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Desenvolvimento sexual de crianças com NEE Formação Modular Certificada UFCD: 3292 Sara Perestrelo Pinto Educadora de infância | Animadora | Organizadora de eventos para crianças | Formadora

Desenvolvimento sexual de crianças com NEE

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Desenvolvimento sexual de crianças com NEE

Formação Modular Certificada UFCD: 3292

Sara Perestrelo Pinto Educadora de infância | Animadora | Organizadora de eventos para crianças | Formadora

Conteúdos

• Educação sexual na deficiência

• Congnição, valores e sexualidade

• Direito à sexualidade

As crianças e a sexualidade

• A partir do sétimo mês de gestação, o feto começa a ter erecções regulares, que têm a ver com o próprio amadurecimento do órgão genital.

Depois de deixar as fraldas, o bebé percebe que sente prazer quando toca nos genitais. Essa "manipulação" do corpo faz parte da descoberta da sexualidade e quando o bebé percebe, instintivamente, que "tem prazer", começa a repetir o gesto.

Por volta dos três/quatro anos, as crianças começam a brincar aos médicos. Um comportamento normal, que favorece a descoberta do próprio corpo e do corpo do outro

O que é a sexualidade?

Não se baseia só em relações íntimas, mas também em aspectos emocionais e físicos, como afectos, abraços, carícias, palavras meigas, entre outros;

A OMS - Organização Mundial de Saúde - definiu sexualidade como uma energia que

encontra a sua expressão física, psicológica e social no desejo de contacto,

ternura e às vezes amor.

Como a sexualidade contribui para a auto-estima:

- Proporciona óptimo exercício físico;

- Activa a circulação sanguínea;

- Melhora actividade cardio-vascular;

- Melhora actividade renal;

- Contraria a osteoporose;

- Previne as doenças da próstata;

- Reduz o stress e a depressão;

- Reforça o sistema imunitário;

- Alivia as dores de cabeça e as dores menstruais;

- Combate as insónias;

- Melhora e tonifica a pele;

- Aumenta as capacidades mentais.

Então, não terão os deficientes o mesmo direito à sexualidade?

Educação Sexual • Processo de aquisição de informação e formação de atitudes, crenças e valores sobre a identidade, relacionamentos e intimidade.

• Abrange o desenvolvimento sexual, saúde reprodutiva, relações interpessoais, carinho, intimidade, imagem corporal e papéis de gênero.

• Aborda as dimensões biológica, sociocultural, psicológica e espiritual da sexualidade do domínio cognitivo (informações), o domínio afectivo (sentimentos, valores e atitudes), e o domínio comportamental (comunicação e tomada de decisões).

• Conflito acerca do conteúdo moral que levou a uma geração de jovens que receberam apenas informações sobre “abstinência", enquanto taxas de doença, gravidez e abuso de continuavam a subir;

• Para todos os alunos, com e sem deficiência, a educação sexual permanece polêmica e carregada de valor. A maioria das pessoas pensa em educação sexual como o fornecimento de informações sobre a sexualidade como algo puramente fisico;

Definição que pode criar controvérsia

A educação sexual nas escolas

• Abordagem ao tema em todos os ciclos de ensino, com um aprofundamento adequado ao nível etário dos alunos;

• Contemplação da educação sexual nos programas das diferentes disciplinas e a existência de trabalhos interdisciplinares;

• Desenvolvimento de projetos extracurriculares;

Dimensões da educação sexual

Biológico

Social Psicológico Ético

Educação sexual na deficiência

• O que pode ocorrer de diferente? A forma como exteriorizam a actividade sexual;

Dificuldade na exploração e experimentação da sexualidade;

Educação sexual na deficiência

• O técnico deve encarar a educação sexual como algo tão natural como a aquisição de outros conhecimentos (ex:linguagem);

• Deve também olhar para cada criança de forma individual, porque todos somos diferentes e temos necessidades diferentes;

• É tarefa dos educadores, professores e técnicos garantir as condições para o exercício da vida social na deficiência – onde estão incluídas as questões sexuais.

Alerta para dois sinais!

• A masturbação acontecer em público; Os pais têm de ensinar o valor da intimidade e da privacidade. Explicando que o corpo é um tesouro que deve ser guardado.

