a) Este

software, que é o objeto deste trabalho, foi desenvolvido com o programa

LabVIEW da National Instruments.

2.6 LabVIEW

Segundo Lopes (2007), o software de aplicação ou software do

ambiente de desenvolvimento é uma ferramenta que permite eficientemente

gerar suas próprias aplicações e projetar e integrar as rotinas de um processo

particular. Ele permite criar uma interface para um usuário apropriado, com o

melhor conjunto de programas para os elementos que interagem com ela,

permitindo a aquisição de dados de um dispositivo para que se processem,

manipulem e apresentem da maneira desejada.

O software deste trabalho é o LabVIEW (Laboratory Virtual Instrument

Engineering Workbench) que é uma linguagem de programação gráfica

originária da National Instruments, cuja primeira versão surgiu em 1986. A

programação é feita de acordo com o modelo de fluxo de dados, o que oferece

a esta linguagem vantagens para a aquisição de dados e para a sua

manipulação. Para National Instruments (201-?c), seus principais campos de

aplicação são para aplicações que requerem teste, medição e controle, com

rápido acesso ao hardware.

17

Os programas do LabVIEW são chamados de Instrumentos Virtuais, ou

Vis e são para isso que ele foi originalmente criado – gerar versões de

instrumentos que você pode encontrar em um laboratório em forma de software

(MIHURA, 2001). Como explica Bishop (2015), LabVIEW é diferente das

linguagens de programação baseadas em texto (como Fortran e C) pois usa

uma linguagem de programação gráfica, conhecida como a linguagem de

programação G, para criar programas baseados em símbolos gráficos para

descrever ações de programação, sendo uma terminologia familiar aos

cientistas e engenheiros e facilmente identificados por inspeção visual.

Segundo Travis e Kring (2006), os VIs podem ser divididos em duas

partes: o painel frontal e o diagrama de blocos. O painel frontal é a interface de

usuário interativa de um VI, assim chamado porque simula a frente painel de

um instrumento físico (ver Figura 9). O painel frontal pode conter botões,

interruptores, gráficos e muitos outros controles (que são entradas do usuário)

e indicadores (que são saídas do programa). Pode-se inserir dados usando um

mouse e teclado e, em seguida, exibir os resultados produzido pelo programa

na tela. Simplificando, o painel frontal é a janela através da qual o usuário

interage com o programa.

18

Figura 9 – Exemplo de painel frontal do LabVIEW

Fonte – Travis e Kring (2006)

Travis e Kring (2006) também discorrem sobre o diagrama de blocos

que é o código-fonte do VI, construído na linguagem de programação gráfica

do LabVIEW, G, e corresponde às linhas de texto encontradas em uma

linguagem mais convencional como C ou Fortran. O diagrama de blocos é o

programa executável real. Os componentes de um diagrama de blocos são VIs

de nível inferior, funções internas, constantes e estruturas de controle de

execução de programa. Nas Figuras 10 e 11, são expostos exemplos de um

diagrama de blocos e seu correspondente no painel frontal.

19

Figura 10 – Exemplo de Diagrama de blocos do LabVIEW

Fonte – Mihura (2001)

Figura 11 - Exemplo de painel frontal do LabVIEW

Fonte – Mihura (2001)

Desenham-se os fios para conectar os objetos apropriados para definir

o fluxo de dados entre eles e executar funções específicas. Os objetos do

painel frontal têm terminais correspondentes no diagrama de blocos, para que

os dados possam passar do usuário para o programa e de volta para o usuário,

de modo que, quando se coloca um controle ou indicador no painel frontal, o

LabVIEW cria automaticamente um terminal correspondente no diagrama de

blocos.

20

3 Materiais e metodologia

Neste capítulo serão descritos os materiais e métodos utilizados para a

aquisição dos dados.

3.1 Materiais utilizados

Os materiais e equipamentos utilizados para a coleta de dados são

descritos nos itens a seguir.

3.1.1 Tribômetro Pino-Disco

O tribômetro pino-disco usado no trabalho é do modelo TE-165-SPOD

e tem as seguintes especificações técnicas segundo o fabricante Magnum

Engineers (201-?):

21

Figura 12 – Dispositivo Pino-Disco usado no trabalho

Fonte: Magnum Engineers (201-?)

