Upload
others
View
1
Download
1
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
Desenvolvimento e caracterização de biofilmes ativos à
base de polímeros de fontes renováveis e sua aplicação
no acondicionamento de pães de forma
Tese apresentada à Faculdade de
Engenharia de Alimentos, da Universidade
Estadual de Campinas para a obtenção do
título de Doutor em Tecnologia de
Alimentos.
Autora Larissa Canhadas Bertan
Orientadora: Prof. Dra. Fernanda Paula Collares Queiroz
Co-orientador: Prof. Dr. Theo Guenter Kieckbusch
Campinas/2008
ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELABIBLIOTECA DA FEA – UNICAMP
Título em inglês: Development and characterization of active biofilms based on polymer from
renewed sources and their application to preserve pan breads Palavras-chave em inglês (Keywords): Gelatin, Gluten, Potassium sorbate, Active packaging Titulação: Doutorado em Tecnologia de Alimentos Banca examinadora: Fernanda Paula Collares Queiroz
Carlos Raimundo Ferreira Grosso Lucia Helena Innocentini Mei
Marta Hiromi Taniwaki Patrícia Sayuri Tanada Palmu
Programa de Pós Graduação: Programa em Tecnologia Alimentos
Bertan, Larissa CanhadasB461d Desenvolvimento e caracterização de biofilmes ativos à base de
polímeros de fontes renováveis e sua aplicação no acondicionamento de pães de forma / Larissa Canhadas Bertan. -- Campinas, SP: [s.n.], 2008.
Orientador: Fernanda Paula Collares QueirozCo-orientador: Theo Guenter KieckbuschTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas.Faculdade
de Engenharia de Alimentos
1. Gelatina. 2. Glúten. 3. Sorbato de Potássio. 4. Embalagem ativa . I. Queiroz, Fernanda Paula Collares. II. Kieckbusch, Theo Guenter. III. Universidade Estadual de Campinas.Faculdade de Engenharia de Alimentos. III. Título.
(cars/fea)
iii
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. Fernanda Paula Collares Queiroz
Faculdade de Engenharia de Química
UNICAMP
(orientador)
Prof. Dr. Carlos Raimundo Ferrreira Grosso
Faculdade de Engenharia de Alimentos
UNICAMP
(membro)
Profa. Dra. Lucia Helena Innocentini Mei
Faculdade de Engenharia Química
UNICAMP
(membro)
Dra. Marta Hiromi Taniwaki
Instituto de Tecnologia de Alimentos
ITAL
(membro)
Dra. Patrícia Sayuri Tanada Palmu
ROASTED POTATO
(membro)
Dra. Renata Maria dos Santos Celeghini
Faculdade de Engenharia de Alimentos
UNICAMP
(suplente)
Profa. Dra. Carmen Cecilia Tadini
Departamento de Engenharia de Química USP
(suplente)
Dra. Cristiana Maria Pedroso Yoshida
Faculdade de Engenharia de Química
UNICAMP
(suplente)
v
“É graça divina começar bem.
Graça maior persistir na caminhada certa.
Mas graça das graças é não desistir nunca.”
Dom Hélder Câmara
vii
Dedico, aos meus primeiros
educadores na vida, meus pais
Tereza e Levino e ao meu irmão
Helder.
Dedico, a Deus que torna tudo
possível.
ix
AGRADECIMENTO
À Deus, pelo dom da vida, pela presença constante, por seu amor incondicional,
por me mostrar uma força que eu mesma não sabia que possuía, por me segurar pelas
mãos e fazer meus passos bem mais firmes. Sem Ti nada seria possível!
À Nossa Senhora, que durante toda minha vida nunca desviaste de mim o Vosso
olhar, por toda força e coragem que me destes nos meus momentos de dificuldade,
ansiedade e insegurança, pelo amor que me impulsiona seguir em frente.
Ao meu Santo Anjo da Guarda, fiel protetor que me foste dado por Deus como
companheiro, por me ajudar a captar as mais suaves sugestões e apelos da graça
emanados do Coração amabilíssimo de nosso Senhor, ao iluminar minhas dúvidas e me
levantar nas quedas
À minha mãe, Tereza, por todo amor, carinho e atenção que recebi durante todos
os minutos da minha vida. Eu sou o que sou por sua causa. Só consegui chegar até aqui,
concluir mais essa etapa, porque você está junto de mim. Porque carrego tudo de bom
que você me deixou: as lições, as ações, os conselhos, as boas lembranças, um exemplo
de pessoa e de vida. E carrego, principalmente, o amor que você me deixou, tão grande
que poço sentir mesmo na sua ausência. Sinto saudades, mãe. Te amo muito, para
sempre!
Ao meu pai, Levino, um dos maiores presentes que Deus me deu. Meu referencial
de fé, bondade, força, coragem, ética e determinação. Meu êxito é fruto do seu esforço,
doação e renúncia, através de seu incentivo constante reuni forças para vencer todas as
dificuldades. Obrigada pela lição de amor e dignidade que me ensina por toda a vida. Te
amo!!!
Ao Helder, o irmão que Deus me deu e que se tivesse a chance de escolha, não
teria um melhor. Obrigada por todo amor, amizade, carinho, enfim, obrigada por fazer
parte da minha vida.... “Foi Deus quem te escolheu pra ser o melhor amigo que eu
pudesse ter”.
À minha cunhada, Andréa, por sua amizade, alegria, apoio, carinho, pelos papos
divertidos e por sempre torcer por mim.
xi
À minha sobrinha, Ana Sofia, a mais nova jóia dada por Deus para enriquecer e
alegrar o tesouro de nossa família. Amo você!!!
À Profa. Dra. Fernanda Paula Collares Queiroz, por sua orientação, amizade, pela
confiança, pela liberdade no desenvolvimento deste trabalho e pelo incentivo para que eu
me aprimorasse permitindo meu amadurecimento profissional.
Ao Prof. Dr. Theo Guenter Kieckbusch, pela co-orientação e pelo cuidado com
finalização deste trabalho.
Aos membros da banca, Prof. Dr. Carlos Raimundo Ferrreira Grosso, Profa. Dra.
Lucia Helena Innocentini Mei, Dra. Marta Hiromi Taniwaki, Dra. Patrícia Sayuri Tanada
Palmu e Dra. Renata Maria dos Santos Celeghini,pelas sugestões apresentadas para
redação final deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Carlos Raimundo Ferreira Grosso, por sua amizade, por no início do
doutorado ter aberto as portas de seu laboratório para que eu iniciasse minhas atividades,
pelo seu incentivo constante e por sempre ter uma palavra de apoio.
À Dra. Renata Maria dos Santos Celeghini, por sua amizade, delicadeza (obrigada
pela mensagem no fim do boneco), confiança, carinho, apoio e pelos ensinamentos com o
HPLC.
À Dra. Marta Hiromi Taniwaki (ITAL), por todo seu carinho, atenção e
disponibilidade. Por seu apoio durante os testes de difusão, principalmente pelo incentivo
quando as coisas não davam certo e por me ajudar crescer como profissional. Por ter
proporcionado a minha amizade com os fungos. Obrigada!!!
À Profa. Dra Maria Isabel Rodrigues, por sua ajuda com o planejamento
experimental.
À Leiner Davis Gelatin Brasil, pelo fornecimento da gelatina. À Cargill, pelo
fornecimento do amido de mandioca e o amido de mandioca modificado. À Corn Product,
pelo fornecimento do amido de milho ceroso e amido de milho ceroso modificado.
À todos do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), por todo carinho e ajuda
no desenvolvimento da tese.
xiii
Aos funcionários do DTA: Alice, Ana Lourdes, Renata, Beth, Ana Koon, Marlene,
Tânia, Karina, Jaime, Adauto, Ana Maria, Dona Denir, Diana e Zé Roberto, pela amizade
e colaboração, afinal “O êxito também depende de vocês”.
À todos da secretária de Pós-Graduação, em especial, ao Cosme pela paciência e
dedicação.
À todos da padaria da FEA, especialmente, ao seu Zé por ter me ajudado na
elaboração dos pães de forma.
À Renatinha e Noemi, pela amizade e por estarem sempre dispostas em ajudar.
À Andrea, uma irmã que ganhei durante esta trajetória, por seu carinho, bondade,
companheirismo, por estar ao meu lado em tudo e para tudo, por muitas vezes me
mostrar estradas onde eu via o fim... ”Amigo fiel, refúgio poderoso quem o encontrou
descobriu um tesouro”.
Aos meus grandes amigos Tom, Ruiva e Fabinho, que estiveram sempre ao meu
lado, pelo carinho, apoio, ouvido e alegrias, pois “quem caminha sozinho pode até chegar
mais rápido, mais aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe...”.
Aos amigos do DTA, por tornar essa caminhada muito mais alegre.
À Pri Mamede, uma das pessoas mais doce que conheci, por sua amizade, apoio
incondicional, por sempre ter uma palavra amiga.......Gratidão eterna gratidão por sua
amizade!!
À Pri Vianna, por sua amizade e por todos os momentos que passamos juntas os
quais tornaram essa caminhada muito mais suave e alegre.
À todos do Laboratório de Cereais, especialmente a Paula, Leomar, Ricardo e
André, pela ajuda no decorrer da minha pesquisa, pela amizade e por tornar os dias de
trabalho muito mais agradáveis com suas conversas, conselhos, bom humor e almoços
divertidos.
À Fara, minha fiel companheira desde a época do mestrado, pela amizade, pela
força em todos momentos, por estar sempre presente, pelo carinho, pelos momentos de
descontração no Papai Salim e Akitcabes.
xv
À Lu, por estar sempre comigo, apoiando-me em todos os momentos e dando-me
força para vencer todos os obstáculos do dia a dia.
À Bia, uma grande amiga que tive a graça de ganhar durante essa trajetória, por
sua bondade, por dividir seus conhecimentos sem pedir nada em troca, pela força e
carinho em todos os momentos. Não tenho palavras para agradecer tudo que você fez.
À Marina, preciosa amiga que ganhei durante meu doutorado, por sua bondade,
incentivo e por estar sempre disposta em ajudar com sua alegria constante e mais ainda
por sempre me mostrar o lado positivo das coisas.
Ao Rodolfo, pela ajuda na realização das análises térmicas e pelas conversas
divertidas. Ao Rodrigo Nascimento, pela amizade, pelos momentos compartilhados, pelas
conversas e por sua gentileza em ter feito as correções de português da tese.
À todos da TOCA DE ASSIS, especialmente ao Irmão Carmelo, Irmã Antônia, Irmã
Bethânia, Irmão Dileto, Irmão Hesed, Fran, Gisa, André, Marcelo, Fernando, Anderson
(Pérola) e Naty pelo amor, carinho, apoio, orações e amizade. ”Se eu tentasse definir o
quão especial tu és pra mim, palavras não teriam fim. Precioso és para Deus e para mim”.
Amo vocês!!
Ao Padre Roberto José Lettieri e ao Padre João Batista Alves de Almeida Júnior,
obrigado por terem dito sim a Deus, pelos cuidados pastorais, por cada Santo Sacrifíco,
por me guiarem no caminho da salvação, por me ensinarem amar ainda mais Jesus...”Teu
sim nos inclina a adorar a Deus....Em Cristo és nosso bom pastor”. Amo vocês!
À FAPESP, pela concessão da bolsa de doutorado e reserva técnica (Proc.
04/07880-7) que permitiram a realização deste projeto.
“Agradecer é admitir que houve momento em que se precisou de
alguém, é reconhecer que o ser humano jamais poderá lograr para si o
dom de ser auto suficiente. Ninguém nasce e cresce sozinho, sempre
é preciso um olhar de apoio, uma palavra de incentivo, um gesto de
compreensão, uma atitude de amor.”
Muito obrigada!
Lara
xvii
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................XLI
ABSTRACT .................................................................................................................XLIII
1.0 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1
2.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 5
2.1 FILMES E COBERTURAS COMESTÍVEIS E/OU BIODEGRADÁVEIS .................................................... 5
2.2 Características dos filmes ................................................................................................... 10
2.2.1 Espessura........................................................................................................................ 10
2.2.2 Aspecto visual.................................................................................................................. 11
2.2.3 Sabor e aroma ................................................................................................................. 11
2.2.4 Cor e opacidade............................................................................................................... 13
2.2.5 Propriedades dos filmes................................................................................................... 13
2.2.5.1 Permeabilidade ao vapor de água (PVA) ...................................................................... 13
2.2.5.2 Permeabilidade a gases (PO2) ...................................................................................... 15
2.2.5.3 Propriedades mecânicas............................................................................................... 17
2.2.5.4 Solubilidade em água.................................................................................................... 18
2.3 Filmes ativos....................................................................................................................... 19
2.4 Proteínas do trigo................................................................................................................ 22
2.5 Gelatina .............................................................................................................................. 25
2.6 AMIDO.................................................................................................................................. 28
3.0 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 31
3.1. Material.............................................................................................................................. 31
3.2. ELABORAÇÃO DOS FILMES .................................................................................................... 32
3.2.1. Filme à base de gelatina (GEL)....................................................................................... 32
3.2.2. Elaboração de filme à base de glúten (GLU)................................................................... 32
3.2.3 Filmes à base de amido de mandioca (AM) ou mandioca modificado (AMM) .................. 33
xix
3.2.4 Filmes à base de amido de milho ceroso (AMC) ou milho ceroso modificado (AMCM).... 33
3.2.5 Filmes compostos ............................................................................................................ 33
3.2.6 Filmes ativos.................................................................................................................... 33
3.3 METODOLOGIA DE CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES SIMPLES E COMPOSTOS ............................... 34
3.3.1 Caracterização dos filmes................................................................................................ 34
3.3.1.1 Aspecto visual............................................................................................................... 34
3.3.1.2 Espessura (e)................................................................................................................ 34
3.3.1.3 Permeabilidade ao vapor de água (PVA) ...................................................................... 34
3.3.1.4 Solubilidade em água (SOL) ......................................................................................... 35
3.3.1.5 Propriedades mecânicas............................................................................................... 36
3.3.1.6 Permeabilidade ao oxigênio (PO2) ................................................................................ 37
3.3.1.7 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................................................. 38
3.3.1.8 Análise dinâmico-mecânica (DMA) ............................................................................... 38
3.3.1.9 Determinação da efetividade antimicrobiana do filme pelo método de difusão em halo 39
3.3.1.9.1 Preparação do inóculo ............................................................................................... 39
3.3.1.9.2 Teste de difusão em halo........................................................................................... 39
3.4 Produção de pão de forma.................................................................................................. 40
3.4.1 Método de análise microbiológica para isolamento de fungos.......................................... 40
3.4.1.1 Análise microbiológica .................................................................................................. 41
3.4.1.1.1 Identificação das espécies fúngicas ........................................................................... 41
3.5 Aplicação do biofilme no acondicionamento de pão de forma............................................. 41
3.5.1 Análises dos pães de forma embalados........................................................................... 43
3.5.1.1 Perda de peso............................................................................................................... 43
3.5.1.2 Determinação Instrumental da textura........................................................................... 43
3.5.1.3 Determinação do conteúdo de umidade........................................................................ 45
3.5.1.4 Determinação de atividade de água.............................................................................. 45
3.5.1.5 Análise microbiológica .................................................................................................. 45
3.5.1.6 Extração e quantificação de sorbato de potássio .......................................................... 45
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................................... 46
4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 47
4.1 FILMES SIMPLES À BASE DE GELATINA PLASTIFICADO COM GLICEROL........................................ 47
xxi
4.1.1 Caracterização dos filmes................................................................................................ 47
4.1.1.1 Aspecto visual............................................................................................................... 47
4.1.1.2 Espessura..................................................................................................................... 47
4.1.1.3 Permeabilidade ao vapor de água (PVA) ...................................................................... 48
4.1.1.4 Solubilidade em água (SOL) ......................................................................................... 50
4.1.1.5 Propriedades mecânicas............................................................................................... 50
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES À BASE DE GLÚTEN E GLICEROL................................................ 53
4.2.1 Permeabilidade ao vapor de água (PVA) ......................................................................... 57
4.2.2 Solubilidade em água (SOL) ............................................................................................ 63
4.2.3 Propriedades mecânicas.................................................................................................. 69
4.2.3.1 Resistência à tração (RT) ............................................................................................. 69
4.2.3.2 Elongação..................................................................................................................... 75
4.2.4 Otimização das características físicas ............................................................................. 81
4.3 FILMES SIMPLES À BASE DE AMIDO PLASTIFICADOS COM GLICEROL........................................... 83
4.4 Filmes compostos............................................................................................................... 87
4.4.1 Caracterizaçao de filme composto de glúten e gelatina, plastificados com glicerol. ......... 87
4.4.1.1 Aspecto visual............................................................................................................... 87
4.4.1.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água ........................................... 87
4.4.1.3 Propriedades Mecânicas............................................................................................... 89
4.4.2 Filmes compostos à base de amido e gelatina................................................................. 90
4.4.2.1 Caracterização dos filmes compostos de amido de mandioca nativo e modificado e gelatina, plastificados com glicerol............................................................................................ 91
4.4.2.1.1 Aspecto visual............................................................................................................ 91
4.4.2.1.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água ........................................ 91
4.4.2.1.3 Propriedades mecânicas............................................................................................ 94
4.4.2.2 Caracterização dos filmes composto de amido de milho ceroso nativo e modificado e gelatina, plastificados com glicerol............................................................................................ 97
4.4.2.2.1 Aspecto visual............................................................................................................ 97
4.4.2.2.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água ........................................ 97
4.4.2.2.3 Propriedades mecânicas.......................................................................................... 100
4.4.3 Filmes compostos à base de glúten e amido, plastificados com glicerol ........................ 102
xxiii
4.4.4 Caracterização dos filmes compostos de amido, gelatina e glúten, plastificados com glicerol .................................................................................................................................... 105
4.4.4.1 Aspecto visual............................................................................................................. 105
4.4.4.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água ......................................... 105
4.4.4.3 Propriedades mecânicas............................................................................................. 107
4.5 FILMES COMPOSTOS SELECIONADOS.................................................................................... 109
4.5.1 Permeabilidade ao vapor de água, solubilidade em água, resistência a tração e porcentagem de elongação..................................................................................................... 109
4.6 Caracterização dos filmes ativos incorporados de sorbato de potássio............................. 111
4.6.1 Aspecto visual................................................................................................................ 111
4.6.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água ............................................ 113
4.6.3 Propriedades mecânicas................................................................................................ 116
4.6.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA....................................................................... 119
4.6.6 Análise dinâmico mecânica............................................................................................ 131
4.6.7 Ensaio de difusão em halo............................................................................................. 146
4.6.7.1 Isolamento e identificação das espécies fúngicas ....................................................... 146
4.6.7.2 Determinação da efetividade antimicrobiana dos filmes compostos contendo sorbato de potássio .................................................................................................................................. 147
4.7 APLICAÇÃO DE BIOFILMES ATIVOS EM FATIAS DE PÃO-DE-FORMA............................................ 169
4.7.1 Perda de peso ............................................................................................................... 170
4.7.2 Textura dos pães ........................................................................................................... 171
4.7.3 Conteúdo de Umidade ................................................................................................... 172
4.7.4 Atividade de água .......................................................................................................... 174
4.7.5 Análise microbiológica ................................................................................................... 175
4.8.6 Extração e quantificação de sorbato de potássio ........................................................... 180
5.0 CONCLUSÕES........................................................................................................ 183
6.0 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.......................................................... 187
7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 189
xxv
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1. Desenho esquemático e foto, respectivamente, de: (A) cobertura (ASSIS e
LEONI, 2003) e (B) biofilme (SIQUEIRA, 2004). ................................................................ 5
Figura 2. 2. Desenho esquemático da formação de filmes de glúten (VICENTINI, 2003). 24
Figura 2. 3. Esquema de formação do filme de amido (VICENTINI, 2003)....................... 29
Figura 3.1. Foto das fatias de pão de forma intercaladas com os biofilmes ativos
(SOARES et al, 2002)...................................................................................................... 43
Figura 4.1. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
permeabilidade ao vapor de água em função da concentração de glúten e etanol. ......... 61
Figura 4.2. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
permeabilidade ao vapor de água em função da concentração de glúten e pH. .............. 61
Figura 4.3. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
permeabilidade ao vapor de água em função da concentração de etanol e pH. .............. 61
Figura 4.4. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
solubilidade em água em função da concentração de glúten e etanol. ............................ 67
Figura 4.5. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
solubilidade em água em função da concentração de glúten e pH................................... 67
Figura 4.6. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
solubilidade em água em função da concentração de etanol e pH................................... 67
Figura 4.7 Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
resistência à tração em função da concentração de glúten e etanol. ............................... 73
Figura 4.8. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
resistência à tração em função da concentração de glúten e pH. .................................... 73
Figura 4.9. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
resistência à tração em função da concentração de etanol e pH. .................................... 73
xxvii
Figura 4.10 Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
porcentagem de elongação em função da concentração de glúten e etanol. ................... 79
Figura 4.11. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
porcentagem de elongação em função da concentração de glúten e pH. ........................ 79
Figura 4.12. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da
porcentagem de elongação em função da concentração de etanol e pH. ........................ 79
Figura 4.13. Rachaduras no filme de amido após o processo de secagem...................... 85
Figura 4.14. Filmes compostos de amido e glúten após processo de secagem. ............ 103
Figura 4.15. Borda dos filmes compostos de amido e glúten após o processo de secagem.
...................................................................................................................................... 103
Figura 4.16. Aspecto visual do filme de AMM/GLU/GEL (1:1:1) adicionado de 4% de
sorbato de potássio. ...................................................................................................... 111
Figura 4.17. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura para os filmes
compostos de GLU/GEL (1:4): (A) Controle-superfície (0% de sorbato); (B) Controle-
secção transversal (0% de sorbato); (C) adicionados com 2% sorbato de potássio-
superfície; (D) adicionados com 2% sorbato de potássio secção transversal; (E)
adicionados com 4% sorbato de potássio superfície; (F) adicionados com 4% sorbato de
potássio secção transversal. (Onde: e= estria de plastificante; f = fita de carbono e
m=mancha de sorbato de potássio). .............................................................................. 121
Figura 4.18. Micrografias obtidas por meio de microscopia eletrônica de varredura para os
filmes compostos de AMM/GEL (1:4): (A) controle-superfície (0% de sorbato); (B)
controle-secção transversal (0% de sorbato); (C) adicionados com 2% sorbato de
potássio-superfície; (D) adicionados com 2% sorbato de potássio-secção transversal; (E)
adicionados com 4% sorbato de potássio-superfície; (F) adicionados com 4% sorbato de
potássio-secção transversal. (Onde: e= estria de plastificante; f = fita de carbono) ....... 125
Figura 4.19. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura para os filmes
compostos de AMM/GLU/GEL (1:4): (A) controle-superfície (0% de sorbato); (B) controle-
secção transversal (0% de sorbato); (C) adicionados com 2% sorbato de potássio-
superfície; (D) adicionados com 2% sorbato de potássio-secção transversal;
xxix
(E) adicionados com 4% sorbato de potássio-superfície; (F) adicionados com 4% sorbato
de potássio-secção transversal. (Onde: e= estria de plastificante; f = fita de carbono). . 129
Figura 4.20. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de glúten
e gelatina 1:4. ................................................................................................................ 135
Figura 4.21. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de 2% de
amido de mandioca modificado e gelatina 1:4. .............................................................. 135
Figura 4.22. Termogramas de DMA dos biofilmes compostos de 2% de amido de
mandioca modificado/gelatina e glúten 1:1:1. ................................................................ 137
Figura 4.23. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de glúten
e gelatina 1:4 com 2% de sorbato de potássio............................................................... 141
Figura 4.24. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de 2% de
amido de mandioca modificado e gelatina 1:4 com 2% de sorbato de potássio. ............ 141
Figura 4.25. Fungos isolados para o teste de difusão do halo. (A) Eurotium chevalieri; (B)
Eurotium amstelodami; (C) Wallemia sebii, (D) Cladosporium sp e (E) Penicillium
raistrickii......................................................................................................................... 147
Figura 4.26. Avaliação da sensibilidade microbiana aos diferentes filmes ativos em
presença de Eurotium chevalieri, pela técnica da difusão em ágar. ............................... 151
Figura 4.27. Avaliação da sensibilidade microbiana ante os diferentes filmes ativos em
presença de Eurotium amstelodami, pela técnica da difusão em ágar........................... 155
Figura 4.28. Avaliação da sensibilidade microbiana frente aos diferentes filmes ativos em
presença de Wallemia sebii pela técnica da difusão em ágar. ....................................... 159
Figura 4.29. Avaliação da sensibilidade microbiana ante os diferentes filmes ativos em
presença de Penicillium raistrickii pela técnica da difusão em ágar. .............................. 163
Figura 4.30. Avaliação da sensibilidade microbiana ante os diferentes filmes ativos em
presença de Cladosporium sp. pela técnica da difusão em ágar. .................................. 167
Figura 4.31. Aspecto das fatias de pães de forma acondicionados, durante a vida de
prateleira........................................................................................................................ 177
xxxi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4.1. Permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes de gelatina e glicerol
(25°C). ............................................................................................................................. 49
Tabela 4.2. Solubilidade em água (SOL) dos filmes de gelatina e glicerol. ...................... 50
Tabela 4.3. Propriedades mecânicas dos filmes de gelatina e glicerol (25°C). ................ 51
Tabela 4.4. Níveis das variáveis independentes do planejamento fatorial completo 23
usado para filmes de glúten plastificados com glicerol..................................................... 53
Tabela 4.5. Alíquotas utilizadas para cada formulação dos biofilmes de glúten e glicerol.54
Tabela 4.6. Delineamento experimental para a obtenção da elaboração de filmes à base
de glúten plastificados com glicerol.................................................................................. 56
Tabela 4.7. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a permeabilidade ao
vapor de água dos filmes de glúten plastificados com glicerol. ........................................ 57
Tabela 4.8. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para a
permeabilidade ao vapor de água em filmes de glúten e glicerol. .................................... 59
Tabela 4.9. ANOVA do ajuste do modelo obtido para a permeabilidade ao vapor de água
dos filmes de glúten plastificados com glicerol................................................................. 60
Tabela 4.10. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a solubilidade em
água dos filmes de glúten plastificados com glicerol........................................................ 63
Tabela 4.11. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para a
solubilidade em água. ...................................................................................................... 64
Tabela 4.12. ANOVA do ajuste do modelo obtido para a solubilidade em água dos filmes
de glúten plastificados com glicerol.................................................................................. 65
Tabela 4.13. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a resistência à
tração dos filmes de glúten plastificados com glicerol. ..................................................... 69
Tabela 4.14. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para RT. ...... 71
Tabela 4.15. ANOVA do ajuste do modelo obtido para resistência à tração dos filmes de
glúten plastificados com glicerol. ..................................................................................... 72
xxxiii
Tabela 4.16. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a porcentagem de
elongação dos filmes de glúten plastificados com glicerol. .............................................. 75
Tabela 4.17. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para
porcentagem de elongação.............................................................................................. 76
Tabela 4.18. ANOVA do ajuste do modelo obtido para a porcentagem de elongação dos
filmes de glúten plastificados com glicerol. ...................................................................... 77
Tabela 4.19. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos filmes de
compostos glúten de trigo e gelatina, plastificados com glicerol (25°C). .......................... 88
Tabela 4.20. Propriedades mecânicas dos filmes compostos glúten de trigo e gelatina,
plastificados com glicerol (25°C)...................................................................................... 89
Tabela 4.21. Permeabilidade ao vapor de água e a solubilidade em água dos filmes de
compostos de amido de mandioca nativo e modificado e gelatina plastificados com glicerol
(25°C). ............................................................................................................................. 92
Tabela 4.22. Propriedades mecânicas dos filmes de compostos de amido de mandioca
nativo e modificada e gelatina, plastificados com glicerol (25°C) ..................................... 94
Tabela 4.23. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos filmes de
compostos de amido de milho ceroso nativo ou modificado e gelatina plastificados com
glicerol (25°C).................................................................................................................. 98
Tabela 4.24. Propriedades mecânicas dos filmes compostos de amido de milho ceroso
nativo ou modificado e gelatina, plastificados com glicerol (25°C) ................................. 100
Tabela 4.25. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos diferentes
tipos de filmes compostos à base de amido, gelatina e glúten (25°C)............................ 106
Tabela 4.26. Propriedades mecânicas dos filmes compostos à base de amido (milho
ceroso, milho ceroso modificado, mandioca e mandioca modificado), gelatina e glúten,
plastificados com glicerol (25°C).................................................................................... 108
Tabela 4.27. Permeabilidade ao vapor de água, solubilidade em água e propriedades
mecânicas de filmes simples e compostos selecionados............................................... 110
Tabela 4.28. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos filmes
compostos ativos incorporados de sorbato de potássio (25°C)...................................... 114
xxxv
Tabela 4.29. Resistência à tração e porcentagem de elongação dos filmes compostos
ativos incorporados de sorbato de potássio (25°C)........................................................ 116
Tabela 4.30. Permeabilidade ao oxigênio dos filmes compostos sem e com sorbato de
potássio. ........................................................................................................................ 118
Tabela 4.31. Temperatura de transição vítrea média e umidade dos biofilmes compostos.
...................................................................................................................................... 132
Tabela 4.32. Temperatura média de transição vítrea e umidade dos biofilmes compostos
ativos. ............................................................................................................................ 140
Tabela 4.33 . Concentração da suspensão de esporos utilizada em ensaio de difusão em
halo................................................................................................................................ 149
Tabela 4.34. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de difusão em
placa para Eurotium chevalieri. ...................................................................................... 149
Tabela 4.35. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de difusão em
placa para Eurotium amstelodami.................................................................................. 153
Tabela 4.36. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de difusão em
placa para Wallemia sebii. ............................................................................................. 157
Tabela 4.37. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de difusão em
placa para Penicillium raistrickii. .................................................................................... 161
Tabela 4.38. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de difusão em
placa para Cladosporium sp. ......................................................................................... 165
Tabela 4.39. Perda de peso de fatias de pão-de-forma acondicionadas, durante o
armazenamento............................................................................................................. 170
Tabela 4.40. Firmeza das fatias de pães-de-forma acondicionadas, durante o
armazenamento............................................................................................................. 171
Tabela 4.41. Conteúdo de umidade das fatias de pães-de-forma acondicionadas, durante
o armazenamento.......................................................................................................... 172
Tabela 4.42. Valores de atividade de água das fatias de pães-de-forma acondicionadas,
durante o armazenamento............................................................................................. 174
xxxvii
Tabela 4.43. Contagem total de bolores e leveduras em fatias de pães-de-forma
acondicionadas, durante o armazenamento. ................................................................. 179
Tabela 4. 44. Extração e quantificação de sorbato de potássio em 45 g de pão de forma,
durante o armazenamento............................................................................................. 181
xxxix
NOMENCLATURA
AM - Amido de mandioca
AMC - Amido de milho ceroso
AMCM - Amido de milho ceroso modificado
AMM - Amido de mandioca modificado
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ASTM – American Society for Testing and Materials
aw – Atividade de água
DMA - Análise mecânico dinâmica
ELO - Elongação
GEL - Gelatina
GLU - Glúten
MEV - Microscopia eletrônica de varredura
p/v – Peso por volume
Pa – Pascal
pH - Potencial hidrogeniônico
PO2 - Permeabilidade ao oxigênio
PVA - Permeabilidade ao vapor de água
RT - Resistência à tração
SOL - Solubilidade em água
SORB - Sorbato de potássio
Tg – Temperatura de transição vítrea
UFC – Unidade formadora de colônias
UR – Umidade relativa
xli
RESUMO
Pesquisas sobre biofilmes à base de polímeros surgiram devido ao impacto ambiental aliado à necessidade de reduzir os resíduos sólidos. Atualmente, vários estudos estão voltados ao desenvolvimento de tecnologia que controle o crescimento indesejável de microorganismos, através de embalagens ativas. O objetivo deste trabalho foi obter asmelhores formulações para o desenvolvimento de biofilmes ativos e avaliar sua aplicação no acondicionamento de pães de forma. Filmes simples e compostos à base de gelatina, glúten e amido (mandioca, mandioca modificado, milho ceroso e milho ceroso modificado) foram desenvolvidos e caracterizados quanto à permeabilidade ao vapor de água (PVA),permeabilidade ao oxigênio (PO2), solubilidade em água (SOL) e propriedades mecânicas (resistência à tração - RT e porcentagem de elongação - ELO), variando a concentração da macromolécula e do plastificante (glicerol). Os filmes contendo 10 g de gelatina com 5% de glicerol (em relação à massa seca da proteína) e o filme com 5 g de glúten, 32,5 mL de etanol/100 mL de solução, pH 5 e 20% de glicerol (em relação à massa seca da proteína) foram selecionados para a elaboração dos filmes compostos. Filmes compostos de glúten/gelatina (GLU/GEL), amido de mandioca/gelatina (AM/GEL), amido de mandioca modificado/gelatina (AMM/GEL), amido de milho ceroso/gelatina (AMC/GEL), amido de milho ceroso modificado/gelatina (AMCM/GEL) em diversas proporções 1:1, 1:4 e 4:1 e amido/gelatina/glúten (AM/GLU/GEL; AMM/GLU/GEL, AMC/GLU/GEL e AMCM/GEL) na proporção 1:1:1, também foram confeccionados e caracterizados. Os filmes compostos apresentaram menor PVA e maior RT que os filmes simples de gelatina. Os filmes compostos AMM/GEL, GLU/GEL e AMM/GLU/GEL, nas proporções 4:1; 4:1 e 1:1:1, respectivamente, foram utilizados no desenvolvimento de filmes ativos. Os filmes compostos foram adicionados de sorbato de potássio (SP) na concentração de 2 e 4% (p/v). A adição de SP provocou aumento na PVA, na SOL e na ELO e redução na RT, em relação aos filmes sem sorbato. A superfície dos filmes compostos mostrou-se lisa e homogênea, com exceção do filme AMM/GLU/GEL com 4% de SP. Para os testes de difusão em halo, foram isolados 5 fungos: (i) Eurotium chevalieri; (ii) Eurotium amstelodami; (iii) Wallemia sebii; (iv) Penicillium raistrickii e (v) Cladosporium sp. Os filmes que apresentaram maior eficiência na redução do crescimento dos fungos e melhores propriedades de barreira e mecânicas foram: (i) AMM/GEL e (ii) GLU/GEL, ambos com 2% de SP. Os filmes ativos selecionados no teste de difusão em halo apresentaram duas tangentes de perda (tan ), indicando a existência de duas Tg. Os filmes de GLU/GEL, sem e com 2% SP, foram utilizados no acondicionamento de pão de forma, sendo que as fatias de pães justapostas foram intercaladas com os filmes ativos e colocadas em sacos de polietileno de baixa densidade. O uso de filmes entre as fatiasprovocou aumento da firmeza, diminuição da umidade e da atividade de água. A análise microbiológica não indicou diferença significativa entre a estocagem com filmes ativos e o controle. No 7° dia, os pães continham a quantidade máxima de SP permitida no produto pela legislação brasileira.
Palavras chaves: gelatina, glúten, amido de mandioca modificado, sorbato de potássio, embalagem ativa.
xliii
ABSTRACT
In recent years the research on polymer-based biofilms has seen considerable increase due to concern over environmental impact and the need to reduce solid residue generation. There are several studies concerning the control of microbial activity in prepared food using active packaging. The objective of this work was to develop the best formulation of active biofilms and to evaluate their performance in sliced bread packaging. Simple and composite films were developed, based on gelatin, gluten and diferent types of starch (cassava, modified cassava, waxy maize and modified waxy maize starches). Films were characterized for their permeability to water vapor (WVP), permeability to oxygen (PO2), solubility in water (SOL) and mechanical properties (tensile strengh -TS and elongation -ELO), using different concentrations of the macromolecules and plasticizer (glycerol). Films containing 10g of gelatin and 5% of glycerol (based on protein dry mass) and films with 5g of gluten, 32.5 mL of ethanol/mL of solution, at pH of 5 and 20% glycerol (based on protein dry mass) were selected for the manufacture of composite films.Composite films of gluten/gelatin (GLU/GEL), cassava starch/gelatin (CS/GEL), modified cassava starch/gelatin (MCS/GEL), waxy maize starch/gelatin (WMS/GEL), modified waxy maize starch/gelatin (MWMS/GEL), at 1:1, 1:4 and 4:1 ratios and starch/gelatin/gluten (S/GLU/GEL) at 1:1:1 ratio were manufactured and characterized. Composite films presented lower WVP and larger RT than simple gelatin film. Composite films based on MCS/GEL, GLU/GEL and MCS/GLU/GEL at 4:1, 4:1 and 1:1:1 ratios, respectively, were used for the development of active films usine, potassium sorbate (PS) at 2 and 4%, in volume concentrations. Addition of PS promoted increase in WVP, SOL and ELO as well as a decrease in TS, when compared to films with no added anti-microbial agent. Surface of the composite films were smooth and homogeneous except for the MCS/GLU/GEL with 4% PS. Five microorganisms were selected, for the diffusion halo assay: (i) Eurotium chevalieri; (ii) Eurotium amstelodami; (iii) Wallemia sebii; (iv) Penicillium raIstrickiI e (v) Cladosporium sp. Films that presented the best efficiency on reduction of microbial growth as well as best permeability and mechanical properties were: (i) MCS/GEL and (ii) GLU/GEL, both with 2% of added PS. The active films selected for the diffusion halo assay presented two loss tangent (tan) values, an indication of two Tgs. GLU/GEL films, with no sorbate and with 2% sorbate, were used in sliced bread packaging. Each slice was placed between two sheets of active film and the whole bread was stored inside a low density polyethylene bag. The active films promoted an increase in firmness and a decrease in both moisture content and water activity of the slices. The microbial analysis, storage with active films showed no significant difference from the control sample. By the seventh day of storage the accumulated amout of, potassium sorbate liberated by the film achieved the limit set by Brazilian legislation.
Key-words: gelatin, gluten, modified cassava starch, potassium sorbate, active package.
1
1.0 Introdução
Nos últimos anos, em virtude do impacto ambiental, tem crescido o
interesse em substituir os polímeros sintéticos, que hoje são muito utilizados como
material de embalagem, por materiais biodegradáveis e provenientes de fontes
renováveis. O consumidor tem buscado, cada vez mais, alimentos com maior
qualidade e com vida de prateleira prolongada, sem desconsiderar os danos do
produto ao meio ambiente.
Inúmeras são as técnicas utilizadas na conservação dos alimentos,
destacando-se dentre os processos químicos: o uso de aditivos químicos, a salga
e a defumação; e dentre os principais processos físicos: a pasteurização, a
refrigeração, entre outros. De modo geral, empregam-se métodos combinados,
sendo necessária uma proteção física por meio de uma embalagem adequada
(SOBRAL et al., 1997).
A utilização de embalagens rígidas, como latas metálicas ou recipientes de
vidro, é muito disseminada, pois possuem excelentes propriedades mecânicas e
de barreira ao vapor de água e gases, garantindo uma proteção estrutural
(mecânica). É comum, também, a utilização de filmes flexíveis, geralmente
sintéticos (plásticos). Apesar de garantirem uma proteção desejada para diversos
tipos de alimentos, essas embalagens acarretam sérios problemas ambientais
(SOBRAL et al., 1997).
O Brasil produz cerca de 240 mil toneladas de lixo por dia, valor inferior ao
produzido nos Estados Unidos (607.000 t/dia), mas bem superior ao de países
como a Alemanha (85.000 t/dia) e a Suécia (10.400 t/dia). Desse total, o destino
da maior parte é o lixão a céu aberto. Para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT), são poucas as prefeituras do país que possuem equipes e políticas públicas
específicas para o lixo. Quando não tratado, constitui-se em sério problema
sanitário. As possíveis soluções para a questão são: a criação de aterros
sanitários em locais apropriados, o programa de coleta seletiva de lixo e
Introdução
2
reciclagem, entre outras. A produção de materiais biodegradáveis oferece uma
solução mais viável para materiais plásticos (VILPOUX; AVEROUS, 2001).
Estudos visando a solução desses problemas vêm sendo realizados desde
a década de 1970, quando surgiram as primeiras pesquisas, misturando-se
substâncias biodegradáveis (como o amido) com polímeros sintéticos, tendo como
finalidade a elaboração de embalagens degradáveis. Apesar delas terem sido
declaradas “biodegradáveis”, o teor de amido era pequeno e este era o único
componente capaz de ser consumido pelos microorganismos. Na realidade, esses
materiais eram desintegráveis e não resolviam o problema, uma vez que os
fragmentos dos polímeros sintéticos continuavam a acumular-se no ambiente
(DAVIS; SONG, 2006 citado por SAKANAKA, 2007). Assim, a saída era buscar
outras fontes de polímeros que fossem 100% assimiláveis por microorganismos,
para serem considerados efetivamente biodegradáveis. Uma das alternativas tem
sido o desenvolvimento de filmes comestíveis e/ou biodegradáveis, que servem
como embalagem, ou diretamente sobre os produtos, como cobertura ou
recobrimento (KESTER; FENNEMA, 1986).
