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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade física adaptada e saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
DEFICIÊNCIA FÍSICA
DESENVOLVIMENTO MOTOR E APRENDIZAGEM DE HABILIDADES MOTORAS
INTRODUÇÃO
A educação do portador de deficiência física requer cuidados e atenções especiais. Para
tanto, é importante para as pessoas que lidam direta ou indiretamente com esta problemática, que
entendam o sentido da relação pedagógica, como processo de interlocução entre professores e
alunos, na busca da produção e assimilação crítica do conhecimento.
A seguir, analisaremos procedimentos relativos ao processo de organização de aulas, bem
como dos objetivos que devem direcionar o planejamento.
Na elaboração de uma aula ou atividade com pessoas portadoras de deficiência, é preciso
ter em mente que, apesar de sua limitação, podem ser desenvolvidas potencialidades. Cabe ao
professor respeitar as barreiras que lhe são impostas pela estrutura do corpo ou pelos
comprometimentos decorrentes das características que o portador de deficiência apresenta.
Poderão ser utilizados jogos e brincadeiras diversas, entretanto, o professor não deve
alimentar no aluno expectativas em torno de um eventual sucesso ou, quem sabe, de uma
probabilidade de rendimento absoluto, logo de início. Da mesma forma que deve ter cautela nas
atividades propostas, para que não ultrapasse os limites do aluno de forma brusca e instantânea.
Caso isso ocorra, o MEDO e a INSEGURANÇA, obstáculos a serem superados, tornar-se-iam
companheiros inseparáveis dos participantes do processo educativo.
São questões das quais devemos refletir tendo em vista a ação pedagógica no
planejamento da aula para portadores de deficiência física:
- Quais as limitações impostas pela deficiência?
- Quais as atividades que proporcionam mais alegria, prazer e motivação?
- Que materiais são os mais adequados?
- Que objetivo deve ser alcançado?
- Qual o nível intelectual e motor da criança/adulto?
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- Quais as atividades que oferecem riscos?
- Qual o nível de adequação do espaço físico à atividade?
É importante traçar paralelos entre o universo dos portadores de deficiência e o dos não-
portadores de limitação física. A partir daí, novos caminhos poderão surgir como alternativas a
serem utilizadas, de modo a favorecer os avanços que se fizerem necessários. Questões como
PRECONCEITO, EGOÍSMO, MEDO E INSEGURANÇA irão nortear a execução do planejamento
das atividades.
Assim, surge a questão principal:
• que atividades físicas ou esportivas poderão ser praticadas pelos portadores de deficiência
física?
Quase todas as atividades físicas ou esportivas poderão ser praticadas pelos portadores de
deficiência física, desde que, se necessário, sejam adaptados às suas limitações e características
materiais, equipamentos e regras. Vejamos alguns exemplos: ginástica geral (com e sem
aparelhos), futebol (praticada principalmente pelos amputados e paralisados cerebrais), atletismo,
basquete em cadeira de rodas, atividades aquáticas (a natação é a mais utilizada), dança, voleibol
(sentado ou de pé), tênis de mesa, tênis de campo, halterofilismo, arco e flecha, tiro, hipismo,
esgrima, maratona, peteca, entre outras.
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DOS ESPORTES NA RELA ÇÃO PEDAGÓGICA COM
AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA.
Os objetivos que orientam a prática pedagógica da Educação Física e/ou dos esportes
neste contexto constroem-se a partir das limitações e potencialidades individuais do aluno, bem
como de sua relação com as atividades propostas.
As perspectivas oferecidas pelas atividades propostas numa aula devem sugerir:
- oportunidade de novos movimentos
- lazer e recreação
- oportunidade de competição
- auxílio na terapia
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- interação com novas pessoas
- aprendizagem de novos jogos.
Para a formulação dos objetivos que norteiam o planejamento da ação educativa, são
citados:
1. integração consigo mesmo e conseqüente eliminação ou minimização de barreiras com o
seu “eu próprio”;
2. contato e confronto com outras pessoas, deficientes ou não;
3. desenvolvimento de potencialidades;
4. vivência de situações de sucesso, possibilitando a melhoria do processo de auto-
valorização e auto-confiança;
5. combate ao sedentarismo;
6. melhoria das condições organo-funcionais, envolvendo os aparelhos circulatório,
respiratório, etc.;
7. aprimoramento das qualidades físicas (resistência, força, velocidade, etc);
8. desenvolvimento de habilidades físicas (coordenação, ritmo, equilíbrio, ec);
9. alegria e prazer pela realização da atividade física/esporte;
10. possibilidade de acesso à prática do esporte como lazer, reabilitação e competição;
11. desenvolvimento da autonomia e da independência locomotora na cadeira de rodas (tocar
a cadeira em vários ritmos, direções e formas);
12. estímulo às funções do tronco e membros superiores;
13. adaptação dos movimentos de acordo com as limitações;
14. prevenção e deficiências secundárias;
15. estímulo à superação, frente a situações de frustação.
ATIVIDADES ESPORTIVAS PARA A PESSOA PORTADORA DE DE FICIÊNCIA FÍSICA
Dentre os esportes mais praticados no Brasil estão:
Natação
Basquetebol em cadeira de rodas
Atletismo
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Futebol de paralisados cerebrais e amputados
Tênis de mesa
NATAÇÃO
A natação oferece a muitos tipos de deficientes físicos, na maioria das vezes, a única
possibilidade de se movimentarem sozinhos, independentes do auxílio de outra pessoa ou de
qualquer instrumento como: perna ou braço mecânico (prótese), bengala, muletas ou cadeiras de
roda (órtese).
Além da sensação de liberdade, destaca-se ainda a importância da água sobre o
organismo no que se refere ao sistema de regulação de calor e aos aparelhos circulatório,
respiratório e locomotor (melhoria da função dos músculos e articulações funcionais do
deficiente).
Quanto ao sistema de regulação de calor, obtém-se através da temperatura da água, maior
resistência do organismo às intempéries do meio-ambiente, evitando-se resfriados, pneumonias,
etc.
Os exercícios na água melhoram a irrigação da musculatura do coração, fortalecendo-a, de
modo a tornar a atividade do aparelho circulatório mais eficiente.
A pressão da água no tronco e abdômem possibilita o aumento do volume e da elasticidade
da caixa toráxica e o exercício correto da respiração. Assim, evita o aparecimento de
determinadas enfermidades e trata de doenças respiratórias como a asma, a bronquite, etc.
As propriedades da água (viscosidade, empuxo, eliminação quase total da gravidade)
propiciam execução mais fácil de movimentos, melhoria da resistência muscular pela
movimentação ativa, educação e reeducação de movimentos, relaxamento muscular e melhoria
do equilíbrio postural, pela correção, contribuindo para o desenvolvimento geral da motricidade e
da força muscular.
Para ensinar uma pessoa portadora de deficiência física a nadar, deve-se ter em vista a
limitação que ela apresenta e sua experiência na água. Alguns cuidados para orientar a ação
educativa também devem ser tomados:
- existem vários tipos de deficiência física, e, mesmo quando aparentam ser semelhantes,
precisam ser encaradas de forma diferenciada;
- deve-se observar o aluno muito mais pela potencialidade que pode desenvolver do que
pela deficiência que apresenta;
- o conhecimento da deficiência apresentada pelo aluno é importante, sendo fundamental
saber se existem exercícios que não são indicados para algum tipo de deficiência;
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- é imprescindível conhecer as experiências anteriores do aluno na água.
Alguns princípios devem ser enfatizados:
- todos os alunos são diferentes
- as experiências individuais não são iguais
- as limitações e potencialidades são específicas de cada um.
Ao elaborar um programa de natação para as pessoas portadoras de deficiência física, é
necessário definir com clareza os objetivos a serem alcançados, no que se refere à terapia,
recreação e competição. Na terapia a natação é utilizada como fator de reabilitação. No campo do
lazer e da recreação, como forma de divertimento e prazer. Na competição, como meio de se
obter premiação. Na natação competitiva, o atleta deve ser classificado de acordo com suas
potencialidades. Para isto, existe o sistema de classificação funcional da natação.
