51
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO ENSINO DA NATAÇÃO PARA BEBÊS DE SEIS MESES A DOIS ANOS COM RELAÇÃO A PSICOMOTRICIDADE POR: CRISTINA TOSTES SOARES ORIENTADOR PROF.: MARCO ANTONIO CHAVES Rio de Janeiro,RJ,março/2001

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … TOSTES SOARES.pdf · Os exercícios dentro da água se ... sistema circulatório, pulmonar, locomotor e outros, ... reconstituímos

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO ENSINO DA NATAÇÃO PARA BEBÊS DE SEIS MESES A DOIS ANOS COM RELAÇÃO A

PSICOMOTRICIDADE

POR: CRISTINA TOSTES SOARES

ORIENTADOR PROF.: MARCO ANTONIO CHAVES

Rio de Janeiro,RJ,março/2001

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO ENSINO DA NATAÇÃO PARA BEBÊS DE SEIS MESES A DOIS ANOS COM RELAÇÃO A

PSICOMOTRICIDADE

CRISTINA TOSTES SOARES

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau

de Especialista em Psicomotricidade

Rio de Janeiro,RJ,março/2001

3

Gostaria de agradecer aos meus colegas de classe pelo apoio e ajuda oferecidos, a minha

mãe, grande incentivadora, a Juliano Marquezelli, e as professoras Fátima

e Adriana pela ajuda e pelo interesse demonstrado durante todo o curso.

4

Dedico esse trabalho de pesquisa a todos os alunos que tive durante esse anos com os

quais errei, acertei e aprendi muito. Ao amor que sempre recebi de cada um dos meus

queridos baixinhos.

5

A vida é como uma corrida de bicicleta,

cuja meta é chegar ao final. Na largada,

estamos juntos - com camaradagem e

entusiasmo. Mas, enquanto a corrida

se desenvolve, a alegria cede aos

verdadeiros desafios: o cansaço, a monotonia,

as dúvidas sobre a própria capacidade.

Finalmente, ao cabo de algum tempo,

começamos a nos perguntar se vale a pena

tanto esforço. Sim, vale! É só não desistir.

Paulo Coelho, 2001

6

SUMÁRIO

P.

RESUMO

1.INTRODUÇÃO......................................................................................................8 2. ONDE SOMOS GERADOS?............................................................................10 2.1 QUAIS AS VANTAGENS DAS ATIVIDADES AQUÁTICAS.............................13 2.2 OBJETIVOS DA NATAÇÃO PARA CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS....................17 3. O QUE É PSICOMOTRICIDADE.....................................................................19 3.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 2 ANOS......................23 3.2 ASPECTOS NEURO-MOTOR..........................................................................25 3.3 ASPECTOS AFETIVO-MOTOR.......................................................................27 4. A PSICOMOTRICIDADE NO MEIO LÍQUIDO..................................................29 4.1 FUNDAMENTOS PSICOMOTORES DA AULA DE NATAÇÃO.......................32 4.2 DIFERENÇAS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS COM ACOMPANHAMENTO MATERNO NAS AULAS DE NATAÇÃO..........................34 5. DESEJOS COMUNS........................................................................................40 5.1 ADAPTAÇÃO AO MEIO LÍQUIDO....................................................................42 5.2 A TAREFA DE SER MÃE.................................................................................45 CONCLUSÃO.........................................................................................................49 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.............................................................................50

7

Essa pesquisa tem como objetivo, mostrar a

importância da presença das mães nas atividades aquáticas de seus filhos, no que

se diz respeito ao desenvolvimento físico, psíquico e motor de crianças de zero a

dois anos.

O método que utilizei para essa pesquisa foi o de

observação. Durante meus atuais onze anos de trabalho com natação, e sendo

eles, basicamente com bebês, pude notar a diferença que existia entre uma

criança com acompanhamento materno nas aulas de natação e aquelas que

tinham de freqüentar as aulas sozinhas, seja por regras da escolinha de natação

freqüentada ou por que a mãe por algum motivo, não entrava na água.

Fiquei por várias vezes espantada com a evolução

motora de um bebê, enquanto que outro com a mesma idade não alcançava os

mesmos objetivos apesar de passar pelas mesmas experiências. Constatei que o

motivo dessa diferença, era realmente, a presença, o contato e o carinho

dispensados à criança, pela mãe.

8

INTRODUÇÃO

Água, útero, criança, mãe, palavras ligadas e

aproveitadas para se elaborar um estudo sobre sua real importância. Vemos

que a ligação tão estreita entre mãe e filho, principalmente nos primeiros

anos de vida da criança, é fundamental para um bom desenvolvimento motor

da criança.

Quando falamos sobre crianças, a adaptação ao

meio líquido assume uma necessidade de ser analisada em diversos fatores

sejam eles motores, psicológicos ou físicos. A principal característica de uma

criança de 6 meses a 2 anos, é o apego pela mãe e sua insegurança em relação a

pessoas estranhas. Se não respeitarmos o sentimento dela nessa fase e a

forçarmos a aceitar algo que não tem condições de saber porque, sua única

experiência real será a de associar o medo e o sentimento de violação, ao

ambiente de uma piscina.

A partir desse conhecimento torna-se necessária

a presença materna junto ao filho. A mãe nessa fase representa todo o objeto de

estímulo e é o centro da afetividade. A criança já sente seu próprio corpo, porém

9

sua emoção ainda está intimamente ligada a mãe.Com sua presença na água, seu

estimulo será maior, o medo menor e sua confiança extremamente reforçada.

Com isso, o professor de educação física terá

maior facilidade em ministrar suas aulas, evitando processos traumáticos difíceis

de serem vencidos pelas crianças.