Em vários países, é possível encontrar produtos com essa tecnologia.
Todavia, no Brasil a técnica é inovadora e está começando a ser utilizada por
algumas empresas do setor. Em 2004, a APOTEK, tornou-se a primeira empresa
brasileira na fabricação desse tipo de embalagem, servindo o setor farmacêutico.
Segundo a empresa, o plástico comum é formado por cadeias moleculares
compostas por átomos de carbono e hidrogênio ligados fortemente entre si, o que
torna o material difícil de ser digerido pelos microorganismos presentes no
ambiente. Durante o processo de fabricação dos plásticos biodegradáveis, é
inserido um aditivo (PQDH) que não modifica as propriedades do material,
entretanto, faz com que fatores como luz, umidade, temperaturas elevadas e
stress do material fragilizem as ligações entre os átomos. Com as ligações entre
os átomos enfraquecidas, as moléculas do plástico começam a transformar-se em
fragmentos mais facilmente digeríveis por microorganismos. Após as ligações se
Introdução
3
quebrarem, átomos de carbono e hidrogênio são liberados no ambiente. Estes, ao
entrarem em contato com o oxigênio, formam novas moléculas de água e dióxido
de carbono, ou seja, o plástico biodegradável desaparece completamente sem
deixar resíduos nocivos (APOTEK, 2006).
As vantagens dos filmes ou coberturas comestíveis e/ou biodegradáveis
têm despertado interesse em função de suas possibilidades: controlar a migração
de vapor d’água, a permeabilidade ao oxigênio e dióxido de carbono e a migração
lipídica de um sistema alimentício. Além disso, podem ser introduzidos aditivos ao
filme, como: antioxidantes, aromas e agentes antimicrobianos, melhorando assim
a integridade do produto (KESTER; FENNEMA, 1986).
Atualmente, muitas pesquisas começam a enfocar o desenvolvimento de
tecnologias que controlam o crescimento indesejável de microorganismos, com
garantia de segurança por incorporação de substâncias inibitórias dentro do
material de embalagem, denominadas embalagens ativas. Esse conceito de
embalagem é inovador. É definida como um tipo que atua nas condições de
armazenamento estendendo a vida de prateleira e melhorando a segurança ou
propriedades sensoriais, ao mesmo tempo em que mantém a qualidade do
produto (SOARES et al., 2002). A adição de substâncias antimicrobianas, visto
que causa a redução da taxa de crescimento de microorganismos, permite
estender a fase “lag” do microorganismo alvo, prolongando a vida de prateleira do
produto.
Com o aumento do mercado por produtos minimamente processados, de
conveniência, que mantenham as características sensoriais mais próximas dos in
natura, torna-se necessário o desenvolvimento de novas embalagens com funções
especiais. Assim, nos últimos anos, vêm crescendo os estudos sobre embalagens
ativas, com o objetivo de estender a vida de prateleira e melhorar a segurança e
as características sensoriais, ao mesmo tempo em que mantém a qualidade do
produto por meio de uma interação desejável entre a embalagem e o alimento
(DEVLIEGHERE; VERMEIREN; DEBEVERE, 2004).
Introdução
4
Os filmes comestíveis têm recebido interesse na indústria de alimentos em
razão das vantagens que os diferenciam das embalagens não-comestíveis. A
biodegradabilidade inerente ao filme é uma de suas vantagens. Em razão de seus
aspectos ambientais, os filmes biodegradáveis apresentam-se como alternativas
para sistemas de embalagens, sem os prejuízos ambientais dos materiais
sintéticos não degradantes. Futuramente, substituirão total ou parcialmente grande
parte das embalagens sintéticas (KESTER; FENNEMA, 1986).
O objetivo deste trabalho foi determinar a melhor formulação para a
obtenção de biofilmes à base de gelatina, glúten e amido (milho ceroso, milho
ceroso modificado, mandioca ou mandioca modificado) isoladamente e em
combinação, em proporções diversas. À formulação selecionada foi adicionada o
agente antimicrobiano (sorbato de potássio) na concentração de 2 e 4% (p/v). O
melhor biofilme ativo desenvolvido foi aplicado no acondicionamento de pães de
forma.
5
2.0 Revisão Bibliográfica
2.1 Filmes e coberturas comestíveis e/ou biodegradáveis
Coberturas são finas camadas de material aplicadas e formadas diretamente
na superfície do produto (Figura 2.1A), enquanto que filmes são estruturas
fabricadas separadamente (Figura 2.1B) e então utilizadas no produto
(KROCHTA; DE MULDER-JOHNSTON, 1997). Eles podem ser classificados em
comestíveis e/ou biodegradáveis, dependendo dos constituintes utilizados para
sua produção e, também, da quantidade das substâncias empregadas (SHIN,
1996). A utilização destes tipos de filmes pode ser justificada com base nas suas
possibilidades funcionais (KESTER; FENNEMA, 1986): controlar a migração de
vapor d’água, a permeabilidade ao oxigênio e ao dióxido de carbono e a migração
lipídica em um sistema alimentício. Além disso, podem ser introduzidos aditivos ao
filme, tais como antioxidantes, aromas e agentes antimicrobianos, melhorando
com isso a integridade do produto.
A B
Figura 2.1. Desenho esquemático e foto, respectivamente, de: (A) cobertura (ASSIS e
LEONI, 2003) e (B) biofilme (SIQUEIRA, 2004).
A utilização de coberturas não é recente. Nos séculos XII e XIII, os chineses
aplicavam revestimentos à base de ceras em laranjas e limões com o intuito de
retardar a desidratação (HANDERBURG, 1967 citado por KESTER; FENNEMA,
1986). No século XVI, os europeus protegiam a carne da perda de umidade por
Revisão Bibliográfica
7
meio da aplicação de gordura animal (LABUZA; CONTRERAS, 1981).
Atualmente, filmes e coberturas são usados numa variedade de aplicações, como:
revestimento para lingüiça, coberturas de chocolate para nozes e frutas, e
coberturas de ceras para frutas e vegetais. Entretanto, as informações técnicas
envolvidas estão longe das adequadas, deixando os tecnologistas de alimentos
com a incumbência de desenvolver filmes e revestimentos específicos para cada
tipo de alimento (DONHOWE; FENNEMA, 1994).
Coberturas e filmes comestíveis não pretendem, e nem sempre têm a
capacidade para, substituir uma embalagem sintética não comestível com o intuito
de prolongar a estocagem dos alimentos. Sua utilização está relacionada à
capacidade de agir como um adjunto para promover maior qualidade, estendendo
a vida de prateleira, e possibilitar a economia com materiais de embalagem
(KESTER; FENNEMA, 1986).
Visto que atuam tanto como embalagens quanto como componentes do
alimento, as coberturas e filmes devem cumprir alguns requisitos específicos para
seu uso, como: boa qualidade sensorial; propriedades de barreiras e mecânicas
eficientes; estabilidade bioquímica, físico-química e microbiológica; inocuidade,
não poluente; e de processamento simples e de baixo custo (DEBEAUFORT;
QUEZADA-GALLO, VOILLEY, 1995).
A elaboração de biofilmes envolve a utilização de diversos componentes,
cada qual com sua finalidade específica. Essas formulações são constituídas de,
pelo menos, um agente formador de filme (macromoléculas), solvente (água,
etanol, água/etanol etc.), plastificante (glicerol, sorbitol, etc.), agente ajustador do
pH (ácido acético, NH4OH, etc) e aditivos (aromas, vitaminas, antimicrobianos,
etc).
Para a formação de filmes e coberturas, é necessária a utilização de, no
mínimo, um constituinte capaz de formar uma matriz contínua e de coesão
adequada, sendo esse uma macromolécula (GUILBERT; CUQ; GONTARD, 1997).
Os principais constituintes utilizados são: proteínas (caseína, proteínas do soro do
Revisão Bibliográfica
8
leite, proteína do milho-zeína, proteína do trigo-glúten, colágeno e gelatina),
polissacarídeos e seus derivados (derivados da celulose, quitosana, amido,
alginatos, pectinas e gomas) e lipídios (monoglicerídeos, ácidos graxos, ceras
naturais etc.) (GUILBERT, 1986).
Os filmes elaborados a partir de polissacarídeos ou proteínas possuem
excelentes propriedades mecânicas e ópticas, porém são sensíveis à umidade e
apresentam alto coeficiente de permeabilidade ao vapor d’água. Ao contrário, os
filmes compostos de lipídios apresentam boas propriedades de barreiras ao vapor
d’água, mas são opacos e pouco flexíveis (GUILBERT, 1986; GALLO et al., 2000).
Os solventes utilizados na elaboração de filmes comestíveis, normalmente,
são: a água, o etanol ou a combinação de ambos (KESTER; FENNEMA, 1986). A
macromolécula ao dissolver-se forma uma dispersão coloidal, isto é, um sistema
formado por moléculas dispersas que têm dimensões muito maiores que as
moléculas do solvente (XIONG, 1994). Portanto, a solubilização da macromolécula
está relacionada à sua capacidade de interagir com o solvente utilizado, sendo
este um aspecto determinante na formação de filmes, visto que a total solubilidade
é necessária para o processo de sua formação.
Os plastificantes são substâncias que, quando adicionados a outro material,
provocam mudanças nas suas propriedades físicas, químicas e mecânicas (DE
McHUGH; KROCHTA, 1994a). Além disso, em sua maioria, apresentam caráter
hidrofílico e, por serem normalmente moléculas pequenas, são facilmente
acoplados entre as cadeias poliméricas em virtude de sua habilidade de reduzir a
formação de pontes de hidrogênio entre as cadeias, causando um aumento do
volume livre ou da mobilidade molecular do polímero (BODMEIER; PAERATAKUL,
1997). A incorporação de plastificante em biopolímeros modifica a organização
molecular tridimensional da rede, diminui as forças de atração intermoleculares e
aumenta o volume livre do sistema, melhorando a flexibilidade e extensibilidade
dos filmes (CUQ et al., 1996a; SOTHORNVIT; KROCHTA, 2000).
Revisão Bibliográfica
9
Os efeitos do tipo de plastificante, bem como a escolha de sua
concentração é complexa, já que, com o aumento da mobilidade da cadeia, os
coeficientes de difusão também aumentam, resultando numa maior
permeabilidade aos gases e ao vapor de água (FAIRLEY et al., 1996). Entre os
plastificantes utilizados em biofilmes, podem ser encontrados mono-, di- e
oligossarídeos (glicose e sacarose), polióis (glicerol, sorbitol, derivados da
glicerina e gliceróis), lipídios (ácidos graxos saturados, monoglicerídeos e
derivados de éster, fosfolipídios e surfactantes) e triacetina (GUILBERT, 1986;
FAKHOURI; BATISTA; GROSSO, 2003; BERTAN et al., 2003).
Vários estudos confirmam o efeito do pH na solubilidade de diferentes
macromoléculas nos processos de formação de filme, sendo esse um aspecto
fundamental em suas propriedades. Por vezes, pode tornar-se necessário um
ajuste do pH da solução para que assim uma matriz homogênea possa vir a ser
constituída, ou seja, uma maior solubilidade da macromolécula seja atingida
(ARVANITOYANNIS; NAKAYAMA; AIBA, 1997). O pH da solução afeta a natureza
e a distribuição de cargas das proteínas, uma vez que os grupos polares são, na
maioria dos casos, encontrados na região externa das proteínas, enquanto os
apolares geralmente na região interna (WERTZ; SCHERAGA, 1978). Em geral, o
ponto isoelétrico (pI) da proteína — quando uma molécula apresenta igual número
de cargas positivas e negativas — constitui-se no pH de menor solubilidade
(SGARBIERI, 1996). Nesse ponto, a interação proteína-proteína aumenta em
razão de as forças eletrostáticas das moléculas serem mínimas, provocando
menor interação da água com as moléculas de proteína. Dessa forma, propicia
uma condição favorável para que as moléculas se aproximem e se agreguem
podendo ocorrer a precipitação (HALL, 1996). Em valores de pH acima ou abaixo
do pI, as moléculas de proteínas possuem cargas positivas ou negativas em
excesso, que interagem com as moléculas de água contribuindo para sua
solubilização (SGARBIERI, 1996).
O método de fabricação de filmes de materiais baseados em biopolímeros
pode ser de dois tipos: úmido ou seco. O processo úmido requer a dispersão da
Revisão Bibliográfica
10
macromolécula produzindo uma solução formadora de filme e tem sido
extensivamente estudada e aplicada para produzir filmes comestíveis,
biodegradáveis e coberturas (KESTER; FENNEMA, 1986). O processo de
produção dos filmes a partir de solução formadora de filme envolve uma primeira
etapa de solubilização da macromolécula (na água, no etanol, em solução de
ácido acético e entre outros), em cujo solvente podem ser incorporados diversos
aditivos (plastificantes, agentes reticulantes, etc.); na segunda etapa, essa solução
é espalhada sobre um suporte e, usualmente, submetida à secagem (CUQ et al.,
1995). O processo seco, por sua vez, baseia-se nas propriedades termoplásticas
de alguns biopolímeros (principalmente amido e proteínas) em condições de baixo
conteúdo de umidade e tem sido aplicada com sucesso por usar tecnologia
comum de processo de fusão, como a extrusão (FRITZ et al., 1994).
As características finais dos filmes comestíveis e/ou biodegradáveis são
resultantes de inúmeros parâmetros, tais como: natureza química e concentração
da macromolécula e demais constituintes (solvente, plastificante, etc.); pH;
condições de desnaturação (no caso de proteínas); tipo de suporte utilizado;
condições de secagem e condições ambientais (temperatura e umidade) para
aplicação (CARVALHO, 2002).
2.2 Características dos filmes
Na produção de biofilmes, diversas características, entre as quais se
destacam a espessura, textura, sabor, aroma, cor e opacidade, são importantes
para a escolha da aplicação e também aceitação do produto pelo consumidor.
2.2.1 Espessura
Segundo Gennadios et al. (1993), o controle da espessura dos filmes é
importante para sua uniformidade, repetibilidade das medidas e validade das
comparações entre as propriedades dos biofilmes. A espessura deve ser
estabelecida levando-se em conta a utilização final do filme, que dependerá do
Revisão Bibliográfica
11
alimento a ser embalado (SARMENTO, 1999). Esse controle é difícil, sobretudo
nos processos de produção do tipo casting. Quando se trabalha com alta
concentração de proteína na solução formadora de filme, tal solução se torna
muito viscosa, dificultando seu espalhamento e, conseqüentemente, o controle da
espessura, além de possibilitar a formação de bolhas na solução, em razão da
propriedade de formação de espuma presente nas proteínas. Quando se controla
a espessura, seja fixando-se a gramatura ou a alíquota da solução no suporte,
deve levar-se em consideração as características das formulações (SOBRAL,
1999).
Gennadios et al. (1996) desenvolveram biofilmes à base de ovoalbumina a
partir de soluções formadoras de filme com concentração variável de plastificante,
controlando o nível da solução no suporte. Os autores observaram que a
espessura variou de 0,098 a 0,103 mm. Cuq et al. (1996b) observaram que a força
na ruptura e a permeabilidade ao vapor de água aumentaram linearmente com a
espessura entre 0,010 e 0,055 mm nos biofilmes de proteínas miofibrilares de
sardinha do Atlântico.
2.2.2 Aspecto visual
De forma geral, está relacionada à aparência do filme e pode ser avaliada
por observações visuais e tácteis. O filme deve apresentar uma superfície
contínua e homogênea, ou seja, não deve apresentar fissuras após o processo de
secagem, nem partículas insolúveis ou poros abertos (CARVALHO, 1997).
2.2.3 Sabor e aroma
Uma vez que os filmes e/ou coberturas comestíveis estarão em contato
com os alimentos, é desejável que apresentem características sensoriais neutras,
de modo que não alterem as propriedades dos alimentos. Filmes à base de
hidrocolóides possuem geralmente características sensoriais mais neutras que os
formados de lipídios ou derivados, que podem apresentar sabor residual
Revisão Bibliográfica
12
(GONTARD; GUILBERT, 1996). Atualmente, existem estudos sobre filmes que
interagem de maneira desejável com o alimento, melhorando suas propriedades
sensoriais.
Pires et al. (2006) desenvolveram filmes de base celulósica, ao qual foi
adicionado aroma de morango em diversas concentrações (25, 50 e 75%). Esses
filmes, em suas diversas concentrações, foram colocados em contato com 1 litro
de leite pasteurizado. Os autores realizaram análises físico-químicas (gordura,
densidade, acidez titulável, pH, extrato seco total e desengordurado),
microbiológicas (contagem de mesófilos aeróbicos totais, coliformes totais,
coliformes termotolerantes e presença/ausência de Listeria sp) e análise sensorial,
nos tempos 0, 1, 2, 3 dias de armazenamento. Não houve diferença significativa
(p≤0,05) entre as amostras quanto às análises físico-químicas e microbiológicas
em nenhum dos tempos avaliados. Na análise sensorial, as amostras
aromatizadas não diferiram entre si (p≥ 0,05) para os atributos aroma e impressão
global, sendo estas mais aceitas que a amostra controle.
Gouveia et al. (2006) desenvolveram filmes ativos à base de acetato de
celulose incorporados com aroma de azeite, limão, pizza e bacon com o objetivo
de melhorar as propriedades sensoriais da ricota e torná-la um produto de maior
aceitação. Os autores avaliaram a aceitabilidade das amostras por 82 provadores
após 12 horas (1/2 dia) e 264 horas (11 dias). Os resultados mostraram que, após
12 horas de armazenamento, 95,1% dos provadores consideraram existir
diferença entre as amostras em relação à impressão global e 4,9% não
discriminaram as amostras em relação à aceitação, considerando-as semelhantes.
Na análise realizada após 264 horas, 97,6% diferiram as amostras entre si e
apenas 2,4% consideraram-nas semelhantes, sendo as amostras mais aceitas
aquelas aromatizadas com pizza e bacon, enquanto a ricota controle foi a menos
aceita. Os autores concluíram que os filmes aromatizados são inovadores e tem
grande potencial de aplicação na área de alimentos para criação de novos
produtos.
Revisão Bibliográfica
13
2.2.4 Cor e opacidade
Os filmes devem apresentar opacidade e coloração atrativas e não devem
sofrer alteração de cor com o tempo de armazenamento, a fim de que a aceitação
do produto acondicionado não seja prejudicada. A transparência e a opacidade do
polímero são conseqüências da morfologia ou estrutura química (CHEN, 1995).
Quando a transparência é essencial para a aplicação de cobertura na superfície
de um determinado produto, o uso de material lipídico, como cera de carnaúba ou
cera de abelha, deve ser limitado (GONTARD et al., 1994).
Akin e Hasirci (1995) observaram a mudança da coloração de amarelo
palha para laranja vivo nos primeiros minutos de reação entre o glutaraldeído e a
solução de gelatina. Butler et al. (1996) observaram que os filmes à base de
quitosana apresentam uma coloração amarelada, que é acentuada à medida que
a espessura aumenta. Cao, Fu e He (2007) desenvolveram filmes compostos de
isolado protéico de soja e gelatina (respectivamente) nas proporções 10:0; 8:2;
6:4; 4:6; 2:8 e 0:10. Os autores observaram que os compostos desenvolvidos com
maior proporção de isolado protéico de soja apresentaram-se mais opacos, em
virtude da presença de partículas insolúveis.
2.2.5 Propriedades dos filmes
Os filmes comestíveis podem apresentar diferentes características e
propriedades físico-químicas e mecânicas dependendo da formulação e do
processo de fabricação.
2.2.5.1 Permeabilidade ao vapor de água (PVA)
A proteção do alimento contra alterações provocadas pelo meio ambiente,
desde a sua obtenção até chegar ao consumidor, é uma das preocupações mais
importantes na atualidade (MARTIN-POLO et al., 1992). A migração de vapor de
água é um dos principais fatores de alteração da qualidade sensorial e da
estabilidade da estocagem (KAMPER; FENNEMA, 1984; GONTARD et al., 1994;
Revisão Bibliográfica
14
CHEN, 1995). A cinética enzimática ou reações químicas, propriedades de textura
e estabilidade microbiana e física de produtos alimentícios são fortemente
influenciadas pelo conteúdo de umidade e podem mudar drasticamente a
qualidade do alimento durante o processamento e estocagem. Assim, muitas
vezes, é necessário limitar a migração de umidade com substâncias capazes de
prevenir a transferência da molécula de água, com o intuito de maximizar a vida
útil do produto (MARTIN-POLO et al., 1992; GONTARD et al., 1996).
A transferência de água em materiais poliméricos ocorre por difusão
molecular. Esse processo envolve três etapas: (i) movimento do permeante para a
superfície da estrutura do filme e sua absorção na matriz polimérica; (ii) difusão
através de “espaços livres” formados pelo movimento da cadeia polimérica do
filme ou na própria fabricação e (iii) dessorção a partir da superfície do filme e sua
conseqüente dispersão no ar (KESTER; FENNEMA, 1986).
O processo de difusão em um sistema polímero/solvente depende do
tamanho, natureza química, configuração da molécula penetrante e do movimento
molecular da cadeia do polímero na matriz do filme (KESTER; FENNEMA, 1986).
Em geral, moléculas lineares difundem mais rapidamente que as ramificadas ou
cíclicas. Pequenas diferenças na forma causam mudanças importantes na
permeabilidade (TORRES, 1994).
Diversos fatores podem afetar a permeabilidade ao vapor de água em
biofilmes, incluindo-se a concentração de plastificante, a morfologia do biofilme, as
características das moléculas permeantes, as interações entre cadeias poliméricas
e o grau de reticulação (KESTER; FENNEMA, 1986).
Zactiti e Kieckbusch (2006) desenvolveram filmes à base de alginato, em
que foram adicionadas quantidades diferentes de cálcio (2, 3, 4, 5 e 7%). Os
autores observaram uma diminuição significativa na permeabilidade ao vapor de
água à medida que aumentava a concentração de cálcio de 2% (11,93
gmm/m2diakPa) para 3% (6,89 gmm/m2diakPa). Os autores explicaram que os
íons cálcio promovem uma reticulação na matriz, a mobilidade das cadeias de
Revisão Bibliográfica
15
alginato diminui, reduzindo dessa maneira a difusibilidade da água através do
filme, levando a uma diminuição da permeabilidade ao vapor de água. Rhim
(2004) estudou o efeito da reticulação de filmes de alginato por meio da imersão
em soluções de cloreto de cálcio em diversas concentrações (1, 2, 3 e 5% g
cálcio/mL de solução). Com exceção da primeira condição (1%), as demais
causaram uma diminuição da permeabilidade ao vapor de água. Talja et al. (2007)
estudaram o efeito da variação no teor de diferentes polióis (glicerol, xilitol e
sorbitol) nas propriedades físicas e mecânicas de filmes de amido de mandioca.
Os autores observaram que o aumento da concentração dos polióis causou
aumento na permeabilidade ao vapor de água. Eles explicaram que o aumento da
concentração de plastificante leva a uma elevação da permeabilidade ao vapor de
água em virtude do aumento da difusão da água através do filme, ocasionado por
sua maior hidrofilicidade. Os mesmos autores também observaram que a elevação
da umidade relativa (33, 54 e 76%) durante os testes, causou aumento na
permeabilidade ao vapor de água.
Talja et al. (2008) estudaram o efeito da incorporação de várias misturas
binárias (1:1) de polióis (glicerol, sorbitol e xilitol) na concentração de 20-50%, nas
propriedades físicas e mecânicas de filmes à base de amido de batata (50-80% de
sólidos), armazenado em ambientes com diferentes umidades relativas (33; 54 e
76%). Os autores observaram uma diminuição da resistência à tração e aumento
na porcentagem de elongação com o aumento da concentração da misturas dos
polióis nos filmes, sendo esse efeito intensificado com a elevação da umidade
relativa.
2.2.5.2 Permeabilidade a gases (PO2)
A transferência de oxigênio do meio ambiente para o alimento tem grande
importância na qualidade deste e em sua vida de prateleira. O oxigênio é
responsável por várias reações degradativas nos alimentos, modificando as
características sensoriais e nutricionais (SOTHORNVIT; KROCHTA, 2000), e pode
influenciar de forma significativa a sua estabilidade durante o armazenamento. A
Revisão Bibliográfica
16
deterioração em razão da permeabilidade ao oxigênio ocorre em muitos produtos
alimentícios, envolvendo a oxidação de lipídios, vitaminas, compostos de sabor e
pigmentos (KESTER; FENNEMA, 1986).
A deterioração dos alimentos promovida pela oxidação e respiração pode
ser controlada por meio do uso de filmes comestíveis e/ou biodegradáveis,
estando diretamente relacionada à permeabilidade ao oxigênio e ao gás
carbônico. Oxigênio e gás carbônico são dois gases que estão ligados à
conservação de frutas frescas e de vegetais, bem como alimentos contendo
lipídios (CHEN, 1995). O desenvolvimento de filmes e coberturas comestíveis com
permeabilidade seletiva à gases é potencialmente interessante no controle da
respiração causando um efeito de atmosfera modificada, promove um aumento na
preservação das frutas (GONTARD et al., 1996).
Dole et al. (2004) estudaram as propriedades de transferência de gases em
filmes à base de amido de batata. Os autores observaram que o aumento da
umidade relativa (0 para 50%) causou aumento na permeabilidade ao oxigênio
(0,04 para 5%) e ao gás carbônico (0,08 para 5,5%). Os autores justificaram esse
comportamento em virtude do efeito plastificante da água, que aumentou o
número de espaços livres e, conseqüentemente, propiciou aumento da difusão de
gases. Sothornvit e Pitak (2007) estudaram a permeabilidade ao oxigênio e
propriedades mecânicas de filmes de compostos de farinha de banana (4; 6 e 8%)
e pectina (0 e 1%) plastificados com glicerol (30 e 50%). Os autores observaram
que apesar de os filmes confeccionados com biopolímeros hidrofílicos
apresentarem boas barreiras ao oxigênio, o aumento na concentração de farinha
de banana provocou aumento na permeabilidade ao oxigênio. Os autores
explicaram que com o aumento do conteúdo de farinha de banana, há um
aumento do conteúdo de pectina e amido nos filmes, o que teoricamente por
apresentar um caráter hidrofílico, causaria diminuição na permeabilidade ao
oxigênio, fato que não ocorreu. Esse fato pode ter ocorrido pela presença de
açúcar na composição da farinha de banana, que funciona como plastificante e,
provavelmente, influenciou nas propriedades finais dos filmes.
Revisão Bibliográfica
17
2.2.5.3 Propriedades mecânicas
As principais propriedades mecânicas dos filmes são a resistência à tração
e a porcentagem de elongação. A primeira é expressa pela tração máxima
desenvolvida pelo filme no teste. A segunda é a habilidade do filme em se
estender. Os filmes obtidos devem ser resistentes à ruptura e à abrasão, fazendo
com que o alimento não perca sua integridade e proteção por manuseio e
transporte. Além disso, ele deve possuir flexibilidade suficiente para adaptar-se a
eventuais deformações no alimento sem dano mecânico (GONTARD et al., 1994).
Filmes comestíveis preparados à base de polissacarídeos e hidrocolóides
são resistentes, enquanto que os filmes de lipídios se caracterizam por apresentar
baixa resistência mecânica (KESTER; FENNEMA, 1986). As propriedades
mecânicas estão diretamente relacionadas à natureza do material formador de
filme utilizado e à coesão da estrutura da matriz polimérica, que está ligada à
distribuição e concentração inter e intramoleculares na estrutura formadora de
filme entre as cadeias (CUQ; GONTARD; GUILBERT, 1998).
Famá et al. (2005) desenvolveram filmes de amido de mandioca contendo
sorbato de potássio, plastificados com glicerol. Os autores concluíram que as
propriedades mecânicas desse tipo de filme foram afetadas pela adição do
sorbato, que causou desestruturação da rede. Talja et al. (2007), em pesquisa
com o mesmo tipo de filme, observaram que o aumento da concentração de
plastificante (20-50%) e da umidade relativa (33, 54 e 76%) causou diminuição da
resistência à tração. Zactiti e Kieckbusch (2006) desenvolveram filmes de alginato,
que foram submetidos ao tratamento com cálcio utilizando diversas concentrações
de íons na solução. A tensão na ruptura apresentou melhora significativa ao
aumentar a concentração de cálcio, sendo menor com 2% do íon (85.67 MPa) e
maior com 7% (160,26 MPa). A elevação da tensão na ruptura após o tratamento
com cálcio pode ser explicada pelo desenvolvimento de crosslinking entre os
grupos carboxílicos presentes no alginato e os íons cálcio. Os mesmo autores
Revisão Bibliográfica
18
observaram uma diminuição na porcentagem de elongação dos filmes tratados
com cálcio.
2.2.5.4 Solubilidade em água
A solubilidade em água é uma propriedade importante para os filmes
comestíveis no que se refere ao seu emprego, pois a maioria das aplicações
requer insolubilidade nesse solvente para manter a integridade do produto
(PEREZ-GAGO; KROCHTA, 2001). Porém, no caso de produtos desidratados que
devem sofrer uma hidratação prévia ao consumo (arroz semi-prontos, sopas
instantâneas, entre outros) a solubilidade em água é requerida (PEREZ-GAGO;
KROCHTA, 2001).
A solubilidade dos filmes depende dos componentes de sua estrutura.
Proteínas com alta massa molecular são geralmente insolúveis ou pouco solúveis
em água. Em virtude disso, essas moléculas são interessantes, uma vez que
podem formar filmes resistentes à água (CUQ et al., 1995). A solubilidade das
proteínas depende muito do número e do arranjo de cargas na molécula, que
dependerá da composição de aminoácidos (SGARBIERI, 1996).
Cuq et al. (1996b) estudaram a influência da umidade relativa e temperatura
sobre as propriedades de barreira, mecânica e de cor dos biofilmes de proteína
miofibrilar de sardinha plastificados com sacarose. Os autores não observaram
diferença significativa na solubilidade dos biofilmes em água. Zactiti e Kieckbusch
(2006) desenvolveram filmes de alginato tratados com diversas concentrações de
cálcio, não observando diferença significativa na solubilidade em água dos filmes
tratados. Vicentini (2003), em estudo com filmes de fécula de mandioca, observou
que o aumento na espessura dos filmes provocou redução da solubilidade em
água.
Revisão Bibliográfica
19
2.3 Filmes ativos
Atualmente, há no setor alimentício, uma busca crescente por métodos de
conservação que provoquem menos alterações nas qualidades físico-químicas e
sensoriais dos alimentos e que contenham uma quantidade mínima de aditivos. A
resposta da indústria tem sido investir em novas tecnologias que atendam a essa
demanda, principalmente com o desenvolvimento de novas embalagens. Há
poucos anos atrás, as embalagens nos alimentos exerciam somente a função de
marketing e de proteção passiva. Entretanto, esse conceito vem se modificando e
o papel da embalagem como fator ativo na conservação, na manutenção da
qualidade e na segurança dos alimentos vem aumentando nos últimos anos.
Exemplos disso são as embalagens antimicrobianas, que são aquelas capazes de
eliminar ou inibir microorganismos deteriorantes e/ou patogênicos, atuando como
mais uma barreira (VERMEIREN et al., 1999).
As embalagens ativas têm sido utilizadas em uma variedade de produtos,
como pães, biscoitos, bolos, pizzas, massas frescas, queijos, carnes, frutas, entre
outros. Cada um desses produtos tem mecanismos diferentes de deterioração,
sendo necessário seu conhecimento para que se possa selecionar a embalagem
ativa (VERMEIREN et al., 1999).
A embalagem antimicrobiana é uma forma promissora de embalagem
comestível ativa. Embora, a maioria dos produtos alimentícios perecíveis
embalados seja esterilizada por meio de processos térmicos ou possuam um
sistema de auto-proteção, a contaminação microbiana pode ocorrer na superfície
ou em área danificada por defeitos na embalagem ou durante o armazenamento
após sua abertura. A incorporação das substâncias antimicrobianas no material da
embalagem pode controlar a contaminação por meio da redução da taxa de
crescimento e do máximo crescimento populacional, permitindo, estender a fase
“lag” do microorganismo alvo, prolongando a vida de prateleira e mantendo a
segurança do produto (HAN, 2000). Desse modo, filmes e coberturas com agentes
antimicrobianos fornecem uma barreira ativa adicional como obstáculo ao
Revisão Bibliográfica
20
crescimento desse tipo de microorganismo (OZDEMIR; FLOROS, 2001). Essas
embalagens apresentam-se de várias formas: (i) adição de sachês no interior da
embalagem contendo antimicrobianos; (ii) adsorção de antimicrobianos na
superfície do polímero; (iii) imobilização do antimicrobiano nos polímeros por
ligações iônicas ou covalentes e (iv) uso de polímeros com atividade
antimicrobiana (APPENDINI; HOTCHKISS, 2002).
A liberação de aditivos por intermédio de embalagens ativas aumenta a
segurança do consumidor, pois esses compostos, em vez de serem diretamente
adicionados ao alimento, são liberados de forma controlada em menores
quantidades, e apenas onde sua presença é requerida (SOARES et al., 2002).
As substâncias químicas com atividade antimicrobiana geralmente
incorporadas no material de embalagem são: ácidos e sais orgânicos (sorbato de
potássio e cálcio, ácido propiônico, ácido acético, benzoato de sódio, etc); sulfitos;
nitritos e antibióticos. Os agentes antimicrobianos podem ser incorporados
inicialmente dentro do material de embalagem e migrar para o alimento por meio
de difusão, sendo, um aspecto importante, o controle da liberação e da migração
da quantidade de substância antimicrobiana (HAN, 2000).
Na escolha do antimicrobiano, deve-se considerar o tipo de alimento, método
de processamento, armazenamento e microorganismo envolvido, bem como
outras propriedades como constante de dissociação (pKa) e níveis tóxicos (JAY,
1992). Por razão de solubilidade, sabor e baixa toxicidade, os propionatos,
sorbatos e benzoatos são mais utilizados que os ácidos dos quais eles provêm
(ANTUNES; CANHOS, 1985).
Soares et al. (2002) desenvolveram filmes de acetato de celulose contendo
propionato de sódio em diversas concentrações (0, 2 e 4%) para embalar pães de
forma. Os autores observaram que os filmes ativos desenvolvidos causaram um
efeito inibitório no crescimento microbiano, sendo mais evidente na máxima
concentração, pois após 14 dias de estocagem, a fatia de pão em contato com o
filme contendo 4% de propionato de sódio mostrou 70% menos perda por
Revisão Bibliográfica
21
deterioração do produto quando comparada com as fatias em contato com filme
sem propionato de sódio. Siragusa e Dickinson (1993) também observaram que
coberturas de alginato contendo ácidos orgânicos foram efetivas na conservação
de carne, reduzindo os níveis de Listeria monocytogenes, Salmonella
thyphimurium e Escherichia coli. Ming et al. (1997) reportaram que coberturas
ativas de celulose com pediocina também inibiram o crescimento de Listeria
monocytogenes em carnes.
Fraga et al. (2005) desenvolveram embalagens ativas para a conservação do
queijo tipo gorgonzola e verificaram a migração da substância antimicrobiana
natamicina incorporada. Os queijos envolvidos com o filme apresentaram boa
inibição do crescimento superficial de fungos quando comparados ao filme sem
natamicina, durante todo período de maturação avaliado. Porém, os queijos
apresentaram um aspecto externo diferente do habitual, com uma coloração
esbranquiçada e sem a formação de casca. Pereira et al. (2005) desenvolveram
filmes laminados, incorporados de natamicina, e avaliaram sua eficiência
antimicrobiana no crescimento de fungos pelo método de formação de halo. Os
filmes incorporados de natamicina apresentaram efeito inibitório que aumentava
com a concentração do antimicrobiano no filme, em virtude da maior liberação do
antifúngico para o meio de cultura. O fungo Penicillium roqueforti apresentou maior
susceptibilidade à ação da natamicina que os fungos Aspergillus niger e
Penicillium sp, com halo de inibição maior em todas as concentrações estudadas.
Silveira et al. (2007) desenvolveram filmes de base celulósica com 25 e 70
μm de espessura, incorporados com 0, 1, 2, 3, 4, 5 e 6% de ácido sórbico, que
foram produzidos e intercalados com massa de pastel sem conservante para
avaliar sua ação antimicrobiana. As massas com filmes de 25 μm de espessura,
contendo 6% de ácido sórbico apresentaram contagem de psicotróficos inferior a
massa controle (sem conservante). Ye et al. (2008) estudaram a eficácia de filmes
de Surlyn ® recobertos com quitosana e incorporados com nisina (500 UI/cm2);
lactato de sódio (0,01 g/cm2); diacetato de sódio (0,0025 g/cm2); sorbato de
potássio (0,003 g/cm2) ou benzoato de sódio (0,001 g/cm2) no controle de Listeria
Revisão Bibliográfica
22
monocytogenes em presunto, armazenados primeiramente em temperatura
ambiente por 10 dias. A cobertura contendo lactato de sódio foi mais eficiente no
controle de Listeria monocytogenes. Kristo et al. (2008) estudaram as
propriedades térmicas, mecânicas e de barreira ao vapor de água em filmes de
caseinato de sódio contendo sorbato de potássio, nisina e lactato de sódio e sua
ação contra Listeria monocytogenes. Os autores concluíram que os filmes
desenvolvidos atenderam ao objetivo de liberarem os compostos antimicrobianos,
que foi superior quando a nisina foi utilizada.
2.4 Proteínas do trigo
Glúten é o termo geral adotado para as proteínas da farinha de trigo
insolúveis em água. Ele é composto por uma mistura de moléculas polipeptídicas,
consideradas proteínas globulares. A coesividade e a elasticidade são
características do glúten que facilitam a formação de filme (POMMET et al., 2003).
Tratamentos físicos, químicos e enzimáticos têm sido aplicados na modificação
dos materiais formadores de filmes de glúten. Os sítios reativos da proteína do
glúten são susceptíveis a várias modificações que possibilitam a formação de uma
rede tridimensional com forte influência nas propriedades mecânicas e funcionais
(SUN; SONG; ZHENG, 2007).
O glúten pode ser separado em 2 frações de quantidades aproximadamente
iguais: gliadina e glutenina (KASARDA; NIMMO; KOHLER, 1971). A gliadina é
solúvel em etanol 70% e em outros álcoois como metílico, benzílico e ainda fenol.
Já, a glutenina é insolúvel em água e etanol, ligeiramente solúvel em etanol a
quente. Essa diferença de solubilidade traz problemas na obtenção de filmes,
tornando-os opacos e com partículas insolúveis (GONTARD; GUILBERT; CUQ,
1992). De acordo com Gennadios e Weller (1990), a massa molecular da gliadina
está na faixa de 20.000 a 40.000 Da e da glutenina entre 50.000 a 1.000.000 Da.
As moléculas de gluteninas apresentam-se como espirais longas, enquanto as da
gliadina são esferas pequenas.
Revisão Bibliográfica
23
A composição de aminoácidos do glúten determina suas propriedades
funcionais. Uma característica importante é seu alto conteúdo de ácido glutâmico
(cerca de 37%), existindo principalmente como glutamina. Os grupos amina
terminais da glutamina provocam extensivas pontes de hidrogênio entre as
cadeias polipeptídicas do glúten. A cistina, outro aminoácido presente, liga duas
cadeias polipeptídicas (ligação intermolecular) ou porções de uma mesma cadeia
polipeptídica (ligação intramolecular) com ligações dissulfeto (S-S) (KRULL;
WALL, 1969 citado por GENNADIOS; WELLER, 1990).
Os filmes de glúten são usualmente preparados pelo processo de casting,
em que vários fatores — incluindo tipo de glúten, plastificante (tipo e
concentração), pH, umidade relativa, solvente e concentração da proteína —
podem influenciar as propriedades finais do filme (SUN; SONG; ZHENG, 2007).
As ligações dissulfeto são importantes durante a formação de filmes de glúten.
Segundo Roy et al. (1999), o mecanismo de formação dos filmes comestíveis à
base de glúten corresponde à desnaturação da proteína por meio do aquecimento
das soluções protéicas, reduzindo as ligações dissulfídicas (S-S) existentes e
expondo grupos SH, que formam zonas de interação intramoleculares. Durante a
secagem, pela eliminação parcial do solvente, as proteínas interagem
intermolecularmente por pontes de hidrogênio, ligações hidrofóbicas e ligações
dissulfídicas que são formadas novamente por meio da oxidação pelo ar,
interligando as cadeias de proteínas e promovendo o aparecimento da matriz
filmogênica (Figura 2.2). Essa rede pouco hidratada forma então o filme, cujas
propriedades são, sobretudo, função do tipo, das atribuições e da intensidade das
ligações estabelecidas (GONTARD, 1991 citado por VICENTINI, 2003).
Revisão Bibliográfica
24
Figura 2.2. Desenho esquemático da formação de filmes de glúten (VICENTINI, 2003).