São procedimentos pedagógicos necessários para o desenvolvimento de uma boa aula de
natação:
PRIMEIRA FASE: Adaptação e segurança na água.
- exercícios passivos e ativos na água;
- formas de entrada e saída da água;
- adaptação da água no rosto;
- flutuação;
- pequenos mergulhos;
- pequenos deslocamentos, etc.
SEGUNDA FASE: domínio e deslocamento seguro na água.
- controle do corpo sobre e sob a água;
- deslocamento sobre a água;
- perfeito controle da respiração;
- controle de rotações (ventral, horizontal);
- domínio de pelo menos um estilo, etc.
TERCEIRA FASE: Aprendizagem da técnica e do estilo.
- desenvolvimento de exercícios educativos
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- utilização da demonstração como forma de aprendizagem do estilo;
- treinamento do estilo.
Obs: A escolha do estilo depende principalmente do comprometimento da lesão.
NORMAS DE SEGURANÇA NAS AULAS DE NATAÇÃO
- realização de exame médico para diagnosticar problemas orgânicos e de pele, entre
outros;
- realização de uma avaliação funcional para diagnosticar as potencialidades dos alunos;
- arquitetonicamente ser uma piscina que facilite a entrada do deficiente na mesma e com
corrimão em torno das bordas ou em locais estratégicos;
- conhecimento e eliminação das barreiras arquitetônicas (locais escorregadios, retirar da
borda da piscina materiais que ofereçam riscos como muletas, bengalas, cadeiras de roda,
etc);
- utilização de flutuadores sempre ao alcance do deficiente com facilidade;
- observação dos alunos com falta de sensibilidade, para evitar queimaduras e escoriações;
- observação permanente dos alunos portadores de epilepsia e convulsões.
ATIVIDADES NA ÁGUA
Efeitos Fisiológicos
- temperatura da pele = 33,5 C;
- temperatura da água = 28 a 31 C podendo, em casos mais graves, ser mais elevada;
- aumenta o metabolismo;
- melhora a circulação;
Efeitos terapêuticos
- alívio da dor e dos espasmos musculares;
- relaxamento;
- manutenção ou aumento do arco de movimento;
- re-estimulação de músculos atrofiados;
- fortalecimento dos músculos e desenvolvimento de sua força e resistência;
- melhora das atividades funcionais da marcha;
- aumento da circulação (e assim da elasticidade da pele) ;
- reforço da moral do paciente pelas atividades recreativas;
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- desenvolvimento da auto-confiança e independência;
- execução de movimentos pela diminuição dos efeitos da gravidade.
BASQUETEBOL EM CADEIRA DE RODAS
Sua origem vem das atividades esportivas praticadas pelos mutilados da segunda guerra
mundial, como forma de lazer. Com o tempo algumas regras foram sendo adaptadas e várias
equipes se formaram.
Este esporte é praticado pelo mesmo número de jogadores do basquete convencional
(cinco jogadores de cada lado), divididos e classificados pelo nível de lesão e pela potencialidade
que apresentam. O tempo de jogo, o valor das cestas e dos laterais também correspondem aos
do basquete convencional, prevalecendo a tabela de tamanho normal. As cadeiras devem
obedecer, na sua estrutura, a determinadas regras específicas, conforme consta no livro de
regras.
ATLETISMO
Assim como o basquete, o atletismo necessita algumas adaptações tanto nas regras
quanto no material a ser utilizado pelos portadores de deficiência física. As regras seguidas são
as da Federação Internacional de Atletismo.
Os materiais adaptados são cadeiras de roda em forma de triciclo, que dão maior
velocidade e estabilidade ao atleta na pista.
Nas provas de campo (arremesso e lançamento) são utilizadas cadeiras sem roda, fixadas
no solo.
O atletismo é a modalidade de esportes que oferece maiores opções para todos os tipos de
deficientes.
OUTROS ESPORTES
O futebol pode ser praticado por pessoas amputadas, que usam suas muletas para auxiliar
seus passes no desenvolvimento do jogo, como também pelos paralisados cerebrais. Neste caso,
as regras são as mesmas do esporte convencional.
Já o tênis de mesa pode ser praticado pelo paraplégico, tetraplégico e por alguns
amputados, com a finalidade de lazer ou de competição.
No Brasil, o esporte praticado por portadores de deficiência física encontra-se organizado
por entidades relacionadas ao tipo de deficiência, tais como: ABRADECAR (Associação Brasileira
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de Desporto em Cadeira de Roda), ABDA (Associação Brasileira de Amputados) etc. As
associações municipais são filiadas às entidades nacionais.
De quatro em quatro anos, logo após as Olimpíadas mundiais, são realizadas, no mesmo
local, as Para-Olimpíadas, das quais participam todos os tipos de deficientes, que obtiveram as
melhores colocações nas competições realizadas em seus países.
METODOLOGIA
A imagem que temos dos portadores de deficiência física é de pessoas indefesas,
desmotivadas e dependentes, porém isso é um estereótipo que devemos combater. As PPDF,
dentro das suas limitações, são extremamente capazes de realizar diversas tarefas. Quando são
motivado e estimulados de maneira adequada e de diversas formas, eles rendem além do
esperado e fornecem respostas simples, precisas e específicas aos desafios dados a eles.
Através da prática de atividade física e esportes, além de construir um meio de evitar o
tédio, a pessoa portadora de deficiência física estimula o movimento do corpo, dos seus órgãos e
busca o equilíbrio orgânico geral indispensável para a sobrevivência do homem. Além disso,
estimula o aspecto sócio-afetivo, o domínio cognitivo e o seu potencial psicomotor, todos
deficitários e prejudicados pela deficiência. Por isso, os objetivos das atividades nunca devem ser
eminentemente motores, sendo esses três domínios estimulados ao mesmo tempo, dentro das
atividades.
Realizar tarefas por eles, protegê-los demasiadamente, não vai ajudá-los em nada. O que
devemos fazer é permitir e fornecer subsídios para que eles, de alguma forma, se descubram e
busquem soluções para as tarefas e os problemas do dia-a-dia.
Os PPDF podem se relacionar bem com qualquer pessoa, principalmente com aqueles que
os entendem. E para entendê-los não é preciso pré-requisitos, e sim tratá-los da mesma forma
como tratamos qualquer outra pessoa: sem distinções, pena ou protecionismo, e sobretudo
acreditando em suas potencialidades.
Para que a atividade física alcance realmente números significativos e cumpra seu papel
na formação do PPDF é necessário que ela seja facilitada no seu acesso, no material, e
incentivada desde cedo. E a atividade física para essa população deve ter fins formativos,
voltados ao desenvolvimento, e não pragmática, como percebemos na maior parte das vezes.
Para a prática, o aluno deve estar seguro perante a turma. Devido às defasagens que
possui fisicamente e que não podemos ignorar, ele sente dificuldades em realizar certas
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atividades com o seu corpo. Por isso, é preciso haver um entrosamento por parte do professor
com as dificuldades cinestésicas do aluno, e ter uma dimensão real do nível dessas desordens
motoras.
É preciso também que haja persistência e motivação no trabalho com o PPDF, já que são
muitos os obstáculos. A motivação é um agente psicológico transformador que de estar presente
e ser constante, tanto no professor quanto no aluno, para despertar a participação e atrair o
interesse dos alunos para uma conseqüente mudança de atitude, que lentamente vai propiciar um
clima adequado para a aprendizagem.
APRENDIZAGEM MOTORA E CAPACIDADE DE RENDIMENTO
Rizzo refere-se à aprendizagem como a capacidade do indivíduo em receber, interpretar,
analisar e reagir corretamente aos estímulos que agem sobre ele, interna ou externamente. A
percepção do movimento, sua análise e fixação na área da memória, dando como resposta uma
execução mais perfeita do movimento, faz com que o processo se adapte dentro de um circuito
fechado.