Faixa de carga normal - até 200 N

Faixa de força de atrito - Até 200 N com resolução de 1N com

facilidade de tara

Faixa de medição de desgaste - ± 2 mm com facilidade de tara

Velocidade do disco - 100 a 2000 rpm

Faixa de temporizador predefinida - até 99 horas: 59 minutos: 59

segundos

Diâmetro do disco de desgaste - 165 mm, espessura de 8 mm

(EN 31 Mtrl, disco 58 - 60 HRC)

Diâmetro da faixa do disco de desgaste - 10 a 140 mm

Diâmetro do pino da amostra / diagonal - dia. 3 mm a 12 mm

Comprimento do Pino - 25 a 30mm

22

3.1.2 Termopar

Neste trabalho foi utilizado um sensor termopar do tipo K, que é

encontrado no tribômetro pino-disco cujo projeto foi baseado.

3.1.3 Célula de carga

O sensor célula de carga utilizado neste trabalho é a célula de carga

modelo BR-021 HO da IPA com modelo binocular (ver Figura 13) e com

precisão e eficiência adequados para cargas leves.

Figura 13 – Sensor célula de carga utilizado

Fonte – IPA (201-?)

23

Suas especificações técnicas podem ser conferidas abaixo, segundo

IPA (201-?):

Capacidade: 0 – 20 kg

Saída nominal (mV/V): 1,5

Erro combinado (% saída nominal): 0,05

Repetibilidade (% saída nominal): 0,05

Resistência de entrada (ohms): 390

Resistência de saída (ohms): 350

Temperatura de operação (ºC): 5-70

Sobrecarga segura (%): 200

Sobrecarga última (%): 300

Voltagem de excitação (V): 10

Razão de entrada (mv/V): 1,5

3.1.4 Sensor LVDT

O sensor LVDT utilizado neste trabalho é do modelo SI-706 da

SYSCON, e, segundo seu fabricante Syscon Instruments (201-?) e também

segundo o fabricante do tribômetro pino-disco usado nesse trabalho, Magnum

Engineers (2014), ele tem um alcance de ± 2 mm, uma excitação de 1 V R.M.S

pra uma frequência de 4 kHz seinoidal. Sua temperatura de operação varia

aproximadamente de 10 ºC a 50 ºC.

24

3.1.5 Hardware de aquisição de dados

O hardware utilizado no projeto, o NI USB-6009 (ver Figura 14), é,

segundo National Instruments (201-?d), um dispositivo que oferece funções

básicas para aquisição de dados em medições portáteis e experimentos de

laboratórios acadêmicos, com conexão com o computador por meio de USB e

conexão com sensores usando terminais de parafusos.

Figura 14 – Módulo NI USB-6009

Fonte - National Instruments (201-?d)

25

Possui como principais características, segundo National Instruments

(2017):

8 entradas analógicas (14 bits, 48 kS/s), 2 saídas analógicas, e 13

canais que podem ser usados como entrada e saída de sinais

digitais.

Um contador de 32 bits.

Dimensões sem conectores: 63.5 mm × 85.1 mm × 23.2 mm

Dimensões com conectores: 81.8 mm × 85.1 mm × 23.2 mm

Peso sem conectores: 54g

Peso com conectores: 84g

Conector: USB serie B receptáculo

Temperatura de operação: 0ºC a 55ºC

Impedância da entrada analógica: 144 kΩ

Impedância da saída analógica: 50 Ω

Tensão de operação: ± 10 V

3.1.6 Software de driver

Neste trabalho, o software de driver usado é o NI-DAQmx versão

16.0.0 instalado num computador de sistema operacional Windows 7. É o

software de driver padrão para comunicação com hardwares de aquisição de

dados da National Instruments.

26

3.1.7 Software de aquisição de dados

O software de aplicação para o desenvolvimento do programa é o

LabVIEW 2014, versão estudantil, da National Instruments, instalado num

computador de sistema operacional Windows 7.