Diversos autores vêm realizando pesquisas envolvendo filmes simples e
compostos à base de glúten do trigo. Gennadios et al. (1993) estudaram o efeito
do pH em filmes de glúten e de isolado protéico de soja e sua influência em suas
propriedades. Os autores observaram que filmes de glúten preparados em pH de
1 a 3 e filmes de isolado protéico de soja em pH de 6 a 11 apresentaram maiores
valores de resistência à tração. Cherian et al. (1995) estudaram o efeito
plastificante da sacarose, glicerina e sorbitol nas propriedades termodinâmicas
dos filmes de glúten. Observaram melhor miscibilidade do sorbitol em relação aos
demais plastificantes utilizados. Pommet et al. (2003) propuseram a utilização de
diversos ácidos graxos para plastificar filmes de glúten. Esses autores perceberam
que, ao adicionar ácidos graxos com cadeia de carbono menor que 10, o efeito
lubrificante mostrou-se mais eficiente, enquanto a utilização de ácidos graxos com
cadeias maiores resultou em separação de fases e sua exsudação da matriz
protéica. Nos termogramas obtidos por análise dinâmico mecânica (DMA), os
mesmos autores verificaram que os filmes plastificados com ácido láurico,
mirístico e palmítico apresentaram um pico menor antes do maior pico referente à
Revisão Bibliográfica
25
temperatura de transição vítrea (Tg) do glúten, em razão da heterogeneidade do
material.
Hernández-Muñoz, Villalobos e Chiralt (2004) avaliaram o efeito do
tratamento térmico (40, 55, 70, 85, 95 e 115°C) nas propriedades funcionais de
filmes elaborados com frações de glúten de trigo (gliadina e glutenina) com e sem
glicerol. Os autores observaram que apenas os filmes desenvolvidos com gliadina
com e sem glicerol a 70, 85, 95 e 115°C não se desintegram totalmente em água.
Acima de 70 °C, há formação de ligações intermoleculares (S-S), levando à
criação de uma rede mais coesa pela formação de ligações cruzadas e
promovendo, assim, a integridade do filme em água. Paz et al. (2005) estudaram a
permeabilidade ao etileno em função da umidade relativa (25 a 75% UR) de filmes
de glúten de trigo. Os autores perceberam que a elevação da temperatura e da
umidade relativa promove um aumento da permeabilidade ao etileno. Esse
comportamento foi atribuído ao efeito plastificante da água ao aumentar a
umidade relativa do ensaio
Sun; Song e Zheng (2007) investigaram a utilização de L-cisteína,
formaldeído e glutaraldeído na termo-moldagem de filmes biodegradáveis de
glúten de trigo contendo glicerol como plastificante. Os autores observaram
aumento da resistência à tração e diminuição da porcentagem de elongação com
a utilização desses agentes.
2.5 Gelatina
Entre os hidrocoloídes disponíveis, a gelatina é o mais popular. É utilizada
largamente nas indústrias alimentícia e farmacêutica em razão de suas
propriedades funcionais, sendo produzida em grande escala e a preços
relativamente baixos (POPPE, 1987).
A gelatina é uma proteína animal, solúvel em água e resultante da hidrólise
ácida ou básica do colágeno (POPPE, 1987), cujas propriedades (distribuição de
massa molecular, estrutura e composição em sub-unidades) dependem do
Revisão Bibliográfica
26
processo de obtenção e da matéria-prima (BELL, 1989). Em sua composição
química, estão presentes todos os aminoácidos com exceção do triptofano e da
cisteína. O conteúdo e seqüência dos aminoácidos variam de uma fonte para
outra, no entanto, geralmente, glicina, prolina e hidroxiprolina, encontram-se em
maior quantidade (POPPE, 1987).
O processo de obtenção da gelatina comercial pode ser dividida em duas
etapas. Primeiramente, o colágeno é desnaturado a 40C e, posteriormente,
submetido à hidrólise (ácida ou básica) para quebra das ligações covalentes.
Basicamente, existem dois tipos de gelatinas: gelatina tipo A e gelatina tipo B, as
quais diferem quanto ao tipo de preparação. Gelatina tipo A recebe pré-tratamento
ácido antes da desnaturação térmica, obtendo um ponto isoelétrico (pI) entre 7 e
9; enquanto que a gelatina tipo B recebe pré-tratamento alcalino, obtendo um pI
entre 4,6 a 5,2 (GENNADIOS et al., 1994).
Em sua estrutura, a gelatina diferencia-se das demais proteínas pela
ausência de ordem interna e pela configuração aleatória das cadeias de
polipeptídios em solução aquosa (GENNADIOS et al., 1994). Do ponto de vista
prático, as características mais marcantes da gelatina são a solubilidade em água
e a capacidade de formar gel termo-reversível após ser aquecida, solubilizada e
resfriada. O mecanismo de formação envolve interligações iônicas entre grupos
amino e carboxil dos aminoácidos com a ajuda de pontes de hidrogênio (KESTER;
FENNEMA, 1986).
Comercialmente, a gelatina é encontrada na forma de cristais de coloração
amarelo-palha (BIGI et al., 1998). Ela possui muitos aminoácidos não polares, o
que a torna insolúvel em água fria, mas intumesce e tem capacidade de absorver
muitas vezes sua massa em água (LEINER DAVIS GELATIN, 1994). A gelatina
pode ser dissolvida indiretamente, mantendo suas partículas em água, em
repouso, até formar uma massa homogênea, sendo então levada ao aquecimento
(50-60C) até a sua dissolução completa. A dissolução direta é obtida com a
adição de água quente (60-80C) sob forte agitação. O método direto, em razão
Revisão Bibliográfica
27
da agitação, pode provocar a formação de espuma (JOHNSTON-BANKS, 1990), o
que se torna inconveniente na elaboração de filmes comestíveis.
A gelatina tem sido utilizada com sucesso na formação de filmes, servindo
como carreador de antimicrobianos e de antioxidante, assim como para diminuir a
absorção de óleo em alimentos para fritura (KROCHTA; DE MULDER-
JOHNSTON, 1997). Na literatura, existem vários trabalhos relatando propriedades
de filmes elaborados à base de gelatina. Carvalho (2002) avaliou as mudanças
provocadas nos filmes de gelatina modificados enzimática e quimicamente em
relação às suas propriedades funcionais, observando uma diminuição da
porcentagem de matéria solúvel em água e da permeabilidade ao vapor de água
dos filmes tratados em relação aos filmes sem tratamento. A mesma autora
observou aumento da resistência à ruptura, indicando maior grau de
intercruzamento da matriz polimérica, sendo mais evidente por meio da
modificação química.
Carvalho e Grosso (2006a) avaliaram o efeito da temperatura (40, 50, 60 e
70°C/15 minutos) na reação de modificação enzimática em relação às
propriedades funcionais dos filmes à base de gelatina. A temperatura de reação
não afetou fortemente a solubilidade ou as propriedades mecânicas dos filmes. Os
autores verificaram, entretanto, que os filmes produzidos com a reticulação
enzimática a 50°C apresentaram permeabilidade ao vapor de água
significativamente inferior aos produzidos nas demais temperaturas. Esse
resultado pode estar relacionado a uma melhor estruturação da matriz polimérica
após a reticulação enzimática. Carvalho e Grosso (2006b) verificaram o efeito da
modificação química (formaldeído e glioxal) nas propriedades dos filmes de
gelatina. Observaram que ambos os tratamentos causaram redução na
permeabilidade ao vapor de água.
Cao; Fu e He (2007) estudaram as propriedades físicas de filmes compostos
de isolado protéico de soja e gelatina, em diversas proporções (10:0; 8:2; 6:4; 4:6;
Revisão Bibliográfica
28
2:8 e 0:10). Os autores observaram que o aumento da proporção de gelatina
provocou a elevação da resistência à tração e da transparência.
2.6 Amido
O amido é um polissacarídeo natural encontrado na forma de grânulos em
cereais, raízes e tubérculos. A maior parte desses grânulos é composto por duas
macromoléculas: a amilopectina, que é ramificada e de elevada massa molecular
(5000-30000 kg/mol), e a amilose, que é essencialmente linear e de menor massa
molecular (20-800 Kg/mol) (PERESSINI et al., 2003).
O amido é considerado a matéria-prima mais promissora na elaboração de
filmes biodegradáveis, graças a sua capacidade de formar uma matriz apropriada
(GARCIA; MARTINO; ZARITZKY, 2000a), além da grande produção mundial e do
baixo custo (DOANE, 1992). Os filmes de amido podem ser homogêneos e suas
propriedades mecânicas dependem da proporção de amilose e amilopectina que,
por sua vez, está relacionada à espécie vegetal (LOURDIN; DELLA-VALLE;
COLONNA, 1995). A amilose é considerada a responsável pela capacidade de
formação do filme de amido (GARCIA; MARTINO; ZARITZKY, 2000a), sendo suas
propriedades influenciadas pelas condições ambientais, principalmente umidade
relativa (PERESSINI et al., 2003).
Quando o grânulo de amido é aquecido em excesso de água (60%), as
ligações de hidrogênio presentes nas áreas amorfas são rompidas, permitindo o
intumescimento do grânulo, iniciando, dessa forma, o processo de gelatinização
(BILIADERIS, 1991). As ligações fortes possibilitam que o grânulo permaneça
intacto até que se rompam em algum ponto. Nessa condição, a expansão do
grânulo torna-se irreversível e a ordem estrutural desaparece (GARCIA et al.,
1997). Caso os grânulos continuem a expandir-se, a amilose é lixiviada para a
fase aquosa entre os grânulos (BILIADERIS, 1991). Após a gelatinização, as
moléculas de amilose, em virtude de sua linearidade, orientam-se paralelamente,
aproximando-se suficientemente para formar pontes de hidrogênio entre as
Revisão Bibliográfica
29
hidroxilas de polímeros adjacentes (fenômeno de retrogradação). Ocorre redução
do volume livre, diminuindo a afinidade do polímero pela água, podendo o amido
gelatinizado formar filmes estáveis e flexíveis conforme esquematizado na Figura
2.3 (WURZBURG, 1986).
Figura 2.3. Esquema de formação do filme de amido (VICENTINI, 2003).
Lourdin; Della-Valle e Colonna (1995) estudaram o efeito do conteúdo de
amilose nas propriedades dos filmes, observando que a resistência à tração se
eleva com o aumento do teor de amilose. Garcia; Martino e Zaritzky (2000a)
estudaram a adição de lipídios em filmes de amido e observaram que esses, com
alto teor de amilose, se mostraram menos permeáveis ao vapor de água e à
gases. Arvanitoyannis; Nakayama e Aiba (1997) estudaram filmes elaborados a
partir de uma mistura de gelatina e amido de batata e observaram que um elevado
conteúdo de gelatina (maior que 20% p/p) conduziu a um aumento na resistência
à tração dos filmes.
Flores et al. (2007) avaliaram a influência da adição de sorbato de potássio e
das condições de gelatinização e secagem nos filmes de amido de mandioca em
suas propriedades físicas. A presença de sorbato de potássio afetou as
propriedades de solubilidade em água, cor e propriedades mecânicas. Esses
Revisão Bibliográfica
30
autores também observaram que a técnica de gelatinização e secagem afetam as
características da rede, modificando as características dos filmes.
Bertuzzi, Armada e Gottifredi (2007) estudaram a caracterização físico-
química de filmes de amido de milho. Os autores observaram redução da
opacidade e solubilidade em água com a utilização de um pré-tratamento com
álcali no amido. Alves et al. (2007) estudaram a influência de uma solução rica em
amilose e glicerol, em diversas proporções, nas propriedades de barreira e
mecânicas de filmes de amido de mandioca. Os autores observaram que o
enriquecimento da solução formadora de filme com solução de amilose originou
filmes mais fortes e permeáveis. A adição de glicerol provocou aumento da
permeabilidade ao vapor de água.
31
3.0 Material e Métodos
3.1. Material
As matérias-primas utilizadas na elaboração dos filmes foram:
(i) Glúten, fornecido pela Roquette (França);
(ii) Gelatina tipo A, fornecida pela Leiner Davis Gelatin (Cotia, Brasil);
(iii) Amido de mandioca (AMILOGILL 1500), fornecido pela Cargill (São
Paulo, Brasil);
(iv) Amido de mandioca modificado (AMIDOMAX 5500), fornecido pela
Cargill (São Paulo, Brasil);
(v) Amido milho ceroso (AMISOL 4000), fornecido pela Corn Products
(Jundiaí, Brasil);
(vi) Amido milho ceroso modificado quimicamente (FLUIDEX SS-22),
fornecido pela Corn Product (Jundiaí, Brasil);
(vii) Sorbato de potássio (Chemco, Brasil), como agente antimicrobiano;
(viii) Glicerol (Synth, Brasil), como plastificante;
(ix) Ácido acético glacial (Synth, Brasil), como ajustador de pH;
(x) Etanol (Stynth).
Os pães-de-fôrma foram obtidos a partir das seguintes matérias-primas:
(i) Farinha de trigo, fornecida pela Cargill (Tatuí, Brasil);
(ii) Margarina (Amélia, Brasil);
(iii) Açúcar (União, Brasil);
(iv) Leite em pó integral (Nestlé, Brasil);
(v) Sal (Cisne, Brasil);
(vi) Fermento biológico instantâneo seco (Fleischmann, Brasil);
(vii) Melhorador ZEA 500 (Emulzint, Brasil)
Material e Métodos
32
3.2. Elaboração dos filmes
3.2.1. Filme à base de gelatina (GEL)
A solução formadora de filme foi obtida hidratando-se 10 e 15 g de gelatina
em 100 mL de água destilada, por 1 hora/25°C. Posteriormente, a solução foi
solubilizada a 55°C, em banho termostático, por 10 e 15 minutos para os filmes de
10 e 15 g de gelatina, respectivamente. Após completa solubilização, adicionou-se
glicerol (5% e 10% em relação à massa seca de gelatina) sob agitação magnética,
sendo mantido o pH natural da solução. A solução (14 mL) foi aplicada sobre
placas de polipropileno (14 cm de diâmetro e 1,2 cm de altura) e seca à
temperatura ambiente por aproximadamente 24 horas.
3.2.2. Elaboração de filme à base de glúten (GLU)
A solução formadora de filme foi preparada utilizando-se glúten (2,5; 5,0;
7,5; 10,0 e 12,5 g /100 mL solução); etanol (20; 32,5; 45; 57,5 e 70 mL/100 mL de
solução); água destilada (30; 42,5; 55; 67,5 e 80 mL/100 mL de solução) e ácido
acético para ajustar o pH (2; 3; 4; 5 e 6). O glicerol foi adicionado na concentração
de 20% (em relação à massa seca de glúten). Todos os componentes foram
misturados sob agitação magnética até atingir a temperatura de 70°C,
permanecendo nessa temperatura por 5 minutos. A seguir, a solução formadora
de filme foi centrifugada a 5000 rpm por 20 minutos à temperatura ambiente. A
solução límpida resultante foi colocada em placas de polipropileno (14 cm de
diâmetro e 1,2 cm de altura) previamente aspergida com spray de silicone (LIM;
MINEY; TUNG, 1998) e seca à temperatura ambiente por, aproximadamente, 24-
48 horas (GONTARD; GUILBERT; CUQ, 1992).
Material e Métodos
33
3.2.3 Filmes à base de amido de mandioca (AM) ou mandioca modificado
(AMM)
A solução formadora de filme foi preparada utilizando amido (2 e 4% p/v),
água (100 mL) e glicerol (10% em relação à massa seca do amido), sob agitação
e aquecimento em banho-maria (75°C) por 15 minutos.
3.2.4 Filmes à base de amido de milho ceroso (AMC) ou milho ceroso
modificado (AMCM)
A solução formadora de filme foi preparada utilizando amido (2 e 4% p/v),
água (100 mL) e glicerol (10% em relação à massa seca do amido), sob agitação
e aquecimento em banho-maria (85°C) por 5 minutos.
3.2.5 Filmes compostos
Foram confeccionados os filmes compostos de GLU/GEL, AM(2 e 4%)/GEL,
AMM(2 e 4%)/GEL, AMC(2 e 4%)/GEL, AMCM(2 e 4%)/GEL em diversas
proporções (1:1; 1:4 e 4:1 v/v) (TANADA-PALMU; FAHKOURI; GROSSO, 2002) e
AM(2 e 4%)/GLU/GEL, AMM(2 e 4%)/GLU/GEL, AMC(2 e 4%)/GLU/GEL, AMCM(2 e
4%)/GLU/GEL (1:1:1 v/v/v). A solução foi aplicada sobre placas de polipropileno (14
cm de diâmetro e 1,2 cm de altura) e seca à temperatura ambiente por
aproximadamente 24 horas.
3.2.6 Filmes ativos
À solução formadora de filme de GLU/GEL e AMM(2%)/GEL, nas proporções
1:4 v/v (TANADA-PALMU; FAHKOURI; GROSSO, 2002) e AMM(2%)/GLU/GEL
(1:1:1 v/v/v), foi adicionado o agente antimicrobiano sorbato de potássio nas
concentrações de 2 e 4% (p/v) para confecção dos filmes ativos.
Material e Métodos
34
3.3 Metodologia de caracterização dos filmes simples e compostos
Antes das análises de caracterização, todos os filmes secos foram
acondicionados em dessecadores a 25°C e 52% UR, durante 48 horas. Os
biofilmes simples e compostos foram caracterizados quanto ao aspecto visual,
propriedades de barreira ao vapor de água, solubilidade em água e propriedades
mecânicas. Os filmes compostos selecionados adicionados ou não de sorbato de
potássio (2 e 4%) foram também caracterizados quanto à permeabilidade ao
oxigênio, microscopia eletrônica de varredura, análise dinâmico-mecânica e
determinação da efetividade antimicrobiana pelo método de halo.
3.3.1 Caracterização dos filmes
3.3.1.1 Aspecto visual
Para cada tipo de filme produzido, foram realizadas análises visuais e
táteis, com o intuito de utilizar apenas os filmes que fossem homogêneos
(avaliação quanto à presença de partículas insolúveis e coloração uniforme),
apresentassem continuidade (sem a presença de rupturas ou zonas quebradiças)
e possibilitassem o manuseio (facilidade em retirar os filmes do suporte). Os filmes
que não apresentaram tais características foram descartados.
3.3.1.2 Espessura (e)
A espessura dos filmes foi determinada utilizando-se um micrômetro digital
(resolução 0,001 mm), MITUTOYO (MDC-25M, Kanagawa, Japan). Ela foi
calculada como a média aritmética de cinco medidas aleatórias sobre a área do
filme. Essa medida foi obtida depois do período de acondicionamento dos filmes.
3.3.1.3 Permeabilidade ao vapor de água (PVA)
A permeabilidade ao vapor de água dos filmes foi determinada
gravimetricamente a 25°C, de acordo com o método padrão E-96-95 da ASTM
(ASTM, 1995). O filme em forma de disco de 9,0 cm de diâmetro foi selado com
Material e Métodos
35
parafina em células de permeação feitas de alumínio, contendo cloreto de cálcio
em seu fundo. A selagem foi realizada para garantir que toda a transferência de
umidade ocorresse através do filme. As células de permeação foram então
acondicionadas em dessecadores com temperatura (25°C) e umidade relativa
controlada (por meio de uma solução de NaCl saturada, com umidade relativa
correspondendo a 75%). O vapor de água transferido através do filme foi
determinado pelo ganho de massa do cloreto de cálcio, medido a cada 24 horas
por 7 dias. Os testes foram realizados em triplicata. A taxa de permeação ao vapor
de água (PVA) foi calculada por intermédio da seguinte equação:
xpA
ePVA (3.1)
Onde:
PVA é a permeabilidade ao vapor de água (gmm/m2diakPa);
e é a espessura (mm);
A é a área da superfície exposta do filme (m2);
p é a diferença de pressão parcial do vapor de água através do filme (kPa);
é a taxa de umidade absorvida (g)/ tempo (dia).
3.3.1.4 Solubilidade em água (SOL)
A solubilidade em água dos filmes foi determinada segundo o método
proposto por Gontard et al. (1994). As amostras foram preparadas em triplicata,
sendo recortadas em discos de 2 cm de diâmetro. A massa seca inicial dos filmes
foi obtida após secagem em estufa de circulação de ar à temperatura de 105°C
por 24 horas. Posteriormente, as amostras secas foram imersas em um recipiente
contendo 50 mL de água destilada, e o sistema foi mantido sob lenta agitação
mecânica por um período de 24 horas, à temperatura ambiente. Após esse
período, as amostras solubilizadas foram submetidas novamente à secagem a
Material e Métodos
36
105°C por mais 24 horas, para a obtenção da massa seca final. A solubilidade foi
expressa de acordo com a equação:
100x
M
MMSOL
i
fi (3.2)
Onde:
SOL é a massa solubilizada em função da massa seca inicial (%);
Mi é a massa seca inicial (g);
Mf é a massa seca final, após solubilização (g).
3.3.1.5 Propriedades mecânicas
A resistência à tração (RT) e a elongação na ruptura (ELO) foram
determinadas utilizando-se o texturômetro TA.XT2 (Stable Micro System,
Hasleme, Inglaterra) operado de acordo com o método padrão ASTM D 882-83
(ASTM, 1995D). As medidas foram conduzidas em temperatura ambiente (25°C).
A separação inicial das garras e a velocidade do probe foram de 50 mm e 1 mm/s,
respectivamente. As amostras foram cortadas em tiras apresentando 100 mm de
comprimento e 25 mm de largura. Foram realizadas doze replicatas. A resistência
à tração (RT) e a porcentagem de elongação (E) foram calculadas pelas equações
(3.3) e (3.4), respectivamente:
mFRT
A (3.3)
Onde:
RT corresponde à resistência à tração (MPa);
Fm é a força máxima no momento da ruptura do filme (N);
A é a área da secção transversal do filme (m2);
Material e Métodos
37
100xd
ddELO
inicial
inicialr (3.4)
Onde:
ELO é a elongação (%);
dr é a distância no momento da ruptura (cm), que corresponde à diferença
entre a distância de separação no momento da ruptura e a distância inicial
(5 cm);
dinicial é a distância inicial de separação (5 cm).
3.3.1.6 Permeabilidade ao oxigênio (PO2)
A taxa de transmissão de oxigênio (TTO) foi determinada utilizando-se uma
modificação do método padrão ASTM D 3985-81 com o aparelho OX-TRAN 2/20
(Mocon, Inc) a 25°C (ASTM, 1990). A permeabilidade ao oxigênio (PO2) foi
calculada por meio da seguinte equação:
p
eTTOPO
2 (3.5)
Onde:
PO2 é a permeabilidade ao oxigênio (cm3m/m 2 diakPa);
TTO é a taxa de transmissão de oxigênio (cm3/m2dia);
e corresponde à espessura (μm);
p é a diferença de pressão parcial de oxigênio entre os dois lados do filme
(kPa).
A diferença de pressão de oxigênio através do filme corresponde à pressão
atmosférica (101,3 kPa), sendo as amostras sujeitas a gás oxigênio puro (100%)
de um lado e de um gás de arraste contendo 98% de nitrogênio e 2% de
hidrogênio do outro lado. Os ensaios foram realizados em duplicata nos filmes
Material e Métodos
38
acondicionados à temperatura de 25°C, 52 2% de umidade relativa, durante 48
horas. Para facilitar a fixação do filme, foi utilizada uma máscara de alumínio (área
exposta fixa = 8 cm2).
3.3.1.7 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
A microestrutura da superfície e da seção transversal dos filmes foi avaliada
utilizando-se microscopia eletrônica de varredura (LEO 440i -Cambridge) a 5 kV.
Os filmes foram mantidos em dessecadores contendo sílica gel (25°C) por um
período de 7 dias, depois dos quais foram fraturados. As amostras de filme
fraturadas foram fixadas em suportes (stubs) de alumínio, com fita adesiva de
carbono. Para conferir condutividade aos filmes, foram recobertas com uma
camada de ouro de espessura de 92 Å a uma taxa de recobrimento de 0,5
Å/segundo em metalizador à vácuo (Polaron SC 7620), por 180 segundos, a 3 mA.
As amostras foram observadas com aumento de 1000X.
3.3.1.8 Análise dinâmico-mecânica (DMA)
A temperatura de transição vítrea (Tg) dos filmes foi determinada utilizando-
se o equipamento DMA (Dynamic Mechanical Analysis DMA 2980, TA
Instruments, New Castle, DE). Os filmes foram acondicionados a 25°C e 52% de
umidade relativa por um período de 72 horas. As amostras foram cortadas em
tiras e fixadas em um suporte apropriado. Foi aplicado um módulo de tensão sobre
elas de modo simultâneo ao aquecimento. As medidas foram conduzidas
utilizando-se a freqüência de 1 Hz, amplitude de 20 m, força de 1 N e corrida na
faixa de –120 a 100°C, com taxa de aquecimento de 2C/min. As medidas de
módulo de armazenamento (E’), módulo de perda (E”) e ângulo de perda (tan )
foram registradas e representadas na forma de gráficos em função da temperatura
para a análise de transição térmica. A Tg foi determinada no ponto de inflexão da
curva do parâmetro ângulo de perda (tan ) em função da temperatura (CHERIAN
et al., 1995).
Material e Métodos
39
3.3.1.9 Determinação da efetividade antimicrobiana do filme pelo método de
difusão em halo
3.3.1.9.1 Preparação do inóculo
O preparo do inóculo constituiu na inoculação das espécies fúngicas em
ágar CY20S ou CYA e incubação a 25ºC por 5 dias. Em seguida, fez-se uma
raspagem das colônias presentes na placa com auxílio de uma alça, as quais
foram transferidas para um frasco contendo 50 mL de água peptonada 0,1% com
0,1% de Tween 80. A suspensão foi agitada por 1 min e filtrada com auxílio de
gaze estéril. A partir desse inóculo inicial, foram realizadas diluições decimais e
escolhida a suspensão para o teste de difusão de acordo com as características
de crescimento de cada espécie.
3.3.1.9.2 Teste de difusão em halo
Os filmes ativos foram colocados na superfície dos meios de cultura CY20S
(Ágar Czapek Extrato de levedura 20% de sacarose) e CYA (Ágar Czapek Extrato
de levedura), já solidificados e com 0,1 mL de suspensão de esporos preparada
(item 3.3.1.9.1): (i) Eurotium chevalieri (CY20S); (ii) Eurotium amstelodami
(CY20S), (iii) Wallemia sebi (CY20S); (iv) Penicillium raistrickii (CYA) e (v)
Cladosprium sp (CYA). Cortes circulares dos filmes ativos (2,5 cm de diâmetro)
foram colocados assepticamente sobre a superfície do meio solidificado e com o
microorganismo teste. As placas foram incubadas a 25C por 120 horas. A
eficiência do agente antimicrobiano foi avaliada pela formação de halo ao redor
dos filmes (PEREIRA et al., 2005) e pela quantificação da unidade formadora de
colônia (UFC/mL). Todos os experimentos foram realizados em triplicata. Como
controle foi utilizado filme sem o agente antimicrobiano
Material e Métodos
40
3.4 Produção de pão de forma
Os pães-de-fôrma foram produzidos segundo a formulação apresentada na
Tabela 3.1.
Tabela 3. 1. Formulação padrão do pão de forma.
Ingredientes Quantidade
(% em relação à massa de farinha)
- farinha de trigo 100
- água 58*
- sal 2
- açúcar 6
- fermento biológico instantâneo seco 1,3
- melhorador de farinha (ZEA 500) 0,3
- margarina 8
- leite em pó integral 4* depende da característica de absorção de água da farinha de trigo.
Os ingredientes foram misturados em amasseira (Hypo,modelo HAE 10) por
5 minutos em velocidade lenta (900 rpm) e 8 minutos em velocidade rápida (1800
rpm). A massa foi, então, separada em pedaços de 530 g, deixada descansar por
10 minutos, modelada e, a seguir, mantida em câmara de fermentação
(Thermopão Maquip, Klimaquip, modelo 20B) a 30°C, com umidade relativa de
80%, por 2 horas. Após a fermentação, os pães foram levados ao forno (Hypo,
modelo HF 4B) para serem assados a 180°C, por 35 minutos e depois, resfriados
por 24 horas, fatiados e embalados em sacos de polietileno.
3.4.1 Método de análise microbiológica para isolamento de fungos
Os pães de forma foram produzidos e armazenados em temperatura
ambiente até crescimento visível de fungos, para posterior identificação e
determinação da efetividade antimicrobiana do filme pelo método de halo.
Material e Métodos
41
3.4.1.1 Análise microbiológica
Para a análise microbiológica, uma amostra de 25 g de pão de forma foi
homogeneizada com 225 mL de água peptonada 0,1% em stomacher por 2
minutos. Em seguida, procedeu-se as diluições decimais seriadas e o
plaqueamento por superfície (0,1 mL) em meio Dicloran 18% glicerol Agar (DG18).
As placas foram incubadas a 25C por 5 dias. Os resultados foram expressos em
Unidades Formadoras de Colônias por grama (UFC/g) (DOWNES; ITO, 2001).
3.4.1.1.1 Identificação das espécies fúngicas
Todos os fungos foram inicialmente isolados e purificados em ágar de
extrato de malte (MEA) e incubados a 25°C por 7 dias. Espécies de Penicillium
foram inoculadas em Agar Czapek extrato de levedura (CYA) incubados em três
temperaturas (5, 25 e 35°C) por 7 dias e identificados conforme chave de
identificação de Pitt (1988). Os demais fungos foram identificados de acordo com
Pitt e Hocking (1999), Samson et al. (1996) e outras chaves de identificação.
3.5 Aplicação do biofilme no acondicionamento de pão de forma
Os filmes com e sem sorbato foram usados para embalar os pães de forma,
sendo utilizadas três fatias de pães para cada tratamento selecionado. As fatias
justapostas foram intercaladas com os filmes ativos selecionados (três fatias e
dois filmes) e colocadas em sacos de polietileno de baixa densidade (PEBD)
(Figura 3.1) (SOARES et al., 2002) e selados. Ao mesmo tempo foram embaladas
e seladas três fatias apenas com PEBD, sem filmes em seu interior. Os pães
foram estocados a temperatura controlada (25C) durante 7 dias. As avaliações
foram feitas de três em três dias (1; 4 e 7 dia).
Material e Métodos
43
Figura 3.1. Foto das fatias de pão de forma intercaladas com os biofilmes ativos
(SOARES et al., 2002).
3.5.1 Análises dos pães de forma embalados
3.5.1.1 Perda de peso
A perda de peso foi medida anotando-se o peso inicial do pão, pesando-se
o produto junto com o filme em balança semi-analitica (Toledo PB 3002, Suíça).
As pesagens foram feitas em quintuplicatas.
3.5.1.2 Determinação Instrumental da textura
A medida instrumental de textura dos pães (força máxima aplicada para
pressionar duas fatias de pão de forma) foi determinada pelo analisador de textura
TA.XT2, segundo método no 74/09 da AACC (1995a). Os resultados foram
expressos em gf (grama-força). As condições empregadas nesse teste foram as
seguintes: Sonda: P/35R – cilindro de acrílico; modo: força em compressão;
velocidade de teste = 1,7 mm/s; medida na situação de 40% de compressão da
amostra; velocidade de pré-teste = 1,0 mm/s e velocidade de pós-teste = 10,0
mm/s. As análises foram feitas em nove replicatas.
Material e Métodos
45
3.5.1.3 Determinação do conteúdo de umidade
A determinação do conteúdo de umidade dos pães de forma foi efetuada,
em triplicata, por dessecação no ambiente por 24 horas, seguida de secagem em
estufa a 130°C, até peso constante conforme o método da AACC 44-15A (1995b).
As análises foram feitas em triplicata.
3.5.1.4 Determinação de atividade de água
A determinação da atividade de água foi realizada utilizando-se o aparelho
modelo AquaLab Cx 2T, marca Decagon Devices Inc. (USA), operando-se à
temperatura de 25°C. As amostras eram fatias de 3 mm de espessura colocadas
em cápsulas. As análises foram feitas em triplicata.
3.5.1.5 Análise microbiológica
Para a análise microbiológica, uma amostra de 25 g de pão de forma foi
homogeneizada com 225 mL de água peptonada 0,1% em stomacher por 2
minutos. Em seguida, procedeu-se as diluições decimais seriadas e o
plaqueamento por superfície (0,1 mL) em meio Dicloran 18% glicerol Agar (DG18)
para determinação de bolores e leveduras. As placas foram incubadas a 25C por
5 dias. Os resultados foram expressos em Unidades Formadoras de Colônias por
grama (UFC/g). (DOWNES; ITO, 2001). As análises foram feitas em triplicatas.
3.5.1.6 Extração e quantificação de sorbato de potássio
A extração de sorbato de potássio dos pães de forma foi realizada de
acordo com a metodologia de SILVEIRA (2005), com algumas modificações. Dois
gramas de pão de forma previamente triturado foram adicionados a 40 mL de
etanol e, após 3 horas de agitação a 90 rpm, o volume foi completado para 100
mL com água pura (18,2 ohm). Após 15 minutos de agitação, o sobrenadante foi
filtrado em membrana de 0,22 μm (SILVEIRA, 2005).
Material e Métodos
46
Alíquotas de 20 μL foram utilizadas para quantificação de sorbato de
potássio em cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A análise foi
conduzida em cromatografo SHIMADZU (modelo 10 AVP), coluna X-Terra
(Wartes) RP18 (4,6 X 150 mm X 5 μm) e sistema de detecção UV. A fase móvel
constituiu de 60% de acetonitrila; 39% de água e 1% de acido fosfórico 0,1%, com
fluxo de 1 mL/min, sendo a detecção realizada em 260 mm (SILVEIRA, 2005).
3.6 Análise Estatística
A análise estatística de variância (ANOVA) foi realizada utilizando-se o
programa Statistica® 5.0 (Stasoft; USA). As diferenças significativas entre as
médias foram identificadas por meio do teste de Tukey (p≤0,05).
Para a avaliação estatística dos resultados obtidos com os biofilmes de
glúten, utilizou-se o programa computacional Statistica® 5.0 realizando a análise
do planejamento experimental completo, ajuste dos pontos experimentais a
modelos matemáticos, tratamentos estatísticos e construção das superfícies de
resposta. O ajuste dos modelos testados e sua significância foram analisados por
intermédio dos coeficientes de correlação e do Teste F.
47
4.0 Resultados e Discussão
4.1 Filmes simples à base de gelatina plastificado com glicerol
4.1.1 Caracterização dos filmes
4.1.1.1 Aspecto visual
De modo geral, os filmes elaborados com gelatina e glicerol, em todas as
concentrações, apresentaram-se transparentes e homogêneos. Aspecto
semelhante foi obtido por Fakhouri; Batista e Grosso (2003) e Bertan et al. (2005)
em filmes de gelatina e triacetina. Sobral (1999) elaborou filmes com gelatina de
couro bovina e suína, que também se mostraram manuseáveis, transparentes e
visualmente homogêneos. Os elaborados com menor quantidade de gelatina (10
g) mostraram-se mais maleáveis em ambas as concentrações de plastificante
utilizadas, enquanto o aumento na concentração do teor de gelatina (de 10 para
15 g) resultou em filmes mais rígidos.
4.1.1.2 Espessura
As espessuras dos filmes desenvolvidos variaram entre 0,075 mm (gelatina
10 g/glicerol 5%) e 0,128 mm (gelatina 15 g/glicerol 10%). Essa diferença
relaciona-se ao aumento na quantidade de matéria seca. Resultado semelhante
foi encontrado por Ayranci e Çetin (1995). Os autores adicionaram concentrações
crescentes de proteína de pistache em soluções com concentração constante de
celulose, e observaram espessuras variando de 0,014 a 0,045 mm. Bertan et al.
(2005) observaram que a adição de substâncias hidrofóbicas promoveu aumento
na espessura dos biofilmes, sendo necessário utilizar alíquotas diferentes (10 a 16
mL) para cada formulação com o objetivo de controlar as espessuras para a
repetibilidade das medidas e validade das comparações entre as propriedades
analisadas. Fakhouri; Batista e Grosso (2003) observaram que a adição de ácido
graxo aos filmes de gelatina e triacetina causou aumento na espessura (0,019
Resultados e Discussão
48
para 0,068 mm). Sobral (1999) ao estudar o efeito da espessura nas propriedades
funcionais de biofilmes de gelatina de couro bovino e suíno contendo sorbitol,
observou que, ao elevar a concentração da proteína, houve um aumento linear da
espessura dos biofilmes.
4.1.1.3 Permeabilidade ao vapor de água (PVA)
Os valores de permeabilidade ao vapor de água encontrados para as
diferentes formulações dos biofilmes estão apresentados na Tabela 4.1. Pode-se
observar que houve um aumento significativo (p≤0,05) nos valores de
permeabilidade ao vapor de água com a elevação da concentração gelatina (10
para 15 g), provavelmente em função do aumento da espessura dos filmes.
Segundo Park e Chinnan (1995), a permeabilidade ao vapor de água pode variar
com a espessura dos filmes em virtude de mudanças estruturais causadas pelo
inchamento da matriz, o que afeta a estrutura dos filmes e provoca tensões
internas que podem influenciar a permeação. Resultados semelhantes foram
encontrados por Sobral (1999), que correlacionou essa permeabilidade dos filmes
de gelatina bovina e suína plastificados com sorbitol linearmente com a espessura.
Fakhouri; Batista e Grosso (2003) também notaram que o aumento da espessura
causou elevação na permeabilidade ao vapor de água dos filmes de gelatina
plastificados com triacetina. Estes encontraram valores menores de
permeabilidade ao vapor de água (3,49 e 4,38 gmm/m2diakPa) para os filmes de
gelatina (10 g) e triacetina (5 e 10%, respectivamente) que os desenvolvidos no
presente estudo, possivelmente em decorrência da utilização de filmes menos
espessos (0,018 e 0,035 mm) ou em razão do tipo de plastificante utilizado.
Resultados e Discussão
49
Tabela 4.1. Permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes de gelatina e
glicerol (25°C).
Filmes Espessura
(mm)
PVA
(gmm/m2diakPa)*
GEL (10g)/GLI 5% 0,075 ± 0,009 5,38 ± 0,54b
GEL (10g)/GLI 10% 0,078 ± 0,030 5,49 ± 0,10b
GEL (15g)/GLI 5% 0,115 ± 0,048 8,34 ± 0,01a
GEL (15g)/GLI 10% 0,128 ± 0,022 8,45 ± 0,47a
Média e erro padrão das replicatas. * Letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLI= glicerol e PVA = permeabilidade ao vapor de água
Não foi possível observar diferença significativa (p0,05) nos valores de
permeabilidade ao vapor de água ao elevar a concentração de glicerol (5 para
10%), tanto para os filmes de 10% quanto para os de 15% de gelatina. Resultados
semelhantes foram encontrados por Fakhouri; Batista e Grosso (2003), em que o
aumento da concentração de triacetina (10 para 15%) não causou diferença
significativa na permeabilidade ao vapor de água dos filmes de gelatina em ambas
as alíquotas estudadas (8 e 14 mL). Contrariamente, Sobral (1999) verificou que o
aumento na concentração de plastificante, de 30 a 50% de glicerol, elevou a
permeabilidade ao vapor de água de 8,64x10-8 para 12,24x10–8 gmm/m2diakPa.
Gontard; Guilbert e Cuq (1993) também notaram aumento na permeabilidade ao
vapor de água de filmes de glúten paralelamente à elevação da concentração de
glicerol. Os autores atribuíram esse fato às modificações estruturais da rede
protéica, que pode ter se tornado menos densa, e, sobretudo, à hidrofilicidade da
molécula de glicerol. Vicentini (2003) verificou o crescimento da permeabilidade ao
vapor de água de 7,44x10-3 para 11,28x10-3 gmm/m2diakPa nos filmes de glúten,
em razão do aumento da concentração de glicerol de 12 para 20%.
Muitos estudos enfocam a influência do aumento da concentração de
plastificante nas propriedades funcionais dos filmes, como na permeabilidade ao
vapor de água. É bem conhecido que essa permeabilidade tende a elevar-se com
o aumento do teor de plastificante hidrofílico (SOBRAL, 2000). Possivelmente,
esse comportamento não foi elucidado nesse estudo em virtude da baixa
Resultados e Discussão
50
concentração do plastificante nos filmes de gelatina. Segundo Banker (1966), as
propriedades de barreira dos filmes podem ser influenciadas pela seleção e
concentração de plastificante.
4.1.1.4 Solubilidade em água (SOL)
A solubilidade em água (Tabela 4.2) variou de 30,34 a 33,50%. Não foi
observada diferença significativa (p≤0,05) com relação à elevação da
concentração de gelatina (10 para 15 g), mas o aumento da concentração de
glicerol (5 para 10%) provocou elevação na solubilidade em água para os filmes
com 10% de gelatina, variando de 30,34% (5% de glicerol) para 33,50% (10% de
glicerol).
Tabela 4.2. Solubilidade em água (SOL) dos filmes de gelatina e glicerol.