10

2. ONDE SOMOS GERADOS?

Momentos antes da fecundação é promovida uma

competição natatória entre os espermatozóides, desde o colo do útero até as

trompas de Falópio.

Somos filhos do melhor nadador, do grande campeão, o

espermatózoide que nada mais rápido para fecundar o óvulo, dando início a vida.

No útero, o feto envolto no líquido aminiótico tem

assegurado o seu livre crescimento. O meio líquido permiti-lhe movimentar-se,

bem como o proteger contra as pressões externas, durante o desenvolvimento do

feto, basicamente nove(9) meses.

Durante a gestação o feto habita um mundo

absolutamente peculiar, onde flutua. Não há luminosidade. O embrião é

alimentado sem que precise se esforçar, está abrigado das variações de

temperatura, e vive em permanente atitude de passividade. Pôr força dessa

situação, a mudança. Para o mundo exterior é uma forte agressão.

11

Visando minimizar os problemas dos pais, o

médico russo Dr.Igor Tcharkowisky, introduziu o parto dentro da água. As mães e

as crianças que se submeteram a esse tipo de parto, agradecem pôr terem

passado pôr uma experiência muito menos traumatizante que os processos

atualmente utilizados. Entretanto, esta prática ainda não é popularizada no mundo.

Vale ressaltar que os sais minerais encontrados

em nosso sangue, assim como aqueles encontrados no líquido aminiótico ambos

possuem a mesma composição da água do mar, guardadas as devidas

proporções percentuais.

Desde o nascer até o fenecer, podemos dizer que

quando estamos convivendo intimamente com a água. É como se estivéssemos

voltando ao ventre materno. A água faz parte do imaginário humano universal,

parte de nossas primeiras lembranças como ser vivo.

A partir dessas lembranças, cria-se um eterno

vínculo entre mãe e filho que em hipótese alguma deverá ser cortado nos

primeiros anos de vida de uma criança. È para qualquer atividade física, destinada

a crianças, que torna-se essencial os estímulos adequados que preencham e

motivem o desenvolvimento psicomotor em sua globalidade, ou seja, estímulos

que proporcionem uma autêntica vivência corporal através da utilização e vivência

adequada e sistemática de uma atividade.

12

A preocupação com o lado afetivo e psicomotor

da criança deverá ter um papel importante em qualquer atividade proposta pôr

profissionais da área de educação física. Esse ''elo" entre mãe e filho, já

mencionado, faz com que toda atividade seja melhor aproveitada e tenha um

melhor rendimento caso aja essa total integração entre aluno, mãe, professor e

água.

13

2.1 QUAIS AS VANTAGENS DAS ATIVIDADES AQUÁTICAS

Questiona-se especialmente a natação, por ser a fada

madrinha de todas as atividades aquáticas. São inúmeros os estudos para

identificar qual a atividade que propicia melhores oportunidades para normalizar

(corrigir), complementar e aperfeiçoar a conduta do homem. Geralmente, tem-se

como resultado a natação, principalmente a natação para bebês, pois é a única

recomendada por especialistas, clínicos gerais, fisioterapeutas, pediatras, e

professores de ed. Física, que discursam sobre as vantagens para problemas do

tipo, respiratório, postural, psíquicos, terapêuticos, bem como para mera

recreação dos bebês.

Crianças com diagnósticos de superatividade,

autismo, especiais e deficientes físicas apresentam grande progresso quando dão

início a suas atividades aquáticas. Elas se sentem mais seguras, confiantes e

motivadas a trabalhar grupos musculares que antes não eram estimulados. Elas

encaram dificuldades e ultrapassam barreiras. Os exercícios dentro da água se

tornam mais proveitosos, as experiências motoras são imensamente ampliadas.

por exigir menos aparelhos, na piscina, a criança que se utiliza de aparelhos para

sua locomoção pode ter a oportunidade única para desfrutar de total liberdade de

movimentos, sentindo-se completamente segura.

14

Através da ludicidade nas aulas a liberdade a

facilidade de movimentos que a água propicia, são provocadas alterações

fisiológicas que se tornam mais intensas com a água aquecida, a resistência e a

pressão hidrostática. A natação se torna uma atividade prazerosa, dando aos

profissionais dessa área, possibilidades de um aproveitamento total da aula, pois

dá para as crianças a possibilidade de aprender movimentos, primeiro na água e

depois, fixando sua imagem, praticá-los no solo, com habilidade e confiança.

Com relação aos aspectos físicos, a prática da

natação coloca adequadamente em funcionamento os grandes sistemas ou

aparelhos, tais como: sistema circulatório, pulmonar, locomotor e outros, além de

possibilitar a ativação de vários sistemas orgânicos. Quase não possui restrições,

do ponto de vista de agressão ao corpo, o que torna os benefícios praticamente

desvinculados de prejuízos.

Em relação aos aspectos psíquicos sendo o

homem um ser em movimento, ele busca se relacionar com o meio, de uma forma

ampla e equilibrada.

"Assim, a personalidade se expressa através do

corpo, tanto quanto através da mente. A maior parte dos estudos tem privilegiado

o homem "mente", negligenciando o homem "corpo". Isso é um erro, sem dúvida,

pois somos uma totalidade indissolúvel e bipolar". (Feijó, 1992).

15

Existem ainda, vários fatores psíquicos influentes

nas aulas de natação, citados em Pediatria Moderna, 1998.

O desenvolvimento da auto-estima

Na água, ampliamos nossa possibilidades de

movimentos. À medida que aprendemos a dominar e controlar o corpo,

reconstituímos uma imagem corporal positiva, vencendo o equilíbrio físico e

mental.