• A masturbação ou os contactos com outras crianças são demasiado frequentes;

Se chega a casa e abdica de outros entretenimentos ou tarefas e se começa a isolar. O mais indicado é distrair a criança, chamá-la para outras actividades. Caso o comportamento se mantenha, então será preciso consultar o médico ou um psicólogo.

O nosso papel como técnicos, educadores e pais:

Até aos 2 anos Dos 3 aos 5 anos

Dos 6 aos 12 anos

A partir da puberdade

•Dar-lhes a conhecer o seu próprio corpo; •Ensiná-los a valorizarem-se a si próprios, independentemente da sua imagem;

•Explicar que existem locais apropriados para satisfazerem as suas necesidades íntimas; •Ajudá-los a desenvolver a confiança em si próprios;

•Ensinar-lhes a não se culparem perante os seus sentimentos e comportamentos; •Fazer entender que cada pessoa tem os seus sentimentos e necessidades, que por vezes não serão iguais aos que eles sentem e desejam;

•Prepara-los para os futuros riscos que possam surgir; •Ensiná-los como comunicar os seus sentimentos e as suas necessidades sexuais; •Expressar a sua sexualidade de forma adequada;

Necessidades educativas especiais

• Dificuldades de aprendizagem específicas • Problemas de comunicação • Problemas intelectuais / Deficiência mental • Perturbações emocionais e do comportamento • Multideficiência • Deficiência auditiva • Deficiência visual • Problemas motores

síndrome de down e sexualidade

Mitos e preconceitos • As pessoas com síndrome de Down possuem um maior apetite e actividade sexual;

• Movimenta-se somente por instintos e não pode controlar seu impulso sexual;

• Passam grande parte do dia a masturbarem-se;

• Fazem-no em qualquer lugar e circunstância, sem muito cuidado de o fazer diante de algum espectador;

• Aceitam passivamente o contacto sexual;

Razões para esses pensamentos

• Uma visão pura da sexualidade humana; • Desconfiança em relação ao corpo do deficiente;

• Conceito muito pobre sobre a incapacidade intelectual;

• Supõe-se que a inteligência deficiente não é suficiente para controlar a sexualidade como é necessário;

O aparecimento dos pelos, a primeira ejaculação, a menstruação são sinais que reforçam as angústias

dos pais pelo futuro do filho com síndrome de Down

• Os pais normalmente resistem em aceitar a sexualidade do filho com síndrome de Down. Tentam censurar esta maturidade sexual do filho;

Mensagem especial: O preconceito tem como base uma série de estereótipos que o fundamentam e mantém. Uma vez estabelecido, é mantido pela inércia da conformidade e por respaldos institucionais, como o dos meios de comunicação!

Autismo e a Sexualidade

Adolescentes com Autismo precisam

de Educação Sexual:

• Durante a puberdade, o desejo de explorar a sexualidade poderá desenvolver-se acentuadamente;

• É importante ser explícito sobre as mudanças do seu corpo e sentimentos emergentes desde pequenos;

• Os pais/técnicos podem ajudar as crianças e jovens a sentirem-se positivos com os seus corpos em mudança. No entanto, as explicações subtis sobre a sexualidade podem não ser apreendidas ou ser mal interpretadas;

• Para ajudar o adolescente a compreender os limites sexuais, os pais ou responsáveis devem dar instruções detalhadas sobre o que é apropriado, dependendo da idade e competências sociais;

Problemas sensoriais podem atrasar Sexualidade

• A hipersensibilidade pode afetar o seu comportamento sexual, quer reduzindo o desejo de estar perto de outros ou mostrando uma excessiva carência sexual;

• Podem não entender fronteiras ou limites;

• Deve-se usar recursos visuais adequados para explicar como se deve comportar em público;

Para abordar o tema sexualidade:

A intimidade pode ser uma luta • As relações podem ser confusas, uma vez que estes

jovens preferem estar isolados. Podem encontrar na empatia uma emoção estranha, fazendo com que o outro parceiro se sinta isolado e sozinho.

• O desejo de ter um namorado ou namorada pode tornar-se uma obsessão;

• Com a exploração e terapia de comportamento, as

competências necessárias para alcançar um relacionamento íntimo estão dentro do alcance em alguns casos;

Questões Importantes!