Filmes SOL (%)*
GEL (10g)/GLI 5% 30,34 ± 0,58 c
GEL (10g)/GLI 10% 33,50 ± 0,27 a
GEL (15g)/GLI 5% 30.93 ± 0,24 bc
GEL (15g)/GLI 10% 32,56 ± 0,45 ab
Média e erro padrão das replicatas. * Letras diferentes representam diferença significativa (p≤ 0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLI= glicerol e SOL= solubilidade em água.
Sarmento (1999) verificou que a solubilidade do biofilme de gelatina
reticulada cresceu de 40 para 50% com o aumento da concentração de glicerol
(de 55 g a 85 g de plastificante por 100 g de gelatina). O autor atribuiu esse
comportamento à migração do sorbitol para a água, em virtude do caráter
hidrofílico e pelo fato de o sorbitol não estar ligado quimicamente à gelatina,
podendo, então, deslocar-se com relativa facilidade da rede protéica.
4.1.1.5 Propriedades mecânicas
Os valores de resistência à tração e porcentagem de elongação dos filmes
de gelatina (10 e 15 g)/glicerol (5 e 10%) são apresentados na Tabela 4.3.
Resultados e Discussão
51
Tabela 4.3. Propriedades mecânicas dos filmes de gelatina e glicerol (25°C).
Filmes Espessura
(mm)
RT
(MPa)*
ELO
(%) *
GEL (10g)/GLI 5% 0,076 ± 0,009 90,73 ± 0,89 ab 6,85 ± 2,32 a
GEL (10g)/GLI 10% 0,080 ± 0,026 80,98 ± 1,57 c 7,17 ± 0,19 a
GEL (15g)/GLI 5% 0,112 ± 0,021 93,50 ± 1,82 a 5,30 ± 0,27 a
GEL (15g)/GLI 10% 0,118 ± 0,012 85,41 ± 2,43 bc 5,54 ± 2,43 a
Média e erro padrão das replicatas. * Letras diferentes representam diferença significativa (p≤ 0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLI= glicerol; RT= resistência a tração e ELO= elongação.
Observa-se que o aumento da concentração de plastificante (5 para 10%),
diminuiu significativamente (p≤0,05) a resistência à tração dos filmes.
Provavelmente, isto ocorreu pelas alterações causadas na rede protéica com a
incorporação do plastificante. A incorporação de plastificante em biopolímeros
modifica a organização molecular tridimensional da rede protéica, diminuindo as
forças de atração intermoleculares e eleva o volume livre do sistema.
Consequentemente, a rede torna-se menos densa (SOTHORNVIT; KROCHTA,
2000). A força na ruptura é influenciada pela interação entre as proteínas na
matriz filmogênica, em diversos sítios ativos das cadeias protéicas e os
plastificantes reduzem o número dessas ligações por meio da solvatação de sítios
ativos polares (LIM; MINEY; TUNG, 1998).
A resistência dos filmes plastificados com 5% de glicerol mostrou-se maior
que os plastificados com 10%, sendo maior no filme GEL (15g)/GLI 5% (93,50
MPa). Comportamento semelhante foi observado por Sobral (2000) em estudo
sobre as propriedades funcionais de biofilmes de proteína de origem animal em
função do plastificante. O autor verificou que o aumento da concentração de
sorbitol numa faixa de 15 a 65% gerou uma queda da força de ruptura de 16,0
para 8,2 N e de 16,2 para 9,0 N, no caso dos filmes de gelatina de couro bovina
(GCB) e gelatina de pele suína (GPS), respectivamente. Cuq et al. (1997), ao
trabalharem com biofilmes de proteína miofibrilar, observaram diminuição da força
na ruptura de 5,1 para 2,6 N, com o aumento da concentração de glicerol.
Monterrey-Quintero (1998) elucidou a diminuição da força de ruptura de 6,67 para
Resultados e Discussão
52
2,94 N ao aumentar a concentração de glicerol de 30 para 70% (g de plastificante
por g de proteína) nos filmes à base de proteína miofibrilar de carne bovina.
Apesar de o aumento da concentração de gelatina (10 para 15g) não ter
alterado de maneira significativa (p≤0,05) a resistência à tração dos filmes
plastificados tanto com 5 quanto com 10% de glicerol, os de maior concentração
de gelatina mostraram valores de resistência à tração maiores. Provavelmente, o
aumento na concentração de gelatina provocou uma elevação das interações
moleculares entre as cadeias adjacentes, elevando as interações entre as
macromoléculas, consequentemente elevando a resistência à atração dos filmes.
Yoshida (2002) observou que a resistência à tração foi maior para altas
concentrações de proteína do soro do leite, que relaciona-se com o aumento do
número de ligações covalentes S-S na matriz filmogênica, em virtude da maior
quantidade de grupos sulfidrílicos na superfície protéica.
Os valores de porcentagem de elongação (Tabela 4.3) não apresentaram
diferença significativa (p≤0,05) tanto na variação da concentração de gelatina,
quanto no plastificante. Ela variou de 5,30% para o filme de gelatina (15 g)/glicerol
5% a 7,17% para o de gelatina (10 g)/glicerol 10%. A incorporação de plastificante
torna a rede menos densa com o decréscimo das forças, melhorando a
flexibilidade e extensibilidade (SOTHORNVIT; KROCHTA, 2000). Provavelmente,
nesse estudo, a concentração de plastificante utilizada não foi suficiente para
alterar a elongação dos filmes.
Fakhouri, Batista e Grosso (2003) não observaram diferença significativa na
porcentagem de elongação em função da espessura e da concentração de
triacetina. Sobral (1999) verificou que a elevação da concentração de plastificante
de 30 para 100%, provocou aumento de 1,8 para 8,5% na porcentagem de
elongação dos filmes de gelatina. Yoshida (2002) notou efeito semelhante em
relação aos filmes de proteína de soro de leite bovino.
A melhor formulação de filmes de gelatina, determinada neste caso,
visando manter boas propriedades de barreira ao vapor de água e resistência
mecânica, foi a elaborada com 10% de gelatina e 5% de glicerol. Essa formulação
Resultados e Discussão
53
foi selecionada para ser utilizada na elaboração e caracterização dos filmes
compostos.
4.2 Caracterização dos filmes à base de glúten e glicerol
Um delineamento experimental composto central rotacional foi realizado
contendo 8 pontos fatoriais, 6 pontos axiais e 3 repetições no ponto central,
perfazendo um total de 17 ensaios. Os valores correspondentes aos diferentes
níveis das variáveis são apresentados na Tabela 4.4.
As variáveis independentes analisadas foram: (i) concentração de glúten
(2,5; 5,0; 7,5; 10,0 e 12,5 g/100mL de solução); (ii) concentração de etanol (20;
32,5; 45; 57,5 e 70 mL/100mL de solução); (iii) pH (2; 3; 4; 5 e 6) (GONTARD;
GUILBERT; CUQ, 1992). As variáveis dependentes, isto é, as respostas
analisadas, foram: (i) permeabilidade ao vapor de água; (ii) solubilidade em água;
(iii) resistência à tração e (iv) porcentagem de elongação.
Tabela 4.4. Níveis das variáveis independentes do planejamento fatorial completo
23 usado para filmes de glúten plastificados com glicerol.
-2 -1 0 +1 +2
Glúten (g/100Lde solução) 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5
Etanol (mL/100mL de solução) 20 32,5 45 57,5 70
pH 2 3 4 5 6
* O valor de α utilizado foi igual a 2,segundo Gontard, Guilbert; Cuq (1992).
Para essa caracterização, utilizaram-se diferentes alíquotas de solução
formadora de filme para cada formulação (de 1 a 15, Tabela 4.5). Esse
procedimento foi realizado com o intuito de controlar as espessuras para a
repetibilidade das medidas e efeito das variáveis (concentração de glúten, etanol e
pH) estudadas nas propriedades analisadas.
Para a escolha da alíquota utilizada em cada formulação, foram
consideradas as concentrações de glúten. O aumento dessa concentração de 5
para 10% gerou a necessidade de utilizar alíquotas menores para padronizar a
Resultados e Discussão
54
espessura final dos filmes. Para a maior concentração de glúten (12,5%), a
alíquota utilizada foi de 25 mL e para menor (2,5%) foi de 40 mL. As soluções
formadoras de filmes secaram em média de 24 a 48 horas, esse tempo se
relaciona às alíquotas utilizadas, sendo que ao se utilizarem maiores valores (40
mL) o tempo elevou-se, sendo maior ao utilizar menor concentração de glúten (2,5
g glúten/ 100 mL).
Tabela 4.5. Alíquotas utilizadas para cada formulação dos biofilmes de glúten e
glicerol.
Formulação Glúten
(g/100 mL)
Etanol
(mL/ 100 mL de solução)
pH Alíquota
(mL)
1 5 32,5 3 35
2 10 32,5 3 40
3 5 57,5 3 30
4 10 57,5 3 35
5 5 32,5 5 30
6 10 32,5 5 35
7 5 57,5 5 35
8 10 57,5 5 40
9 2,5 45 4 40
10 12,5 45 4 25
11 7,5 20 4 40
12 7,5 70 4 45
13 7,5 45 2 35
14 7,5 45 6 35
15 7,5 45 4 35
Os valores reais e codificados das 3 variáveis independentes (concentração
de glúten, etanol e pH), bem como os resultados obtidos (permeabilidade ao vapor
de água, solubilidade em água, resistência à tração e porcentagem de elongação)
encontram-se na Tabela 4.6.
Resultados e Discussão
55
De uma maneira geral, os filmes elaborados com glúten e glicerol, em todas
as variáveis estudadas (concentração de glúten, etanol e pH) apresentaram-se
visualmente levemente amarelados e extensíveis.
Resultados e Discussão
56
Tabela 4.6. Delineamento experimental para a obtenção da elaboração de filmes à base de glúten plastificados com
glicerol.
Variáveis Independentes Variáveis Dependentes
Glúten
(g/100 mL) *
Etanol
(mL/100mL) *
pH * PVA
(gmm/m2diakPa)*
SOL
(%)*
RT
(MPa)*
ELO
(%)*
1 5 (-1) 32,5 (-1) 3 (-1) 6,08 ± 0,26 23,83 ± 0,43 0,66 ± 0,17 150,55 ± 1,05
2 10 (+1) 32,5 (-1) 3 (-1) 12,72 ± 0,21 19,55 ± 0,13 0,90 ± 0,20 165,67 ± 1,00
3 5 (-1) 57,5 (+1) 3 (-1) 6,49 ± 0,24 23,79 ± 0,49 0,78 ± 0,26 167,72 ± 0,47
4 10 (+1) 57,5 (+1) 3 (-1) 9,11 ± 0,49 20,19 ± 0,42 1,20 ± 0,85 188,55 ± 0,33
5 5 (-1) 32,5(-1) 5 (+1) 6,28 ± 0,31 23,8 ± 0,22 0,45 ± 0,22 150,08 ± 0,81
6 10 (+1) 32,5 (-1) 5 (+1) 9,31 ± 0,55 20,55 ± 0,31 1,11 ± 0,34 164,36 ± 0,51
7 5 (-1) 57,5 (+1) 5 (+1) 8,19 ± 0,05 24,92 ± 0,54 0,77 ± 0,37 159,43 ± 0,30
8 10 (+1) 57,5 (+1) 5 (+1) 9,34 ± 0,26 21,46 ± 0,37 1,15 ± 0,58 171,23 ± 0,41
9 2,5 (-2) 45 (0) 4 (0) 5,44 ± 0,56 24,68 ± 0,41 0,36 ± 0,03 145,89 ± 0,62
10 12,5 (+2) 45 (0) 4 (0) 12,61 ± 0,03 18,86 ± 0,37 1,35 ± 0,45 190,83 ± 0,75
11 7,5 (0) 20 (-2) 4 (0) 9,61 ± 0,16 23,28 ± 0,54 0,82 ± 0,29 131,81 ± 0,26
12 7,5 (0) 70 (+2) 4 (0) 9,85 ± 0,38 20,27 ± 0,65 0,89 ± 0,47 159,11 ± 0,45
13 7,5 (0) 45 (0) 2 (-2) 10,14 ± 0,50 19,54 ± 0,24 1,27 ± 0,26 181,91 ± 0,25
14 7,5 (0) 45 (0) 6 (2) 9,81 ± 0,30 22,38 ± 0,42 1,09 ± 0,33 166,66 ± 0,70
15 7,5 (0) 45 (0) 4 (0) 8,81 ± 0,42 21,29 ± 0,22 0,75 ± 0,02 178,11 ± 0,93
16 7,5 (0) 45 (0) 4 (0) 8,26 ± 0,36 22,18 ± 0,24 0,81 ± 0,31 177,01 ± 0,50
17 7,5 (0) 45 (0) 4 (0) 8,68 ± 0,21 21,22 ± 0,49 0,84 ± 0,32 179,62 ± 0,62
Os valores entre parêntesis são os códigos dos níveis das variáveis independentes. * Média e erro padrão das replicatas. Onde: PVA é a permeabilidade ao vapor de água; SOL é a solubilidade em água; RT é a resistência à tração e ELO é a porcentagem de elongação.
Resultados e Discussão
57
4.2.1 Permeabilidade ao vapor de água (PVA)
Na Tabela 4.7, estão apresentados os efeitos dos parâmetros estudados
(concentração de glúten, etanol e pH) sobre a permeabilidade ao vapor de água.
Verifica-se que a variável concentração de glúten , interação entre glúten e etanol,
glúten e pH e etanol e pH influenciaram estaticamente a permeabilidade ao vapor
de água a 95% de confiança. Verifica-se que o efeito concentração de glúten é
positivo, ou seja, ao elevar a concentração de glúten de 5 para 10 g/100mL, o
biofilme sofreu um aumento na permeabilidade ao vapor de água de 3,47
gmm/m2diakPa, em média. Apesar da variável concentração de glúten apresentar
um efeito positivo, a sua combinação com etanol ou pH apresentou um efeito
negativo, gerando diminuição na permeabilidade ao vapor de água, em média, de
1,47 e 1,27 gmm/m2diakPa, respectivamente. Enquanto a combinação entre
concentração de etanol e pH apresentou efeito positivo, aumentando a
permeabilidade ao vapor de água em 1,28 gmm/m2diakPa.
Tabela 4.7. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a
permeabilidade ao vapor de água dos filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fator Efeito Erro padrão p-valor
Média 8,2743* 0,4321 0,0000
Glúten (L) 3,4725* 0,3916 0,0000
Glúten (Q) 0,1435 0,3559 0,6987
Etanol (L) -0,9750 0,3916 0,8105
Etanol (Q) 0,4960 0,3559 0,2060
pH (L) -0,2425 0,3916 0,5554
pH (Q) 0,6185 0,3559 0,1258
Glúten x Etanol -1,4750* 0,5539 0,0323
Glúten x pH -1,2700* 0,5539 0,0555
Etanol x pH 1,2850* 0,5539 0,05340
* Efeitos estatisticamente significativos a p≤0,05
Resultados e Discussão
58
Realizando a comparação entre os efeitos dos fatores e suas interações
(Tabela 4.7), observa-se que a concentração de glúten apresentou maior efeito
sobre a permeabilidade ao vapor de água. Gontard; Guilbert e Cuq (1992)
estudaram os efeitos da concentração de glúten, concentração de etanol e pH da
solução formadora de filme em diversas propriedades, utilizando metodologia de
superfície de resposta. Os autores perceberam que a elevação da concentração
de etanol, em pH>4, causou aumento da permeabilidade ao vapor de água, o que
ocorreu em virtude da maior heterogeneidade dos filmes nas baixas
concentrações de etanol. Em altas concentrações de etanol, baixo pH é requerido
para obter-se uma estrutura homogênea dos filmes, pois, caso contrário, ocorre a
exposição dos resíduos hidrofílicos da superfície das proteínas, o que melhora a
afinidade de moléculas de vapor de água com as proteínas do glúten, que gera o
aumento da permeabilidade ao vapor de água. Tanada-Palmu e Grosso (2002)
estudaram o efeito da concentração de glúten, glicerol, etanol e pH em diversas
propriedades dos biofilmes de glúten. Os autores verificaram aumento da
permeabilidade proporcionalmente à elevação da concentração de etanol e
glicerol.
A permeabilidade ao vapor de água dos filmes desenvolvidos variou de 5,44
a 12,72 gmm/m2diakPa. Resultados semelhantes foram encontrados por Tanada-
Palmu e Grosso (2002), que obtiveram resultados variando de 5,72 a 14,91
gmm/m2diakPa. Tanada-Palmu e Grosso (2003) desenvolveram filmes à base de
glúten proveniente de quatro tipos de farinhas de trigo brasileira (2 “fortes” e 2
“fracas”) e compararam suas propriedades mecânicas e de barreira ao vapor de
água com filmes de glúten vital (comercial). A permeabilidade ao vapor de água
variou de 5,72 a 14,65 gmm/m2diakPa, sendo menor para os filmes desenvolvidos
com glúten vital e maior para os filmes das farinhas “fracas”.
Após análise dos efeitos principais e das interações, obteve-se os
coeficientes de regressão do modelo de 2a ordem para a permeabilidade ao vapor
de água (Tabela 4.8).
Resultados e Discussão
59
Tabela 4.8. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para a
permeabilidade ao vapor de água em filmes de glúten e glicerol.
Fator Coeficiente de
regressão
Erro padrão p-valor
Média 8,2743* 0,4321 0,0000
Glúten (L) 1,7336* 0,1958 0,0000
Glúten (Q) 0,0717 0,1779 0,6987
Etanol (L) -0,0487 0,1958 0,8105
Etanol (Q) 0,2480 0,1779 0,2060
pH (L) -0,1212 0,1958 0,5554
pH (Q) 0,3092 0,1779 0,1258
Glúten x Etanol -0,7375* 0,2769 0,0323
Glúten x pH -0,6350* 0,2769 0,0555
Etanol x pH 0,6425* 0,2769 0,0534
*Coeficientes estatisticamente significativos a p≤0,05.
Utilizando-se os valores contidos na Tabela 4.8, obteve-se o modelo
estatístico adotado (Equação 4.1) que relaciona a permeabilidade ao vapor de
água às variáveis estudadas que apresentaram coeficiente de regressão
estatisticamente significativo (p≤0,05).
PVA = 8,2743 + 1,7362*glúten – 0,7375 glúten*etanol – 0,6350 glúten*pH
+ 0,6425 etanol*glúten [4.1]
A análise de variância (ANOVA) obtida pelo ajuste dos dados ao modelo da
Equação 4.1 é mostrada na Tabela 4.9. Pode-se observar que o modelo
alcançado apresentou um coeficiente de correlação (R2) igual a 0,89.
Comparando-se o F calculado (25,48) com o F tabelado (3,26), verificou-se que o
primeiro é 7,81 vezes maior que o segundo, sendo o modelo, portanto,
estatisticamente significativo, com o qual pode se obter as superfícies de resposta.
Resultados e Discussão
60
Tabela 4.9. ANOVA do ajuste do modelo obtido para a permeabilidade ao vapor
de água dos filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Media
Quadrática
F
calculado
F tabelado R2
Regressão 59,12 4 14,78 25,48 3,26 0,89
Resíduo 6,96 12 0,58
Falta de
ajuste
6,80 10
Erro Puro 0,16 2
Total 66,08 16
As superfícies de respostas e curvas de contorno, obtidas a partir do
modelo estatístico, estão apresentada nas Figuras 4.1 a 4.3. Na Figura 4.1,
verificou-se que, com a diminuição da concentração de proteína (de 10,0 para
5,0%) e a diminuição da concentração de etanol (de 70 para 32,5 mL), a
permeabilidade ao vapor de água se reduziu. O mesmo pode ser observado
(Figura 4.2) com a diminuição do pH (de 6 para 3) e da concentração de glúten (de
10,0 para 5,0%). Analisando a Figura 4.3, conclui-se que, para obter-se menores
valores de permeabilidade ao vapor de água, deve-se utilizar pH entre 4 e 6 e
concentrações de etanol acima de 45 mL.
Resultados e Discussão
61
Figura 4.1. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da permeabilidade ao vapor de água em função da concentração de glúten e etanol.
Figura 4.2. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da permeabilidade ao vapor de água em função da concentração de glúten e pH.
Figura 4.3. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da permeabilidade ao vapor de água em função da concentração de etanol e pH.
Resultados e Discussão
63
4.2.2 Solubilidade em água (SOL)
Na Tabela 4.10, estão estimados os efeitos das variáveis independentes
(concentração de glúten, concentração de etanol e pH) e suas interações sobre a
resposta solubilidade em água. Pode-se observar que a única variável significativa
(p≤0,05) foi a concentração de glúten, causando um efeito negativo, ou seja, com
o aumento da concentração ocorreu a diminuição na solubilidade em água dos
filmes, da ordem de 3,27%.
Tabela 4.10. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a
solubilidade em água dos filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fator Efeito Erro padrão p-valor
Média 21,8221* 0,6092 0,0000
Glúten (L) -3,2787* 0,5521 0,0005
Glúten (Q) 0,1680 0,5018 0,7475
Etanol (L) -0,4237 0,5521 0,4679
Etanol (Q) 0,1705 0,5018 0,7439
pH (L) 1,1312 0,5521 0,0796
pH (Q) -0,2369 0,5018 0,6511
Glúten x Etanol 0,1175 0,7808 0,8846
Glúten x pH 0,2925 0,7808 0,7190
Etanol x pH 0,3575 0,7808 0,6609
* Efeitos estatisticamente significativos a p≤0,05.
Gontard, Guilbert e Cuq (1992), em estudos com filmes de glúten, relataram
que ao utilizar maiores concentrações de etanol (70%) obtiveram maiores valores
de solubilidade em água. Este efeito foi mais pronunciado ao trabalhar na faixa de
pH entre 5 e 6. Os autores relataram que a alta concentração de etanol induz à
formação de filmes heterogêneos, que podem ser desintegrados completamente e
rapidamente ao serem dispersos em água. Tanada-Palmu e Grosso (2002) não
observaram influência significativa (p≤0,05) em nenhuma das variáveis estudadas
(concentração de glúten, de etanol, de glicerol e pH) na solubilidade em água.
Resultados e Discussão
64
A diminuição na solubilidade em água do filme protéico está associada a
uma estrutura mais compacta e resistente, indicando um maior número de
ligações entre cadeias, ou seja, uma matriz tridimensional mais resistente. Quanto
maior o número de grupos SH, mais ligações dissulfídicas são formadas durante a
secagem do filme, dificultando, dessa forma, o acesso das moléculas de água aos
grupos hidrofílicos das cadeias, reduzindo a solubilidade (HANDA et al., 1999).
Os coeficientes de regressão obtidos, utilizando-se o programa Statistica
5.0, estão apresentados na Tabela 4.11. São significativos a 95% de confiança
(p≤0,05) e foram considerados para a obtenção do modelo estatístico para a
solubilidade em água (Equação 4.2).
Tabela 4.11. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para a
solubilidade em água.
Fator Coeficiente de
regressão
Erro padrão p-valor
Média 21,8221* 0,6029 0,0000
Glúten (L) -1,6393* 0,2760 0,0005
Glúten (Q) 0,0840 0,2509 0,7475
Etanol (L) -0,2118 0,2760 0,4679
Etanol (Q) 0,0852 0,2509 0,7439
pH (L) 0,5656 0,2760 0,0796
pH (Q) -0,1184 0,2509 0,6511
Glúten x Etanol 0,0587 0,3904 0,8846
Glúten x pH 0,1462 0,3904 0,7190
Etanol x pH 0,1787 0,3904 0,6609
* Coeficientes estatisticamente significativos a p≤0,05.
SOL = 21,8221 – 1,6393*glúten [4.2]
A análise de variância (ANOVA) obtida pelo ajuste dos dados ao modelo da
Equação 4.2 é apresentada na Tabela 4.12. Verifica-se um coeficiente de
correlação (R2) de 0,73, e por meio do teste F, conferiu-se a significância
Resultados e Discussão
65
estatística (p≤0,05) do modelo à solubilidade em água. Comparando-se o F
calculado (41,34) com o F tabelado (4,54), notou-se que o primeiro é 9,10 vezes
que maior que o segundo. A partir do modelo obtido, pode-se gerar as superfícies
de respostas em função das variáveis significativas, tal como apresentado nas
Figuras 4.4 a 4.6.
Tabela 4.12. ANOVA do ajuste do modelo obtido para a solubilidade em água dos
filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média
Quadrática
F
calculado
F tabelado R2
Regressão 43,00 1 43,00 41,34 4,54 0,73
Resíduo 15,71 15 1,04
Falta de
ajuste
15,14 13
Erro Puro 0,57 2
Total 58,71 16
A relação entre a concentração de glúten e a de etanol pode ser observada
na Figura 4.4. A região de valores de concentração de proteína, entre 10 e 12,5, e
de etanol, em toda faixa estudada (20 a 70 mL/100 mL de solução), apresentou
menor solubilidade. Na Figura 4.5, verifica-se que, na região entre os valores da
concentração de glúten de 10 a 12,5% e valores de pH 2 a 3, os filmes também
apresentaram menor solubilidade em água. Com relação à concentração de etanol
e pH, pode ser observado (Figura 4.6) que a região entre valores de etanol de 45
a 70 mL/100 mL de solução e pH 2 definiu menores valores de solubilidade dos
filmes.
Resultados e Discussão
67
Figura 4.4. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da solubilidade em água em função da concentração de glúten e etanol.
Figura 4.5. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da solubilidade em água em função da concentração de glúten e pH.
Figura 4.6. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da solubilidade em água em função da concentração de etanol e pH.
Resultados e Discussão
69
4.2.3 Propriedades mecânicas
4.2.3.1 Resistência à tração (RT)
Os valores dos efeitos: (i) concentração de glúten, (ii) concentração de
etanol e (iii) pH na resistência à tração estão apresentados na Tabela 4.13. Os
efeitos dessas variáveis são estatisticamente significativos a 95% de confiança.
Tabela 4.13. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a
resistência à tração dos filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fator Efeito Erro padrão p- valor
Média 0,7843* 0,0571 0,0000
Glúten (L) 0,4600* 0,0518 0,0000
Glúten (Q) 0,0235 0,0471 0,6319
Etanol (L) 0,1150* 0,0518 0,0620
Etanol (Q) 0,0235 0,0471 0,6319
pH (L) -0,0525 0,0518 0,3448
pH (Q) 0,1860* 0,0471 0,0055
Glúten x Etanol -0,0250 0,0733 0,7430
Glúten x pH 0,0950 0,0733 0,2360
Etanol x pH -0,0150 0,0733 0,8436
* Efeitos estatisticamente significativos a p≤0,05.
Ao elevar a concentração de glúten de 5,0 para 10,0%, e de etanol de 32,5
para 57,5%, a resistência à tração sofreu um aumento, em média, de 0,4600 e
0,1150 MPa, respectivamente. Por outro lado, ao aumentar o pH de 2 para 6,
houve um aumento na RT de 0,1860 MPa, em média.
Gontard, Guilbert e Cuq (1992) verificaram a influência da concentração de
glúten nas propriedades mecânicas dos filmes, concluindo que o aumento na
quantidade de glúten eleva a resistência à tração. Os autores afirmam que,
durante a secagem dos filmes, o ácido acético e o etanol evaporam, permitindo a
formação de ligações cruzadas entre as cadeias, sendo que essa formação é
Resultados e Discussão
70
facilitada pela proximidade das cadeias em maiores concentrações de glúten.
Observaram também que a diminuição do pH (menor que 4) acarretou um
decréscimo nas propriedades mecânicas dos filmes em virtude da perda da
coesividade da estrutura.
Tanada-Palmu e Grosso (2002) também verificaram que, ao aumentar a
concentração de glúten de 6,0 para 9,0%, ocorreu uma elevação da resistência à
tração do biofilme. Yoshida (2002) observou que um aumento na concentração de
proteína 5,50 para 7,50% gerou elevação na tensão na ruptura da ordem de
0,4493 MPa.
A resistência à tração dos filmes de glúten desenvolvidos variou de 0,45 a
1,27 MPa. Resultados similares foram obtidos por Micard et al. (2000) em estudo
da influência da agitação e vários tratamentos químicos e físicos em filmes de
glúten. Os autores obtiveram filmes de glúten com resistência à tração, variando
de 1,2 a 6,3 MPa, e elongação de 170 a 501%. Kayserilioglu et al. (2003)
estudaram o efeito da temperatura de secagem dos filmes (20, 50 e 80°C) e da
umidade relativa de secagem (35 e 70%) nas propriedades mecânicas dos filmes
de glúten e observaram que, ao aumentar a temperatura, ocorreu elevação da
resistência à tração (4,5 MPa/20°C, 6,3 MPa/50°C, 8,2 MPa/80°C), sendo maior
em menor teor de umidade (35%). Esse comportamento explica-se pela formação
de ligações cruzadas (ligações covalentes) durante a secagem em altas
temperaturas (80°C). Kayserilioglu et al. (2001), em estudo da caracterização
mecânica e bioquímica de filmes de glúten em função do pH, desenvolveram
filmes de glúten com resistência à tração de 1,7 a 5,2 MPa, sendo maior a pH 11.
Gennadios et al. (1993) investigaram o efeito do pH nas propriedades de
barreira e mecânicas dos filmes de glúten. Observaram variação da resistência à
tração de 0,7 a 4,4 MPa. Os filmes de glúten de trigo se formaram a pH 2-4 e 9-13,
sendo que essa formação foi inibida pela fraca dispersão protéica ao redor do
ponto isoelétrico da proteína (pI igual a 7,6). Os filmes de glúten preparados em
condições alcalinas apresentam resistência à tração maior que os filmes
processados em condições ácidas. Tanada-Palmu e Grosso (2002)
Resultados e Discussão
71
desenvolveram filmes de glúten plastificado com glicerol em condições alcalinas,
que apresentaram resistência à tração de 0,42 a 5,38 MPa.
Os coeficientes de regressão obtidos por meio do programa Statitica 5.0
estão apresentados na Tabela 4.14. São estatisticamente significativos a 95% de
confiança (p≤0,05) e foram considerados para a obtenção do modelo final.
Tabela 4.14. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para
RT.
Fator Coeficiente de
regressão
Erro padrão p-valor
Media 0,7843* 0,0571 0,0000
Glúten (L) 0,2300* 0,0259 0,0000
Glúten (Q) 0,0117 0,0235 0,6319
Etanol (L) 0,0575* 0,0259 0,6200
Etanol (Q) 0,0117 0,0235 0,6319
pH (L) -0,0265 0,0259 0,3448
pH (Q) 0,0930* 0,0235 0,0055
Glúten x Etanol -0,0125 0,0366 0,7430
Gluten x pH 0,0475 0,0366 0,2360
Etanol x pH -0,0075 0,0366 0,8436
* Coeficientes estatisticamente significativos a p≤0,05.
RT = 0,7843 + 0,2300*glúten + 0,0575* etanol + 0,0930* pH2 [4.3]
A análise de variância (ANOVA), obtida pelo ajuste dos dados ao modelo da
Equação 4.3, está apresentada na Tabela 4.15. Verifica-se um coeficiente de
correlação (R2) de 0,90. Por meio do teste de F, conferiu-se a significância do
modelo, pois o F calculado (45,25) foi 13,26 vezes maior que o F tabelado (3,41).
A partir do modelo obtido, pode-se gerar as superfícies de resposta e suas
respectivas curvas de contorno em função das variáveis estudadas.
Resultados e Discussão
72
Tabela 4.15. ANOVA do ajuste do modelo obtido para resistência à tração dos
filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média
Quadrática
F
calculado
F
tabelado
R2
Regressão 1,086 3 0,362 45,25 3,41 0,90
Resíduo 0,109 13 0,008
Falta de
ajuste
0,105 11
Erro Puro 0,004 2
Total 1,195 16
A influência da concentração de glúten, de etanol e pH na resistência à
tração dos filmes de glúten pode ser analisada nas Figuras 4.7 a 4.9. Pode-se
observar que a resistência à tração foi maior utilizando altas concentrações de
glúten (acima de 10%), em todas as faixas de etanol (20 a 70 mL) e pH (2 a 6)
(Figuras 4.7 e 4.8). Verifica-se, na Figura 4.9, que os filmes de glúten
apresentaram maior resistência à tração na região entre valores de etanol
superiores a 57,5 mL e pH 2 e 6.
Resultados e Discussão
73
Figura 4.7 Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da resistência à tração em função da concentração de glúten e etanol.
Figura 4.8. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da resistência à tração em função da concentração de glúten e pH.
Figura 4.9. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da resistência à tração em função da concentração de etanol e pH.
Resultados e Discussão
75
4.2.3.2 Elongação
Os valores dos efeitos das variáveis independentes estudadas sobre a
porcentagem de elongação (ELO) são apresentados na Tabela 4.16. Verifica-se,
com 95% de confiança, que a concentração de glúten linear e quadrática,
concentração de etanol linear e quadrática, pH linear e a interação entre etanol e
pH apresentaram um efeito estatisticamente significativo sobre a porcentagem de
elongação. As concentrações de glúten e de etanol apresentaram um efeito
positivo, ou seja, ao elevar-se de 5% para 10,0% (glúten) e de 32,5 para 57,2 mL
(etanol), a ELO elevou-se, em média, de 19 e 14%, respectivamente. Entretanto,
ao aumentar o pH de 3 para 5, a porcentagem de elongação diminuiu em média
7,2%. O efeito da interação entre concentração de etanol e pH reduziu a
porcentagem de elongação em média 6%, em média.
Tabela 4.16. Estimativa dos efeitos das variáveis independentes sobre a
porcentagem de elongação dos filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fator Efeito Erro padrão p-valor
Média 177,589* 0,7228 0,0000
Glúten (L) 18,9888* 0,6551 0,0011
Glúten (Q) -5,1076* 0,5954 0,0133
Etanol (L) 13,8588* 0,6551 0,0022
Etanol (Q) -16,5576* 0,5954 0,0012
pH (L) -7,2363* 0,6551 0,0080
pH (Q) -2,1451 0,5954 0,0691
Glúten x Etanol 0,8075 0,9265 0,4753
Glúten x pH -2,4675 0,9265 0,1168
Etanol x pH -5,9575* 0,9265 0,0234
* Efeitos estatisticamente significativos a p≤0,05.
Yoshida (2002), em estudo com filmes de proteína do soro do leite, verificou
que a elevação da concentração de proteína de 5,50 para 7,50% causou um
aumento na porcentagem de elongação de 5,89%. O mesmo comportamento foi
Resultados e Discussão
76
observado variando-se o pH de 5,90 para 7,90 e a concentração de glicerol de
2,50 para 4,50%, que aumentaram a porcentagem de elongação em 26,9% e
16,4%, respectivamente. A autora explicou que para altas concentrações de
proteínas uma maior quantidade de grupos SH são adicionados, promovendo mais
ligações covalentes S-S, formando filmes mais estáveis e com maior capacidade
de alongar-se.
Gontard, Guilbert e Cuq (1992) notaram que, ao utilizar alta concentração
de glúten (12,5g/100mL) e pH 6, os filmes de glúten obtidos eram muito elásticos.
Tanada-Palmu e Grosso (2002), trabalhando com filmes de glúten com glicerol,
alcançaram valores de porcentagem de elongação semelhantes aos deste estudo.
Eles observaram que a porcentagem de elongação aumenta com a elevação da
concentração de glúten (6 para 9%), ao se utilizar 32,5 mL de etanol.
Os coeficientes de regressão obtidos pelo programa Statistica 5.0 estão
apresentados na Tabela 4.17. São estatisticamente significativos a 95% de
confiança (p≤0,05) e foram considerados para a obtenção do modelo final.
Tabela 4.17. Coeficiente de regressão do modelo quadrático multivariável para
porcentagem de elongação.
Fator Coeficiente de
regressão
Erro padrão p- valor
Média 177,5896* 0,7228 0,0000
Glúten (L) 9,4944* 0,3275 0,0011
Glúten (Q) -2,5538* 0,2977 0,0133
Etanol (L) 6,9294* 0,3275 0,0222
Etanol (Q) -8,2788* 0,2977 0,0012
pH (L) -3,6181* 0,3275 0,0080
pH (Q) -1,0726 0,2977 0,0691
Glúten x Etanol 0,4038 0,4632 0,4753
Glúten x pH -1,2338 0,4632 0,1168
Etanol x pH -2,9788* 0,4632 0,0233
* Coeficientes estaticamente significativos a p≤0,05.
Resultados e Discussão
77
ELO = 177,5896 + 9,4944*glúten – 2,5538*gluten2 + 6,9294*etanol –
8,2788*Etanol2 – 3,6181*pH - 2,9788*etanol*pH [4.4]
A Tabela 4.18 apresenta a análise de variância (ANOVA) da Equação 4.4.
Pode-se observar que o modelo obtido apresentou um bom coeficiente de
correlação (R2=0,97). Comparando-se o F calculado (58,29) com o F tabelado
(3,22), verificou-se que o primeiro é cerca de 18,10 vezes maior que o segundo,
sendo o modelo, portanto, estatisticamente preditivo e significativo, com o qual
pode-se obter as superfícies de resposta (Figuras 4.10 a 4.12).
Tabela 4.18. ANOVA do ajuste do modelo obtido para a porcentagem de
elongação dos filmes de glúten plastificados com glicerol.
Fonte de
variação
Soma
Quadrática
Graus de
Liberdade
Média
Quadrática
F
calculado
F
tabelado
R2
Regressão 3907,00 6 651,16 58,29 3,21 0,97
Resíduo 111,72 10 11,17
Falta de
ajuste
108,29 8
Erro Puro 3,43 2
Total 4018,72 16
A análise da superfície de resposta e curvas de nível permitiu uma melhor
visualização do efeito das variáveis na porcentagem de elongação, nas condições
e intervalos utilizados neste estudo. Na Figura 4.10, verifica-se o efeito provocado
pela concentração de glúten e de etanol. A porcentagem de elongação é maior na
faixa de concentração de proteína entre 7,5 e 12,5% e etanol de 32,5 e 57,5 mL. O
efeito da concentração de proteína e pH na porcentagem de elongação pode ser
analisado pela Figura 4.11. Ao trabalhar com concentrações de glúten superiores
a 7,5%, pode-se utilizar valores de pH em toda faixa estudada para obter-se filmes
com altos valores de porcentagem de elongação. O mesmo pode ser observado
entre a concentração de etanol e o pH e, na faixa de 45 a 57,5 mL de etanol,
pode-se utilizar toda faixa de pH estudada (Figura 4.12).
Resultados e Discussão
79
Figura 4.10 Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da porcentagem de elongação em função da concentração de glúten e etanol.
Figura 4.11. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da porcentagem de elongação em função da concentração de glúten e pH.
Figura 4.12. Superfície de resposta e respectiva curva de contorno da variação da porcentagem de elongação em função da concentração de etanol e pH.
Resultados e Discussão
81
4.2.4 Otimização das características físicas
O planejamento fatorial permitiu selecionar a melhor formulação de filme de
glúten plastificado com glicerol, com a finalidade de obter um filme com baixa
permeabilidade ao vapor de água e alta resistência à tração.
Gontard, Guilbert e Cuq (1992) afirmaram que em vez de determinar um
ponto ótimo para as superfícies de respostas, é melhor escolher combinações de
formulação baseada nas características desejadas para seu uso específico. Por
exemplo, se o filme for utilizado em coberturas superficiais para manusear o
produto, as propriedades principais para otimizar são as mecânicas e a aparência.
Porém, se for usado como barreira ao vapor de água entre dois componentes de
produtos alimentícios heterogêneos, é necessário um filme com a mais baixa
permeabilidade ao vapor de água.
Em virtude do exposto, optou-se por combinar formulações com o intuito de
obter-se filmes com menores valores de permeabilidade ao vapor de água e
maiores de resistência à tração. Por meio do planejamento fatorial, foi possível
verificar que, para as propriedades desejadas, as variáveis se comportaram de
maneira oposta. As variáveis significativas para a permeabilidade ao vapor de
água foram: (i) concentração de glúten (efeito positivo), (ii) interação entre
concentração de glúten e de etanol (efeito negativo), (iii) interação entre
concentração de glúten e pH (efeito negativo) e (iv) interação entre concentração
de etanol e pH (efeito positivo). As variáveis expressivas para resistência à tração
foram: (i) concentração de glúten (efeito positivo), (ii) concentração de etanol
(efeito positivo) e (iii) pH (efeito positivo).
Os filmes de glúten desenvolvidos, de uma maneira geral, tiveram baixos
valores de resistência à tração, sendo o maior valor de 1,27 MPa e, portanto, esta
propriedade foi excluída como parâmetro de definição da melhor formulação,
baseando-se a escolha somente na permeabilidade ao vapor de água.
Resultados e Discussão
82
A melhor formulação determinada, nesse caso, visando manter baixos
valores de permeabilidade ao vapor de água, foi a concentração de glúten de 2,5 e
5 g/100 mL, concentração de etanol 20-32,5 ou 57,5-70 mL/100 mL e pH 2-3 e 5-
6. Como para ajustar o pH da solução formadora de filme utiliza-se ácido acético,
que exala um aroma muito forte durante o processo de secagem, optou-se por
utilizar pH mais elevados (5-6), em razão da menor quantidade adicionada de
ácido acético para o ajuste da solução.