O autoconhecimento, autovalorização e expressão

Com a satisfação de descobertas posturais,

desenvolvem-se uma percepção mais positiva de si mesmo e, consequentemente,

o autoconhecimento, a autoavaliação e a oportunidade de auto-expressão e

criatividade.

A independência e a autonomia

Aprender e reaprender um movimento é um processo

evolutivo. A criança desenvolve sua independência durante este processo, o que

propicia condições de relacionamento com o mundo que a cerca.

16

Descarga psicofísica: redução de tensões,

relaxamento e equilíbrio emocional

Na prática hidroterapia a criança libera energias,

favorecendo sua livre expressão. O movimento livre é independente se torna

possível, tensões e nível de estresse diminuem. Ocorrem descontração,

tranqüilidade e recreação.

Sociabilização e integração social

A atividade realizada na água permite uma ativação

funcional geral e uma motivação psicológica que contribui para a integração social.

Qualquer forma de ensino representa um campo de ação social, em que ocorrem

múltiplos processos de integração, comunicação e cooperação entre pessoas.

Não podemos ainda esquecer de mencionar os

aspectos inteiramente recreativos das atividades aquáticas. O homem é um

animal lúdico pôr natureza. As atividades recreativas se baseiam no interesse e no

prazer. Esse binômio tem ampliado seu espectro no mundo atual. O paradigma do

trabalho perde força, a cada dia, para o paradigma do lazer. A ciência e a

tecnologia, cada vez mas, estão a serviço do setor de prestação de serviços na

sociedade moderna. O homem, gradativamente, está sendo liberado do trabalho.

17

2.2 OBJETIVOS DA NATAÇÃO PARA CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS

A natação de 0 á 2 anos tem como objetivo,

promover condições fisiológicas, educativas e recreativas à criança, desde o seu

nascimento, e proporcionar instrumentos básicos que estimulem os processos de

maturação e de aprendizagem nos aspectos cognitivos, afetivos e psicomotor da

criança e de tal maneira que favoreçam seu crescimento e desenvolvimento

integral.

A água é um meio ideal para se aprender, ou

mesmo, reaprender, movimentos.

Durante o desenvolvimento de nosso sistema

nervoso central, enquanto no útero, ficamos submersos no líquido aminiótico e é

neste ambiente que realizamos nossos primeiros movimentos e os reflexos

acontecem.

Depois de um tempo considerável, após o

nascimento, conseguimos mover-nos contra a força da gravidade, quase ausente

18

durante a imersão no útero. Depois de tempo maior ainda conseguimos realizar,

afinal, movimentos com destreza. Proporcionar aos alunos a possibilidade de

ganhar movimentos, primeiramente na água para depois progredir com atividades

no solo, é reproduzir estas etapas da evolução de maneira real e efetiva.

A água é parte integrante de nossas vidas, é de onde

viemos, é essencial para a sobrevivência humana. E é no meio líquido, em suas

primeiras aulas de natação, que os bebês se sentem á vontade. Sentem uma

sensação ainda não esquecida. A proteção, a temperatura e o conforto que o

ventre materno proporcionou no início de sua vida. Com isso, podemos dizer que

não há melhor lugar para uma criança se desenvolver motoramente,

psicológicamente e fisicamente, do que em uma aula de natação.

19

3. O QUE É PSICOMOTRICIDADE

Qualquer ação realizada por uma pessoa, que

represente suas necessidades e possa permitir sua relação com os outros é

considerado psicomotricidade.

Segundo Jaques Chazaud "a psicomotricidade consiste

na dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e posturas, enquanto sistema

expressivo, realizador e representativo do " ser-em-ação" e da "coexistência" com

outrem.

Todo e qualquer movimento é de extrema importância

para um bom desenvolvimento motor, intelectual e emocional da criança, pois todo

o exercício físico faz com que sejam fortalecidos seus músculos e seus ossos.

Com o movimento, a criança explora o mundo exterior através de experiências

concretas, onde são construídas as noções básicas para o desenvolvimento

social.

20

"A harmonia do desenvolvimento com todos os

seus componentes é tão importante quanto a aquisição de tantas performances

numa determinada idade, ou de tantos centímetros.........Cada criança é única. O

esquema do desenvolvimento é comum a todas as crianças, mas as diferenças de

caráter, as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar explicam que com a

mesma idade crianças perfeitamente "normais" possam comportar-se de maneiras

diferentes, o bebe que anda com 11 meses não está mais perto do normal do que

aquele que anda com 16 meses. A criança que progrediu inicialmente muito rápido

vai reduzir o ritmo de suas aquisições e vai ser alcançada pôr aquela criança que

parecia "atrasada" alguns meses antes. (texto cedido pela prof. Fátima Alves)

Dentro da psicomotricidade existem vários testes e

exames para que as crianças sejam avaliadadas de uma forma correta. Com as

crianças de 0 a 2 anos, devemos observar e trabalhar em cima de atividades

reflexas em resposta a estimulação sensorial e na evolução das posturas:

sentada, de pé e de marcha.

Fundamentalmente, a Psicomotricidade trabalha a

coordenação motora fina, coordenação motora global, equilíbrio, lateralidade,

dominância lateral, esquema corporal, imagem corporal, noção espaço temporal,

explicadas resumidamente abaixo.

Coordenação Motora Fina

Envolve exercícios com pequenos músculos(coordenação de pequenos músculos)

21

Coordenação Motora Global

Envolve exercícios de grandes partes musculares(rolar, andar, correr, etc.)

Equilíbrio

Exercícios para que as crianças consigam manter-se em equilíbrio

estático(parada) e dinâmico(em movimento).