O “circuito fechado” da aprendizagem motora
ANÁLISE CONSERVAÇÃO MEMORIAL
PERCEPÇÃO EFETUAÇÃO DO MOVIMENTO
(Rizzo)
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Shoot, outro autor que dissertou sobre o assunto, enfatiza que a educação física para a
criança deficiente exige trabalho diferenciado, específico e intencionado, e seu ensinamento se
orienta principalmente na transitória capacidade de seu rendimento. Para esquematizar a
capacidade de rendimento, Shoot cita quadro de Breil:
Capacidades psíquicas
Capacidades físicas Possibilidades de rendimento
Ganhos
Capacidade de rendimento
Emoções Esforços para obter
Circunstâncias
Motivos rendimento exteriores
Afetos
Atitude ante Tipo de trabalho
resultado Condições de trabalho
Meio
Motivação Disposição para alcançar
Vontade rendimento
Finalidades Rendimento
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(Breil)
Existem também outras reações em cadeia que acabam por prejudicar o rendimento. A não
correção de um estímulo ou a sua aplicação em momento indevido implica no erro de
assimilação, que é dessa forma armazenado em nosso compartimento de memória a curto prazo.
Quando essa informação precisa ser transferida para qualquer outra situação da vida de relação,
vai ser apresentada da mesma forma errada pela qual foi assimilada anteriormente. O erro logo
se tornará transparente e o aluno se desmotivará e, conseqüentemente, diminuirá seu
rendimento.
Estímulo não corrigido Memória cinética Armazenamento
Transferência
para outras situações
Diminuição do rendimento Desmotivação Erro
(Rosadas)
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Outro exemplo ocorre quando o estímulo é muito complexo. Pela necessidade de acerto e
auto-preservação de sua imagem, o aluno com problemas entra em estado de super-excitação,
desgaste emocional e conseqüente diminuição de rendimento. O erro já é esperado, pois no início
do ciclo foi notado estímulo das expectativas individuais do executante.
Estímulo muito complexo Ansiedade pré-execução
Necessidade de acerto Autopreservação
Estado de supra-excitação
Erro esperado Diminuição de rendimento Desgaste emocinonal
(Rosadas)
Haider, também citado por Shoot demonstra que as modificações de atitude, se não
controladas, também interferem na capacidade de rendimento:
A = perturbação de rendimento por comportamento apático.
B = rendimento ótimo.
C = perturbação do rendimento devido a um estímulo emocional muito forte.
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(Haider)
Dentre os aspectos que podem interferir negativamente no sucesso de programas para
PPDF, os que mais necessitam de imediata transformação são: formas motivadoras, resistências
individuais e meio ambiente. Forças motivadoras podem ser proporcionadas pelas atividades que
despertem interesse, que correspondam ao desempenho do papel de cada um, que proporcionem
ajustamento, interação, integração e, conseqüentemente, participação ativa.
As resistências individuais são diminuídas no PPDF pelo seu fraco desempenho orgânico-
funcional, podendo ocorrer gripes, pneumonias, restrição respiratória, etc, prejudicando a
continuidade do programa, assim como fatores do meio, como carência sócio-econômica, briga
familiar, etc., podem dificultar também dificultar sua aderência e manutenção.
Transformar esses fatores é muito difícil, mas podemos tornar menos atuantes aqueles
mais difíceis de serem transformados, e neutralizar aqueles mais fáceis, facilitando assim o
processo de aprendizagem.
LIMITAÇÕES E CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS QUANDO DA PRÁTICA DE ATIVIDADE
FÍSICA PELOS PORTADORES DE RESTRIÇÕES FÍSICAS:
1-) Exames periódicos;
2-) Avaliações posturais periódicas, face a característica assimétrica imposta pelas lesões físicas
como as amputações, paralisias unilaterais, poliomielites, entre outras;
3-) Limitações de movimentos amplos e contatos com parceiros de atividades, pelo portador de
descalcificação óssea, passível de fraturas intermitentes;
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4-) Limitações na amplitude de movimentos articulares, pela paralisia cerebral espástica, rigidez e
distrofias musculares;
5-) Estados convulsivantes descontrolados;
6-) Limitações impostas pela distrofia muscular progressiva quanto a atividades mais intensas e
que exigem maior velocidade de transmissão sináptica;
7-) No uso das próteses, principalmente nos amputados, limitações afetivo-sociais referentes à
imagem corporal;
8-) Limitações articulares pela dor osteoarticular, no caso das leucemias linfocíticas;
9-) Limitações do movimento voluntário, conseqüência de paralisias cerebrais graves, com
quadros de tetraplegias, geralmente acompanhadas de espasticidade;
10-) Nos estados epiléticos do tipo psicomotor, por apresentar sérias alterações da conduta e, em
alguns casos, agressividade;
11-) Com os portadores de estados epiléticos durantes a prática física no meio líquido;
12-) Outras complicações de saúde, como hipertensão, obesidade, paralisia da bexiga, doenças
cardíacas, doenças respiratórias, etc.
ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS (AVC)
CONCEITO
Acidente Vascular Cerebral (AVC): é uma interrupção na circulação cerebral, levando a
lesão de células de áreas sensoriais e/ou motoras, deixando seqüelas correspondentes à área
lesada.
Muitas deficiências são causadas por lesões do sistema nervoso. Para entender o porquê é
necessário lembrar como ele funciona. Cada área do encéfalo controla uma função específica: a
audição, a memória e a visão, por exemplo, tendo cada uma , a sua localização certa. O cerebelo
coordena e facilita os nossos movimentos musculares.
O cérebro é como um computador que recebe e nvia mensagens para o resto do corpo
sobre o mundo exterior. Ele classifica um grande número de informações por segundo e envia
sinais a cada órgão, mostrando o que deve fazer. Tanto as mensagens que chegam ao cérebro
(via nervos sensoriais), como as instruções que ele envia às diversas partes do corpo (via nervos
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motores) , passam pelos nervos como pequenos impulsos elétricos. Qualquer desordem nos
neurônios pode resultar numa deficiência física.
O cérebro é um mecanismo intricado, extremamente dependente do fluxo sanguíneo
adequado. Qualquer interrupção maior da circulação sanguínea no cérebro geralmente resulta
num acidente vascular cerebral (AVC), vulgarmente chamado de “derrame”. O sinal físico do
acidente vascular geralmente é hemiplegia (paralisia total de um lado do corpo) ou hemiparesia
(paralisia parcial de um lado do corpo). Lembrando que o lado direito do cérebro controla o lado
esquerdo do corpo e vice-versa, qualquer lesão do lado direito do cérebro resultaria numa
hemiplegia direita (paralisia do lado direito do corpo).
Qualquer interrupção do suprimento sanguíneo ao cérebro geralmente é causada por uma
trombose cerebral, hemorragia ou embolismo. Uma trombose é um coágulo que se forma dentro
de um grande vaso sanguíneo do cérebro e que gradualmente diminui ou pára o suprimento de
sangue a uma determinada área. Uma hemorragia cerebral é a ruptura de um vaso sanguíneo,
geralmente uma artéria do cérebro, resultando numa hemorragia e num aumento de pressão na
área afetada do cérebro. Uma embolia cerebral é o resultado da entrada de um coágulo ou de
gordura na corrente sanguínea arterial, dentro do sistema circulatório, e que eventualmente se
localiza num vaso do cérebro, interrompendo então o suprimento sanguíneo à área irrigada por
esse vaso.
Alguns dos problemas que se pode observar em pacientes que sofreram um AVC são:
incontinência urinária e intestinal, perda parcial da memória, problemas psicológicos,
normalmente na forma de depressão. Algumas vítimas de AVC terão hemianopsia (perda da visão
de meio campo visual). Os hemiplégicos direitos tendem a perder metade do campo visual à
direita e os hemiplégicos à esquerda tendem a perder a metade do campo visual esquerdo.
Muitos pacientes aprendem a lidar com esse problema girando a cabeça. No entanto, na maioria
dos casos eles não podem fazer essa adaptação. Começa a haver uma certa negligência do lado
afetado. Por exemplo: eles podem não reconhecer seus prórpios braços e pernas como partes de
seus corpos.