3.2 Metodologia

O projeto consiste no desenvolvimento de um programa para a

aquisição de dados de sensores (termopar, célula de carga e LVDT) de um

tribômetro pino-disco localizado no Laboratório de Triblogia e Dinâmica da

UFRN. O programa foi desenvolvido em LabVIEW o usuário modifica os

parâmetros, visualiza os resultados e controla os funcionamento do sistema por

meio do painel frontal do programa, como pode ser visualizado na Figura 15.

Figura 15 - Aba de início do programa

27

Na Figura 14, é exibido a tela inicial do programa, com a aba de início

falando sobre o que são os parâmetros de operação a esquerda. O usuário

deve colocar as informações necessárias para o correto funcionamento,

conforme informado na aba inicial, e tem também a possibilidade de

interromper o programa quando desejar e de salvar os dados aquisitados de

todos os sensores numa planilha do Microsoft Excel ou em formato txt, salva

num diretório a sua escolha.

Nas abas Temperatura, Força e Deslocamento, são exibidos os dados

de aquisição do termopar, com um indicador da última medição realizada, e um

indicador da média das últimas X medições realizadas. Esse valor X é

escolhido pelo usuário, conforme a conveniência, para que possa facilitar a

análise dos dados com uma análise da média aritmética, pois por diversas

razões os valores podem variar na medição. Também é perceptível a

existência de um gráfico da unidade da aba em função do tempo desde o início

da execução do programa. Na aba Temperatura, como visto na Figura 16, há

uma barra indicadora da temperatura que ajuda a visualização, simulando um

termômetro de mercúrio.

Figura 16 – Aba de medição de temperatura

28

Nas abas Força e Deslocamento, além dos elementos já mencionados,

existe o botão “Tarar medição”, que serve para indicar a situação de 0 N e

0mm, respectivamente, para que a medição aconteça em cima de um valor de

referência. As abas podem ser vistas nas Figuras 17 e 18.

Figura 17 – Aba de medição de força

Figura 18 – Aba de medição de deslocamento linear

29

Também existe a aba “Todos os sensores”, que serve para que o

usuário possa visualizar todos os dados aquisitados de uma só vez,

representados em gráficos apontando cada uma das medições em função do

tempo e um indicador da média das últimas X medições.

Figura 19 – Aba de exibição da medição de todos os sensores

O diagrama de blocos, o código do programa propriamente dito na

linguagem G, foi criado usando uma estrutura de repetição principal While, que

faz com que o programa rode até que a condição de parada seja atingida,

sendo ela o tempo máximo atingido ser alcançado ou o botão Parar ser

pressionado pelo usuário.

Figura 20 – Estrutura de repetição While

30

O programa também fez uso de shift registres, que armazenam um

determinado valor para que possa ser utilizado posteriormente, no ato de tarar,

de modo que o valor correspondente a 0 seja usado sempre como referência.

Também foi utilizada estruturas case, para quando se faz necessário que o

usuário escolha quando determinado comando será necessário ser acionado

ou não.

Figura 21 – Estrutura Shift Register

Figura 22 – Estrutura Case

Essas estruturas de repetição aliadas com elementos com outras

funções e constantes foram a base para a montagem do projeto. A visão

completa do diagrama de blocos desenvolvido se encontra em Anexos.

31

4 Resultados e discussões

Para a validação dos resultados, foram primeiramente realizadas

calibrações dos sensores no programa e posteriormente executadas medições

dos parâmetros medidos de cada sensor para que houvesse comparações

entre os resultados das medições previstas nas calibrações e das obtidas no

ensaio de validação.

A calibração do sensor de célula de carga foi realizada com pesos

padrões de 0,5 kg, 1 kg e 2 kg, juntamente com a bandeja de apoio de 0,24 kg,

encontrados no Laboratório de Tribologia e Dinâmica da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte (UFRN). A calibração do sensor de deslocamento

LVDT foi executada com folhas de papel de 0,074 mm de espessura e a

calibração do sensor termopar usou um termômetro de mercúrio para auxiliar

na aferição da temperatura medida.