Lateralidade

Exercícios de extrema importância para a evolução da criança, pois influem na

idéia que a criança tem de si mesma, na formação do esquema corporal e na

percepção da simetria de seu corpo.

Dominância Corporal

Se a lateralidade da criança não for bem esquematizada por ela, correram

problemas de dominância lateral, ela terá dificuldades de perceber a diferença

entre esquerda e direita e incapaz de seguir direção gráfica.

Esquema Corporal

São com esses exercícios que a criança toma consciência de seu corpo e das

possibilidades de se expressar por meio desse corpo.

Imagem Corporal

Exercícios de esquema corporal para se descobrir a imagem corporal. Percepção

e o sentimento que o indivíduo tem do seu próprio corpo.

22

Noção Espaço Temporal

Exercício para promover a maneira como a criança se localiza no espaço que a

circunda.

Em toda a atividade corporal trabalhada tem

efetivamente três aspectos complementares: aspecto funcional(objeto da ed.

Física), o desenvolvimento do Ego corporal e a organização progressiva do

conhecimento do mundo exterior através deste Ego corporal.

Esses aspectos são absolutamente inseparáveis e

principalmente, na primeira infância, é necessário pensar-se em termos de

unidade e globalidade de cada criança que são conduzidas a integrar-se as

noções de objetos, do próprio corpo e dos demais, que são inseparáveis do seu

desenvolvimento integral.

Sempre haverão diversas maneiras de se conceituar

Psicomotricidade, seja ela qual for, o educador terá de encontrar a maneira mais

eficaz de vencer as dificuldades e procurar técnicas cada vez melhores, a fim de

obter o progresso geral da criança, seja ele motor, psicológico, físico ou mental.

23

3.1 DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS

Quando olhamos um bebê, recém nascido, o achamos

tão frágil, que as vezes temos medo de pegá-lo. O que não sabemos é que aquele

mesmo bebê, está passando, a cada novo dia, por diversas mudanças. Entre elas

a motora.

É verdade que crianças da mesma idade, apresentam

grandes variações tanto psicológicas quanto motoras. Isso acontece porque cada

uma passou pôr uma experiência diferente, vivenciou situações diferentes. Mesmo

tendo a mesma idade, estão em diferentes estágios de desenvolvimento.

Toda criança será mais facilmente treinada, se tiver

alcançado o estado fisiológico pleno para uma atividade física, além disto, as

habilidades motoras não se desenvolveram até que o seu sistema neuromuscular,

encontre-se suficientemente amadurecido.

O que sustenta o papel do professor e da mãe, na

proporção das habilidades motoras da criança de até dois anos, seria

determinarem o tempo no qual as crianças estariam aptas a aprenderem formas

24

específicas motoras e, então ajustá-las a uma aprendizagem do seu meio, que

seria mais afetiva para o desenvolvimento delas.

Estudos sobre a maturidade de cada criança têm sido

designados para determinar em que idade certos tipos de habilidades podem ser

aprendidas mais efetivamente, e em especial se podem causar maior velocidade

na aprendizagem de determinadas habilidades.

De acordo com os estágios de desenvolvimento

intelectual de Piaget, aos dois anos de idade a criança já adquire controle sensório

motor, portanto o professor já teria condições mais favoráveis de aprendizagem,

para seguir o melhor caminho no ensino da natação.

A criança precisa ser conduzida a demostrar reais

ações na matéria para formar uma base de aprendizagem, ações essas que são

tão concretas e dirigidas quanto as matérias podem ser. Como as ações são

repetidas e variadas, começam a inter-relacionar-se e também tornarem-se

esquematizadas internalizadas. O próximo passo será diferenciar as ações físicas

específicas de um certo fenômeno e daí, então, terá o aluno experiência dessas

ações.

25

3.2 ASPECTOS NEURO-MOTOR

As primeiras etapas da motricidade se produzem

no útero materno e não são as menos importantes.

Entre o segundo e o quinto mês de gestação, o

feto começa a organizar seus movimentos em extrema condição de comodidade.

Na oitava semana, aparecem os primeiros movimentos; o embrião torno-se um

feto e com ele sua motricidade aquática.

Sucessivamente o rosto, o pescoço, o tronco, os

membros superiores e inferiores vão se animar. A localização dos movimentos

termina até a décima Segunda semana com a flexão dos dedos dos pés. No

decorrer das semanas, as respostas motoras vão continuar a se organizar e

harmonizar em função dos estímulos.

Até a décima oitava semana a coordenação dos

músculos antagônicos se manifesta.

26

Ao redor da vigésima semana, aparecem a

sucção e o reflexo de preensão. E a partir do quinto mês, o embrião exercita seus

músculos em isometria contra as paredes do útero para lutar contra o

encerramento.

Após o nascimento, com base na motricidade

arcaica, a criança os esquemas motores mais adaptáveis as condições físicas do

desenvolvimento infantil. Algumas reações automáticas ou reflexos, facilitam o

aprendizado da natação e também o de outras atividades, pois estes reflexos

representam a base neuro-motora do bebe.

Tudo isso, sempre com ligação e contato direto

com o primeiro ser que a criança conhece. Devemos então, aproveitar esse

grande "elo", inseparável, para adaptarmos as aulas de natação e

consequentemente, conseguir trabalhar a maturação, o desenvolvimento

psicomotor e social da criança, da melhor maneira possível, sem traumas, medos

e com a ajuda da pessoa mais importante para o bebe, o centro de tudo, o

começo, a sua própria mãe.

27

3.3 ASPECTOS AFETIVO-MOTOR

A afetividade se revela de extrema importância

na natação para os bebês.