Os pacientes após o AVC têm dificuldades em aprender novas situações e geralmente
terão problemas, generalizando as informações de uma situação à outra, mas normalmente são
capazes de lembrar situações familiares. Alguns pacientes apresentam instabilidade emocional e
mesmo a perda do controle emocional. Eles podem rir ou chorar sem razão aparente e
geralmente não existe uma relação óbvia entre o que está acontecendo no momento e a sua
resposta emocional.
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Apesar de haver sinais similares entre os pacientes que sofreram um AVC há também um
grande número de sinais não similares. Não há características comuns nos hemiplégicos direitos
ou nos sinistros. Entretanto, há sinais básicos que são claramente observados. Os hemiplégicos à
esquerda tendem a ter mais problemas de negligenciamento do que os hemiplégicpos à direita.
Eles tendem a ter mais dificuldades com as tarefas especiais e perceptuais e com a compreensão
e mesmo em interpretar os estímulos visuais provenientes do ambiente. Muitos tendem a ser
agressivos, impulsivos e relaxados em suas ações e com frequência, parecem desconhecer seus
déficits.
Os hemiplégicos à direita sofrem amis fasia (problemas com a linguagem). Muitas vezes os
pacientes têm problemas para falar, mas são capazes de compreender instruções que lhes são
dadas. Os hemiplégicos à direita tendem ser lentos, precavidos e algumas vezes desorganizados,
especialmente quando se lhes apresenta uma situação não familiar.
O AVC causa uma incapacidade marcante. Não é preciso dizer que ele não é fatal, mas as
lesões cerebrovasculares são a terceira causa mais comum de mortes nos EUA. Felizmente
alguns estudos mostram que há uma diminuição na quantidade de mortes entre as vítimas de
AVC, bem como um declínio também na incidência de AVC.
INCIDÊNCIA
A incidência exata do AVC é difícil de determinar. Estimativas indicam que numa amostra
populacional de um milhão de pessoas pode-se esperar encontar de 2000 a 2500 vítimas de AVC
a cada ano; desse total, aproximadamente 1000 morrerão após um mês. Novamente uma
estatística aproximada nos sugere que em cada 100 pessoas que sobrevivem ao AVC, ao redor
de 10 serão capazes de retornar a uma vida normal sem maiores lesões; 40 estarão gravemente
deficientes e necessitarão de aparelhos especiais e 10 necessitarão de tratamento especial. As
vítimas de AVC podem ser observadas em todas as faixas etárias; no entanto, a frequência
aumenta com a idade avançada e a incidência maior é observada nas pessoas entre 60 e 65 anos
de idade.
TRATAMENTO
Imediatamente após o AVC a preocupação maior é a sobrevivência do paciente. Os sinais
vitais devem estar estáveis e vários testes são feitos para diagnosticar o tipo de AVC que o
paciente sofreu, de modo que o tratamento possa ser começado imediatamente.O tratamento
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pode ter várias formas, entres elas estão a administração de medicamentos anticoagulantes, anti-
hipertensivos e algumas vezes cirúrgicos. A reabilitação de pacientes após o AVC, deve ser
iniciada o mais cedo possível, após o controle dos sinais vitais. A reabilitação é melhor realizada
por uma equipe de reabilitação, que deve contar com médicos, enfermeiros, terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta, especialista em recreação terapêutica, assistente social,
fonoaudiólogo, psicólogo, e em alguns casos um conselheiro vocacional.
Os movimentos ativos e passivos dentro de uma amplitude de movimentos possíveis,
devem ser iniciados logo após o AVC. Eles podem ser feitos com o auxílio do fisioterapeuta e
devem ser realizados no leito. Ao mesmo tempo, deve-se observar cuidadosamente a pele e
treinar o controle da bexiga e do intestino.
Tão logo seja possível, o paciente deve ser colocado na posição sentada e na cadeira de
rodas. Só assim ele pode orientar-se em relação ao ambiente e realizar adequadamente as
sessões de terapia.
O objetivo da equipe de reabilitação é tentar superar o máximo possível as funções
perdidas e treinar o paciente nas áreas deficientes. O treinamento deve ser feito nas atividades de
vida diárias, na função motora cognitiva / perceptual e em alguns casos, nas funções de
linguagem. Muitos pacientes não se recobram das perdas que sofreram e alguns continuam a
depender de aparelhos como cadeira de rodas, muletas, bengalas.
Às vezes ocorre alguma recuperação espontânea e é responsabilidade do fisioterapeuta
ajudar no treinamento e reintegrar a habilidade funcional que retornou. Se os membros
permanecerem flácidos por muito tempo após o AVC o prognóstico de um retorno à função é pior.
Se nenhum retorno motor voluntário acontecer num período de 3 a 4 semanas, o tratamento é
interrompido e outras técnicas são iniciadas, de modo a ensinar ao paciente a compensação pela
perda da função daquele membro.
IMPLICAÇÕES NO PROGRAMA
Na programação do tratamento do paciente após AVC não se pode comparar dois
pacientes hemiplégicos, e programas individuais de tratamento, com objetivos próprios devem ser
estabelecidos e modificados, se necessário. Os pacientes após AVC necessitam de muito
feedback do fisioterapeuta, para realizar qualquer atividade. O profissional precisa sempre
lembrar o paciente que sofreu um AVC de brecar sua cadeira de rodas, de desviar de coisas pelo
caminho quando estiver se locomovendo e de evitar as paredes, pois os hemiplégicos ficam um
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pouco absortos. Eles podem precisar usar cintos para mantê-los seguros em suas cadeiras.
Alguns esquecendo que não podem andar, tentam levantar-se da cadeira e caem, outros
escorregam da cadeira. Outros têm articulações dolorosas e subluxações (geralmente do ombro e
contraturas musculares).
Por causa desse problema o fisioterapeuta e o professor de Educação Física devem
trabalhar muito para melhorar a resistência e a força. Inicialmente, as atividades precisam ser
limitadas e gradualmente podem ser aumentadas em intensidade. Assim que a função muscular
começa a retornar para a perna, todas as suas funções tornam-se importantes. Os pacientes
podem começar a trabalhar inicialmente sentados e lentamente podem ser levados para a
posição a posição bípede com o auxílio de um andador ou outro aparelho. Os movimentos que
representam um “chute numa bola” são importantes em termos da reintegração das funções
neuromusculares na perna. Se o equilíbrio do paciente for bom, andar numa bicicleta de três
rodas é um excelente tratamento para o fortalecimento da perna, aumentando a sua amplitude de
movimentos e melhorando o movimento recíproco da outra perna.
Os membros superiores, como observado anteriormente, demorarão mais para melhorando
que os membros inferiores. As atividades iniciais geralmente enfatizam os movimentos motores
grosseiros e devem ser melhorar a força e a amplitude de movimentos. Se outros movimentos
surgirem, o paciente deve começar a realizar movimentos mais finos. Ao se trabalhar tanto com
os membros superiores quanto com os inferiores, especialmente naqueles pacientes que
negligenciam um lado do corpo é importante incluir atividades que façam com que o paciente
cruze a linha média do corpo em ambos os lados. Como regra geral, ao se tratar um paciente
hemiplégico, deve-se começar pelo lado afetado. Isso faz com que ele ajude a treiná-lo.
Muitas atividades ajudam no treinamento das habilidades motoras cognitivas/perceptuais e
na orientação espacial do paciente hemiplégico. Devem ser utilizadas as atividades que
requeiram a discriminação figura/chão, a análise da tarefa, a generalização do aprendizado e as
habilidades de fala. Inicialmente o paciente hemiplégico é muito distraído e precisa ser tratado
num ambiente calmo e sem ruídos, e somente com o terapeuta. Quando possível no entanto, o
paciente deve envolver-se em atividades mais sociais. Isso é importante, pois o paciente
hemiplégico tende a ficar isolado e ignorado.