Sendo assim, trabalhou-se com a seguinte formulação: glúten 2,5 e 5 g/100
mL, etanol 20 e 32,5 mL/100 mL e pH 5 e 6. As soluções formadoras de filme
produzidas com 20 mL de etanol apresentaram pH próximo de 6, sendo
necessário adicionar uma pequena quantidade de ácido acético para ajustar o pH
para 6, quando a concentração de glúten era de 5 g, e nenhuma quantidade de
ácido acético foi necessária quando a quantidade era igual a 2,5 g de glúten, pois
o pH da solução era 6. As soluções nas quais o pH não foi ajustado não formaram
filme. Isso ocorreu provavelmente em função da insolubilização da glutenina, que
é insolúvel em etanol, ligeiramente em etanol à quente e solúvel em soluções
alcalinas (KASARDA; NIMMO; KOHLER, 1971). As soluções com 5 g de glúten,
às quais se adicionou maior quantidade de ácido acético formaram filmes
extremamente frágeis que eram rompidos ao serem retirados do suporte, mesmo
utilizando altas alíquotas (acima de 50 mL). Assim sendo, optou-se por fixar o pH
em 5.
Portanto, foram elaborados filmes com 2,5 e 5 g de glúten/100 mL,
concentração de etanol de 20 e 32,5 mL/100 mL e pH 5. Nas formulações
desenvolvidas com 2,5g de glúten, foi utilizada a alíquota anteriormente estudada
de 40 mL, mas os filmes obtidos se apresentaram frágeis. Dessa forma, testou-se
alíquotas superiores (50 a 60 mL), o que provocou a formação de filmes
extensíveis que sofriam deformações ao serem retirados do suporte. Além do
inconveniente na retirada dos filmes do suporte, eles necessitavam, no mínimo, de
72 horas para secarem, principalmente ao utilizar a menor concentração de etanol
(20 mL). Assim, foi descartada a concentração de glúten de 2,5 g.
Resultados e Discussão
83
Fixada a concentração de glúten, foram elaboradas duas formulações, com
5 g de glúten/100 mL de solução e variando o teor de etanol de 20 e 32,5 mL/100
mL, o pH constante e igual a 5. O filme desenvolvido com menor concentração de
etanol demorou a secar e a alíquota precisou ser alterada, enquanto a outra
formulação (idêntica à Formulação 5 do planejamento, Tabela 3.6) manteve-se
nas mesmas condições, ou seja, alíquota de 30 mL e tempo de secagem de 24
horas.
A Formulação 5, que corresponde ao filme produzido com 5% de glúten,
32,5/100mL etanol, pH 5 e glicerol 20% (em relação à quantidade de proteína), em
virtude da sua facilidade de obtenção (alíquota utilizada e tempo de secagem) e as
suas propriedades, foi escolhida para a elaboração e caracterização de todos os
filmes compostos.
4.3 Filmes simples à base de amido plastificados com glicerol
Os filmes simples à base de amido (mandioca, mandioca modificado, milho
ceroso ou milho ceroso modificado) foram confeccionados a partir de solução
formadora nas concentrações de 2 e 4%, plastificados com glicerol (5 e 10% em
relação a massa seca de amido), e preparados com alíquotas variando de 20 a 35
mL. O plastificante foi incorporado à suspensão aquosa de amido antes de sua
gelatinização em banho-maria, pois, com esse procedimento, observou-se
(aparentemente) uma melhor incorporação do plastificante à matriz filmogênica.
Larotonda et al. (2004), em biofilmes à base de fécula de mandioca, e Mali et al.
(2002 e 2004), em biofilmes à base de amido de inhame, também adicionaram o
plastificante antes do tratamento térmico da solução formadora de filme.
Os filmes de amidos, em todas as alíquotas estudadas, se mostraram
levemente opacos, em alguns casos quebradiços (Figura 4.13) em outros
extremamente aderidos às placas de acrílico, sobre as quais foram submetidos à
secagem, não sendo possível a sua retirada.
Resultados e Discussão
85
Figura 4.13. Rachaduras no filme de amido após o processo de secagem.
Com a finalidade de facilitar o desprendimento dos filmes das placas de
acrílico, foram avaliados: (i) o uso de spray de silicone e (ii) o aumento da alíquota
da solução formadora de filme (40 a 80 mL). O silicone foi aplicado apenas nas
bordas das placas, retirando-se seu excesso com papel absorvente. Mesmo
assim, os filmes rachavam na tentativa de sua retirada do suporte. Os biofilmes
resultantes mostraram-se muito desuniformes, como se o silicone aplicado tivesse
interagido com a solução formadora, com conseqüente surgimento de bolhas
muito grandes, chegando, muitas vezes, a transformar-se em perfurações. O
aumento da alíquota não causou efeito no desenvolvimento dos filmes simples de
amidos.
Em razão desses problemas detectados durante o desenvolvimento da
pesquisa, não foi possível elaborar e caracterizar os filmes simples de amido de
mandioca, de mandioca modificado, de milho ceroso e de milho ceroso
modificado, plastificados com glicerol.
Resultados e Discussão
87
4.4 Filmes compostos
Os filmes simples que obtiveram melhores resultados, quanto às
propriedades de permeabilidade ao vapor de água e resistência à tração, foram
utilizados na confecção de filmes compostos. A solução formadora de filme de
gelatina foi preparada com 10% de gelatina plastificada com 5% de glicerol, e a
solução formadora de filme de glúten foi elaborada com 5% de glúten e 32,5 mL
de etanol à pH 5, plastificada a 20% de glicerol. Como a caracterização dos filmes
simples de amidos não foi possível, optou-se pela avaliação do efeito dos
diferentes amidos diretamente nas propriedades dos filmes compostos.
Foram utilizadas alíquotas fixas de 20 mL para a confecção de todos os
filmes compostos, a fim de se avaliar a influência da mistura das soluções
formadoras nas diversas proporções estudadas (1:1, 1:4, 4:1 e 1:1:1) nas
propriedades dos filmes. Essa alíquota foi selecionada por ser o menor volume
necessário para formação dos filmes compostos.
4.4.1 Caracterizaçao de filme composto de glúten e gelatina, plastificados
com glicerol.
4.4.1.1 Aspecto visual
De um modo geral, os filmes elaborados com glúten e gelatina
apresentaram-se manuseáveis e visualmente homogêneos.
4.4.1.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água
Os valores de permeabilidade ao vapor de água dos filmes compostos de
glúten e gelatina (Tabela 4.19) foram iguais a 3,91, 4,46 e 4,81 gmm/m2diakPa,
para proporção de 1:1, 1:4 e 4:1, respectivamente. Não se observou diferença
significativa (p≤0,05) entre os filmes. Os valores obtidos de permeabilidade ao
vapor de água dos filmes compostos foram inferiores aos alcançados nos filmes
Resultados e Discussão
88
de gelatina pura (5,38 gmm/m2diakPa) e glúten puro (6,28 gmm/m2diakPa), ou
seja, a combinação das duas proteínas propiciou uma melhora na permeabilidade
ao vapor de água dos filmes. Baldwin et al. (1997) comentam que cada grupo dos
materiais utilizados na formulação dos filmes tem suas vantagens e desvantagens,
e muitas coberturas e filmes, atualmente, são produzidos por meio da sua
combinação.
Tabela 4.19. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos filmes
de compostos glúten de trigo e gelatina, plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporções Espessura
(mm)
PVA
(gmm/m2diakPa)*
SOL
(%)*
GLU/GEL 1:1 0,062 ± 0,009 3,91 ± 0,19a 33,58 ± 0,29a
GLU/GEL 1:4 0,058 ± 0,009 4,46 ± 0,28a 30,20 ± 0,11a
GLU/GEL 4:1 0,051 ± 0,008 4,81 ± 0,22a 30,34 ± 0,17a
*Média e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, PVA= permeabilidade ao vapor de água e SOL= solubilidade em água.
A solubilidade em água dos filmes variou de 30,20 a 33,58%, não sendo
observada também diferença significativa (p≤0,05) entre os filmes. A solubilidade
em água dos filmes compostos manteve-se na mesma ordem de grandeza dos
simples de gelatina (30,34%) e maiores que os simples de glúten (23,80%).
Tanada-Palmu, Fakhouri e Grosso (2002) desenvolveram filmes compostos
de gelatina e glúten e verificaram a influência da mistura nas propriedades. A
permeabilidade ao vapor de água variou de 4,35 a 6,86 g.mm/m2diakPa, sendo
menor no filme GLU/GEL na proporção 1:4. Os autores observaram que a
permeabilidade ao vapor de água de todos os filmes compostos da mistura de
gelatina e glúten diminuiu em relação aos filmes simples de glúten. Os resultados
deste estudo foram semelhantes aos obtidos pelos autores.
Resultados e Discussão
89
4.4.1.3 Propriedades Mecânicas
Os valores de resistência à tração e a porcentagem de elongação
encontrados para filmes compostos de gelatina e glúten encontram-se na Tabela
4.20.
Tabela 4.20. Propriedades mecânicas dos filmes compostos glúten de trigo e
gelatina, plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporções Espessura
(mm)
RT
(MPa)*
ELO
(%)*
GLU/GEL 1:1 0,055 ± 0,006 22,43 ± 1,65b 4,99 ± 0,24b
GLU/GEL 1:4 0,051 ± 0,020 34,11 ± 1,53a 4,89 ± 0,14b
GLU/GEL 4:1 0,062 ± 0,031 12,60 ± 0,70c 26,51 ± 1,60a
*Média e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, RT= resistência à tração e ELO= elongação.
A resistência à tração dos filmes de glúten e gelatina 1:4 (34,11 MPa)
mostrou-se maior que os valores obtidos para os demais. Estes foram menores
que os obtidos para o filmes simples de gelatina (90,73 MPa) e maiores que para
os simples de glúten (0,45 MPa). Resultados semelhantes foram encontrados por
Tanada-Palmu, Fakhouri e Grossol (2002). Estes autores relataram que a adição
de gelatina nas misturas aumentou sensivelmente a resistência à tração em
relação aos filmes simples de glúten, no entanto, a porcentagem de elongação
sofreu um decréscimo. Os valores de resistência à tração dos filmes compostos
(33,93 a 69,94 MPa) obtidos por aqueles autores foram superiores ao deste
estudo.
A maior porcentagem de elongação foi alcançada para o filme de maior
concentração de glúten (Tabela 4.20). As proteínas do glúten apresentam a
característica de formação de uma matriz viscoelástica, resultando em filmes
flexíveis e elásticos. Vicentini (2003) verificou que a adição de glúten ao filme de
fécula de mandioca alterou as curvas de força versus deformação, que passaram
Resultados e Discussão
90
de uma curva típica de materiais rígidos e quebradiços para outra típica de
matérias flexíveis.
Com base nos resultados obtidos, é possível concluir que o filme GLU/GEL
1:4 foi o composto com essas misturas que obteve melhores resultados de
permeabilidade ao vapor de água e resistência à tração.
4.4.2 Filmes compostos à base de amido e gelatina
Em virtude da impossibilidade de caracterização dos filmes simples de
amido (mandioca, mandioca modificada, milho ceroso e milho ceroso modificado)
nas concentrações formadas a partir de uma solução contendo 2 e 4%, a
influência da adição de amido foi verificada diretamente na confecção dos filmes
compostos. Foram desenvolvidos filmes compostos com a solução formadora de
gelatina previamente definida (gelatina 10% e glicerol 5%) e dos amidos (2 e 4%
de amido de mandioca, de mandioca modificada, de milho ceroso ou de milho
ceroso modificado) plastificados com 5 e 10% de glicerol (em relação à massa
seca de amido).
Os filmes produzidos com essa formulação foram caracterizados em
relação a suas propriedades físicas. Na determinação da permeabilidade ao vapor
de água, os filmes que continham a concentração de plastificantes igual a 5% (em
relação à massa de amido) na solução formadora de filme de amido, romperam-se
no processo de selagem das células com a parafina, indicando que essa
concentração de plastificante era insuficiente para tornar o filme manuseável. O
mesmo ocorreu no ensaio de propriedades mecânicas, em que, ao fixar o filme ao
probe, ele se rompia, impossibilitando a análise. O tipo e a concentração de
plastificante interefem diretamente nas características do filme a ser obtido
(FAIRLEY et al., 1996). Dessa forma, conclui-se que a concentração de glicerol
(5%) utilizada na suspensão de amido era insuficiente para o desenvolvimento dos
filmes compostos com gelatina, independente do tipo de amido utilizado.
Resultados e Discussão
91
Como conseqüência, não foi efetuada a caracterização dos filmes
compostos confeccionados com a solução de amido contendo 5% de glicerol (em
relação à massa seca), mas apenas aqueles obtidos com a concentração de 10%
na solução.
4.4.2.1 Caracterização dos filmes compostos de amido de mandioca nativo e
modificado e gelatina, plastificados com glicerol.
A composição dos filmes compostos de amido de mandioca nativo ou
modificado (2 e 4%) e gelatina elaborados e sua respectiva caracterização estão
apresentados na Tabela 4.21 e 4.22.
4.4.2.1.1 Aspecto visual
Visualmente, todos os filmes obtidos se apresentaram íntegros,
homogêneos, opacos, com ausência de partículas insolúveis e fáceis de
manusear. Os com maiores proporções de solução formadora de filme de amido
de mandioca nativo ou modificado se mostraram mais flexíveis, finos e mais
opacos. Vicentini (2003) também obteve filmes de fécula de mandioca opacos, em
razão da influência da espessura e da concentração de amido na solução
formadora de filme.
4.4.2.1.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água
Os valores de permeabilidade ao vapor de água e a solubilidade em água
dos filmes compostos elaborados encontram-se na Tabela 4.21.
Resultados e Discussão
92
Tabela 4.21. Permeabilidade ao vapor de água e a solubilidade em água dos
filmes de compostos de amido de mandioca nativo e modificado e gelatina
plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporções Espessura
(mm)
PVA
(gmm/m2diakPa)*
SOL
(%)*
AM 2%/GEL 1:1 0,058 ± 0,006 5,13 ± 0,12abc 23,92 ± 0,33ef
AM 2%/ GEL 1:4 0,066 ± 0,014 6,42 ± 0,04a 26,21± 0,33de
AM 2%/ GEL 4:1 0,046 ± 0,008 4,51 ± 0,32de 28,80 ± 0,01cd
AM 4%/ GEL 1:1 0,057 ± 0,015 5,37 ± 0,06bc 20,61 ± 0,28g
AM 4%/ GEL 1:4 0,065 ± 0,013 6,15 ± 0,19ab 26,21 ± 0,13de
AM 4%/ GEL 4:1 0,055 ± 0,007 4,35 ± 0,28cde 27,32 ± 0,26cd
AMM 2%/ GEL 1:1 0,052 ± 0,035 4,20 ± 0,09de 32,68 ± 0,29b
AMM 2%/ GEL 1:4 0,064 ± 0,050 4,98 ± 0,06abc 38,63 ± 0,24a
AMM 2%/ GEL 4:1 0,044 ± 0,010 3,11 ± 0,27de 23,51± 0,03ef
AMM 4%/ GEL 1:1 0,052 ± 0,021 2,86 ± 0,16e 29,48 ± 0,20c
AMM 4%/ GEL 1:4 0,069 ± 0,056 4,56 ± 0,25abcd 29,75 ± 0,06c
AMM 4%/ GEL 4:1 0,046 ± 0,024 3,87 ± 0,11cde 18,35 ± 0,22g
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. AM= amido de mandioca nativo; AMM= amido de mandioca modificado; GEL= gelatina, PVA= permeabilidade ao vapor de água e SOL= solubilidade em água.
A permeabilidade ao vapor de água variou de 2,86 a 6,42 gmm/m2diakPa.
Pode-se observar que os filmes compostos com maior proporção de amido de
mandioca (proporção 4:1) obtiveram menores valores de permeabilidade ao vapor
de água, em ambas as concentrações avaliadas (2 e 4%). Esse fato pode ocorrer
em virtude de sua menor espessura, ou seja, a adição de amido produz filmes
mais finos. Vários autores observaram o aumento linear da PVA em função da
espessura (PARK; CHINNAN, 1995; SOBRAL 1999; FAKHOURI; BATISTA;
GROSSO, 2003).
Mali et al. (2004), entretanto, observaram que a elevação da concentração
de amido de cará nos filmes simples causou aumento da permeabilidade ao vapor
de água. Os autores justificaram esse comportamento em razão do aumento dos
Resultados e Discussão
93
grupos hidroxil, favorecendo a ligação com a água, e, conseqüentemente, o
aumento da permeabilidade ao vapor de água graças à maior higroscopicidade.
Pode-se observar (Tabela 4.21) que a maioria dos filmes desenvolvidos
com amido de mandioca modificado e gelatina mostraram se menos permeáveis
ao vapor de água que os filmes compostos confeccionados com amido de
mandioca nativo. Isso se deve, provavelmente, à formação de uma rede mais
densa e coesa com a utilização desse tipo de amido.
A utilização de maior proporção de gelatina nos filmes compostos com
amido de mandioca nativo e modificado, tanto com 2 quanto com 4% provocou
aumento da permeabilidade ao vapor de água. Isso resulta, possivelmente, do
caráter hidrofílico da gelatina, que induz a interação com a água, ou ao fato de os
filmes possuírem maiores valores de espessura.
Os valores de permeabilidade ao vapor de água dos filmes compostos de
amido mandioca modificado (2 e 4%) e gelatina, em todas as proporções
estudadas, foram menores que os filmes de gelatina pura (5,38 gmm/m2diakPa).
Assim visto, a adição de amido de mandioca modificado propiciou melhora nessas
propriedades. Em contrapartida, pode-se observar que os filmes compostos de
amido de mandioca nativo, 2 e 4%, com gelatina, 1:4, obtiveram resultados
superiores ao filme simples de gelatina, sendo iguais a 6,42 e 6,15
gmm/m2diakPa, respectivamente. Os valores alcançados também foram menores
que os obtidos por Vicentini (2003) para filmes de fécula de mandioca (11,76
gmm/m2diakPa).
A elevação da concentração (2 para 4%) de amido mandioca nativo e
modificado não causaram diferença significativa (p≤0,05) em nenhuma das
proporções estudadas.
A solubilidade em água variou de 18,35 a 38,63%. Valores semelhantes
foram obtidos por Mali et al. (2002) ao desenvolver filmes com 4% de amido de
cará plastificado com glicerol, que apresentaram solubilidade em água de 26,37%.
Vicentini (2003) encontrou valores de solubilidade em água de 0 a 40% em função
Resultados e Discussão
94
da espessura para os filmes de fécula de mandioca. O aumento na concentração
de amido de mandioca modificado (2 para 4%), em todas as proporções, causou
um diminuição estatisticamente significativa (p≤0,05) na solubilidade em água. O
mesmo comportamento foi observado ao utilizar amido de mandioca nativo, na
proporção 1:1.
4.4.2.1.3 Propriedades mecânicas
Os valores de resistência à tração e a porcentagem de elongação dos
filmes compostos de amido de mandioca nativo e modificado com gelatina estão
lançados na Tabela 4.22.
Tabela 4.22. Propriedades mecânicas dos filmes de compostos de amido de
mandioca nativo e modificada e gelatina, plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporção Espessura
(mm)
RT
(MPa)*
ELO
(%)*
AM 2%/GEL 1:1 0,051 ± 0,006 96,08 ± 1,02e 3,95 ± 0,19bcd
AM 2%/GEL 1:4 0,068 ± 0,014 104,98 ± 1,70de 5,17 ± 0,28abc
AM 2%/GEL 4:1 0,040 ± 0,008 73,94 ± 2,04g 2,73 ± 0,20d
AM 4%/GEL 1:1 0,053 ± 0,015 82,71 ± 2,40fg 3,52 ± 0,23cd
AM 4%/GEL 1:4 0,061 ± 0,013 110,5 ± 1,94d 4,76 ± 0,17abc
AM 4%/GEL 4:1 0,049 ± 0,007 74,21 ± 2,00g 3,07 ± 0,17d
AMM 2%/GEL 1:1 0,050 ± 0,061 126,32 ± 3,02c 6,27 ± 0,17a
AMM 2%/GEL 1:4 0,069 ± 0,050 158,62 ± 1,20a 5,75 ± 0,23ab
AMM 2%/GEL 4:1 0,041 ± 0,010 81,84 ± 2,52g 2,13 ± 0,24d
AMM 4%/GEL 1:1 0,050 ± 0,021 102,65 ± 1,68de 5,47 ± 0,31ab
AMM 4%/GEL 1:4 0,071 ± 0,056 143,78 ± 1,24b 5,78 ± 0,37a
AMM 4%/GEL 4:1 0,042 ± 0,024 85,15 ± 2,83f 4,79 ± 0,67abc
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. AM=amido de mandioca nativo; AMM=amido de mandioca modificado; GEL=gelatina; RT= resistência à tração e ELO= elongação.
A resistência à tração variou de 73,94 a 158,62 MPa. Os filmes compostos
de amido de mandioca nativo ou modificado e gelatina, em todas as
Resultados e Discussão
95
concentrações estudadas, tiveram comportamento similar, ou seja, a resistência à
tração foi maior para os filmes na proporção de 1:4 e menor para 4:1.
A adição de gelatina na mistura aumentou sensivelmente a resistência à
tração dos filmes compostos, não sendo estaticamente significativo (p≤0,05)
apenas para o filme com 2% de amido de mandioca nativo. Esse efeito foi maior
nos fabricados com 2% de amido de mandioca modificado. Segundo Cuq et al.
(1996a), a força na ruptura pode aumentar com o aumento da quantidade de
matéria seca na superfície, que propicia o incremento superfícial do número de
cadeias de proteínas, que conduz ao aumento do número potencial de interações
intermoleculares. A espessura é outro fator que pode ter contribuído para
aumentar a resistência à tração. Park et al. (1993) observaram que a tensão e a
deformação na ruptura aumentaram com a espessura de filmes de hidroxipropil-
celulose.
Os filmes compostos desenvolvidos com amido de mandioca modificado
mostraram-se mais resistentes que os com amido de mandioca nativo, isso pode
confirmar os resultados alcançados para a permeabilidade ao vapor de água, que
possivelmente ocorreu em virtude da formação de uma rede mais densa e coesa
com a utilização desse amido.
A elevação da concentração de amido de mandioca modificado (2 para 4%)
causou uma diminuição estatisticamente significativa (p≤0,05) na resistência à
tração dos filmes compostos. No caso dos de amido de mandioca, esse
comportamento apenas ocorreu nos filmes com proporção 1:1; nos demais não
houve diferença significativa.
Mali et al. (2004), em estudo das propriedades de barreira mecânica e
óptica em filmes de amido de cará, obtiveram filmes com resistência à tração
variando de 6,03 a 15,96 N e elongação de 3,44 a 4,78%. Os autores observaram
que a resistência à tração melhora com a elevação da concentração de amido.
Durante a secagem da solução formadora, a água é evaporada, permitindo o
surgimento de uma rede de amido e, durante esse estágio, a aproximação das
Resultados e Discussão
96
cadeias do amido é favorecida pela sua alta concentração, facilitando a formação
de uma matriz mais densa. Xu et al. (2005) desenvolveram e caracterizaram filmes
compostos de quitosana e amido. Verificaram que a proporção 1:1 apresentou
maior valor de resistência à tração (40,25 MPa). Os autores atribuíram esse
comportamento à formação de ligações de pontes de hidrogênio intermoleculares
entre NH3+ da quitosana com OH- do amido. O grupo amino (NH2) da quitosana é
protonado para NH3+ no solvente ácido láctico, enquanto a ordem cristalina da
molécula de amido é destruída com a gelatinização, resultando a exposição de
grupos OH e formação de ligações cruzadas com NH3+ da quitosana. Observaram,
também, que essa é uma proporção crítica, pois a elevação da concentração de
amido acima deste valor nos filmes compostos causa uma redução na resistência
à tração. Eles argumentaram que essa diminuição possivelmente ocorreria porque
as pontes de hidrogênio intramoleculares são formadas antes das
intermoleculares, gerando a separação de fase entre os dois componentes.
Chang, Cheah e Seow (2000) desenvolveram filmes de fécula de mandioca com
resistência à tração de 20 MPa.
A porcentagem de elongação dos filmes compostos variou de 2,13 a 6,27%,
sendo menor para o filme composto de amido de mandioca modificado 2% e
gelatina (4:1) e maior para o mesmo, porém na proporção de 1:4.
A elevação da concentração de amido de mandioca modificado (2 para 4%)
causou um aumento estatisticamente significativo (p≤0,05) na porcentagem de
elongação do filme na proporção 4:1; nos demais não foi observado. Os filmes
compostos desenvolvidos mostraram menor porcentagem de elongação que o
filme simples de gelatina (6,85 ± 0,42%).
Xu et al. (2005) observaram que a adição de amido (>1,5 g) causa perda da
flexibilidade dos filmes compostos de quitosana e amido. Romero-Batista et al.
(2005) estudaram a caracterização físico-química e microestrutural dos filmes
preparados por gelatinização à quente e à frio de fontes não convencionais de
amido (Okenia, banana e manga). Verificaram que, quando os filmes de amido
foram preparados por método de gelatinização térmica, o módulo de elasticidade
Resultados e Discussão
97
foi maior, independentemente da fonte utilizada. Petersson e Standing (2005)
estudaram as propriedades mecânicas de filmes compostos de amido de batata e
monoglicerídeo, observando filmes com porcentagem de elongação variando de
2,2 a 10,3%.
Com base nos resultados obtidos é possível concluir que o filme de amido
de mandioca modificado 2% e gelatina (1:4) foi o filme composto que obteve
melhores resultados de permeabilidade ao vapor de água e porcentagem de
elongação.
4.4.2.2 Caracterização dos filmes composto de amido de milho ceroso nativo
ou modificado e gelatina, plastificados com glicerol.
A composição, permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água de
filmes compostos de amido de milho ceroso nativo ou modificado (2 e 4%) e
gelatina em suas diversas proporções estão apresentados na Tabela 4.23 e 4.24.
4.4.2.2.1 Aspecto visual
Os filmes obtidos se apresentaram com coloração levemente opaca,
íntegros, homogêneos, com ausência de partículas insolúveis e fáceis de
manusear. Os com menores proporções de solução formadora de gelatina se
mostraram mais flexíveis.
4.4.2.2.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água
Os valores de permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos
filmes compostos desenvolvidos encontram-se na Tabela 4.23.
Resultados e Discussão
98
Tabela 4.23. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos filmes
de compostos de amido de milho ceroso nativo ou modificado e gelatina
plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporção Espessura
(mm)
PVA
(gmm/m2diakPa)*
SOL
(%)*
AMC 2%/GEL 1:1 0,069 ± 0,014 3,64 ± 0,12c 34,80 ± 0,50e
AMC 2%/GEL 1:4 0,074 ± 0,021 4,30 ± 0,42bc 31,96 ± 0,44e
AMC 2%/GEL 4:1 0,052 ± 0,038 2,23 ± 0,34d 32,27 ± 0,10e
AMC 4%/GEL 1:1 0,051 ± 0,013 3,81 ± 0,38c 28,42 ± 0,15f
AMC 4%/GEL 1:4 0,066 ± 0,002 5,67 ± 0,39ab 27,42 ± 0,10f
AMC 4%/GEL 4:1 0,044 ± 0,015 4,66 ± 0,16bc 23,70 ± 0,58g
AMCM 2%/GEL 1:1 0,076 ± 0,021 4,32 ± 0,16bc 46,86 ± 0,58c
AMCM 2%/GEL 1:4 0,083 ± 0,003 6,31 ± 0,11a 50,35± 0,56b
AMCM 2%/GEL 4:1 0,062 ± 0,005 4,03 ± 0,28c 45,41 ± 0,50c
AMCM 4%/GEL 1:1 0,075 ± 0,008 4,57 ± 0,12bc 51,82 ± 0,53b
AMCM 4%/GEL 1:4 0,088 ± 0,011 6,29 ± 0,03a 57,02 ± 0,67a
AMCM 4%/GEL 4:1 0,061 ± 0,003 4,43 ± 0,06bc 38,01 ± 0,30d
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. AMC=amido de milho ceroso; AMCM=amido de milho ceroso modificado; GEL=gelatina; PVA= permeabilidade ao vapor de água e SOL= solubilidade em água.
A permeabilidade ao vapor de água variou de 2,23 a 6,31 gmm/m2diakPa,
sendo menor nos filmes de 2% amido de milho ceroso e gelatina (4:1) e maior nos
filmes de amido de milho ceroso modificado 2% e gelatina 1:4.
Garcia, Martino e Zaritzky (2000a) estudaram o efeito da adição de lipídios
(óleo de girassol) nas propriedades de barreira de filmes de amido de milho
plastificado com glicerol ou sorbitol. Obtiveram filmes com permeabilidade ao
vapor de água variando de 1,22 a 3,68 1010 gm-1sec-1.Pa-1, sendo os valores mais
baixos obtidos com a adição de lipídios. Isso ocorreu em virtude do aumento da
hidrofobicidade do biofilmes.
O aumento da proporção de gelatina nos filmes compostos elevou a
permeabilidade ao vapor de água em toda faixa estudada, bem como nos tipos de
Resultados e Discussão
99
amidos utilizados. Isso resulta da adição de proteína que aumenta a espessura, o
que é afirmado por Chen (1995), quando verificou que a permeabilidade ao vapor
de água de biofilmes varia com a espessura. Park e Chinnann (1995) estudaram o
efeito da espessura nos biofilmes à base de zeína, glúten e derivados de celulose
sobre a permeabilidade ao vapor de água, e observaram comportamento
proporcional linear entre essa propriedade e a espessura.
A substituição do amido de milho ceroso nativo por amido de milho ceroso
modificado nas misturas causou aumento estatisticamente significativo (p≤0,05)
nos filmes com concentração de 2%, nas proporções 1:4 e 4:1.
Os resultados de permeabilidade ao vapor de água alcançados para o filme
simples de gelatina (5,38 ± 0,09 gmm/m2diakPa) foram maiores que a maioria dos
filmes compostos desenvolvidos, com exceção dos com 4% de amido de milho
ceroso e gelatina e amido de milho ceroso modificado (2 e 4%) e gelatina, ambos
nas proporções 1:4. Com isso, a mistura das soluções formadoras de filmes
melhorou as propriedades de barreira ao vapor de água dos filmes simples de
gelatina. A elevação da concentração de amido (2 para 4%) causou um aumento
estatisticamente significativo (p≤0,05) na permeabilidade ao vapor de água dos
filmes compostos de amido de milho ceroso e gelatina e amido de milho ceroso
modificado e gelatina, na proporção 4:1.
A solubilidade em água, dos filmes compostos desenvolvidos, variou de
23,70 a 57,02%. O aumento da concentração de amido de milho ceroso (de 2 para
4%) diminuiu de maneira estatisticamente significativa (p≤0,05) a solubilidade em
água dos filmes compostos, em todas as proporções estudadas. O mesmo
ocorreu para o filme com 4% de amido de milho ceroso modificado e gelatina
(4:1). Ao contrário, nos filmes compostos de amido de milho ceroso modificado (2
e 4%) e gelatina nas proporções 1:1 e 1:4 não foi observada diferença estatística
(p≤0,05) para a solubilidade em água.
Kim e Lee (2002) perceberam que o aumento da concentração de
plastificante provocou diminuição da solubilidade em água em biofilmes de amido
Resultados e Discussão
100
altamente carboximetilado. O valor mínimo obtido foi de 59,08%, utilizando glicerol
como plastificante. Tapia-Blácido, Sobral e Menegalli (2005) desenvolveram
biofilmes de amido de amaranto com solubilidade em água de 39,80 a 62,70%.
Os valores obtidos de permeabilidade ao vapor de água se mostraram
semelhantes aos obtidos com a utilização de amido de mandioca nativo ou
modificado, porém a solubilidade em água mostrou-se superior.
4.4.2.2.3 Propriedades mecânicas
Na Tabela 4.24, são apresentados os valores de resistência à tração e a
porcentagem de elongação dos filmes compostos de amido de milho ceroso nativo
ou modificado (2 e 4%) e gelatina, nas proporções de 1:1, 1:4 e 4:1.
Tabela 4.24. Propriedades mecânicas dos filmes compostos de amido de milho
ceroso nativo ou modificado e gelatina, plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporção Espessura
(mm)
RT
(MPa)*
ELO
(%)*
AMC 2%/GEL 1:1 0,065 ± 0,055 65,45 ± 2,41ef 2,71 ± 0,66bc
AMC 2%/GEL 1:4 0,079 ± 0,032 87,88 ± 2,42ab 4,19 ± 0,31ab
AMC 2%/GEL 4:1 0,050 ± 0,041 47,55 ± 2,48g 3,46 ± 0,26abc
AMC 4%/GEL 1:1 0,059 ± 0,010 69,62 ± 1,58de 4,96 ± 0,25a
AMC 4%/GEL 1:4 0,071 ± 0,011 79,73 ± 1,78bcd 2,01 ±0,23c
AMC 4%/GEL 4:1 0,049 ± 0,003 31,75 ± 3,04h 4,68 ± 0,39a
AMCM 2%/GEL 1:1 0,062 ± 0,006 82,33 ± 2,12abc 4,15 ± 0,26ab
AMCM 2%/GEL 1:4 0,078 ± 0,033 98,43 ± 2,22a 4,36 ± 0,20ab
AMCM 2%/GEL 4:1 0,051 ± 0,026 54,05 ± 2,02fg 3,18 ± 0,33abc
AMCM 4%/GEL 1:1 0,070 ± 0,001 73,81 ± 2,13de 3,23 ± 0,38abc
AMCM 4%/GEL 1:4 0,078 ± 0,013 82,64 ± 2,00bc 3,80 ±0,38abc
AMCM 4%/GEL 4:1 0,057 ± 0,009 49,93 ± 2,35g 2,82 ± 0,22bc
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. AMC=amido de milho ceroso; AMCM=amido de milho ceroso modificado; GEL=gelatina, RT= resistência à tração e ELO= elongação.
Resultados e Discussão
101
A resistência à tração dos filmes compostos elaborados variaram de 31,75
a 98,43 MPa e a porcentagem de elongação de 2,01 a 4,96%. Os filmes
compostos de amido de milho ceroso nativo ou modificado e gelatina
desenvolvidos na proporção 1:4 mostraram maiores valores de resistência à
tração, seguido pelas proporções 1:1 e 4:1. Portanto, como ocorrido nos filmes
compostos de gelatina e glúten, amido de mandioca e gelatina e amido de
mandioca modificado e gelatina, a adição de gelatina propiciou o aumento da
resistência à tração dos filmes.
Arvanitoyannis, Nakayama e Aiba (1997) estudaram filmes elaborados a
partir de uma mistura de gelatina e amido de batata. Observaram que um elevado
conteúdo de gelatina (>20% p/p) conduziu a um aumento na resistência à tração e
na porcentagem de elongação dos filmes. Arvanitoyannis, Psomiadou e
Nakayama (1996), em estudo com filmes à base de amido de milho, observaram
aumento no módulo de elasticidade de 23,8 para 29,5 MPa com a elevação da
concentração de caseinato de sódio de 0 a 40%. No mesmo trabalho, quando os
autores fixaram a proporção de amido de milho e gelatina (1:1) e variaram a
concentração de glicerol de 0 para 26%, verificaram redução no módulo de
elasticidade de 37,5 para 18,3 MPa.
O aumento da concentração de amido milho ceroso nativo ou modificado
(de 2 para 4%) diminuiu a resistência à tração dos filmes compostos de amido de
milho ceroso e gelatina, na proporção de 4:1, e amido de milho ceroso modificado
e gelatina, nas proporção de 1:1 e 1:4. A substituição do amido de milho ceroso
por amido de milho ceroso modificado causou um aumento estatisticamente
significativo (p≤0,05) na resistência à tração dos filmes compostos na
concentração de 2% e proporção 1:1 e nos filmes a 4% e proporção de 4:1.
Os filmes compostos desenvolvidos com amido de milho ceroso nativo ou
modificado mostraram-se menos resistentes que os produzidos com amido de
mandioca nativo ou modificado. Isso pode ser explicado, provavelmente, pelo fato
de o primeiro tipo possuir maior concentração de amilopectina. Lourdin; Della-
Valle e Colonna (1995) produziram biofilmes de amilopectina, amilose e amido e
Resultados e Discussão
102
observaram que uma maior concentração de amilose aumentou a resistência à
tração e a porcentagem de elongação, atingindo, para biofilmes de amilose pura,
valores de 60 MPa e 6%, respectivamente.
Não foi possível observar diferença estatisticamente significativa (p≤0,05)
na porcentagem de elongação com a substituição dos amidos. A variação nas
proporções dos dois polímeros só foi estatisticamente significativa (p≤0,05) para
os filmes elaborados com AMC 4%/GEL 1:4
Com base nos resultados obtidos pela Tabela 24 e 25, conclui-se que o
filme composto que apresentou melhores valores de permeabilidade ao vapor de
água e a resistência à tração foi o com 2% de amido de milho ceroso e gelatina,
na proporção 1:4.
4.4.3 Filmes compostos à base de glúten e amido, plastificados com glicerol
Não foi possível o desenvolvimento dos filmes compostos de glúten e
amido, pois, após sua secagem, permaneceram muito aderidos às placas de
acrílico, impossibilitando sua retirada. Além disso, os filmes apresentaram a borda
quebradiça e rachavam com facilidade. Esse comportamento ocorreu com todos
os amidos e em todas as proporções estudadas. O aspecto desses filmes, após o
período de secagem, pode ser observado nas Figuras 4.14 e 4.15.
Na impossibilidade do desmolde dos filmes, tentou-se um recobrimento por
pulverização de silicone no suporte, utilizando o mesmo procedimento realizado
para os filmes simples de amido. O silicone foi aplicado na superfície das placas
de acrílico, sendo, posteriormente, retirado seu excesso com papel absorvente.
Porém, após a secagem, constatou-se um efeito semelhante ao observado para
os filmes simples de amido, ou seja, houve formação de bolhas e orifícios. É
provável que esse fato tenha ocorrido por alguma reação em virtude da presença
do amido e não do glúten, uma vez que os filmes simples de glúten não
apresentaram esta reação na presença do silicone.
Resultados e Discussão
103
Figura 4.14. Filmes compostos de amido e glúten após processo de secagem.
Figura 4.15. Borda dos filmes compostos de amido e glúten após o processo de
secagem.
Desta forma, em razão dos problemas detectados durante o
desenvolvimento desse filme, não foi possível sua obtenção e caracterização.
Resultados e Discussão
105
4.4.4 Caracterização dos filmes compostos de amido, gelatina e glúten,
plastificados com glicerol
As proporções dos polímeros formadores de filmes: (i) amido de milho
ceroso (2 e 4%), gelatina e glúten; (ii) amido de milho ceroso modificado (2 e 4%),
gelatina e glúten; (iii) amido de mandioca (2 e 4%), gelatina e glúten; e (iv) amido
de mandioca modificado (2 e 4%), gelatina e glúten, na proporção 1:1:1
plastificados com glicerol, estão apresentados na Tabela 4.25 e 4.26.
4.4.4.1 Aspecto visual
Os filmes compostos desenvolvidos apresentaram-se manuseáveis,
visualmente homogêneos e com coloração levemente esbranquiçada, em função
da presença de amido.
4.4.4.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água
Os valores de permeabilidade ao vapor de água e a solubilidade em água
dos filmes compostos encontram-se na Tabela 4.25.
Resultados e Discussão
106
Tabela 4.25. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos
diferentes tipos de filmes compostos à base de amido, gelatina e glúten (25°C).
Filmes Proporções Espessura
(mm)
PVA
(gmm/m2diakPa)*
SOL
(%)*
AMC 2%/GEL/GLU 1:1:1 0,058 ± 0,008 3,27 ± 0,37ab 27,90 ± 0,08cd
AMC 4%/GEL/GLU 1:1:1 0,059 ± 0,011 4,07 ± 0,48ab 31,02 ± 0,37ab
AMCM 2%/GEL/GLU 1:1:1 0,056 ± 0,003 4,03 ± 0,05ab 21,54 ± 0,31e
AMCM 4%/GEL/GLU 1:1:1 0,054 ± 0,004 3,83 ± 0,10ab 35, 42 ± 0,23a
AM 2%/GEL/GLU 1:1:1 0,037 ± 0,004 3,22 ± 0,13ab 32,35 ± 0,24a
AM 4%/GEL/GLU 1:1:1 0,044 ± 0,035 4,48 ± 0,11a 27,21 ± 0,45d
AMM 2%/GEL/GLU 1:1:1 0,053 ± 0,006 3,09 ± 0,40b 29,97 ± 0,24bc
AMM 4%/GEL/GLU 1:1:1 0,051 ± 0,002 3,73 ± 0,17ab 30,11 ± 0,43b
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. AMC= amido de milho ceroso; AMCM= amido de milho ceroso modificado; AM= amido de mandioca nativo; AMM= amido de mandioca modificado; GEL= gelatina, GLU= glúten; PVA= permeabilidade ao vapor d eágua e SOL= solubilidade em água.