O trabalho na água realizado diretamente com a

mãe, dá á criança maior segurança e ela descobre estímulos seguros em torno de

si para a sua realização. Porém, com todas as crianças, nota-se uma certa

regressão na curva das aquisições psicomotoras. A presença da mãe se torna

fundamental para que essa regressão não se torne grave.

De toda maneira temos de respeitar essas

resistências da criança e aconselharmos aos pais não serem muito exigentes nem

criarem muitas expectativas, pois qualquer tipo de ansiedade, seja ela da própria

mãe ou do professor, poderá levar a criança a estagnar seu desenvolvimento

motor e suas habilidades, por um bom e indeterminado tempo.

28

Com paciência, carinho e atenção, pode-se

superar qualquer dificuldade, fazendo com que a criança compense aquilo que

poderia ser um grande retrocesso.

A criança tira vários benefícios dessas

experiências de regressões psicomotoras, tais como, novas aquisições motoras,

que lhes permitirão dominar seus movimentos no meio líquido, se tornarão mais

independentes e terão uma tendência a explorar o meio que a cerca,

desbloqueando-se afetivamente e terão um grande progresso na sociabilidade.

29

4. A PSICOMOTRICIDADE NO MEIO LÍQUIDO

A psicologia está presente a partir do momento em que

se refere a organização das sensações recebidas pelo meio líquido na qual está

emerso e a transposição "organizada" desse movimento nesse espaço e tempo.

Em relação as sensações recebidas na água,

reforçamos a densidade e a resistência em que, quanto menor a criança ou mais

comprometida sem iniciação nesse meio, mais elas serão atingidas, em função da

criança estar absorvida pôr um volume de água, muito grande, envolvendo cada

parte do seu corpo, oferecendo-lhe resistência, podendo muitas vezes causar a

sensação desconfortante de pressão em seu corpo e dificultando sua respiração.

Nas atividades aquáticas, serão solicitados

canais exterioceptivos(ligado ao espaço onde se vivência as experiências),

propioceptivos( situação corpo no espaço) e interoceptivos(ligada a vida orgânica

e vegetativa) em diverços níveis.

30

Os quatro sentidos, visão, audição, paladar e

olfato, exercem grande influência na aprendizado para bebes. Podemos explorar

os sentidos, dentro da aula, mas tomando cuidados necessários, pois acontecem

algumas mudanças, quando estamos dentro da água. Mudanças essas que não

chegam a prejudicar, mas que devemos observar suas particularidades com

atenção.

Em relação a visão, a percepção deformada do

fundo da piscina nos dá a sensação que ela se move, dificultando o equilíbrio

natural.

Em relação ao tato, a sensação de pressão pode

começar a ser percebida, quando houver deslocamento na piscina, pôr parte da

criança, sentindo a pressão que a água exerce, bem como um desconforto inicial,

com a pressão causada no peito e consequentemente dificuldades iniciais de

respiração.

A audição torna-se limitada e muitas vezes

distorcida pela interferência da água, que só permite a capacitação de alguns

sinais externos. Os sons se confundem dificultando o recebimento de informações.

No paladar e no olfato tem-se apenas referências

com relação ao tipo de líquido sob o qual estamos emersos (salgado,

31

clorado).Apenas quando houve a ingestão da água, em grande quantidade, foi

observado enjôos, náuseas e vômitos.

Segundo Lapierre, "a educação psicomotora é uma

ação psicopedagógica que utiliza os meios da educação física, com a finalidade

de normalizar ou melhorar o comportamento do indivíduo".

A educação psicomotora tem sido empregada em aulas

de natação para bebes com cada vez mais freqüência, pois ao lado da mãe e com

o professor de educação física, dentro do meio líquido, a criança aprenderá com

mais facilidade a conhecer o próprio corpo, a nomear cada parte dele, a usá-lo

livremente, a se expressar com ele, a saber colocá-lo de uma maneira positiva, a

manusear instrumentos que exigem coordenação, utilizando os brinquedos

especiais para natação, enfim, tendo ao mesmo tempo, melhoria nas condições de

aprendizado e autoconhecimento.

32

4.1 FUNDAMENTOS PSICOMOTORES NA AULA DE NATAÇÃO

Para o ser humano, mesmo com sua habituação

ao líquido aminiótico durante sua vida intra-uterina, do reflexo natatório e de

alguns êxitos em partos de imersão total, ainda necessita de tempo e alguns

movimentos aprendidos, para começar a nadar. Ao mesmo tempo que para nadar

lhe é exigido uma maturação neurológica e emocional, a passagem de uma

criança bípede, em terra, para um nadador leva tempo, trabalho e paciência.

Na água, em aula, o bebe terá de Ter uma

integração sensorial que pressupõe um aprendizado e interação no cérebro da

criança nadadora. A aprendizagem na água pode não ocorrer, sem que hajam

condições de segurança, de conforto e de prazer, que não são analisados e

observados, e sim, sentidos pelas crianças, coma presença da mãe. È ela que dá

à criança a segurança necessária para que sejam sentidas todas essas

sensações.

È uma realização e um desempenho motor que

ilustram a organização dos componentes psicológicos da criança, num todo

harmonioso e funcional.

33

Segundo Cacilda Velasques "o cérebro da

criança, deve organizar inúmeras fontes de informação sensorial num

comportamento motor e numa experiência integrada. As sensações difusas

experimentadas corporalmente na água, distintas e integradas em terra e no ar,

convergem ao cérebro, e este comunica ao corpo o que deve fazer. Os

sentimentos dão informações ao cérebro sobre a água, e, sobre as suas

condições envolvidas, e paralelamente, sobre suas ações que emergem do corpo

quando interage com ele".