Ao selecionar as atividades específicas para o paciente hemiplégico, o professor de
Educação Física e o fisioterapeuta devem sempre ter em mente a idade do paciente e o tipo de
atividade mais recomendável para seu caso e sua idade. Os terapeutas não devem se
desestimular quando os pacientes hemiplégicos apresentam-se depressivos ou com
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temperamentos inconstantes, pois isso é o processo normal das reações desse tipo de pacientes.
É preciso paciência quando se trabalha com as vítimas de AVC.
À medida que o paciente começa a atingir o retorno máximo de sua função e encaminha-se
para a alta, o fisioterapeuta deve esforçar-se para que ele se interesse por atividades que possam
ser feitas em casa.
EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS
Uma vez que o problema clínico característico na paralisia cerebral é uma deficiência do
controle motor, os exercícios terapêuticos tem por finalidade ajudar o indivíduo a adquirir ou
aprender novas capacidades motoras e a desenvolve-las até um nível funcional de desempenho.
O tratamento dos indivíduos com paralisia cerebral deve abranger a atenção profissional
não só para o crescimento e desenvolvimento físico, mas também para a destreza, a
personalidade, a capacidade cognitiva, as atitudes pessoais e sociais, as emoções e as
interações da família.
Todos estes fatores juntamente com os fatores da personalidade (amor próprio,
perseverança, relacionamento, capacidade da família para suportar, reforçar e conduzir um
regime terapêutico) devem ser considerados no programa total de cuidados terapêuticos. Muitas
vezes eles constituem determinantes potentes do conteúdo básico do programa, porque
modificam de forma significativa as condições sob as quais a aprendizagem pode ser mais bem
feita, bem como o nível final que se pode atingir.
Os exercícios terapêuticos são utilizados para fortalecer e estirar determinados músculos ou
grupos musculares e manter ou aumentar a amplitude de movimentos. Os exercícios para os
membros superiores, inferiores, região cervical e lombar podem ser ativos, ativos assistidos,
passivos e contra-resistidos. O tipo de exercício depende da intensidade da paralisia e das áreas
de envolvimento. O uso de exercícios terapêuticos deve ser autorizado pelo médico.
APARELHOS DE CORREÇÃO / APOIOS ARTIFICIAIS
Talas e suportes têm vez na ajuda ao deficiente físico. São úteis nma paralisia cerebral,
para superar as deformações musculares. A deformidade é corrigida pelo estiramento gradual dos
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músculos contraídos, que são mantidos em posição por três meses. Depois disso usam-se
indefinidamente talas ou suportes desmontáveis, para evitar que a deformação volte.
São feitos hoje em dia teclados especiais em computadores, com grandes teclas, de modo
que o deficiente possa usar as mãos em vez dos dedoos. Algumas crianças com paralisia
cerebral podem não falar, mas muitas pessoas que sofrem deste mal são brilhantes e possuem
excelente memória. Logo, elas podem dipsor de um computador com teclado em que figuras
representam palavras. Então, pressionando as figuras elas podem formar frases e se
necessário, um sintetizador de voz fala em seu lugar.
PARALISIA CEREBRAL
CONCEITO
Paralisia Cerebral é definida como uma lesão permanente no cérebro, particularmente na
área motora, o que leva a distúrbios do tônus muscular e, conseqüentemente, das funções
motoras. Por quase sempre vir acompanhada de outras disfunções, é muitas vezes considerada
uma deficiência múltipla. Sua classificação é feita segundo:
# a natureza do tônus muscular apresentado:
• espástico;
• atetóide;
• atáxico;
• flácido.
# a topografia dos membros afetados:
• monoplegia;
• diplegia;
• triplegia;
• quadriplegia;
• hemiplegia;
• dupla hemiplegia.
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# a gravidade do acometimento:
• leve;
• moderada;
• grave.
Esses indivíduos não podem ser generalizados porque normalmente apresentam situações
bem particulares, necessitando assim de uma avaliação mais criteriosa das capacidades e
habilidades motoras.
A paralisia cerebral é uma perturbação da função muscular que surge após uma destruição
ou uma ausência congênita dos neurônios motores superiores. Essa alteração frequentemente é
complicada pela ocorrência de convulsões, alterações do comportamento ou retardo mental.
PARALISIA CEREBRAL INFANTIL
As crianças podem adquirir ou nascer com uma série de problemas que resultam em
deficiência física, conhecidos como doenças congênitas. A paralisia cerebral infantil é um termo
genérico que designa diversos estados resultantes de lesões no cérebro na hora do nascimento
ou pouco depois, freqüentemente associada a tipos de retardamento mental, quando uma ou mais
partes do corpo ficam paralisadas. Ela produz espasmos musculares acentuados e rigidez. A
criança doente parece perfeitamente normal até começar a se mover ou se sentar. Às vezes, a
paralisia cerebral provém de dificuldades de parto. Se o bebê ficar sem oxigênio por muitos
minutos, poderá perder neurônios essenciais que não serão repostos. Fraturas do crânio e
hemorragias cerebrais a elas associadas também causam paralisia cerebral, se não forem
operadas.
CAUSAS
Sabe-se que uma doença, lesão ou malformação das células do cérebro podem produzir
efeitos idênticos aos da paralisia cerebral. Desde que a sua causa exata é desconhecida, a
paralisia cerebral frequentemente é classificada pelo período da vida em que apareceu. Causas
diversas existem e são passíveis de acontecer, não importa em que idade.
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PRÉ-NATAL
1. Distúrbios funcionais da mãe, como hipertensão sanguínea, doença renal, diabetes,
que podem causar hemorragias ao cérebro da criança.
2. Incompatibilidade entre o ssangue da mãe e do feto – fator Rh.
3. Infecções nos primeiros meses da gravidez.
4. Doenças do plasma que causam desenvolviemnto anormal do cérebro.
NATAL(frequentes)
1. Lesão cerebral durante o parto, por trabalho de parto prolongado ou dificulatado, ou
qualquer outra alteração que leve à falta de oxigênio ao bebê por mais que alguns
minutos durante o parto;
2. Parto prematuro.
PÓS-NATAL (menos frequentes)
1. Doenças como a encefalite e tosse.
2. Oxigenação insuficiente no sangue, como um envenenamento gasoso.
3. Trauma, como AVC, tiros de revólver ou lesões-cranianas.
TIPOS DE PARALISIA CEREBRAL
Há sete tipos de paralisia cerebral, porém três são os principais, os quais serão descritos
abaixo: espástica, ateóide, e atáxica. As características de todos os grupos podem ocorrer juntas
numa só vítima.
• Espástica – a espasticidade ocorre em aproximadamente metade de todos os casos de
paralisia cerebral , é caracterizada por reflexos hipereativos e músculos flexosres
contraídos, o que produz um movimento duro e sem plasticidade. A deficiência mental
frequentemente está associada a esse tipo de paralisia cerebral.
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• Atetóide – a atetose é observada em ¼ de todos os casos e é caracterizada por
movimentos involuntários, incordenados e sem propósito com vários graus de tensão.
Esses movimentos fazem com que a pessoa se contraia constantemente. Os
movimentos extenuantes são menos graves quando o indivíduo está relaxado.
• Atáxica – A ataxia, um tipo menos comum de paralisia cerebral, é caracterizada pela
incoordenação da atividade ou função, ou ambas por causa do distúrbio do senso
cinestésico. O atáxico tem que se concentrar para não cair e sua marcha assemelha-se
àquela de uma pessoa intoxicada. Na maioria dos casos, o tônus muscular é fraco.
O grau de desenvolvimento na paralisia cerebral determina as capacidades do movimento
e a capacidade funcional. As ataxias são classificadas de acordo com as extremidaes afetadas:
Monoplegia - um membro
Paraplegia - membros inferiores
Hemiplegia - ambos os membros de um lado
Diplegia – envolvimento de ambas as pernas, com leve envolvimento dos braços
Triplegia – três membros, com frequência as duas pernas e um braço
Quadriplegia – quatro membros, as pernas geralmente espásticas e os braços discinéticos.