A permeabilidade ao vapor de água variou de 3,09 a 4,48 gmm/m2diakPa.
Apenas entre os filmes compostos de 4% amido de mandioca, gelatina e glúten e
os de 2% amido de mandioca modificado, gelatina e glúten foi observada
diferença estatisticamente significativa (p≤0,05) na permeabilidade ao vapor de
água.
A substituição de amido de mandioca por amido de mandioca modificado
diminuiu a permeabilidade ao vapor de água. A elevação da concentração de
amido (2 para 4%) causou aumento na permeabilidade ao vapor de água, com
exceção dos filmes compostos de amido de milho ceroso modificado, gelatina e
glúten. A adição de glúten diminuiu a permeabilidade ao vapor de água dos filmes
compostos com exceção do 4% de amido de milho ceroso e gelatina (1:1). Os
filmes compostos desenvolvidos apresentaram menor permeabilidade ao vapor de
água que os filmes simples de gelatina (5,38 gmm/m2diakPa) e os filmes simples
de glúten (6,28 gmm/m2diakPa). Pode-se verificar, então, que a mistura dos três
biopolímeros resultou em filmes com boas propriedades de barreira ao vapor de
água.
Resultados e Discussão
107
Os filmes elaborados com 2% de amido de mandioca, gelatina e glúten e os
preparados com 4% amido de mandioca, gelatina e glúten apresentaram
espessuras de 0,037 e 0,044 mm, respectivamente, sendo menores que as dos
demais. Apesar de esses filmes apresentarem as menores espessuras, elas não
influenciaram na permeabilidade ao vapor de água.
A solubilidade em água (Tabela 4.25) variou de 21,54 a 35,42%. A elevação
da concentração de amido (2 para 4%) causou aumento na solubilidade em água
dos filmes compostos de amido de milho ceroso e ceroso modificado. Os filmes
compostos desenvolvidos com amido de mandioca nativo ou modificados
mostraram maior SOL que os produzidos com amido de milho ceroso nativo ou
modificados. A adição de glúten na mistura de gelatina e amido causou aumento
na solubilidade em água dos filmes de 4% de amido de milho ceroso e gelatina;
2% de amido de mandioca e gelatina; 4% de amido de mandioca e gelatina e 4%
de amido de mandioca modificado e gelatina, todos nas proporções 1:1.
4.4.4.3 Propriedades mecânicas
A Tabela 4.26 apresenta os valores de resistência à tração e a
porcentagem de elongação dos filmes compostos de amido (milho ceroso; milho
ceroso modificado; mandioca e mandioca modificado), gelatina e glúten,
plastificados com glicerol.
Resultados e Discussão
108
Tabela 4.26. Propriedades mecânicas dos filmes compostos à base de amido
(milho ceroso, milho ceroso modificado, mandioca e mandioca modificado),
gelatina e glúten, plastificados com glicerol (25°C).
Filmes Proporção Espessura
(mm)
RT
(MPa)*
ELO
(%)*
AMC 2%/GEL/GLU 1:1: 1 0,062 ± 0,058 65,74 ± 1,89b 3,38 ± 0,41a
AMC 4%/GEL/GLU 1:1: 1 0,055 ± 0,029 66,50 ± 0,98b 3,37 ± 0,36a
AMCM 2%/GEL/GLU 1:1: 1 0,059 ± 0,033 54,81 ± 0,45c 4,17 ± 0,22a
AMCM 4%/GEL/GLU 1:1: 1 0,049 ± 0,021 49,29 ± 0,46c 4,33 ± 0,11a
AM 2%/GEL/GLU 1:1: 1 0,041 ± 0,021 73,64 ± 1,37a 4,46 ± 0,45a
AM 4%/GEL/GLU 1:1: 1 0,046 ± 0,022 75,92 ± 2,24a 3,79 ± 0,34a
AMM 2%/GEL/GLU 1:1: 1 0,050 ± 0,019 76,35 ± 2,14a 4,26 ± 0,29a
AMM 4%/GEL/GLU 1:1: 1 0,056 ± 0,013 75,75 ± 2,00a 4,00 ± 0,75a
*Média e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. AMC= amido de milho ceroso; AMCM= amido de milho ceroso modificado; AM= amido de mandioca nativo; AMM= amido de mandioca modificado; GEL= gelatina, GLU= glúten, RT= resistência à tração e ELO= elongação.
A resistência à tração variou de 49,29 a 76,35 MPa. A substituição de
amido de milho ceroso por modificado, em ambas as concentrações (2 e 4%) na
mistura de glúten e gelatina, causou uma diminuição estatisticamente significativa
(p≤0,05) na resistência à tração. A substituição de amido de mandioca por
modificado não causou diferença significativa (p≤0,05) no mesmo quesito dos
filmes compostos desenvolvidos. O aumento da concentração de amido (de 2 para
4%) não alterou a resistência à tração, em todos os filmes estudados.
A mistura dos três biopolímeros causou diminuição na resistência à tração
dos filmes simples de gelatina (90,73 MPa), assim como dos filmes compostos de
amido de mandioca ou amido de mandioca modificado ou amido de milho ceroso
modificado (2 e 4%) e gelatina, na proporção 1:1.
A porcentagem de elongação variou de 3,37 a 4,46%. Os valores de
porcentagem de elongação (Tabela 4.26) não apresentaram diferença significativa
(p≤0,05).
Resultados e Discussão
109
Com base nos resultados apresentados nas Tabelas 4.25 e 4.26, o filme
composto com os três biopolímeros que apresentou melhor propriedade de
barreira ao vapor de água e resistência à tração foi o de amido de mandioca
modificado (2%), gelatina e glúten.
4.5 Filmes compostos selecionados
Com base nos resultados obtidos, foram selecionados filmes compostos
para serem utilizados na elaboração dos filmes ativos, sendo eles: (i) GLU/GEL,
(ii) 2% de AMM/GEL, na proporção de 1:4 e (iii) 2% de AMM/GEL/GLU na
proporção 1:1:1.
Esses filmes foram escolhidos em função das suas características. O filme
composto de GLU/GEL (1:4) em função de possuir baixos valores de
permeabilidade ao vapor de água (4,46 gmm/m2diakPa) e das características de
sua própria formulação, sendo um dos solventes utilizado o etanol e o pH ser 5.
Essas condições são recomendadas para produção dos filmes ativos, contendo
sorbato de potássio, pois esse agente antimicrobiano é mais ativo em pH abaixo
de 5. O filme de AMM/GEL (1:4), por apresentar os maiores valores de resistência
à tração (158,62 MPa) e baixos valores de permeabilidade ao vapor de água (4,98
gmm/m2diakPa). E, por fim, o filme composto de 2% de AMM/GEL/GLU (1:1:1),
em função de estudos com três tipos de biopolímeros serem pouco conhecidos,
além desse filme apresentar os menores valores de permeabilidade ao vapor de
água (3,09 gmm/m2diakPa).
4.5.1 Permeabilidade ao vapor de água, solubilidade em água, resistência à
tração e porcentagem de elongação
A Tabela 4.27 representa os valores de permeabilidade ao vapor de água,
solubilidade em água, resistência à tração e porcentagem de elongação obtidos na
determinação com os três biofilmes selecionados.
Resultados e Discussão
110
Tabela 4.27. Permeabilidade ao vapor de água, solubilidade em água e
propriedades mecânicas de filmes simples e compostos selecionados.
Filmes PVA
(gmm/m2diakPa) *
SOL
(%) *
RT
(MPa) *
ELO
(%) *
GLU/ GEL 1:4 4,46 ± 0,28a 30,20 ± 0,11b 34,11 ± 1,53c 4,89 ± 0,14a
AMM 2%/ GEL 1:4 4,98 ± 0,06a 38,63 ± 0,24a 158,62 ± 1,20a 5,75 ± 0,23a
AMM 2%/GEL/GLU
1:1:1
3,09 ± 0,40b 29,97 ± 0,24b 76,35 ± 2,14b 4,26 ± 0,29b
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= gluten, AMM= amido de mandioca modificado, PVA= permeabilidade ao vapor de água; SOL= solubilidade em água; RT= resistência à tração e ELO= elongação.
A permeabilidade ao vapor de água variou de 3,09 a 4,98 gmm/m2diakPa.
Não foi observada diferença significativa (p≤0,05) nos filmes compostos de
GLU/GEL (1:4) e AMM/GEL (1:4). O filme de AMM/GEL/GLU (1:1:1) apresentou o
menor valor de permeabilidade ao vapor de água, diferindo estatisticamente dos
demais.
A solubilidade em água (Tabela 4.27) variou de 29,97 a 38,63%, sendo
maior para o filme composto AMM/GEL (1:4). Não se verificou diferença
significativa (p≤0,05) quanto à solubilidade em água para os filmes compostos de
GEL/GLU (1:4) e de AMM/GLU/GEL (1:1:1).
A resistência à tração variou de 34,11 a 158,62 MPa e a porcentagem de
elongação de 4,26 a 5,75%. Notou-se diferença significativa (p≤0,05) em relação à
resistência à tração entre todos os filmes compostos selecionados. A maior
resistência à tração foi a do filme composto de AMM/GEL (1:4) e a menor a do de
GLU/GEL (1:4). O filme de AMM/GLU/GEL (1:1:1) apresentou valor inferior de
porcentagem de elongação, diferindo (p≤0,05) dos demais filmes.
Resultados e Discussão
111
4.6 Caracterização dos filmes ativos incorporados de sorbato de potássio
4.6.1 Aspecto visual
Os filmes ativos elaborados com 2 e 4% (p/v) de sorbato de potássio na
solução formadora de filme mostraram-se manuseáveis e visualmente
homogêneos. A adição de sorbato gerou uma coloração amarelada e um sensível
incremento da plasticidade nos filmes, que era maior com o aumento da
concentração do agente antimicrobiano de 2 para 4%. O filme de GLU/GEL
adicionado com 4% de sorbato apresentou, em sua superfície, algumas manchas,
provavelmente oriundas da segregação do agente antimicrobiano.
A incorporação de 4% sorbato de potássio à solução formadora de filme
com os três biopolímeros (amido de mandioca, gelatina e glúten) promoveu a
precipitação do sorbato (Figura 4.16), deixando-os esbranquiçados, opacos e
difíceis de serem retirados inteiros da placa de acrílico. Esse aspecto não foi
observado nos filmes com maior proporção de gelatina, que provavelmente
contribui para a dissolução do sorbato. A pequena concentração de gelatina no
filme elaborado com os três biopolímeros, possivelmente, não consegue evitar a
formação de cristais na estrutura.
Figura 4.16. Aspecto visual do filme de AMM/GLU/GEL (1:1:1) adicionado de 4% de
sorbato de potássio.
Resultados e Discussão
113
Silveira (2005) observou que a incorporação de ácido sórbico acima de 9%
na matriz celulósica deixou os filmes quebradiços e opacos, o que foi atribuído à
formação de cristais na estrutura do filme em razão da precipitação do ácido.
Zactiti e Kieckbusch (2006) desenvolveram filmes de alginato com sorbato de
potássio. Observaram que uma das limitações observadas durante a confecção
dos filmes ativos foi a quantidade máxima de sorbato que poderia ser adicionada à
solução formadora de filme. Quando eram superiores a 2000 mg/L, os filmes
apresentavam-se opacos e com coloração esbranquiçadas, sendo possível
verificar que parte do sorbato de potássio encontrava-se na sua superfície. Han e
Floros (1997) observaram que a adição de sorbato de potássio provocou uma
perda da transparência dos filmes de polietileno de baixa densidade.
4.6.2 Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água
A permeabilidade ao vapor de água dos filmes sem e com sorbato de
potássio (2 e 4%) variou de 3,09 a 11,46 gmm/m2diakPa (Tabela 4.28). A adição
de sorbato de potássio gerou um aumento estatisticamente significativo (p≤0,05)
na permeabilidade ao vapor de água de todos os filmes, quando comparados com
os filmes sem sorbato, sendo maior naquele composto de AMM/GLU/GEL (1:1:1).
Resultados e Discussão
114
Tabela 4.28. Permeabilidade ao vapor de água e solubilidade em água dos filmes
compostos ativos incorporados de sorbato de potássio (25°C).
Filmes Espessura
(mm)
PVA
(gmm/m2diakPa)
SOL
(%)
AMM/GEL (1:4) 0,069 ± 0,028 4,98 ± 0,10d 38,63 ± 0,29d
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 0,067 ± 0,023 7,78 ± 0,43bc 40,49 ± 0,13c
AMM GEL (1:4) + 4% SORB 0,066 ± 0,021 8,87 ± 0,17b 50,81 ± 0,37a
GLU/GEL (1:4) 0,051 ± 0,028 4,46 ± 0,24d 30,20 ± 0,10f
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 0,052 ± 0,025 7,07 ± 0,16c 40,73 ± 0,08c
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 0,051 ± 0,011 11,02 ± 0,17a 48,11 ± 0,42b
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 0,056 ± 0,013 3,09 ± 0,32e 29,97 ± 0,24f
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 0,055 ± 0,022 11,46 ± 0,23a 35,75 ± 0,08e
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio, PVA= permeabilidade ao vapor de água e SOL= solubilidade em água.
A adição de 2% de sorbato gerou um aumento de 56; 58 e 270% na
permeabilidade ao vapor de água dos filmes compostos de amido de AMM/GEL
(1:4); GLU/GEL (1:4) e AMM/GLU/GEL (1:1:1), respectivamente. A elevação na
concentração de 2 para 4%, de sorbato nos filmes não causou diferença
estatisticamente significativa (p≤0,05) nos filmes com AMM/GEL (1:4), porém,
proporcionou um aumento estatisticamente significativo nos de GLU/GEL glúten e
gelatina (1:4). Os filmes de AMM/GLU/GEL (1:1:1) com 4% de sorbato, como
comentado anteriormente, não foram caracterizados pela impossibilidade de
formação de uma matriz contínua com tamanho apropriado para ser avaliada.
Zactiti e Kieckbusch (2006) desenvolveram filmes de alginato (2%) com
sorbato de potássio (150, 450; 750 e 1050 mg/L). Verificaram que a elevação da
concentração de sorbato de potássio nesses filmes ocasionou aumento na
permeabilidade ao vapor de água. Eles relataram que um dos fatores que
influencia a permeação do agente ativo é a estrutura do filme de alginato, que
segundo Skjak-Braek et al. (1980) citado por Zactiti e Kieckbusch (2006), é
Resultados e Discussão
115
governada não somente pela concentração e estrutura química, mas também por
sua cinética de formação, dependendo da concentração de cátions, das condições
de armazenamento, da força iônica e do pH.
Kristo; Koutsoumanis e Biliaderis (2008) observaram que o aumento da
concentração de sorbato de potássio e de lactato de sódio nos filmes de
caseinado de sódio provocaram aumento na permeabilidade ao vapor de água. Os
autores atribuíram esse comportamento à habilidade que ambos os agentes
possuem em absorver moléculas de água, particularmente em altas umidades
relativas (maior que 75%), aumentando, assim, a constante de difusão de vapor
de água e, portanto, a permeabilidade ao vapor de água. Além disso, o sorbato e o
lactato, em razão da presença de grupamento OH, poderiam competir mais
fortemente pela água na rede do polímero, contribuindo para maior absorção de
água que, por sua vez, causa um aumento do volume livre e, conseqüentemente,
da permeabilidade ao vapor de água.
Por meio dos resultados alcançados no presente estudo, constatou-se que,
possivelmente, a adição de sorbato de potássio funcionou como plastificante.
Estes são, normalmente, moléculas pequenas, facilmente acopladas entre as
cadeias poliméricas, podendo, quando adicionadas à matriz polimérica, gerar
mudanças nas propriedades físicas, químicas e mecânicas (DE McHUGH;
KROCHTA, 1994b). A incorporação de plastificante em biopolímeros modifica a
organização molecular tridimensional da rede protéica, diminuindo as forças de
atração intermoleculares e aumentando o volume livre do sistema (SOTHORNVIT;
KROCHTA, 2000).
A solubilidade em água (Tabela 4.28) variou de 29,97 a 50,81%. A adição
de sorbato de potássio provocou um aumento estatisticamente significativo
(p≤0,05) na solubilidade em água em todos os filmes estudados. Isso ocorreu,
provavelmente, pela própria dissolução do sorbato em água, solvente no qual ele
é solúvel. Resultados semelhantes foram obtidos por Flores et al. (2007) que
estudaram a influência da adição do sorbato de potássio nas propriedades físicas
dos filmes de amido de mandioca.
Resultados e Discussão
116
Além disso, os filmes elaborados com sorbato de potássio, ao serem
colocados em água, intumesciam consideravelmente. A presença do agente
antimicrobiano, atuando como um plastificante adicional aumenta o volume livre
na rede polimérica, deixando-a mais vunerável e o filme, em contato com a água,
a absorve facilmente ou facilita a liberação do sorbato. Esse mesmo mecanismo
se reflete na permeabilidade ao vapor de água, aumentando consideravelmente
seu valor.
4.6.3 Propriedades mecânicas
A Tabela 4.29 apresenta os valores de resistência à tração e a
porcentagem de elongação dos filmes compostos ativos incorporados de sorbato
de potássio, nas concentrações de 2 e 4% no filme final. A resistência à tração
variou de 1,83 a 158,62 MPa e a porcentagem de elongação de 4,26 a 169,27%.
Tabela 4.29. Resistência à tração e porcentagem de elongação dos filmes
compostos ativos incorporados de sorbato de potássio (25°C).
Filmes Espessura
(mm)
RT
(MPa)*
ELO
(%)*
AMM/GEL (1:4) 0,068 ± 0,017 158,62 ± 1,20ª 5,75 ± 0,23e
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 0,070 ± 0,030 104,68 ± 3,09b 58,11 ± 3,05c
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 0,069 ± 0,021 38,09 ± 2,59d 169,27 ± 1,85ª
GLU/GEL (1:4) 0,050 ± 0,009 34,11 ± 1,88d 4,89 ± 0,17e
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 0,050 ± 0,037 14,76 ± 0,62e 45,18 ± 2,24d
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 0,050 ± 0,011 1,83 ± 0,25f 102,06 ± 2,14b
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 0,055 ± 0,028 76,35 ± 2,14c 4,26 ± 0,29e
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 0,055 ± 0,035 15,85 ± 0,49e 101,55 ± 2,28b
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio, RT= resistência à tração e ELO= elongação.
A incorporação de sorbato de potássio causou um decréscimo
estatisticamente significativo (p≤0,05) na resistência à tração dos filmes
Resultados e Discussão
117
compostos em relação ao controle, sendo maior com o aumento da quantidade de
sorbato adicionada de 2% para 4%. O acréscimo de 2% de sorbato causou a
diminuição aproximadamente de 34; 56 e 79% na resistência à tração dos filmes
com AMM/GEL (1:4); GLU/GEL (1:4) e AMM/GLU/GEL (1:1:1), respectivamente. A
elevação da concentração (de 2 para 4%) reduziu, aproximadamente, em 64 e
88% a resistência à tração dos filmes com amido de mandioca e gelatina (1:4) e
glúten de trigo e gelatina (1:4), respectivamente.
Esses resultados estão de acordo com os observados em literatura.
Pranoto; Rakshit e Salokhe (2005) estudaram o efeito da incorporação de nisina e
sorbato de potássio na atividade antimicrobiana de filmes de quitosana.
Observaram que a adição de 150 mg/g de sorbato de potássio reduziu, de 37,03
para 13,97 MPa, a resistência à tração dos filmes de quitosana. Fáma et al. (2005)
estudaram as propriedades mecânicas dos filmes à base de amido de mandioca
contendo sorbato de potássio. Eles também observaram uma redução no mesmo
quesito. Han e Floros (1997) não verificaram alterações significativas nas
propriedades de resistência à tração em filmes de polietileno incorporados com
sorbato de potássio. Limjaroen et al. (2003) observaram a redução dessa
propriedade à medida que se aumentou a concentração de sorbato de potássio
nos filmes de cloreto de polivinilideno.
Kristo; Koutsoumanis e Biliaderis (2008) estudaram as propriedades
mecânicas de filme de caseinato de sódio contendo sorbato de potássio.
Observaram diminuição na resistência à tração com a adição do sorbato de
potássio e atribuíram esse resultado ao efeito plastificante da água e do sorbato.
A incorporação de sorbato de potássio gerou um aumento estatisticamente
significativo (p≤0,05) na porcentagem de elongação de todos os filmes (Tabela
4.29). O aumento na concentração de sorbato de potássio (de 2 para 4%)
intensificou esse aumento, sendo maior para o filme de AMM/GEL (1:4) com 4%
de sorbato. Esse comportamento pode ter sido ocasionado pelo efeito plastificante
do sorbato.
Resultados e Discussão
118
Pranoto; Rakshit e Salokhe (2005) verificaram uma elevação na
porcentagem de elongação dos filmes de quitosana ao ser adicionado 100-150
mg/g de sorbato de potássio. Han e Floros (1997) não observaram diferença
significativa nessa propriedade com a adição crescente, em filmes de polietileno,
de sorbato de potássio, assim como Limjaroen et al. (2003) com filmes de cloreto
de polivinilideno incorporados de 2 e 3% de sorbato de potássio.
As melhores formulações de filmes compostos ativos foram AMM/GEL e
GLU/GEL, ambas com 2% de sorbato de potássio.
4.6.4 Permeabilidade ao oxigênio
A permeabilidade ao oxigênio dos filmes compostos com e sem a adição de
sorbato está apresentada na Tabela 4.30. Essa propriedade variou de 16,30 a
28,21 cm3m/m2diakPa, sendo menor para o filme de GLU/GEL 1:4 e maior para
AMM/GEL 1:4.
Tabela 4.30. Permeabilidade ao oxigênio dos filmes compostos sem e com
sorbato de potássio.
Filmes PO2
(cm3m/m2dkPa)
AMM/GEL (1:4) 28,21 ± 2,50a
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 27,50 ± 1,56a
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 28,05 ± 3,85a
GLU/GEL (1:4) 16,30 ± 3,67a
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 17,78 ± 0,04a
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 19,51 ± 0,36a
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 25,47 ± 2,21a
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 28,17 ± 2,95a
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio, PO2= permeabilidade ao oxigênio.
Resultados e Discussão
119
A adição de sorbato de potássio, independentemente da concentração
adicionada (2 e 4%) e da formulação utilizada, não causou diferença
estatisticamente significativa (p≤0,05) na propriedade em questão.
Limjaroen et al. (2003) desenvolveram filmes de cloreto de polivinilideno
incorporados com diversas concentrações de ácido sórbico, sorbato de potássio
ou nisina. Eles observaram que o aumento da concentração (de 2 para 3%) de
ácido sórbico e sorbato de potássio causou elevação na permeabilidade ao
oxigênio. Segundo os autores, os resultados demonstraram que os filmes
contendo agentes antimicrobianos tiveram aumento dessa propriedade quando
comparados ao filme controle, exceto nos que contém sorbato de potássio (2%) e
ácido sorbico (1,5%).
4.6.5 Microscopia eletrônica de varredura
As micrografias dos biofilmes elaborados, neste estudo, sem e com sorbato
de potássio, obtidas por microscopia eletrônica de varredura, são apresentadas
nas Figuras de 4.17 a 4.19, sendo possível visualizar tanto a superfície quanto a
secção transversal após fratura. Esta última foi promovida para evitar
compactação da matriz com a utilização de instrumentos cortantes. Em algumas
micrografias (Figura 4.17B; 4.18B e 4.19F), observa-se o aparecimento, na parte
inferior, da fita de carbono que dá condução ao filme para sua visualização
(representadas nas figuras pela letra “f”). Para observar-se a secção transversal
dos filmes, foi necessária a inclinação do suporte em que estavam os stubs e, com
isso, foi possível visualizar, em alguns casos, além da estrutura da espessura dos
filmes, também a fita de carbono, na qual os filmes eram aderidos para posterior
aplicação da camada de ouro e visualização ao microscópio.
A morfologia da superfície e secção transversal dos filmes compostos de
GLU/GEL (1:4) sem e com a adição de sorbato de potássio (2 e 4% p/v) estão
representadas nas Figuras 4.17A-F.
Resultados e Discussão
120
As superfícies do filme controle (Figura 4.17A) e do adicionado de 2% de
sorbato de potássio (Figura 4.17C) apresentaram-se lisas e contínuas. Ao elevar a
concentração do agente antimicrobiano, foi possível visualizar manchas na
superfície do filme, provavelmente em virtude da precipitação do sorbato de
potássio (representada pela letra “m”).
A secção transversal (Figura 4.17B, 4.17D e 4.17F) apresentou-se
compacta, com pequenas estrias (representada pela letra “e”) de coloração branca
inseridas na matriz polimérica. O mesmo comportamento foi observado por
Carvalho e Grosso (2004) nos filmes de gelatina nativa. Esses autores verificaram
que o aparecimento dessas estrias pode estar relacionado com a separação de
fases do plastificante (glicerol) na matriz. As mesmas manchas observadas na
superfície dos filmes com 4% de sorbato também foram verificadas na secção
transversal (Figura 4.17F). Essas manchas observadas microscopicamente na
superfície do filme também foram macroscopicamente visualizadas após a
secagem dos filmes. Resultado semelhante foi verificado por Silveira (2005), em
que a autora notou que a incorporação de ácido sórbico acima de 9% na matriz
celulósica deixou os filmes quebradiços e opacos, sendo esse comportamento
atribuído à formação de cristais na estrutura do filme em razão da precipitação do
ácido sórbico, confirmado por microscopia. De modo geral, os filmes compostos
de GLU/GEL (1:4) apresentaram uma secção transversal (Figura 4.17B, 4.17D e
4.17F) com estrutura fibrilar em função da formação de um emaranhado,
possivelmente causado pela presença da gelatina. O arranjo da gelatina em tripla
hélice parece favorecer a formação de superfície com uma estrutura mais contínua
da matriz filmogênica, bem como uma secção transversal com estas
características (CARVALHO; GROSSO, 2004).
Resultados e Discussão
121
Figura 4.17. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura para os filmes
compostos de GLU/GEL (1:4): (A) Controle-superfície (0% de sorbato); (B) Controle-
secção transversal (0% de sorbato); (C) adicionados com 2% sorbato de potássio-
superfície; (D) adicionados com 2% sorbato de potássio secção transversal; (E)
adicionados com 4% sorbato de potássio superfície; (F) adicionados com 4% sorbato de
potássio secção transversal. (Onde: e= estria de plastificante; f = fita de carbono e
m=mancha de sorbato de potássio).
B
C
E
D
F
A
e
f
e
emm
Resultados e Discussão
123
A morfologia da superfície e secção transversal dos filmes compostos de
2% de AMM/GEL (1:4), sem e com a adição de sorbato de potássio (2 e 4% p/v),
estão representadas nas Figuras 4.18 A-F. A superfície dos filmes controle (Figura
4.18A) e com sorbato em ambas as concentrações estudadas (2 e 4%) mostrou-
se (Figura 4.18C e 4.18E) lisa, contínua e homogênea. A utilização de sorbato de
potássio na máxima concentração (4%) não provocou as manchas observadas
nos filmes de GLU/GEL (Figura 4.18F).
A secção transversal (Figura 4.18B, 4.18D e 4.18F) dos filmes de
AMM/GEL 1:4 apresentou aspecto semelhante ao dos filmes de GLU/GEL, sendo
compacta, com a presença de pequenas estrias de coloração branca inseridas na
matriz polimérica, estrutura fibrilar e emaranhada e sem poros. A estrutura interna
dos filmes de AMM/GEL com 2% de sorbato apresentou um aspecto mais regular
(Figura 4.18D) que o das demais.
Resultados e Discussão
125
C
A B
D
E F
e
f
e
Figura 4.18. Micrografias obtidas por meio de microscopia eletrônica de varredura para os
filmes compostos de AMM/GEL (1:4): (A) controle-superfície (0% de sorbato); (B) controle-
secção transversal (0% de sorbato); (C) adicionados com 2% sorbato de potássio-
superfície; (D) adicionados com 2% sorbato de potássio-secção transversal; (E)
adicionados com 4% sorbato de potássio-superfície; (F) adicionados com 4% sorbato de
potássio-secção transversal. (Onde: e= estria de plastificante; f = fita de carbono)
Resultados e Discussão
127
Nas Figuras 4.19A e 4.19B, são apresentadas as imagens de superfície e
espessura dos filmes compostos de AMM/GLU/GEL (1:1:1) sem adição de
sorbato. Observa-se que a mistura dos três biopolímeros não causou diferença na
superfície dos filmes em relação aos demais filmes compostos com apenas dois
biopolímeros, que se manteve lisa. Na Figura 4.19B, verificou-se também
pequenas estrias com coloração branca inseridas na matriz polimérica,
provavelmente provocadas pela separação de fase do plastificante. A adição de
2% de sorbato não causou alteração na superfície (Figura 4.19C) do filme,
mantendo-a lisa, contínua e homogênea, porém o aumento da concentração de
sorbato para 4% gerou irregularidades na superfície, com a presença de pequenos
precipitados (Figura 4.19E). Esses precipitados também foram observados
macroscopicamente, sendo que a superfície dos filmes se apresentou opaca e
esbranquiçada (Figura 4.16). A secção transversal (Figura 4.19D) dos filmes com
2% de sorbato apresentou-se compacta e irregular e não foi possível visualizar as
estrias observadas nos filmes controle. A elevação da concentração de sorbato de
potássio (4%) causou aumento da irregularidade da estrutura interna do filme, em
que é possível verificar menor orientação e o aparecimento de pequenos pontos
brancos, que podem ser oriundos de partículas de sorbato insolúveis, pela
saturação do sistema.
Resultados e Discussão
129
FE
B
C D
A
e
e
f
Figura 4.19. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura para os filmes
compostos de AMM/GLU/GEL (1:4): (A) controle-superfície (0% de sorbato); (B) controle-
secção transversal (0% de sorbato); (C) adicionados com 2% sorbato de potássio-
superfície; (D) adicionados com 2% sorbato de potássio-secção transversal; (E)
adicionados com 4% sorbato de potássio-superfície; (F) adicionados com 4% sorbato de
potássio-secção transversal. (Onde: e= estria de plastificante; f = fita de carbono).
Resultados e Discussão
131
4.6.6 Análise dinâmico mecânica
A análise dinâmico mecânica (DMA) é capaz de fornecer informações sobre
o comportamento viscoelástico dos materiais. As propriedades mecânicas mais
importantes em polímeros, como tensão-deformação, resistência, tensão-
relaxamento, entre outras, decorrem de processos onde existem grandes
relaxações moleculares e são dependentes da temperatura, habilidade de
desenvolver deformações reversíveis e da íntima correlação entre os processos
mecânicos e químicos (MOTHÉ; AZEVEDO, 2002).
Através da análise dinâmico mecânica, foi possível obter o módulo de perda
(E’’) e o módulo de armazenamento (E’) e, por conseguinte, a razão entre estes
dois parâmetros que é denominada tangente de perda (tan ). A diminuição do
módulo de armazenamento e o aumento do pico da tangente de perda (tan )
correspondem à transição típica de um material rígido (vítreo) para um estado
borrachoso, ou seja, a transição vítrea (GALLIETTA et al., 1998).
Os critérios para a seleção dos dados de análise dinâmico mecânica são
geralmente as curvas do módulo de perda (E’’) ou da tangente de perda (tan ).
Os métodos dinâmicos mecânicos são muito sensíveis a transformações ou
movimentos que ocorrem em nível molecular, sendo capazes de detectar não
somente movimentos significativos, como o caso da temperatura de transição
vítrea (Tg), mas também movimentos mais discretos, conhecidos como relaxações
secundárias (LUCAS, SOARES; MONTEIRO, 2001; MOTHÉ; AZEVEDO, 2002;).
Inicialmente, foram realizadas análises dinâmico mecânica nos filmes
compostos selecionados na primeira etapa (sem adição de sorbato de potássio),
ou seja, GLU/GEL (1:4); 2% de AMM/GEL (1:4) e 2% de AMM/GEL/GLU (1:1:1).
Posteriormente, os filmes ativos selecionados no teste de caracterização:
GLU/GEL (1:4) e 2% de AMM/GEL (1:4), ambos com 2% de sorbato, foram
caracterizados quanto às análises dinâmicos mecânicas.
Os gráficos típicos de análise dinâmico mecânica dos filmes compostos de
GLU/GEL (1:4); 2% de AMM/GEL (1:4); 2% de AMM/GEL/GLU (1:1:1), GLU/GEL
Resultados e Discussão
132
(1:4) com 2% de sorbato e 2% de AMM/GEL (1:4) com 2% de sorbato, mostrando
a tangente de perda (tan ), o módulo de armazenamento (E’) e o módulo de
perda (E’’) em função da temperatura, estão representados nas Tabelas 4.31 e
4.32 e nas Figuras 4.20 a 4.24.
Os termogramas da análise dinâmica mecânica dos filmes compostos
elaborados sem sorbato de potássio (Tabela 4.31 e Figuras 4.20 a 4.22)
mostraram a presença de duas temperaturas de transição vítrea para todos os
filmes.
Tabela 4.31. Temperatura de transição vítrea média e umidade dos biofilmes
compostos.
Filmes Umidade Tangente Delta (tan ),
Tg1 Tg2
GLU/GEL 1:4 9,11 ± 0,01 -67,57 ± 3,13a 16,92 ± 0,07a
2% AMM/GEL 1:4 11,45 ± 0,25 -66,46 ± 3,16a 8,22 ± 0,26a
2%AMM/GEL/GLU 1:1:1 9,44 ± 0,75 -59,90 ± 2,51a 15,85 ± 3,56a
Nota: letras diferentes, representam diferenças significativas (p≤ 0,05) entre as médias obtidas pelo teste de Tukey. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, Tg= Temperatura de transição vítrea.
Para o filme de GLU/GEL (1:4), 2% de AMM/GEL (1:4) e 2% de
AMM/GEL/GLU 1:1:1, a primeira transição foi observada na faixa de -67,67; -66,46
e -59,90°C e a segunda na faixa de 16,92; 8,22 e 15,85°C, respectivamente. As
temperaturas de transição negativas observadas na primeira transição,
possivelmente, estão relacionadas com a fração rica em plastificante indicando
separação de fase entre a macromolécula e o plastificante (glicerol). Cherian et al.
(1995) encontraram valor em torno de -62°C para o glicerol puro. Vanin et al.
(2005) observaram valores de transição vítrea para o glicerol em torno de -54°C.
Dessa forma, é possível concluir que a temperatura (-67,57; -66,46 e -59,90C)
das primeiras transições esteja mesmo relacionada à fração rica em plastificante,
ou seja, o glicerol.
Resultados e Discussão
133
Pode-se observar, por intermédio da tangente de perda (Figuras 4.20 a
4.22), que a primeira transição se encontra com menor intensidade tendendo à
linearidade e com o pico bem alargado (variando aproximadamente em uma faixa
de -120 a -20°C), isso se deve principalmente à divisão entre o módulo de perda
(E’’), que se encontra em uma escala que varia de 8000 a 12000 MPa, pelo
módulo de armazenamento (E’), que está em uma escala que varia de 400 a 600
MPa, para se obter o valor da tangente de perda e, conseqüentemente, a
temperatura de transição vítrea.
A segunda transição observada está relacionada com a temperatura de
transição da fase rica da mistura das macromoléculas. Apesar dos biofilmes
compostos serem elaborados com mais de uma macromolécula, os mesmos
apresentaram apenas uma transição. Provavelmente, isso ocorreu pela
miscibilidade entre os componentes utilizados: glúten/gelatina, amido de mandioca
modificado/gelatina e amido de mandioca modificado/gelatina/glúten.
Segundo Lucas, Soares e Monteiro (2001), sistemas miscíveis apresentam
uma única Tg, intermediária aos valores de Tg´s dos componentes puros. A
utilização do DMA para estudos de miscibilidade é baseada na observação de que
sistemas miscíveis apresentam apenas um pico combinado, cuja localização é
dependente da composição (LUCAS; SOARES; MONTEIRO, 2001).
Resultados e Discussão
135
Figura 4.20. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de glúten
e gelatina 1:4.
Figura 4.21. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de 2% de
amido de mandioca modificado e gelatina 1:4.
Resultados e Discussão
137
Figura 4.22. Termogramas de DMA dos biofilmes compostos de 2% de amido de
mandioca modificado/gelatina e glúten 1:1:1.
Bertan et al. (2005) observaram por análise dinâmico mecânica que filmes de
gelatina apresentaram uma temperatura de transição vítrea de 32,34C e para os
filmes de gelatina plastificados com triacetina duas temperaturas de transição
vítrea (-61,01C e 28,45C), a primeira resultante do plastificante e a segunda
referente à fase rica em gelatina. Sobral e Menegalli (2002) verificaram transição
vítrea de 50,8C para filmes de gelatina de couro bovino obtidos por DSC
(Differencial scanning calorimetry). Tanada-Palmu (2003) constatou uma
temperatura de transição vítrea dos filmes de glúten plastificados com glicerol de
29,07C. Vicentini (2003) observou duas temperaturas de transição vítrea para os
filmes de fécula de mandioca plastificados com glicerol ou sorbitol, variando de -
73,32 a 53,88C. O autor percebeu, ainda, que esse comportamento só ocorreu
quando a concentração de plastificante utilizada variou de 15 a 25%. Mali et al.
(2006) observaram apenas um Tg nos filmes de amido de mandioca plastificados
com glicerol, sendo a mesma 29,96C.
Resultados e Discussão
139
Essa separação de fase, observada em todos os biofilmes compostos
desenvolvidos sem sorbato, pode ser confirmada por microscopia eletrônica de
varredura dos mesmos (Figura 4.17B; 4.18B e 4.19B), em que se verificou a
presença de pequenas estrias de coloração branca inseridas na matriz polimérica,
sendo que essas podem estar relacionadas com a separação de fases do
plastificante (glicerol) na matriz.
A separação de fase entre a macromolécula e o plastificante também foi
observada nos filmes de gelatina plastificados com glicerol (CARVALHO, 2002),
em filmes de metilcelulose plastificado com polietileno glicol 400
(DEBEAURFORT; VOILLEY, 1997) e glúten com glicerol (CHERIAN et al., 1995).
Arvanitoyannis; Nakayama e Aiba (1997) não observaram separação de fases em
filmes de uma mistura de gelatina e amido, plastificados com glicerol ou sorbitol,
porém os termogramas apresentados começaram em 0C, acima da Tg dos
plastificantes. Tanada-Palmu (2003) verificou apenas uma temperatura de
transição vítrea (29,07°C) em filmes de glúten plastificados com glicerol, porém os
termogramas começaram a -20°C.
Segundo a teoria clássica dos polímeros polares, a água atua como
plastificante diminuindo a Tg dos polímeros completamente amorfos e
parcialmente cristalinos. A água forma pontes de hidrogênio com as hidroxilas dos
polímeros naturais polares, inserindo-se entre as cadeias e aumentando o volume
livre. A plastificação, a nível molecular, acarreta um aumento do espaço
intermolecular ou volume livre, diminuindo a viscosidade local, e,
concomitantemente, elevando a mobilidade (FERRY, 1980).
Pelo fato de o biofilme de AMM/GEL (1:4) apresentar maior umidade
(11,45) (Tabela 4.31) e, consequentemente, maior quantidade de água, a mesma
pode ter contribuído para o filme apresentar menor valor de Tg. Segundo Biliaderis
(1992) citado por Tapia-Blácido; Sobral e Menegalli (2005), um aumento no
conteúdo de água do polímero produz uma diminuição do valor de Tg de forma
notória.
Resultados e Discussão
140
Os termogramas da análise dinâmica mecânica dos filmes de AMM/GEL
(1:4) com 2% de sorbato de potássio e GLU/GEL (1:4) com 2% de sorbato são
apresentados nas Figuras 4.23 e 4.24 e Tabela 4.32.
Tabela 4.32. Temperatura média de transição vítrea e umidade dos biofilmes
compostos ativos.
Filmes Umidade Tangente Delta (tan ),
Tg1 Tg2
GLU/GEL 1:4 9,11 ± 0,01 - 67,57 ± 3,13ª 16,92 ± 0,07ª
GLU/GEL 1:4 + 2% SORB 10,44 ± 0,44 -81,70 ± 0,79b 13,65 ± 0,33b
AMM2% /GEL 1:4 11,45 ± 0,25 -66,46 ± 3,16ª 8,22 ± 0,26d
AMM2% /GEL 1:4 + 2% SORB 13,51 ± 0,11 -74,46 ± 2,35ab 12,50 ± 0,05c
Nota: letras diferentes, representam diferenças significativas (p≤ 0,05) entre as médias obtidas pelo teste de Tukey. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado e Tg= temperatura de transição vítrea.