34

4.2 DIFERENÇAS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS

COM O ACOMPANHAMENTO DA MATERNO NAS AULAS DE NATAÇÃO

Há comprovadamente, uma grande diferença no

comportamento de crianças, durante as aulas de natação, quando estão com suas

mães. As principais diferenças são as motoras e sociais, que interferem

diretamente no desenvolvimento das atividades propostas pelo professor em aula.

Comparativamente, dividida em fases, estão as

diferenças do desenvolvimento de diferentes crianças de nível social e econômico

e várias escolas sejam elas creches, escolas de natação e clubes. Foram

observadas pôr aproximadamente um ano, com aulas de duas a três vezes na

semana e com duração de vinte a trinta minutos.

De seis meses a um ano de idade com a presença das mães

Motor

• Permanece em apnéia na submersão

• Tosse intencionalmente

• Agita a água com ambas as mãos

• Batidas de perna de forma reflexa

35

• Agita pernas e braços simultaneamente com

efeito propulsor

• Desloca-se mas sem sentido e direção

• Permanecendo em apnéia, avança com

propulsão própria

• Sentado na borda da piscina é capaz de lançar-

se dentro d'água

Faz pequenas borbulhas

Social

• Se interage nas primeiras aulas

• Sociabiliza-se com os outros alunos já na

primeira aula

• Não sente medo das novas sensações que a

água lhe oferece, apesar das novidades

• Aceita a presença do professor mesmo ainda não

mantendo contato corporal direto com ele

• Após, no máximo uma semana de aula o aluno já

mantém contato corporal com o professor, bem como com as outras mães

• Se distrai com os brinquedos na piscina

• Aceita a maioria das atividades propostas

36

De seis meses a um ano com a ausência da mãe

Motor

• movimentos contidos e retraídos

• em sua maioria só entram na água após três ou

quatro semanas

• não aceitam qualquer tipo de atividade proposta

pelo professor

• sentem desconforto com a pressão que a água

exerce no corpo

• não conseguem ficar até o término da aula

• não se lançam da borda da piscina para dentro

d'água

• não fazem borbulhas

Social

• não se interagem nas primeiras semanas nem

com o professor nem com outros alunos

• sentem pavor com respingos de água no rosto

bem como o desconforto pelo espaço e pela sensação nova causada pela

água

• não mantém qualquer tipo de contato físico com

o professor nem aceitam sua presença na água

• não se interessam pelos brinquedos na piscina

37

• não aceitam as atividades propostas pelo

professor

De um ano a dois anos com a presença da mãe

motor

• tem noção de direção

• para sozinho durante sua propulsão

• troca de decúbito dorsal para ventral

• mergulha sozinho

• estende braços no momento de lançar-se na

água

• começa a expirar quando nada

• observa e imita os outros

• salta, emerge e se locomove sozinho em

seqüência

• alterna braçadas fora d'água

• executa respiração frontal

• combina movimentos(lançar, nadar, rolar,

submergir)

38

social

• cada aula é uma experiência nova que é

recebida com alegria

• junto com a mãe o professor começa a ter

grande significado para a criança

• aprendendo novos movimento, imitando os

colegas e mesmo criando novas brincadeiras, a criança se sente livre

• fica totalmente adaptada e não sente a mínima

diferença da pressão que a água exerce

• ao invés de desconforto a água só lhe trás prazer

De um ano a dois anos com a ausência da mãe

Motor

• não tem noção de direção

• não fica sozinho, mas a presença do professor

também lhe desagrada

• não mergulha e a água no rosto lhe trás

desconforto

• não estende os braços pois ela mesma reprime

seus movimentos

• não faz qualquer tipo de respiração, a pressão da

água ainda incomoda

• tem dificuldades em combinar movimentos

embora fora da água já o faça

39

• em sua maioria não conseguem ficar até o final

da aula

Social

• cada aula parece um martírio, existem choros em

quase todo o início da aula

• o professor ainda lhe parece estranho apesar de

nessa faixa etária elas já reconheçam rostos

• não se sentem a vontade pois ainda tem medo

da grande quantidade de água

• pôr não se sentirem a vontade, não conseguem

imitar os movimentos dos seus colegas nem do professor

• a água continua lhe trazendo desconforto

40

5.0 DESEJOS COMUNS

Quando os pais resolvem colocar as crianças na

natação, a maioria espera algum resultado que corresponde às suas expectativas,

normalmente centradas nos benefícios físicos da natação.

O enfoque psicológico, como um grande estímulo para

a introdução dos bebês na natação, surgiu há pouco tempo. As maiores

pesquisas à respeito do desenvolvimento da criança em termos psicomotores,

foram realizadas em outros países como a França e a União Soviética

principalmente, mas de antemão sabemos dos resultados a eles conferidos que

reforçaram nosso desejo de estimular essa prática.

Quando se estipula uma idade mínima de 6 meses para

o início de atividades aquáticas normaliza-se uma situação básica que a criança

possuirá, em termos de resistência mínima necessária para se expor ao ambiente

esportivo e sua condição psicológica de separação física do corpo de sua mãe

que não é construtiva para ela.

O processo de introdução da criança com essa idade

41

em um trabalho de aprendizado deve ser compreendido, fazendo-se uma boa

abstração do que é alcançável por uma criança com esse desenvolvimento motor.

Sua velocidade acompanhará seu nível de retenção, muitas vezes, apenas

reciclando um processo uterino.

Partindo deste pressuposto, a mãe poderá com a

natação do bebê, aumentar mais ainda seu conhecimento em relação aos filhos,

em todo o histórico de seu desenvolvimento que será visualizado a cada série de

exercícios.