• Segurança sexual - prevenção de abuso

Precisam de saber quem pode e não pode ajudar nos cuidados

intimos e compreender a diferença entre o toque que é

conviniente e o que não é;

• Comportamento social

Precisam de saber quando e onde não há problema em se

tocarem e entender a necessidade absoluta de privacidade;

Estudo de caso:

• Uma jovem autista descrevia a horrível sensação que sentia no seu clitóris. Algumas vezes ela dirigia-se à sensação, pedindo-lhe para parar. Em situações extremas, batia nela própria. Recusava a tocar-se, não por ter medo da sensação mas por pensar no acto como “muito desagradável”;

Estudo de caso:

• Um jovem autista dizia ter medo que o seu pênis caísse, quando estava erecto.

• O desenvolvimento físico das pessoas autistas pode ser afetado pelo grande número de desordens no seu sistema nervoso, metabolismo e processo hormonal;

• Como a epilepsia é frequente, é comum também o uso de medicação;

• Remédios antipsicóticos para a diminuição da agressividade e de condutas auto destrutivas podem afectar a sexualidade. Estudos sugerem que medicação pode inibir a libido, a ereção e a ejaculação;

O técnico deve: • Pensar à frente - ser pró-activo; • Ser concretos (falar sobre o pênis ou vagina,não nos

pássaros e abelhas); • Ser consistente e repetitivo(a) sobre a segurança sexual; • Encontrar alguém do mesmo sexo para ensinar questões

fundamentais de segurança e higiene; • Abordar a dimensão social da sexualidade; • Reforçar fortemente para todo o comportamento apropriado; • Redirecionar comportamentos inadequados; (Por exemplo, se

uma criança se masturba na sala de aula ou em público, dar-lhe algo para transportar ou segurar, e quando está no espaço adequado e em privacidade mostrar-lhe que se pode tocar)

• Diferentemente da maioria das crianças e jovens com NEE, os adolescentes do espectro do autismo podem não ser receptivos a aprender sobre normas sexuais com os seus pares ou professores. Portanto, essa tarefa caberá principalmente aos pais;

• A criança com Autismo vai precisar de apoios para compreender o mundo à sua volta de forma a desenvolverem sua identidade libertando-se do modelo infantilizado;

• A interação da comunicação precisa ser encorajada e devem existir formas de comunicação alternativas para que possam expressar seus sentimentos e fantasias, envolvendo seu corpo nas experiências sensórias e perceptivas.

• De maneira concreta, firme, vivenciando a experiência através de teatros, escrevendo, desenhando, expressando-se artisticamente;

• O uso da criatividade é urgente, num campo artístico, musical e plástico, com o objectivo de expressar a subjectividade das transformações sexuais;

• Embora muitos indivíduos com deficiências enfrentem a discriminação em vários níveis, as barreiras quanto à sexualidade parecem generalizadas na maioria dos ambientes;

Cognição, valores e sexualidade

• Nos últimos dez anos muitos indivíduos com deficiências passaram a ter mais oportunidades de acesso aos domínios da vida pública e privada, o que aumentou a participação dos mesmos num trabalho significativo e integrado, educação, comunidade e habitação.

• Com educação e apoio, alguns indivíduos com deficiências significativas foram bem sucedidos ao iniciar e manter relações íntimas com outros e têm encontrado maneiras de perceber e manter relações sociais e sexuais saudáveis;

• A não-inclusão da educação sexual na vida das pessoas com deficiências leva a promover políticas discriminatórias e sufoca os esforços dos direitos humanos;

• Com a passagem do século, muitos indivíduos com deficiências começaram a realizar seus sonhos e ter os seus direitos sexuais reconhecidos. Durante as últimas duas décadas, a qualidade de vida destas pessoas melhorou;

• Embora tenham sido feitos esforços para corrigir os erros do passado, existe um longo caminho a percorrer para proteger individualmente os direitos de pessoas deficientes no que diz respeito à liberdade sexual;

Conclusão: • Os pais são a principal fonte de informações sobre a

sexualidade dos seus filhos;

• Para os indivíduos com deficiências, informações sobre sexualidade podem ou não ser dadas o que irá aumentar a vulnerabilidade a abusos e promover a sua incapacidade de compreender as suas necessidades e desejos sexuais;

• Os pais de crianças com deficiências são confrontados com muitos desafios no dia-a-dia que podem interferir com a sua capacidade de reconhecer a necessidade de fornecer informações para a sexualidade de seus filhos deficientes;