É possível observar a presença de duas temperaturas de transição vítrea nos
termogramas dos filmes compostos de GLU/GEL (1:4) e AMM 2% /GEL (1:4),
ambos adicionados de sorbato de potássio a 2% (Figuras 4.23 e 4.24). Para o
filme de GLU/GEL (1:4) com 2% de sorbato e amido de mandioca 2% /gelatina
(1:4) com 2% de sorbato a primeira transição foi observada na faixa de -81,70 e -
74,46 e a segunda transição na faixa de 13,65 e 12,50, respectivamente. As
temperaturas de transição negativas como nos filmes sem sorbato, possivelmente,
estão relacionadas com a fase rica em plastificante (glicerol).
Resultados e Discussão
141
Figura 4.23. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de glúten
e gelatina 1:4 com 2% de sorbato de potássio.
Figura 4.24. Termogramas de análise dinâmico mecânica do biofilme composto de 2% de
amido de mandioca modificado e gelatina 1:4 com 2% de sorbato de potássio.
Resultados e Discussão
143
O uso de sorbato de potássio (2%) provocou um deslocamento na primeira
temperatura de -67,57 para -81,70 e de -66,46 para -74,46 para os filmes de
GLU/GEL (1:4) e 2% AMM/GEL (1:4), respectivamente. Provavelmente, esse
deslocamento ocorreu em virtude do efeito plastificante adicional provocado pela
adição do sorbato, que enfraqueceu as forças intermoleculares entre as cadeias
poliméricas adjacentes, influenciando, dessa forma, no aumento da
permeabilidade ao vapor de água (Tabela 4.28) e redução na resistência à tração
(Tabela 4.29), como também na diminuição da temperatura de transição vítrea.
Aliado ao efeito plastificante do sorbato, que pode ter provocado o deslocamento
da primeira temperatura de transição vítrea, está o conteúdo de água. A adição de
sorbato nos filmes compostos provocou aumento no conteúdo de umidade para os
filmes GLU/GEL (1:4) com 2% de sorbato (de 9,11 para 10,44%) e AMM 2%/GEL
(1:4) com 2% de sorbato (de 11,45 para 13,51%).
A segunda temperatura de transição vítrea está relacionada com a
temperatura de transição da fase rica da misturas dos biopolímeros utilizados:
glúten/gelatina e amido de mandioca modificado/gelatina. Mesmo com a adição de
sorbato de potássio (2%) no sistema, há o aparecimento de apenas uma
transição, indicando miscibilidade entre os componentes.
A adição de sorbato de potássio provocou uma redução de 16,92 para 13,65
na segunda temperatura de transição para o filme de GLU/GEL. O mesmo
comportamento não foi observado para os filmes de AMM/GEL (1:4), onde a
adição de sorbato provocou um aumento nesta propriedade de 8,22 para 12,50
(Tabela 4.32).
No caso do filme de GLU/GEL 1:4, provavelmente, esse comportamento foi
causado pela maior facilidade de incorporação (miscibilidade) do sorbato e glicerol
na matriz deste filme, acarretando maior plastificação do filme, fato evidenciado
pela presença de picos mais largos e integrados, tendendo a ser um único pico no
termograma desse filme (Figura 4.23). A maior facilidade de plastificação dos
filmes de GLU/GEL (1:4) pode ter sido a causa da redução da segunda
temperatura de transição vítrea, observada com a adição de sorbato de potássio.
Resultados e Discussão
144
A adição de sorbato causou um aumento na Tg2 de 8,22 para 12,50 (Tabela
4.32) nos filmes de AMM/GEL (1:4). Esse comportamento ocorreu, provavelmente,
pelo fato de o sorbato de potássio, nesse filme, não estar totalmente miscível com
AMM, fazendo com que o mesmo ocupasse lugar ou ficasse “solto” na matriz do
biopolímero, provocando, dessa maneira, o impedimento da movimentação
molecular. Com isso, houve um deslocamento da temperatura de transição vítrea
para valores mais altos.
Comparando-se os termogramas dos filmes de GLU/GEL (1:4) e AMM/GEL
(1:4), ambos sem sorbato (Figura 4.20 e 4.21) com os mesmos filmes adicionados
de sorbato de potássio (Figura 4.23 e 4.24), observa-se que a adição do agente
antimicrobiano provocou alargamento do pico relativo à transição.
Segundo Lucas, Soares e Monteiro (2001), a largura do pico que ocorre na
transição vítrea relaciona-se com a homogeneidade da fase que está sofrendo o
processo. Em sistemas parcialmente miscíveis, é comum ocorrer solubilidade das
cadeias de uma fase na outra, o que pode ser acompanhado pelo alargamento do
pico relativo à transição vítrea da fase na qual cadeias da outra fase estão
solubilizadas. Arvanitoyannis, Nakayama e Aiba. (1997) discutem a questão de ser
muito difícil detectar transições de sistemas complexos, como
gelatina/amido/polióis/água, em particular em baixo conteúdo de umidade. O efeito
do sinergismo entre os componentes pode resultar em um alargamento da
transição.
Famá et al. (2006) estudaram o efeito da concentração de sorbato de
potássio (0; 1000; 2000 e 3000 µg/g) e pH (5 ou 6,7), na cor, umidade,
cristalinidade e propriedades dinâmicos mecânicas de biofilmes de amido de
mandioca. Os autores observaram duas temperaturas de transição vítrea nos
filmes, sendo elas -62°C e outra entre -30 e 10°C. A primeira foi atribuída à fração
rica em plastificante (glicerol) e a segunda, mais larga e em menor intensidade, foi
dependente do nível de acidez e concentração de sorbato de potássio. Os autores
observaram, ainda, que o aumento na concentração do antimicrobiano produziu
Resultados e Discussão
145
um deslocamento para baixo nas temperaturas de transição vítrea dos filmes de
amido de mandioca a pH 5 e 6,7.
Kristo et al. (2008) estudaram as propriedades térmicas, mecânicas e
barreira ao vapor de água dos filmes de caseinato de sódio contendo agentes
antimicrobianos (lactato de sódio e sorbato de potássio). Os autores observaram
que o aumento da concentração de lactato de sódio (0; 10 e 20%) e sorbato de
potássio (0; 10 e 25%) nos filmes de caseinato de sódio, provocou deslocamento
da temperatura de transição vítrea para temperaturas mais altas, sendo esse
comportamento mais pronunciado com o uso do lactato de sódio.
Observou-se, em todos os termogramas (Figura 4.20 a 4.24), a presença de
uma fase anômala em torno de 75C, que ocorreu pelo aquecimento e rompimento
do filme durante a análise, impedindo que a faixa de temperatura fosse
completada até o valor desejado.
Uma das características necessárias do plastificante é que seja compatível e
solúvel no biopolímero. A separação de fase nos biofilmes indica a não ocorrência
de 100% de mistura entre o plastificante e biopolímero (GONTARD; RING, 1996).
Por outro lado, como os filmes são materiais de baixa umidade, os plastificantes
encontram-se relativamente concentrados, podendo causar problemas (SOBRAL,
2000). Desse modo, a separação de fases deveria implicar na perda da
flexibilidade do filme, porém, segundo Debeaurfort e Voilley (1997), os
plastificantes podem atuar, também, como lubrificantes das cadeias dos
biopolímeros, facilitando a flexibilidade do filme.
Assim sendo, com base nos dados obtidos, é possível verificar que,
independente dos tipos de filmes compostos elaborados, sem e com sorbato, não
houve uma mistura homogênea dos componentes utilizados, informação essa
ratificada pela análise de microscopia eletrônica de varredura (item 4.6.5). A
presença de duas temperaturas de transição vítrea, assim como de pequenas
estrias resultantes da adição de plastificante, podem ter sido provocadas por
saturação do sistema causada pela concentração utilizada de glicerol.
Resultados e Discussão
146
Acima da Tg, a estrutura polimérica é pouco ordenada e viscosa, assim
como abaixo da Tg, a conformação polimérica é mais rígida. A taxa de
permeabilidade ao vapor de água do filme no estado borrachoso (acima de Tg) é
muito maior que a permeação da mesma barreira no estado vítreo (KOELSH;
LAMBUZA, 1992). Em virtude desse fato, aconselha-se a estocagem dos filmes a
temperaturas abaixo da Tg, para que não haja movimentação molecular,
impedindo a reorganização das moléculas e conseqüente alteração nas
propriedades dos filmes, como, por exemplo, aumento na permeabilidade ao vapor
de água e diminuição da resistência à tração.
4.6.7 Ensaio de difusão em halo
4.6.7.1 Isolamento e identificação das espécies fúngicas
Os pães produzidos foram armazenados à temperatura ambiente em sacos
de polietileno. Após 7 dias, foi observada a presença de microorganismos e
efetuada a análise para enumeração e classificação dos fungos isolados. Foi
observado um crescimento de 2,6 x 10 6 UFC/g. Os fungos identificados foram
(Figura 4.25): (A) Eurotium chevalieri; (B) Eurotium amstelodami; (C) Wallemia
sebii, (D) Cladosporium sp e (E). Penicillium raistrickii
Resultados e Discussão
147
A B C
D E
Figura 4.25. Fungos isolados para o teste de difusão do halo. (A) Eurotium chevalieri; (B)
Eurotium amstelodami; (C) Wallemia sebii, (D) Cladosporium sp e (E) Penicillium
raistrickii.
4.6.7.2 Determinação da efetividade antimicrobiana dos filmes compostos
contendo sorbato de potássio
O ensaio de difusão em halo para determinação da efetividade
antimicrobiana foi realizado com todos os filmes compostos selecionados
adicionados com 2 e 4% de sorbato de potássio (p/v) em solução.
A concentração da suspensão estão apresentadas na Tabela 4.33. Os
resultados obtidos estão demonstrados nas Tabelas 4.34 a 4.38.
Resultados e Discussão
149
Tabela 4.33 . Concentração da suspensão de esporos utilizada em ensaio de
difusão em halo.
Espécie fúngica Concentração da suspensão (esporos/mL)
Eurotium chevalieri 3,1 x 102
Eurotium amstelodami 1,8 x 102
Wallemia sebii 3,7 x 103
Penicillium raestrickii 5,4 x 102
Cladosporium sp. 2,1 x 103
A Tabela 4.34 apresenta o perfil microbiológico dos filmes sem e com
sorbato de potássio (2 e 4%) sobre o fungo Eurotium chevalieri. A adição de
sorbato de potássio (2 e 4%) aos filmes de AMM/GEL (1:4); GLU/GEL (1:4) e
AMM/GLU/GEL (1:1:1) não causou diferença significativa (p≤0,05) na redução do
número de unidades formadoras de colônia.
Tabela 4.34. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de
difusão em placa para Eurotium chevalieri.
Filmes UFC/ mL * Diâmetro da zona de inibição (mm)**
AMM/GEL (1:4) 3,10 x 102 a 0 b
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 2,20 x 102 a 0,66 ± 0,18 ab
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 1,90 x 102 a 3,33 ± 0,57 ab
GLU/GEL (1:4) 3,10 x 102 a 0 b
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 1,90 x 102 a 1,66 ± 0,38 ab
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 2,00 x 102 a 3,66 ± 0,58 a
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 3,30 x 102 a 0 b
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 2,30 x 102 a 0 b
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 4% SORB 2,60 x 102 a 0 b
UFC: Unidade formadora de colônia. *Média aritmética das replicatas. ** Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas através do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio.
Resultados e Discussão
150
Juntamente com a contagem das unidades formadoras de colônia (UFC)
por placa, foi realizada a medida do halo de inibição formado ao redor do filme.
Pelo fato desse halo não ter sido formado de maneira homogênea, foi medido
como a menor distância entre o filme e a UFC mais próxima. Pode-se observar
(Tabela 4.34) que o halo variou de 0 a 3,66 mm. Não foi observada diferença
significativa (p≤0,05) entre o filme controle (sem sorbato de potássio) e os
adicionados de sorbato (2 e 4%) para os filmes AMM/GEL e AMM/GEL/GLU
quanto o diâmetro do halo. A adição de 4% de sorbato no filme GLU/GEL
promoveu um aumento significativo no diâmetro do halo em relação ao filme
controle, porém não em relação ao adicionado de 2% do agente antimicrobiano.
Pela Figura 4.26, pode-se visualizar o efeito inibitório promovido pela adição
de sorbato de potássio nos filmes, principalmente em GLU/GEL e AMM/GEL e em
menor intensidade para o AMM/GEL/GLU. Há crescimento de fungos sobre a
superfície dos filmes controles em todos os casos, não sendo este efeito
observado nos filmes com sorbato. É possível visualizar nitidamente a redução do
crescimento do fungo Eurotium chevalieri com a adição de sorbato por meio da
formação do halo
Resultados e Discussão
151
Figura 4.26. Avaliação da sensibilidade microbiana aos diferentes filmes ativos em
presença de Eurotium chevalieri, pela técnica da difusão em ágar.
A Tabela 4.35 apresenta o perfil microbiológico da eficiência dos filmes
ativos em relação ao fungo Eurotium amstelodami. Pode-se observar que não
houve diferença significativa (p≤0,05) quanto o número de unidades formadoras
de colônias (UFC) com a adição de sorbato de potássio em nenhuma
concentração, assim como no tipo de filme utilizado.
Resultados e Discussão
153
Tabela 4.35. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de
difusão em placa para Eurotium amstelodami.
Filmes UFC/ mL* Diâmetro da zona de inibição (mm)**
AMM/GEL (1:4) 1,80 x 102 a 0c
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 1,20 x 102 a 1,33 ± 0,18 c
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 1,20 x 102 a 8,33 ± 0,83 a
GLU/GEL (1:4) 1,50 x 102 a 0 c
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 1,50 x 102 a 1,33 ± 0,17 c
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 1,30 x 102 a 7,00 ± 1,25 ab
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 1,60 x 102 a 0 c
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 1,40 x 102 a 2,33 ± 0,44 bc
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 4% SORB 1,30 x 102 a 3,33 ± 0,44 abc
UFC: Unidade formadora de colônia. *Média aritmética das replicatas. ** Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio.
Por outro lado, a adição de sorbato de potássio provocou um aumento
significativo (p≤0,05) no halo de inibição formado. Tanto para o filme de AMM/GEL
como para GLU/GEL, esse aumento (de 2 para 4%) causou uma elevação
significativa (p≤0,05) no halo de inibição. No caso do filme com os três
biopolímeros (AMM/GLU/GEL), não promoveu diferença significativa (p≤0,05) no
tamanho do halo. A adição de 2% de sorbato não causou diferença significativa
em relação ao controle para todos os filmes estudados.
Na Figura 4.27, é possível visualizar o aumento do halo de inibição com a
adição crescente de sorbato de potássio em todos os filmes estudados. No filme
controle (sem agente antimicrobiano), observa-se crescimento do fungo por toda
extensão da placa e por toda superfície dos filmes. Os filmes de AMM/GEL e
GLU/GEL, ambos com 4% de sorbato, apresentaram maior halo de inibição.
Resultados e Discussão
155
Figura 4.27. Avaliação da sensibilidade microbiana ante os diferentes filmes ativos em
presença de Eurotium amstelodami, pela técnica da difusão em ágar.
A Tabela 4.36 indica o efeito dos filmes ativos desenvolvidos sobre o
crescimento de Wallemia sebii. A adição de 2% de sorbato de potássio promoveu
uma redução significativa (p≤0,05) no crescimento de Wallemia sebii para o filme
de AMM/GEL e AMM/GLU/GEL em relação ao controle, porém o aumento da
concentração de 2 para 4% nesse filmes não causou diferença na inibição do
crescimento do fungo quanto as unidades formadoras de colônia. A incorporação
de sorbato de potássio diminuiu o número de unidades formadoras de colônia de
Wallemia sebii para o filme de GLU/GEL, sendo essa inibição potencializada com
a elevação da concentração de sorbato de 2 para 4%.
Resultados e Discussão
157
Tabela 4.36. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de
difusão em placa para Wallemia sebii.
Filmes UFC/mL* Diâmetro da zona de inibição (mm)**
AMM/GEL (1:4) 3,72 x 103 a 0 c
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 2,82 x 103 b 1,33 ± 0,19 bc
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 2,93 x 103 bc 3,67 ± 0,51 abc
GLU/GEL (1:4) 3,76 x 103 a 0 c
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 2,52 x 103 d 4,67 ± 0,83 ab
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 2,10 x 103 e 5,67 ± 1,01 a
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 3,74 x 103 a 0 c
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 2,59 x 103 cd 1,33 ± 0,19 bc
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 4% SORB 2,55 x 103 d 1,66 ± 0,19 abc
UFC: Unidade formadora de colônia. *Média aritmética das replicatas. ** Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas pelo teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio.
O halo de inibição formado variou de 0 a 5,67 mm, sendo maior para o filme
de GLU/GEL (1:4) contendo 4% de sorbato, o qual também apresentou menos
unidades formadoras de colônia (2,1 x 106 UFC/mL). A adição de sorbato em
ambas as concentrações não causou diferença significativa (p≤0,05) nos filmes de
AMM/GEL e AMM/GLU/GEL com relação ao controle. Foi observada diferença
significativa (p≤0,05) no diâmetro do halo de inibição com a adição de sorbato de
potássio para os filmes de GLU/GEL, porém a elevação da concentração de
sorbato de 2 para 4% não interferiu no tamanho do halo.
Pela fotografia da Figura 4.28, é possível visualizar o crescimento de
Wallemia sebii por toda a extensão da placa, inclusive sobre a superfície do filme
controle. A adição de sorbato de potássio provocou a formação de um halo de
inibição na placa, sendo maior na maior concentração utilizada (4%). O filme de
GLU/GEL com 4% de sorbato de potássio apresentou maior halo de inibição.
Resultados e Discussão
159
Figura 4.28. Avaliação da sensibilidade microbiana frente aos diferentes filmes ativos em
presença de Wallemia sebii pela técnica da difusão em ágar.
A Tabela 4.37 apresenta o efeito dos filmes ativos sobre o fungo Penicillium
raistrickii. A adição de sorbato de potássio em ambas as concentrações (2 e 4%)
não provocou diferença significativa nos filmes de AMM/GLU/GEL. Nos de
AMM/GEL (1:4), a adição provocou uma redução significativa (p≤0,05) no número
de unidades formadoras de colônias, porém o aumento de 2 para 4% não causou
diferença nessa redução. Comportamento semelhante ocorreu com o filme de
GLU/GEL, no qual a elevação da concentração de sorbato de 2 para 4% não
interferiu na redução do crescimento do fungo.
Resultados e Discussão
161
Tabela 4.37. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de
difusão em placa para Penicillium raistrickii.
Filmes UFC/mL* Diâmetro da zona de inibição (mm)**
AMM/GEL (1:4) 5,40 x 102 ab 0 b
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 3,70 x 102 c 0 b
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 3,30 x 102 c 2,33 ± 0,18a
GLU/GEL (1:4) 5,50 x 102 a 0 b
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 4,50 x 102 abc 0 b
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 4,10 x 102 bc 2,66 ± 0,51 a
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 5,40 x 102 ab 0 b
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 5,10 x 102 ab 0 b
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 4% SORB 5,30 x 102 ab 0 b
UFC: Unidade formadora de colônia. *Média aritmética das replicatas. ** Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas pelo teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio.
O halo de inibição formado variou de 0 a 2,66 mm. Os únicos filmes ativos
que apresentaram a formação de halo de inibição foram AMM/GEL e GLU/GEL,
ambos com 4% de sorbato de potássio. Não foi observada diferença significativa
entre o tamanho dos halos dos dois filmes.
A Figura 4.29 apresenta a formação do halo de inibição, principalmente
para os filmes de GLU/GEL e AMM/GEL, ambos com 4% de sorbato. Os filmes
controles (sem a adição de sorbato) apresentaram crescimento em toda extensão
da placa, independentemente do tipo de filme. A adição de 2% não induziu à
formação do halo de inibição, porém diminuiu o crescimento sobre a superfície.
Resultados e Discussão
163
Figura 4.29. Avaliação da sensibilidade microbiana ante os diferentes filmes ativos em
presença de Penicillium raistrickii pela técnica da difusão em ágar.
A Tabela 4.38 apresenta resultados do efeito dos filmes ativos
desenvolvidos sobre o crescimento de Cladosporium sp. A adição de sorbato de
potássio gerou redução significativa (p≤0,05) no crescimento de Cladosporium sp
para todos os filmes, sendo maior para o de GLU/GEL. A elevação da
concentração de sorbato de potássio de 2 para 4%, gerou uma redução
significativa (p≤0,05) no crescimento de Cladosporium sp para o filme de
AMM/GLU/GEL. O mesmo comportamento não foi observado para os demais
filmes (AMM/GEL e GLU/GEL), em que o aumento da concentração do agente
antimicrobino (2 para 4%) não causou redução no crescimento.
Resultados e Discussão
165
Tabela 4.38. Perfil microbiológico da eficiência dos filmes ativos pelo teste de
difusão em placa para Cladosporium sp.
Filmes UFC/mL* Diâmetro da zona de inibição (mm)**
AMM/GEL (1:4) 2,15 x 103 a 0 c
AMM/GEL (1:4) + 2% SORB 1,52 x 103 b 8,33 ± 0,39 a
AMM/GEL (1:4) + 4% SORB 1,49 x 103 bc 9,33 ± 0,14 a
GLU/GEL (1:4) 2,10 x 103 a 0 c
GLU/GEL (1:4) + 2% SORB 1,05 x 103 e 4,33 ± 0,54 b
GLU/GEL (1:4) + 4% SORB 1,02 x 103 e 8,67 ± 0,39 a
AMM/GLU/GEL (1:1:1) 2,10 x 103 a 0 c
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 2% SORB 1,41 x 103 c 2,33 ± 0,14 bc
AMM/GLU/GEL (1:1:1) + 4% SORB 1,20 x 103 d 1,66 ± 0,14 bc
UFC: Unidade formadora de colônia. *Média aritmética das replicatas. ** Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, AMM= amido de mandioca modificado, SORB= sorbato de potássio.
O halo de inibição formado variou de 0 a 9,33 mm, sendo maior para o filme
de AMM/GEL contendo 4% de sorbato. A adição de sorbato em ambas as
concentrações (2 e 4%) não causou diferença significativa (p≤0,05) nos filmes de
AMM/GLU/GEL, quanto ao tamanho do halo. A adição de 2% de sorbato provocou
um aumento significativo (p≤0,05) nos filmes de AMM/GEL quanto ao tamanho do
halo, porém o aumento na concentração do agente antimicrobino (2 para 4%) não
alterou de maneira significativa o tamanho do halo. O mesmo comportamento não
foi observado para o filme de GLU/GEL, o qual o aumento da concentração de
sorbato provocou um aumento significativo (p≤0,05) no tamanho do halo.
Na Figura 4.30, é possível visualizar o crescimento de Cladosporium sp por
toda a extensão da placa, inclusive sobre a superfície do filme controle. A adição
de sorbato de potássio provocou a formação de um halo de inibição na placa,
sendo maior na maior concentração de sorbato utilizada (4%), principalmente para
o filme de GLU/GEL.
Resultados e Discussão
167
Figura 4.30. Avaliação da sensibilidade microbiana ante os diferentes filmes ativos em
presença de Cladosporium sp. pela técnica da difusão em ágar.
Vários autores avaliaram a eficiência de filmes ativos contra
microorganismos por meio do teste de difusão em halo. Pranoto; Rakshit e
Salokhe (2005) estudaram a atividade antimicrobiana de filmes de quitosana
incorporados de nisina e sorbato de potássio contra Escherichia coli;
Staphylococcus aureus, Salmonella typhimurium; L. monocytogenes e Bacillus
cereus. Os autores observaram a formação de halo apenas nos testes com
Staphylococcus aureus; L. monocytogenes e Bacillus cereus. Somente o filme
confeccionado com nisina apresentou diferença significativa no tamanho do halo
com o aumento de concentração do agente antibactericida. Chen, Yeh e Chiang
(1996) avaliaram a atividade de filmes de metilcelulose e quitosana contendo
benzoato de sódio ou sorbato de potássio, onde observaram em todos os filmes
desenvolvidos a formação de zonas de inibição representativas.
Resultados e Discussão
169
Em estudo realizado por Pereira et al. (2006), filmes antimicrobianos
laminados, incorporados com natamicina, foram avaliados quanto à eficiência
antimicrobiana. Os autores observaram a formação de halos de inibição em
presença de Penicillium roqueforti, Aspergillus niger e Penicillium sp, mostrando
que existiu eficiência antimicrobiana dos filmes testados. A elevação da
concentração de natamicina proporcionou aumento da atividade antimicrobiana do
filme, provocando maior liberação do antifúngico para o meio de cultura. O
Penicillium roqueforti apresentou maior susceptibilidade à ação da natamicina que
os Aspergillus niger e Penicillium sp. Limjaroen et al. (2003) desenvolveram filmes
de cloreto de polivinilideno incorporados de diversos agentes antimicrobianos
(lactoferrina, diacetato de sódio, nisina, sorbato de potássio e ácido sórbico) e
verificaram sua atividade pelo teste de difusão em halo contra L. monocytogenes.
Os autores não observaram atividade antimicrobiana para os filmes contendo
lactoferrina e diacetato de sódio, que não apresentaram halo de inibição. A
elevação da concentração de nisina (2 para 2,5p/v) e ácido sórbico (1,5 para 2%
p/v) no filme aumentou o diâmetro do halo de inibição. Os filmes contendo sorbato
de potássio (1; 2 e 3%) apresentaram zona de inibição, porém não diferiram entre
si.
O teste de difusão em halo tem como objetivo verificar a eficiência dos
filmes ativos ante um microorganismo alvo, neste caso, cinco espécies de fungos.
Com base nos resultados obtidos por meio desse teste, o filme com maior
eficiência antimicrobiana foi o GLU/GEL com 2% de sorbato.
4.7 Aplicação de biofilmes ativos em fatias de pão-de-forma
Com base nos resultados de caracterização física e do perfil microbiológico,
os filmes de GLU/GEL 1:4, sem e com 2% de sorbato foram selecionados para
avaliar seu potencial de uso como embalagem ativa no acondicionamento de pão
de forma.
Resultados e Discussão
170
As fatias de pão de forma, justapostas, foram intercaladas com os filmes
(fatia/filme/fatia/filme/fatia) (Figura 3.1), colocadas em sacos de polietileno de
baixa densidade (PEBD) e seladas. A amostra controle consistiu no mesmo
conteúdo, mas sem o biofilme entre as fatias. Foram realizadas as seguintes
determinações: perda de peso; textura; umidade, atividade de água, análise
microbiológica e extração e quantificação de sorbato de potássio. As análises
foram realizadas no 1°; 4° e 7° dia de armazenamento a 25°C e umidade relativa
de 63%.
4.7.1 Perda de peso
A Tabela 4.39 apresenta a perda de peso das fatias para os três
tratamentos estudados.
Tabela 4.39. Perda de peso de fatias de pão-de-forma acondicionadas, durante o
armazenamento.
DIAS PEBD GLU/GEL 1:4 GLU/GEL 1:4 + 2% SORB
Perda de Peso (g)*
1° 45,94 ± 0,25aB 49,45 ± 0,30aA 50,63 ±0,41aA
4° 45,70 ± 0,24aB 49,16 ± 0,31aA 50,35 ± 0,42aA
7° 45,50 ± 0,25aB 48,76 ± 0,29aA 50,14 ± 0,42aA
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas na mesma amostra, enquanto letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa (p≤0,05) entre médias obtidas de diferentes amostras, por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, SORB= sorbato de potássio, PEBD= polietileno de baixa densidade.
Não foi observada diferença significativa (p≤ 0,05) quanto à perda de peso
entre os tratamentos isolados durante o tempo de armazenamento (7 dias). Em
contrapartida, foi observada diferença significativa (p≤ 0,05) entre as amostras, ou
seja, as fatias embaladas com filmes em seu interior apresentaram maiores pesos
em sua embalagem final quando comparadas às fatias embaladas apenas com o
saco de polietileno. Esta diferença, provavelmente, foi causada pelo acréscimo
Resultados e Discussão
171
promovido pela inclusão de filmes no interior da embalagem e não propriamente
dito pela alteração do peso das fatias durante o armazenamento.
4.7.2 Textura dos pães
Conforme pode ser observado na Tabela 4.40, os valores de força de
compressão dos pães variaram de 220,10 a 225,91 gf (no 1° dia); 433,58 a 480,27
gf (no 4° dia) e 626,80 a 726,97 gf (no 7° dia). Durante o decorrer do tempo de
vida de prateleira (1° para 7° dia), houve um aumento na força de compressão (gf)
de 285; 315 e 321% para os tratamentos, PEBD, GEL/GLU 1:4 e GLU/GEL 1:4 + 2
SORB, respectivamente. Esse aumento na força de compressão dos pães durante
o armazenamento ocorreu devido ao processo de retrogradação do amido, que faz
com que as moléculas de amido comecem a perder para o meio ambiente a água
que haviam absorvido durante a formação da massa. Segundo Bobbio e Bobbio
(2001), o aumento de firmeza de pães durante o armazenamento é atribuído,
quase que exclusivamente, à retrogradação do amido.
Tabela 4.40. Firmeza das fatias de pães-de-forma acondicionadas, durante o
armazenamento.
DIAS PEBD GLU/GEL 1:4 GLU/GEL 1:4 + 2% SORB
Firmeza (gf)*
1° 220,10 ± 1,85cB 228,88 ± 1,35cA 225,91 ± 1,26cAB
4° 433,58 ± 1,95bC 461,45 ± 1,14bB 480,27 ± 1,89bA
7° 626,80 ± 1,65aC 719,32 ± 1,61aB 726,97 ± 2,36aA
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas na mesma amostra, enquanto letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa (p≤0,05) entre médias obtidas de diferentes amostras, por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, SORB= sorbato de potássio, PEBD= polietileno de baixa densidade.
No 4° e 7° dia de análise, a alteração no tipo de tratamento (fatias
embaladas sem ou com filmes, bem como o tipo de filme utilizado) gerou uma
Resultados e Discussão
172
diferença significativa (p≤0,05) no perfil de textura das fatias. De modo geral, os
tratamentos nos quais foi observada maior força de compressão das fatias foram
GLU/GEL 1:4 + 2 SORB; GEL/GLU 1:4 e PEBD, respectivamente. Os filmes que
foram adicionados entre as fatias são elaborados com substâncias de natureza
hidrofílica, ou seja, possuem alta afinidade pela água. Assim, provavelmente, esse
aumento ocorreu em virtude da perda de umidade das fatias para o filme e para o
meio ambiente, potencializando o aumento de sua rigidez. Isso é confirmado pela
variação das características físicas dos filmes que se apresentavam mais
plastificados e pegajosos chegando a aderir e envolver as fatias.
4.7.3 Conteúdo de umidade
O conteúdo de umidade das fatias de pão de forma durante o
armazenamento está apresentado na Tabela 4.41. É possível observar que os
valores de umidade variaram de 28,74 a 33,60% durante o armazenamento. Os
resultados de umidade observados, neste estudo, estão de acordo com valores
informados na literatura, e que se situam próximos a 30% (ESTELLER; LANNES,
2005).
Tabela 4.41. Conteúdo de umidade das fatias de pães-de-forma acondicionadas,
durante o armazenamento.
DIAS PEBD GLU/GEL 1:4 GLU/GEL 1:4 + 2%SORB
Umidade (%)*
1° 33,60 ± 0,50ªA 32,54 ± 0,37aAB 30,60 ± 0,47aB
4° 32,55 ± 0,41ªA 30,59 ± 0,45bAB 29,07 ± 0,51aB
7° 32,28 ± 0,17ªA 30,27 ± 0,32bB 28,74 ± 0,51aB
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas na mesma amostra, enquanto letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa (p≤0,05) entre médias obtidas de diferentes amostras, por meio do teste de TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, SORB= sorbato de potássio, PEBD= polietileno de baixa densidade.
Resultados e Discussão
173
Para as fatias embaladas em sacos de polietileno sem filmes e para as
embaladas com filme de GLU/GEL 1:4 contendo 2% de sorbato, não foi observada
diferença estatisticamente significativa (p≤0,05), durante o período de
armagenagem. O único ensaio que registrou redução significativa, do 1° para o 4°
dia, foi o com GLU/GEL 1:4. Essa tendência de perda de umidade provoca o
endurecimento das fatias e explica os resultados observados na análise de textura
(item 4.7.2). Segundo Labuza e Hyman (1998), a migração de umidade, em um
alimento, vai ocorrer continuamente, de uma região para outra, como forma de
equilíbrio dinâmico entre os componentes e o meio.
Comparando-se o efeito do tipo de armazenamento na umidade, é possível
observar que as fatias em que não se usaram os filmes intercalados apresentaram
maior teor de umidade quando comparados às fatias com filmes. No primeiro e
quarto dia (Tabela 4.41), houve uma redução significativa no teor de umidade das
fatias sem filmes quando comparadas à dos filmes de GLU/GEL 1:4 com 2% de
sorbato. No sétimo dia, essa diferença se estendeu também para o
armazenamento com o filme sem sorbato.
Segundo Esteller e Yoshimoto (2004), o envelhecimento do pão não está
relacionado à perda de umidade da massa. Um pão analisado após 5 dias
(armazenado em “condições apropriadas”) possuiria a mesma umidade que um
pão “fresco”, embora apresentasse ao paladar a sensação de estar mais seco,
detectado em análise de textura.
Soares et al. (2002) desenvolveram filmes ativos de acetato de celulose que
foram submetidos a ensaios iguais aos usados neste trabalho. Observaram que,
durante o período de estocagem (14 dias), o conteúdo de umidade inicial de
32,5% atingiu 36% no último dia. Os autores justificaram esse comportamento em
função da permeabilidade ao vapor de água da embalagem.
Resultados e Discussão
174
4.7.4 Atividade de água
A Tabela 4.42 apresenta a variação do valor da atividade de água das fatias
de pães de forma durante o período de armazenamento. Os valores obtidos estão
de acordo com os observados na literatura (SOARES et al., 2002).
Tabela 4.42. Valores de atividade de água das fatias de pães-de-forma
acondicionadas, durante o armazenamento.
DIAS PEBD GLU/GEL 1:4 GLU/GEL 1:4 + 2%SORB
Atividade de água (aw)*
1° 0,97 ± 0,00aA 0,95 ± 0,01aB 0,94 ± 0,00aC
4° 0,96 ± 0,00bA 0,94 ± 0,01bA 0,94 ± 0,00aA
7° 0,94 ± 0,00bA 0,94 ± 0,00bA 0,92 ± 0,00bB
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas na mesma amostra, enquanto letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa (p≤0,05) entre médias obtidas de diferentes amostras, por meio do teste TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, SORB= sorbato de potássio, PEBD= polietileno de baixa densidade.
O uso de filmes de GLU/GEL 1:4, assim como apenas a embalagem de
polietileno, provocou uma redução significativa (p≤0,05) na atividade de água das
fatias durante o período de armazenamento, principalmente do 1° para o 4°dia,
não apresentando diferença do 4° para o 7° dia. Essa diferença (do 4° para o 7°
dia) só foi observada para as fatias embaladas com filme ativo (GLU/GEL 1:4 + 2%
SORB).
A alteração no tipo de embalagem utilizada provocou uma diferença
significativa (p≤0,05) na atividade de água no 1° e 7° dia. No primeiro dia, foi mais
intensa, sendo observada atividade de água de 0,97; 0,95 e 0,94 para os
tratamentos de PEBD, GLU/GEL 1:4 e GLU/GEL 1:4 + 2% SORB,
respectivamente. Já, no 7° dia foi observada diferença apenas entre os
tratamentos de PEBD e GLU/GEL + 2% SORB e GLU/GEL e GLU/GEL + 2%
SORB. A redução na atividade de água das fatias ocorreu em razão da migração
Resultados e Discussão
175
de água das fatias para os filmes, como também para o ambiente de estocagem.
Soares et al. (2002), no estudo já mencionado anteriormente, observaram o
mesmo fenômeno de redução de 0,95 para 0,92.
Mesmo com a redução da atividade de água durante o período de 7 dias,
esse índice ainda permaneceu alto, independentemente do tipo de tratamento
utilizado, propiciando o crescimento de microorganismos. Segundo Taniwaki e
Silva (2001), a atividade de água é um fator dominante no controle da deterioração
dos alimentos, pois o crescimento dos microorganismos é absolutamente
dependente da disponibilidade de água livre. Assim, quanto menor for a atividade
de água, menor será o número de grupos microbianos capazes de crescer nesse
produto e menor será sua velocidade de multiplicação, retardando a deterioração.
Adambounou et al. (1983) relata que o valor ótimo de atividade de água para o
crescimento de microrganismos encontra-se entre 0,92 e 0,99.
4.7.5 Análise microbiológica
Um dos fatores limitantes na vida de prateleira de muitos produtos é o
crescimento microbiano. Pela Figura 4.31, é possível visualizar as fatias de pães
de forma acondicionadas em três tipos embalagem (PEBD; GLU/GEL (1:4) e
GLU/GEL (1:4) + 2 SORB) no 1°; 4°; 7° e 9° dia de armazenamento. Ao atingir o
9° dia, observou-se o aparecimento visível de fungos em todos os tratamentos,
sendo então, encerrado o experimento.
Resultados e Discussão
177
Figura 4.31. Aspecto das fatias de pães de forma acondicionados, durante a vida de
prateleira.
Resultados e Discussão
179
Segunda a legislação vigelente RDC 12 (ANVISA, 2001), atualmente, não
existe limite para contagem de bolor e levedura em pão. Entretanto, baseada na
legislação anterior a Portaria 451 (ANVISA, 1997), o limite de tolerância para pães
é 5 x 103 UFC/g de bolores e leveduras. Os resultados das análises
microbiológicas (Tabela 4.43), obtidos no tempo inicial (1°dia) para todos os
tratamentos e no 4° dia para o tratamento PEBD e GLU/GEL 1:4 + 2% SORB,
apresentam-se dentro dos padrões da legislação vigente. No 7° dia, para todos os
tratamentos, a contagem obtida de bolores e leveduras foi superior ao limite de
tolerância permitido.
Tabela 4.43. Contagem total de bolores e leveduras em fatias de pães-de-forma
acondicionadas, durante o armazenamento.
DIAS PEBD GLU/GEL 1:4 GLU/GEL 1:4 + 2%SORB
Contagem de bolores e leveduras (UFC/g)*
1° 1 x 10 cA 1 x 10 cA 1 x 10 bA
4° 4,57 x 102 bA 9,33 x 103 bA 1,54 x 102 bB
7° 5,24 x 105 aA 6,02 x 105 aA 9,12 x 104 aA
*Média aritmética das replicatas. Nota: letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas na mesma amostra, enquanto letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa (p≤0,05) entre médias obtidas de diferentes amostras, por meio do teste TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, SORB= sorbato de potássio, PEBD= polietileno de baixa densidade.
Durante os sete dias de monitoramento, foi observado (Tabela 4.43) um
aumento significativo (p≤0,05) no número de unidades formadoras de colônias
(UFC/g), para os tratamentos de PEBD e GLU/GEL 1:4. Para o tratamento
GLU/GEL 1:4 + 2% SORB, não foi observada diferença significativa (p≤0,05) entre
o 1 e 4° dia.
O aumento do tempo de armazenamento provocou uma elevação na
contagem de bolores e leveduras dos pães, sendo maior no último dia de análise
(7° dia), porém não diferindo (p≤0,05) entre si com relação ao tipo de tratamento
utilizado. O único dia em que foi observada diferença significativa foi no 4° dia,
Resultados e Discussão
180
quando o tratamento GLU/GEL 1:4 + 2% SORB apresentou uma redução no
número de bolores e leveduras quando comparado aos demais.
Soares et al. (2002) estudaram o efeito do sorbato de potássio em filmes de
acetato de celulose em retardar o crescimento microbiano de pães. Os autores
observaram crescimento inicial de 4 log UFC/g e, ao final de 14 dias, um
crescimento em torno de 7 log UFC/g. Os filmes elaborados com 4% de sorbato
de potássio tiveram um desempenho um pouco melhor que os demais. Não foi
possível verificar se o resultado observado no uso de filmes com 4% de sorbato foi
significativamente melhor que os demais, pois os autores não fizeram análise
estatística dos dados. Porém, pelo aspecto visual foi possível observar uma
inibição do crescimento de bolores com o uso dos filmes ativos.
Apesar do filme de GLU/GEL + 2% SORB ter se mostrado eficiente no
ensaio de difusão em halo, ao ser usado no acondicionamento de pães de forma
não apresentou o mesmo desempenho. Isso provavelmente ocorreu em virtude
das variáveis adicionais envolvidas na etapa de acondicionamento, as quais não
estavam presentes no teste de difusão em halo, tais como: manipulação do
padeiro, contaminação das matérias-primas utilizadas e do próprio ambiente de
preparo e acondicionamento, variação de temperatura durante a vida de prateleira,
diversidade de microbiota presente no pão, etc.
4.7.6 Extração e quantificação de sorbato de potássio
Na Tabela 4.44, é possível observar a quantidade de sorbato de potássio
liberada em 45 g de pão de forma. Segundo a resolução n°4 (ANVISA, 1988), a
quantidade de sorbato permitida em produtos de panificação é de 0,1%
(sorbato/100g), ou seja, é permitido 0,045 g de sorbato de potássio em 45 g de
pão.