Embora a mentalidade dessas crianças possa estar afetada, a maioria tem inteligência
normal. Com educação e treinamento especial, elas podem tornar-se pessoas úteis para a
sociedade. Há uma discrepância óbvia nas pesquisas e dados sobre a paralisia cerebral com
retardo mental. A maioria dos prontuários médicos indica que de 35 a 50% das pessoas com
paralisia cerebral sõa intelectualmente deficientes. Mesmo aquelas com inteligência abaixo do
normal podem ser treinadas para trabalhar de alguma forma ou pelo menos cuidar de si próprias.
INCIDÊNCIA
O quadro geralmente aceito da incidência de paralisia cerebral ao nascimento é de 7 por
100.000 desse número estima-se que uma criança morre, duas são hospitalizadas e 4 necessitam
de tratamento especial.
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TRATAMENTO
O curso do tratamento depende da extensão da lesão cerebral, de sua natureza e da idade
em que se desenvolveu. As características físicas, emocionais e mentais de cada indivíduo
devem ser consideradas, pois existe uma diferença entre a idade cronológoica e a idade mental e
o desenvolviemnto físico da pessoa. A terapia deve ser iniciada precocemente, preferivelmaente
tão logo a alteração seja diagnosticada.
A integração sensório-motora é um novo conceito no tratamento de crianças com PC. A
criança é avaliada através de uma série de testes, feitos para detectar a natureza da disfunção
sensório-motora e visual-motora. Além dos testes padronizados, a observação clínica e o
julgamneto representam um papel importante na avaliação.
O tratamento para a PC geralmente combina técnicas de neuro-desenvcolvimento,
facilitação neuromuscular proprioceptiva e técnicas de integração sensório motora. A atividades
no colchonete que consistem em rolar, engatinhar e andar de joelhos ou de “quatro”. O tratamento
visa também uma melhora no equilíbrio, nas reações de endireitamento e nos reflexos primitivos.
A técnica de integração sensório-motora é relativamente nova e mais pesquisa é preciso
para certificar o seu valor real como tratamento de pessoas com PC.
Nenhum tratamento pode restaurar um cérebro lesado ao nascimento à sua função normal.
O objetivo da fisioterapia é a habilitação . Novos hábitos têm que ser estabelecidos ao invés de
substitutir suas funções preferidas. Os objetivos são treinar a potencialidade e capacidasde
restantes ao indivíduo e concentrar-se nelas, de modo a criar uma pessoa que seja útil e tão
adaptada quanto for possível.
Um objetivo importante é o tratamento das atividades de auto-higiene. Várias
especialidades, como ofisioterapia, a terapia ocupacional e a recreação terapêutica são utilizadas
visando uma melhora da função motora. Cada uma das especialidades pode complementar a
outra, motivando a criança a adquirir destreza nos movimentos.
A visão e a audição são examinadas e se necessários tratadas.
O treinamento da fala com freqüência é recomendado para permitir que a criança se faça
entender e para ddesenvolver o seu relacionamento com outras pessoas.
Os coletes e os splints são prescritos para pacientes para auxiliar na manutenção da
posição bípede e na marcha. Muitas das crianças com PC participam de atividades com o auxílio
de coletes e splints. Os procedimentos cirúrgicos dependem do tipo e da presença ou ausência de
contraturas. Os objettivos da intervenção cirúrgica são:
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1) diminuir os espasmos musculares através de procedimentos cirúrgicos nos nervos
motores.
2) Correção das deformidades e contraturas ortoarticulares ;
3) Restauração do equilíbrio muscular, pela equalização da força dos músculos
oponentes. O resultado final é a melhora do movimento articular.
4) Estabilização das articulações mal controladas através de processos cirúrgicos (por
exemplo: fusão). Uma artrodese ou uma osteotomia geralmente é usada para tratar alterações
estruturais incontroláveis do pé. Isso é feito com frequência quando a cirurgia de tecidos moles
falhar em manter o equilíbrio e a estabilização.
A educação representa um papel importante na habilitação total da criança e deve ser
enfatizada junto com outros aspectos de tratamento. Muitas metrópoles têm escolas especiais
para o portador de PC, enquanto outras têm clases e salas especiais dentro das escolas públicas.
O tratamento deve começar na escola maternal, se não mais cedo, e deve ser adapatado à
capacidade da criança de modo que ela se alegre ao conseguir o que se espera dela.
IMPLICAÇÕES NO PROGRAMA
O grau no qual a criança pode participar com sucesso depende da extensão de suas
deficiências fícas e mentais. Os fisiopterapeutas, os professores de educação física e os
terapeutas de recreação precisam programar atividades que tenham como objetivos superar as
incapacidades específicas da criança, inclusive:
1) As anormalidades no tônus (rigidez muscular e desequilíbrio);
2) Problemas de feedback sensorial (inabilidade em conhecer onde estão seus
membros no espaço);
3) Incoordenação do movimento. Muitas crianças com envolvimentos graves
necessitarão de aparelhos para assistência para compensar a falta de força e o
inadequado desenvolvimento neuromuscular. As crianças com hemiplegia podem ser
capazes de praticar esportes regulares com algum grau de sucesso.
As deficiências motoras e perceptuais são características comuns no paralítico cerebral.
Por isso, uma sequência de atividades motoras deve ser introduzida de modo a dar uma melhor
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destreza de movimentos. O professor de Educação Física e o fisioterapeuta devem enfatizar os
movimentos lentos e repetititvos, pois a criança precisa de treinamento paciente na realização de
destreza motora. Os músculos devem ser usados para funções novas e este treinamento deve ser
satisfatório ao invés de ser um processo frustante para a criança. As insuficiências perceptuais
podem ser documentadas, administrando-se o teste de desenvolvimento da percepção visual (test
frostig) e/ou teste de integração sensorial do Sul da Califórnia.
Sabendo-se que a maoria das crianças com PC são dispersivas, comparando-se com
crianças da mesma idades, várias atividades devem ser feitas e nunca se deve chegar ao ponto
de fadiga. Com frequência essas crianças tornam-se visualmente preocupadas com outros
estímulos que não a habilidade motora que necessitam realizar. Para evitar isso, as atividades
físicas devem ser feitas em um ambiente livre de diustúrbios visuais ou auditivos. Os espaço para
as atividades deve ser relativamenbte grande para permitir uma liberdade de movimentos.
Muito pouca informação tem sido documentada no que diz respeito ao planejmaneto do
programa para crianças com PC e que precisam de cuidados no que se refere às alterações
visuais e motoras. A incidência de lesões visuais e oculares nas crianças com paralisia cerebral
situa-se entre 60- 80%. O estrabismo é o defeito mais comum e ocorre en 40-50% dos casos. O
estrabismo é uma alteração onde os músculos extra-oculares não estão equilibrados, dessa
forma, os olhos não podem funcionar em uníssono. Outros problemas associados ao estrabismo
são: 1) um olho é mais usado do que o outro, resultando numa visão inadequada no olho usado
com maior frequência; 2) uma imagem dupla, resultante da ausência da fusão; 3) Problemas
emocionais.
Diversos tipos de estrabismo produzem efeitos diferentes nos olhos. O problema, com
freqüência, é corrigido antes que a criança vá à escola, mas nem sempre isso acontece.
As crianças estrábicas apresentam uma instabilidade distinta em distinguir um objeto de
seu fundo. O movimento do olho para seguir um objeto móvel também é difiícil para elas,
principalmente quando se quer seguir pequenos objetos móveis. Se o oftalmologista recomendar,
professor de Educação Física e o o fisioterapeuta podem auxiliar a fortalecer o olho fraco,
colocando um tampão no olho mais forte. O treinamento da coordenação motora-visual, é uma
specto importante do programa de educação física adaptada para o paralítico cerebral. As
atividadees de treinamento podem ser introduzidas enfatizando a fixação exata de alvos a
pequena, média, e grande distância. As crianças podem desenvolver sistemas eficazes para se
orientarem visualmente, usando ambos os lados do corpo para arremessar, empurrar e chutar
bolas nos alvos colocados, seja nas paredes e no chão, e que podem estar localizados a várias
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distâncias. É importante observar que o treinamento de percepçã o das posições do corpo,
como um ponto de referência a partir do qual os obj etos são localizados.