Resta somente, por parte da mãe, assumir essa

maravilhosa tarefa de acompanhar e ser o porta-voz da relação de seu filho com o

mundo, num trabalho de extrema importância para a vida da criança. A vontade da

mãe é traduzida em um processo de aprendizado, onde os professores

conseguem chegar aos objetivos de suas aulas, sem se preocupar com futuras

frustrações advindas dos bebês.

42

5.1 ADAPTAÇÃO DA CRIANÇA

A adaptação é todo um processo de conhecimento e de

aceitação dos valores da escola, do seu conteúdo e em termos de aprendizagem

e do resultado manifestado na criança que retribui pela satisfação em praticá-lo.

A adaptação existe em todas as idades, desde bebês

até os adultos e para poder sentir suas características, fixamo-nos em situações

que demonstrem os sinais de sua expressão, principalmente os ligados à área

emocional.

Quando se fala sobre crianças a adaptação assume

uma necessidade de ser analisada em diversos fatores que compõe uma

adaptação global, que seria o processo adequado a uma criança em plena

atividade na escola de natação. Deve-se conceituar o que seria ideal para a

maioria das crianças e depois variar essa abordagem de acordo com o

desenvolvimento e a idade da criança envolvida que altera este processo de

adaptação.

Em relação ao ambiente, a criança gosta de se sentir

43

livre, logo o espaço para que possa correr e se expandir é importante. Ela gosta

de ter uma referência dos locais que participa, assim o ambiente deve ser bem

definido sem misturar as atividades e sem lhe dar a impressão de tumulto. Os

locais que possuem verde em forma de plantas, acalmam e facilitam a adaptação.

Quanto aos professores, é importante para a criança

ser bem tratada, sentindo-se acolhida por eles. Professores que a fazem sentir-se

desprezada, são fontes de rejeição dela a todo o processo.

No que se refere à piscina, sua limpeza dando idéia de

transparência também é atrativa à criança. A temperatura adaptada às suas

necessidades evita o desconforto causado pelo frio excessivo e contribui para um

melhor relaxamento muscular.

Em relação aos pais, a adaptação é facilitada quando

não existe grande expectativa de sucesso em termos de aprendizado e de

independência da criança. A confiança desses no professor também é um fator de

adaptação que influi ao se escolher uma escola de natação para seus filhos. Caso

a criança sinta a insegurança dos pais em relação à escola, ela também se

colocará da mesma forma.

A adaptação da criança menor de dois anos, tem como

principal característica emocional o apego pela mãe e sua insegurança em relação

a pessoas estranhas ao seu ambiente de origem, como já foi citado. Se não

respeitarmos o sentimento dela nesta fase e a forçarmos a aceitar algo que não

tem condições de saber porque, sua única experiência real será a de associar o

medo e o sentimento de violação ao ambiente de uma piscina. Isto faria com que

44

se afastasse de qualquer piscina, até ter condições, de, por ela mesma, vencer

esse processo traumático.

45

5.2 A TAREFA DE SER MÃE

Toda mãe, por menor a experiência, sabe lidar com seu

bebê, logo após sua primeira visita ao quarto da maternidade. É por instinto, com

as atitudes por mais desajeitadas que sejam, que a mãe dá o banho, troca fraldas,

amamenta e nina seu filho.

Mãe e filho serão ligados eternamente e para a criança

a mãe sempre será um ponto de referência durante toda sua vida. A partir deste

conhecimento, torna-se necessário a presença materna junto da criança.

A mãe, nesta fase, representa todo objeto de estímulo

e é o centro da afetividade. A criança já sente seu próprio corpo, porém sua

emoção ainda está ligada à mãe. Com sua presença na água, seu estímulo será

maior, o medo menor e sua confiança extremamente reforçada.

Sabemos que no processo inicial da criança, em seu

primeiro estágio de vida, para que ela obtenha a confiança de que o mundo é um

lugar bom, ela precisa se sentir segura e confiante nos que estão a sua volta.

Nesta fase, as crianças refletem a necessidade que tem do seio, brincando com

46

bolas e objetos de forma arredondada. Uma brincadeira preferida é a de jogar e

pegar posteriormente a bola . Com isso, a criança experimenta a sensação de

possuir e depois perder o objeto de atração, de amor. Ela repete a ação de jogar

e pegar várias e repetidas vezes. São os processos básicos de suas primeiras

experiências de vida e, na água, ela recicla todas as sensações primais. O bebê

demonstra sua necessidade de explorar cada objeto, cada cor, e vários

sentimentos diferentes.

Quando a criança é colocada na piscina, pela primeira

vez, fica levemente excitada, batendo suas perninhas, sentindo a diferença de

temperatura em relação à água do banho; por isso, é bom diminuir a temperatura

do banho do bebê quando vamos colocá-lo na natação.

No processo de exercícios específicos, seu contato

corporal com a água é estimulado com exercícios de frente e de costas. Na

posição de costas, às vezes, é normal ele tentar mamar em sua mãe, porque

associa essa posição ao ato de alimentar. A submersão é feita com mergulhos

rápidos no início e que vão aumentando a duração à medida em que a criança se

adapta melhor submersa. Na fase de adaptação, o uso do flutuador se faz

somente após o primeiro mês de aula, porque, se colocado no início, ele retira a

liberdade da criança e esta sensação "repressora" de seus movimentos reprime o

contato total com a água.

Com a colocação do flutuador, após o primeiro mês de

aprendizado, a criança adquire maior independência e segurança, além de ser

estimulada a aumentar seus movimentos de locomoção com as pernas. O

processo é lento e a mãe deverá procurar não se apressar, pois a criança adquire

segurança à medida que aprende a se equilibrar dentro da água, evitando colocar

47

sua boca abaixo da superfície e levantando mais sua cabeça.