Resultados e Discussão
181
Tabela 4. 44. Quantificação de sorbato de potássio em 45 g de pão de forma,
durante o armazenamento.
DIAS GLU/GEL 1:4 + 2% SORB
Gramas de sorbato de potássio/45g de pão de forma
1° 0,000585 ± 0,000001 c
4° 0,004027 ± 0,000005 b
7° 0,045225 ± 0,00010 a
*Média aritmética e erro padrão das replicatas. Nota: letras diferentes representam diferença significativa (p≤0,05) entre as médias obtidas na mesma amostra, por meio do teste TUKEY. GEL= gelatina; GLU= glúten, SORB= sorbato de potássio.
A quantidade de sorbato de potássio presente na embalagem (45 g)
apresentou um aumento estatisticamente significativo (p≤0,05) durante a vida de
prateleira, variando de 0,000585; 0,004027 e 0,045225, no 1°, 4° e 7° dia de
armazenamento, respectivamente. Assim, a quantidade de sorbato liberada no 7°
dia chegou ao limite permitido pela legislação.
Com base nos resultados obtidos, é possível concluir que, apesar dos
filmes ativos terem apresentado um bom desempenho no teste de difusão, ao
serem aplicados no produto, mesmo liberando a máxima concentração permitida
na legislação, não propiciaram extensão na vida de prateleira.
Conclusões
183
5.0 Conclusões
A metodologia desenvolvida neste trabalho de pesquisa permitiu a
elaboração e a caracterização de filmes compostos ativos, bem como sua
aplicação no acondicionamento de pães-de-fôrma.
A seguir, são apresentadas as principais conclusões envolvendo essas
características.
1. Entre os biofilmes simples de gelatina desenvolvidos, o elaborado com 10 g de
gelatina e 5% de glicerol apresentou menores valores de permeabilidade ao vapor
de água (5,38 gmm/m2diakPa) e maior de resistência à tração (90,73 MPa).
2. Utilizando a metodologia de superfície de resposta, foi possível selecionar a
formulação formadora de filme simples à base de glúten elaborada com 5 g desse
biopolímero, 32,5 mL de etanol/100mL de solução, pH 5 e 20% glicerol, para as
etapas posteriores, que apresentou facilidade de elaboração e melhores
propriedades de barreiras que as demais.
3. Os filmes compostos selecionados em relação à permeabilidade ao vapor de
água e resistência à tração foram: (i) GLU/GEL 1:4 (4,46 gmm/m2diakPa e 34,11
MPa); (ii) AMM/GEL 1:4 (4,98 gmm/m2diakPa e 158,62 MPa); (iii) AMC/GEL 1:4
(4,30 gmm/m2diakPa e 87,88 MPa) e (iv) AMM/GEL/GLU 1:1:1 (3,09
gmm/m2diakPa e 76,35 MPa).
4. Os fungos isolados e identificados no pão de forma foram: (i) Eurotium
chevalieri; (ii) Eurotium amstelodami; (iii) Wallemia sebii, (iv) Penicillium raistrickii e
(v) Cladosporium sp.
Conclusões
185
5. Os filmes ativos elaborados com 2 e 4% (p/v) de sorbato de potássio em
solução mostraram-se manuseáveis e visivelmente homogêneos. A adição de
sorbato de potássio provocou aumento na permeabilidade ao vapor de água, na
solubilidade em água e na porcentagem de elongação e uma redução na
resistência à tração de todos os filmes compostos. A adição de sorbato de
potássio não provocou alteração na permeabilidade ao oxigênio dos filmes.
6. As superfícies dos filmes compostos ativos desenvolvidos mostraram-se lisas e
homogêneas, com exceção dos filmes de GLU/GEL e AMM/GLU/GEL, ambos com
4% de sorbato de potássio. A secção transversal apresentou-se compacta, com a
presença de estrias. O filme de AMM/GLU/GEL com 4% de sorbato revelou uma
secção transversal irregular e descontínua.
7. O filme que apresentou maior eficiência na redução do crescimento dos fungos
isolados foi: GLU/GEL com 2% de sorbato.
8. A aplicação do filme GLU/GEL 1:4 sem e com 2% de sorbato — intercalados
entre as fatias de pão justapostas e colocadas em sacos de polietileno de baixa
densidade (PEBD) — provocou um aumento da dureza (gf); diminuição da
umidade e atividade de água, quando comparado ao controle (apenas PEBD). No
último dia de verificação (7° dia), a análise microbiológica (contagem total de
bolores e leveduras) extrapolou o limite máximo permitido para todas as
aplicações. Portanto, estes filmes não foram eficientes na extensão da vida útil do
produto.
187
6.0 Sugestões para trabalhos futuros
- Avaliar outros agentes antimicrobianos.
- Testar outros tipos de materiais poliméricos para avaliar a difusão do agente
antimicrobiano.
- Estudar a aplicação dos filmes ativos em outros alimentos.
Referências Bibliográficas
189
7.0 Referências Bibliográficas
AACC – AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Bread Firmness by Universal Testing Machine, Method 74-09, v. 1, p. 1-7, 1995a.
AACC – AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. Moisture-air-oven methods, Method 44-15A, v. 1, p. 1-4, 1995b.
ADAMBOUNOU, T.L., CASTAIGNE, F., DILLON, J.C. Abaissement de l'activité de l'eau de légumes tropicaux par déshydration osmotique partielle. Sciences des Aliments, Paris: Lavoisier Abonnements, v.3, n. 4, p. 551-567, 1983.
AKIN, H; HASIRCI, N. Preparation and characterization of crosslinked gelatin microspheres. Journal of Applied Polymer Science, v. 58, p. 95-100, 1995.
ALVES, V. D.; MALI, S. M.; BELÉIA, A.; GROSSMAN, M. V. E. Effect of glycerol and amylose enrichment on cassava starch film properties. Journal of Food Engineering, v. 78, p. 941-946, 2007.
ANTUNES, A. J.; CANHOS, V. P. Aditivos em Alimentos–Série Tecnologia Agroindustrial. Governo do Estado de São Paulo; Secretária da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia – Coordenadoria da Indústria e Comércio. São Paulo, 1985.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria Nº 451, de 19 de setembro de 1997. Disponível em http://www.pqsys.com.br/links/p_451_1.htm. Acesso 08/02/2008
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n°4 de 24 de novembro de 1988. Disponível em http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18839&word=/ Acesso em 08/02/2008.
ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Disponível em http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=144. Acesso 18/07/2008
APOTEK-Tecnologia em embalagens. Disponível em:http://www.apotek.com.br/.Acesso em :01/02/2006
APPENDINI, P.; HOTCHKISS, J.H. Review of antimicrobial food packaging Innovative Food Science & Emerging Technologies, v. 3, p. 113-126, 2002.
Referências Bibliográficas
190
ARVANITOYANNIS, I. S.; NAKAYAMA, A; AIBA, S Chitosan and gelatin based edible films: state diagrams, mechanical and permeation properties. Carbohydrate Polymer, v. 37, p. 371- 382, 1997.
ARVANITOYANNIS, I. S.; PSOMIADOU, E.; NAKAYAMA, A. Edible films made from sodium caseinate, starches, sugars or glycerol. Part 1. Carbohydrate Polymer, v. 31, n. 4, p. 179-192, 1996.
ASSIS, O. B. G.; LEONI, A. M. Filmes comestíveis de quitosana. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, n. 30, jan/junho, p. 33-38, 2003.
ASTM. Standard test methods for oxygen transmission rate through dry packages using a coulometric sensor, Designation D 3985-81, ASTM Book of Standards, ASTM, Philadelphia, PA, p. 1177-1182, 1990.
ASTM. Standart test methods of water vapor transmission of materials. American Society for Testing and Materials, Philadelphia, E 96-95, 1995a.
ASTM. Tensile properties of thin plastic sheeting. Annual Book of ASTM Standards, American Society for Testing and Materials, Philadelphia, D 882-83, 1995b.
AYRANCI, E.; ÇETIN, E. The effect of protein isolate of Pistacia terebinthus L. on moisture transfer properties of cellulose-based edible films. Lebensmittel-Wissenchaft-und-Technologie, v. 28, n. 2, p. 241-244, 1995.
BALDWIN, A.; NISPEROS, O.; HAGENMAIER, D.; BAKER, R.A. Use of lipids in coatings for food products. Food Technology, v. 56, n. 6, p. 56-62, 1997.
BANKER, G. S. Film coating theory and pratice. Journal of PharmaceuticalScience, v. 55, p. 81-92, 1966.
BELL, A E. Gel structure and food biopolymer. In: HARDMAN T. M. (ed): Water and Food Quality. London: Elsevier Applied Science, p. 251-275, 1989.
BENGTSSON, M.; KOCH, K.; GATENHOLM, P. Suface octanoylation of high-amylose potato starch films. Carbohydrate Polymer, v. 54, p. 1-11, 2003.
BERTAN, L. C. Desenvolvimento e caracterização de filmes simples e compostos a base de gelatina, ácidos graxos e breu branco. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Campinas, 2003.
BERTAN, L. C.; TANADA-PALMU, P. S.; SIANI, A. C.; GROSSO, C. R. F. Effect of fatty acids and ‘Brazilian elemi’ on composite films based on gelatin. Food Hydrocolloids, v.19, n.1, p.73-82, 2005.
Referências Bibliográficas
191
BERTUZZI, M. A; ARMADA, M.; GOTTIFREDI, J. C. Physicochemical characterization of starch based films. Journal of Food Engineering, v. 82, p. 17-25, 2007.
BIGI, A; BRACCI, B; COJAZZI, G.; PANZAVOLTA, S.; ROVERI, N. Drawn gelatin films with improved mechanical properties. Biomaterials, Oxford, v.19, p.2335-2340, 1998.
BILIADERIS, C G The strutucture and interactions of starch with food. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, v. 69, p. 60-78, 1991.
BOBBIO, P. A.; BOBBIO, F. O. Química do Processamento de Alimentos.Livraria Varela, 3° Ed., p. 100, 2001.
BODMEIER, R.; PAERATAKUL, O. Plasticizer uptake by aqueous colloidal polymer dispersions used for the coating of solid dosage forms. International Journal of Pharmaceutics, v.152, p.17-26, 1997.
BUTLER, B.L.; VERGANO, P. J.; TESTIN, R. F.; BUNN, J.M. WILES, J. L. Mechanical and barrier properties of edible chitosan films as affected by composition and storage. Journal of Food Science, v. 61, n. 5, p. 953-958, 1996.
CAO, N.; FU, Y.; HE, J. Preparation and physical properties of soy protein isolate and gelatin composite films. Food Hydrocolloids, v. 21,n. 7, p. 1153-1162, 2007.
CARVALHO, R. A Elaboração e caracterização de filmes à base de gelatina modificada enzimática e quimicamente, Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de alimentos, Campinas, 2002.
CARVALHO, R.A.; GROSSO, C. R. F. Efeito do tratamento térmico e enzimático nas propriedades de filmes de gelatina. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 3, jul-set, p. 495-501, 2006a.
CARVALHO, R. A.; GROSSO, C. R. F Properties of chemically modified gelatin films. Brazilian Journal of Chemical Engineering, v. 23, n. 01, p. 45-53, 2006b.
CARVALHO, R. A.; GROSSO, C. R. F. Characterization on gelatin based films modified with transglutaminase, glyoxal and formaldehyde. Food Hydrocolloids, v. 18, p. 717-726, 2004
CARVALHO, R. Desenvolvimento e caracterização de biofilmes à base de gelatina, Tese de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Campinas, 1997.
CHANG, Y. P.; CHEAH, P. B.; SEOW, C. C. Plasticizing-antiplasticizing effects of water on physical properties of tapioca starch films in glass state, Journal Food Science, v. 65, n. 3, p. 445-451, 2000.
Referências Bibliográficas
192
CHEN, H. Functional properties and applications of edible films made of milk protein. Journal of Dairy Science, v. 78, n. 11, p. 2563-2583, 1995.
CHEN, M-C; YEH, G. H-C; CHIANG, B-H. Antimicrobial and physicochemical properties of methycellulose and chitosan films contaning a preservative. Journal of Food Processing and Preservation, v. 20, p. 379-390, 1996
CHERIAN, G.; GENNADIOS, A; WELLER, C.; CHINACHOTI, P. Thermo mechanical behavior of wheat films: Effects of sucrose, glycerin, and sorbitol. Cereal Chemistry, v. 72, n. 1, p. 1-6, 1995.
CUQ, B. GONTARD, N.; GUILBERT, S. Proteins as agricultural polymers for packaging production. Cereal Chemistry, v.75, n.1, p.1-9, 1998.
CUQ, B.; AYMARD, C.; CUQ, J. L.; GUILBERT, S. Edible packaging film based on fish myofribillar proteins: formulation and functional properties. Journal of Food Science, v. 60, n. 6, p. 1369-1374, 1995.
CUQ, B.; GONTARD, N.; CUQ, J. L.; GUILBERT, S. Stability of myofibrillar protein-based biopackagings during storage. Lebensmittel-Wissenchaft-und-Technologie, v. 29, n.4, p. 344-348, 1996a.
CUQ, B.; GONTARD, N.; CUQ, J. L.; GUILBERT, S. Rheological Model for the mechanical properties of myofibrilar protein-based films. Journal of Food Science, v. 44, n.4, p. 1116-1122, 1996b.
CUQ, B.; GONTARD, N.; CUQ, J. L.; GUILBERT, S. Selected functional properties of fish myofobrillar protein-based films as affected by hidrophilic plasticizers. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 45, n.3, p. 622-626, 1997.
DE McHUGH, T. H.; KROCHTA, J.M. Sorbitol vs glycerol-plasticized whey protein edible films: integrated oxygen permeability and tensile property evaluation. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.42, n.4, p.841-845, 1994a.
DE McHUGH, T. H.; KROCHTA, J.M. Permeability properties of edible films in: Edible Coatings and to Improve Food Quality, Krochta J. M., Baldwin E. A. & Nisperos-Carriedo M.O., Technomic Publishing Company, Ch 9, p. 201-277, 1994b.
DEBEAUFORT, F.; QUEZADA-GALLO, J.-A; VOILLEY, A. Edible films and coatings: tomorrow ’s packaging: a review. Critical Review in Food Science and Technology, Oxford, v.30, n.2, p.183-190, 1995.
DEBEAUFORT, F.; VOILLEY, A Methycellulose-based edible films and coating: 2. Mechanical and thermal properties as a function of plasticizer. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.45, n.3, p.685-689, 1997.
Referências Bibliográficas
193
DEVLIEGHERE; F; VERMEIREN, L.; DEBEVERE, J New preservation technologies: possibilities and limitations. International Dairy Journal, v.14, p. 273-285, 2004
DOANE, W. M. USDA Research on starch-based biodegradable plastics. Starch/ Stärke, v. 42, p. 293-303, 1992.
DOLE, P.; JOLY, C.; ESPUCHE, E.; ALRIC, I.; GONTARD, N. Gas transport properties of starch based films. Carbohydrate Polymers, v. 58, p. 335-342, 2004.
DONHOWE, I. G; FENNEMA, O Edible films and coatings: characteristic, formation, definitions and testing methods. In: KROCHTA, J. M.; BALDWIN, E. A. e NISPEROS-CARRIEDO, M. O. Edible coating and films to improve food quality, Lancaster: Technomic Publishing Company, Inc., p 1-24, 1994.
DOWNES, F. P.; ITO, K. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. American Public Heath Association, 2001.
ESTELLER, M. S.; LANNES, S. C. S. Parâmetros complementares para fixação de identidade e qualidade de produtos panificados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 25, n. 4, p. 802-806, 2005.
ESTELLER, M. S.; YOSHIMOTO, R. M. de O. Uso de açúcares em produtos panificados. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 24, n. 4, p. 602-607, 2004.
FAIRLEY, P.; MONAHAN, F.J.; GERMAN, J.B; KROCHTA, J.M. Mechanical properties and water vapor permeability of edible films from whey protein isolate and sodium dodecyl sulfate. Journal Agricultural and Food Chemistry, v. 44, n.2, p. 438-443, 1996.
FAKHOURI, F. M.; BATISTA, J. A.; GROSSO, C. R. F. Desenvolvimento e caracterização de filmes comestíveis de gelatina, triacetina e ácidos graxos. Brazilian Journal of Food Technology, v. 6, n. 2, p. 301-308, 2003.
FAMÁ, L.; FLORES, S. K.; GERSCHENSON, L.; GOYANES, S. Physical characterization of cassava starch biofilms with special reference to dynamic mechanical properties at low temperatures. Carbohydrate Polymer, v. 66, p. 8-15, 2006.
FAMÁ, L.; ROJAS, A. R.; GOYANES, S. GERSCHENSON, L. Mechanical properties of tapioca-stach edible films contaning sorbate. Lebensmittel Wissenschaft und Technologie, v. 38, p. 631-639, 2005.
FERRY, J D Viscoelastic properties of polymers, 3Ed. New York, John Wiley & Sons, p.641, 1980.
Referências Bibliográficas
194
FLORES, S.; FAMÁ, L.; ROJAS, A. M.; GOYANES, S.; GERSCHENSON, L. Physical properties of tapioca-starch edible films: influence of filmmaking and potassium sorbate. Food Research International, v. 40, p. 257-265, 2007.
FORSSELL, P. M.; MIKKILÃ, J. M.; MOATES, G. K.; Parker, R. Phase and glass transition behavior of concentrated barley starch-glycerol-water mixtures, a model for thermoplastic starch. Carbohydrate Polymers, vol. 34, p. 275-282, 1997
FRAGA, K. F.; SOARES, N. F. F.; SANTOS, M. M.S.; FONTES, E. A. F.; PEREIRA, R. M.; MELO, N. R. Avaliação da migração de natamicina dos filmes antimicrobianos para a superfície de queijo tipo Gorgonzola. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, JUIZ DE FORA-MG, v. 61, n. 351, p. 12-16, 2005.
FRITZ, H. G. SEICENDSTUCKER, T., BOLZ. U.; JUZA, M.; SCHROETER, T; ENDRES, H. J. Study on production of thermoplastics and fibers based mainly on biological materials. Science Research Development, European Commision,EUR 16102, 1994.
GALLIETTA, G.; GIOIA, D. D.; GUILBERT, S.; CUQ, B. Mechanical and thermomechanical properties of films based on whey protein as affect by plasticizer and crosslinking agents. Journal of Dairy Science, v. 81, p. 3123-3130, 1998.
GALLO, J-A Q.; DEBEAUFORT, F.; CALLEGARIN, F. e VOILLEY, A.; Lipid hydrophobic, physical state and distribution effects on the properties of emulsion-based films. Journal of Membrane Science, v.180, p.37-46, 2000.
GARCIA, M. A; MARTINO, M. N.; ZARITZKY, N. E. Lipid addition to improve barrier properties of edible starch-based films and coating. Journal of Food Science, v. 65, n. 6, p. 941-947, 2000a
GARCIA, V.; COLONNA, P. BOUCHET, B.; GALLANT, D. J. Structural changes of cassava starch granules after heating at intermediate water contents. Starch/Stärke, v. 49, n. 5, p. 171-179, 1997.
GENNADIOS, A; WELLER, C. L. Edible film and coatings from wheat and corn proteins. Food Technology, v 44, n 10, p. 63-69, 1990.
GENNADIOS, A; BRANDENBURG, A; WELLER, C; TESTIN, R.F. Effect of pH of wheat gluten and soy protein isolate. Food Chemistry, 41, p. 1835-1839, 1993.
GENNADIOS, A.; MCHUGH, T. H.; WELLER, C. L.; KROCHTA, J. M. Edible coating and films based on proteins, in: Edible coatings to improve food quality, Krotcha J. M., Baldwin E. A. & Nisperos-Carriedo M.O., Technomic Publishing Company, Ch 9, p. 201-277, 1994.
Referências Bibliográficas
195
GENNADIOS, A.; WELLER, C. L.; HANNA, M. A.; FRONING, G.W.; Mechanical and barrier properties of eggs albumen films. Journal of Food Science, v. 61, n. 3, p. 585-589, 1996.
GONTARD, N.; GUILBERT, S.; CUQ, J. L. Edible wheat films: influence of the main process variables on film properties using response surface methodology. Journal Food Science. v. 57, n. 1, p.190-199, 1992.
GONTARD, N.; GUILBERT, S.; CUQ, J. L. Water and glycerol as plasticizer affect mechanical and water vapor barrier properties of an edible wheat gluten film. Journal of Food Science, Chicago, v.58, n. 1, p.206-211, 1993.
GONTARD, N.; DUCHEZ, C.; CUQ, J-L.; GUILBERT, S. Edible composite films of wheat and lipids: water vapor permeability and other physical properties. International Journal of Food Science and Technology, v.29, p.39-50, 1994.
GONTARD, N.; GUILBERT, S. Bio-packing: technology and properties of edible and/or biodegradable material of agricultural origin. Boletim da SBCTA, v.30, n.1, p. 3-15, 1996.
GONTARD, N. THIBAULT, R. CUQ, B.; GUILBERT, S. Influence of relative humidity and film composition on oxygen and carbon dioxide permeabilities of edible films. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washinington, v.44, p.1064-1069, 1996.
GONTARD, N., RING, S Edible wheat gluten film: influence of water content on glass transition temperature. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washinington, v. 44, p. 3474-3478, 1996.
GOUVEIA, L. E. R.; MORAES, A R. F.; SOARES, N. F. F.; JOESSE, M A T K PEREIRA; R. M.; GONÇALVES, M. P. J. C.; MINIM, V. P. R. Desenvolvimento e avaliação de filmes ativos aromatizado na incorporação de sabor de ricota. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora-MG, v. 61, n. 351, p. 138-141, 2006.
GUILBERT, S. Technology and application of edible protective film. In: Food Packaging and Preservation, New York, (Ed). M. Mathlouthi, Elsevier Applied Science Publishers, 19, p.371-394, 1986.
GUILBERT, S.; CUQ, B.; GONTARD, N. Recent innovations in edible film and/or biodegradable packaging materials. Food Additives and Contaminants, v.14, n.6-7, p.741-751, 1997.
HALL, G. M. Methods of testing protein functionality. London. Blackie Academic. & Professional, p.11-53, 1996.
Referências Bibliográficas
196
HAN, J. H. Antimicrobial food packaging. Food Technology, v. 54, n. 3, p. 56-65, 2000.
HAN, J. H; FLOROS, J. D. Casting antimicrobial packaging films and measure their physical properties and anticrobial activity. Journal of Plastic Film & Sheeting, v. 13, p. 287-298, 1997.
HANDA, A; GENNADIOS, A; HANNA, M.A.; WELLER, C L; KURODA, N. Physical and molecular properties of egg-white lipids films. Journal of Food Science, v. 64, n. 5, p. 860-864, 1999.
HERNÁNDEZ-MUÑOZ, P.; VILLALOBOS, R.; CHIRALT, A. Effect of thermal treatments on functional properties of edible films made from wheat gluten fractions. Food Hydrocolloids, v. 18, p. 647-654, 2004.
JAY, J. M. Modern Food Microbiology. 4°Ed. Chapman & Hall. New York, p. 701, 1992.
JOHNSTON-BANKS, F. A. Gelatin, In: Food Gels, London, Peter Harris, Elsevier Applied Science, Ch 7, p.233-289, 1990.
KAMPER, S. L., FENNEMA, O. Water vapor permeability of edible bilayer films. Food Science, Chicago, v.49:, p.1478-1481,1984
KASARDA, D. D.; NIMMO, C. C; KOHLER, G. O Principal chemical components of wheat and flour. In Wheat Chemistry and Technology, Pomeranz, Y. American Association of Cereal Chemists Inc., p.227, 1971.
KAYSERILIOGLU, B. S.; BAKIR, U.; YILMAZ, L.; AKKAS, N. Drying temperature and relative humidity effects on wheat gluten films properties. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 51, p. 964-968,2003
KAYSERILIOGLU, B. S.; STEVELS, W. M.; MULDER, W. J.; AKKAS, N. Mechanical and biochemical characterization of wheat gluten films as a function of pH and co-solvent. Starch/Stärke,. v. 53, p.381-386, 2001.
KESTER, J. J.; FENNEMA. O.R. Edible films and coatings: a review. Food Technology, v.40, n.12, p.47-59, 1986.
KIM, M; LEE, S. J. Characteristics of crosslinked potato and starch-filled linear low-density polyethylene films. Carbohydrate Polymer, v. 50, p. 331-3337, 2002
KOELSCH, C. M., LAMBUZA, T. P. Functional, physical and morphological properties of methyl cellulose and fatty acid-based edible barriers. Lebensmittel-Wissenchaft-und-Technologie, v. 25, p. 404–411, 1992
Referências Bibliográficas
197
KRISTO, E.; KOUTSOUMANIS, K. P.; BILIADEIRS, C. G. Thermal, mechanical and water barrier properties of sodium caseinate films containing antimicrobials and their inhibitory action on Listeria monocytogenes. Food Hydrocolloids, v. 22, p. 373-386, 2008.
KROCHTA, J. M.; de MULDER-JOHNSTON, C. Edible and biodegradable polymer films: challenges and opportunities. Food Technology, v. 51, n, 2, p.60-74, 1997.
LABUZA T. P.; CONTRERAS M. R. Prediction of moisture protection requirements for foods. Cereal Foods World, v.26, n.7, p.335, 1981.
LABUZA, T. P.; HYMAN, C. R. Moisture migration and control in multi-domain foods. Trends Food Science Technology, v. 9, p. 47-55, 1998.
LAROTONDA, F. D. S.; MATSUI, K. N.; SOLDI, V.; LAURINDO, J. B. Biodegradable films made from raw and acetylated cassava starch, Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 47, n. 3, Curitiba, 2004.
LEINER DAVIS GELATIN. Características, estruturas e aplicações de gelatina e interações com hidrocolóides polissacarídeos. Technical Bulletin, nov. 1994.
LIM, L. T.; MINEY, Y.; TUNG, A. Transglutaminase cross-linked egg white proteins films: tensile properties and oxygen permeability. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, n.10, p. 4022-4029, 1998.
LIMJAROEN, P.; RYSER, E., LOCKHART, H.; HARTE, B. Development of a food packaging coating material with antimicrobial properties. Journal of Plastic Film & Sheeting, v. 19, p. 95-109, 2003.
LOURDIN, D.; DELLA-VALLE, G.; COLONNA, P. Influence of amylose content on starch films and foams. Carbohydrate Polymer, v. 27, p. 261-270, 1995.
LUCAS, E. F.; SOARES, B. G.; MONTEIRO, E. E. C. Caracterização de Polímeros. E-papers serviços editoriais, Rio de Janeiro, p.247-343, 2001.
MALI, S.; GROSSMANN, M.V.E.; GARCIA, M.A.; MARTINO, M.N.; ZARITZKY, N.E. Microstructural characterization of yam starch films. Carbohydrate Polymers, v. 50, 379-386, 2002.
MALI, S.; GROSSMANN, M. V. E.; GARCIA, M. A.; MARTINO, M. N.; ZARITZKY, N. E. Barrier, mechanical and optical properties of plasticized yam starch films. Carbohydrate Polymers, v. 56, n. 2, 129-135, 2004.
MALI, S.; GROSSMANN, M. V .E.; GARCIA, M. A.; MARTINO, M.N.; ZARITZKY, N. E. Effects of controlled on thermal, mechanical and barrier properties of plasticized films from different starch source. Journal Food Engineering, v 75, n. 4, p. 453-460, 2006.
Referências Bibliográficas
198
MARTIN-POLO, M.; VOILLEY, A.; BLOND, G.; COLAS, B.; MESNIER, M.; FLOQUET, N. Hydrophobic Films and their efficiency against moisture transfer. 2. Influence of the physical state. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.40, n.3, p. 413-418, 1992.
MICARD, V.; BELAMRI, R.; MOREL, M.-H.; GUILBERT, S. Properties of chemically and physically treated wheat gluten films. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.48n.4, p.2948-2953, 2000.
MING, X; WEBER, G. H; AYRES, J. W.; SANDINE, W. E. Bacteriocins applied to food packaging material to inhibit Listeria monocytogenes on meats. Journal of Food Science, v. 62, n. 2, p.413-415, 1997.
MONTERREY-QUINTERO, E. S. Caracterização físico-químicas de proteínas miofibrilares e elaboração de biofilmes. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Zooctenia e Engenharia de Alimentos da USP, Pirassununga, 1998.
MOTHÉ, C. G.; AZEVEDO, A D. Análise Térmica em Materiais, São Paulo, 1ed., editora ieditora, p. 113-201, 2002.
OZDEMIR, M.; FLOROS, J. D. Analysis and modeling of potassium sorbate diffusion through edible whey protein films. Journal of Food Engineering, v. 47, p. 149-155, 2001.
PARK, H. J.; CHINNAN, M. S. Gas and water vapor barrier properties of edible films from protein and cellulose materials. Journal of Food Engineering, v.25, p.497-507, 1995.
PARK, H. J.; WELLER, C. L.; VERGANO, P. J. TESTIN, R. F. Permeability and mechanical properties of cellulose-based edible films. Journal of Food Science, v. 58, n. 6, p. 1361-1364, 1993.
PAZ, H. M.; GUILLARD, V.; REYNES, M.; GONTARD, N. Ethylene permeability of wheat gluten film as a function of temperature and relative humidity. Journal Membrance Science, v. 256, p. 108-115, 2005.
PEREIRA, R. M.; SOARES, N. F. F.; FONTES, E. R. A F.; ANDRADE, N. J. de RAMOS, N. M.; FRAGA, K. de F. Avaliação e desenvolvimento de filme antimicrobiano laminado na conservação de queijo tipo gorgonzola. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 60, n. 345, p. 292-294, 2005.
PEREIRA, R. M.; BOTREL, D. A.; FRAGA, K. de F.; SOARES, N. F. F.; FONTES, E. A. F. . Avaliação da qualidade de queijo tipo Gorgonzola envolvido com filme antimicrobiano laminado. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 61, n. 351, p. 144-147, 2006.
Referências Bibliográficas
199
PERESSINI, D.; BRAVIN, B.; LAPASIN, R.; RIZZOTTI, C.; SENSIDORI, A Starch-methycellulose based edible films: rheological properties of film-forming dispersions. Journal of Food Engineering, v.59, p. 25-32, 2003.
PÉREZ-GAGO; KROCHTA, J.M. Denaturation time and temperature affects on solubility, tensile properties, and oxygen permeability of whey protein edible films. Journal of Food Science, Chicago, v.66, n.5, p.705-710, 2001.
PETERSSON, M; STANDING, M. Water vapour permeability and mechanical properties of mixed starch-monoglyceride films and effect of film forming conditions. Food Hydrocolloids, v. 19, p. 123-132, 2005.
PIRES, A. C. S.; GONÇALVES, M. P. J C; PINTO, C. L O; SOARES, N. F. F.Qualidade microbiológica do queijo tipo cottage para desenvolvimento de embalagem ativa. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, JUIZ DE FORA-MG, V. 61, N. 351, P. 130-132, 2006.
PITT, J. I. Laboratory Guide to Common Penicillium Species. Sydney: Common weath Scientific and Industrial research organization, p. 187, 1988.
PITT, J. I.; HOCKING, A. D. Fungi and Food spoilage. London: Blackie Academic & Professional, p. 593, 1999.
POMMET, M.; REDL, A; MOREL, M-H; GUILBERT, S. Study of wheat plasticization with fatty acids. Polymer, v.44, p. 115-122, 2003.
POPPE, J. Gelatin, In: Thickening and Gelling Agents for Food, New York. Ed. Alan Imeson, Blackie Academic & Professional, Ch. 7, p 144-168, 1987.
PRANOTO, Y.; RAKSHIT, S. K. ; SALOKHE, V. M. Enhancing antimicrobial activity of chitosan films by incorporation garlic oil, potassium sorbate and nisin. Lebensmittel-Wissenchaft-und-Technologie, v. 38, p. 859-865, 2005.
QUINTAVALLA, S. VICINI, L. Antimicrobial food packaging in meat industry. Meat Science, v. 62, p. 373-380, 2002.
RHIM, J. W. Physical and mechanical properties of water resistant sodium films. Lebensmittel-Wissenchaft-und-Technologie, v. 37, p. 323-330, 2004.
ROMERO-BATISTA, C. A; BELLO-PÉREZ, L A; GARCIA, M A; MARTINO, M. N.; SOLORZA-FERIA, J; ZARITZKY, N. E. Physicochemical and microstructural characterization of films prepared by thermal and cold gelatinization from non-conventinal sources of starches. Carbohydrate Polymer, v. 60, p. 235-244, 2005.
ROY, S; WELLER, C.L.; GENNADIOS, A; ZEECE, M. G.; TESTIN, R.F. Physical and molecular properties of wheat gluten cast from heated film-forming solutions. Journal of Food Science, v 64, n1, p. 57-60, 1999.
Referências Bibliográficas
200
SAKANAKA, L. S. Confecção de filmes biodegradáveis por extrusão de blendas de amido termoplástico e polibutileno succinato-co-adipato (PBSA).Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Centro de Ciências Agrárias, Londrina, 2007.
SAMSON, R. A. HOEKSTRA, E. S.; FRISVAD, J. C. ; FILTRENBORG, O. Introduction to Food-borne Fungi. 5 edition, Ed. Baarn, Netherlands: Centraalbureau voor Schimmelcultures, p. 322, 1996.
SARMENTO, A L.S.C. Elaboração e caracterização de biofilmes a partir de gelatina reticulada. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Campinas, 1999.
SGARBIERI, V. Proteínas em Alimentos Protéicos: Propriedades, Degradação e Modificação. São Paulo, Ed. Varela, p. 517, 1996.
SHIN, F.F. Edible Films from rice protein concentrate and pullulan. Cereal Chemistry, v.73, n.3, p.406-409, 1996.
SILVEIRA, M. F. A Filmes antimicrobianos com ácido sórbico na conservação de massa de pastel. Tese de doutorado. Universidade Federal de Viçosa, 2005.
SILVEIRA, M. F. A; SOARES, N. F.; GERALDINE, R. M.; ANDRADE, N. J.; GONÇALVES, M. P. J. Antimicrobial efficiency and sorbic acid migration from active films into pastry dough. Packaging Technology and Science, v. 20, n. 4, p. 287-292, 2007.
SIQUEIRA, S. Embalagem comestível: uma opção ecologicamente correta. Disponível: <http: www.ipen.br/scs/orbita/2001_7_08/filmes.htm>. Acesso em: 27/09/2004.
SIRAGUSA, G. R.; DICKINSON, J. S. Inhibition of Listeria monocytogenes, Salmonella thyphimurium and Escherichia coli O157:H7 on beef muscle tissue lactic or acetic acid contained in calcium alginate gels. Journal of Food Safety, v.13, n. 2, p. 147-158, 1993.
SOARES, N. F. F; RUTISHAUSER, D. M.; MELO, N.; CRUZ, R. S.; ANDRADE N. J. Inhibition of microbial growth in bread through active packaging. Packaging Technology and Science, v. 15, p. 129-132, 2002.
SOBRAL, P. J. A. Propriedades funcionais de gelatina em função da espessura. Ciência e Engenharia, Uberlândia, v.8; n.1; p.60-67, 1999.
SOBRAL, P. J. A.; MENEGALLI, F. C.; CARVALHO, R.A.; SOUZA, S.M. A; MONTERREY, E.S. Elaboração de filmes de proteína para uso como impermeabilizante ou embalagem flexível. Seminário Internacional - Tópicos
Referências Bibliográficas
201
Especiais em Ciências e Tecnologia de Alimentos, Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campinas, p. 95-104, 1997.
SOBRAL, P J A Proteínas de origem animal na tecnologia de biofilmes. Tese de Livre Docência. Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de São Paulo, 2000.
SOBRAL, P J A; MENEGALLI, F. C. Transição vítrea em gelatina de couro bovino. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciências e Tecnologia de Alimentos, v. 36, n. 1, jan-jun, p. 35-42, 2002.
SOTHORNVIT, R.; KROCHTA, J. M. Plasticizer effect on oxygen permeability of lactoglobulina films. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.48, n.12, p.:6298-6302, 2000.
SOTHORNVIT, R; PITAK, N. Oxygen permeability and mechanical properties of banana films. Food Research International, v. 40, p. 365-370, 2007.
SUN, S.; SONG, Y.; ZHENG, Q. Morphologies and properties of thermo-molded biodegradable plastics based on glycerol-plasticized wheat gluten. Food Hydrocolloids, v. 21, p. 1005-1013, 2007.
TALJA, R. A.; HELÉN, H.; ROSS, Y. H.; JOUPPILA, K. Effect of various polyols and polyol contents on physical and mechanical properties of potato starch-based films. Carbohydrate Polymers, v. 67, p. 288-295, 2007.
TALJA, R. A.; HELÉN, H.; ROSS, Y. H.; JOUPPILA, K. Effect of type and content of binary polyol mixtures on physical and mechanical properties of starch-based edible films. Carbohydrate Polymers, v. 71, p. 269-276, 2008.
TANADA-PALMU, P. Preparação, propriedades e aplicação de biofilmes comestíveis à base de glúten de trigo. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de alimentos, Campinas, 2003.
TANADA-PALMU, P. S.; GROSSO, C. R. F. Development and characterization of edible films based on gluten from semi-hard and soft Brazilian wheat flours (development of films based on glúten from wheat flours).Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 23, n. 2, 2003.
TANADA-PALMU, P. S.; GROSSO, C. R. F. Edible wheat gluten films: development, mechanical and barrier properties and application to strawberries (Fragaria ananassa). Boletim do Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos (CEPPA), v. 20, n. 2, p. 291-308, 2002.
TANADA-PALMU. P. S.; FAHKOURI, F. M.; GROSSO, C. R. F. Filmes biodegradáveis. BioTecnologia Ciência & Desenvolvimento, ano V, n. 26, maio/junho, p. 12-17, 2002.
Referências Bibliográficas
202
TANIWAKI, M. H; SILVA, N. da. Fungos em alimentos- Ocorrência e detecção Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campinas- SP, 2001.
TAPIA-BLÁCIDO, D; SOBRAL, P.J.; MENEGALLI, F. C. Development and characterization of biofilms based on Amaranth flour (Amaranthus caudatus). Journal of Food Engineering, v. 67, p. 215-223, 2005.
TORRES, J. A. Edible films and coatings from proteins. In: HETTIARACHCHY, N. S. e ZIEGLER, G. R. (eds). Protein Functionality in Food Systems, New York: Marcel Dekker, Inc., p. 467-507, 1994.
VANIN, F. M.; SOBRAL, P. J. A; MENEGALLI, F.C.; CARVALHO, R.A.; HABITANTE, A. M. Q. B. Effects of plasticizers and their concentrations on thermal and functional properties of gelatin-based films. Food Hydrocolloids, v. 19, n. 5, p. 899-907, 2005.
VERMEIREN, L.; DEVLIEGHERE, F.; VAN BEEST, M.; KRUIJF, N.; DEBEVERE, J. Development in the active packaging of Foods. Trends in Food Science and Technology, v. 10, p. 77-86, 1999.
VICENTINI, N. M. Elaboração e caracterização de filmes comestíveis à base de fécula de mandioca para uso pós-colheita. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual de São Paulo, 2003.
VILPOUX, O; AVEROUS, L. Plástico a base de amido. Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas Latino Americanas. In: CEREDA, M. P. Tecnologia, usos e potencialidades de tuberosas amiláceas Latino Americanas, São Paulo: Fundação Cargill, (Série Culturas de Tuberosas Amiláceas Latino Americanas, v.3), 2001
WERTZ, D. H.; SCHERAGA, H. A Influence of water on protein structure. An analysis of the preferences of amino acid residues for the inside or outside and for specific conformations in a protein molecule. Journal of Biological Macromolecules, v.11, n.1, p.9-15, 1978.
WURZBURG, O B. Modified starches: properties and uses: CRC Press Inc., Boca Raton, p. 277, 1986
XIONG, Y. L. Myofibrillar protein from different muscle fiber types: implications of biochemical and functional properties in meat processing. CRC Critical Review in Food Science and Nutrition, v. 34, n.3, p. 293-320, maio, 1994.
XU, Y X; KIM, K M; HANNA, M A; NAG, D. Chitosan-starch film: preparation and characterization. Industrial Crops and Products, v. 21, n. 2, p. 185-192, 2005
Referências Bibliográficas
203
YE, M.; NEETOO, H.; CHEN, H. Control of Listeria monocytogenes on ham steak by antimicrobials incorporated into chitosan-coated plastic films. Food Microbiology, v. 25, p. 260-268, 2008.
YOSHIDA, C. M. P. Aplicação de concentrado protéico de soro de leite bovino na elaboração de filmes comestíveis. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Campinas, 2002.
ZACTITI, E. M.; KIECKBUSCH, T. G. Potassium sorbate permeability in biodegradable alginate films: effect of the antimicrobial agent concentration and crosslinking degree. Journal of Food Engineering, v. 77, p. 462-467, 2006.