A função neuromuscular na aula de Educação Física depende do nível e da qualidade da
performance sensoriomotora da criança, do estado de seus reflexos posturais e de seu tônus
muscular. Apesar da gravidade nas lesões todo aluno integra a informação sensorial sobre o
ambiente, através da visão, tato e propriocepção. Essa integração fornece à criança a base para o
reconhecimento de seu corpo, a sua posição e o seu equilíbrio. É também a base para o
planejamento motor e para o desenvolvimento da forma e da percepção do espaço.
O método Bobath de tratamento de alterações neurológicas está se tornando uma forma
popular de terapia motora. O método é orientado para inibição da atividade reflexa anormal e a
facilitação do movimento automático normal. O tratamento do desenvolvimento neural é um
campo altamente especializado. Várias opiniões existem sobre a possibilidade do professor de
Educação Física ou do especialista em recreação terapêutica seguir este tipo de programa
durante as sessões de atividade física. Muitas autoridades concordam que a Educação Física e a
programação da recreação física devem focar duas áreas gerais:
1) estimular o desenvolvimento físico através da exploração dos segmentos do corpo;
2) enfatizar o crescimento psicossocial, em vez de se apoiar estritamente nos métodos de
desenvolvimento neural que elicitam movimentos desejados através da manipulação da
posição.
É imprescindível, no entanto que o professor de Educação física entenda alguns conceitos
básicos dessa técnica. Geralmente, a criança deve ser posicionada confortavelmenete de modo
que o controle de cabeça, tronco e pélvis preceda os movimentos dos membros. O
posicionamento postural adequado é importante pois facilita os padrões normais de movimento e
inibe os padrões reflexos posturais anormais. Os objetivos do programa, especialmente aqueles
que incluem várias formas de jogos e recreações, podem auxiliar a criança no desenvolvimento
psíquico-social, uma parte importante que pode evitar uma eventual perda da auto-estima.
Muitas crianças com envolvimento de moderado a grave necessitarão de alterações
estruturais para compensar a falta de força e o inadequado desenvolvimento neuromuscular.
Finnie fornece várias sugestões práticas para a estruturação do ambiente, de modo que a criança
com PC possa explorar confortavelmente as coisas ao seu redor, e começar a brincar. Ela sugere
que uma criança que tenha restrição de movimentos seja colocada numa tábua inclinada, pois
isso permite que a criança deite sobre o estômago, com a cabeça para cima e os braços para a
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frente, numa posição de uso funcional das mãos. A criança necessitará de auxílio e estímulos
contínuos dos membros da família para tocar, segurar e manipular os brinquedos.
As experiências com os movimentos para as crianças com PC são essenciais.
Normalmente com 6 e 7 anos a criança parece ter movimentação constante: correr com outras
crianças, lutar e brincar no playground. Infelizmente as crianças com PC, geralmente
apresentarão um movimento limitado, causado por vários graus de envolvimento motor. O
envolvimento com jogos deve ser estimulado, parcialmente pelos membros da família.
Muitas crianças com PC não aprendem somente com a curiosidade espontânea.
Consequentemente, elas necessitam de estímulos se suas habilidades cognitivas tiverem que ser
melhoradas.
Os programas de jogos de desenvolvimento e treinamento sensoriomotor podem ser
incorporados à recreação terapêutica e às atividades de Educação Física adaptada. Vários
objetos podem ser usados (como blocos de diversos tamanhos e texturas). Um triciclo é um
auxiliar excelente para estimular os músculos flexores e extensores do quadril e desenvolver os
padrões de reciprocidade nos membros inferiores. Por menos afetada que a criança esteja, uma
bola fixa com uma corda à cadeira de rodas da criança tem várias vantagens; por exemplo, uma
criança pode atirar um objeto no alvo e depois trazê-lo de volta. Isso incorpora habilidades de
integração bilateral.
Os hemiplégicos necessitam de uma consideração particular, pois as aulas de Educação
Físca, nas seções de competição normalmente os colocam em situações que requerem um
relacionamento normal com seus companheiros. A maioria dos hemiplégicos estão integrados
regularmente nas escolas, pois suas deficiências físicas, emocionais e intelectuais são tão
pequenas que o tratamento especial e as técnicas educaionais são desnecessários.
Os hemiplégicos têm paralisia ou fraqueza unilateral. Ocasionalmente, os reflexos
patológicos estão presentes no lado afetado. Um problema físico mais importante do membro
inferior pode ser a adução da perna ao nível da articulação, causando uma deformidade em flexão
do quadril. Os músculos da panturrilha geralmente são muito espásticos e os flexores dorsais do
pé geralmente são fracos, causando uma deformidade em flexão plantar do pé. Ocasionalmente,
uma órtese curta é usada até que a criança tenha o controle da dorsiflexão e eversão do pé.
No membro superior, as principais deficiências são a flexão do antebraço ao nível do
cotovelo, e a hiperextensão dos rotadores do antebraço e dos dos flexores do punho e dos dedos.
Ao avaliar uma criança muitas observações podem ser feitas durante uma sessão inicial de
Educação Física ou de Recreação Terapêutica. Por exemplo: a mão afetada é usada para
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segurar, ajudar, trasnferir, jogar auxiliar a mão dominatnte ou é completamente ignorada? Isto
também é um índicio da inteligência do paciente e sua cooperação, inteligência e motivação.
Ao selecionor as atividades para as crianças da escola elementar, os objetivos básicos são
a aventura e a competência social. As atividades com as duas mãos devem ser estimuladas tal
como transpor obstáculos. As habilidades locomotoras tais como pular e o saltar são boas para
ensinar ritmo e melhorar o equilíbrio. O chutar a bola é um treinamento excelente, pois a criança
tem que chutar a bola com o pé afetado, enquanto o pé não afetado apóia o seu peso, ou chutar a
bola com o pé não afetado equanto o outro apóia o seu peso.
O hemiplégico deve particpoar da aula de Educação Física e de esportes que estejam
dentro de sua capacidadee. Basquetebol, ciclismimo, equitação e bilhar são atividades que
estimulam o uso de ambas as mãos. Arremessar, chutar e segurar bolas grandes estimulam a
atividade bimanual e as reações de equilíbrio da perna afetada.
Cada indivíduo irá responder diferentemente a cada situação bimotora. Uma vez que a
criança atinge a idade escolar, programas devem ser providenciados de modo que o paralítico
cerebral possa participar com sucesso nas situações de grupo que estimulam o aprendizado, a
auto-expressão e a interação social da criança com outras.
1) Atividades altamente competitivas não são recomendadas. A excitação e a tensão
devem ser evitadas, pois os objetivos são de obter controle muscular voluntário em conjunção
às técnicas de relaxamento. Os padrões reflexos anormais geralmente são produzidos por um
barulho súbito, por stress, ou por um susto.
2) O sucesso inicial é importante. Simplifique a atividade de modo que a criança com
PC possa realizar a tarefa. Por exemplo: um jogo de argola pode ser ajustado na distância. Se
o indivíduo não puder segurar ou arremessar a argola, coloque o alvo sobre o pé e
simplesmente permita que ele deixe cair a argola sobre o alvo. Use argolas mais pesadas ou
mais leves, conforme a necessidade. Os padrões exagerados do reflexo de estiramento
frequentemente estão presentes. Em certas situações é preciso um professor de Educação
Física e/ou Fisioterapeuta para cada criança.
3) Os movimentos grosseirors livres que auxiliam na exploração de um movimento são
bem melhores do que aqueles que envolvem movimentos finos dos dedos. A perfeição da
habilidade não deve ser enfatizada, e sim o programa sem regras e regulamentos
complicados, onde a relação corpo-objeto-espaço é enfatizada. A criança espástica típica
mantém o punho e os dedos curvados por causa dos músculos flexores hipertônicos. É
importante não usar atividades que estimulem esse posicionamento da mão. A equitação está
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se tornando um dos esportes terapêuticos mais populares para crianças com PC. O auto-
controle e o domíunio de um animal em movimento são importantes para as crianças com PC.