Figura 23 – Obtenção de resultados com o programa em funcionamento

32

É possível perceber com os resultados da Tabela 2 que o sensor de

célula de carga apresentou bons resultados em relação a aqueles previstos

pela calibração no programa. A diferença absoluta entre os valores apresentou

como valor máximo 3,17 N, numa medição de uma massa que teve um erro

percentual de apenas 2,64%. Em termos de erros percentuais, a maioria exibiu

valores inferiores a 10%, com exceção dos primeiros valores que, com a

margem da diferença absoluta girando em torno de 2, fizeram com que o erro

percentual fosse elevado em relação aos demais. Na Figura 24 foi exposto um

gráfico de valores obtidos por valores esperados, que mostrou uma linha de

tendência linear bem clara, com a equação de correção de calibração do

sensor exibida abaixo. Outro indicativo da qualidade dos resultados é o valor

elevado do r-quadrado, bem próximo de 1, como se vê na Figura 24.

Tabela 2 – Resultados célula de carga

Massa medida (kg) Valor esperado (N) Valor obtido (N) Diferença Erro (%)

0 0 0 0 0,00

0,24 2,35 4,74 2,38 101,16

0,74 7,26 9,20 1,95 26,80

1,24 12,16 12,49 0,33 2,68

1,74 17,07 16,55 0,52 3,04

2,24 21,97 23,40 1,43 6,49

2,74 26,88 25,33 1,55 5,76

3,24 31,78 30,48 1,30 4,10

3,74 36,69 36,12 0,57 1,55

4,24 41,59 40,55 1,04 2,51

4,74 46,50 45,59 0,91 1,96

5,24 51,40 51,45 0,05 0,09

6,24 61,21 62,66 1,45 2,36

7,24 71,02 72,44 1,42 1,99

8,24 80,83 81,65 0,82 1,01

9,24 90,64 92,17 1,53 1,68

10,24 100,45 101,49 1,04 1,03

12,24 120,07 123,24 3,17 2,64

14,24 139,69 141,15 1,46 1,04

16,24 159,31 160,76 1,45 0,91

18,24 178,93 180,45 1,52 0,85

20,24 198,55 201,36 2,81 1,41

33

Figura 24 – Gráfico de resultados de medição de força

É possível perceber com os resultados da Tabela 3 que o sensor de

deslocamento LVDT apresentou bons resultados em relação a aqueles

previstos pela calibração no programa. A diferença absoluta entre os valores

apresentou como valor máximo de 0,008 mm, em medições de erros

percentuais de apenas 1,54% e 1,20%. Em termos de erros percentuais, todos

exibiram valores inferiores a 7%, tendo o maior deles um erro de 6,76% e como

segundo maior apenas 1,80%.

Na Figura 25 foi exposto um gráfico de valores obtidos por valores

esperados, que mostrou uma linha de tendência linear bem definida e

homogênea, com a equação de correção de calibração do sensor exibida

abaixo na Figura. O valor de r-quadrado apresentado é aproximadamente igual

a 1, sendo outro indicativo da qualidade dos valores obtidos. Tais resultados se

mostraram muito satisfatórios, principalmente levando em consideração que o

sensor de deslocamento linear LVDT é bastante sensível a variações e exige

uma boa exatidão principalmente para a aplicação na área da tribologia, cujas

rugosidades chegam a ser microscópicas.

y = 0,9881x + 0,0505

R² = 0,9996

0

50

100

150

200

250

0 50 100 150 200 250

Val

or

esp

erad

o (

N)

Valor obtido (N)

34

Tabela 3 – Resultados sensor LVDT

Valor esperado (mm) Valor obtido (mm) Diferença Erro (%)

0,000 0,000 0 0,00

0,074 0,069 0,005 6,76

0,148 0,146 0,002 1,35

0,222 0,218 0,004 1,80

0,296 0,293 0,003 1,01

0,370 0,367 0,003 0,81

0,444 0,440 0,004 0,90

0,518 0,510 0,008 1,54

0,592 0,587 0,005 0,84

0,666 0,658 0,008 1,20

0,740 0,735 0,005 0,68

Figura 25 – Gráfico de resultados de medição de deslocamento linear

y = 1,0068x + 0,0018

R² = 1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Val

or

esp

erad

o (

mm

)