Neste lento processo, a mãe irá deixando de segurar a

criança diretamente, passando a segurá-la através do seu flutuador que,

lentamente, irá o soltando e deixando-a ficar no seu próprio controle, sempre por

perto, pois ela sentirá a proximidade materna. O bebê, após sua sessão normal

de exercícios, deverá ficar à vontade dentro da piscina para que possa, por ele

mesmo, relaxar e fazer suas descobertas.

Neste processo inicial de aprendizagem até aos dois

anos de idade o professor deverá procurar ter um bom relacionamento com a

criança criando sempre artifícios para despertar seu interesse.

Hoje, se sabe que a maior parte de estrutura emocional

do ser humano, é formada até os dois primeiros anos de vida, por isso deve-se

refletir bastante ao lidar com crianças desta idade. O professor e a mãe devem

demonstrar todo amor e atenção ao participar das experiências e descobertas da

criança, que são com certeza as mais importantes de sua formação.

A natação para os menores de dois anos, dá-se como

uma contribuição para a formação de um ser mais seguro e feliz, num trabalho de

apoio e de reciclagem das primeiras experiências afetivas. Cada etapa, cada

passo adiante, significa vários passos em sua experiência de vida, em sua

independência.

48

Normalmente os filhos caçulas, os mais apegados aos

avós ou aqueles que têm menor tempo de convivência com os pais, são os que

têm mais dificuldade de se soltar. Existem casos de criança que freqüentaram a

natação após estarem estimuladas negativamente. O processo é sempre o

mesmo e, lentamente, vão readquirindo sua confiança.

Nem sempre a mãe pode comparecer às aulas e pede

ao professor para substituí-la. Com aproximadamente um ano e 8 meses, a

criança já pode se adaptar ao professor, caso consiga o que chamamos de

“processo transferencial”. Neste processo, a criança se transfere emocionalmente

para o professor, muitas vezes substituindo a figura paterna ou materna. Para que

isso ocorra, é necessário uma busca de identificação crescente, intensa e cheia de

respeito, buscando nesta relação, uma confiança mútua que facilitará o

aprendizado.

É importante esclarecer para os pais da criança,

quando matriculam seus filhos, todo o objetivo que há na natação com bebês, pois

muitas ainda têm esperança de que seus bebês aprendam a nadar. A criança

nesta idade ainda não possui uma coordenação motora suficiente para realizar os

exercícios de estilo da natação, porém ela virá adquirir maior resistência física,

além de aumentar sua capacidade respiratória e toda sua motricidade será

estimulada.

49

CONCLUSÃO

O ensino da natação para bebês, baseia-se na corrente

da Gestalt, partindo do geral para o específico, favorecendo o crescimento, o

desenvolvimento integral e uma autentica vivência corporal. A participação da mãe

nas aulas de natação, faz com que a criança sinta maior segurança para executar

exercícios propostos, e consequentemente, torna-se independente com mais

rapidez, tem uma tendência a explorar o meio que a cerca sem medo, tem

desbloqueios afetivos e progressos na sociabilidade.

A natação para crianças até 2 anos, proporciona

através da exercitação de mudanças e posições e movimentos coordenados,

estímulos para sua maturação motora. Esta maturação, produz um efeito

integrador entre a base reflexa arcaica do recém nascido e os condicionados, e é

partir daí, que surge a base do trabalho da natação para bebês com o

acompanhamento direto da mãe dentro da água, onde alguns reflexos

incondicionais, tornam-se movimentos intencionais coordenados e há um

progresso visível em suas habilidades físicas psíquicas e sociais.

50

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BREGUS, Lothar. Natação para o meu neném. 1º Ed. Rio de Janeiro: Ao livro

Técnico S.A.,1985,50p.

DAMASCENO, Leonardo Graffius. A natação para crianças de 0 a 2 anos. Rio

De Janeiro:1986,16p.

DAMASCENO, Leonardo Graffius. Natação, psicomotricidade e

Desenvolvimento. Brasília: 1992,91p.

MACHADO, David. Metodologia da natação. Nível 1,São Paulo: Esporte e

Educação Ltda,1975.82p.

NASCIMENTO, Nascimento. Natação - Nosso Esporte Arte. Belo

Horizonte: Centro Gráfico e Editora Ltda, 1984.93p.

PACHECO, Guilherme, Comunicação Pessoal, Departamento de Educação

Física, Universidade Gama Filho, 2 de março de 2001.

PÁVEL, Roberto de Carvalho, Comunicação Pessoal, Departamento de

Educação Física, Universidade Gama Filho, 2 de março de 2001.

51

PICO, L & VAYER P. Educação Psicomotora e Retardo Mental,4º ed. Rio de

Janeiro: Manole Ltda,1988,279p.

FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro,2º ed, Rio de Janeiro:

Scipione,224p.

KARL, Heinz Stichert. Natação,1º ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico,

1978,151p.

CABRAL, Fernando. CRISTIANINI, Sanderson. SOUZA, Wagner Alves.

Natação 1000 Exercícios,1º ed. Rio de Janeiro: Sprint1995.341p.

BRUNO, Josian Machado. Psicomotricidade Teoria e Prática. São Paulo:

Lovise. 1998.175p.

VELASQUES, Cacilda. Habilitações e Reabilitações Psicomotoras na Água.

São Paulo:Harba.1994.91p.

VELASQUES, Cacilda. Psicomotricidade Segundo a Natação. Rio de Janeiro:

Sprint. 1995.201p.