Além disso, a manutenção do equilíbrio na posição sentada estimula os reflexos e as
respostas posturais. A boa simetria do corpo e o alinhamento da cabeça são pré-requisitos;
dessa forma, o paciente deve ser capaz de controlar a sua postura antes que ele possa
desenvolver os padrões de coordenação necessários para uma equitação perfeita.
A natação é uma atividade execlente para pessoas com PC. Obviamente, o treinamento de
técnicas de relaxamento, enquanto se está na água, é muito importante e isso é feito
frequentemente com o auxílio de bóias, enquanto um nadador permanece na posição supina. São
estimuladas as reações de endireitamento e de apoio, e a resistência da água estimula o controle
muscular estático e ativa os movimentos dinâmicos resistidos.
Os problemas na função muscular de um atleta com PC geralmente consistem em
espasticidade e/ou atetose. Os sintomas apresentados por esses fatores são lentidão de
movimentos e incoordenação. O indivíduo com PC pode ter muita força e massa muscular, porém
seu movimento é lento, colocando-o em grande desvantagem na maioria das atividades que
requerem movimentos rápidos, força explosiva ou uma coordenação exata.
A criança com PC pode ser várias vezes hospitalizada, para que se avalie o diagnóstico e
receba os cuidados ortopédicos e médicos. Um especialista em recreação terapêutica deve ser
integrante do programa. O terapeuta pode colocar o paciente em atividades recreativas e ainda
obter os objetivos específicos do tratamento.
Freqüentemente, o tratamento cirúrgico faz com que a criança com PC permaneça no
hospital por um determinado período. Um dos principais objetivos da terapia é superar a
persistência de reflexos infantis por meio do posicionamento e do relaxamento. Em seguida, o
terapeuta foca sua tensão nos objetivos psicológicos e físicos. Se ficar em pé é o objetivo
principal para o paciente recém-operado, jogos podem ser feitos enquanto o paciente estiver em
pé. A posição bípede com frequência é facilitada pelo uso do colete, órteses, muletas e outros
aparelhos. As atividades manipulativas que envolvem o controle ativo do membro superior e a
extensão da articulação devem ser estimuladas no paciente dependente de cadeira de rodas.
ATIVIDADES FÍSICAS COM PARALISADOS CEREBRAIS
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De forma geral, os portadores de deficiências motoras devem ser estimulados a praticar
atividades físicas desde cedo, procurando assim tomar consciência de suas limitações e também
de suas potencialidades. Cada patologia possui características particulares que podem ser tanto
um impedimento como também podem ser facilmente superadas.
Atividades para paralisados cerebrais mais comuns são bocha, natação, atletismo, futebol
de salão, ciclismo, além de atividades desenvolvidas especificamente para esses indivíduos.
A interação professor/aluno e aluno/aluno, promove novas descobertas que somente
situações particulares desse entrosamento é que farão surgir novas possibilidades dos alunos
expressarem ao máximo suas potencialidades e os professores de soltarem a imaginação e
criatividade.
EDUCAÇÃO FÍSICA E DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DEFICIENTES
“Ao passo que na escola pública predomina o ensino científico, na escola para
excepcionais deve prevalecer o ensino que visa à educação, fortalecimento, adaptação social e
exercícios terapêuticos, a fim de possibilitar na escola primária a criação de uma base para uma
escolaridade produtiva” (BLÄSIG, W. in ZHURT, R. Desenvolvimento Motor na Criança
Deficiente, p. 1)
Carl Diem define exercício físico como uma atividade com efeito biológico estimulante, ou
seja, movimentos que melhoram a capacidade de performance do corpo, reduzem o cansaço e
estimulam positivamente o crescimento.
Crianças com paralisia cerebral infantil freqüentemente estabelecem falsos modelos de
movimento, porque lhes falta sensibilidade e sensibilidade profunda, ou seja, a percepção para a
seqüência de movimentos e ação muscular normal. Por isso faltam-lhes, mais do que às crianças
normais, as “experiências decisivas de movimento”. A intenção pedagógica de Konrad Paschen é
que as crianças “se auto-ajudem intensiva e objetivamente por meio de aparelhos e obstáculos,
colhendo experiências de movimento, principalmente através de aparelhos pequenos,
manipulados em liberdade e ordem.” (PASCHEN, K. in ZHURT, R. Desenvolvimento Motor na
Criança Deficiente, p. 2)
Exercícios básicos para alcançar tais experiências de movimento: correr, lançar – pegar,
equilíbrio, subir – escalar – lançar longe – balançar – nadar – pular. Os principais pequenos
equipamentos são: bola, sacos de feijão, aros, bastões e corda.
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Tanto para criança com ou sem deficiência, para haver o desenvolvimento é preciso aliar a
motricidade e a percepção. ( WIELAND, A. in ZHURT, R. Desenvolvimento Motor na Criança
Deficiente, p. 18).
No programa de exercícios para deficientes físicos podem-se estabelecer princípios com o
auxilio de quatro colunas.
1. Melhora geral da motricidade no sentido amplo, considerando as deficiências e distúrbios
da percepção. (ex.: criar um quadro permanente no espaço com a disposição dos objetos,
bem como um espaço livre, que aumente aos poucos. Iniciar com pouco material e
aumentar lentamente a quantidade e as diferenças).
2. Colocar a linguagem nos exercícios e jogos, como fenômeno de percepção da ação. Se a
criança verbaliza o que sabe, isso se torna consciente.
3. A consciência de ser capaz, dá prazer, ajudando a vencer o medo e outras emoções,
colocando em ação mecanismos positivos.
4. Influir conscientemente sobre a regulação do tônus. Partindo do setor motor, até o aumento
da pulsação; frear o excesso dinâmico e hipertônico; estabilizar o equilíbrio psíquico.
EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS
A PC é uma alteração onde a criança pode ter vários graus de envolvimento. Para
complicar ainda mais o programa de exercícios há vários tipos de PC, como citado incialmente.
O espaldar é bom para subir e segurar com as mãos. A criança pode “andar” com suas
mãos nas barras e endireitar seu corpo e pernas como se estivesse na posição bípede. Isso é
denominado técnica de estabilização, pois estimula as várias reações neurológicas. Porém, todos
os exercícios no espaldar devem ser autorizados pelo médico.
Os exercícios gerais e o treinamento com peso podem ser usados para a criança que
esteja gravemente incapacitada.
NASCP (Associação Nacional de Esportes para Paralis ia Cerebral)
Foi criada por representantes da Associação Unida de Paralisia Cerebral de Detroit.
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Dedica-se à assitstência local e estadual a grupos de pessoas com PC que querem
participar de encontros esportivos e seleciona os ganhadores para as competições internacionais.
Dentre as competições citamos: arco-e-flecha, tênis de mesa, levantamento de peso, natação,
bilhar, boliche, futebol, equitação, tiro ao alvo e atletismo.
Todo atleta compete com outros que estejam na mesma classificação e todos são testados
por um juiz que os coloca na classe apropriada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
ADAMS,R.C., Daniel, A., N.,CUBBIN, J.A.MC,RULLMAN, L. Jogos, Esporte e Exercícios para o
Deficiente Físico. Editora Manole, 1985.
SHENKMAN, J. Conviver com a Deficiência Física. Editora Scipione, 1994.
BASMAJIAN, John V. Terapêutica por Exercícios; Terceira Edição, editora Manole Ltda; São
Paulo, 1980.
ROSADAS, S. C., Atividade Física Adaptada e Jogos Esportivos para o Deficiente: Eu Posso.
Vocês Duvidam?, Livraria Atheneu, São Paulo e Rio de Janeiro, 1989.
CAD – Curso de Atividade Física e Desportiva para pessoas portadoras de Deficiência. Educação
à Distância. Unidade de Estudo 4. Universidade Gama Filho – Ensino Superior.
34