Valor obtido (mm)

35

Pode-se ver com os resultados da Tabela 4 que o sensor de

temperatura termopar apresentou resultados relativamente próximos em

relação àqueles previstos pela calibração no programa. A diferença absoluta

entre os valores apresentou como valor máximo de 5°C, em medições de erros

percentuais de 25%. Em termos de erros percentuais, nos intervalos de 0°C a

5°C e de 30°C a 35°C, foram obtidos resultados iguais aos esperados, com um

erro de 0%, mas os resultados entre 5°C e 25°C apresentaram valores que

divergem consideravelmente do esperado.

As dificuldades em se conseguir resultados tão precisos no sensor

termopar do que nos outros sensores, célula de carga e LVDT, se deve, entre

outras razões, ao fato de que o módulo NI USB-6009 não é indicado

especialmente para a medição de temperaturas utilizando o termopar, já que

este apresenta uma diferença de voltagem com sua mudança de temperatura

cuja resolução do módulo não atende com grande exatidão. Apesar disso, com

resultados acima de 25°C, foram atestados valores praticamente iguais aos

esperados, o que é muito bom, pois a temperatura de operação do dispositivo

pino-disco, geralmente é numa faixa de temperatura elevada.

Tabela 4 – Resultados sensor termopar

Valor esperado (°C) Valor obtido (°C) Diferença Erro (%)

0 0 0 0,00

5 5 0 0,00

10 7 3 30,00

15 11 4 26,67

20 15 5 25,00

25 23 2 8,00

30 30 0 0,00

35 35 0 0,00

36

Figura 26 – Gráfico de resultados de medição de temperatura

Na Figura 26, foi exposto um gráfico de valores obtidos por valores

esperados, que mostrou uma linha de tendência linear não tão bem definida

como nas Figuras 24 e 25, assim como o valor do r-quadrado mais distante de

1 do que os demais. Resultado esperado, tendo em vista os resultados da

Tabela 3, com a equação de correção de calibração do sensor exibida abaixo

na Figura 26.

y = 0,9683x + 2,2487

R² = 0,9729

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Val

ore

s es

per

ado

s (°

C)

Valores obtidos (°C)

37

5 Conclusões

Neste trabalho, realizou-se o desenvolvimento de um software para

aquisição de dados de sensores em ensaios tribológicos. Foi desenvolvido um

aplicativos executável usando o LabVIEW de modo que o usuário tenha

condições de interagir com o programa e escolher as condições da aquisição e

visualização dos resultados.

Como meio de validar o uso deste programa, foram realizadas

calibrações de sensores presentes num tribômetro pino-disco: o termopar, a

célula de carga e o sensor de deslocamento LVDT. Após as calibrações, foram

executados ensaios para comparar as leituras obtidas pelo programa com as

leituras esperadas, expostas em tabelas e gráficos.

Com o fim das leituras de validação, foi constatado que os resultados

obtidos têm correspondência com os esperados pela calibração, apresentando

uma pequena margem de diferença absoluta entre os valores, de modo que a

diferença percentual entre o obtido e o esperado é majoritariamente aceitável

para os três sensores experimentados.

Para trabalhos futuros, sugere-se que o programa seja testado para o

uso em outros experimentos tribológicos e em outras áreas da engenharia

mecânica, podendo ser agregadas novas funcionalidades e ferramentas ao

projeto já desenvolvido, como a geração automática de relatórios de medição

com valores de média e desvio padrão dos resultados, a exportação dos dados

aquisitados para outras plataformas além do Excel, a possibilidade do usuário

salvar a figura dos gráficos em um formato de imagem como JPEG ou PNG e a

inicialização do software por meio do hardware, bem como a possibilidade da

execução de uma calibração automática feita pelo aplicativo para qualquer

sensor, uma vez que neste trabalho foi realizada uma calibração específica dos

sensores encontrados no tribômetro utilizado.

38

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41

7 Anexos

ANEXO A – Diagrama de blocos do programa:

42

43